Caderno Literario 12 Janeiro 2009-1
Caderno Literario 12 Janeiro 2009-1
Caderno Literario 12 Janeiro 2009-1
Caderno
Porto Alegre, Janeiro/2009
Ano 01. Número 12
Circulação gratuita
literário
Vinho e
poesia
Caderno
literário
Editorial
Chegar à 12ª edição do Caderno Literário, um projeto
sem objetivos comerciais e que tem por meta incentivar o
surgimento de novos talentos na poesia, ao mesmo tempo em
que proporciona visibilidade ao trabalho de escritores mais
maduros, é motivo de grande satisfação. Como editora, sinto-me
honrada de coordenar as atividades, dialogando diariamente
com uma multiplicidade tão grande de ideias, percepções e
sonhos. Sim, porque por mais técnico que seja selecionar
trabalhos, cadastrar participantes, orquestrar a diagramação e a
logística, produzir o Caderno Literário acaba também por se
constituir um espaço subjetivo, com altas doses de
confraternização com a fantasia.
E por falar em doses, o Caderno Literário de janeiro tem
como tema a bebida dos deuses: o vinho. Foi bastante expressivo
o número de poetas integrantes do projeto que aderiram ao
tema e desenvolveram trabalhos novos. Muitos outros foram
buscar em seus arquivos poemas já prontos, permitindo uma
analogia com a bebida, que fica melhor com o passar do tempo.
Essa metodologia, com sugestão de tema a cada edição, sem
exigir a obrigatoriedade de adesão, continuará nessa nova etapa
do Caderno Literário. Além de convidar os poetas a se
exercitarem, os trabalhos produzidos estarão em conformidade
com os projetos da Pragmatha enquanto editora. Da edição de
janeiro, por exemplo, sairão poemas que serão publicados em
futura antologia bilíngue (italiano e português), que estou
preparando para circulação tanto no Brasil como na Itália.
Um muito obrigada a Rosa Pais, artista de Coruche -
Portugal, que ilustra a capa do Caderno Literário, e boa leitura!
Sandra Veroneze
Editora
04
Caderno Literário é uma publicação da Pragmatha Laboratório de Ideias e Gestão de Projetos . Porto Alegre/RS. Fone 51 3398 0134.
www.pragmatha.com.br, e-mail [email protected]. Ano 01. Número 12. Janeiro/2008. Todos os direitos reservados.
Editora: Sandra Veroneze. Msn: [email protected]. Skype: sandraveroneze. O conteúdo dos poemas é de responsabilidade de
seus autores. Todos os direitos reservados.
Caderno
literário
Índice
04 - Exortação ao vinho / Antenor Rosalino 49 - Apelo / Pam Orbacam
05 - Vinha / Carlos Bonfá 50 - Azulavermelhado / Graça Brito
06 - Vida plena na videira / Carlos de Hollanda 51 - Lidar com a situação / Daniel Muñoz
07 - Licor lupino / Eduardo Amaro 52 - Vinho / Marivane Klippel
08 - A doce bebida / Evanise Gonçalves Bossle 53 - Di vino / Gerusa Leal
09 - Brindo saudade / Fabiana Fraga da Rosa 54 - Vinho / Elisabete Antunes
10 - No caminho dos vinhos / Gerci Oliveira Godoy 55 - De zero a dez / Artur Pereira dos Santos
11 - Sobre vinhos e amores / Jéferson Dantas 56 - Vinho novo / Márcia Gularte da Silva
12 - Fim de Festa / Lígia Lacerda 57 - O vinho / Isabel Máximo Correia
13 - Festa dos deuses / Mário Feijó 58 - Águas / Nadja Voss
14 - Refúgio / Márnei Consul 69 - A festa e o resto / Marco Aquiva
15 - Nascimento do líquido / Micheli Zamarchi 60 - Sorria com vinho / Marcial Salaverry
16 - Vivo de vinhos / Osvaldo Heinze 61 - Bela Vista / Wagner R.A. Chaves
17 - Fino paladar / Renata Iacovino 62 - Culto ao vinho / Elisandro Roath
18 - Abismos / Ronaldo Campello 63 - Vinho / Débora Villela Petrin
