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CATARINA MADEIRA SANTOS
UM GOVERNO POLIDO PARA ANGOLA.
RECONFIGURAR DISPOSITIVOS DE DOMNIO. (1750-C.1800) Dissertao apresentada Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Cincias Sociais e Humanas para a obteno do !rau de Doutor em Hist"ria #specialidade Hist"ria dos Descobrimentos e da #$panso %ortu!uesa&
Li!"# $005 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1. A+&#(),i-)'%" ' reali(ao desta tese contou com o apoio da Fundao para Cincia e )ecnolo!ia atrav*s da atribuio de uma bolsa de Doutoramento e do +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica )ropical como instituio de acol.imento& / meu primeiro a!radecimento vai para 'nt"nio 0anuel Hespan.a com 1uem aprendi muita coisa desde o tempo da licenciatura e 1ue aceitou orientar esta tese acreditando nela e acreditando em mim& Devo2l.e a orientao atenta a disponibilidade para todas as min.as d3vidas a !enerosidade pronta para as .esita4es e o e$tremo incentivo& / seu ri!or e ami(ade !uiaram2me at* ao 3ltimo minuto& 5ernard 6incent meu orientador na #H#SS no s" a7udou a pensar a concepo deste trabal.o como l.e emprestou um sentido novo capa( de me mobili(ar& Na #H#SS por onde -ui passando em busca de biblio!ra-ias e escuta de semin8rios encontrei o apoio de ami!os e cole!as& 9ean2Fr*d*ric Sc.aub convidou2me em :;;: a -a(er al!uns semin8rios no <mbito da tese 1ue ento 78 comeara a preparar& #ssa primeira estadia abriu camin.o a novos contactos e posterior sedimentao de uma li!ao onde destaco 9ean2H*brard Francis =immermann 9ean2%aul =u>i!a #loi Fic1uet& Com Lui( Felipe de 'lencastro discuti uma parte desta tese de onde e$tra, indica4es para resultados -inais& Na Faculdade de Cincias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa contei com o apoio e acompan.amento de 9oo %aulo /liveira e Costa e %edro Cardim& No +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica )ropical onde desenvolvi parte do meu trabal.o de investi!ao convivi com ami!os e cole!as 1ue mais ou menos directamente me au$iliaram em especial o 6ictor Rodri!ues 0aria 0anuel )orro 0anuel Lobato e Lu,s Frederico 'ntunes& ' 0aria 9oo deu2me uma colaborao preciosa na -ase de edio& ?uero dei$ar o meu sincero a!radecimento ao 9oo Dio!o 1ue -e( parte dos !r8-icos 1uadros e reprodu4es de mapas& # tamb*m D& +sabel Carval.o 1ue desen.ou pacientemente o mapa com a locali(ao das novas povoa4es e esteve sempre dispon,vel para introdu(ir altera4es de 3ltima .ora& #ntre 'n!ola e os an!olanos e$istem nomes 1ue no posso dei$ar de citar& Com a 'na %aula )avares partil.ei muita coisa durante os 3ltimos anos entre trabal.os cumplicidades e desassosse!os @estamos 7untasA& %ara a 0aria da Conceio Neto 1ue con.ece os @1uatro cantosA da .ist"ria de 'n!ola e acompan.ou este pro7ecto desde os seus prim"rdios vai o meu recon.ecimento por ter con-irmado a validade da .ip"tese 1ue est8 por detr8s desta tese& / RuB Duarte de Carval.o deu2me acesso sua leitura de 'n!ola e condu(iu2me a lu!ares onde mais nin!u*m me poderia ter levado para sentir o pulsar da terra baketu& #m Luanda pude contar ainda com o apoio do 9oo 5ernardino S8 1ue me acompan.ou pelos @labirintosA dos 'r1uivos da 5ai$a e do 5airro /per8rio& '!radeo ao 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola pelas condi4es de trabal.o -acultadas na pessoa da sua directora Rosa Cru( e Silva assim como aos -uncion8rios 0ateus Neto e Fernando& No 'r1uivo Hist"rico Ultramarino onde estanciei durante meses contei com o pro-issionalismo disponibilidade e ami(ade de %ires 0i!uel 9or!e e Fernando& Na Universidade de So %aulo a!radeo em primeiro lu!ar a Cris Dantor com 1uem tive oportunidade de trocar ideias e in-orma4es sobre universos e persona!ens comuns e ainda 'ndrea Stemien a 1uem devo uma preciosa a7uda na recol.a biblio!r8-ica& Na Universidade de Coimbra a!radeo Dra +sabel Ferreira 0ota os esclarecimentos 1ue teve a !entile(a de me dar& Nesta min.a !erao umas ve(es por vontade muitas ve(es por condio e necessidade de doutorandos doutorados e doutores encontrei a ami(ade continuada o con-orto e o con-ronto para conversas e trocas de ideiasE Fn!ela 5arreto Gavier %edro Cardim Carla 'ra37o 9oana #stornin.o Cristina No!ueira da Silva Lu,s )rindade Rui )avares&Com a Carla 'ra37o e a 9oana #stornin.o tamb*m compartil.ei actividades lectivas al!umas .esita4es e !randes decis4es& Sem elas as min.as sa,das para Luanda e %aris teriam sido bem mais di-,ceis e o reencontro com a vida verdadeira tamb*m& ' 9oana e a Fn!ela ainda encontraram pacincia para -a(er uma reviso da biblio!ra-ia& 'nt"nio 0endes esteve sempre dispon,vel para me a7udar com as tradu4es assim como a Huida 0ar1ues& Com ela e o /ivier -icam as deambula4es e as Ade!usta4esA entre Lisboa e %aris& ' C.antal Lu,s da Silva a7udou2me com biblio!ra-ia e a sua compan.ia& ?uero tamb*m citar a1ueles 1ue sem uma li!ao directa ao meio me incentivaram com a sua ami(ade e disponibilidadeE Cristiana e 9oo 'nabela 0a-alda )eresa& Sem o est,mulo e optimismo 1ue recebi de todos os meus ami!os nos 3ltimos meses teria sido imposs,vel terminar este trabal.o no pra(o em 1ue aconteceu& # o apoio dos av"s 1ue souberam e 1uiseram ser esteio para amimar a min.a -il.a em tempos mais conturbados& #sta tese * dedicada min.a -il.a )eresa ale!ria irreverente dos seus seis anos e * prova da min.a imensa !ratido e admirao pelo respeito e -ora 1ue soube ter sempre 1ue no pudemos estar 7untas& )alve( um dia estas p8!inas -aam um sentido para ela&&& ..................... 3 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 4 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola $. I'%&"(/01" Angola no feitoria, no s reino como pode ser imprio& Parecer que o Conde de Oeiras [! '7uda :; de Novembro de IJK; 'HU C"d& LLL M NJ -l& LO2LOv& @ Pme persuado 1ue pode ter muito mais %opulosas e 3teis Cidades 1ue o 5rasil pode -ornecer !uarni4es de capitais e en-im pode -a(er este o mais proveitoso Dom,nio de Sua 0a7estadeA Carta de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o para Francisco Gavier de 0endona Furtado IN de /utubro de IJKO AA vol& + nQ I IORR s& pp& @+l -aut&&&percevoir au cours du G6+++Sme siScle au lieu de ce rapport entre 7our et nuit entre connaissance et i!norance 1uel1ue c.ose de trSs di--*rentE un immense et multiple combat des savoirs les uns contre les autres T des savoirs sUopposant entre eu$ par leur morp.olo!ie propre par leurs d*tenteurs ennemies les uns des autres et par leurs e--ets de pouvoirs intrinsS1uesA 0& Foucault "l faut dfendre la socit [! p& ILO& #sta tese arranca da ideia de reconfigura#o de Angola admitindo 1ue na se!unda metade de setecentos e a partir do %ombalismo se veio a imprimir col"nia uma configura#o ori!inal resultado da inscrio de um modelo de go$erno polido directamente col.ido na ideolo!ia do +luminismo e onde toda a ordem se entendia como decorrncia directa da noo estruturante de policia& / Rei atrav*s do #stado p"lo e$clusivo de poder or!ani(ava metodicamente uma sociedade disciplinando2a no apenas pelo uso dos meios 7ur,dicos mas tamb*m dos no 7ur,dicos& / go$erno polido * assim antes de mais um modelo de civili(ao dotado de uma natural capacidade e$pansiva por1ue universal e destinado mais tarde ou mais cedo a ser acol.ido pelas diversas .umanidades& No plano da coloni(ao ad1uire centralidade o ideal de colnia de po$oamento isto * col"nias onde cresceriam cidades novamente -undadas verdadeiros @semin8riosA de sociedade civil dU a ci$ili%a#o e a pra(o e1uivalentes s da metr"pole& ..................... 5 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' narrativa a1ui contada ser8 ento a da maneira como a #uropa por meio de %ortu!al ter8 incidido sobre um territ"rio a-ricano at* a, debilmente coloni(ado e preenc.ido por sociedades e potentados maioritariamente banto I V'mbundo e /vimbundoW instalados na sua matri( capa(es de resistir mas tamb*m de ne!ociar& +ncidncias sobre as estruturas coloniais e incidncias sobre as estruturas a-ricanas portanto& 'ssim a novidade 1ue este trabal.o possa tra(er ser8 a da perspectiva adoptada ao considerar as re-ormas pombalinas como um pro7ecto de instaurao de um novo !overno caracteri(ado porE iW se inte!rar numa -iloso-ia civili(adora universal Vaplic8vel X-rica mas tamb*m pr"pria #uropaWY iiW se basear num modelo racional universalista de pretensa aplicabilidade !eralY iiiW incorporar no plano pr8tico um ideal de administrao activa orientado por uma cincia administrativa em parte racionalista em parte empirista atenta descrio e$actaY ivW e adoptar um modelo de administrao 1ue contrastava com o modelo cl8ssico de 'nti!o Re!ime& No 1ue respeita s col"nias este modelo uni-ormi(ador pretendia -a(er delas o 1ue eram as metr"poles povoando2as e e1uipando2as como estas prevendo 1ue mais tarde ou mais cedo os povos ind,!enas e neste caso os a-ricanos acabariam por abandonar -ormas de vida reputadas b8rbaras& Z esse o sentido da -rase de %ombal citado em epi!ra-e 1ue di(E @'n!ola no * -eitoria no s" * reino como pode ser imp*rioA : & ' biblio!ra-ia produ(ida acerca do tema da administrao an!olana no s*c& G6+++ * relativamente redu(ida e a 1ue e$iste optou por outros tipos de tratamento R & De resto comparativamente os estudiosos de 'n!ola escreveram a !rande percenta!em dos seus I Utli(o o voc8bulo @bantoA !ra-ado em portu!us sabendo 1ue a sua rai( * ntu radical 1ue si!ni-ica ser e * comum maioria das l,n!uas banto recon.ecidas numa vasta re!io da X-rica /cidental Central e do Sul& )rata2se de um crit*rio lin!u,stico !enerali(ado para identi-icar povos -alantes de determinado !rupo lin!u,stico& C-& Houaiss &icion'rio, )omo + :;;: verbete @bantoA : @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A :; de Novembro de IJK; 'HU C"d& LLL M NJ -l& LO2LOv& R 's discuss4es em torno do lu!ar Vima!em e estatutoW concedido pelo +luminismo ao ne!ro muitas ve(es em articulao com o problema da escravatura esto presentes na .istorio!ra-ia mas desenrolam2se pre-erencialmente a partir e ao n,vel do discurso europeu sobre os a-ricanos e raramente a partir de uma e$perincia colonial na X-rica& #$emplos encontram2se na obra de Louis Sala20olins 1ue -a( a articulao directa entre o estatuto dos a-ricanos e o +luminismo na de 0ic.Sle Duc.et diri!ida pre-erencialmente aos autores -ranceses ou #mmanuel[ C.u[\udi #(e onde se encontram alin.ados e criticados variados te$tos -ilos"-icos das Lu(es& C-& Louis Sala20olins (e Code )oir ou le cal$aire de Canaan %aris %UF IONJY "dem (*Afrique au+ Amriques (e Code )oir ,spagnol %aris %UF IOO:Y 0ic.Sle Duc.et Ant-ropologie et .istoire au /i0cle des (umi0res, 1uffon, 2oltaire, 3ousseau, .el$tius, &iderot %aris Flammarion IOJIY (e Partage des /a$oirs &iscours -istorique et discours et-nologique %aris Zditions la D*couverte IONLY @Les soci*t*s dites ]sans .istoireU devant lUHistoireA in (e racisme 45t-es et /cience %aris #ditions Comple$e Vs&d&W pp& R^L2RLLY #mmanuel[ C.u[\udi #(e 3ace and ,nlig-tenment 6 a reader #dio de #mmanuel C.u[\udi #(e Cambrid!e/ 0assac.ussets 5lac[\ell %ublis.ers IOOJ& ..................... 6 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola trabal.os em torno dos s*culos G6++ ou do G+G e GG com e$tenso en-o1ue no tr8-ico de escravos dei$ando na sombra o s*culo G6+++& ?uando este per,odo aparece estudado * para -a(er a ponte com o s*culo se!uinte& ?uanto perspectiva adoptada podem identi-icar2se trs !randes lin.as de -ora& Num re!isto redutor encontra2se o con7unto de trabal.os datados dos anos ^; e L; do s*culo GG 1ue identi-icaram o per,odo pombalino com uma idade de ouro in*dita e irrepetida 1ue se teria -icado a dever por inteiro iniciativa e aco isolada do !overnador D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o VIJK^2IJJ:W& #1uiparada ao 0ar1us de %ombal a -i!ura do !overnador -oi @miti-icadaA por uma .istorio!ra-ia muito li!ada ideolo!ia do #stado Novo e embora esta 78 se 1uisesse cient,-ica no dei$ou de produ(ir .er"is nacionais capa(es de encarnar a ordem e a autoridade !overnamental ^ & ' verdade * 1ue esta produo da mem"ria .ist"rica de 'n!ola re-le$o da mem"ria social a todos os t,tulos marcada por usos pol,ticos -oi sendo relativi(ada com al!uma di-iculdade e de al!uma -orma a -i!ura do !overnador ainda se con-unde com a *poca& Na se1uncia da renovao ou at* nascimento da Hist"ria de X-rica nos anos J; constr"i2se uma .istorio!ra-ia de elevada 1ualidade cient,-ica 1ue veio apro-undar pre-erencialmente temas cu7o sentido l.e era proposto pelas din<micas da X-rica continental& 9ean2Luc 6ellut desenvolveu trabal.os sobre a (ona da Lunda e e$aminou as especi-icidades da coloni(ao do s*culo G6+++ na sua articulao com as din<micas dos poderes a-ricanos em v8rios te$tos de re-erncia -undamental e obri!at"ria L & 9osep. ^ Hasto de Sousa Dias D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o& 'dministrao %ombalina em 'n!ola Lisboa #ditorial Cosmos Cadernos Coloniais nQ :J IORKY +dem %ioneiros de 'n!ola& #$plora4es portu!uesas no Sul de 'n!ola Vs*culos G6++2G6+++W Coleco %elo +mp*rio nQ ^: '!ncia Heral das Col"nias IORJY +dem /cupao de 'n!ola Ve$plorao con1uista e povoamentoW Coleco %elo +mp*rio nQ I;: '!ncia Heral das Col"nias IO^^YRalp. Del!ado VIOK;W @/ Hoverno de Sousa Coutin.o em 'n!ola in Stvdia nQ K IOK; pp& IO2LK nQ J IOKI pp& ^O2NK nQ I; IOK: pp& J2^JY '& Fuentes @Dom Francisco +nocncio de Sou(a Coutin.o& #sboo de uma obra 1ue se perdeuA 1oletim do "nstituto de Angola nQ ^ IOL^ pp& RL2^;Y 0ar1ues do Func.al O Conde (in-ares Lisboa IOL;Y 0aria )eresa 'mado Neves & 7rancisco "noc8ncio de /ousa Coutin-o9 aspecto moral, da sua ac#o em 'n!ola Lisboa Soc& Nac& De )ipo!ra-ia IORNY 9o-re 'maral No!ueira Angola na poca pombalina9 o go$erno de /ousa Coutin.o Lisboa IOK;& Sobre o %ombalismo como @coisa pol,ticaA e @ob7ecto de re-le$o cient,-icaA $ide Lu,s Reis )or!al& @Nota +ntrodut"ria& 'cerca do si!ni-icado do %ombalismoA O 4arqu8s de Pombal e o seu :empo vol& + p& N& L 9ean2Luc 6ellut @Relations +nternationales du 0oBen2D\an!o et de lU'n!ola dans la deu$iSme moiti* du G6+++Sme siScleA ;tudes d*.istoire Africaine vol& + Universit* Lovanium de Dins.asa IOJ;Y @Notes sur le Lunda et la -rontiSre luso2a-ricaine VIJ;;2IO;;WA ;tudes d*.istoire Africaine vol& +++ Louvain/%aris Zditions Nau\elaerts 5*atrice2 Nau\elaerts Universit* Nationale du =a_re IOJ: pp& KI2 IKK& <uestions /peciales d*.istoire d*Afrique Universit* Nationale du =aire Campus de Lubumbas.i IOJ:2IOJR Vte$to policopiadoW& ..................... 7 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0iller K numa obra e$tensa e variada * provavelmente o autor 1ue de -orma mais completa e plural estudou o per,odo& / seu livro =a5 of deat- usando de um ponto de vista econ"mico li!ado ao social -ocali(ado em especial no tr8-ico de escravos recon.ece a presena de uma pol,tica pombalina em 'n!ola e o-erece dela uma leitura -undamentada e -ecunda& #m colaborao com 9o.n ).orton 9& 0iller deu tamb*m espao ao e$ame da produo liter8ria em Luanda na se!unda metade do s*culo G6+++ coobrindo uma 8rea menos estudada& David 5irmin!.am abran!eu o per,odo na tese de doutoramento e e$plicou todo o en1uadramento no mosaico pol,tico a-ricano J & Lui( Felipe de 'lencastro 1uando analisou a -ormao aterritorial do 5rasil deu lu!ar administrao iluminista em 'n!ola com um en-o1ue na relao ao 5rasil numa nova delimitao das -ronteiras administrativas& %or*m mais uma ve( * o tr8-ico de escravos 1ue se encontra pre-erencialmente visado N & 'inda para o s*culo G6+++ 9os* Carlos 6en<ncio privile!iou problemas de nature(a econ"mica em especial a relao de Luanda com o seu -interland& #sta constitui dentro da biblio!ra-ia mais recente uma das raras apreens4es do sentido da *poca& %ara al*m do importante livro de Carlos Couto sobre os capites2mores de 'n!ola no s*culo G6+++ aparecido em IOJ:& Num plano parte deve ser colocado 08rio 'nt"nio 1ue na sua e$tensa e variada obra encontrou lu!ar para se deter na se!unda metade de setecentos e produ(iu te$tos de an8lise sobre a produo cultural em 'n!ola e sua articulao s elites letradas do 5rasil O & Numa perspectiva 1ue incide sobre as ima!ens metropolitanas acerca da X-rica 6alentim 'le$andre considerou em al!uns dos seus estudos o -inal do s*culo G6+++ e o-erece uma leitura onde busca coerncia para os v8rios tempos e en1uadramentos ideol"!icos da coloni(ao I; & K 6ide trabal.os citados na biblio!ra-ia -inal& J David 5irmin!.am :rade and conflict in Angola9 t-e 4bundu and t-eir )eig-bours under t-e influence of t-e Portuguese, >?@A6>BCD /$-ord Clarendon %ress IOKK& N Lui( Felipe de 'lencastro (a :raite des 2i$ants vol& ++ verso policopiada da tese de doutoramento apresentada a %aris + Sorbonne ION^& O @Hist"ria de 'n!ola de #lias 'le$andre da Silva CorraA in 3eler Africa +nstituto de 'ntropolo!ia Universidade de Coimbra IOO; pp& :;O2:R:Y @` sombra do 0ar1us de %ombal T um !rande acto de luso2a-ro2brasilidadeA "dem pp& ROR2^;K& I; 6alentim 'le$andre Os /entidos do "mprio <uesto )acional e <uesto Colonial na Crise do Antigo 3egime Portugu8s Lisboa #di4es '-rontamento IOOR Cap& + e tamb*m 2el-o 1rasil )o$as EfricasPortugal e o "mprio F>@D@6>CBGH #di4es '-rontamento :;;^& ..................... 8 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #ntre estas duas !randes orienta4es situa2se um con7unto de trabal.os mais ou menos pr"$imos da cronolo!ia proposta 1ue podem e devem ser invocados para perceber 'n!ola na se!unda metade do s*culo G6+++& No plano da Hist"ria Social * necess8rio mencionar um arti!o de Dennet. 0a$\ell onde se identi-icam os brasileiros residentes e actuantes em 'n!ola na d*cada de IJO; e 1ue remete para a constituio de uma elite culta II & #sta dimenso social da Hist"ria de 'n!ola pode ser complementada em trabal.os re-erentes a outras cronolo!ias& ' .ist"ria social de Luanda do ponto de vista da crioulidade tem uma aborda!em nos trabal.os de 'nn Stamm I: re-erentes primeira metade do s*culo G+G 08rio 'nt"nio IR e depois em 9ill Dias I^ 78 para o -inal de oitocentos a transitar para o s*culo GG 1ue aborda 1uest4es de identidade na sua relao com a os crioulos num arti!o -undamental& +sabel Castro Henri1ues contempla o s*culo G6+++ na1uilo em 1ue se relaciona com a .ist"ria dos +mban!ala IL & De resto como terei oportunidade de e$por os desen.os metodol"!icos e problem8ticas enunciados em trabal.os 1ue visam outras cronolo!ias podem e devem ser e1uacionados e retro pro7ectados para a .ist"ria da col"nia da se!unda metade do s*culo G6+++& #m suma a se!unda metade do s*culo G6+++ no est8 completamente ausente da .istorio!ra-ia sobre 'n!ola mas at* .o7e no se constituiu como ob7ecto aut"nomo de estudo& # mesmo os temas 1ue esse per,odo prop4e e -oram seriamente estudados para outras *pocas esto escamoteados& ?uanto aos trabal.os sobre +luminismo em %ortu!al 1uando se ativeram administrao colonial privile!iaram o espao brasileiro pedra an!ular do comple$o imperial setecentista onde as novas directivas assumiram e$press4es 3nicas em planos II Dennet. 0a$\ell @).e !eneration o- t.e IJO;s and t.e ideia o- a Luso25ra(ilian #mpireA in 'lden Duriel Colonial roots of modern 1ra%il 5er[eleB UniversitB o- Cali-ornia %ress IOJR pp& I;J2I^^& # tamb*m uma obra de car8cter mais !eral 1ue evidencia a dimenso ultramarina do pombalismoE "dem 4arqu8s de Pombal Parado+o do "luminismo So %aulo %a( e )erra IOOK& I: 'nne Stamm (* Angola I un tournant de son -istoire, >@A@6>@?@ travau$ de rec.erc.e e--ectu*s sous la direction de&&& Henri 5runsc.\i! directeur da*tudes laZcole %rati1ue des Hautes Ztudes s&l& s&dY @La soci*t* cr*ole Saint %aul de Loanda dans les ann*es INRN2IN^NA 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outre64er, )ome L+G :IJ IOJ: pp& LJN2K;O IR 08rio 'nt"nio (uanda, il-a crioula Lisboa '!ncia Heral do Ultramar IOKNY assim como os restantes trabal.os citados na 5blio!ra-ia -inal& I^ 9ill Dias @Uma 1uesto de identidadeE respostas intelectuais s trans-orma4es econ"micas no seio da elite crioula da 'n!ola portu!uesa entre INJ; e IOR;A 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos nQI 9aneiro/9un.o ION^ pp& KI2O^& IL Percursos da 4odernidade em Angola &inJmicas Comerciais e :ransforma#Kes /ociais no /culo L"L Lisboa ++C) +C% IOOJ& ..................... 9 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola muito diversi-icados e encontraram condi4es para se inscrever duradouramente e dar -orma a uma ordem social mais moderna& Relativamente ao 5rasil ou mesmo ao #stado da Cndia IK a X-rica permanece absolutamente eclipsada& 5asta consultar os ,ndices de publica4es mais ou menos recentes para assinalar esse silncio IJ & %ara tratar a perspectiva a1ui adoptada * importante veri-icar os espaos de transaco e de acomodao da pol,tica iluminista 1ue lon!e de impor ce!amente um modelo transi!iu diversamente com as tradi4es coloniais e a-ricanas& ' .ip"tese de relao a ser considerada precisou aceitar e comportar arran7os parciais entre passado e -uturo& ' valori(ao dessa transi!ncia como ponto de vista v8lido * ali8s salientado pelas lin.as de investi!ao mais recentes sobre +luminismo& 6icen(o Ferrone e Daniel Roc.e numa obra colectiva relativamente recente VIOOOW de-inem as 3ltimas op4es de pes1uisa em termos pr"$imos da1uele 1ue a1ui procurei se!uirE @lU.istoire des LumiSres se pr*sente au7ourdU.ui surtout sous la -orme dUune .istoire culturelle cUest dire dUanalBses sp*ci-i1ues des lan!a!es des repr*sentations de la compr*.ension du rapport dBnami1ue e$istant entre les valeurs les id*es et le conte$te entre les discours et les prati1uesA IN & No tratamento das 1uest4es coloniais importa -a(er uma enumerao dos sistemas pol,ticos instalados e da tipolo!ia dos resultados recon.ecendo como operat"rio o ar!umento da multi2temporalidade& )ratando2se a1ui de um problema de inscrio b no sentido de -a(er e$istir IO b do modelo numa realidade onde esto 78 presentes outras matri(es T a de 'nti!o Re!ime e as matri(es a-ricanas 2 analisar o processo de coloni(ao em 'n!ola implica a considerao dentro de um mesmo territ"rio de muitas e di-erentes temporalidades ou matri(es de elementos .istoricamente variados e vari8veis comunicantes ou discordantes :; & Um IK ' 1uantidade de trabal.os acerca do #stado da Cndia para este per,odo * muit,ssimo in-erior do 5rasil& De 1ual1uer maneira no se veri-ica um va(io& 6er os trabal.o de 0aria de 9esus dos 08rtires Lopes ma$ime Moa /etecentista :radi#o e 4odernidade F>BGD6>@DDH Universidade Cat"lica %ortu!uesa IOOK& IJ C-& 3e$ista CamKes nQ IL2IK 4arqu8s de Pombal +nstituto Cam4es 9an& 9un.o de :;;R& IN 6& Ferrone D&6icen(o @'vant %roposA (e 4onde des (umi0res p& I;& IO / conceito anal,tico de inscrio -oi discutido por 9os* Hil Portugal .oNe O medo de e+istir, Lisboa Rel"!io dUX!ua :;;L pp& ^N e ss& :; Sobre a multi2temporalidade vide 9*rcme 5asc.et @LU.istoire -ace au p*sent perp*tuel&&&A in 9& RevelY F& Harto! Vdir&W (es usages politiques du pass %aris #H#SS :;;I pp& LL2J^& Num re!isto marcadamente mar$ista uma distino 3til entre dominante residual e emer!ente de RaBmond dilliams 4ar+ism and (iterature /$-ord IOJJ pp& I:I2I:N& ..................... 10 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola combate de saberes e e$perincias :I & Se todas as *pocas apresentam uma @coe$istncia de assincroniaA :: o per,odo 1ue a1ui procuro estudar constitui um @lu!arA onde o c.o1ue de -ormas pol,ticas e sociais desa7ustadas * particularmente rude& #ssa multi2temporalidade tradu(2se na inter2aco/tenso permanente entre 1uatro matri(es bem distintas entre si 1uer nas suas ori!ens 1uer nas suas !eo!ra-ias cronolo!ias e din<micas :R & ' primeira * a matri( social de 'nti!o Re!ime assente no valor da Nusti#a numa concepo corporativa e natural do poder pol,tico numa administrao casu,stica or!ani(ada no territ"rio atrav*s de pres,dios dispostos em rede e c.e-iados por capites2 mores ao mesmo tempo a!entes militares e 7u,(es ordin8rios com ob7ectivos prioritariamente comerciais isto * o tr8-ico de escravos& ` se!unda c.amarei a matri( end"!ena ambunda locali(ada no Norte de 'n!ola Vtomando a lin.a do Cuan(a como -ronteira naturalW& ' sua 8rea de incidncia * o -interland de Luanda& Cobre em parte a manc.a *tnica ambunda Vmbundu de l,n!ua 1uimbunduW e uma seco da manc.a bacon!o& Z cen8rio para sociedades a-ricanas relativamente comple$as dotadas de estruturas politicas s"lidas e marcadas por uma relao pol,tica e cultural anti!a com o Reino do Con!o& ' terceira a matri( end"!ena do serto de 5en!uela ou planalto central no sul de 'n!ola onde se situavam sociedades menos comple$as sociedades pastoris onde o roubo associado ra(ia desempen.ava um papel estruturante nas rela4es de poder& +nteressa2me sublin.ar 1ue * a, 1ue se consolidam no s*culo G6+++ os populosos reinos ovimbundo :^
5ailundo ou 5i* estes com um poder pol,tico centrali(ado e por isso tamb*m interlocutores pre-erenciais do poder colonial& :I 0& Foucault @"l faut dfendre la societ Cours au Coll0ge de 7rance IOJK %aris Hautes Ztudes Hallimard Seuil p& ILO& :: Se!undo a -"rmula usada por d& Dula e retomada por D& %omian @%*riodisationA in 9& Le Ho-- R& C.artier 9& Revel eds& (a nou$elle -istoire %aris Ret(2C#%L IOJN pp& ^LL2^LJ& :R ' de-inio do 1ue * Norte e do 1ue * Sul em 'n!ola -a(2se por re-erncia s actuais -ronteiras do #stado an!olano considerando por*m 1ue as -ronteiras das etnias so de-inidas pelo discurso colonialista do s*culo GG e 1ue .o7e em dia no correspondem s actuais movimenta4es das popula4es& :^ Z claro saber o 1ue se7am os /vimbundo no s*culo G6+++ e$i!e al!umas cautelas& No s*culo G6++ e parte do G6+++ ainda distin!uem Vas -ontesW os @?uinbundos propriamente e os @?uimban!alasA ou Vescrevem al!unsW os @9a!asA 1ue andam por e$emplo por ?uilen!ues& No s*culo G+G parece 78 no ser relevante esta distino nas -ontes mas a1uela 1ue remete para as entidades pol,ticas T 5i* 5ailundo ?uiaca Huambo Halan!ue etc& 0as nas tradi4es recol.idas no s*culo G+G e GG VC.ilds Serpa %into Capelo e +vens Silva %orto por e$emploW tamb*m .8 1uem remeta para os @7a!asA ou simplesmente para um caador/!uerreiro vindo do Norte a !*nese da -ormao pol,tica ou dinastia dominante e 1uem no o -aa parecendo evocar a mem"ria dos a!itados tempos passados& ..................... 11 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %or -im a estas acrescenta2se na se!unda metade do s*culo G6+++ uma 1uarta a matri( +luminista um !overno @polidoA de 1ue trata esta tese& 's possibilidades de composio entre estas 1uatro matri(es permitem ima!inar uma tipolo!ia de compreenso da coloni(aoE ' coloni(ao como tradu#o ou transcri#o 1uando se trata da articulao entre a sociedade de 'nti!o Re!ime com as estruturas pol,ticas ambundo& Nesse caso a coloni(ao baseia2se em articula4es procura e1uivalncias e .omolo!ias& 'pesar da violncia da !uerra e do tr8-ico de escravos a lon!a coabitao dos ambundo com os pres,dios a instituio da vassala!em e os interesses ne!reiros pelos camin.os e nas -eiras possibilitaram a abertura de canais de comunicao& 's rela4es dos potentados a-ricanos com Luanda -a(iam2se atrav*s de embai$adas ou do 7ar!o da vassala!em como lin!ua!em pol,tica de comunicao e tamb*m de documentos escritos& 'pesar da ine!8vel dist<ncia entre a super-,cie terminol"!ica e a car!a sem<ntica dos conceitos o vocabul8rio pol,tico27uridico de 'nti!o Re!ime e a sem<ntica e !ram8tica do parentesco lin.a!ens ou !rupos de -iliao possibilitavam pontos de contacto e de comunicao& ' invocao de uma -iliao simb"lica 1ue -a(ia apelo aos t,tulos pol,ticos a-ricanos e s suas ori!ens @o pai da descendnciaA Vlin.a!emW o @ -il.o A no sentido sociol"!ico do termo admitia uma .omolo!ia com o vocabul8rio constru,do volta da noo de @sentimentos pol,ticosA presente no 'nti!o Re!ime europeu& '-inal tratava2se de transcrever uma instituio local para o 1uadro das institui4es coloniais con-erindo2l.e uma bi-rontalidade& ' coloni(ao tangencial ou de entreposto T permite arrumar a relao 1ue o 'nti!o Re!ime mant*m com o serto de 5en!uela& ' relao * tan!encial por1ue o coloni(ador no entra na realidade do coloni(ado no domina nem inte!ra nem transcreve& #m IKIJ o pres,dio de 5en!uela * con1uistado em IKN; * -undado um pres,dio no interior em Caconda e * esse panorama 1ue se mant*m at* se!unda metade do s*culo G6+++& ' capacidade de inter-erncia * nesta (ona absolutamente intermitente e minimalista& #ra o tipo de @coloni(aoA 1ue as restantes potncias da #uropa mantin.am na X-rica /cidental sem acederem realidade a-ricana& ' coloni(ao tan!encial ser8 ento a pr"pria -eitoria& ' coloni(ao como in$aso como pensamento .e!em"nico e de dom,nio sem com isso e$cluir a violncia& Diria 1ue esta * a coloni(ao 1ue o +luminismo visiona& / ideal seria encontrar um territ"rio deserto onde instalar estruturas inteiramente novas& ' ..................... 12 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola transcrio no pode nem deve ter lu!ar& / 1ue se pretende * subordinar a .umanidade a um 3nico modelo& No * por acaso 1ue em 'n!ola -oi no planalto de 5en!uela onde as sociedades a-ricanas eram menos comple$as e as estruturas de 'nti!o Re!ime e$,!uas 1ue se levaram a cabo !randes ac4es de povoamento por meio da -undao de uma rede de povoa4es civis& 'li8s para o +luminismo o ideal seria partir do !rau (ero para aplicar o modelo em espaos desertos& Z isso 1ue leva um .istoriador norte2americano :L a a-irmar 1ue en1uanto a #uropa ima!inava as ideias do +luminismo era a 'm*rica 1ue as reali(ava por1ue podia aplicar as ideias europeias 1ue na #uropa se deparavam com in3meras resistncias& )odas estas modalidades coe$istiram em 'n!ola e precisamente o 1ue espec,-ica este per,odo * a coe$istncia de .omens -ormados no padro de 'nti!o Re!ime assente no valor da Nusti#a e de .omens -ormados de acordo com o novo valor da policia& Z um tempo particularmente tenso& / recon.ecimento da pertinncia desta articulao de matri(es ou temporalidades e$i!e uma apro$imao metodol"!ica 1ue dando conta da economia das rela4es de poder se7a capa( de articular a teoria e a pr8tica ultrapassando uma an8lise do poder e$clusivamente presa ao ponto de vista da sua racionalidade interna :K & %ara estudar as -ormas e as !ram8ticas de dom,nio e relao em 'n!ola na se!unda metade do s*culo G6+++ * -undamental dar lu!ar aos arran7os pr8ticos s ra(4es 1ue determinam a ordem pra!m8tica por1ue .8 um con7unto de ra(4es 1ue de -acto se levam em conta 1uando * necess8rio a!ir dentro de mar!ens de resoluo ainda assim conceb,veis& / problema passa a ser ento o de saber em 1ue situa4es e por1u os administradores das Lu(es condu(iram a aco colonial com recurso aos valores 1ue representavam ou aos valores a-ricanos 1ue visavam re-ormar ou @civili(arA& Nesta articulao entre modelo e sociedades a-ricanas encontram2se dois problemas metodol"!icos centraisE iW a de-inio das -ronteiras como divis"rias do espao e como limites das culturas pol,ticasY ViiW o estudos das sociedade tradicionais a-ricanas& :L HenrB Steele Comma!er :-e ,mpire of 3eason .oO ,urope "magined and Amrica reali%ed ,nlig-tment, 'nc.or %ress/DoubledaB Harden CitB Ne\ eor[ IOJJ pp& I: e ss&& :K 0& Foucault @Le Su7et et le %ouvoirA &its et ;crits ""P p& I;^:& ..................... 13 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %or -ronteira :J neste conte$to deve entender2se um lu!ar de trocas Vmateriais culturais ou apenas simb"licasW para recobrir duas acep4es inter2li!adas e li!adas ao processo .ist"rico de 'n!ola uma no sentido mais cl8ssico outra no sentido meta-"rico& Z verdade 1ue o conceito de -ronteira tem sido utili(ado em conte$tos di-erentes& Nos #stados Unidos .istoriadores como F& 9& )urner e C& d& 'lvord situaram no oeste o centro de !ravidade da .ist"ria americana dos sec& G6+++ e G+G e atribu,ram noo de -ronteira um papel estruturador da especi-icidade pol,tica americana& )amb*m para o 5rasil se encontra uma tradio .istorio!r8-ica 1ue v a insero do interior desse espao na economia do atl<ntico como um processo de e$panso de -ronteiras atrav*s das e$pedi4es dos bandeirantes :N & %ara o caso da X-rica Central recorro adaptao da noo proposta por +!or DopBto-- V-ronteira a-ricanaW e por 9&L 6ellut V-ronteira luso2a-ricanaW& 'mbos sublin.am o car8cter din<mico da -ronteira 1uer no conte$to da cultura pol,tica a-ricana 1uer no da pol,tica colonial& DopBto-- sublin.aE @).e '-rican -rontier \e -ocus on consists o- political open areas nestlin! bet\een or!ani(ed societies but internal to t.e lar!er re!ions in \ic. t.eB are -ound t.at mi!.t be called an ]internalU or ]interstitial -rontierUA :O & # 6ellut a-irma 1ue a -ronteira no caso luso2an!olano se encontra li!ada con7untura mundial e portanto economia atl<ntica mas 1ue tamb*m participa das din<micas das sociedades a-ricanas& / 1ue isto 1uer di(er * 1ue no caso a-ricano a e$panso da -ronteira no aparece como um processo linear e irrevers,vel& %elo contr8rio a e$panso colonial da costa para o interior * !radual irre!ular produ(2se em v8rias -rentes recorre a instrumentos muito desi!uais e est8 em estreita articulao com as ra(4es end"!enasE o sertane7o isolado 1ue adopta a cultura a-ricana os mission8rios ou a -ronteira militar atrav*s da instalao de um pres,dio& ' vulnerabilidade do poder colonial * imensa& 0as @as di-iculdades os avanos e os recuos da e$panso pol,tica de 'n!ola no nos devem en!anar& %ara l8 dos seus limites -ormais este pe1ueno estado participa de -acto da din<mica das sociedades a-ricanas f&&&g& '1ui no se deve -alar de recuo mas do :J Sobre a problem8tica de -ronteira ver por e$emplo E Ser!e Hru(ins[B (a Pense 4tisse %aris FaBard IOOO p& ^RY Herti Hesselin! et Ztienne le RoB h Le Droit et ses prati1ues i Politique Africaine ^; De(embro IOO; Dart.ala pp& : e se!uintesY +!or DopBto-- na sua introduo ao livro :-e African7rontier :-e 3eproduction of :ribal African /ocieties 5loomin!ton/+ndianapolis +ndiana UniversitB%ress IONJ& %ara a -ronteira luso2a-ricana e as suas especi-icidades 9ean2Luc 6ellut @Notes sur le Lunda et la -rontiSre luso2 a-ricaine &&&passim& :N 0aria eedda Lin.ares @)rois siScles dU.istoire colonialeE nouvelles approc.esA Pour l*.istoire du 1rsil.ommage I Qatia 4attoso %aris LUHarmattan :;;; p&:J& :O @' -ronteira a-ricana sobre a 1ual se insiste * constitu,da de 8reas pol,ticas abertas entre di-erentes sociedades or!ani(adas no interior de re!i4es pol,ticas mais vastas nas 1uais se encontram e a 1ue se poderia c.amar -ronteira intersticialA DopBto-- :-e African, p& O& ..................... 14 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola movimento din<mico da -ronteiraA& #ste conceito de -ronteira din<mica a7udou2me a pensar a 1uesto de saber o 1ue * 'n!ola no s*culo G6+++ 78 1ue de -acto se est8 -alar de um espao e$tremamente din<mico em construo e de -ronteiras -le$,veis determinadas por ra(4es militares comerciais ou simplesmente culturais& ' -ronteira est8 em constante construo obedece a avanos e recuos causados por interesses conver!entes entre a col"nia e os poderes a-ricanos ou pelas !uerras entre si& H8 uma -ronteira -le$,vel por1ue os lu!ares de trocas se sucedem e alternam entre si& )udo isto permite 1ue se -ale de problem8tica da -ronteira tamb*m em sentido mais meta-"rico no s" como -en"meno !eo!r8-ico mas tamb*m como processo cultural 8rea de interaco entre di-erentes sociedades e culturas& Nesta acepo ela en!lobar8 -en"menos a 1ue vul!armente se c.ama processos de recepo e recriao e permite pensar a ambi!uidade e/ou sobreposio identit8ria R; & ' -ronteira pela porosidade 1ue a de-ine passa ento a ser uma lin.a ima!in8ria entre o @te$toA -ormal do modelo e os @ te$tos A 1ue as institui4es coloniais instaladas e as a-ricanas produ(em& ' e$presso @sociedades tradicionaisA 1ue a1ui terei 1ue usar com -re1uncia obri!a2me a al!umas considera4es& 0ais do 1ue -alar de sociedades tradicionais em estado puro intocadas por in-luncias e$teriores trata2se de re-erir a1uilo a 1ue al!uns c.amam sociedades neo2tradicionais RI isto * sociedades 1ue sem abandonarem a sua identidade e as estruturas pol,ticas sociais ideol"!icas ou simb"licas captam elementos de outras culturas e re-a(em2nos em relao a l"!icas e ra(4es 1ue so as suas& Z como se no interior de uma mesma cultura ou entre culturas vi(in.as .ouvesse uma esp*cie de @cai$asA 1ue contm os report"rios a partir dos 1uais cada um pode construir a sua identidade dentro de uma mesma identidade comum sem colocar verdadeiramente em causa a especi-icidade dos contornos das rela4es 1ue asse!uram a @di-erenaA do !rupo& Nesta tese as sociedades a-ricanas em contacto com as inst<ncias coloniais so ol.adas nesta perspectiva pelo 1ue se revelou importante -a(er um investimento na 'ntropolo!ia de -orma a permitir c.e!ar a uma construo .ist"rica capa( de considerar ao lado das -ontes coloniais b onde se plasma a violncia cultural 1ue * a da su7eio dos si!ni-icados R; Hans Robert 9auss Pour une ,st-tique de la 3ception %aris Hallimard IOJN passim& RI 9ac[ HoodB O Oriente no Ocidente Lisboa Di-el :;;; p& :IY 0ars.all Sa.lins (es (umires en ant-ropologieR Con-*rence prononc*e le :J 0ars IOOJ Nanterre Soci*t* dUet.nolo!ie IOOO p& IN& 9&2L& 'mselle prop4e 1ue se abandone a ideia de @misturaA ou mestia!em pela de .omo!enei(ao e pela de .ibridao para recon.ecer 1ue toda a sociedade * mestia e 1ue portanto a mestia!em * em si mesma o produto de identidades 78 misturadas reenviando para o in-inito a ideia de uma pure(a ori!inalY c-& 1ranc-ements& Ant-ropologie de l*uni$ersalit des cultures %aris Flammarion :;;I p& ::& ..................... 15 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de uma cultura dominada Vou a dominarW ao 1uadro interpretativo de uma cultura dominante Vou 1ue se 1uer -a(er dominanteW j as e$press4es a-ricanas e se no devolver pelo menos lembrar as di-erentes narra4es de um mesmo tempo& )amb*m assim se poder8 contrapor ideia de uma X-rica tradicional e est8tica uma leitura 1ue considere as v8rias din<micas a-ricanas e 1ue contrapon.a denominao !en*rica e !enerali(ante @'-ricanosA as diversas identidades 1ue essa desi!nao esconde & $.1. P)&i"(i2#01" ) 34#'i5i,#01" (# -#%6&i# %retende2se 1ue a novidade 1ue este trabal.o possa tra(er se e$pli1ue pela escol.a do pol,tico no apenas como ob7ecto de investi!ao aut"nomo mas tamb*m e sobretudo como ponto de vista anal,tico e cr,tico& / en-o1ue * portanto acima de tudo pol,tico sem dei$ar de considerar as 1uest4es econ"micas desde 1ue -orneam elementos para a leitura da situao pol,tica& Delimitei como cronolo!ia operat"ria desta tese o per,odo 1ue vai de IJL; a cerca de IN;;& ' escol.a da data de IJL; V1ue em ri!or para 'n!ola deveria ser IJLRW -a( todo o sentido por1ue coincide com a emer!ncia !enerali(ada de concep4es iluministas e pr8ticas centrali(adoras no campo administrativo& / se!undo comporta al!uma -le$ibilidade& Foi determinado considerando a sa,da de D& Rodri!o de Sousa Coutin.o da Secretaria dos Dom,nios Ultramarinos em IN;: e o !overno de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo VIJOJ2IN;:W 1uando passado meio s*culo era constat8vel a impossibilidade de -a(er de 'n!ola @uma col"nia de povoamentoA inau!urando assim um per,odo de al!uma inde-inio para mais a!ravado com a sa,da da corte para o 5rasil& %or*m * preciso sublin.ar a periodi(ao operat"ria e estrita deste trabal.o inscreve2se num tempo mais lato e tamb*m mais comple$o& +nscreve2se num tempo lon!o de contactos continuados entre a #uropa e a '-rica anterior coloni(ao -ormal 1ue na verdade s" vem a veri-icar2se no per,odo p"s2con-erncia de 5erlim e ainda assim com bastantes .esita4es at* s primeiras d*cadas do s*culo GG& #$plicando mel.or& %enso 1ue ao lon!o desta tese conse!uirei provar 1ue .8 al!uma autonomia nesta @recon-i!urao iluminista de 'n!olaA mas tamb*m * certo 1ue a respirao subterr<nea da X-rica a matri( primeira a matri( a-ricana * a1uela 1ue se mant*m activa at* ao s*culo G+G avanado por1ue as estruturas a-ricanas essas nunca c.e!am a ser verdadeiramente ..................... 16 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola abaladas& / 1ue si!ni-ica 1ue a pol,tica iluminista tem 1ue ser mati(ada no terreno an!olano pelas con7unturas procedentes dos v8rios sentidos das pol,ticas a-ricanas e desse ma!ma primordial de onde elas saem& 'ntes de avanar ainda mais uma e$plicitao e a!ora no 1ue toca relao entre %ombalismo e +luminismo& #ste trabal.o pretende estudar o impacto do +luminismo na coloni(ao de 'n!ola sabendo para isso 1ue o %ombalismo * parte do problema mas no es!ota o problema& No caso do reino de %ortu!al a cliva!em operada pelo %ombalismo decorre directamente do 1ue 78 estava em marc.a desde o reinado de D& 9oo 6& 5or!es de 0acedo num trabal.o 78 anti!o sublin.ava 1ue as re-ormas pombalinas puderam contar com a e$istncia de 1uadros su-icientes preparados no reinado de D& 9oo 6 R: Y e muito recentemente +sabel 0ota mostrou a import<ncia da -undao e aco da 'cademia da Hist"ria no !overno 7oanino para a -ormao de uma rede intelectual e erudita com articula4es ao meio pol,tico e diplom8tico& %ara 'n!ola o !rande momento de cliva!em coincide de uma -orma 1uase abrupta com o consulado %ombalino durante o !overno de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a VIJLR2IJLNW mas repercute2se al*m dele& / +luminismo * ento a1ui encarado como per,odo de !rande perturbao e de desenvolvimento da tecnolo!ia pol,tica 1uer no plano do discurso conceptual como no plano pr8tico das re-ormas cu7os ecos como se ver8 permaneceram pelo menos no plano do discurso para l8 da cronolo!ia estricta 1ue a .ist"ria l.e concede& / 1uadro espacial aludido neste trabal.o coincide com o 1uadro espacial 1ue a pol,tica re-ormista a1ui estudada planeou atin!ir& Como se ver8 a se!unda metade do s*culo G6+++ caracteri(a2se por um tipo de administrao territoriali(ante 1ue procurou @materiali(arA atrav*s de um dom,nio de -acto a1uele 1ue at* a, era acima de tudo um dom,nio virtual apenas le!itimado pelo direito se e$ceptuarmos a lin.a dos pres,dios or!ani(ada a partir do rio Cuan(a e a capitania de 5en!uela& '!ora a administrao visava Cabinda como visava %orto 'le$andre ou o Lovar& #sta @mudana de escalaA na administrao colonial na X-rica /cidental * em si mesma uma parte substancial do problema e no .8 meio de l.e escapar& Restrin!ir a investi!ao aos 'mbundo ou aos /vimbundo teria sido poss,vel mas amputaria o si!ni-icado deste @Hoverno %olidoA para uma @outraA'n!ola& R: 9or!e 5or!es de 0acedo @6ias de e$presso da cultura e da sociedade portu!uesas nos s*culos G6++ e G6+++ in Academia "nternacional da Cultura Portuguesa IOKK nQ I pp& IR; e ss& ..................... 17 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ?uanto plani-icao das mat*rias& ' %arte + Coloni%ar9 "deologia e ConNunturas -i$a2se no pro7ecto pombalino para 'n!ola procurando e$plicitar os mecanismos da sua construo e or!ani(ao interna& /ptou2se por analisar os te$tos administrativos sem estudar isoladamente os !randes te$tos da *poca& #m primeiro lu!ar por1ue a ima!em 1ue a #uropa constr"i da '-rica 1uando constr"i * e$tremamente estereotipada& ' X-rica era ainda um continente a descobrir como -ica patente no &iscours sur l*origine et les fondements de l*ingalit parmi les -ommes onde Rousseau declarava @lU'-ri1ue et ses nombreu$ .abitants aussi sin!uliers par leur caractSre 1ue par leur couleur sont encore e$aminerA ou ainda no arti!o @'-ricaA da ,nc5clopedia 1ritJnica na sua edio de IJJN onde se di( ser a X-rica @No part o- t.e \orldA RR & ' 1uesto a1ui * a das incidncias das ima!ens sobre o terreno e no das ima!ens em si& 'cresce 1ue uma aborda!em desse tipo poderia ori!inar uma outra investi!ao pelo 1ue se optou por captar a ideolo!ia nos te$tos administrativos na escrita administrati$a onde se surpreendem importa4es dessa !rande literatura e sua articulao com a e$perincia no terreno& /s vaiv*ns esto l8 e a, reside o valor desses te$tos& %ara al*m da ideolo!ia este primeiro cap,tulo pretende considerar em articulao as con7unturas& / eterno dilema do .istoriador saber como aliar as con7unturas aos temas para saber 1uando dar prioridade a uma ou a outra dimenso acabou por se desen.ar na plani-icao deste trabal.o& Fa(er um plano meramente cronol"!ico parecia no se compadecer com uma @.ist"ria problemaA& 0as por outro lado transportar ao lon!o de p8!inas permanentemente os tempos cru(ados e as suas oscila4es vin.a pre7udicar !ravemente a economia interna do trabal.o& %or tudo isto optou2se por de-inir essas v8rias con7unturas no ponto S O que pensam e fa%em os go$ernadores para encontrar a coerncia de tempos e pol,ticas na super-,cie dos -actos e das datas& / ne$o -actual de cada !overno ou de v8rios !overnos * a!re!ado a uma sub2pol,tica umas ve(es determinada pela pr"pria circunst<ncia a-ricana no seio das orienta4es mais !erais& )rata2se de arrumar in-ormao 1ue pode ter utilidade para compreender o 1ue vem a se!uir e realmente interessa& RR 9ean 9ac1ues Rousseau &iscours sur l*origine et les fondements de l*ingalit parmi les -ommes VIJLL %aris Flammarion IOO: p& RN& Citao da ,nc5clopedia 1ritJnica in Robin Hallet @).e european approac. to t.e interior o- '-rica in t.e ei!.teent. centurBA TA. +6 : IOKR p&IOL& ..................... 18 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' %arte ++ V7ormas de Apropria#o do ,spa#oH incide sobre as -ormas de apropriao -,sica e intelectual do espao& 'propriao -,sica atrav*s da -undao de uma rede de povoa4es civis alternativas aos pres,dios militares -omento do povoamento branco e tamb*m da !uerra& 'propriao +ntelectual atrav*s da descrio inventariao e representao& / lu!ar dado !uerra e$i!e al!umas clari-ica4es& ' e$trema densidade de epis"dios !uerreiros na .ist"ria de 'n!ola durante a se!unda metade do s*culo G6+++ por um lado e a nova leitura das -un4es da !uerra preconi(adas por -il"so-os iluministas e te"ricos da arte militar por outro impuseram o encontro de um lu!ar para esse tipo de problemas na economia !eral da investi!ao a!ora intentada& %ara al*m do en1uadramento doutrinal e portanto da discusso imanente ao 7o!o entre sociedades/A!uerras civili(adasA e sociedades/A!uerras primitivasA a-inal um bin"mio si!ni-icativo por1ue estruturante do discurso sobre a X-rica tentou2se sempre 1ue a documentao o permitiu distin!uir as especi-icidades das !uerras a-ricanas na sua inter2 aco com as !uerras coloniais 78 1ue as !uerras a-ricanas end"!enas s" indirectamente so acess,veis& ' %arte +++ VAdministra#o9 3acionalismo, legalismo e burocrati%a#oW aponta aos processos de kdes-eudali(aoA do #stado ao n,vel da administrao colonial procurando identi-icar as vias de racionali(ao e a emer!ncia do campo burocr8tico com a distino entre p3blico e privado e ainda a constituio de um corpo de -uncion8rios @educadosA de acordo com uma noo comissarial de o-,cio& 's incidncias sobre os poderes a-ricanos merecem lu!ar para se estudarem as -ormas de comunicao a-ricana burocracias a-ricanas rotas burocr8ticas e a sedimentao de uma ret"rica da coloni(ao& 's trans-orma4es 1ue ao n,vel da estrutura pol,tica a-ricana da, decorreram e as perturba4es nas @rotinas pol,ticas a-ricanasA e$i!iram tratamento aut"nomo& / estudo do Direito e a 7ustia en!loba duas dimens4es -undamentais a recepo do direito portu!us pelos poderes a-ricanos e a recepo do direito a-ricano no 1uadro das institui4es portu!uesas com os rec,procos -en"menos de instrumentali(ao e apropriao& ' %arte +6 VUma questo de educa#oW articula a .ist"ria social com a intelectual recon.ecendo a emer!ncia de uma produo cultural espec,-ica em Luanda& 'trav*s de aparel.os ideol"!icos de reproduo Vescolas 'ula de Heometria e uso pol,tico da l,n!uaW c.e!ava a 'n!ola um novo corpo de saberes e veri-icava2se a constituio de uma nova elite elite pro-issional 1ue ocupou os lu!ares da administrao e ao mesmo ..................... 19 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola tempo produ(iu um corpus liter8rio e carto!r8-ico relevante prova da vitalidade cultural de Luanda e tamb*m da constituio atrav*s das representa4es em 'n!ola de uma ideia/conscincia de 'n!ola capa( de abarcar 8reas at* altura e$clu,das& #m relao ao tratamento dado ao !rupo e por1ue ele -oi entendido como elite pro-issional no se investi!ou a sua relao com o poder camar8rio embora se insinue e documente sempre 1ue isso se 7usti-ica a .ip"tese de .aver uma interpenetrao seno sobreposio entre esta elite letrada e a elite municipal& De resto se!uir essa pista teria e$i!ido investi!ao no 'r1uivo 0unicipal de Luanda o 1ue no -oi pratic8vel tamb*m por ra(4es de ordem lo!,stica& ' parte -inal desta tese incide sobre um dispositivo de !overno a Fundio de Nova /eiras no sentido foucaultiano do termo isto * @um con7unto .etero!*neo 1ue comporta discursos institui4es arran7os ar1uitect"nicos decis4es re!ulamentares leis medidas administrativas enunciados cient,-icos propostas -ilos"-icas moraisA etc& / dispositivo * a pr"pria rede 1ue se estabelece entre estes elementos R^ & ', se concentra tudo o 1ue -oi dito nos pontos anteriores e se reali(a volta da -undio do -erro e das suas -un4es um contraste @rudeA entre uma leitura cient,-ica e uma leitura ritual e pol,tica da1uele processo& ' t*cnica e a ma!ia as Lu(es do cientismo e os saberes tradicionais a-ricanos encontravam2se perante um pro7ecto de ind3stria do -erro em 'n!ola& #ste * um e$emplo 1ue * tamb*m um s,mbolo e por isso por ser um s,mbolo -a( a ponte com a produo da mem"ria como se ver8 pelas conclus4es& )rs notasE Sobre o uso dos termos a-ricanos& Sempre 1ue .8 traduo poss,vel para portu!us e 1ue no se trata de re-erir institui4es ou reali(a4es especi-icamente a-ricanas opto pela verso portu!uesa da palavra sem dei$ar de assinalar para a primeira ocorrncia o voc8bulo a-ricano& R^ C-& 0ic.el Foucault @Le Su7et et le %ouvoirA &its et ;crits ""P pp& I;LJ2I;K:Y e 9udit. Revel (e 2ocabulaire de 7oucault %aris ellipses :;;: pp& :^2:L& ..................... 20 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Nas transcri4es e cita4es de te$tos de *poca optou2se por -a(er a actuali(ao do portu!us de -orma a -acilitar a compreenso uma ve( 1ue a -orma ori!inal dos te$tos no ad1uire um si!ni-icado especial para o estudo em causa& Nas notas de p* de p8!ina e uma ve( 1ue !rande parte da documentao consultada consiste em correspondncia usaram2se si!las para desi!nar os nomes de al!uns !overnadores a1ueles 1ue mais ve(es so citados Vv&!& F+SC 1ue e1uivale a D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.oW de -orma a no sobrecarre!ar as notas& Na lista de abreviaturas encontram2se as e1uivalncias& ..................... 21 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 22 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola PARTE I 7 C"4"'i2#&8 i()"4"+i# ) ,"'9/'%/&# @%R/9#) s& m& V0oraleW plan 1uaon se propose de remplirY mais il B a loin du pro7et lae$*cution l plus loin encore de lae$*cution au succSsY combien la.omme -orme2t2il de -olles entreprisesmA Diderot e DU'lembert Vdir&W ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV verso em CDRom& @&&&todos os escritos pol,ticos&&&lon!e de ser simples descri4es te"ricas so verdadeiras prescri4es pr8ticas visando -a(er e$istir Vdando2l.e um sentido e uma ra(o de serW um tipo novo de pr8tica social&&&AY %ierre 5ourdieu @De la maison du Roi&&&A p& KL& Na #uropa ao lon!o do s*culo G6+++ e sobretudo na sua se!unda metade est8 em construo um dese7o de revoluo de mudana diri!ido ao advento de um -uturo novo para a .umanidade RL & 6ive2se 1uase uma @ur!ncia *ticaA no s" por1ue a misso do .omem * a!ir no tempo e no presente mas tamb*m por1ue * le!,timo at* obri!at"rio -alar em nome dos outros para decidir em nome dos outros& ' .ist"ria ter8 assim um sentido 3nico e con.ecido& Na posse das re-erncias vi!entes toda a aco dos 7uristas e dos pol,ticos visa instaurar novas re-erncias para -undar uma outra ordem social de acordo com um paradi!ma racionalista de sociedade& RL #rnest Cassirer IOJL ,ssai sur l*-omme %aris Zditions 0inuit IOJL pp& ORY :KN e ss& ..................... 23 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' palavra civili(ao nasce precisamente no s*culo G6+++ sinteti(ando esse processo de mel.oramento da sociedade e articula2se com a ideia de per-ectibilidade moral e intelectual consi!nada ao .omem e ideia de pro!resso esta vocacionada para o en!randecimento dos povos RK & / princ,pio da utilidade social do saber e dentro dele da cincia est8 na reta!uarda de todos estes valores& 's academias cient,-icas e liter8rias no dei$aro de colocar as suas descobertas disposio dos #stados de -orma a -acultar o pro!resso e o bem2estar da sociedade RJ & No caso portu!us a apro$imao a um novo .ori(onte de con.ecimentos e de lin!ua!ens cu7a matri( era essencialmente europeia -oi empreendida por uma elite li!ada a circuitos intelectuais diplom8ticos b e portanto -a(endo parte do poder b com acesso aos novos produtos culturais desde o princ,pio de setecentos RN & #ssa nova camada culta cosmopolita com uma -ormao enciclopedista encontrava2se em di8lo!o com os poderes pol,ticos e culturais e constitu,a ao mesmo tempo audit"rio e espao social cr,tico para as produ4es 7ur,dicas e pol,ticas RO & #ste tempo novo * !eralmente desi!nado de +luminismo e por isso cabe -a(er a1ui uma ressalva para di(er 1ue o termo lon!e de si!ni-icar um movimento mental coerente recobre um multi-acetado movimento de ideias 1ue convulsionou o s*culo G6+++ portu!us& / recurso a uma lin!ua!em mais ou menos estereotipada por parte dos iluministas portu!ueses no si!ni-ica uma unanimidade nos pontos de vista e nos princ,pios sustentados pelos v8rios actores em presena ^; & 'cresce o -acto de e$istir uma articulao importante entre +luminismo e catolicismo o 1ue levou al!uns autores a -alar de +luminismo cat"lico ou em @cat"licos 1ue se situaram dentro dos par<metros das Lu(esA ^I & #m suma o termo +luminismo sendo operat"rio no discurso .istorio!r8-ico RK 'nne2C.ristine )aBlor @Les modSles dUintelli!ibilit* de lU.istoireA in ''66 (es "des de l*Ant-ropologie& %aris 'rmand Colin pp&IK;2IKI& RJ 'na Cristina 'ra37o A Cultura das (u%es em Portugal& )emas e %roblemas Lisboa Livros Hori(onte )emas de Hist"ria de %ortu!al :;;R p& IR& RN 9& S& da Silva Dias Portugal e a Cultura ,uropeia FL2" a L2"""H Coimbra IOLR p& I:K IN^& RO '& Hespan.a Da @+ustitia&&&A p& R:K& ^; 'na Cristina 'ra37o A Cultura p& IK ss& ^I C-& Silva Dias IOL: Portugal e a Cultura ,uropeia pp& ^K;2^KI& ..................... 24 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola merece reservas e al!umas cautelas 1uanto s suas implica4es sem<nticas e aplica4es .ist"ricas ^: & Num te$to sobre @%ombalismo e %ro7ecto %ol,ticoA o .istoriador Silva Dias sublin.ava esta preciso de -a(er %ortu!al @nascer de novo V&&&W 1uanto sua realidade europeia e ultramarinaA e1uiparando o reino e as col"nias na concepo de um pro!rama re-ormador 1uanto s premissas e aos prop"sitos ^R & Nos te$tos administrativos escritos por secret8rios dos Ne!"cios Ultramarinos ou !overnadores de 'n!ola vem re-lectida essa conscincia de 1uem sabe 1ue * autor -unda e reinau!ura uma col"nia a partir de uma matri( moderna ^^ & /ra para compreender esta mudana de paradi!ma e en1uadrar a emer!ncia de um pro7ecto pol,tico produtor de novas -ormas e pr8ticas de poder * preciso -a(er re-erncia teoria 1ue no s*culo G6+++ se constr"i em torno do valor da policia como valor substitutivo da Nusti#a e doravante modelador de toda a aco pol,tica ^L & %ara ser mais precisa diria 1ue toda a problem8tica abordada ao lon!o deste trabal.o arranca nos seus -undamentos das altera4es veri-icadas ao n,vel da cincia do !overno e das pr8ticas do poder na se!unda metade de Setecentos& Uma nova modalidade de aplicao do poder decorre da passa!em de uma arte de go$ernar para uma ci8ncia polWtica e resulta na transio de uma sociedade re!ulada pelos mecanismos .omeop8ticos da tradio e do -abitus 2 a 1ue 0& Foucault c.ama com -elicidade discut,vel @sociedade da soberaniaA 2 para a @sociedade da disciplinaA ^K & #m 3ltima an8lise a administrao e a administrao colonial tamb*m so-riam trans-orma4es estruturais e se!uiam um pro7ecto pol,tico 1ue visava redu(ir os p"los peri-*ricos de poder para construir um #stado centrali(ado esse p"lo 3nico de disciplina social sem admitir (onas de autonomia 7urisdicional& ^: Sobre o car8cter plural do discurso das Lu(es ver as obras de Heor!es 5enre[assa& C-& (e langage des (umi0re concepts et sa$oirs de la langue %aris IOOLY "dem (e concentrique et l*e+centrique9 marges des (umi0res %aris %aBot ION; ^R 9& S& da S& Dias Pombalismo e ProNecto p& :O2R;& ^^ 0em"ria de Sousa Coutin.o sobre v8rias mat*rias de Hoverno :K de Novembro de IJJ: %apeis do Hoverno de 'n!ola 0ss& ^L REL2R2J -l&RK& ^L 0ic.ael Stolleis .istoire du droit public en Allemagne &roit public impriale et science de la police >SDD6>@DD Fondements de la politi1ue %aris %UFIOON p& LLJ& ^K C-& 0& Foucault @La ]!ouvernementalit*UA &its et crits "" pp&KRL2KLJY @S*curit* t*rritoire populationA "bidem pp&JIO2J:R& Uma re-le$o sobre a distino -oucaultiana entre as trs pr8ticas do poder Soberania Disciplina e Controle e a identi-icao da sociedade da Disciplina com o s*culo G6+++ atrav*s da met8-ora bent.amiana do Panptico encontra2se em H& Deleu(e 7oucault 6e!a IOON pp& I;I2I;:& ..................... 25 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Nas pr"$imas p8!inas procurar2se28 atender a 1uatro planos distintos se bem 1ue interli!adosE iW e$plicando a noo de policia nas suas v8rias acep4es e implica4es tal como -oi -ormulada pela doutrina europeia e a maneira como esse valor veio a -undar um novo modelo de #stado e de administrao activa em ruptura com o modelo corporativo e a administrao passivaY iiW em se!undo lu!ar considera2se a sua recepo em %ortu!al no conte$to pombalino e as articula4es 1ue mant*m com o in-lu$o racionalista e cr,tico das cincias e das artes postas ao servio da sociedadeY iiiW num terceiro plano as altera4es nos princ,pios de coloni(ao e a -orma como se pro7ectaram no +mp*rio em concreto no 5rasil e no #stado da CndiaY ivW e -inalmente considera2se a construo e constituio de um novo pro7ecto de coloni(ao para 'n!ola 1ue visa -a(er a sua insero neste modelo de !overno do mundo& :. U- '";" -"()4"8 Policia ) #(-i'i%" #,%i;# / #stado de policia caracteri(a2se pela e$istncia de um pro7ecto racional no seio de uma monar1uia iluminada 1ue visa introdu(ir uma nova -orma de disciplina social atrav*s de uma @administrao activaA& ' noo policia * uma inveno relativamente recente do -im do s*culo G6+++ corresponde a uma comple$i-icao da tecnolo!ia do poder e * em si mesma uma esp*cie de tecnolo!ia das -oras estatais& 5luteau no seu 2ocabul'rio 78 considerava o conceito policia e de-inia2oE @' boa ordem 1ue se observa e as leis 1ue a prudncia estabeleceu para a sociedade .umana nas cidades Republicas etc& &&& f1ue nog se ac.a nos povos a 1ue c.amamos 58rbaros&&&A ^J Re-erncias anteriores ao conceito de policia di-erem nos seus sentidos ^N & Uma de-inio mais lata identi-icava a policia com re!ime pol,tico com a pr"pria sociedade pol,tica& No -inal de setecentos o conceito -oi usado no sentido mais restritivo de administrao p3blica ^O e s" no per,odo mariano os tratadistas con-eriram preciso conceptual e institucional ao conceito& 's re-ormas pombalinas so anteriores a essa ^J 5luteau 2ocabul'rio verbete @%oliciaA& ^N / conceito de pol,cia na pol,tica aristot*lica si!ni-icava a boa ordem assente sobre a pa( e o direito& ^O 0arcelo Caetano 4anual de &ireito Administrati$o ++ Lisboa IOJ: p& II:I e ss& ..................... 26 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola teori(ao mas inscrevem2se no campo sem<ntico a 1ue remete o conceito de policia num conte$to de ruptura com o 'nti!o Re!ime L; & #ssa ciso operada pelas correntes modernas produ(ia2se relativamente ao modelo corporativo de 'nti!o Re!ime assente no valor da Nusti#a numa distino d*bil entre or!ani(ao pol,tica e or!ani(ao social e na autonomia -uncional dos corpos pol,tico2 sociais& Face ao corpo da sociedade o pr,ncipe posicionava2se como sua cabea representava e$ternamente o reino e um interesse superior comum a toda a rep3blica& / pr,ncipe mais do 1ue centro 3nico do poder -uncionava como p"lo coordenador de uma sociedade poli2centrada do ponto de vista pol,tico& Uma identi-icao entre iustitia e officium regni apontava a uma concepo 7urisdicionalista do poder& ?uer di(er o bom !overno levado a cabo pelo rei estivera at* a, vinculado reali(ao da @7ustia distributivaA !arantindo a cada corpo pol,tico a iurisdictio 1ue pelo direito natural l.e pertencia e supun.a a conservao de uma ordem social pr*2estabelecida atrav*s de uma administrao passiva e 7urisdicionalista LI & 'ssim a 8rea da 7ustia primeira 8rea de !overno assumia um lu!ar central e tradu(ia2se no -undamental na re!ulao dos con-litos 7urisdicionais a -avor do restabelecimento de uma .armonia do todo social& 'crescentava2se como se!unda 8rea do !overno a !raa& /s actos de !raa isto * um dom dependente da liberalidade r*!ia -ormavam a abertura poss,vel ao mundo de !overno in-ormal& ' oeconomia correspondia ima!em do rei como c.e-e da casa& / !overno dom*stico e o !overno da cidade eram colocados em p* de i!ualdade pela doutrina no sentido em 1ue as re!ras de um se pro7ectavam e valiam no outro& %or*m * importante sublin.ar 1ue esta concepo 7urisdicionalista do poder admitia al!umas prerro!ativas 1ue .o7e incluir,amos na @administrao activaA& / conceito de merum imperium remetia precisamente para uma esp*cie de iurisdictio em 1ue o 7ui( e o pr,ncipe como @7ui(A e$ercia o seu @m3nus o-iciosamente tendo em vista uma utilidade p3blicaA L: & L; 'nt"nio %edro 5arbas Homem Tude+ perfectus 7un#o Nurisdicional e estatuto Nudicial em Portugal, >S?D6>@VD Coimbra 'lmedina :;;R pp& LLJ e ssW sublin.a 1ue a doutrina portu!uesa 7uspublicista do +luminismo tardio no c.e!a a ultili(ar o conceito de ,stado de Policia mas apenas o de policia -acto 1ue se!undo me parece no invalida 1ue se ten.a veri-icado no plano do discurso 7ur,dico Vv&!& Lei da 5oa Ra(o IJKOW e at* administrativo a -ormulao e construo de dispositivos pr"prios de um #stado de %olicia& LI Sobre a oposio entre modelo corporativo e modelo individualista ver 'nt"nio 0& Hespan.a @Hoverno e 'dministraoA .istria de Portugal C,rculo de Leitores IOO^ vol& +6 p& IK;2IKRY "dem Cultura NurWdica europeia /Wntese de um milnio Lisboa %ub& #uropa2'm*rica :;;R ma+ime p& J: e ss& L: Hespan.a @9ustia e 'dministrao&&&A p& RNK& ..................... 27 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' noo de !overno pol,tico vai depois emer!ir com 5odin e 0a1uievel 1ue comeam a -alar de ra(o de #stado e de soberania& 0as a !rande alterao ocorre como 78 se disse no s*culo G6+++& / desenvolvimento de uma nova cincia administrativa de cun.o pra!m8tico com desenvolvimentos na 'leman.a Vcincia Cameralistica kameralien /ac-en QameralistikW e em Frana V#stado de %ol,cia temati(ado por Nicolas Delamare em :rait de la PoliceW acabou por provar 1ue a sociedade no possu,a uma or!ani(ao natural mas 1ue precisava de ser ordenada se!undo ob7ectivos 1ue deviam ser de-inidos pelo Rei a 1uem era a!ora recon.ecido um poder ilimitado& ' ele cabia doravante proporcionar a -elicidade e o bem2estar dos s3bditos& '!ora o !overno servia o @bem comumA atrav*s de uma @administrao activaA& Nessa nova con-i!urao o conceito de policia -ormalmente de-inido como -uno da autoridade soberana tendo em vista a !arantia do bem comum a utilidade p3blica e a -elicidade dos povos constitu,a o centro ordenador LR & /r!ani(ar o #stado implicava uma interveno directa do Rei nas v8rias es-eras sociais& / 1ue estava em causa era a construo do #stado em novos moldes& / aparecimento da noo de policia dava not,cia de uma evoluo pro-unda na representao dos -ins do #stado assim como das -un4es do soberano cu7as obri!a4es deviam ultrapassar lar!amente a estrita administrao da 7ustia e a conservao da pa(& ' @boa policiaA e$i!ia 1ue o soberano asse!urasse o con-orto a se!urana a nutrio aos seus s3bditos e 1ue o crescimento do poder !eral do #stado concorresse o mais poss,vel para o bem comum L^ & #& 6attel em :-e (aO of )ations e$plicava precisamenteE @).e end or obNect o- civil societB is to procure -or t.e citi(ens \.atever t.eB stand in need o- -or t.e necessities t.e conveniences t.e accommodation o- li-e and in !eneral \.atever constitutes .appiness b \it. t.e peace-ul possession o- propertB a met.od o- obtainin! 7ustice \it. securitB and -inallB a mutual de-ence a!ainst all e$ternal violence& +t is no\ easB to -orm a 7ust idea o- t.e per-ection o- a state or nationE b everB t.in! in it must conspire to promote t.e ends \e .ave pointed outA LL LR Sobre estas altera4es do ponto de vista da -i!ura do pr,ncipe vide 0ic.ael Stolleis .istoire du droit public en Allemagne pp& LLN e ss& L^ %ierre 5ourdieu /livier C.ristin %ierre2Ztienne dill @Sur la Science de lUZtatA Actes de la 3ec-erc-e en sciences sociales nQ IRR 9un.o :;;; p& ^& LL #& 6attel :-e (aO of )ations L& + C& ++ M IL& ..................... 28 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ?uanto a %ortu!al onde o +luminismo %ombalino conse!uiu impor a ideia do car8cter ilimitado e absoluto do poder real na ordenao de uma nao 1ue se 1uer polida as mesmas 1uest4es aparecem colocadas& Francisco Coel.o de Sousa e Sampaio nas suas Prelec#Kes de &ireito P'trio[! a-irmava 1ue por direito de policia se entendia a autoridade @1ue os %r,ncipes tm para estabelecerem e proverem os meios e subs,dios 1ue -acilitem e promovam a observ<ncia das suas leisA& /s meios so a @cultura das disciplinas o aumento da %opulao a sa3de dos %ovos o Com*rcio a '!ricultura as 0anu-acturasA LK & 0as acrescenta 1ue para 1ue uma republica consi!a os seus -ins no c.e!am leis s8bias so necess8rios al!uns socorros 1ue promovam a sua observ<ncia * necess8ria uma administrao activa& /s principais -ins do bom !overno so-rem necessariamente uma alterao e no podia ser de outra maneira& Se a sociedade tem uma ordenao 1ue depende de uma administrao activa so necess8rios pro!ramas 1ue de-inam 8reas eleitas para a interveno da pol,tica da Coroa de -orma a proporcionar o bem2estar e a -elicidade da sociedade civil& %ara c.e!ar reali(ao desse pro!rama -oi necess8rio recorrer aos contributos das cincias para os -a(er c.e!ar sociedade& #mbora este no se7a o lu!ar para discutir separadamente as e$press4es do +luminismo em %ortu!al interessa sublin.ar 1ue a reviravolta operada na lin!ua!em e na .ierar1ui(ao dos saberes na se!unda metade do s*culo G6+++ produ(iu resultados multi-ormes e se revestiu de sentidos to variados como os conte$tos em 1ue ocorreu LJ & %ara l8 de uma circulao europeia das ideias constitutiva do mundo das Lu(es evidencia2 se a sin!ularidade de cada processo nacional& Como mostrou 'na Cristina 'ra37o * poss,vel recon.ecer di-erentes tempos e tamb*m discursos plurais no +luminismo em %ortu!al& ' primeira !erao de ilustrados portu!ueses li!ada ao 1uarto Conde de #riceira estava no con.ecimento da -iloso-ia LK Francisco Coel.o de Sousa e Sampaio Prelec#Kes de &ireito P'trio PXblco e particular )it& Se$to Cap&+ M CGG+++ Coimbra IJOR2IJO^ publ& +n 'nt"nio Hespan.a Poder e "nstitui#Kes na ,uropa de Antigo 3egime ColectJnea de :e+tos Fundao Calouste Hulben[ian ION^ pp&ROL2L^I& LJ 6ide 'na Cristina 'ra37o A Cultura da (u%es em Portugal :emas e Problemas Lisboa Livros Hori(onte )emas de Hist"ria de %ortu!al :;;R p& IK e ss& 's discuss4es mais recentes e a reviso -undamental podem ser encontradas em 0ic.el Delon e 9oc.en Sc.lobac. (a 3ec-erc-e &i+6.uiti0miste ObNets, mt-odes et instituitions F>C?G6>CCGH %aris IOON& ..................... 29 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cartesiana assim como da cincia de Ne\ton se bem 1ue um en1uadramento cat"lico a 1ue estavam vinculados e$i!isse prudncia e a advertncia para a1ueles 1ue eram considerados os erros produ(idas nas obras de tais autores LN & /s anos cin1uenta e sessenta representam um ponto de vira!em na recepo das correntes de pensamento europeu com repercuss4es pol,ticas em %ortu!al& Depois do re-ormismo educativo desencadeado por %ombal nas d*cadas de setenta e oitenta do s*culo G6+++ e com a di-uso do enciclopedismo -rancs abre2se uma nova -ase& Como se ver8 esta periodi(ao * v8lida para 'n!ola e tamb*m para as restantes col"nias uma ve( 1ue a partir da d*cada de cin1uenta se inicia um movimento re-ormista sistem8tico acompan.ado nas d*cadas de setenta e oitenta da interveno de um corpo de militares e burocratas -ormado dentro de novos par<metros& #ntre os or!anismos 1ue o-ereceram os 1uadros de interveno e re-oraram a presena do #stado numa nova ordenao da sociedade podem ser indicados na 8rea dos tribunais o Consel.o Ultramarino o Consel.o da Fa(enda a 9unta do Com*rcio o #r8rio R*!io e a Real 0esa Cens"ria& 0as a centralidade do #stado em relao ao poder e or!ani(ao da sociedade esva(iando os p"los peri-*ricos obri!ou a uma rede-inio das tecnolo!ias de disciplina social& #ntre elas encontram2se como se ver8 o direito mas tamb*m a educao a propa!anda etc& %ortanto no s" o #stado devia passar a constituir o centro e$clusivo de disciplina social como reali(ava essa disciplina com recurso a novas tecnolo!ias ou pelo menos inte!rando o direito e a lei num arran7o mais vasto e tamb*m mais comple$o de tecnolo!ias de condicionamento social LO & /s te$tos 1ue no s*culo G6+++ -oram escritos sobre estas mat*rias so diversi-icados& ' obra de #& 6attel muito inspirada em dol-- e H& Hrotius Vautores citados pelo 0ar1us de %ombal nos seus te$tos sobre 'n!olaW estabelece uma sistemati(ao das 8reas de !overno de 1ue se apro$ima em muitos aspectos o pro7ecto en!endrado por %ombal e os ministros da *poca para a re-orma do !overno de 'n!ola& LN 'ra37o A Cultura das (u%es p& RJ2RN& LO C-& Hespan.a @' punio e a !raaA .istria de Portugal vol& +6 C,rculo de Leitores IOO^ pp& :L:2:LR& ..................... 30 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola '!ora as principais 8reas de uma administrao activa consistiam na recol.a de impostos a-inamento das estruturas militares desenvolvimento do com*rcio da a!ricultura K; e manu-acturas e tamb*m nos cuidados com a populao de -orma a !arantir a e$istncia de um n3mero su-iciente de .omens capa(es de trabal.ar nas pro-iss4es competentesY o abastecimento dos bens de primeira necessidade atrav*s da construo de celeiros p3blicos 1ue no -ossem !eridos com esp,rito mercantil e assim contrariassem os monop"lios KI Y cuidado com os meios de comunicao K: Y cun.a!em da moeda KR & %ara !arantir a verdadeira -elicidade de uma nao ur!ia investir na educao& #sta seria encarada como um dever p3blicoE @Pit is necessarB to instruct t.e people to see[ -elicitB \.ere it is to be -oundY t.at is in t.eir o\n per-ection b and to teac. t.em t.e means o- obtainin! itP ).e soverei!n cannot t.en ta[e too muc. pains in instructin! and enli!.tenin! .is people and in -ormin! t.em to use-ul [no\led!e and \ise discipline& Let us leave a .atred o- t.e sciences to t.e despotic tBrants o- t.e eastE t.eB are a-raid o- .avin! t.eir people instructed because t.eB c.oose to rule over slavesP& d.o can doubt t.at t.e soverei!n b t.e \.ole nation b ou!.t to encoura!e t.e arts and sciencesn P Let us compare #n!land France Holland and several to\ns o- S\it(erland and HermanB to t.e manB re!ions t.at lie buried in i!norance and see \.ere \e can -ind t.e !reater number o- .onest men and !ood citi(ens&A K^
+ndependentemente das 1uest4es 1ue se possam levantar acerca do momento em 1ue os tratadistas portu!ueses emprestam ao termo policia preciso conceptual e institucional os te$tos administrativos coloniais e o discurso 1ue eles transportam denunciam o papel estruturante desse mesmo valor desde IJLR sem 1ual1uer d3vida& Z o pr"prio universo discursivo 1ue se altera& ' isso no ser8 concerte(a al.eio o -acto de 7uristas e dentro deles os le!isladores serem os produtores de uma nova -orma de comunidade no sentido em 1ue so c.amados a participar da sua -abricao& ` parte a -ormulao te"rica o valor da policia estrutura o discurso administrativo 1uer no plano sint8ctico arrumao -ormal das mat*rias 1uer no campo sem<ntico K; #mmeric. 6attel :-e (aO of )ations L& + C 6++& KI "dem "bidem L& +& C& 6++ M N:& K: "dem "bidem L&+& C& G KR "dem "bidemL&+&CH'%& G M^O K^ "dem "bidem L&+& CH'%& G+& M III M IIR& ..................... 31 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cat8lo!o das mat*rias abordadas& 's mudanas discursivas produ(em2se de -orma muito evidente no campo da escrita administrativa& ' partir deste novo paradi!ma vai2se construindo e estabili(ando um discurso 1ue decorre de uma nova temati(ao da lin!ua!em politica patente na !enerali(ao de -orma4es discursivas 1ue sustentam e veiculam um pro!rama para a sociedade em ruptura muito evidente com o anterior KL & Como se ver8 %arte +++ I&I&R& F3eHOrgani%a#o do &iscurso Administrati$o no s" essa renovao de lin!ua!em e dos es1uemas mentais 1ue ela transporta sero incentivados atrav*s de medidas emanadas a partir da Secretria dos Dom,nios Ultramarinos como os seus di-erentes usos permitem identi-icar v8rios discursos no novo discurso& <. R)"&+#'i2#& " I-36&i" No caso portu!us a policia veio a-eioar2se a uma realidade colonial pluralista se bem 1ue parte comum de uma mesma comunidade pol,tica a!ora obedecendo a padr4es de sociedade 1ue se pretendem universalmente v8lidos& 't* a, a administrao dos di-erentes espaos ultramarinos b 5rasil #stado da Cndia e 'n!ola b lon!e de se pautar por um padro .omo!*neo -a(ia2se da articulao poss,vel de solu4es pluralistas de !overno& /s re!imentos atribu,dos aos !overnadores previam uma !rande mar!em de autonomia e de e$perimentalismo 1ue acabava por resultar num certo casu,smo das solu4es de !overno& / pluralismo 7ur,dico2pol,tico como se viu ordenador de uma sociedade corporativa no Reino pro7ectava2se no +mp*rio e sa,a re-orado por duas viasE iW neste imp*rio coe$istiam -ormas 7ur,dico2pol,ticas plurais 1ue iam desde o e$erc,cio de poderes 1uase ma7est8ticos como as capitanias2donatarias e as cidades coloniais at* s -ormas de e$traterritorialidade como as -ortale(as2-eitoria da Cndia passando pelas rela4es de vassala!em com os poderes locais rela4es de tipo diplom8tico ou pelos simples entrepostos comerciais a!entes individuais 1ue a!iam em nome da Coroa e 1ue tin.am como territ"rio a coberta da sua nau ou ainda os c.amados lanados ou tan!omaus 1ue mar!em de todas as le!itimidades se entran.avam nos sert4es& %ortanto como 78 disse L& F& ).oma( trata2se de um imp*rio politicamente plural e territorialmente descont,nuo eu diria at* territorialmente de-icit8rio e$ceptuando o 5rasil 1ue * de -acto a (ona mais KL C-& capitulo +6 de Cli--ord Heert( /a$oir local, sa$oir globa (es lieu+ du sa$oir, %aris %UF :;;: p& OR e ss& ..................... 32 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola territoriali(ada KK Y iiW ' tudo isto acrescentava2se a inte!rao de institui4es locais na administrao portu!uesa causada em !rande parte pela economia de meios 1ue estava por detr8s da or!ani(ao do imp*rio portu!us& ' plasticidade da estrutura imperial obri!ava a inte!rar as -ormas institucionais locais& Como se ver8 em 'n!ola esse -en"meno ocorreu em especial no campo 7ur,dico e 7udicial e no #stado da Cndia saiu mais re-orado por1ue nas mar!ens do Cndico as -ortale(as portu!uesas co2.abitavam com culturas e -ormas institucionais e$tremamente diversi-icadas& No 1uer di(er 1ue a partir desta altura esse pluralismo ten.a sido anulado& Como se ver8 a partir do caso de 'n!ola as din<micas de 'nti!o Re!ime encontravam2se instaladas e .aviam estabelecido com as v8rias estruturas locais -ormas de e1uil,brio ou coe$istncia e-icientes resistentes e duradoiras& 'ssim como aconteceu no reino nas col"nias as resistncias -i(eram2se sentir em v8rios planos para viabili(ar uma substituio simples& 's particularidades de cada um destes espaos impediam uma !enerali(ao de padr4es de !overno e sobretudo uma aplicao .omo!*nea nos v8rios terrenos& %or*m no plano meramente pro!ram8tico a pol,tica ultramarina da se!unda metade do s*culo G6+++ * percorrida por lin.as comuns medidas conver!entes para a inte!rao activa no e do +mp*rio 1ue decorrem das altera4es 78 e$postas& +nteressa reter o papel da Secretaria dos Dom,nios Ultramarinos a partir de onde -oram sendo en!endrados e emanados planos de re-ormas& %ara o per,odo 1ue a1ui * tratado encontram2se como secret8rios de #stado Dio!o de 0endona Corte Real VIJL;2 IJLKW )om* da Costa Corte Real VIJLK2IJK;W Francisco Gavier de 0endona Furtado irmo do 0ar1us de %ombal 1ue !eriu os assuntos ultramarinos entre IJK; e IJJ; data da sua morte e -inalmente 0artin.o de 0elo e Castro 1ue continuou para l8 de %ombal at* IJOK e cu7o mandato !arantiu como se ver8 em muitos aspectos uma continuidade nas pol,ticas ultramarinas encetadas e desen.ada por %ombal& #m IJOK e at* IN;: D& Rodri!o de Sousa Coutin.o V-il.o de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o !overnador de 'n!ola entre IJK^2IJJ:W ocupa o lu!ar& 0ais do 1ue continuidade relativamente pol,tica %ombalina revela2se um re-oro dessas mesmas lin.as pelo menos no 1ue toca a esta col"nia a-ricana& KK L& F& ).oma( @#strutura pol,tica e administrativa do #stado da Cndia no s*culo G6+A &e Ceuta a :imor Lisboa D,-el IOOL pp& :;J2:^L ..................... 33 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Na se!unda metade do s*culo G6+++ todos estes espaos mereceram uma reavaliao pol,tica da sua situao a 1ue se se!uiu a produo de corpos mais ou menos coerentes de medidas re-ormistas 1ue tomados no seu con7unto apresentam uma certa .omo!eneidade& Fa(endo um corte sincr"nico 1ue considere a totalidade dos espaos ultramarinos T #stado da Cndia 0oambi1ue 0acau e 5rasil 2 observa2se 1ue e$iste um con7unto de re-ormas coincidente e conectado entre si& Se pensarmos no +mp*rio na se!unda metade do s*culo G6+++ penso ser poss,vel identi-icar um plano pombalino de re-ormas 1ue visa instituir uma nova !overnabilidade do +mp*rio KJ & Um pro7ecto imperial pombalino 1ue envolvia um pro7ecto para 'n!ola e visava implicar esta col"nia numa din<mica intercontinental de complementaridade KN & #sta ideia * tamb*m proposta por Fn!ela Domin!ues 1uando recon.ece a construo de uma ideolo!ia comum capa( de uni-icar as col"nias portu!uesas se bem 1ue ecrescente e precise 1ue entre a 'm*rica espan.ola e a portu!uesa e$istissem maiores a-inidades do 1ue entre as col"nias entre si& Na verdade essa pro$imidade decorrer8 essencialmente do pr"prio per-il das col"nias americanas KO & ' pr"pria -ierarquia Nurisdicional do espa#o imperial con.ece rea7ustamentos& Data precisamente de IJL: o -im da inte!rao secular de 0oambi1ue no #stado da Cndia e a instituio da capitania !eral de 0oambi1ue Rios de Sena e So-ala& Na se1uncia disso as "nstru#Kes entre!ues em J de 0aio de IJKI a Calisto de S8 contin.am um novo pro!rama de administrao onde se estipulava 1ue a !esto da1uela 8rea passaria a ser -eita a partir de Lisboa directamente& )amb*m no ano de IJKR a Cidade de Salvador no 5rasil se via privada do estatuto de capital do 5rasil a -avor do novo centro o Rio de 9aneiro& %ombal pcs termo s 3ltimas sobrevivncias do re!ime das donat8rias ainda presentes em Cabo 6erde e no 5rasil Ventre IJL: e IJLOW e os territ"rios ultramarinos passaram a estar inteiramente sob !overno dos o-iciais da Coroa& KJ Uma re-le$o de %ombal 1ue con7u!a os interesses do Reino e do +mp*rio e$iste em &iscurso PolWtico sobre as $antagens, 'HU C"d& I:J:& KN 's s,nteses mais anti!as para este per,odo so de 0arcelo Caetano @'s re-ormas pombalinas e p"s2pombalinas respeitantes ao Ultramar& / novo esp,rito em 1ue so concebidasA .istria da ,+panso Portuguesa no 4undo vol& +++ Lisboa #ditorial Xtica IO^; pp& :LI2:K;Y 'nt"nio da Silva Re!o O Ultramar Portugu8s no /culo L2""" F>BDD6>@AAH Lisboa '!ncia Heral do Ultramar IOKO& Recentemente 9oa1uim Romero 0a!al.es @/s )errit"rios '-ricanosA in .istria da ,+panso Portuguesa vol& +++ C,rculo de Leitores IOON pp& K;2NR& KO Fn!ela Domin!ues <uando os Wndios p& IN& ..................... 34 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 't* a1ui re-eri2me ao conceito de policia sobretudo no sentido de -ormas de controlo social 1ue -a(em parte da or!ani(ao dos poderes numa concepo distinta da1uela 1ue en-ormava a de 'nti!o Re!ime& 0as neste passo e uma ve( 1ue se passa a tratar de coloni(ao * importante -a(er a ponte com um outro conceito a 1ue aludi brevemente estruturante da cultura das Lu(es o conceito de civili(ao& ' verdade * 1ue os partic,pios passados @polidoA e @civili(adoA V@polic*A @civilis*AW constituem -ormas verbais utili(adas por di-erentes autores da *poca como sin"nimos& 'o @polidoA @civili(adoA op4e2se o b8rbaro e o selva!em J; & 'caba por se dar o cru(amento entre os campos sem<nticos de policia e polido o 1ue na l,n!ua -rancesa * particularmente a!udo& Um percurso por te$tos 1ue vo de 0ontes1uieu .istoire des &eu+ "ndes [! de RaBnal revela 1ue os sinta!mas @peuples polic*sA ou @nations polic*sA evoluem para uma assimilao entre polido2civili(ado JI & Na l,n!ua portu!uesa com a importao do voc8bulo -rancs police !enerali(ou2se pela via mais erudita o partic,pio passado @polidoA& %ortanto nos te$tos mais ilustrados incluindo os dos !overnadores * comum encontrar a e$presso @na4es polidas e civili(adasA usando os dois partic,pios passados cumulativamente en1uanto nos restantes te$tos administrativos 1ue em 'n!ola eram redi!idos acima de tudo por militares vem apenas re-erido o voc8bulo @civili(arA& 'pesar de todas estas varia4es vocabulares o 1ue interessa sublin.ar * 1ue do ponto de vista do imp*rio a instaurao do valor de policia como valor estruturante da aco !overnativa e de uma administrao activa trar8 consi!o um pro!rama de civili(ao e de converso das v8rias .umanidades em presena a um padro comum por oposio ao @b8rbaroA J: & %or isso como se ver8 nas pr"$imas p8!inas o imp*rio no podia dei$ar de ser pensado no seu con7unto e apesar das particularidades de cada um dos espaos a verdade * 1ue em todos eles -oram intentadas ac4es re-ormistas onde se apreende um sentido comum& 'o contr8rio do 1ue se passava com a coloni(ao de 'nti!o Re!ime marcado pela sua plasticidade no so as circunst<ncias end"!enas 1ue ditam as J; No caso de 6oltaire em ,ssais sur les 4ouers IJLK cap& CLGGG6+ @Suite de lU+talie au G6++e siScleA cit& por ''66 "n$entaire 2oltaire pp& :KN2:KO di(2seE @'vec 1uel lenteur avec 1uelle di--icult* le !enre .umain se civilise et la soci*t* se per-ectionnem /n voBait auprSs de 6enise au$ portes de cette +talie oo tous les arts *taient en .onneur des peuples aussi peu polic*s 1ue lU*taient alors ceu$ du Nord& LU+strie la Croatie la Dalmatie *taient pres1ue barbares&&&A& JI Heor!e 5enre[assa verbete @CivilisationA in &ictionnaire des (umi0res&&& J: Uma an8lise da s*rie de oposi4es de rai( teol"!ica cient,-ica ou mitol"!ica entre civili(ado e b8rbaro in #loi Fic1uet &u barbare au m5stique Ant-ropologie .istorique des recompositions identitaires et religieuses dans le OYllo F;t-iopie centraleH %aris #H#SS :;;: p& ^N e ss& ..................... 35 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola solu4es administrativas mas * o modelo neutral e absoluto 1ue dita os termos da coloni(ao e coloni(ar * ento polir e civili(ar& %asso em revista de -orma necessariamente abreviada os termos desse modelo tal como ele se repercutiu no +mp*rio portu!us na se!unda metade do s*culo G6+++ para depois me centrar no caso de 'n!ola& / caso do 5rasil e o do #stado da Cndia apresentam partida um denominador comum uma ve( 1ue as re-ormas acabaro por se tradu(ir numa alterao do estatuto 7ur,dico do ind,!ena& No 5rasil o @Direct"rio dos CndiosA VIJLJ2IJONW reiterando uma sucesso de decretos e alvar8s sobre a liberdade dos ,ndios em datas anteriores convertia os ,ndios em vassalos apesar de no ser muito claro o 1ue * 1ue esta palavra e-ectivamente contin.a de assimilao do seu estatuto JR & / ,ndio para al*m de ser um .omem livre deveria ser acima de tudo um vassalo do rei de %ortu!al& 'ssim se compreende o -avorecimento de casamentos entre reinois e ,ndios e a pre-erncia na atribuio de terras J^ & No #stado da Cndia Vpelo alvar8 de : de 'bril de IJKIW todos os vassalos naturais da Xsia sendo cristos passavam a ser 7uridicamente e1uiparados aos do reino JL & ' validade do diploma -oi alar!ada X-rica /riental 0oambi1ue em IJKR& # para 0acau em :N de 0aro de IJLN estipulava2se a proibio da escravatura dos c.ins& 'ssim se estabelecia a i!ualdade 7ur,dica entre rein"is e aut"ctones do 5rasil Cndia e 0acau possibilitando o acesso 1uer de ,ndios 1uer de indianos a postos militares e tamb*m eclesi8sticos JK & Um novo corpo social estaria assim em condi4es de estabelecer uma li!ao @naturalA entre as sociedades ind,!enas e a sociedade colonial& JR 6er Rita Heloisa 'lmeida O &irectrio dos Zndios Um proNecto de ci$ili%a#o no 1rasil do sculo L2""" #ditora UN5 IOOJY e Fn!ela Domin!ues <uando os Wndios eram $assalos Coloni%a#o e rela#Kes de poder no )orte do 1rasil na segunda metade do sculo L2""" Lisboa CNCD% :;;;& J^ C-& F& Domin!ues "bidem pp&RN2RO& JL %ara o #stado da Cndia tem import<ncia re-erir as "nstru#Kes com que ,l63ei & Tos " mandou passar ao ,stado da Zndia o Mo$ernador e Capito Meneral e o Arcebispo Prima% do Oriente no anno de >BB? %ublicadas e anotadas por Cl8udio La!ran!e 0onteiro de 5arbuda %an!im na )Bpo!ra-ia Nacional IN^I& ', se !i(a um pro!rama de re-ormas !lobal 1ue destaca por e$emplo a re2or!ani(ao urbana de Hoa& / estudo das re-ormas pombalinas em 'n!ola encontra2se em 0aria de 9esus Lopes Moa /etecentista pp&RO2J: e tamb*m em 'nt"nio Silva Re!o O Ultramar Portugu8s no sculo L2""", F>BDD6 >@AAH Lisboa '!ncia Heral do Ultramar pp& & JK Sobre as di-iculdades de -a(er aplicar o mesmo processo le!islativo no 5rasil e na Cndia $ide Domin!ues <uando p&^I& ..................... 36 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #stas medidas andavam sem d3vida li!adas ao povoamento e territoriali(ao preocupa4es comuns s coloni(a4es ib*ricas inspiradas no +luminismo JJ & ' territoriali(ao constitu,a um valor muito caro ao %ombalismo 78 1ue cada ve( se tornava mais evidente 1ue os territ"rios coloniais sem populao colonial pouco valiam& ' simples invocao de direitos le!itimados em direitos .ist"ricos sobre um espao onde no estavam instaladas nem popula4es coloniais nem uma estrutura administrativa por mais rudimentar 1ue ela -osse no se compadecia com uma presso cada ve( mais e-ectiva levada a cabo por outras potncias europeias& Caso da #span.a no 5rasil ou de uma -orma mais prec8ria da Frana e +n!laterra nos portos do Luan!o 0olembo e Cabinda no Norte de 'n!ola& %or isso no 5rasil e na Cndia se apostou na mestia!em& Como se ver8 em 'n!ola esta 1uesto da territoriali(ao/povoamento/mestia!em assumir8 outros contornos por1ue embora se veri-i1ue um empen.amento na promoo e at* na @produo social dos mulatosA o incentivo mestia!em no era ol.ado como al!o de positivo uma ve( 1ue no servia os interesses da comunidade colonial resultando numa diluio da cultura europeia nas culturas a-ricanas Vvide infra J&^&:& A -iptese dos 4ulatosW& 'l*m disso a escravatura continuaria a constituir uma eti1ueta .e!en"nica na re!ulao das rela4es com a col"nia JN & / -acto de o 5rasil se debater na altura com um de-icit demo!r8-ico 1ue no l.e permitia povoar amplamente o serto -a(ia com 1ue a liberdade assim concedida aos ,ndios contribuisse a par de outras medidas para ocorrer a essa di-iculdade& No 5rasil a redu(ida populao 1ue .abitava a vasta 'm*rica -a(ia do serto um espao demo!ra-icamente de-icit8rio& #sta situao criava problemas de manuteno do dom,nio para as autoridades portu!uesas sobretudo por1ue a1uelas terras Va Norte e SulW -a(iam -ronteira com territ"rios pertencentes Frana +n!laterra Holanda e #span.a 1ue JJ #$iste uma e$tensa 5iblio!ra-ia sobre coloni(ao na 'm*rica e as re-ormas borb"nicas& 6e7a2se como biblio!ra-ia meramente e$empli-icativa um estado da 1uesto em ''66 @#l re-ormismo borb"nico e .ispanoam*ricaA ,l reformismo borbnico& Una $isin interdisciplinar 0adrid 'lian(a #ditorial IOOK& JN Uma mem"ria apresentada 'cademia das Cincias em IJOR discute a nature(a da escravatura a-vricana e suas articula4es com o 'tl<ntico sem nunca colocar em 1uesto a sua le!itimidade ou o estatuto dos a-ricanos& C-& Lu,s 'nt"nio de /liveira 0endes 4emria a respeito dos escra$os e tr'fico da escra$atura entre a costa d[ Efrica e o 1rasil9 apresentada I 3eal Academia das Ci8ncias de (isboa pre-8cio de 9os* Capela %orto #scorpio IOJJ& ..................... 37 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola constitu,am ameaas a acautelar pois estas potncias dispun.am de v8rios tipos de recursos 1ue l.es permitiam avanar sobre a1uela 1ue era a (ona portu!uesa& %ortanto a ocupao e-ectiva dos territ"rios parecia decorrer de uma necessidade de resposta ameaa das monar1uias europeias ali presentes& ' territoriali(ao do #stado socorreu2se de um con7unto de medidas 2 entre elas o incentivo imi!rao de rein"is e il.*us V0adeira e 'oresW em especial de casais para a1uelas terras 2 com a concesso de privil*!ios para a -i$ao desses novos povoadores no norte e sul do 5rasil nas (onas de -ronteira& & #ste processo vin.a do reinado de D& 9oo 6 VIJ^JW e prolon!ou2se no de D& 9os*& No #stado da Cndia o es-oro de ocupao territorial teve a sua e$presso nas c.amadas Novas Con1uistas obri!ando a uma nova de-inio do territ"rio de Hoa no plano interno do !overno& / desenvolvimento de uma mentalidade a!rarista e de industriali(ao teve uma e$presso importante no #stado da Cndia& Resultou em Hoa num investimento na a!ricultura 1ue devia alternar com uma pr8tica de subsistncia desli!ada das !randes redes de com*rcio portu!us do /riente e muitas ve(es de-icit8ria& 'o lon!o de toda a se!unda metade do s*culo G6+++ no #stado da Cndia pensou2se incrementar esses dois ramos da a!ricultura e do com*rcio a!ora ol.ados como os 3nicos meios de restabelecer a1ueles dom,nios& Durante o !overno do Conde da #!a enviaram2se livros e -ol.etos sobre os processos de cultura e dados v8rios tipos de incentivo prossecuo das culturas tradicionais e introduo de outras novas li!adas ao com*rcio& ' +ntendncia Heral da '!ricultura -oi -undada durante o ma!ist*rio pombalino com resultados no tratamento de terras at* a, incultas e um aumento consider8vel da produo em especial do arro( JO & No 1ue toca ind3stria atrav*s da instalao de manu-acturas no #stado da Cndia esse processo teve lu!ar inclusive mandando vir t*cnicos especiali(ados de outras (onas da Cndia ou para a, mandando trabal.adores para 1ue -ossem instru,dos nas t*cnicas e processos de produo& Durante a se!unda metade do s*culo G6+++ -uncionaram em Hoa al!umas -8bricas como a Real F8brica das Sedas de %anos a F8brica da Cordoaria no 'rsenal R*!io a do lin.o c<n.amo de cairo as do al!odo a da p"lvora a do -erro& ' -8brica de -erro estava instalada em %ond8 e =ambaulim nas Novas Con1uistas& Na lin.a mercantilista desencadeia2se a criao ou simples pro7eco de compan.ias ma7est8ticas e monopolistas& /s seus estatutos concediam2l.es amplos JO 0aria de 9esus Lopes Moa /etecentista p&L^& ..................... 38 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola privil*!ios N; & Na 8rea colonial destacam2se as Compan.ias Heral do Hro2%ar8 e 0aran.o VIJLLW e a de %ernambuco e %ara,ba VIJLOW& ' concesso de liberdade aos amer,ndios desencadeara um problema real de -alta de mo2de2obra s inst<ncias administrativas e provocara o crescimento de importao de a-ricanos a7udado da -undao da Compan.ia do Hro %ar8& %ara restabelecer o com*rcio da Cndia o Conde da #!a ento !overnador c.e!ou a con7ecturar a criao de uma compan.ia /riental& / c.amado @pacto colonialA 2 su7eio pol,tica e econ"mica das col"nias metr"pole T ou re!ime de com*rcio e$clusivo teve a sua compartida em al!uns diplomas 1ue estabeleceram a liberdade do com*rcio interno& ' liberali%a#o do comrcio teve a sua e$presso na abertura dos portos de 0oambi1ue ao com*rcio e$terno de -orma a incentivar o com*rcio entre a Cndia e a X-rica /riental& #m II de 9aneiro de IJLN -oi declarada a liberdade mercantil na X-rica /riental %ortu!uesa e por decreto de IJ de Novembro de IJKI os navios da rota da Cndia na torna via!em deviam -a(er escala por Luanda NI & Na 8rea da Fa(enda tal como aconteceu no Reino -oi criada a 9unta da Fa(enda do #stado da Cndia no ano de IJKO substituindo a casa dos Contos ento e$tinta N: & ?uanto valori(ao dos naturais na ocupao dos car!os p3blicos, as instru4es de %ombal em IJJ^ ordenavam para a Cndia a prioridade dos naturais no acesso aos car!os civis e militares estabelecendo a pre-erncia destes sobre os rein"is& #ste diploma no era claro 1uanto aos descendentes a nobre(a mestia !oesa 1ue de -acto asse!urara durante muito tempo o e$erc,cio dos o-,cios da administrao local NR & / recenseamento das popula4es dos v8rios dom,nios teve lu!ar pelo menos no 5rasil e em 'n!ola& #m IJJK -oi reali(ado o primeiro recenseamento da populao do 5rasil& ' .ip"tese de pensar em con7unto os di-erentes espaos imperiais prolon!ou2se para as 3ltimas d*cadas do s*culo G6+++& Domin!os 6andelli em Aritmtica PolWtica e N; 'nt"nio Carreira As Compan-ias Pombalinas do Mro6Par' e 4aran-o e Pernambuco e ParaWba :p ed& Lisboa #ditorial %resena IONR& NI Frit( Hopp A Efrica Oriental Portuguesa no :empo do 4arqu8s de Pombal, >BGD6>BBB Lisboa '!ncia Heral do Ultramar IOJ;& N: 0aria de 9esus Lopes nota 1ue 1uatro anos volvidos essa 9unta -oi e$tinta c-& Moa /etecentista p& ^L& NR "dem "bidem p&LI& ..................... 39 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7inan#as N^ produ(ia um con7unto de re-le$4es sobre o reino e @suas con1uistasA incidindo sobre as produ4es naturais manu-acturas a!ricultura e com*rcio com men4es e$pl,citas a 'n!ola& ' .etero!eneidade das situa4es autori(a por*m com um certo consenso na e$istncia de uma ruptura e na conscincia dessa mesma ruptura& ' ori!inalidade do discurso e a enunciao consciente dessa ori!inalidade pelos seus v8rios autores -a(em pensar na instaurao de um novo tempo o tempo da modernidade& No plano da cronolo!ia da .ist"ria da #uropa e dos espaos onde a in-luencia europeia se 1uer -a(er valer a re-erncia ao +luminismo serve como marco seno de ruptura pelo menos de perturbao 1ue no plano do discurso anuncia uma -ase de-initivamente inau!ural& #ssa noo de 1ue se est8 a inau!urar um tempo novo sobressai no discurso dos !overnadores& 's re-ormas e os novos re!ulamentos so pensados para valerem durante muitos anos e * com essa 1ualidade de uma soberana perenidade 1ue so veiculados 7unto dos seus a!entes no terreno NL & / discurso tenta -undar de per si o acontecimento valendo do poder criador da invocao da verdade e da ra(o N^ ed& De 9& 6& Serro Lisboa 5anco de %ortu!al IOO^& NL #m especial no caso de 'n!ola 7unto dos capites2mores dos pres,dios& C-& carta de F+SC para o Capito2mor das %edras de %un!o 'ndon!o :L de Novembro de IJJIY c-& 'HN' Cod& N; -l& I;& ..................... 40 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5. O 3&"9),%" 3"-!#4i'" 3#&# A'+"4# #$iste um corpus te$tual e$tenso completo e bastante coerente maioritariamente produ(ido durante o !overno do Conde de /eiras por ele pr"prio mas tamb*m pelos secret8rios dos Ne!"cios Ultramarinos pass,vel de ser inserido na cate!oria de pro7ecto 1ue incide directamente em 'n!ola NK & ' ateno prestada a esta col"nia a-ricana e o recon.ecimento do seu valor est8 e$tensamente documentado numa Colec#o das pro$idencias le5s e ordens que restauraram a )a$ega#o, o Commercio, a Policia e a &isciplina 4ilitar dos 3e5nos de Angola, Congo e 1enguela, (oango e Pre%idios daquella utilWssima parte da Africa, dos grandes estragos em que /ua 4agestade a ac-ou quando succedeo na Coroa destes re5nos e moti$os, que constituWram o espWrito de cada -uma das ditas (e5s Ordens e pro$idencias NJ & Dela consta a c"pia dos alvar8s de II e :L de 9aneiro de IJLN 1ue re!ulamentavam o tr8-ico de escravos as Condi#Kes perptuas do contrato de Angola de :K de 9aneiro de IJLN e -inalmente o Parecer que o Conde de Oeiras apresentou a /ua 4agestade sobre o que ainda falta para se restituir a Agricultura, )a$ega#o, e o Commercio de Angola contra os monoplios $e+a#Kes e de%ordens que fi%eram os obNectos das leis de on%e e $inte e cinco de Taneiro de mil setecentos e cincoenta e outo NN & 0ais tarde em IJJ: as "nstru#Kes para & Antnio de (encastre escritas por 0artin.o de 0elo e Castro -a(em um balano da aco pombalina em 'n!ola at* essa data com a transcrio de toda a documentao 1ue durante cerca de duas d*cadas a .avia sustentado& / ne$o do pro7ecto pombalino para 'n!ola pode assim ser encontrado em mais de L;; NK 'o lon!o de todo o meu te$to utili(arei os conceitos proNecto e programa como conceitos e1uivalentes& / voc8bulo @pro7ectoA * empre!ue pelos administradores desta *poca e -a( portanto parte do novo l*$ico pol,tico& 'li8s Silva Dias nos seus estudos sobre %ombalismo identi-ica um proNecto pombalino e de-ende a sua constituio -ormal contrariando outros autores& 9or!e 5or!es de 0acedo remete a uma de-enio de programa como @enunciado de planos de !overnoA 1ue acrescento eu visa a sua irradiao pela aplicao& Se!undo o mesmo autor at* ao primeiro 1uartel do s*culo G+G o termo @pro!ramaA no revestia alcance si!ni-icativo na lin!ua!em pol,tica& #st8 ausente dos escritos dos estran!eirados dos #statutos da Universidade de Coimbra de IJJ: e do 2ocabul'rio de 5luteau tamb*m no o considera& %or*m para o per,odo pombalino * le!,tima a sua utili(ao operat"ria uma ve( 1ue o processo pro!ram8tico no s" tem ambiente pol,tico para se desenvolver como dele decorre& C-& 9or!e 5or!es de 0acedo O Aparecimento em Portugal do Conceito de Programa PolWtico Separata da Revista &emocracia e (iberdade nQ :; V9ul.o IONIW Lisboa +nstituto 'maro da Costa pp& IL2IK& NJ 'HU Cod& LLL passim& NN @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A :; de Novembro de IJK; 'HU C"d& LLL -ls& RK2KIv& ..................... 41 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -"lios manuscritos compilados e or!ani(ados na *poca com o -im de dar dele testemun.o com a indicao e$pl,cita de uma cronolo!ia tida em conta pelos seus autores no processo de -ormao e aplicao desse mesmo pro7ecto NO & ' primeira -ase situa2se no ano de IJLN com a edio de duas leis VII e :L de 9aneiroW sobre o tr8-ico de escravos e a estatuio do Contrato das arremata4es de :K de 9aneiroY a se!unda -inali(a com o -ec.o do !overno do Conde da Cun.a cu7as in-orma4es e e$perincias .aviam permitido a elaborao do parecer do 0ar1us de %ombalY e por -im a terceira -ase teria atin!ido um cume em IJKO @1uando se podia considerar 1ue com as muitas e e-ica(es %rovidncias 1ue Sua 0a7estade tin.a dado em todos os anos precedentes e com a boa e$ecuo 1ue elas tin.am ac.ado no vi!ilante (eloso e prudente Hovernador D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o se ac.ava 'n!ola estabelecida e os seus Habitantes e +nteressados na maior -elicidadeA O; #m relao coloni(ao de 'n!ola %ombal no s" concebeu um pro7ecto inovador 1ue visava uma reconverso r8pida do aparel.o colonial portu!us como preparou a sua e$ecuo desde o in,cio da d*cada de L;& 's medidas le!islativas 1ue se sucedem no tempo e perante as 1uais * .o7e poss,vel apreender um sentido comum remetem para um pro7ecto pensado e pr*2estabelecido 1ue mer!ul.a as suas ra,(es no %arecer 1ue o Conde de /eiras produ(iu em IJK; sobre a col"nia de 'n!ola& ' -orma do te$to em si merece meno pela ordenao l"!ica das mat*rias apoiada em notas mar!inais 1ue remetem para suportes biblio!r8-icos col.idos em doutrina 7ur,dica livros de via!em ou opini4es administrativas& No * apenas o discurso pol,tico 1ue se or!ani(a se!undo um novo paradi!maY tamb*m a ret"rica 1ue o veicula d8 not,cia de uma outra racionalidade OI & No mais a mera acomodao s circunst<ncias dispersas e tradicionais da vida nos tr"picos 78 de si avessa racionali(aoY mas a e$tenso at* essas (onas selva!ens mas tamb*m suscept,veis de pol,cia de um pro7ecto 1ue como a ra(o no con.ecia limites nem -ronteiras& Um pro7ecto 1ue por isso considerava poss,vel estender at* l8 as !ram8ticas pol,ticas e civili(acionais da #uropa& NO C-& 'HU C"d& LLL -l&RN& O; 'HU C"d& LLL -l& R& OI #ste tema por si s" mereceria um estudo individuali(ado& 0aria Leonor 5uescu c.amou a ateno para a sua pertinncia num estudo sobre duas outras peas te$tuais pombalinas onde se identi-ica o mesmo tipo de caracter,sticas& C-& @Uma nova ret"rica&&& pp& IJI2INJ& ..................... 42 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ', se a-irmaE @Sendo not"rio 1ue o Reino de 'n!ola no s" pode ser Reino mas +mp*rio pela necessidade e import<ncia do seu Com*rcio e pela vastido dos seus Dom,nios O: V&&&W 'n!ola V&&&W no * Feitoria& )omou lo!o desde o princ,pio outra -orma& )emos ali uma cidade %opulosa e muitas Col"nias at* pela terra dentro em muita dist<ncia do mar V&&&W OR & %or*m a novidade da administrao neste per,odo radica tamb*m na nova relao entre pro7ecto e ordem pra!m8tica& Se * verdade 1ue @todos os escritos pol,ticos V&&&W lon!e de ser simples descri4es te"ricas so verdadeiras prescri4es pr8ticas visando -a(er e$istir Vdando2l.e um sentido e uma ra(o de serW um tipo novo de pr8tica social&&&A O^ * tamb*m muito not"rio 1ue atrav*s da escrita administrativa j entendida a1ui como um universo de e$certos te$tuais resultantes da rotina administrativa e distinta portanto dos !*neros pro7ecto mem"ria ou relao j se visa a inscrio na realidade e portanto na ordem social e$istente& ` dimenso ut"pica do pro7ecto * acrescentada a dimenso pra!m8tica tornando2se os .omens de #stado em produtores de ideias pol,ticas e ao mesmo tempo em a!entes VacoW da pol,tica& /s administradores al*m de a!irem tendo em vista o terreno in-ormam2se pensam 1uestionam2se e produ(em corpos de ideias sobre o 1ue deve ser o bom !overno& ' e$presso @administrador -il"so-oA OL sinteti(a esse entendimento moderno da administrao procurando -undar a pr8tica pol,tica em m8$imas -ilos"-icas de interesse !eral& #m papeis dei$ados escritos pela mo de Sousa Coutin.o certas e$press4es remetem para esse modelo onde a ideia -ormulada no pro7ecto V@#di-,cioAY @este !rande pro7ectoA OK W precede a aco V@ima!inei a +deia de uma F8brica de FerroAY W OJ & 'dministrar e$i!e m*todo e o m*todo sup4e o pro7ecto ON e o pro7ecto sup4e a disponibilidade de in-ormao sobre o territ"rio 1ue se 1uer administrar& O: @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A '7uda :; de Novembro de IJK; 'HU C"d& LLL -ls& LO2LOv& OR 'HU C"d& LLL -l& LLv& O^ %ierre 5ourdieu /livier C.ristin %ierre2Ztienne dill @Sur la Science de lUZtatA Actes de la 3ec-erc-e en sciences sociales nQ IRR 9un.o :;;; pp& R2O& OL ' e$presso * utili(ada por 0ic.Sle Duc.et 'nt.ropolo!ie et Histoire&&& p& R; e II; a IIJ& No mesmo espirqto as instru4es produ(idas pela 'cademia das Cincias de Lisboa para recol.a de esp*cies e in-orma4es sobre os povos no europeus recomendavam a observao e comtemplao de tudo o 1ue -osse @di!no da ateno de um -il"so-oAY c-& D& R& Curto @'s pr8ticas&&&A p& ^RI& OK Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO AA, vol& + nQ I IORR s&pp& OJ @5reve e 3til ida sobre o Commercio&&&A IJJO AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& ON "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -l& Iv& ..................... 43 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / ano de IJLN marca o momento de vira!em em 1ue se lanam os @primeiros -undamentos para a restaurao de 'n!olaA e se !i(a o @%lano da Re-ormaA OO & Z declarado o -im do contrato dos escravos 1ue depositava num arrematador a cobrana dos direitosY -im do uso das livranasY entre!a do contrato dos escravos 9unta da Fa(enda Vprovedor da 9unta da Fa(endaWY para 5en!uela o -im do contrato real da sa,da dos escravos e do mar-im data de L de '!osto de IJKO& No plano das conse1uncias mais imediatas * este diploma 1ue !an.a maior alcance uma ve( 1ue decreta a liberdade de com*rcio I;; & 5.1. O ;#4"& () A'+"4# 9& 0iller mostrou 1ue no sistema imperial portu!us 'n!ola e o tr8-ico de escravos ocupavam um lu!ar mar!inal -ace posio do 5rasil& 'n!ola constitu,a o mais importante entre outros centros e$portadores como S& 5aptista de '7ud8 e o 5enin por onde os portu!ueses -a(iam escoar os produtos menos competitivos assim como os t$teis orientais em troca de mo2de2obra escrava I;I & %ara o !overno de Lisboa 'n!ola Vincluindo Luanda 5en!uela e a re!io de CabindaW representava acima de tudo um centro abastecedor de escravos de onde sa,a J;r do total do tr8-ico diri!ido col"nia sul2 americana I;: & Uma an8lise dos te$tos administrativos deste per,odo embora no pon.a em causa esse valor un,voco de 'n!ola parece indicar a presena de outros ar!umentos capa(es de comple$i-icar a leitura 1ue o ma!ist*rio pombalino propun.a da posio relativa de 'n!ola -ace s din<micas do +mp*rio& De -acto o tr8-ico ne!reiro -eito a partir de 'n!ola asse!urava a continuidade do 5rasil& #sse ar!umento sur!e cabea de todos os te$tos sobre 'n!ola no s*culo G6+++ e no restam d3vidas de 1ue a ateno prestada col"nia passa em primeiro lu!ar por a,E OO "dem "bidem artQ :; e artQRJ& I;; Note2se 1ue por alvar8 r*!io de :O de 0aro de IJLL -oi tamb*m decretada liberdade comercial para os s3bditos do #stado da Cndia& C-& #u!*nia Rodri!ues @U#m Nome do ReiU& / levantamento dos rios de Sena de IJKRA Anais de .istria de Alm64ar vol& +6 :;;R Vte$to policopiadoW& I;I 9& 0iller =a5 of &eat- London 9ames CurreB IOON p& L^I& I;: 6alentim 'le$andre VIOONW @' 1uesto colonial no %ortu!al oitocentistaA O "mprio Africano >@VG6>@CD Lisboa #stampa p& :R2:^& ..................... 44 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @%ara se compreenderem os interesses 1ue a 0onar1uia de %ortu!al tem na conservao dos Dom,nios de X-rica basta -a(er2se uma pe1uena re-le$o na -,sica impossibilidade 1ue .averia de se conservar o 5rasil&&&A I;R & Sem 'n!ola no .8 5rasil e sem 5rasil no .8 +mp*rio por1ue so os escravos an!olanos 1ue !arantem a sustentao da economia imperial maioritariamente assente nas produ4es brasileiras Va!ricultura -8bricas en!en.os de a3car enrolamentos de tabacos matanas de !ados silvestres serrarias de madeiras preciosasW& 'n!ola vale portanto o mesmo 1ue o 5rasil e * ela 1ue permite 1ue o 5rasil conte e se7a incorporado na economia internacional& # por isso vale o mesmo 1ue o imp*rio& / uso desse t"pico reprodu(iu2se por todo o s*culo I;^ & 0as a leitura pombalina de 'n!ola acrescenta mais duas dimens4es& ' posio da col"nia -ace ao Cndico assim como o seu valor econ"mico intr,nseco no dei$aram de ser mencionados como 1ualidades aut"nomas passando a constituir doravante ob7ectivos da pol,tica metropolitana& %ortanto o !overno pombalino situava o valor de 'n!ola tanto em relao ao +mp*rio atl<ntico como ao Cndico e em relao aos seus recursos internos& 'n!ola encontrava2se a meio camin.o entre a Xsia e o 5rasil e -oi a, 1ue o %ombalismo parece ter proposto um novo lu!ar para ela& Como se ver8 noutro lu!ar o pro7ecto !i(ado por D& Lu,s da Cun.a 1ue visava e-ectivar a li!ao entre a costa ocidental e a costa oriental da X-rica pelo serto at* aos rios de Sena propun.a colocar 'n!ola em contacto directo com o mundo Cndico& #ssa dimenso indica de X-rica materiali(ada atrav*s de um corredor 1ue atravessasse o serto costa a costa vem mencionado como uma das prioridades na pol,tica an!olana em todos os te$tos pombalinos e p"s2pombalinos& ' esta acrescentava2se uma outra .ip"tese concreti(ada no !overno de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o de tornar 'n!ola uma das escalas obri!at"rias da carreira da Cndia para onde a-lu,sse a nave!ao em circulao a partir da Xsia rumo a Lisboa& 'l*m disso a, se podiam comerciali(ar outros produtos e$tra,dos pelos a-ricanos mar-im a cera bruta e as minas de -erro cu7o produto nesta -ase resultava da comerciali(ao de arte-actos& 'ssim o valor de 'n!ola do ponto de vista da pol,tica metropolitana diversi-ica2se e por isso implica outro tipo de investimento& I;R @+ntroduo %r*viaA do Conde de /eiras Lisboa L de '!osto de IJKO 'HU C$& LR Doc& O;& I;^ Carta de 0'0 para RSC :^ de '!osto de IJOJ AA vol&++ nQ I; IORK p& R^L& ..................... 45 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5.$. C"'%&/i& " 3&"9),%" '!ora 1ue estamos perante a ideia de 1ue a sociedade no tem uma ordem natural mas 1ue cabe ao rei de-inir essa mesma ordem so necess8rios pro7ectos de !overno& )amb*m em relao a 'n!ola %ombal elabora um pro7ecto 1ue obedece na sua ar1uitectura utili(ao de uma novo aparel.o conceptual Vpol,cia e aritm*tica pol,ticaY le!alismo e racionalismo da administraoW e se!ue metodicamente etapas na sua construo& ' construo de um pro7ecto de coloni(ao concebido como instrumento propedutico da administrao devia apoiar2se em bases doutrin8rias e num con.ecimento pr*vio das realidades sobre as 1uais visava incidir& Neste ponto pretendo abordar duas 1uest4es -undamentais na !*nese do pro7ecto pombalino para 'n!olaE as ideol"!icas e as 1ue resultam de um con.ecimento/e$perincia de 'n!ola ou X-rica& ' inspirao ideol"!ica do +luminismo pombalino tal como ela se pro7ecta neste pro7ecto con7u!ava in-luncias da doutrina do direito natural do mercantilismo e tamb*m das doutrinas @a!raristasA& %or*m se ainda * cedo para -alar da constituio de @saberes a-ricanistasA tal como se vem a constituir 78 na *poca da coloni(ao -ormal com recurso a institui4es cient,-icas criadas para esse -im -a( sentido 1uestionar a 1ue -ontes e a 1ue canais de in-ormao recorria a administrao ultramarina mesmo 1uando se escudava numa administrao de inspirao -ilos"-ica& 5.$.1. F"'%) I()"4=+i,#. ' aceitao da autoridade do saber europeu nos te$tos pombalinos sobre 'n!ola e$plica a presena re!ular de cita4es retiradas dos !randes pensadores do individualismo absolutista veiculado pelas na4es polidas e civili(adas& 's no4es mercantilistas e as ideias correntes sobre coloni(ao e pol,cia so a, le!itimadas& 's discuss4es e -undamenta4es relacionadas com as mat*rias mercantis nomeadamente o problema do monop"lio vo a, buscar os seus alicerces& / parecer do Conde de /eiras cita directamente os !randes autores do direito natural para -undamentar as solu4es pol,ticas relativamente col"nia de 'n!ola& Do seu @ar1uivoA liter8rio constam re-erencias a autoridades tradicionais e modernas numa recomposio capa( de con-i!urar e le!itimar a nova lin!ua!em racionalistaE Hu!o Hr"cio ..................... 46 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Hobbes %u-endor- dol-- I;L & 'li8s do -undo da sua biblioteca pessoal constam esses mesmos autores I;K & So mais as in-luncias da doutrina 7ur,dica do 1ue as de nature(a econ"mica 1ue perpassam o parecer do Conde de /eiras se bem 1ue se7a muitas ve(es para 7usti-icar& Na mesma lin.a a &edu#o Cronolgica e AnalWtica te$to de autoridade especi-icamente %ombalimo -undamenta a le!islao pombalina contida neste pro7ecto& I;J & ?uanto ao mercantilismo& ' teoria do mercantilismo vale sobretudo pelo conceito de bem comum em cu7a de-inio os mercantilistas consideravam no s" o bem2estar -,sico material mas tamb*m o espiritual Vpromoo da pa( ordem e se!uranaW& Como 78 se disse a!ora essa responsabilidade vin.a acometida ao #stado em substituio da ordem pluralista de 'nti!o Re!ime& / mercantilismo andou li!ado coloni(ao durante pelo menos trs s*culos& ' sua ideolo!ia visando prote!er as metr"poles como se sabe visava aumentar o numer8rio interno comprar o m,nimo ao e$terior e -avorecer as ind3strias nacionais para desenvolver as e$porta4es& #ste re!ime de e$clusivo apelidado de @pacto colonialA constitui de -acto a adaptao s col"nias dos princ,pios mercantilistas& / colonialismo mercantilista -a(ia assim das col"nias dependncias econ"micas da metr"pole& 's col"nias -ace s metr"poles constitu,am um instrumento para a construo da sua auto2su-icincia econ"mica e sobretudo -ormavam mercados abastecedores de mat*rias2primas e bens de consumo ree$port8veis& #ra preciso impedir 1ue a produo das col"nias concorresse com a produo da metr"pole& ' ideia de 1ue as col"nias deviam servir os interesses da metr"pole era a1uela 1ue estava presente na ,nc5clopdie onde se di( 1ue as col"nias apenas -oram estabelecidas para utilidade da metr"pole e por isso deviam estar sob a sua dependncia e proteco& # se o -im do estabelecimento de uma col"nia -oi apenas a e$tenso do com*rcio esta no podia consistir na -undao de uma cidade ou de um novo imp*rio concorrentes& No entanto muitos -il"so-os puseram em causa o pr"prio princ,pio da coloni(ao e sobretudo o direito do ocupante& Z o caso por e$emplo de Diderot I;L ' prop"sito das 1uest4es do monop"lio %ombal -a( re-erncias ao &igesto aos seus comentadores remetendo para o vocabul8rio de Calvinus ali8s 9o.annes Da.al (e+icon "uridicumE f&&&gIKI;Y Hu!o Hr"cio &roit de la guerre et de la pai+ )it I capt L nQRY S& %u--endor- &roit de la )ature et des gents )& : L& L& cap& L M J& I;K Se!undo Silva Dias na biblioteca de %ombal -i!uram entre outras al!umas das obras citadas no parecer de IJK; nomeadamente duas edi4es do &ireito )atural e das Mentes de Samuel %u-endor- e o &ireito da Muerra e da Pa% Hu!o Hr"cio& C-& Pombalismo e ProNecto PolWtico p& IN2IO& I;J 'HU Cod& LLL -l& L& ..................... 47 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1uando ima!ina uma coloni(ao ao contr8rioY e de RaBnal na sua obra emblem8tica V.istoire p-ilosop-ique et politique des tablissements et du commerce des ,uropens dans les deu+ "ndes IJJ;W& ' in-luncia das correntes mercantilistas na administrao de 'n!ola -oi parcial e tradu(iu2se acima de tudo na utili(ao de t*cnicas onde sobressaem as compan.ias monopolistas re!ulamentao do com*rcio e ta$as& Como nota Dennet. 0a$\ell a aplicao da doutrina mercantilista ao caso portu!us precisou adaptar2se a circunst<ncias diversas da1uelas e$perimentadas pelo Norte da #uropa I;N & ' economia portu!uesa caracteri(ava2se por uma -orte base colonial& / ob7ectivo das monar1uias ib*ricas no era atrair os metais preciosos mas antes reter esses mesmos metais& 'l*m disso a necessidade de asse!urar mercados para onde -ossem escoados os produtos ultramarinos e$i!ia contrapartidas atrav*s de uma maior abertura s importa4es e assim a restrio do mercado interno produo nacional I;O & %ortanto as -ormas do mercantilismo tiveram de ad1uirir marcas muito especiais& Se7a como -or o ide8rio pombalino consa!rava a supremacia da metr"pole em relao s col"nias e estabelecia as re!ras da sua relaoE @por ser uma re!ra !eralmente recebida e constantemente praticada entre todas as Na4es 1ue da Capital ou do pa,s Dominante * 1ue se deve -a(er o com*rcio e nave!ao para as col"nias e no as col"nias entre si&&&A II; #m suma as re-ormas pombalinas precisaram de redu(ir o e$clusivismo mercantilista da metr"pole e para isso -omentaram a produo nas pr"prias col"nias de -orma a permitir uma articulao mais e-iciente entre o mundo metropolitano e o colonial III & No #stado da Cndia e em 'n!ola como no 5rasil os novos pro!ramas de !overno insistem no desenvolvimento da a!ricultura e da ind3stria& 's col"nias deviam tornar2se centros produtores num e noutro sector& I;N D& 0a$\ell 4arqu8s de Pombal&&&& pp& LK e ss& I;O 9os* 6icente Serro @/ 1uadro econ"micoA .istria de Portugal C,rculo Leitores 6ol& +6 IOO^ pp& JI e ss& II; "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: 'rtQ NI& III C-& 9os* 9obson 'rruda @' produo econ"micaA O "mprio (uso61rasileiro >BGD6>@VV coord& 0aria 5eatri( Ni((a da Silva )o$a .istria da ,+panso Portuguesa vol& 6+++ Lisboa #stampa IONK pp& O;2OI& ..................... 48 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m relao e$plorao mineira as posi4es correntes tradu(iam2se na ideia de 1ue as minas de metais preciosos ce!am os .omens aplicam2nos a um trabal.o incerto e levam a 1ue se7am abandonados ramos da economia 1ue embora menos bril.antes se vm a revelar mais s"lidos& ' esta posio no -oi concerte(a al.eio o decl,nio do ciclo aur,-ero do 5rasil 1ue durante toda a primeira metade do s*culo G6+++ abrira a economia portu!uesa ao e$terior estimulara os sectores mercantis mas tamb*m a!r,colas de vocao e$portadora e pre7udicara os sector da ind3stria& ' se!unda metade do s*culo G6++ caracteri(ou2se por uma pol,tica proteccionista& #la esteve associada a uma situao de crise e de trans-ormao econ"micaE o -lu$o aur,-ero do 5rasil diminui e a curva das e$porta4es estava em 1ueda acentuada II: & ' busca de uma soluo para essa crise a vontade de tornar %ortu!al menos dependente de importa4es e$ternas em associao com um pro!rama de -ortalecimento da articulao entre a economia metropolitana e a economia colonial so elementos 1ue podem a7udar a e$plicar a pro7eco do investimento em sectores produtivos da economia em especial a a!ricultura e a ind3stria& /s apelos a!raristas e com eles o -omento da a!ricultura percorrem o discurso de %ombal e de !rande parte dos !overnadores de 'n!ola& %or*m di-icilmente se poder8 identi-icar pela emer!ncia deste t"pico a importao directa do pensamento -isiocr8tico& Diversos .istoriadores alertaram para a necessidade de des-a(er o e1u,voco estabelecendo uma distino entre um memorialismo a!rarista e a doutrina econ"mica -isiocr8tica IIR sem com isso ne!arem a penetrao do discurso -isiocr8tico em %ortu!al nos -inais do s*culo G6+++& Como -risa 9os* Lu,s Cardoso e se veri-ica atrav*s dos te$tos memorialistas e de pro7ecto no s" a componente te"rica da doutrina -isiocr8tica * limitada e 1uase sempre impl,cita como a nature(a dos problemas tratados e as solu4es apontadas podem no c.e!ar a -a(er sentido em relao a ela II^ & De 1ual1uer -orma os pol,ticos e escritores da *poca mani-estam uma !rande preocupao pela insu-icincia cereal,-era& #m todos estes te$tos se denotava uma marca anti2mercantilista 1ue se acentuou depois de %ombalino numa relao estrita com a actividade da 'cademia das Cincias& II: 6elentim 'le$andre Os /entidos do "mprio p& :L& IIR 6er 9os* Lu,s Cardoso O pensamento econmico em Portugal nos finais do sculo L2""" F>B@D6 >@D@H Lisboa #stampa IONO pp& KJ e ss& II^ "dem "bidem p& KN& ..................... 49 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Neste processo de moderni(ao do #stado tamb*m o saber matem8tico dos en!en.eiros constitui parte activa& ' institucionali(ao das -ormas de racioc,nio matem8tico promove atrav*s dos en!en.eiros uma nova -orma de #stado -undador de uma administrao de tipo comissarial distante das l"!icas patrimonialistas de 'nti!o Re!ime& / cientismo setecentista no dei$ar8 de ser rendibili(ado de -orma a aper-eioar as pol,ticas coloniais& / princ,pio da utilidade social da cincia -ica bem vis,vel no estabelecimento de um laborat"rio 1u,mico na corte& ', se -a(iam e$perincias e provas Acienti-icamente e com toda a e$actidoA a partir das amostras de v8rios produtos enviados a partir das col"nias e em concreto de 'n!ola& Z o 1ue se veri-ica por e$emplo com o -erro o breu IIL & Finalmente a in-luncia -rancesa produ(2se a dois n,veisE do enciclopedismo e da e$perincia colonial& 's cita4es da &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV, e da coloni(ao no Sene!al& #$istia um con.ecimento completo do tipo de actividades 1ue as restantes potenciam europeias desenvolviam em X-rica& / Habo aparece citado por causa das plantas tintureiras& Durante os s*culos G6++ e G6+++ os navios .olandeses -ranceses e sobretudo in!leses -a(iam escala no Habo onde procuravam obter madeiras tintureiras al*m do mar-im *bano e al!uns escravos& 5.$.$. O >&#i4 ,"-" -"()4" No discurso administrativo o 5rasil -unciona como modelo para a pro7eco da coloni(ao de 'n!ola& / ideal ser8 conse!uir -a(er da col"nia a-ricana um 5rasil ultrapassar at* as reali(a4es ali alcanadas& Z interessante veri-icar como este t"pico remonta ao s*culo G6++ IIK e se!ue at* ao G+G e mesmo GG& / discurso decisivo de S8 da 5andeira pro-erido nas cortes em INRK re-ere os @5rasis a-ricanosA e -a( a vira!em pol,tica para o Ultramar depois de muitas opini4es contr8rias e d3vidas sobre se se devia ou no manter o +mp*rio& Lopes de Lima na d*cada de IN^; ao ima!inar a promoo de -ormas modernas de coloni(ao para 'n!ola dei$a soltar uma e$clamao de entusiasmoE @?ue rival to peri!oso pode tornar2se dentro em pouco este continente para o continente -ronteiromA IIJ & IIL "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ I:J& IIK C-& Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos, vol& + IO^; p& ILR2ILL& IIJ Lima ,nsaios sobre a ,statWstica&&& Livro +++ %arte + p& ^N& ..................... 50 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m relao ao s*culo G6+++ este t"pico * re-orado com o -acto de a pol,tica re-ormista na 'ma("nia pela mo do ento Hovernador Francisco Gavier de 0endona Furtado ter antecedido em al!uns anos a e$perincia em 'n!ola& 'li8s abandonando o !overno do 5rasil 0endona Furtado passou a ocupar a pasta de Secret8rio dos Ne!"cios Ultramarinos e -oi sob a sua tutela directa 1ue as novas directivas para a col"nia a-ricana comearam a ser emanadas& ' sua e$perincia no 5rasil pode e deve ter in-luenciado a pro7eco para 'n!ola mas a mera @teoria da in-lunciaA parece no ser a1ui su-iciente no sentido em 1ue antes disso est8 um ambiente pol,tico institucional -ilos"-ico at* 1ue no s" * -avor8vel como e$i!e a reor!ani(ao das estruturas imperiais no seu con7unto& De 1ual1uer -orma a e$perincia colonial no 5rasil antecedeu muitas ve(es a de 'n!ola e -oi re-erida em ordens r*!ias para -undamentar e provar a pertinncia de mudanas de !overno& #ssa cola!em dos destinos de 'n!ola aos destinos do 5rasil teve em al!uns o-iciais de 'n!ola opositores 1ue ar!umentavam ser 'n!ola uma terra sem comparao pela @barbaridadeA e @-alta de meios pol,ticosA e portanto incapa( de ser receptiva a medidas 1ue .aviam sido ima!inadas para outras !eo!ra-ias& D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo -oi provavelmente neste aspecto a vo( mais cr,tica IIN & 5.$.:. S#!)&) #5&i,#'i%# 'pesar do crescente interesse 1ue o p3blico letrado mani-estou pelas .ist"rias e relatos de via!ens IIO a #uropa culta possu,a um con.ecimento limitado e uma e$perincia escassa da X-rica no s*culo G6+++& De pouco servia a 1uem pretendia a!ir no terreno I:; & Se as no4es !erais sobre policia e coloni(ao podiam e deviam -iliar2se em te$tos doutrin8rios estran!eiros 1uando se tratava de captar a subst<ncia da X-rica Ne!ra tornava2se inevit8vel recorrer ao saber depositado na literatura de via!ens rela4es de mission8rios mas sobretudo ao saber da e$perincia colonial presente na escrita administrativa ou no con.ecimento mais in-ormal transmitido oralmente nos Consel.os ou secretarias li!ados aos assuntos ultramarinos pelos administradores ou !overnadores 1ue tendo estado no terreno .aviam captado as l"!icas do poder dos t,tulos pol,ticos das !eo!ra-ias -,sica comercial ideol"!ica desta X-rica Central atrav*s do contacto com IIN Carta de 0'0 para RSC :N de 9un.o de IJON 'HU C$& NN doc& :IY IK de 9un.o IJNN 'HU C$& NN Doc& IR& IIO Dio!o Ramada Curto @'s %r8ticas de #scritaA in .istria da ,+panso Portuguesa vol& +++ O 1rasil na balan#a do "mprio F>SCB6>@D@H Lisboa C,rculo de Leitores IOON p& ^:I& I:; Robin Hallet @).e european&&& pp& IOI2:;K& ..................... 51 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola in-ormantes portu!ueses muitos deles comerciantes os pr8ticos do sertoA mas tamb*m embai$adores sobas ou mesmo escravos& Como assinala 'l-redo 0ar!arido a prop"sito da produo do te$to colonial os a!entes portu!ueses no so @.omens da escritaA sero antes acrescento eu .omens da aco no re!isto da oralidade I:I & /s @saberes a-ricanistasA ainda esto lon!e de uma construo sistemati(ada pr"pria dos -inais do s*culo G+G I:: em diante apesar das primeiras tentativas 1ue nesse sentido de -orma mais ou menos directa comeam a despontar para o -im do s*culo G6+++ I:R & #m meados de setecentos por*m a in-ormao dispon,vel encontra2se a outros n,veis como se ver8 de se!uida& 5.$.:.1. E,&i%# #(-i'i%&#%i;#. Sem es1uecer e dei$ar de ter em conta os te$tos escritos por mission8rios sobre X-rica desde o s*culo G6 criteriosamente !uardados nos ar1uivos eclesi8sticos e a -orma como as ima!ens neles constru,das sedimentaram um @saber a-ricanistaA e se repercutiram no ima!in8rio europeu interessa a1ui sublin.ar a e$istncia de um saber administrativo depositado nos ar1uivos e c.ancelarias r*!ios sobre 'n!ola e sobre a pol,tica a-ricana& / !overno de 'n!ola e$i!ira uma aprendi(a!em e a conse1uente acumulao de con.ecimentos& /s administradores iluministas tin.am2no disposio& / re!imento do !overnador de 'n!ola datado de IKJK o-erece muita in-ormao emp,rica sobre 'n!ola e 78 sistemati(a !rande parte das 1uest4es de !overno 1ue l.e eram espec,-icas& Salienta2se a centralidade dos capites2mores no !overno sertane7o e as 1uest4es 1ue levantavam ou a re!ulamentao da circulao no serto sobretudo a proibio aos .omens brancos& Z e$tremamente rico na e$plicao e de-inio do tipo de inte!rao dos potentados a-ricanos incluindo at* alus4es ao seu sistema pol,tico identi-icando as -ormas de eleio dos sobas e o papel do consel.o dos macotas neste processo& /-erece e$plica4es sobre a !uerra os recursos naturais em especial as minas Vnas suas variantesW o sal e o mar-im& I:^ & 's redes de contactos interpessoais e institucionais ao n,vel internacional entre eruditos 1ue muitas ve(es so tamb*m diplomatas e ocupam outros car!os p3blicos caso I:I 'l-redo 0ar!arido @Le colonialisme portu!ais et lUant.ropolo!ieA Ant-ropologie et "mprialisme or!& 9ean Copans %aris Franois 0aspero IOJL pp& R;J2R^^ p& RIJ2RIN& I:: C-& #mmanuelle Sibeud Une /cience "mpriale pour l*AfriqueR (a construction des sa$oirs africanistes en 7rance, >@B@6 >CAD %aris #H#SS :;;:& I:R 6er J&N&Para a constru#o de um saber colonial I:^ Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& ..................... 52 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dos !overnos ultramarinos devem ser a1ui consideradas a dois n,veis complementares o dos indiv,duos e o das in-orma4es veiculadas& ' considerao do desen.o de percursos pessoais p4e vista a porosidade dos v8rios circuitos intelectuais ou eruditos diplom8ticos e !overnativos e permite avanar al!umas .ip"teses acerca da maneira como as in-orma4es sobre as col"nias e a coloni(ao circulam& Na con7untura subse1uente lei de R de Setembro de IJLO 1ue e$pulsava a Compan.ia de 9esus em %ortu!al e nos seus dom,nios a administrao ultramarina -oi !arantida em Lisboa T na Secretaria de #stado da 0arin.a e Dom,nios Ultramarinos entre IJLO e IJKO 2 por Francisco Gavier de 0endona Furtado irmo de Sebastio 9os* de Carval.o& ' partir de IJJ; a Secretaria passava para 0artin.o de 0elo e Castro 1ue a asse!urou num mandato e$tremamente lon!o at* sua morte em IJOK 1uando D& Rodri!o de Sousa Coutin.o -il.o do Hovernador de 'n!ola D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o e a-il.ado do Conde /eiras passou a ocupar o lu!ar& Z de sublin.ar 1ue o primeiro !abinete pombalino datado de IJLK Vo !abinete 9ose-ino anterior * um !abinete de transio onde Dio!o 0endona Corte2Real ocupa o lu!ar da Secretaria do UltramarW inte!rava na Secretaria dos Ne!"cios #stran!eiros e da Huerra D& Lu,s da Cun.a tio do !overnador de 'n!ola 'nt"nio Xlvares da Cun.a& Depois deste !abinete a secretaria dos Ne!"cios Ultramarinos esteve nas mos de trs .omens com li!a4es s"lidas a %ombal e s ideias por ele preconi(adas para a administrao ultramarina& Desde a primeira metade do s*culo G6+++ e visivelmente depois de -undao da 'cademia Real da Hist"ria instituio 1ue -unciona como empresa o-icial em articulao com o advento das cincias documentais I:L %ortu!al investe no levantamento de -ontes documentais com vista construo de uma mem"ria .ist"rica sobre os seus dom,nios ultramarinos tamb*m como instrumento de resposta intensi-icao da concorrncia das di-erentes potencias europeias nos espaos coloniais& / controle de in-ormao sobre os territ"rios e as popula4es tra( consi!o a .ip"tese de re-oro do controlo pol,tico sobre esses territ"rios& %elo decreto de -undao da1uela instituio D& 9oo 6 estabelecia a prioridade na escrita de tudo o 1ue pertencia Hist"ria dos Reinos e suas Con1uistas I:L +sabel 0ota A Academia p& :R ..................... 