19 - Messe / Valquíria Gesqui Malagoli 64 - Vinhos vinho / Bruno Pereira
20 - Encontro / Sandra Veroneze 65 - Mistura de vinho / Jaci Leal Santana
21 - Vinhos / Alessandra Cezarini 66 - O vinho / Celso de Oliveira
22 - Vinho em fogo / Rodrigo Cancelli 67 - In Vino Veritas / Leonardo Andrade
23 - Exaltação ao vinho / Antônio Canuto 68 - Gole / Karla Hack dos Santos
24 - Cálice Sagrado / Jefferson Carvalhaes 69 - Sommelier / Carlos Fernando Leser
25 - Olympo - Dimytryus 70 - Vinho na cabeça / Fabio Daflon
26 - Néctar dos deuses / Cislaine Bier 71 - Taça e vinho / Priscila de Loureiro Coelho
27 - O vinho e seus mistérios / Marta Rodriguez 72 - Vinho seco e poesia / Silvana Inkes
28 - Sonho e vinho / Neuza Pinto Nissen 74 - Poesia na tarde / Aécio Kauffmann
29 - Perfumado e selado / Bibiana Lubian 75 - Amar é uma loucura / Alexandre Camargo
30 - Sagrado / Orquídia Negra 76 - Numa rua com saída / Eliane Alves de Souza
31 - Goles de amor / Laura Silva de Souza 77 - O coral dos anjos / Thiago Carvalhaes
32 - Corpo / Carla Ribeiro 78 - Eu? / Naiara Campanhola
33 - Crepúsculo / Alessandro Reiffer 79 - Eu-Destinatário / Pepper
34 - Vinho de uva / Gabriella Slovick 80 - Inexplicável que te amo / Me Morte
35 - Laboro e orgulho / Eduardo Guilhon 81 - Hypnos e o sagrado coração de Tyklhe / Manoel
36 - Cenário II / Luciano Machado Tomaz Guedes de Almeida
37 - Consequências do vinho / Iriê Júnior 82 - Sentidos reversos / Maria Ângela Piai
38 - Hora do brinde / Conceição Pazzola 83- Colheita íntima / Kleber Negreiros
39 - Minha taça de vinho / Izabel Martho 84 - Ócios do ofício / Estevão Daminelli Pereira
40 - Vinho / Walmor Dario Santos Colmenero 85 - O grande / Fábio Saitta
41 - Videiras vivências / Bernardo Almeida 86 - Mnemósine / Cristiane Carvalho
42 - À saga do líquido dos deuses / Janjão 87 - Estou aqui / Lígia Scholze Borges Tomarchio
43 - Ode ao Bar (Onde mora o vinho) / Marcelo de 88 - O desejo do eu / Paulo Roberto Ferreira
Moraes Belini 89 - Pele / Martha Galrão
44 - Tristão e Isolda / Kastrowiski 90 - Oceano / Michel Perlin
45 - A Alberto Caeiro, em taberna consigo / Marcelo 91 - O orifício / João Manoel de Oliveira
Moraes Caetano 92 - Apelo / Cecília Pires
46 - O tinto de sexta-feira / Norbert Heinz 93 - As flechas / José Magalhães
47 - Baco / Marcos de Andrade 94 - Horizontes / Zé Luis
48 - Loucuras escarlates / Néia Pinto
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literário
Exortação ao vinho
Antenor Rosalino
Louvemos o vinho!
Extraído das uvas de abençoadas terras,
Debruça a suavidade do seu sabor
Nas adegas distantes...
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Caderno
literário
Vinha
Carlos Bonfá
Vinha vinho
Como vinha
O vento.
Vinho havia
Na luz vizinha
Que da lua vinha.
Convinha o vinho
Como o corpo que se avizinha.
E mais vinha,
Porque bem mais havia.
Como o vento vinha
E a luz vizinha.
Mas não só vinho
Aos lábios vinha.
Também só o que o escuro adivinha;
Pois vinha junto
O corpo que se avizinha
Do corpo e do vinho.
E de onde vinha?
Provinha...
O vinho convinha.
E vinha mais,
Mas aos lábios vinha
Não só o vinho.
O vinho só
Não convinha.
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Caderno
literário
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literário
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Caderno
literário
Brincadeiras infantis
debaixo dos parreirais.
Na sede imensa dos primeiros beijos,
sorvendo a ânsia
dos pálidos desejos
na uva fresca tocando os lábios vermelhos.
Depois do almoço,
naqueles domingos que não voltam mais,
a embriaguez do suave vinho
levando os nonos a cantarem em coro
enquanto os jovens corriam soltos
sob os parreirais.
Amores frescos sobre a relva virgem,
o vinho na alma, trazendo à tona
fortes vendavais de paixões,
sob os parreirais, sob os parreirais.
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Caderno
literário
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10
Caderno
literário
Teu cheiro...
O hálito quente...
O toque perfeito...
No enroscar de peles,
O deleite.
E teu
Sorriso que dizia tanto!
E mãos e
Pés de ornamentos
Calcando vínicos aromas,
Que depois degustava
No teu próprio corpo.
Podia te dizer
Com mais clareza que
As límpidas águas
Dos rios da infância,
Que a embriaguez infame e pueril,
Não se comparava
Com as diferentes safras
Da tua impiedosa beleza!
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Caderno
literário
Fim de festa
Lígia Lacerda
A sala se esvazia.
Tomo o último gole, lentamente,
Buscando ainda um pouco de alegria...
Mas a festa acabou,
(já nem é doce o vinho!)
Fica na boca um gosto de adeus
E nas mãos, a taça,
Inútil e vazia...
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Caderno
literário
Uvas macias
Dos mais belos vinhedos
Franco-italiano-brasileiro
Branco de desejo
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Refúgio
Márnei Consul
Sim.
E não também.
14
Caderno
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Nascimento do líquido
Micheli Zamarchi
15
Caderno
literário
Vivo de vinhos
Osvaldo Heinze
16
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Fino paladar
Renata Iacovino
17
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literário
Abismos
Ronaldo Campello
18
Caderno
literário
Messe
Valquíria Gesqui Malagoli
19
Caderno
literário
Encontro
Sandra Veroneze
20
Caderno
literário
Vinhos
Alessandra Cezarini
21
Caderno
literário
Vinho em fogo
Rodrigo Cancelli
O que é meu?
Quando desarrumo o além,
Quando me vou embora,
Caminhando só, por aí...
Simplesmente! Sigo!
Partindo em ondas de som,
Escrevendo nas linhas,
De um horizonte sem fim...
Das estações...
22
Caderno
literário
Exaltação ao vinho
Antônio Canuto
23
Caderno
literário
Cálice sagrado
Jefferson Carvalhaes
Em que reino estará a essência do poder a qual o doce olor do vinho torna-se tão
[eufórico quanto o próprio poder de Baco ou Cronos?
A sabedoria a qual ele me levara a alturas terrestres para extravasar sob tutelas
[eleitorais a doce raridade... fora o maior de todos os prazeres
Doce como o próprio aroma de Vênus, em seu reinado de pacificação,
Tão ardente quanto qualquer poder náutico,
A vida fora um fardo até então, mas no momento que aparecera tal oportunidade
[única entre tantos burocratas desiguais
A vida negada pela objeção era a única melancolia em tal ocasião.
Minhas necessidades se expelem em cada resumo de dor extremamente
ocidental
Pois na Itália, as ligaduras entre a certidão do poder do vinho é capaz de polir até
[o mais frio olhar de fragrância embutida no caos.
Creio na criatividade da emoção que aflige o sobrevivente instante num breve
jogo
[de lágrimas que agarram o escárnio demolido
Sempre enfrente, seremos guerreiros vigorosos na terra italiana, onde os maiores
[comentadores passam a freqüentar a terrível iniciação das algemas alternativas
[de exatidão esférica entre o Bem e o Mal da terrível chama das aves que
gorjeiam [a vacilante manhã no lago pastoso
Enquanto as amídalas gemem por versos de Petrarca ou Dante Alighieri, na
[alegria que esmaga canários esvoaçantes do Sr. d’Annuzio em terra estrangeira
[sobre pseudônimo anfitrião
Mas ainda que os poetas jazam em palavras esotéricas, as cartas d’um baralho
[trarão sempre o gosto mais enaltecedor da estratosférica clerical da sagrada
[bebida dos maiores românticos modernos ou contemporâneos,
Sejamos exultantes ao redor da dinastia da Itália, traremos o vinho real dos
[deuses celestiais de fino palato recheado de mil tentilhões.
Oh, graça em nossas bocas afetadas pelo sublime prazer do cálice sagrado
A qual tal sabor, nos levara ao consciente encontro da beldade sagrada,
Sejamos os mais livres autores
Oh, caro paletó, que nos aquece nos momentos de dor, venha até nós, uvas
[requintadas de poderosos píncaros do Céu.