53 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola reclamando a todos os ar1uivos e cart"rios provinciais mas tamb*m coloniais a recol.a e envio at* corte de mat*ria documental I:K & #sta atitude mostra como nos c,rculos intelectuais mas tamb*m pol,ticos se tin.a vindo a inscrever a ideia de 1ue a or!ani(ao dos ar1uivos resultava indispens8vel construo da mem"ria administrativa e esta por sua ve( indispens8vel construo do #stado em moldes modernos -uncionando como instrumento de !overno e-ica( e tamb*m necess8rio& %ortanto o interesse do Conde da Cun.a na or!ani(ao dos ar1uivos e$istentes na col"nia de 'n!ola deve ser li!ado por um lado a um movimento acad*mico 1ue o antecede e onde ele e o pr"prio %ombal mer!ul.am a sua -ormao por outro emer!ncia de uma distino entre p3blico e privado constitutiva do #stado moderno& H8 uma mem"ria administrativa 1ue reporta .ist"ria e !eo!ra-ia da ento col"nia de 'n!ola 1ue emer!e a1ui e ali nas narrativas pra!m8ticas dos !overnadores e outros .omens pr8ticos do terreno& Surpreendem2se in-orma4es precisas sobre a .ist"ria dos reinos a-ricanos em te$tos administrativos 1ue partida seriam insuspeit8veis a este prop"sito I:J & / discurso pombalino procura ento apoiar2se em in-ormao emp,rica sobre 'n!ola recol.ida em literatura de via!ens sobre a 8rea e nos relatos escritos ou orais de anti!os !overnadores da col"nia& ' opinio de !overnadores mais anti!os a!ora com o estatuto de consel.eiros e @in-ormantesA I:N aparece citada nos alvar8s r*!ios e outros documentos de ori!em metropolitana para -undamentar e credibili(ar medidas 1ue supun.am um con.ecimento directo do espao an!olano& /s seus pareceres sobre os relat"rios ou consultas elaborados pelos !overnadores em e$erc,cio !arantem atrav*s de uma instituio metropolitana o Consel.o Ultramarino a conver!ncia e a continuidade das vias administrativas& ' administrao ultramarina -a(2se sobre vaiv*ns de in-ormao apoiada nas e$perincias dos v8rios !overnadores& / 0ar1us de Lavradio V'nt"nio de 'lmeida Soares e %ortu!alW inte!rava o Consel.o Ultramarino 1uando o Conde da Cun.a I:K No seu trabal.o +sabel 0ota V"bidem pp& RN ON e ssW indica al*m dos ar1uivos camar8rios e eclesi8sticos do Reino os ar1uivos do 5rasil& ' mesma .istoriadora in-ormou2me ter veri-icado no decurso da sua investi!ao 1ue pedidos i!uais -oram enviados para o 5ispado de 'n!ola Vassim como #stado da CndiaW e ter encontrado nas actas da 'cademia v8rias 1uei$as nomeadamente de Caetano de Sousa denunciando a morosidade das respostas& I:J ' t,tulo de e$emplo cito o 5aro de 0o<medes um dos mais proli$os !overnadores de 'n!ola %ara si a re-erncia ao reino do NUDon!o remetia a uma !eo!ra-ia uma cronolo!ia e uma situao pol,ticaE @anti!a corte de Cabasa Residncia do Rei de 'n!ola e destru,da pelo Hovernador %aulo Dias de Novais 1ue nave!ando pelo rio Cuan(a c.e!ou ao certoA& /rdem sobre a e$pedio ao Cabo Ne!ro&&& :^ de 0aio de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& LNv2LO& I:N Consulta de L de De(embro de IJOI 'HU C"d& ^NI -l& I:v& ..................... 54 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !overnava 'n!ola I:O e este por sua ve( estava no mesmo Consel.o durante o !overno de 'nt"nio 6asconcelos IR; & Um e$emplo mais tardio d*cada de IJO; no Hoverno de 0anuel 'nt"nio 6asconcelos revela 1ue as consultas do Consel.o Ultramarino acerca de 'n!ola contam -re1uentemente com e$tensos pareceres do 5aro de 0o<medes ento consel.eiro IRI & Rodri!o C*sar de 0ene(es por e$emplo * citado por D& 9os* numa deciso do Consel.o Ultramarino para e$plicar a necessidade de -orti-icar a pedra de #nco!e situada num ponto estrat*!ico de con-luncia pol,tica entre os Dembos 'mbuila e 'mbuela e capa( pela sua locali(ao de travar o -lu$o de mercadorias at* aos portos de Luan!o 0olembo e Cabinda receptadas por navios estran!eiros& #sta * como se sabe uma das medidas pol,ticas e militares mais marcantes do per,odo em estudo e s" poderia ter sido tomada a partir de Lisboa com base na circulao de in-ormao v8lida sobre o terreno IR: & No raramente os !overnadores em e$erc,cio ou 78 mais tarde no papel de Consel.eiros denunciavam a ausncia de respostas por parte do Consel.o Ultramarino a representa4es por eles veiculadas 1ue e$i!iam pela sua ur!ncia aten4es e medidas metropolitanas& ' relao entre %ombal e a -i!ura do !overnador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a parece a este respeito bastante reveladora& No ano de IJLR o -uturo Conde da Cun.a passa a ocupar o car!o de !overnador de 'n!ola& #ste * o ano em 1ue se inicia a partir de Lisboa um movimento 1ue visa uma reavaliao da col"nia de 'n!ola& Sobre este aspecto deter2me2ei mais adiante V$ide K& / 1ue pensam e -a(em os !overnadoresW Neste ponto interessa2me perceber de 1ue tipo de in-ormao dispun.a a metr"pole e 1ue papel desempen.ou nessa captao de materiais o !overnador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a& Desde lo!o Xlvares da Cun.a insere2se numa lin.a!em estreitamente atada aos c,rculos do poder e da alta aristocracia intelectual& 's redes intelectuais e culturais misturam2se com as redes do poder estabelecendo uma verdadeira rede de sociabilidade& #ste !overnador de 'n!ola era neto do !uarda2mor da )orre do )ombo e seu .om"nimo 'nt"nio Xlvares da Cun.a por sua ve( pai do diplomata D& Lu,s da Cun.a VIKK:2IJ^OW em casa de 1uem -oi I:O @%arecer do 0ar1us de Lavradio sobre as cartas enviadas por 'nt"nio 'lvares de Cun.aA Luanda K de '!osto de IJL^Y 'HU C$& RO Doc& K: '& IR; 6ide @%arecer dado pelo Conde da Cun.a proposta de re-orma do e$*rcito de 'n!olaA 'HU C$& ^: Doc& KJ Lisboa :R de 0aio de IJLO& IRI Consulta de L de De(embro de IJOI 'HU C"d&^NI -l& I; v& IR: 'lvar8 de D& 9os* sobre a construo da -ortale(a da %edra de #nco!e II de Setembro de IJLR 'HU c$& RN doc& KJ& ..................... 55 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola institu,da em IKKJ a 'cademia dos Henerosos& ' ela pertenciam D& Francisco 0anuel de 0elo 'nt"nio de Sousa de 0acedo o cosm"!ra-o 0anuel %imentel os Condes de #riceira Ra-ael 5luteau e Lu,s da Cun.a IRR & ' 'cademia dos Henerosos sobreviveu at* ao s*culo G6+++ e depois de uma reconverso nas Con-erncias Discretas e #ruditas acabou por estar na !*nese da 'cademia de Hist"ria -undada em IJ:;& / pr"prio %ombal muito antes das suas miss4es diplom8ticas participava deste ambiente acad*mico e recebia a, -ormao IR^ & ' X-rica no se encontrava -ora da es-era das preocupa4es destes +luministas e acad*micos portu!ueses como D& Lu,s da Cun.a& Nas suas "nstru#Kes a 4arco Antnio de A%e$edo Coutin-o salienta a vanta!em 1ue se tiraria de uma li!ao directa por terra entre 'n!ola e 0oambi1ue do 'tl<ntico ao Cndico pelas rotas terrestres atravessando a X-rica 'ustral costa a costa com o -im de vir a substituir a morosa e dispendiosa Rota do Cabo IRL & Na se1uncia da re!ncia deste !overnador o Conde de /eiras passou a dispor de elementos actuali(ados 1ue l.e permitiram !i(ar um plano de re-ormas em 'n!ola& 'li8s o %ombalismo inicia2se em 'n!ola com D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a sobrin.o do iluminista portu!us D& Lu,s da Cun.a Vprincipal consel.eiro de D& 9os*W este como se sabe estreitamente li!ado aos c,rculos de %ombal e em parte respons8vel pela sua apro$imao a D& 9os* IRK & Como acontecia muitas ve(es com os anti!os !overnadores Xlvares da Cun.a inte!rou o Consel.o Ultramarino 1uando re!ressou ao Reino IRJ & Durante o per,odo em 1ue 'nt"nio 6asconcelos -oi Hovernador de 'n!ola o 0ar1us de %ombal manteve com o Conde da Cun.a conversa4es 1ue l.e deram a con.ecer as condi4es de !overnabilidade da1uela col"nia e -oi em parte com base nessas in-orma4es 1ue o mesmo %ombal IRR D& R& Curto O &iscurso PolWtico em Portugal F>SDD6>SGDH Lisboa Universidade 'berta p& ON2 OO& IR^ 'presenta a sua Pratica 'cademia em IJRR& C-& +sabel 0ota A Academia p& R^; e ss& IRL "nstru#Kes "nditas pp& ::I2::L& IRK 9& 5&0acedo @Dial*tica da Sociedade&&& p& IN& IRJ Depois de ocupar o lu!ar de vice2rei do 5rasil VIJKR2IJKJW c.e!a a presidente do Consel.o Ultramarino em IJKN& 0aria de F8tima Silva Houva @%oder pol,tico e administrao na -ormao&&&A in O Antigo 3egime nos trpicos A dinJmica imperial portuguesa Fsculos L2"6L2"""H Rio de 9aneiro Civili(ao 5rasileira p& R;J2R;N& ..................... 56 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola produ(iu o seu parecer& ?uando D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o * escol.ido para Hovernador de 'n!ola em IJK^ tudo leva a crer 1ue .ouve uma preparao pr*via& / car8cter e$cepcional do Hoverno de Sousa Coutin.o -ica a dever2se no s" as 1ualidades pessoais e preparao do novo !overnador mas tamb*m ao -acto de a sua misso ter sido preparada pelo pr"prio %ombal& %ortanto muitas das medidas 1ue at* a1ui a .istorio!ra-ia atribui ao !*nio de Sousa Coutin.o inscrevem2se a-inal num @pro7ectoA mais vasto !enuinamente pombalino 1ue visa uma revalori(ao da col"nia de 'n!ola IRN & 'inda no campo da escrita administrativa parece v8lido considerar 1ue mem"rias ou relat"rios elaborados por anti!os !overnadores de 'n!ola ou o-iciais mais secund8rios ten.am contribu,do mesmo 1ue residualmente para a construo de um saber a-ricanista -undamentado na e$perincia administrativa& '-inal um saber assente na e$perincia em lar!a escala certamente nunca re!istado em papel mas apenas transmitido entre !era4es de .omens li!ados li!ados !esto dos assuntos ultramarinos& Rumores ou @coisas 1ue se sabemA veiculados pela via da oralidade nos meios burocr8ticos e impl,citos nos te$tos escritos& ' t,tulo de e$emplo conv*m assinalar o -acto de os manuscritos da casa dos Condes de Redondo e entre eles a importante @Colect<nea de Ferno de SousaA !overnador de 'n!ola entre IK:^2IKR; .averem sido inte!rados na biblioteca de D& 9os* re-eita depois do )erramoto de IJLL e instalada no -uturo pal8cio da '7uda IRO & / si!ni-icado * pelo menos esteE a in-ormao e$istia e estava dispon,vel& /-erecem menos d3vidas 1uanto repercusso 1ue podero ter tido 7unto dos circuitos administrativos os resultados da via!em ao Cuan!o VD\an!oW de 0anuel Correia Leito e 'nt"nio Francisco Hri(ante em IJLL2IJLK por ordem do ento !overnador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a permitindo uma apro$imao ao este severamente re!ulamentada pelos poderes pol,ticos a-ricanos I^; & ' via!em inte!rava2se ali8s num pro!rama de travessia da X-rica para IRN Como nota comparativa re-ira2se 1ue o mesmo tipo de procedimento se veri-icou tendo em vista a re-ormulao pombalina da administrao de 0acau& / Hovernador Dio!o Fernandes Salema de Saldan.a ter8 remetido in-orma4es si!ni-icativas ao Secret8rio de #stado 0artin.o de 0elo e Castro 1ue -oram articuladas com um con7unto de dados bastante mais variado onde se conta por e$emplo documentao recol.ida no Consel.o Ultramarino e outra captada nos ar1uivos de institui4es da administrao& C-& 'nt"nio 6ale @0acau e a C.ina&&&A Vte$to policopiadoW& IRO Heint(e 7ontes para a .istria de Angola do /culo L2"", memrias, rela#Kes e outros manuscritos da colectJnea documental de 7erno de /ousa F>SVV6>SAGH IONL p& ^O& I^; 0anoel Correia Leito @Relao e breve sum8rio da via!em 1ue eu o sar!ento mor dos moradores do Dande -i( s remotas partes de Cassan!e e /los por mandado do +ll&mo e #$&mo Sen.or Hovernador e capito !eneral dstes Reinos D& 'nt"nio 'lvares da Cun.aA VIJLL2KW in Hasto Sousa Dias Ved&W IORN @Uma via!em a Cassan!e nos meados do s*culo G6+++A 1oletim da /ociedade de Meografia de (isboa LK pp& R2 R;& Numa edio anotada por #v8 SebestB*n e 9an 6ansina& @'n!olaUs #astern .interland ..................... 57 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola alcanar 0oambi1ue pensado desde o s*culo G6++ I^I retomado pelo diplomata D& Lu,s da Cun.a na primeira metade de setecentos e visando veri-icar as condi4es da sua e$e1uibilidade I^: ' intelligent%ia re-ormista inscrita nas redes enciclopedistas de sociabilidade tra(ia ao campo pol,tico contributos liter8rios 1ue normalmente l.e eram estran.as& ?uer di(er a!ora no * s" a !rande literatura 7ur,dica do ius commune 1ue in-orma a actuao pol,tica& 's produ4es no 7ur,dicas de naturalistas cientistas ou peda!o!os inscrevem2se num modelo de interc<mbio intelectual e so c.amadas a participar na -undamentao das decis4es pol,ticas& ' posio de Ribeiro Sanc.es em %aris com li!a4es a D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o pcs em articulao o !overnador de 'n!ola com o naturalista 5u--on& /s seus te$tos so consi!nados numa avaliao pol,tica da col"nia de 'n!ola nas condi4es da sua !overnao e at* produ(idos em -uno das necessidades propostas pela col"nia I^R & 5.$.:.$. O 4i;&" () ;i#+)' ) # ;i#+)- 3)4" 4i;&" 98 -oi assinalado por v8rios autores o papel da literatura de via!ens na -ormao do esp,rito -ilos"-ico e a sua relao com um novo tipo de administrao espec,-ico do per,odo das Lu(es& 's bibliotecas privadas da *poca acol.em volumes deste !*nero sendo por meio deles 1ue se vai consolidando e sedimentando um saber e com ele opini4es acerca dos espaos coloniais e das e$perincias a, produ(idas pelas potncias europeias I^^ & No pro7ecto pombalino e nas re-erncias 1ue os v8rios !overnadores de 'n!ola produ(iram 1uando precisaram le!itimar pontos de vistas atrav*s de um saber livresco mas no necessariamente doutrin8rio sobressai a literatura de via!ens ou tipo de narrativa de tipo @etno!r8-icoA produ(ido por mission8rios& in t.e IJL;sE ' )e$t #dition and )ranslation o- 0anoel Correia LeitoUs ]6oBa!eU VIJLL2IJLKWA .istor5 in Africa :K VIOOOW pp& :OO2RK^& 6er ainda 9&2L& 6ellut @La pr*sence portu!aise au Con!o du GvSme siScle la deu$iSme !uerre mondialeA e$trait de la 3$ue Mnrale aout2septembre nQ N2O IOOI p& RJ& I^I ' primeira tentativa de travessia or!ani(ada pelas autoridades de Luanda data de IK;J& 0&#&0&Santos 2iagens de ,+plora#o :errestre dos Portugueses em Efrica ++C) IOJK p& IRN& I^: 2ide K&I& Os anos da $iragem VIJLR2IJKKW& I^R 2ide infra VI:&I&Aparel-os ideolgicos de reprodu#oW a import<ncia da opinio de 5u--on na avaliao da 1ualidade do -erro de 'n!ola& I^^ 6er por todos 0ic.Sle Duc.et Ant-ropologie et .istoireP pp& KR e ss& ..................... 58 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #ntre a literatura de via!ens dispon,vel na #uropa para o con.ecimento da X-rica I^L pontuam as obras do padre capuc.in.o Cava((i de 0ontec3ccolo Vna sua traduo -rancesa por LabatW I^K e de Huillaume 5osman I^J uma e outra obras de !rande divul!ao na #uropa acerca da X-rica& / corpus te$tual pombalino constr"i2se precisamente em ateno ao itiner8rio intelectual europeu e no cita se bem 1ue possa ter sido considerada uma cr"nica *pica escrita em portu!us a .istria Meral das Muerras Angolanas de 'nt"nio /liveira Cadorne!a I^N onde vin.a or!ani(ada in-ormao .ist"rica e etno!r8-ica sobre a col"nia com especial incidncia para lin.a do Cuan(a e potentados vi(in.osY mas contemplando tamb*m in-orma4es sobre a !eo!ra-ia e or!ani(ao pol,tica da 8rea costeira entre o Con!o e Novo Redondo mencionando o Cunene o Cuan!o e va!amente o Cassai assim como al!uns reinos ovimbundo I^O & %ara mais os trs volumes da obra dedicada ao %r,ncipe Re!ente D& %edro ++ estavam dispon,veis em Lisboa no ano de IKNR e a partir de IJ^I nas bibliotecas da elite estran!eirada da *poca e ao 1ue tudo indica acess,vel a %ombal IL; & %arece2me portanto le!,timo a-irmar 1ue os I^L Se bem 1ue sem ser directamente citado nesta documentao o livro do %adre Francisco Xlvares 2erdadeira "nforma#o das :erras do Preste Too das Zndias tendo sido o primeiro livro europeu inteiramente dedicado 'biss,nia despertou !rande curiosidade em %ortu!al e na #uropa e -oi publicado em Lisboa em IL^; tradu(ido ainda no s*culo G6+ em espan.ol -rancs alemo e no princ,pio do s*culo G6++ em in!ls& C-& %adre Francisco Xlvares 2erdadeira "nforma#o das terras do Preste Too das Zndias Lisboa IL^;& Reed& '!encia Heral do Ultramar Lisboa IO^R& I^K ' primeira edio apareceu em 5olon.a em IKNJ escrita em l,n!ua italiana com o t,tulo "storica &escri%ione de* tre 3egni, Congo, 4atamba et Angola& ' se!unda edio mais redu(ida * de 0ilo e data de IKO;& #m IJR: o dominicano 9oo 5aptista Labat publicou com al!umas modi-ica4es a traduo -rancesa do livro usando o t,tulo 3elation .istorique de (*,t-iopie Occidentale contenant la description des 3o5aumes de Congo, Angolle et 4atambe& ' citao abreviada 1ue %ombal -a( no seu parecer remete a esta traduo de Labat& C-& F& Leite Faria na introduo a 9oo 'nt"nio Cava((i de 0ontec3ccolo &escri#o -istrica dos tr8s reinos Congo, 4atamba e Angola +ntroduo 5iblio!r8-ica por F& Leite Faria )raduo pelo %adre Hraciano 0aria de Le!u((ano vol& + Lisboa '!rupamento de #studos de Carto!ra-ia 'nti!a 9unta de +nvesti!a4es do Ultramar IOKL pp& G++ e ss& I^J Huillaume 5osman esteve IR anos na costa da Huin* e dedica a obra aos directores da Compan.ia Heral das Cndias /cidentais presentes assembleia dos De( em 'msterdo com o -im de prestar in-orma4es verdadeiras sobre a costa da Huin* e o seu com*rcio& C-& Huillaume 5osman 2o5age de Muine, contenant une description nou$elle et tr0s e+acte de cette Cote o\ l*on trou$e et o\ l*on trafique l*or, les dents d*,lp-ant, et les ,scla$es9 de ses Pa5s, 3o5aumes, et 3epubliques, des 4oeurs des -abitants de leur 3eligion, Mou$ernement, administration de la Tustice, de leurs Muerres, 4ariages, /pultures, etc, depuis peu Conseiller et premier 0arc.and dans le c.<teau de St Heor!e dU#lmina et Sous Commandeur de la Cote 'utrec.t C.Ss 'ntoine Sc.outen 0arc.and Libraire IJ;L& I^N 6iveu em 'n!ola mais de 1uarenta anos desde IKRO primeiro como soldado depois al-eres e capito e -inalmente como membro da camara de Luanda& I^O Uma sistemati(ao do tipo e verosimil.ana da in-ormao disponibili(ada por Cadorne!a acerca de 'n!ola -oi reali(ada por Hlad\Bn 0urraB C.ilds @).e peoples o- 'n!ola in t.e seventeent. centurB accordin! to Cadorne!aA TA. + : IOK; pp& :JI2:JO& IL; #m IJ^I estavam na livraria do Conde de #riceira D& Lu,s de 0ene(es e outros& Depois c.e!aram livraria do Convento de 9esus 1ue actualmente pertence 'cademia de Cincias& C-& 9os* ..................... 59 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola termos da avaliao pol,tica das situa4es pelo Conde de /eiras embebem neste per-il de *poca& ' invocao da autoridade de !randes narrativas da Hist"ria de 'n!ola ou de te$tos de via!ens em X-rica revela al!umas altera4es 1uando so os !overnadores a -alar& / con.ecimento directo do terreno e as interro!a4es a 1ue ele condu( reor!ani(a o elenco de in-orma4es dispon,veis nas es-eras administrativas& Sousa Coutin.o d8 provas de con.ecer e tamb*m de ter percebido a Hist"ria Heral das Huerras 'n!olanas de Cadorne!a no 1ue se re-ere descrio dos desa-ios postos pelas sociedades a-ricanas introduo do povoamento branco ILI & # para complementar in-ormao acerca de 'n!ola procurou na sua Casa de -am,lia sen.orio de Houveia mem"rias escritas pelo seu terceiro avc o !overnador de 'n!ola Ferno de Sousa& Foi ali8s com base nesses manuscritos onde se sinali(avam 7a(idas de cobre na 8rea de 5en!uela 1ue desenvolveu es-oros para as locali(ar IL: & No seu pro7ecto de unio das costas ocidental e oriental de X-rica -oi condu(ido por cartas !eo!r8-icas Vcu7a ori!em no c.e!a a identi-icarW mas 1ue ter8 comparado em 'n!ola com in-orma4es ali col.idas ILR & / 5aro de 0o<medes durante a d*cada de IJN; nas suas instru4es para as e$pedi4es naturalistas pun.a em causa a autoridade de 'ndre\ 5attel IL^ aventureiro in!ls 1ue esteve em 'n!ola no s*culo G6+ vivendo com os 9a!as V4bangala "mbangalaW ao Sul do Cuan(a e reclama a necessidade de a-astamento -ace @dependncia das Lu(es dos #stran!eiros 1ue -ormaro os 0apas pelas noticias de 5atelA ILL & Contrapun.a2l.e a autoridade da .istoire gnrale des 2o5ages de %r*vost ILK e sobretudo 0at.ias Del!ado @%r"lo!oA 'nt"nio de /liveira Cadorne!a .istria Meral das Muerras Angolanas )omo + pp& G+++ e ss& ILI FU% Papeis do Mo$erno de Angola 0ss& ^L R& L2R2J -l&I;I2I;^& IL: /-,cio de F+SC para FG0F I: de 9aneiro de IJKO AA vol + nQL 0aro de IORK s& pp& ILR @5reve e 3til ida sobre o Commercio&&& IJJO AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& IL^ 'ndre\ 5attel k).e stran!e adventures o- 'ndre\ 5attel o- Lei!. in #sse$ sent bB t.e %ortu!als prisoner to 'n!ola \.o lived t.ere and in t.e ad7oBnin! Re!ions neere ei!.teene Beeresk Samuel %urc.as ed& .aklu5tus Post-umus or Purc-as .is Pilgrimes containing a .istor5 of t-e =orld in sea $o5ages and (ande :ra$ells b5 ,nglis-men and ot-ers :p ed& vol& K Hlas!o\ 9ames 0acLe.ose and Sons IO;L pp& RKJ2^;K& ILL C-& Carta do 5aro de 0oamedes para 9os* Seabra da Silva Luanda IL de 9ul.o de IJNK 'HU C"d& IK^: -l& RJv& ..................... 60 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola das cartas de X-rica elaboradas por Danville de-endendo a sua articulao com in-orma4es transmitidas pelos con.ecedores da costa e os @pr8ticos do sertoA& ' rede por onde circulava a in-ormao acerca de X-rica .avia tocado o terreno pelo 1ue estavam reunidas condi4es para uma s,ntese -rutuosa entre os livros de via!ens com os di-erentes saberes e$perimentais& ILK Li*vin25onaventure %r*vost .istoire gnrale des 2o5ages, #diteur Didot %aris IJ^K2IJ^J& Data da via!emE de IK;; IJ^JY o documento * um impressoY data de publicaoE de IJ^K IJ^J t& ++ e +6 livros 6+ e G+& ..................... 61 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola <. A'+"4# '/- -"()4" () +";)&'" (" -/'(" / pro!rama de !overno para 'n!ola * percorrido por um con7unto de topoi e o-erece um 1uadro completo de re-ormas 2 em suma um novo m*todo 2 para a coloni(ao de 'n!ola 1ue coincide com um modelo universal de !overno do mundo de @domesticaoA do mundo tal como ele -oi -ormulado em %ortu!al na se!unda metade do s*culo G6+++ se!uindo modelos articulados e di-undidos por todas as @na4es polidas e civili(adas da #uropaA para usar uma e$presso da *poca& Como se viu mais atr8s esse modelo -oi ensaiado e aplicado nos restantes espaos ultramarinos com varia4es 1ue decorriam das especi-icidades propostas por cada um deles& 's "nstru#Kes para & Antnio de (encastre escritas por 0artin.o de 0elo e Castro em 9ul.o de IJJ: ILJ -a(em um verdadeiro balano do %ombalismo em 'n!ola at* IJJ: com a transcrio de toda a documentao 1ue sustenta uma re-orma de 'n!ola e nas palavras do mesmo a instaurao de um novo @sistema de !overnoA& / corpus documental 1ue tratei para a identi-icao dos vectores de !overno 1ue colocavam 'n!ola num modelo de !overno do mundo restrin!e2se aos te$tos Vpro7ectos re!imentos&&&W reunidos at* IJJ: se bem 1ue insira al!umas re-erncias a peas te$tuais posteriores& / peso do tr8-ico de escravos em 'n!ola e a dependncia do 5rasil em relao a esse mesmo tr8-ico e$plicam 1ue o corpo le!islativo sobre ele produ(ido no ano de IJLN Vleis de II e :L de 9aneiroW mais as novas Condi4es do Contrato de :K de 9aneiro do mesmo ano com validade a partir de L de 9aneiro de IJK; apaream no topo do discurso re-ormista indicadas como @os primeiros -undamentos da restaurao da1uelle ReinoA ILN & #ssas medidas resultaram na liberali(ao do acesso ao serto e na remisso da administrao do contrato do escravos e do estanco do mar-im para a Fa(enda Real pondo -im ao sistema de Contratos a particulares& / 1ue tem interesse no con7unto de te$tos metodicamente reunidos por 0artin.o de 0elo Castro em IJJ: 1uando tin.am passado cerca de vinte anos sobre o in,cio da pol,tica pombalina * a e$trema pro$imidade do pro!rama neles contido relativamente aos ILJ 'HU C"d& ^J: -ls& I2LRv& ILN "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ L& ..................... 62 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola te$tos doutrin8rios mais representativos da *pocaY em especial com a obra de #& 6attel :-e (aO of )ations [!& No caso an!olano independentemente de todas as doutrinas -undadoras de re-ormula4es pol,ticas o tr8-ico de escravos manteve re-orando at* a sua centralidade nos ob7ectivos propostos& #sse aspecto esteve omnipresente em todas as re-le$4es nunca c.e!ando a ser posto em causa& / primeiro e !rande desiderato da coloni(ao de 'n!ola consistia em -a(er crescer o tr8-ico de -orma a viabili(ar a coloni(ao do 5rasil& / interesse do tr8-ico de escravos no desen.o das lin.as de !overno para 'n!ola criou necessariamente constran!imentos silncios ambi!uidades e parado$os na le!islao& %or*m um dos aspectos mais inovadores do pro!rama pombalino consiste no desenvolvimento de uma pol,tica para trans-ormar 'n!ola numa col"nia de povomento e de produo atrav*s de manu-acturas trabal.o da terra ou mera e$traco de produtos naturais com boa aceitao nos mercados europeus& 0as o primeiro t"pico deste pro!rama visa fundar a sociedade, tornando col"nia uma col"nia de povoamento& 's "nstru#Kes, elaboradas por 0artin.o de 0elo e Castro a 1ue me ten.o re-erido comeam 7ustamente por de-inir a coloni(ao de 'n!ola em relao instalao de um !overno capa( de estabelecer uma sociedade or!ani(ada por re!ras& 'n!ola seria at* ento um espao onde @no se con.ecia V&&&W -orma de !overno 1ue merecesse este nomeA ILO & /s a-ricanos e os europeus V@miser8veisA W 1ue ali viviam descon.eciam @&&&os primeiros princ,pios 1ue a nature(a inspira aos .omens para viverem em sociedade e se!urana&&&A& ' ausncia da noo de Sociedade tra(ia consi!o a ausncia da ideia de ind3stria com*rcio culturaY en-im civili(ao& ' crena na per-ectibilidade da esp*cie .umana -a(ia de 1ual1uer aco de civili(ao uma aco pol,tica 3til& %ortanto a primeira ideia a reter tem a ver com a funda#o da sociedade passando pela criao de uma col"nia de povoamento& )em interesse estabelecer a1ui uma comparao com o discurso precursor do naturalista 'danson na sua .istoire )aturelle do /ngal F>BGBH escrita na se1uncia de uma via!em ao Sene!al VIJ^O2IJL^W 1ue ao procurar dar resposta pr"pria crise da escravatura veiculava a ideia da reconverso da X-rica a col"nia de povoamento& Na sua via!em -a(ia o invent8rio dos recursos naturais da re!io e propun.a substituir uma ILO 'HU C"d& ^J: artQ :& ..................... 63 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @'-ri1ue d*sol*e lan!uissante barbareA por uma @'-ri1ue .eureuse active et civilis*eA& Um certo optimismo antropol"!ico 1ue de al!uma maneira o !overnador Sousa Coutin.o tamb*m veiculava via no @estado de civili(aoA a 3ltima etapa de todas as sociedades .umanas mesmo as mais selva!ens para usar o termo da *poca& 0ais tarde e a partir de IJJI os -isiocratas viriam preconi(ar de -orma mais sistem8tica a valori(ao da X-rica pela e na pr"pria X-rica IK; & %recisamente -undar uma sociedade implicava um con7unto de opera4es 1ue tomadas no seu con7unto produ(iriam os resultados dese7ados& ' populao constituiu um dos temas mais importantes do modelo por1ue * vista como instrumento central de coloni(ao& / colono seria 7ustamente a1uele 1ue saindo da metr"pole ia -undar e povoar uma col"nia& Do ponto de vista da doutrina * importante ter em conta 1ue a centralidade da populao no se altera mas a ar!umentao 1ue em seu torno se or!ani(a so-re uma certa in-le$o& Nas correntes mercantilistas o tema do povoamento andava associado ao aumento da produo da ri1ue(a& ' populao sur!ia como um instrumento manipul8vel capa( de participar no -ortalecimento dos #stados& No memorialismo dos -inais do s*culo G6+++ a perspectiva desvia2se& / -oco -i$a2se na promoo da %opulao a!r,cola 1uer di(er uma a!ricultura mais pr"spera promove o crescimento da populao IKI & ?uando o tema da populao -oi transposto para uma re-le$o sobre a coloni(ao certos a7ustes tornavam2se imprescind,veis& ?uando se -alava de povoamento o 1ue estava em causa era o povoamento branco o povoamento levado a cabo por europeus por1ue a X-rica essa o-erecia as suas popula4es e os seus padr4es de povoamento& Das providncias a -avor de uma re!ulamentao do com*rcio no serto e em torno do tr8-ico de escravos o %arecer de %ombal dava prioridade ao povoamento e pretendia resolver a -alta de .omens brancos em 'n!ola& /s brancos 1ue tin.am c.e!ado a 'n!ola estavam 1uase e$tintos uns mortos por -ome e mis*ria na Cidade de Luanda e suas vi(in.anas outros dispersos nos sert4es -u!itivos e va!os& %revalecia portanto a populao ne!ra IK: & %or isso o tema do povoamento est8 sempre li!ado ao envio de mul.eres brancas naturais das il.as dos 'ores @!ente de mel.ores costumesA de -orma a alterar a m*dio pra(o a constituio da sociedade IKR & %retende2se -a(er da col"nia de 'n!ola IK; 0ic.Sle Duc.et Ant-ropologie et .istoire aus si0cles des (umi0res 1uffon 2oltaire, 3ousseau, .el$tiusP p& ^J& IKI 9os* Lu,s Cardoso O pensamento econmico Cap& I e :& IK: 'HU C"d& LLL -l& LKv& IKR 'HU C"d& LLL -l& LKv2LJ& ..................... 64 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola uma col"nia de povoamento no sentido em 1ue deveria ser constitu,da por uma rede de cidades no essencial idnticas 1uelas 1ue estavam presentes na metr"pole& 'li8s um dos ar!umentos emblem8ticos propostos por %ombal era 7ustamente a1uele 1ue dava a 'n!ola o estatuto de Reino e a ne!ava como mera -eitoria abastecedora de escravos& %ortanto para 'n!ola pode2se di(er 1ue neste per,odo a associao entre povoamento territoriali(ao e a!ricultura se constituiu numa constante embora complementada por outros ar!umentos& / povoamento * o povoamento branco por1ue s" esse * capa( de promover e di-undir os modelos de civili(ao de 1ue a a!ricultura * apenas uma das componentes& ' promoo do povoamento branco instalado em cidades b a cidade * sin"nimo de civili(ao b or!ani(adas se!undo o modelo europeu traria consi!o a ordem e a sociedade instruindo com as Lu(es a i!nor<ncia IK^ & #sta ideia ia contra a pr8tica colonial anterior 1ue em virtude de uma certa debilidade do #stado vis,vel em certas (onas como era o caso do serto de 5en!uela acabara por abrir espao a 1ue se produ(isse uma esp*cie de povoamento 1ue contrariava 1ual1uer pro!rama de coloni(ao e muito menos de @civili(aoA& / crescimento econ"mico mais o pro!resso a!r,cola estavam subordinados a uma pol,tica de civili(ao& ' a!ricultura libertava o .omem de um estado natural ori!inava a propriedade e atr8s dela o advento de uma sociedade civil& 'l!uns anos mais tarde b no conte$to da universidade re-ormada e do movimento intelectual centrali(ado volta da 'cademia das Cincias b Domin!os 6andelli -ormulava esta -uno libertadora da a!ricultura -ace a um mundo no domesticadoE @a -ortuna do #stado e da Humanidade e$ceptuando os selva!ens 1ue vivem da caa e pesca est8 nas mos dos cultivadores&&&A IKL & Com base em desertores das tropas ou ladr4es das cadeias de Lisboa e %orto e de uma maneira !eral va!abundos o povoamento estruturava2se mal e com recurso a povoadores 1ue eram .omens cu7a vida se condu(ia mar!em de uma ordem social estatu,da& No pensamento de Carval.o e 0elo ocupa lu!ar central o -actor populao instrumento -undamental para !arantir a e-ectiva ocupao e por conse!uinte a soberania portu!uesa nos territ"rios coloniais& No caso brasileiro essa preocupao articulava2se com a 1uesto da liberdade dos ,ndios e com o -omento intensivo da misci!enao& #ssa IK^ Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO AA, vol& + nQ I IORR s&pp& IKL 4emrias ,conmicas da Academia das Ci8ncias )omo + Lisboa +NC0 pp& :^N :^O& ..................... 65 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola estrat*!ia encontrava2se delineada 78 em Setembro de IJLI e concreti(ou2se 7uridicamente a partir de IJLL com a publicao de um importante con7unto de medidas le!islativas re-erente inte!rao dos ,ndios na sociedade luso2brasileira& / tema da %opulao -oi tamb*m contemplado no parecer de IJK; sobre 'n!ola& #m 'n!ola a se!urana p3blica vai ser pensada em termos similares e estrutura o pensamento de v8rios !overnadores& ' populao de X-rica com recurso de de!redados sa,dos do Limoeiro !arantiria o crescimento da1uelas prov,ncias IKK & Um dos principais vectores das novas concep4es !overnativas consistia na educao 2 @dele depende essencialmente toda a -elicidade dos povosA IKJ 2 instrumentali(ada pelo #stado para viabili(ar a -ormao do novo Homem de #stado& ' instruo e a civili(ao dos .abitantes de 'n!ola em especial da @0ocidadeA tiveram a sua e$presso em ordens para a -ormao de escolas p3blicas ima!em do 1ue se passava no Reino e em especial na cidade de Lisboa& / processo iniciou2se no ano de IJLO IKN & Sob a tutela da Real 0esa Cens"ria D& )om8s de 'lmeida Director Heral dos #studos em todos no Reino de %ortu!al e seus Dom,nios e$pedira para 'n!ola as ordens necess8rias para nele se abrirem #scolas onde se praticasse o novo 0*todo& ' 1uesto do ensino articulava2se ainda com toda a ret"rica anti27esu,tica& Na carta 1ue escreveu ao !overnador de 'n!ola o Conde de /eiras elo!iava a 1ualidade dos novos mestres @muito doutos e muito bem escol.idosA 1ue em pouco tempo seriam capa(es de produ(ir bons estudantes mel.ores do 1ue a1ueles preparados pelos 9esu,tas& ' ar!umentao in-lecte depois para aprecia4es acerca do m*todo usado pela Compan.ia de 9esus V@con-uso dos so-ismasA @labirintoAW de como perpetuava a i!nor<ncia dos verdadeiros m*todos 1ue se!uia @toda a #uropa cultaA e dos escritores de mel.or reputao& Depois da educao os .ospitais IKO cu7o estabelecimento de .ospitais era outro ob7ecto importante da policia& Formou2se o IKK #m v8rios momentos Sousa Coutin.o insistiu na necessidade de promover o aumento da %opulao europeia em X-rica& C.e!a a propor a instituio de uma pessoa encarre!ada de %opulao da X-rica 1ue visitasse o Limoeiro em busca de %ovoadores& 9untamente com o +ntendente Heral de %ol,cia estaria um ministro de Letras encarre!ue de decidir 1uais eram os criminosos menores capa(es de serem recuperados como a!entes de coloni(ao em X-rica& @5reve e 3til ida sobre o Commercio&&& IJJO AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& IKJ "dem "bidem artQ KI& IKN Carta do Conde /eiras para 'nt"nio de 6asconcelos ^ de Novembro de IJLO in Cat'logo das Ordens que se e+pediram para o 3eino de Angola por essa /ecretaria de ,stado dos )egocios da marin-a e &omWnios Ultramarinos em os annos de >BGC e >BS> 'HU C"d& ^;N Carta nQ N -l&I:2IR& IKO "dem "bidem 'rtQ K;& ..................... 66 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola .ospital de 5en!uela para curar os moradores e soldados ao 1ual se aplicaram os d,(imos do pres,dio de 5en!uela& Li!ado ao t"pico do povoamento estava o da a!ricultura 1ue ocupava um lu!ar muito destacado e -oi retomado em termos muito similares at* ao -inal do s*culo& Como se ver8 nos re!imentos e o-,cios para 'n!ola mesmo nos dimanados por D& Rodri!o de Sousa Coutin.o o aproveitamento a!r,cola merece ateno no s" como -onte de ri1ue(a econ"mica mas tamb*m como meio para a di-uso de um modelo de civili(ao IJ; & No conte$to colonial a promoo da a!ricultura tin.a no s" a ver com a e$panso da super-,cie a!r,cola mas ad1uiria novas conota4es por1ue devia desarrei!ar -ormas tradicionais de cultivo ainda marcadas pelo auto2consumo e vincular os pr"prios colonos a novas concep4es de produo& ' or!ani(ao da propriedade a!r,cola e o tipo de produo a, praticado -icava mais a dever a concep4es a-ricanas do 1ue europeias IJI & )amb*m o levantamento de -8bricas * encarado como vector estruturante do novo !overno& #sta iniciativa deveria -a(er de 'n!ola uma col"nia industriali(ada coberta por uma rede de -8bricas e por isso !an.a centralidade a 1uesto das minas& Como se re-eriu depois da 1ueda da produo aur,-era no 5rasil e de acordo com novas orienta4es doutrin8rias os metais preciosos so secundari(ados em relao a outro tipo de e$trac4es a1ueles @1ue -a(em a s"lida e verdadeira ri1ue(a do reino de 'n!olaA IJ: & #m 'n!ola onde a .ip"tese da e$istncia de ouro levantada por Xlvares da Cun.a -ora posta de lado no !overno de 'nt"nio de 6asconcelos as minas mais valori(adas eram em primeiro lu!ar as do -erro e lo!o a se!uir o en$o-re salitre e cobre IJR & ' educao atrav*s da instruo dos povos permitiria a -ormao de .omens novos capa(es de vir a dar continuidade s re-ormas iniciadas& '-inal a educao permitira criar uma !erao de verdadeiros re-ormadores& / cuidado na instituio de novas #scolas pode comear por ser ol.ada no plano do ensino secund8rio na se1uncia da IJ; #ssa ideia -oi tamb*m veiculada por #& 6attel :-e (aO of )ations L& + C 6++ o- t.e cultivation o- t.e soil& IJI /s comerciantes viviam dos alimentos 1ue a terra dava pelas mos dos a-ricanos& Carta de F+SC para FG0F :I de 0aro de IJKO AA vol& + nQ I IORR s&pp& IJ: "dem "bidem 'rtQ O;& IJR "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J:, 'rtQ I;O2II:& ..................... 67 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola substituio dos 7esu,tas e mission8rios por pro-essores laicos e clero secular& 0as neste plano de resto como nesta *poca a educao envolvia os militares e oseu novo saber& ', se locali(ava a !rande via de renovao da sociedade& / restabelecimento da disciplina militar em curso no Reino como se ver8 tra(ia consi!o a reviso do re!imento dos principais o-iciais de 'n!ola os capites2mores e a reconstruo dos edi-,cios militares 1uer di(er as -orti-ica4es IJ^ & 'o lon!o deste trabal.o terei oportunidade de me re-erir aos capites2mores -i!ura incontorn8vel da administrao colonial 1uer no plano da sua 7urisdio e portanto das atribui4es 1ue l.e eram con-eridas na administrao da 7ustia 1uer no plano social& ?ual1uer re-orma administrativa em 'n!ola tin.a 1ue passar pelos capites2mores& ' !rande mudana tem a ver com a interveno cada ve( mais sistem8tica de en!en.eiros militares na administrao muito li!ados pro7eco e desen.o de -ortale(as atrav*s da carto!ra-ia e no4es de !eometria IJL & #m 'n!ola as tropas .aviam sido pa!as at* a, pelos contratadores dos escravos atrav*s de -arin.a e -ardas !*neros su7eitos a todos os tipos de abusos e especula4es& Com o -im do contrato acabava tamb*m o pa!amento em -arin.a e as -ardas eram a!ora entre!ues aos soldados individualmente por meio do %rovedor da Fa(enda Real& 'ssim abolia2se o vencimento em -arin.a e re!ulava2se atrav*s da interveno directa da Fa(enda real de 'n!ola o vencimento dos -ardamentos IJK & #stabelecer em 'n!ola um sistema de 9ustia e uma -orma de 7ul!ar e-iciente e breve parecia uma ur!ncia assim como no Reino dadas as -ormalidades e dila4es 1ue se .aviam introdu(ido nos meios ordin8rios com o -im de eterni(ar os %rocessos no s" nas causas criminais mas ainda nas c,veis& #sses atrasos na 7ustia eram ol.ados como sendo de terr,veis e -atais conse1uncias para o sucesso se!urana e conservao das sociedades causando danos irrepar8veis aos %ovos e sobretudo 1ueles 1ue .abitavam nas Col"nias IJJ & )odas as re-ormas pombalinas no campo 7ur,dico e 7udicial encerram como se sabe uma cr,tica e$pl,cita a um universo 7ur,dico ainda muito marcado por traos medievais e por uma l"!ica ar!umentativa de rai( escol8stica& IJ^ "dem "bidem 'rtQ IJK& IJL "dem "bidem 'rtQ INN& IJK "dem "bidem 'rtQ IOJ& IJJ "dem "bidem 'rtQ LI& ..................... 68 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Depois da re!ulao da 7ustia a re!ulao da policia onde estava contemplada a !arantia 1ue o #stado devia o-erecer dos !*neros de primeira necessidade da educao e da sa3de& Um dos principais ob7ectivos da policia era a promoo do bem p3blico atrav*s da abund<ncia dos !*neros de primeira necessidade onde se destacava o po& #ste -altava em Luanda e estava su7eito a especula4es de v8ria ordem 1ue resultavam em preos e$orbitantes& Nesta lin.a se en1uadra a -undao do )erreiro %3blico ou Celeiros %3blico de Luanda para 1ue s" a, se vendesse o tri!o e a -arin.a de pau necess8ria para o consumo da terra IJN & ' inscrio um novo m*todo na administrao -inanceira passou pela criao de uma 9unta da Fa(enda de -orma a centrali(ar a administrao de todas a rendas da Coroa assim como pela introduo de t*cnicas -inanceiras baseadas no m*todo mercantil coincidentes com a1uelas estabelecidas e usadas no #r8rio R*!io& %ara mais as contas de 'n!ola remetidas para o reino de %ortu!al deviam ser con-eridas e aprovadas e para isso era necess8rio 1ue os v8rios o-iciais envolvidos usassem crit*rios comuns& 's -oras militares de 'n!ola aparecem calculadas em mil .omens Vde tropas pa!asW& Dividiam2se num re!imento de in-antaria Vcomposto de K;; .omens ima!em do 1ue se passava no reino depois das re-ormasWY em duas compan.ias de cavalaria Vde RL .omens cada umaWYuma compan.ia de artil.aria de lotao incerta mas 1ue se supun.a de L; .omens& 'ssim todas as tropas re!ulares de 'n!ola de in-antaria cavalaria e artil.aria consistiam em J:; .omensY os :N; 1ue -altavam para o n3mero de mil eram soldados de p* de castelo 1ue !uarneciam os %res,dios& #stes vm classi-icados como i!norantes da Disciplina 0ilitar e incapa(es de todo o servio @como sempre -oram so e sero os ditos %*s de castelo 1ue no servem para outra coisa mais 1ue para serem pa!os e municiados como )ropa no tendo dela mais 1ue o nomeA& ' lotao de .omens destinada para !uarnecer cada um dos pres,dios tamb*m no constava com certe(a IJO & 'trav*s de 0apas e Rela4es procurava2se saber o 1uantitativo das tropas de 'n!ola& #mbora o ob7ectivo -osse mandar re!ular e aumentar as -oras pa!as do reino de 'n!ola tamb*m era certo 1ue esse aumento nunca poderia ser to consider8vel 1ue bastasse para a se!urana de uma col"nia to e$tensa e importante& %or isso ima!em do IJN "dem "bidem 'rtQ LR2L^& IJO "dem "bidem 'rtQ :;:2:;R& ..................... 69 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1ue se -a(ia na 'm*rica %ortu!uesa e do 1ue praticavam todas as potncias 1ue detin.am col"nias era indispens8vel e necess8rio 1ue -ossem as pr"prias col"nias a -ormar a principal -ora da sua pr"pria conservao e de-esa& %or isso neste novo pro!rama de !overno para 'n!ola o Rei no 1ueria apenas saber o estado das tropas pa!as mas tamb*m averi!uar 1uem estava em 'n!ola e podia ser c.amado para este contin!ente& )em interesse re-erir as @classesA de-inidas pela administrao para classi-icar a populao de 'n!olaE primeira classe n3mero de .omens brancos estabelecidos ou assistentes na cidade de So %aulo da 'ssumpo e outros portos de mar do reino de 'n!ola ou nas povoa4es interiores ate dist<ncia de ^ l*!uas dos mesmos portosY se!unda classe n3mero de .omens pardos livres residentes nos mesmos lu!aresY terceira classe n3mero de ne!ros tamb*m livres e residentes nos mesmos lu!aresY 1uarta classe n3mero de .omens pardos escravos 1ue assistem com seus sen.oresY 1uinta classe n3mero dos ne!ros tamb*m escravos 1ue assistiam com seus sen.ores nos re-eridos lu!ares& #m cada uma destas classes deviam ser distin!uidos os 1ue eram capa(es de pe!ar em armas Vcom mais de IL anos e menos de L;W IN; & ' este processo de inventariao dos recursos .umanos se!uia2se a inventariao dos recursos naturais INI com indica4es para a recol.a de amostras de plantas e minerais com a distino dos nomes locais e dos locais de onde se e$tra,am& #stas providncias e o aumento dos soldos dos o-iciais como os soldados permitiam 1ue pudessem viver sem indi!ncia nem mis*ria e na perspectiva dos le!isladores criavam as condi4es para estabelecer a observ<ncia da Disciplina 0ilitar IN: & ' estandarti(aa4 ou uni-ormi(ao de padr4es de conta!em medidas e de moeda permitindo a estatuio de uma lin!ua!em universal deveria incidir na disciplina do com*rcio de escravos e em !eral do com*rcio 1ue se reali(ava no serto de 'n!ola& Como se ver8 a reviso das condi4es do contrato do escravos e do re!ime do com*rcio do serto assim como a re!ulamentao 1ue uni-ormi(ava e substitu,a -ormas de conta!em e padr4es de troca tradicionais pelos padr4es estatu,dos pelo rei de %ortu!al -oi tentado e articulava2se a uma pol,tica mais !enerali(ada de racionali(ao administrativa& IN; "dem "bidem 'rtQ ::;& INI "dem "bidem 'rtQ I:N& IN: "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: 'rtQ ION& ..................... 70 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m suma toda a pol,tica colonial desenvolvida na se!unda metade do s*culo G6+++ com maiores ou menores oscila4es ir8 procurar inserir 'n!ola em par<metros de civili(ao tal como -oram concebidos na #uropa de ento atrav*s da aplicao de um modelo pol,tico idntico ao modelo pensado e pro7ectado para o mundo para -a(er de 'n!ola uma col"nia de povoamento to pr"$ima 1uanto poss,vel da col"nia do 5rasil& Nas p8!inas 1ue se se!uem procura2se saber de 1ue maneira as v8rias partes de 1ue se compun.a esse modelo se pro7ectaram em 'n!ola e os !raus de @re-racoA ou de-romao a 1ue as circunst<ncias espec,-icas da col"nia obri!aram& Na verdade o +luminismo esteve presente em 'n!ola como no 5rasil ou no #stado da Cndia se bem 1ue ten.a assumido em cada um destes cen8rios coloniais as con-i!ura4es 1ue os di-erentes conte$tos possibilitaram& 6e7amos ento em 1ue consistiu a e$perincia iluminista em 'n!ola& ?. O @/) 3)'#- ) 5#2)- " +";)&'#("&) %ara 1ue as con7unturas e pol,ticas 1ue atravessam a cronolo!ia desta tese -i1uem desen.adas e dispon,veis consulta optou2se por narrar brevemente os acontecimentos mais salientes ao lon!o dos !overnos analisados de -orma a dar sustentao -actual a todas as problem8ticas e$ploradas no corpo deste trabal.o& ' -ocali(ao nos !overnos no p4e em causa a coerncia 1ue todos eles devem s directivas sa,das da Secretaria de #stados dos Dom,nios Ultramarinos como 78 se indicou INR & ?.1. O #'" (# ;i&#+)- (175:-17??) /s !overnos de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a e 'nt"nio de 6asconcelos so -undamentais na .ist"ria da col"nia de 'n!ola por1ue se tradu(em na reali(ao de um dia!n"stico do estado da administrao colonial e dos recursos .umanos e materiais sem o 1ual no teria sido poss,vel !i(ar o plano de re-orma traado pelo 0ar1us de %ombal em IJK;& Foi !raas s inda!a4es destes dois !overnadores 1ue se tornou patente a debilidade do #stado colonial e se reuniram in-orma4es su-icientes para intervir em 'n!ola em moldes re-ormistas& Z le!,timo a-irmar 1ue a aplicao de uma pol,tica de inspirao iluminista se inicia em 'n!ola no tempo de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a V-uturo Conde da Cun.aW em IJLR& Com ele se!ue o Sar!ento2mor com e$erc,cio de INR 6er ^& 3eorgani%ar o "mprio& ..................... 71 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola en!en.eiro Huil.erme 9oa1uim %ais de 0ene(es Lente da 'cademia 0ilitar em Lisboa cart"!ra-o de !rande reputao na *poca autor de plantas e vistas de Lisboa entre elas o '1ueduto das X!uas Livres com li!a4es aos circuitos do poder em especial Secretaria de #stado dos Ne!"cios e da Huerra& / primeiro sobrin.o do iluminista D& Lu,s da Cun.a -ormara2se no ambiente acad*mico da *poca e inscrevia2se numa lin.a!em estreitamente li!ada aos circuitos do poderY o se!undo dera provas como !rande cart"!ra-o da corte e participara em importantes obras reais na cidade de Lisboa& ' entrada destes dois .omens na Hist"ria de 'n!ola marca de -acto o princ,pio da narrativa 1ue esta tese 1uer contar por1ue -unda a .ip"tese de -a(er c.e!ar X-rica o +luminismo& ?uando %ombal escol.e um iluminista in-ormado e um en!en.eiro cart"!ra-o muita coisa -ica dita& ' partir da, tudo muda tudo pode mudar& #les seriam capa(es de dar a con.ecer em moldes modernos o 1ue era 'n!ola em meados do s*culo G6+++ e de -a(er um invent8rio e$austivo total @!eom*tricoA do estado da col"nia nos seus v8rios aspectosE situao dos ar1uivos pres,dios e$*rcito tr8-ico de escravos recursos naturais produ4es etc& Com este !overno iniciava2se a prepara#o das incidncias iluministas em 'n!ola& / !overno de Xlvares da Cun.a -oi marcado pela inventariao dos recursos materiais b naturais .umanos administrativos b e at* morais da col"nia de 'n!ola& ?uando assume o !overno a sua !rande preocupao * a de sistemati(ar in-ormao& %ode2se di(er comporta2se como um verdadeiro acad*mico c*lere em estabelecer redes de contactos envolvendo os in-ormantes a-ricanos capites2mores dos pres,dios ou inst<ncias !overnativas sedeadas em Luanda para captar todo o tipo de in-ormao dispon,vel ou a descobrir sobre a col"nia& 98 anteriormente assinalei 1ue as redes inter2 pessoais 7o!am para este per,odo um papel -undamental na circulao de in-ormao no s" no campo intelectual mas tamb*m no campo pol,tico& / Conde da Cun.a estribou a sua aco !overnativa em !rande parte nesse instrumento associando2l.e uma outra noo 1ue * emer!ente e se consolida neste per,odo T o 'r1uivo& Rede e 'r1uivo so ento as palavras2c.ave deste !overno& No campo dos recursos naturais e da minerao * preciso assinalar a import<ncia concedida descrio das minas de -erro locali(ao e pr8ticas de utili(ao pelos a-ricanos sem com isso es1uecer o lu!ar 1ue as minas sobretudo as de prata Vma+ime CambambeW ocuparam no ima!in8rio colonial acerca da col"nia de 'n!ola desde os ..................... 72 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola prim"rdios at* muito tarde IN^ & #ssa sistemati(ao da in-ormao dispon,vel in loco -a(ia recurso a uma observao directa e recorria aos saberes end"!enos presentes nas culturas orais corpus de con.ecimentos por ve(es muito elaborados transmitidos de uma !erao para outra e tamb*m enri1uecidos nesse processo de transmisso& ' sistemati(ao de in-ormao b por1ue @como se aspirar8 a entrar no !overno 1uem se no in-ormar pelo menos especulativamente das muitas partes em 1ue ele se divide nA INL b c.e!ava racionali(ao da burocracia atrav*s da or!ani(ao dos ar1uivos de Luanda e dos pres,dios com uma inventariao detal.ada dos livros e seu estado de conservao& De resto tem interesse relembrar o -acto de D& Lu,s da Cun.a na sua carta de instruo a 0arco 'nt"nio assinalar no lu!ar de se!undo consel.o pessoal o de @bem arran7ar a sua secretariaA de -orma a asse!urar um trabla.o @sem a con-uso de pap*isA INK & No plano do con.ecimento e e$panso do territ"rio assume particular import<ncia a via!em ao rio Cuan!o VD\an!oW encomendada em IJLL2LK pelo !overnador a 0anuel Correia Leito INJ Sar!ento2mor dos moradores do Distrito do Dande sertane7o con.ecedor das l,n!uas do serto e ao piloto 'nt"nio Francisco Hri(ante com o ob7ectivo de -a(er a medio da latitude da povoao de Cassan7e VDasan7eW de -orma a avaliar com maior preciso a possibilidade de encetar a travessia da X-rica at* 0oambi1ue se!uindo um itiner8rio a partir do Cuan(a e estudar a construo de uma -ortale(a -utura base para a e$pedio pro!ramada INN & #sta e$pedio -oi importante para corri!ir os pro7ectos de IN^ Re-erncias s minas encontram2se desde os prim"rdios da coloni(ao& 6e7a2se o te$to 1uin.entista de Domin!os de 'breu e 5rito Um "nqurito I $ida administrati$aP pp& K e RO& )amb*m o re!imento do Hovernador de 'n!ola datado de IKJK recomenda a colecta de in-ormao sobre as minas de cobre -erro ao c.umbo e breu& C-& Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& CapQ I:& INL %edro de '(evedo 'nt"nio 5aio "nstru#Kes "nditas de & (uWs da Cun-a a 4arco Aurlio de A%e$edo Coutin-o Coimbra IOR; p& IJJ& INK "dem, "bidem p& IO^& INJ Foram entre!ues miss4es a 0anuel Correia Leito 1ue implicavam a destre(a nas rela4es e -amiliaridade com o meio& C-& Re!imento 1ue deve observar o sar!ento2mor 0anuel Correia Leito nas dili!ncias do servio de Sua 0a7estade 1ue * mandado -a(er na prov,ncia de 'mbaca :R de 9aneiro de IJLJ 'HU C$& ^: Doc&R& INN 0anoel Correia Leito @Relao e breve sum8rio da via!em 1ue eu o sar!ento mor dos moradores do Dande -i( s remotas partes de Cassan!e e /los por mandado do +ll&mo e #$&mo Sen.or Hovernador e capito !eneral dstes Reinos D& 'nt"nio 'lvares da Cun.aA VIJLL2KW in Hasto Sousa Dias Ved&W @Uma via!em a Cassan!e nos meados do s*culo G6+++A 1oletim da /ociedade de Meografia de (isboa LK IORN pp& R2R;& / mesmo documento -oi publicado em 9an 6ansina e Zv8 SebestB*n @'n!olaUs eastern -interland in t.e IJL;sE a te$t edition and translation o- 0anuel Correia LeitoUs voaBa!e VIJLL2 IJLKWA in .istor5 in Africa, a Nournal of met-od, publis-ed annual b5 african studies association vol& :K IOOO David Heni!e #ditor pp& :OO2RK^& ..................... 73 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola travessia uma ve( 1ue mostrava como o Dasan7e se situava a uma latitude muito mais setentrional do 1ue os estabelecimentos portu!ueses em 0oambi1ue& 'ssim a travessia da X-rica a ser tentada deveria partir do sul& Num outro plano este documento representa tamb*m uma ampliao no con.ecimento da !eo!ra-ia pol,tica com recurso s in-orma4es veiculados 7unto dos a-ricanos na medida em 1ue nele aparecem re-erncias comple$as aos Lundas mais tarde representados por %in.eiro Furtado no mapa de 'n!ola de IJJK& Com a c.e!ada do novo !overnador D& 'nt"nio 6asconcelos as 1ualidades dos e$pedicion8rios -oram por ele desvalori(ados mas os resultados do relat"rio pesaram nas suas avalia4es 1uando para -a(er a li!ao com 0oambi1ue propun.a a substituio da lin.a do Cuan(a pelo sul de 'n!ola como ponto de partida& Cassan7e e a lin.a comercial 1ue representava mantiveram2se na mira do novo !overnador 1ue para ela pensou inclusive a or!ani(ao de uma compan.ia INO & %erturba4es cada ve( maiores nas terras dos poderosos Dembos 'mbuela e 'mbuila b como a -ormao de 1uibucas IO; a incapacidade mani-esta e deliberada dos a!entes coloniais Vsobretudo dos escrives das terrasW de in-ormarem e participarem na disciplina do serto as @ve$a4es dos brancosA 7untos dos a-ricanos b -oi necess8rio encontrar um ponto setentrional onde se -i$assem moradores& ' lin.a de rumo * apontada a #nco!e na 7urisdio de 'mbuela onde -oi institu,da uma -eira @ a maior -eira do sertoA IOI substituta da anti!a -eira de ?uiosa instalada nas terras do Dembo 'mbuela& 6encido e preso o anti!o Dembo 78 nas terras do Con!o o novo Dembo 'mbuela passou a !erir a abertura e -ec.o dos camin.os comerciais apesar de ter continuado o @contrabandoA entre a-ricanos e as na4es da #uropa actuantes a partir dos portos do Norte cu7as -a(endas vendidas a preos muito bai$os c.e!avam s -eiras do Con!o& Neutrali(ar as vias terrestres e -luviais Vv&!& 'mbri(W por onde corria o contrabando .averia a m*dio pra(o de condu(ir instalao e INO Relat"rio de 'nt"nio 6asconcelos :J de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& J:& C-& 9&2L& 6ellut @Le RoBaume de Cassan!e et ses r*seau$ luso2a-ricains vers IJL;2INI;A in Ca-iers d*,tudes Africaines IOJL pp&IIJ2I:^& IO; @V&&&W tra(endo pelas estradas terceiros a atravessar e prometer antecipadamente maior 1uantia aos pretos 1ue condu(em as ?uibucas os desviam de ir com eles ao lu!ar destinado para -eira&&&&& dita -eira !eral 1ue mando instituir .a2de ir todo o !*nero e 1ualidade de ne!"cio 1ue .ouver nas sobreditas terrasY as 1uais 1uibucas podero entrar a toda a .ora 1ue 1uiserem sem receio ou impedimento al!um V&&&WAY@C"pia de um o-,cio de 'nt"nio 6asconcelosA C$& ^: Doc& NO I; de Novembro de IJLO& IOI /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos K de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :I& ..................... 74 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -orti-icao nos trs portos de 0olembo Luan!o e Cabinda IO: & ' con1uista da posio de #nco!e inscrevia2se assim num plano mais vasto continuado nos anos se!uintes& ' -ra!ilidade do #stado nas suas v8rias componentes -ica patente na estrutura administrativa de-icientemente preenc.ida por -alta de o-iciais competentes IOR & /s problemas li!ados reor!ani(ao do e$*rcito ocupam uma parte si!ni-icativa da aco destes dois !overnadores& ?uando D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a c.e!ou a Luanda a sua descrio do estado das -ortale(as !uarni4es e da pr"pria cidade * impressionante& 'c.ou tudo arruinado e in3til& / re!imento pa!o era 1uase todo composto de ne!ros e mulatos muito mal remunerados o 1ue os obri!ava a viver na maior mis*ria& De soldados di(ia tin.am apenas o nome IO^ & 0andou vir dos pres,dios rela4es do estado em 1ue se encontravam as -ortale(as e 7untamente mapas das suas !uarni4es e muni4es de !uerra& +n-orma4es 1ue c.e!adas a Luanda eram to incompletas e desordenadas 1ue de pouco serviram& De 1ual1uer maneira conclu,a o Hovernador @&&& sempre sou obri!ado a di(er neste lu!ar 1ue tudo se ac.a em lastim8vel estadoY por1ue as mural.as de todas as -ortale(as esto arruinadas no .8 armas nelas nem p"lvora nem !ente branca para a sua de-esa&&&A IOL & 'ssim !rande parte das re-ormas de inspirao -rancesa preconi(adas ao lon!o do reinado de D& 9oo 6 nomeadamente a transio da unidade administrativa dos teros para a dos re!imentos proposta nas @novas ordenanasA de IJ;J ou ainda a re-orma da in-antaria de IJRL criando o batal.o como nova unidade t8ctica de in-antaria .aviam obtido em 'n!ola uma muito de-iciente aplicao IOK & /s es-oros de racionali(ao da administrao no plano militar con-rontam2se com uma necessidade de devolver or!ani(ao da estrutura militar al!uma estabilidade o 1ue e$pli1ue 1ue date do seu !overno a construo dos 1uart*is de Luanda IOJ & IO: /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos para Francisco Gavier de 0endona Furtado :; de 9un.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& RO& IOR Documentao v8ria in 'HU C$& ^R Doc& :N& IO^ 'HU C$& RN Doc& JN I; de De(embro de IJLR& IOL /-,cios do Hovernador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a :O de /utubro de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& IOK Sobre estas re-ormas vide a s,ntese de Carlos Selva!em Portugal 4ilitar&&& pp& ^K^2^KK e mais recente Fernando Dores Costa @RecrutamentoAY @Huerra no tempo de Lippe e de %ombalA @o s*culo G6+++A )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores :;;^ pp& KN2I;IY pp&RRI2RL;Y INJ2IO;& 's contrariedades veri-icadas no terreno e a desade1uada promoo de o-iciais na nova patente de tenente pelo anterior !overnador Conde de Lavradio so descritas numa Carta do 9ui( de Fora tamb*m assinada por D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a I; de De(embro de IJLR 'HU C$& RN Doc& JN& IOJ "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: 'rtQ IOO& ..................... 75 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %ara anos anteriores o a-astamento dos !overnadores na de-esa dos interesses dos povos vem atestada& D& 9oo 6 -a(ia saber ao !overnador de 'n!ola 9oo 9a1ues de 0a!al.es VIJRN2IJ^NW o 1ue se di(ia na corte a seu respeitoE !overnava 'n!ola @ maneira dos 5a$8s da )ur1uiaA ION & Nessa altura os soldados abandonavam os seus postos e conse!uiam 7unto do !overnador patentes elevadas no con-irmadas pelo rei& Usurpao de t,tulos militares por parte de no militares postos elevados usados indiscriminadamente 7untamente com os seus atributos simb"licos incluindo bast4es e outras ins,!nias situa4es 1ue -a(em pensar numa apropriao local dos t,tulos car!os e -un4es da .ierar1uia militar portu!uesa e sobretudo em usos privados de interesses p3blicos IOO & 'ssim 1uando se trata de -a(er uma racionali(ao da administrao os seus a!entes deparam2se com -en"menos de resistncia espec,-icos do 1uadro colonial cu7o entendimento poderia ser -acultado pelo con.ecimento de um processo e1uivalente no reino& Como 78 a-irmei anteriormente a coloni(ao iluminista de-ronta2se com as di-iculdades da instalao de estruturas estaduais em moldes modernos& ' e$istncia -ormal das institui4es no si!ni-ica obri!atoriamente 1ue elas se7am e-icientes no plano institucional& ' sociedade envolvente parece capa( de invocar a le!alidade dessas institui4es para a coberto delas as usar ao servio de interesses privados ou end"!enos isto * interesses 1ue no so os p3blicos e institucionais para 1ue essas institui4es -oram criadas& ' conscincia de 1ue a presena estran!eira nas costa norte em especial no Luan!o constitu,a uma ameaa ao monop"lio portu!us do com*rcio dos escravos nomeadamente pela introduo de -a(endas europeias com a conse1uente in-lao dos preos e das condi4es !erais da troca suscitava medidas metropolitanas no sentido de construir no porto do Luan!o uma -ortale(a complementada com a con1uista da pedra de ION Carta de 'le$andre de Husmo para o Hovernador 9oo 9ac1ues 0a!al.es :I de 0aro de IJ^J C"d& R:NO -l& IIN& IOO @&&& o meu antecessor -e( o-iciais 1uantos .omens brancos e pardos .avia nesta cidadeY como mostro por uma relao ao concel.o e$tra,da dos Livros de Re!isto desta secretaria pela 1ual se v 1ue al*m dos o-iciais providos por S& 0de -e( o Conde de Lavradio por %atentes e portarias suas ^ tenentes !enerais : coron*is R tenentes2coron*is N sar!entos mores e I sar!ento mor do e$*rcito ^ capites mores e K^ capites IO tenentes :O a7udantes : cabos de compan.ias e ^ capitaes de mar e !uerra o 1ue tudo soma IRJ o-iciais 1uase todos in3teis e de !rande pre7ui(o ao servio de S 0 1ue mandar8 prover de rem*dio em tudo como -or servido &&&AY :O de '!osto de IJLO 'HU C$& RN Doc& N:& ..................... 76 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #nco!e :;; & 's primeiras re-le$4es nesse sentido desenvolvem2se nestes !overnos at* con1uista de #nco!e adiada at* IJLO em !rande parte por causa da debilidade do e$*rcito de 'n!ola Vin-erioridade dos soldos dos soldados de 'n!ola relativamente aos do Rio de 9aneiro sendo Luanda uma cidade mais caraY ausncia de con-irmao de patentesW :;I & Nos in,cios de IJK: %ortu!al v2se -orado a sair da sua posio de neutralidade e a participar na -ase -inal da c.amada Huerra dos Sete 'nos VIJLK2IJKRW& / con-lito entre os dois blocos 2 +n!laterra2%r3ssia contra Frana2'3stria2R3ssia2Su*cia 2 a-ectou os e1uil,brios internacionais e no plano mar,timo ci-rou2se numa !uerra da +n!laterra contra a Frana e a #span.a para a 1ual %ortu!al acabou por ser c.amado em IJK: mas 1ue de -acto 78 a-ectava a se!urana das suas bases navais no 'tl<ntico& Dois aspectos marcam o !overno de 'nt"nio 6asconcelosE no plano da pol,tica e inspirao iluminista o !rande acontecimento consiste no processo de e$pulso da Compan.ia de 9esus em IJK;Y no plano da .ist"ria a-ricana -oi mais conse1uente a reestruturao das rela4es com os Dembos 'mbuela e 'mbuila 1ue culminou com a e$tino dos @escrives das terrasA Vo-iciais coloniais residentes 7unto da1ueles DembosW e a instalao de uma posio na %edra de #nco!e& #m IJLO -oi estabelecido o pres,dio de S& 9os* de #nco!e com uma -eira 1ue passava a ser a posio mais setentrional da col"nia& ' continuidade relativamente ao !overno anterior e ao pro7ecto en!endrado a partir de Lisboa vem assinalada a v8rios passos& 's rela4es sobre as -ortale(as dos pres,dios onde -icava bem evidente a sua ru,na condu(iram ao se!undo passo um investimento no recrutamento de en!en.eiros muito poucos em 'n!ola a 1ue certamente no seria al.eia a necessidade 1ue deles .avia ao tempo nas demarca4es da 'm*rica 0eridional :;: & / mesmo para o e$*rcito& #labora v8rios planos para a re-orma do e$*rcito valori(ando um problema 78 identi-icado pelo seu antecessor o do pa!amento aos soldados com os trs !*neros cobre -arin.a e -ardas os dois 3ltimos vendidos pelos soldados no momento em 1ue venciam os ordenados e su7eitos a todos os tipos de especula4es por parte dos :;; 'lvar8 de D& 9os* ordenando a construo de uma -ortale(a no porto de Luan!o J de Novembro de IJLR 'HU C$& RN Doc& KJ& :;I D& 'nt"nio 'lves da Cun.a /-,cios do Hovernador :O de '!osto de IJLO 'HU C$& RN Doc& N:& :;: /-,cio de 'nt"nio de 6asconcelos IN de 0aro de IJLO 'HU C$ ^: Doc& ^RY e :: de 9un.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& ^I& ..................... 77 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola contratadores a 1uem cabia o dito pa!amento& ' posio de ambos e1uivalia2se propondo o aumento do pa!amento em moeda de cobre a diminuio para metade da -arin.a !*nero 1ue os soldados vendiam de imediato a muito bai$o preo su7eitando2se a todo o tipo de especula4es com oscila4es de preos e -inalmente a mel.oria da 1ualidade das -ardas& Xlvares da Cun.a num parecer 1ue elaborou para o Consel.o Ultramarino sobre o plano de re-orma militar de 'n!ola en!endrado por 'nt"nio 6asconcelos ia mais lon!e pronunciando2se sobre o pa!amento e$clusivo em din.eiro 1uer em Luanda 1uer nos pres,dios e$cluindo em de-initivo a -arin.a e as di-iculdades 1ue ela tra(ia aos soldados 1uando a 1ueriam vender a ne!ociantes oportunistas :;R & Como se ver8 em IJK; a -arin.a dei$ava de constar do pa!amento dos soldados& Foi tamb*m durante este !overno 1ue c.e!aram do reino ordens para iniciar o #stanco do Sal de 5en!uela e edi-icar o )erreiro do )ri!o& :;^ & #m IJKI * mandado estancar o sal das duas salinas situadas ao Norte e Sul de 5en!uela :;L & 98 o -erro passava constar da correspondncia primeiro por iniciativa do Hovernador depois por1ue o Secret8rio de #stado buscava amostras para serem cotadas na sua 1ualidade& ' produo local do -erro um da1ueles @temas can"nicosA na .ist"ria de 'n!ola do s*culo G6+++ atribu,do a Sousa Coutin.o inicia a1ui o seu curso& Na lin.a de aproveitamento de recursos naturais para a ind3stria situa2se a F8brica de Cal -undada neste per,odo& ' converso de Luanda em escala da carreira da Cndia remonta tamb*m a IJLO e para cobrar os direitos sobre as -a(endas das naus da rota do Cabo -oi mandada instituir uma 'l-ande!a& Nasce a 9unta da Fa(enda VIN de Novembro de IJKIW 1ue centrali(ava as contas relativas s rendas da Coroa remetendo2as posteriormente para aprovao em Lisboa& ?.$. O ;A',/4" # /- -"()4" D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o VIJK^2IJJ:W -oi considerado por uma .istorio!ra-ia portu!uesa 78 muito datada como o 0ar1us de %ombal de 'n!ola& / r"tulo tem a sua 7usti-icao& )rata2se de -acto de um !overnador do +luminismo %ortu!us de um @administrador2-il"so-oA 1ue assim se mani-esta num discurso civilista e re!alista :;R %lano de re-orma militar :R de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& KJ& :;^ Cat8lo!o das /rdens para 'n!ola IJLO2IJK; 'HU C$& ^: Doc& OK& :;L Carta r*!ia de IR de Novembro de IJKI& Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& II^Jv& ..................... 78 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola e$presso em mem"rias e correspondncia muito rica mas tamb*m e mais importante em medidas concretas inovadoras assentes no cientismo setecentista in*ditas em territ"rio an!olano e a-ricano& %ode di(er2se 1ue Sousa Coutin.o actua como uma esp*cie de demiur!o do pombalismo no conte$to pr8tico2pol,tico e como tal no conte$to de recepo em 1ue 'n!ola se constitui& De -acto na senda da matri( -ormal das re-ormas preconi(adas por %ombal * atrav*s da aco pol,tica deste !overnador 1ue elas so levadas pr8tica em 'n!ola e atin!em maior ou menor e$tenso ou dinamismo& %ara al*m do mais os te$tos 1ue dei$ou revelam uma capacidade de re-lectir sobre a realidade colonial e por isso tamb*m a sua -i!ura se torna to atraente& / seu discurso revela uma viso !lobal da X-rica portu!uesa colonial 1ue o condu(iu a emitir opini4es e desen.ar pro7ectos 1ue visavam o !overno de 0oambi1ue& +ma!inou a construo de uma !rande bloco de coloni(ao portu!uesa assente num corredor potencialmente e$pansivo li!ando 'n!ola a 0oambi1ue tendo c.e!ado a pro7ectar uma Compan.ia de Com*rcio& Se bem 1ue este aspecto no merea um tratamento individuali(ado nesta tese * importante re-eri2lo por1ue e$plica a centralidade do planalto de 5en!uela na pol,tica de Sousa Coutin.o& Nesse comple$o 1ue abran!ia a X-rica /riental a cidade e porto de 5en!uela ocupariam uma situao privile!iada na articulao de um espao a-ricano continental ao 'tl<ntico e aos seus mercados& ', se constituiria um !rande emp"rio para onde a-luiriam o com*rcio 1ue se estendia pelo serto at* s terras de 0oambi1ue dando acesso s minas de ouro :;K & )odo o investimento levado a cabo durante este !overno no planalto de 5en!uela no pode escamotear a viso !lobal da X-rica %ortu!uesa 1ue .abita na sua reta!uarda& / !overno de Sousa Coutin.o procura pcr em pr8tica o pro!rama de coloni(ao pombalino decalcado do modelo europeu -omento da a!ricultura e$plorao mineira estabelecimento de manu-acturas -undao de povoa4es civis e promoo do povoamento branco para catapultar a col"nia de 'n!ola a um estatuto e1uipar8vel ao do 5rasil& 's ambi4es de territoriali(ao do #stado colonial assumem v8rias dimens4es durante este !overno& %rimeiro com a -undao de povoa4es civis alternativas aos pres,dios militares e depois com a reali(ao de e$pedi4es de recon.ecimento :;J & ' !uerra :;K @5reve e 3til ideia sobre o com*rcio&&& AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& '' vol& + nQ ^ IORL s&pp& :;J 2ide J&R&I&K& O )orte, o /ul ..................... 79 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de-ensiva tem em IJKK um momento particularmente vivo com a derrota de 0uossos e 0a.un!os e do Dembo 'mbuela estabelecendo assim em torno de #nco!e uma 8rea se!ura& Complementar a #nco!e era a costa 1ue l.e correspondia pelo 1ue -oram empreendidas ne!ocia4es com o 0ar1us do 0ossulo tendo em vista a construo de uma -ortale(a da boca do rio 'mbri(& ' interveno do #stado na !arantia do bem publico revela2se na edi-icao do )erreiro do %o destinado a acautelar o abastecimento de -arin.a aos .abitantes de Luanda livres doravante das especula4es a 1ue o !*nero se ac.ava su7eito mas tamb*m indispens8vel aos ne!ociantes de escravos cu7a alimentao nas desloca4es e em Luanda dependia em !rande parte da1uele !*nero& Central no !overno de Sousa Coutin.o revelou ser o corpo de medidas 1ue visaram aumentar a populao colonial atrav*s da proteco e ensino dos "r-os e da promoo social dos mulatos& Z a pr"pria pol,tica 1ue visa a @produo de uma sociedade colonialA& #sta constitui provavelmente a -aceta mais @provocanteA e ori!inal do pensamento do !overnador& %enso 1ue * tamb*m durante este !overno 1ue o pro!rama iluminista na sua -ase de inventariao c.e!a aos pres,dios e aos sobas& ' re-orma do re!imento dos capites2 mores em IJKL re-lecte essa inteno de racionali(ar a 8rea mais comple$a e complicada da administrao de 'n!ola& Como se ver8 era na estrutura dos capites2mores 1ue residia o -ulcro do !overno da col"nia mas tamb*m era a esse n,vel 1ue se observavam as maiores di-iculdades desde sempre& Na relao com os sobas atrav*s dos pres,dios tem interesse re-erir 1ue os te$tos dos anti!os autos de vassala!em -oram recol.idos nos pres,dios e enviados para Luanda de -orma a serem submetidos a uma an8lise minuciosa capa( de destrinar os servios 1ue os sobas estavam e-ectivamente obri!ados a prestar ao !overno em troca de au$ilio na !uerra e respeito pelas leis ind,!enas da1ueles servios 1ue entretanto as pr"prias din<micas da relao colonial tin.am imposto aos '-ricanos :;N & ' 8rea da administrao da Fa(enda ocupa uma parte importante dos sete anos deste mandato :;O & Depois da instituio da 9unta da Fa(enda no mandato anterior passou2se :;N /rdem 1ue pedia aos capites2mores de todos os pres,dios o envio de c"pias dos autos de vassala!em para o cart"rio de Luanda& Carta de F+SC R de /utubro de IJJ; AA vol& + nQ : IORR s&pp& :;O Carta de F+SC para o Conde de /eiras Luanda :J de 9un.o de IJK^ FU% R2L2R2IJ A( 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l&NN2NO& ..................... 80 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola or!ani(ao do ar1uivo da Fa(enda e a introduo de re-ormas sobretudo ao n,vel das t*cnicas -inanceiras em articulao com o #r8rio R*!io& V$ide O&K& Uniformi%arW& Um dos aspectos mais marcantes deste !overno de 1ue no me ocuparei isoladamente mas 1ue deve ser mencionado * o 1ue se relaciona com as @-raudes -inanceirasA& #m toda a documentao coet<nea vem mencionada a catastr"-ica 1uesto das Livranas tamb*m c.amadas %apeis de Credito& )ratava2se de substituir o papel moeda corrente e em o -a(er valer somas importantes sem 1ue ele em si 1ual1uer valor& #ssa moeda -alsa era lavrada por Contratadores e 'dministradores e posta a circular pelo serto e pelas redes 1ue condu(iam aos portos do 5rasil :I; & 's livranas em 'n!ola so dadas como tendo tido ori!em na cobia dos contratadores dos Direitos dos #scravos e do 0ar-im& ' con-i!urao deste caso situado no com*rcio an!olano no era mais do 1ue uma situao de -raude -inanceira& Foi associada por 0artin.o de 0elo e Castro a uma outra enorme -raude -inanceira ocorrida na #uropa as c.amadas @'c4es do 0ississipiA ou @Caso La\A e 1ue causara em Frana e outros pa,ses da #uropa a ru,na de muitas -am,lias de -inanceiros :II & / ar!umento radicava nas ri1ue(as do 0ississipi& 'ssim essas ac4es e outros pap*is no s" corriam e !iravam como moeda corrente mas c.e!avam a valer de( e vinte ve(es mais 1ue o primeiro capital 1ue se .avia dado por elas& /s contratadores perante a -alta de moeda passaram a substitui2la com papel obtendo parta isso a aprovao de !overnadores e ma!istrados VartQ O;W& Formulavam eles mesmos o papel2moeda produ(indo uns bil.etes nos 1uais estamparam as armas reais com o se!uinte te$toE @vale :I; Sobre a 1uesto das livranas denunciada por Sousa Coutin.o ver @Carta de F+SC para o Conde de /eirasA 'HU C$ LI Doc& J Luanda IL de Fevereiro de IJKJ& Sobre o mesmo 'HU C$& LI Doc& ^O I: de /utubro de IJKJ& 6er ainda "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ R; e ss& :II Durante o s*culo G6+++ em certos pa,ses da #uropa desencadeia2se uma actividade colonial 1ue sem andar li!ada a ac4es directas dos !overnos dependia da iniciativa de -inanceiros empreendedores 1ue viam na coloni(ao uma oportunidade para da, retirarem rendimentos& ' primeira etapa desse processo andou li!ada ao @Caso La\A& Com La\ um -inanceiro escocs a Compan.ia do /cidente -ilial do banco criado por esse -inanceiro com autori(ao do Re!ente obt*m um verdadeiro monop"lio substituindo para o tr8-ico de escravos a Compan.ia do Sene!al VIJINW ad1uirindo os privil*!ios da Compan.ia das Cndias /rientais e da Compan.ia da C.ina VIJIOW e ainda absorvendo a Compan.ia da X-rica e a Compan.ia de So2Domin!os& Uma publicidade bem montada orientou os subscritores para as ri1ue(as reais ou no das terras da coloni(ao& / desastre -inanceiro -oi total devido por um lado s aud8cias de La\ in-ra2 estrutura econ"mica insu-iciente da Frana e a uma crise c,clica& 'l!uns resultados -oram conse!uidos com a instalao de al!uns colonos na Luisiana e a -undao de Nova /rleansY outros sobre os a-luentes do 0ississipi at* ao 'r[ansas 0issouri&&& 0as .avia muito poucos colonos volunt8rios& 's opera4es -alaciosas criaram al!uma descon-iana -ace aos investimentos coloniais& ' concentrao das compan.ias ensaiada por La\ primeira uni-icao dos assuntos coloniais no -oi avante& %ortanto o @sistema La\A teve uma vida muito curta& ..................... 81 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola esta livrana Vpor e$emplo vinte moedasW 1ue pa!arei de Letra ao 0ostrador todas as ve(es 1ue me -or pedidaAVartQ OIW& #stas livranas tin.am as se!uintes caracter,sticasE o contratador ou os seus administradores no se obri!avam a reali(ar esses papeis em din.eiro nem outra coisa 1ue e-ectivamente o valesse mas em Letra sem di(erem sobre 1ue praa sobre 1ue pessoa e em 1ue termos devia ser satis-eita depois de passada& )ratava2se de uma en!en.aria -inanceira virtual por1ue obri!ava a pa!ar um papel de valor puramente ima!in8rio c.amado Livrana com outro %apel de valor i!ualmente ima!in8rio c.amado Letra& ?uando os contratadores -a(iam pa!amentos incluindo de d,vidas eram as suas Livranas a 0oeda corrente de 1ue se serviam& 0as 1uando eram vendedores ou credores no 1ueriam aceitar nem receber as suas pr"prias Livranas obri!ando os .abitantes de 'n!ola em lu!ar delas a permutarem os !*neros do pa,s ou pa!82las com !*neros de -oraY ou a satis-a(erem2nas com Letras sacadas sobre ne!ociantes acreditados da 'm*rica e portanto a serem pa!as a certo e determinado tempo& Com as Livranas os contratadores tin.am monopoli(ado o com*rcio interior e e$terior da1uele reino& Com eles arrastavam todos os moradores do reino mas tamb*m os pr"prios -undos da Fa(enda Real 1ue procediam dos direitos dos escravos e do mar-im& Nos co-res 78 s" .avia livranas& ' e$tino do contrato dos direitos dos escravos e do mar-im vem associada a esta 1uesto das Livranas& Doravante deviam ser administrados por conta da Real Fa(enda no literal sentido dos dois alvar8s de II e :L de 9aneiro de IJLN& 's livranas -oram abolidas e proscrito o abuso delas desde lo!o por1ue pelas Ordena#Kes do 3eino Vlivro L ttQ I:W a -alsi-icao de moeda era crime& Continuando por*m a .aver -alta de moeda -e(2se correr papel moeda mas com autoridade r*!ia a 1uem somente cabia o estabelecimento da moeda& / papel 1ue corria era passado pela 9unta da Fa(enda de 'n!ola com o compromisso do %residente e Deputados das 0esas da +nspeco dos portos do 5rasil de pa!arem as ditas Letras no preciso termo de K; dias& )oda esta problem8tica -inanceira percorre o !overno de Sousa Coutin.o e por isso no podia dei$ar de ser a1ui mencionada para 1ue na reta!uarda se leve em conta& ' trans-ormao de 'n!ola em col"nia de produo para complementar e diversi-icar a sua -uno privile!iada na e$portao de escravos pressupun.a um plano para criao de uma rede de manu-acturas& / caso paradi!m8tico consiste na construo da Fundio de Nova /eiras onde se pro7ectava a produo de -erro capa( de abastecer o ..................... 82 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5rasil o Reino e tamb*m o #stado da Cndia :I: V$ide %arte 6 &ispositi$os de Mo$ernoW& %or*m * preciso acentuar 1ue este !overnador desenvolveu pol,ticas similares em torno do en$o-re e do salitre de 5en!uela& Z imposs,vel ol.ar a Fundio de Nova /eiras como um acto isolado uma ve( 1ue !an.a maior sentido em relao a um pro!rama mais alar!ado de industriali(ao de 'n!ola& De 1ual1uer -orma e como se ver8 a Fundio de Nova /eiras pela sua dimenso meios .umanos e -inanceiro envolvidos * t"pico obri!at"rio num discurso mais estereotipado e menos acad*mico sobre o !overno de Sousa Coutin.o por1ue marcou a mem"ria elaborada sobre este per,odo& ' ponte entre o discurso de Sousa Coutin.o e a inveno da sua pr"pria persona!em constitui uma dimenso muito peculiar do seu pensamento& Desde lo!o por1ue ao nomear2se a si pr"prio administrador6filsofo ao mesmo tempo 1ue instaurava uma ruptura de discurso pro7ectava2se como autor de um novo tempo e revelava uma noo de obra& Como @!rande .omem de acoA no escapou ao dese7o de ser tamb*m um !rande or!ani(ador da sua pr"pria mem"ria& #$plicou2se atrav*s da escrita para 1ue depois da morte as suas ideias pudessem ser entendidas :IR & %4e em cena todos os detal.es da sua pr"pria posteridade& /s m"beis os ob7ectivos para a aco nem sempre tero sido os mais evidentes& / .omem -a(2se da sua pr"pria posteridade e essa ultrapassa o seu tempo de aco& 6isa o ob7ectivo mais -u!a( e tamb*m um dos mais -re1uentes T a !l"ria& ?.:. A-!i+/i(#()* " &)%"&'" (" ,"'@/i%#("&. / Hoverno de D& 'nt"nio de Lencastre VIJJ:2 IJJOW tem sido visto pela .istorio!ra-ia como uma esp*cie de retrocesso de retorno a anteriores -ormas de dom,nio muito li!adas !uerra punitiva e ao tr8-ico de escravos com pre7u,(o para as tentativas de -a(er de 'n!ola uma col"nia de produo e de povoamento& D& 'nt"nio de Lencastre teria assim retomado o modelo do !overnador con1uistador& /s dois padr4es da administrao an!olana -icariam a1ui bem evidentes 1uando ao administrador6filsofo se se!uiria o con1uistador :I^ & :I: 6er %arte +6 T &ispositi$os de Mo$erno& :IR Z o caso da @5reve e 3til ida sobre o Commercio Nave!ao e Con1uistas dU'(ia e da '-rica data de IJJO V'' vol& + nQ ^ IORL s&pp&W elaborada para permitir uma mel.or compreenso dos seus o-,cios na posteridade& :I^ D& 'nt"nio de Lencastre no ter8 sido primeira escol.a mas antes alternativa ao 'rmeiro 0or impedido por doena de assumir o !overno de 'n!ola Carta de F+SS para 9oo %into da Cun.a I; de Fevereiro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:I;& ..................... 83 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' meu ver esta leitura tem al!um -undamento mas deve ser relativi(ada& #la prende2se directamente com o encerramento da Fundio de Nova /eiras& / pr"prio Sousa Coutin.o nos seus escritos identi-icava estas ra(4es e via 'nt"nio de Lencastre como seu !rande opositor respons8vel pela invalidao da1uele @!rande #stabelecimentoA no terreno e na corte de Lisboa :IL & %or*m essa medida no condu(iu a uma anulao sistem8tica do pro!rama precedente nem isso poderia ter acontecido .avendo como .avia um pro!rama a ser cumprido e para continuar a cumprir& 's directivas coloniais a partir da metr"pole veiculadas por 0artin.o de 0elo e Castro e pelo !abinete pombalino con-irmam claramente a pol,tica anterior e por mais autonomia 1ue os !overnadores ultramarinos possu,ssem .avia uma norma de re-erncia a atender& 0esmo considerando 1ue durante este !overno teve lu!ar o 3ltimo ano do %ombalismo em IJJK com a subida ao trono de D& 0aria e a substituio do 0ar1us de %ombal pelo 6isconde de 6ila Nova da Cerveira V)om8s Gavier de Lima No!ueira )eles da SilvaW j di-icilmente se pode identi-icar nesta transio uma alterao de pro!rama& ' .istorio!ra-ia mais recente demonstrou .aver al!uma di-iculdade em ac.ar um sentido para a c.amada @viradeiraA Vtermo 1ue tem sido usado para si!ni-icar um movimento de retorno no per,odo marianoW& /s secret8rios de #stado mantiveram2se o 1ue denotar8 um cuidado posto na transio @entre o reinado de D& 9os* e de D& 0aria bem como a manuteno da lin.a re-ormista 7ose-ina2pombalinaA :IK & 0ais a -ormao de novos !abinetes incluiu sempre elementos 1ue !arantiam a li!ao com os anteriores& @#stamos portanto indiscutivelmente perante !abinetes 1ue asse!uram lin.as de continuidade !overnativa&&&A :IJ & Na col"nia de 'n!ola a mesma continuidade pode ser assinalada& / incentivo ao povoamento branco por e$emplo prosse!uiu o primeiro @recenseamentoA da populao de 'n!ola contou com o empen.o pessoal do !overnador e a inteno de controlar a presena -rancesa nas costas de 0olembo Cabinda e Luan!o 7usti-icou uma e$pedio ao Norte do rio =aire& / 1ue parece espec,-ico deste !overno e talve( se possa locali(ar a, a :IL @5reve e 3til ida sobre o Commercio&&& IJJO '' vol& + nQ ^ IORL s&pp& :IK Hespan.a @Hoverno e 'dministraoA .istria p& IJO& :IJ "dem "bidem p& IN;& #sta continuidade no e$clui reac4es re-ormistas nomeadamente na Cndia onde o )ribunal do Santo /-,cio por e$emplo e$tinto em IJJ^ -oi restaurado em IJJN& C-& 0aria de 9esus Lopes Moa /etecentista&&& pp& ^O2L;& ..................... 84 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ra(o de ser de uma ima!em 1ue remete ao estere"tipo do !overnador con1uistador * a especial ateno 1ue -oi necess8rio conceder s din<micas pol,ticas a-ricanas& 's movimenta4es dos sobas do 5ailundo ali8s 78 anunciadas durante o !overno de Sousa Coutin.o e$i!iram uma !esto de prioridades e a canali(ao das 78 por si d*beis -oras coloniais para a !uerra no serto de 5en!uela& / acontecimento mais marcante deste !overno * ento a preparao e o desenrolar da !uerra do 5ailundo entre IJJ^ e IJJK s" compar8vel em dimenso mas sobretudo em impacto na mem"ria colonial e a-ricana Vneste caso ovimbundoW !uerra de 'mbuila VIKKLW& / !overno de Honalo da C<mara di-icilmente se pode identi-icar com uma pol,tica aut"noma V9os* Honalves da C<mara Coutin.o IJJO2IJN:W -oi marcado pelo in,cio da Huerra de Cabinda depois continuada nos dois triunviratos 1ue se se!uiram o %rimeiro )riunvirato :IN entre IJN: a IJNR2L2:; e o se!undo triunvirato entreIJNR a IJN^2O2N :IO & #ste * um per,odo di-,cil e conturbado na Hist"ria da col"nia& ' !uerra de Cabinda representou uma derrota estrondosa com perda de .omens e meios& ?uando o 5aro de 0o<medes c.e!ou a Luanda as tropas da @Huerra +n-austa de CabindaA re!ressavam ::; & No rescaldo da !uerra o 5aro de 0o<medes devia iniciar o seu !overno& ?.<. P&/()'%i# ) '#%/i-" No !overno do 5aro de 0o<medes VIJN^2IJO;W o modelo est8 presente como moldura de re-erncia mas * o terreno 1uem dita a aco& / terreno re-racta o modelo e toda a aco resulta da prudentia de uma arte& Z na conduo das !uerras 1ue esta noo de prudentia se torna mais evidenteE @&&&no * poss,vel poder prevenir acontecimentos -uturos sem con.ecer o terreno estando dele distante devendo con-iar muito da prudncia do Comandante supostas as re!ras Herais&&&A ::I & / -io condutor da e$tensa epistolo!ra-ia do 5aro de 0o<medes onde se plasmam as directivas do seu !overno pode sinteti(ar2se na a-irmao da irredutibilidade da realidade local aos modelos e padr4es europeus& Durante este !overno alar!a2se o espao con.ecido& ' entrada em -ora de uma ideolo!ia :IN Fr& Lu,s 'nunciao e '(evedo Dr& 9oa1uim Castro 5arbosa VouvidorW 9oo 0onteiro de 0orais VcoronelW& :IO D& Fr& Lu,s 'nunciao e '(evedo Dr& Francisco 0ac.ado %essan.a VouvidorW e o coronel %edro Xlvares de 'ndrade& ::; Consulta de :O de /utubro de IJNL 'HU C"d& ^N; -l& L v& ::I +nstru4es dadas pelo baro de 0o<medes a 'nt"nio 9os* Costa na campan.a do Norte Fevereiro de IJNN C"d& IK^: -l& K^v& ..................... 85 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola naturalista em 'n!ola in-luenciada por .omens como 6andelli ou institui4es como a 'cademia de Cincias repercute2se na or!ani(ao de e$pedi4es para o Sul de 5en!uela e nas primeiras tentativas para instalar povoadores na 5a,a de 0o<medes& ' tenso pol,tica no Norte em parte causada pela presso -rancesa a partir dos portos de Luan!o Cabinda e 0olembo com conse1uncias no tr8-ico de escravos desencadeou em IJO; a @Huerra do NorteA contra 'mbuila ?uin!uen!o e Namboan!on!o tendo os Dembos !arantido posi4es e capacidade de ne!ociao& Com o 5aro de 0o<medes c.e!a a Luanda o 5ispo de 0alaca D& Frei 'le$andre da Sa!rada Fam,lia& ' ele se devem dili!ncias na corte do Conde de Son.o no sentido de a, retomar ac4es de cate1ui(ao e atr8s dessas ac4es diplom8ticas e pol,ticas& Num e$tenso relat"rio assinado pelo seu secret8rio * traado um retrato importante de 'n!ola tocando aspectos !eralmente pouco e$aminados nas -ontes administrativas ::: & #m 5en!uela tomou iniciativas no campo das !arantias da vida da comunidade e at* dei$ou os materiais e a planta para a construo de um .ospital em local sadio& Z no seu !overno 1ue se -orma um Re!imento de Henri1ues Vcorpo militar de ne!ros e mulatos livres ori!inalmente pernambucano e or!ani(ado no per,odo da presena .olandesaW em 5en!uela ::R & #m muitos aspectos sobretudo no 1ue toca s 1uest4es sociais captam2se coincidncias relativamente a Sousa Coutin.o& ' transio para o !overnador 0anuel de 'lmeida 6asconcelos irmo do 5aro de 0o<medes mant*m as lin.as -undamentais de !overno& 's directivas metropolitanas embebem nas correntes naturalistas e um dos elementos mais valori(ados passa a ser a col.eita e remessa das produ4es naturais de 'n!ola com instru4es precisas sobre m*todos de recol.a e acomodao para posterior envio ao reino a 1ue se acrescentavam primeiras -ormas de uma etno!ra-ia ::^ & /s anos de IJOR2O^ so marcados por uma !uerra punitiva pela costa do Con!o e 1ue depois penetrou at* ao serto tendo retornado a Luanda ::L & Como se ver8 apesar de todas as resistncias imposio de um novo modelo de !overno no -inal do s*culo G6+++ a con-i!urao da col"nia 78 se alterara& ::: 'H0 &edu#o dos factos do 1ispo de 4alaca e do 1aro de 4o#Jmedes Hovernador de 'n!ola IN de De(embro de IJNN Diviso : Seco : C$& IO^ nQI& ::R Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I^K e ss& Relacionar com J&:&:& A -iptese dos 4ulatos e N& 7a%er a Muerra para 7a%er a pa%& ::^ +nstru4es&&& IJ de /utubro de IJO; AA vol& + nQ^ IORL s&pp& ::L Corra ++ pp& INL e ss& ..................... 86 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ?.5. O &)%"-#& () /- 3&"9),%" (17B?-1801). ' c.e!ada de D& Rodri!o de Sousa Coutin.o Secretaria da 0arin.a e Ne!"cios Ultramarinos em IJOK -oi ol.ada como um per,odo de !rande inovao& No plano doutrin8rio o mane7o de novas ideias inspiradas num con.ecimento da obra de 'dam Smit. e outros autores da *poca !arante a ori!inalidade do en1uadramento ideol"!ico do seu pensamento e permite coloc82lo num cate!oria de doutrinadores a 1ue 9os* Lu,s Cardoso c.amou do mercantilismo tardio ou ilustrado em parte resultado de re-le$4es sobre a realidade ultramarina -ormuladas em diversos te$tos com car8cter pro!ram8tico pelo pr"prio D& Rodri!o& Na 4emria sobre o mel-oramento dos domWnios de /ua 4agestade na Amrica VINI;W ::K e$plicava 1ual deveria ser o @Sistema %oliticoA 1ue Coroa %ortu!uesa mais convin.a adoptar para conse!uir a conservao dos Dom,nios Ultramarinos& Contrariava a ideia de 1ue as col"nias seriam um mero instrumento de consolidao econ"mica das metr"poles e re-oro da supremacia pol,tica perante potncias europeias& +denti-icou duas novas ideias -undamentais do sistema pol,ticoE iW a unidade pol,tica do imp*rio iiW a dependncia econ"mica das col"nias -ace metr"pole VVB & ' unidade pol,tica do imp*rio decorria de um @enlace natural @ 1ue li!ava as suas di-erentes partesY mas desta unidade resultava uma relao pre-erencial com a metr"pole no sentido em 1ue as rela4es de cada pea ultramarina deveriam ser mais activas com a metr"pole do 1ue entre si VV@ &/ +mp*rio seria indissol3vel e o seu centro situar2se2ia no espao europeu& / car8cter inovador do seu discurso incidiu de uma maneira !eral na pol,tica ultramarina uma ve( 1ue implicou uma leitura diver!ente das perspectivas mercantilistas ali8s 78 postas em causa parcialmente por correntes a!raristas como anteriormente se re-eriu& No 1ue respeita a 'n!ola a pol,tica preconi(ada para a col"nia socorreu2se -re1uentemente da documentao Vo-,cios e mem"riasW dei$ada pelo seu pai e !overnador de 'n!ola D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o conotado com o ma!ist*rio pombalino& #m v8rios momentos retomou os pro7ectos encetados durante os anos da1uele ::K 4emria de & 3odrigo de /ousa Coutin-o V>] Conde de (in-aresH sobre o mel-oramento dos domWnios de / 4age na Amrica 'm*rico %ires de L+0' Ved&W Coimbra #ditora IO^N& ::J "dem "bidem pp& :^ e ss& Sobre o pensamento de D& Rodri!o acerca do +mp*rio e em especial do 5rasil 9os* Lu,s Cardoso @Nas mal.as do +mp*rio&&& p& N; e ss& ::N 4emria de & 3odrigo de /ousa Coutin-o&&& "bidem pp&:L& ..................... 87 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !overno e a, procurou in-orma4es e le!itimidades para pro7ectar o -uturo da col"nia ::O & ' travessia de X-rica ou a -8brica de -erro de Nova /eiras -oram como se viu al!uns dos pro7ectos centrais do !overno de D& Francisco a!ora reiniciados& /s autores 1ue se debruaram sobre a -i!ura de D& Rodri!o assinalam a import<ncia 1ue -oi dada ori!inalidade do seu pensamento e as conse1uncias 1ue em relao administrao ultramarina ela teria acarretado& %elo 1ue -ica dito no caso an!olano veri-ica2se uma not8vel continuidade entre o per,odo mais aceso da pol,tica de inspirao pombalina e o seu !overno& #ssa continuidade * tamb*m assinalada por 6alentim 'le$andre 1uando conclui 1ue o re-ormismo de D& Rodri!o de Sousa Coutin.o em nada a-ectou @as caracter,sticas de base do anti!o sistema colonialA :R; & / @pacto colonialA continuava activo& Na lin.a memorialista de D& +nocncio se bem 1ue 78 insinuando a necessidade da introduo de princ,pios liberais os discursos pro-eridos na Real Sociedade 0ar,tima e na pr"pria 'cademia das Cincias de Lisboa revelam um verdadeiro pro!rama de desenvolvimento econ"mico 1ue para al*m do -omento da a!ricultura passava pela e$plorao mineira V&iscurso sobre a $erdadeira influ8ncia das minas de metais preciosos na indXstria das na#Kes que as possuem, e especialmente da portuguesaW pelo estabelecimento de manu-acturas entre muitos outros aspectos& Na relao entre as col"nias e a metr"pole para 1ue -ossa se!ura e duradoura admitia :RI E @as col"nias portu!uesas devem ser -eli(es sem serem opulentas isto * sem terem dentro em si o meios de se rebelarem& / !overno as deve animar na cultura das terras -a(endo2as dependentes da ind3stria da metr"poleA& /s anos de IJOO T IN;; sero como direi mais adiante um repor em pr8tica das estrat*!ias de-inidas por D& +nocncio mas sempre com resultados prec8rios& #m IN;; :N anos depois da -undao da -8brica ainda se discutia a .ip"tese de a reactivar& 0as o ento !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo numa carta diri!ida a D& Rodri!o de Sousa Coutin.o sobre a -8brica de Ferro de Nova /eiras no ia no sentido de acreditar nesse ::O ' pedido do Secret8rio * enviado para 'n!ola um pedido de parecer sobre a mem"ria 1ue Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o escrevera sobre o com*rcio da X-rica e da Xsia 'HU C$& NO Doc& LO J de De(embro IJON& :R; 6alentim 'le$andre Os /entidos do "mprio&&& p& NL& :RI 9oo da Costa Cordeiro 4emria sobre a prosperidade na )a#o Portugue%a p& N:& ..................... 88 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pro7ecto& Situa2se numa posio mercantilista cl8ssica e aconsel.a a 1ue o -erro se7a encarado como mero produto de e$traco e1uiparado cera e ao mar-im e$primindo bem com essa indicao o vincular de 'n!ola ima!em da -eitoria distante do Reino ou +mp*rio en!endrada uns anos antes& ?.?. A (i-)3"i!i4i(#() (# ,"4"'i2#01" 'ssim D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo VIJOJ2IN;:W ser8 o interlocutor se!uro para D& Rodri!o e de al!uma -orma a vo( 1ue a partir do terreno contrariou muitas das medidas de Lisboa provando a impossibilidade de as aplicar em 'n!olaE @tudo a1ui * diverso das outras partes do mundo .omens costumes opini4es reli!iosas pol,t,cas clima com*rcio a!ricultura&&&&A :R: Do ponto de vista doutrin8rio D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo destacou2se pelo seu en1uadramento no pensamento veiculado pela 'cademia das Cincias 1ue e$pressou num e$erc,cio de escrita em @0em"riasA e @'pontamentosA sobre 'n!ola :RR & Nessa lin.a assumiu um discurso cr,tico -ace pr8tica de um com*rcio 1ue apenas visasse os metais preciosos& Numa reprovao directa das directivas mercantilistas re-eria2se a um tempo de primeiros contactos com os a-ricanos em 1ue a #uropa estava ela mesma distante dos @verdadeiros e s"lidos princ,pios %ol,ticos e #con"micosA para depois concluir tamb*m em sintonia com o discurso a!rarista veiculado por a1uela instituio 1ue era a '!ricultura o sector da economia a ter em apreo& 'o lon!o dos seus te$tos identi-icam2se elementos discursivos 1ue apontam a uma inscrio pro-unda das cate!orias do pensamento racionalistaE @m*todoA @Felicidade dos %ovosA @%rinc,pios %ol,ticos ou @5em ComumA :R^ & / interesse 1ue no seu !overno -oi posto na educao dos meninos atrav*s da nomeao e e$ame de competncias dos mestres das escolas de ler e escrever decorria precisamente da convico de 1ue ensino p3blico produ(ia o bem comum& Uma re-le$o sobre o 1ue at* ao momento -ora a coloni(ao permiti2l.e tecer cr,ticas ao sistema empre!ue para 'n!ola e em especial o -acto de a col"nia ser cen8rio de acol.imento de de!redados vindos do 5rasil para concluir 1ue o !overno politico militar e econ"mico numa palavra @todos os ramos da administrao p3blica de 'n!olaA se!uiam e re1ueriam um camin.o :R: Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo para RSC :N de 9un.o de IJON 'HU C$& NN Doc& :I& :RR 6er por e$emplo Apontamentos sobre di$ersos obNectos da administra#o publica de Angola R; de 'bril de IJOJ 'HU C$ NJ Doc& JL& :R^ Carta para RSC N de 0aro de IJOO 'HU C$&OI Doc& IL& ..................... 89 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola muito di-erente do das restantes col"nias portu!uesas& Di-icilmente a Policia e os bons costumes poderiam prosperar na1uela col"nia sendo como era continua a remessa de .omens de!redados incapa(es de promover uma sociedade civil se!undo padr4es de civilidade comummente aceites& Z importante sublin.ar 1ue pela escrita deste !overnador a invocao do 5rasil 2 onde a @%ovoao e a %olicia cada dia cresceA 2 serve para sublin.ar a pro-unda cliva!em 1ue se estabelecera entre as duas col"nias& Na verdade na d*cada de IJL; 5rasil e 'n!ola apesar de todas as suas di-erenas .aviam sido pensados e colocadas como alvos parit8rios de uma pol,tica re-ormista& No -inal do s*culo as di-erenas .aviam sido a!udi(adas ao ponto de ainda se!undo 0i!uel 'nt"nio de 0elo ser preciso repensar 'n!ola :RL & #m relao ao tr8-ico de escravos 1ue mantin.a a sua prioridade no !overno de 'n!ola evidenciam2se as in-luncias brit<nicas& ' necessidade de -a(er a reviso das ar1uea4es dos navios para o tr8-ico dos escravos vem 7usti-icada por ra(4es de nature(a comercial e tamb*m .umanit8rias& / m*todo para o transporte dos escravos devia pautar2 se pelos princ,pios 1ue 78 adoptara o parlamento brit<nico esses con-ormes aos sentimentos de .umanidade 1ue deviam distin!uir uma @Nao Civili(adaA :RK & %rovavelmente ter8 sido este o !overno 1ue mais in-ormao recol.eu em 'n!ola sobre a col"nia de 'n!ola& Data de IJOJ o envio de @cartas circularesA a todos os capites e re!entes dos pres,dios e distritos onde eram inde$ados cerca de IL items relativos a in-ormao muito variada sobre as 7urisdi4es a recol.er e enviar para Luanda :RJ & ?uer di(er no se trata de identi-icar atrav*s de e$plora4es cient,-icas o espao a dominar ou simplesmente a con.ecer mas antes de descrever e 1uanti-icar o poder colonial& Z impressionante a 1uantidade de relat"rios e mapas reali(ados ao lon!o deste !overno em especial no 1ue toca ao planalto e capitania de 5en!uela& ' carto!ra-ia da col"nia com a delimitao dos seus limites * tamb*m visada por incentivo de D& Rodri!o de Sousa Coutin.o :RN & No plano da sistemati(ao de in-ormao apro$ima2se do per-il apresentado :RL Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo para RSC N de 0aro de IJOO 'HU C$& OI& Doc& IL& :RK Carta de D& D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo I: de 0aro de IJOO 'HU C$& OI& Doc& IJ& :RJ Sobre o conte3do destas cartas ver J&J&I& Censos e "nquritos Cartas circulares IR de Novembro de IJOJ 'HU C$& NJ Doc& ^N& :RN Carta de 0'0 para RSC R de De(embro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& KK& ..................... 90 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola para D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a incluindo no cuidado posto com a or!ani(ao dos ar1uivos de Luanda VSecretaria e 9unta da Fa(endaW :RO & ' componente naturalista acrescenta2se nas competncias de !overno& Col.eitas de amostras de produtos ve!etais e minerais e seus usos m*dicos cabem ao !overnador de 'n!ola e aos capites2mores :^; & ' sistemati(ao dos con.ecimentos acerca das minas de 'n!ola condu( 0i!uel 'nt"nio de 0elo a uma investi!ao .ist"rica ar1uiv,stica e tamb*m da tradio oral& / pr"prio !overnador * autor de e$tensos e e$austivos relat"rios onde -oi sistemati(ada in-ormao bot<nica .ist"rica e etno!r8-ica& / e$emplo mais acabado consiste num te$to a 1ue o !overnador c.amou &escobertas mineralgicas :^I & #m cima da mesa voltava a colocar2se com !rande actualidade a travessia e li!ao das '-ricas ocidental e oriental& ' mem"ria de 5rant %ontes visava 7ustamente responder a 1uest4es do !overnador sobre o tema :^: & Uma reavaliao dos transportes -oi pensada para substituir o abastecimento de carre!adores aos sertane7os por parte dos capites2mores atrav*s da utili(ao re!ular dos cavalos no interior de 'n!ola de -orma a obviar aos cl8ssicos abusos e e$tors4es :^R & Como se sabe esse sistema nunca vin!ou& #ste !overno -oi marcado por v8rias -ormas de resistncia& 'travessa2o a di-iculdade cada ve( maior de !arantir a sobrevivncia da presena das estruturas coloniais no serto de 5en!uela e a sobrevivncia das povoa4es civis -undadas no !overno de Sousa Coutin.o& #m IJOO * desencadeada uma !uerra provocada pela invaso 1ue o soba do Huambo -e( ao 5ailundo& 's povoa4es de Halan!ue Salvaterra de 0a!os V?uilen!uesW lideradas pelo capito2mor de Caconda Nova arre!imentaram moradores e sobas vassalos entre eles o soba aliado de Calu1uembe para en-rentar mais uma !uerra 1ue a-inal tin.a mais a ver com e1uil,brios end"!enos do 1ue com a d*bil presena colonial& Como se ver8 a presena no serto de 5en!uela acabar8 por estar marcada pela permanncia das l"!icas e prioridades da pol,tica a-ricana e sua sobreposio 1uela 1ue :RO D& 0i!uel 'nt"nio de 0ello @Relat"rio do Hoverno&&&A 1/M(& Lps*rie INNL p& L^O& :^; D& Rodri!o de Sousa Coutin.o redi!ia um aviso em :O de 9ul.o de IJOJ pedindo a D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo o envio de amostras de breu resina e en$o-re com uma e$plicao dos seus usos m*dicos& Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo acerca do 5reu&&& L de 9un.o de IJON AA vol&+ nQI IORR s&pp& :^I Descobertas mineral"!icas deste Reino IO de Setembro de IJOO AA vol& +&nQI IORR s&pp& :^: 0emoria sobre a Comunicao da costa /riental com a /cidental O de Setembro de IN;; VAA vol&I nQI IORR s&pp&W :^R No ano de IJOK d82se o levantamento da proibio de importao de *!uas para 'n!ola abrindo com isso a .ip"tese de criao de cavalos& ..................... 91 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola era a pol,tica propu!nada por Luanda :^^ & ' tudo isto acrescentavam2se ciclicamente con-litos 7urisdicionais entre o !overnador de 5en!uela e o 7ui( de -ora& Nas primeiras d*cadas do s*culo G+G com a sa,da da corte para o 5rasil as invas4es -rancesas e a revoluo liberal 'n!ola volta a ser ol.ada pre-erencialmente como -eitoria e$portadora se bem 1ue os resultados da pol,tica empreendida estivessem l8 e estivessem activos& D& Fernando 'nt"nio Soares de Noron.a VIN;:2IN;KW utili(a e re-ora esses mecanismos instalados em especial na relao 1ue mantem com os sobas e D& 'nt"nio de Saldan.a da Hama retoma pro!ramas como a ind3stria do -erro em 'n!ola& Durante o !overno de 9os* de /liveira 5arbosa VINI;2INIKW a capacidade de dom,nio de 5en!uela sobre os sobas do planalto vai2se vendo en-ra1uecida& H8 um claro abrandamento no tipo de presso anteriormente veri-icada e com ela da presena militar& Na d*cada de IN:; a pol,tica colonial portu!uesa 1uase no -oi para al*m do mero discurso atrav*s da mani-estao de inten4es :^L & Com a desa!re!ao do sistema luso2 brasileiro camin.ava2se para o c.amado terceiro imprio& 'n!ola permanecia nas mal.as do tr8-ico& :^^ Documentos v8rios IJ de /utubro de IJOO 'HU C$& OR Doc& KJ& :^L 6alentim 'le$andre @' 1uesto colonial&&&A p& RI& ..................... 92 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 93 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola PARTE II - F"&-# () #3&"3&i#01" (" )3#0" 7. A&&)("'(#& A'+"4#8 (" E%#(" )- &)() C %)&&i%"&i#4i2#01" (" E%#(" ' -rase de %ombal @'n!ola no * -eitoriaY no s" * reino como pode ser imp*rioA :^K colocava em novos moldes as estrat*!ias de coloni(ao e tra(ia consi!o a ideia de col"nia de povoamento na avaliao dos termos da implantao pol,tica num territ"rio a-ricano& Como um !e"metra 1ue pensa e or!ani(a o espao a partir do e$terior atrav*s de -ormas per-eitas Sousa Coutin.o declarava em relao a 'n!ola @* preciso arredondar este imenso pa,sA :^J ac.ar2l.e os limites de-inir2l.e as -ronteiras -ec.82lo preenc.e2lo construir um espao estruturado pela coloni(ao e portanto .omo!enei(ado& Z bem a a-irmao de uma outra relao com o espao ur!ncia de instalao territorial e cont,nua em 'n!ola para superar a disposio precedente uma sucesso descont,nua de enclaves coloniais or!ani(ada a partir da lin.a do Cuan(a via de penetrao primeira e tradicional e no sul a partir da -ortale(a de S& Filipe de 5en!uela -undada em IKIJ por 0anuel Cerveira %ereira& / ob7ectivo consistia em dar maior consistncia ao poder colonial trans-ormando os enclaves do litoral numa lin.a cont,nua de dom,nio e interiori(ando esse mesmo dom,nio muito para l8 da -ai$a costeira& / 5aro de 0o<medes na d*cada de IJN; viria a prosse!uir e sinteti(ar esta mesma ideia 1uando se di(ia empen.ado nas empresas do Norte e do Sul e acrescentava @me no es1ueo do LesteA :^N & )odas estas a-irma4es/pro!ramas remetem para a 1uesto da construo de territ"rio colonial em X-rica invocando ra(4es e visando limites 1ue para este s*culo G6+++ de 1ue a1ui * 1uesto ainda se inscrevem numa certa inde-inio& 'li8s o contraste com a -rase @'n!olaE de Cabinda ao CuneneA -rase emblem8tica 1ue .o7e se pode escutar nas emiss4es da televiso de 'n!ola associada a mensa!ens de reconstruo e unidade nacional no pode dei$ar de ser assinalado& %ara 1uem como eu se deslocou a 'n!ola em :^K @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A :; de Novembro de IJK; 'HU C"d& LLL M NJ -l& LO2LOv& :^J Carta de DF+SC para FG0F IL de '!osto de IJKN 'HU C$& LI Doc& :L& :^N 'HU C"d& IK^: -l& :L v IL de De(embro de IJNL& ..................... 94 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola busca de um s*culo G6+++ escondido nos ar1uivos o con-ronto real com a -rase repetida e a sucesso r8pida de ima!ens 1ue a ilustravam con-irmou a necessidade de precisar o espao a 1ue se re-eria esta investi!ao esclarecer os termos da sua trans-ormao no per,odo em estudo e perceber a sua apro$imao ou distanciamento -ace a uma !eo!ra-ia pol,tica en!endrada no -inal do s*culo G+G com a delimitao das -ronteiras da X-rica& #m p8!inas anteriores 78 se salientou a reavaliao pombalina das -ormas de implantao territorial nas col"nias assim como a particular centralidade 1ue os problemas do espao ocupam na Hist"ria de X-rica com especial relevo para a discusso em torno do conceito operat"rio de -ronteira e -ronteira luso2a-ricana Vma+ime DopBto-- 6ellutW a 1ue se acrescenta a insistncia no car8cter policentrado das sociedades a-ricanas unidas entre si por uma comple$a teia de redes Vsociais pol,ticas comerciais de @plaisanterieA&&&W na sua mobilidade Vmovimentao de aldeias de indiv,duos de lin.a!ensW e coe$istncia de autonomias multi-ormes& Ra(4es todas elas v8lidas para encontrar lu!ar para a discusso das rela4es entre territ"rio administrao colonial e poderes a-ricanos& 'ssim averi!uar de 1ue se -ala ao certo 1uando se -ala de 'n!ola no s*culo G6+++ -unda um problema centralY sendo como * imposs,vel eri!ir a cate!oria #stado/Nao em cate!oria trans2.ist"rica e -a(er uma identi-icao directa entre o actual espao an!olano e as v8rias con-i!ura4es espaciais da 'n!ola colonial& %arece oportuno invocar 9an 6ansina no cl8ssico (es anciens ro5aumes de la sa$ane para salientar uma evidnciaE @'n!ola * um #stado no a-ricanoA * uma construo colonial :^O 1ue no descende directamente de uma 3nica -ormao pol,tica end"!ena de um !rande imp*rio a-ricano mas resulta a-inal de uma articulao !radual de !eo!ra-ias etnias etnicidades e identidades 7o!adas em -orma4es pol,ticas com percursos to sin!ulares como capa(es de con-i!urar v8rias @'n!olasA e a 1ue a Con-erncia de 5erlim veio a determinar o desen.o de -ronteiras comuns e os movimentos nacionalistas instrumentali(ando2as deram de -acto sustentao ideol"!ica no 1uadro das autonomias a-ricanas& #sta condio veri-ica2se tanto .istoricamente como na actualidade& Da mesma -orma .o7e 'n!ola d8 not,cia dessa circunst<ncia sendo como * uma subst<ncia :^O 9an 6ansina (IOKL) (es Anciens 3o5aumes de la /a$ane L*opoldville Universit* Lovanium p& O& ..................... 95 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola nacional a todo o instante marcada por insularidades e @localidadesA de v8ria ordem :L; & # se bem 1ue a l,n!ua materna da maior parte dos an!olanos se7a .o7e o portu!us em detrimento das c.amadas @l,n!uas nacionaisA os !rupos culturais a 1ue elas correspondem mesmo considerando a capacidade 1ue tm para se -a(er e re-a(er so a todos os t,tulos viva(es e$i!indo ser considerados e recon.ecidos nas decis4es pol,ticas :LI & %or tudo isto -alar de coloni(ao de 'n!ola para o s*culo G6+++ acaba por constituir uma esp*cie de abstraco .istorio!r8-ica a necessitar clari-icao& %ara este per,odo -a( mais sentido re-erir uma !eo!ra-ia pol,tica em !*nese -eita de limites virtuais de limites potenciais e de limites reais& / territ"rio colonial est8 em construo& ' relao entre espao e poder colonial no 1uadro da administrao pombalina anda a ser en!endrada e repensada e a relao entre territ"rio colonial e territ"rios a-ricanos tamb*m& ' pr"pria produo carto!r8-ica ao mesmo tempo 1ue colabora na sua -abricao d8 not,cia de um processo em curso na inveno do territ"rio& D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a em IJL^ declarava trabal.ar no @mapa !eralA de 'n!olaE @&&& e a costa mar,tima est8 acabada e pelo 1ue pertence ao interior do Reino o vou continuando com va!ar pela muita di-iculdade 1ue tem o poder2se compreender com certe(a to dilatado serto e to pouco con.ecido dos .omens brancos&&&A :L: & / mapa de 'n!ola desen.ado por %in.eiro Furtado em IJO; * na sua -ronteira leste um mapa em aberto sem limite V2ide Hrav& RW& %ara al*m da lin.a litoral oeste o espao an!olano no apresenta -ronteiras de-inidas e o seu interior * ainda mal preenc.ido 1uer no plano do con.ecimento !eo!r8-ico 1uer no plano da ocupao pol,tica& 's vias de penetrao mais anti!as e duradouras resultavam em lar!a escala de um dinamismo comercial& 'ntes de avanar e para 1ue os termos -i1uem e$plicitados considero neste te$to distintamente os se!uintes n,veis e realidadesE espao @terra a-ricanaA territ"rios a-ricanos e territ"rios coloniais& / espao est8 antes de tudo& No o-erece marca& Z lu!ar :L; 0aria da Conceio Neto @/ Luso o )r"pico&&& e os outros V'n!ola c& IO;;2IOJLWA "" 3eunio "nternacional de .istria de Efrica9 a dimenso atlJntica da X-rica So %aulo 0useu Naval da 0arin.a IOOJ p& IIJ2I::& :LI kSe e-ectuarmos um estudo e uma campan.a de campo bem detal.ada com a populao vamos c.e!ar concluso 1ue al!umas l,n!uas 78 desapareceram e outras correm o mesmo riscok c-& 'm*lia 0in!as @+mplementao das l,n!uas nacionais no ensino tero apoio do 0incultA Tornal de Angola II de 9un.o de :;;^& :L: @Carta do Hovernador 'nt"nio Xlvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real A'HU C$& RO Doc& OK N de De(embro de IJL^& ..................... 96 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola c.o super-,cie lisa e e$p4e2se imposio das matri(es& ' @terra a-ricanaA * um todo -a( parte do cosmos indivis,vel participa dele e ostenta a matri( a-ricana a primeira e lo!o a essncial& ' terra indivis,vel como base da sociedade simboli(a em sentido !eral a prosperidade a -ertilidade e a sorte :LR & /s territ"rios so as -ra!menta4es e as apropria4es 1ue os .omens -a(em dessa terra primordial& No mesmo sentido * esta terra a-ricana primordial o lu!ar onde se produ( a di-erena onde se pro7ecta a marca onde se pro7ectam as v8rias marcas T concep4es e utili(a4es sociais do e no espao 2 e so as marcas 1ue produ(em de -acto os territ"rios a-ricanos e os territ"rios coloniais :L^ & %or*m a .omo!eneidade das pr8ticas coloniais no condi( com a .etero!eneidade das pr8ticas a-ricanasE aldeias Vsan(alasW ban(as/embalas sobados #stados VreinosW +mp*rios& Z com esta diversidade territorial e pol,tica 1ue o #stado colonial tem 1ue se de-rontar& )rata2se portanto de pensar as rela4es entre o territ"rio e a coloni(ao a maneira como o poder colonial se apropria do espao a-ricano e a, estabelece laos pol,ticos sabendo partida 1ue a maneira como o !overno de Lisboa e de Luanda pensam a import<ncia do territ"rio so-re trans-orma4es importantes durante esta se!unda metade do s*culo G6+++& Neste cap,tulo procurou2se e$por o tipo de mecanismos disciplinadores e .omo!enei(adores postos em marc.a para criar um espao administrativamente .e!em"nico e territorialmente cont,nuo incidindo para isso em al!uns elementos estruturantesE iW -undao de uma rede de povoa4es civisY iiW incentivo ao povoamento brancoY iiiW converso das sociedades a-ricanas a um modelo de ocupao e uso do espao decalcado das propostas de civili(ao europeia& Finalmente como parte aut"noma e$p4em2se as 1uest4es te"ricas li!adas !uerra e os principais epis"dios b*licos 1ue marcando a se!unda metade de setecentos participaram do alar!amento ou da reduo do territ"rio colonial& 7.1. D" (i&)i%" Di%=&i," C i';)'01" () A'+"4# Na se!unda metade do s*culo G6+++ a insustentabilidade dos direitos .ist"ricos mediante os avanos e os meios de instalao colonial das potncias europeias em especial :LR Hluc[man Custom and Conflict in Africa /$-ord 5asil 5lac[\ell IOJR p& IK& :L^ Sobre a noo de marca vide Hilles Deleu(e Feli$ Huattari 4ille Plateau+ Capitalisme et /c-i%op-rnie %aris Les Zditions 0inuit ION; p& RNNY +sabel Castro Henri1ues :erritrio e "dentidade O &esmantelamento da terra africana e a constru#o da Angola Colonial Fc >@BV6c>CVSH %rovas de '!re!ao Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa :;;R a 1ue acrescento os coment8rios de #li[ia 0U5o[olo s mesmas provas& ..................... 97 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola +n!laterra e Frana constitui um dado a 1ue os !overnos de Lisboa e Luanda precisam dar resposta& No plano do direito internacional os direitos .ist"ricos de descobrimento tin.am sido invocados desde o s*culo G6 pela Coroa %ortu!uesa de -orma a asse!urar o monop"lio e o direito de e$plorao sobre a seco da costa /cidental da X-rica 1ue ia desde o Cabo2%adro at* ao Cabo Ne!ro& 0as pro!ressivamente o ar!umento dos direitos .ist"ricos tornara2se anacr"nico e desa7ustado con7untura internacional ar!umentao 7ur,dica 1ue sustentava as coordenadas !erais do 1uadro de concorrncia entre os #stados europeus& ' teoria do 4are (iberum, de Hu!o Hr"cio VILN^2IK^LW dera e$presso a esse desa7ustamento no s*culo G6++& Re7eitava a le!itimidade da doao ponti-,cia as prerro!ativas advindas da prioridade dos descobrimentos assim como a 7usti-icativa de ocupao por costume ou por !uerra 7usta& De acordo com as concep4es de Hr"cio descobrir seria @tomar posse de@ uma re!io 1ue devia ser -ormalmente res nullius :LL & / descobrimento s" poderia vir a criar t,tulos de dom,nio se -osse acompan.ado da posse 1uer di(er 1uando se tratasse de bens m"veis no caso de serem apreendidos ou tratando2 se de bens im"veis 1uando -ossem demarcados atrav*s de limites precisos e !uardados por uma -ora permanente& / 7urista .olands des1uali-icava ainda o valor 7ur,dico das cerim"nias de posse como crit*rio de precedncia de con1uista re-erindo2se presena de padr4es portu!ueses nas rotas de nave!ao e nas costas :LK &Na concepo de Hr"cio a pa( resultaria de um contrato de cooperao en1uanto a !uerra supun.a re!ras previamente estabelecidas& Nem o Direito decorria de uma ordem c"smica nem o Direito das Hentes estaria dotado de transcendncia divina& 's novas situa4es deviam ser en1uadradas em re!ras de convivncia 1ue prescindindo dos dados do Cristianismo pudessem ser invocadas e v8lidas perante 1uais1uer povos e 1uais1uer culturas& De-endia2se assim a criao de um direito internacional laici(ado na lin.a 7us2naturalista 1ue no s" viabili(asse a relao com povos reputados e$"ticos mas tamb*m dos europeus entre si :LJ & :LL C-& 0arcelo Caetano VIOJIW Portugal e a internacionali%a#o dos problemas africanos Lisboa #di4es Xticas p& ^^& :LK %atr,cia Seed Cerimnias de posse na conquista europeia do )o$o 4undo F>?CV6>S?DH So %aulo Unesp/Cambrid!e IOOO pp& I^L e ss& :LJ Hespan.a @+ntroduoA O &ireito da Muerra e da Pa%&&& p& IK2IJ& ..................... 98 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' presena .olandesa em 'n!ola Vcom a ocupao de Luanda entre IK^:2IK^N mais a instalao -rancesa e in!lesa nos portos do Norte VLuan!o 0olembo e CabindaW provara a -alncia no terreno desse elenco pol,tico27uridico& ' Norte os escravos 1ue atrav*s da 0atamba eram condu(idos para a costa do Luan!o pelos comerciantes 0ubires :LN 2 povo ori!in8rio do Con!o 1ue estava a meio camin.o entre o Luan!o e 0atamba T escapavam s rotas 1ue condu(iam aos mercadores de Luanda :LO & 'o sul do Cuan(a o Rio Catumbela constitu,a via por onde sa,am escravos 1ue embarcavam em navios -ranceses :K; & #m IJR; o mapa de Huillaume dU'nville avaliava a dist<ncia real entre 'n!ola e 0oambi1ue !raas descoberta da medio da lon!itude e da, a conscincia pol,tica do peri!o 1ue representava a presena de outros europeus no Sul de X-rica& / avano dos boers e dos in!leses a partir do Sul -a(ia prever 1ue esses direitos .ist"ricos tamb*m iriam ser contestados no interior como se veio a veri-icar 78 no s*culo G+G& %erante a #uropa os ar!umentos 7ur,dicos 1ue %ortu!al ostentava com o -im de le!itimar a tutela nominal sobre terras onde estavam instalados poderes a-ricanos iriam ser de-initivamente e de -acto postos em causa no litoral se bem 1ue at* ao -inal do s*culo G6+++ os europeus 1ue -re1uentavam as costas da X-rica /cidental representassem mais interesses privados do 1ue interesses dos #stados& %raticavam o com*rcio com os a-ricanos a partir dos navios sem 1ue isso implicasse uma verdadeira instalao territorial e de poder pol,tico -ormali(ado& #m -ins do s*culo G6+++ @no .avia soberania estran!eiraA na X-rica a no ser evidentemente em 'n!ola na H<mbia brit<nica e no Sene!al -rancs& 0as at* INJK VCon-erncia de 5ru$elasW a X-rica constitu,a uma esp*cie de teatro secund8rio de opera4es 78 1ue entre a Frana a +n!laterra e at* mesmo a 5*l!ica di-icilmente se desencadearia um con-lito 1ue visasse esta parte do !lobo :KI & 'li8s na ba,a de Cabinda 1ue se tornou em -ins do s*culo G6+++ princ,pios do G+G o principal porto -ornecedor de escravos a norte do rio =aire a aristocracia a-ricana local principal bene-iciadora do tr8-ico de escravos opun.a2se s tentativas europeias de estabelecimento :LN Sobre a participao dos 0ubires na !uerra $ide N&R&R& A Africani%a#o da Muerra& 6er tamb*m o Hloss8rio& :LO D& 5irmin!.am Alian#as e Conflitos&&& pp&ILL2ILKY Sobre o com*rcio de escravos e manu-acturas atrav*s do Loan!o ver o cl8ssico %.Blis 0artin :-e ,+ternal :rade of t-e (oango Coast ILJK2INJ; /$-ord IOJ:& :K; 9osep. C& 0iller @'n!ola central e sul por volta de IN^;A in ,studos Afro6Asi'ticos R: Universidade Candido 0endes IOOJ pp& :;& :KI Henri 5runsc.\i! A Partil-a da Efrica Lisboa %erspectiva IOJ: p& IJ e ss& ..................... 99 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola em terra e obri!ava os comerciantes europeus a pernoitarem nos seus navios :K: & / contrabando 1ue pun.a em colaborao directa os contratadores estran!eiros e os '-ricanos ameaava o monop"lio no tr8-ico de escravos de 1ue usu-ru,am os %ortu!ueses& / e1uil,brio do +mp*rio portu!us a valori(ao e inte!rao econ"mica do 5rasil na economia do 'tl<ntico Sul dependiam da entrada de escravos ne!ros -ora de trabal.o imprescind,vel ao incremento das v8rias produ4es americanas& / decr*scimo do a-lu$o de escravos ou a -lutuao dos preos a -avor de uma concorrncia -rancesa ou in!lesa perturbavam um sistema econ"mico estabelecido& ' -alncia dos ar!umentos 7ur,dicos e$i!ia a!ora respostas se no no plano das ne!ocia4es internacionais entre as cortes da #uropa pelo menos no terreno& No caso brasileiro este problema -oi lar!amente debatido e desencadeou a demarcao dos limites entre os territ"rios de %ortu!al e de #span.a& / )ratado de 0adrid VIJL;W 1ue consa!rou o princ,pio do uti possideti V1uem tem a posse tem o direitoW ultrapassava !raas representao carto!r8-ica manipulada por militares e diplomatas a virtualidade territorial do )ratado de )ordesil.as e dava uma soluo 7ur,dica 1uele 1ue era tamb*m um impasse de nature(a puramente 7ur,dica :KR & No caso de 'n!ola no e$iste nen.um tratado internacional e1uivalente nem nen.uma potncia colonial com posio semel.ante de #span.a na 'm*rica do Sul apesar de perante a insolubilidade dos con-litos internacionais os di-erentes !overnadores apelarem para um entendimento entre as cortes europeias em especial a -rancesa e a in!lesa& No plano das ne!ocia4es internacionais o recurso a apoios e$ternos decorria de tratados estabelecidos desde o s*culo G6++ com a Hr25retan.a& / 1uadro le!al manteve2 se inalterado at* IN;J mas as di-erentes con7unturas pol,ticas determinaram oscila4es no @tipo e !rau de proteco con-eridas a %ortu!al pela aliana in!lesaA :K^ & ' !uerra dos Sete 'nos VIJLK2IJKRW introdu(iu um novo e1uil,brio de -oras e o )ratado de %aris VIJKRW 1ue pcs -im a essa !uerra entre a Frana e a +n!laterra veio a ter conse1uncias na pol,tica do 'tl<ntico Sul& 'o sancionar a vit"ria de +n!laterra sobre a Frana o dom,nio colonial :K: %.Blis 0artin @Cabinda e os seus naturaisE al!uns aspectos de uma sociedade mar,tima '-ricanaA 3e$ista "nternacional de ,studos Efricanos nQ R IONL p& L:& :KR 9aime Corteso @' misso dos padres matem8ticos no 5rasilA /:2&"A + Lisboa Centro de #studos Hist"ricos Ultramarinos IOKL pp& I:R2IL;Y 'nt"nio da Silva Re!o O Ultramar Portugu8s&&&p&& LR e ss& :K^ 6alentim 'le$andre Os /entidos&&& pp& OR2O^& ..................... 100 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -rancs -icou bastante redu(ido& /s in!leses apoderaram2se de il.as das 'ntil.as e em X-rica das -eitorias do Sene!al com e$cepo para a il.a de Horeia& #ntre IJKR e IJNO o dom,nio colonial -rancs so-reu poucas modi-ica4es territoriais& / tratado de 6ersal.es VIJNRW devolveu Frana )oba!o nas 'ntil.as e o Sene!al& 'ltera4es de ordem pol,tica e diplom8tica ocorridas depois da Huerra dos Sete 'nos vieram possibilitar uma intromisso mais sistem8tica de poderes internacionais como a +n!laterra e a Frana nas costas Norte e sul de 'n!ola 1uer di(er em Cabinda e no Luan!o ao Norte e no porto de 5en!uela com e$tens4es para o e$tremo sul at* porto 'le$andre& %ara %ortu!al na se!unda metade do s*culo G6+++ manter o monop"lio do tr8-ico de escravos ao norte da lin.a do Cuan(a passou a e$i!ir um investimento em !rande escala na ocupao territorial e portanto na a-irmao de poder em novos moldes& /s tratados com o rei do Con!o 1ue estipulavam o e$clusivo mercantil portu!us -oram sendo abusados durante a primeira metade do s*culo G6+++ com a introduo estran!eira nos portos de Luan!o 0olembo Cabinda e %inda na boca do rio =aire e 'mbri( na 7urisdio de 'n!ola e seu limite setentrional :KL & #m IJN; se!uiu uma e$pedio aos portos de Luan!o Cabinda e 0olembo para averi!uar o tipo de construo e instalao ali estabelecidos pelas potncias estran!eiras& 0artin.o de 0elo e Castro na ordem 1ue redi!iu a este prop"sito ainda -undava a le!itimidade dos direitos portu!ueses em direitos 1ue remontavam a Dio!o Co a I^N^ portanto 1uando este entrou pelo rio =aire impondo a, o padro da Coroa %ortu!uesa :KK & 0as a presena -rancesa e in!lesa em Cabinda e a estran.e(a demonstrada pelos estran!eiros perante a c.e!ada de um navio portu!us provavam a absoluta virtualidade desse dom,nio e a necessidade de o concreti(ar :KJ & %ortanto a presso internacional causada pela alterao das condi4es no dei$a de se -a(er sentir e * em relao s le!itimidades 1ue se previa ter de vir a de-ender na #uropa 1ue se avana para uma territoriali(ao em 'n!ola& ' e$pedio planeada a Cabinda desde a d*cada de IJJ; embora s" concreti(ada :KL Sobre o com*rcio de escravos e manu-acturas atrav*s do Luan!o c-& 9& C& 0iller @Slaves Slavers and Social C.an!e in Nineteent. CenturB Dasan7eA in Fran(2dil.elm Heimer Ved&W /ocial C-ange in Angola 0snc.en IOJRY / mesmo autor em =a5 of &eat-P pp& JL2JK estima 1ue na costa do Luan!o no s*culo G6+++ as espin!ardas e a p"lvora vendidas -ormavam I;r das importa4es estran!eiras em 'n!ola& :KK Carta de 00C O de 9ul.o de IJJ: 'HU c$& K: Doc& LN& :KJ Relat"rio relativo aco do Hovernador 'nt"nio de Lencastro datado de IJNI 'HU C$& K^ Doc& K:& ..................... 101 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola em IJNR tin.a como ob7ectivo estabelecer o dom,nio apoiar o com*rcio portu!us e conter os a-ricanos e estran!eiros ?uando o 5aro de 0o<medes em IJNL se empen.ava nas empresas do Norte Sul e Leste a sua !rande preocupao consistia em !arantir 1ue na #uropa no se percebesse @o complicado deste Hoverno toda a sua e$tenso e import<nciaA :KN & ?uer di(er a pol,tica de recon.ecimento do territ"rio precisava sedimentar2se antes 1ue se percebesse na #uropa o 1ue os mapas 78 mostravam a 1uem con.ecia o terreno como os !overnadores de 'n!ola& ' valncia internacional dos @direitos .ist"ricosA dos portu!ueses nada contava 1uando se tratava de a-astar os estran!eiros do litoral an!olano& 'inda ser8 preciso tril.ar muito camin.o para 1ue uma alterao da pol,tica dominante cedesse espao a um direito de ocupao e-ectiva estabelecido internacionalmente na Con-erencia de 5erlim de INN^2 INNL& 'penas nesta altura ser8 imposto o direito ocupao de -acto isto * o recon.ecimento pela assinatura de um tratado por parte dos poderes a-ricanos da dominao de uma potncia europeia sobre os seus territ"rios atrav*s da @protecoA militar e dos @meiosA de @civili(aoA das popula4es :KO contra a validao dos direitos .ist"ricos reclamados por %ortu!al& /s con-litos europeus pro7ectavam2se no 'tl<ntico sul e a-ectavam a col"nia de 'n!ola :J; & Na verdade o 1ue se veri-ica * uma certa impreciso conceptual da 1ual decorre uma desade1uao dos meios 7ur,dicos manipul8veis pelos actores no terreno s circunst<ncias concretas para l.e darem uma cobertura 7ur,dica e-iciente& 's cate!orias 7ur,dicas so ultrapassadas pela pr"pria realidade& / epis"dio passado na !uerra de Cabinda VIJNRW com o sar!ento2mor 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es revela essa inconsistncia do aparel.o 7ur,dico dispon,vel& %erante a presena -rancesa na costa norte e o entendimento -rancs com o soba 0aiombe totalmente mar!em dos ale!ados direitos .ist"ricos da Coroa portu!uesa na perpspectiva do sar!ento2mor acabar8 por prevalecer a realidade observada levando2o a tomar a iniciativa de estabelecer um tratado ou @termo de :KN L de De(embro de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& :L v& :KO 's 1uest4es 1ue se puseram ao direito colonial para a partil.a da X-rica entre potncias coloniais europeias -oram estudadas por Henri 5runsc.\i! A Partil-a &&& :J; C"pia da Carta de DF+SC para o capito2mor de 5en!uela 9os* 6ieira de 'ra37o S& %aulo da 'ssumpo J de 9un.o de IJKK 'HU C$& L; Doc& I^& /s ne!"cios da #uropa podem ter re-le$os em 'n!ola pelo 1ue o capito2mor se deve armar e -a(er alistar todo o capa( de ser soldado no sendo ne!ociante& Fa(er vir de Caconda todos os 1ue puderem ser dispensados para a de-esa da1uele pres,dio& ..................... 102 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cesso de terrasA com o soba para estabelecimento de uma -eitoria com -ins meramente comerciais @com a condio somente de 1ue eles por si e todo o seu povoA -icarem da, em diante prote!idos e tratados por vassalos da Coroa portu!uesa& Com esta posio -icava e$posta perante a comunidade internacional a ine$istncia de -acto de direitos portu!ueses estabelecidos sobre a1uele territ"rio& /s !overnadores interinos de 'n!ola no dei$ariam de denunciar o absurdo 1ue representava a contradio entre os direitos brandidos e a situao de -actoE @V&&&W no podemos 7ul!ar de outra -orma se no por um acto in-orme in7urioso Nao %ortu!uesa inteiramente nulo e 1ue de nen.uma -orma pode merecer a Nossa 'provao&&&por1ue sendo vossa merc mandado para tomar posse de um Distrito compreendido entre os cabos Lopo Honalves e Cabo Ne!ro de cu7as dilatadas terras se 7ul!a soberana a Coroa de %ortu!al desde o tempo de #l rei D& 9oo :Q 2 seu primeiro descobridor e isto pelo espao de trs s*culos 2 levantando no porto de Cabinda uma -ortale(a com a 1ual se mani-estasse ao mundo a %osse Real e e-ectiva do Dom,nio %ortu!us -oi v& 0erc dili!enciar um tratado de aliana e ami(ade 1ue s" pode ter lu!ar entre soberanias independentes uma da outra e no entre uma soberana e su7eitos reputados por seus vassalos&&&A :JI Na d*cada de IJL; o porto do Luan!o era desde .8 muito tempo @&&&a maior brec.a dos interesses de 'n!ola&&&A& Z esta circunst<ncia 1ue determina a con1uista da %edra de #nco!e con!eminada desde a c.e!ada de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a a 'n!ola em IJLR mas realmente s" concreti(ada em IJLO :J: & ' distino entre Reino de 'n!ola e Reino de 5en!uela com a autonomia 7urisdicional dos respectivos !overnos -ora estabelecida em IKIL :JR & #sse primeiro diploma revelava uma enorme impreciso na de-inio dos limites !eo!r8-icos sobre os 1uais essa 7urisdio incidia uma ve( 1ue se re-eria ao reino de 5en!uela e incluindo va!amente todas as terras 1ue @7a(em at* ao Cabo de 5oa #speranaA& :JI Carta dos !overnadores interinos Frei Lu,s 5ispo de 'n!ola e Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %essan.a ouvidor !eral para %edro 'lvares de 'ndrade Coronel Lu,s C<ndido Cordeiro %in.eiro Furtado tenente2coronel en!en.eiro e 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es& Sar!ento2mor : de Setembro de IJNR 'HU C$& KJ Doc& N& :J: %arecerP 'HU C"d& LLL -l& LRY Carta do Hovernador D& 'nt"nio 'lves da Cun.a :O de 'bril de IJLK 'HU c$& RN Doc& N:& :JR %roviso de Filipe + I^ de Fevereiro de IKIL Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos pp& ^^;2^^I& ..................... 