24
Caderno
literário
Olympo
Dimythryus
25
Caderno
literário
26
Caderno
literário
27
Caderno
literário
Sonho e vinho
Neuza Pinto Nissen
28
Caderno
literário
Perfumado e selado
Bibiana Lubian
29
Caderno
literário
Sagrado
Orquídia Negra
Sagrado
sangue de Cristo
cambaleia do gargalo
da garrafa
ao cálice
e desce desse,
ainda trôpego,
à boca do seminarista
a língua estala
no palato
sabor profano
rubor na face
sussurro nos lábios
vinho,
venha vinho
30
Caderno
literário
Goles de amor
Laura Silva de Souza
31
Caderno
literário
Corpo
Carla Ribeiro
32
Caderno
literário
Crepúsculo
Alessandro Reiffer
33
Caderno
literário
Vinho de uva
Gabriella Slovick
34
Caderno
literário
Laboro e orgulho
Eduardo Guilhon
Planto parreiras
Laboro pelo campo Nasce o vinho
Esmero-me Repousando
Em meu ninho
Longa espera
Podo-te Rotulo-te
Sol, chuva,sol Dou-te meu nome
Combinem-se Carregas maturidade
Metamorfose Aprovam-te
Desejam-te
Espremem-te
Despedaçam-te Não és mais meu
Esmagam-te Leve para o mundo
O orgulho meu
Observo
Ciumento
35
Caderno
literário
Cenário I
Luciano Machado Tomaz
36
Caderno
literário
Consequências do vinho
Iriê Júnior
Vinho,
Doce suor de uma fruta,
Transforma cama em ninho.
Vinho,
Fazes da moça bruta
Mulher só de carinho.
37
Caderno
literário
Hora do brinde
Conceição Pazzola
38
Caderno
literário
Bebo o vinho
Entonteço
Enlouqueço
Quero mais e sempre mais
Desfaleço mergulhando
No líquido borbulhando
Sonho e adormeço
Desse cálice quero mais...
39
Caderno
literário
Vinho
Walmor Dario Santos Colmenero
40
Caderno
literário
Videiras vivências
Bernardo Almeida
A torrente de ideias
Seara imersa na inconsciência
A veemência da abstração
O refúgio da inconsistência
Reino dos etéreos e fustigantes
Uivos sibilantes do pensamento
Sem igual tal como
Vadios e rutilantes elementos
Impropérios da vontade
Sem ele, escondidos
Desce a crina
Nem sempre ao passo da rima
Segue o vinho
Em seu distinto aspecto divino
Nos arrabaldes sem contorno da poesia
Sangra, suga e muda - refuta
O incerto curso dos rios
Seco ou suave, está lançado o desafio
Vê, do alto, o tato alcançar o aroma
Do paladar do vinho
Para ressaltar as nuanças do tino
Tilintar irrequieto do mundo
Que, de toda poesia, é ornamento fecundo
41
Caderno
literário
Me embriago ao escrever
Este poema ouvindo um Os povos antigos como
Um Pop Rock anos 90 Os Egípcios, os da Ilha
O Red Hot Chilli Peppers De Creta, da Macedônia,
Nas paredes registraram todo o seu amor.
Boa pedida para falar de
Uma bebida cuja origem O vinho, bebida da última
Deriva da fruta de Ceia, celebração do corpo
2 bilhões de anos De Cristo até os dias de hoje
Símbolo do sangue derramado.
Fascina o fato da humanidade
Valorizar e preservar Da Sicília, passando pela
O líquido de Deuses Mágica França, até os
Cristãos ou não, mitológicos ou não Confins da Ásia e da África,
Aos campos do Rio Grande do Sul
Em cada lenda, grega ou romana
Os guerreiros e imperadores De serventia medicinal
Tem como coadjuvante de A ingrediente culinário
Suas aventuras, uma taça de vinho. Do barato, ao caro
Embala o romance dos amantes.
Em um dos livros sagrados da religião
Ele aparece no capítulo nove O vinho, caminha com
Onde Noé ao pisar em terra firme A humanidade, passeia
Planta um vinhedo. Por sua História e torna-se
Unanimidade.
Nas leis antigas, como os
Códigos Hammurabi e Hititas
Os vinhos são referências
Como bebida de relevância.
42
Caderno
literário
43
Caderno
literário
Tristão e Isolda
Kastrowiski
44
Caderno
literário
A Alberto Caeiro,
em taberna consigo
Marcelo Moraes Caetano
45
Caderno
literário
O tinto de sexta-feira
Norbert Heinz
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Adorna o casebre simples com gotas de felicidade...
Caderno
literário
Baco
Marcos de Andrade
Braços longos
Braços fortes
Braços de Baco sobre o mundo
Terra boa
Terra fértil
Terra pronta pra servir
Semente sã
Semente viril
Semente do fruto do porvir
Braços
Terra
Semente
Baco sorri
47
Caderno
literário
Loucuras escarlates
Néia Pinto
Eu tenho loucuras
Que me entristecem por dentro
Eu vivo ressaquiada
Inerte, porém branda...
Com as loucuras
Que me entristecem por dentro.
48
Caderno
literário
Apelo
Pam Orbacam
Vinhas
Rosa e quente
Úmida e latente.
Vias
Entre cílios e pupilas
Saliva e lágrima.
O cálice seco,
A vulva molhada.
Hálito de vinho
Sussurrava.
Apelo.
49
Caderno
literário
Azulavermelhado
Graça Brito
50
Caderno
literário
...e...
outra coisa...
51
Caderno
literário
Vinho
Marivane Klippel
52
Caderno
literário
Ddi vino
Gerusa Leal
53
Caderno
literário
Vinho
Elisabete Antunes
54
Caderno
literário
De zero a dez
Artur Pereira dos Santos
Na pracinha do farol
Onde queimava papéis.
Desfilam desconhecidos.
Jardins, videiras e outros
Que me dizem o que fui,
Mas não mostram quem és.
Renasceu. Envelheci.
Se me tornei bom vinho não sei
No jogo da vida, perdi a partida
de zero a dez.
55
Caderno
literário
Vinho novo
Márcia Gularte da Silva
56
Caderno
literário
O vinho
Isabel Máximo Correia
Águas
Nadja Voss
58
Caderno
literário
A festa e o resto
Marco Aqueiva
59
Caderno
literário
60
Caderno
literário
Bela Vista
Wagner R.A. Chaves
Na cidade insone,
Um varal com panos opacos,
No centro, num sobrado em ruínas,
Na vila imóvel como um carro quebrado,
Sobre o telhado uma parabólica,
Caixa d'água e sombras idílicas,
Fachadas distorcidas e espaços sublocados.
61
Caderno
literário
Culto ao vinho
Elisandro Roath
62
Caderno
literário
Vinho
Débora Villela Petrin
63
Caderno
literário
Vinhos vinho
Bruno Pereira
De viva cor,
Sabor apurado,
Maduro ou verde,
À volta da fogueira e do seu calor,
Ou protegendo do frio cansado,
Para celebrar ou matar sede.
Vinho vivo e contente,
Sangue quente
Da alma que sente
De quem não mente.
Vinho de companhia,
Fiel servo de momento de magia,
De um fugaz momento de paixão,
Vinho que conquista um coração.
64
Caderno
literário
Mistura de vinho
Jaci Leal Santana
65
Caderno
literário
O vinho
Celso de Oliveira
66
Caderno
literário
In Vino Veritas
Leonardo Andrade
67
Caderno
literário
Gole
Karla Hack dos Santos
A cor bordô
Remetendo a um status invejado por tantos,
Hoje cabe no gole de um vinho Château Pétrus.
Nunca imaginou que seria assim
O gosto final,
O derradeiro esbarrar do destino.
Um silêncio corrói a imagem,
Fazendo o tempo pesar a cada badalar.
Tantas coisas que gostaria de ter feito,
Outras tantas que implora para esquecer...
A correria tornara-se sua única companheira de batalha,
Sempre querendo,
Sempre ambicionando,
Sempre perdendo.
Mais um gole
Saboreando cada detalhe, antes nem percebidos.
Relembra de outrora,
De sua infância,
De seus filhos,
De sua amada.
Hoje, apenas uma mansão silenciosa o rodeia.
Outro gole
Ansiando alcançar até o último resquício da taça,
Da garrafa,
Aproveitando de seu vinho,
Como nunca fez com sua vida.