103 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / Reino de 'n!ola situava2se !rosso modo entre dois !randes rios o 'mbri( e o Cuan(a& ' sua .ist"ria misturava2se na .ist"ria dos 4bundu e estava li!ada aos destinos dos reinos de Con!o e um a!re!ado de estados intermedi8rios do vale do rio Cuan!o Cassan7e Holo 0atamba 5ondo 1ue davam acesso ao @+mp*rioA Lunda principal !erador de escravos e$portados das costas de todo o litoral an!olano& / ano de IKNR marca o estabelecimento de-initivo da col"nia de 'n!ola com o tratado celebrado com a 0atamba e o -im de uma -ase de !uerras 'n!olanas :J^ & / Reino de Cassan7e onde se teriam instalado em tempos imemoriais os +mban!ala/9a!a :JL consolidou o seu poder no 1uadro inter2re!ional a partir do s*culo G6++ at* se!unda metade do G+G& #m IJL^2IJLL Cassan7e era a mais importante -eira do interior e ao mesmo tempo obst8culo ao tr<nsito de Luanda para as terras de leste& ' ?uissama entrepun.a um e$tenso .iato entre os dois Reinos coloniais de 'n!ola e 5en!uela& #ste 3ltimo estava limitado ao norte pelo curso do Cuan(a e encontrava nas areias do Cabo Ne!ro o seu limite meridional& %or*m a 1uesto do limite setentrional de 'n!ola permaneceu em discusso at* delimitao das -ronteiras 78 na d*cada de N; do s*culo se!uinte& 9os* 'c3rsio das Neves em Considera#Kes PolWticas e Comerciais VINR;W :JK re-eria2se posio do Con!o dentro do dom,nio portu!us considerando assunto no resolvido a 1uesto dos direitos e t,tulos portu!ueses a Norte do Rio 'mbri( :JJ & /s anti!os tratados com o reino -eudat8rio do Con!o le!itimariam esse mesmo dom,nio se bem 1ue maioritariamente nominal& ' construo do -orte de Cabinda em IJNR desencadeada pela instalao -rancesa na costa inseria2se nessa reivindicao de direitos .ist"ricos relativamente a um espao sobre o 1ual no era e$ercida autoridade de -acto& 'pesar de esse -orte ter sido perdido para a Frana o mesmo :J^ David 5irmin!.am Alian#as e ConflitosY 9& ).ornton =arfare in Atlantic Africa, >GDD6>@DD Hreat 5ritain Series #ditor 9eremB 5lac[ UniversitB o- #$eter IOOO& :JL #m torno dos 9a!as e/ou +mban!ala/4bangala a .istorio!ra-ia desenvolveu uma acesa pol*mica ainda por resolver& No me cabe tomar posio nessa pol*mica nem se1uer o tema 1ue abordo o e$i!e& ' 1uesto * a de saber 1uem so os 9a!as e como aparece o t,tulo de 9a!a dado ao c.e-e pol,tico principal dos +mban!ala& ' diver!ncia a respeito da data da presena imban!ala em 'n!ola est8 associada a dois problemas -undamentaisE a identi-icao dos +mban!ala com os 9a!as e o encontro de ?uin!uri e seus compan.eiros 1uer di(er os Lundas e os %ortu!ueses Vc-& +sabel Castro Henri1ues Percursos da 4odernidade&&& pp& INO e ss&W& ' pol*mica envolveu 9an 6ansina David 5irmin!.am 9osep. 0iller Franois 5ontic[ e 'nn Hilton& Na biblio!ra-ia -inal so indicados os trabal.os onde estes autores de-iniram as suas posi4es& Saliente2se 9& 0iller 1ue considera terem sido os %ortu!ueses a atribuir esse nome ao c.e-e +mban!ala assim como o nome de Cassan7e VDasan7eW ao seu reino& )udo no passaria de uma @invenoA colonial& :JK 9os* 'c3rsio das Neves Considera#Kes PolWticas e Comerciais, sobre o &escobrimento e PossessKes dos Portugueses na Efrica e na Esia Lisboa INR; cap& G+++& :JJ Cit& %or Lima ,nsaios sobre a ,statWsticaIN^K Livro +++ %arte + p& : ..................... 104 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola autor a-irmavaE @%ortu!al perdeu a posseE por*m a 1uesto do Direito -icou indecisa sem 1ue o nosso Hoverno 7amais renunciasse os seus t,tulosA :JN & / %ombalismo no s" em 'n!ola mas tamb*m em 0oambi1ue #stado da Cndia e 5rasil caracteri(a2se por uma reavaliao das -ormas de dom,nio muitas ve(es desencadeadas pela presso crescente das potncias europeias caso da #span.a Frana e +n!laterra ou pela emer!ncia e -orti-icao nos cen8rios coloniais de poderes a-ricanos e asi8ticos& So levadas a cabo ac4es de e$panso territorial atrav*s de novas con1uistas ou es-oros no sentido de precisar o verdadeiro estatuto das possess4es portu!uesas :JO & No #stado da Cndia o territ"rio incorporado na se1uncia da !uerra dos maratas passou inclusivamente a apelidar2se de @Novas Con1uistasA :N; Y e em 'n!ola uma pol,tica similar -oi empreendida revelando2se 1uando nos anos de IJKO2J; depois da con1uista de Novo Redondo e da -undao no -interland de 5en!uela de novas povoa4es o !overnador nomeou Vpara Novo RedondoW um sar!ento2mor das Novas Con1uistas :NI & 'ssim a1uilo 1ue se encontra para 'n!ola e 1ue a1ui se pretende e$por tem a ver no s" com a con7untura diplom8tica internacional e as circunst<ncias particulares da col"nia mas tamb*m com a pr"pria reavaliao pombalina dos espaos imperiais& #ssa reavaliao anda li!ada ateno 1ue os Reinos europeus passam a dar no s*culo G6+++ medio ri!orosa dos seus dom,nios territoriais& / desenvolvimento cient,-ico e sobretudo a possibilidade de -a(er um c8lculo preciso da lon!itude permitiam uma medio mais e$acta do espao mas tamb*m vin.am revelar erros com conse1uncias de nature(a pol,tica& ?uando em IJ:; Huil.erme Delisle apresentou os resultados 1ue obtivera atrav*s de m*todos astron"micos de medio da lon!itude a corte portu!uesa veri-icou 1ue o 5rasil se situava muito mais a oriente do 1ue se supun.a& ' pol,tica ultramarina tin.a doravante de se apoiar em estudos !eo!r8-icos condio intelectual para a apropriao -,sica do espao& :JN Cit& %or "dem "bidem Livro +++ %arte + p& R& ver o artri!o de Lopes de Lima em Annaes 4arWtimos e Colonniaes nQ R da Lp s*rie sobre o reino do Con!o& :JO Z o caso da lon!a investi!ao de 0artin.o de 0elo e Castro acerca dos direitos de %ortu!al sobre 0acau& C-& 'nt"nio 6ale @0acau e a C.ina&&&A Vte$to policopiadoW& :N; 0anuel Lobato identi-ica os anos de IJKR a IJK^ para a incorporao da %raa de %ond8 e de um sem n3mero de outras posi4es -orti-icadas& Se!uem2se outras campan.as menores VIJKL2IJNNW 1ue deram ao territ"rio de Hoa as c.amadas @Novas Con1uistasA en!lobando o territ"rio tampo de Hoa at* aos Hates& C-& 0anuel Lobato @' !uerra dos maratasA )o$a .istria 4ilitar de Portugal vol& +6 :;;^ p& R:O& :NI Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I;N& ..................... 105 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola No per,odo em an8lise distin!uem2se dois momentos -undamentais o primeiro coincide com o !overno de Sousa Coutin.o VIJK^2IJJ:W o se!undo com o !overno do 5aro de 0o<medes VIJN^2IJO;W& 's -ormas de presena colonial at* a, presentes em 'n!ola tradu(iam2se na e$istncia de um !overno2!eral com sede em Luanda da 1ual dependia uma administrao pouco s"lida suportada num e$*rcito escasso disseminada pelo interior atrav*s de uma rede -r8!il de pres,dios e -eiras cu7a articulao !arantiam as rotas comerciais percorridas pelos sertane7os europeus e a-ricanos& #sses estabelecimentos estavam en1uistados em espaos muito mais vastos ocupados pelos potentados a-ricanos& #stes usu-ru,am de estatutos di-erenciados 1ue iam da vassala!em mediante um auto estabelecido e periodicamente renovado absoluta autonomia& / espao resultava .etero!*neo os territ"rios a-ricanos -icavam intercalados nos territ"rios coloniais& No e$istia continuidade territorial em e$tenso nem os meios para a reali(ar a curto ou m*dio pra(o& Demarca4es territoriais separando a 7urisdio portu!uesa das 7urisdi4es dos v8rios poderes a-ricanos so con.ecidas e recon.ecidas pelas duas partes e disciplinam a circulao no serto& #$press4es como @&&&c.e!uei 8s nossas demarca4es e da Hin!a&&&A podem ser respi!adas na documentao 1ue descreve a circulao sertane7a :N: & 'o lon!o da lin.a do Cuan(a dispun.am2se os pres,dios 1ue !arantiam o a-lu$o dos escravos em direco ao litoral& #ntre o Cabo2%adro e o Cabo Ne!ro certas (onas permaneceram em absoluto intocadas at* muito tarde& ' ?uissama :NR * um desses e$emplos& Constituiu um tampo na li!ao Norte/Sul onde se desenvolvem !uerras intermitentes com resultados des-avor8veis ao !overno colonial desde o tempo de %aulo Dias de Novais& 'c4es de con1uista da c.amada @prov,ncia da ?uissamaA -oram desencadeadas ciclicamente& ' sul a ?uissama a -a(er -ronteira no rio Cuan(a era ol.ada pelos v8rios !overnadores como uma ameaa permanente sobre Luanda& ' sua inte!rao na 8rea de 7urisdio portu!uesa no s" traria a e$plorao do sal s receitas coloniais como !arantiria a e$panso da capital e sua se!urana :N^ & No ano de IJNR o coronel %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda con1uistava :: povoa4es na ?uissama mas mais uma ve( :N: Carta do mission8rio Fr& 9oo de So Lucas para F+SC sobre o baptismo do @Rei Hin!a e seu %ovoA IJJ: 'HN' C"d& N; -l& O;v& :NR Sobre a ?uissama ver 5eatri$ Heint(e @Historical Notes on t.e Disama o- 'n!olaA Tournal of African .istor5 IR VRW pp& ^;J2^INY 'urora da Fonseca Ferreira (a Qisama en Angola, du L2"0me ao dbut du LL0me si0cle9 autonomie, occupation et rsistance t.Sse de doctorat %aris #H#SS :;;; : vols& ..................... 106 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola essa su7eio -oi de pouca durao :NL & ' ?uissama 7untamente com o Libolo constitu,am ainda durante o s*culo G+G reinos a-ricanos independentes 1ue di-icultam o com*rcio interno e o tr<nsito se!uro entre Luanda e os pres,dios ao Norte do Cuan(a e a cidade de 5en!uela Novo Redondo e Caconda& Nesta mal.a pol,tica o soba do Haco VHa[oW * aliado dos portu!ueses e central no acesso -eira de Cassan7e& / Reino de Cassan7e * barreira para os portu!ueses mas * (ona de partida e de c.e!ada para os a-ricanos de al*m Cuan!o VD\an!oW& #ste * um bom e$emplo das tais -ronteiras porosas intersticiais 1ue p4em em comunicao mundos diversos e se dei$am contaminar por eles mas 1ue neste caso impedem a relao pol,tica entre os portu!ueses e o 0uati<nvua :NK & 's primeiras tentativas de con1uista no serto de 5en!uela datam do !overno de %aulo Dias de Novais -undador de um pres,dio em 5en!uela 6el.a locali(ado 7unto do rio Lon!a e rapidamente destru,do& #m IKJI 0anuel de Cerveira %ereira er!uia o -orte e povoao de S& Filipe de 5en!uela entrava pelo serto e combatia os sobas do Dombe& ' re!io do @Dombe Hrande da ?uin(ambaA na -o( do rio Coporolo re!io de salinas e !ado .abitada por pastores era con.ecida das autoridades portu!uesas .avia muito tempo& 'lvo de investidas epis"dicas 1ue visavam -a(er respeitar os vassalos portu!ueses a re!io do Dombe Hrande e Dombe %e1ueno manteve autonomia pol,tica& Desde IJKJ a1uando do descobrimento do en$o-re -oi ali posto um cabo re!ente passando a re!io a ser su-ra!<nea de 5en!uela& )rata2se de uma da1uelas 8reas onde a autoridade colonial se tradu(ia num tipo de in-luncia minimalista& / distrito do Dombe Hrande sur!e re-erenciado com a c.e-ia de um al-eres comandante ainda assim com 7urisdio para proceder a pris4es e re!ular con-litos :NJ & /s contactos mantm2se sempre tendo em vista o aproveitamento das minas de breu com a instalao de uma -eitoria e de um inspector da minerao do en$o-re ad7udicado por uma estrutura muito rudimentar :N^ ' dependncia do sal da ?uissama para o abastecimento da cidade de Luanda -oi em parte resolvido com o estanco das salinas de 5en!uela em IJKI& Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I^Jv& :NL #screveu posteriormente uma mem"ria cit& por Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& :L& :NK C-& 9&2L& 6ellut @Le RoBaume de Cassan!e &&& pp&IIJ2IRK& :NJ Re1uisio do soba do Dombe %e1ueno IK de 9ul.o de INI: 'HN' C"d& ^^; -l& ::v ..................... 107 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola composta por soldados carre!adores e trabal.adores a-ricanos recrutados entre os 0ondombe com o acordo dos sobas locais :NN & ' !uerra do 5ailundo ao avassalar :: sobas no planalto de 5en!uela incluindo o pr"prio soba do 5ailundo alar!ou a 8rea de in-luncia portu!uesa e estendeu a rede pol,tica ao planalto (ona at* ao momento apenas percorrida pela rede comercial e mesmo assim apoiada apenas em sertane7os sem recurso instituio das -eiras& Do ponto de vista territorial o -acto de o soba do 5ailundo passar a inte!rar a seco dos c.e-es a-ricanos avassalados inclu,a pelo menos nominalmente o planalto de 5en!uela numa 8rea an!olana& Na verdade esta ter8 sido uma -ronteira -le$,vel& 's terras a sul de 5en!uela s" -oram e$ploradas no -im do s*culo G6+++& # o Leste durante este per,odo no * uma verdadeira -ronteira& / Leste * uma re!io 1ue no se domina e de 1ue se sabe muito pouco& )udo se passa como se o mundo no tivesse Leste& / mapa de 'n!ola conclu,do por %in.eiro Furtado em IJO; * ali8s um mapa em aberto no 1ue se re-ere a essa -ronteira se * 1ue se pode -alar literalmente de -ronteira :NO & ', se pode ler em lu!ar de top"nimos ou desi!na4es *tnicas a e$presso @terras descon.ecidasA :O; & ' 0em"ria de 5rant %ontes VIN;;W onde se pretendia saber da possibilidade de uma li!ao terrestre a 0oambi1ue indicava como limite e$tremo a Leste as @)erras de LovarA 3ltimo sobado onde c.e!avam os -eirantes portu!ueses :OI & / Leste continuava e continuaria a ser uma 8rea onde apenas o com*rcio estendia as suas teias numa presena @-lutuanteA e completamente dependente dos potentados pol,ticos a-ricanos& ' territoriali(ao pol,tica era nula& ' pol,tica desta se!unda metade do s*culo G6+++ caracteri(a2se por uma aplicao na territoriali(ao do espao an!olano atrav*s da con1uista no sentido de construo de :NN Carta de 'nt"nio Fernandes da Silva 'HU C$& NJ Doc& LI :N de 0aro de IJON& Carta do inspector da 0inerao do en$o-re do Dombe Hrande ^ de Novembro de INI: 'HN' C"d& ^^L -l& IKOv& Carta do Cabo re!ente do Dombe Hrande I; de Novembro de INI: "bidem -l& IKO& :NO Sobre o mapa de %in.eiro Furtado vide '& )ei$eira da 0ota A cartografia antiga da Efrica Central e a tra$essia entre Angola e 4o#ambique >GDD6>@SD Loureno 0ar1ues )ipo!ra-ia %ro!resso IOK^ pp&I;L2III& :O; )em interesse re-erir 1ue a carta de INNL resultante da e$pedio anterior de Capelo e +vens mant*m uma -ronteira a leste totalmente em aberto tal como a de IJO; de %in.eiro Furtado& ' situao mant*m2se& :OI 0emoria sobre a Comunicao da costa /riental com a /cidental O de Setembro de IN;; AA vol&I nQI IORR s&pp& ..................... 108 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola um territ"rio colonial com recurso a meios pac,-icos e no e$clusivamente !uerra& Na verdade -a( mais sentido -alar de re2territoriali(ao 1ue de territoriali(ao por1ue no se tratava de espaos politicamente va(ios& ' ocupao pol,tica a-ricana do espao estava presente atrav*s das ban(as embalas bos1ues sa!rados cemit*rios porta!ens redes de camin.os percorridos por vassalos tribut8rios (onas de caa 8rvores ostentando marcas simb"licas ras!adas nos seus troncos& ' necessidade de -a(er transitar o dom,nio nominal para um dom,nio e-ectivo e$plica2se pela presso crescente dos interesses de in!leses e -ranceses nas costas de 'n!ola& 7.$. O E%#(" )- &)() #m 'n!ola a relao 1ue o #stado colonial sustentava com o territ"rio tradu(ia2se na construo de uma esp*cie de rede& 's -ormas de presena no territ"rio b os pres,dios b eram sateli(adas reticuladas a partir de um centro mas sem 7ustaposio& No per,odo em estudo as -ormas da soberania so repensadas& ' distino entre estado em rede e estado territorial sup4e a distino entre duas concep4es de coloni(ao completamente di-erentes com e$press4es no terreno diametralmente opostas& 't* coloni(ao no sentido mais cl8ssico do termo a comear por volta de INJ; a ideia do territ"rio como valor em si no e$iste& / ob7ectivo da presena colonial no passava pela con1uista de espaos va(ios de rotas comerciais e mercadorias mas antes pela apropriao da rede comercial e$istente atrav*s de -ortale(as -eitorias e -eiras& Nesta perspectiva o essencial para os coloni(adores e os seus a!entes no seria h -a(er territ"rio i mas antes aceder e intensi-icar a serventia de uma rede& / territ"rio * destitu,do de valor pol,tico independente do valor econ"mico& / estado * rede& / conceito de #stado em rede -oi desenvolvido por Luis Filipe ).oma( para e$plicar a estrutura pol,tica e administrativa do #stado da Cndia& / #stado * essencialmente @uma rede e no um espaoA :O: & #ste .istoriador re-ere2se a um #stado territorialmente descont,nuo rede comple$a de rotas comerciais articuladas sobre o oceano Cndico assente em rela4es pol,ticas e 7urisdicionais pluralistas& ' -ortale(a coabita com a -eitoria com cidades onde o #stado e$erce uma verdadeira soberania e ainda com rela4es de vassala!em ou simplesmente diplom8ticas com os di-erentes #stados asi8ticos& %enso 1ue * le!,timo desob7ectivar a noo de #stado em rede e usa2la como cate!oria anal,tica :O: Lu,s Filipe ).oma( @#strutura pol,tica e administrativa&&& p& :I;& ..................... 109 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola para o aplicar ao caso de 'n!ola& )amb*m a1ui a descontinuidade territorial se articula com o pluralismo institucional 7ur,dico e 7urisdicional :OR & 'li8s 9ean2Luc 6ellut :O^ -a( uma proposta similar 1uando su!ere 1ue a presena portu!uesa em 'n!ola con-i!urou uma rede luso2a-ricana 1ue passou a coe$istir e inter2a!ir com as redes especi-icamente a-ricanas 78 instaladas& No -interland de Luanda se!ue2se uma coloni(ao a partir da lin.a do rio Cuan(a& ' lar!a maioria dos pres,dios e distritos su7eitos autoridade dos Cabos da barra tin.a nas vias -luviais os camin.os de comunicao e articulao a Luanda mais e-ica(es& / termo con1uista 1ue tem sido avocado pelos .istoriadores apenas como uma e$clusiva aco militar tem de ser entendido no conte$to da *poca& Como tantas outras palavras .ist"rica e culturalmente constru,das @con1uistaA no tin.a ento o mesmo valor 1ue tem .o7e como salienta Lu,s Filipe ).oma( :OL embora a maioria das a1uisi4es territoriais resultasse da !uerra raramente -oram obtidas por con1uista pura e simples tendo a maioria sucedido a tratados de pa(es para -a(er recon.ecer as condi4es dos portu!ueses :OK & #m 'n!ola a concesso da capitania a %aulo Dias de Novais VILJIW previa a doao de terras em sesmaria de -orma a asse!urar a produo de v,veres li!ada ao tr8-ico de escravos& %ouco depois da morte do donat8rio da capitania de 'n!ola VILNOW a doao de sesmarias passou i!ualmente a ser prerro!ativa do !overno2!eral institu,do em ILO:& %or*m com as sesmarias de terras Dias de Novais -i(era i!ualmente doa4es aos 7esu,tas e membros da e$pedio dos sobados 1ue .aviam sido con1uistados& /s possuidores dos sobados cobravam aos c.e-es a-ricanos tributos 1uer sob a -orma de escravos !*neros ou servios& Do ponto de vista a-ricano a aceitao desta subordinao parece derivar de um instituio assimil8vel no reino de )gola onde os sobas tin.am na corte um @!randeA 1ue era seu protector ou @amoA& / papel dos con1uistadores stabelecidos 7unto de Dias de Novaister8 sido inicialmente associado a esse protector ambundo residente na corte do :OR 'li8s penso 1ue .8 pistas a se!uir numa .ist"ria comparada das institui4es coloniais em 'n!ola e no #stado da Cndia& :O^ 9&2L& 6ellut <uestions /pciales pp& I e ss& :OL Lu,s Filipe ).oma( @#strutura pol,tica e administrativa&&& pp& :IN2:RR& :OK "dem "bidem pp& ::;2::I& ..................... 110 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola )gola& 5& Heint(e c.amou a este anti!o sistema o sistema dos amos :OJ & /s 7esu,tas tin.am sobas a seu car!o uns doados por %aulo Dias de Novais outros por testamento& ' concesso de sobados durou pouco tempo no tendo c.e!ado a de-inir2se uma le!islao re!uladora& ' instituio contrariava as leis do reino 78 1ue a concesso de sobados implicava a alienao da 7urisdio r*!ia& ' sua abolio -oi decretada por proviso de ILO:& ' resistncia dos con1uistadores em particular dos 7esu,tas ter8 adiado o -im da instituio -inalmente e$tinta pelo re!imento outor!ado ao !overnador D& 0anuel %ereira For7a( em IK de 0aro de IK;J& %ara isso ter8 tamb*m contribu,do o levantamento dos sobas contra os con1uistadores& #stes impun.am novas presta4es para al*m das cobradas pelo ngola e e$erciam violncias crescentes estimuladas pela procura dos escravos& /s sobas passaram ento a ser vassalos da Coroa a 1uem pa!avam tributos& Do sistema de rede -a(iam parte as redes comerciais or!ani(adas a partrir de pontos nevr8l!icos& 9an 6ansina sistemati(ou esses circuitos comerciais identi-icando uma rota maior e mais anti!a entre Luanda e S& Salvador do Con!o activa lo!o a se!uir -undao da cidade colonial& ' partir de IKL; com a instalao de moradores em Cassan7e abriu2se uma outra rota at* ao rio Cuan!o& ', se compravam escravos aos +mban!ala 1ue or!ani(avam caravanas para a capital da Lunda& Depois de IJ^; essa rota estendeu2se at* capital de Ca(embe e conectou2se com rotas da X-rica /riental& No planalto de 5en!uela comerciava um !rupo de pombeiros desertores 1ue a t,tulo privado a, permaneciam muitas ve(es como vassalos dos sobas a-ricanos :ON & / #stado em rede policentrado e 7uridicamente pluralista capa( de inte!rar e -a(er coe$istir as concep4es e usos sociais europeus do espao com a circulao e a movimentao das popula4es e dos poderes pol,ticos a-ricanos tem mais condi4es para prevalecer sobre o pro7ecto de um #stado territorial espacialmente continuo unit8rio do posto de vista do dom,nio e .omo!*neo no plano institucional e tamb*m 7ur,dico& / conceito operat"rio de @#stado em redeA parece dever articular2se com o conceito 78 v8rias ve(es a1ui invocado de @-ronteira luso2a-ricanaA a!ora entendida no s" :OJ %ero Rodri!ues Fundao de um col*!io em 'n!ola IL de 9un.o de ILOR Fundao 44A vol& IL pp& RRR2R^;& :ON C-& 9an 6ansina h Lon!2distance trade2routes in central '-rica i :-e Tournal of African .istor5 vol&+++ nQ R IOK: pp& RNR& ..................... 111 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola como lu!ar de trocas comerciais mas tamb*m institucionais ideol"!icas e pol,ticas& ?uais sero de -acto as articula4es as passerelles entre estes dois conceitos operat"rios &&& certamente a descontinuidade espacial e o cru(amento de culturas pol,ticas& Durante o !overno de Saldan.a da Hama documentao relativa a IN;N mostra como as v8rias redes de poder se cru(am umas com as outras sem verdadeiramente se e$clu,rem antes complementando2se& Nesta densa trama espacial e pol,tica o %res,dio de %edras de %un!o2 'ndon!o ocupava uma posio de li!ao entre o planalto de 5en!uela e Luanda& ?uando o soba do 5ailundo saindo do planalto avana at* ao Libolo para com o soba ?uibala -a(er as !uerras ao soba Cabe(o e Calulo a teia das rela4es inter2a-ricanas tece2se paralela mal.a administrativa sem 1ue uma c.o1ue a outra& 's !uerras inter2a-ricanas no causavam 1uais1uer perple$idades s autoridades coloniais desde 1ue neste caso o soba do 5ailundo no ameaasse os sobas avassalados& #stes e1uil,brios 1ue resultavam na coe$istncia de mundos e l"!icas pol,ticas permitiam a sobrevivncia de um poder colonial V$ide N& 7a%er a Muerra para fa%er a pa%W& ' sua plasticidade -ra!ilidade at* !arantia2l.e -ora durabilidade e permanncia& De al!uma maneira o #stado colonial or!ani(ado em rede articulava2se com incorporava o territ"rio na sua estrutura a-ricana& 0uito do 1ue tem sido dito sobre a -ronteira a-ricana pode portanto ser a1ui aplicado e aliado noo de rede& 'dministrativamente 'n!ola contemplava os pres,dios e os distritos& ' di-erena entre pres,dios e distritos no era muito clara e as autoridades 1ue estavam -rente dessas circunscri4es podiam c.amar2se indi-erentemente re!entes ou capites2mores& :OO & /s pres,dios or!ani(avam2se volta de uma -ortale(a e dispun.am de uma !uarnio os distritos abran!iam 8reas mais alar!adas de circulao onde se encontravam moradores obedecendo a um padro de povoamento disperso& )odos os moradores R;; sobas quilambas R;I quimbares R;: e mais pessoas suas subordinadas residentes num pres,dio ou distrito obedeciam ao capito2mor dele e constitu,am -i!uras centrais na or!ani(ao dos e$*rcitos 1ue a partir dos pres,dios se -ormava para comparecer nos arraiais da !uerra R;R & Neste per,odo assumem particular relevo os distritos de Dande +colo e 5en!o e Holun!o :OO Sobre a -orma como esta impreciso se manteve %*lissier .istria das Campan-as de Angola 3esist8ncias e 3e$oltas IN^L2IOKILisboa #stampa IOOK vol& + p& RI& R;; 2ide Hloss8rio& R;I 2ide Hloss8rio& R;: 2ide Hloss8rio& ..................... 112 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'lto& /s seus moradores constitu,ram uma populao 1ue sendo portadora de cultura luso2 a-ricana vivia independente dos sobados -ormando um !rupo bastante .etero!*neo 1ue adimitia ne!ros mestios e al!uns brancos& Como se pode ver dos 1uadros 1ue se se!uem re-erentes aos pres,dios do reino de 'n!ola os moradores eram na sua lar!a maioria a-ricanos e mulatos com um incidncia bastante redu(ida de brancos& No decurso do s*culo G+G muitos destes moradores produ(iriam uma identidade espec,-ica a de 'mba1uistas ostentando sinais 1ue os identi-icavam com a cultura portu!uesa o -acto de serem calados ou mais relevante o dom,nio da cultura escrita e da ret"rica 1ue a suportava& E/#(&" 0 - P"3/4#01" (" 3&)A(i" )- 17B8 :0< CAMBAMBE Brancos Pretos Mulatos Total Paizanos/Idades At 7 anos 1 19 5 25 !e 7 " 14 1 16 2 18 !e 14#25 1 9 4 13 Maiores de 25 15 33 31 79 MUXIMA Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos 1 36 28 65 !e 7 " 14 # 38 25 63 !e 14#25 # 72 12 84 Maiores de 25 1 322 # 323 ENCOGE Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos # 130 10 140 !e 7 " 14 # 180 # 180 !e 14#25 # 200 # 200 Maiores de 25 4 389 8 400 R;R Carta patente passada a 9os* 6ieira de 'ra37o capito2mor do pres,dio de 5en!uela Luanda I:2 ;^2IJKK 'HU C$& L: Doc& ^& R;^ 'HU C$& NO Doc&NN ..................... 113 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola NOVO-REDONDO Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos # # 4 4 !e 7 " 14 # 3 2 5 !e 14#25 1 # # 1 Maiores de 25 12 36 14 62 AMBACA Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos # # !e 7 " 14 # !e 14#25 # # Maiores de 25 PEDRAS DE PUNGO ANDONGO Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos # 9# 15 24 !e 7 " 14 #1 13 3 17 !e 14#25 39# 13 52# Maiores de 25 5 101 58 164 DANDE Paizanos/Idades Brancos Pretos Mulatos Total At 7 anos # 904 9 # !e 7 " 14 # 337 # # !e 14#25 398 1 Maiores de 25 1848 7.2.1. Vassalagens e territrio. / tipo de en1uadramento pol,tico27uridico a 1ue os potentados do espao an!olano se viram submetidos -oi o dos tratados de vassala!em& Sistema -le$,vel de e$tensa plasticidade empre!ue em 'n!ola e abundantemente na Cndia cobria situa4es multi-ormes desde a mais simples s de e$trema comple$idade e permitia a inte!rao de poderes locais sem o recurso -ora& #ste sistema 1ue na pr8tica durou at* ao princ,pio ..................... 114 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola do s*culo GG constituiu o procedimento realmente estruturante das rela4es pol,ticas no serto an!olano R;L & Se bem 1ue os limites onde se movia a capacidade de interveno em 'n!ola no -ossem decididos pela ideolo!ia da vassala!em mas pela maior ou menor -ora militar e demo!r8-ica dos %ortu!ueses e potentados a-ricanos R;K & %ara 9ac[ HoodB R;J o 1ue torna inapropriada a utili(ao do conceito europeu de -eudalismo estrutura social a-ricana so al!umas das di-erenas tecnol"!icas b8sicas entre a X-rica e a #ur8sia& / primeiro uso do termo tem a ver com um per,odo espec,-ico da .ist"ria dos sistemas sociais europeus mas ele -oi -re1uentemente utili(ado para outras sociedades 1ue no a da #uropa medieval& 9& HoodB prop4e o uso do termo no conte$to comparativo aplicado aos re!imes a-ricanos pr*2coloniais sem dei$ar de sublin.ar 1ue a principal di-iculdade em o -a(er reside no -acto de mesmo para os .istoriadores dessa #uropa medieval o termo revestir v8rios sentidos& 'li8s um medievalista como 9os* 0attoso no dei$a de assinalar como os usos 1uotidianos desse vocabul8rio o desviaram no p"prio 1uadro medieval de supostos sentidos ori!inais R;N & %ara a1uilo 1ue a1ui me interessa e$plorar esse uso conte$tual de 1ue -ala HoodB aplica2se tamb*m pr"pria #uropa da e$panso colonial& ' #uropa dos s*culos G6++ e G6+++ no * certamente uma sociedade -eudo2vass8lica mas isso no a impede de -a(er uma utili(ao residual dessas institui4es em conte$tos coloniais& 'o estabelecer tratados ou autos de vassala!em com os poderes a-ricanos o #stado portu!us -a(ia um recon.ecimento t8cito da le!itimidade da outra parte& / problema do -eudalismo @ultramarinoA tem sido discutido pela .istorio!ra-ia& No * este o lu!ar para retomar essa discusso& 5eatri$ Heint(e para 'n!ola e 6asconcelos Saldan.a para o #stado da Cndia -i(eram2no do ponto de vista do pr"prio tratado R;O & No caso R;L Sobre os tratados de vassala!em na sua relao com o direito $ide I;&R&I&/ vocabul8rio -eudo2 vass8lico& R;K Heint(e VION;W (uso6african feudalism in AngolaR :-e $assal treaties of t-e >S t- to t-e >@ t- centur5 separata da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Coimbra +nstituto de Hist"ria #con"mica e Social p& I:K& ' instituio da vassala!em remete a um tema comple$o 1ue * o do -eudalismo e neste caso -eudalismo ultramarino e -eudalismo em X-rica& Z uma dupla pol*mica 1ue se vem a cru(ar na an8lise 1ue a!ora se prop4e& R;J 9& HoodB @Feudalism in '-ricanA :ec-nolog5, :radition and t-e /tate in Africa Londres /$-ord UniversitB %ress IOJI pp&I2:;& R;N 9os* 0attoso k' di-uso da mentalidade vass8lica na lin!ua!em 1uotidianak 7ragmentos de uma Composi#o 4edie$al Lisboa kimprensa universit8ria nQLOk editorial estampa IONJ pp& I^O2IKR& R;O 5eatri$ Heint(e (uso6african feudalism&&& pp&III2IRIY 'nt"nio 6asconcelos Saldan.a "ustum "mperium &os :ratados como 7undamento do "mprio dos Portugueses no Oriente ,studo de .istria do ..................... 115 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de 'n!ola as rela4es entre os #stados a-ricanos e as autoridades portu!uesas estruturaram2se desde o s*culo G6++ at* s duas primeiras d*cadas do s*culo GG com recurso a rela4es de vassalidade -ormali(adas atrav*s de documentos escritos j os autos de vassala!em !uardados nas c.ancelarias portu!uesas e nas c.ancelarias dos c.e-es a-ricanos j assim como atrav*s de cerim"nias p3blicas compostas por actos ou !estos simb"licos de le!itimao desi!nados na #uropa por encomenda e investidura mas 1ue 1uando reconvertidos na cultura pol,tica a-ricana -oram associados cerim"nia do undamento RI; & ' pr"pria *poca e$pressa a noo de 1ue os autos de vassala!em s" muito va!amente perpetuavam o direito medieval no mundo ultramarino mas 1ue vinculavam os poderes a-ricanos a uma -orma de dom,nio por mais nominal 1ue ela -osse E @neste Reino !uardam2se por costume muito anti!o e 1ue tra( ori!em do principio da Con1uista uns certos arremedos do Direito Feudal se!undo o 1ual a1ui e na Xsia se nos -i(eram tribut8rios os diversos %ovos com 1uem contra,mos alianas com sombras de Dom,nioA RII & No dei$a ali8s de ser interessante sublin.ar como o !overno da X-rica se apro$ima do !overno da Cndia no 1ue toca 1uesto das rela4es com os poderes locais contrariando assim uma certa tendncia da .istorio!ra-ia sobre 'n!ola para entender o 5rasil como ponto de comparao obri!at"rio ou e$clusivo e mostrando como s !eo!ra-ias estruturais se podem contrapor as pr8ticas da !eo!ra-ia& #m X-rica adaptava2se a rela4es com sociedades menos comple$as por*m i!ualmente convert,veis ao vocabul8rio -eudo2 vass8lico& Sob o ponto de vista -ormal os autos de vassala!em so contratos e instituem uma relao de su7eio dos estados a-ricanos -ace s autoridades portu!uesas& 's -"rmulas so entre si muito i!uais e apresentam uma enorme re!ularidade ao lon!o do tempo& / C"dice j (i$ro de Turamento de /obas RI: j e$istente no 'r1uivo Nacional de 'n!ola em Luanda o-erece um n3mero muito elevado destes documentos todos eles bastante &ireito "nternacional e do &ireito Portugu8s Lisboa Fundao /riente IOOJ& RI; Cerim"nia tradicional pela 1ual * prestada ou recebida a vassala!em do 1uimbundo kuunda& C-& Santos e )avares A Apropria#oP p& ^I;Y e 5eatri$ Heint(e (uso6African feodalismP pp&III2IRI& RII /-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& RI: 'HN' C"dices N3cleo Heral ILN^/I: Vnumerao anti!aW ^2I2I: 0assan!ano Re!isto dos termos de 9uramento de -idelidade preito e .omena!em dos sobas& ..................... 116 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola repetitivos nas obri!a4es e direitos 1ue indicam como no podia dei$ar de ser& Na verdade os undamentos inspiravam2se no Formul8rio das Homena!ens 1ue D& 9oo ++ estabelecera nas Cortes de Zvora de I^NI e 1ue depois continuaram a ser usados pelos 'lcaides2mores e Hovernadores de 1ual1uer Castelo %raa ou %rov,ncia RIR & #m troca de pa( e proteco os sobas assumiam um elenco de obri!a4es& 9uravam -idelidade ao rei de %ortu!al cumprindo e respeitando as leis do !overno au$iliavam na !uerra com -oras militares e comprometiam2se a no declarar a !uerra aos sobas vassalos ou outros sem a aprovao de Luanda& 'crescentava2se o pa!amento dos impostos Vo d,(imo tamb*m c.amados tributos de vassala!em ou tributos dos sobasWY au$,lio nas obras reais RI^ Y abertura dos camin.os e livre2tr<nsito para 1ue se -i(esse o com*rcio dos escravos e das mat*rias2 primas como a ceraY -ornecimento de carre!adores para o com*rcioY .ospeda!em dos empre!ados Vo-iciaisW p3blicos eclesi8sticos civis 7udiciais e militaresY no acoitar -ora!idos ou desertoresY e viver em pa( com os seus povos RIL & / pa!amento dos d,(imos no estava apenas dependente de condi4es de nature(a pol,tica mas tamb*m do baptismo dos a-ricanos RIK e da demarcao dos territ"rios dos reinos ou sobados a-ricanos& )entativas de inventariao das terras li!adas cobrana dos d,(imos sur!em tratadas em IJJ: e depois cerca de IJO:& Na primeira data as ordens do !overnador iam no sentido de demarcar descrever e inventariar por ordem al-ab*tica as propriedades de @brancos e pretosA RIJ Y mais tarde Francisco 'nt"nio %ita 5e(erra 'lpoim e Castro VIJO:W RIR /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& Sobre a utili(ao da mesma -"rmula no #stado da Cndia vide Catarina 0adeira Santos Moa a C-a$e&&& pp& KN e ss& RI^ ' obri!ao de -ornecer mo2de2obra para as obras reais e em especial para as obras necess8rias nos pres,dios no constava inicialmente dos autos de vassala!em& #sse servio -oi sendo e$i!ido pelos capites2mores acabando por ser aceite pelos sobas& #m al!uns tratados do s*culo G6+++ essa obri!ao 78 vem escrita nos autos& 6er por e$emplo 'cto de recon.ecimento obedincia e vassala!emP& IJKN 'HU C$& L: Doc J^& RIL 'HN' Seco C"dices N3cleo Heral 2 :IO^/:;K J2L2O2 Nova Numerao Vnumerao anti!a L2 J2RJW 0alan7e& 'dministrao& RIK Na verdade o d,(imo s" poderia ser pa!o pelos sobados onde tivesse .avido uma converso ao cristianismo situao 1ue como se ver8 no era a mais !enerali(ada& F+SC esclarece esta 1uesto 1uando estabelece 1ue os !entios estavam isentos do pa!amento do d,(imo por1ue no eram bapti(ados& C-& :; de 9un.o de IJKL e I de 0aio de IJJ:& C-& carta circular para os capites2mores dos pres,dios e distritos acerca dos di(imeiros 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :RO2:ROv&6er por e$emplo o 1ue di( 0i!uel 'nt"nio de 0elo em carta para RSC :^ de '!osto de IJOJ AA vol&++ nQ I; IORK p&RL;& RIJ Carta circular I de 0aio de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :RO2:ROv& ..................... 117 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola via2se incumbido da Re!ulao e cobrana dos mesmos e levava ordens para em cada pres,dio e 7unto dos sobas proceder demarcao de territ"rios com a sua concord<ncia e a dos seus macotas& 'vanando de Luanda para +colo se!uindo o camin.o do Holun!o devia diri!ir2se da, at* aos s,tios de Calumbo e 5an!o '1uitamba onde 7untando2se com os dois comiss8rios nomeados pelos sobas da1ueles lu!ares acordaria com eles ou os seus macotas a 7usta e verdadeira demarcao dos territ"rios RIN & )odas as recomenda4es sobre eventuais con-litos 1ue poderiam decorrer desta operao revelam 1ue ela se revestia de di-iculdades desencadeadas pelos c.e-es a-ricanos pouco interessados em ver os seus territ"rios demarcados pelo poder colonial se bem 1ue * evidente no re!isto puramente a-ricano esses territ"rios o-erecessem marcas pol,ticas ideol"!icas e simb"licas 1ue apontavam a limites identi-ic8veis& 's e$press4es @terras da Hin!aA ou @terras do Dembo 'mbuilaA em documentos portu!ueses citando -ormas a-ricanas para desi!nar o territ"rio subentendem -orma de apropriao e uma relao pol,tica e .ier8r1uica com o espao RIO & Como se ver8 mais adiante est8 a1ui impl,cita tamb*m a pretenso de sedentari(ar os sobas e os seus s3bditos em (onas -i$as para impedir a circulao dos mesmos e assim tamb*m a!re!ar a populao a-ricana aos pres,dios onde ela era mais necess8ria para as obras reais ou para o servio li!ado aos carre!adores no tr8-ico& Z isso 1ue -ica e$pl,cito 1uando %ita 5e(erro se v incumbido de estudar a .ip"tese de criar trs povoa4es na (ona de 'mbaca com o acordo dos c.e-es locais procurando -avorecer a maior concentrao de populao onde ela -osse mais necess8ria V@sempre em -avor da1uele onde * mais importante .aver maior numero de %ovoAW R:; & ' demarcao das terras a-ricanas assim e1uiparadas terras de 1ue eram propriet8rios os brancos tra(ia impl,cita uma alterao da noo de propriedade uma ve( 1ue pela inscrio num tombo ou invent8rio atrav*s do nome de um propriet8rio o 1ue passava a estar em causa era a substituio da propriedade colectiva das terras e bens m"veis pela propriedade individual& ' inculcao parcial de uma nova noo de propriedade pode ser atestada no -interland de Luanda para a primeira metade do s*culo RIN %osteriormente c.e!a a 0u$ima e Cambambe& RIO 6er a carta do !overnador 9os* de /liveira 5arbosa em :; de /utubro de INIL 1uando recomenda 1ue se evitem estabelecimentos em terras de potentados para 1ue no sur!issem @1uest4es sobre a propriedade delasA& C-& Carta para o re!ente de 'mbaca 'HN' C"d& O: -l& OL& R:; /rdem de 0anuel de 'lmeida 6asconcelos IN de /utubro de IJOR 'HU C$& NK Doc& RK& ..................... 118 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola G+G& /s testamentos R:I elaborados a pedido dos sobas do testemun.o da procura de provas de le!itimidade e le!itimao da posse sobre a terra e sua transmissoE kDeclaro eu Cabari Ca(a1uela Lu-un!i Cula Nan.o soba Candumba 1ue ac.ando2me !ravemente doente mandei c.amar o morador em capuco :p diviso de 'mbaca a 'nt"nio Neves Cantan.ande para transladar os meus documentos de terrenos pertencente ao estado do sobado 1ue se encontra em mau estado de rotok f&&&g R:: & 's disposi4es testament8rias conservam ao lon!o dos tempos as -"rmulas reli!iosas decalcadas do direito portu!us e identi-icam situa4es relacionadas com a posse da terra e a sua transmisso 1uer nos casos da relao individual R:R com a terra 1uer na1ueles 1ue di(em respeito e elucidam sobre os @bens do estadoA R:^ & /s re1uerimentos -eitos pelos sobas aos !overnadores sobre a posse de terras e disputas envolvidas assentes em documentos e t,tulos le!ais provando essa posse apontam na mesma direco R:L & %or*m * preciso no es1uecer a pr8tica de uma a!ricultura de tipo itinerante obri!ava muitos !rupos a movimentarem2se de -orma a !arantir a sua subsistncia e o car8cter se!ment8rio das di-erentes sociedades re-orava essa mesma circulao& ' noo de @ban(a anti!aA e @ban(a novaA entre os 4bundu indica esta itiner<ncia latente R:K & / sistema da vassala!em supun.a a coe$istncia no terreno de pelo menos duas concep4es de ocupao do territ"rio& # mais do 1ue a coe$istncia -ormas de ne!ociao& #ntre a capital de Luanda e as ban(as dos sobas e$istia uma circulao permanente& R:I Cava((i re-erncia2os como -orma de transmisso de propriedade individual o 1ue denota a sua anti!uidade em al!umas re!i4es do territ"rio an!olano& 6& Cava((i Livro + p& ILO& %ara o s*culo G6+++ uma re-erncia elaborao de testamentos -ora de Luanda sur!e na 0isso de 'mbuela pela mo de Frei ?uerubino de Savona 1ue embora sem con.ecer o direito portu!us se propun.a elaborar um testamento a pedido de uns @miser8veisA& Se bem 1ue no se -aa re-erncia identidade dos autores do re1uerido a situao merece al!uma perple$idade e a!rado pelo !overnador ao veri-icar 1ue @uns pobresA procuram salva!uardar o 1ue * seu atrav*s do direito do rei de %ortu!al& Carta de F+SC para Frei ?uerubino de Savona :: de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& II^v& R:: '&H&N&'& C$& R^KL 'mbaca Cit& #m Santos e )avares A Apropria#o&&& pp& ^JI e ss& 6er no mesmo lu!ar a apropriao dos testamentos pelos poderes a-ricanos na le!itimao de direitos de #stado& R:R 6& @)estamento da 0ul.er D& Cassenda ca ?uitumbo ?uian.an!ueA '&H&N&'& 'mbaca C$& LKOL& R:^ 6& '&H&N&' 'mbaca C$&R^KL& 6& )amb*m& Col& '& '& 0ao H Doc& L& R:L Resposta ao re1uerimento D& %aulo 'nt"nio da 7urisdio de 'mbaca de-erindo 1ue -osse conservado na posse das suas terras O de De(embro de INIK 'HN' C"d& OR -l&IR& R:K Sobre a ban(a Vmban%aW os trabal.os de 6ir!,lio Coel.o e$plicam para os ambundu o lu!ar dado aos centros pol,ticosY c-& @#m busca de DabsE uma tentativa de e$plicao da estrutura pol,tico2 administrativa do @Reino de ]Ndon!oU A #studos '-ro2'si8ticos Universidade C<ndido 0endes nQR: De(embro de IOOJ pp& IRL2IK:Y @ ]/s de dentro os de -ora e os outrosUE an8lise sucinta de um modelo estrutural de or!ani(ao administrativa e urbana do ]Reino de Ndtn!tU desde a sua -undao at* -ins do s*culo G6+A 7ontes ^ ,studos nQ ^2L Luanda 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola IOON2IOOO pp& IKR2 ::N& ..................... 119 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Sempre 1ue um novo !overnador c.e!ava a 'n!ola o 1ue sucedia re!ra !eral por tri*nios os sobas diri!iam2se com suas comitivas por ve(es bem numerosas Capital para prestarem vassala!em e reiterarem -idelidade ao novo !overnador selando esta prova com a troca de presentes& / espao colonial estruturava2se assim por meio de idas e vindas entre as v8rias cortes num re!isto de circulao de poderes R:J & Na d*cada de IJJ; na1uelas (onas onde as -ormas de implantao colonial eram rudes -rustres e reticulares como 78 se mostrou entre o sul de 5en!uela e o Cabo Ne!ro e para as 1uais no .aviam sido estabelecidos 1uais1uer tratados com os sobas locais procurou2se 1ue os capites2mores das novas povoa4es nomeadamente o de 'lva Nova V5i*W os -irmassem& %ara o e-eito D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o c.e!a a redi!ir um -ormul8rio com o te$to de um tratado onde os sobas se deviam declarar vassalos do Rei de %ortu!al e certi-icar 1ue as terras compreendidas entre 5en!uela e Cabo Ne!ro incluindo as salinas l.e pertenciam R:N & Dili!ncias nesse sentido -oram ordenadas ao capito2mor de 'lva2Nova ainda no ano de IJJ; R:O & 0as -ica provado em pleno +luminismo as rela4es coloniais no espao an!olano 'n!ola no podiam prescindir deste instrumento 7ur,dico por mais @-eudalA 1ue ele -osse e reiteram at* a sua utili(ao& Na altura em 1ue comea a ser contestada a concepo personali(ada do poder e nomeadamente do rei como su7eito eminente da relao pol,tica a -avor de um poder impessoal RR; Va republicaW os tratados de vassala!em perpetuavam a concepo do poder supremo em torno da -i!ura e da pessoa do rei na pol,tica colonial& /s tratados passavam2se entre as pessoas concretas do Rei de %ortu!al e dos sobas a-ricanos e tamb*m s" assim poderiam ser operativos e compreendidos no 1uadro da pol,tica a-ricana& '-inal os autos de vassala!em presentes desde o princ,pio da con1uista certi-icavam um dom,nio um dom,nio anti!o e le!,timo sobre o territ"rio a-ricano& /ra R:J Re!ulamentao destas pr8ticas de -orma a redu(ir as desloca4es dos sobas encontra2se no Re!imento do Hoverno deste ReBno de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& cap& LQ& Documentao posterior prova 1ue essa pr8tica nunca cessou antes permaneceu e era at* reclamada pelos !overnadores rec*m2c.e!ados& R:N @)ermo de rati-icao da %osse 1ue tem Sua 0a7estade em Cabo Ne!ro e em todas as )erras do seu Distrito at* IJ l*!uas de latitude e em todas as mais 1ue -icam pela )erra dentro na mesma LatitudeA I: de 9ul.o de IJJ; 'HU C$& L^ Doc& LL& R:O Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela de 'bril de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& IJKv& RR; '&0& Hespan.a @UDa +ustitia &&& p& R^K& ..................... 120 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola esse era como 78 -oi e$plicado um dos ar!umentos mais di-,ceis de sustentar no 1uadro da pol,tica internacional no 'tl<ntico& Na d*cada de IJK; produ(iu2se uma re-le$o sobre estes tratados de vassala!em 1uase @imemoriaisA com a introduo de al!umas altera4es& 's varia4es 1ue se podem identi-icar tm a ver com a introduo de cl8usulas 1ue se inspiram no modelo de civili(ao setecentista& Depois da con1uista de Novo Redondo VIJKOW os sobas vassalos do sul -icaram su7eitos a tratados 1ue no seu conte3do apresentam al!umas di-erenas -ace 1ueles 1ue remontavam ao s*culo G6++& Do cat8lo!o estatu,do e aceite passava a -a(er parte a obri!ao de permitir a -undao de novas povoa4es 7unto dos sobados povoa4es onde se promovesse a industria o com*rcio e a a!ricultura en-im o pro!rama iluminista 1ue visava -a(er de 'n!ola uma (ona de povoamento e de produo& No caso dos tratados estabelecidos com os 0ussossos na costa a Norte de Luanda a!ora perturbada com a presena estran!eira os tratados contemplavam uma cl8usula 1ue proibia os sobas vassalos de praticarem 1ual1uer tipo de com*rcio com in!leses e -ranceses RRI Uma si!ni-icativa alterao tamb*m se constata na relao com os c.amados sobas rebeldes& #la * posta em evidncia 1uando o pr"prio entendimento das -un4es da !uerra se v alterado V$ide cap& N&I& Uma outra leitura&&&W& No discurso dos !overnadores 1ue coincide ali8s com as pr"prias leituras setecentistas das -un4es da !uerra ela dei$ava de ter o valor absolutamente constitutivo da soberania e o seu sentido era claramente menos *pico de uma certa -orma menos e$altanteE @#u no 1uero 1ue esses povos se7am !uerreiros e con1uistadores 1uero apartar2l.es todo este esp,rito do seu corao substituindo2l.o com o da '!ricultura e da +nd3striaA RR: & #sta converso dos autos de vassala!em de instrumentos 7ur,dicos propiciadores da pa( a instrumentos de civili(ao de onde arrancasse o povoamento branco a a!ricultura e a ind3stria acabaria por subverter a m*dio pra(o a pr"pria l"!ica de ocupao de 'nti!o Re!ime& %or ve(es com a pa( e os tratados onde ela se suportava o poder de Luanda distribu,a terras aos sobas para 1ue nelas se estabelecessem !uarda de um capito2mor RRI 'cto de recon.ecimento obedincia e vassala!emP& IJKN 'HU C$& L: Doc J^ Cap& J& RR: Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela de 'bril de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& IJKv& ..................... 121 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola praticassem a a!ricultura e participassem da disciplina do serto no acol.endo desertores& Z o 1ue acontece em IJKK 7unto a S& 9os* de #nco!e no momento em 1ue a pol,tica de territoriali(ao est8 no seu pleno& )erras circunvi(in.as ao pres,dio -oram entre!ues aos 0ussossos derrotados na presena do Dembo 'mbuila para 1ue ali se instalassem RRR & )em interesse re-erir ainda 1ue o te$tos dos anti!os autos de vassala!em -oram submetidos a uma an8lise minuciosa RR^ com o ob7ectivo de destrinar os servios 1ue os sobas estavam e-ectivamente obri!ados a prestar ao !overno em troca de au$ilio na !uerra e respeito pelas leis ind,!enas& ' d3vida consistia em saber se al*m da obri!ao de socorrer os pres,dios em caso de !uerra estariam vinculados a outro tipo de servio no remunerado 1ue no momento l.e era demandado pelos capites2moresE reparao das i!re7as -ortale(as e casas das capitanias2mores conduo de canoas no Cuan(a para abastecimento de soldados RRL & #m relao aos e-eitos desta alterao a investi!ao reali(ada permitiu veri-icar 1ue a reconverso dos tratados no s*culo G6++++ permitiu por e$emplo 1ue o d,(imo -osse pa!o sob a -orma de trabal.o de -erreiros a-ricanos tradicionais especiali(ados na -8brica de Nova /eiras RRK & 0as -a(er participar os sobas vassalos nas l"!icas coloniais de ocupao do espao c.ocava com os usos sa!rados as percep4es simb"licas as meta-ori(a4es da terra a-ricana como se pode ver a partir do te$to 1ue se se!ue RRJ E @os sobas vassalos a 1uem consultei para irem abitar na il.a de ?uita$i f+l.a do Cuan(ag no 1uiseram aceitar e me disseram 1ue era contra os seus ritos leis Hent,licas pois s" mudavam de terra 1uando o Rei os combatia e 1ue estavam prontos para irem Destacados at* 1ue os da +l.a -icassem vassalosA RRN & RRR Carta de F+SC para o capito2mor de #nco!e :N de Novembro de IJKK 'HU C$& L; Doc&KI& 'cto de recon.ecimento obedincia e vassala!emP& IJKN 'HU C$& L: Doc J^& RR^ 98 me re-eri anteriormente a uma ordem 1ue pedia aos capites2mores de todos os pres,dios o envio de c"pias dos autos de vassala!em para o cart"rio de Luanda& RRL +n-ormao do %rovedor da Fa(enda de 'n!ola R; de Setembro de IJJ; AA vol& + nQ: IORR s&pp& RRK #sta pr8tica ainda se encontra no princ,pio do s*culo G+GE #m Carta para o re!ente da vila de 0assan!ano V:R de 9un.o de IN;NW di(ia2se @pelo termo assinado pelos sobas de Can(en!o -icam estes obri!ados a apresentar por todo o mes de Novembro nessa -eitoria uma barra de seis libras de -erro por cada -o!o -icando por isso dispensados de pa!ar o D,(imo em outro 1ual1uer !*nero& 'HN' C"d& OI -l& OJv& RRJ C-& 0ic.el +(ard @Del trattamento politico dello sap(ioA Potere e territrio in Africa Occientale ,tnosistemi + I IOO^ p&O& RRN Carta do capito2mor de %edras de %un!o 'ndon!o 0atias 9oa1uim de 5rito para o Hovernador Saldan.a da Hama 'HN' C"d& R;IN s&-l& IO de Fevereiro de IN;O& ..................... 122 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 's capitula4es de pa( na se1uncia de uma !uerra repun.am as autoridades a-ricanas na posse das suas terras com a delimitao de terrenos a partir de re-erncias tomadas em acidentes naturais nomeadamente os rios ou nos limites estabelecidos para outros territ"rios a-ricanos RRO & Nada do 1ue at* a!ora se disse deve -a(er es1uecer a1uele 1ue era e continuou a ser o escopo da pol,tica colonialE o tr8-ico de escravos& Uma col"nia territorialmente s"lida em pa( a-astaria a concorrncia estran!eira das costas e permitiria o -lu$o do com*rcio assim como o seu en!randecimento& 7.2.2. Territrios, poderes e caminhos africanos. Do ponto de vista territorial os poderes a-ricanos ostentavam os seus pr"prios marcadores de territ"rioE ban(as (onas de caa 8rvores sa!radas planta4es etc& Foi o com*rcio de escravos promovido a partir da costa 1ue maioritariamente introdu(iu muta4es nos territ"rios a-ricanos& / com*rcio de escravos implicou uma reor!ani(ao desses mesmos territ"rios para poderem participar nas actividades dos entrepostos comerciais 1ue em parte coincidiam com os pres,dios ou as -eiras estabelecidos em territ"rios avassalados ou -ran1ueados pelos c.e-es a-ricanos caso do 5i*& ' tese de Lui( Felipe de 'lencastro se!undo a 1ual a -ormao territorial do 5rasil implicou a destruio de 'n!ola parece dever ser relativi(ada& 0el.or 1ue destruio * considerar um -en"meno de reor!ani(ao isto por1ue toda a destruio pelo menos no sentido em 1ue esta o pode ser tra( consi!o -ormas de reor!ani(ao& 'l*m disso como comecei por di(er no in,cio deste cap,tulo 'n!ola * antes de mais uma ideia de ori!em imperial produ(ida pela administrao ultramarina portu!uesa& Numa dimenso puramente a-ricana 'n!ola @no e$isteA& / 1ue e$iste so -orma4es pol,ticas mais ou menos est8veis 1ue ao mesmo tempo 1ue rea!em s novas condi4es criadas pelo com*rcio atl<ntico esto su7eitas s press4es continentais e s din<micas pr*2coloniais e portanto no coloniais da X-rica& H8 uma dial*ctica permanente entre c.o1ues e$teriores ra(4es e reac4es internasE @les et.nies a-ricaines ne se pr*sentent pas avec la ri!idit* et la pesanteur brute 1ue leurs a attribu*es ensuite la litt*rature sur les tribus& Dans certains cas ce sont de v*ritables nationalit*s en -ormation 1ui se -ont 7our 7usti-iant des rec.erc.es plus RRO Carta para a Rain.a de Hoando D& 5rites '-onso da Silva :N de Novembro de IJKK 'HU C$& L; Doc& K;& ..................... 123 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola appro-ondies sur ce t.SmeA R^; & #$emplo de tudo isto * o reino de Cassan!e VDasan7eW 1ue se -ortalece !raas s rotas atl<nticas e ao mesmo tempo se constitui como barreira na penetrao portu!uesa& /s poderes a-ricanos 7o!am com o bluff e o rumor 7unto do poder colonial& /s sobas p4em a correr a not,cia de !uerras contra sobas vassalos 1ue na verdade so diri!idas a sobas no vassalos e 1ue portanto esto mar!em da !ram8tica estipulada e -uncional de dom,nio a partir de Luanda& / soba de Haco por e$emplo in-ormava o capito2mor de %edras de %un!o 'ndon!o de um ata1ue do soba do 5ailundo aos sobas vassalos o 1ue se vem a revelar uma -alsa in-ormao mas c.e!a para perturbar Luanda e os capites2mores envolvidos R^I & 's .ierar1uias pela positiva ou pela ne!ativa vo2se -a(endo e re-a(endo& ' !eo!ra-ia pol,tica a-ricana * e$tremamente vol3vel& 's no4es de -ronteira e de espaos intersticiais produ(em essa volubilidade& #n1uanto os camin.os tm os seus sen.ores a-ricanos a X-rica disp4e de trun-os para ne!ociar& ?uando os portu!ueses or!ani(am e dominam os camin.os esse poder perde2se& /s camin.os tra(em consi!o car!as simb"licas e esto li!ados aos usos sa!rados e simb"licos do espao& /s camin.os do com*rcio somam2se aos camin.os das !uerras aos camin.os da pa( e tamb*m aos @camin.os dos t,tulos pol,ticosA mas na sua maioria @os camin.os da terraA c.amados nas -ontes de @!ent,licosA 78 l8 estavam 1uando o com*rcio de interesses atl<nticos os comeou a percorrer e ter8 sido provavelmente o controlo desses camin.os 1ue mais di-icultou a implantao de um outro tipo de poder colonial R^: & 7.:. T)&&i%"&i#4i2#01" (" E%#(". ' .istorio!ra-ia sobre a X-rica portu!uesa costuma locali(ar o sur!imento da ideia da construo de um novo imp*rio em X-rica alternativa ao imp*rio do 5rasil no primeiro per,odo liberal VIN:;2IN:RW R^R & #ssa ideia di-icilmente pode ser transposta para a se!unda metade do s*culo G6+++ se bem 1ue em 3ltima inst<ncia a pol,tica das Lu(es visasse R^; 9ean2%ierre C.r*tien (es et-niesP p&I;:& R^I 'HN' C"d& R;IN -l& ILIv2IL: IL de De(embro de IN;N& R^: 0&#&0& Santos @' relao litoral2interior na din<mica da abertura da X-rica ao mundo e$terior in )os Camin-os&&& pp& ^RI e ss& R^R / novo pro7ecto procuraria assim resolver uma 1uesto de -undo 1ue passava pela pr"pria identidade nacional -ace desa!re!ao do sistema imperial& C- 6alentim 'le$andre @/ +mp*rio %ortu!us VIN:L2INO;WE ideolo!ia e economiaA An'lise /ocial vol& GGG6+++ VIKOW :;;^ pp& OKI e ss& ..................... 124 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola trans-ormar 'n!ola numa col"nia de povoamento branco uma esp*cie de terra prometida consa!rada cultura dos campos ind3stria e ao com*rcio& 's condi4es encontradas pelos !overnadores no terreno desmentiam essa possibilidade a todo o instante& 'n!ola continuou a ser vista acima de tudo como centro e$portador de escravos& 0as -oi o pr"prio tr8-ico de escravos 1ue e$i!iu a territoriali(ao de 'n!ola e por isso mesmo neste per,odo distin!ue2se um con7unto de t"picos de coloni(ao 1ue o di-erenciam e l.e do coerncia& 'ssim a construo de uma col"nia de povoamento em 'n!ola andava necessariamente associada a um pro!rama de territoriali(ao do #stado estandarti(ao .ome!onei(ao e uni-ormi(ao das institui4es e centrali(ao territorial e pol,tica por oposio s -ormas locais de autonomia& #m 'n!ola esse processo implicava trs movimentos simult<neos e complementaresE a -undao de uma rede de povoa4es civis se!undo o modelo da cidade 1ue a m*dio pra(o deveriam substituir na totalidade o padro do pres,dio militarY a converso dos territ"rios a-ricanos ao modelo do territ"rio colonialY e a disciplina da circulao no serto inte!rando na sociedade civil os va!abundos e desertores& Na verdade o 1ue est8 em causa * uma reavaliao dos usos coloniais Vde 'nti!o Re!imeW e a-ricanos do territ"rio e sua reconverso ao modelo da cidade a um padro @polic*A& 'ntes de passar descrio do processo de constituio das povoa4es e incentivo ao povoamento interessa -risar 1ue toda a pol,tica da se!unda metade do s*culo G6+++ se revestiu de uma dimenso social bastante inovadora 1ue se tradu(iu por um lado na re!ulari(ao do povoamento imprimindo2l.e os traos de uma sociedade portu!uesa e assim @polidaA por outro pela promoo do povoamento branco& 7.:.1. A 3";"#0F) ,i;i ) " /4 () A'+"4#. @' obra de se re!ulari(ar essas %ovoaoens .* a maBor 1ue se tem -eBto neste ReBnoA VCarta de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o IR de Setembro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^R -l& RRW& ' .istorio!ra-ia a-ricana tem abordado a problem8tica da trans-erncia ou transplantao de modelos urbanos em princ,pio -i$ados em meios culturais e .ist"ricos bastante locais e espec,-icos para outras matri(es culturais como meio de dominao pol,tica e cultural& H8 uma relao entre o planeamento e a administrao urbana e a ..................... 125 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -ormulao de um discurso colonial pro7ectado nas cidades a-ricanas R^^ & #m 'n!ola Luanda -ormava a primeira cidade no conte$to europeu e colonial e desempen.ava um papel de dom,nio o-erecendo caracter,sticas europeias& No s*culo G6+++ a -undao de Novas %ovoa4es tin.a por detr8s o pro7ecto da -undao de cidades nas col"nias pr"$imas tanto 1uanto poss,vel das cidades metropolitanas e em 3ltima an8lise a -undao de uma @'n!ola brancaA R^L V$ide ?uadros I : RW& '-inal @bran1uear 'n!olaA para -acilitar a assimilao do mundo portu!us& ' noo de -undao -ica em -rases como @esta * uma terra nova 1ue a pacincia a industria a 7ustia e o desinteresse de 1uem a !overna .82de -a(er boaA tudo est8 em 7o!o R^K & ' -undao de povoa4es produ(iria a -undao da pr"pria sociedade e civili(aria os povos @naturalmenteA b8rbaros& #sta ideia de 1ue a sociedade civili(a os povos b8rbaros vem ali8s descrita de -orma lapidar por %ascoal 9os* de 0elo Freire acerca dos costumes lusitanos 1ue classi-ica de b8rbaros -a(endo aluso a uma esp*cie de coloni(ao so-rida pelo povo da %en,nsula em tempos imemoriais pelos ento povos civili(adosE @ se in1uirirmos dos costumes dos primeiros antepassados e dos Lusitanos em to reccndita anti!uidade depois de .averem perdido a civili(ao no podemos dei$ar de con-essar 1ue eram mais costumes de -eras 1ue de .omens& Comearam a ser um pouco mel.ores depois 1ue os nossos .omens se uniram em sociedade e se submeteram ao poder de um s" V&&&W ora os Lusitanos receberam estas leis especiais sobretudo de povos estran.os sob cu7o poder residiam e de cu7o conv,vio des-rutavam V&&&WA R^J & )amb*m na coloni(ao de 'n!ola a comunidade seria -ormativa en1uanto a disperso do povoamento pr"pria das popula4es a-ricanas e dos europeus entre!ues err<ncia di-icultava a educao civil dos .omens& 6ivendo como @-eras separados uns dos R^^ ''66 (a $ille europenne d* outre mer9 Un mod0le conqurant R FL2e6LLe si0clesH dir& Cat.erine Coc1uerB26idrovitc. e /dile Hoer! %aris LUHarmattan IOOK& #m Londres teve lu!ar um col"1uio reunindo especialistas da Hist"ria de X-rica e da Hist"ria de 'n!ola onde estas 1uest4es tamb*m -oram discutidas& %arte dos papers esto publicados em Africa*s Urban Past Vpapers presented at a con-erence o- t.e Center o- '-rican StudiesW S/'S UniversitB o- London IO2:I de 9une IOOK& 's restantes contribui4es esto para publicao na 3e$ista 7ontes e ,studos nQ K do 'r1uivo Hist"rico de 'n!ola& R^L C-& 0em"ria de F+SC IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^R -l&II;& R^K Carta de F+SC para o capito2mor de Novo Redondo 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IIR& R^J %ascoal 9os* de 0elo Freire .istria do &ireito Ci$il&&& p& :J2:N& ..................... 126 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola outrosA os .omens despre(avam os bens 1ue a providencia l.es o-erecia pelas mos da nature(a e da sociedade @se7a na cultura das terras se7a nos tesouros da industria atrav*s das -8bricas e produ4es das plantas se7a em minerais se7a en-im no com*rcio 1ue * uma comutao do sup*r-luo pelo necess8rioA R^N & ' oposio entre o .omem social e o .omem selva!em sinteti(ava a partir de crit*rios 1ue eram tamb*m crit*rios de nature(a econ"mica a ra(o de ser mais -unda para a constituio destas povoa4es& Seriam elas na -ormulao de Sousa Coutin.o 1ue condu(iriam sociedade a1uisio dos bens proporcionando a -elicidade e transmutando as -eras em .omens& ' de-inio de b8rbaro impl,cita a todo este discurso estabelecia2se a partir do tipo de relao 1ue as v8rias .umanidades sustentavam com o meio& ?uando me re-erir aos avatares da con1uista sublin.arei como a a!ricultura e a ind3stria passaram a ser entendidas como instrumentos de imposio de dom,nio to ou mais e-ica(es 1ue a !uerra o-ensiva no pressuposto de 1ue a civili(ao envolvia na relao com o meio ecol"!ico uma atitude de poder& #$plicando mel.or sendo 1ue a relao 1ue o .omem civili(ado devia manter com o meio se reali(ava na capacidade de -ecundar a nature(a e de a -ertili(ar para da, e$trair ri1ue(a a constatao de 1ue os povos a-ricanos mantin.am uma relao de e1uil,brio com a nature(a acrescentava mais um crit*rio e uma ra(o de di-erenciao& %ara estes .omens do s*culo G6+++ os a-ricanos eram pobres miser8veis nem se1uer con.eciam ou recon.eciam os valores da ri1ue(aE @&&&no .8 Ne!ro 1ue 1ueira trabal.ar por mais lucros 1ue se l.e o-eream&&&A R^O & Z claro 1ue nem outra coisa seria de esperar arredada 1ue estava 1ual1uer .ip"tese de -a(er valer um ol.ar antropol"!ico este aparente despre(o pelos bens remetia de imediato @pre!uiaA natural dos a-ricanos& ' racionalidade econ"mica tradicional sinteti(ada no t,tulo @F!e de %ierre F!e dU'bondanceA numa traduo -eli( R^N Carta de F+SC para o capito2mor 7ui( de Lin.ares O de /utubro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l&ILR& R^O Carta de 0'0 L de 9un.o de IJON AA vol& + nQI IORR s&pp& Z interessante notar 1ue %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda na sua )otWcia da Cidade de / 7ilipe de 1enguela e dos Costumes dos gentios -abitantes daquele serto VIJOJW * capa( de perceber 1ue para os 0undombes a ri1ue(a consistia no n3mero de cabeas de !ado 1ue possu,am mas no dei$a de se impressionar com o -acto de essa carne no servir para alimento dos povos mas para usos rituais na composio de cemit*rios e sobretudo para atender a encar!os sociais decorrentes das l"!icas da reciprocidade e da redistribuio& 's no4es end"!enas de economia e de monumentalidade esta associada mem"ria dos antepassados s" muito sumariamente vm retratadas& Sobre a -i!ura de %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda $ide I:&:&^&:& O no$o militar& C-& 0artins %in.eiro de Lacerda Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^NJY ver tamb*m #stermann ,tnografia do /udoeste de Angola, vol& :E Mrupo ;tnico )-aneca6.umbe 9unta de +nvesti!a4es do Ultramar 0em"rias S*rie 'ntropol"!ica e #tnol"!ica nQ L IOK; vol& : p& I^R& Sobre os lu!ares de mem"ria a-ricanos c-& 9ean %ierre C.r*tien 9ean2Louis )riaud .istoire d*Afrique (es enNeu+ de mmoire %aris Zditions Dart.ala IOOO pp&:RI2:RR& ..................... 127 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola da obra de Sa.lins s" poderia ser rotulada com barbaridade RL; & / pro!rama de civili(ao alicerado num conceito de ri1ue(a europeu por sua ve( decorrente de uma noo cada ve( mais enrai(ada de acumulao propun.a2se condu(ir inculcao de .8bitos re!ulares de trabal.o e de produo& 0as at* mesmo a1ueles produtos europeus 1ue c.e!avam s sociedades a-ricanas acabavam por ser subordinados a l"!icas de circulao e sistemas de distribuio decorrentes de institui4es e rela4es de parentesco RLI & Num outro plano 1ue corresponde ao dos va!abundos e desertores de ori!em europeia era2l.es reservado o papel indese78vel de @%este da Sociedade das HentesA RL: & 's -ronteiras entre a barbaridade e a civili(ao territoriali(avam2se no s" para separar os a-ricanos dos europeus mas tamb*m para distin!uir os europeus moldados pela vida civil dos 1ue se .aviam a-ricani(ado RLR & ' barbaridade e a civili(ao so condio no escol.em cor * a educao civil 1ue as separa& ' imper-eio deste empreendimento 1ue inventava a sociedade civil no serto de 'n!ola -oi ol.ada como natural e por isso mesmo esperada& ' civilidade resulta de um processo lento um trans-ormismo uma per-ectibilidade 1ue caracteri(a a pr"pria .umanidade sem pcr em causa a validade do pro!rama 1ue nunca se revela ameaada por 1ue @o tempo os -il.os o costume da sociedade e do trabal.o !overnados pelos invari8veis princ,pios da reli!io e da obedincia consumaro uma obra 1ue de necessidade deve ter !randes imper-ei4es no princ,pio e 1ue semel.ana da 8!ua turba re1uer um !rande espao de tempo para assentarA RL^ & ' convocao do trans-ormismo ou transitoriedade bate certo com o discurso do tempo e de um autor como 0elo Freire 1ue em relao e mais uma ve( insero dos lusitanos na sociedade di(iaE @essa sociedade a RL; C-& 0ars.all Sa.lins _ge de Pierre, Jge d*abondance (* conomie primiti$e des socits primiti$es %aris Hallimard IOJK passim& RLI Sobre as -ormas de acumulao a-ricana c-& 0& Fortes e #& #& #vans2%ritc.ard /istemas polWticos africanos Lisboa FCH IONI p& RJ& 'inda em relao a no4es de trabal.o produo acumulao e a -orma como a de-inio do @selva!emA* uma e$portao @clandestinaA das maneiras de pensar de 1uem de-ine o 1ue * selva!em c-& 9& 5a(in @Le bal des sauva!esA in (e /au$age I la mode V9&2L& 'mselle or!&W %aris Zditions le SBcomore IOJOpp& INN2INO& RL: Carta de F+SC para 9oa1uim de 5ea )ei$eira :L de Novembro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IJOv& RLR Sobre os europeus b8rbaros tamb*m rotulados com a rusticidade Carta de F+SC para o capito2 mor de 5en!uela IR de Novembro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IJ;2IJI& RL^ Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela IR de 9un.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :LI& ..................... 128 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola princ,pio muito imper-eita V&&&W 1uase toda se -irmava em al!uns mas poucos costumes e leis&&& com o andar dos tempos 1uando os Lusitanos comearam a cultivar os campos a ter moradas -i$as e a praticar al!umas artes especialmente as tocantes a!ricultura sentiram a necessidade de possuir maior n3mero de leis 1ue marcassem o teu e o meu de-inissem os limites das possess4es&&&A RLL & 7.:.1.1. A &),"'5i+/" () >)'+/)4# No planalto de 5en!uela e a partir de IJKJ inicia2se ento a -undao de povoa4es civis em 8reas at* a, destitu,das de 1ual1uer tipo de dispositivo administrativo -ormal portu!us dominadas pelos '-ricanos Vovimbundo e n.an.ecaW e percorridos por comerciantes mestios desertores e de!redados& Nas pr"$imas p8!inas trata2se de descrever esse processo 1ue teve como cen8rio mais importante o serto de 5en!uela e a sua recon-i!urao a v8rios n,veis e secundariamente o -interland de Luanda& Sousa Coutin.o sur!e como o actor e autor -undamental deste processo& Nas suas palavrasE @No posso eu e$plicar a v&m& a ale!ria 1ue me causa a r8pida construo e verdadeira re!ulao das %ovoa4es desses sert4es por1ue a!ora * 1ue se pode di(er 1ue -oram descobertas e a!ora * 1ue se re!ularam as utilidades 1ue prometem 1uando antes se podiam s" contar como covil de va!abundos e tratantes sem pr*stimo&&&se vierem casais 1ue ten.o pedido ver8 Cidades muito mais %opulosas e mais 3teis 1ue as do 5rasil e 1uando no ven.am os mesmos 1ue .8 se aproveitaro e abenoando a Divina %rovidencia a %a( a 9ustia e a Reli!io&&&A RLK & ' populao de ori!em europeia 1ue circulava pelo serto em actividades comerciais adoptando muitas ve(es comportamentos culturais e sociais a-ricanos era c.amada a -i$ar2se em n3cleos onde se procurava reprodu(ir o padro da sociedade metropolitana RLJ & 0as a -undao de novas povoa4es e a sua re!ulari(ao inscrevia2se num pro!rama mais vasto a lon!o pra(o para tra(er civili(ao os a-ricanosE @as %ovoa4es pondo em re!ularidade os 5rancos -ar8 mais moderados e menos tem,veis os Ne!ros&&&A RLL %ascoal 9os* de 0elo Freire .istria do &ireito Ci$il&&& p&:O& RLK Carta de F+SC IR de Setembro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^R -l& R:2RR& RLJ 5ando do !overnador F+SC :R de Setembro de IJKN 'HU C$& L: Doc& ^L& #stas povoa4es puramente civis deviam abri!ar os ne!ociantes moradores pr"2-u!os va!abundos de!redados r*us de 7ustia e sem domic,lio certo separando os comerciantes e os 1ue residiam nas -eiras& ..................... 129 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola )ratava2se de proceder ao bran1ueamento do 1uotidiano atrav*s da in7eco de colonos brancos @europeus '!ricultores e +ndustriososA RLN & / 1ue se pretendia era 1ue a partir das povoa4es instaladas se viessem a criar outras povoa4es& 's novas povoa4es dariam ori!em a outras povoa4es& Uma e$panso em rede dir2se2ia !eom*trica deveria cobrir o territ"rio a m*dio pra(o& / pr"prio processo civili(acional de 1ue essas povoa4es eram a!entes tra(ia consi!o um potencial e$pansivo capa( no s" de alar!ar o espao coloni(ado como de captar ou absorver as popula4es a-ricanas e respectivas -orma4es pol,ticas e pr8ticas sociaisE @&&&o tempo a docilidade o costume tudo vencem &&&A RLO & )udo isto pela civili(ao no pela mestia!em 1ue anularia o es-oro de bran1ueamento& 5en!uela constitu,a a !eo!ra-ia privile!iada espao @utopi(adoA por Sousa Coutin.o para pro7ectar em X-rica o modelo metropolitano& / seu clima em 1uase todas as prov,ncias era to sadio como na #uropa e permitia o cultivo da dieta alimentar mediterr<nica onde se destacava o tri!o RK; & ' d*cada de IJK; estabelece uma vira!em importante na .ist"ria da presena colonial em 5en!uela e seu -interland& Desde o s*culo G6++ 1ue a e$portao atl<ntica de escravos pela mo dos portu!ueses .avia crescido de -orma est8vel para l8 do Cuan(a desde a -o( do Rio Lon!a at* Cabo Ne!ro V%orto 'le$andreW& ' -ertilidade e a densidade demo!r8-ica dos planaltos central e sul no interior c.amado localmente @NanoA permitiram 1ue a, se desenvolvessem centros de com*rcio importantes no abastecimento ao tr8-ico de escravos 1ue se -a(ia at* ao litoral& / !rande interesse do serto de 5en!uela consistia no com*rcio de escravos mar-im e cera& #m meados do s*culo G6+++ se!undo um mapa estat,stico esta (ona vem atestada como mais densamente povoada de 'n!ola RKI & ' ocupao colonial do planalto nesta altura era sobretudo prota!oni(ada por comerciantes e seus escravos& Sousa Coutin.o considerava este vasto espao @c.ave mestra de toda a X-rica /cidentalA e via2o como sendo capa( de con!re!ar interesses comerciais articulados a 0oambi1ue uma ve( aberto o tantas ve(es pro7ectado camin.o terrestre 1ue uniria as RLN +nstru4es&&& IL de De(embro de IJKO 5NL C"d& NJ^: -l& III& RLO Carta de F+SC para o Comandante do Destacamento de Novo Redondo :; de /utubro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^: -l& LK& RK; Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO AA vol& + nQ I IORR s&pp& RKI 0apa #stat,stico IN de /utubro de IJKN 'HU C$& L: Doc& IN& ..................... 130 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola duas costa& Uma coloni(ao sistem8tica deste espao s" teve condi4es para ser pensada neste per,odo& 's lin.as de penetrao portu!uesa !eralmente se!uiam as rotas do com*rcio a-ricano RK: & / pr"prio !overnador dava not,cia dissoE @esta important,ssima con1uista -oi tratada at* o meu !overno com o maior despre(o e in-elicidadeA RKR & De -acto in-orma4es de IJL^ descrevem a ru,na da -ortale(a e do @reinoA de 5en!uela onde -altava tudo o necess8rio sua conservao e de-esa RK^ & # mais !rave do ponto de vista da instalao portu!uesa no vin!ara um povoamento colonial branco ou mestio& ' presena colonial -a(ia2se pela aco de comerciantes 1ue a!iam a t,tulo privado e va!abundos .omens sem insero numa comunidade 1ue acabavam por constituir no serto de 5en!uela e no serto de uma maneira !eral uma populao socialmente inst8vel distante dos interesses estatais da coloni(ao& ' intensi-icao da presena estran!eira nesta 8rea e$i!ia um maior cuidado na de-esa da costa atrav*s da an!ariao e concentrao de soldados na -ortale(a e at* mesmo de de!redados desde 1ue no estivessem implicados no ne!"cio assim como de .omens li!ados ao pres,dio interior de Caconda RKL & Na capitania de 5en!uela cada soba possu,a v8rios @sobetas seus vassalos se!undo a sua opulnciaA& # cada um destes !overnava uma ou mais povoa4es al!umas com muita !ente RKK & 5ailundo Huambo VdamboW Halan!ue 5i* e ?uiaca VDia[aW os sobas mais !uerreiros e temidos do planalto& ' !rande vira!em desencadeada pelas povoa4es civis s" c.e!ou a ser poss,vel por1ue anteriormente tin.am tido lu!ar ac4es militares 1ue pretendiam dominar a instabilidade e a inse!urana provocada pelas @!uerras do NanoA ou !uerras internas entre a-ricanos& Se!uindo 0iller de IKN; a IJR; a pol,tica a-ricana nos planaltos !irou em torno da estrat*!ia de cerco estabelecida por @)gola a N7imboA ao ponto de-ensivo mais importante ad7acente a Caconda& Novos c.e-es !uerreiros estabeleceram2se pelas (onas montan.osas ocupando os lu!ares de in-iltrao para leste RKJ & 98 em IJ:O as tropas RK: 0iller @'n!ola central&&& p& :R& RKR 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre 5en!uela :; de Novembro de IJKN 'HU C$& L: Doc& ^L& RK^ Carta de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real So %aulo da 'ssumpo :; de 9un.o de IJL^ 'HU C$& RO Doc& RJ& RKL C"pia da Carta de DF+SC para o capito2mor de 5en!uela 9os* 6ieira de 'ra37o S& %aulo da 'ssumpo J de 9un.o de IJKK 'HU C$& L; Doc&I^& RKK Relao dos sobas potentados sobetas seus vassalos&&& : de 9aneiro de IJON 'HU C$& NJ Doc& L& RKJ 0iller @'n!ola central&&& pp& :R e ss& ..................... 131 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola portu!uesas tin.am con1uistado as terras do 5embe Luce1ue e Calu1uembe na 8rea de Caconda& #m IJLK resistncias e ata1ues desencadeados pelos Han!uelas resultaram na interveno de -oras militares comandadas pelo capito Domin!os da Fonseca Ne!ro 1ue numa campan.a de oito meses bateu toda a 8rea at* Halan!ue& ' esta campan.a sucederam2se outras em IJLN e IJKK 1ue reprimiram violentamente as mesmas 8reas e pretendiam vin!ar a morte de IJ europeus em Halan!ue RKN & ' -undao sistem8tica de povoa4es civis neste serto no ano de IJKO s" se e$plica pela pr*via @paci-icaoA militar da re!io& Sousa Coutin.o trans-ere a locali(ao do pres,dio de Caconda de Han.a para o leste em Catala no alti2planalto mais saud8vel em IJKN& %assou esta a c.amar2se Caconda Nova e o novo n3cleo de povoadores Contins RKO & Nesse ano no pres,dio de Caconda 6el.a -undado em IKN; vivia um s" morador RJ; & %ara o povoamento de Caconda Nova recorrera2se a .omens de!redados di-icilmente capa(es de promover uma sociedade nova RJI & ' 1uesto dos de!redados vai sendo ali8s abordada ao lon!o do tempo para mostrar 1ue estes .omens no seriam povoadores ade1uados a uma col"nia 1ue a!ora se comeava a converter aos padr4es da Policia e da Ci$ili%a#o& / -acto de no e$istirem comunidades s"lidas ou se1uer constitu,das 1ue acol.essem e portanto @domesticassemA estes .omens de maus costumes contrariava todos os princ,pios 1ue a!ora presidiam ao povoamento& De -acto os de!redados di-icilmente correspondiam ao padro dese78vel do povoador RJ: & #m 5en!uela o mercado p3blico -oi criado em IJK: o Senado 0unicipal em IJJI o Hoverno subalterno de 5en!uela -oi instaurado em IJJO RJR o Hospital em IJON o servio de correios montado em IJOO& #m poucos anos 5en!uela passava a dispor de !overno civil suportado por um aparel.o burocr8tico 1ue ultrapassava em lar!a medida a estrutura da capitania2mor& 's -inanas do !overno subalterno de 5en!uela estavam RKN Del!ado Ao /ul do Cuan%a Ocupa#o e apro$eitamento do antigo reino de 1enguela vol& + Lisboa IO^^ p& :RR& RKO / primeiro capito * Francisco 9os* da Silva& RJ; Carta de DF+SC para FG0F :^ de Novembro de IJKN 'l-redo de 'lbu1uer1ue Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IK;2IK:& RJI Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO "dem, "bidem, vol& + p&IKL& RJ: 6er por e$emplo a lon!a e$plicao dada por D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo 78 no -inal do s*culo G6+++ N de 0aro de IJOO 'HU C$& OI Doc& IL& RJR 'HU 'n!ola C$& K: Doc& I;:& ..................... 132 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cometidas inspeco da 9unta da Fa(enda de Luanda& / !overnador de 5en!uela su7eito ao de 'n!ola !arantiria doravante uma administrao distante das mos de capites2 mores @prec8rios e i!norantesA& @De uma terra 1ue tin.a a incompar8vel .onra de estar nos Dom,nios de Sua 0a7estadeE -ormei a administrao da Fa(enda Real levantei uma ma!ni-ica -ortale(a armei2a da poss,vel artil.aria toda montada em reparos novos com a competente %alamenta praticado tudo com madeira e Ferro do %a,s e pedi a Sua 0a7estade 1ue l.e provesse .um Hovernador .8bil da #uropa su7eito ao de 'n!ola para 1ue cessassem os provimentos de capites mores %rec8rios e i!norantesE acrescentei 1uanto pude a sua HuarnioA RJ^ & No serto de 5en!uela os e-eitos das ac4es de coloni(ao comearam a -a(er2se sentir durante o !overno de Sousa Coutin.oE @)en.o ordenado 1ue o serto de Caconda e 5en!uela se redu(a a %ovoa4es -i$as e re!ulares&&&e por 1ue al!umas destas povoa4es se ac.am 78 -eitas deve consumar esta !rande obra&&&A RJL ' .ip"tese de a, construir uma 'n!ola urbana or!ani(ada em cidades povoadas era con-irmada pela abund<ncia de !ados e a -ertilidade dos vales dos rios& @?uase todas as %rov,ncias so to sadias como as da #uropa so cortadas de muitos Rios 78 mais l.e -altam as C.uvas nas #sta4es pr"prias tem as mesmas Headas Hrani(os e Nebulados de %ortu!al produ(em )ri!o e todas as mais %lantas e Hortalias da1uele Reino tem inumer8veis Hados de todas as 1ualidades -inalmente no -icam su7eitas intemp*rie deste Serto nem -a(em depender os 1ue o vo .abitar do custeamento 1ue este re1uer&&&A RJK & / tri!o produ(ido em 5en!uela deveria ser transportado por bois cavalos at* ao porto da cidade e da, condu(ido a Luanda RJJ & / re!imento do Hoverno de 5en!uela cuidava na sua demarcao territorialE @Se deve considerar principiada pelo Norte na -o( do rio +n.andan.a aonde termina o distrito de Novo Redondo e por uma lin.a estimada se prolon!a para Leste pelas terras do sova RJ^ Destas medidas -a( parte a -undao do .ospital Vde -acto 78 mandado -undar no tempo de D& %edro ++W nomeao de 7ui( de Fora -ormao de co-re dos "r-os e ausentes instituio da c<mara "r!os da administrao da -a(enda& 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre 5en!uela :; de Novembro de IJKN 'HU C$& L: Doc& ^L& RJL +nstru4es IL de De(embro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& II; v& RJK Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKJ& RJJ +nstru4es IL de De(embro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& II; v& ..................... 133 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5ailundo s cabeceiras do Rio Cunene at* vir -ec.ar no /ceano em Cabo Ne!ro& Contendo entre imensas terras descon.ecidas as e$ploradas pelos comiss8rios do 5aro de 0o<medes os Comandantes 'nt"nio 9os* da Costa e Hre!"rio 9ose 0endes e as prov,ncias de ?uitata aonde se -undou a Nova Caconda e as de ?uiten!ue 5i* Huila e outras muitas -ertil,ssimas em criao de !ados e suscept,veis de tudo o mais tanto 1ue a industria a!itar os 5raos dos Selva!ensA RJN & ' administrao dividia o @continente de 5en!uelaA em sete %rov,nciasE a prov,ncia de 5en!uela mais pr"$ima prov,ncia de ?uilen!ues a -a(er a li!ao com as terras do Nano a prov,ncia do pres,dio de Caconda bem no centro de todas a prov,ncia do 'mb" ou Huambo a de Halan!ue do 5ailundo e -inalmente a 3ltima e mais remota a do 5i* RJO & ' cidade de S& Filipe de 5en!uela estava situada numa !rande plan,cie& ' capitania tin.a de comprimento de oeste a leste I^N l*!uas contadas desde a cidade at* ao rio Cuan(a nos con-ins da prov,ncia do 5i*& De norte a sul tin.a de lar!ura pelos !raus JK l*!uas& Na parte do Norte dividia2se da 7urisdio do pres,dio de Novo2Redondo pelo Rio 'n.andandaY na parte do sul c.e!ava ao Cabo Ne!ro& #m IJON a prov,ncia de 5en!uela era a 1uinta em povoa4es e !ente na !rande(a& 0as ainda se i!noravam os nomes de muitos dos %ovos 1ue a .abitavam& 'pesar de a capitania de 5en!uela ter sido elevada ao estatuto de Hoverno aut"nomo do de Luanda em IJJO o seu primeiro re!imento vem datado de IJOK RN; & #sta dist<ncia temporal preenc.ida por cinco !overnadores produ(iu situa4es de ambi!uidade e instabilidade pre7udiciais sedimentao deste novo Reino& +!norantes da e$tenso dos poderes os !overnadores de 5en!uela acabaram por praticar um !overno arbitr8rio& Uma descrio da cidade datada de IJN; traava o retratoE @Z composta de on(e pe1uenas moradas de casas das 1uais se ac.am trs sem moradores al!umas pe1uenas sen(alas onde moram pretos 1ue tamb*m so em pe1ueno numero os ditos 0oradores 1uando esto de sa3de * 1uando s" padecem se(4esA RNI & RJN Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -ls& I^K v& RJO Relao dos sobas potentados sobetas seus vassalos&&& : de 9aneiro de IJON 'HU C$& NJ Doc& L& RN; ' nomeao do primeiro !overnador de 5en!uela 'nt"nio 9os* %imentel de Castro subalterno do de 'n!ola ocorre em IJJO data em 1ue so passadas umas instru4es de !overno V'HU 'n!ola C$& K: Doc& I;:& / Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela tem a data de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -ls& I^^2I^O v& RNI /-icio de 9os* Honalo da C<mara para 0artin.o de 0elo e Castro 'HU C$& KR Doc& R ' I: de 9aneiro de IJN;& Na d*cada de IJK; -oram a, constru,dos -ornos de cal tel.a e ti7olo reedi-icados na d*cada de IJO; meio indispens8vel e 3nico para conse!uir construir e manter edi-,cios na cidade& Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I^Jv& ..................... 134 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' atribuio de um re!imento ao Hovernador de 5en!uela inscrevia esta 7urisdio na pol,tica se!uida em Luanda e a partir de LuandaE inventariao dos recursos e$istentesY -omento da a!ricultura para @-a(er sadia e vistosaA a col"nia obras na -ortale(aY revista e consolidao das tropas e da sua preparao& ' maior novidade parece situar2se na recomendao de re-a(er os Re!imentos dos Henri1ues corpo de .omens mulatos e ne!ros livres de 1ue usara com pr*stimo o 5aro de 0o<medes& ' 7urisdio civil seria partil.ada com o 7ui( de -ora& / Re!imento de IJOK valori(ava o papel do Hovernador na e$panso do Cristianismo no serto& 'consel.ava a sua participao como elo de articulao entre a +!re7a matri( e as i!re7as do serto in-ormando2se do seu estado conduta dos p8rocos instruo dos cat"licos e baptismo dos sobas @depois de saberem o catecismoA& / re!imento parece elaborado para uma sociedade 1ue s" e$istia na cabea do seu le!islador& / car8cter absolutamente -iccional dos seus arti!os c.oca com os relatos de !overnadores e outros a!entes con.ecedores do serto de 5en!uela& No plano militar a indi!ncia era e1uivalente& ' tropa compun.a2se de :I soldados de in-antaria e IL artil.eiros& Cada morador re!ia2se como 1ueria e nada disto era obviamente al.eio ao contrabando de escravos e aos e$travios do mar-im& 0ais a casa de al-<nde!a estatu,da no Hoverno de Sousa Coutin.o dei$ara de -uncionar uma ve( 1ue as -a(endas eram directamente condu(idas s casas dos mercadores& 98 para o -inal do s*culo G6+++ VIJOLW os sert4es da capitania de 5en!uela encontravam2se @bastantemente alterados e em desordens pelos despotismos e atrevimento dos b8rbaros 1ue atraindo a si os muitos desertores 0ilitares e paisanosA desenvolviam actividades li!adas ao roubo& 'ta1ues 1ue incidiam sobre 1uem percorria os camin.os e sobre os @%ovosAE @a 1ue se no atrevem a resistir os c.amados 5rancos 0oradores e Ne!ociantesA RN: & No plano das rela4es institucionais o Hovernador de 'n!ola ultrapassava o Hovernador de 5en!uela e correspondia2se directamente com os capites2mores dos pres,dios RNR & ' subalternidade do Hovernador de 5en!uela relativamente ao de 'n!ola acabou por constituir um -actor de instabilidade na sedimentao da1uela 7urisdio& #m v8rios momentos vem notada essa situaoE @ol.ando para estes subalternos e vendo 1ue RN: /-icio de 0anuel de 'lmeida 6asconcelos para 00C : de Fevereiro de IJOL 'HU C$& NI Doc& O& RNR Carta de 0anuel de 'lmeida 6asconcelos para o re!ente de Novo Redondo IN de De(embro de IJOI 'HU C"d& IK:N -l& I:Rv& ..................... 135 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola no so -idal!os e su7eitos ao capito !eral de 'n!ola o sup4em membros in3til e de nen.um preo&&&&de no promover este !overno ampliando2l.e a 9urisdio debalde procurarei sosse!o nem vanta!em para estes %ovos 1ue dese7ava tivessem se!uras&&&A RN^ & 0as no s" o pro7ecto das povoa4es articulava2se ao pro7ecto da unio das suas costas de X-rica& 's povoa4es civis @tarde ou cedoA -ariam @a unio das duas costasA de X-rica RNL &No plano do recrutamento de pessoal militar o aumento de populao vinculada a um marco ocidental permitiria no -uturo an!ariar novas recrutas para as tropas RNK & Nas suas instru4es os capites2mores -oram convocados a colaborar como a!entes da nova pol,tica atrav*s da -i$ao dos va!abundos e desertores 1ue atra,dos aos pres,dios seriam condu(idos a -ormar povoa4es desde 1ue -osse atin!ido um n3mero min,mo de cin1uenta pessoas& Numa primeira -ase cada povoao atin!iria ento uma populao de meia centena de indiv,duos nunca mais para 1ue os e$cedentes se aplicassem -undao de outros centros populacionais RNJ & Na verdade a col"nia deparava2 se com a1uela 1ue era uma caracter,stica estrutural de 'n!ola a sua bai$a densidade demo!r8-ica& ' populao era e$tremamente escassa 1uando comparada com outras (onas da X-rica& Se!undo 9& 0iller a populao de toda a X-rica Central incluindo 'n!ola no iria al*m de I; a :; mil.4es de pessoas nos -inais do s*culo G6+++ al*m de apresentar uma distribuio e$tremamente desi!ual RNN & No caso em estudo os planaltos centrais RN^ Carta de 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos Hovernador de 5en!uela para D& Rodri!o de Sousa Coutin.o II de Fevereiro de IJOO 'HU C$& O; Doc& ^J& RNL Sousa Coutin.o c.e!a a desen.ar um mapa com a locali(ao de Caconda e a locali(ao da primeira povoao portu!uesa do lado de 0oambi1ue calculando a dist<ncia em N; l*!uas se!undo di(ia uma ba!atela& /s seus c8lculos estavam errados mas as suas inten4es e$plicam 1ue %ilarte da Silva ten.a sido indicado para proceder a essa li!ao& FU% R2L2R2J 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre mat*rias do seu !overno VIKKL2IJKOW 'r1uivo da Casa de Lin.ares& 0ss ^L/I -l&NY Carta de F+SC para o Capito2mor de 5en!uela R de /utubro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l&IL:Y Carta para o capito2mor de 5en!uela sobre o acesso aos rios de Sena IR de Novembro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l&IKO2IKOv& RNK Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKK& RNJ +nstru4es ao capito2mor de 'mbaca O de 9ul.o de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :IJ& 5ando sobre os desertores de tropas r*us de 7ustia e evadidos das !al*s e todos os 1ue andam pro-u!os va!abundos e sem domic,lio certo IK de Novembro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& KIv2K^& RNN 9& C& 0iller =a5 of &eat-&&& pp& N2O e @Le!al %ortu!uese Slavin! -rom 'n!olaE some preliminarB indications o- volume and direction IJK;2INR;A 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outre64er K: I2: nQ ::K e ::J& Sobre as ra(4es deste de-icit demo!r8-ico a .istorio!ra-ia apresenta diversas vers4es& Se uns apontam para o aumento do tr8-ico de escravos transatl<ntico sobretudo a partir de IJN; outros remetem o impacto da perda populacional nas sociedades a-ricanas para as secas -omes e epidemias end*micas& ' biblio!ra-ia sobre esta 1uesto * imensa cito apenas al!uns trabal.os& De 9& 0iller "bidemY "dem @).e Si!ni-icance o- Drou!.t Disease and -amine in t.e '!riculturallB 0ar!inal =ones o- dest2 Central '-ricaA Tournal of ..................... 136 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola representam a 8rea de mais elevada densidade demo!r8-ica cu7os e$cedentes constitu,ram verdadeiro reservat"rio de mo2de2obra durante e depois do sistema esclava!ista 7untamente com outras concentra4es demo!r8-icas si!ni-icativas na peri-eria das -lorestas nos vales dos rios no rio Cuan!o e nas terras altas do Con!o& #m IJOJ Luanda tin.a uma populao de J:;^ .abitantes RNO & Note2se a este prop"sito 1ue o capito2mor da povoao de Contins em Nova Caconda -oi incumbido de -undar duas novas povoa4es em ?uitata e no Finde Vnas mar!ens do rio CuneneW c.amando primeira 6ila 6iosa e se!unda Novo 5el*m RO; & 's re-erncias a Novo 5el*m so bastante escassas mas demonstram 1ue pelo menos teria sido ali assentada uma !uarnio e 1ue em IJKJ para l8 se remetiam un!uentos e rem*dios destinado aos soldados ROI & Sobre 6ila 6iosa as in-orma4es provam a instalao de um 7ui( 1ue manteve correspondncia com o Hovernador RO: & @' esta completa disposio se se!uiu a -ormatura de uma %ovoao na %rov,ncia de Hu,la paralela ao Cabo Ne!ro porem muito no interior da )erra 1ue dei o nome de 'lva Nova e lo!o outra na %ovoao de Luce1ue e mais vi(in.a dos Rios de Sena f0oambi1ue tendo em vista a travessia da X-ricag a 1ue dei o nome de Sar(edas pouco depois se -*s outra em ?uitala com o nome de 5ontius e se l.e se!uiu uma em ?uipeio a 1ue c.amei %asso de Sousa e em Halan!ue !rande outra com o nome de Lin.ares -ica se trabal.ando outra nos ?uilen!ues e ser8 acompan.ada das 1ue permitir o n3mero dos 6a!abundos 1ue se vo 7untando na maior -oraA ROR & African .istor5 :R nQI ION: pp& IJ2KI& De 9o.n ).ornton @Demo!rap.B and HistorB in t.e Din!dom o- Don!o ILL;2IJL;A Tournal of African .istor5 IN nQ^ IOJJ pp& L;J2LR;Y +dem @).e slave trade in #i!.teen centurB 'n!olaE e--ects on demo!rap.ic structuresA 3e$ue Canadienne des ,tudes Africaines`Canadian Tournal of African /tudies vol& I^ nQ R ION; pp& ^IJ2^:JY "dem @).e Demo!rap.ic e--ect o- t.e Slave )rade on destern '-rica IL;;2INL;A African .istorical &emograp-5 ++ #dinbur!. Centre o- '-rican Studies IONI pp& KOI2J:;& 9os* Curto @' ?uantitative Reassessment &&& pp& I2:LY "dem @).e Le!al %ortu!uese Slave )rade -rom 5en!uela 'n!ola IJR;2IN:NE ' ?uantitative Re2appraisalA Efrica VRevista do Centro de #studos '-ricanos Universidade de So %auloW IK2IJ I VIOOR2O^W pp& I;I2 IIKY "dem Curto 9os* C& @Sources -or t.e %opulation HistorB o- Sub2Sa.aran '-ricaE ).e Case o- 'n!ola IJJR2IN^LA Annales de dmograp-ie -istorique %aris #&H&#&S&S& IOO^ pp& R:;2:RN& RNO RI de 9ul.o de IJOJ 'HU C$& NK Doc& K& RO; Carta para Francisco 9os* da Silva Capito2mor de Caconda a Nova em Contins 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^Lv2^OY Carta de DF+SC para o )enente 9os* de '(evedo 0onteiro de Faria 1ue !overna o pres,dio de Caconda IL de 9aneiro de IJJ: 'HN' C"d&N; -l& ^L& ROI %ortaria de F+SC R; de '!osto de IJKJ 5NL C"d& NJ^: -l& :IJ2:IJv& RO: Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela IR de Novembro de IJJI Carta de F+SC 5NL Res& C"d& NJ^R -l&IJ;v& ROR Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKL& ..................... 137 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' subordinao do serto de 5en!uela a uma nova l"!ica de or!ani(ao e relao com o espao desenrola2se a partir de IJKO RO^ & 's metamor-oses do territ"rio colonial e dos territ"rios a-ricanos previstas e$i!iam a disciplina e limitao da circulao& %ara a conteno da circulao -oi necess8rio estabelecer a priso dos criminosos e a re!ulao de todos os calados 1ue se ac.avam nos sert4es obri!ando2os a viver em povoa4es -i$as e re!ulares debai$o de princ,pios de 7ustia e de economia& ' aplicao da mesma re!ra na or!ani(ao do espao -ora pensada paralelamente para c.e!ar a todos os a-ricanos 1ue viviam separados dos seus sobas& ' ra(o da concentrao dos a-ricanos em povoa4es -i$as e circunscritas no estaria concerte(a lon!e da necessidade de recrutar sempre 1ue necess8rio a !uerra preta -undamental na or!ani(ao dos e$*rcitos em 'n!ola e tamb*m os carre!adores lestos em -u!ir da 7urisdio dos pres,dios sempre 1ue a presso das autoridades coloniais se -a(ia sentir para al*m do estipulado ROL & %opulao diminuta si!ni-icava sempre pouca tropa e poucos carre!adores& 0as a pol,tica de concentrao da populao em 8reas or!ani(adas e -ec.adas 1uando entendida como e$tens,vel aos sobas sobetas 1uimbares e 1uilambas si!ni-icaria uma verdadeira revoluo civili(acional impratic8vel& / espao -ec.ado das novas povoa4es c.ocava com pr8ticas a-ricanas @.eterodo$asA do territ"rio& Si!ni-icava desde lo!o laici(ar pelo abandono dos usos reli!iosos 1ue li!avam o territ"rio ao culto dos antepassados e @civili(arA pela introduo de comportamentos de sociedade na perspectiva coet<nea de Sociedade& 'os capites2mores competia a-i$ar o bando nas libatas dos sobas e conceder2l.e o espao de dois meses para 7untarem e -i$arem todos os seus -il.os normalmente dispersos em uma ou duas libatas nos lu!ares do seu sobado& 'o contrariar a disperso do povoamento a-ricano muito li!ada s re!ras da circulao e da troca o !overno de Luanda impun.a uma outra relao com o territ"rio& Fi$ar residncia si!ni-icava na "ptica colonial uma .ip"tese de disciplina mais alar!ada conservao da pa( -a(endo RO^ 5ando de :K de /utubro de IJKO& ROL #$emplo da movimentao da populao de %edras para Cambambe para escapar ao recrutamento de carre!adores& C-& Carta de 'FN para o capito de %edras O de 0aio de IN;^ 'HN' C"d& R;IN -l&ile!,vel& ..................... 138 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola compreender aos a-ricanos 1ue -icavam em muito maior se!urana 7untos coabitando em sociedade do 1ue separados merc de va!abundos e r*us de 7ustia& /s sobas seriam obri!ados mediante uma e$plicao dos capites2mores a cumprir o pro!rama de sedentari(ao impl,cito rede de povoa4es e por isso mesmo a entre!ar os @-il.osA sociol"!icos no sentido de s3bditos 1ue eventualmente se encontrassem estabelecidos nas terras uns dos outros [email protected] al.eiosAW& #sta ordem mostra como Sousa Coutin.o no possu,a 1ual1uer con.ecimento da relao territ"rio/sociedade e da import<ncia da circulao e da troca para o -uncionamento da sociedade a-ricana& 'percebia2se de 1ue para os a-ricanos a travessia de !randes dist<ncias no constitu,a obst8culo V@no con.ecem dist<nciasAW mas di-icilmente apreendia a sua relao com o controlo do territ"rio ROK & Z sabido 1ue as embalas mudavam a1uando do -alecimento do soba ou at* com as esta4es do ano mas s" depois de cumpridos os rituais devidos aos antepassados& / !overnador pretendia assim 1ue os a-ricanos -ossem condu(idos a rea7ustar os seus modos de relao com o territ"rio em -uno de re!ras e de representa4es impostas de -ora& / t"pico da sedentari(ao do povoamento a-ricano no era completamente novo mas a!ora inscreve2se numa pol,tica mais alar!ada de territoriali(ao ROJ & So ensaiadas di-erentes recomposi4es 1ue visam o -ec.amento do espao a sedentari(ao e a apropriao territorial pelo poder colonial& ' 1uesto era a da -abricao e delimitao e$"!enas de novos espaos& /s usos simb"licos sociais reli!iosos do espao a-ricano deviam ser apa!ados& / uso -uncional dos territ"rios devia ser substitu,do pelo uso utilit8rio desse mesmo territ"rio& ' verdade * 1ue em X-rica interessavam muito mais os .omens do 1ue o territ"rio& So os .omens 1ue -a(em o territ"rio& # este * marcado pela circulao e a disperso do povoamento& So dois pontos de vista opostos sobre a relao com o territ"rio& /s dados 1ue a1ui apresento sobre as povoa4es civis revelam um con.ecimento pouco sistemati(ado por1ue as -ontes so bastante -ra!ment8rias& #m IJJN RON praticamente ROK Carta de F+SC I; de 9un.o de IJKR FU% R2L2R2IJ 'L %apeis 68rios sobre 'n!ola& 0s& OO s&-l& ROJ Um dos temas tratados no re!imento dos Hovernadores de 'n!ola de IKJK tin.a 7ustamente a ver com a recolocao dos sobas desterrados e ausentes nas suas terras& Re!imento do Hoverno deste ReBno de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& Cap&Q^& RON Carta 9oa1uim 0anuel Harcia de Castro 5arbosa /uvidor !eral de 'n!ola para 0artin.o de 0elo e Castro IN de 'bril de IJN: 'HU C$& KL Doc& N& ..................... 139 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola I; anos ap"s o impulso inicial eram inde$adas I: destas povoa4es no serto de 5en!uela ostentando desi!nativos copiados das povoa4es de %ortu!al denotando assim o espao a-ricano e sobrepondo2l.e uma rede colonial& /s numerosos estudos acerca da criao de novas povoa4es ou mesmo de novas cidades no 5rasil com desta1ue para a 'ma("nia durante esta *poca su!erem uma comparao ali8s bastante -ecunda& ' carta o-icial de :K de 9aneiro de IJKL 1ue contin.a as instru4es do 0ar1us de %ombal para o Conde da Cun.a vice2rei do #stado do 5rasil Ve 1ue -ora !overnador de 'n!ola nos anos de IJLR2 IJLNW ordenava o estabelecimento de povoa4es civis para os ,ndios livres& Desta maneira no -ariam mais a !uerra aos portu!ueses e no atacariam as cidades e os camin.os& )amb*m no 5rasil as novas povoa4es ostentavam uma topon,mia e$tra,da da topon,mia metropolitana ROO & Na col"nia de 'n!ola o modelo da povoao civil or!ani(ada de acordo com o padro municipal Va partir do reino e secundariamente do #stado da Cndia ou no 5rasilW apenas se tin.a veri-icado em Luanda 0assan!ano ^;; VIKLNW e So Filipe de 5en!uela& 't* ao s*culo G6+++ e depois so os pres,dios 1ue preenc.em o espao an!olano& 's novas povoa4es vin.am assim acrescentar2se a esta rede e visavam a lon!o pra(o vir a absorv2 la se bem 1ue no se!uissem o modelo municipal& 'inda em meados do s*culo G+G se considerava 1ue 'n!ola era @pai( de con1uistaA onde no .avia elementos @para a -ormao de concel.osA ^;I & 's povoa4es constitu,am uma nova modalidade e deviam ser instaladas separadamente dos sobados ^;: & ' -undao de povoa4es civis no serto de 5en!uela e na 7urisdio dos pres,dios ordenados pela lin.a do rio Cuan(a articulava2se a uma modalidade de relao com os sobas lar!amente e$perimentada com os 0bundu os autos de vassala!em& /s 1ue -oram estabelecidos na d*cada de IJK; por D& Francisco +nocncio ROO C-& Fn!ela Domin!ues <uando os Wndios p& ILN& ^;; Caso isolado de transio de pres,dio a c<mara com 7ui( vereadores e procurador do Consel.o se!uindo o modelo das c<maras do reino de %ortu!al& 'HU C"d& I^NI -l& Rv2^& ^;I Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& J& ^;: 5ando sobre os desertores de tropas r*us de 7ustia e evadidos das !al*s e todos os 1ue andam pro-u!os va!abundos e sem domic,lio certo IK de Novembro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& KIv2K^& ..................... 140 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de Sousa Coutin.o inte!ram novas cl8usulas complementares ao cat8lo!o de direitos e obri!a4es estabelecido em *pocas anteriores ^;R & @?ue dei$areis assentar nas vossas )erras as %ovoa4es 1ue se 7ul!arem convenientes ao Com*rcio e '!ricultura em Lu!ares -*rteis sadios e separados dos vossos -il.os capacitando2vos de 1ue esta e as mais %ovoa4es so -eitas em vosso -avor e dos mais sovas para evitar 1ue os 5rancos dispersos e 6a!abundos os ve$em oprimam ou roubem para -a(er 1ue o com*rcio se prati1ue de boa -* com verdade e por medidas certas 1ue se acrescentem novos ramos ao com*rcio +ndustria e '!ricultura para -acilitar os meios de .aver em 1ual1uer terra um 7ui( competente com autoridade de reprimir os v,cios casti!ar os roubos e preservar os %retos de 1ual1uer in7uria dos 5rancosA Z com D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o 1ue se empreende a -undao de novas povoa4es no serto de 5en!uelaE @&&&)en.o ordenado 1ue o serto de Caconda e 5en!uela se redu(a a %ovoa4es -i$as e re!ulares&&&vedando2se inteiramente a pre7udicial Liberdade com 1ue os 6a!abundos R*us de 9ustia e Desertores das )ropas os corriam impune e unicamente animados do esp,rito do roubo&&&A ^;^ & @Depois mudei o presidio de Caconda para a %rov,ncia de ?uitata a mais -*rtil da1ueles Dom,nios e -a(endo escol.er os mais .8beis .omens da1uela Re!io os nomeei 9u,(es e Capites2mores das %ovoa4es novas 1ue se -i(essem e para 1ue condu(issem os va!abundos e desertoresE assim se -e( e se uniram dando eu a todos Re!imentos Civis de com*rcio e de '!ricultura para 1ue !overnassem e$ecutando as Leis e /rdens de Sua 0a7estade -i(eram2se em terrenos pr"prios as %ovoa4esE -i(2l.e +!re7as dei2l.e %8rocos 1ue pude alcanar com os ornamentos necess8riosY e -inalmente dei conta a Sua 0a7estade pedindo2l.e casais em estao competente para acabar a !rande obra 1ue .avia empreendidoY no tive o !osto de receber a resposta de todos estes o-,cios no meu tempoA& ^;L Na sua mem"ria sobre 5en!uela Sousa Coutin.o declara ter redu(ido ordem 1uarenta %rov,ncias ^;K & Uma nova estrutura e$i!ia a comple$i-icao administrativa& 's povoa4es civis eram c.e-iadas por um re!ente e por um 7ui( ordin8rio e previa2se 1ue viessem a pa!ar ^;R Carta de Sousa Coutin.o para o Sova ?uin!ue Dom Sebastio %otentado do 5ailundo 5NL Res& C"d& N^JR -l& ^;v& ^;^ k+nstruo por1ue se .82de !overnar o Capito2mor de Caconda 9oo 5aptista da Silva e da 1ual se no apartar8 um s" pontoA 5NL Res& C"d& N^JR -l& II;v ^;L 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre 5en!uela :; de Novembro de IJKN 'HU C$& L: Doc& ^L& ^;K "dem "bidem& ..................... 141 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola d,(imo como acontecia nos pres,dios cumprindo assim um dos ob7ectivos do povoamento o aumento das rendas atrav*s da cobrana de impostos& #m al!uns casos os custos da -undao das povoa4es -oram lanados nos d,(imos& 0as esta 1uesto acaba por no -icar muito clara no sentido em 1ue o pa!amento no c.e!ava a ser obri!at"rio decorreria da conscincia de cada um& #strat*!ia sem d3vida necess8ria de -orma a criar atractivos instalao dos novos povoadores& ?uanto a ?uilen!ues a prov,ncia sempre pertencera 7urisdio de 5en!uela e o d,(imo sobre o sal 1ue a, era pa!o -inanciava como estava estabelecido o .ospital de 5en!uela ^;J & %or*m no ano de IJOI o mapa dos d,(imos cobrados indica para Novo Redondo ?uilen!ues e Halan!ue @no se tiram d,(imos nem .8 de 1uA& Continuam a ser os pres,dios do c.amado reino de 'n!ola a -ornecer a receita a partir do tr8-ico de escravos ^;N V$ide 1uadro nQ ^ W& ' cada nova povoao era atribu,do 7ui( capito2mor de ordenana ^;O e p8roco com i!re7a e -re!uesia& 6isa2se a instalao de p8rocos -i$os nas novas povoa4es se bem 1ue 'n!ola so-resse de uma -alta 1uase end*mica de reli!iosos& / pr"prio Sousa Coutin.o recon.ecia no dispcr de um n3mero su-iciente tanto mais 1ue a 7urisdio de cada uma das -re!uesias incidia sobre uma 8rea e$tremamente vasta& /s poucos p8rocos 1ue e$istiam deviam circular pelas v8rias par"1uias usando um altar port8til& #ssa medida era pre-er,vel deambulao de mission8rios sem par"1uia -i$a em 1ue residissem& Z preciso no es1uecer 1ue se est8 num per,odo e$tremamente adverso ao clero re!ular& No s" os 7esu,tas .aviam sido e$pulsos como as outras ordens encontravam -ortes resistncias para a entrada na col"nia V$ide infraW& ' verdade * 1ue comparando a situao das par"1uias do Sul com os territ"rios cobertos pelos mission8rios ao Norte nos s*culos anteriores se conclui 1ue o clero secular no tin.a e-ic8cia em X-rica V?uadros : e RW& )odo o pro!rama de povoamento passava evidentemente pela anulao das reli!i4es a-ricanas e a imposio ^;J Carta de F+SC para o capito2mor de Caconda I de /utubro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^:Y carta de F+SC para o 9ui( de 'lva Nova N de /utubro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^^v& ^;N +n-ormao diri!ida pelo capito2tenente 'nt"nio 9os* 6alente a 0artin.o de 0elo e Castro I de Fevereiro de IJO: 'HU C$& JJ Doc& I^& ^;O Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKK& ..................... 142 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola do cristianismo& Numa carta ao vi!8rio de S& 9os* de #nco!e Sousa Coutin.o re-eria a destruio dos ,dolos e a mudana dos costumes ^I; & ' con1uista do porto de Novo Redondo na -o( do rio Hun(a e$plica2se pela sua locali(ao& #le -ica no @Centro da CostaA ^II & Z um @pa,s novo onde 7amais .ouve brancosA e por isso deve ser povoado por @.omens de probidadeA e @aptos a!riculturaA para 1ue no -aam depender a sua subsistncia da @.abilidade dos ne!rosA& ' inteno de converter Novo Redondo em col"nia de povoamento no sentido mais cl8ssico do termo e$plica por e$emplo 1ue Sousa Coutin.o envie ao capito2mor sementes de todas as 1ualidades para serem distribu,das a todos os moradores 1ue 1uisessem cultiva2las& 0as uma col"nia de povoamento acima de tudo branco& H8 @muita necessidade de mul.eres brancasA mul.eres de!redadas 1ue deveriam ser distribu,das pelos novos moradores& Uma nova -undao 1ue passava pela construo de casas dos o-iciais 1uart*is i!re7as e -eitoria capa(es de resistir ao tempo ^I: & Novo Redondo mant*m2se como (ona de transio entre 'n!ola e 5en!uela& Destaca2se das povoa4es do sul e * ol.ado como !arante da disciplina do serto ^IR & No caso do 5ailundo a -undao de uma povoao civil e$i!iu ne!ocia4es directas entre Sousa Coutin.o e o soba do 5ailundo& ' carta do Hovernador enviada ao Soba @?uin!ueA D& Sebastio %otentado de 5ailundo al*m de re-erir a autonomia deste reino -ace 7urisdio de 5en!uela insistia no -acto de este soba resistir s povoa4es 1ue o Hovernador mandava -a(er no serto e$pulsando os moradores das suas terras pela violncia e roubando os seus bens e escravos ^I^ & %elo 0apa nQ I Locali(ao das %ovoa4es civis se pode veri-icar 1ue pelo menos pro!ramaticamente o serto de 5en!uela passou a estar preenc.ido e crave7ado de implanta4es coloniais de rai( civil& ' vontade de arredondar 'n!ola atrav*s de povoa4es potencialmente e$pansivas poderia caso tivesse vin!ado modi-icar a -ace da1uela 8rea& ^I; :N de /utubro de IJKJ 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :RN& ^II B$%& 'es( )*d( 8472& +l( 10,( ^I: Idem& Ibidem& +l( 98( ^IR )arta do -o,ernador Manuel de Al.eida /asconcelos 0ara o re1ente de $o,o 'edondo& 18 de !eze.2ro de 1791& A34& )*d( 1628& +l( 123,( ^I^ )arta de 5I6) 0ara o 6o2a do Bailundo& 13 de 7utu2ro de 1769& B$%& 'es& )*d( 8743& +l( 40#41,( ..................... 143 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.:.1.$. interland () L/#'(# . #mbora a -undao de povoa4es civis ten.a obtido uma maior e$presso no serto de 5en!uela esse -en"meno tamb*m ocorreu a Norte do rio Cuan(a& /s capites2mores so associados a este movimento de implantao de novas povoa4es em (onas de circulao comercial a 1ue se d8 o nome de estradas& 'o Capito2mor de #nco!e * recomendado 1ue povoe a #strada a camin.o do Con!o soltando para isso .omens brancos 1ue tin.a presos e 1ue @se o-erecessem a ir -a(er %ovoa4es nos mel.ores Lu!ares da #strada principalmente em 1ue vivam dando2l.e v&m& nomes de terras de %ortu!al e a estes 78 estabelecidos e criados na1uelas )erras e 1ue podem estabelecer2se a!re!ar8 v&m& dos mesmos va!abundos e escol.er8 o mais .8bil para 7ui( de cada uma das %ovoa4es por1ue desta -orma s" se -a( o bem da1uelas !entes em con-ormidade das min.as ordensA ^IL & Depois da !uerra contra os 0ussossos e 0aun!os em IJKK -oi reaberto um camin.o 1ue da1uela posio -a(ia a li!ao ao Con!o camin.o -ec.ado .avia mais de N; anos ^IK & Destas povoa4es criadas volta de #nco!e pouco se sabe ou se1uer se sabe se c.e!aram a ser -undadas& ' povoao de C.aves ^IJ ainda merece al!umas re-erncias mas no as restantes para as 1uais provavelmente no c.e!aram a ser an!ariados povoadores su-icientes ^IN & De 1ual1uer maneira -oram criadas -re!uesias com os respectivos ora!os 1ue nos do a con.ecer os nomes decalcados das cidades portu!uesasE 5ra!ana Zvora Coimbra& / caso de Nova /eiras sobressai no con7unto das povoa4es -undadas ao Norte do Cuan(a& ' sua criao decorre directamente da instalao de uma -8brica de Ferro a Fundio de Nova /eiras o 1ue e$plica 1ue a -uno industrial ten.a estado na base do pro!rama/ra(o para a sua -undao ^IO & Uma planta da povoao de Nova /eiras V$ide Hrav&: W revela uma or!ani(ao !eom*trica& Um traado de r*!ua e es1uadro onde as ^IL Carta para Feliciano %into da Costa Capito2mor de #nco!e J de 0aro de IJJI 'HN' C"d& N; -l& KL& 5ando sobre os desertores de tropas r*us de 7ustia e evadidos das !al*s e todos os 1ue andam pro-u!os va!abundos e sem domic,lio certo IK de Novembro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& KIv2K^& ^IK /-,cio de F+SC ^ de 0aro de IJKK 'HU C$ L; Doc&KL2R& ^IJ /s seus .abitantes deviam ser -irmados na a!ricultura ne!ocio e trabal.o @por1ue em estando radicados lo!o vivem !osto(os e evito a desero como vm di( tem -eito al!uns por 1uem -ar8 toda a dili!ncia poss,vel com modo pelos tornar a unir a mesma %ovoaoA& Carta de F+SC para o capito2mor de #nco!e L de De(embro de IJJI 'HN' C"d& N; -l&I^& ^IN Carta de F+SC para o capito2mor de #nco!e L de De(embro de IJJI 'HN' C"d& N; -l& I^Y #m carta ao capito2mor de 0assam!ano o Hovernador aconsel.ava a 1ue -ossem suspensas as povoa4es por no .aver se1uer !ente su-iciente para as 78 estabelecidas I^ de 0aio de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& IOK& ..................... 144 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola casas -ormam ruas 1ue se alin.am re!ularmente& Na -eitoria as portas de madeira prote!idas do salal* com revestimento de alcatro !arantiam a dese7ada perenidade ^:; & 'li8s Nova /eiras -oi pensada para se tornar uma !rande cidade no s" pela produo do -erro atraco de povoadores e de ri1ue(a mas por1ue reunia condi4es para se tornar na de-esa natural da lin.a do Cuan(a a tal ponto 1ue os pres,dios de Cambambe e de 0assan!ano em particular poderiam passar a povoa4es civis ^:I & / pres,dio de #nco!e Vpovoao de C.avesW s" no estava em condi4es de ser de-initivamente convertido em povoao civil por1ue antes disso era ur!ente resolver militarmente a presena dos estran!eiros no portos de Cabinda 0olembo e Luan!o ou em alternativa proceder -orti-icao das bocas dos rios =aire e 'mbris ^:: & 'o capito2mor de %edras de %un!o 'ndon!o coube o estabelecimento no lu!ar de 5e7a de uma povoao civil com re!imento pr"prio conciliando a -uno de povoao com a de -eira ^:R & )amb*m a1ui os povoadores seriam recrutados entre os @va!abundosA mas com a e$i!ncia de possu,rem -a(endas e e$ercerem o ne!"cio o 1ue se e$plica por se tratar de uma (ona privile!iada de tr<nsito comercial e sendo a povoao cumulativamente -eira pr"$ima ainda da -eira do Haco ^:^ & Note2se por curiosidade 1ue para escrivo da povoao de 5e7a se propun.a a nomeao de um .omem de!redado rotulado com a cate!oria de @de!redado limpo e inteli!enteA& #m 'mbaca so tamb*m -undadas duas novas povoa4es para a promoo da a!ricultura se bem 1ue no ten.a sido poss,vel identi-icar a desi!nao e$tra,da da topon,mia portu!uesa 1ue l.es possa ter sido atribu,da ^:L & ^IO Carta de F+SC para o %rovedor da Fa(enda Real I; de Novembro de IJJ; ^Ov& 5NL Res& C"d& NJ^R -l&IOO& ^:; #m INRN .8 not,cias de 1ue a vila de Nova /eiras se ac.ava completamente deserta e abandonada Not,cia dada por Fernando da Fonseca 0es1uita e Solla numa pe1uena mem"ria 1ue publicou no Di8rio do Hoverno nQ IKR de I: de 9ul.o de INRN cit por Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& :R& %ortaria de F+SC R; de '!osto de IJKJ 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :IJ2:IJ v& ^:I 0em"ria de F+SC IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^R -l& INJ& ^:: FU% R2L2R2J 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre mat*rias do seu !overno VIKKL2IJKOW 'L& 0ss ^L/I -l& Nv& ^:R Carta de F+SC ao capito2mor de %edras : de Fevereiro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& IRKv2 IRN& Carta de F+SC ao capito2mor de %edras L de 0aro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IL^v2ILLv& ^:^ Carta de F+SC ao capito2mor de %edras IK de /utubro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& KOv2 J;v& ^:L Carta de F+SC para o capito2mor de 'mbaca :J de 9aneiro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& II^v& ..................... 145 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Z claro 1ue nos restam d3vidas sobre a verdadeira e$ecuo de todo este pro!rama de povoamento& 0as a verdade * 1ue documentao posterior de IJJN ou de IJOJ prova 1ue nesses locais tin.am e$istido i!re7as na sua maioria constru,das com taipa Vterra batidaW e coberturas de pal.a se bem 1ue poucos anos depois I; ou IL anos se apresentassem na sua maioria arruinadas& De -acto al!uns top"nimos indicados nesta primeira documentao desaparecem posteriormente e * bastante di-,cil perceber em 1ue consistiram tais povoa4es saber at* se c.e!aram a ser estabelecidas& De 1ual1uer -orma Sousa Coutin.o em IJJ: 78 dava not,cia de al!uns -racassos 1uando descrevia as povoa4es 1ue pela mali!nidade do clima se encontravam desertas e em ru,na ^:K & /utras vin!aram& De todo este processo e independentemente da durabilidade dos seus produtos o 1ue resulta impressionante * a sua celeridade& Sousa Coutin.o tin.a em IJKO montada esta rede de povoa4es civis& /s anos de IJKJ em diante .aviam sido ocupados maioritariamente na sua viabili(ao& 5asta percorrer a correspondncia para constatar a import<ncia e o empen.o 1ue uma 'n!ola urbana l.e mereceu& Durante o !overno de D& 'nt"nio de Lencastre esta pol,tica vai continuar atrav*s da nomeao de capites e re!entes para as novas povoa4es& Nos prim"rdios do s*culo G+G !rande parte destas povoa4es est8 l8 a provar uma permanncia praticamente descon.ecida embora em condi4es bem di-erentes como se ver8 no ponto J&^&:&I& O que di% a dcada de >BCD& ^:K Carta de F+SC :K de Novembro de IJJ: FU% R2L2R2J 'L %apeis do Hoverno de 'n!ola 0s ^L -l& ^;2I;;& ..................... 146 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola P4#'%# (# 3";"#01" () N";# O)i&# ..................... 147 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 148 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola E/#(&" 1 - N"-) (# '";# 3";"#0F)* '# ,"&&)3"'(G',i# () S"/# C"/%i'D" ^:J Povoaes Freguesias Vila Viosa Nossa Senhora das Dores Novo Belm N.S da Vida e Santa Rita Elvas S. Vicente Ferrer e S. Domingos Chaves N.S. das Neves e Santo nt!o Cam"o #aior Sam $o!o Ba"tista Bragana Santo %heot&nio Coim'ra Sta Bara'ara e Sta %ecla (vora N.S. da Puri)ica!o E/#(&" $ - N";# P";"#0F) i'()H#(# )- 1778 Cidade S!o Fili"e Nossa Senhora do Po"ulo Provncias Localidades Freguesias Padres Caconda Nova Contins N.S. da Concei!o* S. $os Vacante +uce,ue Sar-edas S. Francisco de ssis e Santo nt&nio Vacante .un-a Ca'olo Novo Redondo N.S. da Concei!o e Santo nt&nio Vacante .alangue .rande +inhares Santa nma e S. Francisco de Paula Vacante /ui"eio Pao de Sousa N. S. #!e dos 0omens e S!o .oar vacante 0u1la lva Nova N. S. Das +2grimas P. Ro,ue Vieira de +ima 3nvagando Bor'a N.S. dos Remdios e S. $o!o Ne"omoceno Vacante /uilengues Salvaterra de #agos N.S. do Desterro e S!o .onalo Vacante Bi marante N.S. da Vida e Santa Rita Vacante Finde Nova Belm S!o $os Vacante Bailundo Nova .oleg! N.S. das Dores e Santa na P. Fructuoso $os 4liveira Rosales /uitata Vila Viosa Vacante E/#(&" : - P";"#0F) (" S/4 () A'+"4#* )- 17B1 ^:N Prov1ncias Povoaes Freguesias Catal! Caconda5Nova Sra. da Concei!o .un-a5Ca'olo Novo Redondo Sra. da Concei!o e Santo nt&nio 0u1la lva Nova Sra. das +2grimas +uce,ue Sar-edas S. Francisco de ssis e Santo nt&nio ^:J 5NL Res& C"d& N^J: -l& RN& ^:N %ovoa4es e$istentes no sul de 'n!ola com capites2mores e 7u,(es em :I de 9un.o de IJOI de acordo com in-ormao prestada por Francisco %aBm da Camara /rnelas& 'l*m destas povoa4es so indicados @CabadosA -rente dos 1uais estavam os cabos Catumbela Dombe de ?uin(amba Sapa ?uiaca ?uibula 5umbo e ?uipun!o& Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p&IKOY Del!ado Ao /ul&&& vol& + p IIJ& ..................... 149 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola /ui"eio Passo de Sousa Sra. #!e dos 0omens .alangue .rande +inhares S. Francisco de Paula /uilengues Salvaterra de #agos Sra. dos Remdios 3nvagondo Bor'a Sta. $usta e Ru)ina Bi marante Sra. do Desterro e S. .onalo Pinde Nono Belm Sra. da Vida e Sta Rita /uitala Vila Viosa Sra. das Dores e Santo maro Bailundo .oleg! S. $os Fendi Contins Sra. da Concei!o de Contins E/#(&" < - R)'(i-)'%" (" DA2i-" )- 17B1 ^:O D1-imos de m'aca 678997999 D1-imos do Pei:e da Cidade 876997999 D1-imos de #u:ima 6;97999 D1-imos de 6 +agoas de "ei:e ad<acentes =>97999 D1-imos de #assangano ?7>997999 D1-imos das lagoas de "ei:e "ertencentes =997999 D1-imos do .olungo 87>997999 +agoa d<acente ,ue administra a Fa-enda Real 6997999 D1-imos do Bengo 87>997999 D1-imos do Cuan-a 87>997999 D1-imos de Encoge ?7>997999 D1-imos de Cam'am'e ?7>997999 D1-imos de Benguela ?7>997999 D1-imos de Caconda ?7>997999 D1-imos de Novo Redondo* de /uilengues* de .alangue N!o se tiram d1-imos. Locali(ao dos pres,dios e Novas %ovoa4es ^:O ?uadro elaborado a partir da +n-ormao diri!ida pelo capito2tenente 'nt"nio 9os* 6alente a 0artin.o de 0elo e Castro I de Fevereiro de IJO: 'HU C$& JJ Doc& I^& ..................... 150 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 151 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.:.1.:. R)i%G',i#. ' di-iculdade em !arantir a permanncia destas novas povoa4es prendia2se com trs ordens de -actores& #m primeiro lu!ar a pr"pria ori!em e nature(a dos novos povoadores& /s povoadores brancos 1ue eventualmente c.e!assem das il.as dos 'ores ^R; e da 0adeira eram escassos e su7eitos elevada mortalidade 1ue entre estes causavam as -ebres e outras doenas associadas ^RI & %ara 'n!ola se!uiam sobretudo de!redados ladr4es do Limoeiro cristos2novos e ci!anos& /s restantes povoadores 1ue .aviam sido an!ariados entre os va!abundos ou desertores em circulao pelo serto no !arantiam !rande estabilidade s novas povoa4es& #stavam muito mais interessados em envolver2se no com*rcio ou at* mesmo em inte!rar2se na sociedade a-ricana& /s administradores tin.am conscincia das di-iculdades e do tempo necess8rio para as superarE @?uanto s desordens dom*sticas das outras %ovoa4es no admiram e ainda se deviam esperar maiores con.ecida a desordem das pessoas 1ue as comp4em o tempo os -il.os e o costume da sociedade e do trabal.o !overnados pelos invari8veis princ,pios da Reli!io e da obedincia consumaro uma obra 1ue de necessidade deve ter !randes imper-ei4es no principio e 1ue semel.ana da 8!ua turba re1uer .um !rande espao de tempo para assentarA ^R: & /s novos povoadores revelavam di-iculdade em se adaptar ao @costume da sociedade e do trabal.oA se!undo as palavras de Sousa Coutin.o ^RR & ' verdade * 1ue no caso de 'n!ola estabelecer um povoamento civil si!ni-icava proceder -undao da pr"pria sociedade colonial e para isso era necess8rio @-a(er .omens novosA& #$ceptuando o caso de Luanda di-icilmente se poder8 encontrar no restante espao at* ento tocado pela in-luncia portu!uesa uma estrutura social de ori!em colonial& /s !overnadores das Lu(es no podiam de -acto contar com estruturas coloniais pr*2estabelecidas a partir das 1uais -osse poss,vel transitar para -ormas re-ormadoras de coloni(ao& /s pr"prios o-iciais encarre!ados de -undar e -a(er as novas povoa4es revelavam2se muitas ve(es ^R; k+nstruo por1ue se .82de !overnar o capito2mor de Caconda 9oo 5aptista da Silva e da 1ual se no apartar8 um s" pontoA 5NL Res& C"d& N^JR -l& -l& I;:& ^RI Not,cias sobre il.*us do Faial 1ue tero sido enviados para 'n!ola em *pocas anteriores encontram2se em /-,cios de D& %edro ++ para Fernando de )8vora :^ de Setembro de IKJ: 'HU C"d& :JK -l& JI ^R: Carta para 9os* 6ieira de 'ra37o capito2mor de 5en!uela IR de 9un.o de IJJ: 'HN' C"d& N; -l& OK& ^RR 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :L;v2:L:& ..................... 152 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola incompetentes e incapa(es& Z e$emplo disso o capito2mor e 7ui( de Caconda Nova 1ue precisou ser substitu,do por1ue no dava curso -undao da povoao de Contins ^R^ &#m se!undo lu!ar as resistncias eram desencadeadas pelas pr"prias popula4es a-ricanas neste caso pelos somas do planalto de 5en!uela 1ue atacavam e destru,am estas povoa4es recentemente instaladas nos seus territ"rios ^RL & ' povoao de 5orba criada em IJJ; de acordo com o padro se!uido para as restantes viu a sua sobrevivncia ameaada por con-litos desencadeados pelo soba local adverso permanncia de uma populao europeia 7unto das suas terras& ?uando o soba conse!uiu e$pulsar o 7ui( e moradores da povoao -oram enviados soldados europeus para se instalarem na1uelas terras prenderem o soba e restitu,rem o poder ao 7ui( ^RK & ' instabilidade no serto de 5en!uela re-lecte2se ainda numa conspirao contra o 7ui( de Sar(edas ^RJ & ' povoao se!undo uma not,cia de IJJ; enviada pelo 7ui( 9os* Rodri!ues 0ac.ado estava instalada com moradores residentes& / d,(imo seria remetido ao Capito2mor de Caconda e a vi(in.ana do soba vassalo do Luce1ue supun.a uma !esto ade1uada das rela4es ^RN & #m torno de Novo Redondo os con-litos latentes com os sobas principais da re!io envolviam o soba Hun(a Cabolo ?uissan7i Lumbo Hu(un!uelo e ?uissamba sempre em torno do roubo e restituio de cabeas de !ado como era pr"prio da re!io ^RO & Z preciso ter em conta 1ue o com*rcio de escravos participado pelos c.e-es a-ricanos l.es dava interesse a eles e aos seus s3bditos en1uanto estas povoa4es eram ^R^ 'HN' C"d& N; Carta para 9os* 6ieira de 'ra37o capito2mor de 5en!uela :: de /utubro de IJJ: -l& I:^& ^RL Sobre a novidade 1ue representava para os sobas a presena de portu!ueses or!ani(ados em povoa4es $ide Carta de F+SC para o comandante do destacamento de Novo Redondo :; de /utubro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^: -l&LKY Carta de DF+SC para o capito2mor de 5en!uela I^ de 9aneiro de IJJ: '' + s*rie vol& +++ nQ :O Novembro IORJ pp& RJO2RN:Y Carta de F+SC :N de 9aneiro de IJJ; 5NL Res C"d& NJ^R -l& I:L& ^RK C-& Carta de F+SC para 9oa1uim 0artins 7ui( da povoao de 5orba I de /utubro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^^Y Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela IR de 9un.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:LKv& ^RJ Carta de F+SC para o 7ui( de -ora de 5en!uela I: de 9aneiro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&IOI2IO: ^RN Carta de F+SC para o 9ui( de Sar(edas K de Novembro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l&LLv& ^RO Sobre estes con-litos e$istem m3ltiplos e$emplosY ver a Carta de F+SC para 0anuel Ribeiro IK de 0aio de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& IOJ assim como as cartas 1ue se sucedem no mesmo c"dice& ..................... 153 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola bolsas 1ue no previam trocas com a sociedade local a-ricana& %elo contr8rio pretendia2se isolar a populao branca com o prete$to perante os sobas de 1ue era @para 1ue no ve$assem os a-ricanosA& ' !rande !uerra do 5ailundo de 1ue me ocuparei directamente est8 relacionada no imediato com desentendimentos entre o capito2mor de Novo Redondo e um soba local dependente do 5ailundo& 's pr"prias din<micas a-ricanas decorrentes do processo a-ricano e 1ue so portanto anteriores no tempo e nas ra(4es ao processo de instaurao das povoa4es civis continuam em curso& Z o caso das c.amadas Huerras do Nano 1ue ameaam -re1uentemente a estabilidade dese7ada %rov,ncia de ?uilen!ues e sua povoao civil Salvaterra de 0a!os ^^; & ' situao a!rava2se na d*cada de IJO; 1uando D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo -ace s in-orma4es do capito2mor recon.ece @eu sei 1ue !eralmente os sert4es deste Reino esto em bastante mau estado e c.eios de desordens e no me es1ueo de obstar a elasA mas seria preciso @tempo meios e su7eitos por1ue a maior parte dos 1ue .8 so mais aptos para as causar do 1ue para as evitarA& #m situa4es limite como a1uelas 1ue os capites2mores viviam em ?uilen!ues a pol,tica colonial visava conservar na impossibilidade de @ampliar o #stadoA ^^I & #ram as ra(ias e as contra2ra(ias V$ide N&7a%er a guerra para fa%er a pa%W 1ue imprimiam o ritmo ao pr"prio tempo colonial& Finalmente as resistncias eram desencadeadas pelos o-iciais militares b os capites2mores ^^: b 1ue a, recon.eciam um concorrente 7urisdicional e sobretudo 7udici8rio por1ue sendo estas povoa4es civis or!ani(adas se!undo o modelo dos munic,pios possu,am um 7ui( ordin8rio& /s seus 7u,(es decidiam em primeira inst<ncia e concediam licenas para 1ue os seus moradores sa,ssem para comerciar sem 1ual1uer interveno dos pres,dios& #$ceptuando 0assan!ano e Luanda em cu7os munic,pios constava a -i!ura do 7ui( ordin8rio as 3nicas autoridades 7udici8rias em 'n!ola at* aos ^^; /-,cio do !overnador de 5en!uela para o !overnador de 'n!ola 5en!uelaY I; de 0aio de IN;R 'HN' C"d& ^^: -l& ::RY Carta para 9oa1uim 6ieira de 'ndrade capito2mor da prov,ncia dos ?uilen!ues povoao de Salvaterra de 0a!os :; de Novembro de IJOI 'HU C"d& IK:N -l& I;L& Relao dos moradores brancos pardos e pretos de ambos os se$os 1ue se ac.am nesta prov,ncia de ?uilen!ues&&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HR9 -l& RJ2RNv& ^^I Carta do !overnador para o capito2mor de ?uilen!ues IN de De(embro de IJOI 'HU C"d& IK:N -l& I:N& ^^: @&&& e 1ue acomulando a estes e outros muitos insultos o de resistir as %ovoa4es 1ue mando -a(er neste certo Lansasteis -ora das suas )erras por violncia e com o roubo dos seus 5ens e escravos ao Cabo Loureno da Silva por cu7a ra(o eu devia mandar2vos asperissimamente casti!ar como rebelde e perturbador da %a( publica &&&A& c-& Carta de Sousa Coutin.o para o Sova ?uin!ue Dom Sebastio %otentado do 5ailundo Luanda IR de /utubro de IJKO 5NL Res& C"d& N^JR -l&^I2^Iv& ..................... 154 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola anos K; do s*culo G6+++ eram os capites2mores& ' inde-inio da 7urisdio dos capites2 mores permitia abusos de v8ria ordem 1uando usavam o direito a-ricano a seu -avor pelo 1ue ol.avam com descon-iana os 7u,(es "rdin8rios das povoa4es civis alternativos e concorrentes da sua 7urisdio& 'li8s como 78 anteriormente se re-eriu um -im 3ltimo deste processo consistiria precisamente na substituio dos pres,dios pelas povoa4es& 'ssim nem sempre as rela4es entre pres,dios e povoa4es se tradu(iram em modalidades de cooperao& Contrariando outras medidas 1ue visavam uma articulao entre pres,dios e povoa4es estabeleceu2se 1ue aos capites2mores de Caconda e de 5en!uela estivesse interdito 1ual1uer tipo de intromisso no !overno dom*stico das povoa4es -undadas ou a -undar ^^R & Se os capites2mores estavam identi-icados desde sempre com a @corrupoA o pro7ecto de os substituir por 7u,(es id"neos -al.ou em absoluto& Nos primeiros anos a correspondncia sinali(a as di-iculdades em -a(er os 7u,(es se!uir a norma de Direito de tal -orma 1ue o Hovernador Sousa Coutin.o acabaria por recon.ecer a impossibilidade de tirar todas as devassas ri!orosamente 7ustas sob pena de serem presos diariamente os 7u,(es e outros o-iciais das povoa4es ^^^ 'consel.ava 1ue se distin!uissem os crimes de Direito dos crimes 1ue decorriam da rusticidade e i!nor<ncia para 1ue as devassas com o le!alismo 1ue l.e estava sub7acente no li1uidassem o pro!rama de civili(ao ^^L & %rocessos instaurados a re!entes das novas povoa4es -icam re!istados para Caconda onde o caso do re!ente 9os* de '(evedo 0onteiro 1ue se recusava a ceder o !overno ao seu substituto -a( correr rios de tinta entre Sousa Coutin.o e as autoridades de 5en!uela ^^K & /s brancos 1ue residiam na prov,ncia do Huambo por e$emplo di-icilmente constitu,am um p"lo de coloni(ao como -icou provado numa !uerra 1ue teve lu!ar em IJOO envolvendo o soba do 5ailundo e as povoa4es de Halan!ue ?uilen!ues e Nova Caconda ^^J & %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda 1uando descrevia a lon!,n1ua @prov,nciaA ^^R Carta Circular :K de Fevereiro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l&NO Carta para o capito2mor de 5en!uela L de 'bril de IJJI "dem "bidem -l&II:v Carta para o capito2mor de 'mbaca : de 'bril de IJJ; "bidem C"d& NJ^: -l&IKL2IKLv& ^^^ Carta de F+SC para o 7ui( de 'marante e para os restantes capites2mores e 7u,(es das povoa4es 5NL Res& C"d& NJ^R -l&IJ:& ^^L Carta para o 7ui( de -ora de 5en!uela IR de Novembro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IJR v& ^^K Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela IR de 9un.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:LIv2:L:& ^^J Documentos v8rios IJ de /utubro de IJOO 'HU C$& OR Doc& KJ& ..................... 155 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de Halan!ue apontava a presena de muitas libatas de brancos com as suas lavouras num padro de povoamento disperso ^^N & #ste trao estrutural manteve2se como !rande obst8culo a uma pol,tica de implantao territorial atrav*s de povoa4es se bem 1ue as medidas para disciplinar a circulao no serto se ten.am sucedido no tempo ^^O & 98 no -inal do s*culo G6+++ o Hovernador de 5en!uela propun.a a -undao de pres,dios em cada uma das sete prov,ncias da capitania de 5en!uela a-irmando @nada se poder8 -a(er com satis-ao&&& en1uanto se no criar em cada uma delas pres,dios 1ue so indispens8veisA devido impossibilidade de dominar o serto sem ser pela -ora militar ^L; & 7.:.1.<. F),D#& " )&%1"8 )3#0" ,"'%A'/" ) ,#-i'D" ,"4"'i#i / !overno visava a m*dio pra(o c.e!ar construo de um espao territorialmente cont,nuo administrativamente .omo!*neo com recurso a meios pac,-icos Da, os voc8bulos @-ec.arA e @demarcarA relativos ao territ"rio despontarem constantemente em re!imentos e ordens& H8 uma certa preocupao em enunciar os limites e em anotar dentro desses limites os espaos descon.ecidos ^LI & ' aco de @-ec.ar o sertoA 1uer di(er de-inir2l.e os limites e estabelecer no seu interior vias de comunicao capa(es de li!ar pontos nevr8l!icos da 7urisdio colonial percorridas pelos a!entes dessa mesma pol,tica s" poderia concreti(ar2se abrindo ei$os terrestres de circulao uma ve( 1ue as vias -luviais e$ceptuando parcialmente o Cuan(a no serviam esse -im& ' abertura de camin.os terrestres em X-rica remete para os usos a-ricanos do territ"rio& No caso de 'n!ola e da X-rica em !eral * sabido 1ue os camin.os terrestres constitu,am vias de comunicao -ran1ueadas a estran.os se!undo re!ras impostas pelos a-ricanos mas controladas localmente no seu con7unto pelas sociedades end"!enas& 's e$press4es @abrir os camin.osA e @-ec.ar os camin.osA recorrentes nos te$tos e presentes na tradio oral remetiam antes de mais para o controlo interno do territ"rio a-ricano ^^N %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda @Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& ^^O 5ando sobre os desertores de tropas r*us de 7ustia e evadidos das !al*s e todos os 1ue andam pro-u!os va!abundos e sem domic,lio certo IK de Novembro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& KIv2K^& ^L; Carta do Hovernador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos II de Fevereiro de IJOO 'HU C$ O; Doc& ^J& ^LI 6er por e$emplo o re!imento do !overno de 5en!uela onde se descreve a @Demarcao )erritorial de 5en!uelaA sem es1uecer a meno das (onas descon.ecidas& Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I;N& ..................... 156 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola directamente li!ado s 1uest4es da circulao dentro das terras dos sobasE a troca de embai$adas as -u!as dos escravos ou as @transac4esA decorrentes da pr"pria @economiaA da reciprocidade e da redistribuio& ' -i!ura do kilamba @c.e-e da terraA nos 1uadros pol,ticos a-ricanos distinto do soba revela a e$istncia de uma !ram8tica estabelecida na relao poder/territ"rio ^L: & #sse problema * incontorn8vel desde sempre na relao de Luanda com o -interland& 0anter os camin.os abertos e asse!urar a sua limpe(a constitu,a uma das obri!a4es mais valori(adas nos autos de vassala!em pois da, decorria a se!urana do tr<nsito comercial& ' soluo portu!uesa durante muito tempo tradu(iu2se na utili(ao dos camin.os a-ricanos traando atrav*s deles os itiner8rios dese7ados sem nunca ras!ar camin.os novos& / 1ue de resto era praticamente imposs,vel pelas di-iculdades de orientao e as adversidades do meio& Z 1ue al*m de romper o mato para -undar um tril.o era preciso no dei$ar -ec.ar o camin.o o 1ue os a-ricanos sabiam como -a(er .avia s*culos& ' perspectiva metropolitana altera2se na se!unda metade de setecentos 1uando a instalao de um poder territorial e soberano em X-rica merece uma re-le$o e as medidas ade1uadas& ' isso no ser8 tamb*m al.eio o -acto de as condi4es o-erecidas pelas vias de comunicao Vinsu-icincia e di-iculdadeW passarem a constar dos temas eleitos dos economistas portu!ueses do 3ltimo 1uartel do s*culo G6+++ 1ue a, identi-icavam uma .ip"tese de desenvolvimento econ"mico ^LR & ' partir da d*cada de IJK; o poder de Luanda e$perimentava a abertura de novos camin.os a 1ue c.amava estradas para -a(er a distino das anti!as vias estabelecidas pelos a-ricanos& ' -undao dessas estradas obedecia aos interesses pr"prios de um #stado colonial 1ue se instalava em moldes modernos e -or7ava uma outra e$presso de interveno territorial paralela -undao de novas povoa4es& 's modernas li!a4es ^L: R& D& de Carval.o VIONO Os fil-os da rede&&& p& :O^ e ssW a partir do trabal.o de terreno com os pescadores a+iluanda descreve a colaborao entre o kilamba e o Qimbanda na cerim"nia do Qalulu e avana com a .ip"tese de o primeiro poder ser @um c.e-e da terraA& 6ir!,lio Coel.o @' 1uesto do controle da terra e da territorialidade no anti!o Reino do Nd"n!t vista atrav*s de um relato do -im do s*culo G+G in A Efrica e a "nstala#o do /istema Colonial Fc >@@G6c>CADH 'ctas """ 3eunio de .istria de Efrica, Lisboa ++C) :;;;pp& INJ2:;; percorre as -ontes desde o s*culo G6+ para constatar 1ue o desi!nativo [ilamba at* ao s*culo G+G identi-ica um di!nit8rio ou c.e-e pol,tico 1ue inte!rava as estruturas pol,ticas a-ricanas e 1ue depois de oitocentos comeam a aparecer re!istos 1ue identi-icam kilamba com o sacerdote & ^LR C-& 9or!e 5or!es de 0acedo Problemas de .istria da "ndXstria portuguesa no sculo L2""" Lisboa ?uero ION: p& :IN& ..................... 157 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola articulariam doravante cidades e/ou os pres,dios sendo as comunica4es entre esses -ocos de @civili(ao colonialA estimuladas pelas autoridades& ' terem obtido $ito teriam sido um marcador do territ"rio colonial de peso mas no resultariam seno 78 na 3ltima d*cada do s*culo G+G com a abertura de estradas carreteiras& Construir um territ"rio colonial cont,nuo e$i!ia uma li!ao e-ica( do serto de 'n!ola ao Norte com o serto de 5en!uela ao Sul por via terrestre e a neutrali(ao da posio do interlocutor resistente da ?uissama com capacidade econ"mica para resistir uma ve( 1ue a, se situavam salinas cu7as pedras eram usadas como moeda& @)odos este bens dependem unicamente