68
Caderno
literário
Sommelier
Carlos Fernando Leser
Venho
Em busca dos teus lábios tintos,
Do teu beijo
Demi-sec,
De degustar teu corpo líquido
Aveludado,
Delicado.
De sentir
Por toda a noite
O teu perfume
Frutado.
69
Caderno
literário
Vinho na cabeça
Fabio Daflon
70
Caderno
literário
Taça e vinho
Priscila de Loureiro Coelho
71
Caderno
literário
Lembranças...
72
eT ma liv r e
Caderno
literário
Poesia na tarde
Aécio Kauffmann
74
Caderno
literário
75
Caderno
literário
76
Caderno
literário
77
Caderno
literário
Eu?
Naiara Campanhola
78
Caderno
literário
Eu-destinatário
Pepper
O sentido da Terra é o meio-dia, Isso e aquilo, que seja uma por vez,
alinhando-se buscando o eclipse total e torço por maiores conquistas enfim
ante astros sob acalanto descomunal. a acontecerem todas juntas por mim.
Entre o sentimento e a ilusão uma fronteira Porque alguns por quês retornam três
do caminho que trilha o homem são por que do mais não deixo a porta
vislumbrante da aurora e um pedaço de pão. aberta se fui eu a girar a maçaneta!
Cheguei para rimar, tirá-lo do lugar, Amanhã ou depois, vivo tudo aquilo
fazer um verso lindo de chorar que sonhei no passado pois ontem
de rir ou sem maiores vírgulas, projetei que se nós, tal e qual um totem,
trema, ponto e vírgula ou etcéteras. edificamos a Terra Prometida como
Aspas aos dois pontos e o final: nossa casa, então o tédio do sono
incisos de rock, hip hop e jungle! profundo só excitou as águas do Paraíso.
79
Caderno
literário
Como explicar?
Estava ali,
Teu cheiro, teu jeito,
Inspirando noites imensuráveis
Em que meu corpo asfixiava o seu.
Eu era feliz!
Os brados dos ignorantes
Ruminavam altivos lá fora
E mesmo o contorno da aurora
Me cegava os olhos,confusos.
80
Caderno
literário
81
Caderno
literário
Sentidos reversos
Maria Ângela Piai
de paixão
82
Caderno
literário
Colheita íntima
Kleber Negreiros
83
Caderno
literário
Ócios do ofício
Estevão Daminelli Pereira
84
Caderno
literário
O grande
Fábio Saitta
85
Caderno
literário
Mnemósine
Cristiane Carvalho
Ah, O tempo!
O tempo das horas, dos contos, dos cantos, da memória...
Este tempo de espaço
Que conta o tempo que escorre pelos tempos
E colhe e guarda as obras de todo o tempo.
86
Caderno
literário
Estou aqui
Ligia Scholze Borges Tomarchio
87
Caderno
literário
O desejo do eu
Paulo Roberto Ferreira
Procuro-me,
E deveria encontrar
Antigos testemunhos do vazio;
Mas eis que
Tudo suplanta a tudo,
E uma recordação antiga
Não sorri mais.
88
Caderno
literário
Pele
Martha Galrão
89
Caderno
literário
Oceano
Michel Perlin
90
Caderno
literário
O orifício
João Manoel de Oliveira
No parapeito do aberto
A imagem é deslumbrada,
Entre cicatrizes bronzeadas pelo sol,
O tempo já foi generoso
91
Caderno
literário
Apelo
Cecília Pires
Espera menino!
A aurora já chega
na brisa que corre,
trazendo o amanhã.
Suspende a mordaça
e larga teu grito
pra o mundo,
que é surdo
ao teu desatino.
Espera, menino!
Espera, menino!
Espera! Não some.
92
Caderno
literário
As flechas
José Magalhães
A primeira as costas!
Retira! A seta fica...
Sangra em abundância.
Desprotegido, agora, transpassa!
Ensurdecedor, o QUERUBIM cai!
Ela se aproxima o vê, grande, real!
A candura de seus olhos...
Relembra: - Ele sempre surpreendeu!
Sem piedade Ela crava transpassa a terceira!
"Alô, encosta... bem baixinho..."
Oh! Amor....
Sorriso angelical...
Ainda caído manda energia e força!
Os olhos, a voz, calam-se, ETERNO
93
Caderno
literário
Horizontes Zé Luis
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E RV A D O
A Ç O R E S
E SP P OE SI A
R A SU A
PA