da %opulao e da comunicao 1ue deve abrir se da1ueles para estes sert4es restando unicamente a 1ue acabo de abrir at* Novo Redondo pouco mais de vinte l*!uas as 1uais abertas e con1uistadas teria lo!o S& 0a7estade uma !rande renda s" nas Salinas da ?uissama cu7as pedras so a moeda corrente de toda esta %arte da X-ricaA ^L^ & Durante o !overno de Sousa Coutin.o -oi ento e$perimentada a abertura de uma via terrestre para unir 5en!uela a Novo Redondo e Novo Redondo a Luanda& 0anter aberto um camin.o 1ue unisse os dois p"los coloniais traria vanta!ens a m*dio pra(o na paci-icao da re!io ao desembaraar Luanda dos ata1ues e roubos levados a cabo pelos sobas da ?uissamaY e ao limitar as -u!as de escravos de portu!ueses para a1uela (ona onde costumavam !o(ar de boa recepo& Num outro plano a consumao da abertura do camin.o permitia colocar em comunicao trs pontos nodais do #stado colonialE Luanda e o seu .interland Novo Redondo e 5en!uela Vmais o seu e$tenso sertoW produ(indo um espao cont,nuoE @&&&todas estas )erras &&& se dariam por tal modo as mos 1ue viessem a ser consideradas uma s"&&&A ^LL %ara isso so tentadas ac4es de paci-icao 7unto dos sobas cu7as terras permeavam entre esses pontos ^LK & Uma @aco de paci-icaoA 7unto dos sobas locali(ados perto do Rio Lon!a alme7ava a abertura de um camin.o terrestre entre 5en!uela 6el.a e ^L^ Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + pp& IKJ2IKN& ^LL "dem, "bidemY Carta de F+SC para 0anuel 9acinto Ribeiro IO de 0aio de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :;Rv& ^LK Sobre a ?uissama como barreira %ortaria de F+SC IO de 'bril de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l&IKO& ..................... 158 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Luanda ^LJ & Con1uistados IO sobas at* IJKO entre 5en!uela e Novo Redondo a abertura de um camin.o colonial tornara2se poss,vel ^LN & Depois disto em v8rios momentos aparecem recomenda4es diri!idas ao capito de Novo Redondo e ao !overnador de 5en!uela para 1ue conservassem aberta a estrada 1ue li!ava as duas (onas para 1ue a -alta de uso no a -i(esse -ec.ar ^LO & Sousa Coutin.o 78 depois de abandonar o !overno de 'n!ola re-eria 1ue seria importante re-orar a li!ao entre Luanda e 5en!uela& / pres,dio de Novo Redondo no era su-iciente para manter o camin.o -ranco pelo 1ue recomendava a con1uista de uma nova posio interm*dia entre Novo Redondo e Luanda& ' ?uissama continuava a ser vista pelo !overnador como uma 8rea no domin8vel e portanto adiada nas prioridades coloniais& Como se tem vindo a ver ao lon!o deste te$to nos anos subse1uentes as tentativas para anular esta bolsa de oposio redundaram em -racassos ^K; & #m 'n!ola s" e$istiam os camin.os 1ue eram re!ularmente pisados de outra maneira acabariam por ser -ec.ados pela aco do meio& Neste aspecto o #stado colonial inte!rava a e$perincia a-ricana da relao entre espao e poder& S" a circulao continuada pelo espao !arantia a sua posseE @a -re1uncia desta comunicao * sumamente 3til ao #stado e se deve muito animarA ^KI & No caso da li!ao vertical Norte/Sul a !uerra -oi neste s*culo G6+++ -undamental para a sedimentao do poder de Luanda de -orma a !arantir as condi4es 1ue possibilitavam o escoamento de escravos do interior em direco costa& ' !uerra do 5ailundo * a todos os t,tulos paradi!m8tica& Desenrola2se durante o !overno de Dom 'nt"nio de Lencastre entre IJJ^ e IJJK e visou os sobas de 5en!uela& #sta !rande operao de !uerra 1uebrava a autarcia dos sobas de 5en!uela e prendia Tos se bem 1ue nominalmente ao poder de Luanda& / ob7ectivo da !uerra passou sem d3vida pela ^LJ 'HN' C"d& N; -l& KNv Carta para Francisco Nunes de 0orais capito2mor e 7ui( de 5en!uela 6el.a IK de 0aro de IJJ:& ^LN Relao dos sobas con1uistados nas %rovincias 1ue medeo entre 5en!uela e Novo RedondoE Soba do Novo Redondo soba Halan!ue soba #!ito soba Cabumbi soba ?uicombo soba )ete acon!o soba 5u(un!ulo soba ?uissama soba =amba soba Denlle Culumbe cuavun!ulo Culebe Culembe Cuadua Calumbi Culembe Cua Cun!a Cutomba Hombo& 5NL Res& C"d& N^J: -l& NIv2N:& ^LO Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela : de Fevereiro de IJJ; 5NL Res& C"d& N^J: -l& ON& 's ne!ocia4es propostas ao sobeta sobre a abertura do camin.o mantm2se em IJJ:& C-& Carta de F+SC para o capito2mor 7ui( de 5en!uela 6el.a IK de 0aro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :RR& ^K; 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre mat*rias do seu !overno VIKKL2 IJKOW 'r1uivo da Casa de Lin.ares& 0ss ^L/I FU% R2L2R2J -l& Nv& ^KI Carta do !overnador de 'n!ola para o Hovernador da Capitania de 5en!uela 'HU C"d& IK:N -l& I:Kv2I:J& ..................... 159 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola restaurao da circulao do com*rcio mas tamb*m pela @conservao do #stadoA ameaada com ata1ues s %ovoa4es recentemente -undadas aos %res,dios e aos moradores neles instalados& 98 acima -alei da dimenso territorial do !overno neste per,odo e da vontade e$pl,cita em @arredondarA 'n!ola para a -a(er um espao cont,nuo e comum& ' Huerra do 5ailundo cumpre este desiderato no s" por1ue instala a pa( mas por1ue abre um camin.o terrestre vertical pelo interior de 'n!ola 1ue li!a o -interland de Luanda ao -interland de 5en!uela& +nau!ura2se uma li!ao vertical pelas mos do poder de Luanda 1ue ras!a e ao mesmo tempo produ( por1ue o nomeia e leva em conta o corao de 'n!ola& D& 'nt"nio de Lencastre na carta 1ue escreve a 0artin.o de 0elo e Castro acerca dos sucessos da !uerra no dei$ar8 de sublin.ar a import<ncia da abertura dessa via de comunicao e o -acto de em toda a .ist"ria da coloni(ao de 'n!ola ela nunca ter acontecido& ' !uerra e esta !uerra em particular obedecia no s" as l"!icas do con-lito mas estava associada alterao de no4es de poder o 1ue a tornava coerente em relao a um pro!rama de abertura de camin.os terrestres entre p"los de coloni(ao pensados e pro7ectados como camin.os alternativos ou mesmo independentes dos camin.os tril.ados tradicionalmente pelos a-ricanos& ' !rande novidade da abertura de um camin.o colonial ras!ado no sentido da latitude consistia tal como di( D& 'nt"nio de Lencastre em @ter sido esta a primeira ve( desde 1ue se Con1uistou este Reino 1ue as 'rmas de Sua 0a7estade atravessaram toda a !rande e$tenso destes sert4es V&&&WA abrindo @V&&&W uma #strada se!ura por terra at* os sert4es de 5en!uela -a(endo ao mesmo tempo comunic8veis a1ueles com os deste continente
@ ^K: & ' prova de 1ue se trata de um camin.o aberto de novo * a a-irmao do seu impulsionador acerca dos sert4esE @7amais vadeados em tempo al!umA& ' import<ncia da abertura destas comunica4es * con-irmada em INRJ por C<ndido de 'lmeida Sandoval 1uando d8 uma not,cia do serto de 5ailundo publicada nos Annaes do Consel-o Ultramarino ^KR & ^K: Carta do Hovernador 'nt"nio de Lencastre para 00C I de 9un.o de IJJK 'HU C$& KI Doc& IN& ^KR %arte no o-icial S*rie + Novembro de INLN Lisboa +mprensa Nacional pp& LIO2L:I& ..................... 160 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / itiner8rio do e$*rcito do Norte 1ue partira de Luanda pun.a em comunicao os reinos de 'n!ola e 5en!uela se!uindo um ei$o Norte/Sul 1ue unia o pres,dio das %edras de %un!o 'ndon!o ao 5ailundo e tamb*m ao ?uin!olo principal aliado do 5ailundo e ainda a Halan!ue o mais lon!,n1uo reino dos /vimbundo V$ide Hrav& : e Hrav& KW& Nada disto deve -a(er es1uecer as anti!as articula4es Norte/Sul nas suas mani-esta4es a-ricanas& 's movimenta4es +mban!ala ^K^ ainda no s*culo G6+ a1uando do avano para as terras altas de 5en!uela ^KL Y o corredor de invaso 1ue descia do Rio N!an!o at* Dulembe entre o rio Cuido e o rio Cutato dei$ou marcas no Libolo ainda antes do s*culo G6+ ^KK Y as !uerras do soba do 5ailundo levadas at* ao Libolo inclusivamente at* ao Cuan(a arrastando consi!o os reinos seus aliados ou s3bditos com um contin!ente volumoso de !ente de !uerra no princ,pio do s*culo G+G ^KJ Y e a li!ao dos sobas do 5i* ao Son!o e ao 'ndulo desde o s*culo G6++ continuada mais tarde pelo com*rcio at* s %edras de %un!o 'ndon!o& Sobre os camin.os abertos e as li!a4es encetadas a administrao colonial estrutura novas redes de comunicao e de troca de in-ormao& Sobre a nova articulao Norte/Sul o corredor pres,dio de %un!o 'ndon!o/ 5ailundo serve a alimentao das rela4es burocr8ticas e diplom8ticas com o envio de correspondncia e a circulao de sobas e seus embai$adores ^KN & %rovas de uma li!ao corrente atrav*s do corredor 5ailundo/%edras/Luanda apontam para uma sedimentao da li!ao 1ue se sobrep4e s articula4es especi-icamente a-ricanas e se substitui !uerra ^KO & #m direco ao Norte tamb*m com o -im de vincular Luanda a uma 8rea recentemente incorporada -oi planeada 78 em IJOI a estrada 1ue devia -a(er a li!ao %edra de #nco!e ponto mais setentrional da ocupao portu!uesa a 1ue %*lissier c.amou @um posto avanadoA no camin.o do Reino do Con!o ^J; & / a!ravamento das tens4es com ^K^ Sobre os 9a!as/+mban!ala ver nota :JL& ^KL C-& 9&C& 0iller Poder PolWticoP pp& J: e ssY e ).ornton IOON dar-are&&& p& I;:& ^KK C-& 9&C& 0iller @'n!ola central e sulP p& I^& ^KJ C-& "dem "bidemP p& IL Carta do tenente re!ente de %edras para o !overnador D& Fernando 'nt"nio Noron.a ^ de 9aneiro de IN;R 'HN' C"d& R;IN s&-l& ^KN Carta do capito2mor de %edras na 5an(a de Haco IL de De(embro de IN;N 'HN' C"d& R;IN -l& ILIv& ^KO Carta do capito2mor de %edras 0atias 9oa1uim de 5rito para o !overnador Saldan.a da Hama IK de /utubro de IN;J 'HN' C"d& R;IN -l& IRN& ^J; Carta do Hovernador de 'n!ola para o re!ent!e de S& 9os* de #nco!e I de 9aneiro de IJO: 'HU C"d& IK:N -l& IRIY R& %*lissier .istria das Campan-as&&& vol& + p& ^L& ..................... 161 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola os Dembos vi(in.os ao pres,dio VNamboan!on!o ?uin!uen!o e 'mbuilaW 1ue estivera na base da @Huerra do NorteA VIJO;W ter8 sido provavelmente a ra(o pr"$ima desta medida& Uma coisa * certa os portu!ueses precisavam utili(ar os camin.os a-ricanos en1uanto os a-ricanos no demandavam os camin.os coloniais nem os recon.eciam ou percorriam& S" assim se e$plica a insistncia dos Hovernadores durante d*cadas 7unto de o-iciais subalternos para 1ue no dei$assem morrer as comunica4es inventadas por Luanda& ' diluio das povoa4es a!ora -undadas nas sociedades envolventes e a invaso dos camin.os coloniais pela ve!etao circundante parecem ser -en"menos da mesma nature(a em 1ue a X-rica absorve o 1ue vem do e$terior e selecciona o 1ue nela pode permanecer& 7.:.1.5. C"'%&# " N"-#(i-"8 &)+/4#-)'%#& # ,i&,/4#01" '" )&%1" ' entrada no serto estava proibida aos brancos devido s ve$a4es e desordens 1ue provocavam 7unto das popula4es a-ricanas& 'penas os pombeiros e carre!adores podiam deslocar2se at* -eira do Cassan7e por e$emplo& 0as para e$ecutar o plano pombalino no seria a probio de circular no -interland 1ue resolveria a relao colonial com os poderes locais& Disciplinar a circulao no serto passou a constituir uma das maiores preocupa4es dos !overnadores de 'n!ola de -orma a dar corpo ao pro!rama de territoriali(ao do #stado& / serto era (ona de tr<nsito e nele se cru(avam os mercadores portu!ueses com os camin.os e os poderes a-ricanos na senda do tr8-ico de escravos& ' partir de IJKI todos os mercadores deveriam entrar no serto com uma !uia ou carta de le!itimao passada pela 9unta da 9ustia rec*m2criada comprovando a sua .abilitao para circular no serto e assim cumprir as re!ras de sociedade a 1ue estavam obri!ados ^JI & Na !uia passada a cada mercador declarava2se o n3mero de ban(os 1ue cada um levava e os preos por 1ue os .avia de vender con-orme as menores ou maiores dist<ncias da Feira a 1ue se diri!iam& 's vendas -ora das -eiras estavam proibidas& ` mesma 9unta se cometia a 9urisdio de re!ular os preos dos ban(os das -a(endas 1ue sa,ssem de Luanda bem como dos escravos e cera 1ue se deviam receber em retorno das mesmas -a(endas& Neste sistema de re!ulao do com*rcio cabia aos escrives das -eiras passar certid4es onde se declarasse o 1ue os comerciantes .aviam vendido e 1ue ali .aviam c.e!ado com o mesmo ^JI Carta r*!ia IJKI '' 6ol ++ nQ O IORK s&pp&Y 'HU C"d& LLL -l&LI v& ..................... 162 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola n3mero de ban(os com 1ue tin.am sa,do da cidadeY sob pena de con-iscao dos escravos e -icarem proibidos de entrar no serto& Nas -eiras e por edital se -i$ariam os preos a praticar& No sentido inverso 1ual1uer pessoa 1ue voltasse do serto estava obri!ado a dar imediatamente entrada na 9unta da certido autntica do escrivo da -eira& 'os capites2 mores competia a!ili(ar as opera4es comerciais e re-orar o policiamento do tr<nsito no serto& %ombal su!eria 1ue nas !uias e$pedidas aos 0ercadores 1ue entravam no serto se passassem ordens aos capites2mores para l.es -ornecerem os carre!adores necess8rios sem diminuio e sem e$cessos& %ara isso previa2se a aplicao de penas aos capites2 mores 1ue atrasassem os mercadores ^J: & / re!imento dos capites2mores VIJKLW veio re-orar esta aco de policiamento do serto VartQ ^L e KW& 7.:.1.?. O N"&%)* " S/4* " L)%) ) # i';)'01" (" /4 (" S/4. Li!ar os camin.os de-ender o Norte prote!er o Sul con.ecer o sul do Sul e visar o Leste re!isto !eo!r8-ico para um pro!rama cient,-ico 1ue * tamb*m pol,tico a 1ue Sousa Coutin.o e depois o 5aro de 0o<medes 1uiseram obedecer dando corpo in$en#o de Angola& / mapa de %in.eiro Furtado assinala as principais e$pedi4es na e$plorao do litoral entre 5en!uela e Cabo Ne!ro& 9oo %ilarte da Silva e o piloto 9os* dos Santos completaram a via!em por terra& %artindo de Caconda passaram uma povoao Vprovavelmente ?uilen!uesW e alcanaram o Cabo Ne!ro em princ,pios de IJJ; ^JR & / ano de IJNL depois dos desastres da !uerra de Cabinda inau!ura um per,odo de investimento na coloni(ao mar!em dos itiner8rios militares no sentido de instalao de colonos capa(es de reprodu(ir -ormas comportamentais e sociais europeias e de con.ecimento do territ"rio atrav*s de e$pedi4es cient,-icas& ' e$pedio ao Cabo Ne!ro inscreve2se num pro!rama de -ec.amento do serto pelo Leste lanando uma @lin.a de comunicao do ?uan(a ao CuneneA onde se estabelecesse uma boa -eira ou mesmo o pres,dio de Nova Caconda ^J^ & ^J: Carta de F+SC para FG0F :R2;O2IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& ^I2^R& ^JR Relao da 6ia!em ?ue -e( 9oo %ilarte da Silva s %raBas dos 0ocorocasA O de Setembro de IJJ; in AA Luanda vol& + nQ : IORR Doc& G6+++& ^J^ /rdem do 5aro de 0o<medes sobre a e$pedio ao Cabo Ne!ro :^ de 0aio de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& LNv2LO& ..................... 163 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'o Norte as ne!ocia4es entre o 5aro de 0o<medes e o Conde de Son.o iam no sentido de a, -a(er um estabelecimento portu!us& De -acto este !overnador depois de Sousa Coutin.o * a1uele 1ue leva mais lon!e as ambi4es de territoriali(ao e 1ue acaba por conceber 'n!ola com os limites 1ue mais se apro$imam dos seus limites actuais& #n1uanto o primeiro via no serto de 5en!uela uma nova 8rea de implantao o 5aro no .esita em re-erir2se2l.e como @aou!ue&&&&doentioA& #m seu entender era o sul para l8 de 5en!uela o sul do Sul 1ue poderia vir @a duplicar a import<ncia do #stado pelo muito 1ue se contem no SulY e todo o 0undo i!nora&&&A& #ntrando pela prov,ncia da Hu,la em IJNL os sertane7os .aviam c.e!ado at* mar!em do Rio Cunene mas -oi precisa a e$pedio ao cabo Ne!ro mandada -a(er pelo 5aro de 0o<medes para 1ue penetrao comercial se acrescentasse o con.ecimento cient,-ico este a preparar o dom,nio pol,tico a dese7ada instalao de colonial ^JL & Nesse sentido comea a pro!ramar o povoamento deste Sul @muito sadioA em especial a 5a,a de 0o<medes @nova col"niaA onde recon.ecia o clima de tipo mediterr<nico capa( de receber ao lado das plantas tropicais as vin.as ou as oliveiras recorrendo para isso aos aoreanos ^JK & ^JL "dem "bidem :^ de 0aio de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& K;& ^JK Carta do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva I: de 9aneiro de IJNK 'HU C"d& IK^: -l& R;v2RI& ..................... 164 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0apa de %in.eiro Furtado ..................... 165 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 166 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola M#3# < - Li+#01" () A'+"4# # M"0#-!i@/) ..................... 167 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 168 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.<. P";"#-)'%" 7.<.1. A'+"4# >&#',#* /-# ;i# #&-#(i4D#(#. @'1ui onde o -il.o .e -usco e 1uasi ne!ro o neto e todo ne!ro o bisneto e tudo escuro A Cadorne!a .istria Meral das Muerras&&& +++ p& RN^& @&&&a branca raa .* estran!eira no pai(&A #lias 'le$andre da S& Corra .istria de Angola vol& + p& :I^& / te$to de Cadorne!a re-eria2se ao s*culo G6++ mas mantin.a a sua oportunidade no G6+++ de tal -orma 1ue nos pap*is do !overnador Sousa Coutin.o o mesmo e$certo vem transcrito ^JJ & Retrata uma situao de -acto ao mesmo tempo 1ue de-ine um desa-io da coloni(ao de 'n!olaE mais -acilmente se a-ricani(a o branco do 1ue se ocidentali(a o a-ricano pelo 1ue estabelecer e conservar um povoamento de brancos dentro dos moldes sociais europeus e$i!ia o recurso a estrat*!ias novas 1ue permitissem inverter a tendncia at* a, veri-icada& #mbora sob o ponto de vista da populao se veri-icasse a e$panso de particulares no serto do ponto de vista da estrutura social os indiv,duos comerciantes 1ue dominavam o interior no -ormavam um !rupo .omo!*neo& # se nos situarmos na desi!nao @portu!uesesA j e na identidade para 1ue ela remete j a impreciso ainda se torna maior uma ve( 1ue restam interro!a4es sobre os crit*rios e desi!nativos 1ue estes indiv,duos dispersos pelo serto usavam para se de-inir a si mesmos ^JN & No parecer do Conde de /eiras VIJK;W acerca da situao do reino de 'n!ola o t"pico do povoamento branco ocupava uma posio vital& / incremento de uma populao branca vem apresentado como instrumento para o re-oro da presena colonial portu!uesa ao servio dos interesses sub7acentes ao tr8-ico de escravos mas tin.a tamb*m impl,cita a ideia de col"nia de povoamento& Salva!uardar a presena portu!uesa em 'n!ola passava ento pela adopo de uma pol,tica de -i$ao de colonos portu!ueses e supun.a uma ^JJ FU% %apeis do Hoverno de 'n!ola 0ss& ^L R& L2R2J -l&I;I2I;^& ^JN #sta lin.a de investi!ao -oi e$plorada por %eter 0ar[ para o caso dos lanados na Huin* C-& @).e evolution o- ]%ortu!ueseU identitBE luso2a-ricans on t.e upper Huinea Coast -rom t.e si$teent. to t.e earlB nineteent. centurBA TA. ^; IOOO pp& IJR2IOI& ..................... 169 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ocupao com uma componente social estruturante e re-ormadora& ' escasse( de populao branca constitui um dos elementos mais valori(ados no parecer de %ombalE @se tem 1uase e$tinto na1uele reino os brancos 1ue a ele -oram transportados morrendo uns de -ome e mis*ria na cidade e suas vi(in.anas acabando outros nos sert4es -u!itivos e va!os e vindo assim a prevalecer os ne!ros de tal sorte 1ue ainda os poucos brancos 1ue e$istem ol.am para as mul.eres de #uropa com estran.e(a pre-erindo por 1uase !eral abuso o consorcio das ne!rasA ^JO & 'l!uns anos mais tarde Sousa Coutin.o no dei$a passar o tema da populao reputa2o central no sucesso da coloni(ao de 'n!ola reclama o envio estabelecimento e -i$ao de .omens para 1ue @ -ora de muitos casamentosA pudesse .aver al!uma populao por1ue de outra maneira no teria o reino 1uem o servisse ^N; & ' vinculao da matri( da -am,lia a estruturas de tipo mono!<mica atrav*s do casamento 1uando pro7ectada em Luanda -oi ol.ada como elemento de estabilidade 1ue permitiria ultrapassar situa4es end*micas de pobre(a e incentivar o -uncionamento das redes comerciais ^NI & +mpl,cito ao povoamento branco encontrava2se uma posio claramente contr8ria -ormao de uma cultura crioula sobretudo como se ver8 em Luanda e 0assan!ano& Foram duas as medidas ima!inadas para en-rentar e dar curso ao povoamento branco& ' primeira tem a ver com a imi!rao branca atrav*s do envio de casais brancos -a(endo participar nessa iniciativa as compan.ias do Hro2%ar8 e 0aran.o e de %ernambuco e %ara,ba& /s seus navios deviam -a(er escala nas cidades de 'n!ra e %onta Del!ada no ar1uip*la!o dos 'ores para recol.er at* K; casais de colonos 1ue -ossem povoar o serto de 'n!ola& /s povoadores il.*us Vcom ori!em nos 'ores e na 0adeiraW eram encarados como a soluo mais e-iciente se bem 1ue a elevada ta$a de mortalidade a 1ue estavam su7eitos sobretudo ao lon!o da via!em desde os ar1uip*la!os at* 'n!ola pusesse de -acto em causa lo!o nesta primeira -ase anterior instalao no continente a-ricano esse ob7ectivo ^N: & /s naturais das il.as dos 'ores eram os 1ue se davam mel.or ^JO @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A 'HU C"d& LLL -l&LK2LKv M J^& ^N; 0em"ria de F+SC IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^R -l& INK& ^NI Carta de F+SC para o Senado da Camara de Luanda :R de /utubro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& LJv2LO& ^N: #m IJLN so enviados para 'n!ola I;; il.*us oriundos do Func.al& Desses apenas :J c.e!am com vida a 'n!ola o 1ue si!ni-ica uma mortalidade de KRr em conse1uncia das condi4es da via!em& ' esse -actor acrescentavam2se as adversidades decorrentes da instalao em territ"rio an!olano Vclima -ebres etcW 1ue acabavam por elevar ainda mais a mortalidade entre os povoadores rec*m2c.e!ados e assim ..................... 170 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola na1uele clima sobreviviam e poderiam !arantir continuidade e reproduo do povoamento branco em mel.ores condi4es 1ue os da il.a da 0adeira ^NR & ' se!unda tin.a como ob7ectivo asse!urar 1ue os .omens brancos estantes em 'n!ola casassem com mul.eres brancas evitando assim uni4es com ne!ras& Condenar a de!redo para 'n!ola as mul.eres presas por prostituio e com idade in-erior a R; anos viabili(ava uma .ip"tese para essa pol,tica& Na mesma lin.a se enviaram "r-s para casarem com .omens brancos& %or*m a estrat*!ia estava condenada a -al.ar 78 1ue os casamentos entre brancos s" raramente c.e!avam a veri-icar2se uma ve( 1ue os tutores roubavam os bens impedindo assim os casamentos ^N^ & ' pol,tica de povoamento branco atrav*s de casais e imi!rao insular remonta pelo menos ao !overno de 'nt"nio 6asconcelos ^NL & 's di-iculdades encontradas mani-estam2se nas cartas onde Sousa Coutin.o re-ere insistentemente as -altas de !ente branca& # em seu entender deviam ser introdu(idos em 'n!ola de uma s" ve( I;;; .omens Va maioria na compan.ia da sua -am,liaW contin!ente a ser re-orado dese7avelmente com mais cem .omens por cada via!em ^NK & / 5aro de 0o<medes 1ue como se tem veri-icado ao lon!o deste estudo reincide em muitas das lin.as !overnativas do Conde de Lin.ares d8 continuidade a esta ideia de 1ue * pelo povoamento branco 1ue a coloni(ao em 'n!ola pode !an.ar uma outra pro7eco b @no cessarei de pedir casais das +l.as dos 'ores para distribuir e arran7ar por varias partes&&&A& /s il.*us aorianos so por ele recomendados para o povoamento do Sul em 0o<medes& %or*m a (ona mais anti!a de presena portu!uesa no * es1uecida e at* a intromisso no Condado do Son.o * inviabili(ar uma in7eco continuada e s"lida de uma populao branca& Carta de 'nt"nio 6asconcelos 'HU C$& ^I Doc& I:; ' So %aulo da 'ssumpo :L de /utubro de IJLN& ^NR @%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A 'HU C"d& LLL -l&LKv M JK& ^N^ Selma %anto7a @LuandaE rela4es sociais e de !*neroA ++ 3".A IOOK p& JK e N;& ^NL Reten.a2se a import<ncia do o-icio do !overnador 'nt"nio de 6asconcelos datado de :; de 9aneiro de IJLO onde -risa 1ue dos :L; .omens 1ue com ele tin.am ido para Luanda na sua compan.ia metade tin.a -alecido num curto espao de tempo& ', pedia 1ue -ossem enviados para Luanda anualmente pelo menos L; .omens& S" assim se !arantiria o re!imento da cidade de Luanda& C-& 'HU C"d& ^;N carta n&Q ^N @Carta de Francisco Gavier de 0endona Furtado para 'nt"nio de 6asconcellosA%al8cio da '7uda IN de Novembro deIJKI Cat.alo!o das /rdens 1ue se e$pediram para o ReBno de 'n!ola por essa Secretaria de #stado dos Ne!ocios da marin.a e Dom,nios Ultramarinos em os annos de IJLO e IJKI& ^NK /-,cio de D& Francisco +ncncio de Sousa Coutin.o N de 9un.o de IJJ;Y 'HU C$& L^ Doc& RO& ..................... 171 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pro7ectada& +ma!ina o estabelecimento de povoadores brancos nas terras do Conde de Son.o ap"s ne!ocia4es diplom8ticas com o mesmo %r,ncipe a-ricano ^NJ & Um pro!rama de povoamento a esta escala dava prova do descon.ecimento !eral dos estreitos limites do e$erc,cio do poder de %ortu!al a partir de Luanda em X-rica& 'o apostar no @bran1ueamentoA dos povoadores de 'n!ola os !overnadores e$perimentavam a criao de mais condi4es para uma incorporao da cultura portu!uesa em X-rica 78 1ue a col"nia contava com uma -raca representao branca& ' situao de dependncia dos poderes coloniais relativamente s sociedades a-ricanas era obst8culo di-uso de padr4es comportamentais europeus a-inal ao pr"prio pro!rama de civili(ao& %ara -a(er de 'n!ola @um vasto +mp*rioA era preciso 1ue a metr"pole enviasse !ente muita !ente& ' de-inio de uma pol,tica de povoamento 1ue visava -a(er das povoa4es civis -uturos centros de conver!ncia e irradiao da @civili(aoA passava pelo encora7amento aos casamentos entre povoadores brancos& ' instalao e consolidao dos principais atributos de uma sociedade civili(ada dependiam da -undao e consolidao dessas povoa4es a partir das 1uais uma aco civili(adora irradiaria para os povos a-ricanos& /s casais brancos idealmente praticantes de todas as 'rtes %ro-iss4es e /-,cios a!iriam como @investi!adoresA .abilitados das ri1ue(as escondidas na terra a-ricana ^NN & Note2se 1ue insoci8vel tanto * o ne!ro como o va!abundo& / serto de 5en!uela em especial era uma terra @sem leiA .abitada @de desertores R*us de 9ustia De!redados %r"2-u!os e Forados das Hal*s com al!uns menos maus Homens 1ue comerciavamA ^NO & 's novas povoa4es visavam a!re!ar em sociedade essa populao itinerante tratava2se de @unir em sociedade os .abitantes 1ue va!os e sem ordem corriam a1uela vast,ssima re!ioA ^O; & %ara ilustrar os mecanismos de a-ricani(ao da sociedade colonial e at* a apropriao a-ricana de al!umas institui4es !enuinamente metropolitanas -a( sentido ^NJ Cartas do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva L de De(embro de IJNL e I: de 9aneiro de IJNK 'HU C"d& IK^: -l& :L e -ls& :O2RI& ^NN Carta de F+SC paraFG0F IN de /utubro de IJKO AA vol& + nQ I IORR s&pp& ^NO 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre 5en!uela :; de Novembro de IJKN 'HU C$& L: Doc& ^L& ^O; Carta de F+SC para FG0F :^ de Novembro de IJKN ApontamentosP vol& + p& IK;2IK:& ..................... 172 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mencionar 0assan!ano caso isolado de estabelecimento de uma c<mara no conte$to a-ricano& Durante o s*culo G6++ em IKJ^ o !overnador Francisco de )8vora -ora obri!ado a su-ocar uma @conspirao dos pardos contra os brancos pr"$ima a rebentar em 0assan!anoA ^OI & De( anos mais tarde os moradores e !uarnio de 0assan!ano recusavam2se a participar na !uerra contra o Dembo 'mbuila V0b\ilaW& #m IJLL Correia Leito na passa!em 1ue por ali -e( con-rontava a mem"ria anti!a de uma @!rande povoao de !ente brancaA mem"ria provavelmente remetida ao tempo em 1ue os moradores de Luanda ali se .aviam re-u!iado para escapar aos Holandeses com a viso de uma aldeia despovoada e 1uase sem moradores ^O: & / !overno de Luanda c.e!ou em IJK; a propor a e$tino da c<mara a!ora ocupada por @-uscos e ne!rosA ^OR & Durante o !overno de Sousa Coutin.o a c<mara -uncionava de-icientemente e o 7ui( ordin8rio 1ue a compun.a por inerncia promovia !rande parte dessas in-rac4es& Se!undo o mesmo !overnador a c<mara de 0assan!ano era @toda composta de ne!ros os mais trapaceiros e enredadores do mundoA tin.a o !overno @sempre em .um Labirinto de trapaas e de roubosA& 'ssim pedia para pa( dos povos 1ue -ossem abolidas a1uelas 7urisdi4es e 1ue a terra -osse !overnada pelo capito mor como o-icial militar e como 7ui( ordin8rio tal como acontecia com todos os outros pres,dios em 1ue .avia muito mais e muito mel.or povo& ^O^ ' vontade pol,tica de alar!ar o povoamento branco e as di-iculdades 1ue essa coloni(ao tra(ia continuaro at* ao s*culo GG& Norton de 0atos ^OL ainda se re-ere ao @insucesso 1ue at* .o7e tm tido em 'n!ola todas as tentativas de coloni(ao brancaA reportando a sua ra(o de ser preponder<ncia @dos povos ind,!enasA& # acrescenta @col"nias de brancos estabelecidas em re!i4es .abitadas por pretos servidas por pretos nunca se trans-ormaro em povoamentos brancos esto desde a ori!em condenadas e no ^OI Lima ,nsaios sobre a ,statWstica , Livro +++ %arte + p& GGG++& ^O: 0anoel Correia Leito @Relao e breve sum8rio da via!em&&&A p& I:& ^OR ' proposta c.e!ou a ser discutida no Consel.o Ultramarino& /-,cio de '6 ^ de /utubro de IJK; 'HU C$& ^R Doc& O;& ^O^ Carta de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o para D& Francisco Gavier de 0endona Furtado :N de 0aro de IJKL 'HU 'n!ola C$& ^O Doc&:I& ^OL Hovernador de 'n!ola entre IOII e IOI^ 'lto comiss8rio da mesma col"nia de IO:I a IO:^ !rande de-ensor do povoamento branco& ..................... 173 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola vin!aro&&&A ^OK & )amb*m ele identi-ica o papel das mul.eres a-ricanas mes a-ricanas de -il.os de brancos como principal -actor na a-ricani(ao do povoamento ^OJ & ' tudo isto no ser8 al.eia a especial receptividade das sociedades a-ricanas inte!rao e aceitao de @estran.osA entre si ^ON & ' capacidade de absorver pessoas * uma caracter,stica estrutural a-ricana com conse1uncias no VinWsucesso dos processos de coloni(ao& ^OK Norton de 0atos 4emrias&&& vol& ++ p& JR& ^OJ "dem "bidem vol& +++ pp& LN2KL e I^:2IL^& ^ON DopBto-- e 0iers @'-rican ]SlaverBU&&& p& I^& ..................... 174 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola M#3# < - T"(" " -"&#("&) ) D#!i%#'%) (" &)i'" () A'+"4# ) /# ,"'@/i%# %i&#(" '" 5i- (" #'" () 1777 )- @/) )'%&#- " D)-!"* P"%)'%#("* ) "!# ;##4" * (#%#(" () L/#'(#* 15 () I/4D" () 1778 ^OO ^OO 'nt"nio de Lencastre 'HU C$& KI Doc& NI& ..................... 175 /ualidade de "essoas Pessoas @ de A9 anos
Classes )ilhos de "ais 'rancos )ilhos de "ardos )orros Filhos de "ardos escravos Filhos de "retos )orros Filhos de "retos escravos %odos 0omens #ulheres 8B Crianas de Se:o masculino at C D anos A= ;ED D8 ;67=96 =798> =97AD; ?B Ra"a-es D5 8> =6 >?9 ED ;A 6E? = 88? == ==D ;B 0omens 8>569 E=? DD= E9 A? D=; E;DD 89? E86 =B Velhos7 @ de 69 anos =A E8 6 ?? AE> 8 8;A ?= ?69 >B crianas do se:o )eminino at D anos DD ;E9 D= =; D;? = ;99 =E >6; 6B Ra"arigas D58= 66 ;69 =; >? =>8 = 998 >6 A?8 DB #ulheres 8=5=9 ?98 D>6 886 89E >9= 8; 9>8 8?? 6?E EB dultas e velhas @ =9 anos ?96 ?EE ?9 ?A 6>9 ; ;=> ;; >9A C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola
%otal 8 >E8 ; >=6 =AD =?6 8>; =? ;=9 =D= 88D >E6 D=> AB Nascimentos em 8DDD ;? A;? %otal #ortes em 8DDD 8A ;=; ..................... 177 7.<.$. A Di3=%)) (" M/4#%" 'o contr8rio do 1ue aconteceu no 5rasil no #stado da Cndia na C.ina e em 0oambi1ue a le!islao pombalina no procedeu a uma reviso do estatuto dos ind,!enas em 'n!ola& )amb*m ao contr8rio do 1ue aconteceu no 5rasil L;; onde as uni4es mistas -oram incentivadas em 'n!ola a pol,tica de misci!enao no -oi vista como instrumento e-ica( na sedimentao da instalao portu!uesa& %elo contr8rio na perspectiva colonial o contacto dos povoadores com o mundo a-ricano deveria ser limitado por1ue 78 se .avia provado 1ue dessa troca -ora sempre a sociedade colonial 1uem perdera !raas capacidade revelada pelo meio a-ricano para captar e converter s suas l"!icas os indiv,duos -ormados nos 1uadros de uma cultura europeia& ' diluio dos brancos e sobretudos dos mulatos descendentes de brancos nas mal.as a-ricanas vin.a sendo posta com preocupao pelos !overnadores& D& 'nt"nio 6asconcelos -oi 1uem primeiro procurou avaliar o estado da populao da cidade de Luanda e da vila de 0assan!ano concluindo a partir dos dados recol.idos em 0assan!ano 1ue os .omens @1uase do bero saltam para o matoA L;I & ' partir dos dados disponibili(ados conclui2se 1ue dos moradores de 0assan!ano inde$ados em IJLO em n3mero de RO constam ^ moradores vindos do e$terior provavelmente de %ortu!al ou do 5rasil todos eles brancosY sendo os -il.os da terra e$cepo de um branco distribu,dos nas cate!orias de pardos VOW -uscos VIRW e pretos VNW indiciando um escurecimento da populao se bem 1ue -ormalmente en1uadrada por uma instituio camar8ria& 0assan!ano parece ser uma e$cepo em 1ue o escurecimento dos moradores 1ue se identicam com esse estatuto VIR -uscos e O pardos para apenas ^ brancosW no submer!iu a instituio municipal e o 1uadro social inerente apesar das adapta4es vis,veis no -uncionamento do munic,pio& L;; Lei de ^ de 'bril de IJLL& L;I /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos :: de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& KL& C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola E/#(&" 5 - Li%# (" M"&#("&) (# ;i4# () M##'+#'" - 175B L;: 4rigem Nome Cor Estado civil 4's. E:terior Bernardo Re'elo da Costa 'ranco viFvo E:terior $o!o Fernandes Pereira 'ranco Casado Exterior >9; $o!o $os de 4liveira 'ranco casado E:terior #atias Re'elo da costa 'ranco solteiro 3rm!o de Bernardo Re'elo da Costa Filhos da Terra ndr .onalves %eles "ardo Casado nt&nio lvares da Silva "reto casado nt&nio Correia da Silva )usco solteiro nt&nio da Cunha "reto Casado nt&nio Esteves de Carvalho "ardo Casado nt&nio Roi- Fontes )usco Casado nt&nio Serr!o de 4liveira )usco Casado Bernardo +o"es Feu-a Fusco casado Caetano Esteves de Carvalho Pardo Casado Caetano +u1s Preto ViFvo Diogo Pegado de 4liveira Fusco Casado Fli: #endes de Sousa Fusco casado Francisco lvares da Veiga "ardo Solteiro Francisco Ferreira de #ene-es Fusco casado Francisco Ferreira de Vasconcelos Preto casado Francisco Foito .a<!o "ardo Solteiro $o!o da Cunha Branco casado $o!o Roi- Barros "ardo Solteiro +u1s Ferreira de Pontes Fusco casado #amede lvares da .uerra Fusco Solteiro #anuel Duarte "ardo Casado #anuel .omes Cortes Preto ViFvo #anuel Pilarte da Silva Fusco Casado #anuel Roi- da Vit&ria Fusco Casado #anuel Serr!o de 4liveira Fusco casado Filho de nt&nio Serr!o 4liveira Pascoal Fernandes Preto Casado Pascoal Foito .a<!o Preto Casado Pedro de 4liveira de Carvalho "ardo casado 3rm!o de nt&nio Esteves de Carvalho Pedro de 4liveira Pinto Preto Casado Rom!o Rodrigues Pontes "ardo Casado Sim!o .omes Sam"aio Fusco Casado Dos #ilitares m'r&sio $os da Concei!o 'ranco casado %enente da com"anhia Caetano Correia da Silva "ardo casado Ca"it!o da artilharia Domingos $os da Vit&ria "ardo solteiro l)eres da com"anhia $o!o de raF<o Fusco casado <udante de "raa 0as -oi com D& Francisco +nocncio 1ue o problema se colocou de -orma mais clara 1uando ao c.e!ar a 'n!ola se surpreendia com a ausncia de mulatos na 8rea social L;: /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos :: de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& KL& L;R No documentoE @Fil.os de mar em -oraA& ..................... 179 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola portu!uesa& #ncontra a e$plicao ao veri-icar 1ue as -am,lias se a-ricani(avam& /s mulatos se!uiam a cultura das mes no eram educados se!undo o padro ocidental e portanto di-icilmente podiam ser encarados como a!entes da coloni(aoE @pois ainda tendo -il.os das ne!ras com 1ue vivam arbitrariamente como eram casados sem reli!io e sem civilidade lo!o 1ue morriam os %ais se entran.avam pelos sert4es se!uindo as 0es de 1ue nasce 1ue sendo mais ou menos povoados a1ueles vast,ssimos e -ertil,ssimos %a,ses por #uropeus e 5rasileiros 78 mais .ouve outros .abitantes 1ue no -ossem os 1ue entravam nem o #stado tirou al!um proveito dos 1ue nasciam 1uando era certo 1ue se vivessem em sociedade os mesmos mulatos casando uns com outros teriam no lon!o espao de dois s*culos -ormado imensas %ovoa4esA L;^ & ' mesma ideia vin.a re-orada 1uando atestava 1ue os -il.os 1ue resultavam desta @vida -rou$a@ se!uiam na maior parte as mes !uardavam dos pais uma @-raca e lament8vel tradioA sem 7amais utili(arem o #stado ou produ(irem al!um bem permanente e s"lidoA L;L & ' mesma interpretao perpassa na escrita do 5aro de 0o<medes 1uando constata 1ue a @despopulaoA de 'n!ola e com ela a ausncia de li!ao dos ne!ociantes brancos terra se devia a esta incapacidade ou impossibilidade de transpor o modelo -amiliar europeuE @escol.em das molecas 1ue embarcam a 1ue mais l.es a!rada para concubinas e 1uando morrem reparte2se a .erana pelos ausentes por uns poucos de -uscos e pela ne!ra 0e acabando deste modo uma casa de ne!ocio opulento com not8vel pre7u,(o desta %raa das da 'm*rica e de %ortu!alA L;K & Nas 8reas de 7urisdio dos sobas viviam ou passavam brancos -unantes VcomerciantesW cu7os -il.os de mes ne!ras viviam se!undo o padro cultural a-ricano& No eram bapti(ados e -alavam a l,n!ua 1uimbundo nas suas di-erentes varia4es locais L;J & /s -il.os mulatos permaneciam 7unto das mes e portanto per-il.avam a cultura a-ricana& Da, tamb*m a insistncia no envio de mul.eres brancas& ' ideia -ora -ormulada pelo Conde da Cun.a em IJL^ j @estes s" vindo com suas mul.eres se podero L;^ /-,cio de DF+SC para o Secret8rio de #stado FG0F :^ de Novembro de IJKN 'l-redo de 'lbu1uer1ue Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos e litoral sul de Angola&&& vol& + Lisboa '!encia Heral das Col"nias IO^; pp& IK;2IK: Doc& R& L;L Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IK^& L;K Do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva Luanda s&d&s&m& IJNL 'HU C"d& IK^: -l&s IK2 IKv& L;J @&&&bapti(ei todos os -il.os do Rei e de brancos 1ue l8 estavam&&&A Carta do mission8rio Fr& 9oo de So Lucas para F+SC sobre o baptismo do @Rei Hin!a e seu %ovoA IJJ: 'HN' C"d& N; -l& O;v& ..................... 180 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola conservar pelo 1ue das +l.as dos 'ores podero vir muitos casais se Sua 0a7estade assim o mandarA L;N & 's mul.eres brancas seriam os @mel.ores instrumentos de 1ue as Leis se servissem para -irmar a ordem e a %a( em uns Homens 1ue liberdade da Nature(a corrompida uniram a do CostumeA L;O & #sta circunst<ncia aparece re-erenciada mais ou menos nos mesmos termos por Lopes de Lima em meados do s*culo G+G& / !e"!ra-o indicava 1ue o !rupo branco/pardo estava para o dos ne!ros na ra(o de um para sessenta e sete e acrescentava @pode .aver na verdade movimento descendente de populao se a coloni(ao branca no continuar com !rande -ora&&&A no s" por1ue os brancos estavam mais -acilmente su7eitos a sucumbir ao -actor bacteriol"!ico como @por1ue no .avendo novos cru(amentos de parda com branco ou vice2versa a raa dos pretos vai absorvendo em si a dos pardos pela de!enerao sucessiva em poucas !era4esA LI; & ' X-rica absorvera os poucos brancos ou -il.os de brancos ao lon!o de dois s*culos& Di-icilmente a estrutura da -am,lia ocidental e crist se impun.a& Com mais -acilidade a estrutura da -am,lia a-ricana e as institui4es a ela associadas submer!iam esse modelo& ' misce!inao biol"!ica resultava numa mestia!em entre indiv,duos oriundos de !rupos europeus e as comunidades a-ricanas mas do ponto de vista do processo social na sua articulao com o espao directa e indirectamente dominado no estavam criadas as condi4es para 1ue uma aculturao LII T no sentido de -en"menos de contacto ou de interpenetrao de civili(a4es di-erentes j continuada viesse a resultar num verdadeiro processo !enerali(ado de mestia!em& Constitu,ram2se certamente @il.as crioulasA para retomar a1ui uma e$presso inventada por 08rio 'nt"nio de 1ue Luanda * o e$emplo por e$celncia e a lin.a de penetrao pelo rio Cuan(a de al!uma maneira a 8rea mais perme8vel a -en"menos dessa nature(a assumindo e$press4es particularmente interessantes como se pode ver em tudo a1uilo 1ue nesta tese se di( acerca da importao a-ricana da cultura escrita& %or*m e no -u7o ao 1ue L;N Carta do !overnador 'nt"nio Xlvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real N de De(embro de IJL^ 'HU C$& RO Doc& OK& L;O Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKK& LI; Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& K2J& LII Utili(o a1ui o termo aculturao proposto desde INN; pelos antrop"lo!os norte2americanos e 1ue acabou por se impor sabendo por*m 1ue os in!leses pre-erem a e$presso cultural c-ange Vmenos carre!ado de valores etnocentricos decorrentes da coloni(ao v&!& 0alino\s[iW 1ue os espan."is pre-erem o voc8bulo transculturation VF& /rti(W e 1ue os -ranceses usam a e$presso interpntration des ci$ilisations VR& 5astideW& ..................... 181 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 08rio 'nt"nio prop4e a !enerali(ao desse -en"meno * 1ue no se deu e o sistema matrilinear sobretudo na (ona dos 'mbundo -avorecia a prevalncia da cultura das mes na educao dos mulatos descendentes de brancos& 0as sobre as 1uest4es da crioulidade deter2me2ei no sub2cap,tulo I:&:& ,lites da Continuidade, ,lites da 3uptura& / 1ue se passa * 1ue por um lado a presena cultural europeia no * su-icientemente viva( para imprimir a sua marca ao processo social por outro lado a capacidade de inte!rao das sociedades a-ricanas atrav*s das mul.eres * de tal -orma e-iciente 1ue di-iculta a constituio de um !rupo alar!ado e s"lido de persona!ens sociais capa(es de con-i!urar um !rupo parte e de contornos bem distintos& Da, a especi-icidade da 1uesto dos mulatos 1uando colocada para 'n!ola& %or*m as directivas !overnativas da se!unda metade de setecentos recon.eciam 1ue a .ip"tese de constituio de uma sociedade colonial a ser colocada no podia prescindir da cate!oria dos mulatos& #m 'n!ola a X-rica * o pr"prio meio onde se desenvolve a relao colonial& 's estruturas sociais a-ricanas esto l8& # a X-rica * como uma espon7a 1ue absorve os europeus sem se dei$ar moldar por eles& S" assim se e$plica tamb*m 1ue 'n!ola se7a cada ve( mais um pa,s a-ricano& De 1ual1uer -orma -icavam se!mentos de cultura t*cnicas a!r,colas de transporte etc& at* .8bitos li!a4es pessoais mem"rias& Do ponto de vista da estrutura da -am,lia os .omens brancos usavam da instituio do dote VlambamentoW e multas por adult*rio VopandaW nos mesmos termos em 1ue o -a(iam os '-ricanos usu-ruindo assim da circulao Vincluindo a .ip"tese de re7eioW das mul.eres atrav*s da instituio do dote LI: & 'o lon!o do tempo vo sendo pensadas medidas para contrariar essa orientao& ' individuali(ao social dos mulatos pela atribuio de privil*!ios e proteco atrav*s de institui4es criadas para o e-eito revela uma pol,tica de reestruturao social eu diria at* de produo da sociedade colonial a partir da subst<ncia .umana 1ue a pr"pria col"nia poderia o-erecer& '1uele 1ue parece ser um dos traos particulares da sociedade colonial * o -acto de se or!ani(ar em -uno da cor e de recon.ecer um lu!ar particular na ordem social 1ueles indiv,duos 1ue resultam de uma mistura entre !randes !rupos raciais& ?uer LI: Conveno dos D,(imos da autoria de Francisco 'nt"nio %itta 5e(erra de 'lpoim Castro IJO: 'HU C$& JJ Doc& NL& ..................... 182 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola di(erE entre brancos ne!ros @amarelos @vermel.osA 1uerendo com isto e$cluir as misturas de populao ocorridas na #uropa por e$emplo antes do per,odo colonial& #sta posio * pass,vel de discusso na medida em 1ue postas as coisas assim o 1ue se est8 a discutir 1uer di(er a1uilo 1ue est8 por detr8s da raa * apenas uma 1uesto de -en"tipo& %arece2me 1ue .aver8 a1ui muito 1ue discutirY mas parece2me tamb*m 1ue 1uesto do -en"tipo se acrescenta tamb*m a dimenso do -en"meno e o lu!ar 1ue na sociedade esse !rupo constitu,do por .omens resultantes do cru(amento de raas pode vir a ocupar ou o poder estatu,do prev 1ue ven.a a ocupar& No -undo o problema da mestia!em cultural remete para a -undao de novas sociedades distintas da1uelas 1ue supostamente l.e deram ori!em por1ue se encontraram e misturaram sem nunca se c.e!arem a -undir de-initivamente& ' mestia!em corresponde de al!uma maneira a um perpetuar das di-erenas * o contr8rio da assimilao dos con1uistados ou da absoro dos con1uistadores& #m 'n!ola o 1ue acontece durante o 'nti!o Re!ime e se perpetua por muito do s*culo G+G * esta 3ltima situao& /s portu!ueses so sistematicamente absorvidos pela cultura local a .ip"tese de vanta!em das tais di-erenas 1ue possibilitariam a emer!ncia de uma cultura alternativa -oi constantemente su-ocada pelo vi!or das culturas end"!enas em presena na terra a-ricana& Nada disto invalida por*m 1ue a presena portu!uesa ten.a e$ercido uma in-luncia pro-unda sobre as popula4es a-ricanas na1uelas re!i4es onde obri!aram ao deslocamento de popula4es para a 'm*rica atrav*s do tr8-ico de escravos ou mesmo no -interland de Luanda pela lin.a do Cuan(a&& Sousa Coutin.o prop4e a liberdade dos -il.os dos mulatos b @ #u dese7ei 1ue Sua 0a7estade libertasse todos os 0ulatosY pois seria o 3nico 0eio de %ovoar o %a,s&&&A LIR b e LIR FU% R2L2R2J 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre mat*rias do seu !overno VIKKL2IJKOW 'r1uivo da Casa de Lin.ares& 0ss ^L/I -l& N& ..................... 183 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cria condi4es para acol.er os "r-os em casas pias onde l.es seriam ministrados ensinamentos sobre o-,cios mec<nicos ou em -am,lias 1ue os deviam acol.er LI^ & ' especiali(ao pro-issional -ar2se2ia assim ao n,vel das artes mec<nicas e artesanais& 'l!uns anos mais tarde o 5aro de 0o<medes reincidia @ &&&1ue os mulatos se7am todos libertos por muitas ra(4es&&&A LIL ' a-irmao do povoamento branco e a in-iltrao da cultura europeia passava pela !arantia de 1ue os brancos ou -il.os de brancos nascidos em 'n!ola -ossem educados no padro europeu& Fomentando uma pol,tica de casamentos entre brancos e proteco dos 7ovens casais brancos e mulatos a comear pela proteco e promoo dos casamentos das "r-s e "r-os -il.os de brancos -alecidos LIK & +nclusivamente estabelecendo a idade de I^ anos para o casamento das mul.eres LIJ & %ara 0assan!ano pro,be ao pr"prio vi!8rio 1ue celebre casamentos de brancas com ne!ros @ de -orma 1ue em pouco tempo se mel.ore a cor nesse pres,dioA LIN & #sta medida aplicada s noivas brancas iria @ressuscitando2l.es a cor branca e os costumes da cristandade 1ue se l.es vo e$tin!uindoA LIO & %ara Luanda a proteco aos casais brancos ci-rava2se na cedncia de estabelecimentos comerciais para -avorecer a sua instalao e posio na sociedade urbana L:; & Dentro desse pro!rama a 1uesto dos "r-os parece2me nuclear para entender o empen.o para contrariar uma tendncia !enerali(ada de a-ricani(ao da estrutura -amiliar& Sobre o povoamento os casamentos brancos e a proteco dos "r-os -il.os de brancos encontram2se cartas e ordens para o +ntendente da F8brica de Ferro na povoao de Nova /eiras e para o Capito2mor de 0assan!ano entre outros L:I & / 7u,(o dos "r-os -oi institu,do em 5en!uela pelo !overnador Sousa Coutin.o& #sta -oi uma das medidas mais LI^ Carta de F+SC sem destinat8rio IR de Setembro de IJKO Col& +HH5 DL NI&;:&I^& LIL Do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva IL de De(embro de IJN^ 'HU C"d& IK^: -l& IL& LIK FU% R2L2R2J %apeis do Hoverno de 'n!ola 0s& ^L -l& I2:K& LIJ I: de Novembro de IJJ: FU% R2L2R2J %apeis do Hoverno de 'n!ola 0s& ^L -l& LO2I;;& LIN Carta de F+SC ao vi!8rio %olicarpo 9oo 0ac.ado I^ de Novembro de IJKJ 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :^:& LIO Carta de F+SC para o capito2mor de 0assan!ano IK de De(embro de IJKJ 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :J^2:JL& L:; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& LJv2LO& L:I IK de De(embro de IJKJ e :K de /utubro de IJKJ 5NLY Res& C"d& NJ^: -ls& :R^2:R^v e -ls& :J^2 :JL& ..................... 184 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola valori(adas pelo Hovernador para aumentar a populao colonial ao lado das medidas 1ue visavam conceder aos mulatos um estatuto recon.ecido& /s "r-os seriam os -uturos o-iciais mec<nicos de 'n!olaE @&&&nunca pude saber nem o 9ui( o pode averi!uar 1uantos ur-os pobres .aviaE contudo apesar da vaidade do %a,s e das L8!rimas das i!norantes mais -i( 1ue muitos aprendessem /-,cios 0ec<nicos 1ueira 6& #$&p -avorecer esta disposio ter8 bons /-iciais&&&A L:: ' recuperao dos "r-os para a sociedade colonial atrav*s da sua educao com ensinamentos de o-,cios mec<nicos nunca dei$ou de ser considerada e incentivada por !rande parte dos !overnadores L:R & /riundos de pres,dios e povoa4es do serto de 5en!uela incluindo a Catumbela os "r-os recebiam a sua educao pela via colonial depois de condu(idos para a cidade de S& Filipe& Uma relao dos @"r-os pupilos e menores de ambos os se$osA residentes na capitania de 5en!uela e seu termo cerca de IJON dava a con.ecer uma distribuio dos "r-os pela cidade e pelas -am,lias de moradores dos @sert4esA L:^ & Na mesma *poca no eram re!istados "r-os na prov,ncia de ?uilen!ues por1ue ap"s o -alecimento de seus pais eram de imediato remetidos com os bens para o 7u,(o de 5en!uela L:L & ' con-irmar a ideia 1ue acima e$pus sobre a a-ricani(ao dos mulatos no serto veri-ica2se 1ue a1ueles 1ue residiam @nos lu!ares de seus nascimentosA viviam com @suas 0es e %arentesA e .aviam -icado assim inte!rados na estrutura -amiliar materna ocupando2se a -a(er ne!"cio& /s "r-os do se$o masculino residentes em 5en!uela sendo maiores ocupavam lu!ares de soldados ou desempen.avam o-,cios como a arte -armacutica en1uanto os menores eram iniciados na leitura e na escrita& Sendo meninas entre!avam2se arte da costura L:K & #m o-,cio diri!ido a +n8cio Leito Ribeiro escrivo dos ur-os Heral e Crime 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos !overnador e capito !eneral de 5en!uela re-eria2se a uma relao de "r-os pupilos e menores de ambos os L:: FU% R2L2R2J 0em"ria de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sobre mat*rias do seu !overno VIKKL2IJKOW 'L 0ss ^L/I -l& N& L:R Carta de 0i!uel 'mt"nio de 0elo para o Sar!ento2mor dos en!en.eiros ^ de 0aio de IJOO 'HU C$& O: Doc&I& L:^ @&&& como o aumento de brancos nascidos criados e estabelecidos em Luanda se7a o mel.or meio para pelo andar do tempo esta cidade vir a ser menos desdito(a do 1ue * e se mostra parece 1ue :; mil reis devem destinar2se para dote de uma "r-Y c-& 'HU C$ NN Doc& I N de 0aio de IJON L:L Relao dos moradores brancos pardos e pretos de ambos os se$os 1ue se ac.am nesta prov,ncia de ?uilen!ues&&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HR9 -l& RJ2RNv& L:K Relao de "r-os p3pilos e menores de ambos os se$os 1ue .8 na capitania de 5en!uela IJ de 9aneiro de IJON Col& +HH5&& ..................... 185 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola se$os 1ue .avia na capitania o 1ue porva o interesse continuado das autoridades neste sector da pol,tica social L:J & L&F& de 'lencastro re-ere2se e$plicitamente -abricao dos mulatos a-irmando 1ue no 5rasil e$istiam condi4es para a estrati-icao social dos mulatos mas em 'n!ola no L:N & #sta ideia parece colocar uma 1uesto mais lata 1ue * a de saber por1ue * 1ue em 'n!ola no se c.e!ou a constituir uma l,n!ua crioula como aconteceu na Huin* para no citar o caso especial pela insularidade de Cabo 6erde e por1ue * 1ue o estatuto de crioulo em 'n!ola se veio a sedimentar tardiamente e sobretudo nos circuitos urbanos& %ara citar Hru(ins[B * preciso notar como h les p.*nomSnes de m*tissa!e la*c.elle plan*taire sont indissociables de laoccidentalisation du mondeP i& Z claro 1ue se as sociedades a-ricanas no se ocidentali(am o -en"meno da mestia!em di-icilmente ocorre& ' impossibilidade de desencadear um processo social da mestia!em capa( de estruturar no plano social a coloni(ao de 'n!ola condu( necessariamente a investi!ao para 1uest4es como a do en!endramento de sociedades a-ricanas neo2 tradicionais 1uer di(er de sociedades 1ue sem dei$arem de ostentar estruturas end"!enas e !arantindo os contornos da di-erena so capa(es de inte!rar elementos e$"!enos subordinando2os s suas l"!icas pr"prias L:O & / 5aro de 0o<medes concreti(ou parcialmente este seu plano de dar um lu!ar aos mulatos 1uando recorreu aos c.amados re!imentos de Henri1ues corpos de mulatos e ne!ros livres ori!inalmente -ormados em %ernambuco no 5rasil e criou em 5en!uela um corpo de Henri1ues se!uindo os mesmos moldes LR; & Durante as !uerras contra os Holandeses em 'n!ola VIK^R2IK^NW esse ensaio .avia 78 sido reali(ada& 'o serem trans-eridos para o outro lado do mar os mulatos dos Henri1ues representavam uma tentativa para or!ani(ar re!imentos re!ulares de soldados mulatos e ne!ros livres em 'n!ol& %or*m a nature(a da relao entre as autoridades an!olanas e os naturais do pa,s impediu a estruturao continuada desses re!imentos limitando uma das -ormas de promoo dos mulatos na X-rica portu!uesa& ' @!uerra L:J 'ne$o relao -eita pelo escrivo em IJ de 9aneiro de IJON I; de 9aneiro de IJON "bidem& L:N 'lencastro O :rato&&& p& R^L e ss& L:O Ser!e Hru(in[i (a Pense mtisse %aris FaBard IOOO pp& NJ e ss& LR; Corpo de mulatos e ne!ros livres sob o comando de Henri1ue Dias -ormado em %ernambuco para lutar contra o invasor .olands& Durante o s*culo G6++ .ouve v8rios pro7ectos para enviar Henri1ues para 'n!ola pela sua mel.or adaptao s condi4es locais relativamente s tropas ori!in8rias do Reino& C-& Cabral de 0ello Olinda 3estauradaP p& :K;& ..................... 186 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pretaA permaneceu& No -inal do s*culo G6+++ D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo !overnador de 'n!ola recapitulava a le!islao atinente aos Henri1ues e evidenciava as di-erenas entre as duas mar!ens do 'tl<ntico LRI E ]como o sistema do seu fde 'n!olag !overno pol,tico militar e econ"mico se!ue por absoluta necessidade diverso camin.o da1uele 1ue nas Capitanias do 5rasil se observa muitas ve(es sucede 1ue leis ao 5rasil 3teis so em 'n!ola danosas e pelo contr8rio outras a1ui indispens8veis nen.uma aplicao podem ter 1uele #stadoA LR: & / escurecimento da populao vem atestado para per,odos posteriores& De tal maneira 1ue o censo de IO^; citado por Norton de 0atos mostrava 1ue 'n!ola era uma re!io de bai$a densidade populacional e 1ue o n3mero de brancos somado com o dos mestios apenas representava :r da populao total LRR & 'contece 1ue todos os descendentes dos -uscos nascidos durante os dois ou trs s*culos anteriores 78 no seriam em IO^; identi-ic8veis como tal& ' X-rica .avia2os inte!rado e tornado a-ricanos& / te$to de Cadorne!a mantin.a2se verdadeiro& 7.<.$.1. O @/) (i2 # (6,#(# () 17B0 Na d*cada de IJO; o pro!rama das povoa4es mantin.a2se activo& / re!imento do !overno de 5en!uela VIJOKW le!islava sobre os 7u,(es e capites2mores das povoa4es e tratava2as como parte importante do Hoverno de 5en!uela& )rinta anos ap"s a -undao destes n3cleos civis de povoamento durante o !overno de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo VIJOJ2IN;:W -oram levados a cabo uma s*rie de in1u*ritos por todo o territ"rio de 'n!ola 1ue visavam averi!uar a situao !eral da col"nia& 6alori(avam2se in-orma4es sobre o n3mero de moradores dos pres,dios e povoa4es com identi-icao da cor pro-isso idade estado e a!re!ado -amiliar a 1ue se somavam por ve(es elementos sobre propriedade urbana rural e escravos LR^ & LRI 'lencastro O :rato dos 2i$entesP p&R^K& LR: Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo R; de /utubro de IJON AA :p s*rie vol& GG nQ JO2N: IOKR pp& L^2LO& LRR Norton de 0atos IO^^ 4emrias&&& vol& +++ p& I^L2I^K& LR^ 'HU C$ NO Doc& NJ IJON& ..................... 187 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola So con.ecidas as limita4es da -iabilidade destes dados recol.idos por capites2 mores na sua maioria impreparados para o -a(er e como tal a empre!ar crit*rios no uni-ormes& ' classi-icao por cor tamb*m deve merecer al!umas reservas& ?uando um a-ricano re-ere @brancoA o voc8bulo pode em al!umas situa4es desi!nar .omens pretos calados LRL 1uimbares ou mestios portanto usando de atributos 1ue os identi-icam com a cultura portu!uesa& Silva Corra re-ere2se s mul.eres brancas de Luanda incluindo nesta cate!oria as mulatas 1ue estavam cultural e socialmente inte!radas no padro colonial& 98 1uando um branco re-ere @brancoA a de-inio a partir do -en"tipo prevalece sobre a de-inio cultural& 'pesar das cautelas 1ue esses dados nos podem suscitar no posso dei$ar de notar 1ue tais censos c.amemos2l.e assim -oram elaborados R; anos depois do impulso -undador dos anos K;& %ermitem -a(er um dia!n"stico parcial da durabilidade desse impulso mas tamb*m uma avaliao da sua continuidade&6ou centrar2me nos dados disponibili(ados para o serto da capitania de 5en!uela para identi-icar na medida do poss,vel a evoluo destas povoa4es -undadas se!undo o modelo europeu no interior de X-rica& ' -iabilidade destes censos 1ue so -eitos a partir do modelo da -am,lia europeia e mono!<mica * portanto limitada& De 1ual1uer maneira deles se podem e$trair elementos com al!um si!ni-icado& )odos estes moradores usam nomes portu!ueses com nome pr"prio e apelido& 's mul.eres todas sem e$cepo so tratadas por Dona e as vi3vas consideradas cabea de casal& 's di-iculdades encontradas na instalao e consolidao de povoa4es no serto de 5en!uela no parecem ter sido as mesmas encontradas para dar curso semel.ante ao processo no -interland de Luanda& '1ui o elemento decisivo da resistncia parece ter sido a aco dos capites2mores dos pres,dios& 98 no serto de 5en!uela as novas povoa4es debatiam2se com um meio pol,tico adverso& Comecemos pelos resultados obtidos na inculcao e promoo de novos modelos de produo& ' economia ser8 uma 1uesto de !an.o mas * sem d3vida a1ui como noutros lados uma 1uesto de cultura e * a cultura 1ue a inscreve em 1uadros particulares de e1uil,brio ecol"!ico& /ra nem as estruturas a!r,colas a-ricanas revelavam LRL @/s pretos lo!o 1ue l.es * permitido calar sapatos so tidos em conta de brancos e muito mais sendo aviadosA& C-& Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& KR& ..................... 188 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola permeabilidade introduo de novas culturas nem os povoadores brancos as praticavam !o(ando pre-erencialmente dos -rutos 1ue resultavam de um trabal.o tradicional da terra& #m ?uilen!ues por e$emplo a a!ricultura estava maioritariamente entre!ue aos a-ricanos& / tratamento da terra obedecia s concep4es e necessidades a-ricanas mesmo 1uando os escravos 1ue as trabal.avam pertenciam a brancos 1ue viviam na prov,ncia por ser @sua p8triaA& 's produ4es cin!iam2se mandioca 1ue iniciava o seu percurso em direco ao centro de X-rica massambala mil.o e -ei7o macunde& #$perincias levadas a cabo sob a orientao do capito2mor mostravam 1ue as terras poderiam o-erecer outro tipo de -rutos 1ue apontassem a culturas de rendimento ou simplesmente vinculadas aos .8bitos alimentares europeus& ' diversi-icao dos usos da terra Vplanta de cacau e de ca-* ou tri!oW e$i!ia o empen.amento dos colonos brancos& 0as esses transitavam pelo serto em ne!"cio de escravos por -a(endas sem se ocuparem no cultivo das terras& 'li8s note2se 1ue entre os J moradores brancos re!istados em ?uilen!ues apenas se contavam ne!ociantes& %ortanto a a!ricultura 1ue se -a(ia era a de subsistncia e no de rendimento como seria de esperar no pro!rama iluminista de %ombal e Sousa Coutin.o& / mesmo para as pro7ectadas produ4es industriais& / anil por e$emplo * abundante o m*todo para o -abricar e$plicado pelo !overnador mas @&&&1uem sero os moradores 1ue se 1uerem su7eitar a isso n&&&A LRK & 0esmo se observarmos o 1ue se passa nos pres,dios de presena mais anti!a V$ide ?uadro nQ NW veri-ica2se o predom,nio da mandioca mil.o americano introdu(idos a partir do 5rasil e o -ei7o mais o a(eite de palma& %ara Novo Redondo 1ue se en1uadra num outro meio ecol"!ico aparecem as e$trac4es de mar-im e de cera& ' tudo isto acrescentava2se o -acto de o planalto de 5en!uela ser sob o ponto de vista s"cio2 econ"mico marcada pela presena de popula4es pastoris& #ssa caracter,stica da 8rea veio a ser inte!rada pelos moradores ali estabelecidos 1ue se tornaram propriet8rios de !ado& De tal maneira 1ue no censo reali(ado para a prov,ncia de ?uilen!ues se identi-ica um total de IKKL cabeas de !ado propriedade dos moradores e @pretos -orrosA LRJ & Z claro 1ue o tipo de relao com o !ado se pautava por -ins de consumo e transaco mercantil e nesse LRK %ap*is da %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HR9 -l& RJ2RNv& LRJ Relao dos moradores &&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HH5 R9 Not,cias de 5en!uela e seus destritos -l& ^; e ss& ..................... 189 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola aspecto distanciava2se do en1uadramento ritual Vconsumo ritual da carneW e social Vcumprimento de obri!a4es sociaisW dessas mesmas culturas& E/#(&" 8 - Di;)&# 3&"(/0F) @/#'%i5i,#(# 3#&# " 3&)A(i" (17B8) LRN Pres1dios #andioca #ilho Fei<!o -eite de "alma -eite mendoim +! de "almeira lgod!o nil Cera #ar)im Cam'am'e ?AA A9 8?D 8?9 5 5 5 5 #u:ima 699 G e:e,ues =E99 G ca-. ?99 e:* A99 ca-. =99 e:. 8=99 ca- A6 canada s >9 ar'. 8699 art. Encoge =99 EH ??9 EH ;99 EH Novo Redondo 6> e:* ; ca- ?; e:.* ? ca- 69 cant* > can > ar' ?= art. 8= ar' ?D ar'* 8A art. ?> ar'* ?E art m'aca 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 Pungo5 ndongo =; e:e* 8 ca- 8;; e:* ? ac- 3colo e 'engo =;8A e: ?D9 e: 88> e: 6E6> cant ?>9 ar' ?> art Dande ??AA EH ;6;D EH ;=AA ?E6 cant* E canad 5 5 5 5 5 5 NotaE para as e1uivalncias $ide Hloss8rio& / vel.o -undo rural a-ricano ritmado pelo calend8rio a!r,cola dependente de estruturas sociais b8sicas inte!radas pela ideolo!ia da lin-agem LRO ocupadas no cultivo da terra resistia a uma ainda muito -r8!il intruso moderni(ante& De resto Cat.erine Co1uerB 6idrovic. notou 1ue as sociedades e mentalidades camponesas revelam em X-rica um -ormid8vel poder de resistncia comparativamente ao -undamento pol,tico do sistema pr*2 LRN 0apas dos pres,dios IJON 'HU C$& NO Doc& NN& LRO @&&& estrutura composta idealmente de um !rupo corporativo de descendncia unilinear -a(endo remontar as suas ori!ens a um antepassado comum&A c-& 9ill Dias @'n!olaA O "mprio&&& p& R:N& ..................... 190 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola colonial onde se inscreviam L^; &/ sistema de auto2consumo parece ter sobrevivido e at* conservado !lobalmente as suas caracter,sticas& #m al!uns casos como so certas (onas de 'n!ola no conte$to da !uerra produ(iram2se -en"menos de recuperao das -ormas pr*2 coloniais& L^; Cat.erine Co1uerB 6idrovic. VIONLW Afrique )oire Permanences et ruptures %aris %aBot p& I^K& ..................... 191 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola G&J5i," ) @/#(&" &)4#%i;" # )%) ,#3A%/4". C#,"'(# E/#(&" ?- M"&#("&) (# I/&i(i01" (" P&)A(i" () C#,"'(# 9J 5#4),i(" )- 17B7 %)'(" ()iH#(" 5i4D" =&51" )'%&) " $ ) " $5 #'" (<?) Nome do Pai Cor Nome da #!e Cor V1nculo NI de Filhos $o!o Francisco Neves Branco Feli"a Pinheiro Parda Sua #ulher ; #anuel $os de #elo Branco Preta ; #anuel Ferreira da Rocha Pardo D. Bernarda Sua #ulher ; $oa,uim de +emos Branco Preta 8 $o!o .onalves Branco Preta 8 #anuel $oa,uim Branco Preta ? nt&nio $o!o Preto Preta Sua #ulher 8 Duarte $os Froes Branco Preta ? $o!o Bernardo de +ima Branco Preta 8 #anuel $os da Cru- Branco Preta 8 nt&nio de #ene-es Preto Preta D $o!o de #ene-es Preto Preta > $oa,uim $os da Silva Branco Preta ? $o!o de lmeida Preto Preta Sua #ulher 8 $anu2rio Ba"tista Branco Preta 8 $os +eit!o Pardo Preta Sua #ulher 8 Duarte $os Froes Branco D. #aria Branca Sua #ulher ; #anuel de #ello Branco D. Faustina Parda Sua #ulher = 3gnacio Francisco Pardo Preta 8 Francisco Dias Branco Preta 8 #anoel Cotrim Pardo Preta 8 #anoel dos Santos Preto Preta 8 nt&nio .onalves Be-erra Pardo D. na da .l&ria Preta Sua #ulher 6 $os .onalves Cadaval Branco Preta 8 Vicente Branco Preta 8 Francisco Serra .rugel Branco D. #aria Preta Sua #ulher ? J J Preta 8 J J Preta 8 $os nt&nio de /ueiro- Pardo D. #aria Parda Sua #ulher 8 Francisco Ferreira .rugel Pardo D. #aria Preta Sua #ulher 8 Cust&dio Dias .alv!o Branco Preta 8 0enri,ue ntunes Branco Preta ; Paulo Pinheiro Pardo Parda Sua #ulher 8 Vitoriano de Faria Pardo D. +u-ia Parda Sua #ulher ? $os Fernandes Branco Preta 8 #anuel Fernandes da silva Pardo Preta 8 #anuel .onalves dos Reis Branco Preta ? #anuel .onalves Cardoso Branco Preta ? nt&nio $o!o PortoK Branco Preta 6 #arcos #onteiro Pardo Preta 8 %om2s de -evedo Branco Preta 8 #anuel .onalves Pardo D. $ose)a de Sousa Parda Sua #ulher 8 +oureno Pereira %avares Pardo Pretas ; $o!o Pilarte Pardo D. Domingas Pilarte Preta Sua mulher 8 Vicente +o"es Branco D. %eresa Parda Sua #ulher 8 $os nt&nio Branco Preta 8 Se'asti!o Nunes Preto Pretas ? Nome desconhecido Branco D. #aria Parda 8 v 1ue est8 na #uropa& ..................... 192 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola N"%#8 Na 7urisdio de Caconda os "r-os eram distribu,dos pelas libatas dos outros moradores 1ue embora no os educassem os acol.iam& Se considerarmos 1ue os brancos tiveram os -il.os mais vel.os V:L anosW aos IN anos eles teriam em IJOJ Vse -ossem vivosW ^R anos 1ue corresponde idade m*dia dos IJ brancos 1ue restavam vivos& ..................... 193 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola E/#(&" 7- T/%"&) )- C#,"'(# NK-)&" () =&51" #,"4Di(" 3"& ,#(# %/%"& (B1) Nome do tutor Cor Idade Orfos #atias da Costa Branco ;9 6 L +eal Pardo 69 ; Eleutrio +ui- Pardo ?6 8 nt&nio $os da Silva Preto ;9 ? Francisco de Paula Pardo ?> ; L Borges Pardo ;; ; nt&nio da Cru- Pardo ?6 8 L de #ene-es Preto ?E 8= #anoel +o'o Pardo =E ; D. #ariaK Branca =9 ; $o!o Br2s Pardo =9 = Cust&dio .omes Branco >6 8 $oa,uim Brand!o Pardo 6E 8 nt&nio $os Coelho Branco =E 8 Domingos Nunes Preto ;E 8 na da .l&ria Preta ;E E D. +u-ia Parda 6? = D. #ariana Parda >6 8 Francisco Pereira do +ago Pardo >= 8 D. #aria Parda 6> = L Pinheiro Parda ;6 ; Pedro $oa,uim Preto ;= 8 L Fernande- Pardo ;> 8 L .omes Branco ;E ? L de Barros Pardo ;8 ? L de +emos Pardo ?E 6 L de Sousa Parda ?6 ; L Pereira %avares Pardo ;8 ; Domingas Pilarte Preta =6 8 %ere-a 3gnacia Parda ?? ? Pedro Nunes Preto ;9 8 D. #aria Parda ?9 8 v D& 0aria branca era vi3va de Duarte 9os* Froi( tamb*m branco e ambos pais das trs meninas brancas& ..................... 194 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Total de Pais Falecidos (46) 26 14 6 0 5 10 15 20 25 30 Brancos Pardos Pretos G&J5. 1 Total de Orfos (91) 3 71 17 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Brancos Pardos Pretos G&J5. $ Tutores (32) 6 20 7 0 5 10 15 20 25 Brancos Pardos Pretos ..................... 195 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola G&J5. : Moradores, Homens, Pardos (!) 24 17 13 7 8 3 2 0 1 0 5 10 15 20 25 30 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 80-89 90-99 100-104 Fai"a #t$ria G&J5. < Moradores da %urisdi&o de 'aconda ( 19 (12) (ca)e&as de casal ( 146* mul+eres de Moradores 26) Brancos; 18; 10% Pardos; 97; 57% Pretos; 57; 33% G&J5. 5 ..................... 196 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Total da Po,ula&o so) %urisdi&o de 'aconda 531 7616 3621 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Moradores Pretos Forros Escravos G&J5.? Moradores, suas mul+eres le-it.mas e seus fil+os (!31) 268 91 172 0 50 100 150 200 250 300 Menores com pas vvos !r"#os Moradores e s$as m$%&eres G&J5. 7 ..................... 197 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Forros / #scra0os 7616 3621 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Forros Escravos G&J5. 8 Mantimentos Produ1idos (em 2uindas) 16223 4506 1931 45 5 522 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 Milho Feijo Massabala Ervilha Gro ri!o G&J5. B ..................... 198 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Moradores Homens (146) 17 75 54 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Brancos Pardos Pretos G&J5. 10 Moradores, Homens, 3rancos (146) 1 1 10 4 1 0 2 4 6 8 10 12 20"29 30"39 40"49 50"59 60"69 Faixa Et ria G&J5. 11 5<1 L^I No t,tulo do !r8-ico leia2se IJ em ve( de I^K& ..................... 199 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Moradores, Homens, Pardos (!) 24 1# 13 # 8 3 2 0 1 0 5 10 15 20 25 30 20"29 30"39 40"49 50"59 60"69 #0"#9 80"89 90"99 100"104 Faixa Et ria G&J5. 1$ Moradores, Homens, Pretos (!4) 10 22 10 # 3 1 1 0 5 10 15 20 25 20"29 30"39 40"49 50"59 60"69 #0"#9 80"89 Faixa Et ria G&J5. 1: #stes 1uadros re-lectem um modelo de -am,lia europeu mono!<mico re!istando maioritariamente os -il.os das mul.eres le!,timas tanto mais 1ue os nomes das mes re!istados correspondem apenas s mul.eres le!,timas& 's outras mes so apenas re-eridas pela cor& Na 7urisdio de Caconda os "r-os eram distribu,das pelas libatas dos outros moradores 1ue embora no cuidassem da sua educao os acol.iam e inte!ravam na sua -am,lia lato senso& #sta medida est8 na lin.a da pol,tica de bran1ueamento da col"nia e da no absoro dos -il.os dos brancos pelas sociedades das mes& No ?uadro I e H8-& I j 0oradores da 7urisdio do pres,dio de Caconda 78 -alecidos em IJOJ tendo dei$ado -il.os "r-os entre os : e os :L anos V)otal ^KW j pode ver2se a proporo dos pais 78 -alecidos entre moradores brancos pardos e ne!ros& /s brancos em n3mero de :K ..................... 200 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola representam LJr dos pais& Se considerarmos 1ue os moradores brancos tiveram os -il.os mais vel.os V:L anosW aos IN anos eles teriam em IJOJ Vse -ossem vivosW uma m*dia de ^R anos o 1ue corresponde idade m*dia dos IJ brancos 1ue restam vivos nesta data Vver Hr8-& IIW& )er,amos portanto na d*cada de IJJ; no m,nimo cerca de KR moradores brancos& Dos :K pais brancos -alecidos ^ tiveram -il.os com pardas e :: com pretas o 1ue representa um -orte escurecimento apenas em uma !erao visto 1ue a lar!a maioria dos "r-os so -il.os de mul.eres pretas& /s "r-os em n3mero de OI apenas R Vas R meninas todas -il.as do mesmo casalW so brancos sendo JI pardos e os restantes IJ pretos V$ide Hr8-& :W& / n3mero mais si!ni-icativo * evidentemente o dos pardos& / 1ue si!ni-ica 1ue a KR moradores brancos sucederam JI -il.os pardos pelo menos visto 1ue s" os le!,timos e portanto re!istados se podem contar& Z previs,vel no entanto 1ue os -il.os ile!,timos -ossem i!ualmente pardos& Z tamb*m vis,vel o escurecimento dos moradores respons8veis cabeas de casal e seleccionados para tutores& #n1uanto os pais -alecidos brancos eram :K e os pardos I^ a!ora os tutores so K brancos :; pardos e J pretos Vver Hr8-& RW& De re-erir ainda a e$istncia de I; mul.eres tutoras tendo a mais vel.a KL anos e a mais nova :; sendo necessariamente cabeas de casal& )rata2se de uma sociedade 1ue escurece pelo cru(amento de brancos e pretos ou pardos mas tamb*m pelo casamento de pardo com pardo e pelo cru(amento de pardo com preto& #m Caconda o capito2mor 1ue preenc.eu o in1u*rito no -e( distino entre estas trs variantes desi!nando todos os "r-os como pardos& 'ssim os menores re!istados como -il.os de pais vivos so em n3mero de IJO pardos nen.um branco e os restantes pretos& Se os somarmos aos JI "r-os pardos -icamos com uma populao 7ovem de :L; pardos& 0as * preciso no es1uecer esto presentes I;K 7ovens pretos -il.os de moradores e re!istados como tal& / escurecimento da populao -ortalecer2se2ia nos -il.os desta !erao V$ide Hr8-& JW& / total dos moradores da 7urisdio de Caconda em IJOJ Vmaiores mais menores mais "r-osW era de LRI indiv,duos V$ide Hr8-& J e tamb*m Hr8-&s ^ L e KW& Sendo apenas :I brancos contando com as R meninas R^J pardos e IKR pretos& 0as vivendo no seu a!re!ado temos JKIK -orros V$ide Hr8-& NW .omens 1ue estavam a con1uistar o seu espao na sociedade e eram na sua lar!a maioria pretos& 5asta observar os Hr8-icos I; e I: para se ter a noo do peso num*rico 1ue os -orros tin.am nas povoa4es e espaos intersticiais entre as libatas dos moradores& %ara LRI moradores temos JKIK -orros e apenas R K:I escravos V$ide Hr8-& OW& #sta * obviamente uma sociedade em mudana e al*m disso ..................... 201 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7ovem por1ue aos IJ: moradores e suas mul.eres correspondem RLO menores le!,timos V$ide Hr8-& IIW& /bservando a!ora apenas os moradores .omens para os 1uais e$istem re!istos mais ricos temos IJ brancos VD& 0aria branca no contaW JL pardos e LJ pretos V$ide Hr8-& I^W& Z muito reveladora a an8lise da -ai$a et8ria destes !rupos& #n1uanto para os brancos a -ai$a entre os :; e os RO anos praticamente no e$iste Vapenas :W para os pardos * essa a -ai$a Vacrescentada de mais I; anos at* ao ^O anosW a mais numerosa Vnum total de L^W com uma -orte incidncia para os 7ovens entre os :; e os :O anos V:^ indiv,duosW& %ara os .omens brancos a -ai$a dos ^; aos ^O anos atin!e o m8$imo de I; indiv,duos para um total de IJ& #n1uanto para os pardos esta mesma -ai$a desce para IR num total de JL indiv,duos& 98 os brancos com menos de ^; anos praticamente desaparecem e o n3mero de pardos com a mesma idade cresce visivelmente& V2ide Hr8-&s IL e IKW& Z interessante re!istar 1ue os moradores pretos em pe1ueno n3mero nas idades superiores a ^; anos sobem na idade dos R; ao RO o 1ue prece indiciar uma abertura das povoa4es a estes .omens ou uma atraco deles para as condi4es o-erecidas aos moradores ainda 1ue pretos VHr8-& IJW& >#i4/'(" 4ista dos Moradores e seus fil+os da Pro0.ncia do 3ailundo em 195 18 28 33 28 0 5 10 15 20 25 30 35 Brancos Pardos F$scos Pretos G&J5. 1< ..................... 202 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 3rancos (15) 1 0 0 13 3 1 0 2 4 6 8 10 12 14 01 - 10 11 - 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 Fai"a #t$ria G&J5. 15 Pardos (25) 3 8 8 5 2 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 01 - 10 11 - 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 Fai"a #t$ria G&J5. 1? ..................... 203 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Fuscos (33) 4 14 7 5 0 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 01 - 10 11 - 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 Fai"a #t$ria G&J5. 17 Pretos (25) 0 10 2 10 2 2 0 2 4 6 8 10 12 01 - 10 11 - 20 21 - 30 31 - 40 41 - 50 51 - 60 Fai"a #t$ria G&J5. 18 Na 7urisdio do 5ailundo o in1u*rito preenc.ido tem a vanta!em de -a(er a distino entre pardos e -uscos o 1ue permite acompan.ar o escurecimento da populao ..................... 204 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola com mais pormenores L^: & ' povoao de Nova Hole! V5ailundoW a 1ue se re-eria Sousa Coutin.o numa carta ao Soba do 5ailundo na altura em 1ue este e$pulsara os moradores iria caracteri(ar2se por um padro de povoamento disperso ali8s como 1uase todas as povoa4es coloniais -undadas na *poca& 'ssim numa populao total de I;J moradores temos IN brancos :N pardos RR -uscos e :N pretos V$ide Hr8-& INWY a populao branca est8 envel.ecida um pouco menos do 1ue a de Caconda visto 1ue a !rande maioria dos .omens se situa entre os RI e os ^;
anos V$ide Hr8-& IOW& So I; anos de di-erena o 1ue * normal 78 1ue a povoao do 5ailundo s" se desenvolveu depois da !uerra de IJJ^2IJJK& ' -ai$a dos brancos cin!e2se ao n3mero de IN todos eles com mais de R; anos& ' m*dia de idades * de RJ anos& No .8 7ovens e se retirarmos o 3nico indiv,duo de I; anos a m*dia de idades ronda os RO anos o 1ue s" pode 1uerer di(er 1ue o pro!rama de reproduo atrav*s de casais brancos -al.ou completamente& #stes IN brancos ao 1ue tudo indica tero c.e!ado ao 5ailundo* no -inal da d*cada de IJK; e na d*cada de IJJ;& / !rupo dos pardos indica 1ue os brancos se .aviam cru(ado com mul.eres ne!ras e se deu a a-ricani(ao das popula4es destes povoados& Cerca de JLr dos pardos tm idades entre os II e os ^; anos o 1ue si!ni-ica 1ue nasceram entre IJLN e IJJN& /s pardos crescem assim acentuadamente nas idades abai$o dos R; anos VHr8-& :;W& /s -uscos embora presentes em idades dos :I aos ^; anos crescem acentuadamente nas idades abai$o dos :; anos& Cerca de JNr tm idades entre os II e ^; anos o 1ue si!ni-ica 1ue nasceram durante o mesmo per,odo atr8s re-erido& #sta * claramente a populao mais 7ovem VI^ indiv,duos entre os II e os :; anos V$ide Hr8-& :IW& ' populao parda * de lon!e a mais numerosa a populao -usca * visivelmente a mais 7ovem e a populao branca est8 envel.ecida sem se reprodu(ir e sem re-oro e$terno& / !rupo de ^R mul.eres no tem identi-icao de cor o 1ue di-iculta conclus4es sobre o processo de a-ricani(ao da sociedade& 0as a partir do n3mero de menores brancos apenas um pode2se indu(ir 1ue -ossem muito poucas e se compararmos com o caso de Caconda deparamos apenas com uma mul.er branca& / povoamento branco anti!o e no renovado com a a-ricani(ao e escurecimento do povoamento -ica vis,vel nos 1uadros e !r8-icos relativos aos pardos e -uscos Vver Hr8-& I^ relativo aos moradores e seus -il.os da prov,ncia do 5ailundo em IJONY e Hr8-& IL relativo aos brancosW& L^: #ste capito2mor simpli-icou os termos em 1ue redi!iu a relao e$cluindo o estado civil& Noutros casos a in-ormao recol.ida * mais completa e sistemati(ada& Not,cias de 5en!uela e seus destritos +HH5 R9 -l& LL& ..................... 205 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola E/#(&" 10 7 F/," (>#i4/'(") Fuscos* 88 Com mais de ;9 anos Fuscos* ; Com mais de =9 Fuscos* ? Com mais de >9 E/#(&" 11 7 P#&(" (>#i4/'(") Pardos* 88 Com mais de ;9 anos Pardos* D @ de =9 anos Pardos* = @ de >9 anos Pardos* 8 @ de 69 anos 'l!umas -am,lias aparecem bem identi-icadas nestas listas& / caso mais interessante * o da -am,lia Honalves composta de um a!re!ado de :O indiv,duos todos eles -uscosE I: .omens adultos K na casa dos vinte anos ^ na casa dos R; anos um de ^; anos e outro de L; anos& 's mul.eres em idade de procriar somavam L e as crianas no seu con7unto I:& / tronco principal parece ser constitu,do por Loureno Honalves -usco de ^; anos e D& )eod"sia de R; anos& )rata2se portanto de uma -am,lia de -uscos 1ue usu-rui do estatuto de morador e 1ue pelo menos -ormalmente se!ue o padro mono!<mico da -am,lia europeia& ' -am,lia 'ntunes * detect8vel atrav*s do pai .omem pardo de ^; anos a 1ue se se!uem na lista trs -il.os -uscos& #ste * o caso paradi!m8tico a 1ue se re-ere Cadorne!a nos versos 78 citados& Na prov,ncia de ?uilen!ues no ano de IJON e para um populao de JI indiv,duos Vde-inida a partir do estatuto de morador L^R W apenas se encontra o re!isto de J brancos& %resumivelmente todos eles teriam -il.os @bastardosA mas esses no constam na relao& '-inal a estrutura da -am,lia poli!<mica no * nem pode ser recon.ecida nestes re!istos& / 1ue no si!ni-ica 1ue no este7a l8 e at* possa ter .avido uma esp*cie de reinterpretao da poli!amia ancestral -a(endo corresponder o estatuto de primeira mul.er 1uela 1ue era recon.ecida pelo re!isto colonial e as outras Vse!undas terceiras&&&W ao estatuto 1ue a cultura de ori!em estabelecia& %ode2se pensar num -en"meno de reinterpretao do novo atrav*s do anti!o L^^ & H8 um casal branco sem -il.os e trs -am,lias L^R Sobre o estatuto de morador ver Hloss8rio& L^^ No Novo 0undo por e$emplo os '-ricanos reinterpretaram a sua poli!amia ancestral 1ue l.es era interdita pela lei tomando simultaneamente uma esposa le!,tima e uma ou v8rias @1ueridasA e1uivalendo primeira mul.er e s mul.eres secund8rias da X-rica& 0& 9& Hers[ovits (es bases de l*Ant-ropologie Culturelle %aris %aBot IOL: pp& RJ& ..................... 206 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de pretos& ' populao * maioritariamente preta e parda& %or*m sobressai um -en"meno interessante& Duas -am,lias classi-icadas com a cor @pretaA encontram2se cru(adas pelo casamento com re!isto se!uindo o modelo europeu& @%reto casado com pretaA e com descendncia preta& So duas -am,lias sem mestia!em 1ue vivem com o estatuto de moradores inte!rados na sociedade europeia& V'nt"nio de 'ra37o morador em ?uilen!ues * casado com )eresa 6icente Duro -il.a do morador %edro 6icente Duro todos pretosW& ' esta estrutura acrescentava2se um n3mero muito superior de escravos dos moradores e ainda um outro estatuto re-erenciado como pretos -orros como se veri-icou para Caconda L^L & E/#(&" B 7 M"&#("&) () E/i4)'+/) ( 17B8) %4%+ DE #4RD4RES D8 Brancos D G A*EM Pardos ?= G ;=M Pretos moradores ;A G >> M Ca'loco 8 #m 'marante prov,ncia do 5i* situa2se um bom e$emplo de como sur!iu cresceu e permaneceu uma destas povoa4es L^K & Com uma implantao idntica s restantes a povoao do 5i* tin.a 7ui( posto pelo Hovernador de 'n!ola e o soba vassalo de nome Can!ombe -ora inclusivamente bapti(ado com o nome do !overnador D& 'nt"nio de Lencastre& Na d*cada de IJO; %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda testemun.ava a sua permannciaE @eu l8 no c.e!uei mas sei 1ue * 1uase tudo o mesmoA L^J & #sta povoao sobreviveu de -orma aut"noma atrav*s de -am,lias mestias e -oi sendo re-orada com novas entradas de brancos sertane7os independentes mas em moldes completamente di-erentes& L^L #scravos mac.os dos moradores T :JKY #scravas -meas dos moradores2 RKIY pretos -orros dos moradores T N;J& L^K 6er por e$emplo a correspondncia trocada entre Sousa Coutin.o e o 7ui( de 'marante em IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IJ:& L^J %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda @Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& ..................... 207 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / pro!rama inicial precisou adaptar2se a solu4es de convivncia 1ue permitiam resistir entre os a-ricanos sem apoio dos centros coloniais situados na costa& ' carta patente de II de 0aio de IJOI passada ao capito2mor 'nt"nio Francisco da Conceio 0atos natural do 5rasil prov,ncia da 5a,a ainda se!uia o modelo das anteriores e recomendava a proteco do com*rcio a!ricultura ind3stria e a atraco de s3bditos portu!ueses 1ue au$iliassem a dilatao dos dom,nios coloniais atrav*s de meios pac,-icos& / documento -oi conservado ao lon!o do s*culo G+G pelos seus descendentes mas a dist<ncia entre a letra do te$to e a pr8tica a!udi(ava2se na proporo e$acta do crescimento de interesses puramente comerciais& ' relao directa entre os sertane7os e os sobas secundari(ava o papel dos capites2mores na an!ariao de carre!adores& #m IN;: o !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0ello destaca o contraste com o -interland de LuandaE @em 5en!uela costumam os -eirantes a7ustar2se com os carre!adores ou com os sobas e no recorrem para obter os ditos carre!adores aos capites2mores ou re!entes&&&A L^N & Na d*cada de INR; c.e!aram a .abitar dispersos pela re!io mais de :;; sertane7os dedicados ao com*rcio de escravos cu7a aco se estendia desde o Lovale at* Lunda& )in.am como ponto de reunio uma -eira em 'marante 7unto povoao do capito2mor& ', -undaram uma +!re7a e uma escola e sustentaram os padres V5arbadin.os italianosW 1ue cate1ui(avam e ensinavam as primeiras letras L^O & ' -undao das povoa4es no resultou como se pretendia na -ormao de comunidades urbanas capa(es de captar os indiv,duos 1ue normalmente circulavam pelo serto& #m torno destes n3cleos -i$avam2se moradores de -orma dispersa por ve(es a !randes dist<ncias do n3cleo civil e dos moradores entre si& 'pesar de as povoa4es no terem posto -im disperso do povoamento e de nem todas .averem sobrevivido a verdade * 1ue a ori!em de 5ailundo 5i* Huila ?uilen!ues Huambo e Caconda no modelo colonial remonta este per,odo& C.ilds nota 1ue nas narrativas tradicionais do Huambo permaneceu apenas a mem"ria dos estabelecimentos de Caconda e ?uilen!ues LL; & L^N D& 0i!uel 'nt"nio de 0ello @Relat"rio do Hoverno&&&A 5&S&H&L& Lps*rie INNL p& LLI& L^O 9&9& Lopes de Lima ,nsaios sobre a ,statWstica, vol& +++ p& LR& LL; Hlad\Bn 0urraB C.ilds @).e [in!dom o- dambu VHuamboWE a tentative c.ronolo!BA TA. 6 R IOK^ pp& RJ^& ..................... 208 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.5. P"& "/%&" 4#("...# &)() ),4)iJ%i,# @&&&&ver2se 1uase es1uecida a reli!io cat"lica nos brancos e de todo e$tinta nos ne!ros GG> %ara uma avaliao da pro-undidade da ocupao territorial -a( sentido convocar a par da mal.a administrativa civil sustentada pelo #stado e estabelecida atrav*s dos pres,dios e das povoa4es civis a mal.a administrativa eclesi8stica distribu,da em par"1uias e tamb*m em miss4es no Norte& ' relao colonial com o territ"rio no pode omitir a 1uesto da +!re7a uma ve( 1ue em muitas (onas ela -oi com a rede comercial a rede estruturante nas rela4es com o serto& 'ssim na primeira parte analisarei o estado do clero re!ular e secular em 'n!ola Vap"s IJLOW para dia!nosticar os e-eitos da retirada 7esu,tica na consistncia do corpo activo de reli!iososY depois indicarei os recursos e as medidas accionados para reparar a -alta e !arantir a sua substituio no 5ispado de 'n!ola e Con!o& #m relao situao dos a!entes eclesi8sticos em 'n!ola parece2me 1ue e$istem v8rios planos a considerar ao mesmo tempoE a comear pelas 1uest4es estruturais isto * as di-iculdades de or!ani(ao eclesi8stica 1ue neste territ"rio se sentiam desde sempreY os e-eitos con7unturais 1ue decorrem da e$pulso dos 7esu,tas e por -im as op4es tomadas de acordo com este per,odo& / problema 1ue me parece pertinente colocar desde 78 * o de averi!uar se o decreto de IJLO desencadeia uma crise da missionao em 'n!ola ou se essa crise 78 estava a lavrar LL: & #m IJ^; o 5ispo de 'n!ola apresentava a ins"lita situao da sua LLI /-,cios do Hovernador Conde do Lavradio IJL: 'HU C$&RN Doc& N;& LL: Z do con.ecimento !eral 1ue a sua 7usti-icao mais directa tal como -oi veiculada na *poca se li!a ao atentado praticado contra o rei D& 9os* + em R de Setembro de IJLO& / 1ue me parece espec,-ico no processo an!olano de e$pulso dos 7esu,tas * o -acto de os ar!umentos invocados se le!itimarem todos nas ra(4es !erais do imp*rio e da soberania portu!uesa& Na .ist"ria pr"$ima da col"nia de 'n!ola esto ausentes ra(4es internas 1ue e$pli1uem a e$pulso& 'ssim no mesmo ano em 1ue se d8 a tentativa de assassinato do rei D& 9os* + uma carta r*!ia diri!ida ao !overnador de 'n!ola D& 'nt"nio de 6asconcelos promovia a recluso dos 7esu,tas na cidade de Luanda e da1ueles 1ue andassem dispersos& / !overnador 'nt"nio de 6asconcelos comunicou em o-,cio de :^ de 0aio de IJK; 1ue no dia II tin.a posto os sete 7esu,tas e$istentes em Luanda em @apertado cerco com sentinelas s portas dos cub,culosA para os privar da comunicao uns com os outros& No dia IN de 9ul.o dei$aram o seu Col*!io 1ue -icou assim evacuado dos seus possuidores& Finalmente embarcaram a IO de 9ul.o para o Rio de 9aneiro& ..................... 209 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola diocese /agrada Congrega#o da Propaganda 7idei de 1ue dependiam as miss4es da +!re7a Cat"lica e directamente os Capuc.in.os +talianos presentes na1uela col"nia desde o s*culo G6++& No serto e$istiam mais de :;; mil almas bapti(adas vivendo sem assistncia e privadas de 1uem os instru,sse nos mist*rios da -*& /s mission8rios deslocavam2se de terra em terra bapti(ando crianas e adultos ap"s um brev,ssima estada no seu r8pido !iro pelos sert4es abandonando2os em se!uida sem instruo nem sacramentos levando2os @a submer!ir na idolatriaA& ' converso e$i!iria a permanncia dos mission8riosE @a1ueles 1ue vivem 1uotidianamente sob a assistncia dos mission8rios so na maior parte docil,ssimos e condu(em2se -acilmente a dei$ar a idolatria&&&A& / bispo de 'n!ola dispun.a de munus para ordenar padres seculares mas -altavam candidatos 1uali-icados do ponto de vista da .ierar1uia& /s padres seculares naturais de 'n!ola eram na sua maioria mulatos com uma instruo europeia diminuta e educados essencialmente padro a-ricano& /s mission8rios 1uei$avam2se a Roma da conduta destes padres de ori!em local& No sentido de resolver a 1uesto a Sa!rada Con!re!ao Vpresidida pelo %apaW enviou um breve ao rei de %ortu!al pedindo2l.e para @.abilitar o bispo de 'n!ola a poder -undar na sua Catedral um pe1ueno semin8rio para educar 7ovens nativosA& / breve datado de I^ de De(embro de IJ^; no teve 1ual1uer resultado concreto& )amb*m o n3mero de Capuc.in.os +talianos diminuiu apesar dos pedidos constantes para 1ue -ossem renovados LLR & #m IJLL 1uatro anos antes da lei de IJLO a 9unta das 0iss4es LL^ de 'n!ola e$pun.a superiormente a lament8vel situao das 0iss4esE @/ presente estado em 1ue as 0iss4es esto a nen.um de n"s * inc"!nito por1ue bem sabemos 1ue al!umas delas esto sem ministros de Deus e outras com um somente o 1ue * -oroso prover de rem*dioA& ' situao era con.ecida e repetidamente tratada pelos !overnadores e 5ispos de 'n!ola 1ue -re1uentemente solicitavam a ida de mission8rios para sustentar a assistncia das miss4es& ' -alta de eclesi8sticos estendia2se ao clero re!ular e secular& #m IJLJ Frei Ros8rio del %arco per-eito da misso do Con!o e 'n!ola em carta Propaganda 7idei dava conta de 1ue as miss4es de 0assan!ano 5en!o Son.o 5amba Ca.enda 'mbuila e Con!o estavam abandonadas e 1ue dentro de pouco tempo se perderia o @labor de tantos LLR 'SC%F S&/&C&H& Livro J;^ -ls& I;;2IIKv 'cta de I^ de Novembro de IJ^;& LL^ No 5rasil a 9unta das 0iss4es mecanismo descentrali(ado a 1uem cabia controlar as actividades mission8rias era -ormada pelo !overnador o bispo o ouvidor !eral o provedor da -a(enda e os pre-eitos das ordens reli!iosas 1ue actuavam no serto& ..................... 210 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola anosA LLL & 'crescia a -alta de resposta da Corte de %ortu!al sobre a autori(ao de sa,da dos Capuc.in.os de Lisboa para 'n!ola LLK & ?uando em II de 0aio de IJK; em cumprimento do decreto pombalino os 7esu,tas tiveram 1ue dei$ar 'n!ola apenas se contavam J reli!iosos& # isto apesar das ordens e$pressas para 1ue tamb*m -ossem recrutados a1ueles 1ue -ora da cidade se ac.assem dispersos de -orma a serem redu(idos mesma idntica e 3nica recluso& H8 not,cia de 1ue al!uns ten.am re1uerido para -icar em Luanda !o(ando do indulto mediante as condi4es postas pela Coroa LLJ & Se estabelecermos uma comparao com o mesmo processo ocorrido no Col*!io dos 9esu,tas do Reci-e no 5rasil analisado por 9or!e Couto num dos raros estudos 1ue sobre este assunto se tem produ(ido veri-icamos 1ue em IJK; partiram do Reci-e com destino a Lisboa LR 7esu,tas 1ue e$erciam o munus pastoral no Nordeste 5rasileiro& ' verdade * 1ue a assistncia mission8ria da Compan.ia de 9esus no serto an!olano no s*culo G6+++ -oi muito pouco e$pressiva& Desde a restaurao em IK^N os 7esu,tas -oram abandonando as miss4es do interior e passaram a ocupar2se acima de tudo do col*!io de Luanda Vcu7as obras se iniciaram em IK;JW e dos arimos V-a(endas ou propriedades a!r,colasW 1ue possu,am em v8rios lu!ares sobretudo na re!io do rio 5en!o LLN & ?uanto sua aco durante o s*culo G6++ ela .avia2se desenvolvido acima de tudo no -interland de Luanda primeiro 7unto do reino do NUDon!o ao lon!o do rio Cuan(a nas 8reas dos pres,dios de 0assan!ano Cambambe e na (ona de 'mbaca at* +lamba e depois ao lon!o do rio 5en!o onde o %adre %edro )avares -e( muitas convers4es baptismos casamentos e ensinou a doutrina crist sempre com recurso utili(ao da l,n!ua local o 1uimbundo& 0as mesmo estas miss4es anti!as do s*culo G6++ -a(iam2se em !eral por visitas espor8dicas a 1ue -altava a assistncia ass,dua ou al!u*m 1ue continuasse o trabal.o comeado no pr"prio local& No -inal do s*culo G6++ princ,pios do G6+++ as miss4es no LLL 'SC%F S/CH Livro J;J -l& R^J2RJ: Documento R Carta do %er-eito de ^ de Setembro de IJLJ inte!rada no processo da 'cta de RI de 9ul.o de IJLN& LLK "dem "bidem Livro JO; -ls& INR2IN^v Carta do %er-eito de : de De(embro de IJK; inte!rada no processo da 'cta de IL de Setembro de IJKI& LLJ C-& 'HU C$& ^R Doc& K^& LLN 's suas -a(endas -oram entre!ues s 7urisdi4es de 0u$ima +colo 5en!o e Holun!o para administrao e posteriormente arrendadas a particulares com e$cepo para as do 5en!o Holun!o e +colo entre!ues 0iseric"rdia& /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos I^ de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& RR :J de 0aro de IJLO 'HU C$& ^R Doc& L^& ..................... 211 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola interior de 'n!ola -oram sobretudo asse!uradas pelos Capuc.in.os LLO VHosp,cio de Ca.endaW e os Carmelitas reali(aram i!ualmente um trabal.o mission8rio reli!ioso e educativo muito importante no seu convento do 5an!o '1uitamba LK; & ' presena da Compan.ia de 9esus em 'n!ola assumia um car8cter essencialmente urbano 1ue -ica bem evidente no processo 1ue envolveu a con-iscao dos seus bens& ' presena dos 7esu,tas em 'n!ola asse!urava um con7unto de servios de variados tipos& No plano da assistncia a botica -uncionava como uma das dependncias mais procuradas do Col*!io de Luanda LKI & No seu con7unto os bens con-iscados de-inem um universo constitu,do pela i!re7a e o col*!io a 1ue se acrescentavam nas mar!ens do rio 5en!o :; arimos e al!umas sen(alas na cidade de Luanda por onde se encontravam distribu,dos I;N; escravos tamb*m eles propriedade da Compan.ia de 9esus LK: & ' -uno de @Cate1ui(ador das liberdadesA dos escravos 1ue se!uiam para o 5rasil era na altura da e$pulso asse!urada por um padre 7esu,ta& ' cate1ui(ao dos escravos e$i!ia preparao em l,n!ua 1uimbundo e essa competncia esteve nas mos da Compan.ia at* e$pulso LKR & Como se ver8 a sua import<ncia ci-rou2se acima de tudo no plano da educao Vvide I:&II& ,ducar a 4ocidadeW& / 1ue este con7unto de in-orma4es pode 1uerer di(er * 1ue o va(io mission8rio em 'n!ola no * determinado apenas pelo desaparecimento da Compan.ia de 9esus mas LLO 0as ainda assim a presena desta ordem -oi decrescendo& No ano de IJLO por e$emplo a misso de 'mbuela para Norte do rio Cuan(a portanto 78 no dispun.a se1uer de pessoal residente& LK; #$emplo deste processo de inte!rao dos padres nas sociedades a-ricanas vem retratado num documento an"nimo onde se di( 1ue um padre da misso de 5an!o '1uitamba estava .avia I^ anos no serto tin.a mais de I;; .omens seus dependentes ou escravos V-ica a d3vidaW e vestia2se de -orma e$"tica isto * como os a-ricanos& 98 no usava camisa nem meias nem sapatos nem c.ap*u e andava pelo mato& ' ideia 1ue -ica * 1ue o convento de 5an!o '1uitamba se .avia @aculturado& %or isso tamb*m o !overnador D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a de-endia 1ue os -rades se recol.essem a Luanda embora o padre em 1uesto l8 ten.a permanecido& 'HU C$& JO Doc& KK an"nimoY Carta de D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real I de 'bril de IJL^ 'HU C$& RO Doc& IO& LKI Depois da e$pulso a Santa Casa da 0iseric"rdia reclamava pela -alta de medicamentos 1ue antes eram -ornecidos pela botica dos 9esu,tas& Recebera ento o 1ue restava da botica mas da, para a -rente os in!redientes e o botic8rio 78 no estavam asse!urados& 't* de Lisboa c.e!avam pedidos de medicamentos 1ue .abitualmente eram -ornecidos pela botica dos 7esu,tas e a!ora no .avia 1uem os soubesse preparar& Carta do Senado da C<mara da cidade de Luanda pedindo rem*dios J de /utubro de IJK; 'HU C$& ^R Doc& O:Y C-& 0& #& 0& Santos @'n!olaA &icion'rio&&& p& LN& LK: /-icio do !overnador 'nt"nio 6asconcelos acerca do destino 1ue deu aos bens dos 7esu,tas J de 9ul.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& L^Y ^ de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :;& LKR %or proviso de IJ de Novembro de IJLN o !overnador 'nt"nio de 6asconcelos tratou da substituio do %adre Francisco Gavier 'ndrade pelo %adre Cust"dio 5arbosa 0ac.ado natural de Luanda ali morador e con.ecedor da l,n!ua 1uimbundo& 'HU CG& ^R Doc& L& ..................... 212 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola corresponde a um problema mais anti!o mais vasto e mais comple$o 1ue implica outras ordens reli!iosas e outros espaos& 5asta ali8s pensar na resistncia 1ue desde muito cedo os mission8rios -a(em a ir para 'n!ola na mira de uma misso no /riente para e$plicar 1ue apesar das ac4es do s*culo G6++ as miss4es em X-rica no eram dese7adas& )amb*m em %ortu!al a partir de meados do s*culo G6+++ estava em curso uma crise !enerali(ada nas ordens reli!iosas vis,vel no deplor8vel estado a 1ue se encontrava redu(ida a maior parte dos mosteiros e conventos no Reino de %ortu!al devido muitas ve(es ru,na econ"mica& #mbora a e$pulso dos 7esu,tas no se ten.a aplicado a outras ordens a partir do momento do seu desaparecimento assiste2se a uma tentativa de promover os cl*ri!os paro1uiais e seculari(ao das miss4es em 'n!ola& ?uando 'nt"nio de 6asconcelos c.e!ou a 'n!ola as i!re7as encontravam2se abandonadas e os p8rocos nelas providos sem ccn!rua LK^ & /s :^ p8rocos 1ue estavam no serto eram todos mulatos e -uscos -il.os esp3rios ou de outros cl*ri!os ou de de!redados LKL #m IJKI V:J de NovembroW D& 9os* + diri!ia um alvar8 ao 5ispo onde estabelecia a ccn!rua de N;w;;; reis aos p8rocos do serto& No mesmo sentido Sousa Coutin.o elaborava uma estrat*!ia de re-orma eclesi8stica em 1ue de-endia um catolicismo @ra(o8velA na 1ual propun.a como meio mais e-ica( a converso dos maus e in3teis p8rocos em bons e s8bios reli!iosos e a substituio das miss4es por p8rocos do serto& ' sua aco mais concreta situa2se em IJKO depois da con1uista de Novo Redondo& Rea!e com al!uma veemncia ideia de c.amar mission8rios para as I: novas povoa4es 1ue acabara de -undar VContins pres,dio Sar(edas Novo Redondo Lin.ares %ao de Sousa 'lva Nova 5orba Salvaterra de 0a!os 'marante Nova 5el*m Nova Hole! 6ila 6iosaW mas tamb*m em (onas de presena mais anti!a como o Holun!o 'lto onde se LK^ ' desi!nao dos p8rocos destinados s i!re7as do serto cabia 9unta das 0iss4es em 'n!ola& H8 not,cias de 1ue o or!anismo reunia com bastante irre!ularidade em pre7u,(o de uma pol,tica continuada de penetrao da +!re7a no serto& 'cresce 1ue os p8rocos seculares no recebiam 1ual1uer pa!amento e por isso resistiam a essas solicita4es ao contr8rio dos cl*ri!os re!ulares 1ue recebiam uma ccn!rua anual de N; mil reis& 'ssim a -ra!ilidade do clero secular nas par"1uias decorria em primeiro lu!ar da ine$istncia de pa!amento ade1uado& %or alvar8 de :; de 'bril de IJRO D& 9oo 6 procurava solucionar a raridade de p8rocos dispon,veis ordenando ao !overnador de 'n!ola 1ue com o %rocurador da Fa(enda Real e o 5ispo providenciasse al!um tipo de pa!amento e nomeasse um vi!8rio interinamente& 'nt"nio 6asconcelos para remediar a debilidade da rede paro1uial pedida soluo ao Reino& Foi estipulado um pa!amento de R; mil reis anuais do din.eiro das 0iss4es para cada p8roco& 0em"ria do Hovernador 'nt"nio 6asconcelos IN de 0aro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& ^L& LKL /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos ^ de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :;& ..................... 213 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola constroem i!re7as para 1ue a, se instalem p8rocos& Sobre os mission8rios di(iaE @os seus procedimentos e o seu com*rcio desacreditam muito mais a reli!io do 1ue a dilatam&&&1ue se7am p8rocos -i$os de uma ou duas povoa4es se as dist<ncias o permitirem at* onde c.e!ar o n3mero 1ue .ouver e depois 1ue vo nas esta4es mais pr"prias paro1uiar as i!re7as 1ue os no tiverem&&&A LKK & ' opo pelos p8rocos seculares -i$os ou com car8cter itinerante era pre-erida dos mission8rios ainda 1ue muitos deles -ossem cl*ri!os ou -rades de!redados a 1uem no .aviam sido suspensas as ordens e 1ue .aviam sido recrutados 7unto dos capites dos navios pelo pr"prio capito2mor de 5en!uela& / per,odo de IJK; a IJJN Vdata da subida ao trono de D& 0aria +W pauta2se ento por !randes di-iculdades no relacionamento entre os mission8rios e o poder pol,tico& / corte de rela4es com Roma decretado em IJK; abriu um novo per,odo 1ue se prolon!ou at* IJJ; LKJ & No terreno a di-iculdade em prover as novas -re!uesias de p8rocos em n3mero su-iciente compromete as reali(a4es pensadas e tamb*m a cobrana de um d,(imo em 1uantitativo m,nimo LKN & #m IJLN Frei Ros8rio dal %arco per-eito da misso dos Capuc.in.os italianos do Con!o e 'n!ola 1uei$ava2se para Roma da -alta de mission8rios Vapenas l.e restavam 1uatroW LKO e em IJKI a pr"pria Congrega#o da Propaganda 7idei esclarecia as ra(4es pelas 1uais no enviara esses mission8rios remetendo para as di-iculdades postas pela Coroa de %ortu!al em dar licena de embar1ue de capuc.in.os italianos em Lisboa LJ; & Uma consulta aos ,ndices da Propaganda 7idei para o ano de IJK: permite veri-icar 1ue as entradas X-rica Con!o ou 'n!ola no e$istem se1uer& Z o silncio absoluto& ' con-irmar este panorama em IJKR o 0ar1us de %ombal interditava o-icialmente a sa,da dos capuc.in.os italianos por Lisboa& Depois da sa,da dos 7esu,tas em IJKL ainda se p4e a .ip"tese de abrir uma nova misso de Capuc.in.os na1uelas LKK Carta de F+SC para o sar!ento2mor dos moradores do Holun!o 'lto :L de 9ul.o de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :RI& LKJ 9os* %edro %aiva @ ' +!re7a e o poderA .istria 3eligiosa&&& p& IJR& LKN Sobre a -alta de p8rocos para as novas povoa4es c-& Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela IR de 9un.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :LKvY Carta de F+SC para o capito mor do Dande :; de Novembro IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& JR2JRv& LKO 'SC%F Acta Livro I:N -ls& :IR2:IOv RI de 9ul.o de IJLN& LJ; "dem Livro IRI -ls& :JIv2:JR IL de Setembro de IJKI& ..................... 214 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola partes& ' misso de Ca.enda em 'mbaca * indicada como um ob7ectivo a considerar& 0as as ne!ocia4es do N3ncio em Lisboa no obtiveram $ito LJI & #m IJKL a Santa S* trata de delimitar as dioceses de So )om* e do Con!o para poder dar entrada aos mission8rios -ranceses atrav*s de (onas do Hol-o da Huin* no cobertas por estes 5ispados desi!nadamente no Luan!o a partir de onde desciam por terra at* ao Con!o LJ: & #m IJKN os Capuc.in.os italianos encontraram uma nova via mais di-,cil mas livre para atin!irem o seu campo de misso& %ortu!al * a-astado o campo est8 livre @a 1uem 1ueira e$ercitar o seu (eloA& /s capuc.in.os diri!em2se para La Roc.elle Saint 0alo em Nantes e a, embarcam em navios -ranceses 1ue os condu(em at* ao Luan!o LJR & Da, at* ao Con!o os mission8rios precisavam -a(er uma via!em penosa em 1ue muitos pereciam& 0as a verdade * 1ue estando a via tradicional de acesso completamente -ec.ada so os pr"prios representantes do rei do Con!o 1ue se diri!em ao Luan!o em busca dos mission8rios 1ue -altavam 1uele reino& %erante uma cristandade avaliada em I;; ;;; almas os capuc.in.os -ranceses pedem autori(ao Santa S* para poderem embarcar dois reli!iosos em cada navio para se!uirem com os italianos para a costa norte de 'n!ola LJ^ & / superior das miss4es -rancesas do Luan!o dese7ava muito poder estender a sua aco ao Con!o mas a autori(ao de Roma no c.e!ou& Nantes -oi durante estes anos centro da pre-eitura do Con!o e 'n!ola& ', se ensinava o portu!us visto se recon.ecer 1ue esta era a l,n!ua de 1ue deviam servir2se os mission8rios na1uela re!io LJL & #m IJJK 1uando o rei D& 9os* estava 78 perto da morte a correspondncia entre a Con!re!ao da Propaganda 7idei em Roma e os N3ncios em Frana e em Lisboa denota 78 os preparativos para -a(er re!ressar a pre-eitura da misso do Con!o e 'n!ola a Lisboa V@a mudana do rei e do ministroA LJK W& +nsiste2se na maior -acilidade de aprender a l,n!ua portu!uesa em Lisboa e de se encontrarem navios com mais -re1uncia transporte mais r8pido e via!em mais se!ura por terra de Luanda at* ao Con!o LJJ & LJI 'SC%F /3CM 'cta de 9un.o de IJKL Livro L -l& R;L a RIOv& LJ: "dem 'cta de IJ de 9ul.o de IJKL Livro IRL -ls& IO:2IO:v& LJR 'SC%F SRCH Livro L -ls& RK^2RK^v K de Novembro de IJJL& LJ^ "dem "bidem -ls& RK;2RK:v :L de 'bril de IJKL& LJL "dem "bidem -ls& ^;;2^;;v II de /utubro de IJJK& LJK "dem "bidem -l&^II2^I: :: de 'bril de IJJJ& LJJ "dem "bidem -ls& ^;J2^;Jv O de De(embro de IJJK& ..................... 215 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0as a recuperao do esp,rito mission8rio seria casu,stica e breve por parte da1ueles a 1uem cabia viabili(ar a aco mission8ria& 's disputas entre o bispo e o per-eito da misso dos Capucn.in.os eram constantes& 's ordens do primeiro contradi(iam as do se!undo os seculares a-irmavam 1ue @o 5ispo pode na sua diocese como %apa na +!re7aA LJN & / 5ispo contrariava a instalao de um Hosp,cio de Capuc.in.os& /s .omens com uma mentalidade contr8ria s ordens reli!iosas -oram sendo substitu,dos& 'ssim em IJNR o novo 5ispo de 'n!ola Frei 'le$andre da Sa!rada Fam,lia parte de Lisboa @muito recomendado para conservar a boa .armonia com os mission8riosA LJO & 0as em IJO; Frei 5ernardo de Cannecattim denunciava a mesma situao tensa entre o 5ispo e a misso LN; & ' seculari(ao da evan!eli(ao dos espaos coloniais mantin.a2se com poucas e$cep4es& 'o inv*s das miss4es e$istiam par"1uias maneira europeia& /s reli!iosos ento e$istentes em 'n!ola limitavam2se a al!uns Carmelitas Descalos e Franciscanos da primeira e terceira re!ras& / clero secular tamb*m era diminuto& / Cabido da S* de Luanda encontrava2se relativamente incompleto& ` e$pulso dos 7esu,tas e recusa das miss4es re!ulares dos capuc.in.os somavam2se as miss4es do clero secular praticamente desactivadas e um clero diocesano cu7a -ormao estava comprometida pelo encerramento do col*!io dos 7esu,tas em Luanda LNI & ' verdade * 1ue at* IJK; a -ormao do clero local se -a(ia no Col*!io dos 7esu,tas o 3nico estabelecimento secund8rio e$istente na cidade de Luanda& 'pesar de todas as tentativas nunca c.e!ou a eri!ir2se semin8rio LN: & 'l*m do curso de .umanidades 1ue podia ser -re1uentado por todos os 7ovens 1ue 1uisessem instruir2se tamb*m -uncionava a, uma cadeira de casos ou teolo!ia moral a ser -re1uentada pelos 1ue 1ueriam ordenar2se sacerdotes& / clero diocesano era pouco instru,do& ' subst<ncia social deste clero colocava perple$idades& / problema da ordenao do clero secular local ou se7a da ordenao dos -il.os ile!,timos de brancos e pretos os oli$atri tal como so desi!nados na documentao da Propaganda 7idei com vista ao provimento das par"1uias na vasta LJN "dem Livro K -ls& J2I;v Cartas do %er-eito 5oaventura do 5ispo e do N3ncio em Lisboa entre N de /utubro de IJN; e 'bril de IJNI& LJO "dem "bidem -ls& RI2RIv II de 0aio de IJNR& LN; "dem "bidem -l& LI2L: IJO;& LNI / col*!io do Con!o -oi de-initivamente -ec.ado em IKJL I; anos depois da batal.a com o Demdo 'mbuila V0b\ilaW& LN: #m IKN^ o rei D& %edro pcs a .ip"tese de a, -undar um semin8rio& ..................... 216 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola diocese de 'n!ola e Con!o colocava2se de -orma sistem8tica desde o s*culo G6++ LNR & %or isso numerosos -oram os con-litos deste clero com os mission8rios capuc.in.os e com os pr"prios 7esu,tas& / pr"prio Sousa Coutin.o apesar de considerar 1ue o munus espiritual de 'n!ola deveria caber ao clero paro1uial no dei$ava de recon.ecer ser necess8ria a converso dos maus e in3teis p8rocos em bons e s8bios reli!iosos V&&&&WA ' medida 1ue poderia ter posto em pr8tica a -ormao de um clero diocesano sur!iu em IJKI& Nesse ano uma Carta r*!ia V:; de NovembroW mandava converter a i!re7a dos 7esu,tas em S* episcopal com toda a prata ornamentos etc& ' parte principal do col*!io de 9esus passaria a servir de residncia aos bispos e a outra seria da, por diante o semin8rio dos moos naturais de 'n!ola& %ara isto o 5ispo deveria solicitar a Roma o benepl8cito apost"lico& %or*m o processo de trans-erncia destes bens -oi particularmente lento& #ste ser8 tamb*m um per,odo de S* va!ante& #ntre IJK: e IJJ: no .8 bispo& )rata2 se de uma vacatura de I; anos& S" no ano de IJJ: c.e!a o dominicano Frei Lu,s da 'nunciao '(evedo na compan.ia do novo !overnador 'nt"nio de Lencastre e s" em IJJN a1uele bispo toma posse 7ur,dica do anti!o col*!io e da i!re7a dos 7esu,tas para -inalmente l.es dar o destino 1ue .avia sido determinado por lei& )amb*m as al-aias e os paramentos 1ue ornamentavam a i!re7a l.e -oram entre!ues pela Fa(enda onde entretanto tin.am -icado ap"s a sa,da dos re!ulares da Compan.ia& 0as 78 nesta data da entre!a estava tudo muito arruinado pelo abandono em 1ue entretanto permanecera& ' S* nunca se c.e!ou a ser trans-erida& / Col*!io -oi dei$ado ru,na e o semin8rio sem concreti(ao& #m IJK: em resultado da carta r*!ia do ano anterior -oi inclusivamente desen.ada uma planta do mesmo col*!io onde * bem vis,vel a opulncia do edi-,cio V$ide Hrav& LW& Com o encerramento do Col*!io dos 7esu,tas -ec.ou2se a 3nica escola de estudos re!ulares de Luanda& ' preparao para o sacerd"cio passou a ser -eita apenas com al!umas lu(es de latim j -oi criada uma aula p3blica desta cadeira mas com pouca -re1uncia j de canto c.o e de casos de moral e esteve a car!o dos pouco -rades carmelitas e capuc.in.os 1ue restavam em Luanda& LNR ' ordenao de clero a-ricano ne!ro ou mestio estava autori(ada pela Santa S* desde ILIN desde 1ue tivesse lu!ar no reino& 0ais tarde com a -undao em ILR; das dioceses a-ricanas de Cabo 6erde e So )om* se!uidas em ILOK pela diocese do Con!o 'n!ola a ordenao do clero local preparado em X-rica dependia do munus episcopal na sede das dioceses primeiro proposto a Lisboa mais tarde autonomamente& C-& 0aria #m,lia 0adeira Santos @X-ricaA &icion'rio&&& pp& :I2:L& ..................... 217 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %or tudo o 1ue atr8s e$pus se compreende 1ue em IJJN no reinado de D& 0aria + 1uando o ministro 0artin.o de 0elo e Castro ordenou se -i(esse uma relao do estado da +!re7a em 'n!ola o retrato 1ue nos -ica se7a 1uase -antasma!"rico no s" em relao s miss4es mas tamb*m ao clero secular esse alternativa v8lida na 1ual apostara o consulado pombalino para travar a preponder<ncia das ordens re!ulares %elo ?uadro nQ I: se pode ver 1ue no reino de 'n!ola e$istia um total de :O i!re7as e apenas K padres& 0as deve -a(er2se notar 1ue estes K padres o-iciavam (onas de presena mais anti!a como se7am Luanda So Salvador do Con!o %edras de %un!o 'ndon!o 'mbaca e Dande& 'cresce 1ue O dos templos estavam praticamente destru,dos& No reino de 5en!uela em II par"1uias todas elas institu,das na se1uncia da -undao das povoa4es em torno da con1uista de Novo Redondo o-iciavam apenas dois p8rocos um na Hu,la V'lva NovaW outro no 5ailundo VNova Hole!W& / 1ue si!ni-ica em IJJN um panorama desastroso& 6inte anos mais tarde em IJON o capito2mor de ?uilen!ues re-eria 1ue no .avia ali sacerdote embora para tempos mais recuados 1ue ele no c.e!a a ser capa( de identi-icar se col.esse not,cia da sua e$istncia& Com a i!re7a arruinada as al-aias Vima!ens e ornamentosW .aviam sido remetidas a 5en!uela e os livros de assentos de baptismo casamentos ou "bitos restitu,dos +!re7a de 5en!uela& Sempre 1ue al!u*m 1ueria bapti(ar e casar os seus -il.os diri!ia2se +!re7a de 5en!uela& / 1ue restava da estrutura paro1uial era portanto 1uase nada LN^ & #m IJN; a X-rica est8 abandonada pela Propaganda 7idei& Nas 'ctas da Propaganda 7idei deste ano no .8 re-erncia al!umaY apenas um capuc.in.o para S& )om* sem 1ual1uer coment8rio LNL & ' carta de 9oa1uim 0anuel Harcia de Castro 5arbosa /uvidor !eral de 'n!ola diri!ida a 0artin.o de 0elo e Castro em IJN: * por si uma le!enda apropriada aos 1uadros I: e IR sobre o estado da i!re7a em 'n!ola LNK & ', se a-irma o estado de ru,na e decadncia em 1ue estavam as i!re7as do reino de 'n!ola e a -alta de ministros do LN^ Relao dos moradores &&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HH5 R9 Not,cias de 5en!uela e seus destritos -l& ^; e ss& LNL 'SC%F Acta Livro IL; -l& I^L :J de Novembro de IJN;& LNK 'HU C$& KL Doc& N IN2;^ IJN:& ..................... 218 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #van!el.o& De tal maneira 1ue dentro de pouco tempo no .averia condi4es para ali manter o culto divino& E/#(&" 1$- I+&)9# (" R)i'" () A'+"4# (1778) Cidade de +uanda Catedral Freguesia da Praia Nossa Senhora da Concei!o Nossa Senhora dos Remdios 4 "adre nt&nio Rodrigues da Costa 4 Padre Vasco Nunes de ta1de Pedras de Pungo ndongo Nossa Senhora do Ros2rio Frei Bernardo do Ros2rio m'aca N. S. da ssun!o Pe. $os +eit!o Ri'eiro Encoge S!o $os vaga Cam'am'e Nossa senhora do Ros2rio Vaga #assangano Nossa Senhora da Vitoria S. Benedito de Palermo Vaga vaga e destru1da #u:ima S!o Caetano Nossa Senhora da Concei!o Vaga vaga E/#'(&" 1: - I+&)9# (# MiF) (" C46&i+" S),/4#&) (1778) +ucam'a S!o $oa,uim Nossa Senhora do Desterro vaga /ui:oto Santo nt&nio vaga /ui'an-e S!o Bartolomeu vaga %am'a Nossa Senhora da Concei!o vaga .angala Santa na vaga e destru1da /uisecle Nossa Senhora das +2grimas vaga e destru1da 4eiras S!o $o!o vaga Carinda S!o $os vagante 3colo S!o $o!o Ba"tista vaga %alamatum'o NB SB do +ivramento vaga Chocolo Nossa Senhora do Desterro vaga e destru1da /uicongua Santa na vaga e destru1da /uilengues S!o $o!o vaga e destru1da /uilam'o Santa na vaga e destru1da Dande S!o $o!o Pe #anuel .omes dos Reis +i'ongo S!o $o!o Ba"tista vaga e destru1da 3cau 5555555555555 vaga e destru1da 3lha da Ca-anga 5555555555555 Congo S!o Salvador Pe Rodrigo Pereira ..................... 219 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola $a,ues vaga e destru1da E/#(&" 1< - I+&)9# (" R)i'" () >)'+/)4# (1778) Cidade de Benguela S!o Fili"e Nossa Senhora do Po"ulo Prov1ncias Povoaes 4ragos P2rocos Caconda5Nova Contins N.S. da Concei!o* S. $os vaga +uce,ue Sar-edas S. Francisco de ssis e Santo nt&nio vaga .un-a5Ca'olo Novo Redondo N.S. da Concei!o e Santo nt&nio vaga .alangue5 .rande +inhares Santa nma e S. Francisco de Paula vaga /ui"eio Pao de Sousa N. S. #!e dos 0omens e S!o .oar vaga 0u1la lva Nova N. S. Das +2grimas P. Ro,ue Vieira de +ima 3nvagando Bor'a Santa $usta* Santa Ru)ina vaga /uilengues Salvaterra de #agos N.S. dos Remdios e S. $o!o Ne"omoceno Vaga Bi marante N.S. do Desterro e S!o .onalo vaga Bailundo Nova .oleg! S!o $os P. Fructuoso $os 4liveira Rosales /uitata Vila Viosa N.S. das Dores e Santa na vaga E/#(&" 15 - MiF) (" R)+/4#&) '" R)i'" () A'+"4# (1778) Padres Carmelitas Descalos Cidade de +uanda Nossa Senhora do Carmo ; religiosos e 8 leigo Bango ,uitam'a Padres %erceiros de Santo nt&nio Cidade de +uanda S. $os Com ? religiosas Calum'o 5555555555555555555555555555555555555 8 religioso Padres Ca"uchinhos 3talianos Cidade de +uanda Santo nt&nio ? religiosas e 8 leigo Bengo 555555555555555555555555555555555555 vaga #assangano 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Cahenda 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada m'uela 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Sonho 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Congo 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Encao 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Bam'a 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada Bam'a +o'ota 555555555555555555555555555555555555 vaga e arruinada De I^ miss4es con.ecidas apenas 1uatro continuavam providas& 's miss4es no interior estavam praticamente todas des!uarnecidas e arruinadas& ..................... 220 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 's esperanas postas pela Propaganda 7idei no a-astamento do 0ar1us de %ombal revelaram2se de al!uma -orma 7usti-icadas& No ano imediatamente a se!uir e para responder ao estado lastimoso da obra mission8ria -oi -eito um pedido aos bispos da 0etr"pole sob a -orma de carta circular para indicarem al!uns reli!iosos volunt8rios destinados s miss4es diocesanas& /r!ani(ou2se uma !rande misso composta por IN mission8rios de di-erentes ordens e de um sacerdote secular ne!ro 1ue -oram distribu,dos pelas v8rias par"1uias do serto an!olano LNJ & %or*m estes mission8rios revelaram2se insu-icientes& /s mission8rios no c.e!avam& %reenc.eram parte das par"1uias mas -icou metade ainda va!a& ' maioria das par"1uias estava 1uase e$tinta e muitas delas mortas& 0as -oi tamb*m neste ano 1ue 0artin.o de 0elo e Castro autori(ou a passa!em de N mission8rios capuc.in.os italianos entre eles 5ernardo de Cannecatim& #stes mission8rios depararam tamb*m com !randes contrariedades& / 5ispo de Luanda 1uis submet2los sua autoridade e no permitiu o envio de padres capuc.in.os ao Soio e ao Con!o onde estes eram esperados& 'pesar disso 5ernardo de Cannecatim per-eito da misso do Con!o e 'n!ola entre IJO:2IJOL reside em 'n!ola durante :: anos desenvolvendo uma importante obra& Re!ressa a Lisboa em IN;I& %ara al*m das -un4es de per-eito missionou no 5en!o onde reconstruiu a i!re7a e o .osp,cio& Compcs o &icion'rio de (Wngua 1unda ou Angolense e+plicada na Portuguesa e na (atina VIN;^W e ainda a Collec#o de Obser$a#Kes Mramaticais sobre a (Wngua 1unda ou Angolense dedicado Rain.a D& 0aria com sua permisso VIN;LW LNN & #mbora di-icultando o acesso dos capuc.in.os italianos ao interior o !overno de Lisboa no dei$ou de corresponder ao pedido do rei do Con!o D& 9os* + de X!ua Rosada& No mesmo ano de IJJN trs reli!iosos portu!ueses e um padre secular ne!ro nascido no 5rasil o %adre 'ndr* Hodin.o -oram enviados de Lisboa para 'n!ola& VUma ve( em Luanda partiram desta cidade em : de '!osto de IJN; c.e!ando a S& Salvador em R; de Setembro de IJNIW& LNJ /-,cio de 0artin.o de 0elo e Castro para o 'rcebispo de 5ra!a e todos os bispos do reino IJ de 9un.o de IJJN 'HU C$ KI Doc& II;& LNN ' Con!re!ao recomendava ao per-eito 1ue -i(esse mel.orar a educao do pr,ncipe do Con!o e recon.ecia a utilidade do Dicion8rio e da Hram8tica da l,n!ua 5unda& C-& 'SC%F SRCH Livro K -l& ILK2 ILJv e -l& IJR2IJ^v IL de 0aio de IN;^& Sobre as 1uest4es li!adas ao uso pol,tico da l,n!ua $ide I:&I&R&W ..................... 221 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m IJOK en1uanto a situao de abandono se arrastava por parte de %ortu!al e da pr"pria Con!re!ao c.e!a 1uela um sinal da rain.a D& 0aria& / encarre!ado dos ne!"cios de %ortu!al em Roma -a(ia saber 1ue a Rain.a dese7ava se!uir os passos dos seus antecessores na propa!anda da -* cat"lica entre as na4es in-i*is& %edia I: capuc.in.os para os poder e$pedir para os reinos do Con!o e 'n!ola& 0as a situao ia2se a!ravando cada ve( mais& / !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo in-ormava em IJON sobre a sa,da de mission8rios e a -alta de eclesi8sticos na cidade de Luanda e nos pres,dios do interior& No -im do s*culo G6+++ a assistncia reli!iosa em 'n!ola era representada apenas por :K sacerdotes seculares e IR reli!iosos VR capuc.in.os italianos L carmelitas descalos e L terceiros -ranciscanosW& Um relat"rio o-icial datado de IJOO d82nos uma panor<mica ob7ectiva do estado da i!re7a em 'n!ola muito especialmente sobre as par"1uias do serto& Das RR par"1uias ac.avam2se va!as e sem pastor :L LNO & 's conse1uncias desta situao re-lectiam2se nas i!re7as do interior 1ue sendo na sua maior parte -abricadas de taipa ou pau a pi1ue cobertas de pal.a e muitas ve(es um s" alpendre ou ramada se arruinaram 1uando l.es -altou p8roco 1ue cuidasse da sua conservao& %or isso muitas das i!re7as sem p8roco -oram2se de!radando -icando em risco de desaparecerem completamente& Recon.ecia2se 1ue s par"1uias do serto deviam ser con-eridas mel.ores condi4es& 'ssim os p8rocos viam subir a sua ccn!rua para I;;w;;; reis en1uanto -8brica de cada par"1uia se atribu,am :;w;;; r*is anuais LO; & #m resumo sob o ponto de vista da assistncia espiritual a e$pulso dos 7esu,tas inscreve2se numa lon!a crise crise essa 1ue est8 em curso ao lon!o de todo o s*culo G6+++ e se prolon!a pelo s*culo G+G& Nos ,ndices da Propaganda 7idei no volume correspondente aos anos de IJO: a IN:O aparece apenas uma re-erncia a 'n!ola& No volume de INR; a INK; as re-erncias X-rica crescem rapidamente mas a!ora os bispados de Cabo 6erde So )om* e de 'n!ola dei$am de ter 7urisdio sobre as 8reas do LNO "dem "bidem p& K;& LO; / alvar8 de R; de 9ul.o de IJOR 1ue concedia aos bispos a capacidade para instituir e aprovar os p8rocos desencadear8 desentendimentos entre o 5ispo e Frei Cannectim em torno da tutela da par"1uia do 5en!o o primeiro reivindicava2a para a Diocese e o se!undo para o %er-eito dos Capuc.in.os& Reunida uma 9unta de te"lo!os e 7uristas conclu,a2se 1ue os %8rocos Re!ulares de 1ual1uer /rdem s" podiam servir as suas +!re7as e e$ercitar as -un4es paro1uiais depois da instituio e aprovao dos 5ispos Diocesanos& ' determinao da Con!re!ao da %ropa!ada Fidei datada de :: de 9aneiro de IJN^ 78 .avia estabelecido 1ue todos e 1uais1uer mission8rios capuc.in.os e seus per-eitos 1ue se ac.assem nas )erras e Dom,nios de %ortu!al -ossem inteiramente su7eitos aos 5ispos& 'li8s a corte de Lisboa s" permitia 1ue estes mission8rios capuc.in.os se!uissem para o Ultramar mediante autori(ao da Secretaria de #stado competente& %rocesso de Frei 5ernardo de Cannecatim contra o 5ispo de 'n!ola IJOK2IN;I 'HU C$& N^ Doc& I:;& ..................... 222 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola continente em 1ue as miss4es -rancesas estavam a avanar tais como a Sene!ambia o 5enim e Luan!o LOI & #m 'n!ola -oi a Con!re!ao do #sp,rito Santo diri!ida por mission8rios -ranceses a retomar a evan!eli(ao apesar de al!uma resistncia das autoridades portu!uesas& %or -im parece pertinente propor uma via complementar leitura at* a1ui apresentada 1ue a ser considerada em termos absolutos peca por considerar apenas o lado de c8& %arece pertinente como .ip"tese de trabal.o procurar uma aborda!em 1ue se7a capa( de considerar a @relao do /cidente com os outros culturaisA LO: & 's -ormas de comunicao entre a matri( veiculada pelo discurso colonial Vse7a ele o discurso eclesi8stico ou o laicoW e a matri( 1ue est8 sub7acente s estruturas a-ricanas tradicionais j por1ue estas so o interlocutor @o lado de l8A e ao mesmo tempo o meio atrav*s do 1ual a aco colonial se veri-ica j pode condu(ir ao entendimento de mecanismos de resistncia oposio mas tamb*m de reconverso de parte a parte de elementos e$"!enos em obedincia l"!ica de cada um dos processos& / 1ue 1uero di(er com isto * 1ue o decr*scimo abrupto de e-ectivos eclesi8sticos e$i!e uma inda!ao das cristandades ou o 1ue delas restava para o interior no c.amado reino de 'n!ola e no Reino do 5en!uela abandonadas como estavam a si mesmas& Sabemos 1ue apesar de todas as contrariedades os capuc.in.os italianos nunca .aviam dei$ado de e$ercer o seu minist*rio na 8rea& Do not,cia dessa situao os %adres enviados pela Propaganda 7idei 1ue atin!iam o Con!o a partir do Luan!o& Durante o ano de via!em 1ue levavam at* capital do Reino do Con!o tin.am oportunidade de observar o resultado do trabal.o dos seus antecessores& ` sua passa!em !rupos de cate1ui(ados saudavam2nos em procisso cantavam litanias e recitavam o catecismo em l,n!ua 1uicon!o LOR & / pr"prio 5aro de 0oamedes se surpreendia pelo -acto de no Son!o Cabo %adro e =aire @aparecerem uns ne!ros 1ue cantavam na sua l,n!ua V1uicon!oW a Salvao 'n!*licaA& Recon.ece 1ue estas so marcas LOI 'SC%F Cndices das 'ctas SRCH dos anos de IJO:2IN:O e INR;2INK;& LO: #& Said Cultura e "mperialismo So %aulo Compan.ia das Letras IOOO p&:^L& LOR /s reis do Con!o es-oraram2se para 1ue a partir de ento no se 1uebrasse a assistncia ao seu pa,s& %ara isso contribuiu muito D& Harcia 6 um X!ua Rosada do 0onte Diban!o 1ue era descendente do rei '-onso + e reinou lon!os anos at* sua morte em INR;& #ste rei manteve rela4es epistolares com os !overnadores de Luanda e as autoridades reli!iosas& Suplicava o envio de mission8rios& Na verdade o Con!o c.e!ou situao de no ter um 3nico mission8rio entre IN;R2INI^ ano em 1ue c.e!aram os %adres Lui!i 0aria dU'ssisi #u!*nio da Firen(e e o irmo #lia da )orino& / primeiro desempen.ou o car!o de per-eito da misso e enviou ao seu antecessor 5ernardo de Cannecatim ento superior do convento dos Capuc.in.os em Lisboa um relat"rio muito pormenori(ado sobre o estado em 1ue se encontrava a misso& C-& 0&#& 0& Santos @'n!olaA Dicion8rio&&&& p& K;& ..................... 223 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola da evan!eli(ao anti!a e 1ue estas eram mani-esta4es da reli!io cat"lica devidas aco dos Capuc.in.os LO^ & )amb*m Frei 5oaventura de Ceriano e$2per-eito da misso se re-eria em IJO^ aos ne!ros do =aire 1ue @depois de IN anos sem %adre do bons sinais da sua piedadeA LOL & 98 o contraste entre os dois !randes espaos de coloni(ao j 'n!ola e 5en!uela j e o respectivo !rau de cristiani(ao *2nos dado de -orma e$emplar numa in-ormao do !overnador de 5en!uela datada de IJNI onde re-ere no sul a 8rea de ocupao mais tardia @V&&&W os sobas esto muito mal criados tm pouca ou nen.uma obedincia no cumprem as ordens 1ue se ll.e manda e eles so todos pa!os V&&&WA en1uanto os sobas do Reino de 'n!ola @V&&&W so todos bapti(ados e muito dom*sticos como os pr8ticos me di(em V&&&WA LOK & # de -acto sabemos 1ue no serto do reino de 'n!ola e$istiam comunidades 1ue tendo sido cristiani(adas no s*culo G6++ Vv&!& G6++ o baptismo da Rain.a Hin!a documentado e divul!ado para a #uropa por Cava((i e 1ue veio a inspirar Casti!lioni 78 no s*culo G6+++ na sua obra Minga 3eine de 4atamba LOJ W se encarre!avam de conservar e reprodu(ir ensinamentos& #m certas re!i4es a repetio de al!umas cerim"nias de ori!em crist e at* o uso da escrita mantm2se dando ori!em as -ormas de recepo e apropriao das pr8ticas e do discurso reli!iosos& No posso dei$ar de re-erir a este prop"sito a especi-icidade do Nordeste de 'n!ola e mais concretamente a 8rea !eo!r8-ica ocupada pelos Dembos& #sta * uma (ona de anti!a penetrao dos mission8riosY ve7a2se a 0isso dos capuc.in.os de Ca.enda em 'mbaca 1ue data do s*culo G6++ ou a misso de 5an!o '1uitamba ainda activa no -inal do s*culo G6+++ se bem 1ue apenas com um s" mission8rio em IJJNY e ainda durante o consulado do 0ar1us de %ombal os capuc.in.os nunca dei$aram de ali c.e!ar mesmo 1ue se!uindo o camin.o do Con!o& '1ui se situavam !randes potentados vassalos do Reino do Con!o num tempo anterior ao s*culo G6+ e 1ue durante o s*culo G6++ depois de IKIK vieram a tornar2se vassalos do rei de %ortu!al mediante a celebrao e assinatura de tratados de vassala!em& #sse contacto LO^ 'SC%F SRCH -ls& RJ2RNv Livro K I de De(embro de IJNL& LOL "dem "bidem -l& NI2OI :O de 0aio de IJO^& LOK Relat"rio de 'nt"nio 9os* %imentel Castro de 0es1uita Hovernador de 5en!uela :; de 9ul.o de IJNI 'HU C$& K^ Doc& RL& LOJ 9&2L& Casti!lioni aing-a, 3eine d* Angola .istoire Africaine", %aris HanBmede IOOR passim& ..................... 224 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola continuo e plurissecular com o Con!o mais o !overno de Luanda asse!urava uma rede activa de rela4es pol,ticas e culturais sustentada por embai$adas ou simples mensa!eiros 1ue pelo @Camin.o do Con!oA e peloAcamin.o de LuandaA !arantiam a sobrevivncia de -ormas de cristianismo 2 mesmo 1ue essas -ormas -ossem usadas apenas protocolarmente como -"rmula ou inte!radas nos s,mbolos locais e postas ao seu servio LON & ' presena residual da missionao atrav*s de -en"menos de inte!rao de s,mbolos no report"rio de re-erncias locais li!adas ima!em do poder podem encontrar2 se em -ontes 7udiciais& /s processos indicam muitas ve(es testemun.as ou r*us 1ue sendo sobas ou portadores de um t,tulo tradicional usavam tra7es eclesi8sticos como -orma de distino& Um e$emplo col.e2se em IJJ^ 1uando ao r*u 5elc.ior Domin!os 0artins estando preso em Luanda em tra7es de secular l.e -oi per!untado 1ual era o seu estado se tin.a al!umas ordens privil*!io ou iseno eclesi8stico e respondeu 1ue era casado 1ue no tin.a ordens nem privil*!ios eclesi8sticos mas 1ue tin.a sido 0ar1us do 0ossul LOO & Uma das cl8usulas dos tratados de vassala!em re-eria2se ao se!uimento da -* cristY os pr"prios 7uramentos 1ue -irmavam estas alianas pol,ticas e a sua renovao peri"dica procedimento 1ue nunca dei$ou de se reali(ar neste per,odo recorriam presena material da 5,blia sobre o 1ual o -uturo vassalo colocava as mos e di(ia as palavras do compromisso& ' alimentao dos canais da vassala!em supun.a 1ue essa mensa!em continuasse a passar& #m IJJR o !overnador de 'n!ola D& 'nt"nio de Lencastre enderea uma carta ao Dembo Caculo Caca.enda D& %aulo Sebastio Francisco C.e1ue acerca de uma aliana para atacar inimi!os comunsY incitava2o a continuar na reli!io de Cristo da 1ual receberia principal amparo para a !uerra tudo dependendo da maneira e uno como LON No posso dei$ar de re-erir tamb*m 1ue o papel dos mission8rios 7unto dos potentados a-ricanos remete no s" para problemas de evan!eli(ao mas tamb*m para sua aco pol,tica e diplom8tica& 'trav*s deles o poder pol,tico colonial desenvolvia ac4es diplom8ticas e reiterava compromissos pol,ticos& %or isso o interesse em enviar para 'n!ola mission8rios passa tamb*m por a,& Da, 1ue o !overnador de 5en!uela em IJNI depositasse muitas esperanas na vinda dos mission8rios e -i(esse para isso um dia!n"stico da situaoE @%ara atrair fos poderes a-ricanosg V&&&W os meios de 1ue sempre nos servimos -oram repetidos presentes de a!uardente -a(endas da costa e outros !*neros semel.antes introdu(idos pelos nossos mission8rios en1uanto os tivermos capa(es de propa!ar o #van!el.o e atrair ao mesmo tempo a1uelas na4es nossa su7eio e Dom,nios como -oram por muitos anos os .abitantes do Reino do Con!oY # presentemente 1ue Sua 0a7estade manda para 'n!ola a 1uantidade de mission8rios escol.idos 1ue se ac.a pronta a partir deles se devem destinar os 1ue parecerem necess8rios para passar ao dito Reino do Con!o em Compan.ia do %adre 'ndr* Hodin.o levando instru4es para 1ue pusesse o %ontentado do Son.o sob a su7eio portu!us ou pelo menos con-iante da ami(ade portu!uesa V&&&WA& Relat"rio IJNI 'HU C$& K^ Doc& K:& LOO 'HU C$& L; Doc& LY RI de 0aio de IJJ^& ..................... 225 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pedisse a proteco a Deus e a sua me 0aria Sant,ssima medianeira de todos os Santos com 1uem o triun-o seria certoA K;; & ' pr"pria desi!nao pol,tica do territ"rio a-ricano pelos a-ricanos considerava e apropriava as re-erncias cristsE a t,tulo de e$emplo re-iro 1ue as !randes 5an(as dos Dembos eram todas desi!nadas pelo nome dos santos protectoresE 5an(a de Santo 'nt"nio 5an(a de S& Sebastio& ' sobrevivncia do cristianismo est8 documentada nas -ontes end"!enas e * re-erenciada pelos via7antes 78 no -inal do s*culo G+G em re!i4es muitas ve(es sem misso e sem sacerdotes .8 d*cadas e por isso caber8 saber 1ue processos 1ue mem"rias localmente se produ(iram e com 1ue conse1uncias& No distante Cassan7e VQasanNeW limite da comunicao re!ular comercial e administrativa as popula4es deram o nome de aJmbi aos cruci-i$os 1ue o com*rcio para l8 -oi levando& %ara eles o aJmbi si!ni-icava um poder sobrenatural 1ue tem a capacidade de ver e ouvir os .omens e 1ue tem a sua morada @l8 em cimaA& Constru,a2se em al!umas ban(as uma pe1uena casa semel.ana das 1ue se dedicavam aos antepassados ou outras entidades sobrenaturais onde na parede do -undo sobre baeta encarnada penduravam o cruci-i$o ou aJmbi e as estampas de papel com ima!ens de santos tudo isto reservado e tapado .abitualmente& / cruci-i$o * re-erido muitas ve(es como aJmbi de 4uene Puto e pode di(er2se 1ue est8 pr"$imo das -amba 1ue 1uando -i!uram representa4es antropom"r-icas so desi!nadas na l,n!ua 1uioca por kapon5a K;I & So a1uilo a 1ue os mission8rios c.amavam ,dolos e 1ue ironicamente vo incluir o cruci-i$o& / 0uati<nvua da Lunda no s" tin.a !uardado muitos cruci-i$os 1ue pedia aos comerciantes para l.e levarem mas entre!ava2os aos seus cacuatas Vinspectores dele!ados do +mperador 1ue visitavam re!ularmente as v8rias prov,nciasW 1uando os mandava a uma dili!ncia distante para 1ue -ossem bem sucedidos& No espao reservado ao aJmbi os di!nit8rios da Lunda colocavam um prato de pemba K;: & Levavam re!ularmente pemba passavam ali o dia comendo e tocando marimbas para -a(er a -esta em .onra do aJmbi& / !uardio deste local c.amava2se uana mundele !uarda do branco& / primeiro embai$ador colonial ao 0uanti<nvua Rodri!ues Hraa 1ue ali c.e!ou em IN^K levou K;; Documento publicado por 'nt"nio de 'lmeida 3ela#Kes com os dembosP pp& ^I2^:& K;I 0& #& 0& Santos @Rituels et Commerce lon!ue distance en 'n!ola& s*conde moiti* du G+GSme siScleA )os Camin-os&&& p& :NJ2:NN& K;: 'ssis 93nior &icion'riop& RLLE pemba * uma subst<ncia ar!ilosa branca usada nos e$orcismos e $in!uilamentosY caolinoY esp*cie de !essoY karia pemba 0a-arrico Satana( 'n7o 0auY 0iller VPoder PolWticoP p& :ON @p" de ar!ila branca distribu,do pelos c.e-es de lin.a!em 4bundu s suas sobrin.as Vmembros -emininos das suas lin.a!ensW&A ..................... 226 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola como presentes muito apreciados al!uns cruci-i$os 1ue lo!o -oram colocados no espao sa!rado K;R & #sta era 78 uma reproduo aut"noma de uma crena reli!iosa 1ue no c.ocava com a dos a-ricanos e at* podia coe$istir 1uando no controlada pela presena dos mission8rios& ' rede eclesi8stica * !*mea da rede de povoa4es na sua distribuio mas tamb*m na maneira como de envolve nas sociedades a-ricanas e se dei$a tomar por elas& 7.?. R"-3)& # L5&i,#* i'%)+&#& " '(i," )oda a problem8tica da interiori(ao do povoamento se articula a uma outra prioridade 1ue * a da li!ao entre as duas costas de X-rica& 6inculada aos bril.os do Cndico emer!e a 1uesto sempre retomada da possibilidade da li!ao terrestre entre a costa /cidental da X-rica e a costa /riental da X-rica a 1ue corresponde a tentativa secular de pcr em comunicao as duas costas de X-rica com o -im de inte!rar a X-rica 'ustral Vo ei$o de 'n!ola at* 0oambi1ueW no circuito do Cndico& / pro7ecto 1ue visava a partir de 'n!ola inserir as duas col"nias nas din<micas do #stado da Cndia -oi encarado em v8rios per,odos da .ist"ria de 'n!ola& #lias 'le$andre da Silva Corra considera o tema na sua .ist"ria de 'n!ola -a(endo2o remontar ao !overnador 0anuel %ereira For7a( 1ue manda descobrir essa comunicao cerca de IK;K& No sem dei$ar de lado um e$erc,cio cr,tico sobre a1uilo 1ue considerava ser @mania 1ue ainda modernamente se tem visto in1uietar a mente de al!uns Hovernadores para -a(er comunic8vel o com*rcio e .averes 1ue laboram nos rios de SenaA K;^ & %ara o per,odo 1ue a1ui interessa -undamental * a aco do diplomata portu!us D& Lu,s da Cun.a 1ue numa carta de IJ:L ane$a s "nstru#Kes [! de IJRK com base nas conclus4es a 1ue c.e!ara o cart"!ra-o DU'nville se mani-esta -avor8vel a esse empreendimento K;L & ' ideia da travessia da costa ocidental costa oriental * retomada por K;R Henri1ue 'u!usto Dias de Carval.o ,t-nograp-ia &&& INO; pp& LIN2L:;Y Rodri!ues Hraa @#$pedio ao 0uataB<nvua T Di8rioA 1oletim da /ociedade de Meografia de (isboa Lisboa Op s*rie nQ N e O pp& ^IO2^:;& K;^ Corra vol& + p& ::I& K;L %edro de '(evedo 'nt"nio 5aio "nstru#Kes "nditas & ..................... 227 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a como -icou provado 1uando enviou Correia Leito at* ao Cuan!o para saber 7unto de Cassan7e in-orma4es sobre o interior K;K & #mbora a carta de DU'nville baseada na correcta medio da lon!itude mostrasse 1ue a verdadeira lar!ura da X-rica 'ustral e$i!iria um enorme es-oro para 7untar as duas costas por via terrestre a verdade * 1ue tamb*m demonstrava a ra(o de ser da ideia de empreender a travessia para 1ue outro poder no se entrepusesse& D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o VIJK^2 IJJ:W 78 se insere neste ar!umento e em conson<ncia de-endia tamb*m a constituio de uma compan.ia de com*rcio da X-rica /riental e Xsia para o -uncionamento da 1ual 7ul!ava ser de !rande interesse a comunicao terrestre entre as duas costas&& 's suas ideias -icam e$planadas numa documentao variada te$tos redi!idos ap"s o seu re!resso #uropa como uma mem"ria de IJJR as "nstru#Kes para o novo !overnador de 5en!uela de IJJL e a 1re$e e Xtil ideia de comrcio, na$ega#o e conquistas da Esia e da Efrica de IJJO& #mbora 7ul!asse -8cil a travessia por meio de duas e$pedi4es militares K;J partindo dos Rios de Sena e de 'n!ola ao encontro uma da outra entendia 1ue se devia recorrer apenas a meios pac,-icos e 1ue o -omento da coloni(ao branca atrav*s das povoa4es civis c.e!aria a estabelecer naturalmente essa li!ao K;N & ' povoao de Contins em Nova Caconda ocuparia uma posio privile!iada na pro7eco desse -im 78 1ue se!undo os c8lculos de Caconda at* C.ic"va e )ete apenas .averia I;; l*!uas a descobrir& ' dist<ncia parecia insi!ni-icante tendo em conta a e$perincia portu!uesa na X-rica e na 'm*rica& #sta opinio s" se pode compreender por1ue embora se con.ecesse a lon!itude das duas costas ocidental e oriental da X-rica nunca se tin.a -eito esta medio no interior& 'ssim a dist<ncia percorrida era sobreavaliada por estimativa sem poder ser corri!ida por meios cient,-icos& #sse espao deveria ento ser coberto pro!ressivamente pelo povoamento civil& Sousa Coutin.o recomendava 1ue o capito de Contins -osse avanando com as %ovoa4es -acilitasse e abrisse novos ramos de com*rcio at* encanar o do ouro de Sena& K;K @Carta de 'nt"nio Xlvares da Cun.a tratando da abertura da comunicao entre as costas oriental e ocidental da X-rica citando a mem"ria escrita por seu tio D& Lu,s da Cun.a em IJ:LA 'HU C$& RO Doc& NO ^ de De(embro de IJL^& K;J @5reve e 3til ida sobre o Commercio&&& IJJO AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& K;N Sobre a de-esa do camin.o do sul c-& Carta de F+SC para o )enente 9os* de '(evedo 0onteiro Faria em Caconda IL de 9aneiro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& IOK2IOJv in AA Luanda vol& + NQ^ Novembro IOLR Doc& 6 e vol& +++ nQ :O Novembro de IORJ pp& RNR2RNKY sobre tudo isto ver 0& #& 0& Santos 2iagens&&& pp& IJL e ss& ..................... 228 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' tentativa de inte!rao de 'n!ola no circuito da rota do Cabo dando assim lu!ar a uma complementaridade mais imediata supun.a 1ue Luanda -osse elevada a escala da carreira da Cndia& #m IJKI V'7uda IJ de NovembroW Francisco Gavier de 0endona Furtado insistia nas vanta!ens de as naus e embarca4es 1ue voltassem da Cndia /riental -a(erem escala na capital de Luanda para ali se concertarem proverem e prestarem de tudo o necess8rio& Luanda seria assim o porto mais c"modo para a sua nave!ao e permitiria a cobrana de direitos sobre as mercadorias vendidas em Luanda e transportadas nas naus da Cndia K;O & Luanda c.e!ou a -uncionar como escala da carreira da Cndia se bem 1ue a curto pra(o os inconvenientes da, decorrentes ten.am levado os !overnantes a mudar de ideias& ' verdade * 1ue com a .ip"tese de captar em Luanda as -a(endas da Cndia b as c.amadas @-a(endas de ne!roA ou panos condu(idos at* ao serto b os comerciantes e$clu,am naturalmente Lisboa dessa rota e estabeleciam uma li!ao directa entre Luanda e os portos do 5rasilE @ V&&&W por meio desse interposto se .avia estabelecido um com*rcio entre os dom,nios portu!ueses da X-rica Xsia e 'm*rica com total e$clu(o do Reino de %ortu!alA KI; & 'l*m dos tecidos os comerciantes aproveitavam para escoar atrav*s de 'n!ola outros produtos asi8ticos directamente para o 5rasil escapando al-<nde!a de Lisboa& ' li!ao directa entre as col"nias num ei$o sul/sul a-astava o Reino e com ele os tecidos produ(idos nas manu-acturas metropolitanas a partir das !randes 1uantidades de al!odo 1ue c.e!avam da 'm*rica normalmente surtidas em Lisboa com os panos da Cndia de mel.or 1ualidade e pre-eridos pelas aristocracias a-ricanas& %or carta de IO de 9un.o de IJJ: este com*rcio -oi proibido& 's naus 1ue viessem da Xsia ate So %aulo da 'ssumpo estavam impedidas de desembarcar -a(endas das 1ue eram @ pr"prias para o uso do pa,s ou 1ual1uer outraA se bem 1ue nesses navios se pudessem embarcar os !*neros da terra para serem transportados directamente a %ortu!al& )udo isto s" pode 1uerer di(er 1ue o contrabando continuava& Nos -inais do sec& G6+++ D& Rodri!o de Sousa Coutin.o secret8rio dos Ne!"cios da 0arin.a e Ultramar encarre!ava o naturalista e matem8tico Lacerda e 'lmeida VIJOJW com uma lar!a e$perincia de levantamentos carto!r8-icos nas -ronteiras do 5rasil de reali(ar a travessia a partir dos Rios de Sena e retoma a ideia de uma compan.ia de K;O FU% R2S2R2I: 'L -l& R^v2RL& KI; "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: MN: e ss&& ..................... 229 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola com*rcio para a Xsia e a X-rica KII & / 1ue est8 em causa * o pro7ecto de um novo ei$o de com*rcio Hoa/0oambi1ue/X-rica Central/'n!ola/Lisboa& ' prova disso est8 no envio 1ue D& Rodri!o -a( em IJOJ aos !overnadores de 'n!ola 0oambi1ue =amb*(ia e Cndia das c"pias do pro7ecto para 1ue dem seu parecer se recol.am 1uantas in-orma4es puderem sobre o assunto KI: & ' abertura do camin.o entre 'n!ola e 0oambi1ue -a(ia2se em -uno da se!urana do tr<nsito do com*rcio da Cndia KIR & %ortanto 'n!ola servia dois ei$os o do tr8-ico de escravos na direco da 'm*rica e o do com*rcio do /riente em articulao com o #stado da Cndia& ' li!ao ao mar indica a escravatura a li!ao terra o com*rcio do /riente& Fal.ado este empreendimento a travessia * levada a cabo por pr8ticos os %ombeiros de 'n!ola VIN;:2INI^W& 0as a 1uesto continua a ser muito discutida nos anos subse1uentes pelo !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo KI^ & ' 0em"ria de 5rant %ontes VIN;;W S>G solicitada por D& Rodri!o * disso sinal& 's in-orma4es sobre esta li!ao con7u!avam a in-ormao prestadas pelos mais anti!os .abitantes de 'n!ola -eirantes 1ue -re1uentavam o serto e todos os a-ricanos 1ue viviam no interior de 5en!uela& Ser8 preciso esperar mais oitenta anos at* 1ue Serpa %into e Capelo e +vens levem a cabo com $ito as primeiras via!ens cient,-icas de travessia do continente devidas a portu!ueses& #ste con7unto de e$emplos -a( pensar como .ip"tese de trabal.o 1ue a .ist"ria de 'n!ola poder8 tamb*m ser lida -ace s din<micas do Cndico e assim diver!ir VcomplementarmenteW em relao problem8tica dominante 1ue * a da relao com o 5rasil desde lo!o por causa do papel estruturante b dominante impositivo e assim KII Carta de RSC para 0'0 :I de 0aro de IJOJ AA vol& + nQ ^ IORL s&pp&Sobre a import<ncia da via!em de Lacerda e 'lmeida para o con.ecimento e as rela4es com o reino de Ca(embe vide +an Cunnison @Da(embe and t.e portu!uese IJON2INR:A TA. ++ + IOKI pp& KI2JK& KI: Carta de D& Rodri!o de Sousa Coutin.o ao !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo :I de 0aro de IJOJ AA Luanda vol& + nQ R /utubro IORL Doc& I& KIR No es1ueamos 1ue o troo mais di-,cil da carreira da Cndia era o Cabo da 5oa #sperana e era isso 1ue se 1ueria evitar& KI^ C-& @De Dom 0i!uel 'nt"nio de 0elo sobre a comunicao das duas costas de X-rica e acerca do plano para a -undao da Compan.ia da 'siaA N de 0aro de IN;; A A Luanda vol& I nQ ^ IORL Doc& G6++& KIL 0emoria sobre a Comunicao da costa /riental com a /cidental O de Setembro de IN;; VAA vol&I nQI IORR s&pp&W ..................... 230 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola invasivo b do tr8-ico de escravos tema incontestavelmente central da .ist"ria da coloni(ao de 'n!ola KIK & KIK Uma articulao entre o 5rasil e a Cndia tem sido ob7ecto de v8rios trabal.os desde lo!o vis,vel na rota do cabo e suas escalas& Foi ali8s este o tema central do L /emin'rio de .istria "ndo6Portuguesa reali(ado em S& Salvador da 5a,a em De(embro de :;;;& ..................... 231 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.7. A 3&"(/01" (" %)&&i%=&i" 7.7.1. C)'" ) i'@/6&i%" ' apropriao do territ"rio socorria2se do recurso a meios 1ue no consistiam apenas na con1uista atrav*s da !uerra& ' apropriao era tamb*m intelectual 1uantitativa carto!r8-ica descritiva a-inal& 's decis4es pol,ticas empre!avam um con7unto de instrumentos e ac4es 1ue permitiam c.e!ar a um con.ecimento mais preciso do territ"rio dominado e a dominarE * o caso dos censos pelos 1uais se visava uma averi!uao do n3mero de povoadores su7eitos 7urisdio portu!uesa muitas ve(es com a identi-icao da cor idade e pro-isso mas tamb*m a identi-icao dos sobas avassalados indicando o n3mero dos seus dependentes& / primeiro mapa de populao -oi encomendado por 0artin.o de 0elo e Castro em IJJK& /s resultados s" -oram averi!uados em IJJN KIJ & / Hovernador D& 'nt"nio de Lencastro levou a cabo a misso enviando o-iciais 7unto dos sobas& / mapa resulta da articulao de in-orma4es recol.idas por o-iciais r*!ios 7unto dos sobas con-eridas com as rela4es elaboradas por cl*ri!os 1ue .aviam sido enviadas ao 5ispo de 'n!ola KIN & No terreno a recol.a das in-orma4es coube 1uer aos p8rocos 1uer aos capites2mores& No primeiro caso sendo a rede paro1uial em 'n!ola de uma e$trema indi!ncia e precariedade di-icilmente -oi poss,vel c.e!ar a contar de -orma sistem8tica com esses a!entes& Na !rande maioria das situa4es coube portanto aos capites2mores a complicada tare-a de coli!ir os dados& Nos anos O; e sob o impulso da Secretaria dos Ne!"cios Ultramarinos comandada por D& Rodri!o de Sousa Coutin.o iniciou2se um inventariao sistem8tica da populao das col"nias cu7o modelo comeando por ser estabelecido para o 5rasil -ora estendido a KIJ @0apa de todos os moradores e .abitantes deste reino de 'n!ola e suas con1uistas tirado no -im do ano de IJJJ em 1ue entram os Dembos %otentados e sobas vassalosA datado de Luanda IL de 9ul.o de IJJN assinado por 'nt"nio de Lencastre 'HU C$& KI Doc& NI& KIN @&&&por*m eu o no dou por certo nem certe-ico a Sua 0a!estade a sua e$acoY e do 1ue pude con-erir com as Relaoens 1ue vieram ao 5ispo deste Reino e com as 1ue me viero remetidas pelos ditos o-iciais -ormei o 0apa 1ue inclu(o remeto a 6& #$p Ro!ando a Sua 0a7estade me no -aa respons8vel pela incerte(a do n3mero de %retos do Serto por1ue pella( ra(4es re-eridas no posso 7usti-icar me nem certi-icar a sua verdade&&&A& 0apa de todos os moradores&&& Luanda IL de 9ul.o de IJJN assinado por 'nt"nio de Lencastre 'HU C$& KI Doc& NI& ..................... 232 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'n!ola e para ali enviado incluindo um item, destinado 1uanti-icao dos ,ndios& Na cidade de Luanda as conta!ens eram incumbidas aos p8rocos 1ue deviam se!uir +nstru4es mandadas de Lisboa sob a -orma de mapas impressos T m*todos estabelecidos como re!ra invari8vel j e disponibili(ados pelo Hovernador para distribuir pelas par"1uias& Dos mapas deveriam constar in-orma4es sobre baptismos casamentos e "bitos KIO & De -orma a captar toda a in-ormao a partir dos pres,dios sobre a sua 7urisdio -oi redi!ida pelo ento !overnador uma carta circular para os capites2mores e re!entes dos pres,dios e distritos do reino de 'n!ola onde se pedia uma e$tensa lista de rela4esE iW ministros eclesi8sticos i!re7asY iiW sobas 1ue viviam nas vi(in.anas do pres,dio com indicao dos 1ue estavam em pa( e em !uerra e identi-icao do motivo desta 3ltimaY iiiW armas e artil.ariaY ivW 1uem recebia soldoY vW "r-os e menores com 1uem viviam nomes dos tutoresY viW baptismos casamentos e "bitosY viiW o-,cios mec<nicos con.ecidos e e$ercidosY viiiW pr*dios r3sticos e situao no territ"rio da 7urisdio seus donos e produ4esY i$W !adosY $W escravos de ambos os se$os 1ue possuiam os moradores dos pr*diosY $iW o produto da a!ricultura nos 3ltimos oito anos com declarao da 1uantidade e 1ualidade dos !*neros col.idosY $iiW investi!ao com au$ilio dos a-ricanos das minas de -erro cobre salitre e en$o-re para se avaliar da ri1ue(a ou pobre(a com envio de amostras de cada uma das minasY $iiiW climaY $ivW abund<ncia e 1ualidade das 8!uasY $vW len.as K:; & / mesmo tipo de in1u*rito -oi diri!ido pr"pria cidade de Luanda K:I & Nos anos de IJOJ2ON empreendeu2se uma avaliao do estado da capitania de 5en!uela com a identi-icao das suas sete prov,ncias& /s capites2mores de ?uilen!ues Caconda 5ailundo e 5i* redi!iram rela4es e$tensas se bem 1ue sem obedecerem todas aos mesmos crit*rios sobre as respectivas 7urisdi4es K:: & 'l!uns in1u*ritos levados a cabo KIO Carta do Hovernador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos II de Fevereiro de IJOO 'HU C$ O; Doc& ^J& K:; Cartas circulares IR de Novembro de IJOJ 'HU C$& NJ Doc& ^N& K:I IR de Novembro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& LI I: de Novembro de IJOJ& K:: Carta do Capito2mor do 5ailundo 'nt"nio 9os* Fernandes ao !overnador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos acompan.ando a relao dos moradores e seus -il.os da prov,ncia do 5ailundo 5ailundo :^ de 0aro de IJON& Relao dos moradores brancos pardos e pretos de ambos os se$os 1ue se ac.am nesta prov,ncia de ?uilen!ues seus escravos e !ados e mais -orros 1ue os servem e !ados destes& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON 0i!uel 'nt"nio Serro capito2Re!ente -ls& RJ2RNv& Not,cias de 5en!uela e seus destritos +HH5 R9 -l& ^L& ..................... 233 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola na capitania de 5en!uela resultaram tamb*m do 1ue -oi poss,vel averi!uar depois de muitos e$ames e dilatadas conversa4es com v8rios sertane7os os mais e$perientes da1ueles sert4es e 1ue por eles .aviam transitado repetidas ve(es com -a(endas na compra de escravos mar-im e cera K:R & / Hovernador de 5en!uela assinalando as di-iculdades e os trabal.os 1ue tivera na reali(ao dos mapas reputa2as @incr,veisA e remete parte da responsabilidade para a ausncia de uma 9unta na cidade de 5en!uela Vainda 1ue -osse s" composta do !overnador provedor tesoureiro e escrivo da real -a(enda e al-<nde!aW capa( de -ornecer as not,cias necess8rias& ' 1uanti-icao dos .abitantes -icava assim merc de meras estimativas K:^ & )odas as ac4es 1ue visavam a averi!uao da populao subordinada 7urisdio dos sobas contava com a resistncia dos c.e-es a-ricanos descon-iados dos -ins esclava!istas dessa conta!em de-endendo2se a si e aos seus povos -ornecendo in-ormao erradaE @por1ue a lon!itude destes sert4es e a descon-iana em 1ue pcs a todo o !entio esta novidade -e( retardar tanto tempo a e$ecuo da dita ordem e se!uro 6& #$&p o muito 1ue custou a 1ue os c.e-es do dito !entio dessem o Rol de todos os -il.os e s3bditos das suas )erras em ra(o de no .aver entre eles p8roco por donde se viesse a saber do seu numero e descon-iarem de 1ue seria esta novidade para l.e tirarem al!uns dos mesmos -il.os con-orme a 1uantidade deles tendo2me sido necess8rio por muitas ve(es se!ur82los de 1ue no era para tal e-eito nem para l.e suceder mal al!um com cu7a certe(a deram o n3mero dos .abitantes das mesmas )erras aos o-iciais 1ue a elas mandei&&&A K:L
:ratando6se dos sobados ou das circunscri#Kes coloniais a in$etaria#o e
quantifica#o de -omens, recursos naturais, ou formas de propriedades da$a sinal de que K:R Relao dos sobas potentados sobetas seus vassalos e sobas a!re!ados&&& : de 9aneiro de IJON 'HU C$& NJ Doc& L& K:^ Carta do Hovernador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos II de Fevereiro de IJOO 'HU C$ O; Doc& ^J& K:L @0apa de todos os moradores&&&A Luanda IL de 9ul.o de IJJN assinado por 'nt"nio de Lencastre 'HU C$& KI Doc& NI& / mesmo tipo de resistncia -oi apontado pelo capito2mor de ?uilen!ues em IJONE @' soma 1ue acima se mostra de !ente e !ado no * verdadeira em virtude de o !entio ocultar o 1ue possuem pois bastante trabal.o deu para eles darem a rol o 1ue est8 e$pressado e se!undo not,cias ten.o certamente se deve calcular 7untando2se ao total mais da tera parte 1ue tanto se presume 1ue ocultaramA& Relao dos moradores &&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HH5 R9 Not,cias de 5en!uela e seos destritos -ls& RR e ss& ..................... 234 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola alguma coisa muda$a nas concep#Kes da administra#o, para condu%ir a uma mais eficiente territoriali%a#o e interiori%a#o da coloni%a#o em Angola 7.7.$. R)3&))'%#01" C#&%"+&J5i,# # tamb*m a carto!ra-ia na medida em 1ue a representao carto!r8-ica insere o espao a-ricano no sistema simb"lico de representao ocidental e * instrumento indispens8vel de apropriao b or!ani(ao !esto e depois e$plorao b de territ"rio a!ora pensado em moldes europeus& ' produo carto!r8-ica inte!ra no plano simb"lico e ao mesmo tempo * meio de interveno no territ"rio visado& / uso pol,tico da carto!ra-ia no 1ue di( respeito ao 5rasil * muito bem con.ecido mas em 'n!ola e embora sem a mesma e$uber<ncia este per,odo tamb*m -oi assinalado por uma importante produo carto!r8-ica como meio para averi!uar o espao e o delimitar& Noutro lu!ar re-erirei a constituio de um corpo de en!en.eiros militares do ponto de vista da moderni(ao administrativa em ruptura 1uer social 1uer co!nitivamente com a estrutura dos capites2mores .erdada do mais remoto 'nti!o Re!imeY neste ponto so as pr"prias cartas !eo!r8-icas 1ue interessa en!lobar& H8 toda uma s*rie de cartas 1ue vo sendo produ(idas em busca da VreWconstituio e traado do espao invocado pela desi!nao 'n!ola& %ara se administrar * preciso saber o 1u& #ssa * a posio da1uele !overnador 1ue at* a1ui identi-i1uei como o primeiro a inscrever2se numa -ormao iluminista& / -uturo Conde da Cun.a trabal.ava em IJLR num mapa !eral de todo o reino de 'n!ola di(ia ele por1ue certamente no dei$aria de ser 3til aos seus sucessores @pois no * poss,vel 1ue possam compreender a vastido destes dom,nios sem 1ue al!um tome o trabal.o de o mostrar com clare(a em uma carta !eo!r8-icaA K:K & #sta ambio de tudo con.ecer e representar cu7as matri(es culturais so claramente iluministas tem na sua base o pro7ecto de tornar o territ"rio totalmente vis,vel com utilidade no tempo da !uerra e no tempo da pa( K:J & %ortanto a1uilo 1ue se vai encontrar em 'n!ola e a1ui * e$posto tem a ver no s" com a con7untura diplom8tica internacional e as circunst<ncias particulares da col"nia mas tamb*m com a pr"pria K:K /-,cio do Hovernador 'nt"nio 'lvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real N de '!osto de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& Na mesma lin.a remetendo uma -ol.a c.eia de plantas das -orti-ica4es do reino de 'n!ola @Carta de DF+SC para FG0FA Luanda IK de Fevereiro de IJKJ 'HU C$& LI Doc& N& K:J 0assimo ?uaini @+dentit8 pro-essionale&&&A p& KNO& ..................... 235 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola reavaliao pombalina dos espaos imperiais& Distin!o dois momentosE o primeiro vai at* ao !overno de Sousa Coutin.o VIJK^2IJJ:W o se!undo * marcado pelo !overno do 5aro de 0o<medes VIJN^2IJO;W e depois pelo de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo VIJOJ2IN;:W& ?uando o Conde da Cun.a -oi nomeado para 'n!ola acompan.ou2o o cart"!ra-o Huil.erme %ais de 0ene(es autor de um con7unto de cartas 1ue representavam 'n!ola isto * Luanda nos seus v8rios planos costas e pres,dios& 0ais tarde Sousa Coutin.o reuniu todos estes mapas e c.amou2l.es Atlas de Angola& / e$emplo paradi!m8tico 1ue resulta deste movimento * o do cart"!ra-o %in.eiro Furtado 1ue em IJO; -inali(ou um mapa de 'n!ola conciliando as cartas de DU'nville com os novos elementos dos e$ploradores e dos pr8ticos da costa e do serto& 's (onas percorridas pelos sertane7os de 1ue possu,a apenas elementos pouco se!uros no esto representadas& No canto superior direito aparece 78 o Cuan!o e para leste as terras do 0uanti<nvua& 0ais para o sul os itiner8rios das e$pedi4es so representados a ponteado& #sta carta de 'n!ola ir8 ser por muito tempo a base da representao carto!r8-ica relativa 1uela col"nia& %ode di(er2se at* 1ue constituiu o 3nico meio de divul!ao das novas e$plora4es& #stas via!ens acabaram em parte por cair no es1uecimento visto 1ue os seus relatos s" -oram publicados muito posteriormente& ' carta -oi vista al!uns anos mais tarde VIJOJW como uma pea de carto!ra-ia -r8!il no 1ue toca representaao do serto 78 1ue -ora reali(ada com base em in-orma4es pela -alta no terrneno de .omens inteli!entes e e$ercitados nos instrumentos matem8ticos K:N & 'o carto!ra-ar o espao pol,tico a-ricano os en!en.eiros do s*culo G6+++ partiam de um pressuposto em parte errado uma ve( 1ue no terreno coe$istiam di-erentes conceitos de espao pol,tico di-icilmente redut,veis a uma mesma l"!ica de representao& 0ais o uso end"!eno de espao pol,tico anulava a1uele sub7acente ao pro!rama iluminista& / primeiro assentava na circulao/mobilidade dos lu!ares do poder no territ"rio b camin.os itiner<ncia das ban(as ou das aldeias b o outro pressupun.a uma matri( de ocupao pol,tica do espao -i$a seno repetitiva e uni-orme& 'ssim a carto!ra-ia da ocupao a-ricana acabava por ter um pra(o de validade muito curto& Convertia2se rapidamente em documento .ist"rico e o seu valor como instrumento de K:N Carta de 0'0 para RSC R de De(embro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& KK& ..................... 236 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !overno resultava menor& #ssa ideia -ica e$plicada num pe1ueno te$to onde se indicam as -ra!ilidades da carta desen.ada por %in.eiro Furtado entre IJNL2IJNJ& ' parte topo!r8-ica da carta era absolutamente -al,velE @por1uanto sendo as ban(as ou 'ldeias dos Ne!ros -abricadas de casa de %al.a e mudando2as elas 1uase todos os dias de uns para outros s,tios e nunca pouco distante do dei$ado todas as ve(es 1ue ou l.e apra( ou a isso so levados por seus a!oiros e supersti4es o 1ue na carta se notasse .o7e povoado aman. se encontrar8 deserto e c.eio de mato .abitado por -eras&&&&&&A K:O & ' carto!ra-ia como instrumento de dom,nio via2se limitada pelas no4es e portanto os usos a-ricanos do espao /s desa-ios e as respostas estavam dessintoni(adas& %ara 1ue um instrumento -uncione * necess8rio sabe2lo usar mas tamb*m ter as condi4es para o usarY so estas condi4es 1ue no e$istem e assim inviabili(am a utilidade pol,tica deste instrumento de !overno& D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo depois de ter recebido pela secretaria do Ultramar modelos carto!r8-icos usados para as capitanias do 5rasil declarava a impossibilidade de os transpor para 'n!ola pela estran.e(a e raridade das caracter,sticas do pa,s& #mbora no c.e!ue a entrar em pormenores como o en!en.eiro %in.eiro Furtado con-irma a ideia veiculado de 1ue em 'n!ola os -rutos pol,ticos da carto!ra-ia nunca seriam e1uivalentes aos col.idos no 5rasil KR; & 7.8. P#&# # ,"'%&/01" () /- #!)& ,"4"'i#4 No s*culo G6+++ a .ist"ria natural e a e$plorao cient,-ica or!ani(am mais uma -orma de dom,nio e con1uista colonial sobre um territ"rio 1ue no se con.ece& So dispositivos de poder 1ue se acrescentam con1uista stricto senso numa estrat*!ia mais alar!ada de e$panso territorial KRI & Numa primeira aborda!em parecer8 anacr"nico -alar de construo de um saber colonial 1uando o .ori(onte temporal se situa nesta seco do s*culo G6+++& %or*m do ponto de vista da sua e-icincia e embora sem o car8cter sistem8tico e portanto sem a continuidade caracter,sticos do s*culo G+G mas tamb*m dos estudos antropol"!icos da primeira metade do s*culo GG parece de-ens8vel di(er 1ue esse saber se vem construindo K:O "dem "bidem& KR; Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo para RSC :N de 9un.o de IJON 'HU C$& NN Doc& :I& KRI Sobre a relao entre saber colonial e con1uista colonial c-& #mmanuelle Sibeud Une /cience "mpriale pp& IO e ss& ..................... 237 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola e -i$ando em mem"rias relatos de via!em narrativas sem ambi4es ou mesmo na1uilo a 1ue se podem c.amar in-orma4es residuais dos te$tos administrativos para depois comearem a emer!ir pe1uenas peas te$tuais por ordem de !overnadores da Secretaria do Ultramar ou de +nstitui4es cient,-icas b' cademia das Cincias ou Real Habinete de Hist"ria Natural b onde se procedia a descri4es mais ou menos met"dicas das plantas animais ve!etais mas tamb*m com uma componente etno!r8-ica a partir de uma orientao pr*via& 'ssinale2se em particular a aco da 'cademia das Cincias 1ue pretendia coli!ir as diversas esp*cies da vida animal ve!etal e mineral do reino e suas con1uistas de -orma a constituir uma !rande coleco& %ara isso -oram elaboradas as 1re$es "nstruc#Kes aos Correspondentes da Academia das /ciencias de (isboa sobre as 3emessas dos Productos, e )oticias Pertencentes I .istria da )ature%a, para 7ormar -um 4useo )acional VLisboa Re!ia /-icina )Bpo!rap.ica IJNIW KR: & ' recol.a de in-ormao re!ular sobre o interior de X-rica permitindo a con1uista do outro atrav*s do con.ecimento veicula in-ormao sobre a @X-rica realA para l8 dos estere"tipos liter8rios 78 1ue a administrao colonial dependia em !rande parte da circulao de in-ormao 1ue devia ser su-icientemente e-ica( para permitir a relao colonial& ' inveno do @sul do SulA atrav*s das e$plora4es naturalistas so obra do 5aro de 0o<medes& ' via!em cient,-ica * instrumento de interveno espacial e or!ani(ao do territ"rio& Durante este !overno a e$pedio de %in.eiro Furtado Hre!"rio 9os* 0endes e 'nt"nio 9os* 6alente dilata o con.ecimento 1ue se tem de 'n!ola em direco ao sul& ' sua carto!ra-ia e a nomeao atrav*s de descri4es acrescentam um novo espao ideia de 'n!ola& )amb*m isto 1uer di(er 1ue o processo de e$panso e descobrimento continua em marc.a durante o sec& G6+++Y * um processo de lon!a durao 1ue se desenrola durante s*culos& #ste con.ecimento * por*m ainda muito va!o& Na correspondncia administrativa e rela4es com car8cter mais sistem8tico usam2se e$press4es imprecisas como @terras do KR: C-& D& R& Curto @'s %r8ticas &&& p&^RI& ..................... 238 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Nano e dos Han!uelasA ou @terras do soba dos HambosA para desi!nar (onas pouco con.ecidas 1ue estando -ora da in-luncia colonial so teoricamente visadas por ela KRR & Nada disto dispensava as in-orma4es individualmente veiculadas por particulares& 'ntes do con.ecimento administrativo e cient,-ico estava e continuou muitas ve(es a estar isoladamente a1uele veiculado pelos .omens pr8ticos do serto con1uistadores e sobretudo comerciantes ou sertane7os& Detin.am in-ormao mais diversi-icada e em primeira mo se bem 1ue secundari(assem uma descrio sistem8tica da terra ou das !entes& /s relatos mais completos resultavam das narrativas dos mission8rios desde o s*culo G6+ 7esu,tas a partir do s*culo G6++ capuc.in.os Vv&!& Cava((iW& ' este corpo acrescentavam2se as obras e$cepcionais de 'ndre\ 5attel e 'nt"nio de /liveira Cadorne!a& %ara certas (onas este con7unto de te$tos -oi ainda durante muito tempo -onte 3nica de in-ormaoE @'lem do !rande numero de povos e e$tenso de terreno 1ue tem 78 con.ecidos ainda se i!noram muitos e especialmente do !entio brabo c.e!ados a lin.a da demarcao da parte do sul desde cabo Ne!ro para leste por -alta de comunicao com eles o 1ue o tempo e .avendo muitos sertane7os 1ue se espal.em por a1uelas partes os -aro con.ecidos pelos seus nomes e trat8veisA KR^ & ' curiosidade pelos saberes end"!enos e em especial pela medicina tradicional * mais anti!aE paus ra,(es e ervas medicinais do serto vo sendo inventariadas con.ecidas e usadas por ra(4es de absoluta necessidade por parte dos europeus KRL & Um certo relativismo 1uanto validade e superioridade dos saberes europeus assentes no naturalismo e na e$perincia insinuava2se perante as provas da e-icincia dos saberes end"!enos usados pelos a-ricanos& Sem as @Lu(es dos NaturalistasA nem a @e$perinciaA os a-ricanos possu,am @muitas preciosidadesA KRK & KRR Relao dos moradores &&& %rov,ncia de ?uilen!ues :N de Fevereiro de IJON +HH5 R9 Not,cias de 5en!uela e seus destritos -l& RK e ss& KR^ Relao dos sobas potentados sobetas seus vassalos&&& : de 9aneiro de IJON 'HU C$& NJ Doc& L& KRL Carta para o Capito2mor de 'mbaca IJKK 5NL C"d& NJ^: -l& :RI2:RIv& Remessa de um cai$ote de pedra verde ^ de De(embro de IJKO AA vol& + nQI s&pp& KRK Carta de F+SC para FG0F ^ de De(embro de IJKO AA vol& + nQI IORR s&pp& ..................... 239 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 98 para o -inal do s*culo sob o impulso da 'cademia das Cincias e do Real Habinete de Hist"ria Natural a recol.a de in-ormao obedece a um pro!rama mais sistem8tico e met"dico KRJ & 98 no se trata de veicular in-ormao a prete$to de uma via!em ou dos interesses pessoais de um narrador se bem 1ue a via!em possa ser empreendida por um via7ante instru,do mas de or!ani(ar essas in-ormao se!undo crit*rios 1ue se pretendem cient,-icos& / ol.ar diri!ido e disciplinado cumpre um pro!rama e ob7ectivos de -orma a constituir um corpus de con.ecimento .omo!*neo sobre o territ"rio an!olano& Como 7 se re-eriu a prop"sito da -i!ura dos capites2mores em IJO; -oram elaboradas instru4es !erais diri!idas a esses o-iciais de 'n!ola onde se e$plicava como proceder col.eita de produtos naturais b animais ve!etais e minerais b e a sua posterior remessa ao Real Habinete de Hist"ria Natural em contentores ade1uados KRN & %or ve(es vm mencionados arte-actos oriundos das culturas materiais dos di-erentes povos com identi-icao da ori!em& Fa(iam2se os primeiros ensaios de uma etno!ra-ia& No -inal destas instru4es recomendava2se 1ue se recol.esse com i!ual curiosidade as armas instrumentos de a!ricultura atavios e @,dolosA dos naturaisY 1ue se descrevesse a mais insi!ni-icante manu-actura da sua industriaY e observassem todos os ritos -ormas reli!iosas mas tamb*m o direito Va 1ue c.amam !enericamente le!islaoW destes povos KRO & 'inda no se trata de um in1u*rito etno!r8-ico bem entendido mas comea a ser dada ateno cultura material se bem 1ue em absoluto -ora do seu conte$to -uncional& ' construo de um saber colonial corresponder8 a um processo de acumulao de con.ecimentos coleco de amostras e ob7ectos muitas ve(es ori!inando colec4es de museus al.eios aos conte$tos de ori!em e s -un4es desses ob7ectos e remete para a -orma como esses mesmos con.ecimentos a-ricanistas estavam disponibili(ados nas principais capitais europeias KRJ Sobre as e$pedi4es do ponto de vista cient,-ico ver dilliam 9oel Simon /cientific ,+peditions in t-e Portuguese O$erseas territories, >B@A6>@D@ Lisboa ++C) IONR& KRN Remessas e rela4es de produ4es naturais para o Real Habinete da '7uda L de Novembro de IJOI AA vol& + nQI IORR s&pp& KRO +nstru4es Herais aos Capites2mores sobre a col.eita e remessa das %rodu4es Naturais&&& IJ de /utubro de IJO; AA vol& + nQ^ IORL s&ppY @Carta do Hovernador 'nt"nio de Lencastre para 0elo e CastroA :O de De(embro de IJJ^ 'HU C$& K; Doc& IL& Copia de uma Relao 1ue deu 9oo %ilarte da Silva .o7e -alecido ao capito2mor 9os* 6ieira de 'ra37o da via!em 1ue -e( ao Cabo Ne!ro por terra no ano de IJJ; em compan.ia de 9os* dos Santos .o7e capito2mor de Caconda Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + pp& IJJ2INKY tamb*m publ& +n AA )omo + nQ : Doc& G6+++& ..................... 240 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7.B. C"',4/1"8 )%#(" %)&&i%"&i#4 "/ )%#(" )- &)() / tema 1ue inicialmente me propus tratar deve a!ora ori!inar uma constatao 1ue perpassa al!uma literatura da *poca& 98 no in,cio do s*culo G+G o !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo na sua correspondncia com D& Rodri!o de Sousa Coutin.o en-ati(ava a impossibilidade de -a(er obedecer o territ"rio an!olano a um pro!rama de instalao territorial ou de produo industrial e a!r,cola& #ssa ideia * tamb*m a-lorada por #lias 'le$andre 1ue vincula a presena portu!uesa em 'n!ola ao tr8-ico e se mani-esta contra as novas con1uistasE @Se aos %ortu!ueses se abrisse al!um novo porto de importao para os escravos talve( viesse a ser 3til al!uma con1uista novaY mas sem .aver apparencia disso serviria de debilitar o #stadoY e no de o alimentar& ?uando a necessidade -utura e$i!isse maior numero de ne!rosY 1uero di(erE 1uando a popolaao e ri1ue(a do 5ra(il dessem consumo a .uma mais avultada e$traco delles .* bem evidente ainda a inutilidade de outras con1uistasE tudo 1uanto a ur!ncia podia e$i!ir neste ca(o era maior numero de navios ou repetio de !iros socorridos de mantimentos do 5ra(il para a sustentao da escravaturaA K^; & #m IN^K Lopes de Lima descrevia nestes termos os territ"rios de 'n!ola e 5en!uelaE @&&&compre.endendo nesta !rande e$tenso no s" os pres,dios portu!ue(es como tamb*m as terras de tre(entos e setenta e tantos sovas -eudat8rios distribu,dos em diversos districtos&&&A K^I & / !e"!ra-o /rlando Ribeiro recon.ecia a impossibilidade de construir neste espao a-ricano uma sociedade crioulaE @'n!ola ser8 assim pela preponder<ncia num*rica um !rande espao a-ricanoA K^: & K^; Corra vol& + p& KL& K^I Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + E R2^& K^: /rlando Ribeiro IONI A Coloni%a#o de Angola e o seu fracasso +mprensa Nacional Casa da 0oeda p&IR;& ..................... 241 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 8. F#2)& # +/)&&# 3#&# 5#2)& # 3#2 @VPW les princes 1ui aiment leurs peuples savent 1ue la !uerre la plus n*cessaire est tou7ours -uneste l 1ue 7amais elle naest utile 1uaautant 1uaelle assure la pai$ VPWADiderot e DU'lembert Vdir&W #ncBclop*die f&&&g IJLI et IJJ: de Diderot et da'lembert @V&&&W as !uerras de 'n!ola no tem comparao com as do 0undo todo V&&&WA Cadorne!a vol& + p& :;R&
V&&&W a !uerra * um des!raado rem*dio contra a1ueles 1ue despre(am a 7ustia&&&A +nstru4es do 5aro de 0o<medes a 'nt"nio 9os* Costa na Campan.a do Norte Fevereiro de IJNN 'HU C"d& IK^: -l&K^& @&&&la !uerre est un art 1ui a ses rS!les l ses principes l par cons*1uent sa t.*orie l sa prati1ue&&& ce 1ui appartient essentiellement laart de la !uerre l 1ui le caract*rise caest laart de savoir emploBer les troupes pour leur -aire e$*cuter tout ce 1ui peut r*duire laennemi plus promptement l le -orcer -aire la pai$ Y car la !uerre est un *tat violent 1ui ne peut durer l laon ne doit la -aire 1ue pour se procurer la 7ouissance des douceurs l des avanta!es de la pai$&A Huerre Diderot e DU'lembert Vdir&W ,nc5clopdie [! IJLI et IJJ: de Diderot et da'lembert Ved& CD2RomW 8.1. U-# "/%&# 4)i%/&# (# +/)&&# ' presena portu!uesa no espao an!olano deparou2se com uma resistncia constante se bem 1ue plural nas suas e$press4es por parte dos poderes e etnias actuantes nessa mesma !eo!ra-ia& #studar o tema da !uerra em 'n!ola na se!unda metade do s*culo G6+++ no pode dei$ar de e$i!ir a convocao de dois !randes problemas 1ue se encontram na sua reta!uarda& #m primeiro lu!ar * preciso atender s altera4es veri-icadas ao lon!o deste per,odo no modo de pensar as -un4es 1ue a !uerra e a pa( preenc.eriam na con-i!urao das sociedades pol,ticas e em especial a pa( valori(ada como condio primeira para a promoo da -elicidade dos povos atrav*s de um !overno !uiado pela ra(o& #m se!undo lu!ar as oposi4es de rai( antropol"!ica entre @sociedades policiadasA e @sociedades b8rbarasA assentavam b 1uer na escrita administrativa 1uer na !rande literatura b num recon.ecimento da capacidade 1ue as primeiras apresentavam para conservar a pa( -a(endo um e$cepcional e 7usti-icado recurso ao con-lito ancorado ..................... 242 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola na !ram8tica da !uerra 7usta e da vocao 1ue as se!undas e$ibiam para se entre!arem a !uerras continuadas no tempo e por motivos reputados incertos& Um e outro aspecto pro7ectaram2se no processo da coloni(ao e cru(aram2se no terreno em 'n!ola & Contrariando o 1ue tin.a sido de-endido por )& Hobbes V($iat-an IKK;W tomava corpo a ideia no s*culo G6+++ de 1ue a pa( corresponderia ao estado natural do .omem& ' pa( * a tran1uilidade de 1ue usu-rui uma sociedade pol,tica 1uer no interior atrav*s da boa ordem 1ue reina entre os seus membros 1uer no e$terior pela boa inteli!ncia 1ue !uia a sua relao com os outros povos& #sta ideia aparentemente no andava muito lon!e da 1ue estava por detr8s de uma sociedade corporativa onde a administrao passiva passava pela conservao da .armonia social& %or*m a administrao activa con-eria pa( o talento para -avorecer a populao a a!ricultura e o com*rcio numa palavra proporcionar aos povos a -elicidade -im de toda a sociedade& Sendo a ra(o a re!er o !overno dos .omens os seus c.e-es no se podiam entre!ar aos entusiasmos da !uerra e s obstina4es 1ue caracteri(am as @bestas -ero(esA& ' conservao da pa( constitu,a a pr"pria condio para a tran1uilidade e a -elicidade dos povos e -i!urava como uma das primeiras caracter,sticas de um !overno polido K^R & K^R %ara a !rande literatura 7ur,dica e de tipo enciclop*dico ver o 1ue di( o verbete @%ai$A em &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV, e ainda o suio , 2attel, na obra cl8ssica em verso in!lesa :-e (aO of )ations, ( """, C """, b V? =ar ne$er to be undertaken Oit-out $er5 cogent reasons9 =.O,2,3 entertains a true idea of Oar, c O-oe$er considers its terrible effects, its destructi$e and un-app5 consequences, Oill readil5 agree t-at it s-ould ne$er be undertaken Oit-out t-e most cogent reasons .umanit5 re$olts against a so$ereign, O-o, Oit-out necessit5 or Oit-out $er5 poOerful reasons, la$is-ed t-e blood of -is most fait-ful subNects, and e+poses -is people to t-e calamities of Oar, O-en -e -as it in -is poOer to maintain t-em in t-e enNo5ment of an -onourable and salutar5 peace And if to t-is imprudence, t-is Oant of lo$e for -is people, -e moreo$er adds inNustice toOards t-ose -e attacks, c of -oO great a crime, or rat-er, of O-at a frig-tful scries of crimes, does -e not become guilt5d 3esponsible for all t-e misfortunes O-ic- -o draOs doOn on -is oOn subNects, -e is moreo$er loaded Oit- t-e guilt of all t-ose O-ic- -e inflicts on an innocent nation :-e slaug-ter of men, t-e pillage of cities, t-e de$astation of pro$inces, c suc- is t-e black catalogue of -is enormities .e is responsible to Mod, and accountable to -uman nature, for e$er5 indi$idual t-at is killed, for e$er5 -ut t-at is burned doOn :-e $iolences, t-e crimes, t-e disorders of e$er5 kind, attendant on t-e tumult and licentiousness of Oar, pollute -is conscience, and are set doOn to -is account, as -e is t-e original aut-or of t-em all Unquestionable trut-sd alarming ideasdd O-ic- oug-t to affect t-e rulers of nations, and, in all t-eir militar5 enterprises, inspire t-em Oit- a degree of circumspection proportionate to t-e importance of t-e subNectd , "bidem, ( "2,C.AP ", O7 P,AC,, A)& :., O1("MA:"O) :O CU(:"2A:, ":, b l =-at peace is9 P,AC, is t-e re$erse of Oar9 it is t-at desirable state in O-ic- e$er5 one quietl5 enNo5s -is rig-ts, or, if contro$erted, amicabl5 discusses t-em b5 force of argument .obbes -as -ad t-e boldness to assert, t-at Oar is t-e natural state of man 1ut if, b5 et-e natural state of man,e Oe understand Fas reason requires t-at Oe s-ouldH t-at state to O-ic- -e is destined and called b5 -is nature, peace s-ould rat-er be termed -is natural state 7or, it is t-e part of a rational being to terminate -is differences b5 rational met-odsf O-ereas, it is t-e c-aracteristic of t-e brute creation to decide t-eirs b5 force > 4an, as Oe -a$e alread5 obser$ed FPrelim b >DH, alone and destitute of succours, Oould necessaril5 be a $er5 Oretc-ed creature .e stands in need of t-e intercourse and assistance of -is species, in order to enNo5 t-e sOeets of life, to de$elop -is faculties, and li$e in a manner suitable to -is nature )oO, it is in peace alone t-at all t-ese ad$antages are to be found9 it is in peace t-at men respect, ..................... 243 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #stamos no per,odo em 1ue os te"ricos da arte militar valori(avam a !uerra indirecta isto * a possibilidade de vit"ria militar evitando o con-ronto em batal.a denunciando e -a(endo sobressair a1uele 1ue no passaria do @edi-,cio 1uim*rico da !l"ria do con1uistadorA K^^ & 'inda 1uando da !uerra resultassem triun-os retumbantes nada compensava a perda e o sacri-,cio de muitos dos seus membros& 's pr"prias vit"rias causavam -eridas pro-undas 1ue s" a pa( poderia curar& #m v8rios momentos estes ar!umentos se descobrem nos te$tos administrativos e em especial dos !overnadores& #m 'n!ola os meios de conciliao atrav*s do envio de embai$adas ou do estabelecimento de um tipo de compromisso so invocados como meio para evitar con-rontos& / 5aro de 0o<medes por e$emplo co!itava 1ue nos @meios da brandura e suavidadeA sem controv*rsia repousavam os meios a7ustados e con-ormes a @atrair o !entioA K^L & Um caso paradi!m8tico desta posio ocorreu nas ne!ocia4es entre Sousa Coutin.o e o Soba do 5ailundo VIJKOW com vista se!urana das novas povoa4es& Nesta con7untura a irrupo de uma !uerra ameaaria de -orma desastrosa todas as medidas tomadas para o @bem da Humanidade e dos %ovosA assimilado a1ui -undao das povoa4es entendidas como p"los de civili(ao K^K & Como se ver8 1uando se tratar do Direito e da 9ustia as conse1uncias destas concep4es repercutiram2se nas rela4es entre os pres,dios e os sobas a 1uem se devia conceder tratamento com suavidade doura e caridade K^J o 1ue resultou num re-oro da inscrio dos a-ricanos nas mal.as da 7ustia colonial atrav*s da -ormao de processos& 'ssim parece vir a -i$ar2se na de-inio do polido por ant,tese ao b8rbaro uma esp*cie de postuladoE o 1ue * pr"prio das @na4es policiadasA * -a(er a pa( e evitar a !uerraY o 1ue * pr"prio dos @b8rbarosA das sociedades ditas primitivas * -a(er a !uerra e despre(ar a pa(& ' associao da ima!em do a-ricano do b8rbaro e a do b8rbaro assist, and lo$e eac- ot-er9 nor Oould t-e5 e$er depart from t-at -app5 state, if t-e5 Oere not -urried on b5 t-e impetuosit5 of t-eir passions, and blinded b5 t-e gross deceptions of self6lo$e =-at little Oe -a$e said of t-e effects Oill be sufficient to gi$e some idea of its $arious calamitiesf and it is an unfortunate circumstance for t-e -uman race, t-at t-e inNustice of unprincipled men s-ould so often render it ine$itable K^^ C-& @%ai$A &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV& 6er tamb*m sobre os novos saberes da !uerra '&0& Hespan.a @+ntroduoA )o$a .istria, 4ilitar p& IJ e ss& K^L /rdem para e$pedio ao Cabo Ne!ro&&& :^ de 0aio de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& LNv& K^K Carta de F+SC para o Soba do 5ailundo IR de /utubro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^R -l& ^;2^Iv& K^J Carta de F+SC para o capito2mor de %edras I: de Fevereiro de IJJ; 5NL& Res& C"d& NJ^R -l& I2^Ov& ..................... 244 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola belicosidade a uma esp*cie de !uerra primitiva e permanente est8 presente nos te$tos do s*culo G6+++ a1ui estudados onde se surpreende uma avaliao de tipo antropol"!ico mais ou menos e$pl,cita& Nas representa4es europeias da X-rica a ima!em do bom selva!em esteve ausente& 'o contr8rio do 1ue aconteceu com o ,ndio de -acto descon.ecido da #uropa medieval K^N e portanto mais -acilmente report8vel a uma conotao positiva o africano te$e, desde sempre, o seu lugar numa -ierarquia milenar o lu!ar do esti!ma e da menoridade K^O & Na tradi#o bWblica o 1ue e1uivale a citar as concep4es ocidentais de Humanidade Cam KL; o -il.o amaldioado de No* -oi considerado pai de todos os povos ne!ros& #sclarecer e discutir o conceito/voc8bulo de b8rbaro e os seus usos remete K^N 'nt.onB %a!den ,uropean ,ncounters Oit- t-e )eO =orld, 7rom 3enaissance to 3omantism Ne\ Haven l London eale UniversitB %ress IOOR p& IIJ e ss& K^O Z claro como mostrou %& %untoni os ,ndios no -oram considerados pelos portu!ueses como um todo .avendo tamb*m a, lu!ar para a identi-icao de al!umas etnias na cate!oria dos b8rbaros& C-& %edro %untoni A Muerra dos 1'rbaros Po$os "ndWgenas e a Coloni%a#o do /erto )ordeste do 1rasil, >SGD6 >BVD So %aulo #ditora da Universidade de So %aulo :;;: cap& +& KL; 9& %& C.r*tien @Les deu$ visa!es de C.amA in %& Huira( #& )ermine (*ide de race dans la pense politique fran#aise contemporaine %aris IOJJ pp& IJI2IOO e Fr*d*ric 0onneBron @HenrB Rider Ha!!ard et le 0Bt.e Hamiti1ueA Afriques "magines editions Dailas %ondic.*rrB :;;I pp& R;R2RIL& %ara recorrer directamente -onteE Cam pai de Cana viu a nude( de seu pai No* e contou a seus dois irmos 1ue estavam -ora VHnesis OE::W& #nto Sem e 9a-et tomaram uma capa e puseram2na sobre os seus ombros e andando virados para tr8s cobriram a nude( de seu pai tendo os rostos virados de maneira 1ue no viram a nude( de seu pai VHnesis OE:RW& Despertado 1ue -oi No* do seu vin.o soube o 1ue seu -il.o mais novo l.e -i(era Hnesis OE:^Y e disseE 0aldito se7a CanaY servo dos servos ser8 de seus irmos VHnesis OE:^W& / cap,tulo se!uinte do H*nesis atribui descendncia das -am,lias dos -il.os de No* as na4es 1ue se dispersaram ap"s o dil3vio sobre a terra e encora7a por conse1uncia uma leitura antropol"!ica& Compreende2se 1ue a maldio 1ue atin!e Cam atrav*s de seu -il.o Cana possa ter sido interpretada ao lon!o dos s*culos de uma maneira *tnica& # de -acto a assimilao da cor ne!ra aos -il.os de Cam parecer ter Tse perpetuado nas tradi4es 7udaicas medievais& No sec& G6+++ a identi-icao dos -il.os de Cam com os povos ne!ros tornou2se numa esp*cie de evidncia 1ue permitiu 7usti-icar de maneira con7unta a escravatura e a evan!eli(aoA Vc-& %olia[ov (*"de de race en 7rance %aris *d& Do CNRS IOJJ p& IJ^ cit por 9&%& C.r*tien @Les deu$ visa!es de C.amAW& 'o lon!o do sec& G+G ela substitui2se pro!ressivamente por uma concepo sensivelmente di-erente 1ue procede da reconsiderao da e$e!ese da 5,blia& %ensadores -ranceses e americanos das 1uest4es da raa consideram 1ue Cam Sem e 9a-et representam antes trs ramos da raa branca mais do 1ue uma e1uivalncia com as cores& #sta interpretao c.oca2se com o mono!enismo b,blico uma ve( 1ue os povos ne!ros escapam doravante s ori!ens ad<micas da antropolo!ia das raas& ' emer!ncia do %oli!enismo est8 eminente& ' antropolo!ia ao inte!rar os contributos de Carl von Linn* de Louis 9ean20arie Daubenton e sobretudo as descobertas da -ilolo!ia em particular as Friedric. von Sc.le!el e Fran( 5opp sobre a unidade das l,n!uas indo2europeias ar!umenta em -avor de um poli!enismo 1ue e$clui de todas as maneiras os povos ne!ros da lin.a!em de No* e -avorece o bran1ueamento de Cam a!ravando ainda mais o -osso entre Ne!ros e 5rancos& /s descendentes de Cam seriam a!ora uma lin.a!em de raa branca caucasiana os Hamitas& / nascimento do mito Hamita andar8 li!ado a todas as teorias sobre invas4es sucessivas 1ue remetem para estes @-alsos ne!rosA a -undao de reinos '-ricanos& Sobre este assunto vide tamb*m 9& C& 0iller VIOOLW Poder PolWtico p& ^ e ssY Sobre a .ip"tese .amita e as discuss4es em torno do mono!enismo e poli!enismo #dit. R& Sanders @).e Hamitic .Bpot.esis its ori!in and -unctions in time perspectiveA TA. G ^ IOKO pp& L:I2LR:& ..................... 245 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola portanto a uma concepo antropol"!ica impl,cita 1ue -undamenta uma pol,tica de coloni(ao e -undamentou uma noo de superioridade t8cita dos europeus em relao aos a-ricanos apelidados !enericamente de povos b8rbaros KLI & %ara os princ,pios do s*culo G6+++ o 2ocabul'rio de 5luteau ainda en1uadrava o voc8bulo no conte$to !reco2romanoE @'ssim c.amaro os Hre!os e depois deles os romanos a todos os 1ue no eram da sua Nao e 1ue no -alavam a sua l,n!ua como .o7e o povo de %ortu!al c.ama a todos os #stran!eirosA KL: & 0as a associao entre a !uerra KLR e os b8rbaros no atravessa apenas os te$tos administrativos& ' e1uao mundo dos b8rbaros x mundo da !uerra 1ue se veri-ica constantemente no terreno atravessa toda a representao popular ou erudita KL^ & / Coronel %edro Xlvares de 'ndrade 1uando se deteve sobre a construo do -orte de Cabinda -ormulou esse problemaE @' disc"rdia por*m 1ue parece vive dom*stica entre as na4es polidas 1uanto mais entre %ovos b8rbaros V&&&WA KLL & ' !uerra * apontada como elemento estruturante das sociedades a-ricanas tradicionais e aparece interpretada como @sistema comum de toda a X-ricaA num re!ime de !uerras cont,nuas KLK & Se .ouvesse 1ue responder 1uestoE * a !uerra 1ue interrompe a pa( ou a pa( 1ue interrompe a !uerra a-inal 1ual * o estado natural do .omemn b dir2se2ia 1ue nas sociedades a-ricanas ditas b8rbaras se!uindo a leitura setecentista seria a pa( a KLI Sobre o sentimento de superioridade do europeu em relao ao a-ricano e ao asi8tico vide 9ac[ HoodB O Oriente no Ocidente pp& I; e ss& ' ideia se!undo a 1ual os europeus pertencem a uma raa superior baseia2se nos avanos da Renascena da revoluo cient,-ica e do +luminismo& Vver 'rist"teles e 0ontes1uieuW& Com a c.e!ada da Revoluo +ndustrial o contraste pol,tico tomou uma -eio mais especi-icamente econ"mica& KL: C-& 5luteau 2ocabul'rio vol& ++ verbete @b8rbaroA& KLR ' prop"sito da !uerra 7usta e da sua de-inio na doutrina 7ur,dica ver %untoni A Muerra p& L:Y ver tamb*m 'nt.onB %a!den :-e fall of natural man Ne\ Haven l London eale UniversitB %ress ION: pp& LI2NJY e 9oan 5estard l 9esus Contreras 1'rbaros, paganos, sel$aNes 5 primiti$os 5arcelona IONJ pp& IIK2I:K KL^ 'li8s tem al!um interesse relembrar os debates 1ue no <mbito da antropolo!ia se desenvolveram em torno desta relao entre sociedades tradicionais !uerra e violncia e a constituio ou no de -orma4es estatais envolvendo nomes como Leroi2Hour.an %ierre Clastres Claude L*vi2Strauss e Hilles Delu(eY %ierre Clastres Arc-ologie de la $iolence9 (a guerre dans les socits primiti$es La )our dU'i!ues Zditions de lU'ube IOOJ ma+ime p& IRY 3ec-erc-es d*Ant-ropologie Politique %aris Zditions du Seuil ION;Y (a socit contre l*;tat 3ec-erc-es d*Ant-ropologie politique %aris Les Sditions 0inuit IOJ^ passimY Claude L*vi2Strauss (es structures lmentaires de la parent %aris 0outon IOKJ p& JN e ssY Hilles Deleu(e F*li$ Huattari ION; 4ille Plateau+ Capitalisme et /c-i%op-rnie %aris Les Zditions 0inuit pp& ^^:2^^R& KLL I; de Setembro de IJNR 'HU C$& KJ Doc& :& KLK /rdem para e$pedio ao Cabo Ne!ro&&& :^ de 0aio de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& LNv& ..................... 246 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola interromper episodicamente a !uerra en1uanto nas sociedades polidas seria a !uerra a descontinuar a pa(& Homens do terreno persuadidos da import<ncia pol,tica de uma avaliao antropol"!ica do outro sublin.am a incompatibilidade entre ac4es de coloni(ao tendencialmente pac,-icas e o @!*nioA dos .abitantes dos sert4esE @#les as aceitam rison.os para se aproveitarem do descuido 1ue e$cita a pa(Y e se persuadem 1ue o temor ou debilidade do #stado -a( o -undamento da inaco&&&A KLJ & Nas con7unturas em 1ue se procurava ne!ociar a pa( para evitar a !uerra este tipo de observa4es * particularmente comum& C<ndido %in.eiro Furtado durante a di-,cil ne!ociao 1ue manteve com os c.e-es de Cabinda acabou por concluir do @car8cter dos ne!rosA @sempre inconstantes e sempre capa(es das menores impress4esY ontem declarando a Huerra -ormal .o7e levando a submisso muito adiante de .um completo abatimento&&&A KLN & Z claro este t"pico no * de maneira nen.uma espec,-ico do per,odo a1ui estudado& No s*culo G6++ o !overnador Ferno de Sousa VIK:^2IKR;W insistia na necessidade de @obri!ar fos sobasg a !ostar da pa(A KLO por*m ele !an.a um maior peso na pol,tica colonial por1ue se inscreve num pro!rama mais alar!ado 1ue de -acto s" teria condi4es para prevalecer se a pa( perdurasse !arantida& 0ais as modalidades da !uerra -eita pelos c.e-es a-ricanos no con-eriam com as premissas da !uerra na #uropa& ' !uerra era um actividade 7ur,dica e assim como o direito um meio para restaurar a 7ustia KK; & '-inal .avia um tipo de !uerra 1ue podia -a(er sentido obedecia a um c"di!o estava limitada por -ronteiras simb"licas recon.ecidas e era a pr"pria das na4es polidas& /s t"picos da doutrina europeia da !uerra 7usta disciplinavam como se ver8 o tempo da !uerra e o tempo da pa(& 0as a inter-erncia de ra(4es de nature(a ritual V!uerras rituais relacionadas com a entroni(ao dos c.e-esW sobrenatural ou ainda as li!adas s -un4es sociais do roubo na determinao da !uerra no podia ser compreendida pelos europeus 1ue re-erindo as !uerras dos a-ricanos KLJ +n-ormao diri!ida pelo capito2tenente 'nt"nio 9os* 6alente a 0artin.o de 0elo e Castro I de Fevereiro de IJO: 'HU C$& JJ Doc& I^& KLN Relat"rio de %in.eiro Furtado sobre os acontecimentos de Cabinda N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NK& KLO @/ e$tenso relat"rio do !overnador a seus -il.osA Heint(e IONL 7ontes para a .istria de Angola p& ::R& KK; '& 0& Hespan.a @Disciplina e 7urisdio militaresA )o$a .istria p& KK& ..................... 247 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola invocavam a sua @e$trava!<nciaA KKI ou ainda as @!uerras in7ustasA 1ue os ne!ros -a(iam entre si KK: & ' incompreenso das l"!icas end"!enas do con-lito e$plica uma -rase como a de D& Fernando de Noron.a 7unto do soba do 5ailundo @&&& -a(ei antes por aplicar2vos ao ne!"cio e lavoura nas vossas terras 1ue a matar2vos uns aos outros &&&A KKR & ' verdade * 1ue mais do 1ue a de-esa ou e$tenso do dom,nio territorial tais !uerras visavam a ra(ia para obter escravos ou !ado& #ssa incompreenso tin.a o seu reverso por1ue os '-ricanos 1uando c.amados a per-ilar como soldados pa!os dos e$*rcitos portu!ueses se inscreviam na !ram8tica 1ue l.es era inerente& Usavam a !ram8tica a-ricana da !uerra b li!ada ra(ia e circulao b inseridos na marc.a colonial o 1ue acabava por resultar em deser4es& Na t8ctica mas tamb*m no detal.e os procedimentos dos e$*rcitos a-ricanos -u!iam ao padro se!uido na #uropa& /s e$*rcitos a-ricanos no se -a(iam acompan.ar das car!as de mantimentos& %ara se alimentarem os !uerreiros limitavam2se a destruir as culturas dos inimi!os e tamb*m dos ami!os& 's !uerras entre a-ricanos aparecem assim retratadas como !uerras de b8rbaros !uerras in7ustas aliceradas em ra(4es mal compreendidas pelos europeus& Do lado europeu a de-inio de !uerra 7usta permitia delimitar atrav*s de crit*rios enunci8veis uma pr8tica social& 0as 1uer na sociedade colonial de 'n!ola no s*culo G6+++ 1uer entre as sociedades a-ricanas 1uem -a(ia a !uerra sabia necessariamente o 1ue ela era e podia di(er o 1ue ela era& )odas as ac4es de !uerra lon!e de corresponderem a uma irrupo inesperada de a!ressividade -uncionavam como um -en"meno bem situado no sistema das pr8ticas e bem delimitado por -ronteiras simb"licas assim recon.ecidas& )rata2se a-inal de uma instituio& Uma !uerra para ser !uerra sup4e conven4es a a-irmao identit8ria de 1uem combate a recepo e portanto compreenso desses si!nos por parte dos advers8rios numa verdadeira troca de c"di!os militares& KKI %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda 2@Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L p& ^O;& KK: 6ide por e$emplo 5NL Res& C"d& N^JR -l& IIIv k+nstruo por1ue se .82de !overnar o Capito mor de Caconda 9oo 5aptista da Silva e da 1ual se no apartar8 um s" pontoA& #ste t"pico das guerras inNustas 1ue os a-ricanos praticavam entre si remete literatura dos mission8rios& C-& %roposta a S& 0a7estade sobre a escravaria das terras da Con1uista de %ortu!al 'N)) C"d& IIIK -ls& K::& KKR Carta do Hovernador para o soba do 5ailundo IJ de Setembro de IN;R 'HN' C"d& :^; -l& IOv& ..................... 248 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m %ortu!al o conceito de !uerra 7usta -ora de-inido de -orma pra!m8tica ainda no s*culo G+6 pelo -ranciscano Xlvaro %ais cu7a doutrina acentuava o direito da +!re7a ou do #stado de declarar !uerra contra os in-i*is permitindo 1ue a destruio e escravi(ao dos inimi!os se -i(esse se!undo a lei isto * em termos p3blicos e no privados KK^ & ' declarao de uma !uerra sendo um acto de #stado obedecia a re!ras estipuladas& / re!imento do !overnador de 'n!ola Vnos seus par8!ra-os :J e :NW previa a reunio da 9unta de Huerra em situa4es pass,veis de ser re!uladas pela !ram8tica da !uerra 7usta KKL & 'os seus vo!ais KKK cabia veri-icar as condi4es normativas da !uerra e lavrar um termo 1ue declarava o seu in,cio& /s -actos vm a ser avaliados se!undo o direito portu!us 1ue e$iste acerca da !uerra& #stes termos da 9unta de Huerra so particularmente esclarecedores acerca das ra(4es da !uerra 7usta e respectiva .ierar1ui(ao num cen8rio a-ricano KKJ & ' primeira ra(o da !uerra 7usta o princ,pio !eral no plano do direito ci-rava2se na le!,tima de-esa e esteve li!ada grosso modo !uerra de-ensiva uma !uerra 1ue respondesse a uma o-ensa anterior @e 1ue portanto pudesse ser tida como uma -orma de le!,tima de-esa ou como um acto 7ur,dico tendente reposio do status quo ante eventualmente ainda obteno de uma ade1uada reparaoA KKN & No conte$to an!olano um ata1ue do inimi!o b ocupao ile!,tima de terras ata1ue aos destacamentos militares ou roubo dos di8rios Vpa!amentos do e$*rcitoW j le!itimava a de-esa& Uma !uerra tamb*m seria estimada 7usta 1uando -oroso !arantir condi4es de continuidade a uma pol,tica de evan!eli(ao 78 encetada& No se trata de -a(er a !uerra para principiar a converso mas para -a(er c.e!ar aos cristos 78 convertidos os mission8rios indispens8veis e re1ueridos& #ste ar!umento raramente sobressai como ra(o aut"noma no conte$to em estudo e vai2se mesmo desvanecendo& ' isso no ser8 concerte(a al.eia a di-,cil situao em 1ue se encontravam as miss4es e o pr"prio clero paro1uial debilitado no n3mero dos seus a!entes& 's ra(4es comerciais e pol,ticas predominam sobre as reli!iosas o 1ue e$plica o KK^ C-& %untoni A Muerra p& L:& KKL Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& Cap& :J e :N& KKK 5ispo Reli!iosos da Compan.ia de So Francisco Carmelitas Descalos Capuc.in.os 6i!8rio Heral /-iciais da C<mara %rovedor da Fa(enda /uvidor Heral e o-iciais superiores da !uerra& KKJ )ermo da 9unta de Huerra Luanda O de 'bril de IJO; 'HU C$& K; Doc& I @%rocesso da Huerra do 0ossuloAY outra re-erncia no mesmo sentido relativa declarao de !uerra contra a Hin!a em IJ^^ @%etio de 5artolomeu Duarte de Se1ueiraA 'HU C$& RN Doc& NL IJLR& KKN Hespan.a e Santos @/s %oderes&&& p& ROKY Hespan.a +ntroduo a O &ireito da Muerra e da Pa% p& IK& ..................... 249 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola crescimento do peso concedido a outro !*nero de -actores KKO E iW desrespeito pelos pactos ou contratos Vde proteco ou de obedinciaWY iiW ata1ues de sobas @!entiosA no sentido de no avassalados a sobas vassalosY iiiW impedimento do com*rcioY ivW promoo do contrabandoY vW -ec.amento dos camin.os e da comunicao entre a capital de Luanda com o sertoY viW destruio dos arimos dos moradores KJ; & ` !uerra 7usta anda associada a cobrana dos 1uintos para a -a(enda real re!istados por um o-icial 1ue acompan.ava os e$*rcitos prestando depois contas Fa(enda em Luanda& #m 'n!ola os 1uintos vin.am !eralmente cobrados em escravos& / estatuto destes -icava ali8s le!itimado na medida em 1ue .aviam sido aprisionados na se1uncia de um acto b*lico res!uardado do ponto de vista 7ur,dico& / 1ue tudo isto 1uer di(er * portanto 1ue .8 um tempo de !uerra marcado por sinais indiscut,veis 1ue le!itimam o seu comeo T provoca4es desa-ios etc& e 1ue no caso an!olano passam acima de tudo por entravar o -lu$o do com*rcio impedindo os camin.os ou ne!ando carre!adores aos comerciantes& 'li8s uma de-inio e$pl,cita dada por um an"nimo em IJOR indica serem reputados por inimi!os todos os 1ue interceptavam o com*rcio e o embaraavam in-estando as estradas roubando as -a(endas e maltratando os -eirantes KJI & '-inal no s*culo G6+++ o mercado ainda no tem uma e$panso natural e a !uerra -a(2se em busca de novos mercados KJ: & / acesso aos mercados nunca est8 de-initivamente asse!urado e a !uerra -a(2se 1uer para manter os camin.os KKO ' 9unta de Huerra reunida em IJ^^ para declarar !uerra rain.a Hin!a invocava as 1uest4es de -* como principal motivo para a !uerra& %or*m sem dei$ar de mencionar e sublin.ar a 1uesto do -ec.amento dos camin.os ao com*rcio& %arecer do Consel.o Ultramarino IJLR 'HU C$& RN Doc& NL& KJ; #$emplo de IJO; sobre a !uerra contra o 0ossuloE @&&&in-rin!idos os saud8veis %actos com 1ue fos !entiosg -oram ali!ados uns proteco e outros obedincia da coroa introdu(indo abertamente pelos sert4es do real dom,nio o contrabando 1ue com !rav,ssimo pre7u,(o do com*rcio com eles praticam os estran!eiros principalmente da nao -rancesa nas praias ad7acentes levaram os rebeldes a sua aud8cia ate interceptarem claramente a comunicao desta capital com o dito serto da parte do Norte invadindo os 'rimos e pondo os seus pac,-icos moradores no terror e consternao 1ue os impele a abandona2los&&&A& @Carta do 5aro de 0o<medes para 0artin.o de 0elo e CastroA Luanda IL de '!osto de IJO; 'HU C$& K; Doc& I @%rocesso da Huerra do 0ossuloA& @)ermo da 9unta de HuerraA Luanda O de 'bril de IJO; 'HU C$& K; Doc& I @%rocesso da Huerra do 0ossuloA& KJI +n-ormao breve sobre o terreno de 1ue se comp4em o reino de 'n!ola nomes das cidades vilas Distritos e pres,dios Hoverno C,vel e 0ilitar V'n"nimoW IJOR 'HU C$& JO Doc& KK& KJ: No Cassan7e a e$panso natural do com*rcio s" vir8 a suceder em meados do s*culo G+G ap"s a e$pedio militar comandada por Salles Ferreira em INL:& 0as no serto de 5en!uela a e$panso em direco ao Lovale ao 5arot(e e Lunda a partir do 5i* -e(2se com a participao dos a-ricanos interessados em percorrer os camin.os e -re1uentar os mercados& ' primeira not,cia deste movimento *2nos dada em IJO^ pelo sertane7o 'le$andre da Silva )ei$eira 1ue ali -e( a sua primeira via!em nesse ano& ..................... 250 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola abertos 1uer em busca de novos mercados& / acesso aos mercados nunca est8 de-initivamente asse!urado e a !uerra -a(2se 1uer para manter os camin.os abertos 1uer para ultrapassar potentados 1ue impedem o aceso directo a novos mercados& / transito ou * ne!ociado ou -orado nunca * partida um direito dos estran.os& / pressuposto * portanto o de 1ue para .aver pa( * preciso .aver a !uerra& Fa(er a !uerra 7usta tra( a pa( 1ue do ponto de vista do ocidente colonial * a pa( 7usta& Fa( portanto sentido tamb*m -alar no s" da !uerra 7usta como da pa( 7usta& Novos elementos so introdu(idos no campo ar!umentativo da !uerra 7usta 1uando se considera as rela4es entre sobas vassalos& /s sobas vassalos no podem entrar em !uerra uns com os outros nem c.amar o poder colonial a optar por uma das partes& Se bem 1ue se previsse uma e$cepo no caso de um dos sobas ne!ando a persuaso e conciliao insistir na !uerra& Nessa altura o !overnador de 'n!ola teria le!itimidade de optar pela parte mais consensual KJR & 8.$. O #;#%#&) (# ,"'@/i%#8 Ci;i4i2#01"* #+&i,/4%/&#* i'(K%&i# ) %),'"4"+i# @&&&ser8 bem di-,cil encontrar al!uma outra Re!io semel.ante por1ue a1ui no recebero os con1uistados os costumes dos con1uistadores antes muito pelo contr8rio estes se apropriaro de -orma o Hentilismo&&&A Carta de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o para Francisco Gavier de 0endona Furtado IJKK&II&:K 'HU C$ L; Doc&LO ' alterao das no4es de soberania vin.a acompan.ada pela alterao das -ormas mecanismos e operadores de dom,nio& 98 -oi re-erido 1uando se tratou de discutir o discurso colonial pombalino 1ue o s*culo G6+++ vem propor uma nova leitura das -un4es da !uerra& Fa(2se a !uerra para obter a pa(& # antes de se c.e!ar ao uso dos meios b*licos devem ser es!otadas todas as vias persuasivas& #ste pressuposto no c.oca muito com a pr8tica pol,tica colonial de 'nti!o Re!ime marcadamente mercantil e portanto aberta ne!ociao de -orma a !arantir a circulao e o escoamento dos escravos& 0as a verdade * 1ue o t"pico da valori(ao da pa( sobre a !uerra * recorrente nos te$tos em estudo e parece !o(ar de um novo en1uadramento doutrin8rio& 0esmo sabendo partida 1ue KJR Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& Cap&I;& ..................... 251 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !uerra e violncia no so uma e a mesma coisa KJ^ tem interesse re-erir 1ue te$tos de Corneille %ascal 6oltaire e Rousseau se debruam sobre as -ormas le!,timas e ile!,timas de violncia dando ao assunto um espao importante nas suas re-le$4es KJL & / processo de con1uista era colocado em novos moldes no sentido em 1ue a con1uista tamb*m se podia -a(er com recurso a meios pac,-icos persuasivos ideol"!icosE a !uerra devia cessar lo!o 1ue o inimi!o se .umil.ava e su7eitava a uma pa( 3til e .onrosa KJK & +denti-icam2se uma s*rie de -actores para al*m do con-lito aberto capa(es de condu(ir captao e @conversoA pol,tica dos c.amados povos b8rbaros em especial o conv,vio com uma sociedade disciplinada e or!ani(ada mas tamb*m a tecnolo!ia ou actividades econ"micas 1ue e$i!iam uma ade1uada !esto dos meios e recursos& #sta ideia de 1ue a -ora a coero e a punio podem encontrar alternativas na persuaso e nos mecanismos ideol"!icos no anda ali8s muito lon!e da1uilo 1ue era proposto no campo 7ur,dico por 0elo Freire 1uando destacava uma nova -ronteira entre a disciplina 1ue era conse!uida pelo direito e a1uela 1ue se produ(ia por meios no 7ur,dicos Veducao cultivo das artes mel.oramento dos costume etc&&& KJJ W Foi Sousa Coutin.o e depois dele o 5aro de 0o<medes 1uem mel.or interpretou essa ideia ao de-ender 1ue a populao colonial e de a-ricanos assimilados no deveria ser composta por !uerreiros e con1uistadores mas antes por .omens pac,-icos reunidos em aldeias e dedicados a!ricultura KJN & @No propon.o eu con1uistar o 1ue resta a descobrir sem embar!o de 1ue o no considero di-,cil prevendo unicamente
1ue os Casais -irmados nas nossas !randes %rov,ncias comecem a descoberta pelo Com*rcio e '!ricultura e a acabem pela invenc,vel e como necess8ria lar!ue(a dos 5raos 1ue os Ne!ros costumados ao nosso trato doura de um Hoverno re!ular e s convenincias do KJ^ ' distino * -eita por 9ean 5a(in e #mmanuel )erraB j Muerres de (ignages et Muerres d*,tats en Afrique s&l& Zditions des 'rc.ives Contemporains ION: p&II b assinalando 1ue o recurso violncia -,sica no c.e!a para de-inir a !uerra uma ve( 1ue e$istem rela4es sociais cu7a concreti(ao se serve desse meio& KJL Franoise H*ritier @R*-le$ions pour nourrir la r*-le$ionA in &e la 2iolence %aris Zditions /dile 9acob IOOK pp& IN2IO& KJK Carta de F+SC para o capito2mor de #nco!e :N&II&IJKK 'HU C$ L; Doc&KI& KJJ C-& Hespan.a @Da +ustitia&&&A p& R:^& KJN /-,cio de Sousa Coutin.o para o Capito2mor de 5en!uela So %aulo da 'ssumpo I: de /utubro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^R -l& :Ov2RNY Carta do 5aro de 0o<medes para 9os* de Seabra e Silva IL de De(embro de IJN^ 'HU C"d&IK^: -l& I:v& ..................... 252 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Com*rcio l.e .o2de -acilitarY por cu7a ra(o esta obra 1ue parecia imensa e nimiamente lar!a em outras mos e em outros -undamentos se -irma por si s" independente do Hoverno nos claros -8ceis e c"modos princ,pios 1ue l.e dei$o abertos&&&A & /s capites2 mores eram a!re!ados a esta pol,tica 1uando se l.es ordenava em re!imento VIJKLW 1ue al*m de disciplinarem o e$*rcito ocupassem o soldado durante a pa( na '!ricultura a mel.or e mais 3til lio da rep3blica& 'os soldados dos pres,dios passaria a ser -eita a distribuio de al!umas terras& %ela '!ricultura a m*dio pra(o o car8cter militar dos pres,dios cederia lu!ar a um tipo de coloni(ao diverso onde os soldados se trans-ormariam em a!ricultores KJO & Na mesma lin.a caberia aos soldados e aos brancos de!redados a misso de ensinar aos a-ricanos as t*cnicas da a!ricultura se!undo princ,pios 1ue na "ptica colonial viriam contrariar a @pre!uiaA a-ricana& / t"pico encontrava2se ali8s divul!ado entre a elite camar8ria de Luanda 1ue num &iscurso PolWtico sobre a necessidade que -' de fa%er a guerra aos )egros do )orte e do 4ossul recomendava 1ue a !uerra -osse comandada por .um c.e-e capa( de mostrar ser superior aos mais -unestos acontecimentos e e$ercitar toda a clemncia com os vencidos no s" por Humanidade mas tamb*m por pol,tica& @%or1uanto como di( o Hrande 0ontes1uieu o Fruto da Huerra * a %a( e durante esta os %ovos devem !o(ar de todo o bem 1ue l.e -or poss,vel e durante a Huerra -a(er o menos mal sem contudo pre7udicar os interesses 1ue so a-i$os ao bem !eral da nao&&&A KN; & ' con1uista no se -a( tanto pela !uerra como pela a!ricultura ind3stria e reli!io& ' noo de con1uista apro$ima2se assim da noo de civili(ao& # sendo assim o 1ue se conclui * 1ue o processo civili(acional uma ve( bem lanado se!uiria a sua pr"pria din<mica e acabaria por se impor& ' civili(ao -a(2se a si mesma KNI &)udo isto 1uer di(er 1ue a !uerra seria um 3ltimo recurso na coloni(ao e no a via por e$celncia para a KJO Re!imento dos Capites2mores :^ de Fevereiro de IJKL publ& +n Carlos Couto Os capites&&&& p& R:N& 's instru4es dadas ao capito2mor Francisco Gavier de 'ndrade nomeado para 'mbaca em IJJ; nos seus cap,tulos R e L prescreviam au$,lio s novas povoa4es e promoo da a!ricultura O de 9ul.o de IJJ; FU% L2R2N 'L C"d& ^K -l& :;& KN; #ste discurso est8 redi!ido num cadernin.o sem assinatura& %or*m noutros documentos .8 not,cia de um pedido do 5aro de 0o<medes diri!ido C<mara de Luanda para 1ue desse o seu parecer sobre a !uerra 1ue se preparava contra os sobas do Norte 1ue se veio a c.amar a Huerra do Norte& C-& Discurso IJO; 'HU C$& JL Doc& J^Y /-,cio do 7ui( de -ora de 'n!ola para 00C Luanda J de '!osto 'HU C$& JL Doc& R^& KNI Carta de F+SC para FG0F IN de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IKN& ..................... 253 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola imposio colonial& / processo civili(acional conteria em si mesmo a din<mica 1ue no o dei$aria perecer& ' civili(ao acabaria por condu(ir ao desestruturar das sociedades a-ricanas tanto nas suas rela4es econ"micas e sociais 1uanto nos seus valores culturais espec,-icos& #m lu!ar pr"prio -icou re-erida a proli-erao de uma literatura a!rarista 1ue valori(ava o desenvolvimento da a!ricultura& ' perspectiva * a1ui diversa& ' leitura universalista das pr8ticas ocidentais li!adas ao crescimento econ"mico como a a!ricultura e a ind3stria impediam estes administradores -il"so-os de recon.ecer em X-rica a presena de actividades da mesma nature(a& Do seu ponto de vista os a-ricanos no praticam por1ue no con.ecem a a!ricultura ou a ind3stria& De onde decorre 1ue tais cate!orias 1ue uma leitura .ist"rica e antropol"!ica recon.ece como cate!orias .ist"rica e culturalmente constru,das so neste conte$to setecentista de-inidas e$clusivamente a partir de uma pr8tica europeia por sua ve( inscrita numa l"!ica de crescimento econ"mico& Z essa operao 1ue -a( transitar a de-inio europeia das cate!orias a!ricultura/ind3stria para o estatuto de cate!orias universais de civili(ao e assim le!itima a sua imposio& #sse t"pico est8 ali8s presente na literatura doutrin8ria da *pocaE @).e cultivation o- t.e soil deserves t.e attention o- t.e !overnment not onlB on account o- t.e invaluable advanta!es t.at -lo\ -rom it but -rom its bein! an obli!ation imposed bB nature on man[ind& ).e \.ole eart. is destined to -eed its in.abitantsY but t.is it \ould be incapable o- doin! i- it \ere uncultivated& #verB nation is t.en obli!ed bB t.e la\ o- nature to cultivate t.e land t.at .as -allen to its s.areY and it .as no ri!.t to enlar!e its boundaries or .ave recourse to t.e assistance o- ot.er nations but in proportion as t.e land in its possession is incapable o- -urnis.in! it \it. necessaries& ).ose nations Vsuc. as t.e ancient Hermans and some modern )artarsW \.o in.abit -ertile countries but disdain to cultivate t.eir lands and c.oose rat.er to live bB plunder are \antin! to t.emselves are in7urious to all t.eir nei!.bours and deserve to be e$tirpated as sava!e and pernicious beasts& ).ere are ot.ers \.o to avoid labour c.oose to live onlB bB .untin! and t.eir -loc[s& ).is mi!.t doubtless be allo\ed in t.e -irst a!es o- t.e \orld \.en t.e eart. \it.out cultivation produced more t.an \as su--icient to -eed its small number o- in.abitants& 5ut at present \.en t.e .uman race is so !reatlB multiplied it could not subsist i- all nations \ere disposed to live in t.at manner& ).ose \.o still pursue t.is idle mode o- li-e usurp more e$tensive territories t.an \it. a reasonable s.are o- labour t.eB \ould .ave occasion -or and .ave t.ere-ore no reason to complain i- ot.er nations more industrious and too closelB con-ined come to ta[e possession o- a part o- t.ose lands& ).us t.ou!. t.e con1uest o- t.e civili(ed empires o- %eru and 0e$ico \as a notorious usurpation t.e establis.ment o- manB colonies on t.e continent o- Nort. ..................... 254 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'merica mi!.t on t.eir con-inin! t.emselves \it.in 7ust bounds be e$tremelB la\-ul& ).e people o- t.ose e$tensive tracts rat.er ran!ed t.rou!. t.an in.abited t.emA KN: & Li!ada ao povoamento branco e instalao de colonos estava ento a a!ricultura a instaurao de uma ruralidade dUa ruralidade meio e-ica( na !arantia de -i$ao de colonos e desenvolvimento das suas comunidades& Como -icou re-erido 1uando tratei das povoa4es civis as vias de interveno do #stado colonial 7unto das popula4es a-ricanas passavam tamb*m por um tipo de inovao cultural atrav*s da introduo de novos m*todos a!r,colas KNR & 'ssim no era s" a e$panso da super-,cie a!r,cola 1ue estava em causa mas a modi-icao dos e1uil,brios inter2culturais com a introduo de uma outra racionalidade na !esto a!r,cola KN^ & )oda a inovao na or!ani(ao da vida material de uma sociedade tradicional e sobretudo toda a modi-icao sens,vel na sua estrutura de produo produ( conse1uncias de v8rias ordens Vsociais culturais&&&W cu7a aceitao por parte da sociedade em 1uesto poder8 contrariar .8bitos e modos de vida ancestrais& #ste * tamb*m um dispositivo de dom,nio 1ue no se socorre nem da !uerra nem do direito mas antes decorre de uma noo de civili(ao como e$panso de um modelo europeu de ordenao da sociedade& ' pol,tica de e$panso e trans-ormao da estrutura a!r,cola em 'n!ola decorria ela tamb*m da alterao dos dispositivos coloniais de dom,nio& Na '!ricultura locali(ava a ideolo!ia da *poca @o se!uro -undamento e opulncia dos estados V&&&W sem o 1ue pertence aos campos no pode .aver populao ri1ue(a sociedade ou com*rcio ele -a( toda a -elicidade dos pa,ses em 1ue reina converte os terrenos in!ratos e est*reis nos -rut,-eros e 3teisA KNL & /s pr"prios soldados eram ol.ados como potenciais lavradores& ' m*dio pra(o deveriam converter2se de-initivamente e$plorao a!r,cola 78 1ue a !uerra essa -icaria a car!o dos naturais do pa,s& /s povoadores europeus tamb*m deviam ser lavradores& %ara isso l.e eram -ornecidas as -erramentas necess8rias ao cultivo KNK & KN: #& 6attel :-e (aO of )ations L& + C 6++& o- t.e cultivation o- t.e soil& KNR )udo isto sem es1uecer 1ue no 5en!o +colo Dande Holun!o e Calumbo eram cultivados por colonos portu!ueses os arimos com pa!amento de d,(imos Fa(enda Real& KN^ Noutro lu!ar -icou -eita a re-erncia cultura do tri!o& KNL /-icio de Sousa Coutin.o So %aulo da 'ssumpo :N de '!osto de IJKN 'N)) 0inist*rio do Reino 0ao K;L C$& J;R& KNK ' t,tulo de e$emplo ve7a2se a proposta do 5aro de 0o<medes no sentido de serem -ornecidas aos -uturos moradores aorianos de 0o<medes -erramentas @para a cultivaA& C-& I: de 9aneiro de IJNK ..................... 255 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0edidas para a introduo de t*cnicas a!r,colas europeias b em especial o arado b visavam desarrei!ar -ormas a!r,colas de subsistncia na preparao da terra como a 1ueima e a en$ada a-ricana de cabo curto para promover o trabal.o dos campos pelo @m*todo da #uropa KNJ & #m Nova Caconda c.e!ou a ser constru,do um moin.o para moer os !ros de tri!o -oram usados al!uns arados e enviados outros instrumentos a!r,colas assim como sementes KNN & ?uanto aos !*neros cultivados por tradio em X-rica continuou a predominar o mil.o o -ei7o a massambala o in.ame a 1ue se 7untara vinda do 5rasil a mandioca KNO & ' coloni(ao procurava a!ora incentivar o cultivo do tri!o da pre-erncia dos portu!ueses mas descon.ecida dos a-ricanos e tamb*m por isso os moin.os !an.avam import<ncia para a moa!em mas como se pode ver atrav*s dos mapas de produo nunca obteve !rande e$pressividade& KO;
Dentro deste pro!rama a tecnolo!ia aplicada a!ricultura acabaria por minar as estruturas primordiais de uma sociedade e de uma economia de e1uil,brio para a -a(er entrar em l"!icas de crescimento e acumulao no sentido ocidental do termo KOI & #sse -en"meno como se sabe s" teria lu!ar em -inais do s*culo G+G na sociedade colonial e no na a-ricana 1uando a a!ricultura industrial do al!odo do ca-* ou do si(al se instalou em X-rica& 98 no -inal do s*culo G6+++ 0i!uel 'nt"nio de 0elo declarava 1ue no .avia meio nen.um para conse!uir -i$ar os a-ricanos nas terras nem de os incentivar a 1ue 'HU C"d& IK^: -l& RI& KNJ Carta de F+SC para 9os* 6ieira de 'ra37o capito2mor de 5en!uela I: de /utubro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p& IJI2IJ:Y +nstruo por1ue se .82de !overnar o capito2mor de Caconda 9oo 5aptista da Silva e da 1ual se no a-astar8 um s" ponto IL de De(embro de IJKO Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos vol& + p&IJR& KNN Nas instru4es para a povoao de Caconda recomenda2se a construo de moin.os& C-& +nstru4es IL de De(embro de IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l&IIIY Carta de F+SC para o capito2mor de Caconda I de /utubro de IJJ; onde recomenda a construo de um moin.o de 8!ua 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^:& Z interessante notar 1ue Lopes de Lima assinala a ine$istncia de moin.os em 'n!ola na d*cada de IN^;& C-& Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& ^L& 6er tamb*m a carta de F+SC para o Capito2mor de Caconda a NovaY IO de 0aio de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l& :;L& KNO Nas respostas ao in1u*rito de IJOJ os capites2mores do -interland de 5en!uela anotavam a presena da mandioca nas re!i4es mais pr"$imas da costa e a sua ausncia nas mais internadas Not,cias de 5en!uela e seus distritos +HH5 R9 -l&KJ& KO; +nstru4es IL de De(embro de IJKO 5NLY Res& C"d& NJ^: -l& II; v2III& Carta de F+SC para o reverendo 5aptista 'ra37o L de Fevereiro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IRR2IRRv& KOI ?uando se -ala de e1uil,brio para as sociedades ditas tradicionais 1uer2se si!ni-icar a tendncia de um sistema para voltar ao seu estado pr*vio depois da ocorrncia de dist3rbios& Se um sistema est8 em e1uil,brio ele ser8 capa( de absorver 1ual1uer dist3rbio& No caso dos sistemas pol,ticos o padro das rela4es pol,ticas mant*m2se se bem 1ue desse momento de con-ronto possam ter resultado altera4es de estrutura& C-& Hluc[man Politics, (aO p& :JO2:NL& ..................... 256 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cultivassem -ora do re!ime do auto2consumo de acordo com os m*todos rotineiros estabelecidos por uma cultura ancestral KO: & ' soluo estava em -omentar @a '!ricultura e a +ndustria 1ue no con.ecem os Ne!ros&&&seno nunca sairemos do p* de pesse!ueiro e a e$perincia mostra 1ue a inaco acaba com tudo sem -a(er mais estrondo 1ue o salal* ou a traaA KOR & +nter-ace do processo civili(acional este 1ue a a!ricultura tra(ia consi!o e assim -aria participar os a-ricanos de uma camin.ada 78 avanada 1ue l.es era o-erecida mas na 1ual s" iriam entrar primeiro pela escravido depois pelo trabal.o -orado nas planta4es coloniais& 8.:. E3),i5i,i(#() (# +/)&&# () A'+"4# 8.:.1. O ,"'5&"'%" )'%&) " %)=&i," ) " 3&J%i," 'o lon!o do s*culo G6+++ a !uerra -oi cada ve( mais entendida como uma arte no sentido em 1ue o seu e$erc,cio e$i!ia um con.ecimento te"rico e pr8tico ao supor uma preparao de nature(a mais te"rica e a mestria das re!ras de t8ctica& ' e$perincia da !uerra por si e isoladamente no c.e!ava para ensinar a arte de !uerra& ' e$perincia no -ornece os instrumentos para en-rentar o descon.ecido& ' cincia militar * -undamental para desvendar os princ,pios 1ue permitem aos e$*rcitos -a(er -ace a situa4es descon.ecidas KO^ & @/n ne peut ac1u*rir la science de la !uerre 1ue par la*tude l par la prati1ue& La prati1ue seule sans la t.*orie ne peut 7amais donner 1ue des connoissances -ort born*es& +l -aut 1uaelle soit aid*e l soytenue par les lumiSres de la t.*orieA KOL & ' re-orma dos e$*rcitos na #uropa muito marcada pelas concep4es prussianas teve a sua e$presso em %ortu!al com as re-ormas disciplinares e de maneira !eral a reor!ani(ao da mil,cia introdu(idas pelo Conde de Lippe a partir de IJKR com o apoio da +n!laterra KOK & #m 3ltima an8lise o re-oro da disciplina sobretudo a partir de IJK: KO: Carta de 0'0 para RSC :^ de '!osto de IJOJ AA vol&++ nQ I; IORK p& RL;& KOR Carta do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva L de De(embro de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& :L& KO^ Sobre a escrita da !uerra Rui 5ebiano A Pena de 4arte ,scrita da guerra em Portugal e na ,uropa Coimbra 0inerva Coimbra :;;;& KOL 9oucourt @HuerreA &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV KOK C-& Fernando Dores Costa 0il,cia e SociedadeA )o$a .istria pp& KN e ssY e @Huerra no tempo de Lippe&&&A "bidem p&R^K e ss& ..................... 257 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1uando o Conde de Lippe acrescentou aos ?V artigos de guerra primeiro re!ulamento penal publicado por D& 9oo 6 :O novos arti!os era viabili(ado atrav*s da centrali(ao estatal& #stas leis e re!ulamentos de inspirao prussiana revestiam uma certa ri!ide( 78 1ue a aco no terreno era entendida como a con-ormidade a uma norma escrita& ' aco dos subordinados resultaria de uma mec<nica de obedincia norma 1ue a autoridade estabelecia& ' disciplina * o n3cleo -undamental da arte da !uerra sendo a e$ecuo r,!ida das suas re!ras a1uilo 1ue distin!ue o e$*rcito das rebeli4es populares& / indiv,duo devia estar su7eito inte!ralmente -ormao de 1ue -a(ia parte como uma pea de um mecanismo 1ue o ultrapassava& ' arte da !uerra investe2se a!ora na conduo de opera4es militares de acordo com o ob7ectivo da obteno de custos menoresA KOJ & / 0arec.al de Sa$e a-irmava 1ue @as batal.as so o recurso dos !enerais med,ocresA KON & #st8 persuadido de 1ue um !eneral .8bil pode evitar a batal.a durante toda a sua vida& ' prioridade concedida manobra visa evitar a batal.a& ' arte da !uerra consiste em levar o inimi!o a abandonar a luta sem -a(er recurso batal.a& Z a e$presso da1uilo a 1ue os te"ricos modernos c.amam a @estrat*!ia indirectaA& Controlar pol,tica e militarmente toda uma re!io escapando ao con-lito directo supun.a a comple$i-icao da estrat*!ia e da t8ctica& Re-ira2se por e$emplo a construo de praas2-ortes de modo a desenvolver uma rede de @posi4es2c.aveA normali(ao e reduo do calibre da artil.aria para mel.orar a capacidade de -o!o e ainda o alar!amento do volume das tropas e a sua maior mobilidade KOO & #stes princ,pios te"ricos da !uerra vin.am e$plicitamente invocados pelos militares em 'n!ola& / Coronel %edro Xlvares de 'ndrade envolvido nas opera4es b*licas da *poca e em especial na !uerra de Cabinda estabelecia em IJNR e nesse cen8rio um con7unto de re!ras s 1uais as tropas deviam obedecer le!itimando directamente tais directivas na aprendi(a!em 1ue -i(era da disciplina militar no re!imento comandado pelo KOJ Sobre as altera4es na estrat*!ia e na t8ctica $ide o arti!o de Rui 5ebiano @' arte da !uerra& #strat*!ia e )8cticaA )o$a .istria 4ilitar p& IIJ& KON Citao do 0arec.al de Sa$e no arti!o @HuerreA &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV& KOO Rui 5ebiano @' arte da !uerra&&&A )o$a .istria 4ilitar p& IRL e ss& ..................... 258 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Conde de Lippe J;; & #ntre os !overnadores de 'n!ola veri-ica2se o seu con.ecimento atrav*s de citao directa dos conte3dos de obras can"nicas da *poca& Z assim 1ue se encontram re-erncias ao 0arec.al de Sa$e VIKOK2IJL;W e s suas 38$eries sur l*art de la Muerre VIJR;W ao 6isconde de )urenne J;I e a 0ontec3culi J;: autores modernos -re1uentemente citados na ,nc5clopdie a prop"sito da arte militar para -undamentar posi4es acerca da !uerra como cincia& #lias 'le$andre cita ainda a aco militar e os ensinamentos da !rande -i!ura da arte da !uerra na *poca Frederico da %r3ssia J;R & Face s e$i!ncias da !uerra no terreno a aplicao directa dessas aprendi(a!ens assentes em elabora4es te"ricas encontraria em territ"rio a-ricano s*rias di-iculdades denunciadas com toda a clare(a por #lias 'le$andreE @/ -unesto e$emplo do I:Q Hovernador fLu,s 0endes de 6asconcelos IKIN2IK:Ig combatendo ao uso da #uropa -e( adoptar a desordem da disciplina #t,ope como a mais bem re!ulada para competir com i!ual mil,ciaA J;^ & ' e-ic8cia da @in-orme disciplinaA dos a-ricanos leva2o a concluir 1ue so mais di!nas de ateno @as advertncias de 1ual1uer Ne!ro inteli!ente 1ue os Consel.os do mais instru,do 0ilitarA J;L & 98 em IJKK re-erindo2se s di-iculdades de -a(er a !uerra aos Dembos Sousa Coutin.o esclarece Francisco Gavier de 0endona FurtadoE @em %ortu!al entenderam 1ue -a(er a !uerra aos ne!ros * uma aco de pe1ueno risco e de pe1uena despesa e na verdade no * assim V&&&W a e$perincia me mostra claramente V&&&W ser J;; /rdem distribu,da no 1uartel de S& 0aria de Cabinda a :I de Novembro de IJNR pelo Coronel %edro Xlvares de 'ndrade Angolana vol&+ pp& :I2:^& J;I / 6isconde de )urenne VIKII2IKJLW * considerado o maior @.omem da !uerraA produ(ido pela Frana antes de Napoleo& Consa!ra2se reor!ani(ao dos e$*rcitos& Concebe uma campan.a como uma obra de arte e no como uma -orma de a-rontamento& ' se!urana do seu racioc,nio e a previso dos acontecimentos permitiam2l.e surpreender os seus advers8rios& %ara ele como depois para 5onaparte a batal.a estava -re1uentemente !an.a mesmo antes de se iniciar !raas enver!adura e preciso da manobra preparat"ria& C-& @)urenneA ,nc5clopaedia Uni$ersalis& J;: Raimondo 0ontecuccoli VIK;O2IKN;W !eneral do e$*rcito imperial dos Habsbur!o 1ue esteve presente em numerosos campos de batal.a da #uropa& 's suas mem"rias encontram2se citadas em v8rios arti!os sobre a arte da !uerra publicados in &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV& Se!undo 0ontecucolli @la guerre est une action d[armes qui se c-oquent en toute sorte de manieres, ^ dont la fin est la $ictoire Cette d*-inition naest pas absolument e$acte parce 1ue lors1uaun *tat puissant en atta1ue un plus -oible le but de la guerre dans le dernier naest pas tant de remporter la victoire sur laa!!resseur 1ue de saopposer ses desseinsA& Vc-& arti!os @HuerreA e @0/N)#CUCULL+ Raimond deA in &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV& J;R Corra ++ p& LJ& J;^ Corra ++ pp& LJ& J;L Corra ++ pp& LN& ..................... 259 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola necess8ria toda a const<ncia e en-rentar a -ome as doenas etcA J;K & Na mesma lin.a e contrariando os ensinamentos da ,nc5clopdie o 5aro de 0o<medes em instru4es 1ue envia aos e$*rcitos 1ue deviam combater nas !uerras do Norte contra o Dembo Namboan!on!o a-irmava 1ue as opini4es dos !randes te"ricos da arte da !uerra de nada valiam em 'n!ola& S" a e$perincia e a aprendi(a!em directa das t*cnicas a-ricanas poderiam condu(ir a vit"rias militares& )ratava2se de sublin.ar uma outra constante da arte da !uerra a necess8ria adaptao das concep4es s circunst<ncias como demonstram as +nstru4es do 5aro de 0o<medesE @sendo estas unicamente as min.as vistas e tendo a -ortuna de e$plicar2me com o-iciais to .8beis no limito a sua deliberao con.ecendo a preciosidade do tempo 1ue se no pode trabal.ar em meses de a!uas pelos imensos pal.a!ais e 1ue mudando as circunst<ncias em toda a parte so muito mais invari8veis nos !*nios pertina(es dos Ne!ros cu7a -orma de pele7a se deve atender -orosamente e procurar dela a respectiva vanta!em sem nos li!armos aos e$emplos citados nas 0em"rias do 0arec.al de Sa$ de )urena e de 0ontecucolli&&& J;J A #m paralelo -a(ia meno ao :ratado 4ilitar e aco do Capito20or do Reino e Campo Lu,s Lopes de Se1ueira J;N 1ue comandou a batal.a contra o Dembo 'mbuila V0b\ilaW em IKKL como se sabe um dos marcos mais salientes da .ist"ria da !uerra em 'n!ola mas acrescenta 1ue os ensinamentos deste c.e-e militar se encontravam desactuali(ados !raas vul!ari(ao das armas de -o!o entre os a-ricanos tanto mais 1ue o e$*rcito portu!us no dispun.a de serral.eiros su-icientes e competentes para a sua manuteno J;O E @ nem tamb*m ao tratado militar do -amoso capito mor do Campo e reino Lu,s Lopes de Se1ueira por1ue a1ueles 0estres no militaram em '-rica e este certamente teria mudado de m8$imas neste s*culo vendo 1ue o maior numero dos combatentes 78 no usam do arco e da -lec.a mas sim das armas de -o!o e por1ue -inalmente l.e descubro muito parado$o sobre o !rande n3mero do e$ercito J;K L de 'bril de IJKK 'HU C$& L; Doc& N& J;J @+nstru4es por 1ue se devem re!ular os comandantes do e$*rcito 1ue vai -a(er a !uerra do Norte&&&A 'HU C$& JN Doc& K; :J de 'bril de IJORY Corra ++ p& L:& J;N ' e$cepcionalidade !uerreira de Lu,s Lopes de Se1ueira * -risada por Corra ++ p&LN& Lopes de Lima ,nsaios sobre a ,statWstica, Liv&+++& part&+ +G& Foi ele 1uem durante o !overno de Francisco de )8vora con1uistou a 5an(a do rei do NUDon!o onde -oi instalado desde IKJI o pres,dio das %edras de %un!o 'ndon!o& J;O IN de 0aro de IJLO 'HU C$ ^: Doc& ^R& ..................... 260 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dos Ne!ros suposto serem as re!ras !erais de !rande peso e di!nas de se adoptarem com a seleco de um s8bio comandanteA JI; Na !uerra contra os Dembos do Norte VIJO;W as mesma instru4es re-oravam esta necessidade de ouvir os con.ecedores do terreno 1uando ordenava 1ue se ouvissem os o-iciais e sobas principais do e$*rcito de 1uem dependia @inteiramente o bom $ito em 1ual1uer resoluoA 78 1ue sem eles e contra a sua vontade seria @imposs,vel o bom sucesso nas ac4esA JII & ' mel.or utili(ao das armas de -o!o pelos a-ricanos 1ue aprenderam a us82las correctamente pun.a um novo problema aos c.e-es da !uerra uma ve( 1ue obri!ava a alterar os procedimentos militares isto para al*m de t8cticas adaptadas ao terreno ao n3mero de combatentes s esta4es do ano resistncia ao clima e a doenas sa(onais JI: & ' vul!ari(ao de armas de -o!o estava presente no s" entre os 'mbundo mas tamb*m entre os sobas ovimbundo das terras do Nano como atesta %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda 1ue palmil.ou o serto para l8 das nascentes do Cunene& / dom,nio das armas de -o!o e tamb*m de uma per-eita -abricao do cartu$o a partir da p"lvora !arantia uma boa t*cnica do tiro& %or*m para l8 do rio Cutato onde comeavam os povos Han!uelas 78 no eram con.ecidas as armas de -o!o e permaneciam as -lec.as tradicionais com -arpas de -erro JIR & Se nos situarmos no reinado de D& 9os* a relao 1ue as tropas do Reino e as tropas de 'n!ola mantin.am com a !uerra era de -acto completamente di-erente& 's tropas do Reino estavam .avia cerca de cin1uenta anos distantes da e$perincia da !uerra a!ora retomada no conte$to da Huerra dos Sete 'nos en1uanto as tropas de 'n!ola .aviam JI; @+nstru4es por 1ue se devem re!ular os comandantes do e$*rcito 1ue vai -a(er a !uerra do Norte por ordem o 5aro de 0o<medes !overnador deste reino a IR de 9un.o de IJO;A in 'HU C$& JN Doc& K; :J de 'bril de IJOR @%rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na campan.a de IJO; 1ue comandou contra o rebelde Nambo 'n!on!o ?uin!uen!o Lundo e seus 'liadosA& JII %rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na !uerra aos Dembos :J de 'bril de IJOR 'HU C$& JN Doc& K; -l&RN& JI: Sobre a utili(ao das armas de -o!o pelos a-ricanos vide 0&#&0& Santos @)ecnolo!ias em presenaE manu-acturas europeias e arte-actos a-ricanos Vc&INL;2INN;WA " 3eunio "nternacional de .istria de Efrica Lisboa C#HC'/++C) IONO pp& :;J2:^;Y e +& Castro Henri1ues @'rmas de -o!o em 'n!ola no s*culo G+GE uma interpretaoA "bidem pp& ^;J2^:O& JIR Sobre tudo isto ver %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda @Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& ..................... 261 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola convivido e mantido uma relao com a !uerra ao lon!o de todo o s*culo G6+++ uma !uerra 1ue assumia v8rias e$press4es e uma aprendi(a!em 1ue s" a e$perincia poderia proporcionar& 8.:.$. Si+'i5i,#(" ) 5/'0F) ",i#i 3#&# " #5&i,#'" ?uando se procura tradu(ir da tradio oral para as l,n!uas europeias um voc8bulo como !uerra ou con1uista est8 a -alar2se de tudo e de nada& #ssas palavras podem si!ni-icar todo o tipo de coisasE @uma s*rie de ra(ias uma ocupao militar uma ocupao administrativa mais -orada ou a assimilao conse!uida de uma comunidade por uma outra V&&&W JI^ &)ratando2se a1ui de considerar um cen8rio colonial onde os poderes a-ricanos avassalados e por isso de al!uma -orma inte!rados no dei$am de manter autonomia pol,tica e de obedecer s l"!icas end"!enas de -uncionamento * pre-er,vel -alar de !uerras e no de !uerra& ' !uerra com armas pode estar associada s !uerras rituais ra(ia e ao roubo& Uma consulta s l,n!uas banto pode ser esclarecedora& No umbundo tal como ele vem estabelecido no &icion'rio do %e 6alente e do %e Hennec ali8s como acontece nas l,n!uas dos .erero a !uerra 1ue se -a( com armas di(2se o$ita& 0as nos si!ni-icados umbundo de !uerra cabe tamb*m oc-ipunda 1ue * a !uerra ritual das mul.eres na ocasio da entroni(ao de um soba& 98 o roubo 1ue se -a( -ora di(2se epundo e a ra(ia como sa1ue * tamb*m epundo& #$iste portanto a1ui um campo sem<ntico comum 1ue se estrutura volta de di-erentes no4es de !uerra e 1ue no caso do planalto de 5en!uela e dos /vimbundo est8 directamente associado circulao/roubo do !ado& ?uanto ao 1uimbundo uma distino * contemplada entre !uerra e roubo& Huerra vem como !ela o 1ue su!ere importao do portu!us atrav*s de uma converso do r em l mas tamb*m com o nome 1uimbundo de kubanga e kutonga com si!ni-icados pr"$imos de con-lito& 98 roubo * kun-ana ou kXbua&/ &icion'rio de Cordeiro da 0atta no considera ra(ia JIL & JI^ 9& 6ansina (es Anciens 3o5aumes p& IN& JIL Sobre isto ver %adre 'nt"nio da Silva 0aia Vs&d&W &icion'rio Complementar Portugu8s6 kimbundu6kikongo Ventradas !uerra ra(ia e rouboWY 0'))' 9& D& Cordeiro da INOR &iccion'rio QimbXndu6Portugue% as entradas Mela kubanga kutonga kun-ana e kXbua Hr*!oire le Huennec C&S&S&%& 9os* Francisco 6alente C&S&S&%& &icion'rio Portugu8s6Umbundu Luanda +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica de 'n!ola IOJ: entradas !uerra ra(ia e roubo& ..................... 262 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Recon.ecer a polissemia do termo e portanto a diversidade das -ormas da !uerra permite distin!uir pelos menos trs n,veis de con-litualidade em coe$istnciaE iW as !uerras entre se!mentos lin.a!eiros cls ou classes de idade 1ue mantm entre si outro tipo de rela4es para al*m da !uerra o 1ue -a( da !uerra ao mesmo tempo uma crise e o prolon!amento de outro tipo de rela4esY este n,vel apro$ima2se da de-inio de !uerra no sentido 1ue Clause\it( l.e d8Y a !uerra -uncionar8 como substituto em relao a uma crise no desenvolvimento de transac4es pac,-icas e * assim uma mera continuao da pol,tica por outros meiosY no s" constitui um acto pol,tico como * um instrumento pol,tico 1ue utili(a meios espec,-icos JIK Y iiW as !uerras entre sociedades lin.a!eiras estran.as umas s outras 1ue resultam em ac4es de con1uista e de dom,nio&Y a posse da terra e a restituio das terras usurpadas esto a1ui em causa JIJ Y iiiW -inalmente as !uerras entre sociedades lin.a!eiras e um sistema estadual 1ue procura estabelecer sobre elas um dom,nio& / n,vel 1ue procuro a1ui tratar * este 3ltimo envolvendo o estado colonial administrativamente or!ani(ado sobre um territ"rio Vse bem 1ue se trate de uma administrao em redeW e as sociedades a-ricanas ditas tradicionais sem no entanto es1uecer 1ue os outros n,veis as outras modalidades do con-lito esto em andamento simultaneamente e introdu(em -actores de perturbao 1ue * necess8rio distin!uir e levar em conta JIN & #m relao ao tempo e !eo!ra-ia abran!idos nesta tese as !uerras 1ue se passam entre sociedades a-ricanas mar!em do poder colonial no dei$am de inter-erir nas din<micas do pr"prio estado colonial& Z o caso das @!uerras do NanoA tratadas tamb*m neste cap,tulo& 's !uerras entre a-ricanos possibilitavam a alimentao dos canais do tr8-ico de escravos& ' a1uisio de escravos atrav*s da captura em !uerras ou em ra(ias estava amplamente di-undida nas sociedades a-ricanas e o crescimento da e$portao atl<ntica incentivou a ampli-icao desses mesmos con-litos e a instrumentali(ao de estrat*!ias lin.a!eiras com o -im de aumentar o -ornecimento de escravos JIO & Foi o 1ue se passou em JIK Carl von Clause\it( &e la Muerre %aris Les Zditions 0inuit IOOL p& KJ& JIJ Re-erncias na Carta para a Rain.a de Hoando II e :N de Novembro de IJKK 'HU C$& L; Doc& K;& JIN Sobre a distino entre estes n,veis ver %ierre2%.ilipe ReB @Huerres et %oliti1ue Li!na!SresA in 5a(in e )erraB Muerres p& RL& JIO DpBto-- e 0iers @'-rican ]SlaverBU&&& p& IR& ..................... 263 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5en!uela por e$emplo 1uando a presso esclava!ista incentivou a propa!ao da !uerra pelo interior por1ue os c.e-es assaltavam os seus dom,nios procurando cativos para depois os vender J:; & Na relao com as sociedades pastoris do sul de 'n!ola onde a @!uerraA pode si!ni-icar a ra(ia @*tnicaA tradicional end"!ena o 1ue d8 vontade de per!untar * se as !uerras coloniais do ponto de vista das popula4es pastoris no se teriam vindo inscrever numa .ist"ria numa mem"ria de ra(ias e contra2ra(ias& +sto por1ue o corredor de ?uilen!ues territ"rio entre duas identidades pastoris era teatro de @!uerrasA Vra(ias contra2ra(iasW e no .avia -ora administrativa ou militar 1ue ali -osse parar 1ue no acabasse por ver2se envolvida em circulao de !ado pela via do @rouboA J:I & Ra(ia implica -re1uentemente contra2ra(ia ou comporta2a mesmo desde 1ue a circulao de !ado 1ue assim se estabelece se7a entendida como um dispositivo inte!rado nos e pelos sistemas pastoris& 's estruturas da administrao colonial estavam a ser permanentemente perturbadas por essas ra(ias e de certa maneira -oram nelas inte!radas de tal maneira 1ue a presena militar na1uela (ona nunca se -orti-icou ainda para mais com a colaborao dos capites2mores de ?uilen!ues eles mesmos actores da ra(ia& 6e7a2se o e$emplo do capito2mor 9oa1uim 6ieira de 'ndrade 1ue tin.a v8rios 1uimbares ao seu servio e ra(iava nas terras dos sobas vi(in.os ao pres,dio roubando !ado& J:: & )er8 interesse sublin.ar o -acto de os capites2mores dos pres,dios em al!uns momentos terem incorporado a noo de @ra(iaA com o ob7ectivo de capturar escravos& Umas ve(es a coberto de uma pretensa !uerra 7usta muitas ve(es sem essa cobertura ideol"!ica !uerreavam os sobas e cobravam os 1uintos teoricamente devidos -a(enda real mas na pr8tica retidos e usados no seu interesse particular& 's vias de le!itimao eram diversas mas o mecanismo era similar E a !uerra permitia a a1uisio de escravos J:R & J:; 9& 0iller @'n!ola Central e Sul&&& p& IO& J:I 'u!usto 5astos a-irma 1ue a principal ocupao dos povos do Distrito de 5en!uela consistia no roubo C-& 'u!usto 5astos @)raos Herais sobre a #tno!rap.ia&&& p& ^^& J:: 'uto de devassa&&& R de 9aneiro de IJOJ 'HN' C"d& ^^R -l&I: e ss& J:R Devassa contra o capito2mor de 'mbaca :J de Fevereiro de IJKL 'HU C$& ^O Doc&I:& #m IN;L ocorre um caso paradi!m8tico com o Capito20or F*li$ 6elasco Haliano na sua retirada continuou a cometer outras semel.antes desordens mais pr"prias de um ladro de estrada do 1ue de um o-icial 1ue tem a .onra de vestir o uni-orme&&&A Carta para o Re!ente de %un!o 'ndon!o :^ de 9un.o de IN;L 'HN' C"d& OI -l& Ov& ..................... 264 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / termo @!uerraA apresenta portanto um uso e um si!ni-icado plurais sobretudo 1uando como * a!ora o caso se aplica a um conte$to colonial& Z necess8rio distin!uir a !uerra da ra(ia da !uerra ritual e etc& se bem 1ue nas -ontes portu!uesas todas as -ormas de con-lito ven.am rotuladas como @!uerrasA& 8.:.:. A #5&i,#'i2#01" (# +/)&&# / con-ronto entre os te"ricos e os pr8ticos da !uerra estava relacionado com uma incontorn8vel a-ricani(ao da !uerra 1ue tin.a de condu(ir a um a-astamento da @pr8tica e disciplina das na4es polidasA da disciplina militar& ' constituio dos e$*rcitos coloniais -u!ia a um padro uni-orme e as t8cticas empre!ues denunciavam muitas ve(es a adopo da cultura militar local& / -en"meno -oi identi-icado para o 5rasil no 1ue toca aprendi(a!em portu!uesa da utili(ao dos @ardis de !uerraA ind,!enas e outras t*cnicas indispens8veis s lon!as marc.as pelo interior e e$tensas nave!a4es -luviais& 'ssimilao de t*cnicas ind,!enas a merecer ep,tetos como @!uerra bas,licaA @!uerra volante ou at* @!uerra do matoA
1ue ter8 levado os o-iciais neerlandeses a a-irmar 1ue os soldados luso2brasileiros mais pareciam @.omens b8rbaros e desesperados 1ue soldados 1ue pro-essam a !uerra pol,ticaA J:^ & )amb*m na Cndia .8 muito tempo 1ue se comprovara a vanta!em de manter tropas compostas de naturais 1ue detin.am um con.ecimento das t8cticas militares dos potentados asi8ticos J:L & #lias 'le$andre na sua .istria de Angola 1uando se atem numa lon!a descrio da !uerra do 5ailundo e apesar da sua ori!em baiana descreve com perple$idade e$*rcitos @compostos de miscel<nicas corpora4esE de diversas armas @ e @diri!idos por di-erentes costumes aos da #uropa&&&A J:K & No caso an!olano conv*m no entanto sublin.ar 1ue essa capacidade de inte!rao de novos recursos b*licos -oi assumida e -rancamente J:^ #valdo Cabral de 0ello IOON Olinda 3estaurada p& :^^ e ssY R::& Citao de Felipe 5andeira de 0elo a D& 9oo +6 IO de 0aio de IK^N 'HU %co& +++ cit por opcit p& RJI& 6er tamb*m %edro %untoni A 4Wsera /orte A ,scra$ido do Africano no 1rasil .oland8s e as Muerras do :r'fico no AtlJntico /ul, >SV>6>S?@ So %aulo #ditora HUC+)#C IOOOY "dem A Muerra dos 1'rbaros&&& J:L 0aria de 9esus Lopes Moa /etecentista p& ^I& J:K C-& #lias 'le$andre autor 1ue se!uirei de perto na preciosa descrio 1ue -a( acerca das especi-icidades da !uerra em 'n!olaY c-& Corra ++ pp& ^N2^O& ..................... 265 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola rendibili(ada pelos pr"prios a-ricanos em primeiro lu!ar pelo uso das armas de -o!o e depois pela desmonta!em e boicote dos estrata!emas coloniais& 's estrat*!ias a-ricanas de !uerra vm a ser instrumentali(adas pelos militares portu!ueses em con-rontos no serto& ' pr8tica de 1ueimar as ban(as de -orma a asse!urar a destruio dos lu!ares do poder a-ricano e os campos de lavoura para causar a -ome -oi empre!ue com muita -re1uncia pelos e$*rcitos coloniais J:J & %roporcionalmente o n3mero de soldados pa!os era muito in-erior ao dos .omens a-ricanos recrutados localmente& ' -ra!ilidade de um corpo de e$*rcito pa!o -icava re-orada pela -alta end*mica de -ardas e o montante bai$o dos soldos em comparao com o 1ue se praticava no 5rasil por e$emplo J:N & /s soldados pa!os eram muito mal pa!os o 1ue os colocava em situao de pobre(a su7eitos caridade al.eia e dispon,veis desero para o mato onde acabavam por conse!uir subsistir& /s re!imentos em 'n!ola raramente eram compostos pelo n3mero de compan.ias 1ue a letra da lei estipulava J:O & Nada disto parece ter sido espec,-ico da col"nia de 'n!ola mas antes comum ao e$*rcito portu!us e 1uele 1ue operou nos cen8rios europeus mesmo depois das re-ormas de Lippe a partir de IJK:& /s pa!amentos irre!ulares e conse1uente desero de -orma a an!ariar meios de subsistncia e$plica ali8s 1ue apesar da ideia de e$*rcito permanente di-icilmente se possa da, indu(ir a e$istncia de um corpo pro-issionali(ado JR; & ' e$trema vulnerabilidade do soldado europeu ao clima tropical ainda para mais numa *poca em 1ue os e-eitos teraputicos do 1uinino no se .aviam -eito sentir e$plica a J:J 'pontamentos e$tra,dos de al!uns o-,cios do !overnador&&& in 'HU C$& K; Doc& I %rocesso da Huerra do 0ossuloY %rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na !uerra aos Dembos :J de 'bril de IJOR 'HU C$& JN Doc& K; -l& O& 6er tamb*m o 1ue di( 9&L&6ellut <uestions /pciales, p& R:2RR& J:N #lias 'le$andre c.e!a a a-irmar 1ue a tropa pa!a atin!iria 1uando muito o n3mero de I;;& Corra ++ p& LI& / Conde da Cun.a em IJLR considera inaceit8vel 1ue os soldados em 'n!ola recebessem L tost4es contra os IL tost4es au-eridos pelos soldados no 5rasil tanto mais 1ue os preos em 'n!ola atin!iam n,veis muito mais elevados do 1ue na 'm*rica portu!uesa& /-,cios do !overnador 'nt"nio Xlvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real :I de De(embro de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& Sobre a 1uestao concreta das -ardas e o tipo de manipulao a 1ue estavam su7eitas por parte dos contratadores do tr8-ico vide 'HU C"d& LLL -ls& ^:v e ss& Forneciam aos pres,dios tecidos de muito m8 1ualidade ou compravam as -ardas aos soldados no momento do pa!amento por preos insi!ni-icantes& / resultado estava vista uma tropa miser8vel nua e sem eira nem beira& J:O Sobre a composio dos re!imentos de in-antaria cavalaria e artil.aria de acordo com o estipulado nas Novas /rdenanas vide Carlos Selva!em Portugal 4ilitar pp&^K^2^KL&& JR; C-& Fernando Dores Costa @Huerra no tempo de Lippe&&& p&R^N& ..................... 266 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola elevada mortalidade& ' isso 7untava2se a sua ori!em muitos deles de!redados e impreparao mais as constantes deser4es a partir dos pres,dios para as terras dos sobas circundantes& ' superioridade e preponder<ncia das tropas ind,!enas resultavam assim da sua mel.or adaptao s condi4es do meio e s condi4es bacteriol"!icas& ' articulao entre os tratados de vassala!em e a participao dos c.e-es a-ricanos nas !uerras permitia ao e$*rcito colonial dispor de um vasto contin!ente de .omens localmente an!ariados JRI & / recrutamento da !uerra preta e$i!ia a participao dos Dembos Vno caso dos 4bunduW e sobas avassalados mais os respectivos macotas 1ue aliciavam os -il.os de acordo com re!ras de mobili(ao 1ue escapavam necessariamente aos princ,pios da #uropa assentes na ideia de especiali(ao e pro-issionali(ao das -un4es militares& 's l"!icas do parentesco e as ra(4es da dependncia e da lealdade estavam na base do e$erc,cio desse poder dos sobas ou macotas sobre os seus subordinados& %or essa ra(o a constituio num*rica de cada compan.ia de a-ricanos apresentava2se bastante vari8vel& 'o inv*s de obedecer a uma norma !eral estava relacionada com as li!a4es de dependncia 1ue cada macota c.e-e da compan.ia mantin.a com os seus .omens produ(indo assim corpos desi!uais na sua composio e coeso& ' participao dos Dembos e sobas nos Consel.os de Huerra reali(ados durante as campan.as militares em pleno serto resultava na assinatura de termos onde constavam ao lado das assinaturas dos o-iciais portu!ueses as assinaturas sob a -orma de cru( na -rente do nome desses c.e-es a-ricanos e seus principais di!nit8rios& ', -ica patente a import<ncia ocupada pelas concep4es a-ricanas da !uerra e dos seus mel.ores con.ecedores os pr"prios c.e-es a-ricanos& Foi o 1ue se passou na !uerra contra os Dembos do Norte em IJO; 1uando os Dembos aliados dos portu!ueses tomaram parte activa e vital nas decis4es de estrat*!ia& Sendo primeiro per!untado aos Dembos e sobas se estavam prontos a se!uir na coluna para onde -ossem nomeados con-orme o pro7ecto e ordem do !overnador 5aro de 0o<medes disseram unanimemente 1ue a deciso estava errada e 1ue no se devia se!uir ale!ando e$emplos similares& /uvidos de se!uida os o-iciais portu!ueses responderam 1ue embora a sua obri!ao -osse obedecer ce!amente s JRI @?ue costumando os Dembos sobas 1uilambas e 1uimbares vassalos vir rati-icar a sua obedincia ao Comandante do #$ercito este os deve receber com todo o acol.imento distribuindo2l.es as ordens competentes ao destino 1ue 1uiser dar2l.es provando no mesmo pelo servio a -idelidade 1ue pro-essam s 5andeiras de Sua 0a7estade cu7o preceito se deve !uardar aos 1ue de novo vierem render .omena!emA +nstruo do 5aro de 0o<medes ao Comandante 'nt"nio 9os* da Costa na Campan.a do Norte Fevereiro de IJNN 'HU C"d& IK^: -l& KRv& C-& 5eatri$ Heint(e ION; @Luso '-rican&&&A passim& ..................... 267 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ordens do seu !eneral sabendo2se 1ue os e$*rcitos em X-rica sem o au$,lio dos a-ricanos se perdiam in-alivelmente votavam 1ue no sendo da vontade dos sobas no se podia -a(er o proposto pelo Hovernador de 'n!ola JR: & #ntre os a!entes da preparao da !uerra estava tamb*m o tendala -i!ura do protocolo a-ricano desde cedo incorporado na administrao colonial JRR & /s 1uilambas JR^ e os 1uimbares JRL a!entes a-ricanos da !uerra so tamb*m inte!rados nas -oras portu!uesas& ' este contin!ente a-ricano somavam2se as crianas e as mul.eres 1ue JR: %rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na campan.a de IJO; 1ue comandou contra o rebelde Nambo 'n!on!o ?uin!uen!o Lundo seus 'liados 'HU C$& JN Doc& K; :J de 'bril de IJOR -l& RN2RNv& 's assinaturas deste termo do bem a ver o peso dos c.e-es a-ricanosE @'nt"nio Homes Corteso capito 1ue serve de 'uditorY 0anuel 'nt"nio )avares Coronel Comandante do e$*rcitoY F*li$ Gavier %in.eiro de Lacerda capito e comandante de artil.ariaY 0arcos de Hos capitoY Domin!os 9os* %ereira capitoY 0anuel da Costa %into capito e Comandante de Cavalaria e '7udante das ordens do e$ercitoY 'nt"nio 9os* Duarte capito nomeado& ' estes se!uem2se as assinaturas dos a-ricanosE Calandula T Domin!os '!ostin.o uma cru(Y Dom Domin!os de %edro Soba Caban!a uma cru(Y Dom Loureno Fernandes soba Hon!a 0ui(a uma cru(Y Francisco 9oo Capito de 'rmas N!ola 'caban!o uma cru(Y Dom Haspar Lu,s soba Can!o uma cru(Y Francisco %edro soba Ca.enda uma cru(Y D& Francisco Haspar soba Camuoto uma cru(Y D& Simo a Domin!os soba Luamba Luan!olon!e uma cru(Y Dom Loureno 9oo soba Caculo Caca.an!o uma cru(Y Dom 'nt"nio 0anuel soba Dombe 'candon!o uma cru(Y Dom 9os* 0anuel soba Caban!a Cacalun!a uma cru(Y Dom Sebastio Lu,s soba ?uilen!e Camuende uma cru(Y Dom 'nt"nio Lu,s )ei$eira soba 0ussen!ue '(en(a uma cru(Y Dom Francisco Loureno soba Hon!uembo uma cru(Y Dm '!ostin.o 'nt"nio soba N!ola 'n!uimbe uma cru(Y Dom Francisco Capela soba Capela Candole uma cru(Y Dom Dio!o 'nt"nio cabo de 5an!o uma cru(Y Dom 0anuel 0artins soba ?uilombo ?uiacatubia uma cru(Y Dom Simo '!ostin.o Cabo 5umba 'ndala uma cru(Y Dom 9oo Francisco soba Caculo Caca.enda uma cru(Y Dom 9oo 0anuel '-onso Dembo Ca(uan!on!o uma cru(& JRR #ste car!o -oi recon.ecido pela administrao portu!uesa& #m IK^N por e$emplo Salvador Correia de S8 e 5enevides nomeava o novo )endala e capito2mor da !uerra preta para 5en!uela c-& Arqui$os de Angola vol& + nQ : IORR s&p& JR^ ' Classe ou corporao dos ?uilambas palavra 1ue si!ni-ica Cabo se comp4em de !randes !uerreiros 1ue s" e$ercito este o--icio& 6ivem tribut8rios aos Sovas em cu7os Sovados e$istem com re!ncia separada& Cada ?uilamba re!e o seu )roo ou #s1uadra debai$o da mandancia de .um Capito mor 1ue tem Sar!ento mor e '7udante& #stes Ne!ros criados entre os 5rancos so seus -ieis compan.eirosE e a seu car!o marc.am as muni4es do #$*rcito& C.amam2se #mpacasseiros pelo uso das espin!ardas e da caa das #mpacassas&&&A VCorrea ++ p& L;WY @&&& so nas marc.as respons8veis pela de-esa da Nossa 'rtil.aria %alamenta e 0uni4es de Huerra o 1ue -inalmente e$ecuto&&&A V'HU C$& JO doc KKWY 2 @os 1ue reparo os Corpos das Huardas Ca(as de Feitoria dos %re(,dios e condu(em as Cartas do servio real a esta Capital e dela para o serto&&&reputados por Soldados da CoroaA (+n-ormao do %rovedor da Fa(enda de 'n!ola R; de Setembro de IJJ; AA vol& + nQ: IORR s&pp&). JRL @?uer di(erE .omens LivresE C.e-es de -am,lias Sen.ores de 1uais1uer por4es de terra em 1ue vivem subordinados aos Sobas& Ho7e .8 ?uimbares cativos e outros -orros a!re!ados a moradores 5rancos& /s primeiros -oro alistados pelo Hovernador 'ires de Saldan.a de 0eneses e Sousa fIKJK2IKN;g& Cada Compan.ia tem o seu 0acota ou Capito e todo o Corpo um Cabo maior 1ue o !overna VCorra ++ pp& L;2 LIW& No planalto de 5en!uela @nos Humbis %ovos dos interior da capitania de 5en!uela assim c.amam tamb*m aos 5rancosAV /-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON AA vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp&W& ..................... 268 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola voluntariamente acompan.avam os .omens& ' presena dos 0ubires vem atestada na !uerra do Norte de IJO; no contin!ente das -oras coloniais JRK & Um e$ame das armas utili(adas nas !uerras de 'n!ola no pode i!norar evidentemente os apetrec.os ind,!enas em conse1uncia mesmo do empre!o de re!imentos de a-ricanos& ' coe$istncia num mesmo e$*rcito de .omens oriundos de culturas to diversas convocava a coe$istncia tecnol"!ica pelo uso simult<neo de armas de -o!o de ori!em europeia e armas brancas tradicionais a-ricanas& ' arma mais importante dos 'mbundo e dos seus vi(in.os consistia no arco com -lec.asY as mac.adin.as de !uerra as armas por e$celncia dos "mbangala V4bangalaW JRJ & ' !uerra em 'n!ola * uma !uerra 1ue se -a( pela terra adentro envolve o serto os seus camin.os e as ciladas escondidas& ' in-antaria * o corpo de !uerra por e$celncia e dentro da in-antaria a1uilo a 1ue ).ornton c.amou @li!.t in-antrBA JRN & Se!undo os re!ulamentos o re!imento da cidade de Luanda deveria ser composto por de( compan.ias de K; soldados cada uma incluindo a1ui a compan.ia de 5en!uela per-a(endo um total de K;; .omens -ora os o-iciais JRO & ' m81uina de !uerra abran!ia ainda um contin!ente de .omens li!ados abertura dos camin.os e espiona!em& 5atedores observadores descobridores das ciladas a-ricanos pr8ticos do terreno e das l,n!uas locais se!uem nas mar!ens dos e$*rcitos em marc.a captando in-orma4es J^; & ' cavalaria apesar do impacto aterrador 1ue possu,a sobre os a-ricanos no teve condi4es para vin!ar como componente decisiva uma ve( 1ue os cavalos di-icilmente sobreviviam ao clima J^I & Sem nunca dei$ar de ser mencionada e considerada a sua JRK Di8rio do dia O at* :^ de Setembro de IJO; -l& J: 'HU C$& JN Doc& K;& JRJ Heint(e @' cultura material&&& p& ^R2^L& JRN ).ornton =arfare pp& I;^2I;L& JRO ' inte!rao da compan.ia de 5en!uela no corpo do re!imento suscitou discuss4es e dissen4es uma ve( 1ue se tratava de uma compan.ia maioritariamente composta de de!redados& / Conde da Cun.a mostrou2se particularmente cr,tico mas o alvar8 de D& 9os* datado de IJL^ 1ue re!ulava a or!ani(ao militar em 'n!ola con-irmou a situao anterior& 'lvar8 de D& 9os* Lisboa O de '!osto de IJL^ 'HU C$&RN Doc& N:& J^; C-& Corra ++ p&L:& J^I Sobre a 1uesto dos cavalosE @' cavalaria os espanta e p4e em desordem nos seus pen3ltimos reve(es& / terror das primeiras .ostilidades 1ue o !entio so-reu de :;; e mais cavalos talve( se7a o 1ue por tradio ainda e$iste& No * o n3mero dos 1ue .o7e se empre!am na !uerra 1ue deve obrar tais prod,!iosA Corra ++ p&LJY a mesma ideia est8 presente nas "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: 'rtQ :;N& ..................... 269 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola participao nos cen8rios de !uerra * bastante vari8vel& ?uanto !uerra naval e apesar de durante muito tempo a de-esa colonial da monar1uia portu!uesa ter sido pensada e praticada dentro de uma concepo puramente naval Vdesde lo!o por1ue era a vanta!em tecnol"!ica num imp*rio maioritariamente mar,timo 1ue !arantia sucessoW ela era naturalmente mar!inal em 'n!ola& No /riente e mesmo na X-rica /riental e$istia uma cultura mar,tima viva( 78 na costa ocidental apesar dos rios =aire e Cuan(a e da presena dos a+iluanda pescadores de Luanda residentes nas suas il.as essa cultura estava lon!e de estruturar as rela4es de con-lito& 'ssim em 'n!ola 1uando se -a( a !uerra -a(2se a !uerra terrestre maioritariamente suportada na in-antaria& ' movimentao dos e$*rcitos implicava a participao alar!ada dos carre!adores para transporte de mantimentos e muni4es& #stes aumentavam consideravelmente o n3mero de .omens incorporados no e$*rcito e a 1uesto da preparao e conduo das car!as complicava ainda mais os preparativos& #m m*dia um e$*rcito de cinco mil armas poderia levar entre um e dois anos a ser preparado& / processo de a-ricani(ao da !uerra ia mais lon!e no momento da batal.a& Lon!e da @!uerra re!ulada e or!<nicaA da #uropa a implicar obedincia e prudncia o a-ricano combatia com base numa t8ctica de disperso dando espao para a manobra individual o valor ou cora!em pessoal& ' a!ilidade -,sica e .abilidade dos soldados da X-rica central impressionou e desconcertou os militares europeus& #lias 'le$andre conse!ue dar uma ima!em 1uase cinemato!r8-ica desses epis"diosE @cada um sem re!ra de uni-ormidade salta 78 .um 78 a outro Lado volta em roda abai$a2se Levanta .um brao curva .ua perna -a(endo mil vi(a!ens e no meio destes e1uil,brios dispara a sua armaY atira a sua setaY e descarre!a os seus !olpes sem dar tempo a 1ue por causa da imobilidade se7a o alvo de al!um tiroA J^: & #ra esta imprevisibilidade 1ue 78 tin.a condu(ido Cadorne!a a concluirE @V&&&W as !uerras de 'n!ola no tem comparao com as do 0undo todo V&&&WA J^R & J^: Corra ++ p&LJ& )amb*m F+SC assinala esta particular destre(a e o desconcerto 1ue produ(ia nos militares portu!ueses F+SC para FG0F : de 'bril de IJKK 'HU C$ L; Doc& KL2:& )amb*m C<ndido Sandoval 78 em INRJ recorda as di-iculdades causadas ao e$*rcito portu!us pelas t8cticas militares dos a-ricanosY c-& @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIN& Sobre a agilidade dos a!entes a-ricanos $ide ).ornton =arfare&&& p& I;L& J^R Cadorne!a + p& :;R& ..................... 270 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 98 um te$to de car8cter etno!r8-ico datado de IO;N sobre o Distrito de 5en!uela o-erece a mesma descrioE @)odos estes povos no tm t8ctica de !uerra& 'tiram isoladamente ou caem em avalanc.e sobre o inimi!o 1uando o tomam de surpresaA J^^ & #lias 'le$andre acrescentava ainda 1ue esta @t8ctica estabelecida desordenada e con-usaA encerrava os mesmos -ins 1ue a do @Hrande Frederico da %r3ssiaA J^L & / ar!umento de le!itimao avanado por este militar @americano portu!usA servia para 7usti-icar 1ue os portu!ueses imitassem a mesma t8ctica empre!ue pelos a-ricanos& / paralelismo pode -a(er sentido se se atender ao -acto de Frederico ++ ter estado to atento preparao te"rica e .ist"rica dos militares como aos ob7ectivos de nature(a pr8tica& /s estudiosos da mat*ria assinalam a import<ncia por ele dada t8ctica ou arte da manobra V@ata1ues de-esas retiradas marc.as -ormas de atravessar rios &&&AW& ' sua preocupao era a de desenvolver a mobilidade do e$*rcito de tal maneira 1ue anunciava 78 uma !uerra absoluta de movimento e c.o1ue na1uilo 1ue viria a representar a boa tradio napole"nica J^K & Do ponto de vista da mobilidade e a!ilidade das tropas no momento da batal.a uma apro$imao entre as concep4es de Frederico ++ da %r3ssia e as t*cnicas a-ricanas da !uerril.a pode ento -a(er sentido mas e$istem di-erenas de -undo assinal8veis 78 1ue a noo de disciplina no conte$to setecentista implicava como 78 -icou dito uma subordinao do indiv,duo m81uina de !uerra onde se inte!rava e por conse1uncia a obedincia ao plano militar tal como -ora previamente en!endrado sem lu!ar para a irrupo de actos de cora!em ou a!ilidade pessoal& 0as * claro estamos perante um arran7o ret"rico em 1ue o autor 1uer dar not,cia do con.ecimento 1ue det*m sobre o seu tempo atr8s do 1ual se situa a 1uesto central das condi4es de e-ic8cia da !uerra ultramarina& #m 'n!ola como ali8s acontecera no 5rasil no podia dei$ar de se distanciar dos princ,pios da !uerra moderna e da arte militar e adoptar a1uilo a 1ue actualmente se c.ama de @!uerra de !uerril.aA J^J & 'os militares portu!ueses convin.a -a(er a @!uerra b8rbaraA por1ue era a1uela 1ue se revelava mais e-ica( devendo para isso J^^ 'u!usto 5astos @)raos Herais sobre a #tno!rap.ia&&& p& NI& J^L Corra ++ p& LJ& J^K 9ean Delmas @0ilitaires V'rts et DoctrinesWA ,nc5clopaedia Uni$ersalisY 5ebiano @' 'rte da HuerraA )o$a .istria p& I:KY Selva!em Portugal 4ilitar p& ^JR& J^J Sobre a !uerra ultramarina como @!uerra de !uerril.aA vide Hespan.a @+ntroduoA )o$a .istria 4ilitar p& IO& %ara o 5rasil vide Cabral de 0ello Olinda 3estaurada p& RIN e ss& ..................... 271 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola aprender se7a com os ,ndios se7a com os a-ricanos J^N & #mbora as tropas rein"is soubessem alin.ar2se em -ormao militar com a in-antaria no centro e a cavalaria dos lados nas !uerras de 'n!ola as compan.ias li!eiras -a(iam -ace ao inimi!o sem ordem de alin.amento& S" o corpo ou e$*rcito 1ue !uardava as muni4es e era prote!ido por empacaceiros J^O conservava a -ormatura acabando por -uncionar como corpo de reserva JL; & ' in-luncia da cultura militar end"!ena e$erce2se ento no tanto no tocante ao e1uipamento militar mas assimilao das suas t8cticas& 8.:.<. A ;i%=&i# () /'* # ()&&"%# () "/%&" ) ;i,)-;)&# 's especi-icidades da !uerra em 'n!ola -oram 78 estudadas por 9o.n ).ornton em al!umas obras -undamentais para o tema JLI & / estudo de di8rios de !uerra permite identi-icar para esta con7untura al!umas constantes de aco& Uma derrota no si!ni-ica o mesmo para um e$*rcito a-ricano e para um portu!us& ' capacidade de recuperao do e$*rcito a-ricano * 1uase imediata& Do lado colonial os e$*rcitos derrotados di-icilmente recuperavam passados poucos dias& ' ausncia de cavalaria nos campos de batal.a em 'n!ola tornou poss,vel aos an!olanos manter uma disposio t8ctica a 1ue 9& ).ornton c.ama @open orderA -a(endo recurso a um combate semi2disperso& +sso 1uer di(er 1ue 1uando a in-antaria perdia capacidade de combate podia simplesmente -u!ir& Na #uropa onde a cavalaria combatia uma retirada de acordo com uma ordem pr*2estabelecida -a(ia sentido ainda 1ue -osse uma manobra di-,cil de levar a cabo JL: & / 1ue 1uero di(er com isto * 1ue a -8cil retirada dos e$*rcitos a-ricanos e a possibilidade de abandonar as sedes de J^N %ara o 5rasil Cabral de 0ello "bidem p& :^^ e ss& J^O @pretos de armas de -o!o a 1uem c.amam empacaceirosA (C<ndido de 'lmeida S<ndoval @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIO2L:I)M ....a uns cabos de !uerra preta c.amados empacaceiros 1ue tem os seus s3bditos e arran7ados em compan.ias 1ue suposto residam em terras de 1uel1uer soba no l.e obedecem ordinariamente por1ue so e-ectivamente aplicados ao Real servio como uma espe*cie de 0il,cia& #ste nome de empacaceiros vem2l.e de 1ue tendo2se por caadores de pro-isso abateram ou atacaram al!uma empacaa 1ue * um animal esp*cie de b3-alo mais -ero( 1ue um leo para terem o dito nome * necess8rio provas dos ata1ues do dito animal e * uma aco entre eles mais distinta e .onrosa& Servem estes caadores ao estado cobrindo a marc.a das nossas tropas em ocasio de !uerra prote!em e escoltam os -eirantes e as remessas de escravos e levam as cartas de servio para os pres,dios e Distritos e dali as tra(em para a capital&&&A V'HU CG& JO doc KKW& JL; Corra ++ p&LJ& JLI 9o.n D& ).ornton @).e 'rt o- dar in 'n!olaP&AY "dem =arfare in Atlantic AfricaP JL: 9& ).ornton @).e 'rt o- dar&&&A p& RKJ& ..................... 272 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola poder para as reconstruir tamb*m com -acilidade num outro espao tornavam di-,cil aos portu!ueses sustentar uma vit"ria ou uma derrota& Citando ).ornton @5ecause o- t.is practice f.ip"tese de -u!a imediatag trulB decisive victories \ere .ard to attain -or \.en t.e !oin! !ot di--icult t.e losers \ould brea[ and runA JLR & S" 1uando sur!iam -en"menos naturais 1ue blo1ueavam de -acto a sua retirada * 1ue .avia .ip"tese de uma verdadeira vit"ria& #lias 'le$andre mais uma ve( sinteti(a esta incompatibilidade entre a noo europeia de derrota e as circunst<ncias da !uerra em X-rica pondo a t"nica na relao 1ue os poderes a-ricanos mantin.am com o territ"rio onde estavam instaladosE @&&&contando2se entre as %otencias !uerreiras da #uropa por 6ictoria o abandono dos Lu!ares no .e de !rande interesse este sucesso nU'-rica se as tropas Ne!ricias no so surpreendidas e apresadas na sua -u!a& / valor dellasE isto .*E a import<ncia do din.eiro por1ue se vendem -a( a ri1ue(a do despo7oE de restoE as suas al-aias e moveis provoco o despre(oY pois alem de pobres de nada presto& ' !rande demora dos S,tios d8 lu!ar a -omentar associaoens de outros %otentados sempre promptos e inclinados a cooperar para a nossa ru,naA JL^ & 8.:.5. F"&-# #5&i,#'# () &)i%G',i# ) #%#@/) Desde os primeiros contactos e ao lon!o das !uerras do s*culo G6++ uma das -ormas de resistncia especi-icamente a-ricanas era o uso e$tensivo das -ortale(as& 's -orti-ica4es eram no s" usadas para prote!er 8reas vitais mas tamb*m serviam para apoio dos e$*rcitos em movimento& Carlos #rvedosa assinala a presena de -orti-ica4es e de recintos amural.ados estendendo2se desde o planalto da Hu,la a Sul at* re!io da ?uibala e do 'mboim a Norte JLL & Na documentao aparecem m3ltiplas desi!na4es de 1ue so e$emplo os s,tios as 1uipacas Ve[ipa[aW JLK a-inal entrinc.eiramentos de pedra a-ricanos -ortes e inacess,veis& JLR "dem "bidem p& RKO& JL^ Corra ++ p& LO& JLL Carlos #rvedosa Arqueologia Angolana Lisboa #di4es J; ION;, p& ROL e ss& JLK ?uipaca Ve[ipa[aWE @&&&assim c.amadas as Forti-ica4es ou Redutos constru,dos de terra e estacadas so situadas em eminncias de di-,cil acesso 1ue ameaam in-al,veis .ostilidades aos assaltantes&&&&/s #ntrinc.eiramentos do !entio so -ortes e preceituososE a sua ast3cia os -a( inacess,veis& ' ..................... 273 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda re-ere2as no Sul de 5en!uela 1uando descreve a !uerra do 5ailundo em 1ue participou e o !overnador 'nt"nio de Lencastre por seu lado 7usti-ica o prolon!amento dessa !uerra pela resistncia inesperada das 1uipacas JLJ & 0as na (ona dos Dembos e nos 0ussossos JLN elas tamb*m -uncionavam e-ica(mente na oposio aos portu!ueses& ' c.amada @!uerra de s,tioA JLO ou recol.a em lu!ares -orti-icados e de di-,cil acesso ban(as e embalas prote!idos por uma ve!etao espessa constitui2se assim como uma -orma de de-esa e resistncia a-ricana muitas ve(es re-erenciada e recon.ecida& V e$emploE @se -e( -orte em um outeiroAW JK; & 6e7a2se como e$emplo a planta da -orti-icao da 1uipaca do soba de ?uin!olo principal aliado do 5ailundo na !uerra de IJJ^2IJJK em 1ue as paredes de pedra se entrelaam em morros roc.osos& %odem ainda observar2se dois baluartes 1ue aproveitam as de-esas naturais do terreno& )amb*m para os lu!ares prote!idos por ve!etao espessa se pode observar o e$emplo da @6ista das %ovoa4es -orti-icadas como ordinariamente costumam os ne!rosA em 1ue um c,rculo de 8rvores prote!e outro c,rculo de pau a pi1ue envolvendo as .abita4es da corte Vver 0apa da Huerra do 5ailundo desen.ado em IJJK Hrav& nQ KW& nature(a o-erecendo2l.e !randes pen.ascos semeados por v8rias partes do seu pa,s concorre para os seus des,!nios -a(endo escabrosas as nossas empresas& ?uase sempre as suas ?uipacas so precedidas de bos1ues impenetr8veis e de estradas Labirintadas capa(es de esconder as ciladas dispostas para surpreender os inimi!osE fLui( Lopes de g Se1ueira em e$pu!nar o Rei das %edras !astou dois meses em repetidos assaltos& #m Houla21uitumba todo .um dia combateu ao Sova Haco2?u(ambambe sem o invadirE 1uis porem a sorte 1ue abandonasse o posto nessa noiteA VCorra ++ p&LNW& / .istoriador 9o.n ).ornton re-ere e con-irma o uso continuado de -orti-ica4es desi!nadas atrav*s deste voc8bulo no planalto de 5en!uela nomeadamente durante o con-ronto com o 9a!a de Caconda em IKNL& ).ornton =arfare, p& II:& JLJ D& 'nt"nio de Lencastre IJJK re-ere detal.adamente os usos das <uipacasE @Durou a !uerra 1ue e$pedi o decurso de dois anos por encontrarem as nossas 'rmas maiores -orti-ica4es do 1ue ima!inamos V&&&W 1ue viviam em ?uipacas muito bem delineadas assim nos 5aluartes Fossos e trinc.eiras como nas #stradas encobertas com 1ue se de-endiam de todo o !*nero de tiros e por elas iam salvos buscar todo o preciso para a sua subsistnciaA VCarta do Hovernador 'nt"nio de Lencastre para 0artin.o de 0elo e Castro I de 9un.o de IJJK 'HU C$& KI Doc& INW& C-& )amb*m se!undo Sandoval quipaca * -orti-icaoY c-& %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda @Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIN& JLN Na se1uncia da !uerra contra os 0ussossos Sousa Coutin.o procede a uma descrio muito completa da sua con-i!urao @&&&sendo estas 1uipacas -orti-icadas com uma triple estacada de toda a !rossura e altura das arvores entrelaadas com ramos se!uros com barro e terra e com seteiras ou vi!ias de 1ue atirava impunemente .um %ovo imenso pois eram duas !randes cidades no podiam so-rer outro dano 1ue o de bombas ou artil.aria !rossa e no .avendo as primeiras era imposs,vel levar ao ombro as se!undas&&&A ^ de 0aro de IJKK 'HU C$ L; D&KL2R& JLO C-& Cabral de 0ello Olinda 3estaurada p& RIO 1ue usa o termo para o caso brasileiro& JK; 9& C& Feo Cardo(o de Castellobranco e )orres IN:L 4emorias contendo a biograp-ia p& :;K& %ara 5en!uelaE @.8 embalas 1ue so verdadeiras -ortale(as ine$pu!n8veisA 'u!usto 5astos @)raos Herais sobre a #tno!rap.ia&&& p& NI& ..................... 274 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #m Cabinda a Corte do 0ambuco encontrava2se @sepultada no interior de .um mato to e$pesso em dist<ncia de meio 1uarto de Le!oa pela terra dentro 1ue pelo camin.o no podia passar mais de uma pessoa&&&A JKI Na (ona dos Dembos durante o s*culo G6+++ e at* s campan.as militares do s*culo GG as -orti-ica4es e o re-3!io numa ve!etao densa e de di-,cil acesso continuam a ser e$tremamente operat"rias& No planalto de 5en!uela e$istia uma lon!a tradio no uso destas -orti-ica4es& ' prop"sito da !uerra do 5ailundo D& 'nt"nio de Lencastre identi-ica as 1uipacas como alvos de ata1ue e destruio pre-erenciais ao lado das ban(as ou embalas& 0as a verdade * 1ue as 1uipacas de pedra constru,das em eminncias roc.osas e at* as -orti-ica4es com dupla e tripla estacada entrelaadas de 8rvores VmulembasW revestidas de barro demonstraram repetidas ve(es a sua invulnerabilidade por1ue contra elas s" artil.aria pesada poderia -uncionar e o seu transporte nesta *poca a lon!as distancias era impratic8vel& 8.:.?. S)- # +/)&&# (" "!#* '1" DJ ),&#;". )roca tributo ou !uerra 7usta so as trs vias coloniais para a a1uisio dos escravos& / tema da le!itimidade da !uerra !an.a import<ncia no conte$to colonial precisamente por1ue @da 7ustia da !uerra resultava a 7ustia dos resultados obtidosA em especial dos escravos cativados JK: & 0as para 1ue e$istissem escravos dispon,veis troca e ao tributo eram necess8rias as !uerras entre os sobas e por isso elas deviam prevalecer& ' e$plorao do -actor *tnico na con1uista colonial ser8 ao lon!o do s*culo G+G um dos elementos mais marcantes da @m81uina de !uerraA portu!uesa JKR & Se bem 1ue no s*culo G6+++ no este7a ainda -ormulada uma teoria da etnicidade nem uma aco no terreno com car8cter sistem8tico a a-irmao da necessidade de promover ou pelo menos dei$ar 1ue as !uerras entre as autoridades a-ricanas se processassem se!undo as suas pr"prias l"!icas pontua os te$tos e relaciona2se directamente com toda a economia sub7acente proviso dos canais do tr8-ico& ?uer di(er ao mesmo tempo 1ue a !uerra JKI Relat"rio de %in.eiro Furtado sobre os acontecimentos de Cabinda N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NK& JK: '& 0& Hespan.a @Disciplina e 9urisdio 0ilitaresA )o$a .istria p& KKY e tamb*m @Lu,s de 0olina e a escravi(ao dos ne!rosA An'lise /ocial ILJ :;;I pp& ORJ2OO;& JKR / problema aparece posto por Ren* %*lissier relativamente coloni(ao -ormal dos s*culos G+G e GG em @LU#$ploitation du -acteur et.ni1ue&&&A pp& :^J2:^N& ..................... 275 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola contra os sobas sem causa 7usta merece re7eio sustenta2se a necessidade da !uerra entre os sobas para 1ue a escravatura comercial continue a ter condi4es de perseverar JK^ & Z claro a lar!a maioria dos escravos c.e!ados ao porto de Luanda canali(ada atrav*s da -eira de Cassan7e tin.a a sua ori!em para l8 do Cuan!o mas a 8rea dos ambundo embora de -orma mais secund8ria tamb*m colaborava na alimentao desse -lu$o& )ratando2se neste caso de con-litos entre sobas 0bundu -a( mais sentido -alar de instrumentali(ao colonial de con-litos @sub2*tnicosA con-litos entre sub2etnias 1ue no essencial obedecem s l"!icas das estruturas sociais pr*2coloniais JKL & No serto de 5en!uela as !uerras 1ue os sobas -a(iam entre si apesar de di-,cil compreenso para os !overnadores acabavam por ser bem2vindas 78 1ue admitia2se @* donde procedem pela maior parte as tomadias de !ente 1ue uns e a outros -a(em a 1ual nos vem vender por escrava e n"s transportamos ao 5rasil&&&A JKK & #sta posio revelava2se particularmente c"moda do ponto de vista da le!itimidade da escravi(ao uma ve( 1ue os escravos eram comprados 78 escravos sendo @sentenciados em #scravido pelas suas leisA JKJ & )odos os problemas relacionados com a le!itimidade da escravi(ao 1ue no eram cobertos pela !uerra 7usta -icava sob a alada do direito a-ricano& ' de-inio das -ormas le!,timas da escravatura radicava ento ao mesmo tempo no direito portu!us e no direito ind,!ena Vsobre este assunto vide I; & O &ireito e a Tusti#aW& 'pesar de as !uerras 1ue os a-ricanos praticavam entre si virem muitas ve(es rotuladas como !uerras in7ustas a le!itimidade do estatuto dos escravos 1ue delas resultavam no sur!e directamente 1uestionada& JK^ 'HU C$& JO Doc& KK 'HU C"d& IK^: -l& ^N v& JKL ' preciso dos termos * tratada por F& Clarence2Smit. @Le problSme et.ni1ue&&&A pp& ^;J e ss& JKK /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON AA vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& JKJ @&&&tamb*m so escravos todos a1ueles 1ue -oram sentenciados pelos seus %r,ncipes ou Sobas 1ue os !overnam em escravido por1ue eles sendo seus vassalos esto su7eitos s suas leis e por essas so le!itimamente sentenciados o 1ue se v na con-isso 1ue eles todos -a(em de #scravos 1uando so por estes 7ustos t,tulos 1ue recon.ecem &&&A Carta de F+SC para os capites2mores de 'marante 5en!uela Caconda e Novo Redondo e para todos os 9u,(es das %ovoa4es Novas 'HN' C"d& N; -l& I2Iv I: de Novembro de IJJI& ..................... 276 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 8.:.7. O /" (" %)&&i%=&i". %ensar a !uerra implica pensar o territ"rio e o tipo de relao 1ue cada sociedade mant*m com o meio& Nas sociedades a-ricanas reproduo e preservao determinam a ade1uao ao meioY alimentao vestu8rio e abri!o disso resultam e a, condu(em& ' relao com o territ"rio * total e este * indivis,vel& / 1ue se subdivide * a populao e no o territ"rio& ' relao 1ue as sociedades ditas tradicionais estabelecem com o territ"rio estrutura2se acima de tudo com o ob7ectivo de asse!urar a satis-ao dos -ins b8sicos da sobrevivncia e da reproduo& / #stado colonial esse sim vai dividir a terra em -uno de uma or!ani(ao administrativa -undi8ria ou residencial& #sta distino parece importante para entender a pr"pria din<mica da !uerra& Nas sociedades 4bundu cada aldeia onde se concentram as actividades da lin.a!em possu,a as suas pr"prias terras onde os membros do !rupo de -iliao controlavam colectivamente o acesso ao solo para a a!ricultura aos rios para a pesca e aos prados e bos1ues para a caa e a colecta de -rutos ba!as e no(es 1ue cresciam ali espontaneamente& / sistema de cultivo embora itinerante Vdevido ao es!otamento peri"dico das terrasW reali(ava2se sempre no <mbito das terras da lin.a!em& @'s principais unidades de cooperao econ"mica entre os 4bundu tendiam pois a coincidir com os !rupos de -iliao tal como acontecia com as unidades de residncia& /s Ningundu colectivos permaneciam est8veis atrav*s dos tempos cada um associado ao seu pr"prio e -i$o i+iA JKN & 'ssim a noo de territorialidade 1uando implica um princ,pio de residncia ou de repartio !eo!r8-ica no se aplica m81uina social tradicional& #ssa no * territorial& S" o ser8 o #stado 1uando subdivide o territ"rio e no a populao& / parentesco parece ter mais import<ncia do 1ue a terra& @Z 1ue a m81uina primitiva subdivide a populao mas -82lo numa terra indivis,vel onde se inscrevem as rela4es &&& para declinar as lin.a!ens sobre o corpo da terra antes 1ue a, aparea um #stado&A JKO & ' !uerra colonial iria portanto or!ani(ar2se com o ob7ectivo da conservao ou alar!amento do territ"rio politicamente dominado pelo poder de Luanda sem para isso JKN Sobre !rupos de -iliao e terras de lin.a!em c-& 0iller VIOOLW Poder PolWtico p& ^R& JKO H& Deleu(e F& Huattari O Anti6;dipo Capitalismo e esqui%ofrenia Lisboa 'ss,rio e 'lvim s&d& p& I^O2L;& ..................... 277 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dei$ar de ter em conta os processos de or!ani(ao territorial das sociedades a-ricanas ou de considerar ao mesmo tempo o territ"rio 1ue era ob7ectivamente or!ani(ado e o territ"rio 1ue era culturalmente inventado& #ssa apreenso colonial de -ormas or!ani(adoras do espao pol,tico a-ricano percorre a escrita lac"nica dos di8rios de !uerra& /s o-iciais portu!ueses mani-estavam uma preocupao constante na descrio do territ"rio oscilando entre a descrio sistem8tica dos percursos se!uidos pelas tropas coloniais e a e$plicao da or!ani(ao e marcas end"!enas do espao& ' e$plicao da !uerra e$i!ia a apreenso dos dois re!istos e a sua articulao& Fa(er e pensar a !uerra implicava portanto pensar as -ormas do territ"rio em duas direc4es& /s lu!ares do poder a-ricano T as mban%a -i$as ou itinerantes T eram ao mesmo tempo o cen8rio da !uerra e um tro-*u de !uerra& %or isso elas mereciam uma descrio e$austiva com indicao apro$imada das suas dimens4es umas em relao s outras avaliadas a partir do n3mero de .abita4es a, e$istentes e a descrio de elementos li!ados simb"lica a-ricana do espao pol,tico JJ; & Z o caso do recon.ecimento da -uno simb"lica das 8rvores sa!radas no espao a-ricano e sua disposio V@em sitio apra(,vel com um 1uadrado de !randes e boas ensandeiras V8rvores como no!ueirasW to verdes 1ue -a(iam a!rad8vel vista e deliciosa sombra&&&AY ou em simetria @arruados ao modo do %enedoA JJI W& ' incendeira JJ: Vna documentao vem !ra-ado @ensandeiraAW * o nome colonial de mulemba V1uimbundoW 8rvore sa!rada no elenco dos s,mbolos do poder pol,tico ambundo e umbundo JJR & No primeiro caso sur!e associada -i!ura de )gola '1uiluan7i e se!undo Cava((i remetia para a marcao da !eo!ra-ia do sa!rado& ' sombra indiciava 1ue se tratava de um local de reunio e deliberao entre di!nit8rios& No se!undo caso das cortes JJ; @'pontamentos e$tra,dos de al!uns o-,cios do !overnador&&&A in 'HU C$& K; Doc& I @%rocesso da Huerra do 0ossuloA& JJI "dem "bidem& JJ: / %adre 0aia -a( a e1uivalncia entre mulemba insandeira e sic"moro& Remete para ori!em 1uimbundo o voc8bulo 4ulemba e para ori!em 1uicon!o o voc8culo insendeira -ormado a partir de Unsandi, nsanda V%adre Silva 0aia &icion'rioP p& ^RRW& 'ssim ensandeira ou incendeira ser8 a desi!nao colonial col.ida no [i[on!o Vprimeira l,n!ua de contacto com uma cultura a-ricanaW para mulemba Vplural milembaW do 1uimbundo 8rvore sa!rada li!ada ao poder pol,tico dos 0bundu e em especial -i!ura de N!ola '1uiluan7i& Cava((i re-eria 1ue N!ola '1uiluan7i @C.e!ou at* IN l*!uas de Luanda onde como tro-*u das suas con1uistas plantou uma 8rvore com o nome da 1ual mais tarde os %ortu!ueses c.amaram @#nsandeiraA a uma -ortale(a 1ue a, constru,ram no rio Cuan(a&&&A Cava((i Livro ++ IRI& C-& Cadorne!a vol& + p& :K& & 6er tamb*m 9o.n Hoss\eiler IOLR kNomes ind,!enas&&&A Agronomia Angolana Luanda J pp& ^LO2^K;& Sobre a mulemba como 8rvore sa!rada 1ual estava associada a autoridade dos 0bundu c-& 0iller Poder PolWtico p& ^J2^N& JJR C-& Cadorne!a vol& + p& :K& ..................... 278 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -i$as e permanentes dos /vimbundo sobressa,a o caso do 5ailundo& Z o mel.or e$emplo e -a( sentido tendo em conta a import<ncia da !uerra do 5ailundo no conte$to setecentista& ' descrio da ombala do 5ailundo -eita por Silva %orto reportando2se ao ano de INL: parece ser a primeira e mais completa de todas as escritas por outros via7antes 1ue se l.e se!uiram& Foi seu cicerone o pr"prio sobaE @estamos no cimo da montan.a Catiavala sentinela solit8ria e dominante sobre essa e$tensa plan,cie de 1uatro l*!uas de circun-erncia e de du(entos p*s acima do seu n,vel limitada pelo e$tenso c,rculo de montan.as na direco de todos os pontos do .ori(onte tudo se v do seu cume e tudo se domina da sua eminncia T 1ue di( de tal panorama n no * belo no * !randioso mn Respondemos a-irmativamente e continuando disse na1uele cordo de montan.as na direco de nordeste v a1uelas ensandeiras n T * a 5on!ua anti!a Libata Hrande do pa,s onde e$istem sepultados parte dos nossos antepassadosY dali nos vem a nossa !rande(a isto * a memba e sem a 1ual somos sen.ores de -acto 7amais de direitoA JJ^ & %aiva Couceiro 1ue visitou a ombala em INO; descreve a (ona residencial do soba e sua -am,lia VlombeW situada no ponto mais alto do roc.edo rodeada por paliadas de trs metros de altura -ormadas por estacas cont,!uas JJL & #stacadas semel.antes Vem n3mero de IRW sucediam2se pela encosta abai$o at* ao sop* JJK & Se!undo 0a!Bar a populao da corte do 5ailundo atin!ia cerca de cinco mil .abitantes em !rande parte @!uarda costasA e @-uncion8riosA do soberano JJJ & No 5i* a embala de #covon!o era coberta na sua totalidade pelas copas de ensandeiras 1ue se cru(avam dando ao s,tio uma dupla proteco material e simb"lica JJN & JJ^ 'nt"nio Ferreira da Silva %orto 2iagens e Apontamentos de um portuense em Efrica vol& ++ Vno preloW& JJL Uma planta pormenori(ada com IL le!endas e$plicativas dos v8rios recintos destinados ao soba -amiliares e di!nit8rios -oi desen.ado por Henri1ue de %aiva Couceiro em INO; e publicada em 3elatrio da 2iagem entre 1ailundo e as :erras do 4ucusso Lisboa INO: p& IN2:I& JJK Uma !ravura publicada por Cameron A tra$ers l*Afrique pp& ^LK2^LJ mostra um morro de di-,cil escalada visto dist<ncia coberto de ve!etao& JJJ Ladislau 0a!Bar 2iagem p& IIJ Ve$emplar dactilo!ra-adoW& JJN Hermene!ildo Capello Roberto +vens INNI &e 1enguella 's :erras de "'cca p& I;N& ..................... 279 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 8.<. O %)#%&" (" ,"'54i%" 8.<.1. O3)�F) () -#'/%)'01" %or opera4es de manuteno entendem2se os con-rontos envolvendo sobas 1ue sendo vassalos e tendo reiterado a sua -idelidade atrav*s do undamento V7uramentoW por al!uma ra(o rompiam a pa( 1uando se recusavam a -ornecer carre!adores a pa!ar o d,(imo ou -ec.avam os camin.os impedindo e roubando o com*rcio& ' imposio de tais barreiras ori!inava con-rontos c,clicos campan.as ditas de paci-icao& Do ponto de vista !eo!r8-ico e *tnico esses con-litos decorriam maioritariamente na (ona dos 'mbundo& Desde IKNR com a pa( na 0atamba e o estabelecimento da sucesso no reino de Cassan7e a .ist"ria da presena portu!uesa no territ"rio ambundo tin.a vindo a perder o seu car8cter militar& Na primeira metade do s*culo G6+++ ainda ocorrem !uerras com o reino da Hin!a mas a presso colonial tradu(ia2se cada ve( mais na e$i!ncia de carre!adores trabal.adores para as obras reais abertura de camin.os e pa!amento de d,(imos uma ve( 1ue a 8rea -uncionava sobretudo como corredor de acesso -eira situada no 7a!ado do Cassan7e 1ue por sua ve( detin.a o monop"lio de acesso Lunda& 'ssim no -interland de Luanda na se!unda metade do s*culo G6+++ veri-icam2se al!umas !uerras 1ue se inscrevem nesta l"!ica de manuteno de uma modalidade de relao& %ara os a-ricanos esta * a @!uerra do 0uene %utuA se!undo uma -ormulao de um s3bdito do Dembo Namboan!on!o JJO & ' presena de Luanda e o envolvimento m3tuo nas redes de tr8-ico de escravos tornava2os vi(in.os incontorn8veis& No caso dos Dembos e do 0ar1us do 0ossulo esse tipo de epis"dios torna2se bem -re1uente& ' presso in!lesa e -rancesa nas costas a norte de Luanda trou$e cena mais um -actor a ter em conta& ' introduo de -a(endas estran!eiras a preos -avor8veis aos a-ricanos em troca de escravos colocava em posio de in-erioridade os ne!ociantes portu!ueses e obri!ava a uma reavaliao das modalidades de soberania& Durante este per,odo -oram -eitas al!umas tentativas para convencer o 0ar1us do 0ossulo a permitir a construo de um -orte na boca do rio 'mbri( 7ustamente para barrar a irri!ao do serto com mercadorias estran!eiras JN; & De -acto para os portu!ueses o problema do 0ossul era JJO Di8rio de !uerra de :K de 9un.o de IJO; at* o dia ^ de 9ul.o do mesmo ano 'HU C$& JN Doc& K; -l& RR v& JN; C"pia da instruo 1ue levou o capito de cavalos 0anuel 9acinto Cardoso :K de 0aio de IJKJ 'HU C$ LI Doc&:J& ..................... 280 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola tanto mais !rave 1uanto o porto do 'mbri( ou ?uitun!o desviava para si uma parte consider8vel do tr8-ico interior 1ue corria atrav*s das terras do pres,dio de #nco!e& Na verdade com os Dembos e o 0ar1us do 0ossulo sustentaram2se rela4es mais comple$as 1ue alternaram entre os ritos diplom8ticos com recurso a uma troca intensa de correspondncia as vassala!ens con-irmadas ou novamente demandadas e as !uerras JNI & No ser8 tamb*m estran.o a esta circunst<ncia o -acto de 1uer os Dembos 1uer o 0ar1us do 0ossulo se situarem num ei$o !eo!r8-ico mas tamb*m pol,tico e cultural 1ue os li!ava Vora apro$imando ora a-astandoW em simult<neo ao poder de Luanda e do Con!o& Na verdade sustentavam uma dupla vassala!em 1ue iam !erindo e 7o!ando de acordo com as con7unturas JN: & / 0ar1us do 0ossulo vem reputado como um dos mais poderosos vassalos do Rei do Con!o 1ue o teria .onrado com o titulo de 0ar1us& / seu estado compreendia I; l*!uas de costa dominava o porto do 'mbri( e o respectivo interior& #m IJO: a !uerra resultou na assinatura de um tratado de vassala!em 1ue con-irmava a .ip"tese de construo de uma -orti-icao no 'mbri( V78 em IJO;W e depois abandonada JNR & 'ssume !rande impacto a !uerra contra os @Dembos rebeladosA em IJO; no !overno do 5aro de 0o<medes 1ue se ci-rou numa retirada JN^ & ' !uerra -oi causada por ata1ues dos Dembos do Norte escolta dos Di8rios de #nco!e na estrada conservando o pres,dio em blo1ueio al*m de investidas -re1uentes ao Distrito do Dande sa1ueando os moradores e raptando2l.e os -il.os 1ue vendiam aos -ranceses ancorados na costa& %assando2se esta !uerra no -interland de Luanda onde se situavam os pres,dios e um tipo de povoamento disperso de moradores sob 7urisdio portu!uesa muitos deles vivendo do 1ue produ(iam os seus arimos as conse1uncias 1ue dela decorriam ameaavam a estabilidade do dom,nio colonial e as suas bases militares e at* de subsistncia dado o contributo 1ue dali vin.a para o abastecimento de Luanda& JNI 6e7a2se por e$emplo a correspondncia trocada entre Sousa Coutin.o e o ento 0ar1us do 0ossulo a prop"sito da admisso de estran!eiros e com*rcio de escravos& Carta de F+SC :K de 0aio de IJKJ 'HU C$& LI Doc& :LY e :K de 0aio de IJKJ 'HU C$ LI Doc& :J& JN: 6e7a2se a carta do 0ar1us do 0ossulo diri!ida a Sousa Coutin.o onde se identi-ica como pessoa civili(ada com -ortes li!a4es ao reino do Con!o& JNR IK de 0aro de IJN; 'HU C$& KR doc&IR '&& JN^ %rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na campan.a de IJO; 1ue comandou contra o rebelde Nambo 'n!on!o ?uin!uen!o Lundo e seus 'liados 'HU C$& JN Doc& K; :J de 'bril de IJOR&& ..................... 281 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' !rande di-iculdade sentida pelos e$*rcitos portu!ueses na !uerra contra os Dembos tin.a a ver com a densidade da mata di-iculdades do terreno com des-iladeiros e ve!etao tudo isto -avor8vel por seu turno aos Dembos& Finalmente os 0a.un!os constituem p"lo de con-lito latente 1ue se insinua ciclicamente& No 1uadro da resistncia ambunda -alta ainda citar os ambundos meridionais or!ani(ados entre a mar!em es1uerda do Cuan(a e a re!io dos ovimbundo& Na ?uissama e Libolo reinos -alantes de 1uimbundo particularmente combativos situados ao sul do Cuan(a o con-lito permaneceu latente& 8.<.$. O3)�F) () ,"'@/i%#8 # +/)&&# (" >#i4/'("* # +/)&&# (" N#'" ) # +/)&&# () C#!i'(#. 8.<.$.1. A +/)&&# (" N#'"* ) # +/)&&# (" >#i4/'(" (177<-177?). %ara dar corpo ao pro7ecto de territoriali(ao de 'n!ola a se!unda metade do s*culo G6+++ -oi assinalada por duas !randes opera4es de con1uista uma terrestre em direco ao sul a !uerra do 5ailundo outra pelo mar em direco costa Norte a !uerra de Cabinda& No primeiro caso os e$*rcitos portu!ueses obtiveram uma vit"ria 7unto dos sobas do planalto de 5en!uela no se!undo caso o e$*rcito portu!us so-reu uma derrota desastrosa -ace aos poderes a-ricanos aliados aos estran!eiros 1ue ali -a(iam com*rcio& No planalto de 5en!uela distin!ue2se assim para este per,odo a c.amada Huerra do 5ailundo jIJJR2IJJL j 1ue opcs as -oras coloniais a uma coli!ao de sobas liderada pelo 5ailundo e ?uin!olo& 'pesar de me ir centrar pre-erencialmente neste epis"dio * preciso ter presente as c.amadas Huerras do Nano apontadas at* a1ui sempre 1ue oportuno& #stas !uerras passavam2se entre os sobas e decorriam de pr8ticas de ra(ia e roubo de !ado& De -acto estes con-litos internos entre a-ricanos das terras plan8lticas estiveram na recta!uarda da Huerra do 5ailundo& 'o lon!o de d*cadas elas @iam e vin.amA 1uer di(er intervin.am ciclicamente na .ist"ria da col"nia de 5en!uela sem nunca serem decisivamente resolvidas arrastando2se secularmente e mesmo em per,odos de pa( a ameaa esteve sempre presente& De tal -orma 1ue o %adre espiritano Carlos #stermann sublin.ava 1ue no s*culo G+G 1ual1uer branco 1ue vivesse no sul de 'n!ola ..................... 282 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola con.ecia a e$presso terr,vel @!uerra do nanoA JNL & / 1ue parece ter interesse sublin.ar * o -acto de os !overnadores as entenderem como !uerras @estran.asA 1ue os sobas -a(iam entre si @andando&&&em !uerra com outros sobas&&&&&coisa muito ordin8ria entre si&&&A JNK & 'contece 1ue em IJJR as correrias atin!iram o Novo Redondo e apro$imaram2se peri!osamente de 5en!uela sem 1ue as autoridades coloniais obtivessem $ito nas suas tentativas de entendimento diplom8tico& ' Huerra do 5ailundo vem inscrever2se na1uela cate!oria 1ue distin!ui atr8s onde se 7o!am os interesses do #stado colonial e os interesses de um !rande potentado a-ricano sem no entanto estar completamente desli!ada das !uerras internas decorrentes de l"!icas de entendimento especi-icamente a-ricanas& #sta !uerra si!ni-icou desde lo!o uma mudana de escala nas opera4es b*licas& %ode ser Comparada 5atal.a de 'mbuila V0b\ilaW em IKKL entre as -oras do Con!o e as -oras portu!uesas uma das maiores !uerras na .ist"ria da X-rica central JNJ & Z um momento particular de a-irmao de -ora de Luanda no Sul 7unto dos poderes a-ricanos& ' campan.a no poderia -al.ar sob pena de se perder a posio obtida em todo o serto de 5en!uela& Foram enviados e$*rcitos por mar e por terra a -im de atacar em con7unto o 5ailundo& ' e$pedio terrestre or!ani(ou2se em duas colunas uma a partir do Libolo outra a partir de 5en!uela& Como se pode ver observando o mapa dos itiner8rios da !uerra VHrav& : e KW os dois e$*rcitos coloniais encontraram2se no ?uin!olo da, partiram para uma di!resso militar at* ao Halan!ue vencendo sobas e arrasando embalas& 6oltaram a separar2se no ?uipeio a-astando2se de re!resso at* aos pontos de partida VLibolo e 5en!uelaW& Durante dois anos as terras do @NanoA andaram a -erro e -o!o no para ra(iar mas para con1uistar& ' derrota incidiu sobre os :: sobas liderados pelo poderoso soba do 5ailundo e o seu poderosos aliado o ?uin!olo ori!inando uma pa( de I^ anos -avor8vel se!urana do com*rcio entre 5en!uela e os mercados de escravos do interior& / soba do 5ailundo -oi preso para Luanda tendo sido investido um seu irmo -iel ao !overno colonial JNN & JNL C-& Carlos #stermann ,tnografia do /udoeste de Angola p& IR& JNK /-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& JNJ Sobre IKKL ).ornton =arfare, p& I;R& JNN C<ndido de 'lmeida S<ndoval @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIO2L:I& ..................... 283 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %reparar esta !uerra implicou para al*m da t8ctica das duas -rentes a -ormao morosa de uma comple$a m81uina de !uerra onde coe$istiam armamento a-ricano de -erro e madeira e tamb*m artil.aria necessariamente condu(ida a partir do Libolo o 1ue no era .abitual dada a !rande di-iculdade do transporte& Se!uiram ordens para os capites2mores dos pres,dios -a(erem o alistamento da !ente de armas& / c8lculo dos .omens dispon,veis -oi -eito como era normalmente a partir do n3mero de sobados e respectivas popula4es dependentes de cada um dos pres,dios& /s capites2mores -orneciam aos Comandantes dos e$*rcitos as listas dos .omens recrutados& Cada soba pelos tratados 1ue estabelecera com o poder de Luanda era obri!ado a -ornecer .omens de !uerra sem com isso des!uarnecer a sua pr"pria de-esa e o abastecimento de carre!adores destinados ao com*rcio& / Comandante depois de receber estas listas e$pedia para cada soba um embai$ador in-ormando2o de 1ue !uerra se tratava e do n3mero de .omens a -ornecer calculo este -eito a partir da lista 78 elaborada& 0uitas ve(es a prete$to dos @-il.osA dos sobas l.es -u!irem estes di(iam2se impedidos de cumprir o 1ue estava acordado& 9unto dos moradores dos pres,dios o recrutamento tamb*m era levado a cabo& Cada .omem tra(ia a sua pr"pria arma pr8tica comum nos e$*rcitos a-ricanos JNO pondo lado a lado armas de -o!o com armas brancas -lec.as (a!aias c.uos mocas catanas e outros instrumentos JO; & Na or!ani(ao do e$*rcito #lias 'le$andre distin!ue ainda os 9a!as @de 1ue se comp4em parte do #$ercito so !overnadores de !ente duvidosa e ambulante 1ue admitem variedade de na4esA& #stes e$*rcitos dos +mban!alas absorviam os 7ovens dos povos con1uistados e nem recon.eciam os laos de -am,lia& ' participao dos 9a!as JOI e/ou +mban!alas nos e$*rcitos coloniais remonta se!undo ).ornton ao !overno de Lu,s 0endes de 6asconcelos na !uerra contra o )dongo VIKIN2:IW JO: & No 5ailundo o e$*rcito colonial de-rontou2se com resistncia superior 1uela 1ue costumava de-rontar& ' e$istncia de -orti-ica4es as quipacas ou -orti-ica4es 78 descritas anteriormente e 1ue neste caso dispun.am de t3neis para reabastecimentoY a or!ani(ao militar e -inalmente a mestria no mane7o das armas de -o!o no caso os JNO Cava((i L&+ GG+6& JO; Curriculum de 'nt"nio Honalves de Carval.o :I de 9un.o de IJL^ 'HU C$& RO Doc& ^:& JOI Sobre a pol*mica volta dos 9a!as/+mban!ala ver nota nQ :LJ& Neste caso os 9a!as sur!em como .omens da !uerra recrutados nos e$*rcitos coloniais& JO: ).ornton =arfare, p& I;:& ..................... 284 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mos1uetes JOR & 'ssim tamb*m se e$plica 1ue para vencer estas di-iculdades o e$*rcito colonial se ten.a ocupado dois anos e ten.a precisado utili(ar artil.aria para -orar a capitulao do soba do 5ailundo& Resta con.ecer o calibre das peas e o e-eito de surpresa sobre os .abitantes da corte& S" estas duas condi4es -orariam a resistncia da embala do 5ailundo& #sta !uerra constituiu um marco e serviu mesmo como re-erncia temporal no 1uadro da Hist"ria da col"nia de 'n!ola e tamb*m na tradio dos /vimbundo& No primeiro caso a re-erncia s @Huerras do 5ailundoA transcorreu a correspondncia entre pres,dios e serviu para situar um tempo com um !rau de preciso e uma dimenso simb"lica e1uivalente a um acontecimento como o da Restaurao de 'n!ola JO^ & 0as o 1ue parece mais interessante * o -acto de este momento de !rande con-ronto se produ(ir tamb*m como um marco na mem"ria dos /vimbundo& C.ilds con-irma2o 1uando re-ere nos anos R; do s*culo GG 1ue mem"rias desta !uerra e da captura dos sobas -oram preservadas na tradio de 5ailundo e Ndulu V'nduru ou 'nduluW e tamb*m parece 1ue estes dois povos aprenderam de uma ve( por todas 1ue era mais se!uro e mais rent8vel comerciar com os europeus do 1ue atacar os seus estabelecimentos JOL & No ano de INL: passados 1uase J; anos o soba do 5ailundo mostrava a Silva %orto as marcas da !uerra nas ensandeiras da embala e recordava se!uindo a tradio local a morte do soba e$ilado em Luanda onde se respeitaram os rituais devidos a um inimi!o derrotado visto 1ue a corte do 5ailundo ter8 sido in-ormada e o cr<nio do c.e-e ovimbundo entre!ue aos embai$adores 1ue ali se deslocaram para o condu(irem corte e l.e puderem dar a sepultura 1ue l.e competia na Casa das Caveiras Reais& Di(ia Silva %ortoE @com !rande respeito nos desi!nou o nosso ilustre !uia trs !randes !i!antes da mesma -am,lia VmulembaW de trinta p*s de circun-erncia no tronco pr"$imo rai( escapos de entre in-inidade de outros insania do povo e tropa da !uerra de Sua 0a7estade 1ue no tempo do soba ?uin!ue invadiu o pa,s em virtude dos ve$ames JOR /s 0os1uetes so armas de -o!o mais ou menos do -eitio da espin!arda mas muito mais pesada& C-& 0orais da Silva &icion'rioY c-& @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIN& JO^ Carta do capito2mor de %edras %aulo 0anuel Lopes para o !overnador 0i!uel 'nt"nio de 0elo %res,dio das %edras IJ de 9un.o de IN;; 'HN' C"d& R;IN s&-l& JOL H& 0& C.ilds Umbundu Qins-ip and C-aracter London Ne\ eor[ )oronto /$-ord UniversitB %ress IO^O p& IOJ& ..................... 285 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ento perpetrados contra os sertane7os e 1ue casti!ados 1ue -oram retirou com o citado soba e outros prisioneiros -alecendo em Luanda se!undo a tradio e onde se!undo a mesma -oram em transporte do cr<nio 1ue e$iste na Casa das CaveirasA JOK & #m IO;I passando pelo 5ailundo a camin.o do 5i* 0al.eiro Vcapito2mor do 5i*W ouviu da parte do soba #[\i[\i a .ist"ria da !uerra do 5ailundo entre IJJ^ e IJJKE @1ue em tempo no 5ailundo sucedeu tamb*m caso idntico e por1ue os nossos antepassados dessem m8 resposta ao 0uene %uto de Luanda vieram da1uela cidade a1ueles 1ue puseram conversa no papel e -i(eram camin.o pelo mar nada conse!uindo -a(er2se com eles dando2nos uma coa monumental como bem claramente o atestam as balas de artil.aria 1ue ainda .o7e podem ver2 se nas incendeiras da mUballaA JOJ & 0as no ano se!uinte IO;: a campan.a do 5ailundo e$i!ia o uso de t8ctica militar semel.ante de IJJ^2IJJKE e$*rcito or!ani(ado em duas colunas uma partindo do Libolo e outra de 5en!uela usando a tecnolo!ia mais recente para a *poca e com des-ec.o semel.ante JON & / papel das !uerras -ormais na sedimentao de uma ocupao territorial parece estar em re!resso nas primeiras d*cadas do s*culo G+G pelo menos no serto de 5en!uela& ?uei$as e outras perple$idades veiculadas por a!entes estantes no serto revelavam o permanente levantamento dos sobas contra as d*beis estruturas coloniais a 1ue era imposs,vel pcr -im com pe1uenas e$pedi4es bem menos e-ica(es do 1ue uma !uerra -ormal e activa no serto o 1ue no acontecia .avia muito tempo JOO & / 7o!o de -oras a-ricana/colonial manteve2se em permanente tenso e ao en-ra1uecimento do se!undo correspondeu de imediato a recuperao do primeiro& JOK 'nt"nio Ferreira da Silva %orto 2iagens vol& ++ Vverso policopiadaW& JOJ 'le$andre 0al.eiro C-ronicas do 1i- illustrado com p.oto!rap.ias e desen.os de 9os* Leite Lisboa IO;R p&I:K& JON C-& Francisco Cabral de 0oncada A Campan-a do 1ailundo Lisboa Livraria Ferin IO;R& JOO /-icio de 9oo 'lvellos Leiria para o Hovernador de 'n!ola :^ de '!osto de INI^ 'HN' C"d& ^^K -l&:&
..................... 286 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0apa da !uerra do 5ailundo ..................... 287 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 288 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola M#3# () ,#!i'(# ..................... 289 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 290 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 8.<.$.1.1.1.1. O ()#%&) () C#!i'(#8 ,D)5) #5&i,#'" ) ,"',"&&)'%) )/&"3)/ (178:) ' !uerra de Cabinda em con7unto com a !uerra do 5ailundo marcou o ima!in8rio e a mem"ria da col"nia na se!unda metade de setecentos& Se para o 5ailundo se or!ani(ou uma !uerra terrestre de propor4es in*ditas em X-rica com uma vit"ria -avor8vel aos e$*rcitos coloniais para Cabinda preparou2se uma e$pedio naval ini!ual8vel @a maior 1ue no presente s*culo tem .avido nesta costaA pelo n3mero de .omens e recursos envolvidos e 1ue acabou por se tradu(ir numa derrota desastrosa para Luanda N;; & ' narrativa da !uerra de Cabinda e$i!e uma descida ao n,vel micro da .ist"ria uma ateno aos detal.es em 1ue se revelam as !randes contradi4es das directivas !overnamentais N;I & ' costa de Cabinda constitu,a uma (ona onde o apre!oado dom,nio portu!us estava su7eito a interven4es permanentes das restantes potncias europeias& / reino do N!oio era um dos trs reinos 7untamente com os de Luan!o e Cacon!o 1ue -ormavam a Norte do rio =aire a costa do Luan!o& ' capacidade de !arantir um -ornecimento constante de escravos atraiu os navios estran!eiros aos seus portos& #m IJ:R al!uns cors8rios in!leses 78 .aviam constru,do e !uarnecido um -orte na costa de Cabinda para a partir da, conse!uirem aceder ao com*rcio sertane7o 1ue os pr"prios a-ricanos -a(iam c.e!ar 1uelas praias& #ste com*rcio !irava pelo interior do reino do Con!o comunicando2 se de uns a outros potentados e estendendo2se por todo o serto at* se avi(in.ar dos pres,dios de 'mbaca e %edras de %un!o 'ndon!o c.e!ando perto de Luanda& #ssas redes comerciais 1ue nas -ontes portu!uesas vin.am classi-icadas como contrabando ao desviar para os portos de Cabinda Luan!o 0olembo e ?uitun!o V'mbri(W os contin!entes de escravos normalmente encamin.ados para as rotas dominadas por Luanda diminu,am substancialmente os lucros dos ne!reiros portu!ueses e colocavam os navios portu!ueses em demora no porto de So %aulo da 'ssuno por -alta de escravatura para seu abastecimento& Na1ueles 1uatro portos c.e!avam a entrar anualmente pelo menos R; navios das na4es -rancesa in!lesa e .olandesa e$traindo cada ano pelo menos :; mil escravos a troco de -a(endas da #uropa e da Cndia N;: & #m IJKL e para obviar alterao N;; Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a para 0artin.o de 0elo Castro N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& N^& N;I 6er toda a documentao publicada por 08rio 'nt"nio em Angolana vol&+ pp& I2LO& N;: Relat"rio relativo aco do Hovernador 'nt"nio de Lancastro IJNI 'HU C$& K^ Doc& K: ..................... 291 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola das circunst<ncias em 1ue se -a(ia o com*rcio causada pela presena dos estran!eiros Sousa Coutin.o propun.a o estabelecimento das -eiras no Holo e no 5embe se bem 1ue os resultados ten.am sido praticamente nulosE @as re-eridas -eiras no serto so umas 1uimeras 1ue verdadeiramente no e$istem e se e$istissem 78 mais se carre!ava navios a tempoA N;R & 'ssim o ob7ectivo da e$pedio de Cabinda consistia em -undar a, um estabelecimento 1ue apoiando o com*rcio tutelado pelos portu!ueses ao mesmo tempo e$pulsasse os estran!eiros e pusesse -im ao tr8-ico 1ue estes mantin.am com os a-ricanos da re!io& ' !uerra de Cabinda * portanto or!ani(ada para resolver um problema 78 anti!o& %oder2se2ia di(er 1ue a @-ina -lorA dos militares de 'n!ola !rande parte da1ueles a 1ue c.amei a @!erao de K;A V$ideI:&:&R& A Mera#o de SD W e em 1ue me deterei mais adiante participa deste teatro de !uerra Vpor e$emplo Lu,s C<ndido %in.eiro Cordeiro Furtado %edro Xlvares de 'ndrade 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es e #lias 'le$andre da Silva CorreiaW& /s resultados -oram como se sabe catastr"-icos para as -oras coloniais& ' e$pedio comeou a ser preparada ainda na d*cada de IJK;& #m IJJR 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es -ora enviado por 0artin.o de 0elo e Castro e o !overnador D& 'nt"nio de Lencastro para -a(er uma e$pedio de recon.ecimento dos portos do Norte tendo elaborado um relat"rio onde descrevia a e$tenso do poder dos dom,nios a-ricanos& 0as entretanto intrometeu2se a !uerra do 5ailundo VIJJ^2IJJKW& Cabinda -icou suspensa e es1uecida& Se!uiram2se outros adiamentos at* 1ue -inalmente no !overno de Honalo da C<mara em IJN; se retomou o pro7ecto com outra e$pedio entre!ue mais uma ve( a 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es para -a(er um ponto da situao N;^ & ' partir de IJN; de -acto iniciaram2se os preparativos para 1ue as tropas avanassem em IJNR& %or*m o !overnador Honalo da C<mara -aleceu precocemente VIO&I:&IJN:W -icando em Luanda um !overno interino 1ue pouco entendia dos destinos e das 1uest4es 1ue os .omens colocavam no terreno& 0ais importante os resultados da e$pedio de N;R Carta de DF+SC para FG0F O de 0aio de IJKL 'HU 'n!ola C$& ^O Doc&:J& N;^ Carta de 00C para o !overnador D& 'nt"nio de Lencastre O de 9ul.o de IJJ: 'HU C$& K: Doc& LNY Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa de 0a!al.es para 00C 9un.o de IJJO 'HU C$& K: Doc& J:Y 9un.o de IJJO 'HU C$& K: Doc& JRY 0em"ria de 00C sobre a via!em de 'nt"nio 08$imo de Sousa IJNI 'HU C$& K^ Doc& IN& ..................... 292 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola recon.ecimento das costas de Luan!o 0olembo e Cabinda reali(ada dois anos antes da partida dos o-iciais portu!ueses estavam absolutamente desactuali(ados !raas a um re-oro si!ni-icativo da presena e in-luncia -rancesas 7unto da aristocracia a-ricana 1ue assim aumentava a sua ri1ue(a e prest,!io participando directamente no com*rcio de escravos& #m IJNR 1uando se constitui uma e$pedio com -ins diplom8ticos e comerciais a Cabinda a situao alterara2se consideravelmente por1ue a presena -rancesa era mais -orteE @&&&muito bem se pode di(er 1ue Cabinda * uma %rov,ncia Francesa transplantada em Huin* de 1ue os .abitantes no s" entendem 1uase todos a L,n!ua Francesa mas muitos a -alam bem correctamente o 1ue me tem sido de uma !rande comodidadeY eles comem trinc.am de -aca e !ar-o bebem sentam2se e tem todas as mais ac4es dom*sticas inteiramente FrancesasA N;L & #m relao aos a-ricanos o tipo de tratamento devia ser cuidado de outra -orma& 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es recon.ecia essa di-erena 1uando alertavaE @No so estes Ne!ros to r3sticos e b8rbaros 1ue por meio do com*rcio e tracto com os estran!eiros no ten.am ad1uirido um !*nero de civilidade 1ue os distin!ue dos mais deste continenteA N;K & ' e$pedio de Cabinda -oi comandada por C<ndido %in.eiro Furtado N;J & ' partir de Luanda se!uiram 1uatro embarca4es para al*m da -ra!ata Hraa comandada por 'nt"nio 9anu8rio do 6ale& Na totalidade a tropa compun.a2se de II;; .omens entre eles o-iciais de patente e mec<nicos Vcarpinteiros pedreiros -erreiros&&&W N;N & / abastecimento dos !*neros e materiais e$i!ia uma para!em no rio Dande antes do avano at* enseada de Cabinda& 0as tamb*m de Luanda se!uiam !*neros para sustento das tropas e materiais de construo para o adiantamento do Forte 1ue se levantava em Cabinda N;O & Z interessante notar 1ue a estrat*!ia de apro$imao ao 0ambuco vassalo do rei de Cabinda sen.or das terras de N!oio reprodu(iu o padro tradicional NI; & / Sar!ento mor N;L Relat"rio de %in.eiro Furtado sobre os acontecimentos de Cabinda N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NK& N;K Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es II de '!osto de IJNR C$& KK Doc& NO'& N;J Relat"rio de %in.eiro Furtado sobre os acontecimentos de Cabinda N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NK& N;N Relao das Lota4es&&& IK de 9ul.o de IJNR por 'nt"nio 9anu8rio do 6ale Arqui$os Coloniaes, vol& +++ nQIJ IOIN pp& IOJ2:;I& N;O Relao dos !*neros IL de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& O^& NI; / Reino do N!oio caracteri(ava2se por uma comple$a .ierar1ui(ao do poder& / rei do N!oio vivia no interior na capital e era2l.e vedado ver o mar& #sse rei tin.a na costa os seus duplos ou ..................... 293 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola se!uiu com o al-eres %aulo 0ar1ues e o 0ission8rio 5arbadin.o Lucas de Roca 5ianca .8bito recon.ecido e respeitado em todo o serto para ir propor ao 0ambuco da parte do rei de %ortu!al @planos muito vanta7osos de com*rcioA o-erecendo2l.e presentes di!nos da sua real !rande(a a sua ami(ade e protecoA& ' presena das -oras -rancesas empen.adas em -a(er o com*rcio de escravos com a aprovao da autoridade local e aparentemente muito pouco interessadas em !arantir 1ual1uer posio terrestre tornava2as aliadas pre-erenciais do 0ambuco estando este descontente com a ideia de os portu!ueses virem a construir no seu reino um -orte por -ora de armas& Na verdade a e$pedio 1ue partira de Luanda era esperada& ?uando passou o =aire o 0ambuco -oi avisado da sua c.e!ada& )eve tempo para preparar .omens e armas& #m toda esta .ist"ria 1uem acabou por ser apan.ado de surpresa -oram os portu!ueses& Uma embai$ada do 0ambuco com uma comitiva de :K di!nit8rios c.e!ou 7unto de %in.eiro Furtado& / ob7ectivo deste era obter uma autori(ao para a construo de uma -ortale(a comercial nas terras de 0ambucoE @como eu me ac.ava certo do cr*dito 1ue estes Ne!ros tem -undado em papel 1ue -irmaram cu7o uso se l.e tem -eito con.ecido e necess8rio pelo com*rcio l.e propus no sem arti-icio 1ue para 1ue tudo -icasse -irme e constante em 1ual1uer tempo no teria ele 0ambuco e os seus %r,ncipes suposta a boa -* e sinceridade&&&&duvida em -irmarem todos um )ermo em 1ue Livremente concediam para um #stabelecimento %ortu!us um Lu!ar em terra 1ue eu -osse marcar no se!uinte dia&&&&A& / termo -oi elaborado por %in.eiro Furtado assinado por ele e o Capito de 0ar e Huerra o 0ambuco e os seus acompan.antes sendo um e$emplar entre!ue ao mesmo c.e-e a-ricano& 's ne!ocia4es por*m no se -icaram por a1ui& / en!en.eiro %in.eiro Furtado -oi intimado a comparecer na corte do N!oio um espao comple$o altamente .ierar1ui(ado marcado pela pro$imidade da presena -rancesa 1uer atrav*s da cultura material 1uer da l,n!ua& #ste encontro provou as di-iculdades da ne!ociao NII & / c.e-e a-ricano a-irmava estar consciente de 1ue os portu!ueses visavam a construo de um -orte de pedra mas 1ue se deviam contentar com uma casa de pal.a onde -i(essem al!um com*rcio& 'os brancos correspondentes onde se destacavam o 0ambuco e o 0an!oio entre outro di!nit8rios 1ue controlavam as trocas comerciais entre o litoral e o interior para l8 do seu territ"rio at* ao 0aiombe& Carlos Serrano Os /en-ores da terra e os -omens do mar9 antropologia polWtica de um reino africano So %aulo US% IONR pp& KJ2J;& NII Corra ++ p& NI& ..................... 294 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de todas as na4es apenas concedia a .ip"tese de praticar o com*rcio bene-iciando assim da concorrncia 1ue entre eles se estabelecia para a reali(ao do mesmo com*rcio& 'penas suportaria a construo de um -orte de pal.a e esperava a resposta dos portu!ueses& #stes 78 nas embarca4es depois de -eito o concel.o de !uerra acabaram por decidir mandar embora as duas embarca4es -rancesas 1ue ali se ac.avam dando2l.es para isso um curto pra(o& ' imposio -oi aparentemente aceite& Neste entretanto aparecia na -ra!ata portu!uesa um embai$ador do rei do 0ambuco assim como um -il.o do rei de 'n!oi com o mesmo estatuto pedindo 1ue dei$assem -icar os -ranceses at* acabarem os ne!"cios em curso e prometendo pcr -im a anteriores malentendidos sem resistncia s pretens4es portu!uesas& %in.eiro Furtado e$plica esta alterao de planos di(endo 1ue os -ranceses tin.am levado nos seus barcos al!uns -il.os pe1uenos de altos di!nit8rios a-ricanos& Depois por1ue tendo o 0ambuco pedido au$ilio ao rei de 'n!oi e aos seus vi(in.os de 0olembo estes aconsel.am2no a no resistir e a submeterem2se por ami(ade @por1ue no seria poss,vel impedirem o -ormid8vel poder dos portu!uesesA& Finalmente .avia 1uest4es da pol,tica interna a-ricana& / 0ambuco -uncionava como um mero corretor 1ue vendia aos europeus os escravos 1ue do centro do Con!o e 0aiombe a, a-lu,am e eram vendidos nas suas praias& 0al constasse 1ue os -ranceses se tin.am retirado e 1ue os portu!ueses se ac.avam em !uerra com o 0ambuco os a-ricanos -ornecedores de escravos do serto a-astar2se2iam das suas praias diri!indo2se pre-erencialmente para o porto do 0olembo& %ara evitar tal situao o 0ambuco assim como toda a sua corte -oi entre!ar2se a %in.eiro Furtado e os -ranceses -oram autori(ados a permanecer no porto& )endo avaliado mal a situao %in.eiro Furtado acabou por decidir -a(er dois assaltos em terra pondo em marc.a uma tropa or!ani(ada em duas colunas& +ada a bandeira portu!uesa -oi delimitado o espao para a construo de um -orte e aberta a trinc.eira com um -osso redondo& %or*m lo!o na primeira noite desertaram I: soldados tendo em vista o re-3!io em duas embarca4es -rancesa e in!lesa -undeadas no porto de 0olembo& )udo isto permeado de idas e vindas de embai$adas e trocas de presentes& Na verdade estava2se em presena de duas -oras coloniais europeias e de duas -oras re!ionais a-ricanas& ' situao era bem mais comple$a do 1ue normalmente acontecia& / 0ambuco desmentia o conte3do no tratado 1ue .avia assinado com os portu!ueses& %roblemas de disciplina militar no e$*rcito portu!us tradu(iram2se em deser4es de ..................... 295 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola soldados& / es!otamento da via diplom8tica atrav*s de embai$adas V@!uerra pol,ticaA NI: W desencadeou a reunio de um Consel.o de Huerra onde se decidiu pela !uerra para manter o -orte& / resultado -oi a perda de muitas vidas como -ica assinalado em documentao muito variada e tamb*m numerosa 1ue no dei$ar8 de remeter para a !uerra de Cabinda o desaparecimento de uma parte consider8vel dos militares e dos o-iciais mec<nicos de 1ue ento dispun.a a col"nia de 'n!ola NIR & / epis"dio de Cabinda -oi v8rias ve(es retomado para provar a impossibilidade de manter um imp*rio to e$tenso suportado em meios de imposio de soberania d*beis& Uma avaliao do caso datada de IJOJ indicava um !asto de II;EJJ;wIRI reis a morte de centenas de .omens e entre eles 1uase todos os o-iciais mec<nicos e as se1uelas ainda sentidas da1uela operao NI^ & ' !uerra em X-rica entre colonialistas e a-ricanos -ora 1uase sempre uma empresa des!astante 1ue condu(ia a uma pa( em tenso pronta a rebentar com nova !uerra& ?uando as !uerras passaram a envolver tamb*m europeus o c"di!o .averia de ser revisto para 1ue o entendimento escapando ao con-ronto no terreno se visse resolvido nas ne!ocia4es diplom8ticas em cen8rio europeu& NI: "dem "bidem p&OI NIR 6er por e$emplo as re-erncias -eitas ao lon!o do processo do tenente de in-antaria 9os* 'nt"nio da Costa Cal.au IN de Novembro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& LJ& NI^ Carta de 0'0 para RSC I^ de 9un.o de IJOO AA vol&++ nQ I; IORK p& RL^& ..................... 296 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 297 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola PARTE III 7 A(-i'i%"8 R#,i"'#4i-"* >/&",&#,i# ) L)+#4i-" B. A &#,i"'#4i2#01" #(-i'i%&#%i;# )- A'+"4# @&&& a1ui nunca .ouve o cuidado do bem p3blico&&&A Re-le$4es de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l&INK& @P ?ue espect8culo nos apresentam pois as sociedades 5antusn '!re!ados de seres inteli!entes sem o con.ecimento da escrita mas -alando por ve(es com not8vel elo1uncia uma l,n!ua dotada de consider8vel -le$ibilidade possuindo uma indel*vel uma -orte e rica tradio oral&&&A Norton de 0atos 4emrias e trabal-os da min-a $ida vol& ++ Lisboa #ditora 0ar,timo Colonial IO^^ p& KN& Nesta parte trata2se de compreender a maneira como o campo pol,tico se articulou com o campo administrativo para averi!uar se o processo pol,tico marcado por cliva!ens e ac4es re-ormistas se pro7ectou nas estruturas administrativas em simult<neo ou com al!um atraso& )rabal.os sobre a inveno da burocracia nos s*culos G6+++ e G+G assinalam uma assincronia entre um e outro processo e sublin.am os pro-undos elementos de continuidade na administrao sub7acentes a 1ual1uer ruptura de nature(a pol,tica NIL & Franoise DreB--us b retomando uma a-irmao de 'le$is de )oc1ueville onde o autor di( 1ue a continuidade com o passado aparentemente desmentida pelas estruturas pol,ticas Vv&!& revolu4esW se mani-esta nas estruturas administrativas b 1uestiona se as trans-orma4es da administrao tero procedido de uma l"!ica di-erente da1uela 1ue presidiu mudana do campo pol,tico& 's suas propostas relativamente a uma an8lise da administrao no s*culo G6+++ vo no sentido de recon.ecer 1ue mesmo no caso das NIL C-& Luca 0annori @Centralisation et -onction publi1ue dans la pens*e 7uridi1ue de lU'ncien Re!imeE 7ustice police administrationA (*Administration :erritoriale de la 7rance F>BGD6>C?DH /rl*ans %UF IOON pp& :^J2:LJ& ..................... 298 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !randes revolu4es e embora a pol,tica se7a ob7ecto de uma importante literatura te"rica a administrao no merece !rande ateno isto por1ue ela consistir8 pelo essencial no pcr em pratica de -un4es re!alistas no aparecendo de um ponto de vista conceptual como uma entidade dissoci8vel do titular das -un4es& ?uem leva a cabo as tare-as administrativas e$ecuta2as em nome do rei NIK & #sta circunst<ncia 1uereria tamb*m di(er 1ue a de-inio Oebberiana de burocracia Vor!ani(ao .ier8r1uica dentro da 1ual cada -uncion8rio * recrutado pela sua especiali(ao atestada atrav*s de um e$ame cumpre os deveres inerentes sua -uno e * re!ularmente pa!o W no tem nem pode ter uma aplicao directa& No caso portu!us especi-icamente o desen.o institucional do o-icialato articulou @elementos da teoria 7ur,dica patrimonial -eudalA com os da @teoria -uncional ou comissarial dos o-,ciosA NIJ & #$ceptuando a publicao do Re!imento das 0ercs no reinado de D& %edro ++ as d*cadas de IJL; e IJK; so a1uelas 1ue mais medidas apresentam com o -im de alterar este estado de coisas NIN & / t"pico da separao entre o p3blico e o privado implicou na #uropa posi4es anti2-eudais& 's ambi!uidades de um sistema de !overno 1ue misturava o dom*stico e o pol,tico o p3blico e o privado resultantes da con-uso entre ordem publica e ordem privada de-inem se!undo 5ourdieu o @#stado din8sticoA por oposio ao @#stado burocr8ticoA& #ssas ambi!uidades -oram contrariadas atrav*s da adopo de medidas 1ue NIK %ara a introduo deste problema si!o de perto Franoise DreB-us (*in$ention de la bureaucratie /er$ir l*tat en france, en Mrande61retagne et au+ ;tats6Unis FL2""" e 6LL e si0cleH %aris Zditions la D*couverte :;;; pp& O2IO e %ierre 5ourdieu @De la maison du roi la raison dUZtat& Un modSle de la !*nSse du c.amp bureaucrati1ue Actes de la 3ec-erc-e en sciences sociales nQ IIN 9un.o IOOJ pp& LL2KNY "dem @Sur la Science&&&&A passim& NIJ @De a cordo com a teoria -eudal associava2se ao e$erc,cio do car!o uma relao de -idelidade pessoal para al*m de uma vanta!em patrimonial V@bene-,cioAW& / direito consuetudin8rio acabou por permitir 1ue os o-,cios in!ressassem no patrim"nio do titular podendo ser vendidos VvenalidadeW arrendados Vpen.orabilidadeW ou dei$ados em .erana V.ereditariedadeW embora a le!islao portu!uesa proibisse estas pr8ticas& ' teoria -uncional2comissarial pelo contr8rio -a(ia corresponder ao car!o uma -uno implicando 1ue o -uncion8rio investido possu,sse uma 7urisdio dispon,vel pelo comitente as 1ualidades re1ueridas para o e$erc,cio do car!o Vm*ritoW e uma responsabili(ao pelo seu desempen.o& Duas concep4es incompat,veis portantoE @.onraA ou @bene-,cioA op4e2se a -unoY -idelidade a competnciaY e 8 patrimoniali(ao a revocabilidadeA Hespan.a .istria de Portugal vol& +6 O Antigo 3egime Lisboa C,rculo de Leitores pp& INJ2INN& NIN Re-ormas importantes na 8rea da administrao central ocorrem no ano de IJRK pela re-orma das secretarias de #stado com a atribuio de novos nomes e 8reas !overnativas mais precisas& #ntre as trs secretarias de #stado reor!ani(adas encontrava2se a Secretaria de #stado da 0arin.a e Con1uistas ou simplesmente da 0arin.a ou da 0arin.a e Ultramar& 0ais Secretarias dos Ne!"cios +nteriores do Reino Vmais con.ecida por secretaria dos Ne!"cios do ReinoW e #stran!eiros e Huerras& ..................... 299 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @des-eudali(ando o #stadoA colaboraram na construo do @#stado burocr8ticoA& #ste supun.a a dissociao entre a posio e o seu ocupante a -uno e o seu -uncion8rio ou ainda entre interesse p3blico e interesses privados particulares NIO & Um dos aspectos mais importantes das re-ormas 7ose-inas na 8rea do direito p3blico consistiu na carta de lei de :R de Novembro de IJJ; sobre o re!ime dos o-,cios p3blicos resposta patrimoniali(ao desses o-,cios em *poca anterior e$pressa por e$emplo na pr8tica da transmisso .eredit8ria N:; & 'ssim como aconteceu no Reino em 'n!ola essa indistino entre o car!o a -uno 1ue l.e * inerente e a pessoa 1ue o e$ercia estruturava a administrao e tin.a conse1uncias a v8rios n,veis& ' esse trao estrutural acrescentava2se um trao espec,-ico da administrao da col"niaE a impreparao dos o-iciais muitas ve(es vinculados ao interesse do tr8-ico de escravos era re-orada por um de-icit cr"nico de burocratas& #m 3ltima an8lise os o-iciais da administrao an!olana no s" e$ecutavam de-icientemente as suas atribui4es como -ormavam um corpo muito redu(ido& Foi com as resistncias desencadeadas por este con7unto de circunst<ncias 1ue as re-ormas setecentistas precisaram con-rontar2se& 0ais do 1ue re-ormar a estrutura burocr8tica tratava2se de a -undar& 'ssim se entende 1ue Sousa Coutin.o identi-icasse um indiv,duo o Coronel 9oo 0onteiro de 0orais como @3nico apoio da verdade e do (elo no Real servio nesta terraA N:I & %ara 'n!ola o ano c.arneira nas re-ormas administrativas * o de IJKI& 's re-ormas na administrao so acompan.adas pela instituio de novos or!anismos de c3pula N:: e pela pro!ressiva introduo de novas tecnolo!ias administrativas& NIO Se!undo a -ormulao de %ierre 5ourdieu ao #stado din8stico assente na coincidncia entre a casa do rei e o #stado sucede o #stado burocr8tico capa( de dissociar as 8reas do publico das do privado sem e$cluir o -acto de traos de um e outro poderem coe$istir e desencadear situa4es de tenso& %ierre 5ourdieu @De la maison du roi&&&A passim N:; 'nt"nio Hespan.a @Representao&&&A p& IR^Y .istria das "nstui#Kes p& ROL& 6er tamb*m a interpretao dada por %& 5arbas Homem :;;R Tude+ Perfectus pp& LK; e ss& N:I /-,cio de F+SC Luanda :L de 9aneiro de IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L 02OO %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& O;& N:: #m :N de /utubro Criao da Casa dos Contos para recol.a dos bens 1ue -oram con-iscados aos 7esu,tasY I^ de Novembro instituio de uma 9unta 0ilitar tamb*m c.amada 9unta de 9ustia a 1ue presidida o !overnador composta pelo ouvidor 7ui( de -ora e c.e-es militares para sentenas sobre crimes de .omic,dio roubos e assaltos podendo mesmo abran!er a pena de morte sem 1ual1uer recursoY IJ de Novembro criao da al-<nde!a de So %auloY IN de Novembro criao da 9unta da Real Fa(enda de 'n!ola Vcom ouvidor 7ui( de -ora tesoureiro e escrivoWY IO de Novembro carta r*!ia determinando a -orma de provimento dos capites2mores dos pres,dios sob proposta do Consel.o Ultramarino e punindo pelo Consel.o da 9ustia todos os trans!ressores& ..................... 300 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Neste cap,tulo sobre racionali(ao na administrao percorrem2se al!uns pontos -undamentais considerando a 8rea administrativa colonial e a a-ricanaE a separao entre o p3blicoY a incorporao da ideia de ar1uivo como coisa p3blica e at* mesmo de #stadoY a vinculao cultura escrita e ainda uni-ormi(ao de crit*rios maneiras de di(er medidas conta!ens etc& ' racionali(ao administrativa em 'n!ola atravessa trs n,veis comunicantesE iW os espaos burocr8ticosE os edi-,cios os @lu!aresA burocr8ticos e cultura material associadaY iiW a in-ormao na or!ani(ao dos ar1uivosWY iiiW e o discurso Valterao das cate!orias de or!ani(aoW B.1. A i()i# () A&@/i;" )odo o cuidado 1ue ao lon!o do s*culo G6+++ Vv&!& import<ncia da 'cademia da Hist"riaW comeou a ser colocado volta da documentao b salva!uarda e autenticao b veio imprimir um novo tipo de racionalidade burocracia r*!ia& #m paralelo e como parte deste processo na administrao a relao pessoal de tipo -eudal vai sendo substitu,da para passar a revestir um si!ni-icado !eral e abstracto mani-esto na e$presso @servio p3blicoA& 'o lon!o do s*culo G6+++ Ve de uma -orma de-initiva no s*culo G+GW -oi sendo urdida a inveno da conservao de documentao sob a -orma de ar1uivo V@massa documental da lin!ua!em im"velA N:R W& Uma das caracter,sticas do #stado burocr8tico * o -acto de ter desencadeado uma in-laco documental sem precedentes N:^ & Do ponto de vista pol,tico o ar1uivo !an.ou estatuto no plano dos instrumentos de !overno importante a v8rios n,veis& ' -undamentao e le!itimao de novas medidas administrativas supun.am a recol.a de in-orma4es nos reposit"rios da mem"ria administrativa& ' d*cada de IJL; em 'n!ola -oi marcada pelo re-oro do uso do documento escrito e pela vul!ari(ao da ideia de ar1uivo 7unto das autoridades coloniais por1ue a-inal a escrita * em si mesma ar1uivo N:L & ' or!ani(ao dos ar1uivos de Luanda e dos pres,dios mobili(ou a administrao& C.e!ava !rande col"nia a-ricana 1ual1uer coisa 1ue estava 78 em marc.a na #uropa como sinal de moderni(ao e crescimento do #stado em novos moldes& ' con7untura 1ue envolveu o !overno do conde da Cun.a -oi marcada de N:R Foucault &its et ;crits&&& vol& + p& ^LJ& N:^ 5ourdieu @Sur la Science&&&A p& L& N:L ' escrita como ar1uivo c-& 0& de Certeau (*;criture de l*.istoire %aris Hallimard IOJL p& :L^& ..................... 301 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola in,cio por esta ideia& ?uando c.e!ou a 'n!ola 'lvares da Cun.a inda!ou das condi4es materiais e intelectuais da produo e conservao dos ar1uivos tendo para isso ordenado uma avaliao do estado do cart"rio de Luanda e dos pres,dios atrav*s do invent8rio de todos os livros e pap*is especialmente os pertencentes Fa(enda Real& / deplor8vel estado de todo o acervo documental encontrava resposta na inc3ria do escrivo dos v8rios escrives na mo de 1uem tin.am vindo a ser depositados os documentos ao lon!o de anos de !overno& Z preciso sublin.ar 1ue todo o es-oro posto na or!ani(ao dos ar1uivos em 'n!ola andava muito li!ado administrao da Fa(enda e arrecadao dos direitos dos escravos& %or isso o mesmo !overnador insistia na necessidade de colocar o cart"rio da -a(enda em parte se!ura sob cust"dia de R c.aves N:K e de construir uma casa para alber!ar os documentos N:J & ' descrio do estado do ar1uivo de Luanda mostra uma preocupao em !arantir a preservao da mem"ria administrativa em asse!urar as boas condi4es na arrecadao das rendas reais e a criao de um espao p3blico recon.ecidamente associado conservao de materiais administrativos& ' casa 1ue !uarda o ar1uivo de #stado a @)orre do )omboA 78 e$istente em Lisboa e em Hoa desde o s*culo G6+ insinuava o seu aparecimento em Luanda& Z a-inal a pr"pria ideia de ar1uivo 1ue est8 em construo no s" no reino Vvide tudo a1uilo 1ue 78 se disse sobre a construo da mem"ria .ist"rica atrav*s da recol.a documentalW mas tamb*m no universo colonial& ' ordem r*!ia de IN de 0aro de IJL^ motivava a c"pia de todas as /rdens Leis Re!imento e 'lvar8s respeitantes a 'n!ola N:N & ' partir desta altura destinou2se para cada um dos pres,dios um Livro de Re!isto de 1ue constassem as Leis e /rdens e onde se lanassem sucessivamente as 1ue depois -ossem acrescendo pelo tempo -uturo& )oda a documentao relativa a 0assan!ano anterior e posterior instituio do munic,pio ori!inou um volume e c.e!ou ao Reino& / cuidado com a preservao dos ar1uivos da administrao central prosse!uiu com os restantes !overnadores& N:K 'HU C$& RO Doc& K; I de '!osto de IJL^& N:J 'HU C$& RO Doc& NJY R de De(embro de IJL^ N:N 'HU C"d&I^NI -l& I2Iv& ..................... 302 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' descrio do estado dos livros relativos a cada um dos pres,dios atesta a presena em todos eles de um ar1uivo or!ani(ado de -orma e$tremamente rudimentar constitu,do por Livros de 0atr,cula re!ra !eral em p*ssimo estado de conservao& )er8 al!um interesse veri-icar 1ue este invent8rio de IJL^ visava a identi-icao do n3mero e tipo de livros m*todos de preenc.imento de acordo com as mat*rias veri-icao da numerao e rubrica das p8!inas por um consel.eiro ultramarino assim como o estado material de conservao N:O & / 1uadro 1ue se se!ue sistemati(a a in-ormao e revela a precariedade destes ar1uivos& E/#(&" 1? - E%#(" (" A&@/i;" (" P&)A(i" () A'+"4# (175<) Pres1dio de Benguela G trNs livros da Primeira Plana Odois muito velhos* com registo dos "agamentos* um em uso* devidamente numerado e ru'ricadoPQ mais sete livros de matr1cula O6 muito velhos* um em usoP Pres1dio de Caconda G ; +ivros de #atricula7 ? muito velhosQ 8 numerado e ru'ricado* em usoQ mais ? livros de matricula Jvelhos e rotos* sem ca"aR. Pres1dio de #u:ima G > livros de matricula7 = todos desencadernados e rotosQ 8 em 'om estado* a uso. Pres1dio de #assangano G = livros de matricula* ? Jmuito velhos* rotos e estroncadosRQ 8 em 'om estado* a uso. Pres1dio de Cam'am'e G > livros de matricula7 = Jmuito velhos e des'aratados* "ela sua antiguidadeRQ 8 em 'om estado* a uso. Pres1dio de m'aca 5 D livros de matricula7 > J nam tem )orma nenhuma de livrosRQ 8 co'erto de J'orres de tintaRQ 8 em 'om estado* a uso. Pres1dio de Pedras 5 ; livros de matricula7 ? muito velhos* 8 em 'om estado* a uso. Nem mesmo a documentao 1ue -undamentava as rela4es com os sobas b os autos de vassala!em b e 1ue portanto provava e le!itimava a relao colonial .avia sido preservada com o cuidado necess8rio& Do cart"rio de Luanda constava o @Livro dos Sobas vassalos de Sua 0a7estadeA livro vel.o 1ue servia @de clare(as dos t,tulos dos sobas vassalos de Sua 0a7estade Fidel,ssimaA com muitas -ol.as comidas de salal* e pelo meio dos assentos muitas -ol.as em branco @e com verdade se no pcde averi!uar -altarem no dito Livro -ol.as ou no&&&A NR; & / parado$o no pode dei$ar de ser apontado& / Hoverno de 'n!ola no con.ecia os seus pr"prios limites de soberania& Note2se 1ue a cobrana dos d,(imos aos sobas vassalos pelos di(imeiros se -a(ia ou devia -a(er com base num rol dos sobas avassalados& ' burocracia colonial no dispun.a dos meios burocr8ticos 1ue l.o permitissem cumprir com e-ic8cia NRI & Sousa Coutin.o -oi mais lon!e e$i!indo aos capites2 mores 1ue mandassem para Luanda a c"pia de todos os autos de vassala!em com actualidade 1ue tin.am dado @-undamentoA ao servio 1ue -a(iam os sobas vi(in.os aos N:O 'HU C$& RO Doc& K; I de '!osto de IJL^& NR; I de '!osto de IJL^ 'HU C$& RO Doc& K;& NRI Carta do capito2mor de 'mbaca :R de De(embro de IJK^ 'HU 'n!ola C$& ^ODoc&J& ..................... 303 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pres,dios e -oi a partir dessa recol.a 1ue teve lu!ar uma discusso sobre o tipo de servios devidos pelos sobas administrao NR: & ?uanto or!ani(ao do ar1uivo de 5en!uela apenas ter8 lu!ar em IJOI data em 1ue na1uela cidade no e$istia se1uer uma secretaria NRR & ' isto no ser8 al.eio o -acto de ter -im um per,odo de subalterni(ao a Luanda& ' correspondncia 1ue antes se e-ectuava de 5en!uela para Luanda passa a -a(er2se directamente para Lisboa& 0as a or!ani(ao dos ar1uivos continuou a preocupar pouco os militares e administradores dos postos avanados da administrao portu!uesa no interior an!olano como nota 0anoel 'lves de Castro Francina no seu k+tiner8rio de uma 9ornada de Loanda ao distrito de 'mbaca na prov,ncia de 'n!olak k/ ar1uivo deste distrito est8 redu(ido a papeis desor!ani(ados amarrados em dois moiletes dos 1uais no consta por inteiro as correspondncias dos 3ltimos c.e-es os tenentes Cardoso Huimares e capito Castro e$istindo at* os livros de re!isto com -alta de -ol.as f&&&g NR^ & %arado$almente o mesmo no se veri-icou com os ar1uivos conservados por c.e-es a-ricanos 1ue parecem ter percebido e conservado o uso pol,tico do ar1uivo& Como -icou provado no estudo reali(ado a partir do 'r1uivo de Caculo Caca.enda com -re1uncia e comprovadamente desde o s*culo G6+++ os sobas no .esitaram em recorrer a todas as inst<ncias mesmo as portu!uesas para salva!uarda da documentao relativa sua soberania poder e posse da terra NRL & B.$. S)3#" )'%&) " 3K!4i," ) " 3&i;#(" ' dissociao entre interesse privado e interesse p3blico supun.a a ren3ncia ao uso privado de um poder p3blico& 's maiores irre!ularidades sucediam no campo da administrao da -a(enda& +!norando o teor do Re!imento os rendimentos dos contratos estavam em casa do -eitor 1ue usava as rendas da Real Fa(enda para ne!"cio particular NR: Carta de F+SC R de /utubro de IJJ; AA vol& + nQ : IORR s&pp& NRR Con-& Ralp. Del!ado A 7amosa e .istrica 1enguela IO^; p&O& NR^ in ACU %arte no /--icial s*rie + Fevereiro INL^ a De(embro de INLN p& R IL& NRL / 1ue pode ser ilustrado com a correspondncia do 9a!a Calandulla do 0uan!e 1ue mistura correspondncia de #stado com um sem n3mero de outras 1uest4es li!adas ao poder e aos costumes& 6& p&e$& '&H&N&'& C$& nQ IR^^ de 0alan7eY $ide ainda 'HN' C"dices N3cleo Heral ILN^/I: Vnumerao anti!aW ^2I2I: 0assan!ano Re!isto dos termos de 9uramento de Fidelidade preito e .omena!em dos sobas INJJ IL; -ls& Cit& por Santos e )avares A Apropria#o p& ^JI e ss& ..................... 304 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mar!em da !uarda num co-re Vnormalmente de trs c.avesW sob a tutela con7u!ada do provedor da -a(enda 7ui( de -ora e -eitor NRK & ' um outro n,vel a maneira como cada o-icial da administrao estabelecia a relao com o ar1uivo padecia desta indistino& 0uitas ve(es ao lon!o do 'nti!o Re!ime os ar1uivos -oram !uardados no espao privado da casa do escrivo e no no espao p3blico de e$erc,cio administrativo& 'crescentam2se outros tipos de resistncia decorrentes da pr"pria circunst<ncia colonial a 1ue * necess8rio -icar atento de 1ue * e$emplo mais representativo a di-,cil conservao da documentao su7eita incidncia destrutiva do salal*& 0ais uma ve( o e$emplo de 'nt"nio Xlvares da Cun.a deve ser a1ui c.amadoE @&&& o cart"rio real da -a(enda est8 muito arruinadoY lastimoso * crer as desordens 1ue neste Reino .8 no 1ue mais importa -a(enda de Sua 0a7estadeY no tem arrecadao o cart"rio dela como no tem casa pr"priaY .o7e est8 em casa de um serventu8rio e 1ue mora na cidade bai$aY aman. vem para a de outro 1ue assiste na alta por camin.os distantes e em poder de ne!ros 1ue no con.ecem o 1ue a1ueles papeis valem e importam e nestas continuas mudanas e descamin.os se arru,nam os Livros uns se perdem por descuidos outros por mal,cia pelo 1ue Sua 0a7estade -or servido 1ue eu l.e destine casa em 1ue este cart"rio este7a na sua devida ordem e arrecadao e 1ue esta casa ten.a um porteiro 1ue 7untamente se7a !uarda livros a 1uem se entre!ue tudo por um invent8rio parece2me 1ue ser8 util,ssima e per-eita re-ormaY e a despesa 1ue se .82de -a(er com a casa 1ue se deve c.amar da -a(enda e sal8rio do porteiro se S& 0& -or servido 1ue -i1ue a meu arb,trio por se evitarem mais descamin.os nas demoras dos in-ormes -82lo2ei com o meu costumadoY no reino de 'n!ola .8 rendas su-icientes para pa!ar isto tudoP* mel.or darem as rendas ao !overnador e no a deposit8rios 1ue as consomem todas&&&A NRJ & 'inda em IJJK o novo secret8rio do reino de 'n!ola re1ueria aposentadoria de -orma a ter uma casa onde pudesse e$ercer o seu o-,cio assim como tinta e papel para o despac.o da secretaria de #stado de 'n!ola& +nvocava o e$emplo do 1ue se passava com os secret8rios dos !overnos de 0inas Herais e So %aulo 1ue al*m dos seus ordenados tin.am ^; mil reis para aposentadoria de casas e outra 1uantia i!ual para papel e tinta de e$pediente NRN & / sinal de 1ue al!uma coisa estava a mudar de 1ue os saberes impl,citos da sociedade e mais especi-icamente da cultura administrativa se renovavam e eram NRK /-,cio de 'nt"nio Xlvares da Cun.a O de '!osto de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& NRJ @Carta de D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte RealA K de 'bril de IJL^ 'HU C$& RO Doc& ::& NRN Carta do Secret8rio IJ de /utubro de IJJK 'HU C$& KI Doc& R;& ..................... 305 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola marcados pela noo comissarial do e$erc,cio de car!os p3blicos revelava2se no s" no teor do pedido como na re-erncia ao -acto de os secret8rios antecessores no terem usu-ru,do de nada disto no e$erc,cio dos seus car!os& %or serem propriet8rios do car!o ou simplesmente por no terem not,cia do 1ue se praticava com os secret8rios dos outros !overnos coloniais no dispun.am dos espaos burocr8ticos nem dos materiais de escrita naturalmente devidos sua -uno NRO & ' verdade * 1ue o re!imento do secret8rio do !overno de 'n!ola datado de IKNN embora previsse a atribuio de casas para a Secretaria pr"$imas das 1ue ocupava o !overnador de -orma a -acilitar as comunica4es e$clu,a o pa!amento de um ordenado pela Fa(enda Real estipulava a cobrana de emolumentos decorrentes do e$erc,cio do car!o a partir de uma tabela e no -a(ia 1ual1uer re-erncia aos materiais da escrita inerentes ao e$erc,cio do car!o N^; & ' remodelao dos ar1uivos em Luanda no podia dei$ar de colidir com a impreparao do o-icialato incapa( de dispor e manter duradouramente in-ormao documental sistemati(ada e de entender a -uno pol,tica da documentao !uardada& ' destruio ou desaparecimento de documentao com ou sem a conivncia dos o-iciais representavam tamb*m uma -orma de paralisao e obstruo da burocracia& Sem documentos e -ontes le!ais em 1ue apoiar a aco administrativa ela passava a le!itimar2 se a si mesma atrav*s do arb,trio dos seus a!entes& ' desor!ani(ao da secretaria do !overno de 'n!ola pelo 1ue si!ni-icava de desade1uao dos o-iciais s -un4es dos car!os continua a marcar os anos 1ue se se!uem& ' di-erena residia no -acto de passarem a estar presentes em Luanda .omens 1ue 78 .aviam incorporado as no4es modernas de administrao e 1ue por isso mesmo evidenciavam os inconvenientes pol,ticos dessa impreparao& Caso do 7ui( de -ora Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %essan.a 1ue na d*cada de IJN; compcs al!umas cartas de conte3do si!ni-icativo onde retrata a secretaria do !overno de 'n!ola como a!re!ado de pap*is con-usos e de mistura com outros todos -ora dos seus lu!ares a necessitar de total re-orma para 1ue se distin!uissem as ordens a merecer observ<ncia& ' or!ani(ao da secretaria * ol.ada como uma 1uesto de #stado 1ue necessita ser apoiada por um corpo pro-issional e competente a comear precisamente pelos secret8rios escol.idos de pre-erncia no corpo c,vel& 9uristas e NRO Re1uerimento de 9oo 9os* %into de 6asconcelos 'HU C$& KI Doc& :O e Doc& R; IJ de /utubro de IJJK& N^; @Re!imento do secret8rio do reino de 'n!olaA I de 'bril de IKNN 'HU C"d& IKO -ls&NR2N^& ..................... 306 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pol,ticos 1ue de -acto pudessem con.ecer e promover os verdadeiros interesses do #stado por1ue a-inal era a utilidade do #stado e da sociedade civil 1ue deveria ser de-endida contrariando interesses particulares N^I & ' necessidade de criao de espaos p3blicos e$clusivamente dedicados s -un4es do #stado onde a documentao estivesse metodicamente or!ani(ada para permitir o ri!or administrativo veio a ser respondida no !overno de Sousa Coutin.o com a construo de uma Casa da Fa(enda e da 9ustia assim como de Co-res& Substitu,am2se pr8ticas anteriores 1uando os pap*is se !uardavam no pal8cio do !overnador ou em casa dos escrives& ' pr"pria re-orma do contrato dos escravos e do mar-im e$i!ia ordem nos papeis e muito ri!or nas contas mais tarde ou mais cedo con-eridas pelo #r8rio R*!io& /s espaos da burocracia colonial trans-ormam2se racionali(am2se na medida e$acta em 1ue os seus @produtos burocr8ticosA vm a ser marcados pelas directivas de uma administrao renovada& /s o-iciais da Fa(enda em especial vm2se impedidos de trabal.ar -ora da Casa edi-icada para o e-eito por1ue se levassem os livros para as suas casas no s" @no -aro nada&&& mas estar8 arruinada a boa ordem 1ue tanto l.e procurei&&&A N^: & Um -en"meno semel.ante ocorria no ar1uivo da C<mara de Luanda ainda em IJJJ 1uando membros do senado insistiam para os livros da C<mara permanecerem no 'r1uivo sem poderem sair como pretendia o 7ui( de -ora N^R & Na mesma lin.a de di!ni-icao dos actos p3blicos e separao entre a 8rea do p3blico e do privado devem ser mencionados todos os es-oros para proceder a uma reedi-icao do %ao da residncia do !overnador de 'n!ola com vista tamb*m a1ui a distin!uir os espaos do privado dos espaos do !overno& De -acto para sedimentar a administrao racionalista -oi necess8rio considerar no plano espacial a separao -,sica das 8reas do p3blico e do privado e a sua di!ni-icao atrav*s da imposio de s,mbolos do poder do Rei de %ortu!al& ' medida ori!inou a construo da Casa da 9unta da Real Fa(enda conti!ua ao pal8cio da Residncia do Hovernador com serventia interior& ', se edi-icou uma competente sala bem ornada 1ue servia para as resolu4es da 9unta da N^I Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a para 00C :; de 0aro de IJN^ 'HU C$&KN Doc& ^K& N^: Carta de F+SC para o seu sucessor D& 'nt"nio de Lencastro L de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&I;R& N^R Representao da c<mara de Luanda :; de De(embro de IJJJ 'HU C$& KI Doc& LK& ..................... 307 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Fa(enda e na 1ual e$istia debai$o de um rico dossel o Retrato do Rei& Debai$o deste edi-,cio -icava o Corpo da Huarda do %i1uete dos Hovernadores N^^ & ?uanto provedoria da -a(enda 1ue antes e$istia em casa dos pr"prios escrives mudou2se para um 1uarto do )rem Real su7eito a v8rias instru4es 1ue a tornassem se!ura N^L & 's obras precisas na casa dos !overnadores com paredes novas 1ue separassem a -am,lia do !overnador dos o-iciais militares 1ue vin.am a despac.o distin!uiam os assuntos de #stado& 'lvares da Cun.a esclarecia at* 1ue esta mistura 1ue trou$era muitas ve(es a ru,na das con1uistas N^K & Li!ado ao car8cter p3blico do !overno vin.a a necess8ria rituali(ao da -i!ura do !overnador N^J & %or*m a burocracia colonial em 'n!ola manteve2se muito distante da noo de servio e os meios de 1ue dispun.a para o e$erc,cio de car!os p3blicos 1uase ine$istentes& /utras causas p3blicas como a cobrana do d,(imo e dos 1uintos .aviam sido apropriadas muitas ve(es pelos o-iciais r*!ios para da, e$tra,rem bene-,cios pessoais mar!em da Fa(enda Real N^N & Numa sociedade marcada pelo tr8-ico ne!reiro os o-iciais r*!ios eram muitos deles propriet8rios de um contin!ente ra(o8vel de escravos e essa situao -oi por ve(es -avor8vel pol,tica da Coroa 7ustamente !raas a esse cru(amento entre interesses p3blicos e privados& Nas !uerras do serto para a primeira metade do s*culo G6+++ -i!uram v8rios testemun.os de militares 1ue se -a(iam acompan.ar nas !uerras dos seus escravos armados e sustentados a suas e$pensas N^O & #m 'n!ola todas estas inter-erncias assumiam e$press4es particulares 1ue resultavam directamente da circunst<ncia a-ricana& Na administrao da col"nia inter-eriam din<micas 1ue escapando a todas as l"!icas europeias obedeciam s .ierar1uias a-ricanas& / caso de Domin!os Ferreira da 'ssuno * a todos os t,tulos paradi!m8tico& Sendo .omem ne!ro ocupou desde IJLN o lu!ar de capito mor de 'mbaca -e( com*rcio de N^^ 9& C& Feo Cardo(o de Castellobranco e )orres IN:L 4emorias p& :KL& N^L %ara as modi-ica4es operadas na ar1uitectura da cidade de Luanda ver de uma maneira !eral o livro de 0anuel Costa Lobo /ubsWdios para a -istria de (uanda Lisboa IOKJ& N^K @/-,cio do !overnador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.aA :O de /utubro de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:Y /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos I de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& II& N^J @%arecer do 0ar1us de Lavradio sobre as cartas enviadas por 'nt"nio Xlvares de Cun.aA Luanda K de '!osto de IJL^ 'HU C$& RO Doc& K: '& N^N /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& N^O %arecer do Consel.o Ultramarino IJLR 'HU C$& RN Doc& NLY Curriculum de :I de 9un.o de IJL^ e 'HU C$& RO Doc& ^:Y Doc& I: IL de Fevereiro de IJLJ& ..................... 308 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola escravos e !eribita com recurso aos meios Vsoldados e outrosW dispon,veis no pres,dio e de acordo com as testemun.as dos processos 1ue em volta dele -oram sendo instaurados pretendia entre!ar o pres,dio rain.a Hin!a com 1uem tin.a laos do parentesco presume2se 1ue no sentido simb"lico& Z uma pea -undamental da administrao colonial no ei$o de 'mbaca e com uma capacidade de recuperao impressionante& #m IJJ; vem citado por Sousa Coutin.o como Sar!ento2mor activo na -undao de povoa4es e policiamento do serto NL; & 'pesar do seu car8cter e$cepcional este caso documentado em abund<ncia tem um si!ni-icado importante& Z 1ue a racionali(ao da administrao colonial no se debatia apenas com usos patrimoniais e privativos dos car!os p3blicos pelas mos de europeus o mesmo -en"meno podia ocorrer e ocorreu com os a-ricanos capa(es nesta e noutras situa4es de -a(er .abitar as estruturas estatais importadas do /cidente pelas percep4es e as institui4es tradicionais de poder&
B.:. (R))O&+#'i2#01" (" Di,/&" A(-i'i%&#%i;" ' racionali(ao burocr8tica produ(ia2se ao n,vel do pr"prio discurso administrativo 78 1ue a correspondncia trocada entre as v8rias inst<ncias sobre assuntos de #stado se via uni-ormi(ada a um padro comum& ' escrita do #stado re-le$o mas tamb*m instrumento de um pro!rama de !overno @polidoA obedecia a re!ras pr*2 estabelecidas de 1ue -a(ia parte @redu(ir a m*todoA os assuntos se!undo a ordem das mat*rias NLI & #ra o pr"prio es1uema mental e as cate!orias de or!ani(ao do discurso burocr8tico 1ue se alteravam& #m IJKK Francisco Gavier de 0endona Furtado -a(ia c.e!ar a 'n!ola uma ordem onde e$plicava o roteiro a considerar na or!ani(ao interna das cartas redi!idas pelo Hovernador e remetidas ao reino& %ara maior clare(a e separao dos assuntos as cartas passavam a estar divididas em trs partesE iW cartas sobre o estado pol,tico e ne!"cios a ele pertencentesY iiW cartas sobre o estado militarY iiiW cartas sobre o estado das -inanas ou rendas reais e tudo o 1ue a elas pertencesse NL: & ' cada uma das cartas acrescentava2se um resumo e um mapa& NL; Carta de F+SC para o capito2mor de %edras Carta de F+SC ao capito2mor de %edras L de 0aro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IL^v2ILLv& NLI "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ ^& NL: Carta de FG0F '7uda :: de 9ul.o de IJKK 'L %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& KL v& ..................... 309 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ?uando me re-eri brevemente s caracter,sticas -ormais do %arecer redi!ido pelo -uturo 0ar1us de %ombal para a col"nia de 'n!ola sublin.ei a presena de uma ret"rica do discurso onde sobressaia a ordenao l"!ica das mat*rias& #ssa normali(ao da -orma do te$to administrativo atin!iu outros n,veis e em 3ltima inst<ncia devia ser adoptada pelo con7unto do o-icialato acrescentando2se a outras mudanas em especial a1uela 1ue estabelecia a separao entre o p3blico e o privado& %ara o -inal do s*culo a re-erncia e$pl,cita -orma racional @met"dicaA de or!ani(ao dos assuntos de !overno T @cap,tulos com distintos arti!osA T vem mencionada na correspondncia NLR & 's @cate!orias de pensamento impensadasA e as @problem8ticas obri!at"riasA insinuam2se neste discurso administrativo de -orma desi!ual& Subsiste uma certa .eteronomia dos discursos e das pr8ticas culturais& ' utili(ao de uma nova lin!ua!em no dei$a de ser acompan.ada da descontinuidade 1ue cada indiv,duo produtor/autor do discurso vem a mani-estar no modo como or!ani(a as mat*rias& # essa descontinuidade tamb*m se e$plica pelas con7unturas a 1ue me re-eri mais atr8s e 1ue 'na Cristina 'ra37o identi-icou na sua an8lise da cultura das Lu(es em %ortu!al& ' verdade * 1ue at* d*cada de IJN; sensivelmente no plano discursivo a matri( de 'nti!o Re!ime est8 em pleno -uncionamento e -a(2se escutar atrav*s de uma !erao de administradores 1ue di-icilmente se dei$ou in-luenciar pelas novas correntes& H8 uma tenso latente entre a administrao re-ormadora e as pr8ticas e l"!icas administrativas precedentes& 'l*m disso o pr"prio discurso iluminista no * concntrico& ' poli-onia das Lu(es e$i!e a escuta de vo(es dissonantes NL^ & Na ret"rica administrativa setecentista as novas concep4es de !overno e de coloni(ao tradu(em mais ou menos directamente a in-luncia dos te$tos can"nicos da *poca& Sob a -orma de citao directa nas mar!ens como nota de roda p* para certi-icar opini4es ou implicitamente pelas maneiras de arrumar as mat*rias em .armonia com cate!orias mentais de ruptura ou simplesmente pelo recurso a voc8bulos pertencentes ao novo l*$ico& NLR 0em"ria de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo R; de 'bril de IJOJ 'HU C$& NJ Doc& JK& NL^ Sobre o car8cter plural do discurso das Lu(es ver mais uma ve( as obras de Heor!es 5enre[assa (e langage des (umi0reY "dem (e concentrique et l*e+centrique ..................... 310 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Da reor!ani(ao do discurso administrativo consta a ordenao al-ab*tica NLL no caso dos invent8rios e o envio de modelos impressos T @to claros e to -8ceis 1ue no necessitam e$plicaoA 2 1ue visavam a reali(ao de estat,sticas da populao T casamentos baptismos "bitos T e de 1ue deviam constar in-orma4es pr*2estabelecidas e or!ani(adas por colunas NLK & #stes modelos -re1uentemente distribu,dos aos p8rocos 1ue os deviam preenc.er e depois revistos pelo 5ispo e pelo Hovernador de 'n!ola causavam di-iculdades de adaptao a um tipo de or!ani(ao de in-ormao 1ue no se!uia os tramites seculares dos Livros %aro1uiais& /s pr"prios Hovernadores c.e!avam a alterar esse modelo estabelecido no reino por1ue a !rel.a comum para a recol.a de in-ormao no imp*rio estava desade1uada s especi-icidades de 'n!ola al*m de desencadear epis"dios de di-,cil !esto burocr8tica !raas concorrncia de diversos crit*rios propostos e de-endidos por inst<ncias distintas& # mais a intromisso da administrao civil numa 8rea 1ue at* ao momento era monopoli(ada pela +!re7a suscitava reac4es e al!umas resistncias da parte da .ierar1uia eclesi8stica 1ue reputava estes assuntos decorrentes em al!uns casos da administrao de sacramentos como assuntos seus onde !overnadores e outros a!entes no deveriam imiscuir2se& ' laici(ao da in-ormao monopoli(ada pela +!re7a no podia dei$ar de se repercutir no seio da pr"pria +!re7a& %or todas estas ra(4es a reor!ani(ao do discurso administrativo nas suas v8rias componentes merece em IJOO um e$tenso parecer do 5ispo de 'n!ola NLJ & ' distribuio de modelos para a construo de mapas 1ue recol.iam in-ormao sobre o estado dos pres,dios se!undo o modelo estabelecido pelo !overnador a partir das tais -"rmulas enviadas do reino parece ter surtido um e-eito di-erente 1uando em IJOJ D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo de-iniu um padro 1ue os capites2mores e re!entes dos pres,dios preenc.eram com bastante ri!or& NLL Uma Relao do 1ue e$istia no arma(*m da provedoria revela uma lista or!ani(ada a partir da mai3scula de cada letra se!uindo a ordem do al-abeto mesmo !ra-icamente& Z uma nova maneira de or!ani(ar a in-ormaoY II de 9aneiro de IJON 'HU C$& NJ Doc& IJ& 9& Subtil re-ere para a d*cada de IJJ; a utili(ao de procedimentos administrativos atrav*s da inde$ao de nomes por ordem al-ab*tica no Desembar!o do %ao& C-& @/s 0inistros do Rei no %oder local e UltramarA Vte$to policopiadoW& NLK Carta do Hovernador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos II de Fevereiro de IJOO 'HU C$& O; Doc& ^J& NLJ Carta do Hovernador de 5en!uela 'le$andre 9os* 5otel.o de 6asconcelos II de Fevereiro de IJOO 'HU C$ O; Doc& ^J& ..................... 311 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'presenta2se uma ima!em VHrav&JW onde se pode ver a or!ani(ao desses mapas @estat,sticosA marcados ao mesmo tempo pela comple$idade e variedade de in-orma4es col.idas e pelo seu car8cter sistem8tico e racional& Numa -ol.a * concentrada uma 1uantidade impressionante de in-ormao& ?uando neste trabal.o me detiver na -i!ura dos capites2mores VI:&:& ,lites da continuidade, elites da rupturaW como a!entes da transio e da re-orma retomarei este caso paradi!m8tico capa( de dar a ver no s" a inculcao de novos modelos mentais na administrao como a recicla!em dos capites2 mores provavelmente um dos corpos mais resistente e incontorn8vel da administrao imperial -osse 1ual -osse a pol,tica adoptada& ..................... 312 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola M#3# (" 3&)A(i" ..................... 313 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 314 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola B.<. C"-/'i,#01" #5&i,#'#* &"%# !/&",&J%i,# ) !/&",&#,i# #5&i,#'# ' comunicao escrita europeia acrescenta2se s -ormas tradicionais de comunicao a-ricana oral e no verbal resultando na -ormao de um campo de comunicao onde participam di-erentes c"di!os& Numerosos sistemas a-ricanos de comunicao mesmo dist<ncia e conservao do pensamento de @te$tos oraisA ou de mem"rias locais estabelecem uma articulao entre a palavra o poder oVsW s,mboloVsW a -uno in-ormadora dos ob7ectos e a m3sica obedecendo a re!ras por mais silenciosas 1ue elas se7am NLN & Um pouco por todo o territ"rio an!olano e$istem e$emplos de sistemas de comunicao no2al-ab*ticos usados por um per,odo de tempo e$tremamente lon!o e estudados em diversos trabal.os NLO & 's -ormas de comunicao especi-icamente a-ricanas 1ue !arantiam a transmisso de in-ormao entre a-ricanos e potentados vm atestadas por #lias 'le$andre em relao !uerra 1uando este recon.ece 1ue @So muitos e diversos os instrumentos b*licos de 1ue os Ne!ros se servem no para re!ular a marc.a ao som delesY mas para noticiar a !uerraY e provocar o combate& ' maior parte imitam as pe1uenas c.aramelas 1ue 1uase todos levamY assim como de 1ual1uer pano ou Leno arvoram .um #standarte& /s di-erentes to1ues dos seus assobios tm entre as na4es estabelecido uma esp*cie de lin!ua!em com a 1ual se comunicam na dist<ncia a 1ue c.e!am os seus sons& ?ual1uer nao ainda 1ue no use dos to1ues dos seus vi(in.os 78 pelo uso de os ouvir sabe o 1ue 1uerem e$primir&&&A NK; & NLN C-& Simon 5attestini ;criture et te+te Contribution africaine %aris %r*sence '-ricaine IOOJ pp& IKN e ss& Sobre as @re!rasA da oralidade 0& de Certeau (*;criture pp& :^L ess& Dois estudo sobre -ormas de transmisso e saberes end"!enos em X-rica Franois C& Dossou @A#criture et oralit* dans la transmission du savoirA e 'lbert 5ienvenu '[o.a @Les sBstSmes !rap.i1ues de lU'-ri1ue pr*2colonialeA in (es sa$oirs endog0nes, pistes pour une rec-erc-e V%aulin 9& Hountond7i dir&W %aris Dart.ala IOO^ pp& :LJ2 :N: e :NR2RIR &6er ainda o estudo do caso da arte lobi onde os ob7ectos mais do 1ue um valor est*tico cumprem -un4es como -onte de in-ormao directa ou indirecta c-& Daniela 5o!nolo @'rt LobiE lecture et connaissanceA "mages d*Afrique et sciences sociales, les pa5s lobi, birifor et dagara F1urkina 7aso, Cote6 d*"$oire et M-anaH %aris Zditions Dart.ala IOOR pp& RJO2ROK& NLO #$emplos de -ormas de comunicao no al-ab*ticas so as !rutas com pintura rupestre desen.os ou escrita na areia ou tampas de panela com prov*rbios insculpidos& C-& 9ill Dias Efrica nas 2speras do 4undo 4oderno pp& IR; IK: e :;N e 5eatri$ Heint(e @Representa4es visuais como -ontes &&& passim& 6er tamb*m Santos e )avares A Apropria#o&&& pp& ^JI& NK; Corra ++ p& L^& ..................... 315 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #studos de antropolo!ia assinalam a obri!ao social de dar not,cias entre indiv,duos 1ue se encontram tendo ori!ens e destinos diversos& Z uma maneira de trocar in-orma4es entre 1uem se desloca e 1uem -icou ou se encontra no camin.o NKI & # se * poss,vel recorrer Literatura para um estudo de Hist"ria atente2se num te$to do Di8rio de Hra.am Hreen onde se retrata essa pr8tica do via7ante 1ue percorrendo os camin.os d8 not,cias do 1ue viu e ouviu ao via7ante 1ue cru(a e vai em sentido contr8rio sem nunca parar de andarE @&&&t.e innumerable 1uestions on t.e road '-ricans e$c.an!e and t.en !o opposite \aBs as[in! and replBin! \it.out even turnin! round t.eir voices carrB so clearlBPA NK: & ' presena destas e outras -ormas de comunicao a-ricana no deve ser escamoteada 1uando se pensa na incidncia 1ue os meios burocr8ticos e a escrita possam ter a, produ(ido& /s circuitos documentais desen.am um arco 1ue envolve 8reas administrativas to e$tremas como a ban(a de um soba atrav*s do seu secret8rio e a Secretaria de #stado da 0arin.a e Con1uistas passando pelo Consel.o Ultramarino a Secretaria de #stado em Luanda ou os pres,dios onde o escrivo cumulava competncias na 8rea 7udicial Vmuitas ve(es envolvendo a-ricanosW dos "r-os de-untos e ausentes& / 1ue 1uer di(er 1ue os circuitos burocr8ticos no s" visam como implicam os poderes tradicionais a-ricanos& / processo de burocrati(ao dos poderes tradicionais no * uni-orme em toda a (ona de in-luncia colonial& ' (ona dos Dembos * no s*culo G6+++ e essa situao parece prolon!ar2se pelo s*culo G+G a mais perme8vel e a mais atin!ida& ' tal ponto 1ue em IN;R um dos Dembos com 1uem as rela4es administrativas eram mais anti!as T N!ombe 'mu1uiama T pedia ao Hovernador de 'n!ola 1ue este l.e mandasse -a(er na cidade de Luanda uma carteira onde ele pudesse !uardar os papeis do seu #stado& / !overnador envia a carteira acrescentando 1ue este pedido revelava a aplicao do Dembo ao real servio e -icava como !arantia de 1ue seria sempre tratado como ami!o e -iel vassalo NKR & %or*m 5en!uela no est8 -ora deste circuito mesmo antes da importante !uerra do 5ailundo& #m IJKO Sousa Coutin.o no .esitou em enviar um o-icial corte do 5ailundo NKI C-& Carval.o 2ou l' p& INK onde se re-ere a noo mucubal de $ito2-ola& NK: Hra.am Hreene "n /earc- of a c-aracter :Oo African Tournals9 Congo Tourne5 and Con$o5 to =est Africa London 6inta!e :;;; p& KL& NKR Carta do !overnador para o Dembo N!ombe 'mu1uiama :L de 9aneiro de IN;R 'HN' C"d& :^; -l& II& ..................... 316 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola com uma carta contendo uma esp*cie de compromisso de no a!resso propondo2l.e 1ue se assumisse como vassalo do Rei de %ortu!al de acordo com pelos menos cinco items destinados a promover o com*rcio a a!ricultura e a pa( nas suas terras o 1ue s" pode 1uerer di(er 1ue para este soba a escrita e as -un4es pol,ticas da burocracia .aviam 78 sido incorporadas NK^ & 's principais componentes da pr8tica da vassalidade j pa!amento do d,(imo -ornecimento de carre!adores aos sertane7os em tr<nsito e a colaborao m3tua em situa4es de !uerra j subentendia a alimentao de canais de comunicao entre poderes atrav*s de ac4es de nature(a diplom8tica e a vul!ari(ao de e$pedientes burocr8ticos 1ue permitissem a troca de in-orma4es atrav*s de cartas ou simples emiss8rios e a sedimentao de laos pol,ticos& ' aprendi(a!em da burocracia usava trs viasE iW os escrives das terras dos sobas iiW os secret8rios dos sobasY iiiW as embai$adas& / primeiro caso tem uma ori!em e um en1uadramento particular na medida em 1ue -a(ia parte da pol,tica colonial ter presente 7unto de al!uns Dembos e sobas avassalados um @escrivo das terras dos sobasA& #sta -uno remonta ao 1ue tudo indica ao s*culo G6++ e parece ter sido ol.ada na primeira metade do s*culo G6+++ como boa soluo para vir a substituir a -i!ura di-,cil dos capites2mores desde sempre associados corrupo e ao com*rcio em proveito pr"prio NKL & #m IJ;R por alvar8 r*!io era e$tinta a -i!ura dos capites2mores em 'n!ola e substitu,da pelos escrives das terrasE @1ue da1ui em diante no .a7a nem .um destes capites2mores&&& e 1ue s" .a7a nos tais s,tios um escrivo sem mais t,tulo 1ue este e 1ue s" sirva de dar avisos aos !overnadores desse reino das coisas 1ue acontecerem&&&A NKK #sta medida no incidia sobre os capites2mores dos pres,dios mas sobre os indiv,duos nomeados pelos !overnadores para irem ao serto investidos da 7urisdio dos capites2mores para se instalarem nas terras de Dembos de maior peso pol,tico e prest,!io Vcaso do 'mbuela e do 'mbuilaW& 's atribui4es dos @escrives das terras dos sobasA estatu,das pelo !overno de Luanda colocavam2nos como in-ormantes dos acontecimentos do serto com o -im de !arantir condi4es para a se!urana comercial no mato e a @disciplinaA entre os potentados& %or isso mantin.am o Hovernador no con.ecimento do sucedido nas terras dos sobas no 1ue toca pol,tica interna mas tamb*m ao com*rcio especialmente as altera4es e movimentos 1ue NK^ Carta de F+SC para o Soba do 5ailundo IR de /utubro de IJKO 5NL Res C"d& NJ^R -l& ^;2^Iv& NKL %rocesso de 0anuel de Lemos 6asconcelos IJ de Fevereiro de IJLO 'HU C$ ^: Doc& RK& NKK 'lvar8 de :K de 9un.o de IJ;R 'HU C$ ^: Doc& RK& ..................... 317 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ocorressem pelos sert4es& /s cuidados reca,am ainda sobre o bom ou mau tratamento prestado aos pombeiros e o seu comportamentoE saber se iam aos sobados vestidos de escuro ou claro com ins,!nias ou sem elas 78 1ue uma das prescri4es do re!imento de IKJK proibia precisamente a admisso de brancos ou mulatos ou ne!ros com cal4es ou bast4es nos sert4es !eralmente acusados de praticarem violncias& #m IJ^J o !overnador 9oo 9a1ues de 0a!al.es -a(ia o provimento da serventia do car!o de escrivo das terras do Dembo 'mbuila 1ue tin.a va!ado pelo -acto de 0anuel da Cun.a )avares ter acabado o tempo do e$erc,cio do seu car!o& Da proviso constava um te$to onde se di(ia @e por esta o .ei por metido pela posse dele tomando primeiro o 7uramento na -orma costumada de 1ue se -ar8 assento nas costas desta proviso pelo 1ue mando ao dito Dembo 'mbuila con.ea ao dito 'nt"nio Carneiro de 0a!al.es por escrivo das suas terras e como .onre e estime e l.e dei$e servir e e$ercitar o dito o-,cio dando2l.e bom tratamentoA NKJ & / teor das provis4es repete2se ao lon!o dos anos dando prova de uma sedimentao do car!o e das -un4es a ele vinculadas NKN & %ara toda a primeira metade de setecentos encontram2se v8rios e$emplos de nomea4es dos escrives das terras com desta1ue para as terras dos Dembos 'mbuila e 'mbuela atestando a circulao das pr8ticas burocr8ticas e sua incidncia 7unto dos sobas e respectivo aparato pol,tico& 's 3ltimas not,cias sobre os @escrives das terrasA de 1ue dispon.o -icam na d*cada de IJL;& #m IJLO o !overnador 'nt"nio 6asconcelos declarava e$tintos os escrives das terras de 'mbuila e 'mbuela uma ve( 1ue a -eira de #nco!e recentemente estabelecida deveria substitui2los nas suas competncias de a!entes disciplinadores e in-ormadores dos acontecimentos sertane7os NKO & +nteressa sublin.ar 1ue a import<ncia con1uistada pela escrita e procedimentos burocr8ticos 7unto dos Dembos b ao ponto de serem introdu(idas modi-ica4es na concepo e na estrutura do poder pol,tico atrav*s da -i!ura do secret8rio de #stado e da NKJ 'HU C$ RO Doc& N Luanda I de /utubro de IJ^K& NKN Nomea4es de h escrives das terras dos sobasi podem ser consultadas no C"d& :OO VIJRR2IJLLW do 'HN'& 'cresce 1ue estes escrives estavam e$pressamente interditados de obri!ar os a-ricanos a tomar ban%os ou -a(endas& 6er ainda Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& capQ IN& NKO /-,cio do !overnador 'nt"nio 6asconcelos I; de Novembro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& NO& Ressalve2se um pedido do Dembo 'mbuila datado de IJOO 78 muito lon!e portanto do conte$to a 1ue me re-iro onde este re1ueria ao Hovernador de 'n!ola um escrivo para as suas terras& Carta para o Dembo 'mbuila D& 9oa1uim '-onso 'lvares I^ de 0aio de IJOO 'HN' C"d& R:: -l& LJ& ..................... 318 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola instituio do 'r1uivo de #stado b pode estar directamente relacionada com a -i!ura dos @escrives das terrasA 1ue assim se acrescentam a outros -actores 78 identi-icados em trabal.os anterioresE as -eiras e as miss4es NJ; & ?uando a partir da d*cada de IJK; o entendimento das vias de renovao da administrao passou a ser pensada com recurso preparao t*cnica de um corpo de o-iciais se!undo padr4es racionais de educao em especial os militares e en!en.eiros militares a soluo dos @escrives das terrasA seria abandonada NJI & ?uando Luanda dei$ou de contar com estas -i!uras intermedi8rias passou a dialo!ar com uma estrutura burocr8tica 1ue entretanto se -ormara no seio dos pr"prios potentados a-ricanos& 's autoridades a-ricanas dispun.am de um ou mais escrives e ou secret8rios de #stado Vde acordo com o seu poderW ao seu servio ocupados na escrita do pr"prio #stado '-ricano& /s secret8rios dos sobas presenas constantes na documentao lon!e de serem a!entes do poder ao servio do Rei de %ortu!al converteram2se em -i!uras pertencentes estrutura tradicional dos #stados a-ricanos ao lado dos macotas NJ: & 's articula4es burocr8ticas com os potentados a-ricanos baseadas no documento escrito iniciaram2se nos s*culos G6+ e G6++ mas viram2se re-oradas a partir de meados do s*culo G6+++& #m trabal.os anteriores tive oportunidade de e$plorar a 1uesto dos centros e rotas de di-uso e aprendi(a!em da escrita a partir do s*culo G6++ identi-icando a emer!ncia da -i!ura e$emplar do secret8rio NJR & /s secret8rios estavam entre burocracias a-ricanas e colonial para viabili(ar as rela4es inter2#stados& ' centralidade da -i!ura do secret8rio nas estruturas de poder coloniais e a-ricanas remete ao seu papel de !uardador de se!redos& ' palavra latina secretarium si!ni-icava anti!amente Vv&!& Cdigo TustinianeuW 'r1uivo Haveta& / secret8rio * ento a1uele 1ue !uarda os se!redos do #stado e * atrav*s desta -i!ura 1ue se estabelecem as articula4es entre os potentados NJ; Santos e )avares @Fontes escritas a-ricanas para a Hist"ria de 'n!olaA A Apropria#o&&& pp& ^N; e ss& NJI Na d*cada de IJL; prova2se os escrives das terras de 'mbuila e 'mbuela participavam activamente no tr8-ico de escravos e re-oravam as perturba4es 1ue na "ptica de Luanda deveriam ter acautelado& C"pia de um o-,cio de 'nt"nio 6asconcelos I; de Novembro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& NO& NJ: Sobre a emer!ncia da -i!ura do secret8rio de #stado no 1uadro das institui4es tradicionais )dembu ver )avares e Santos A Apropria#oP p& L;;& NJR "dem "bidem& ..................... 319 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola a-ricanos e o poder colonial& 's cartas de Dembos sobas e macotas com o !overnador de Luanda permitem a comunicao& ' pr"pria pr8tica da vassalidade e a alimentao dos canais 1ue ela abre e$i!em uma correspondncia intensa ac4es diplom8ticas e$pressas em embai$adas a troca de presentes e tamb*m a abertura a novos espaos de interaco NJ^ & / cumprimento dos termos impl,citos ao contrato de vassala!em -a( circular outro tipo de documentos escritos cu7a produo est8 directamente dependente da relao de vassala!em accionadaE * o caso dos recibos NJL livranas NJK ou cartas de d,vida 1ue visam o pa!amento do imposto Vd,(imoW e$i!ido aos sobas vassalosY ou ainda cartas 1ue de-inem estrat*!ias de aliana com o -im -a(er a !uerra aos inimi!os comuns& ' assinatura dos tratados de vassala!em pelos potentados a-ricanos li!ava2os ao tempo colonial e aos ritmos de uma administrao 1ue por re!ra se renovava de trs em trs anos !raas substituio dos !overnadores& De acordo com o estipulado nos tratados de vassala!em maneira de eti1ueta de corte e sempre 1ue um novo !overnador c.e!ava a Luanda os di-erentes sobas eram obri!ados a enviar2l.e uma embai$ada de -orma a con-irmar a sua -idelidade 7unto do novo representante do rei de %ortu!al& #stas cerim"nias em 1ue se con-irmava o undamento constitu,am ocasio para troca de presentes e sedimentao de alianas& / no cumprimento do protocolo ori!inava tens4es trocas de correspondncia pedindo e$plica4es dando 7usti-ica4es e em 3ltima inst<ncia podia condu(ir dissoluo do lao de vassala!em e at* !uerra NJJ & ' circulao entre Luanda os pres,dios e os potentados a-ricanos por meio de embai$adas onde se!uiam !randes comitivas Vcom cerca de meia centena de pessoasW e embai$adores !erava um verdadeiro corrupio como se prova em muita documentao 1ue ao lon!o deste NJ^ #$istem m3ltiplos e$emplos& 6er no 'HN' C"d& R;IN -l& ile!,vel as re-erncias s cartas do soba do 5ailundo e do HacoY Cartas de 'SH para o capito2mor de Cambambe em INOJ& NJL C'' %asta NC Doc& IJ :; de /utubro de INOIY C'' %asta C Doc& I^Y :K de 9aneiro de INI^& NJK C'' %asta NC Doc& O Sassa IO de 0aro de INR^& NJJ %oderia apontar a1ui variad,ssimos e$emplos& %ara evidenciar a pro-undidade .ist"rica destes -en"menos cito um e$emplo do s*culo G6++ VCap,tulos do 7uramento 1ue prometeu !uardar o Du1ue de Hoando D& 'nt"nio '-onso 'rraial do alo7amento do rei do Con!o II de 9aneiro de IKKK AA vol&+ nQI IORR s&p&W e um outro do -inal do s*culo G6+++ Carta do Hovernador 0anuel de 'lmeida 6asconcelos para Dom 9oo 0anuel Silvestre nomeado Hombe 'mu1uiama Samba '1uine :K de Novembro de IJOI 'HU C"d& IK:N -l& I;N& Sobre a circulao dos sobas vassalos em direco a Luanda 78 no in,cio do s*culo G+G Carta de 'SH para o capito2mor de Cambambe RI de 0aro de IN;O 'HN' C"d& R;IN -l&K ..................... 320 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola trabal.o -oi sendo compulsada& Com as embai$adas nos seus vaiv*ns circulava a escrita as re!ras da burocracia maneiras de di(er -"rmulas& B.5. A )(i-)'%#01" () /-# &)%=&i,# (# ,"4"'i2#01" ' recepo do direito portu!us no 1uadro das institui4es ind,!enas a aprendi(a!em secular de procedimentos burocr8ticos ainda 1ue muitas ve(es restrin!ida a -"rmulas articuladas com as pr8ticas impl,citas s institui4es do parentesco so condio necess8ria para 1ue uma ret"rica da coloni(ao di-undida em rotas burocr8ticas se v8 estabelecendo e revelando num uso continuado para estar a -uncionar em pleno na primeira d*cada do s*culo G+G de tal -orma 1ue pode ser invocada pelo !overno de Luanda como uma dado ad1uirido na !ram8tica das rela4es& Sem 1uerer sobrecarre!ar o te$to com e$emplos documentais no posso dei$ar de propor uma carta em 1ue se d8 conta dessa aprendi(a!em anti!a& #m INII um re1uerimento do Dembo Caboco Cabilo merece do Hovernador de 'n!ola em e$erc,cio uma c.amada de ateno para os tr<mites do protocolo e as re!ras da escrita E @-alta de ateno com 1ue escrevestes ao capitao2mor como se mostra da sobre carta 1ue l.e diri!istes -altando com a1uele tratamento civilidade e subordinao com 1ue todos os Dembos e Souvas tem escrito aos seus capites mores c.amando2os de vossa merc mostrando2l.es o maior respeito parece 1ue sendo esse estilo muito anti!o e louv8vel devia ser por v"s praticado em prova da vossa obedincia e bondade de animoP i NJN Um outro e$emplo pode2se col.er 1uando o Hovernador manda entre!ar uma portaria sua a um soba e e$i!e 1ue ele l.e d uma resposta por escrito NJO & / discurso varia de acordo com os interlocutores& Sobre um mesmo assunto o !overnador usa uma ret"rica bastante diversa tratando2se de um capito2mor ou de um Dembo ou soba& Com as autoridades a-ricanas .8 1ue -a(er recurso a uma ret"rica lon!amente usada aprendida e portanto com !arantias de e-ic8cia& Uma consulta ao C"dice onde se encontra a Correspond8ncia do Mo$ernador com os potentados negros da colnia revela a -i$ao dessa ret"rica 78 1ue as cartas so e$tremamente repetitivas 1uer na -orma 1uer no conte3do retirando al!uns casos onde aparece in-ormao de outro tipo& )udo se passa volta dos cumprimentos envio de embai$adas e de presentes -a(endo pensar na1uelas 1ue so caracter,sticas da estrutura do discurso oral 1ue recorre como NJN 'HN' C"d& :^; -l& N:v Luanda L de /utubro de INII& NJO Carta para o re!ente de %un!o 'ndon!o J de '!osto de IN;L 'HN' C"d& OI -l& IKv2IJ ..................... 321 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola a-irmam os especialistas .ip*rbole repetio e ao simbolismo estrat*!ias de preservao do pr"prio discurso NN; & )oda esta ret"rica di( mais respeito -orma do 1ue ao conte3do e serve mais para !arantir a sobrevivncia da comunicao e a sua no distoro do 1ue * uma parte da pr"pria mensa!em& / 1ue -a( pensar 1ue os capites2mores e tamb*m os sobas recorrem a essa ret"rica mas depois transcrevem as situa4es em c"di!os especi-icamente end"!enos NNI & So a-inal procedimentos internos de controlo e delimitao dos discursos atrav*s de -"rmulas ou @con7untos rituali(ados de discursosA NN: de 1ue cada parte usa mas 1ue tem na reta!uarda uma pluralidade de c"di!os 1ue se cru(a na comunicao pol,tica& 's burocracias a colonial e a a-ricana mais a rotas burocr8ticas 1ue as envolviam supun.am assim a construo e sedimentao de uma ret"rica 1ue suportava e viabili(ava a comunicao entre as inst<ncias coloniais e a-ricanas& ' sua e-ic8cia e durabilidade nem por isso devem suscitar espanto& /s .omens 1ue circulavam nestas rotas transportavam um cultura pol,tica e burocr8tica comum e assim como se encontram .omens brancos com um curriculum -irmado no +mp*rio em -un4es na ban(a de um soba tamb*m se encontram a-ricanos .omens de cor ne!ra NNR e mulatos como escrives dos pres,dios portu!ueses Quadro 17 - Ofcios ciis !os "r#sdios $17%&' 88< Pres1dios 4)1cios Brancos Pretos #ulatos Cam'am'e lmo:ari)e 8 Escriv!o 5 5 8 #u:ima lmo:ari)e 8 Escriv!o 8 Encoge lmo:ari)e 8 Escriv!o 8 Novo Redondo lmo:ari)e 8 Escriv!o 8 m'aca lmo:ari)e 8 Escriv!o 8 Pedras lmo:ari)e 8 NN; #&9& 'la!oa @/ral tradition and oral .istorB in '-ricaA in F'L/L' )oBin African .istoriograp-5 ,ssa5s in -onour of Tacob Ade ANa5i Lon!man IOOR pp& ^2IRY 9an 6ansina Oral tradition as -istor5 London/Nairobi 9ames CurreB/Heinemann IONL pp& IO; e ss& NNI Carta de F'N para o capito2mor de %edras IL de 9un.o de IN;R 'HN' C"d& R;IN -l& ile!,vel& NN: 0& Foucault (*ordre du &iscours %aris Hallimard IOJI p& :^& NNR 2ide o capitulo I:&:&&^& .istrias de 2idas para a .istria de um :empo& NN^ 'HU C$& NO Doc&NN& ..................... 322 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Escriv!o 8 / recurso burocracia e s inst<ncias coloniais para resolver problemas pol,ticos internos no * por*m e$clusiva das (onas de presena mais anti!a& /s ovimbundo tamb*m -oram c.amados a entrar no circuito& /s sobas do Dombe Hrande e do Dombe %e1ueno entram neste <mbito e aprendem rapidamente a usa2lo NNL & / mesmo acontece com o reino do 5ailundo cu7o soba investia 78 em IN;J numa complicada rota para -a(er c.e!ar uma carta sua ao !overnador de 'n!ola& ' carta do soba 1ue antecede o envio de uma embai$ada c.e!a ao pres,dio de Cambambe para depois se!uir para o %al8cio do Hovernador em Luanda NNK & 98 a presena dos -ranceses na costa de Cabinda veio introdu(ir uma alterao na !ram8tica das rela4es com os a-ricanos&A NNJ & #m Cabinda os .omens do 0ambuco -alavam -luentemente a l,n!ua -rancesa e -oi atrav*s dessa outra l,n!ua da #uropa 1ue %in.eiro Furtado conse!uiu estabelecer os primeiros contactos com a autoridade a-ricana& ' !ram8tica era outra em Cabinda e por isso dei$o na mar!em esse caso 1ue escapa ao 1ue a1ui se pretende re-orar isto * a ideia de 1ue se veri-ica uma verdadeira apropriao dos a-ricanos pela escrita na se!unda metade de setecentos NNN & ' verdade * 1ue pela consulta de toda a documentao da se!unda metade do s*culo G6+++ onde -ica patente o uso intenso 1ue os sobas davam aos recursos da escrita sem 1ue com isso as sociedades a-ricanas em an8lise dei$assem de ser como continuariam a ser sociedades da oralidade NNO * poss,vel 1uestionar se seriam de -acto os a-ricanos a apropriar2se da escrita ou a escrita a apropriar2se dos a-ricanos& No * s" um 7o!o de palavras * recon.ecer escrita o seu poder de seduo& 'o compulsar c"dices dos NNL Re1uisio do soba do Dombe %e1ueno IK de 9ul.o de INI: 'HN' C"d& ^^; -l& ::v& NNK Carta de 'SH para o Capito2mor de Cambabe IK de /utubro de IN;J 'HN' C"d& R;IN -l& RN& NNJ %or curiosidade indico o caso de um alto di!nit8rio de 0ambuco 1ue se !abava de ter estado em Frana e de ter reali(ado uma via!em a 5en!uela com os mesmos -ins com 1ue os !re!os .aviam via7ado ao #!ipto& Relat"rio de %in.eiro Furtado sobre os acontecimentos de Cabinda N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NKY Carta de Lu,s C<ndido %in.eiro Furtado ?uartel de Cabinda IR de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& O:& NNN Fao assim aluso a um trabal.o anterior A Apropria#o da ,scrita pelos Africanos )rabal.o reali(ado em co2autoria com 'na %aula )avares& NNO )rata2se de uma -orma de al-abeti(ao restrita se!uindo uma -ormulao de 9ac[ HoodB &omestica#o do pensamento sel$agemz Lisboa #ditorial %resena IONN p&^;& ..................... 323 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !overnos de 'n!ola e de 5en!uela onde se alin.am as cartas trocadas entre os pres,dios e as duas cidades a impresso no pode dei$ar de ser ao mesmo tempo -orte e surpreendente& Uma teia espessa de re1uerimentos e representa4es da autoria dos sobas e dos seus macotas * urdida 1uase diariamente& / car8cter sedutor da escrita e o seu poder esto ali& /s a-ricanos dei$am2se sedu(ir por uma ima!em da burocracia por eles constru,da distante de um sentido ocidental por1ue subordinada s l"!icas a-ricanas tanto mais 1ue a escrita no se !enerali(a mas * considerada cada ve( mais @um elemento au$iliar da comunicao oralA V9ac[ HoodB NO; W& '-inal de contas a burocracia presta2se a outros usos& # se a cultura * uma 1uesto de usos o 1ue est8 em causa so os usos culturais da burocracia assim desviada do seu valor inicial para passar a participar das trocas simb"licas pol,ticas de le!itimao de v8ria ordem no seu novo conte$to a-ricano& No cap,tulo 1ue dedico ao Direito insisto na ideia de 1ue o le!alismo impl,cito ao pensamento pombalino e o re-oro do direito penal e da criminali(ao dos delitos se -a(em sentir ao n,vel dos pres,dios e da relao com os c.e-es a-ricanos atrav*s da -ormao de processos& Se7a 1ual -or o crime se7a 1ual -or o r*u deve ser -ormado um processo com ouvida de testemun.as base se!ura para a pronunciao ade1uada de um 7ui(o& /s re1uerimentos representa4es e outras -ormas de petio e contestao da iniciativa de a-ricanos T sobas macotas ou su7eitos individuais T crescem de maneira espantosa& H8 uma 1uesto de cronolo!ia mas tamb*m de !eo!ra-ia a ter em conta& Na (ona dos 'mbundo e em especial no caso dos Dembos dada a anti!uidade das rela4es entre culturas europeia e a-ricana no surpreende 1ue lo!o em IJKJ se encontre um re1uerimento envolvendo dois a-ricanos NOI & %or*m medida 1ue se avana para o -inal do s*culo no s" esse -en"meno se intensi-ica como se alar!a aos sobas do planalto de 5en!uela em especial o 5ailundo& 'inda numa prov,ncia to remota como ?uilen!ues as representa4es dos a-ricanos 7unto do capito2mor tendo em vista a reposio de situa4es 7ul!adas in7ustas ou incorrectas ocorrem diariamenteE @&&&1uase todos os dias .avia representa4es de ne!ros NO; 9ac[ HoodB Cultura ,scrita en /ociedades :radicionales 5arcelona Hedisa editorial p& JJ& NOI Carta de F+SC para D& %aulo Sebastio Francisco C.e1ue Dembo Caculo Caca.enda IO de Setembro de IJKJ 'H0 :p diviso :Q seco C$&I nQ^& ..................... 324 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola &&&&A NO: & # * verdade& %ouco sentido -a( debitar a1ui as listas de re1uerimentos 1ue -ui coleccionando mas -a( sentido sublin.ar 1ue essa catadupa essa @-ebreA da burocracia est8 l8& ' proli-erao deste tipo de procedimento est8 1uanto a mim directamente associadas ao novo pro!rama de coloni(ao e em especial sua vocao le!alistas assente num uso priorit8rio da escrita e do documento escrito para provar ra(4es e !an.ar causas& 't* meados do s*culo G6+++ sendo a con-i!urao da coloni(ao como 78 -icou dito assumidamente casu,stica marcada pela con-uso entre as 8reas do p3blico e do privado ar1uivos desor!ani(ados e prec8rios e uma 7ustia assente na aplicao de casti!os corporais aos a-ricanos distante de todos os procedimentos processuais no teria permitido a inculcao nos reinos a-ricanos e vassalos de Luanda de tais mecanismos e recursos& #ssa incorporao a-ricana do valor e do car8cter poitico b no sentido em 1ue produ( resultados b da burocracia e antes dela da escrita de 1ue no andar8 lon!e o recon.ecimento de uma dimenso 1uase m8!ica ocorreu numa lenta sedimentao ao lon!o da se!unda metade do s*culo G6+++ para emer!ir em pleno na primeira metade do s*culo G+G& %arece2me ento -a(er todo o sentido a-irmar 1ue as sociedades e a pr"pria pol,tica a-ricanas -oram realmente perturbadas e tocadas pela mentalidade do ar1uivo da escrita da prova documental das Lu(es a-inal no de uma -orma directa e absoluta mas pela inte!rao de elementos e$"!enos nas l"!icas end"!enas& Sendo sociedades da oralidade no menospre(am os apports e os recursos da escrita V$ide II& &e como foram perturbadasW& Na relao com o 4uene Puto Vo @Sen.or de %ortu!alAW 78 nada se pode -a(er sem o recurso ao papel ao documento escrito& No -oi s" a administrao colonial 1ue se NO: 'HN' C"d& ^^: -l& ::; v & /-icio para o !eneral do #stado de :I de 0aro de IN;:& %odem2se coli!ir de(enas de e$emplosE @V&&&W dois re1uerimentos 1ue me fHovernadorg -i(eram os macotas do soba Ndambo '1uio(a V&&&WACarta para o re!ente de 'mbaca :^ de Setembro de IN;N 'HN' C"d& OI Fl& I;RY 's respostas do Hovernador diri!idas aos pres,dios citam e descrevem variad,ssimos tipos de re1uerimentoE Re1uerimento do Dembo 0utemo '1ui!uen!o D& '!ostin.o 0anuel Silvestre contra o capito2mor de #nco!e acusando2o de se intrometer no con.ecimento das ouvidas 1ue se passavam entre os seus -il.os IR de 9aneiro de INIR 'HN' C"d& O: -l&I:Y Re1uerimento do soba Casse Candala Crist"vo 'ndr* parta ser restitu,do sua anti!a posse J de Fevereiro de INI^ "bidem -l& ILY Re1uerimento do soba Ndambi '1uiosa D& )om8s Dio!o mais o termo de ouvida dos macotas do estado -eito pelo capito2mor em 1ue declaravam 1ue 1ueriam no #stado um outro soba 1ue -ora undado pelo seu antecessor N de Fevereiro de INI^ "bidem -l& ILvY Re1uerimento do reino do Don!o contra o cabo de es1uadra :N de Fevereiro de INIJ 'HN' C"d& O: -l& INY Re1uerimento de pretos calados para serem isentos do servio nas obras reais I: de Novembro de INIK "bidem -l& I:v& Um e$emplo de ne!ociao atrav*s da burocracia encontra2se na Carta para o soba ?uin!ue Dom Sebastio %otentado do 5ailundo transcrito para a C$& LR do 'HU IJKO 5NL cod& NLJR -l& ^;v2^Iv & ..................... 325 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola burocrati(ou tamb*m os sobados os sobas e os a-ricanos de uma maneira !eral inclu,dos numa manc.a de lon!o e intenso contacto inter2cultural os 'mbundo ou numa 8rea de contacto mais recente e -ruste em 5en!uela participam dessa cultura burocr8tica onde o portu!us * l,n!ua de escrita de poder de arb,trio& B.?. U'i5"&-i2#&8 -6%"(" -)&,#'%i4* -")(#* -)(i(#* %#H#... se interessa ,l 3ei )osso /en-or em tirar aqueles Po$os daquela infelicidade e misria para prosperarem e crescerem V@%arecer 1ue o Conde de /eiras&&&A IJK; 'HU C"d& LLL -l& ^I vH Como -icou dito na introduo desta tese as 1uest4es da administrao de nature(a puramente econ"mica e -inanceira no mereceram um estudo individuali(ado sendo apenas consideradas na medida em 1ue revestiram um si!ni-icado pol,tico& /ra todos os processos de subordinao da diversidade de crit*rios e at* de le!islao a um marco de re-erncia 3nico e comum cu7a de-inio tem como -onte a autoridade do rei 1ue isoladamente estipula esse padro podem e devem ser a1ui invocados& B.?.1. M6%"(" M)&,#'%i4 ' instituio em Luanda de uma 9unta da Fa(enda representa o primeiro movimento nesse processo uma ve( 1ue as contas de 'n!ola deviam ser doravante remetidas para o #r8rio R*!io em Lisboa obedecendo para isso a sua arrecadao ao simples m*todo mercantil de receita e despesa NOR & Na verdade o 1ue estava em causa era a adopo ao n,vel do #stado de novas t*cnicas -inanceiras para a !esto das rendas importando2se para a contabilidade real as t*cnicas contabilistas 78 lon!amente usadas pelos comerciantes NO^ & Ultrapassava2se assim a teoria -inanceira de 'nti!o Re!ime marcada pelos constran!imentos reli!iosos morais intelectuais e pol,ticos muito inspirada ainda na ideia da economia da casa como modelo para a economia do reino e NOR "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ RO e 'viso do 0ar1us de %ombal inspector do Real #r8rio -e( 9unta da Fa(enda do Reino de 'n!ola L de Setembro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&JN NO^ Hespan.a @' Fa(endaA .istria de Portugal vol& +6 pp& :;^2:;L& ..................... 326 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dava2se lu!ar a uma racionalidade contabil,stica de tipo moderna& #ssa alterao de paradi!ma e a sua e$portao para 'n!ola -oi desencadeada a partir de IJKI 1uando a 9unta da Fa(enda passou a operar& #m IJKL -oram remetidas de 'n!ola as primeiras contas de receita e despesa 1ue depois de e$aminadas no #r8rio R*!io mereceram uma correco& 'cerca delas -e(2se uma @ampla clara e bem concertada instruo sobre o m*todo 1ue Sua 0a7estade mandava se!uir na escriturao das contas da sua Real Fa(endaA NOL & ' !enerali(ao do m*todo mercantil a!ora e$tensivo s col"nias permitia ento 1ue se escriturassem Ametodicamente no Real #r8rioA as contas de 'n!ola avaliadas pelo mesmo diapaso empre!ue para o Reino& Uma contabilidade ri!orosa acrescentava ao n,vel pol,tico o con.ecimento e$acto e completo das despesas correntes e do montante das receitas proporcionadas pelas produ4es e com*rcio de 'n!ola mas tamb*m um mais e-iciente controlo estatal sobre es-eras su7eitas a v8rios tipos de arbitrariedade por parte dos o-iciais li!ados cobrana e !esto dos direitos r*!ios e na se1uncia de tudo isto o aumento das receitas colectadas NOK & ' administrao da Fa(enda -oi especialmente visada durante o !overno de Sousa Coutin.o incumbido pelo Conde de /eiras de ordenar os Livros da Fa(enda Real distin!uindo a despesa e a receita de acordo com o 1ue vin.a estipulado do reino e encontrar o-iciais competentes para os passar a preenc.er com ri!or NOJ & 'o %rovedor da Fa(enda Real estabelecia2se um livro em 1ue lanasse a receita e a despesa da Fa(enda de acordo com as re!ras descritas na portaria em duas colunas separadasE @de uma parte se lance a receita com as clare(as da sua nature(a e da outra a despesa indicando a %ortaria ou despac.oA do !overnador 1ue a 7usti-icava& Cada uma das verbas tin.a 1ue ser assinada com o #scrivo& # para obviar s incerte(as dos escrives o provedor -aria na sua presena os primeiros assentos at* 1ue os o-iciais estivessem em condi4es de e$ecutar com e$actido as reais ordens NON & ' adopo do m*todo mercantil permitiria inte!rar as contas de 'n!ola nas contas do Reino se!undo o mesmo padro racionali(ando o +mp*rio& NOL "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ ^;& NOK Carta de F+SC para o seu sucessor D& 'nt"nio de Lencastro L de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -ls& OOv e ss& NOJ Carta de F+SC para o Conde de /eiras Luanda :J de 9un.o de IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& NN2NO& NON /-,cio de F+SC Luanda I; de 9aneiro de IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& NO2O;& ..................... 327 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola B.?.$. M")(# 0as para 1ue as contas se!uissem tal m*todo problemas se colocavam ao n,vel dos meios de troca e da moeda& ' introduo de moeda em 'n!ola era condio sendo certo 1ue @sem moeda de valor comum e universalmente recebida no %a,s onde !ira no pode .aver com*rcio sem en!anos e -raudes ruinosasA& #ssa re!ularidade de moeda com avaliao comum era a 1ue -altava ainda em 'n!ola& ' moeda era usada apenas em Luanda por1ue o serto ainda se ac.ava no @primitivo estadoA de no con.ecer seno permuta4es de !*neros NOO & No interior o com*rcio continuava a -a(er2se com recurso aos anti!os instrumentos de troca& ' moeda 1ue normalmente circulava era de duas esp*ciesE iW todas as esp*cies de ouro e prata do reino de %ortu!al 1ue corriam pelo mesmo valor Y& iiW duas esp*cies provinciais a saber as 0acutas V 1ue valiam meio tostoW e os 5eirames O;; V1ue tin.am do(e 0acutas O;I W& ?uem vivia -ora de Luanda a-ricanos e portu!ueses 1ue circulavam pelo serto ou a, viviam contavam por estas duas moedas provinciais a 1ue se 7untavam os instrumentos de troca tradicionais& 0as a moeda do reino de %ortu!al no estava de acordo com essas esp*cies provinciais e em 'n!ola no .avia um con.ecimento !enerali(ado 1ue permitisse NOO 'HU C"d& LLL -l& ^J& O;; 0edida standard para o com*rcio t$til correspondendo apro$imadamente ao necess8rio para vestir um adulto isto * mais ou menos L metrosY c-& 0iller =a5 P p& J;O& O;I / termo makuta remonta pelo menos ao s*culo G6++ mas ao lon!o do tempo o seu si!ni-icado evoluiu muito& Franois 5ontin[ V@Les ma[utaP pp& RLJ2RKKW na sua averi!uao remete o sentido para o tecido2moeda e o-erece uma lon!a e completa e$plicao 1ue passo a se!uir de perto& / Hovernador Ferno de Sousa se!undo este autor utili(aria o termo @macutaAE @sobre al!uns escravos de se!unda 1ualidade os tra-icantes pa!avam direitos de @trinta e cinco macutasA& )ratava2se sem d3vida de RL de(enas de um tecido -abricado no Loan!o e c.amado mfula& )al tecido mfula tin.a um valor de 1uatro libongosY na ta$a o-icial uma @macutaA Vde(enaW de mfulas valia I&;;; r*is Vmil r*isW ou I;; r*is le mfula mas na ta$a corrente utili(ada em Luanda na vida 1uotidiana e nas rela4es com os in-eriores um tecido mfula valia :;; r*is ditos @r*is de panosA VPWA Depois da recon1uista de Luanda o Hovernador Salvador de S8 e 5enevides VIK^N2 LIW convocou a C<mara e todas as autoridades civis militares e eclesi8sticas para uma reunio e$traordin8ria 1ue teve lu!ar na residncia do Hovernador VIK^OW& Resolveram pedir a permisso para substituir os tecidos2moeda por moedas met8licas cu7a necessidade de -a(ia sentir& ' moeda pro7ectada seria de cobre e comportaria dois tipos de moedas cu7o nome seria tomado emprestado aos tecidos2moeda importados do Don!o e do Loan!oY uma teria o nome de @meio panoA e valeria :L r*isY a outra c.amar2se2ia @libongoA e valeria I: { r*isPA Finalmente depois de um processo atribulado em :: de Fevereiro de IKO; o rei decide introdu(ir a moeda de cobre e no in,cio de IKO^ -oram cun.adas na cidade do %orto moedas em cobre para circulao em 'n!ola& / valor destas moedas era de :; I; e L r*is& #stas novas moedas -oram levadas pelo novo !overnador Henri1ue 9ac1ues de 0a!al.es 1ue desembarcou em Luanda em :O de Setembro de IKO^& %ara outros si!ni-icados do termo vide Santos e )avares A Apropria#o&&& Hloss8rio& ..................... 328 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -a(er as e1uivalncias de -orma a redu(i2las umas s outras& ' vi!ncia de v8rios padr4es e a impossibilidade pr8tica de os -a(er e1uivaler e$plica por1ue * 1ue -icou decidido 1ue se lavrasse moeda de cobre cun.ando2se estas moedas com o distintivo da palavra @'-ricaA& No reinado de D& 9os* -oram emitidas duas s*ries de moeda para 'n!ola T a macuta nova unidade monet8ria T uma em IJL: Vcom moedas de cobreW a se!uinte em IJK: Vmoedas de cobre e de prataW com a particularidade de correrem em e$clusivo na col"nia de 'n!ola O;: contrariando o uso de moeda mercadoria como os tecidos de r8-ia e beirames assim como as conc.as Vcauris (imbosW e pedras de sal O;R & #m complemento desenvolve2se toda uma ar!umentao contra o monop"lio dos ban(os ou lotes das mercadorias O;^ & )odos esses !*neros se calculavam por ban(osY tendo cada ban(o o valor de ^; mil reis na cidade& 'ssim o modo como se contratavam as compras dos escravos do mar-im e da cera consistia num processo em 1ue os donos destes !*neros pediam um dois ou mais ban(os de -a(enda con-orme o valor dos mesmos !*neros 1ue pretendiam vender& Do ponto de vista da re-orma da administrao em 'n!ola trs esteios -undamentais da economia local mereceram uma s*rie de medidas de interveno directa do #stado na disciplina da vida econ"mica& ' alterao dos re!imes de comerciali(ao T dos escravos da -arin.a e do sal T era resultado de um ambiente 1ue visava a racionali(ao e uni-ormi(ao dos impostos cobrados sobre as mercadorias dos meios de controlo dos preos de mercado ou ainda dos pesos e medidas utili(ados na reali(ao das transac4es ou meios de pa!amento& Nos trs ramos tratados de se!uida * importante notar a vi!ncia de padr4es de medio end"!enos como se7a a classi-icao dos escravos T peas de ,ndia mule1ues O;: L& Rebelo de Sousa 4oedas de Angola, Lisboa 5anco de 'n!ola s&d& p& KL e ss& O;R Sobre as moedas de 'n!ola ver "dem "bidem& O;^ /s !*neros 1ue corriam como din.eiro consistiam emE iW 7ol-in-a al!odo riscado de vermel.o e branco -ino e raloY iiW 1orral-os panos de al!odo com mais al!uma !rossura e consistncia 1ue os anteriores e serviam para @panos das Ne!rasAY iiiW Cadeados panos mais !rosseirosY ivW au%artes ou panos a(uis de al!odo 1ue tin!em de preto para as @tan!as dos Ne!rosAY vW (in-a panos mais -inosY viW Facas -lamen!asY viiW 5aetasY viiiW Sara-inas Vtecido esp*cie de baeta encorpada !eralmente com desen.os c-& 'nt"nio 0orais da Silva Mrande &icion'rioWY i$W =imbro Vb3(ioW& 'HU C"d& LLL -l& ^Nv& ..................... 329 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola crias de p* crias de peito 2 ou as medidas de capacidade T ca(on!uelo e$e1ue ou ainda pedras de sal T e a sua racionali(ao por parte da administrao colonial substituindo2as ou vinculando2as a um marco -i$oY e ao mesmo tempo a vinculao a uma cultura -iscal capa( no s" de aumentar as receitas do #r8rio R*!io como de re!ulari(ar o seu montante& B.?.:. A4%)" (" &)+i-) () ,"-6&,i" %ela lei de II de 9aneiro de IJLN era posto -im ao monop"lio detido pelos contratadores e era declarado livre e -ranco o com*rcio de 'n!ola Con!o Luan!o e 5en!uela portos e sert4es ad7acente e assim abertos os sert4es a todos os moradores com penas contra os 1ue o impedissem& ' abertura do serto ao livre com*rcio -undamentava2se no t"pico anti27esu,tico& ' Compan.ia de 9esus ter2se2ia empen.ado no encerramento dos sert4es em todos os dom,nios ultramarinos recorrendo para isso ao tribunal da 9unta das 0iss4es& +nclusive *2l.e atribu,da a responsabilidade do conte3do nos cap,tulos G6+++ e G+G do re!imento dos !overnadores de 'n!ola datado de IKJK sobre as condi4es de circulao nos sert4es O;L & ', se di(ia 1ue os sert4es se encontravam -ec.ados a mulatos brancos crioulos ou pretos calados& ' concentrao dos lucros do com*rcio nas mos de um !rupo de comerciantes em articulao com os interesses 1ue os 7esu,tas teriam nesse mesmo com*rcio .avia instalado a re!ra de 1ue os navios s" poderiam sair de Luanda pela ordem inversa em 1ue tin.am c.e!ado& #ssa circunst<ncia tra(ia conse1uncias e pre7u,(os por1ue 1uando os navios tin.am atin!ido a car!a necess8ria de escravos sem poderem sair problemas de abastecimento e sa3de comeavam a colocar2se al*m da especulao em volta dos preos de escravos para completar lota4es& %or essa ra(o esta lei pun.a -im a esse preceito para determinar 1ue as embarca4es partissem para os portos de destino assim 1ue as suas car!as estivessem completas O;K & Na lin.a do pensamento da *poca -oram revistas as ar1uea4es e lota4es dos navios de -orma a 1ue @a1ueles miser8veis RacionaisA no perecessem por -alta de ar -ome ou sede O;J & O;L Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& e 'HU C"d& LLL -l& L& O;K 'ssim por e$emploE um mestre capito cu7o navio tin.a de lotao :;; escravos e 1ue se ac.ava com IOL se com eles 1ueria sair era embar!ado por l.e -altarem L& #n1uanto ia buscar estes l.e -aleciam I;Y tornava a -icar impedido no mesmo ciclo vicioso en1uanto no comprava com outra !rossa despesa a liberdade para poder sair com os ne!ros 1ue tin.a& 'HU C"d& LLL -l& Kv2J& ..................... 330 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' lei de :L de 9aneiro de IJLN incidia sobre a arrecadao dos direitos cobrados sobre os escravos 1ue sa,am do porto de Luanda e estabelecia as re!ras do novo Contrato a valer a partir de L de 9aneiro de IJK;& Neste campo o es-oro de racionali(ao pretende pcr -im con-uso com 1ue at* a, se arrecadavam os direitos dos escravos 1ue dei$avam os portos de 'n!ola para estabelecer um crit*rio Aclaro certo e invari8velA& ' verdade * 1ue sobre os escravos incidiam trs tipos di-erentes de direitosE .avia direitos vel.os direitos novos e novo imposto& '!ora essas trs -ormas de ta$ao eram substitu,das por um imposto 3nicoE @se redu(iram simples e -8cil percepo do 3nico DireitoA O;N & +ntrodu(iu2se uma nova @tabelaA classi-icat"rio para as v8rias cate!orias de escravos abolindo a1uela at* a, vi!ente cu7a autoria era remetida ao !*nio dos 7esu,tas& Di(ia a mesma lei 1ue .aviam inventado uma -orma de despac.o de a-ricanos composta das @e$"ticas denomina4esA de peas da ,ndia mule1ues crias de p* crias de peito etc& #sta classi-icao permitia todo o tipo de -avorecimentos aos contratadores& Doravante a distino para avaliar o imposto a cobrar cin!ia2se a dois padr4es Vadultos e crianasW& Z de notar 1ue a vel.a terminolo!ia continuou a ser usada nas transac4es sertane7as perpetuando2se pelo s*culo G+G& Finalmente a 3ltima pea deste tr,ptico corresponde %rovidncia das condi4es perp*tuas do contrato de 'n!ola datada de :K de 9aneiro de IJLN& %ara 1ue os contratadores no pudessem iludir a observ<ncia das leis de IJLN mandaram2se subir do Consel.o Ultramarino Secretaria de #stado dos Ne!"cios Ultramarinos todas as condi4es do contrato de 'n!ola 1ue se .aviam estipulado pelo espao dos 3ltimos I;; anos& 'nalisadas com !rande aplicao no -oi poss,vel compreender uma parte substancial do seu conte3do& C.amados os 1ue .aviam sido administradores deste imbricado contrato para as e$plicarem nada souberam di(er 1ue delas desse uma noo ainda 1ue imper-eita& Conclu,a2se assim 1ue as condi4es tin.am sido -eitas propositadamente para 1ue nin!u*m as percebesse& #ste ar!umento de 1ue a imperceptibilidade das coisas * propositada est8 ali8s em sintonia com toda a cr,tica pombalina ao discurso 7esu,tico de inspirao tomista& 'li8s Lu,s 'nt"nio 6erneB no seu 2erdadeiro 4todo de ,studar declarava 1ue a primeira re!ra do m*todo consistia 7ustamente em @-acilitar a inteli!nciaA O;O & %or isso se passou a uma nova redaco das O;J 'HU C"d& LLL -l& K v& Se!ue2se a lei de IN de 0aro de IJN^ depois su7eita a reviso e discusso durante o !overno de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo :I de 0aro de IJOO 'HU C$& OI Doc& IJ& O;N "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ IR& O;O Lu,s 'nt"nio 6erneB 2erdadeiro 4todo de ,studar p& JR& ..................... 331 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mesmas condi4es @em termos claros inteli!entes e pr"prios do estado da1uelas importantes col"niasA OI; & ' reviso das condi4es do contrato dos escravos pode ser sistemati(ada em v8rios pontos& %elo contrato anti!o os contratadores deviam -ornecer as -ardas s tropas& 0as os contratadores cumpriam muito de-icientemente essa obri!ao& %or isso se propcs uma nova -orma de pa!amento aos soldados capa( de pcr -im a esse abuso e e$plorao do preo das -arin.as& )udo isto era acompan.ado de medidas paralelas 1ue racionali(assem as opera4es -inanceiras 1ue volta do contrato dos escravos se iam construindo& ' cobrana de d,vidas aos comerciantes passava a ser reali(ada o mais cedo poss,vel atrav*s de ac4es de 7ustiaY impedir atrasos na partida dos navios sob prete$to de no possu,rem a car!a total alimentando assim especula4es de v8ria ordem em torno da compra dos escravos no pr"prio porto de LuandaY disciplinar a cobrana dos direitos aos despac.antesY vi!iar o mane7o das letras e asse!urar a inteire(a dos livros de assento OII & B.?.<. O T)&&)i&" ' Fundao do )erreiro do %o est8 relacionada com o -im dos monop"lios e$ercidos pelos contratadores e pela elite luandense escravocrata sobre !*neros de primeira necessidade e em especial a -arin.a 1ue era vendida a preos e$orbitantes OI: & )ratava2se da -arin.a de pau Vde mandiocaW 1ue era o po 1uotidiano em 'n!ola mas tamb*m do tri!o sobre o 1ual a aristocracia local e$ercia um monop"lio cruel& #ste !*nero era comerciali(ado atrav*s de medidas da terra T ca(on!uelo e e$e1ue ou tan!a V$ide Hloss8rioW& Como -icou re-erido os pa!amentos dos soldados e o-iciais militares .aviam sido reali(ados durante muito tempo em trs partes sendo uma delas a -arin.a& %recisavam assim de converter em numer8rio a -arin.a 1ue recebiam como parte dos seus ordenados vendendo2a ao -eitor da -a(enda real ou a outras pessoas 1ue dessa necessidade tiravam partido& #ste -eitor no princ,pio do ano comprava todos os vencimentos dos re-eridos soldados e o-icias pela metade do preo praticado no mercado para depois o receber na OI; 'HU C"d& LLL -l& IK& OII Carta de F+SC para o seu sucessor D& 'nt"nio de Lencastro L de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&LK& OI: 'HU C"d& LLL -l& RK2RKv& ..................... 332 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mesma Fa(enda Real pelo mais alto preo& # isto por1ue as Comunidades dos padres Re!ulares e outras casas seculares 1ue possu,am -a(endas onde a mesma -arin.a se produ(ia tin.am interesses comuns com o re-erido -eitor para 1ue a sua -arin.a valesse muito& %ortanto o -eitor comprava a -arin.a dos vencimentos dos soldados a bai$os preos vendendo2a posteriormente aos preos mais elevados& ?uando os soldados precisavam ad1uirir -arin.a para seu sustento depravam2se como o comum do povo de Luanda com preos e$orbitantes e viam2se destinados esmola p3blica& %ortanto .avia por meados dos s*culo G6+++ toda uma especulao em volta da -arin.a com conse1uncias a v8rios n,veisE os art,-ices em ra(o da1uela carestia de po subiam o preo dos seus 7ornais e dos bens 1ue produ(iam OIR Y os ne!reiros no podiam sustentar os escravos nem na terra nem nas via!ens e c.e!avam a o-erece2los de !raa a 1uem tivesse com 1ue os sustentar& Luanda a capital vivia assim um estado de -ome end*mico devido aos preos elevad,ssimos das -arin.as& 's medidas empreendidas tradu(iram2se em trs planos distintosE iW abolio do pa!amento dos vencimentos em -arin.aY iiW estabelecimento de um )erreiro ou Celeiro %ublico VIR de Novembro de IJKIW para a venda da Farin.a de pau e tri!o com reparti4es ou tabuleiros di-erentes para 1ue neles -osse vendido todo o po ou -arin.a dando2se a pre-erncia para a venda ao 1ue a -i(esse por menor preo e con-iscando2se a 1ue se vendesse -ora do dito )erreiro em casas particularesY iiiW proibio do monop"lio deste !*nero debai$o da pena de morte natural estabelecendo2se 1ue os particulares s" podiam deter as 1uantidades de -arin.a e1uivalentes ao consumo comum das suas Casas e Fam,lias OI^ & B.?.5. S#4 Depois do po o sal constitu,a o se!undo dos dois !*neros da primeira necessidade sem os 1uais nen.um #stado pode subsistir& #ste !*nero estava su7eito ao OIR 'HU C"d& LLL -l& RN& OI^ 'HU C"d& LLL -l& RNv2ROY "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: artQ LLLKLJ& ' c<mara de Luanda tem parte activa neste processo& +nclusive -a( uma representao V:I de Novembro de IJK^W ao !overnador sobre a necessidade de -a(er um terreiro para a !uarda da venda publica das -arin.as e$plicando 1ue os lavradores seriam os mais bene-iciados Sousa Coutin.bo estabeleceu um imposto sobre as -arin.as como meio e$traordin8rio de -inanciamento do edi-,cio do )erreiro& Correspondncia trocada entre F+SC e FG0F :L de 'bril de IJKJY I: de Novembro de IJKL 'HU C"d& ^J: -l& I:;2I:R ..................... 333 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mesmo tipo de especula4es 1ue o po na cidade de Luanda OIL & / sal consumido em Luanda vin.a das marin.as de 5en!uela -acto 1ue o su7eitava ao elemento arbitr8rio do transporte& ?uando se veri-icavam perturba4es na nave!ao atrasando os abastecimentos o sal atin!ia preos elevad,ssimos em Luanda& / sal das 0inas da ?uissama tin.a uma muito anti!a utili(ao a-ricana onde era comerciali(ado e contado sob a -orma de pedras OIK & Servia mesmo de moeda& /s reinos de Hin!a e Cassan!e serviam2 se do sal da ?uissama& #sse abastecimento era tamb*m levado a cabo pelos pombeiros portu!ueses& No era portanto em relao a este sal da ?uissama de muito pouca utili(ao em Luanda 1ue as 1uest4es do monop"lio se colocavam& ' soluo passava por substituir um monop"lio in,1uo por um monop"lio pio arrematando2se por contrato com privil*!io e$clusivo o provimento do sal de 5en!uela pelo menor preo com as se!uintes condi4esE iW o contratador nunca podia alterar a medida do e$e1ue e ca(on!uelo por 1ue se media o salY iiW no e$ceder o preo estipuladoY iiiW manter a cidade e seus limites provida de sal para 1ue no -altasseY ivW -altando o sal a 7ustia poderia ir busca2lo por terra ou por mar por conta do contratadorY vW manter o com*rcio do sal da ?uissama livreY viW proibio de aumentar o preo dele na Cidade e seu distrito ou alterar a medida de cada pedra& OIL / sal de 'n!ola provin.a das 0arin.as de 5en!uela ou das 0inas da ?uissama& / sal comerciali(ado em Luanda vin.a de 5en!uela uma ve( 1ue era o mais ade1uado para sal!ar& OIK De palmo e meio de comprido e de 1uatro dedos de altura e lar!ura& ..................... 334 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 10. O Di&)i%" ) # I/%i0# / pro!rama pol,tico iluminista empen.ado em instituir uma nova ordem social disciplinada pela lei r*!ia e no pelas decis4es casu,sticas dos tribunais recon.eceu na re-orma da 7ustia um dos seus ob7ectivos centrais& No conte$to metropolitano as re-ormas %ombalina e 0ariana incidiram drasticamente na 8rea 7ur,dicaE a publicao da Lei da 5oa Ra(o VIJKOW onde se -a(ia a certi-icao das -ontes de direito Vo Direito das Na4es %olidas e Civili(adas da #uropa assoma como principal -onte subsidi8riaWY a re-orma dos #studos 9ur,dicos da Universidade de Coimbra em IJJ: 1ue tra(ia a disciplina da -ormao e do discurso 7ur,dicosY o pro7ecto do Novo C"di!o em IJNK -a(endo a sistemati(ao do direito le!islativoY e a re-orma da or!ani(ao 7udici8ria sen.orial entre IJO; e IJO:& )udo isto -a(endo t8bua rasa da1uela 1ue era a pesada .erana escol8stica e @bartolistaA e -avorecendo a centralidade do direito nacional identi-icado a!ora com a vontade do soberano iluminado& ' promoo do le!alismo a limitao do @arb,trio doutrinal e 7udici8rioA OIJ e uma ateno especial ao direito penal condu(iriam a um controle de comportamentos e !arantia da inscrio de uma nova disciplina social OIN & #sta ateno ao mundo 7ur,dico veio a repercutir2se em 'n!ola e visou a re-orma e racionali(ao das duas 8reas do Direito e da 9ustia em presenaE a colonial e a ind,!ena& ' primeira revelou2se na re-orma e racionali(ao da administrao da 7ustia colonial e da pr8tica 7ur,dica a ela associadaE comple$i-icao da estrutura administrativa atrav*s da instituio de uma 9unta da 9ustia VIJKIWY delimitao da 7urisdio militarY simpli-icao dos processos 7udiciais valori(ando as resolu4es sum8rias e verbais OIO Y re-orma do re!imento dos capites2mores VIJKLWY certi-icao do direito processual nos pres,dios e -omento da sua aplicaoY proteco 7ur,dica aos @ne!ros miser8veisA& ' se!unda tradu(iu2 se em tentativas para sistemati(ar os direitos ind,!enas Ventre os ambundos mas tamb*m entre os ovimbundos e destrinar as inst<ncias 7udiciais a-ricanas e coloniais da sua aplicao& OIJ '&0& Hespan.a @Da +ustitia&&&& p&R::& OIN "dem "bidem p& R:I e ss& OIO Cat8lo!o das /rdens para 'n!ola IJLO2IJK; 'HU C$& ^: Doc& OK ..................... 335 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' dimenso colonial e a dimenso a-ricana da vida 7ur,dica tal como ocorreram na col"nia de 'n!ola no podem ser ol.adas nem estudadas separadamente& Na verdade lon!e de coe$istirem lado a lado um e outro comple$o normativo mais as institui4es 1ue l.es andavam associadas in-luenciaram2se mutuamente& Z mani-esta uma m3tua recepo 1ue * tamb*m uma -orma de transaco entre modelos 7ur,dicos& / -acto de as e$perincias 7ur,dicas coloniais deverem ser ol.adas como processos de recepo/apropriao e transaco implica uma perspectiva 1ue contemple essas (onas de inter-erncia& %or isso este cap,tulo considera em primeiro lu!ar uma descrio abreviada das !randes re-ormas operadas na estrutura da 7ustia em 'n!olaY em se!undo lu!ar as lin.as de @racionali(aoA e sistemati(ao dos direitos a-ricanos em relao s instancias 7udiciais coloniaisY para depois se centrar nos se!uintes n,veis de an8liseE iW a recepo do direito portu!us e das -ormas burocr8ticas impl,citas pelos poderes a-ricanos no sertoY iiW a recepo do direito consuetudin8rio local e pr8ticas sociais associadas pelas autoridades portu!uesas em primeiro lu!ar os capites2mores secundariamente as institui4es superiores& ' pr"pria vivncia do 7ur,dico acabar8 por condu(ir construo de um kterrit"rio do meioA entre os dois sistemas discursivos Vlei e costumeW onde por um lado o direito portu!us e o protocolo 7udicial associado so procurados pelos actores a-ricanos como -"rmula codi-icadora das pr8ticas sociais locaisY e por outro lado no seio do pr"prio direito portu!us se produ(em situa4es de ambi!uidade/contradio determinadas pelo con-ronto/articulao entre a ordem 7ur,dica e as ra(4es da ordem pra!m8tica& 10.1. R)5"&-#& # 9/%i0# ,"4"'i#4 / Hovernador de 'n!ola e$ercia 7urisdio civil e crime sobre todas as pessoas moradoras no reino os vassalos do rei de %ortu!al O:; & / direito portu!us tin.a a, a sua 8rea de aplicao& ' 7urisdio sobre os sobas vassalos -a(ia2se dentro dos limites estipulados pelos tratados O:I & ' vassala!em dei$ava aos c.e-es a 7urisdio civil e crime& Dentro de O:; )em interesse salientar 1ue mesmo neste per,odo o Con!o continua a ser considerado na 8rea de in-luncia da 7ustia colonial na medida em 1ue os vassalos do reino de %ortu!al citados como @!ente branca do Reino do Con!oA podiam apelar para o ouvidor de 'n!ola 1ue tomava con.ecimento dos seus a!ravos e remetia a apelao Casa da Suplicao& O:I Heint(e @Luso2a-rican -eudalism&&& p& IIL2IIK& ..................... 336 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cada sobado a 7urisdio cabia aos c.e-es a-ricanos 1ue a, -a(iam vi!orar o direito local O:: & %or*m como se ver8 nem sempre aconteceu assim& 0uitas ve(es as 1uest4es a-ricanas internas eram remetidas ao arb,trio das inst<ncias coloniais e 1uando isso acontecia as sentenas levavam em conta os estilos do direito a-ricano& 't* IJKI data da criao da 9unta da 9ustia em 'n!ola a administrao desta 8rea de !overno -a(ia2se atrav*s do Hovernador /uvidor Heral 9ui( de Fora e Capites2mores dos pres,dios& ' -i!ura dos capites2mores * como se ver8 central no estudo da administrao da 7ustia em 'n!ola uma ve( 1ue estes o-iciais cumulavam competncias de nature(a militar com outras de nature(a 7udicial& Usavam da 7urisdio de 7u,(es ordin8rios nos pres,dios e tin.am a seu car!o a !esto das rela4es 7udiciais com os sobas avassalados& Nessa 1ualidade -a(iam o 9u,(o de 0ucanos onde 7ul!avam verbalmente e em primeira inst<ncia causas entre a-ricanos com recurso aos preceitos do direito local& 'pesar do estipulado para cada um destes o-iciais nos respectivos re!imentos e at* nas Ordena#Kes a delimitao das suas 7urisdi4es no -oi assunto pac,-ico em 'n!ola& ' vi!ncia simult<nea de @ordens anti!as e modernasA assim o permitia& /s con-litos de 7urisdio tal como acontecia no Reino repetiam2se e prolon!avam2se O:R & 'ssim o 1ue estava em causa em 'n!ola no era s" a re-orma da 9ustia mas tamb*m a resoluo das disc"rdias 1ue se !eravam entre os seus ministros& 10.1.1. A I/'%# (# I/%i0# (17?1) ) " C#3i%1)--"&) (17?5) ' !rande re-orma no aparel.o 7udicial de 'n!ola passa pela criao de um !rande tribunal em Luanda a 9unta da 9ustia VIJKIW e a reestruturao das -un4es dos capites2 mores a 1uem cabia -a(er a 7ustia nos pres,dios estabelecendo nesse plano li!a4es com a 7urisdio dos sobas avassalados& O:: Foi proibido aos capites2mores imiscuirem2se no !overno dom*stico dos sobas& C-& Re!imento&&& VIJKLW Carlos Couto Os capites p& RR;& O:R Nos c"dices do Consel.o Ultramarino elas so recorrentes& 6er por e$emplo os con-litos entre o Hovernador de 'n!ola e um Coronel de +n-antaria& Livro I; -l&:: IJ de '!osto de IJONY sobre esses con-litos Carta de F+SC para FG0F :R de Setembro de IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& ^I2^R& ..................... 337 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 't* essa data o /uvidor !eral de 'n!ola de nomeao r*!ia era a se!uir ao !overnador o primeiro o-icial de 7ustia O:^ & '!ora a 9unta compun.a2se do Hovernador /uvidor 9ui( de Fora Coronel )enente2coronel e Sar!ento2mor do Re!imento da Huarnio de Luanda& %revia2se 1ue as sentenas -ossem pro-eridas pela pluralidade dos votos e nos casos de empate 1ue o voto do !overnador -osse decisivo por 1ualidade& / aspecto mais importante a ressaltar do re!imento * o re-oro da celeridade dos processos& /s r*us uma ve( presos deveriam ser verbal e sumariamente ouvidos e sentenciados perante os membros da 9unta e as sentenas teriam e$ecuo no mesmo dia em 1ue se pro-erissem& 's sentenas podiam ir at* de morte natural O:L & /s con-litos 7urisdicionais entre a 9unta da 9ustia e o /uvidor em e$erc,cio -i(eram2se sentir imediatamente a se!uir data de instituio da1uele tribunal& / re!imento atribu,do 9unta da 9ustia era omisso 1uanto sua 7urisdio nos casos crime& Na re!ulamentao da capacidade para 7ul!ar sumariamente os processos no estavam mencionados de -orma e$pl,cita os processos crimes& ' inde-inio das 7urisdi4es e os con-litos da, decorrentes tornaram a administrao da 7ustia 1uase impratic8vel nos anos 1ue se se!uiram& #m IJK^ Sousa Coutin.o descrevia a situao da 7ustia em 'n!ola& Denunciava a sobreposio de 7urisdi4es o 7ul!amento da mesma causa em diversas inst<ncias o pronunciamento de sentenas opostas para um mesmo caso ou a abertura inde-inida de um mesmo processoE @procuro consiliar estes 0inistros e de(e7o 1ue entre eles .a7a .uma armonia proporcionada ao servio de Sua 0a!estadeY por*m ve7o 1ue .e impratic8vel toda a dili!ncia 1uando obsta a -orma O:^ Ho(ava dos poderes e 7urisdio atribu,dos no Reino aos corre!edores das comarcas e subsidiariamente aos poderes concedidos pelo seu re!imento& Nos casos crimes podia mandar aoitar e de!redar soldados ou pies para -ora do reino de 'n!ola& #stes com os escravos estavam em condi4es de ser condenados morte com parecer do Hovernador& Casos de .eresia em 1ue .avia entre!a pelo eclesi8stico ao brao secularY sodomia moeda -alsa
con-eriam ao ouvidor alada sobre 1ual1uer pessoa at* morte natural com direito a apelao para a Casa da Suplicao e$ceptuando escudeiros e vassalos 1ue no -ossem de lin.a!em& Nos casos c,veis usava de alada sem apelao at* 1uantia de cem mil reis& / /uvidor Heral de 'n!ola -uncionava como inst<ncia de apelao para os 7u,(es ordin8rios e dos "r-os dos lu!ares e povoa4es de 'n!ola& ' apelao do ouvidor para a Casa da Suplicao acontecia em casos 1ue no cabiam na sua alada ou em posturas de o-iciais da c<mara& O:L Como meio para obviar s delon!as dos meios ordin8rios a 9unta da 9ustia poderia mandar prender e 7ul!ar @os R*us dos crimes de Homic,dio volunt8rio Roubo nas ruas da Cidade ou nas Casas dela com coao ou com arrombamento in-estao das estradas publicas ou camin.os dos sert4es com violncia -eita aos viandantes ou nas suas %essoas com 1ual1uer -erida posto 1ue se7a leve ou nos seus bens retendo2 os aos mesmos viandantes contra suas vontades ou pre7udicando2l.es um valor 1ue e$ceda a dois tost4es&&&A Carta r*!ia de I^ de Novembro de IJKI in Documentao sobre as 7urisdi4es criminais anterior a I; de 'bril de IJON 'HU C$& NJ Doc& KI& ..................... 338 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dos seus empre!os o 1ue nam sucede em outro al!um %ai(Y so a1ui promiscuos os #scrivaens e mais /-iciaes e 1uando .um os 1uer o outro os aborrece e en-im sentenceasse .uma mesma cau(a a -avor do 'utor em .um 9ui(o e a -avor do Reo em outro& ' mesma divida pede2se por .um modo em .uma parte por outro em outra& / /uvidor ale!a com o seu Re!imento -eito em .um tempo em 1ue nam .avia 9ui( de Fora e di( 1ue -ica Livre de pois de o .aver as %artes o seu recurso podendo intentar as cau(as onde bem l.e parecer& / 9ui( de -ora di( 1ue deve con.ecer todas em primeira instancia 1ue o Re!imento 7a derro!ado pela criaam do seu Lu!ar VOLW e por diversas ordens praticadas em bene-,cio da sua 7urisdiam do mesmo modo por1ue se pratica em %ortu!al e nesta con-u(am e e$trema descordia passam os seus trienios -a(endo padecer os %ovos e padecendo tanto 1uanto se pode con.ecer vendo liti!ar duas partes por .uma cau(a e ter .uma sentena a seu -avor em .um 9ui(o e contra em outroA O:K & ' %ortaria de :J de 9un.o de IJK^ O:J procurava pcr termo ao con-lito de 7urisdi4es c.amava 9unta da 9ustia os processos2crime e redu(ia2os a uma 3nica 'udincia em 9unta onde seriam apresentados os r*us com processos verbais e sum8rios O:N & %rovas da aco da 9unta da 9ustia podem ser col.idas em s*ries de sentenas ao lon!o do !overno de Sousa Coutin.o& Na d*cada de IJK; em v8rias ocasi4es os !overnadores enviaram para a Secretaria dos Ne!"cios Ultramarinos relat"rios detal.ados contendo as sentenas dadas pela 9unta da 9ustia em casos c,veis e crimes para serem presentes ao rei 1ue as aprovava e remetia de volta O:O & )em interesse re-erir 1ue estas sentenas se re-erem a delitos passados no serto envolvendo soldados ne!ociantes mas tamb*m a-ricanos vassalos obri!ados portanto ao direito portu!us e cu7o con.ecimento c.e!ava a este tribunal em Luanda Vlibelo de 7ustia contra um comerciante 1ue assistindo na -eira do Dondo desencamin.ara sete escravos para os ir vender noutro s,tio ou libelo contra soldados de 'mbaca 1ue em dili!ncias de 7ustia recebiam das partes benesses a t,tulo de o-ertaW OR; & O:K /-,cio de F+SC L de 9ul.o de IJK^ FU% R2L2R2IJ 'L* 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& O^2OK& O:J %ortaria de F+SC :J de 9un.o de IJK^ "bidem, -l&:Jv& O:N "dem "bidem -l&:Jv2:N& O:O 's sentenas eram enviadas a Francisco Gavier de 0endona Furtado 1ue depois as remetia para o Rei& FU% R2L2R2IJ 'L 02OO 2 %apeis v8rios sobre 'n!ola -l& ^I2^R V:R de Setembro de IJK^WY 'HU 'n!ola C$& ^ODoc&: VII de De(embro de IJK^WY 'HU C$& LR Doc& RJ VR; de 9ul.o de IJKOW& Carta de FG0F em 1ue o Rei aprovava as sentenas da 9unta :I2;J2IJKK FU% R2L2R2IK 'L %apeis v8rios sobre 'n!ola -l&LN& OR; Sentenas da 9unta L de Setembro de IJKK 'HU C$& L; doc&^K e R; de 9ul.o de IJKO 'HU C$& LR Doc& RJ& ..................... 339 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Uma das competncias mais importantes da 9unta da 9ustia di(ia respeito atribuio de cartas de le!itimao e !uias aos ne!ociantes 1ue pretendiam ir comerciar para o serto& ' re!ulamentao da circulao pelo serto passava a ser vi!iada por este tribunal e nessa medida tamb*m era atribu,da 7urisdio a 1ual1uer mercador para proceder priso de todas as pessoas 1ue andassem em ne!"cio sem estarem .abilitadas com as re-eridas !uias& Uma ve( -eitas as pris4es os indiv,duos seriam condu(idos a Luanda para 7ul!amento sum8rio na 9unta ORI & Da1ui se pode in-erir um es-oro para vincular mais estreitamente a disciplina da sociedade colonial aco deste tribunal e portanto de uma maneira !eral ao direito portu!us e ao processo 7udicial& ' re-orma do re!imento dos capites2mores VIJKLW estava articulada em mat*rias de 7ustia com o esp,rito sub7acente criao da 9unta e visava acima de tudo vincular estes o-iciais ao padro o-icial portu!us 1uer 1uanto ao direito como aos meios de averi!uao de prova e -ormas de direito penal OR: & ?uando em IJJO a capitania de 5en!uela -oi convertida em !overno aut"nomo do de 'n!ola se bem 1ue subalterno -oi necess8rio comple$i-icar o seu aparel.o administrativo e 7udicial& ' partir de IJJO passa a -i!urar em 5en!uela um 9ui( de Fora& Desde a sua -undao at* atribuio do primeiro re!imento em IJOK a 7urisdio do Hovernador de 5en!uela manteve2se relativamente inde-inida apesar das instru4es 1ue no mesmo ano de IJJO l.e -oram atribu,das ORR & Durante :; anos os !overnadores de 5en!uela declaravam2se i!norantes da e$tenso dos seus poderes de 7urisdio& Da, decorriam con-litos -re1uentes com o 7ui( de -ora& Dentro da capitania de 5en!uela os capites2mores e 7u,(es dos pres,dios e povoa4es remetiam os culpados ao 9ui( de Fora de 5en!uela para serem 7ul!ados em primeira inst<ncia com apelao para o /uvidor Heral de 'n!ola& S" este tin.a 7urisdio para de-erir nas causas c,veis e competncia para preparar os processos criminais a serem apresentados na 9unta da 9ustia& Com a criao da 9unta da 9ustia* em IJKI introdu(iam2se duas !randes altera4es na administrao da 7ustia em 'n!olaE iW a -ormao dos processos nos pres,dios pelos capites2moresY iiW proteco 7ur,dica dos a-ricanos& ORI Carta r*!ia para o Hovernador IJKI Arqui$os de Angola 6ol ++ nQ O IORK s&pp& OR: h Re!imento dos capites2mores i publ& Carlos Couto Os CapitesP pp&R:N ess& ORR 'HU 'n!ola C$& K: Doc& I;:& ..................... 340 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 10.1.$. F"&-#01" (" 3&",)" '" 3&)A(i" ' articulao entre a 9unta da 9ustia e a 7urisdio dos capites2mores como 7ui(es ordin8rios nos pres,dios tradu(iu2se na instituio da obri!atoriedade deE iW -ormar processos nos pres,dios com ouvida de testemun.as e reunio de provasY prender os r*usY remet2los para a 9unta da 9ustia em Luanda onde o Hovernador emitiria a sentena& No ano de IJK^ uma carta circular enviada a todos os capites !enerali(ava o procedimento OR^ & Fa(er 7ustia implicava a!ora -ormar processo 1uer se tratasse de um morador de um pres,dio 1uer se tratasse de um soba& Nos pres,dios da lin.a do Cuan(a e nomeadamente em 'mbaca detectam2se ecos desta medida& Uma an8lise da correspondncia trocada entre os !overnadores e os capites do serto mostra como ela se veio a dei$ar cada ve( mais atravessar pelos problemas decorrentes da -ormao de processos e respectivo envio para Luanda& #stes casos condu(iam a v8rios tipos de e1u,vocos ou complica4es a 1ue se se!uiam correc4es demandadas pelos !overnadoresE persistncia no casti!o arbitr8rio dos sobasY persistncia na priso de pessoas 1ue c.e!avam a Luanda sem se saber de 1ue eram acusadasY delon!as no envio dos processosY or!ani(ao incompleta dos mesmos sobretudo no 1ue toca reunio de provas 1ue mostrassem ter o r*u cometido o crime 1ue l.e era imputado pelo capito2mor ORL & 0esmo assim em v8rios momentos os capites2mores -ormaram processos completos 1ue acompan.avam presos at* LuandaE sobas e sobetas envolvidos em crimes de morte soldados desertores ou ainda indiv,duos 1ue causavam dist3rbios no serto assimilados cate!oria de va!abundos ORK & No caso dos sobas esta medida si!ni-icava uma enorme alterao& #m ve( de um casti!o @arbitr8rioA s mos do capito2mor condu(ia2se o c.e-e a-ricano a Luanda se!uindo os tr<mites processuais& ' -ormao dos processos nos pres,dios 1uer -a(er c.e!ar aos estabelecimentos do serto o direito escrito e a lei do reino& Da an8lise da massa documental pode veri-icar2se a OR^ Carta circular I de 9ul.o de IJK^ FU% R&L2R2IN 'L Livro das /rdens -l&IO2:;& ORL +ndico sumariamente al!umas destas situa4es distribu,das pela documentao compulsada& / re!ente de Cambambe mandara casti!ar um soba com aoites V:O de '!osto de IN;L 'HN' C"d& OI -l&IOW& Nem o seu re!imento nem as ordens do Hovernador l.o permitem devendo apenas prende2lo e participar os seus delitos& Devia satis-a(er o soba e seus 0acotas con-essando o erro 1ue cometeu em l.e dar a1uele casti!o& /utra situao em 1ue o !overnador declara no poder 7ul!ar um soba por1ue as provas enviadas so insu-icientes VCarta do Hovernador para o Re!ente de 0assan!ano I; de '!osto de IJOI 'HU Cod& IK:N -l& JWY 1ue os culpados enviados para Luanda -ossem acompan.ados por um t,tulo VCarta para o Capito2mor do Holun!o I; de '!osto de IJOI C"d& IK:N -l& JvW& ORK Carta do capito2mor de 'mbaca I de 9aneiro de IJKL 'HU 'n!ola C$& ^O Doc&:& ..................... 341 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola instalao desta medidaY mais medida 1ue se avana no tempo ela torna2se cada ve( mais recorrente e -re1uente& 'l!uns c"dices esto preenc.idos com 1uesti3nculas deste tipo& ' inteno do #stado colonial no era apenas a de vincular os seus a!entes a uma nova racionalidade 7ur,dica mas tamb*m desviar os capites2mores do recurso muito -re1uente aos estilos do direito local& ' verdade * 1ue nos pres,dios o direito ind,!ena e as -ormas de 7u,(o onde ele se produ(ia Vaudincias de mucanos $ide infraW tin.am vindo a ocupar no decurso do 'nti!o Re!ime um espao cada ve( maior na re!ulao dos con-litos em pre7u,(o do direito portu!us ORJ & Coa!ir os capites2mores preparao dos processos tra(ia atr8s a vinculao ao pr"prio direito nacional e con-eria2l.e centralidade na reali(ao da 7ustia dentro dos pres,dios& Z uma estrat*!ia do #stado para disciplinar atrav*s do direito e de uma administrao racional& Como se ver8 os pr"prios a-ricanos so c.amados a entrar nesta racionali(ao processual& /s e-eitos perversos no se -i(eram esperar& 's 1uest4es a-ricanas internas presentes s autoridades portu!uesas -a(iam entrar a!ora plenamente por1ue suportados em documentos escritos os direitos ind,!enas nos circuitos do direito colonial&
10.1.:. P&"%),01" 9/&A(i,# (" #5&i,#'" ' proteco 7ur,dica dos a-ricanos a1ui desi!nados por @ne!ros miser8veisA remetia para o estatuto 7ur,dico de pessoas miser8veis ORN -i!ura contemplada pela doutrina europeia e para a proteco de pessoas 1ue sendo pobres e no tendo condi4es para se de-enderem deviam !o(ar de um estatuto especial& 0as no s"& Na verdade tratava2se tamb*m de uma -orma de @menori(aoA no sentido em 1ue certos actos ou crimes seriam e$cessivamente comple$os para poderem ser praticados por indiv,duos com estas caracter,sticas& Na cate!oria do r3stico onde se insere o a-ricano inte!ram2se pessoas in!*nuas e crentes portanto -acilmente en!anadas& Certos crimes no l.e so se1uer imput8veis& #m IJKI estabelecia2se 1ue os crimes praticados por a-ricanos estando presos em Luanda -ossem 7ul!ados e sentenciados sumariamente na 9unta de 9ustia& #ncontravam2 ORJ h Re!imento dos capites2mores i publicado por Carlos Couto Os CapitesP pp& R:N2R:O& ORN 2ide tamb*m II& &e como foram perturbadas as sociedades africanas o 1ue se di( sobre a .ierar1ui(ao dos a-ricanos associada -i!ura 7ur,dica do r3stico& ..................... 342 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola se na situao 7ur,dica de pessoas miser'$eis e !o(avam por isso de um estatuto especial 1ue l.es !arantia a proteco e iseno no pa!amento de custas nos processos ORO & 'o Hovernador como presidente do tribunal caberia -a(er as visitas cadeia e identi-icar periodicamente as situa4es a resolver& ' mesma ordem voltou a ser repetida no !overno de D& 0aria em carta diri!ida ao 5aro de 0o<medes V:^ de 9aneiro de IJN^W& #sta medida T para al*m de corresponder ao princ,pio de direito comum de 1ue os pobres e miser8veis podiam apelar directamente para o tribunal do rei 2 est8 relacionada com o -acto de em v8rios momentos vir documentada a ideia de as devassas aos a-ricanos vassalos 1uando c.e!avam a ser -ormuladas apresentarem muitas irre!ularidades acabando por resultar numa e$trema morosidade e em pris4es prolon!adas& 's delon!as no 7ul!amento dos a-ricanos e em particular dos sobas decorriam em primeiro lu!ar de in*rcias espec,-icas da 7ustia colonial a 1ue se somava a incapacidade dos r*us para se de-enderem no 1uadro 7udicial colonial& Retidos nas cadeias sem alimento e sobretudo sem condi4es para pa!arem a um letrado 1ue os de-endesse ou um escrivo 1ue l.es redi!isse uma petio acabavam por a, permanecer e at* morrer& 0as esta situao tamb*m era conse1uncia directa de uma leitura distorcida do -uncionamento das institui4es pol,ticas a-ricanas por parte da estrutura 7udicial portu!uesa& Sousa Coutin.o sublin.ava o pre7u,(o tra(ido pela 7ustia portu!uesa aos a-ricanos presos em Luanda sobretudo 1uando os r*us eram sobas remetendo a e$plicao para os terrenos do parentesco perp*tuo a-ricano& ' verdade * 1ue o -acto de nos sistemas pol,ticos a-ricanos o mesmo t,tulo pol,tico se manter e repetir perpetuamente b embora sendo transmitido ao lon!o do tempo a v8rios portadores e portanto a di-erentes pessoas b transparecia de -orma en!anosa nos re!istos 7udiciais portu!ueses& Nesses re!istos para identi-icar as pessoas constava o t,tulo pol,tico e no o nome pr"prio& Se!undo Sousa Coutin.o essa no especi-icao da pessoa Vportador do t,tuloW em relao ao t,tulo levava a 1ue os crimes ou culpas dos di-erentes portadores do mesmo t,tulo pol,tico viessem a recair cumulativamente no seu portador mais recente& )omando os sobas os t,tulos pol,ticos dos seus antecessores e no -a(endo a burocracia portu!uesa a distino Vt,tulo/portador do t,tuloW podia acontecer 1ue um acabasse por responder pelos outros os seus antecessores& ' situao de e1u,voco eterni(ava as pris4es ou resultava na morte ainda para mais por1ue ORO Carta r*!ia I^ de Novembro de IJKI A A vol& +++ nQ IK2IN IORJ s&pp& ..................... 343 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola a distancia a 1ue se encontravam das suas terras no l.es permitia !o(ar de 1ual1uer tipo de socorro& 'crescentavam2se assim mais ra(4es para -a(er sentenciar sumariamente em 9unta todos os crimes dos ne!ros @indistintamenteA O^; & Na d*cada de IJK; os ministros ainda se apoiavam em muitas ordens do Consel.o Ultramarino contradit"rias entre si para acender disc"rdias e escapar obedincia devida aos Hovernadores& #m IJON depois de todas as re-ormas da 7ustia o Hovernador re-eria 1ue ao lon!o do s*culo G6+++ e 78 na sua se!unda metade as sentenas .aviam sido pro-eridas por todas as inst<ncias 7udiciaisE o /uvidor isolado o Hovernador com o ouvidor ou pela 9unta da 9ustia tal como se encontrava -ormulada por carta r*!ia& 10.$. Si%)-#%i2#& " (i&)i%" i'(A+)'# ' di-iculdade em apreender o sentido e as implica4es do direito consuetudin8rio -oi desde cedo sentida pelas autoridades portu!uesas& ' cr,tica iluminista valori(ava a uni-ormidade da lei por oposio ao costume& 0as no .avia maneira de -u!ir ao direito a-ricanoY e nesse caso era preciso saber de 1ue constava e sistemati(a2lo tanto 1uanto poss,vel& /ra em relao a estas sociedades ditas tradicionais ou da oralidade a biblio!ra-ia sobre Hist"ria de X-rica e as v8rias escolas da 'ntropolo!ia assinalam 1ue o direito no e$iste como corpo de normas parte -ormalmente codi-icado isto * 1ue o 7ur,dico no est8 separado do social& / direito o-erece2se como pr8tica social li!ada ao sa!rado ocorrendo por isso uma certa -uso entre as institui4es sociais e as institui4es 7ur,dicas& So os pr"prios -en"menos sociais 1ue produ(em uma dada ordem social e se constituem assim em dispositivos 7ur,dicos produtores de e-eitos 7ur,dicos& ' norma emana 1uando * necess8rio restabelecer os e1uil,brios sociais perante a aco de elementos de trans!resso O^I & Na verdade como a ordem 7ur,dica no * o produto arbitr8rio de uma O^; Carta de F+SC para FG0F :R de 9un.o de IJKK 'HU C$ L; Doc&IN& O^I Se!undo a 'ntropolo!ia 7ur,dica norte americana * direito tudo a1uilo 1ue produ( os mesmos e-eitos 1ue o direito ainda se o conceito de lei no e$iste -ormali(ado Vc-& Hluc[man Politics, (aO p& IJOYW Sobre os es1uemas -undamentais 1ue -uncionam sempre em estado impl,cito e permitem -a(er uma avaliao da !ravidade dos delictos 5ourdieu (e /ens Pratique %aris Les Zditions 0inuit ION; pp& IJ:2 IJRY uma e$plicao !enerali(ada indicando as interpreta4es de 0alino\s[i 0arcel 0auss Vo 7ur,dico no est8 separado do resto do socialW e outros no verbete @DroitA in 5onte2+(ard &ictionnaire de l*et-nologieUma an8lise cl8ssica das sociedades a-ricanas como sociedades do e1uil,brio j produ(indo2 se um dist3rbio no e1uil,brio se!ue2se uma reaco social tendente a restaur82lo criando um novo e1uil,brio jem 0& Fortes e #& #& #vans2%ritc.ard /istemas polWticos p& ::&s& ..................... 344 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola vontade mas o produto de uma tradio social 1ue * entendida como indispon,vel e at* sa!rada todos os con-litos vm a ter um car8cter supra2individual um si!ni-icado social e todo o acto anti27ur,dico * mais do 1ue uma in-raco * um desa-io s re!ras e aos e1uil,brios sociais& Nin!u*m pode sobreviver so(in.o numa sociedade a-ricana de tal -orma 1ue a noo de @pertenaA a um !rupo pode ser considerada socialmente mais estruturante do 1ue a de liberdade O^: & / direito do indiv,duo a uma vida pessoal * posto em causa lo!o 1ue est8 em 7o!o a sobrevivncia e o e1uil,brio do !rupo& 'ssim a presso de ordem colectiva ir8 sempre restabelecer os e1uil,brios 1ue -oram momentaneamente perturbados O^R & '-inal em todas as sociedades esto presentes corpos de normas !eralmente aceites e nesse sentido todas possuem direito& ' con-irmar esta ideia se tomarmos as provas lin!u,sticas como um tipo espec,-ico ou particular de -ontes O^^ 8 note2se 1ue nas principais l,n!uas banto de 'n!ola V1uimbundo e umbundoW no e$iste um voc8bulo espec,-ico para desi!nar o direito ou a lei& No 1uimbundo o voc8bulo QiNila VKituma& Kitumu9 :ue no 0ortu1u;s ,eio a dar <:uez=lia> si1ni+ica si.ultanea.ente a in+rac?@o A<0roi2i?@o i.0osta 0ela reli1i@o& 0ela tradi?@o ou 0elo direitoB 0rescri?@o& Cura& renuncia& a2sten?@o& 0ri,a?@o da 0rDtica de certos actos O^L W e a pr"pria @lei preceito mandamento re!ra ou res!uardoA O^K & No umbundo a palavra 1ue pode e1uivaler a lei * oc-ituma no sentido de preceito ou oc-isile, 1ue tamb*m se re-ere re!ra 1ue corri!e a in-racoY e o direito dos c.e-es em mandar di(2se oc-ikeleY tal como multa no sentido de pena pecuni8ria se di( oc-imbu, oc-issimbi O^J & O^: C-& DopBto-- 0iers @'-rican SlaverB&&& p& IJ& O^R 9ean Devisse @La )olleran(a&&&A pp& INN2INO& O^^ C-& 9an 6ansina @Lin!uistic evidence and .istorical reconstructionA TA. nQ ^; IOOO pp& ^KO2 ^JR& O^L 'ssis 9unior &icion'rio p& I:;& O^K Cordeiro da 0atta &icion'rio p& :I& O^J Hr*!oire le Huennec C&S&S&%& 9os* Francisco 6alente C&S&S&%& &icion'rio Portugu8s6Umbundu Luanda +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica de 'n!ola IOJ: p& IOR et RJ:& Ladislau 0a!Bar entre IN^O2 INLJ est8 em 'n!ola e passa al!uns anos no 5i*E @?uanto ao direito consuetudin8rio bikola VumbundoW da liberdade natural e da i!ualdade dos indiv,duos o povo 1uimbundo cedeu s" o indispens8vel para 1ue a constituio social dominada por um esp,rito selva!em possa reali(ar2se e perdurar& Cada .omem livre adulto e apto para o uso das armas * dono ilimitado da sua pessoa dos membros da sua -am,lia e dos seus pertences& 0as os c.e-es de -am,lia 1ue pertencem mesma aldeia ou ao mesmo distrito esto muito unidos por causa do proveito comum e da proteco m3tuaY apesar disso os bens m"veis so considerados propriedade individual e a !uarda e a proteco dos mesmos assim como a de-esa e a punio das o-ensas pessoais so assunto privado dos respectivos c.e-es de -am,lia e dos seus -amiliares e s" assuntos 1ue di!am ..................... 345 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0as independentemente de o direito estar -ormali(ado e$iste um c"di!o estabelecido uma s*rie de conven4es e re!ras sobre o 1ue est8 certo e o 1ue est8 errado O^N & ' aborda!em colonial do si!ni-icado dos mucanos remonta ao s*culo G6+ e -oi identi-icado por Cadorne!a na sua .istria Meral das Muerras Angolanas O^O 0ucano VMukanu9 era a desi1na?@o do :ui.2undo 0ara <delicto& cri.e& cul0a& 0leito> e re+eria#se a u. ti0o de Cul1a.ento ,er2al entre os Mbundu& ou si.0les.ente :ual:uer ti0o de desa,en?as OL; & / voc8bulo 1uimbundo -oi transposto pelos portu!ueses para -en"menos do mesmo tipo no planalto de 5en!uela se bem 1ue o voc8bulo o$imbu Foc-imbuH com o mesmo sentido constasse da l,n!ua umbundo& 'o lon!o de todo o per,odo colonial parece ter .avido uma certa .esitao 1uanto sem<ntica do termo e sua relao com a 7urisdio das autoridades coloniais& / uso do termo em te$tos coloniais nem sempre * claro& 0uitas ve(es sur!e identi-icado com o c.amado 9u,(o das Liberdades uma inst<ncia 7udicial prevista no 1uadro colonial com capacidade para determinar Vcon-irmando ou in-irmandoW o estatuto do escravo mediante a apresentao de provas& /ri!inariamente no 1uadro a-ricano puro mucano si!ni-icava toda e 1ual1uer -orma de lit,!io decidido verbalmente& /s mucanos encerravam assim variantes no sentido em 1ue a 1ualidade da causa e$i!ia um outro voc8bulo 1ue denotasse o tipo de crimeE morte violenta -eitiaria pa!amento de d,vida demandar ou acusar um -urto pedir satis-ao de uma in73ria& #ssa comple$idade do direito local -oi ali8s identi-icada e e$plicada para o planalto de 5en!uela OLI & respeito a toda a comunidade so tratados pela comunidadeA Ladislau 0a!Bar 2iagensP& traduo provis"ria da edio alem 3eisen in sgd6Afrika in den Na-ren >@?C bis >@GB von Ladislaus 0a!Bar Leip(i! INLO V)raduo alem da primeira edio .3n!ara T 4ag5ar ('%lo &elafrikai Utas'i IN^O2LJ #[bnW& '!radeo a 0aria da Conceio Neto o acesso consulta& O^N C-& Hluc[man acerca dos Nuer e de todas as conven4es constru,das volta da circulao do !ado& #$emplo o 1ue um .omem tem 1ue pa!ar em !ado ao pai da sua noiva& C-& Custom and Conflict, p& I;& O^O Cadorne!a .istria ,vol& : p& KI& OL; Sobre a evoluo sem<ntica do termo mucano Vmu[anuW vide Santos e )avares A Apropria#o Hloss8rio& OLI /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& ..................... 346 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola /s usos coloniais do voc8bulo mucano e da instituio 1ue l.e anda associada restrin!iram2l.e o si!ni-icado 7ur,dico e social acabando por estabelecer uma identi-icao simpli-icadora entre Causas de 0ucanos e 9u,(o de Liberdades 1uando decidir da liberdade ou da escravido no era mais do 1ue um dos <mbitos do mucano& 0as a con-uso instala2se acima de tudo pelo -acto de muitas ve(es o 7ul!amento de mucanos vir a implicar o pa!amento de uma multa como -orma de reparar o crime por meio da entre!a de escravos ao vencedor por parte de 1uem o perdia& / 1ue si!ni-ica 1ue nem sempre o mucano incidia sobre a liberdade ou escravido de al!u*m embora a @economiaA das multas em 1ue se tradu(ia este direito penal envolvesse com -re1uncia pa!amentos com escravos& 'li8s o re!imento do Hovernador de 'n!ola VIKJKW * para esse sentido 1ue aponta 1uando de-ine os 9u,(es de 0ucanos como @7ul!adores de d,vidasA 1ue os sobas tin.am uns com os outros OL: & 'trav*s de uma interro!ao das -ontes coloniais * poss,vel reconstituir a .ist"ria desta instituio a-ricana na sua relao com o direito e as instancias 7udiciais coloniais e acompan.ar a evoluo sem<ntica de 4ucanos e TuW%o de (iberdades& /s es-oros de sistemati(ao dessa instituio e do direito a-ricano re-oram2se na se!unda metade do s*culo G6+++& ' racionali(ao do direito colonial obri!ava racionali(ao Vposs,vel&&&W do direito ind,!ena uma ve( 1ue um e outro sistema normativo se articulavam entre si atrav*s da 7urisdio dos capites2mores& 10.$.1. E,&#;#%/&# i'%)&'# ) ,i&,/4#01"* " )4)-)'%" (# %&#'+&)1" / 7ul!amento de mucanos no 1uadro a-ricano comea por estar associado s 1uest4es da escravatura a-ricana b tamb*m desi!nada escravatura interna distinta nos meios de a1uisio e nos -ins da escravatura atl<ntica OLR b e s 1uest4es da circulao de OL: Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& capQ IN& OLR ' escravatura atl<ntica remete para uma concepo ocidental estereotipada de escravatura emer!ente com a coloni(ao europeia e praticada nas col"nias americanasE vender .erdar ou comprar uma pessoa& ' escravatura a-ricana remete para uma realidade mais comple$a 1ue o estere"tipo& #mbora em X-rica os escravos tamb*m pudessem ser comprados ou capturados em !uerras ou ra(ias a pr8tica de outros meios de a1uisio era comum e acima de tudo o tipo de incorporao 1ue recebiam nas sociedades de 1ue passavam a -a(er parte era muito diversa da veri-icada no caso !rande com*rcio atlantico& +!or DopBto-- e Susan 0iers identi-icam variad,ssimas vias de a1uisioE compra de "r-osY compra de crianas consideradas peri!osas do ponto de vista sobrenatural abandonadas pelos paisY troca de pessoas por cereais em *pocas de ..................... 347 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pessoas em especial os direitos da lin.a!em matrilinear sobre os -il.os transac4es impl,citas ao casamento e dotes decorrentes da circulao das mul.eres& ?uanto ao primeiro aspecto no centro de 1ual1uer discusso sobre escravatura em X-rica esto os v8rios tipos de direitos 1ue uma pessoa ou um !rupo de pessoas podem e$ercer sobre outrem e a 1ue os antrop"lo!os c.amam @direitos2sobre2pessoasA V@ri!.ts2in2 personsAW OL^ & ' relao entre a 1uesto destes @direitos2sobre2pessoasA e as culturas a-ricanas tra( consi!o trs dimens4es& #sses direitos so recon.ecidos e de-inidos pelos sistemas normativos end"!enosY so ob7ecto de transac4es de e$trema comple$idadeY e a posio do escravo s" pode ser entendida no conte$to cultural !eral desses mesmos direitos& ?uanto ao se!undo aspecto a circulao das mul.eres monopoli(ada e estabelecida pela !erao dos mais vel.os atrav*s de alianas matrimoniais pode di(er2se 1ue as transac4es de @direitos sobre pessoasA constituem nestas sociedades a!r,colas onde a abund<ncia das pessoas era a principal -onte de ri1ue(a um dos aspectos mais importantes dos sistemas pol,ticos& So um elemento base de 1ue se -a( o poder pol,tico social e tamb*m econ"mico OLL & Z para isso 1ue aponta um e$tenso relato escrito por um mission8rio capuc.in.o do Hosp,cio de 5an!o '1uitamba datado de IJ;R se!undo o 1ual os 7ul!amentos de mucanos 1ue eram condu(idos ao arb,trio dos !overnadores e dos capites2mores obtin.am a sua ra(o de ser nas din<micas e nas re!ras da circulao das pessoas e em especial das mul.eres pelas terras dos sobas& ' 1uesto da circulao das mul.eres e em especial o -acto de elas se estabelecerem em terras 1ue no eram as de ori!em e a, terem -il.os pun.a v8rios tipos de 1uest4es entre elas al!umas relacionadas com o poder& Nas concep4es de poder a-ricano a vida e os servios dos s3bditos constitu,am a principal ri1ue(a e -onte de poder pol,tico para os sobas& / poder de um soba media2se em relao s pessoas sobre 1ue o e$ercia& /ra as sociedades Mbundu o2edecia. ao siste.a .atrilinear& :uer dizer& a= 0re,alecia o 0arentesco con+or.e a linEa1e. uterina( -omeY @estran!eirosA 1ue se colocam a si mesmos em posio de dependncia 1uando -orados a dei$ar o seu pr"prio povoY pen.ores 1ue acabam em servidoY compensa4es por crimes pa!os com pessoasY raptos& / 1ue 1uer di(er 1ue a a1uisio de pessoas constitu,a um processo 1ue ia desde a transaco pessoal e pac,-ica entre !rupos vi(in.os at* rela4es bilaterais e compulsivas passando Vcom di-erentes !raus de coero e or!ani(aoW por raids violentos ou !uerras& C-& @'-rican SlaverB&&& passim& OL^ DopBto-- e 0iers @'-rican ]SlaverBU&&& p& J e ss& OLL Sobre tudo isto vide 0iers e DopBto-- @'-rican SlaverB as an institution&&& ..................... 348 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola $a ,erdade& os +ilEos n@o 0ertencia. so.ente ao 0ai e F .@e& .as so2retudo ao tio .aterno& seus ir.@os e ir.@s ou at a 0ri.os uterinos OLK & ' descendncia -a(ia2 se por lin.a materna e 1uem e$ercia autoridade num n3cleo -amiliar or!ani(ado se!undo o sistema matrilinear era o tio materno assim considerado c.e-e dos -il.os de suas irms OLJ & %or isso o mesmo mission8rio re-eria 1ue em 'n!ola os mucanos pertenciam T na medida de @di(erem respeitoA 2 s @!era4esA no sentido de !enealo!ia lin.a!em ou !rupos de -iliao OLN & /s direitos sobre os -il.os das mul.eres de uma lin.a!em pertenciam por direito ao sobado de ori!em obedeciam ao tio materno se bem 1ue os pais biol"!icos pertencessem eventualmente a uma outra lin.a!emE @como as ne!ras e os ne!ros vo ordinariamente de .umas terras para outras # l8 se amancebam com ne!ros e ne!ras -il.os ou -il.as de outros sobas e os -il.os destes ou da1ueles donde sairam os ne!ros per 1ue como di( o direito partes sequitur $entrum * seu direito e sen.orio o soba de 1uem so as ne!ras estas se dei$o estar com seus -il.os nas terras donde os 1uerem # 1uerendo os o dito sen.orio recol.em nos no seu estadoY * muitas ve(es di-icultoso por no 1uerer l.e entre!ar o soba donde esto estes ne!ros com 1ue necessariamente .o2de OLK C-& 6er C& He--raB )em pai, nem me Lisboa Camin.o :;;;& OLJ Sobre sociedades matrilineares em X-rica e a 1uesto dos direitos sobre as pessoas V@ri!.ts2in2 personsAW C-& 0iers e DopBto-- @'-rican SlaverB as an institution&&& p& N2OY ver tamb*m Hluc[man Custom and Conflict p& KK2KJ& OLN ' utili(ao do voc8bulo !erao na documentao para desi!nar a1uilo 1ue a 'ntropolo!ia e a Hist"ria de X-rica nomeiam como !enealo!ia lin.a!em ou !rupos de -iliao -oi discutida num outro trabal.o& @Constitui re-erncia -undamental e modelar a de-inio dada por 0illerE @'s !enealo!ias .ist"ricas ou musendo consistem em con7untos de nomes pessoais li!ados entre si pelas rela4es convencionais de -iliao e a-inidadeE pais tm -il.os maridos tm esposas irmos -il.as sobrin.os etc e todos -i!uram nas 8rvores !eneal"!icas 1ue os .istoriadores tradicionais +mban!ala recitam numa cl8ssica -orma b,blica VPW embora tais ]8rvores de -am,liaU paream retratar um processo de !erao biol"!ica com casamentos e descendentes etc de -acto re-erem2se e$clusivamente a t,tulos pol,ticos Vno caso das -i!uras masculinasW e a !rupos de -iliao Vas -i!uras -emininasW todos re-erindo2se a institui4es 1ue sobreviveram at* ao presente& +sto empresta !enealo!ia uma 1ualidade sincr"nica VPW ' !enealo!ia identi-ica a lin.a!em 1uer pelo seu pr"prio nome VPW 1uer pelo nome de uma mul.er .ist"rica dessa lin.a!em VPW /s casamentos mostrados na !enealo!ia li!am assim VsobretudoW t,tulos pol,ticos @masculinosA como -il.os s lin.a!ens @-emininasA como @mesAY a lin.a!em materna det*m o direito de desi!nar os 1ue vo ocupar a posio de @-il.oA e assim tem a posse do t,tulo no mesmo sentido em 1ue as matrilin.a!ens +mban!ala controlam os seus pr"prios membros& /s mais vel.os ou @tiosA da lin.a!em Vma[ota sin!ular di[otaW actuam como !uardies e consel.eiros em relao ao portador do t,tuloA V0iller Poder PolWticoP pp& IJ2INW. No podemos dei$ar de re-erir 1ue no s*culo G6+ em %ortu!al o voc8bulo !erao aparece com um sentido similar& 6er por e$emplo a Carta de Doao a %aulo Dias de Novais V;K&;O&ILJIWE @# asi 1uero e mando 1ue todos os erdeiros e subessores do dito %aullo Dias de Novais 1ue esta capitania erdarem se subcederem per 1ual1uer via 1ue se7a se c.amem de Novais e tra!o as armas da dita !erao P&A Felner Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos, p& ^I;& Na documentao interna dos sobados o voc8bulo !erao aparece polissemicamente com todas estas asser4es& ' especi-icidade das 1uest4es pol,ticas tratadas introdu( conceitos como @dono da !eraoA @patro da !eraoA e todas as 1uest4es relacionadas com a -i$ao e a le!itimao das @!era4esA& C-& Santos e )avares A Apropria#o Hloss8rio& ..................... 349 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ter demandaY para a moverem -a(em petio ao Hovernador&&&A OLO & %ara 1ue os sobas ou macotas provassem 1ue os -il.os Vno sentido de s3bditosW l.es pertenciam o Hovernador e$i!ia 1ue apresentassem testemun.as para poder sentenciar& 6indas as testemun.as cada um comeava a ale!ar o direito 1ue tin.a OK; & Note2se 1ue todas estas transac4es 7uridicamente re!uladas assim como a preservao de direitos tin.am atr8s de si @corpora4esA 1ue transcendiam lar!amente os indiv,duos 1ue l.e pertenciam& # sendo assim eram muitas ve(es manipuladas com o ob7ectivo de vir a aumentar o n3mero de s3bditos an!ariar dependentes e -a(er crescer a ri1ue(a e o poder OKI & No caso das mul.eres e dos direitos sobre os -il.os na l"!ica do sistema matrilinear estavam em causa direitos da lin.a!em 1ue podiam ser avocados em audincia de mucanos& %or isso se -ala de mucanos 1ue pertencem s @!era4esA no sentido de lit,!ios 1ue respeitam aos direitos da lin.a!em& '-inal as lin.a!ens a-ricanas @possu,amA os seus membros e estes constitu,am a ri1ue(a da lin.a!em onde se viam inseridos& Nem podia ser de outra maneira tratando2se de sociedades onde as rela4es eram -undamentadas no parentesco e onde a ri1ue(a se baseava no n3mero de dependentes( 10.$.$. T&J5i," #%4N'%i," ) I/A2" (# Li!)&(#() Com o desenvolvimento do tr8-ico de escravos teria .avido uma assimilao da palavra mucano F ca0acidade& reconEecida F Curisdi?@o dos ca0it@es#.ores& 0ara Cul1are. e. 0ri.eira instGncia acerca da condi?@o de li2erto e de escra,o& co. recurso ao direito a+ricano( H. %uanda +unciona,a& co.o instGncia de a0ela?@o& o .es.o tri2unal& 0residido 0elo -o,ernador( $u.a e noutra situa?@o esta,a#se 0erante a Audi;ncia& ou Tri2unal de Mucanos& F :ual era reser,ado o Livro de 0ucanos em permanente circulao entre os pres,dios e Luanda OK: & OLO #$posio de Frei 5elc.ior da Concepo sobre os acontecimentos de 'n!ola : de Fevereiro de IJ;R 5iblioteca da '7uda C"d& L^2G+++2IL NQ I;:& OK; ' esta sesso assistia um cl*ri!o o secret8rio e o escrivo dos mucanos e depois era dada a sentena& OKI DopBto-- e 0iers @'-rican ]SlaverB&&& OK: ' curiosidade 1ue naturalmente desperta a e$istncia de documentao deste tipo capa( de ilustrar o -uncionamento de um tribunal avivada a todo o instante por re-erncias mais ou menos consistentes dispersas em documentao avulsa ou em processos 7udiciais no -oi satis-eita durante as buscas 1ue levei a cabo& Devo di(er 1ue procurei estes livros de mucanos nos di-erentes ar1uivos 1ue percorri sem sucesso& )endo con-rontado os resultados da min.a busca com a1ueles 1ue obteve o meu cole!a Ro1uinaldo 'maral nos ar1uivos de 'n!ola e outros parece le!,timo declarar o desaparecimento destes livros desde lo!o su7eitos a des!aste e tamb*m desvios nos vaiv*ns dos circuitos administrativos& #m Luanda o preenc.imento do livro com as resolu4es das causas dos 0ucanos era da competncia do ..................... 350 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Foi durante o !overno de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o 1ue se procurou de-inir o direito a-ricano e delimitar as suas 8reas de aplicao& / novo re!imento dos capites2mores datado de IJKL Vsubstituindo o de :^ de De(embro de IKJIW discutia amplamente o conceito de mucano CSA & ' primeira clari-icao e$plicava 1ue os Capites2 mores -a(iam um uso !enerali(ado da palavra& Classi-icavam de mucanos todos os autos de 7urisdio 1ue e$erciam e at* 7ul!avam em 'udincia de 0ucanos casos 1ue tin.am a ver com a ordem p3blica na 1ualidade de 7u,(es ordin8rios& %ortanto os capites2mores assimilavam o direito e a 7urisdio coloniais s -ormas da 7urisprudncia end"!ena& / campo sem<ntico a 1ue se re-eria o voc8bulo mucano alar1a,a#se& 0ara inte1rar a Curisdi?@o colonial ( !esde 1698 OK^ o 1ue estava prescrito era 1ue os Capites2mores se moviam em duas 7urisdi4es distintas& Seriam 7u,(es de causas de Liberdades nos seus Distritos em primeira inst<ncia sentenciando com recurso ao direito ind,!enaY seriam 7u,(es ordin8rios nos pres,dios aplicando o direito portu!us& / re!imento de IJKL se!uia a mesma orientao procurando dar conte3do conceptual e institucional ao voc8bulo mucanoE @ vista desta necess8ria instruo -ica reprovado o uso das Leis Hent,licas por1ue na dita audincia de mucanos sentenceiam con.ecendo as obri!a4es em 1ue os Ne!ros constituem as suas ami!as ou se7a para l.es ordenarem a continuao do trato il,cito ou se7a para pa!amento e restituio de 1ue pela tal desordem dero mutuamente ou -inalmente se7a pela obri!ao de -idelidade do concubinato tudo compre.endido na re-erida audincia de mucanos e no c.amado direito de ?uitu$e e /panda o 1ual estende ate aos ca(os -ortuitos como de incndio ru,na da ca(as e perda ou corte de arvores o 1ue tudo .e reprovado parte pela sua nature(a parte pelo modo como se pratica&&&A %ortanto os casti!os 1ue o capito2mor impusesse como o-icial militar deviam ser inteiramente separados da 'udincia de 0ucanos com apelao para inst<ncias separadas& /s 7u,(os de Liberdades com apelao para o 7ui( superior Vo Hovernador em Luanda na sua 1ualidade de 7ui( de 0ucanosW e os casos re!idos pelo direito portu!us para o /uvidor Heral de 'n!ola& Secret8rio do reino de 'n!ola 'HU C"d& IKO -l& NR v& 6er tamb*m Carlos Couto IOJ: Os capites6mores de Angola p& IKI& Na Sociedade de Heo!ra-ia de Lisboa e$iste um Livro dos 0ucanos 78 para a se!unda metade do s*culo G+G associado ao esp"lio de Silva %orto& OKR h Re!imento dos capites2mores i publicado por Carlos Couto Os CapitesP pp& R:N2R:O& OK^ /rdem r*!ia de IL de 0aro de IKON Re!imento&&& "bidem p& R:N& ..................... 351 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola No re!imento de IJKL determinava2se 1ue aos capites2mores cabia o @recon.ecimento pelos usos e costumes das popula4es locais observado no 7ul!amento dos mucanosA& /s arti!os I; e se!uintes do re!imento permitem concluir 1ue os mucanos correspondem a um 7ul!amento em primeira inst<ncia de assuntos internos com recurso ao direito local& 'ssim embora mucano -osse a desi!nao do 1uimbundo para @delicto crime culpa pleitoA e primitivamente e no 1uadro a-ricano mucano si!ni-icasse toda e 1ual1uer -orma de lit,!io decidido verbalmenteA com o desenvolvimento do tr8-ico de escravos teria .avido uma assimilao da palavra capacidade recon.ecida 7urisdio dos capites2mores para 7ul!arem em primeira inst<ncia acerca da condio de liberto e de escravo& Da, a e$presso 7u,(o de liberdades( / 7u,(o das liberdades constitui uma das -un4es mais importantes dos capites2 mores devendo estes despac.ar a, com um ad7unto 1ue poderia ser o p8roco do pres,dio& Depois de ouvidos os mucanos relativos s mesmas liberdades e$aminadas as testemun.as o processo devia ser -ec.ado e assinado por ambos& Depois da sentena pro-erida estava prevista apelao para a alada do Hovernador mesmo 1ue as partes no tomassem essa iniciativa& %osteriormente as partes deviam ser citadas para 1ue se desse se!uimento do processo em Luanda& #m per,odos de maior desordem 1uando a livre circulao de .omens brancos ou @pretos caladosA no serto levava a 1ue -ossem -eitos escravos .omens 1ue de -acto deviam continuar livres contra o direito portu!us da !uerra 7usta mas tamb*m contra os tr<mites do direito ind,!ena OKL ocorriam muitas 1uei$as 7unto do 7u,(o das Liberdades em Luanda por parte dos pr"prios @escravosA ou dos seus sobas OKK & Com o aumento do tr8-ico OKL +sto * 1uando estatuto de escravo passa a ser de-inido maioritariamente pelos interesses mercantis e no pelos ra(4es dos direitos vi!entes& OKK Cito o caso passado em IJLRE @Dos pres,dios mandei vir rela4es do presente estado em 1ue as Fortale(as se ac.am e 7untamente mapas das suas !uarni4es e muni4es de !uerraY a pouca ordem com 1ue estas clare(as me vieram me impossibilita para as poder remeter a 6& #$pY porem sempre sou obri!ado a di(er neste lu!ar 1ue tudo se ac.a em lastim8vel estadoY por1ue as mural.as de todas as -ortale(as esto arruinadas no .8 armas nelas nem p"lvora nem !ente branca para a sua de-esa e s" .8 abund<ncia de comerciantes de pretos e todos eles sem conscincia nem temor de Deus nem da 7ustiaY os sobas com esta peste vivem ve$ados os seus escravos e s3bditos a 1uem l.es c.amam -il.os l.e -o!em por no poderem suportar as tiranias dos ditos comerciantes 1ue sem mais 7us 1ue o da sus ambio tra(em a vender a esta cidade todos os dias in-initos pretos livre e os pleitos 1ue correm por este motivo no 7ui(o das liberdades de 1ue o Hovernador * 7ui( so inumer8veis& #stes escandalosos delictos me -i(eram con.ecer a 7ust,ssima causa por ..................... 352 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de escravos tamb*m os tribunais a-ricanos .aviam comeado a @produ(irA escravos para alimentar os canais atl<nticos OKJ &%ode mesmo di(er2se 1ue .ouve um alar!amento desta cate!oria social ao n,vel mais elementar da -am,lia e da aldeia em muitas lin.a!ens a-ricanas OKN & Conv*m notar 1ue a 1uesto da escravatura interna ocupa um lu!ar muito importante neste 1uadro do direito& De -acto muitos crimes eram reparados com multas sob a -orma de escravos& 0as tamb*m podia acontecer 1ue o culpado do crime pa!asse essa multa com a perda da sua liberdade tornando2se escravo& / 1ue acontecia 1uando no dispun.a de meios para pa!ar a multa atrav*s de outros meios ou 1uando estavam em causa crimes 1ue deviam ser punidos com a perda de liberdade OKO & / se!undo momento em 1ue volta a veri-icar2se uma tentativa para clari-icar todas estas .esita4es sem<nticas coincide com o !overno de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo& 'li8s * este Hovernador 1uem o-erece uma e$plicao mais sistemati(ada do re!ime destes 7u,(os em v8rios passos das suas cartas OJ; & #m IJON novo esclarecimento * dado acerca dos mucanosE @1ue se entende por 0ucanos por tomar 0ucanos e por outras -rases e nomes pr"prios das lin!oas 5en!uella e 'mbunda 1ue se usam nos 'utos e 1ue * necess8rio entender o 1ue si!ni-icam&&&A OJI & Contraria a de-inio de Sousa Coutin.o mas como se ver8 apro$ima2se mais do 1ue na pr8tica se veri-icavaE @os capites2mores con.ecem com o nome de 4ucanos das causas em 1ue se tracta da condio das pessoas isto .e se so livres ou escravas e este 9ui(o se denomina tamb*m 9ui(o de Liberdades& 1ue S0 nos cap IJ e IN do meu re!imentoY e nas instru4es 1ue 6& #$& em nome do mesmo sen.or me deu por este escrito proibe a toda a pessoa branca ou parda as entradas no serto e para dar principio ao rem*dio 1ue este to !rande mal necessita avisei a todos os capites mores 1ue me prendessem toda a pessoa branca ou parda 1ue passassem por seus districtos sem licena min.a o 1ue se tem principiado a -a(er e ten.o 78 na cadeia al!uns destes insolentes &&&A /-,cios do Hovernador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a :O de /utubro de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& OKJ C-& 0iller =a5 of &eat- pp& IIL e ssY e Love7oB :ransformations in /la$er5 p& II;& OKN C-& 9ill Dias @'n!olaA O "mprio p& RRI& OKO Carlos #stermann identi-ica estas situa4es para os povos 5anto do sudoesteE adult*rio praticado com a mul.er de um soba ou alto di!nit8rio va(ar um ol.o a al!u*m ou simplesmente pa!ar com a pr"pria liberdade uma multa para cu7o pa!amento no se disp4e de outros meios& C-& ,tnografia do /udoeste de Angola, vol& : p& I^R& OJ; 6er tamb*m @'n!ola no -im do s*culo G6+++A 1/M( s*rie K nQ L pp& :NJ2:NN& OJI /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& ..................... 353 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %ertence2l.es i!ualmente decidir pelas leis portu!uesas e como 9ui(es ordinarios a1uellas 'c4es 1ue do Direito dellas nascem e nas mesmas Leis se -undo se!undo a -orma 1ue dispoem o Re!imento dado aos Capitens2mores fIJKL cap& I;g OJ: & 'os souvas toca o con.ecimento das causas -undadas nas Leis e costumes 1ue por tradio entre os seus povos se !uardam e observam& 0as depois desta de-inio recon.ecia2se a diversidade dos crit*rios com um concluso onde se destaca a ideia de 1ue o Rei teria o direito de decidir unilateralmente 1ual era o direito dos sobas& Neste particular .8 uma !rande diversidade e con-uso 1ue sempre e$istio e e$istir8 em 1uanto Sua 0a!estade no declarar e decidir 1ual .e o Direito dos Souvas desta Con1uista 1uesto 1ue pode ser tratada com lar!ue(a e !rande ponderao depois de se terem tratado outras no menos ponderosas 1ue l.e respeito mas 1ue talve( nunca se posso claramente averi!uar por maneira 1ue as coisas -i1uem redu(idas a principios certos claros e -undados em ra(o e 9ustia& Como pois os Souvas pu!no sempre pelo Direito 1ue ori!inariamente tin.o de 7ul!ar os seus %ovos e os Capites mores por outra parte 1uerem e$ercitar a 7urisdio de seus Car!os principalmente desembar!ando contendas por cu7o desembar!o levam custas e$orbitantes e in7ustas por este motivo .8 na mat*ria con-uso e diversidade e$tendendo2se a mais ou menos a 9urisdio dos Capites mores se!undo o maior ou menor respeito 1ue a elles tem os Souvas no 1ue in-lue muito a distancia em 1ue -ico as suas terras dos %res,dios e mais 1ue tudo o seu poder e -orasA OJR & ' restrio da de-inio sur!ia em IJOK 1uando -oi necess8rio e$plicar a 7urisdio do Hovernador de 5en!uela em relao s causas de 0ucanosE @Nas causas de 0ucanos tem o Hovernador de 5en.!uela no seu continente a mesma 9urisdiao 1ue tem no de Loanda o Capito Heneral devendo ambos pe(ar a !ravidade destes %leitos onde se desputa o ser de liberto ou de #scravo e 1uando o Carimbador ouve ra(4es atend,veis a -avor dos Ne!ros os mandar8 meter na cadeia publica e na vossa presena os -areis processar summariamente e tanto para os interlocut"rios de ouvidas as partes como para a sentena -inal elle!ereis um 'cessor letrado para 1ue a 7ustia decida a 1uestao sem propender nem para o Ne!ro nem para o pertendido sen.orA OJ^ & ' de-inio ade1uada acaba por ser a mais !eral @tomar mucanos 1uer di(er -i!urar em uma causa ou lit,!io 1ue se decide verbalmente se!undo os costumes do %a,sY OJ: Re!imento dos Capites2mores :^ de Fevereiro de IJKL publ& +n Carlos Couto Os capites&&&& pp& R:R e ss& OJR /-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp&& OJ^ Re!imento para o uso do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I^N& ..................... 354 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola aplicando2se esta -rase assim aos 7ui(es ou sobas 1ue ouvem e 7ul!am como s %artes 1ue esto a Direito 1uer se7am autores 1uer R*us OJL & ' di-,cil recepo do direito portu!us no 1uadro colonial a-ricano continuou a ser tratada por !overnadores em relat"rios e mem"rias mais ou menos e$tensos ao lon!o de todo o s*culo G+G e a dar not,cia da dist<ncia entre o pro7ecto pol,tico ima!inado em Lisboa e a aco no terreno encabeada por administradores superiores 1ue necessitavam no in,cio de cada !overno de se inteirar da realidade a !erir e das ur!ncias a resolver& Cerca de IN^L o @%ro7ecto de re!imento para os distritos e pres,dios de 'n!olaA OJK
na sua %arte 9udicial tratava das atribui4es 7udiciais dos capites2mores& No arti!o I;O -risava2se 1ue as suas @'udiencias eram no s" para a instaurao e direco de Cau(as Civeis Vusando da 7urisdio de 7ui( ordin8rioW mas tamb*m para as ouvidas de mucanos retirando 1uanto -osse possivel @o u(o das Leis HentilicasY no Sentenciando contra Direito VPW devendo convence2los com ra(4es persuasivas a respeito de taes mucanos assim como nos quitu+es f7uramentog e opandas fmulta pa!a pelo adult*riog por ser tudo reprovado OJJ A& / direito a-ricano continuava a ser aplicado pelos capites2mores nos pres,dios e a vi!orar plenamente no <mbito da1uilo a 1ue se pode c.amar o direito penal e privado& 'nos mais tarde 78 em INNR o Hovernador Francisco 9oa1uim Ferreira do 'maral denunciava a re!ulamentao demasiado te"rica 1ue no podia dei$ar de e$istir na #uropa e reclamava a determinao da sua -orma de aplicao na1uela col"nia 78 1ue os direitos locais continuavam bem viva(es& 10.:. R),)301" ) I'%&/-)'%#4i2#01" (" Di&)i%" P"&%/+/G 3)4" #5&i,#'" ' incidncia do Direito portu!us no direito a-ricano passou em primeiro lu!ar pelos autos de vassala!em estabelecidos entre o rei de %ortu!al e os potentados a-ricanos& #sta * a via mais anti!a de contacto e interaco entre institui4es coloniais e institui4es end"!enas 78 1ue remonta aos primeiros tempos da coloni(ao& ' se!unda via tem a ver OJL /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& No -inal do s*culo G6+++ #lias 'le$andre da Silva Corra di(ia sobre a 7urisdio dos capites moresE @P no obstante a su7eio de vassala!em 1ue dedicam Cora portu!uesaY antes * de-endido aos capites mores dos pres,dios em 1ue residem o tanar mucanos isto * sentenciar os seus verbais lit,!ios para l.es dei$ar a liberdade de e$ercitar os seus costumesY apesar de serem -undados sobre a in.umanidade cubia e vos capric.osPA OJK Angolana vol& + p&RN OJJ De todas as ouvidas tomar8 o #scrivo nota no seu %rotocolo 1ue ser8 obri!ado a ter& ..................... 355 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola com a con7untura racionalista e passa pelo re-oro do le!alismo e do direito processual 7unto dos sobas atrav*s da aco mediadora dos pres,dios e seus capites2mores& 10.:.1. O ;",#!/4J&i" 5)/("-;#J4i," #m teoria a ideolo!ia racionalista contrariava e$plicitamente as pr8ticas -eudais nas suas v8rias e$press4es& 0as em 'n!ola as rela4es com os poderes a-ricanos tin.am sido estruturadas desde o in,cio da con1uista por meio desta instituio mais no seu sentido pol,tico27uridico do 1ue no social e econ"mico& /s laos inter2estados assentavam nas vassala!ens com todas as cerim"nias associadas OJN & ' alterao do padro de relao com os poderes a-ricanos T maioritariamente assente nos tratados de vassala!em 2 no se o-erecia como .ip"tese a e1uacionar& 's -ormula4es de cari( -eudal e a moldura 7ur,dica 1ue elas produ(iam -oram conservadas e at* reiteradas na se!unda metade do s*culo G6+++ apesar de al!umas cr,ticas prota!oni(adas pelo Hovernador 0i!uel de 'lmeida 6asconcelos& Rotulava os autos de vassala!em estabelecidos entre os !overnadores de Luanda e os sobas a-ricanos de @arremedos de direito -eudal OJO denunciando a inconsistncia e desa7ustamento da lin!ua!em 7ur,dica colonial -ace s novas e$i!ncias de um #stado re-ormado em moldes racionalistas& ' lon!a convivncia a-ricana com a instituio pol,tico27uridica das rela4es de vassala!em por meio de cerim"nias comp"sitas e documentos escritos * respons8vel por um lado pela incorporao da1uela instituio europeia 1ue se constitui em inst<ncia a-ricana de auto#le!itimao v8lidaY e por outro pela apropriao da escrita como instrumento privile!iado na estruturao das rela4es dos estados a-ricanos com o poder colonial mas tamb*m nas rela4es inter2estados a-ricanos& De -acto o lon!o e$erc,cio da vassalidade e$i!iu e permitiu tamb*m 1ue os poderes locais se vissem obri!ados a incorporar os conceitos associados instituio& #$press4es como @soba vassaloA @dembo vassaloA @seu vassaloA so comuns e aparecem usadas pelos pr"prios no s" para de-inir o !rau de entendimento com o poder colonial mas tamb*m para de-inir as rela4es entre autoridades locais sempre 1ue * necess8rio OJN / primeiro caso data de ILN:& C-& Heint(e @Luso2'-rican -eudalism&&& passim& %ara complementar o ponto de vista 7ur,dico a1ui tratado ver J&:&I& 2assalagens e territrio onde se analisam os tratados de vassala!em estabelecidos durante a se!unda metade do s*culo G6++ e o seu papel na estrat*!ia de territoriali(ao do #stado colonial& OJO /-,cio do Hovernador 0'0 para RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& ..................... 356 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola invocar ou le!itimar alianas& 'li8s o pr"prio poder colonial esperava 1ue assim acontecesse e usava como lin!ua!em pol,tica de comunicao o 7ar!o da vassala!em& ' possibilidade 1ue os poderes a-ricanos tin.am de o entender articula2se com a 1uesto do car8cter social das suas institui4es pol,ticas& %a!ar o tributo como sinal de su7eio -a(ia sentido mais para a-ricanos do 1ue 78 para europeus em relao sustentao das rela4es sociais e pol,ticas( 7ra& o :ue a:ui 0arece i.0ortante +azer ressaltar o +acto de I a0esar da .ani+esta distancia entre a su0er+=cie ter.inol*1ica e a car1a se.Gntica dos conceitos Aat 0or:ue ED u. certo es,azia.ento desses .es.os conceitos ON; W j ser este o vocabul8rio pol=tico#Curidico rece2ido e incor0orado 0elos 0otentados do actual es0a?o an1olano( $a ,erdade& a:uilo :ue se ,eri+ica u.a es0cie de transcri?@o& resultado da articula?@o entre a in,oca?@o de u.a +ilia?@o si.2*lica& co. recurso ao ,oca2ulDrio a+ricano do 0arentesco 0er0tuo # 0ai da 1era?@o JlinEa1e.K& <+ilEo>& no sentido sociol*1ico do ter.o& .ais as Eierar:uias e classi+ica?Les 0ol=ticas :ue esse 0arentesco i.0Le # e o ,oca2ulDrio euro0eu constru=do e. torno da no?@o de a.izade 0ol=tica e do .undo do.stico& co.o .odelo do .undo 0ol=tico& de +orte incid;ncia no Anti1o 'e1i.e( !ois siste.as distintos de .eta+oriza?@o do 0ol=tico Ma lin1ua1e. do 0arentesco a+ricano& e a lin1ua1e. dos senti.entos 0ol=ticos& +orCada na doutrina euro0eia M re,ela,a.# se .utua.ente 0er.eD,eis 0er.itindo a co.unica?@o pol,tica ONI & Uma comunicao tornada poss,vel por1ue baseada num entendimento muitas ve(es super-icial das institui4es a-ricanas e das institui4es europeias mas tamb*m por1ue -ortemente ON; ' moldura dada pelos tratados de vassala!em re!ulava muito va!amente as rela4es entre os sobas e os pres,dios sobretudo no 1ue toca s obri!a4es dos primeiros em relao aos se!undos& )oda a discusso em torno dos servios 1ue os vassalos deviam prestar nos pres,dios d8 conta da enorme dist<ncia 1ue se -oi estabelecendo entre o te$to do tratado e as pr8ticas 1ue a prete$to e com base nele se levavam a cabo& +n-ormao&&& R; de Setembro de IJJ; AA vol& + nQ : IORR s&pp& ONI Sobre a utili(ao do idioma do parentesco perp*tuo para desi!nar rela4es de .ierar1uia em X-rica vide DopBto-- e 0iers p& :Le ss&6er ainda a noo de @parentesco perp*tuoA de-inido como a estrutura do poder pol,tico -ormalmente identi-icado com as estruturas -amiliares em +an& H& Cunnison .istor5 on t-e (uapula Londres /$-ord UniversitB %ress IOLI& %ara a #uropa sobre o @pai de -am,liaA o !overno da casa e o !overno civil ver Daniela Fri!o "l padre di famiglia Mo$erno della casa e go$erno ci$ile nella tradi%ione dell* economica tra cinque e seicento 5ul(oni #ditore Roma IONL& # para %ortu!al %edro Cardim O Poder dos afectos Ordem amorosa e dinJmica polWtica na poca moderna Dissertao de Doutoramento FCSH UNL :;;; passim& Uma -ormulao setecentista e$pl,cita da -i!ura do pr,ncipe como pai col.e2se em D& Lu,s da Cun.a "nstru#Kes PolWticas, p& :;I& ..................... 357 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola rituali(ada& /s discursos a-ricano e europeu li!ados ao e$erc,cio do poder usavam pre-erencialmente de -"rmulas e ritos& Se * poss,vel -alar de recepo do direito portu!us pelos poderes a-ricanos * a este n,vel e em relao a estes conte3dos -eudo2vass8licos 1ue ela se produ(& Z claro no se pode !enerali(ar& No Norte de 'n!ola e no Sul grosso modo a coloni(ao obedece a cronolo!ias di-erentes obtendo um impacto tamb*m distinto& %or isso parece2me importante discutir a 1uesto da recepo do direito portu!us pelos poderes a-ricanos no s" com recurso ao e$emplos dos Dembos numa (ona de anti!a ocupao mas tamb*m dos sobas avassalados em torno de Novo Redondo uma (ona de ocupao muito recente VIJKOW ou de -orma !eral no planalto de 5en!uela onde os poderes end"!enos se apresentavam politicamente menos centrali(ados& No caso dos Dembos esta recepo do aparel.o pol,tico * particularmente rica uma ve( 1ue #stado se con-unde com a escrita atrav*s dos documentos 1ue estabelecem a vassala!em passando o e$erc,cio do poder pela escrita do poder& %or*m no Sul * poss,vel surpreender uma capacidade similar de inte!rao do estatuto de vassalo uma ve( 1ue l.e * destinado um lu!ar na !ram8tica das rela4es locais& Um desses casos * revelado pelo soba do Socoval da 7urisdio do pres,dio de ?uilen!ues na Capitania de 5en!uela no -inal do s*culo G6+++ 1ue discutia as condi4es do seu tratado com o capito de 5en!uela atrav*s de correspondncia e com recurso a um secret8rio ON: & 0as sobretudo o estatuto de vassalo supun.a ainda o en1uadramento dos sobas na mal.a administrativa e 7urisdicional portu!uesa de 1ue os pres,dios eram a sede& ` partida a vassala!em no permitia 1ue os portu!ueses inter-erissem na administrao dos potentados a-ricanos dei$ando2l.es a 7urisdio civil e criminal um pouco como acontecia no #stado da Cndia onde as -ortale(as !o(avam de uma situao de e$tra2territorialidade e os capites e$erciam 7urisdio sobre os o-iciais dos pres,dios e as pessoas bapti(adas& Fora dos pres,dios em cada sobado mantin.a2se a vi!ncia do direito a-ricano& Dos autos de vassala!em constava de resto uma cl8usula 1ue di(iaE @Re!er como dUantes os seus sobordinados debai$o da mesma Le!islao e custumes b8rbaros da ON: 'HN' Hoverno de 5en!uela Cod& ^^R -l&K -l& N e ss& 6er tamb*m a carta do soba do 5ailundo Dom Loureno Ferreira da Cun.a datada de :N de 9aneiro deINI: onde ele assina hHumilde vassaloiY 'HN' Cod& ^^L -l& I^:& ..................... 358 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola sua irreli!ioA ONR & ' 7urisdio portu!uesa e a capacidade de -a(er 7ustia e$erciam2se e$clusivamente sobre os vassalos bapti(ados& /s a-ricanos 1ue viviam sob a 7urisdio dos sobas eram re!idos pelas leis dos sobas& %or*m na pr8tica as inter-erncias eram permanentes e essa .ip"tese acabaria por ser considerada nos re!imentos onde se di(ia 1ue se entre os sobas vassalos sur!issem di-erenas 1ue tornassem indispens8vel a inter-erncia da 7ustia colonial de -orma a encontrar um termo de composio os !overnadores dispun.am de 7urisdio para nomear o-iciais destinados a uma misso desse tipo& %or*m na relao 7ur,dica entre cada soba e os seus s3bditos devia prevalecer o direito ind,!ena ON^ & /s pres,dios @il.asA de cultura europeia encravadas nas sociedades a-ricanas promoviam a coe$istncia no 1uotidiano entre institui4es portu!uesas e institui4es a-ricanas& /s sobas inte!ram2se em divis4es 7urisdicionais os pres,dios ou distritos onde se -a(ia 7ustia e se procedia aos re!istos de propriedade de terras redaco de testamentos ONL etc& %or esta via se dava a pro!ressiva incorporao de uma noo de 7ustia associada s -"rmulas 7udiciais propostas pelo direito portu!us& / vocabul8rio pol,tico 7ur,dico e as solu4es de 'nti!o Re!ime para as rela4es com estados no europeus baseados nas cate!orias da vassalidade mantm2se operativos e prolon!am2se at* d*cada de :; do s*culo GG ONK & No contacto com os poderes a-ricanos i!noram2se totalmente as solu4es pol,ticas pr"prias de um re!ime constitucional cu7os te$tos normativos se situam num plano meramente -iccional& #stamos perante a1uilo a 1ue 9&2F&Sc.aub ONJ c.amou o @'nti!o Re!ime para l8 do 'nti!o Re!imeA& Nas rela4es inter2 estados mant*m2se a soluo das rela4es de vassala!em como -orma de dom,nio ONR Correa ++ p& K;& ON^ @Z preciso 1ue v&m& saiba 1ue S&pR& na -orma do cap& IL do seu re!imento d8 autoridade aos re-eridos sobas por 1ue estes nos seus !overnos dom*sticos casti!uem seus -il.os e usem suas leis ainda 1ue 5arbarasY e 1ue nen.um capito2mor ou re!ente se entrometa nelas V&&&WA Carta para o Re!ente de Cambambe e 0u$ima :O de 9ul.o de IN;L 'HN' C"d& OI -l& ^Rv& ONL No sentido de invent8rios de bens& Conveno dos D,(imos da autoria de Francisco 'nt"nio %itta 5e(erra de 'lpoim Castro IJO: 'HU C$& JJ Doc& NL& ONK #sta mesma ideia * con-irmada por 6alentim 'le$andre 1ue numa an8lise de lon!a durao conclui 1ue em X-rica no s*culo G+G e apesar de todos os pro7ectos re-ormistas o aparel.o de estado continua a -uncionar como no 'nti!o Re!ime& 6alentim 'le$andre @/ pro7ecto colonial portu!us e a partil.a da X-ricaA in O "mprio Africano Ppp&L: e ss& ONJ 9ean2Fr*d*ric Sc.aub @Le temps et lU#tat vers un nouveau re!ime .istorio!rap.i1ue de lU'ncien Re!ime -ranaisA <uaderni 7iorentini :L IOOK p& INI& ..................... 359 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola indirecto tradu(ido numa soberania nominal atrav*s das elites tradicionais ONN e 1ue embora claramente desconte$tuali(ada e @anacr"nicaA nas suas aplica4es * a 3nica 1ue se reveste de al!uma e-ic8cia& #ssa e-ic8cia * muito problem8tica na estruturao das rela4es entre os #stadosY mas serve os prop"sitos mais imediatos do Hoverno de Luanda e as directivas de Lisboa 1ue se pautam por uma clara preocupao em manter a pa( e a .armonia entre os sobas contrariando !uerras intestinas ou destes com as autoridades portu!uesas de modo a !arantir os camin.os abertos e a circulao do com*rcio& / protocolo das rela4es de vassala!em tradu(2se numa relao de tipo diplom8tico mais do 1ue numa relao de su7eio cu7a e$istncia se poderia supor atendendo e$clusivamente ao conte3do -ormal dos contratos onde se e$p4em verdadeiros cat8lo!os de direitos e obri!a4es das partes envolvidas& ` mar!em destas rela4es as estruturas a-ricanas e as estruturas portu!uesas desenvolvem2se e mant*m2se autonomamente com n,veis de inter-erncia relativamente bem controlados de ambos os lados& 'pesar da in-luncia 1ue possa ter obtido o direito portu!us * conveniente sublin.ar 1ue os terrenos 1ue de-iniam no 1uotidiano e na pr8tica comum destas popula4es os con-litos e a coliso de interesses a resoluo dos di-erendos e o e$erc,cio do poder e do controle o @espao pol,ticoA no 1ual se moviam se situavam predominantemente mar!em das institui4es coloniais do poder inscrevendo2se sobretudo no 1uadro das institui4es end"!enas nomeadamente a do parentesco com as suas rela4es de reciprocidade e de solidariedade 1ue passavam pela consan!uinidade atrav*s da descendncia pela aliana entre !rupos principalmente atrav*s do casamento e de um sistema de penali(a4es de @multasA se!undo um processo 1ue era constantemente actuali(ado e revitali(ado pela via das presta4es matrimoniais dos dispositivos de controle e por outras institui4es como a das classes de idade& #ra esse o espao do e$erc,cio do poder e do controle sobre os su7eitos bem como dos deveres e dos direitos desses mesmos su7eitos -ace a essa mesma sociedade& ' estrutura .ier8r1uica das aldeias tradu(ia2se num con7unto cont,nuo de rela4es sociais 1ue abran!ia diversas cate!orias de .omens e mul.eres estabelecendo entre si rela4es de dependncia& # a, a idade e o !*nero imprimiam divis4es sociais estruturantesE e$emplos so o acesso aos recursos ONN 5eatri$ Heint(e (uso6african feudalismP p& IK& ..................... 360 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola colectivos da terra e a redistribuio dos seus produtos sob o controlo dos @mais vel.osA ONO & )udo isto pouco tin.a a ver com os contornos 1ue o @pol,ticoA assumia nas re-erencia4es mais comuns no espao das institui4es pol,ticas do poder colonial& ' percepo do #stado ali seria sobretudo a das ac4es desenvolvidas por um poder de #stado os pres,dios implantados na vastido do serto na reta!uarda dos 1uais se situava o poder de Luanda e ainda mais lon!in1uamente o rei de %ortu!al& #sta coe$istncia s" terminaria com a ocupao colonial atrav*s da -ora militar 1ue essa sim iria causar abalos nas estruturas a-ricanas& 10.:.$. L)+#4i-" ) (i&)i%" 3&",)/#4 Se * verdade 1ue mesmo na #uropa e em %ortu!al at* ao -im do 'nti!o Re!ime o sistema le!alista do Direito e correspondente sistema estatal da 7ustia no c.e!aram a dominar toda a pr8tica 7ur,dica em 'n!ola esse -en"meno * muito mais evidente& 9ustamente nas d*cadas de IJK;2J; procura2se um re-oro da in-luncia do #stado de -orma a -a(er penetrar o direito escrito e a lei nos dom,nios do direito consuetudin8rio end"!eno& / Hoverno da col"nia na relao com os sobas avassalados deve ser -eita atrav*s do direito de um uso racional do direito como substituto da -ora deia 78 a1ui avanada 1uando se tratou da mutao da noo de !uerra e das -un4es da !uerra en1uanto instrumento de aco e interveno pol,ticas& Uma orientao 7usnaturalista 1ue recon.ece a universalidade e racionalidade do direito sub7a( @antropolo!iaA colonial dominante na metr"polo em relao aos c.amados @!entiosA e como tal deve ser considerada nas rela4es pol,ticas com os ne!ros& ' le!islao pombalina de-ende os a-ricanos das @irracionalidadeA e morosidade do direito portu!us& Sur!e le!islao 1ue declara de -orma clara 1ue os @ne!ros vassalosA eram -alsamente 1uerelados e devassados com -re1uncia na cidade de Luanda -icando na cadeia abandonados pelos seus parentes su7eitos a morrer cruelmente por causa das delon!as @ter!iversa4es dos meios ordin8riosA da 7ustia colonial& ' carta r*!ia de I^ de Novembro de IJKI 1ue institu,ra a 9unta da 9ustia em 'n!ola determinava tamb*m 1ue os vassalos da1uele Reino -ossem sentenciados na ONO C-& 9ill Dias @'n!olaA O "mprio p& R:O& ..................... 361 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mesma 9unta em Luanda com a di-erena 1ue os @ne!ros vassalosA por serem miser8veis e pobres no deviam pa!ar custas dos seus processosY e lo!o 1ue -ossem sentenciados seriam e$ecutadas as sentenas ou soltando2se os r*us ou remetendo2se para os destinos das mesmas sentenas OO; & Z isso 1ue leva Sousa Coutin.o a concluir 1ue @V&&&W a1ueles !entios f&&& ainda no &&&g devem ser re!idos por todos os princ,pios do Direito Natural V&&&WA& Nesta mesma lin.a se en1uadra a ordem r*!ia de N de 'bril de IJKJ em 1ue D& 9os* ordena a D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o o maior cuidado nos processos 1ue envolvem os ne!ros OOI & #sta pol,tica universalista Vembora !radualista ao mesmo tempoW do direito si!ni-icava um re-oro si!ni-icativo da penetrao do discurso 7ur,dico e dos seus ritos 7unto das autoridades a-ricanas tradicionaisE @Da mesma -orma eu devo di(er 1ue no pro,bo 1ue se casti!ue um soba 1uando o merece mas .82de ser prendendo2o e processando2o como mandam as leis e no matando2o e roubando2o arbitrariamenteA& #sse cuidado reca,a especialmente nos Dembos sobas e potentados avassalados& / t"pico era recorrente na correspondncia trocada entre os !overnadores e os capites2mores OO: & /s sobas so condu(idos a participar 7ustia colonial as suas demandas& 0esmo 1uando se tratava de problemas internos como as 1uest4es de terras entre sobas o !overno orientava o lit,!io para um ma!istrado e ao mesmo tempo procurava inculcar no4es de direito como por e$emplo o da inviolabilidade da propriedade OOR & ' medida pressupun.a no entanto competncia t*cnica dos capites2mores na 8rea do direito a 1uem caberia preparar os processos nos pres,dios e ouvir testemun.as com a presena de um escrivo& 0as no s"& ' meu ver a partir do momento em 1ue os a-ricanos e as causas a-ricanas passam a estar su7eitas a processos 7udiciais escritos os %ortu!ueses precisam de apro-undar a sua percepo das institui4es e do direito OO; ' 1ue se acrescentava @?ue o Hovernador como presidente da dita 9unta e como re!edor das 7ustias -aa visitas s cadeias 1ue a /rdenao no livro primeiro permite aos re!edores e$ecutando2se inteiramente a lei e$trava!ante de RI de 0aro de IJ^: com assitncia do ouvidor e 7ui( de -ora dessa cidade o 1ue tudo -areis e$ecutar sem embar!o&A Carta de I^ de Novembro de IJKI AA IORJ, vol& ++ s&pp& OOI 'crescenta2se a esta outra in-ormao V:^ de 9aneiro de IJN^W diri!ida ao Hovernador de 'n!ola para salva!uardar a i!ualdade de 7ul!amentos dos nativos con-orme o disposto em IJKI pela 9unta criada para tal e-eito em I^2II2IJKI "bidem& OO: Carta para o 'l-eres re!ente de Cambambe onde se recomenda 1ue a priso do Dembo Caboco s" deve ter lu!ar de pois de -ormados os autosY II de 9aneiro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& RRv& OOR Carta para o re!ente de Cambambe I; de 'bril de IN;L 'HN' C"d& OI -l& RJv& ..................... 362 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola end"!enos 1ue vai muito al*m de uma comunicao baseada em transac4es vocabulares -ossem elas e$tra,das do parentesco a-ricano ou do modelo dom*stico como modelo de !overno no conte$to do 'nti!o Re!ime europeu& Foi poss,vel identi-icar al!uns destes processos com ouvida de testemun.as or!ani(ados nos pres,diosY -oi o 1ue aconteceu no caso de 'mbaca OO^ & %or*m o eco da impreparao de al!uns destes o-iciais -ica clara em muitas cartas onde os !overnadores a-irmam ter recebido em Luanda os a-ricanos ou os soldados desertores presos nos pres,dios sem no entanto poderem dar curso ao processo por de-icincias na sua preparao sobretudo no 1ue toca reunio de provas OOL & ' constituio de um processo si!ni-icava muitas ve(es uma proteco dos sobas em relao ao arb,trio dos capites2 mores& %rocessos incompletos -ormados nos pres,dios onde as provas para os crimes imputados aos sobas se revelavam insu-icientes resultavam na ilibao dos mesmos sobas OOK & No caso da capitania de 5en!uela a situao parecia ser ainda mais !rave& /s 7ui(es das povoa4es e capites2mores no eram capa(es de 7ul!ar @e$cepto al!uma 1uesto de pouca entidade entre os ne!rosA OOJ & /s cart"rios dos pres,dios nem se1uer OO^ %rocesso2crime : de 0aro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& RJ& OOL Num despac.o datado de 5en!uela VR de 9aneiro de IJOJW o Hovernador da1uele reino recomendava ao novo re!ente do pres,dio de ?uilen!ues 1ue in1uirisse sobre o e$erc,cio do capito6mor precedente e reali(asse interro!at"rios acerca dos acontecimentos 1ue .aviam implicado o soba do Socoval a -im de responder s 1uei$as apresentadas por este soba 7unto das autoridades coloniais& %or*m o recon.ecimento da impreparao do Re!ente em mat*ria 7udici8ria e$i!iria medidas de precauo E h # considrando 1ue 6ossa Hraa no encontrar8 ali nin!u*m 1ue l.e possa indicar a maneira de constituir o 'uto e as instruc4es do interro!at"rio das testemun.as da dita resid8ncia e in1u*rito remeto a vossa sen.oria o -ormul8rio 7unto a-im de 1ue o useis uma ve( 1ue no estais no con.ecimento das mat*rias 7udiciais e 1ue no .8 nin!u*m nessa cidade competente na mat*ria 1ue eu l.e envioP i 'HN' Hoverno de 5en!uela Cod&^^R -l&I:& / Hovernador D& 0i!uel 'ntonio de 0elo diri!iu i!ualmente uma petio ao Consel.o Ultramarino re-erindo 1ue uma das coisas necess8rias ao bom !overno dos pres,dios Ve uma ve( 1ue os capites2mores e os re!entes tamb*m !o(avam da alada de 7u,(es "rdinariosW seria uma +nstruo circunstanciada estabelecendo a maneira como deveriam ser condu(idos os processos 78 1ue todas as causas 1ue c.e!avam do serto estavam atravessadas de @in-initas nullidades e errosA& %ara remediar estas desordens um ma!istrado c.e!ou a redi!ir em 'n!ola uma proposta para resolver a situao& Foi esta precisamente a proposta transmitida e submetida ao e$ame do Consel.o Ultramarino& Luanda II de /utubro de IJOO 'HU C$& OR Doc& LL& OOK #m carta para o re!ente de 0u$ima VI: de Novembro de IN;NW o Hovernador conclui 1ue no se podia -ormar culpa ao soba por1ue @a1ueles papeisA no eram su-icientes para provarem os delitos de 1ue ele era ar!uido& # conclu,a no possuir 7urisdio 1ue l.e permitisse desapossar o soba do seu #stado tal como pretendia o capito2mor ou de!red82lo para toda a vida para -ora de 'n!ola& 'cabou por ser posto em sua liberdade para poder !o(ar do seu #stado& 'HN' C"d& OI -l& INL2INN& OOJ %apel avulso c& de IJJO 'HU 'n!ola C$& K: Doc& I;:& ..................... 363 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dispun.am de -ormul8rios 1ue pudessem au$iliar os capites2mores a re!er2se na -ormao dos mesmos processos& )em interesse apontar 1ue al!uns capites recon.ecem a sua incapacidade para levar a cabo essa tare-a di(endo e$plicitamente 1ue nos pres,dios nem se1uer e$istiam -ormul8rios 1ue os pudessem au$iliar& Con-irma2se mais uma ve( uma ideia 1ue 78 e$pus& /s capites2mores de-icientemente letrados acabavam por proceder a uma reduo do direito vi!ente a -"rmulas simpli-icadoras e assim estreitar o <mbito do direito vi!ente OON & ' noo de 1ue era poss,vel recorrer 7ustia portu!uesa desencadeando um processo 7udicial para solucionar 1uest4es com autoridades coloniais ou at* 1uest4es a-ricanas internas parece ter sido percebida e rendibili(ada desde muito cedo pelos sobas e seus macotas& Desencadeou uma burocrati(ao dos #stados do Norte de 'n!ola sobretudo dos Dembos 1ue vin.a na se1uncia de uma lon!a aprendi(a!em do #stado para usarmos as e$press4es dos prota!onistas& Com a instituio da 9unta da 9ustia em IJKI e a obri!atoriedade de -ormar os processos nos pres,dios remetidos a Luanda a documentao 7udicial aumenta de volume -acultando2nos .o7e a percepo das mat*rias em 1ue a estrutura 7udicial portu!uesa podia ser c.amada a arbitrar 1uest4es passadas entre sobas avassalados ou entre estes e os capites2mores sertane7os etc na 7urisdio de um pres,dioE iW o -ornecimento de carre!adores para a conduo de -a(endas OOO Y iiW roubo de escravos entre sobasY iiiW pa!amento dos d,(imos I;;; Y ivW assass,nio do -il.o de c.e-e I;;I Y 1uest4es de terras entre sobas I;;: & )odas estas mat*rias e$i!iam a considerao simult<nea do direito portu!us e do direito a-ricano em especial das re!ras 1ue re!ulavam a distribuio das terras as OON 6er por e$emplo o 1ue di( o capito2mor de %edras de %un!o 'ndon!o Recon.ece a @irre!ularidade com 1ue talve( me tem .avido nestes processosA 7usti-icando 1ue no dispun.a de -ormul8rio no cart"rio por onde se pudesse re!er& Carta do Capito2mor 9oa1uim de 5rito para o Hovernador Saldan.a da Hama : de Setembro de IN;N 'HN' C"d& R;IN -l& I^N& OOO 6ide 'cordo da 9unta VII de De(embro de IJK^W sobre o processo entre o R*u @D& Loureno Francisco Caculo Ca.an!o soba da 7urisdio do pres,dio de 0u$ima e o sobeta @D& 9oam 'nt"nio Samba Ca.o.aA acerca do -ornecimento de carre!adores e roubo de escravos& 'HU C$& ^O Doc&:& & I;;; :R de De(embro de IJK^ 'HU C$& ^O Doc&J& I;;I / r*u * o sertane7o )om8s 'nt"nio acusado de ter morto o -il.o de um Dembo :R de De(embro de IJK^ 'HU 'n!ola C$& ^O Doc&J& I;;: 'c"rdo da 9unta :K de 0aro de IJKL 'HU C$& ^O Doc&IO& ..................... 364 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola .ierar1uias pol,ticas entre @sobasA e @sobetasA a circulao dos @-il.osA Vs3bditosW dos sobas os direitos sobre os escravos& #m tudo isto importa reter 1ue por ve(es na resoluo de con-litos internos de nature(a pol,tica eram os sobas 1uem recorria 7ustia portu!uesa instaurando2as assim como 8rbitro e$terior e autori(ado& / sistema 7udicial institu,do pelo poder colonial deu por ve(es aos a-ricanos novas armas para lutar internamente pelos seus interesses& ' 7urisdio dos capites2mores aludia desde cedo a essa capacidade de arb,trio I;;R & ?uando uma situao destas ocorria as maneiras de proceder e os rituais 7udiciais eram respeitadosY mas era o entendimento e a maneira end"!ena de -a(er a 7ustia 1ue condu(ia validao 7ur,dica do caso& ' recepo do -ormalismo 7udicial portu!us passava a ser apenas mais um t"pico no interior de um sistema ar!umentativo pr*2e$istente& / processo era redu(ido sua e$presso @lit3r!icaA -ormal e desenrai(ada& Na pr8tica o 1ue se veri-icava era um desencontro entre a -orma e a realidade 1ue ela visava cobrir& ' realidade -icava al.eia -"rmula 1ual ia buscar a sua le!itimao& 's -"rmulas e os actos do processo portu!us eram postos ao servio do processo a-ricano tradicional na sua dimenso pol,tica& #ra atrav*s do re1uerimento ou representao 1ue os sobas recorriam ao arb,trio do coloni(ador para resolver 1uest4es da pol,tica interna& Na verdade no se trata de um e$pediente 7udicial mas de uma esp*cie de petio do recurso a uma certa -orma de 7urisdio volunt8ria na 1ual se recon.ece s -i!uras da administrao colonial autoridade e le!itimidade para decidir& #ntre estes assuntos internos 1ue e$i!em a participao dos capites2mores estava a substituio dos sobas& ' inter-erncia directa do !overnador de Luanda pela via 7udicial na pol,tica interna dos sobados era -re1uentemente demandada pelos pr"prios sobas e macotas e envolvia a circulao de re1uerimentos peti4es e documentos relacionados com o processo em causa& %ara a resoluo de 1uest4es de le!itimidade no e$erc,cio do poder os sobas recorrem a estas inst<ncias instauram um processo se!uem os tr<mites -or.ais& es0era. u.a decis@o do -o,ernador& co.o CuizB .as& no entanto& n@o a2dica. de I;;R Um e$emplo datado de IJRL pode ser col.ido na vila de 0assan!ano onde ao capito2mor competia @compor a di-erena 1ue possa .aver entre os sobasA& 'HU C"d& I^NI -l& R;v& ..................... 365 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola recorrer I e 0or ,ezes e. si.ultGneo I Fs nor.as se1undo os <estilos do 0a=s>( 7 0ro2le.a co.0leNi+ica,a#se no .o.ento e. :ue as 0artes e. lit=1io coloca,a. 0erante u.a instGncia Cudicial 0ortu1uesa& u. 0ro2le.a Acon+litos de sucess@o& relcionados co. 0rocessos de elei?@o de cEe+es9 :ue tinEa a ,er co. a or1aniza?@o da 0ol=tica interna& na eN0ectati,a de essas .es.as autoridades ,ire. a ter e. conta os usos e costu.es da terra( 7 .es.o ti0o de 0rocessos desenrola#se e. zonas co.o o !o.2e -rande e !o.2e Pe:ueno& o :ue n@o deiNa de sur0reender& tendo e. conta a tardia e ta.2. tnue 0resen?a de u.a estrutura Cudicial& nessas 0ara1ens I;;^ & ' instrumentali(ao dos recursos 7udiciais coloniais assume propor4es espantosas no plano pol,tico para conse!uir depor uns sobas em proveito de outros& De tal maneira 1ue o Hovernador Saldan.a da Hama perante mais uma 1uei$a da autoria de macotas 1ue visava a deposio de um soba recomendava ao capito2mor 1ue no recebesse 1uei$as desse teor da parte de 1ual1uer pessoa e acabava por concluirE V&&&W tendo mandado e$aminar com a necessaria individuao o Re1uerimento de Dom 'nt"nio %8scoa sova 'n!a 'n!olome e os arti!os de 1uei$a 1ue contra ele -e( 0anuel Sebastio com al!uns 0acotas do #stado 7ul!uei 1ue o 1ue estes ale!am no * bastante para ser e$pulso do souvado o dito 'nt"nio %ascoal por1ue se se der ouvidos a semel.antes 1uei$as no .aver8 um soba 1ue se d por se!uro no seu #stado e resultara disso uma continua disc"rdia e discusso entre os seus 0acotas e -il.os com pre7u,(o do servio real a 1ue esto li!ados& 'cresce mais estar eu in-ormado de 1ue nesse sovado nunca .ouve costume de re-ormar sobas lo!o 1ue no a!radem aos seus s3bditos e se se alterar esse costume -l& ^ em 1ue eles estavam .aver8 mais uma ori!em para repetidas desordens pelo 1ue ordeno a vm 1ue conserve nesse #stado ao soba -a(endo2l.e antes uma seria advertncia para 1ue trate os seus s3bditos com 7ustia e rectido e 1ue sobretudo se7a obediente s ordens do real servio por1ue de outra maneira procederei contra ele da maneira 1ue me parecer mais pr"priaA I;;L & Nestes processos so tratados problemas comoE a le!itimidade na sucesso nos #stados Vsoba le!,timo e soba no le!,timoW numa relao directa com a !eometria e as .ierar1uias das lin.a!ensY 1uest4es sobre uso de ins,!niasY sobre o pa!amento de d,vidasY I;;^ Um soba do Dombe %e1ueno re1uereu ao Hovernador de 5en!uela a soltura de um soba seu parente do Dombe Hrande preso pelo al-eres Comandante da1uele Distrito a re1uerimento de um outro soba& / despac.o do Hovernador ordenava 1ue os sobas envolvidos se -ossem e$plicar 7unto do re-erido al-eres para 1ue ele perante a sua contenda a resolvesseY IK de 9ul.o de INI: 'HN' C"d& ^^; -l& ::v& I;;L Carta para o capito2mor de 'mbaca II de Novembro de INIR 'HN' C"d& O: -l& R& ..................... 366 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola sobre a 1uesto da escravatura associada a -ormas de re!ulao de tens4es sociaisY sobre 1uest4es de controlo de territ"rio etc& /s processos esto -ormalmente or!ani(ados se!undo o c<none estipulado Vcertido termo de audincia etc&WY mas para os resolver so usados meios e invocados ar!umentos cu7a -undamentao se vai buscar aos tais dispositivos 7ur,dicos inscritos nas pr"prias estruturas sociais& /s meios de averi!uao de prova residem no 7uramento da terra tradu(indo2se o @direito penalA na reparao atrav*s do pa!amento de uma multa& Nos meios usados para a averi!uao da culpa ressalta a re-erncia muito presente ao Nuramento da terra ou quitu+i >DDS esp*cie de ord8lio onde o r*u deve beber @7uramento de -eitioA perante um especialista o @N!8n!aA ou -eiticeiro de -orma a 1ue se7a provada ou in-irmada a sua culpa I;;J & / car8cter espec,-ico da prova nas culturas da oralidade no tem a ver com a sua verosimil.ana mas com o car8cter sa!rado da sua -orma isto por1ue o -undamento da causalidade * remetido para as ra(4es do sa!rado& ' prova resulta !eralmente da contribuio dos esp,ritos para a mani-estao da verdade& ?uando o 7uramento da terra produ( os seus e-eitos est8 a indicar onde se encontra a verdade& %ara muitas sociedades da X-rica a )erra tem este valor m,stico a par de um valor secular I;;N & 98 nas culturas escritas I :ue & a0esar de tudo& o uni,erso de onde e.er1e. os ca0it@es .ores I& o docu.ento escrito a0resentado te. u.a rele,Gncia +unda.ental 0ara e+eitos de 0ro,a& 0elo seu carDcter +iNo e 0er.anente A$erba $olantem scripta manent9( No campo do direito penal de u.a .aneira 1eral& n@o se in+li1e. san?Les .as co.0ensa?Les& sendo estas ne1ociadas entre as 0artes en,ol,idas( O& assi.& a0licado o 0rinc=0io da re0ara?@o( 7 cri.e co.etido 0ass=,el de ser re0arado I;;K Utli(ei os termos do 1uimbundo uma ve( 1ue so os presentes nos te$tos estudados& #m umbundu as palavras 1ue desi!nam as mesmas realidadesE 7uramento T onbulungu Y multa2 ete$u& I;;J @/s 1uimbanda VkimbandaW tm uma tripla es-era de actividade como sacerdotes ou antes adivin.os como m*dicos e como 7u,(esY como 7u,(es reali(am 7u,(os de Deus Vord8lioW e administram a bebida decidindo a seu belo pra(er da sorte das partes em lit,!io& No admira 1ue o povo ten.a um certo medo dos kimbandaA& C-& Ladislau 0a!Bar 2iagens Vte$to policopiadoW& I;;N C-& Hluc[man Custom and Conflict p& IK indica para os Nuer o @sen.or da terraA V@man o- t.e eart.AW 1ue estabelece a li!ao sa!rada com a terra& %ara a prova vide D*ba 0U5aBe IOJN @Sacralit* croBances&&& p& ILJ& 0& Fortes e #& #& #vans2%ritc.ard /istemas polWticos p& IR& ..................... 367 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0elo seu autor .ediante o 0a1a.ento de .ultas AeNe.0loP adultrioB rou2o ou .orte& <0a1ar a .orte 1ue ele -e(A I;;O W muitas ve(es com recurso a escravos VpeasW& / -im no * punir mas compensar restabelecer o e1uil,brio e a pa( I;I; & #m ve( de sancionar o sistema a-ricano promove a reparao& %ara as autoridades a-ricanas T da re!io dos Dembos ou de ?uilen!ues 2 o processo averi!uado em 'udincia de 0ucanos * sobretudo -"rmula e -orma pass,vel de apropriao e reconverso de acordo com uma l"!ica end"!ena& Z por isso 1ue a noo de articulao permite situar a discusso no em um ou outro dos sistemas discursivos o do direito escrito Vda leiW ou o do direito consuetudin8rio mas @entre os doisA noAterrit"rio do meioA na tal @problem8tica da -ronteiraA a1ui no sentido meta-"rico na1uele espao onde se podem 7o!ar a inovao e a ne!ociao dos constran!imentos pol,ticos ou ideol"!icos& Z a este n,vel 1ue se!undo me parece * poss,vel -alar de uma certa @codi-icaoA no sentido de -ormali(ao e subordinao a -"rmulas das pr8ticas sociais locais li!adas sobretudo or!ani(ao e le!itimao do poder pol,tico& )odos os problemas associados ao processo de eleio re-orma e/ou deposio dos sobas e as condi4es em 1ue se d8 a sucesso aparecem tratadas 7udicialmente e sobretudo certi-icadas atrav*s do documento escrito& ?uando o pr"prio sistema pol,tico local acciona mecanismos de auto2re!ulao 1ue levam deposio do Dembo em conte$tos de incumprimento do direito costumeiro 8 Vd,vidas presentes 1uest4es da escravatura 1uest4es das mul.eres 1uest4es de terras o-ensas corporaisW 8 .8 todo um con7unto de situa4es 1ue pode condu(ir ao processo da eleio e 1ue * posteriormente avaliado pelas inst<ncias 7udiciais portu!uesas I;II & I;;O h %rocesso 9udicial i %rov,ncia dos Dembos :R de 0aro de INRR publicado in Santos e )avares A Apropria#oP p& II^& I;I; 6er o estudo cl8ssico de #vans2%ritc.ard IOKN p& IO;Y ou uma e$plicao sobre o processo penal entre os Nuer e os Din[a em Herv* 5leuc.ot @LU*volution du droit coutumier&&& p& IKL e ss& I;II 'pesar dos pedidos de arbitra!em 7unto das autoridades coloniais a eleio dos sobas pelas pessoas principais manteve2se se!uindo o modelo local& C-& h Carta para o re!ente de Cambambe i Luanda :; de De(embro de IN;R 'HN' Cod& O; -l& I^Nv& ?uando o e$*rcito portu!us vencia um soba na !uerra o processo 1ue condu(ia eleio de um novo portador do t,tulo pol,tico obedecia a re!ras tradicionais& C-& 'HU C$& JN Doc& K; -l& :OJ& ..................... 368 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %ro!ressivamente constitui2se portanto um certo tipo de -ormalismo baseado no papel e na escrita e 1ue * uma esp*cie de t,tulo ou de atestado 1ue d8 le!itimidade a determinado direito costumeiro& / processo e a documentao a ele associada Vautos certid4es termos etc&W -uncionam como -"rmulas em branco capa(es de dar cobertura a pretens4es end"!enas& ?uando as autoridades tradicionais buscam a !arantia da sua le!itimao nas institui4es 7udiciais portu!uesas usam2nas como moldura como -"rmula e por -im acabam por reconverter o protocolo 7udicial e as maneiras tipi-icadas de di(er em s,mbolo auto2le!itimador I;I: & 6al.o2me da descrio de al!uns casos e$empli-icativos do 1ue acaba de ser dito& iW /s Dembos de Caculo Caca.enda Vt,tulo pol,ticoW D& %aulo Sebastio e D& 9oo Sebastio Veste 3ltimo parece ter sucedido ao primeiroW re-erem2se a certos pleitos 7udiciais& Neles se tratava de re1uerer a @certido e o termo competente das 1uest4es 1ue .aviam tido com outro Dembo Vo 0u-u1ue '1uitupa D& 9oo 0anuel '-onso C.e1ueW 1uest4es essas 1ue di(iam respeito acusao imputada por este Dembo aos primeiros de venderem seus -il.os e ao pedido de setenta e tantos -il.os Vs3bditosW 1ue -i(era a D& Sebastio& / dembo de 0u-u1ue -oi condenado em ambos os pleitos a pa!ar a multa de 1uatro escravos e de seis peas da Cndia e dois mule1ues de seis palmosA
I;IR & /u ainda o processo entre um dembo re-ormado e um dembo eleito 1ue buscam 7unto das inst<ncias o-iciais portu!uesas o arb,trio sobre a le!itimidade de uso de ins,!niasY iiW lit,!io 1ue opun.a um Dembo Re-ormado e um Dembo eleito I;I^ Y iiiW representao da iniciativa de um I;I: Formas mais rudimentares mas 1ue apontam para o mesmo tipo de processo ressaltam de uma leitura atenta de al!uns di8rios de via!em do s*culo G+G a camin.o de 0oambi1ue& / 0a7or Hamitto no seu di8rio de via!em aO 4uata Ca%embe e os po$os 4ara$es, C-$as, 4ui%as, 4uembas, (undas e outros da Efrica Austral datada de INLI e INL: constata 1ue @&&&os ca-res no con.ecem caracteres al!uns com os 1uaes transmitam as suas ideias &&&A embora todos os seus ne!"cios -ossem -eitos em p3blico e por -orma tradicionalE @?uando se tracta dUum 0ilando da compra dUum escravo da satis-ao dUuma divida ou de outro 1ual1uer ne!"cio simil.ante de 1ue possa .aver arestoY o 1ue pa!a pede um sinal para servir2l.e de recibo a 1ue c.amam Rossambo 1ue lo!o * dado pelo 1ue recebe e consiste em .uma -lec.a bracelete ou outra 1ual1uer cousa con1uanto 1ue se7a de uso e dada por ele mesmo por mais insi!ni-icante 1ue se7a * !uardado cuidadosamente como n"s !uardamos um recibo& #sta palavra ca-rial tem al!uma semel.ana com a portu!uesa j recibo j todavia eu 7ul!o 1ue a paridade * s" acasoE no obstante pode muito bem acontecer 1ue se7a s" portu!us corrompidoY o 1ue * -acto * 1ue ela e o seu uso encontram2se em toda esta parte da X-rica& %or*m onde se observa com mais ri!or * entre os 0un.8es do 0onomotapa e entre os 0aravesA & ' importao e vul!ari(ao do voc8bulo em l,n!ua portu!uesa para desi!nar uma realidade a-ricana d8 conta destas -ormas de certi-icao& #m 1uimbundo por*m recibo * mukanda& I;IR Datado de N de 'bril deIJNK publ& in Santos e )avares A Apropria#oP p& RJN& I;I^ h %rocesso 9udicial i %rov,ncia dos Dembos :R de 0aro deINRR "bidem, Doc& RK pp& I;J2 IIJ& ..................... 369 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola macota 1ue viera buscar 7unto das inst<ncias o-iciais portu!uesas arb,trio sobre a le!itimidade do uso de ins,!nias I;IL Y ivW Representao -eita ao capito mor pelos macotas e mais povo para depor o soba& / capito2mor ouviu as ra(4es do soba e enviou2o para Luanda presena do !overnador com todos os documentos relevantes& #ntretanto o sobado deveria -ica a car!o de macotas eleitos& Dois macotas -oram a Luanda com uma procurao de todo o povo para re1uerer a acusao do soba na presena do Hovernador esperando a sentena deste I;IK Vvide& 11( De como foram perturbadas...9( 10.<. R),)301" ) I'%&/-)'%#4i2#01" (" Di&)i%" )'(=+)'" 3)4" 3"&%/+/)) 10.<.1. A3&"3&i#0F) ;",#!/4#&)* /" (",/-)'%#i
/s usos coloniais da @lin!ua!em pol,tica a-ricanaA nas suas v8rias mani-esta4es revelam uma certa permeabilidade das institui4es portu!uesas em curso desde os primeiros tempos da con1uista& #ste n,vel de problemas permite entrar na se!unda 1uestoE a da recepo do direito local pelo direito e 0elas instGncias Cudiciais 0ortu1uesas( !esde lo1o ED :ue re+erir a :uest@o das l=n1uasP Eistorica.ente constata# se a 0orosidade das l=n1uas coloniais aos ,ocD2ulos e ao ,oca2ulDrio local& .uitas ,ezes co.o +or.a de reconEecer Iou& 0elo .enos& de desi1nar I institui?Les se. corres0ond;ncia na Huro0a( )o. al1u.a +re:u;ncia se constata :ue o )onselEo 4ltra.arino& na sua docu.enta?@o interna e de +or.a a .anter as rela?Les 2urocrDticas co. os 1o,ernadores& usa 0ala,ras do :ui.2undo e do u.2undo& e. es0ecial a:uelas :ue dize. res0eito F or1aniza?@o 0ol=tica( As 0ala,ras <!e.2o> A)dembuW @sobaA VusobaW @mani muene maneA VmaniW e @macotaA VdicotaW @mocanoA VmukanuW @tanar mocanosA V.uacatana, verboW so -re1uentes nesta documentao o 1ue nos d8 a ler as rotas da burocracia como rotas de interpenetrao cultural de recepo do direito e das institui4es locais& No plano das comunica4es internas 1ue se estabeleciam entre o !overno de Luanda e os pres,dios as importa4es vocabulares ad1uiriam um !rau de pro-undidade I;IL Documento datado de IO de 0aro de IN;R 'HN' Cod& :^; h Correspondncia do Hovernador com os %otentados Ne!ros da Col"nia i -l& IR& I;IK 'HU Cod& IK:N -l& N& ..................... 370 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mais elevado por1ue incidiam directamente nas rela4es com os sobas e muitas ve(es visavam a soluo de 1uerelas 7udiciais relativas aos assuntos internos dos mesmos potentados& ' posse e uso de ins,!nias de poder vm citadas e descritas& # se bem 1ue -ossem muitas ve(es ol.adas como e$press4es de mera superstio a sua operacionalidade no campo pol,tico a-ricano impun.a da parte dos a!entes coloniais a sua considerao na economia !eral das rela4es de poder e um con.ecimento m,nimo das desi!na4es e con-i!ura4es materiais I;IJ & 'l*m disso a necessidade de !erir um vasto imp*rio parece no plano burocr8tico e tamb*m 7ur,dico e$i!ir 1ue se pon.a em paridade a documentao das v8rias autoridades 1ue o inte!ram& 'ssim a validade de uma declarao -eita por um soba como carta de recomendao 7unto do Consel.o Ultramarino aparece e1uiparada validade de uma declarao -eita por um capito2mor do pres,dio& Uma certido do Dembo 'mbuila passada pelos dois escrives do seu #stado relativamente boa prestao do @escrivo das terrasA vin.a inte!rada num processo apresentado ao Consel.o Ultramarino como prova das competncias de um candidato a capito2mor de um pres,dio e como tal e1uiparada& %ortanto na composio dos curricula e na sua avaliao so considerados os desempen.os no 1uadro da pol,tica a-ricana certi-icados pelas autoridades locais a-ricanas& / espanto 1ue necessariamente nos suscita o -acto de uma carta do Dembo 'mbuila valer como prova de competncia de um o-icial portu!us 7unto de uma instituio metropolitana decorre do nosso condicionamento colonial ainda recenteY o 1ue .o7e nos espanta no s*culo G6+++ no * e$cepo mas um procedimento normal 1ue a administrao portu!uesa recon.ece e utili(a e 1ue d8 conta da sua plasticidade& Uma carta do Dembo 'mbuila vale o mesmo 1ue uma carta de uma autoridade portu!uesa& No s" * recon.ecida como * procurada e produ( e-eitos numa sociedade 1ue no * a a-ricana mas a europeia& ' recomendao do Dembo 'mbuila * inte!rada e rendibili(ada no 1uadro da l"!ica colonial& ' citao da carta permite apreender o di8lo!o entre institui4esE @Dom Francisco '-onso 'lvares Dembo 'mbuilla 1uiambolle ft,tulo pol,tico 1uimbundo 1ue si!ni-ica I;IJ 6e7a2se a re-erncia posse e uso da @rilun!aA ou lun!a Vsino duplo sem badalo @se assemel.a a dois c.ocal.os pe!ados um no outroAW a mais importante ins,!nia dos 0ban!ala associada ideolo!ia !uerreira citada numa carta do Hovernador de 'n!ola para o Director da Feira de Cassan7e& C-& Carta do Hovernador para o Re!ente de 'mbaca I de De(embro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& :Nv& ..................... 371 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola !randeg de Sua 0a!estade 1ue Deus Huarde& Certi-ico debai$o do 7uramento dos Santos #van!el.os como Recebi em :: de Fevereiro de IJ^J 7untamente com os 0acotas principais do meu #stado 'nt"nio Carneiro de 0a!al.es por Capito e escrivo das min.as terras por assim me ordenar o ilustr,ssimo #$celent,ssimo sen.or !eneral e Hovernador deste reino de 'n!ola e suas con1uistas 9oo 9ac1ues de 0a!al.esY at* .o7e 1uin(e de 0aio no ten.o 1uei$a nen.uma pois ele est8 !overnando com muita %a( e 1uietao do meu povo e com observao das min.as terras e por assim ser verdade l.e mandei passar esta por me ser pedida pelos meus secret8rios como Hieronimo '--ono da Silva e Honallo Carreira de S8 e 9oo Cortes de 6asconsel.o e %ascoal Honalves -ora no 1ue esta por mim -a(er2se e assinasse debai$o do mesmo 7uramento dos Santos #van!el.os da ban(a de So 0i!uel de 'mbuilla .oie IL de 0aio de IJ^N& f'ssinadogE Dom Francisco '--onso 'luares 5uilla andua e 1uiambolle de S& 0a!estadeA I;IN & )anto no plano vocabular como documental a administrao de Luanda inte!rava I e 0recisa,a inte1rar I ele.entos do direito e das estruturas 0ol=ticas a+ricanos( $o eNtre.o de todo este 0rocesso& encontra#se a incor0ora?@o de car1os e +un?Les oriundos da estrutura 0ol=tica a+ricana& na 0r*0ria Eierar:uia colonial( 7 0ri.eiro caso e .ais conEecido o da +i1ura do <tendala>& intr0rete e ta.2. co.andante da 1uerra 0reta( H. .eados do sculo Q/II a no.ea?@o para a patente de @)endala e Capito2mor da Huerra %retaA estava inscrita na administrao colonial I;IO & / se!undo e$emplo di( respeito admisso da cate!oria @DemboA t,tulo pol,tico a-ricano na administrao portu!uesa I;:; & ' atribuio de uma carta patente de Dembo nos mesmos moldes em 1ue eram dadas cartas patentes de capito2mor por e$emplo d8 conta da contaminao do aparel.o portu!us pelo ambiente institucional end"!eno ao mesmo tempo 1ue * a todos os t,tulos not"ria do processo de inte!rao dos Dembos na rede burocr8tica portu!uesa colonial& I;IN 'HU C$& RO Doc& N 5an(a de Holome :R de 9aneiro de IJ^O& I;IO #m ILNN * mencionado pela primeira ve( nas -ontes V5r8sio vol& +++ p& RJNY vol& +6 p& LLO LK: LJR VI de 0aio de ILO^WY & #m IK^N por e$emplo Salvador Correia de S8 e 5enevides nomeava o novo )endala e capito2mor da !uerra preta para 5en!uela c-& AA vol& + nQ: IORR s&p& I;:; 'HN' Cod& :^; h Correspondncia do Hovernador com os %otentados Ne!ros da Col"nia i -l& IR& ..................... 372 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / 1ue tudo isto pode 1uerer di(er * 1ue a cultura pol,tica colonial no s" di-unde modelos Vprimeiro o de 'nti!o Re!ime depois por cima deste o +luministaW como parece resultar ela mesma de trans-erncias culturais e di-uso no seu interior de traos a-ricanos na se1uncia de contactos prolon!ados com o mundo pol,tico end"!eno&
10.<.$. A3&"3&i#0F) i'%i%/,i"'#i8 A/(iG',i# () M/,#'" ) E,&#;#%/&# / pluralismo 7ur,dico a aplicao num mesmo tribunal de direitos diversos eram realidades 1ue no c.ocavam com o per-il do direito de 'nti!o Re!ime no reinoY tamb*m no espao imperial o recon.ecimento da alteridade 7ur,dica * bem vis,vel por e$emplo no #stado %ortu!us da Cndia& / direito portu!us coe$istia com os v8rios direitos ali presentes e os tribunais 1ue os aplicavam& No caso presente o -en"meno ocorre mas de maneira diversa& 0ais do 1ue uma coe$istncia d82se a adopo colonial de uma instituio tradicional a-ricana e o e$erc,cio da 7urisdio a ela correspondente pelos o-iciais coloniais VHovernador e Capito2morW& ' inst<ncia 7udicial a-ricana vocacionada para re!ular lit,!ios b @'udincia de 0ucanosA b e entre eles as 1uest4es li!adas instituio da escravatura tal como essa instituio -uncionava em X-rica vem a ser inte!rada na estrutura 7udicial colonial por1ue as din<micas do pr"prio tr8-ico atl<ntico de escravos assim o e$i!iam& Na verdade averi!uar da le!itimidade do estatuto de escravo podia apontar em duas direc4es& ?uando eram os portu!ueses a escravi(ar al!u*m as 1uest4es de le!itimidade remetiam ideolo!ia da !uerra 7usta& /s escravos aprisionados na se1uncia de uma !uerra com causa 7usta eram escravos le!,timos& %or*m em !rande parte dos casos os portu!ueses compravam os escravos 78 escravos aos a-ricanos& #nto os problemas da le!itimidade -icavam do outro lado 1uer di(er 78 .aviam -icado decididos na es-era do direito a-ricano e suas vias de le!itimao& /s portu!ueses tornavam2se assim -uncionalmente independentes das 7usti-ica4es ideol"!icas de inspirao crist sobre a escravatura trans-erindo para os comerciantes a-ricanos o processo de reduo& 's di-iculdades colocavam2se 1uando esses escravos comprados pelos portu!ueses declaravam ter sido ile!itimamente aprisionados ale!ando para isso as ra(4es do direito a-ricano ou 1uando os sobas reclamavam a restituio dos seus -il.os declarando a ile!itimidade do aprisionamento& )odas estas ..................... 373 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola situa4es e outras radicavam no direito a-ricano e decorriam das modalidades de -uncionamento da instituio da escravatura em X-rica& #m muitos casos estas contesta4es de le!itimidade tra(iam atr8s de si problemas de nature(a pol,tica por1ue se os sobas vassalos reclamavam a restituio dos seus s3bditos uma !uerra poderia estar eminente& 0as tamb*m de nature(a econ"mica atrav*s de repres8lias nos centros principais de abastecimento I;:I & 'ssim a 'udincia de 0ucanos -oi inte!rada na estrutura 7udicial colonial em 'n!ola& Z portanto pela via da escravatura 1ue esta apropriao institucional se -a(& # a sua ra(o de ser tem directamente a ver com as caracter,sticas da instituio da escravatura em X-rica como -ica dito I;:: ( I;:R & #ste tribunal -uncionava em duas inst<ncias& Nos pres,dios era presidido pelos capites2mores& / Hovernador -uncionava como inst<ncia de recurso na cidade de Luanda& ` 'udincia andava associada uma estrutura de suporte& / @tabelio dos 0ucanosA !eralmente tamb*m desi!nado para os pres,dios com o apoio de um escrivo e do tendala Aintr0rete9( H. %uanda a audi;ncia conta,a co. dois <'everendos int*rpretes e +n1ueredores do 9u,(o das LiberdadesA com direito a ordenado atribu,do em rubrica nas rela4es anuais de despesa e rendimento da Fa(enda Real ao lado do /uvidor Heral e do 9ui( de Fora I;:^ & I;:I 6e7a2se o e$emplo das ra(ias praticadas por uma embai$ada c.e-iada por um capito2mor no corredor Cuan(a2Cuan!o a partir de Cassan7e em direco ao pres,dio de %edras de %un!o 'ndon!o& C.e!ou a ser -eita cativa a -il.a de um Soba& / 9a!a Cassan7e in-li!iu repres8lias aos comerciantes e al!uns -oram aprisionados como compensao da captura de :;; vassalos pertencentes a um soba aliado do 9a!a& #m se!uida vieram a Luanda os protestos de sobas das re!i4es ra(iadas e$i!indo a restituio dos cativos& C-& Carta para o Re!ente de %un!o 'ndon!o :^ de 9un.o de IN;L 'HN' C"d& OI -l& OvY Carta para o Re!ente de %un!o 'ndon!o :; de 9ul.o de IN;L 'HN' C"d& OI -l&I^& Depois de -eitas as in1uiri4es na cidade de Luanda -oram restitu,dos aos v8rios sobas a 1uem pertenciam VCarta para o re!ente de 'mbaca : de Setembro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& IOvW& 9os* Curto @Un butin ill*!itimeE ra((ias dUesclaves et relations luso2a-ricaines dans la r*!ion des -leuves D\an(a et D\an!oA A9&2L& 6ellut @Le RoBaume de Cassan!e et ses r*seau$ luso2a-ricains vers IJL;2INI;A C#' IOJL %%&IIJ2IRK& #m v8rias ocasi4es os Hovernadores mani-estam a sua preocupao em restituir aos sobas aliados os -il.os ou s3bditos ile!itimamente aprisionados pelos comerciantes& C-& Carta para o director da -eira do 5ondo :; de 9ul.o de IN;L 'HN' C"d& OI Fl& OvY -l& IRv2I^& I;:: /s estudiosos mostraram 1ue a escravatura raramente -oi uma instituio est8vel& / estatuto de escravo tem v8rias ori!ens assume diversas e$press4es e pode ser alterado em relao a uma mesma pessoa& %essoas de ori!em servil podiam ter um direito de propriedade em X-rica& ?uem * escravo .o7e aman. pode dei$ar de o ser& Caso de 1uem entre!ava a sua liberdade a um sen.or para pa!ar uma d,vida e a recuperava mais tarde 1uando a mesma d,vida -icava solvida& C-& 9osep. 0iller @Strat*!ies de mar!inalit*&&& p& I;K e ss& I;:R 6er o arti!o de 9& 0iller onde alerta para a tendncia de uma certa .istorio!ra-ia para interpretar a @escravatura em X-ricaA como uma escravatura doce @Strat*!ies&&& p& I;O& I;:^ :J de 0aro de IJLO 'HU C$& ^R doc& L^& ..................... 374 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 10.<.:. N" ,)'%&" (" 3&"!4)-# # (I'),"-3)%G',i# (" ,#3i%1)--"&) Conv*m a1ui tecer al!umas considera4es acerca das competncias dos capites2 mores dos pres,dios I;:L uma ve( 1ue tm a seu car!o a administrao da 7ustia& ' verdade * 1ue em !eral eles so militares no tendo uma -ormao 7ur,dica espec,-ica e possuindo portanto um con.ecimento apenas rudimentar do direito& 'cerca do recrutamento de -il.os da terra I isto & naturais de An1ola I para os car!os administrativos as posi4es apresentaram2se em !eral anta!"nicas ao lon!o do s*culo G6++ G6+++ e mesmo G+G por parte dos !overnadores e das autoridades portu!uesas& 'nt"nio Xlvares da Cun.a declarava 1ue <nenEu. dos +ilEos de An1ola> se deveria empre!ar nos postos militares e advo!ava a escol.a de .omens c.e!ados do reino para en-rentar miss4es no serto I;:K & / seu sucessor con-irmava a posio& /s naturais de 'n!ola seriam @moles doentes t,midos e -altos de caridade e !enerosidadeA I;:J & /s militares deveriam vir do Reino T 78 1ue os @-il.os da terraA tin.am por .8bito assentar praa aos I: anos I e a reno,a?@o& a ser +eita& eNi1ia 0atentes 1raduadas co.o a de tenente#coronel I;:N & #ntre as atribui4es dos capites2mores contava2se a de -a(er vassalos os sobas I;:O & /s capites2mores ocupavam uma posio c.ave no tr8-ico de escravos e tiravam da, !randes ,anta1ens econ*.icas( Hra. eles :ue. an1aria,a Cunto dos so2as& li1ados aos 0res=dios& os carre1adores :ue Ea,eria. de conduzir aos o.2ros as I;:L Sobre o provimento dos car!os em 'n!ola& %elo cap& RL do re!imento de IKL: dava2se capacidade ao Hovernador para prover as serventias de todos os car!os 1ue va!assemY as nomea4es da 7urisdio do Hovernador tin.am por*m 1ue ser con-irmadas pela Corte sem ela no tin.am validade& #m relao aos postos militares as patentes assinadas pelo Hovernador necessitavam i!ualmente de con-irmao r*!ia mas o seu pedido cabia aos providos& / 1ue dava 1ue muitas ve(es os providos re1ueriam a con-irmao muitos anos depois& No ano de IJL^ o procurador da -a(enda ordenava ao Hovernador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a 1ue recol.esse todas as patentes no con-irmadasE 'HU C$& RO Doc& LJ @Resposta dada em Lisboa carta de 'nt"nio Xlvares da Cun.aA Lisboa IL de 9ul.o de IJL^E @&&&1ue se devia ordenar ao !overnador 1ue se recol.essem todas as patentes 1ue no se ac.assem con-irmadas por Sua 0a!estade e 1ue no se concedessem mais patentes .onor8rias revo!ando2se ou restrin!indo2se a -aculdade dos !overnadores nesta parte e mandando2se re!istar esta ordem nos livros do !overno da c<mara e onde mais -osee conveniente&&&A I;:K & @&&&pelas suas debilidades e costumes pre!uiosos com 1ue so criados bai$e(a de esp,ritos temor 1ue tem aos ne!ros V&&&W de tudo se v com certe(a 1ue neste Reino no .8 .omens para nen.um !*nero de empre!o&&&A %ara o Consel.o Ultramarino I de Fevereiro de IJLJ 'HU C$& ^: Doc& N& I;:J Documentao v8ria IJK; in 'HU C$& ^R Doc& :N& I;:N /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos :N de 0aro de IJLO 'HU C$& ^: doc& LK& I;:O 6e7a2se o e$emplo do capito2mor de Cambambe 9os* da Costa de Faria 1ue rendeu vassala!em dois sobas da1ueles pres,dios& 'HU C$& ^: Doc& N; :K de Setembro de IJLO& ..................... 375 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola +azendas at ao 0r*Ni.o 0res=dio& antes de entrare. no sert@o( H. cada 0res=dio& os sertaneCos es0era,a. :ue os ca0it@es#.ores lEes +ornecesse. no,os carre1adores& .as& +re:uente.ente& a:uilo :ue era u.a o2ri1a?@o& acabava por constituir uma e$celente moeda de troca 1ue permitia aos capites e$i!ir dos mercadores pa!amentos e$orbitantes e indevidos& %or outro lado os 7ornais 1ue normalmente deviam ser pa!os aos a-ricanos para prestarem esse servio vin.am a ser2l.es sone!ados com o prete$to de estarem ao servio das @obras reaisA essas no pa!as por1ue consideradas no cat8lo!o das obri!a4es devidas pelos laos de vassala!em& %ortanto o -acto de os capites2mores -uncionarem como p"lo de articulao entre as necessidades do !rande com*rcio de escravos e as possibilidades 1ue as sociedades a-ricanas avassaladas proporcionavam para as satis-a(er permitia2l.es 7o!ar em bene-,cio privado com os dois lados I;R; & ' -i!ura do capito2mor * c.ave& ?ual1uer re-orma da administrao colonial em 'n!ola teria 1ue passar por a,& /s ordenados vencidos pelos capites2mores podem de al!uma maneira 7usti-icar os abusos por eles praticados& /s bai$os soldos convidam a abusos e inter-erncia dos capites no com*rcio de escravos& @/ com*rcio em 1ue se intrometem os capites2mores dos pres,dios ou se7am directos ou indirectos V&&&W s" atrasa e debilita o com*rcio principal !erando mil in7ustiasY mas deviam os soldados do servio militar empre!ando2os no mane7o dos seus interesses pelo serto dentro -icando o pres,dio sem tropa e sem respeito& DesculpavamTse com o diminuto soldo 1ue !o(avam @incompetente !ravidade e decncia do #stadoA I;RI & /s capitesTmores usavam da 7urisdio dos 7u,(es ordin8rios& Cumulavam portanto -un4es militares e -un4es 7udiciais& %arece2me importante -a(er a1ui intervir a 1uesto da oralidade nos processos 7udiciais e na ordem da 7ustia de 'nti!o Re!ime para -undamentar a .ip"tese de 1ue a oralidade impl,cita aos processos 7udiciais a-ricanos no c.ocaria de -orma to absolutamente dr8stica com as pr8ticas 7udiciais portu!uesas& 's observa4es sobre a de-iciente preparao dos autos nos pres,dios causada pela incapacidade dos capites para I;R; 6er por e$emplo Carta r*!ia para o Hovernador IJKI* Arqui$os de Angola 6ol ++ nQ O IORK s&pp& I;RI Recebiam R;;E;;; reis& C-& 'HU C$& JJ Doc& I^& ..................... 376 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola manipular a lin!ua!em 7ur,dica I ou si.0les.ente& a escrita I s@o recorrentes I;R: & No * de espantar 1ue acabassem por adoptar o sistema 7udicial a-ricano em detrimento do europeu& Na verdade so dois mundos da 7ustia 1ue acabam por estar muito pr"$imos na medida em 1ue participam de u.a .es.a es+era& a da oralidade& e. rela?@o F :ual o direito escrito ocu0a u.a 0osi?@o .ar1inal( A o0osi?@o entre a:ueles :ue do.ina. a escrita e a:ueles :ue dela esta,a. eNclu=dos& n@o 0ode ser considerada co.o u.a +ronteira clara.ente de+inida( H. Portu1al& no Anti1o 'e1i.e& co.o se sa2e& as decisLes dos Cu=zes .unici0ais ou ordinDrios s* 0arcial.ente era. 0ostas 0or escrito& 0or:ue as 0r*0rias Ordena#Kes promoviam a simplicidade e a oralidade do procedimento 1ue se se!uia nestes tribunais de primeira inst<ncia VLivro +++W& ' re!ra contentava2se em pedir o re!isto por parte do escrivo da deciso -inal& # isto por1ue muitas ve(es estes 7u,(es Vdos concel.osW eleitos no seio das elites locais e com -re1uncia no letrados ou mesmo anal-abetos no sabiam aplicar o direito tecnici(ado das -ontes romanas ou das -ontes r*!ias& %or isso se pode -alar de uma supervivncia mais dilatada de tradi4es 7ur,dicas ao n,vel dos tribunais locais I;RR & Da mesma maneira a incapacidade de assinar nunca impediu nin!u*m na *poca moderna de subscrever um acto notarial ou de usar a escrita para estabelecer um testamento I;R^ & I;R: Sobre o -acto de os re!entes e capites serem iletrados ve7a2se este e$emploE @&&& certo 1ue eu e$pedi ordens aos re!entes e capites2mores das %rov,ncias sobre esta mat*riaY mas estou certo 1ue me viro not,cias semel.antes s 1ue me mandou o re!ente de ?uilen!ues e 78 remeti a v& #$& por1ue a1ueles .omens so totalmente i!norantes nestas coisas e l.es -alta a necess8ria compreenso e muitos nem escrever sabem &&&A 'HU C$& I;; Doc& :O& / processo sum8rio e verbal * incentivado& C- Cat8lo!o das ordens 1ue se e$pediram para o reino de 'n!ola pela secretaria de #stadoA e Carta r*!ia para o mesmo em 1ue Sua 0a7estade manda sentenciar sumariamente e verbalmente os crimes nela declarados na -orma 1ue o mesmo sen.or e$pressa 'HU C$& ^: Doc& OK& ' de-iciente preparao dos autos nos pres,dios merece a se!uinte observaoE @?ue na mesma 9unta plena tivesse toda a 9urisdio para revaliar 'utos na -orma da /rd& Liv& I ttQ L M I:Y providncia esta 1ue se -a( sumamente precisa neste Reino aonde os processos criminais 1ue vm do Serto ordinariamente so -ormados por .omens i!norantes sendo por isso poucos a1ueles em 1ue se no encontram de-eitos e -altas de solenidades de 1ue muitas ve(es tem procedido a impunidade dos delictosA& %arecer do /uvidor !eral 9oo 'lvares de 0elo sobre a re-orma da administrao da 7ustia em 'n!ola diri!ida ao Hovernador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo I^ de 'bril de IJON 'HU C$& NJ doc& KI& Um outro e$emplo indica a incapacidade do capito de 0assan!ano para -ormar processo ao soba 1ue mandara preso para Luanda 'HU C"d& IK:N -l& JY / Hovernador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo em o-,cio para o capito de %edras sublin.avaY @V&&&W v&m& no entende nem percebe os meus Despac.os por mais claros 1ue se7am nem as 0in.as /rdens e recomenda4es con-orme me mostra o salvo2conduto com 1ue v&m& me escreve V&&&WAY IL de '!osto de IJOI 'HU C"d& IK:N -l& O2Ov& I;RR 'nt"nio Hespan.a @%ara uma teoria da Hist"ria&&&A p& IR e @9ustia e 'dministrao &&& p& ^:N2 ^R:& I;R^ 6er o e$emplo da H3n!ria estudado por +stv8n HB|r!B )"t. onde at* primeira metade do s*culo G+G a aposio de uma cru( no lu!ar de uma assinatura em contratos e actos sob 7uramento estava prevista pela -"rmula @por1ue tu no sabes escrever&&&A C-& @Une Soci*t* au$ LisiSres de lUalp.abet& La paBsannerie .on!roise au$ G6++e et G6+++e siSclesA Annales .// :;;I nQ^2L2 p& NKR2NN;& ..................... 377 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #$istem -ra!mentos da cultura escrita no seio da cultura da oralidade tamb*m na #uropa moderna& #ntre a escrita e a oralidade mais do 1ue cliva!ens * poss,vel surpreender laos e (onas de colaborao I;RL & ' pro$imidade entre o sistema 7udicial portu!us peri-*rico e o sistema 7udicial a-ricano tradicional * ento determinada pelo -actor estruturante da oralidade e com ela de um certo descon.ecimento por parte dos capites2mores dos pres,dios de 'n!ola da lin!ua!em t*cnica erudita 1ue assim redu(ida a -"rmulas possibilitava uma apro$imao entre o discurso 7ur,dico do tribunal e a1uilo 1ue se pode c.amar o .ori(onte de e$pectativa do seu audit"rio& )em ali8s interesse sublin.ar 1ue o voc8bulo @-ormul8rioA c.e!a a ser utili(ado pelos capites& Re1uerem aos !overnadores -ormul8rios como recurso para os amparar em dili!ncias para as 1uais se declaram sem .abilita4es mas 1ue o e$erc,cio do car!o implicava& / -ormul8rio a -"rmula -i$a pronta a ser preenc.ida nos espaos em branco @ri!,di-icaA o direito -ormali(a2o restrin!e2o e acaba de certa -orma por o substitur& / -ormul8rio converte2se assim numa pea central da administrao colonial em 'n!ola nesta se!unda metade do s*culo G6+++ e d8 testemun.o do posicionamento dos capites2mores a meio camin.o entre as es-eras do escrito e do oral do direito escrito e uma pr8tica 7urisdicional no letrada I;RK & 'os capites2mores cabia proceder audincia de mucanos 7ul!ando verbalmente casos locais com recurso ao direito local& Z neste conte$to 1ue encontramos -re1uentes re-erncias aos mucanos mas tamb*m ao 7uramento da terra ou quitu+i Vord8lioW b associado ao processo de averi!uao da culpa e ainda s -ormas de um certo direito penal b as penas pelos crimes cometidos 1ue como se viu so multas ou repara4es com vista ao restabelecimento dos e1uil,brios destru,dos I;RJ & /s capites2mores recorriam portanto com -re1uncia aos meios de averi!uao de prova a-ricanos -acto 1ue c.e!a a constar da lista de 1uest4es colocadas no momento das sindic<ncias I;RN & I;RL Ro!er C.artier @Culture *crite et litt*rature lUF!e 0oderneA Annales .// :;;I nQ^2L2 p&JON2N;;& I;RK Carta do Capito2mor 9oa1uim de 5rito para o Hovernador Saldan.a da Hama : de Setembro de IN;N 'HN' C"d& R;IN -l& I^N& I;RJ / mesmo termo de @7uramento da terraA re-erente a ord8lio * usado no H.ana e 5ur[ina Faso Rsdi!er Sc.ott @Le 7u!ement c.e( deu$ &&& p& INI2IN: ver tamb*m 9eanne2Franoise 6incent @Serment2 ordalie&&&& I;RN Da sindic<ncia -eita ao capito cessante do pres,dio da 0u$ima VR de 7ul.o de IN;LW consta a per!unta 1ue di( @O2 se ouviu 0ucanos de /pandas fmultas pa!as por adult*riogAY 'HN' C"d& OI -l& ^I& ..................... 378 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Numa in-ormao do !overnador de 5en!uela sobre mucanos indica2se 1ue o tribunal c.e-iado pelo soba -uncionava como uma primeira inst<ncia com apelao para o !overno colonialE @'s suas demandas a 1ue eles c.amam 0ocanos sendo pouco interessantes as sentenceia o sova com os seus macotas e os dos concel.o 1uando a parte re1uer vem por apelao para o !overno e -icam muito satis-eitos com a sentenaA& # depois e$plica2se 1ue a 1ualidade da multa pa!a como reparao do crime variava de acordo com a !ravidade do mesmoE @?uando o mucano * !rande vem lo!o pa!ando pi1ueno uma rs e do !rande um mule1ue por costume muito anti!oA I;RO & 0uitas ve(es aconteceu os capites obri!arem a 1ue os casos 1ue envolvessem a-ricanos entre si -ossem ouvidos nos pres,dios para da, e$trair retornos& / re!imento do Hovernador de 'n!ola estabelecido em IKJK -a(ia2l.e uma meno e$pressa I;^; & ' verdade * 1ue a problem8tica * a da coe$istncia entre direito europeu e direito a-ricanoY as autoridades coloniais de 1ue os capites2mores so o primeiro e$emplo usam a seu -avor o 1ue no direito a-ricano l.es interessa aproveitar I;^I & 's causas de 0ucanos onde eram c.amados a participar permitiam2l.es tirar partido das dependncias e e$i!ir pa!amentos 1ue iriam condicionar o sentido da sentena& %or ve(es as causas de 0ucanos podiam arrastar2se por v8rios !overnos& /s capites2 mores dei$avam2nos em aberto ale!ando a -alta de al!uma circunst<ncia para os recomearem 1uando c.e!ava outro !overnador& Nessa altura voltavam a e$i!ir aos liti!antes o pa!amento dos custos& Nada estava estabelecido na le!islao portu!uesa sobre os emolumentos a cobrar pelo capito2mor pelo tendala Vint*rpreteW ou pelo escrivo na se1uncia de um 7ul!amento de mucanos& ' pr8tica por*m instalara2se& /s pa!amentos eram ento reali(ados muitas ve(es em escravos I;^: se!undo as suas v8rias I;RO @+n-ormao do Hovernador de 5en!uela sobre a situaoA 'HU C$& K^ doc& LO 5en!uela N de 9un.o de IJNI& I;^; Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& CapQ ^& I;^I / e$emplo actual do sul de 'n!ola em 1ue os c.e-es de posto perante um crime -a(em aplicar simultaneamente os dois direitosE pa!a2se a multa em bois de acordo com os padr4es do direito consuetudin8rio a-ricano apropriada por estes c.e-es e depois o criminoso * preso se!undo o padro do direito o-icial do #stado& Carval.o A$iso pp& NO2OI& I;^: 'o capito2mor cabia !eralmente uma ou duas peas da Cndia V@escravo de boa 1ualidade 1uer di(er particularmente robusto de estatura e idade determinadasA& Heint(e @De la )raiteP pp&I^J IJ:&W ao escrivo um mule1ue Vdesi!nao para escravo possuindo uma menor capacidade de trabal.o em !eral criana W e ao )endala int*rprete outro mole1ue mais al!um mimo V!alin.as porcos cabras&&&&W #$posio de Frei 5elc.ior da Concepo sobre os acontecimentos de 'n!ola : de Fevereiro de IJ;R 5iblioteca da '7uda C"d& L^2G+++2IL NQ I;:& ..................... 379 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1ualidades ou em beirames >D?A Vtecido de pano -ino de al!odo da Cndia 1ue pode servir como valor de re-erncia em trocasW& Z por causa desta coe$istncia de direitos e por causa desta inter-erncia de 7urisdi4es 1ue se do os c.amados abusos dos capites2mores I;^^ Y eles ocorrem por1ue essas autoridades coloniais interpretam e usam a seu -avor elementos do direito a-ricano& ' ratio decidendi e a ar!umentao do capito2mor di-ere da ratio decidendi e da ar!umentao do tribunal presidido pelo soba& 'ssim a capacidade 1ue o capito tem de cobrar a seu -avor multas ou emolumentos e$orbitantes e de reverter em seu bene-,cio o sentido das l"!icas locais da reciprocidade I;^L & /s dois princ,pios no mercantis de inte!rao da or!ani(ao econ"mica T reciprocidade V1ue subentende movimentos entre pontos de correlao de !rupos sim*tricosW e a redistribuio V1ue desi!na movimentos de apropriao em direco a um centro e depois deste em direco ao e$teriorW I;^K T e 1ue no podem ser entendidos por uma teoria ou um pr8tica econ"mica convencional so a1ui subordinados a essa mesma l"!ica mercantil& #stes epis"dios encontram2se relativamente bem documentadas I;^J & ' troca de @mule1uesA muitas ve(es meio de pa!amento de d,vidas livranas multas ou simplesmente -ormas de presentear dentro da !ram8tica das rela4es a-ricanas vem a ser apropriada pelos capites2mores directamente investidos no tr8-ico ne!reiro& 'l!umas !uerras tm ori!em nesses di-erendos& 'ssim parece2me -ecundo su!erir uma interpretao das permanentes acusa4es 1ue so imputadas aos capites2mores no lu( da racionalidade europeia onde apesar da I;^R Carta do capito2mor de 'mbaca :R de De(embor de IJK^ 'HU C$& ^ODoc&J& I;^^ Devassa aos capites2mores e re!entes& / /uvidor tira todos os anos a devassa da %olicia 1ue compreende todos os capites mores e Re!entes 1ue tem 7urisdio de certas casas na -orma de seus Re!imentos e esta 7urisdio * o 1ue motiva !randes desordens pela dependncia em 1ue -icam deles os miser8veis ne!ros do serto&&&prendem2nos para os soltarem em troca de al!umas peasAY 'HU C$& JO Doc& KK IJOR an"nimo& I;^L Heor!e Dalton e Darl %olanBi h ).*orie Zconomi1ue et Soci*t* %rimitive i in 0aurice Haudelier *d& Un domaine Contest 9 l*ant-ropologie conomique %aris 0outon Zditeur Zcole %rati1ue des Hautes Ztudes IOJ^ p&IOR& I;^K 0aurice Hodelier ION^ (*"del et le materiel& Pense, economies, socits %aris FaBard p& :^N& I;^J ?uando per!untaram ao capito2mor de ?uilen!ues como era a sua sustentao respondeu 1ue na1uela prov,ncia era -re1uente os a-ricanos apresentarem as suas 1uest4es autoridade colonial& ?uanto aos 1uei$osos levavam presentes para o-erecer aos capites2mores& 98 os r*us espreitavam2nos para depois os tra(erem maiores& ' sentena era dada a -avor da1uele 1ue mais dava& 'ssim o capito2mor recebia estas mesmas d8divas sempre 1ue 7ul!ava& /-icio do Hovernador de 5en!uela para o Hovernador de 'n!ola :I de 0aro de IN;: 'HN' C"d& ^^: -l& ::; v& ..................... 380 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @economia da !raaA I;^N e$pressa na liberalidade e na ma!ni-icncia a conscincia do racionalidade puramente mercantil e da sua autonomia e$istem mas numa tentativa de interpretar esse comportamento dos capites mores como uma apropriao da1uelas -ormas de inte!rao econ"mica pr"prias das sociedades ditas arcaicas a reciprocidade e a redistribuio& 's transac4es de bens materiais passam nesta "ptica a poder ser lidas como e$press4es de obri!a4es sociais e por isso dei$am de dispor de mecanismos ou de si!ni-icados pr"prios -ora dos laos e das institui4es sociais 1ue e$primem& #stes capites2mores entram assim em contacto com sociedades onde o econ"mico s" tem e$istncia sob a -orma de institui4es e de processos s"cio2econ"micos aprendendo a us82 los& # se o econ"mico se revela em processos sociais o direito revela2se tamb*m no terreno das pr8ticas sociais socorrendo2se das tais transac4es de bens materiais para reparar crimes e assim restabelecer e1uil,brios I;^O & ' 1uesto do roubo * bastante clari-icadora a este respeito& No sul na (ona de Novo Redondo onde as estruturas da coloni(ao se de-rontaram com sociedades cu7as din<micas decorriam da cultura pastoril o roubo de !ado ocupa um lu!ar importante nas rela4es de poder e de dependncia& Reveste2se de uma enorme comple$idade e pode remeter para distin4es entre banditismo comum e banditismo social& De 1ual1uer maneira no seio destes sistemas end"!enos as 1uest4es do roubo do !ado inscrevem2se nas din<micas mais comple$as da reciprocidade o 1ue 1uer di(er 1ue 1uem se apropria do !ado de outrem acabar8 por ser mais tarde ob7ecto de uma aco e1uivalente por parte da1uele 1ue lesou I;L; & Do ponto de vista colonial roubo de !ado * roubo de !ado e s" * le!,tima a sua reteno se .ouver !uerra 7usta& No .avendo era ile!,timo e o direito estabelecia a sua restituio& %or isso a documento de Novo Redondo (ona de popula4es pastoris est8 repleta de situa4es sobre restituio de !ado& /s capites2mores acabam por se ver envolvidos nesta l"!ica de roubo e contra2roubo mas entendendo2a de um ponto de vista mercantil& I;^N Conceito cun.ado por 'nt"nio 0anuel Hespan.a IOOR @La economia de la !racia&&&A pp& ILI2 IJK& I;^O %ara os brancos a redistribuio e a reciprocidade como inve7a& I;L; ' documentao * particularmente abundante a prop"sito do roubo de !ado e suas -un4es sociol"!icas& C-&h /-,cio do Hovernador de 5en!uela para o de 'n!ola sobre a !uerra de ?uilen!ues i 5en!uela : de 9ul.o de IN;R 'HN' Cod& ^^: -l& ::O& ..................... 381 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola No dei$a de ser curioso citar a pr"pria percepo setecentista das -un4es sociais do roubo& Numa in-ormao do Hovernador de 5en!uela datada de IJNI di(2se sobre os sobas da capitania de 5en!uelaE @a1ui no tem aparecido um dos c.amados Ricos 1ue entendo fo 1ue 1uer di(er terg muitos !ados se no podeY eles movem -re1uentes !uerras uns aos outros roubam aos vi(in.os aos ami!os e parentes ainda sendo vassalos no nome por1ue no 1uerem ricos nos seus estadosY matam2se uns aos outros para se repartir por todos o esp"lio 1ue -ica e o mesmo -a(em nas !uerras 1ue para este -im movemA& %ortanto e retomando a 1uesto dos capites2mores 1uando um capito2mor de Novo Redondo rouba I:I bois ao sova Hun(a Cabolo o si!ni-icado desse roubo em relao ao conte$to end"!eno inscreve2se como 78 disse nas pr"prias din<micas da reciprocidade mas para o o-icial da administrao inscreve2se numa l"!ica de acumulao de ri1ue(a 1ue no considera a necessidade dos retornos sociais& No e$emplo do caso 1ue estou a dar a soluo * a da restituio dos bens roubados& / Hovernador por sua ve( atribui um outro si!ni-icado ao roubo por1ue o inscreve no discurso da !uerra 7ustaE se as cabeas de !ado -oram encontradas em terra ami!a onde no .avia !uerra deviam -icar no lu!ar em 1ue estavam& Se -oram ac.adas em terra inimi!a ento ad1uiririam o estatuto de presa de !uerra e como tal deviam ser 1uintados e entre!ues os 1uintos Fa(enda Real atrav*s do almo$ari-e& #m toda esta .ist"ria o 1ue ocorre * uma dupla interpretao de uma mesma instituioE para os a-ricanos o roubo inscreve2se nas l"!icas da reciprocidade e comporta encar!os sociais ser8 uma -orma de banditismo socialY para os capites2mores esse tipo de roubo praticado pelos a-ricanos * ol.ado e depois praticado pelos pr"prios capites2mores do ponto de vista mercantil e acaba por se inscrever nu portanto uma instrumentali(ao do roubo& Um -actor do sistema aut"ctone passa para o sistema mercantil e este tr<nsito sup4e um processo de reinveno I;LI & 10.<.<. O G";)&'#("&* 9/i2 () 4i!)&(#() No <mbito do 7u,(o das liberdades * -undamental a aco do !overnador como 7ui( dessas causas em Luanda& / espao concedido s 1uest4es da escravatura e$plica2se por I;LI 5NL Res& Cod& N^JR -l& II IL e ss& ..................... 382 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ra(4es de nature(a 7ur,dica teol"!ica e tamb*m pol,tica I;L: & / 9u,(o de Liberdades a-eria da le!itimidade e veri-icabilidade dos t,tulos de escravatura& #m princ,pio as vassala!ens prote!iam os sobas e seus s3bditos da escravi(ao& 0as os sobas tin.am a capacidade de contestar o aprisionamento e escravi(ao ile!,tima de escravos ou s3bditos seus por parte de o-iciais e comerciantes& #ssa possibilidade tornava este tribunal luandense particularmente activo em per,odos de crise I;LR & Como se viu os processos comeavam por ser -ormados nos pres,dios mas a deciso em 3ltima inst<ncia mediante recurso vin.a remetida ao !overnador em e$erc,cio I;L^ & / cuidado I;L: ' proli-erao de uma literatura teol"!ico27ur,dica 1ue procurava e$plicitar a relao entre a noo de dominium e escravatura desenvolveu2se desde meados do s*culo G6+ em toda a #uropa e teve tamb*m a sua e$presso entre os te"lo!os e 7uristas portu!ueses& / tema -oi tratado abundantemente pelos 7uristas2te"lo!os da Se!unda #scol8stica Vnomeadamente Francisco de 6it"ria Domin!o de Soto Francisco Saure( Lu,s de 0olina e entre os portu!ueses Fernando Rebelo e 5aptista Fra!osoW& C-& Hespan.a @Lu,s de 0olina&&&A passimY C-& Louis Sala20olins @).*olo!ie et %.ilosop.ie c.oisissent leur campE lUesclava!e des NS!res est le!itimeA in &raison, escla$age et droit9 les fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l[escla$age %aris UN#SC/ p& RR e ssY para a 'm*rica #span.ola 'nt.onB %a!den mostra como a discusso se descentra das 1uest4es puramente 7ur,dicas para incidir sobre o tema da nature(a dos ,ndios Vremisso a 'rist"telesW& C-& %a!den& :-e 7all pp& RO e ss& #$iste uma abundante literatura escrita por mission8rios onde estes problemas vm discutidos& No estudo de Carlos =eron sobre as 7usti-ica4es de ordem .ist"rica 7ur,dica e teol"!ica para a instituio da escravatura Vno 1uadro da Compan.ia de 9esus no 5rasil com muitas re-erncias a 'n!olaW -ica bem patente a import<ncia atribu,da veri-icao da le!itimidade da escravatura nas m3ltiplas discuss4es empreendidas pelos padres da Compan.ia& Um in1u*rito -eito aos padres 1ue estavam em 'n!ola VILNRW sobre os meios empre!ues para capturar os escravos incidia entre outros aspectos na 1uesto da le!itimidade dos t,tulos de reduo de outrem escravatura e no dever de restituio& /s cinco te"lo!os declaravam 1ue 1ual1uer d3vida sobre o t,tulo de reduo escravatura obri!ava ao in1u*rito e 1ue as d3vidas podiam condu(ir restituio& 0ais importante para con-irmar o ponto de vista de-endido nesta tese T 1ue -oram os preceitos do direito a-ricano con.ecidos ou no pelos coloni(adores 1ue condu(iam em !rande parte a veri-icao da le!itimidade desses t,tulos T so as a-irma4es dos %adres %ro Rodri!ues e 5alta(ar '-onso na .istria da 3esid8ncia dos Padres da Compan-ia de Tesus em Angola, e cousas tocantes ao reino e Conquista F>GC?HE e$cepo -eita aos escravos aprisionados em !uerras recon.ecidas como 7ustas * imposs,vel provar a 7ustia dos outros t,tulos de reduo escravatura a no ser caucionando o direito consuetudin8rio a-ricano& +denti-icam as circunst<ncias se!uintesE iW 1uando um vassalo -a( traio ao seu sen.or @e se l.e 1uer levantar como estado ou comete crime com as mol.eres do sen.orAY iiW venda e compra dos -il.os dos escravos 1ue se encontravam distribu,dos pelas aldeias e pertenciam a um sen.or& No entanto uma carta do padre %ro Rodri!ues sobre a -undao de um Col*!io da Compan.ia em 'n!ola VIL de 9un.o de ILOR 44A vol& IL pp& RRR2R^;W considera 1ue sendo em 'n!ola os escravos moeda corrente tal como o ouro na #uropa e sendo ainda os escravos dados aos 7esu,tas em testamento ou por doao pelos sobas no .avia impedimento a 1ue -ossem utili(ados pela Compan.ia como propriedade sua& '-inal as 1uest4es da le!itimidade estariam resolvidas no momento em 1ue os escravos l.es vin.am parar s mos& C-& Carlos =eron (a Compagnie pp& IOJ e ss& I;LR Carta para o Dembo 'mbuila D& 9oa1uim '-onso 'lvares I^ de 0aio de IJOO 'HN' C"d& R:: -l& LJ& @&&& ' 1uei$a 1ue -a(eis de se vos ter apreendido por escrava nesta capital !ente livre vossa s3bdita * menos verdadeira por1uanto mandando e$aminar pelo ma!istrado o caso con.ece2se 1ue a apreenso teve lu!ar em escravos vossos por sentena da ouvidoria e por divida de 1ue vos era credor 'nt"nio da 0ota Homes Ferreira Huimares&&&A I;L^ /-icio do Hovernador D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a :O de /utubro de IJLR 'HU C$& RN Doc& N:& )em interesse re-erir 1ue mesmo em 0assan!ano onde estava presente a -i!ura do 7ui( ordin8rio as causas de mucanos cabiam e$clusivamente ao capito2mor 1ue devia citar as partes or!ani(ar o processo e dar apelao para o Hovernador alada maior&Re!imento para o 7ui( ordin8rio e capito2mor de 0assan!ano R; de Novembro de IJRL 'HU C"d& I^NI -l& R;2R;v& ..................... 383 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola posto pela administrao colonial na de-inio das 1uest4es da escravatura b @para se redu(ir a escravido se precisam de provas 1ue no dei$em em duvidasA I;LL b tra(ia consi!o um problema pol,ticoE por a, passava a boa .armonia com os sobas vassalos I;LK & #ste 7u,(o das liberdades * espec,-ico do cen8rio an!olano e ao mesmo tempo 1ue re-lecte a @instabilidade do estatuto de escravoA a 1ue anda li!ada a possibilidade de contestao de um estatuto ile!itimamente imputado revela um a-eioamento da 7ustia colonial ao -uncionamento a-ricano da instituio da escravatura& 'li8s tamb*m -oi a especi-icidade da instituio no seu conte$to a-ricano 1ue obri!ou a administrao colonial a encontrar e estabelecer um tribunal vocacionado para resolver os lit,!ios da, decorrentes& Cada sociedade @inventaA um estatuto de escravo I;LJ Y ou se7a como o ser escravo no corresponde a uma cate!oria universal a 7ustia portu!uesa e em especial o !overnador de 'n!ola viam2se na necessidade de considerar em simult<neo os princ,pios 1ue dentro do direito portu!us estabeleciam a escravido le!,tima b a !ram8tica da !uerra 7usta tributos pa!os pelos c.e-es d8divas pa!amento de d,vidas e com*rcio b mas tamb*m os tr<mites do direito end"!eno re!uladores da mesma instituio mediante a apresentao de provas v8lidas Vprisioneiros de !uerra rebeldes ladr4es sedutores I;LN & 'cresce 1ue mar!em das mal.as do !rande tr8-ico de escravos eram e$postos ao arb,trio do !overnador processos de outro teor 1ue remetem para a c.amada escravatura interna e -ormas de dependncia m3ltiplas& #les do a con.ecer a diversidade das situa4es locais de dependncia e/ou do poder de dispor de outrem e a -orma como elas interpelavam a 7ustia de Luanda& )ratava2se de -ormas de dependncia pr*2coloniais paralelas ao com*rcio atl<ntico I;LO & I;LL Carta do Hovernador 0anuel 'nt"nio 6asconcelos para o capito do Dande 'nt"nio )ei$eira I; de 9aneiro de IJO: 'HU C"d& IK:N -l& IRJv& I;LK Um caso paradi!m8tico ocorrido no s*culo G6++ entre )gola Ari e um Capito portu!us envolvendo a escravi(ao/restituio de I;&;;; s3bditos Ndon!o -oi documentado por 9os* Curto @' restituio&&& I;LJ 'lain )estard @LU#sclava!e comme institutionA .omme nQI^L IOON p&R: e ssY Su(anne 0iers 0artin #& Dlein Ved&W /la$er5 and Colonial rule in Africa London and %ortland IOOO ma+ime cap&+++& I;LN Sedutores so a1ueles 1ue sedu(em a mul.er de um rei ou de um c.e-e& C-& Heint(e @)raite&&& p& ILL&6ide o e$emplo do delito de adult*rio cometido com a mul.er do 9a!a Cassan7e por um -eirante punido pela 7ustia portu!uesa& C-& carta para o director da Feira de Cassan!e L de Novembro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& L;& I;LO 5eatri$ Heint(e 1uando estudou as -ormas da escravatura a-ricana no Reino do Ndon!o anteriores c.e!ada dos portu!ueses sublin.ou a especi-icidade das institui4es a-ricanas em especial as ..................... 384 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'presentam2se a1ui dois e$emplos 7ul!ados pelos !overnadores de 'n!ola onde se avaliavam pr8ticas de dependncia ou semi2dependncia resultantes de concep4es e institui4es especi-icamente a-ricanas& Num 1uadro 1ue se apro$imava mais da c.amada escravatura dom*stica encontrava2se o caso em 1ue um su7eito abdicava da sua liberdade de -orma a obter um bem necess8rio sua sobrevivncia& /s per,odos em 1ue a -arin.a de mandioca -altava em Luanda na se1uncia do incumprimento do re!imento do )erreiro do )ri!o obri!avam @inumer8veis ne!rosA a vender2se a si e a seus -il.os por um pun.ado de mandioca& #sses casos tamb*m passam pelo tribunal& No !overno de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo uma con7untura deste tipo mereceu audincia do 7u,(o de liberdades e a restituio da liberdade aos 1uei$osos I;K; & / se!undo caso * bastante espec,-ico das sociedades a-ricanas e * paradi!m8tico para ilustrar um caso em 1ue al!u*m * escravo 1uanto sua condio material mas no 1uanto ao seu estatuto 7ur,dico por1ue continua a !o(ar de direitos e a manter li!a4es com os seus parentes sem 1ue possa ser vendido pelo seu sen.or I;KI & Z a .ist"ria de uma mul.er 1ue .avia sido entre!ue como pen.or de uma d,vida a um soba pelos seus parentes& Como se di( no auto esta era uma pr8tica comum entre os a-ricanos V@sendo isto ordinariamente praticado entre os Ne!rosAW& No c.e!a a ser um caso de escravatura por d,vida ali8s muito comum em toda a X-rica mas uma situao de pen.or I;K: & Se a d,vida no -osse pa!a poderia vir a converter2se numa situao de total dependncia e portanto de escravatura& / soba reivindicava a posse da mul.er como sua escrava 1uerendo vend2la& /s parentes atrav*s de um seu representante ao 1ue tudo indica um portu!us letrado processavam o soba 1ue como r*u teve 1ue se apresentar a 7u,(o& 's provas reunidas atrav*s de testemun.as provavam 1ue a mul.er -ora dada como pen.or e no como escrava o 1ue levava o !overnador a decidir 1ue era livre e no escrava I;KR & .ierar1uias 1ue se estabelecem entre os escravos vis,veis nas di-erentes desi!na4es 1ue l.e so atribu,das& %or e$emplo os @mobicasA VmubikaW desi!nam os escravos comprados ou -eitos prisioneiros de !uerraY en1uanto os @1uisicosA seriam os escravos aut"ctones dos 4bundu livres& 6ide @)raite de piSces&&& p& IL^ e ss& 's duas obras de re-erncia para o estudo da escravatura interna continuam a ser Claude 0eillassou$ Antropologia da escra$idoO $entre de ferro e din-eiro 9or!e =a.ar #ditor Rio de 9aneiro IOOL, passimY 0iers e DopBto-- /la$er5 in AfricaVma+ime introduoW I;K; D& 0i!uel 'nt"nio de 0ello @Relat"rio do Hoverno&&&A 1/M( Lps*rie INNL p&LL:2LLR& I;KI Sobre esta con-i!urao de dependncia vide 'lain )estard @LU#sclava!e&&& p& LI& I;K: Sobre a entre!a de uma pessoa como pen.or Vmise en gage ou pa9OadoW $ide "dem, "bidem p& NN& I;KR #sta sentena * dada em 9unta de 9ustia IL de 9un.o de IJKO 'HU C$& LR Doc& RJ& ..................... 385 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 10.<.5. A-!i+/i(#() '" 3&",)" /s territ"rios da ambi!uidade tamb*m se de-inem no processo portu!us& Um e$emplo muito si!ni-icativo * o do processo 1ue envolve o c.amado 0ar1us do 0ossulo &I;K^ & %oder,amos desi!nar este epis"dio @o r3stico e o mar1usA sendo 1ue as duas classi-ica4es se aplicam mesma pessoa em simult<neo& %rocesso este 1ue * e$emplo desse territ"rio de ambi!uidade 1ue e$iste nos pr"prios processos 7udiciais e 1ue d8 not,cia da dist<ncia entre o direito o-icial e a sua pr8tica& / 1ue * interessante neste processo * o -acto de a ar!umentao de de-esa I :ue +eita 0or u. ad,o1ado da 6anta )asa da Miseric*rdia :ue& assi.& 1raciosa.ente& de+ende os rus I& +azer inter+erir as .atrizes do1.Dticas& onde as o2ras do direito culto euro0eu& desde BDrtolo& arru.a,a. o .undo da 0rDtica Cur=dica tradicional( $esta literatura culta& o .undo do direito oral o .undo dos rRsticos I;KL & %or isso tamb*m no espanta 1ue os c.e-es a-ricanos ten.am sido colocados nesta cat*!oria sempre 1ue eram citados em correspondncia mais erudita I;KK & 'pesar de ser um pouco mar!inal entrar a1ui em considera4es acerca da estrutura ar!umentativa desenvolvida por deste advo!ado no posso dei$ar de sublin.ar o -acto de ela se or!ani(ar com recurso aos topoh sub7acentes a um estere"tipo 1ue a literatura 7ur,dica estabeleceu Vnomeadamente a doutrina do ius commune como se sabe de rara lon!evidade em %ortu!alWE isto * o estereotipo do r3stico es1uecendo por completo as modalidades concretas do e$erc,cio do poder colonial isto * os tratados de vassala!em 1ue recon.eciam os c.e-es a-ricanos como c.e-es de #stado e 1ue assim os .abilitavam a assumir compromissos pol,ticos 1ue como disse anteriormente implicavam obri!a4es e direitos rec,procos& 'ssim o R*u 5elc.ior Clemente Domin!os 0artins isto * o e$2 0ar1us do 0ussulo * classi-icado nestes termos pelo 7uristaE @#ste pobre r*u * pessoa to miser8vel e r3stica e i!norante 1ue alem de viver embren.ado entre serras e ser o seu continuo modo de vida comunicar se com outras pessoas rudes e i!ualmente camponesas nem ainda sabe distin!uir as re!ras da pr"pria nature(a nem di-erenar o 1ue * bom e o 1ue * mau&A I;K^ 'HU C$& K; Doc& L RI de 0aio deIJJ^& I;KL 'nt"nio 0anuel Hespan.a h Sabios B r3sticos& La dulce violencia de la ra("n 7ur,dica i (a Mracia del &erec-o ,conomia de la cultura en la ,dad 4oderna 0adrid Centro de #studios Constitucionales IOOR pp& IJ e ss& I;KK @Carta do Hovernador 9os* Honalo da C<mara para 0artin.o de 0elo e CastroA 'HU 'n!ola C$& KR Doc& LOY Luanda II de De(embro deIJN;& ..................... 386 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola #sta de-inio est8 per-eitamente de acordo com a de-inio 1ue 58rtolo e tamb*m 5aldo davam do r3stico 1uando remetiam a -i!ura para o mundo ruralE @so r3sticos todos a1ueles 1ue vivem -ora das cidades ou das terras importantesAY e 'le7andro de +mola citado por Hespan.a alude ainda aos atributos 1ue de-inem o estatuto especial dos r3sticosE a i!nor<ncia e a boalidade& / mesmo advo!ado acrescenta em relao ao 0ar1usE @do mesmo modo * -alto de racioc,nio e no tem sentimento nem sabe atin!ir as obri!a4es a 1ue est8 su7eito e por estas ra(4es parece estar nos termos de ser escusado de 1ual1uer pena V&&&WA I;KJ & ' ar!umentao cin!e2se de tal -orma letra do te$to erudito 1ue se c.e!a a di(erE ser o r*u incapa( para responder 7udicialmente por i!norar o verdadeiro sentido do 1ue se l.e per!untavaE @principalmente estando palp8vel o seu erroY a sua i!nor<ncia e no sendo veros,mil 1ue ele soubesse da proibio sendo um preto i!norante de Letras e ainda do pr"prio idioma portu!usA I;KN & %erante o r3stico o 7urista tem portanto uma atitude de @simpatiaA 1ue resulta da constatao desta esp*cie de inocncia primitiva e ao mesmo tempo de @condescendnciaA I;KO perante a sua i!nor<ncia e estupide(& / r3stico * por um lado uma criatura -ranca in!*nua incapa( de -a(er 1ual1uer dano suscept,vel de ser en!anadaY e ao mesmo tempo um ser i!norante e !rosseiro incapa( de se e$pressar correctamente e sobretudo de compreender as implica4es da vida 7ur,dica I;J; & / 0ar1us * rude e i!norante das leis penais e -ala de -orma sin!ular por isso * in8bil para 7urar em 9u,(o I;JI & /ra tudo isto c.oca de -acto com a pr8tica pol,tica& ' verdade * 1ue poucos anos antes o 0ar1us do 0ossulo * tratado como c.e-e de #stado em paridade com o !overnador de 'n!ola& Recebe correspondncia e embai$adas e o seu poder e a sua capacidade pol,tica so de tal -orma recon.ecidos como e-ectivos 1ue se desenvolviam prolon!adas e tamb*m di-,ceis ac4es diplom8tica no sentido de o tra(er vassala!em do rei de %ortu!al& Durante o ano de IJKJ Sousa Coutin.o manteve uma correspondncia ass,dua com o 0ar1us D& 'nt"nio '-onso da Silva no sentido de edi-icar nas suas terras uma -orti-icao de -orma a obviar o contrabando de escravos com in!leses nos portos vi(in.os& I;KJ 'HU C$& K; Doc&L -l& ^Ov& I;KN "dem, "bidem, -l& L;& I;KO 0ais uma ve( 'nt"nio Hespan.a h S8biosP i& pp& RR2R^& I;J; %elas per!untas e respostas o r*u est8 em condi4es de ser absolvido I;JI Do lon!o processo 1ue consultei no constam a sentena -inal e as contra2ale!a4es& ..................... 387 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola '-inal a1uilo 1ue se veri-ica * uma insustentabilidade dos direitos por1ue .8 sempre uma ordem pra!m8tica 1ue altera e determina a aplicao pr8tica dos direitos invocados& Se * verdade 1ue na .ist"ria da administrao da 7ustia de 'nti!o Re!ime a leitura das -ontes e$i!e 1ue se ten.a bem presente a @incompatibilidade entre por um lado as e$i!ncias institucionais dos modelos de or!ani(ao 7ur,dica e 7udicial e$istentes nas -ontes le!ais e por outro lado a !eneralidade das situa4es vividasA I;J: parece2me 1ue na .ist"ria da coloni(ao a ordem pra!m8tica torna ainda mais evidente a insustentabilidade do direito do coloni(ador& vvv %ara concluirY no -inal do s*culo G6+++ esta pol,tica dita iluminista -a( inter-erir uma terceira ordem ou l"!ica no processo de interaco das duas ordens pr*2e$istentes e coe$istentesE o sistema 7ur,dico e 7udicial end"!eno tradicional sustentado por uma cultura da oralidade e o sistema 7ur,dico e 7udicial da coloni(ao de 'nti!o Re!ime sustentado por uma .ierar1uia administrativa pouco letrada le!itimada num direito escrito e em processos burocr8ticos& No campo 7ur,dico a aco iluminista colaborou no processo de burocrati(ao e recepo do direito portu!us ao n,vel dos #stados a-ricanos por -ora da comunicao re-orada com as autoridades portu!uesas devido a uma pol,tica 1ue pretendia submeter essa pr8tica 7ur,dica a uma @ideolo!ia le!alistaA alicerada numa intensa actividade processual& /s sobas e os seus principais di!nit8rios c.amados a responder perante a 7ustia de Luanda tomavam contacto re!ular com os instrumentos intelectuais e burocr8ticos praticados e passaram a estar em condi4es de tamb*m os passarem a usar e sobretudo de os saber usar em obedincia sua pr"pria l"!ica& 's vassala!ens continuariam a constituir o suporte 7ur,dico em 1ue se tradu(ia maioritariamente a relao colonial ainda no -inal do s*culo G+G& /s processos relativos a assuntos internos dos sobados reprodu(iam2se mas cada mundo 7ur,dico acabava por ser dei$ado ao curso do tempo e s determina4es 1ue as suas pr"prias din<micas propun.am& Z neste tempo 1ue a aprendi(a!em burocr8tica e do uso p3blico dessa burocracia * reconvertida ao uso privado no interior dos reinos a-ricanos I;JR & I;J: 'nt"nio Hespan.a h S8biosP i p& :L I;JR No 1ue di( respeito s 1uest4es da escrita a transio do uso p3blico para o uso privado ao lon!o do s*culo G+G -oi estudada em trabal.os anteriores& +nteressa sublin.ar o peso 1ue a, ad1uirem as 1uest4es 7udiciais& C-& Santos e )avares A Apropria#o da escrita pp& JL e ss& ..................... 388 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Do lado colonial as 1uest4es colocadas na aplicao do direito no se alteram substancialmente& #m 3ltima an8lise e para concluir o processo de coloni(ao Ve uso a1ui o termo no seu sentido mais !eral identi-icado com o pr"prio -en"meno de e$panso ocidental 1ue se 1uisermos ainda .o7e est8 em cursoW talve( deva ser vista como a articulao poss,vel de dois processos independentes 8 o do coloni(ador e o do coloni(ado o da ocidentali(ao e o da preservao da matri( end"!ena& ' respirao subterr<nea dessa matri( primeira em lenta mas cont,nua -ermentao est8 pronta a -a(er2se ouvir 1uando a mal.a administrativa 1ue a ela se sobrep4e * ine-ica( ou d8 sinais de ine-ic8cia * e$cessivamente violenta mas insu-icientemente ani1uiladora e ainda no caso actual de 'n!ola 1uando a tudo isso Ve tamb*m como seu motorW se acrescenta o rescaldo da !uerra& Z entre estes dois sistemas 1ue o di8lo!o se pode estabelecer& Ho7e em dia no sudoeste de 'n!ola 1uando os mucubais do !rupo .erero depois de cumprido o servio militar re!ressam ao deserto do Namibe para reocuparem o seu lu!ar como pr"speros pastores de !ado I;J^ Y ou 1uando no ms de Novembro de :;;I os sobas do #[\i[\i avanaram sobre Luanda em busca de uma resposta na resoluo de problemas de precedncia e le!itimidade Ve se nos abstrairmos sobretudo neste se!undo caso do aproveitamento pol,tico ideol"!ico de 1ue as apre!oadas autoridades tradicionais so alvo I;JL W o problema 1ue parece continuar a pcr2se e a!ora no 1uadro contempor<neo * o da .ip"tese de preservao ou revivescncia de bolsas culturais Vsempre vistas como entidades e identidades din<micasW e at* nos casos apontados a produo de uma capacidade e-iciente de reconverter no pr"prio bene-,cio as -ra!ilidades reveladas pelo sistema 1ue se pretende dominante I;JK & I;J^ Nos ku$ale encontra2se uma sociedade 1ue continua no s*culo GG+
a subsistir e em al!uns casos a prosperar se!uindo um sistema econ"mico e uma cultura pastoril de contornos absolutamente cl8ssicos& C-& Carval.o 2ou l' passim I;JL 9ean2Franois 5aBard (*;tat en Afrique (a politique du $entre %aris FaBard IONO p& RI& I;JK C-& Sop.ia 0appa Pou$oirs traditionnels et pou$oir d*;tat en Afrique (*illusion uni$ersaliste %aris Dart.ala IOONY o mesmo em RBs(ard Dapuscins[i ;bano 7ebre Africana Lisbonne Campo das Letras :;;I pp& K^2KL& ..................... 389 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 11. D) ,"-" 5"&#- 3)&%/&!#(# # ",i)(#() #5&i,#'# 11.1. P&",)" () )%'i,i2#01" ) Di)&#&@/i2#01" Z .o7e admitido 1ue as etnias tal como aparecem propostas pelas cartas *tnicas correspondem a de-ini4es 1ue -oram instauradas pela coloni(ao -ormal e introdu(idas com o -im de de-inir e circunscrever campos sociais& 'ntes de mais essa de-inio -oi condio e meio para o e$erc,cio e-iciente da administrao colonial sobre territ"rios dominados ou a dominar& #laboradas em al!uns casos sobre con-i!ura4es pr*2coloniais outras invocando2as mas 78 distantes delas tais de-ini4es revestem2se de uma ine1u,voca dimenso ideol"!ica e visam assim o en1uadramento ideol"!ico dos !rupos aludidos& ' ter em conta portanto a instrumentali(ao ideol"!ica daVsW etniaVsW pelas administra4es coloniais e a @ri!idi-icaoA dos seus contornos culturais identit8rios e !eo!r8-icos& Num plano complementar a este b embora no sendo este o lu!ar para me deter no intenso debate desencadeado em torno da cate!oria conceptual @etniaA terreno de antrop"lo!os a 1ue a min.a -ormao obri!a a recorrer com .umildade e al!umas cautelas b est8 a sua .istoricidade posta em evidencia na obra Au Coeur de l*,t-nie I;JJ & Desviando2se de correntes marcantes do pensamento antropol"!ico I;JN os autores centraram2se na cate!oria conceptual da @etniaA e contribu,ram para provar a necessidade de .istorici(ao da mesmaE @em ve( de partir de etn"nimos dados de no4es va(ias 1ue se trata em se!uida de preenc.er com estruturas econ"micas pol,ticas e reli!iosas seria pre-er,vel mostrar como o termo situado no tempo e no espao ad1uire pro!ressivamente uma multiplicidade de sentidosA I;JO & / 1ue tudo isto pode 1uerer ento di(er para a1uilo 1ue a1ui interessa e$plorar no conte$to do s*culo G6+++ iluminista em 'n!ola * 1ue b andando a etnia como anda li!ada s identidades e sendo como * uma construo cu7o enunciado decorre dos conte$tos onde se produ( por1ue tamb*m as identidades apenas de se de-inem em re-erencia a uma alteridade b pode ter interesse 1uestionar de 1ue maneira o poder colonial portu!us pensa ou/e instrumentali(a aVsW etniaVsW e em 1ue medida I;JJ 'mselle 0U5o[olo Au Coeur passim& I;JN Re-iro o evolucionismo o -uncionalismo o culturalismo e o estruturalismo correntes essencialmente @a2.ist"ricasA umas atentas ao sentido e ao s,mbolo outras -uno& I;JO 'mselle 0U5o[olo Au Coeur p& ^^Y 9&2%& C.r*tien (es ,tn-iesP&A+ntroduoA& ..................... 390 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola tamb*m a relao colonial vem a implicar al!um tipo de reconstruo/de-ormao das con-i!ura4es *tnicas em presena& Neste estudo di-icilmente -oi poss,vel c.e!ar a respostas completas& Colocar as 1uest4es no * su-iciente mas alerta e se as respostas se podem procurar * acima de tudo para os 'mbundo V4bunduW& No caso dos 'mbundo tamb*m re-erenciados nas -ontes como @1uimbundosA desi!nao a remeter para um espao lin!u,stico 1ue * o do 1uimbundo os dados so relativamente abundantes& 6ir!,lio Coel.o re-ere 1ue o etn"nimo 'mbundo Vplural de 4bunduW si!ni-icando literalmente @Ne!rosA serviu para identi-icar desde o s*culo G6+ as popula4es do -interland de Luanda alar!ando2se depois a outras (onas mas 1ue @no corresponde em nen.um dos conte$tos 1uele 1ue * su!erido pela autoconsciencia dessa comunidadeA& )ratar2se2ia ento da mais anti!a elaborao da noo de ]!rupo *tnicoU ou de ]povoU -or7ado pelos %ortu!ueses para desi!nar um vasto con7unto de popula4es 1ue -alam uma mesma l,n!ua o 1uimbundo I;N; & %enso 1ue a !rande novidade 1ue as -ontes portu!uesas e$p4em reside na .ierar1ui(ao do a-ricano como estrat*!ia de dom,nio colonial
I;NI diver!indo da ima!em estereotipada do a-ricano veiculada pela !rande literatura de setecentos e de al!uma maneira posterior ou mesmo at* a!ora onde a X-rica e os seus .abitantes so I;N; Normalmente estas popula4es desi!nam2se a si mesmas como sendo @os de @ VAkOaWY 6& Coel.o @' 1uesto do controle da terra e da territorialidade no anti!o Reino do Nd"n!t vista atrav*s de um relato do -im do s*culo G+GA in A Efrica e a "nstala#o do /istema Colonial Fc >@@G6c>CADH 'ctas """ 3eunio de .istria de Efrica, Lisboa ++C) :;;; p& IOI& I;NI 0esmo se dei$armos de considerar as leituras plurais acerca dos '-ricanos 1ue al!uns su7eitos do s*culo G6+++ produ(em as mesmas cautelas so pertinentes do ponto de vista do m*todo do .istoriador 6er arti!o de 0aria da Conceio Neto @ / luso o tr"pico &&&e os outrosA in A &imenso AtlJntica da Efrica V"" 3eunio "nternacional de .istria de EfricaW onde se di( 1ue nem o luso nem o tr"pico correspondem a cate!orias .omo!*neas mas 1ue encerram v8rios con7untos de su7eitos& Da mesma maneira C8rmen 5ernand sobre os americanismos no dei$a de -risar 1ue o termo @sul2americanosA usado sem mais e$plica4es tradu( uma enorme impreciso& )odo o es-oro para .istorici(ar os mundos ind,!enas no pode -a(er economia das mestia!ens e dos contactos com outros povos europeus& Z preciso levar em conta a comple$idade da estrati-icao social& No sec& G6+ al!uns camponeses espan."is 1uei$am2se de ser tratados como indianos e o conv,vio entre europeus e ,ndios -avoreceu a criao de outros con7untos culturais e sociais& Na 'm*rica o trabal.o sob as suas di-erentes -ormas estruturou as rela4es sociais& # depois de tantos anos passados a di(er da import<ncia das pertenas *tnicas T 1ue no s* poss,vel minimi(ar T * preciso .o7e voltar s tens4es econ"micas e outras 1ue marcaram a sociedade colonial& C-& C8rmen 5ernand @LUam*ricanisme lU.eure du multiculturalisme& %ro7ets limites perspectivesA Annales .// septembre2 octobre :;;: nQL pp&I:OK2I:OO& ..................... 391 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @continentali(adosA e ol.ados em bloco e !enericamente apelidados como @os '-ricanosA o 1ue pode 1uerer di(er tudo e nada I;N: & No discurso colonial portu!us o 'mbundo * o 1ue est8 mais pr"$imo do europeu& ' posio na .ierar1uia * a-erida ao modelo ocidental e portanto capacidade tecnol"!ica e comple$idade da or!ani(ao pol,tica e burocr8tica& ' escrita com a burocracia a ela associada constitui2se como mais um crit*rio de di-erenciao Z 1uase tentador a-irmar 1ue ambundo/1uimbundo mais do 1ue si!ni-icar a pertena a uma etnia vem a si!ni-icar uma condio um estatuto& Ser 1uimbundo e1uivale pr8tica de uma identidade saber ler e escrever usar os canais da burocracia e estabelece uma -ronteira entre o mundo do coloni(ador/civili(ado e o mundo dos b8rbaros& #ste ser8 ento um -en"meno de produo da etnicidade como instrumento de coloni(ao e de dom,nio& Num te$to sobre @' recusa da .ist"ria dos outrosA 'l-redo 0ar!arido a-irma a recusa do uso da escrita aos '-ricanos como estrat*!ia de dom,nio e in-eriori(ao I;NR & #mbora teoricamente a ideia parea atraente de -acto prova2se pela documentao a!ora e$plorada 1ue a aprendi(a!em da escrita no * recusada pelo contr8rio * solicitada e se inscreve num con7unto de dispositivos de di-erenciao dos '-ricanos mas entenda2se dos '-ricanos entre si tornando uns mais di-erentes do 1ue outros& /s 1ue dominam a tecnolo!ia da escrita mesmo 1ue de -orma rudimentar se bem 1ue su-iciente para permitir a comunicao apro$imam2se de um padro de civili(ao e so incorporados numa -ai$a da .umanidade no camin.o 1ue l.e cabe cumprir em direco ao est8dio mais avanado e portanto mais per-eito& 'li8s a coloni(ao opera de uma -orma 1uase perversa desde lo!o em relao a si mesma 1uando produ( a e$panso da cultura ambunda atrav*s da leitura 1ue constr"i das culturas do sul em 5en!uela& %alavras do 1uimbundo so usadas pelos portu!ueses para classi-icar e/ou tradu(ir as realidades culturais de povos -alantes de umbundo I;N^ & 's institui4es do planalto de 5en!uela so classi-icadas atrav*s das institui4es ambundas& Z como se a coloni(ao iluminista ao @tomar posseA do Sul e inte!r82lo no seu universo de re-erncias sobre X-rica procedesse a uma @ambundi(aoA de 'n!olaA e @inventasseA I;N: 9&L& 'mselle :;;:W @LU'-ri1ueE un parc t.SmesA (es :emps 4odernes ano LJ nQ K:;2K:I pp&^K2K;& I;NR 'l-redo 0ar!arido @' recusa da .ist"ria dos outrosA A lusofonia e os lusfonos&&& p& L; e ss& I;N^ #$emplo mukanu em ve( o$imbu soba em ve( de osoma& ..................... 392 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @codi-icasseA uma cultura pol,tica para 'n!ola a partir do l*$ico institucional con.ecido e -amiliar dos 0bundu& ?uer di(erE esta maneira de classi-icar o 1ue * novo atrav*s das cate!orias aplicadas classi-icao do con.ecido b uma esp*cie de @traduoA 1ue -a( passar a @realidade selva!emA para o @discurso ocidentalA I;NL b no * nada de in*dito& ' literatura de via!ens o-erece m3ltiplos e$emplos onde opera4es desse tipo tiveram lu!ar Vv&!& na classi-icao do territ"rio o uso dos termos prov,ncias e comarcasW& / 1ue resulta de interesse particular no caso em apreo * o -acto de as cate!orias de classi-icao apreendidas a partir do contacto com os 'mbundo serem incorporados no l*$ico pol,tico portu!us remeterem realidade a-ricana e se verem pro7ectadas na classi-icao e compreenso das institui4es ovimbundo vi!entes nas terras plan8lticas de 5en!uela& /s interlocutores privile!iados a1ueles 1ue se apro$imam mais do est8dio evolutivo ocidental ostentando traos conotados como portadores de civili(ao so os de cultura ambunda& / di8lo!o poss,vel e pre-erido passa2se com esse !rupo tanto mais 1ue as sociedades do planalto aparecem caracteri(adas como sociedades no or!ani(adas so @povos costumados a viver sua descrio debai$o de 7urisdi4es prec8rias e -rou$asA I;NK & / discurso dos sectores dominantes tende a constituir2se como o discurso dominante numa sociedade dada& # o 1ue est8 em causa * a imposio de dom,nios e de pro!ramas de dom,nio I;NJ & Z claro 1ue esta ima!em de descentrali(ao tin.a uma e$cepo no 5ailundo e no 5i* 1ue dispun.am de poder centrali(ado e de uma corte permanente se bem 1ue o 5i* no plano militar apresentasse uma estrutura d*bil en1uanto o 5ailundo -a(ia ra(ias permanentes ao Sul& ' prova de 1ue se tratava de uma e$cepo * 1ue o poder colonial or!ani(a uma operao militar contra o soba do 5ailundo e uma demonstrao de -oras ao ?uin!olo seu principal aliado& Finalmente cabe -a(er uma re-erncia -i!ura e$emplar do amba1uista 1ue a literatura e al!uma .istorio!ra-ia trataram abundatemente& / n3mero e a variedade de descri4es V.ist"ricas antropol"!icas e at* mesmo de car8cter liter8rioW trans-ormam o I;NL C-& 0& De Certeau (*criture&&& p& :K^& I;NK Carta para 9os* 6ieira de 'ra37o capito2mor de 5en!uela s&d& 'HN' C"d& JO -l& :& I;NJ d& Ro\e @0emoria continuidad multitemporalitadA in Lien.ard 0& Vcoord&W (a memoria popular e sus transformaciones i Amrica (atina 5 paWses loso6africanos, Fran[-urt / 0adrid :;;; pp& ^R2 LI& ..................... 393 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola amba1uista numa esp*cie de e+6libris de todo este processo da escrita ao lon!o dos anos I;NN &Saber discorrer usar de certo trato si!ni-ica uma in-iltrao da maneira @civili(adaA de proceder 7unto dos @1uimbundosA das @elites a-ricanas burocrati(adasA I;NO & %roduo de etnia bem ao estilo colonial& #tnia dos @1uimbundosA VmbunduW 1ue se -a( c.e!ar aos /vimbundo& Numa carta ao soba do 5ailundo o Hovernador D& Fernando 'nt"nio Soares de Noron.a -ormulava a situao e dava prova da sedimentao do 1ue acabo de e$pcrE @estou alem disso persuadido 1ue v"s compreendeis per-eitamente 1uanto a1ui vos levo dito pois no sois 0ucuandos nem 0ucur"cas 1ue esto to distantes de n"s mas sim sois ?uimbundos fentenda2se ocimbundu sin!ular de o$imbunduna l,n!ua umbundog dos acostumados ao nosso trato e como n"s sabeis discorrerA I;O; & / civili(ado * o 1ue est8 culturalmente pr"$imo e * a tecnolo!ia Vda escritaW 1ue apro$ima os @civili(adosA& 11.$. O 3"()& 3"4A%i," 'valiar a especi-icidade das perturba4es 1ue as sociedades a-ricanas so-rem neste per,odo parece poder colocar2se de -orma consistente para as sociedades ambundo em parte relacionadas com os 5acon!o e secundariamente para as /vimbundo& #mbora os poderes pol,ticos ambundo controlassem os recursos da terra as rotas comerciais e as pessoas uma s*rie de mecanismos relacionados com o com*rcio introdu(iram elementos de al!uma -ra!ilidade nuns casos de -ortalecimento noutros na con-i!urao do seu poder& / tr8-ico condu(iu a uma reestruturao pro-unda das institui4es sociais e pol,ticas a-ricanas na1uelas (onas mais directamente envolvidas em especial o Luan!o bacia do Con!o o interior a leste do rio Cuan!o nos -interlands de Luanda e 5en!uela& #$emplos dessas altera4es soE maiores concentra4es demo!r8-icas atrav*s da manipulao de re!ras de lin.a!em para an!ariar um maior n3mero de .omens e mul.eres dependentes e escravosY -ormao de novas elites sociais e pol,ticas distantes das estruturas lin.a!eiras anti!as& ' lon!o pra(o 78 no s*culo G+G tamb*m a .ierar1uia social ovimbundo seria a-ectada pelo sur!imento de uma nova -onte de ri1ue(a decorrente do com*rcio I;NN 2ide Santos e )avares A Apropria#o&&& pp&^JN& I;NO 6er o 1ue di( 9&2L& 'mselle V(ogiques p& ROW sobre a relao entre um processo de @mono2 identi-icaoA e o crescimento do #stado burocr8tico& I;O; Carta do Hovernador para o soba do 5ailundo IJ de Setembro de IN;R 'HN' C"d& :^; -l& IOv& ..................... 394 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dispon,vel para as pr8ticas da reciprocidade sem 1ue isso tivesse resultado na acumulao de ri1ue(a e na inte!rao da noo 1ue l.e est8 sub7acente I;OI & #m relao problem8tica e ao tempo 1ue a1ui trato penso 1ue a via de perturbao mais inovadora e 1ue se acrescenta a tudo a1uilo 1ue 78 -oi escrito sobre o impacto do tr8-ico atl<ntico nas sociedades a-ricanas tem a ver directamente com o re-oro do le!alismo do direito processual e da escrita nos pres,dios assim como 7unto dos sobas e seus macotas& ' tecnolo!ia da escrita * em si mesma um a!ente de mudana em 1ual1uer sociedade e por isso tem 1ue ser considerada neste caso em -uno de outros elementos I;O: & /s representantes do poder a-ricano pela tradio b a-inal as elites tradicionais a-ricanas I;OR b se!uiam ritos de entroni(ao e le!itimao por meio de um sistema de eleio condu(ido pelos macotas 1ue pelo !*nero e o parentesco dispun.am de capacidade para manipular um con7unto de mecanismos colectivos de inibio de poder e de @produo de c.e-esA& #ssa .ip"tese de manipular o acesso ao poder parece sair re-orada 1uando as -ormas le!ais e 7udiciais coloniais so instrumentali(adas pelos actores a-ricanos& Na verdade as -ormas tradicionais de autoridade sem serem postas em causa vm2se abaladas pela possibilidade de recurso s inst<ncias coloniais de arb,trio em especial as 7udiciais onde os pr"prios macotas ou pretendentes a sobas buscavam soluo para 1uest4es 1ue tin.am a ver com rivalidades dentro dos pr"prios sobados& %enso 1ue se pode colocar a .ip"tese de uma insistncia de Luanda na or!ani(ao de rela4es de tipo @burocr8ticoA com os sobas ter acabado por introdu(ir modi-ica4es na maneira como os pr"prios '-ricanos conceberam o acesso ao poder e as suas vias de renovao e estabilidade& Na verdade os mecanismos colectivos de inibio de poder atrav*s da possibilidade de substituio dos c.e-es so e$tremamente -re1uentes na documentao I;OI Sobre as perturba4es das sociedades mbundu na se!unda metade do s*culo G+G at* IO:; vide 9ill Dias @0udanas nos padr4es de poder&&&A passimY sobre as altera4es nas sociedades ovimbundo vide 0aria #m,lia 0adeira Santos @)ra7ect"ria do com*rcio&&&A in )os Camin-os passim& I;O: Sobre este tema tem particular import<ncia o trabal.o de 9ac[ HoodB citado na biblio!ra-ia -inal& Um estudo de caso sobre a Nova =el<ndia e os processos de aprendi(a!em envolvendo ind,!enas evidencia a import<ncia pol,tica do uso da escrita ao viabili(ar a e$tenso espacial Vcom uma carta * poss,vel estar ao mesmo tempo em dois lu!aresW mais do 1ue a e$tenso Ventenda2se perenidadeW temporal& c-& Donald 0cDen(ie IOOL @/ral Cultural LiteracB and %rint in #arlB Ne\ =ealand&&& ma+ime p& RLK& I;OR C-& )essB D& 5a[arB (es ,lites Africaines au Pou$oir Fproblmatiques, mt-odologie, tat des tra$au+H 5ordeau$ Centre dUZtudes dU'-ri1ue Noire Universit* de 5ordeau$ IOO; p& R;& ..................... 395 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola desta *poca& #sta 1uesto * tratada pelos trabal.os de antropolo!ia 1ue -a(em a distino entre a pessoa e a autoridade di(endo 1ue nestes casos o 1ue est8 ser contestado * o l,der e no a autoridade 1ue ele representa 78 1ue muitas ve(es na se1uncia desses processos a coeso de uma certa sociedade acaba por sair re-orada& /s con-litos so diri!idos pelo costume& )m lu!ar os atritos 1ue o costume prev& 'ssim o 1ue muda so as pessoas no * o sistema pol,tico 1ue o direito prote!e I;O^ & ' .ip"tese de depor os sobas em e$erc,cio estava contemplada no 1uadro pol,tico a-ricano entre os 0bundu e em particular os Dembos& / estatuto de @Dembo re-ormadoA alternava com o de Dembo em e$erc,cio I;OL & Deposto o Dembo pelos macotas o consel.o dos @mais vel.osA procedia eleio do novo c.e-e& No planalto de 5en!uela entre os /vimbundo eram bastante mais raros os casos de deposio de sobas depois e$ilados embora se encontrem not,cias deles I;OK & ?uando acontecia os quindures ele!iam o novo soba entre os poss,veis .erdeiros le!,timos& Uma descrio de %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda datada de IJOJ e$plica esse processoE @assim 1ue 1ual1uer soba destes * aclamado e untado pelos seus ?uindures V1ue so os escravos do #stado mais anti!os por1ue estes * 1ue so os eleitoresWA I;OJ & Depor o c.e-e independentemente das suas e$press4es constitui um da1ueles mecanismos 1ue remete a uma capacidade pr"pria das sociedades ditas tradicionais para accionar mecanismos colectivos de inibio do poder impedindo as c.e-ias de cristali(ar num aparel.o distinto do pr"prio corpo social I;ON & 's teses de %ierre Clastres podem e devem ser a1ui invocadas 1uando destrinam os mecanismos 1ue permitiam @con7urar a -ormao de um aparel.o de #stadoA ou dos seus e1uivalentes num !rupo e$plicando assim 1ue as sociedades ditas @primitivasA se preocupavam em dominar esse monstro 1ue * I;O^ ' an8lise de processos deste tipo * -eita por Hluc[man Custom and Conflict p& :O e IRJ ou ainda 0& Fortes e #& #& #vans2%ritc.ard /istemas polWticos p& LR onde se a-irma 1ue se a-irma ser poss,vel derrubar um mau rei dei$ando o reinado inc"lume& I;OL )ive oportunidade de estudar este assunto em A Apropria#o Hloss8rio& I;OK 'HN' C"d& OI Fl& I;;2I;;v& I;OJ Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& I;ON Deleu(e Huattari 4ille Plateau+ pp& ^^; e ssY #li[ia 0U5o[olo Efrica )egra .istria p& :;I& ..................... 396 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola o #stado sem 1ue isso si!ni-icasse 1ue no o compreendiam& ?uer di(er por1ue o @compreendiamA cuidavam de o con7urar em especial atrav*s das ac4es de !uerra I;OO & +ndependentemente das discuss4es 1ue podem ser tecidas em volta desta proposta ela tem interesse na medida em 1ue contraria uma leitura evolucionista na relao com o poder a camin.o do #stado e evidencia uma !ram8tica de or!ani(ao do poder 1ue @disciplinaA esse mesmo poder& ' substituio do soba poderia ocorrer por desistncia/ren3ncia por deposio em virtude de um crime cometido II;; ou ainda por @re-ormaA Vcaso presente entre os DembosW& /ra tal caracter,stica do poder a-ricano interessa para a compreenso da relao colonial por1ue esses mecanismos end"!enos so ob7ecto de duas opera4es distintas& #m primeiro lu!ar -oram activados e re-orados no 1uadro da instalao e e$panso da soberania colonial pelo poder colonial& De -acto sempre 1ue -al.ava a primeira opo de avassalar os sobas nas terras circunvi(in.as aos pres,dios os portu!ueses procuravam cimentar as rela4es de su(erania com os potentados a-ricanos instalando sobas -avor8veis nesses mesmos potentadosE @se do seu esp,rito e comportamento seno pode esperar -irme(a ou se!urana de palavra o rem*dio * prende2lo desterra2lo e elevar outro 1ue d mostras de paci-icao sua di!nidadeA II;I & %or*m a escol.a do novo soba era remetida ao tradicional consel.o dos macotas se!uindo as re!ras de eleio anti!as a!ora manipuladas a -avor de um interesse e$terior& #$emplos col.em2se a v8rios passos da .ist"ria de 'n!ola& )odo o processo em volta da construo do pres,dio de S& 9os* de #nco!e envolveu a deposio e e$pulso do Dembo 'mbuela e a eleio com aprovao colonial de um novo portador do mesmo t,tulo pol,tico& / mesmo voltava a repetir2se al!uns anos mais tarde II;: & #m se!undo lu!ar os sobas poderiam ancorar2se numa relao est8vel com os capites2mores para !arantir a sua permanncia nas c.e-ias como portadores dos t,tulos pol,ticos e assim trocarem as voltas possibilidade de 1ue dispun.am os seus @vassalosA de os depor& #$plicando mel.or nem sempre a presena dos capites2mores -oi pre7udicial I;OO %ierre Clastres IOJ^ (a socit contre l*;tat passim& II;; Carta para o re!ente de Cambambe R de Novembro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& NL& II;I Corra vol& ++ p& K;& II;: /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos K de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :IY /-,cio de F+SC sobre a derrota do Dembo 'mbuela e sua substituio pela @se!unda pessoa do DemboA& 'HU C$& L; Doc& KL2R Luanda ^ de 0aro de IJKK& ..................... 397 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola aos sobados por ve(es a7udou a produ(ir e sedimentar c.e-ias dir2se2ia produ(iu c.e-es 1ue na sua circunst<ncia ori!inal teriam sido muito mais -r8!eis II;R & Note2se no se trata de prestar vassala!em para conse!uir de-esa militar em situa4es de !uerra com outros sobas mas de usar o poder colonial para asse!urar uma posio no sobado no seio da pol,tica a-ricana& Z nesta modalidade 1ue se podem inscrever as vassala!ens volunt8rias& 0as tamb*m tentativas de -a(er instalar nas terras de um c.e-e uma autoridade colonial como meio de read1uirir prest,!io e peso pol,tico no 1uadro a-ricano ou ainda os processos 7udiciais desencadeados por um soba para depor um seu opositor em e$erc,cio captando e procurando assim a certi-icao colonial para uso interno
II;^ & #ste 3ltimo aspecto * em parte abordado 1uando trato da instrumentali(ao do direito portu!us pelos poderes a-ricanos mas neste momento interessa2me colocar um outro problema para 1uestionar at* 1ue ponto o recurso s inst<ncias portu!uesas e a adopo da burocracia e dos recursos 1ue ela proporciona tero condu(ido a altera4es na pr"pria estrutura do poder a-ricano ou pelo menos da ideolo!ia e -ormas de pensar a-ricanas esse mesmo poder& / 1ue resulta mais si!ni-icativo * a -re1uncia verdadeira catadupa de situa4es deste tipo& /s e$emplos sucedem2se sobretudo a partir do -inal do s*culo G6+++ e com !rande incidncia nas primeiras d*cadas do s*culo G+G II;L & %ercorrendo os vaiv*ns desen.ados pela correspondncia eu diria at* 1ue se vai insinuando uma certa instabilidade pol,tica nos sobados& 's 1uest4es de deposio dos sobas pelos seus macotas ou por interveno 7unto da 7ustia portu!uesa so e$tremamente -re1uentes II;K & II;R #sta 3ltima .ip"tese -ica e$posta de -orma lapidar pelo %rovedor da Fa(endaE @1uando os ditos Sobas so undados ou con-irmados pelos Capites2mores prometem na .omena!em 1ue prestam cumprir com as ditas obri!a4es respondendo com muita satis-ao se!undo ouo 1ue esto prontos a tudo por1ue * seu costume anti!o e 1ue como no .8 memorias a1ui de donde se alcance o verdadeiro principio disto e eles no dei$am de ser recompensados na se!urana 1ue alcanam nos seus #stados pela con-irmao dos Capites2mores sendo2l.es antes dela mui -8cil o serem depostos pelos seus -il.os ou vassalos&&&A R; de Setembro de IJJ; AA vol& + nQ: IORR s&pp& II;^ Carta para o Dembo 'mbuila D& 9oa1uim '-onso 'lvares I^ de 0aio de IJOO 'HN' C"d& R:: -l& LJ& / Dembo pretendia ver re2instalado nas suas terras um @escrivo das terrasA car!o e$tinto em IJL^ no momento em 1ue a -ortale(a de S& 9os* de #nco!e passou a -uncionar como p"lo do com*rcio da (ona& II;L #ssa intensi-icao -ica bem presente nos c"dices relativos ao !overno de 5en!uela e$istentes no 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!olaE C"d& ^^R VIJOK2IN;NWY C"d& ^^L VIN;J2INIRWY C"d& ^^K VINI^2 ININWY C"-& ^^J VININ2IN:IWY C"d& ^^O VIN:^2IN:OW& II;K 's respostas do Hovernador diri!idas aos pres,dios citam e descrevem variad,ssimos tipos de re1uerimentoE Re1uerimento do soba Hon!a 0uina D& Domin!os Fernandes sobre con-litos com os seus @-il.osA IK de 9un.o de INIL "bidem -l& JLvY Resposta ao re1uerimento dos macotas do #stado do @N!an!ue 'poA rati-icando a escol.a de D& 'nt"nio Lu,s IN de 9ul.o de INIL "bidem -l& N;vY Carta para o re!ente de 0assan!ano em 1ue o !overnador Lu,s da 0ota Fo e )orres a-irma estar preso em Luanda o -il.o do @soba Caculo Camui(aA mas 1ue no disp4es de documentos 1ue provem o t,tuloY re-ere ainda uma ..................... 398 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' coloni(ao ter8 contribu,do para a produo da -i!ura do c.e-e local como aconteceu por toda a X-rica 7unto das sociedades sem modalidades -ormais de poder pol,tico personali(ado e centrali(ado& Se 1uisermos tra(er esta proposta de leitura at* ao presente as c.amadas autoridades tradicionais b as elites locais c.amadas a inte!rar o #stado o @partidoA o poder b so em muitos casos -eitas emer!ir en1uanto autoridade do sistema de onde saem& 'li8s em X-rica assiste2se .o7e a um retorno em -ora das autoridades tradicionais 1ue bene-iciam do multipartidarismo para se posicionar no espao p3blico restaurar o seu poder e ne!ociar a sua relao com o #stado II;J &
11.:. O (i,/&" (" ,"4"'i2#("& #/-i(" 3)4" A5&i,#'". / discurso colonial estabelece uma .ierar1ui(ao entre os '-ricanos ao classi-icar os di-erentes !rupos *tnicos& ' pr"pria relao de dom,nio colonial passa pela classi-icao e pela distino de di-erentes @outrosA& Uns seriam mais di-erentes do 1ue os outros& @'-inal no se dominam os povos por1ue so diferentes mas antes tornam2se estes diferentes para domina2losA
II;N & ' articulao sub7acente remete aos processos de di-erenciao entendidos como estrat*!ias coloniais de produo da di-erena e visando a le!itimao do dom,nio sobre o outro& #ssa noo de di-erena associada classi-icao de si e dos outros no era certamente al.eia aos '-ricanos& 0as tem interesse veri-icar 1ue a1ueles !rupos 1ue mantiveram rela4es mais anti!as com Luanda e ao mesmo tempo com o Con!o acabaram por incorporar nesse discurso di-erenciador os re-erentes -ormulados pelo poder disputa entre sobas por um t,tulo e pede ao re!ente 1ue investi!ue no cart"rio do pres,dio o 1ue possa a7udar a esclarecer :I de '!osto de INIK 'HN' C"d& OR -l& ^Y Resposta do !overnador a dois re1uerimentos do soba @Ndala )andoA D& %edro 9oo e de D& 0ateus 0artins ?uilamba @Caculo CamatambaA de-erindo ao soba 1ue -osse empossado do terreno 1ue l.e pertence e ao 1uilamba 1ue l.e -osse dada a posse das terras 1ue l.e pertencem em virtude de uma sentena 1ue tin.a alcanado -icando o suplicado Domin!os 9os* obri!ado a -a(er servio ao rei de %ortu!al ou a estabelecer2se noutra 7urisdio Carta para o re!ente de 'mbaca N de Novembro de INIK "bidem -l& IK& Re1uerimento do soba D& Domin!os em 1ue pede iseno de carre!adores para o com*rcio I: de 0aro de INI^ "bidem -l& INvY Re1uerimento de uma preta livre ao capito2mor do pres,dio de 0assan!ano com ane$o de documentos sobre uma d,vida L de 0aio de INI^ "bidem -l& :LvY Re1uerimento do preto 9oo Domin!os contra um -eirante IN de 9ul.o de INIL "bidem -l& N;Y Re1uerimento de um soba contra um cabo de es1uadra R de /utubro de INIL "bidem -l& OKv& II;J Ro!er 5otte @Le spectre de lUesclava!eA in (es :emps 4odernes ano LJ nQ K:;2K:I :;;: p& IL:& II;N 6er para o 5rasil o estudo de %edro %untoni A Muerra dos 1'rbaros&&& p& KO e ss& 1ue incide sobre os ,ndios tapuias& ..................... 399 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola colonial II;O & /s Dembos e o 0ar1us do 0ossulo a meio camin.o entre Luanda e o Con!o identi-icam2se com os portu!ueses vm2se como civili(ados e remetem a cate!oria @!entiosA para @os outrosA '-ricanos& Z o 1ue se veri-ica na intensa correspondncia trocada entre o 0ar1us do 0ossulo e Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o& ' troca de cartas estabelece2se sobre o pressuposto de al!uma paridade entre os interlocutores do 7o!o pol,tico desde lo!o por1ue ambos recorrem escrita& 0as essa identi-icao vai mais lon!e 78 1ue a apropriao do vocabul8rio colonial por parte da1uele c.e-e a-ricano acabaria por se repercutir num distanciamento relativamente aos restantes c.e-es a-ricanos& @&&&.8 !ente 1ue no sabe nada por ser inculta s" eu * 1ue posso saber o 1ue * mel.or e o 1ue no * mel.or por 1ue assim como estou perto com el rei do Con!o tamb*m estou com o de %ortu!al e a1ueles so !entios&&&A III; & / direito portu!us apresentava brec.as (onas no re!ulamentadas ou re!ulamentadas em sentidos 1ue acabavam por -avorecer a posio dos '-ricanos a!indo a seu -avor com os instrumentos dos outros& 's contradi4es e de-icincias da administrao colonial produ(iam va(ios 7ur,dicos e parado$os 7ur,dicos 1ue acabavam por reverter a -avor dos c.amados !entios& 's 1uei$as dos sobas contra os capites2mores apresentadas ao !overnador de 'n!ola ou ao de 5en!uela eram escutadas produ(iam e-eitos e tin.am conse1uncias& / caso do soba do Socoval na 7urisdio do pres,dio de ?uilen!ues * neste aspecto paradi!m8tico& / capito2mor de ?uilen!ues via2se na posio de r*u contra o soba do Socoval mediante uma 1uei$a posta por este IIII & #m IJON o Hovernador colocava o capito2mor do pres,dio de ?uilen!ues na posio de r*u acusando2o de e$i!ir ao soba o pa!amento de d,(imo sem 1ue esta obri!ao l.e assistisse& / !overnador pronunciava2 se a -avor do casti!o do capito2mor& / soba estava na posio 7usta& / soba era livre estava na sua terra e cuidava dos seus interesses isto sem embar!o da @rude(a e barbaridadeA dos seus povos& II;O Sobre a @e$acerbao das di-erenasA e consolidao de identidades na decorrncia da relao/con-ronto colonial c-& 9&2L& 'mselle (ogiques mtisses Ant-ropologie de l*identit en Afrique et ailleurs %aris %aBot IOO; p& I;& III; Carta do 0ar1us do 0ossulo para F+SC IJ de 0aio de IJKJ 'HU C$ LI D&:L& IIII ' 1uei$a ori!inou um 'uto de devassa a 1ue se mandou proceder o tenente re!ente 7ui( interino da prov,ncia de ?uilen!ues 0i!uel 'nt"nio Serro e$aminando o procedimento com 1ue se comportara o seu antecessor 9oa1uim 6ieira de 'ndradeY R de 9aneiro de IJOJ 'HN' C"d& ^^R -l& I: e ss& ..................... 400 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola De tudo o 1ue -ica dito nesta %arte +++ sobre 'dministrao racionalismo le!alismo e burocracia se pode concluir da entrada na col"nia de 'n!ola de uma nova mentalidade na relao com os assuntos de #stado e de um re-oro do papel da escrita do documento escrito e da ideia de 'r1uivo como coisa p3blica sem 1ue no entanto se vissem arredadas as rotinas de 'nti!o Re!ime assentes na a!re!ao entre p3blico e privado nem as marcas duradouras de um corpo de administradores precariamente al-abeti(ados e prontos a vincular a escrita e os procedimentos burocr8ticos aos c"di!os da comunicao oral& ' burocrati(ao incidiu tamb*m sobre os potentados a-ricanos sobretudo pela via do re-oro do processo 7udicial& Nas sociedades ambundo o uso continuado da escrita introdu(iu altera4es na estrutura pol,tica atrav*s da emer!ncia da -i!ura @burocr8ticaA do secret8rio e do 'r1uivo de #stado como instituio& ' .ip"tese de recurso s instancias de le!itimao coloniais procurada para resolver e certi-icar assuntos internos prova o uso e apropriao dos novos meios no 1uadro de sociedades 1ue usando o papel e !ra-ando nele nem por isso dei$aram de ser sociedades da oralidade& ..................... 401 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola PARTE IV - U-# @/)%1" () )(/,#01" 1$. Vi# (# %&#'i01"* D"-)' '";"* D"-)' ;)4D". ' educao -unda como -icou dito no primeiro cap,tulo desta tese um valor central na re-orma do #stado durante a se!unda metade do s*culo G6+++& #m %ortu!al e tamb*m nas col"nias esse valor no dei$ou de ser relacionado em primeiro lu!ar com uma circunst<ncia .ist"rica b o processo de e$pulso dos 7esu,tas b e em se!undo lu!ar com uma @necessidade de #stadoA b a -ormao de uma nova elite de !overno& Se * verdade 1ue as re-ormas tm de ser interpretadas em -uno das realidades e das possibilidades dos lu!ares onde se veri-icam imp4e2se avaliar em 1ue medida ap"s a e$pulso dos 7esu,tas -oi de -acto posto em pr8tica um pro!rama de ruptura institucionalmente -undamentado suportado e assim ar!umentado com competncia capa( de abrir na col"nia de 'n!ola um espao social atrav*s da estruturao de um !rupo intelectual capa( de pensar as institui4es pol,ticas mas tamb*m um novo espao cultural/conceptual e at* identit8rio de rai( civilista de-inido em relao a valores modernos e s novas realidades pol,tico2culturais com autonomia -ace aos pro!ramas culturais de 'nti!o Re!ime& 's inova4es de car8cter cultural li!am2se a duas 1uest4es de -undo incontorn8veis e a 1ue pretendo responderE IW saber em 1ue medida a e$pulso dos 7esu,tas de 'n!ola produ( de -acto um va(io e em 1ue planosY :W e se assim * de 1ue maneira se vem a aplicar um pro!rama de ruptura capa( de avanar com propostas novas atrav*s da promoo de institui4es ou da re-orma das 1ue ..................... 402 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 78 e$istindo entretanto estariam em condi4es de assumir -un4es dei$adas em aberto e !arantir o cumprimento de pro!ramas pol,ticos e culturais de substituio& /ra admitindo 1ue a de-inio do va(io em 1ue se tradu( a e$pulso dos 7esu,tas se pro7ecta ao n,vel do ensino * pertinente avaliar a capacidade de resposta e e$aminar o tipo de cobertura 1ue este novo #stado civilista prop4e& ?uanto ao ensino e aos pro!ramas culturais penso 1ue .8 v8rios n,veis a considerarE o ensino secund8rioY a l,n!uaY a censura e os meios de divul!ao e reproduo ideol"!ica& ' ideia de um #stado re-ormado subentendia administradores -ormados se!undo padr4es modernos& %or isso tamb*m a educao da @mocidadeA constituiu ao mesmo tempo instrumento na -or7a de .omens novos e esteio do #stado& #m Lisboa o estabelecimento do Real Col*!io dos Nobres carrila nessa articulao& #m 'n!ola a -undao de uma 'ula de Heometria e Forti-icao diri!ida aos militares viabili(ou a renovao da elite !overnativa colonial& Neste cap,tulo trata2se assim de compreender os camin.os de renovao intelectual pensados para viabili(ar os rumos de renovao pol,tica e recon-i!urar dispositivos culturais de dom,nio mas tamb*m de identi-icar as persona!ens 1ue comp4em este cen8rio& 1$.1. A3#&)4D" i()"4=+i," () &)3&"(/01"8 )'i'" ),/'(J&i" ) A/4# () G)"-)%&i# #m v8rios passos da literatura e dos te$tos administrativos setecentistas a educao dos 7ovens T da mocidade j vem mencionada como uma prioridade da pol,tica do #stado& Z este o pressuposto de trs obras peda!"!icas -undamentais de autores portu!uesesE Apontamentos para a ,duca#o de um 4enino )obre, de 0artin.o 0endona de %ina e %roena VLisboa IJR^W o 2erdadeiro 4todo de ,studar, de Lu,s 'nt"nio 6erneB V6alncia IJ^KW e -inalmente Cartas sobre a educa#o da 4ocidade VCol"nia IJK;W de Ribeiro Sanc.es este 3ltimo directamente citado por Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o a prop"sito da instaurao de novas re-erncias peda!"!icas em 'n!ola& ' @educao da mocidadeA identi-icada no reino com o !rupo dos 7ovens nobres est8 na base dessas obras assim como da instituio do Col*!io Real dos Nobres Vestatutos publicados em IJKIW -undado em Lisboa em IJKK como parte do vasto plano de estudos ..................... 403 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola posto em e$ecuo pelo 0ar1us de %ombal no 1ual o ensino era entendido como devendo ser uma verdadeira escola militar de internato obri!at"rio e disciplina muito severa& )rata2se portanto de uma nova cultura peda!"!ica 1ue se tradu( tamb*m numa cultura militar renovada III: & De acordo com esta @ideolo!ia peda!"!icaA onde a educao aparecia como base do pro!resso e da -elicidade universais o ensino de 7ovens -idal!os portu!ueses deveria obedecer a um duplo pro!ramaE disciplinar o comportamento e .abilitar com o saber necess8rio ocupao dos car!os not8veis da Nao IIIR & No plano das pr8ticas culturais e intelectuais onde se situam a veiculao de pro!ramas culturais e a vul!ari(ao de novos 1uadros mentais a cincia * posta ao servio da vida civil e militar& No seu 2ocabul'rio R& 5luteau de-ine a verdadeira cinciaE @.e a inventora das 'rtes a mestra dos costumes l a directora de todas as empre(as .umanas f&&&g com a sciencia aprendem os 0*dicos a curar as doenasY os %ol,ticos a !overnar os #stados os 9ui(es a discernir a innocencia os 0at.ematicos a prever o -uturo l os s8bios a cultivar as virtudesAY e dentro dela numa lin.a 1ue acentua e d8 testemun.o de con-iana na ra(o pura e da in-luncia cartesiana nos meios intelectuais a @Heometria .e verdadeBra sciencia por1ue procede por demonstraoA III^ & 'trav*s da Heometria as in-luncias de rai( cartesiana pro7ectam2se e di-undem2se nas 8reas li!adas ao e$*rcito mas tamb*m administrao do #stado& ' laici(ao do ensino diri!ido mocidade luandense cumpre2se 1uando a 'ula de Heometria e Forti-icao V-undada em IKOO mas rapidamente e$tinta pela -alta de mestresW -oi retomada e posta em -uncionamento no ano de IJK^& Neste caso no se tratava de educar os nobres mas antes os 7ovens 1ue -a(iam parte das anti!as -am,lias de Luanda e portanto pass,veis de serem inscritos num 1ual1uer pro!rama de re-orma do #stado& /s !overnadores ou os a!entes superiores da estrutura administrativa re-erem2 nos com -re1uncia& III: Sobre o Real Col*!io dos Nobres como escola militar vide Carval.o R"mulo de IOLO .istria da 7unda#opp&^I e ss&Y a!ora sobre o novo esp,rito da educao militar Fernando Dores Costa @0il,cia e SociedadeA No$a .istria 4ilitar ++ pp& OR e ss& IIIR /s estudos compun.am2se da parte liter8ria Vlatim !re!o l,n!uas vivas e .ist"riaW cient,-ica Vmatem8tica -,sica e$perimental ar1uitecturaW e de desenvolvimento -,sico Ve1uitao e es!rimaW mais al!uns rudimentos de aritm*tica e !eometria& #m INRN os alunos passaram para o Col*!io 0ilitar& III^ @ScienciaA 5luteau 2ocabul'rio ..................... 404 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H8 1ue distin!uir no plano da re-orma do ensino dois n,veis distintos& Um 1ue tem a ver com um tipo de -ormao pro-issional atrav*s da 'ula de Heometria e outro 1ue decorre das re-ormas dos estudos secund8rios& 1$.1.1. E(/,#& # M",i(#() @&&& a terra est8 to -alta de !ente e muito mais para estes minist*rios do ensino p3blico&&&A %arecer da C<mara de Luanda IN de De(embro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& No 1ue toca educao e dentro dela ao ensino a cultura das Lu(es * perpassada por um optimismo peda!"!ico e pela e$tino do ensino reli!ioso para dar lu!ar a um ensino laico ministrado em estabelecimentos civis& #m Luanda depois de IJLO a promoo das letras condio da -elicidade dos povos precisou deslocar2se o mais rapidamente poss,vel da es-era de um desempen.o 7esu,tico omnipresente e .e!em"nico para dar lu!ar laici(ao do ensino se!uindo a metodolo!ia de uma re-orma !eral IIIL & ' verdade * 1ue os 7esu,tas se .aviam constitu,do em persona!ens incontorn8veis ao acumularem -un4es de pre!ao converso con-isso mas sobretudo e em Luanda de educao como no acontecera com nen.uma outra ordem& ' construo de escolas prim8rias e de um col*!io VIK::W onde se ministrava Hram8tica )eolo!ia 0oral -oi acompan.ada pelo desenvolvimento de um ensino t*cnico& No -interland de Luanda a situao era um pouco di-erente !raas presena anti!a e continuada dos Capuc.in.os VCon!o 0atamba Ca.endaW e dos Carmelitas Descalos VSanto Hilario de 5an!o '1uitambaW IIIK Y mas os problemas na relao com a Santa S* nesta se!unda metade de setecentos apesar dos es-oros da Propaganda 7idei traaram2l.es um panorama de retrocesso abalando vias sedimentadas de penetrao e aprendi(a!em da doutrina crist e da escrita a ela associada& #$cepo -eita para Frei ?uerubino de Savona na 0isso de IIIL Carta do Conde /eiras para 'nt"nio 6asconcelos ^ de Novembro de IJLO 'HU C"d& ^;N Carta nQ N& IIIK 6ide J&L& Por outro ladoa rede eclesi'stica& 6er tamb*m Santos e )avares @Fontes escritas&&&A in A Apropria#o pp& ^N;2^NI& ..................... 405 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'mbuela IIIJ 1ue c.e!ou a produ(ir um te$to sobre o Con!o IIIN e ainda de Frei 5ernardo de Cannecatim 1ue em 5an!o '1uitamba desenvolveu um trabal.o volumoso e marcante volta da l,n!ua 1uimbundo& 's re-ormas peda!"!icas e$tensivas a 'n!ola deviam deparar2se com uma especi-icidade relacionada com a propa!ao da l,n!ua portu!uesa sub7u!ada ao 1uimbundo como l,n!ua praticada no s" pelos a-ricanos mas tamb*m pelos brancos num re!ime assinal8vel de di!lossia como -ica dito noutro lu!ar Vvide I:&I&R& O Uso PolWtico da (WnguaW& )odo o processo 1ue condu(iu e$pulso e encerramento do col*!io dei$ou Luanda desmunida por1ue @e$tin!uindo2se os %adres 9esu,tas -icou esta terra sem mestres 1ue ensinassem a ler e escreverA IIIO & / ano de IJLO -oi marcado pelo sur!imento de dois documentos indissoci8veis no lanamento e institucionali(ao de princ,pios peda!"!ico2did8cticos apesar das resistncias e das di-iculdades 1ue vieram a encontrar para se -a(erem valer nas diversas sociedades a 1ue se destinavamE Al$ar' rgio, em que se e+tinguem todas as ,scolas reguladas pelo mtodo dos NesuWtas e se estabelece no$o regime e instituem &irector do ,studos, Professores de Mram'tica (atina, de Mrego, .ebraica e de 3etrica e as "nstru#Kes para os professores de Mrammatica (atina, Mrega, .ebraica e de 3etrica ordenadas e mandadas publicar por ,l 3e5 )osso /en-or, para o uso das ,scolas )o$amente fundadas nestes 3einos e seus &omWnios >>VD & Durante o !overno de 'nt"nio de 6asconcelos o Conde /eiras ordenava o cumprimento das disposi4es do Director Heral dos #studos II:I D& )om8s de 'lmeida para o estabelecimento de novas escolas em 'n!ola ima!em do 1ue acontecia no reino II:: & ' ar!umentao * con.ecidaE cr,ticas ao m*todo 7esu,tico propiciador da i!nor<ncia dos povosY necessidade de implementar novos princ,pios e m*todos IIIJ Carta de F+SC para Frei ?uerubino de Savona :: de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& II^v& IIIN Louis 9adin @'peru de la situation du Con!o et rite dU*lection des rois en IJJL dUapr*s le %& C.erubino da Savona missionnaire au Con!o de IJLO IJJ^A separata de 1ulletin de l*"nstitut .istorique 1elge de 3ome Fascicule GGG6 IOKR pp& R^K2^IO& IIIO Carta de 0'0 R; de /utubro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& II:; Sobre estas re-ormas 9oa1uim Ferreira Homes @/ 0ar1us de %ombal criador do ensino prim8rio o-icialA O 4arqu8s de Pombal e o seu tempo,pp& :L2^I& II:I Durao da DirecoE IJLO2IJJI& ..................... 406 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola peda!"!ico2did8cticos an8lo!os 1ueles 1ue se se!uiam em toda a #uropa culta mas tamb*m de dar a con.ecer os escritores de mel.or !osto para assim retirar de-initivamente os .abitantes do reino de %ortu!al e seus dom,nios da con-uso so-ismas e labirintos em 1ue .aviam andado enredados ao lon!o de s*culos& / Director dos #studos enviara para o reino de 'n!ola as ordens necess8rias para nelas se abrirem escolas onde se praticasse o mesmo m*todo II:R & ' re-orma tal como era pro!ramada -omentava o papel dos cl*ri!os seculares aceitava como pro-essores cl*ri!os do H8bito de S& %edro depois de ri!oroso e$ame por parte de comiss8rios escol.idos pela Direco mas dava prova de um absoluto descon.ecimento dos recursos .umanos e do panorama da col"nia de 'n!ola 1uanto capacidade de dar resposta a tais e$pectativas& & #m IJJI com a e$tino da Direco Heral dos #studos a educao p3blica assentava a!ora na re-orma dos estudos das escolas sob a tutela da Real 0esa Cens"ria e !o(ava do suporte do imposto do subs,dio liter8rio VI; de Novembro de IJJ:W estabelecido para o Reino e para as @Con1uistasA& ' le!islao de Novembro de IJJ: promovia o aumento das letras para a -elicidade dos vassalos criando em Luanda um mestre de ler e um de mestre de !ram8tica latina pro-essor 3nico e su-iciente pelo estado da terra II:^ & 'l!uns anos mais tarde o 7ui( de -ora solicitava a 0artin.o de 0elo e Castro mais um mestre de ler relatando 1ue mesmo a1ueles mestres cu7a e$istncia estava prevista no mapa estabelecido em IJJ: no se tin.am posto at* ento provido @nesta miser8vel Con1uista talve( por no .aver nela !ente .8bil e pela dist<ncia 1uem se re1ueira ou 1uem de %ortu!al ven.a X-rica com pouco interesseA& / mesmo se passava com a cadeira de Hram8tica Com a e$pulso da Compan.ia de 9esus e com a interveno de Sousa Coutin.o a pol,tica de ensino passou a estar nas mos e sob a vi!il<ncia do Senado da C<mara de Luanda& #sta assembleia do poder local precisava cuidar da educao dos -il.os da terra e nisso se empen.ou encontrando solu4es dentro das suas competncias& ' instituio camar8ria destinou parte das rendas do )erreiro do %o para -inanciar o pa!amento dos II:: Carta do Conde /eiras para 'nt"nio 6asconcelos ordenando2l.e 1ue -aa e$ecutar as ordens do Director Heral dos #studos para o estabelecimento das #scolas ^ de Novembro de IJLO -l& I:R2I:^ 'HU C"d& ^;N nQ N& II:R %or ordem do Director Heral dos estudos do reino e Con1uistas o %adre Sera-im da Silva -oi provido em mestre de !ram8tica latina& Carta de F+SC para o Director Heral dos #studos IK de De(embro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&NIv& II:^ "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"rd& ^J: artQ K;& ..................... 407 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mestres de ler e escrever uma ve( 1ue s" em IJO^ II:L se deu e$ecuo lei do subs,dio liter8rio aplicando2se o rendimento dele ao pa!amento dos mestres atrav*s da 9unta da Fa(enda II:K & ' C<mara de Luanda nomeou dois mestres de ler considerados pouco capa(es para a per-eita educao dos meninos& #m IJNI estes dois mestres j mais um %ro-essor de Hram8tica Latina o Reverendo Sera-im da Silva provido no tempo do Director dos #studos D& ).oma( de 'lmeida antes da administrao dos #studos 0enores ser entre!ue Real 0esa Cens"ria j -ormavam o corpo peda!"!ico de Luanda& Sobre tudo isto reten.a2se a leitura do 7ui( de -ora associado Camara de LuandaE @assim -icou at* ao presente o ensino da mocidade sem se pcr em e$ecuo a Lei nov,ssima dos #studos como 78 disse&&& -ica a educao em uma terra toda de i!norant,ssimos ainda mais abandonada com !raves conse1uncias 1ue mais sens,veis se -aro paradas a n"sY como nesta Cidade no .8 Comiss8rio da 0esa Cens"ria eu como 0inistro de Sua 0a7estade dou parte do re-erido a 6 #$pY para o saber e pondo2o na Real %resena&&&A II:J /s meios eram insu-icientes para pa!ar a pro-essores ainda para mais se -ossem do Reino para 'n!ola e a 1ualidade do ensino no parava de se de!radar& @' educao da mocidade se precisa nesta Cidade muito prote!ida mais 1ue em %ortu!al pela mesma necessidade 1ue .8 de su!est4es para os empre!os mas o seu abandono nasce da pobre(a da terraY da -alta de mestres pro-essores .8beis &&& os rapa(es estimam mais a ostentao da mil,cia 1ue a educao servio e conservao da Republica& # esperando2se o aumento nas letras vo em total ru,na a respeito dos #studantes 1ue na cidade de Luanda se -i(eram em outros )empos&&&A II:N
%aralelamente colocava2se a anti!a 1uesto da ausncia de um semin8rio 1ue permitisse -ormar em Luanda o clero local apto a preenc.er as par"1uias do serto& Dentro II:L %ela carta de lei de IJ de Novembro de IJO^ o !overnador e o bispo de 'n!ola -icavam incumbidos de nomear os mestres de ler e escrever a 1uem competia ensinar as primeiras letras e a doutrina crist& Carta de 0'0 para o Senado da C<mara ^ de 9aneiro de IJON 'HU C$& NK Doc& ^:& C-& %roviso do 5ispo de 'n!ola VD& Lu,s de 5rito HomemW L de 9aneiro de IJON 'HU C$& NK Doc& ^:& Na mesma altura -oi desi!nado o mestre de !ram8tica latina na pessoa do c"ne!o 9oa1uim de Sousa RI de 0aro de IJON& Como 78 re-eri anteriormente a prop"sito da preparao do clero diocesano e de -orma a substituir as aulas da Compan.ia de 9esus no ano de IJKO -ora nomeado pelo Rei como %ro-essor r*!io de Hram8tica Latina na Cidade de So %aulo da 'ssumpo Sera-im da Silva presb,tero do .8bito de So %edro& II:K R; de /utubro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& II:J Carta do /uvidor !eral e corre!edor de 'n!ola 9oa1uim 0anuel Harcia de Castro e 5arbosa para 00C I de Novembro de IJNI 'HU C$& K^ Doc& ^:& II:N Carta do /uvidor !eral e corre!edor de 'n!ola 9oa1uim 0anuel Harcia de Castro e 5arbosa para 00C I de Novembro de IJNI 'HU C$& K^ Doc& ^:& ..................... 408 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de pouco tempo no .averia c"ne!os na S* nem p8rocos nas -re!uesias nem 1uem administrasse a reli!io pois 78 -altavam para a S* e para as par"1uiasY a cada passo morriamY no c.e!avam de -oraY o clima e as inconvenincias no convidavam a issoY e na terra no se criavam por -alta de educao populao e sua protecoY e por nem .aver um semin8rio de educao& / Senado parece ter continuado a deter al!uma autoridade e ascendente relativamente ao estado do ensino em Luanda& De -acto 78 na d*cada de IJO; depois da transio para o subsidio liter8rio sur!e uma carta da mesma c<mara assinada pelo 7ui( de -ora e os vereadores diri!ida ao ento !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo onde se -a(ia uma leitura retrospectiva do 1ue -ora o ensino at* 1uele momento& 6alori(ava2se mais uma ve( a mocidade luandense meninos e meninas a-irmand2se 1ue os pro-essores nomeados pelo !overnador revelavam incompetncia comparativamente aos anterioresE @&&&todos os rapa(es 1ue 78 .o7e so .omens V&&&W eram mais bem educados 1ue os do tempo presente 1ue pouco ou nen.um adiantamento mostramA II:O & / ensino das meninas era ministrado em casa por uma @0estra de 0eninasA a mul.er de um militar 1ue era pa!a pelo subs,dio liter8rio& / ano de IJOJ * portanto marcado por uma interveno da c<mara de Luanda 7unto do Hovernador denunciando a de-icincia do ensino ministrado pelos mestres de ler e escrever e a proposta da sua substituio por a1ueles 1ue .aviam produ(ido os mel.ores disc,pulos 1ue con.ecia a cidade de Luanda IIR; & Com o acordo do 5ispo e do Hovernador para as meninas -oram escol.idas duas mestras uma ori!in8ria de Lisboa e outra do Rio de 9aneiro IIRI & / 1ue estava verdadeiramente em causa 1uando se tratava da educao da mocidade em 'n!ola era a prevalncia da cultura portu!uesa a todo o instante marcada pelas inter-erncias a-ricanas& ' educao dos meninos devia tra(2los civili(ao& '-inal no eram apenas os a-ricanos 1ue necessitavam ser condu(idos lu( da ra(o& ' @barb8rieA a noo de b8rbaro aplicava2se sociedade colonial& ' barb8rie estava no II:O R; de /utubro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& IIR; / mestres de ler e escrever a!ora recondu(idosE Francisco Gavier Ribeiro 9os* da Rosa Coutin.o& IIRI No 5airro 'lto de Luanda D& Francisca Ribeiro de Castro natural de Lisboa donde viera voluntariamente com seu marido 'nt"nio %ereira de CastroY para o 5airro da %raia D& )eresa 9oa1uina da Conceio natural do Rio de 9aneiro donde viera acompan.ada de seu marido Francisco 5arbosa& C-& %arecer da C<mara IN de De(embro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& ..................... 409 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola corpo da civili(ao a sociedade colonial s" poderia salvar2se atrav*s da educao da sua mocidade& #sta -ormulao -oi dada pelo 7ui( de -ora membro da C<mara a 1uem se devem neste -inal do s*culo G6+++ al!umas re-le$4es sobre a 1uesto do ensino IIR: & 's v8rias medidas 1ue visavam dar corpo a um ensino secund8rio laico e uma preparao rudimentar do clero diocesano acabaram na maior parte das ve(es por se revelar um -racasso apesar dos es-oros 1ue a C<mara parece ter desenvolvido para amparar a situao& 'li8s o clero local preparado pelas dioceses a-ricanas ressentia2se de uma maneira !eral por um lado de um ensino de-iciente por outro das pr"prias convic4es reli!iosas dos seminaristas tra(idas da sua educao -amiliar tradicional das pr"prias reli!i4es a-ricanas& # a, se produ( uma @inculturao tran1uilaA e impercept,vel para a .ierar1uia diocesana& %or outro lado o va(io mant*m2se relativamente a al!o 1ue era severamente criticado como um contra2senso e 1ue no viria a encontrar contrapartida seno 78 na se!unda metade do s*culo G+G& Re-erimo2nos ao -acto de os 7esu,tas terem or!ani(ado um ensino t*cnico onde preparavam os seus escravos para os o-,cios de pedreiro carpinteiro sapateiro -erreiro cala-ate escravos 1ue depois alu!avam a particulares& /s seus escravos 1ue residiam em Luanda .abitavam uma esp*cie de vila 7unto ao Col*!io e a, aprendiam e e$erciam o-,cios mec<nicos& Depois do processo de e$pulso -oram usados nas obras reais IIRR & %or*m o ensino laico no c.e!aria se1uer a ocupar2se deste curriculum& #m IJK^ D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o insistiaE o reino de 'n!ola no dispun.a de @um o-icial de o-,cios mec<nicos no tem uma escola onde aprendam os eclesi8sticos e esto os ne!ros c.eios de superstio e de esc<ndaloA IIR^ & %or curiosidade no posso dei$ar de indicar a -ormao de um )eatro de upera em Luanda uma ve( 1ue tamb*m a1ui se identi-ica um instrumento de civili(ao destinado aos a-ricanos e a uma sociedade luandense IIRL & IIR: Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %essan.a para 00C :; de 0aro de IJN^ 'HU C$&KN Doc& ^K& IIRR /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos ^ de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :;& IIR^ No mesmo sentido o Conde da Cun.a para Dio!o de 0endona Corte Real :: de 9un.o de IJL^ 'HU C$& RO Doc& ^^& IIRL Carta de F+SC para o 0ar1us de Lavradio :K de Setembro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :JN2:JNv& ..................... 410 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1$.1.$. A A/4# () G)"-)%&i# ) F"&%i5i,#01" @9amais se .avia ouvido em 'n!ola o nome de T Heometria &&&A Corra vol& ++ p& RR& / investimento estatal na -ormao de um corpo t*cnico .abilitado concreti(ou2se na reabertura da 'ula de Heometria e Forti-icao sob a tutela do pr"prio !overnador D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o& #ste pro!rama era diri!ido aos militares incluindo os simples soldados& / ob7ectivo era o de conse!uir -ormar um corpo capa( de en!en.eiros em 'n!ola de onde se pudessem vir a recrutar os -uturos capites2mores dos pres,dios& ' vanta!em seria dupla& %or um lado a aprendi(a!em era -eita em Luanda e por outro os seus alunos seriam -il.os do pa,s adaptados ao clima e s condi4es locais& 'ssim se evitava a importao de en!en.eiros da metr"pole muitas ve(es mal preparados inadaptados realidade local e incapa(es de resistir doena 1ue em pouco tempo os li1uidava IIRK & / papel da Heometria e da arte da -orti-icao * lar!amente discutido em 'n!ola durante o !overno de Sousa Coutin.o e depois no seu c,rculo de consel.eiros na correspondncia administrativa mas tamb*m em ora4es ou mem"rias 1ue sup4em re-le$4es de nature(a especulativa acerca das utilidades da Heometria& #ra Sousa Coutin.o 1uem a-irmavaE @)udo 1uanto Vdepois da reli!io e da 7ustiaW -a( -lorescentes e abundantes os #stados tira copiosos socorros da 0atem8tica& ' a!ricultura o com*rcio as manu-acturas tudo se aproveita dos seus princ,pios mas mais 1ue tudo a nave!ao e a arte militar&&&A / ensino era diri!ido aos 0ilitares com o ob7ectivo de os tornar en!en.eiros e assim atrav*s deles c.e!ar reali(ao das re-ormas pro7ectadas pelo #stado IIRJ & ' ideia 1ue sobressai * a de um #stado 1ue -a( re-ormas atrav*s dos seus militares IIRN & IIRK #m IJLR o Conde da Cun.a re-eria os en!en.eiros de pouco pr*stimo e$istentes em 'n!olaE @ tm -alta de cincia praticaA e conclu,a @o reino de 'n!ola precisa de um bom en!en.eiroA :O de /utubro de IJLR 'HU C$& RN* Doc& N:& IIRJ Carta de F+SC para o seu sucessor D& 'nt"nio de Lencastre L de 'bril de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&I;L& IIRN C-& Fernando Dores Costa sobre a nova *tica da mil,cia @RecrutamentoAY @Huerra no tempo de Lippe e de %ombalA @o s*culo G6+++A )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores :;;^ pp& KN2I;IY pp& RRI2RL;Y pp& INJ2IO;& ..................... 411 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / en!en.eiro e a arte 1ue ele domina constituem2se portanto em instrumento de !overno& ' Humanidade e o Cristianismo mandam 1ue se es!otem todos os meios de conciliao antes de avanar para a !uerra& )oda a !uerra * in7usta 1uando no se es!otam todas as .ip"teses de conciliao& No discurso de Sousa Coutin.o a !uerra dei$ava de ter o valor absolutamente constitutivo da soberaniaY o sentido da !uerra era claramente menos *pico de uma certa -orma menos e$altante& #sta atitude estava de acordo com diversas obras T como por e$emplo as de 0artin.o de 0endona de %ina e %roena de 0atias 'ires de Lu,s 'nt"nio 6erneB ou de 'nt"nio Ribeiro Sanc.es tendentes a preparar a -ormao de novas !era4es con-erindo menor valor absoluta necessidade de um con.ecimento apurado no dom,nio da arte militar& ' did8ctica -ormativa das novas !era4es diri!entes era outra& )ransitava2se para uma 8rea mais especiali(ada em -uno das necessidades impostas por uma r8pida evoluo tecnol"!ica e or!ani(ativa vivida no campo da !uerra e tamb*m pela nature(a de uma actividade militar a!ora crescentemente colocada no 1ue respeita sua preparao e sua conduo na dependncia do e$erc,cio da Ra(o& #sta subordinao tin.a principalmente em lin.a de conta a convico cada ve( menos contestada de 1ue uma conduo a7ustada das opera4es militares passava em primeiro lu!ar pela posse de in-ormao altamente comple$a e especiali(ada por parte da1ueles 1ue as diri!iam e em se!undo pela capacidade demonstrada nos comandos para aplicarem e se necess8rio adaptarem racionalmente esses con.ecimentos& ' !uerra podia ser dominada pelos .omens tendo em vista a a-irmao de uma determinada ordem pol,tica e cultural& ' e$perincia militar da era da Ra(o aceitava constran!imentos de nature(a -,sica pol,tica e *tica mas ao mesmo tempo o seu encamin.amento era inteiramente control8vel pela suprema autoridade pol,tica e pelos comandos& / meio intelectual de onde emer!em os seus principais te"ricos e !enerais * o da certe(a iluminista constru,da como se sabe sobre o racionalismo cartesiano mas tamb*m o empirismo de ori!em brit<nica 1ue recon.ece ao indiv,duo a .ip"tese de atin!ir uma manipulao met"dica do real& #ssa posio no dei$aria de intervir na construo de uma nova pr8tica da !uerra& %ara %ortu!al * -undamental ter em conta a -i!ura de 0anuel de '(evedo Fortes VIKK;2IJ^;W @mestre de -iloso-ia cartesianaA en!en.eiro2mor do reino con.ecedor de matem8tica e -iloso-ia e$perimental 1ue tin.a aprendido em universidades e academias de %aris e de Siena e cu7as obras do sustentao a esta nova cultura militarE 3epresenta#o ..................... 412 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola sobre o modo e direc#o que de$em ter os engen-eiros e 1ue * uma esp*cie de pro7ecto de re!ulamento para o e$erc,cio das actividades de en!en.ariaY e tamb*m uma outra obra publicada em IJ:N2:O O ,ngen-eiro Portugu8s publicada em dois volumes de car8cter did8ctico 1ue contin.a uma e$posio sistem8tica dos con.ecimentos considerados essnciais ao en!en.eiro sem es1uecer os utili(ados para -ins militares sobretudo certas no4es de -orti-icao ou ainda a (gica 3acional, Meomtrica e Anal5tica VIJ^^W compendio onde a obra de Descartes era privile!iada com um a-astamento da -iloso-ia escol8stica IIRO & ' 'cademia 0ilitar VIK^IW -oi a primeira instituio de ensino militar a 1ue se se!uiu em IK^J a -undao da 'cademia de Forti-icao e 'r1uitectura onde eram ensinados princ,pios de Heometria e de tri!onometria plana& #m IJR: -uncionava uma 'cademia em Lisboa trans-ormada em 'cademia Real da 0arin.a em IJJO& S" em IJO; -oi decretada a criao da 'cademia Real de Forti-icao 'rtil.aria e Desen.o 1ue proporcionou uma -ormao re!ular de um corpo de 1uadros& /s candidatos aos postos de o-icial de en!en.aria antes de cursar as aulas de -orti-icao deviam -re1uentar 'ritm*tica e Heometria etc& nas aulas da1uela academia& )amb*m o Real Col*!io dos Nobres sem ser e$actamente um estabelecimento militar preparou para o e$*rcito numerosos o-iciais& Sob a aco do Conde Lippe criaram2se escolas 7unto de cada re!imento de artil.aria em IJK: e IJKR& / ensinado ministrado nestas primeiras 'cademias -oi ob7ecto de m3ltiplas cr,ticas uma ve( 1ue assentava num estudo meramente te"rico e escol8stico baseado nos livros de #uclides& Numa mem"ria de IJJO um anti!o aluno dessa 'cademia 0ilitar de Lisboa 1ue esteve em 'n!ola -a(ia observa4es sobre os v8rios ramos do ensino e as .ip"teses da sua reestruturao e insistia na necessidade de complementar a Heometria especulativa da academia com a Heometria pr8tica associada -orti-icao de -orma a munir os -uturos en!en.eiros dos instrumentos intelectuais e t*cnicos necess8rios para a elaborao de plantas li!adas or!ani(ao militar ou ao simples recon.ecimento e representao de costas II^; & 's mais elevadas patentes do e$*rcito estavam a!ora obri!adas a uma IIRO 'C& 'ra37o A Cultura pp& RJ2RN& II^; ' !enerali(ao da aprendi(a!em da !eometria pr8tica c.e!ava aos mestres de o-iciais de pedreiros e carpinteiros a 1uem doravante s" seriam concedidas Cartas de medidores Vpara a construo das -ortale(asW depois de terem -re1uentado li4es de Heometria pr8tica nas academias e reali(ado um e$ame na presena do en!en.eiro mor do reino& 'HU C$& J^ Doc& I^ :^ de De(embro de IJR:& ..................... 413 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -ormao t*cnica @ade1uada sistemati(ao da doutrina cartesianaA II^I & Se a !uerra * uma cincia onde o soldado * uma pea de um mecanismo 1ue o ultrapassa e a 1ue deve obedecer a educao dos militares deve se!uir os ensinamentos mais modernosE @/uo altamente desden.ar da Heometria& ?uo pouco con.ecido * o seu pr*stimo no tiro ainda apesar da 1uotidiana e$perincia da necessidade 1ue dela tem& #sta cincia al*m de ser a mel.or l"!ica e acostumar insensivelmente o entendimento a a7ui(ar bem 1uantas ve(es no entra na deciso dos limites sobre 1ue pleitam dois con-inantes V&&&W ?uo proli$as demandas se atal.ariam se todos os tombos das -a(endas -eitos em to m8 ordem se redu(issem a plantas topo!r8-icas pelas 1uais a todo o tempo se desse a cada um o 1ue l.e compete&&&A II^: & /s le!isladores de-endem a!ora um ensino intimamente li!ado ao real ao concreto II^R & / novo m*todo ensinado no ensino da Heometria evidenciava as rela4es complementares entre a teoria e a pr8tica& #sse ensino s" seria considerado e-iciente desde 1ue encarasse os dois aspectosE aprender a mane7ar instrumentos e$ercitar a sua utili(ao no terreno e c.e!ar a disponibili(ar esse con.ecimento para a aco !overnativa& /ra a 'ula de Heometria em Luanda articulava 7ustamente li4es de Heometria especulativa e de Heometria pr8tica& / curso or!ani(ava2se em R anos com e$ames trimestrais ri!orosos II^^ & / desempen.o desta instituio de ensino veio a tradu(ir2se na produo de um corpo de cartas carto!r8-icas relativamente numeroso onde estava marcada a coordenada da lon!itude Vcomo se sabe uma descoberta relativamente recente representada na carto!ra-ia primeiro por Delisle e aplicada representao do continente '-ricano em IJR: com au$,lio de mapas portu!ueses manuscritos por 5our!ui!non dU'nville a 1uem -oram -acultados pelo embai$ador portu!us em %aris D& Lu,s da Cun.aW e 1ue representavam al!umas das costas de 'n!ola plantas de -ortale(as 78 e$istentes ou pro7ectadas e curiosamente os alados da -8brica de Ferro de Nova /eiras assim como o desen.o dos mecanismos li!ados -undio com recurso a -oles& /s Relat"rios elaborados por en!en.eiros sa,dos desta 'ula de Heometria constituem tamb*m um bom e$emplo da modernidade do ensino da Heometria em 'n!ola no s" por1ue provam o cumprimento de um pro!rama te"rico2pr8tico como II^I 'ra37o :;;R A Cultura pp& RO& II^: 'HU C$& K: Doc& ON IJJO& II^R Lu,s de 'lbu1uer1ue @/ ensino da matem8tica&&&A ,studos e ,nsaios,p& N e ss& Sobre o 5rasil 5ueno @Desen.o e des,!nio &&& pp&^O e ss& II^^ ' documentao * silenciosa no 1ue respeita s bases te"ricas 1ue -undamentaram este ensino& ..................... 414 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola p4em esse con.ecimento ao servio da administrao colonial& Con.ecer atrav*s da descrio cient,-ica o espao a-ricano * o passo 1ue antecede e !arante a -utura ocupao& Con.ecer o territ"rio * produ(ir o territ"rio e !arantir a .ip"tese da sua ocupao& Nesses Relat"rios verdadeiros dossiers 1ue correspondem a uma nova modalidade de representao do mundo procedia2se ao recon.ecimento de territ"rios ainda pouco e$plorados muitas ve(es territ"rios de implantao pol,tica a-ricana procurando na clare(a de lin!ua!em no ri!or de um m*todo de e$posio no con.ecimento -,sico2matem8tico e carto!r8-ico a sistemati(ao de mat*rias e in-orma4es& / ideal da descrio * a e$austividade& / modelo co!nitivo associa a problemati(ao ao c8lculo num processo em 1ue o au$,lio deciso de nature(a pol,tica necessita de um con.ecimento especiali(ado o con.ecimento do en!en.eiro& Retomo a1ui a e$presso usada por 5ernard Lepetit sobre as descri4es do s*culo G6+++ para sublin.ar 1ue elas revelam a @intelli!ent(ia del -areA II^L & )rata2se a-inal de uma aliana entre saber e poder& / con.ecimento do !rau e tipo de poder dos sobas estantes em 8reas onde se pretendia -a(er a !uerra se!uia um m*todo estruturado sobre os crit*rios da -idelidade e da utilidade e indicava em !eral os se!uintes elementosE locali(ao pela medio ri!orosa de coordenadas da residncia ou ban(a dos sobas e dos limites dos seus #stadosY descrio dos recursos naturais e das produ4es locaisY indicao da capacidade militarY ane$ao de carto!ra-ia& Nos princ,pios da arte praticada pelos en!en.eiros militares encontrava2se a ideia de inaptido do desen.o para reprodu(ir a or!ani(ao comple$a da1uilo 1ue no era um espao mas sim um territ"rio& / desen.o * incapa( de tudo revelar& Na vo( da ,nc5clopdie o verbete @ReconnoqtreA sublin.avaE @on croit commun*ment nUavoir rien omis pour bien reconnoqtre un paBs lors1uUon sUen procure des cartes ou 1uUon en a -ait leverY mais si lUon tient au$ connaissances 1uUelles peuvent donner on ne connoqt le paBs 1ue trSs impar-aitement& %our tre vraiment utiles il -aut 1uUelles soient accompa!n*es dUun m*moire particulier 1ui e$pli1ue toutes les circonstances du terrainA II^K & / recon.ecimento da incomplete(a da carto!ra-ia obri!a articulao entre carto!ra-ia e mem"ria descritiva& H8 uma associao necess8ria entre os mapas e as mem"rias& II^L 5ernard Le %epetit @+n presen(a&&&A p& KK^ e KKJ& II^K C- @ReconnoqtreA &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV ..................... 415 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0as a 'ula de Heometria de Luanda no responde apenas aos novos pro!ramas peda!"!icos ela pode ainda ser vista sob um outro ponto de vista como -a(endo parte de um pro!rama pol,tico& %ro!rama pol,tico 1ue a concreti(ar2se viria a !arantir a sustentabilidade do pro!rama de re-orma dos pres,dios preconi(ado por Sousa Coutin.o atrav*s da -ormao de uma nova !erao de capites2mores& ' base sociol"!ica sobre a 1ual a 'ula de Heometria actua * a dos militares& ' preparao dos -uturos militares e as suas -un4es so a!ora revistas& ' re-ormulao passa pelo en1uadramento acad*micoE para ser militar no basta saber -a(er a !uerra& Z essa a ideia 1ue est8 sub7acente em duas @ora4es acad*micasA pro-eridas Vuma em 0aro outra em '!osto de IJKLW e no posso dei$ar de sublin.ar esta identi-icao dos su7eitos do processo com o e$erc,cio da 'cademia na 'cademia T pelo Sar!ento 0or en!en.eiro Cl8udio 'nt"nio aos seus disc,pulos ou acad*micos da 'ula de Heometria e -orti-icao em Luanda na presena do Hovernador Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o& Num estilo onde se recon.ece a 'rc8dia o e$erc,cio da arte da !uerra pro7ecta2se no plano dos !randes -eitosE @' 'rte da Huerra * muito nobre e muito di-,cil no so as cai$as e as trombetas os instrumentos 1ue nos levam ao combate no * o valor s" 1uem nos condu( ao triun-o pode al!uma ve( vencer a temeridadeY mas en-im a 'rte .82de remediar a1uele incidente e atrair2nos vit"riaE #sta arte deveu os maiores desvelos aos 'nti!os e 0odernos sem ela so as tropas uma multido de !entes in3teis e peri!osas&&&&se em %ortu!al .ouvesse sempre o mesmo cuidado na #ducao 1ue praticou o s*culo de L;; e 1ue .8 .o7e no -elic,ssimo Reinado de S& 0a7estade 1ue Deus Huarde pode ser 1ue no perder,amos uma !rande parte da Xsia e 1ue conservar,amos o primeiro respeito&&&os .omens sem lio de!eneram em brutos&&&&&se vos aplicardes se vos -i(erdes di!nos da Honra de servir com pr*stimo S& 0a7estade sereis os primeiros nos empre!os da vossa %8tria e sereis .onrados em toda a parte onde o vosso nome e as vossas ac4es c.e!aremY pelo contr8rio se vos dominar a pre!uia se os de-eitos 1ue atribuis ao clima e no ao H*nio vos possu,rem e vos dei$arem na pro-unda i!nor<ncia dos vossos empre!os e da vossa utilidade sereis respons8veis na presena de Deus e no 9u,(o dos Homens de muitas culpas 1ue uma ve( cometidas no tem rem*dio V&&&WAfIJKLg II^J
Se a primeira orao se pretende !alvani(adora de uma assembleia de 7ovens acad*micos prontos a iniciar a aprendi(a!em a se!unda -eita al!uns meses depois diri!e2 se 1ueles 1ue resistiramE II^J /ra4es 'cad*micas fFU% R&L2R2INg 'L Livro das /rdens -ls&I;I2I;: Luanda ;I2;I2IJKLW e -ls&ION2:;; s& d& ..................... 416 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @ V&&&W 9ul!ai desde 78 a di!nidade deste trabal.o pela di!nidade dos 1ue concorrem convosco e 1ue o apoiam dos mesmos desvelos com 1ue vi!iam a !rande(a e a subsistncia do #stado com um (elo ardente uma -idelidade e$acta e uma in-ati!8vel aplicao&&&A II^N
#sta instituio de ensino visava antes de mais preparar en!en.eiros 1ue viessem a ser os -uturos capites2mores dos pres,dios e 1ue desta maneira -ossem .omens educados de acordo com novos valores e por isso mesmo capa(es de participar na e$ecuo de um pro7ecto para 'n!ola 1ue pusesse de-initivamente de parte os @v,ciosA de um !overno de 'nti!o Re!ime& ' possibilidade de instituir uma nova ordem pol,tica de pcr em pr8tica um pro!rama !overnativo 1ue se pretende inovador e re-ormador passa pela educao& #ducar * portanto a!ir politicamente ou mel.or * a!ir tendo em conta uma -utura aco pol,tica& Sousa Coutin.o parece estar ciente da necessidade de investir numa @mocidadeA 1ue vivia @sem escolas e sem instruo de coisa al!umaA Vpara usar as suas pr"prias palavrasW 1ue @-ormada no novo m*todo das lu(esA Ve continuo a citarW pudesse ento vir a constituir uma nova elite e a e$ecutar e reprodu(ir o pro!rama por ele delineado& Z uma re-orma 1ue visa criar os -uturos 1uadros administrativos do serto an!olano uma elite -ormada por a1ueles 1ue nasceram e cresceram em 'n!ola pelos -il.os do pa,s independentemente da sua cor e e$cluindo de-initivamente os en!en.eiros europeus& #ste * ali8s um dos t"picos mais interessantes da pol,tica levada a cabo por Sousa Coutin.oE embora comece por acreditar 1ue os europeus podem estar mais .abilitados a pcr em pr8tica as suas directivas acabou ao lon!o do seu !overno por de-ender a valori(ao dos naturais a1ui incluindo os brancos e mulatos e a sua aplicao no !overno e administrao da col"nia de 'n!ola II^O & 'li8s esta posio est8 de acordo com a orientao pombalina 1ue na Xsia promoveu os naturais na ocupao de car!os p3blicos IIL; & / esp,rito da 'cademia em Luanda passava ainda pela circulao de in-ormao e de con.ecimento cient,-icos& No primeiro cap,tulo desta tese re-eri2me ao papel estruturante da rede Ventendida como pr8tica de trocasW no conte$to iluminista e para a coloni(ao pondo em contacto circuitos intelectuais cient,-icos e administrativos muito II^N "dem "bidem& II^O Uma re-le$o nesse sentido pode ser encontrada na %ortaria de nomeao de Francisco 0atoso de 'ndrade IK de 9ul.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:KI& IIL; 0aria de 9esus Lopes Moa /etecentista p& RO ..................... 417 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola na lin.a da1uilo 1ue caracteri(a as academias do s*culo G6+++ 1uerendo com isso di(er 1ue independentemente da e$istncia destas institui4es na col"nia de 'n!ola o -abitus acad*mico no dei$a de estar presente& ' 'cademia * rede sup4e a comunicao entre interlocutores ao n,vel internacional& Z a, nessa e$presso da academia como rede 1ue a 'n!ola do s*culo G6+++ pode inserir2se& Na Universidade de Coimbra 0i!uel Fran(ini pro-essor de Xl!ebra analisou a percenta!em do min*rio& ' comunicao entre Luanda e %aris atrav*s de Lisboa colocava em di8lo!o interlocutores como 5u--on Ribeiro Sanc.es e Sousa Coutin.o 1ue assim discutiam a 1ualidade do -erro an!olano e os m*todos do seu aproveitamento atrav*s da Fundio de Ferro de Nova /eiras& %ara %aris -oram enviadas amostras deste -erro 1ue depois de analisadas suscitaram o envio para Luanda em IJK^ de uns <uesitos de .istria )atural elaborados por 5u--on IILI & / -acto de na .istoire des Animau+ 5u--on -a(er uma especi-icao de esp*cies animais de 'n!ola parece apontar para outros contactos e merece numa outra -ase de investi!ao ser considerada IIL: & 1$.1.:. U" 3"4A%i," (# LA'+/#. / ima!in8rio pol,tico do %ombalismo no dei$aria de considerar o poder estruturante da l,n!ua e -2lo de -orma bastante diversa da1uela 1ue .avia sido propu!nada por 1uem at* a, se ocupara dos problemas lin!u,sticos os 7esu,tas acusados de no comunicarem com os a-ricanos na l,n!ua portu!uesa para impedirem os contactos com as autoridades coloniais& / estudo das l,n!uas a-ricanas pelos 9esu,tas era considerado uma @mal,ciaA para se insinuarem 7unto dos '-ricanos e os virarem contra os %ortu!uesesE @Ultimamente c.e!ou presena de Sua 0a7estade 1ue a mal,cia com 1ue os c.amados 7esu,tas procuraram e$tin!uir a l,n!ua portu!uesa nos dom,nios de Sua 0a7estade assim na 'm*rica como na Xsia -a(endo prevalecer os +diomas 58rbaros das respectivas terras para as -a(er incomunic8veis com os vassalos do mesmo sen.or se estendeu tamb*m aos de 'n!ola onde ao -avor dos 5ispos 1ue eles mesmos -a(iam nomear tais 1uais eles eram necess8rios para !overnarem IILI 's primeiras amostras .aviam sido enviadas por 'nt"nio 6asconcelos em IJLO e depois por Sousa Coutin.o em IJKLY /-,cio de D. 'nt"nio 6asconcelos* IN de 9aneiro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& IN& "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -l& ::v2:RY Sobre 5u--on* 0em"ria sobre o estado em 1ue dei$ei a F8brica de Ferro IK de Setembro de IJJR AA, :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& INL& IIL: 5u--on Oeu$res Compl0tes ed& 0& Flourens )ome Deu$iSme T (*.omme iles quadrup0des %aris Harnier Freres Libraires T *diteurs s&d& ..................... 418 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola debai$o das suas direc4es compuseram um catecismo na L,n!ua c.amada 'mbunda pelo 1ual ensinavam a doutrina CristaY procurando por este meio 1ue em lu!ar de aprenderem os Ne!ros a L,n!ua dos portu!ueses como sempre -oi pol,tica de %ortu!al em todas as con1uistas aprendessem os %ortu!ueses a L,n!ua dos Ne!ros 58rbaros e 5uais& / 5ispo actual vai instru,do sobre esta mal,cia com a ordem de e$tirpar os sobreditos catecismos& # Sua 0a7estade manda participar a v&s& o re-erido para 1ue da mesma sorte -aa recol.er e remeter a esta secretaria de #stado todos os re-eridos papeis in-amemente ma1uinados para impedirem toda a comunicao entre os .abitantes de 'n!ola e os de %ortu!al e para depois -a(erem odioso aos Ne!ros o Nome %ortu!us com as inumer8veis calunias com 1ue por este idntico meio alienaram os ,ndios de 'm*rica de %ortu!al e de 5rasil V&&&W a re-erida mal,cia -a( i!ualmente indispens8vel 1ue 6ossa Sen.oria e$amine 1uais so os mission8rios estran!eiros 1ue ainda se ac.am em 'n!ola e 1ue me remeta uma relao deles com as declara4es da sua vida e costumes e da l,n!ua com 1ue se -a(em entender aos naturais das terras por1ue no sendo a portu!uesa se l.e deve proibir o uso de todas as outras 1uais1uer 1ue elas se7amA& IILR & Se * verdade 1ue a l,n!ua cria um @consensus acerca do sentido do mundo socialA contribui para a @reproduo da ordem social dominanteA IIL^ * instrumento de transmisso de outras -ormas culturais sendo tamb*m atrav*s dela 1ue so pensadas as !randes rupturas com a .erana cultural 7esu,ta e de 'nti!o Re!ime& 'o recon.ecer a necessidade de -a(er uma @estati(aoA da l,n!ua com -ins de uni-ormi(ao e estandarti(ao os !overnantes portu!ueses en1uadram2se em posi4es europeias anteriores caso da Frana onde o Cardeal Ric.elieu decretou a obri!atoriedade do uso da l,n!ua -rancesa em todos os actos administrativos& #m 'n!ola a imposio da l,n!ua portu!uesa obedece ao pro!rama civili(ador por1ue a l,n!ua * tamb*m dispositivo de dom,nio& ' l,n!ua 1ue se -ala determina a -orma como se pensa ou pelo menos remete a um universo cultural nas suas v8rias dimens4es IILL & ' di-uso do -rancs e do in!ls entre os .abitantes de Luanda a 1ue 78 aludi anteriormente merecem uma recomendao ao mesmo Sousa Coutin.o da parte de 0artin.o de 0elo e Castro E @ordena o mesmo sen.or 1ue dissimuladamente embarace IILR C-& "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: 'rtQ ::N2 ::O& IIL^ %& 5ourdieu O Poder , p& I;& IILL Relativamente ao ensino das mul.eres esta ideia -ica muito clara 1uando se di( 1ue a aprendi(a!em da l,n!ua portu!uesa com mestres de ler e escrever pelas mul.eres brancas ou mulatas inte!radas na sociedade colonial seria apenas o primeiro passo para 1ue con.ecessem @ as prendas pr"prias do seu se$oA se civili(assem e passassem a vestir europeia& Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a para 00C :; de 0aro de IJN^ 'HU C$&KN Doc& ^K& ..................... 419 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola esta aplicao no convindo de al!um modo 1ue na1uele reino se saibam mais l,n!uas 1ue a portu!uesa e a latinaA IILK & 0as de -acto -oram as l,n!uas a-ricanas a merecer maiores restri4es& ' principal l,n!ua a-ricana de 1ue se trata para este per,odo a1uela 1ue as -ontes mencionam * a l,n!ua @ambundaA isto * o 1uimbundo -alado no c.amado Reino de 'n!ola percorrido pelos trs rios Dande =en(a e Cuan(a at* aos territ"rios de Cassan!e inclusive& +ndica4es e$pl,citas sobre usos do 1uicon!o Vl,n!ua con!uesaW no -oram por mim detectadas nas -ontes consultadas se bem 1ue Cannecatim recon.ea para a (ona de #nco!e -alantes do 1uimbundo e do 1uicon!o IILJ & 0iller su!ere e parece -a(er sentido 1ue assim se7a 1ue no s*culo G6+ na (ona de Luanda se -alaria o 1uicon!o sendo a introduo do 1uimbundo resultado da a-luncia de um !rande n3mero de escravos praticantes dessa l,n!ua condu(idos pelos %ortu!ueses durante os s*culos G6++ e G6+++ IILN & Um &iccion'rio abre$iado da lWngua congue%a >>GC reali(ado com base na &outrina C-rist da (Wngua Congue%a a primeira obra 1ue se imprimiu em kikongo e 1ue correspondia a uma traduo da &outrina Crist composta em portu!us pelo padre 7esu,ta 0arcos 9or!e para ensino dos meninos -oi tamb*m elaborado por Fr& 5ernardo de Cannecatim no -inal do s*culo G6+++ visto 1ue os Capuc.in.os se!uiram a mesma orientao lin!u,stica dos 9esu,tas& 98 em relao l,n!ua -alada maioritariamente no planalto de 5en!uela 1ue a lin!u,stica recon.ece como umbundu ela ainda vem re-erenciada como a @l,n!ua 5en!uelaA dada como di-erente do quimbundo @sendo esta mui di-,cil de aprender aos indiv,duos dUa1uella nao&&&A mas mesmo assim pr"$ima como no podia dei$ar de ser tratando2se como se trata de uma l,n!ua banto IIK; & ' desi!nao umbundo no vem claramente identi-icada nas -ontes se bem 1ue o seu uso e recon.ecimento este7am impl,citos sempre 1ue as li!a4es coloniais se intensi-icam com essa 8rea IIKI & IILK "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: M LN 'HU C"d& ^J: -l& IRv& IILJ Fr& 5ernardo 0aria de Cannecatim &iccion'rio abre$iado da lWngua congue%a, a que acresce uma quarta columna que contm termos da lWngua bunda, id8nticos ou semel-antes ' lWngua congue%a in Collec#o de Obser$a#Kes Mramaticais&&& p& 6++& IILN 0iller Poder PolWtico pp&RN2RO& IILO Cannecatim &icion'rio&&& pp& I;J2IJ^& IIK; "dem Collec#o de Obser$a#Kes Mramaticais&&& p& G6& IIKI Sobre a distribuio das l,n!uas na !eo!ra-ia an!olana actual vide 08rio 'nt"nio @L,n!uas de 'n!ola& / ?uimbundoA 3eler&&& p&KO e ss& ..................... 420 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' -uno peda!"!ica dos 7esu,tas em 'n!ola e a sua aco mission8ria passou pela valori(ao da l,n!ua 1uimbundo da etnia ambundo& ' barreira ne!ativa da l,n!ua tin.a sido entendida pelos padres 7esu,tas& ' densidade das l,n!uas a-ricanas em 'n!ola suscitou estrat*!ias de resoluo 1ue dependiam da utili(ao dos int*rpretes ou l,n!uas em momentos de ne!ociao diplom8tica ou na !uerra mas sobretudo no caso da Compan.ia de 9esus pela aprendi(a!em sistemati(ao das l,n!uas locais e sua devoluo sob a -orma de cartil.as 1ue ao ensinarem a ler ensinavam a doutrina crist& #m IJJ: o !overnador 'nt"nio de Lencastre VIJJ:2IJJO levava instru4es do 0ar1us de %ombal VI;2JW para apreender todos os livros impressos ou manuscritos empre!ues pela ordem no ensino da cate1uese& 0andou recol.er e remeter para Lisboa os e$emplares impressos e manuscritos do catecismo do %adre Francisco %ac"nio IIK:
composto em 1uimbundo e portu!us impresso em Lisboa em IK^: como obra p"stuma pelo seu correle!ion8rio %adre 'nt"nio do Couto sob o t,tulo Mentio de Angola /ufficientemente instruWdo nos mistrios da nossa /anta 7 V&&&W e reeditado em Roma em IKKI com te$to em latim portu!us e 1uimbundo sob o t,tulo Mentiliis Angolae fidei misteriusY do catecismo do %e 9os* Houveia de 'lmeida em portu!us e 1uimbundoY da !ram8tica Arte da (Wngua Angolana do %adre Dias editada em Lisboa em IKOJY do Catecismo do %adre 9os* Houveia de 'lmeida em portu!us e 1uimbundo impresso em Lisboa em IJIL intitulado &outrina Crist acrescentada com alguns documentos ou ainda a Arte V!ram8tica latinaW do %adre 0anuel Xlvares entre outros& Sabemos 1ue al!uns e$emplares impressos e sobretudo manuscritos produ(idos pelos 7esu,tas -oram sone!ados apreenso e continuaram a ser usados mais ou menos secretamente& #m IJN^ -oram enviados ao 5ispo 1ue entretanto tin.a c.e!ado a Luanda catecismos portu!ueses& / motivo ale!ado pelo 0ar1us de %ombal contra a obra dos 7esu,tas substituindo os catecismos em 1uimbundo pelos catecismos em portu!us resumia2se ao ar!umento de 1ue era necess8rio -acilitar e alar!ar o empre!o da l,n!ua portu!uesa entre as popula4es locais& #sta atitude no pode dei$ar de nos -a(er pensar no 1ue se passou no 5rasil na mesma altura onde como * sabido se veri-ica durante o s*culo G6+++ a banali(ao de uma @l,n!ua !eralA criada pelos 7esu,tas o tupi simpli-icado e !ramaticali(ado 1ue IIK: %adre 9esu,ta italiano desembarcou em Luanda em IK:R& 6ia7ou at* 'mbaca assistiu eleio de 'n!ola 'ire como rei do Ndon!o e bapti(ou2o& Heint(e 7ontes para a .istria p& I;I& ..................... 421 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola assim se opun.a vul!ari(ao da l,n!ua portu!uesa IIKR & ' desvalori(ao do portu!us e o recon.ecimento das l,n!uas locais atrav*s da sua normali(ao -uncionavam como um desa-io um pcr em causa da autoridade pol,tica portu!uesa& Di-unde2se assim um pro!rama de imposio da l,n!ua portu!uesa en1uanto instrumento de a-irmao de uma cultura 1ue se pretende dominante e 1ue por essa via estabelece distin4es e le!itima dist<ncias relativamente s culturas locais& ' l,n!ua T assim entendida como l,n!ua imperial T passar8 a ser aproveitada como instrumento de imposio e de le!itimao da dominao colonial& ' .ierar1ui(ao das culturas implicava a .ierar1ui(ao das l,n!uas& %or isso mesmo o padre Capuc.in.o Frei 5ernardo de Cannecattim e$plicando2se ao seu leitor sobre o valor da l,n!ua 1uimbundo 1ual como se ver8 dedicou um dicion8rio editado em IN;^ a-irmavaE @Se o Diccionario 1ue eu dou estampa -osse do +dioma de .uma Nao culta e civili(ada no seria necess8rio persuadir ou demonstrar a sua utilidade por ser not"rio 1ue as L,n!uas sabias so .um deposito ri1u,ssimo dos pro!ressos do esp,rito .umano e .uns canaes abundantes 1ue os levo ao seio dos %ovos com as vanta!ens da m3tua communicaao dos #stados& %or*m ainda 1ue em o n3mero destes +diomas se no possa contar a L,n!ua 5unda ou 'n!olense o seu con.ecimento contudo no dei$a de ser util,ssimo ' advertncia era util,ssima por1ue de -acto sob o ponto de vista da pol,tica reli!iosa a estrat*!ia pombalina revelara as suas -ra!ilidades& / descon.ecimento das l,n!uas locais tornava pouco 3teis os padres seculares como mission8rios& %or no entenderem a l,n!ua da terra di-icilmente poderiam evan!eli(ar e muito menos converter c.e!ando depois con-isso e 8 administrao dos sacramentos& No surpreende ento 1ue em IJN^ por medidas do !overno de D& 0aria contrariando as disposi4es pombalinas -osse levada edio em Lisboa a terceira edio do catecismo em 1uimbundo dos 7esu,tas inteiramente i!ual se!unda edio mandada retirar em IJJ:& Cannecattim uma ve( mais assinalava a import<ncia do con.ecimento das l,n!uas locais para a converso e recomendava 1ue os p8rocos providos soubessem -alar a @l,n!ua do %ai(A de -orma a dispensar a interveno de-iciente dos int*rpretes IIK^ & )amb*m por IIKR Uma re-le$o sobre as l,n!uas por 'l-redo 0ar!arido @%re-8cio T o Drama da L,n!ua %ortu!uesaA in %aulo FeBtor %into Como Pensamos a )ossa (Wngua e as (Wnguas dos Outros Lisboa #stampa :;;I pp&IR2::& IIK^ C-& %rocesso de Frei 5ernardo de Cannecatim contra o 5ispo de 'n!ola IJOK2IN;I 'HU C$& N^ Doc& I:;& ..................... 422 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola essa ra(o elaborou um Dicion8rio V&iccionario da (ingua 1unda ou Angolense e+plicada na portugue%a, e (atina, Lisboa Na +mpresso R*!ia 0DCCC+6W e uma Hram8tica da l,n!ua 1uimbundo VCollec#o de Obser$a#Kes Mrammaticais, sobre a (Wngua 1unda ou Angolense e &iccion'rio Abre$iado da (ingua Conguesa se!unda edio Lisboa +mprensa Nacional 0DCCCL+GW& Na Dedicat"ria ao princ,pe re!ente a-irmava 1ue o con.ecimento da l,n!ua @5undaA ou do %a,s era no s" indispens8vel ao e$erc,cio e propa!ao do cristianismo mas tamb*m de muita utilidade aos interesses pol,ticos& Utilidade portanto do con.ecimento da l,n!ua 1uimbundo para os interesses da +!re7a e do #stado IIKL & 98 a 1uesto da l,n!ua 1uando -ocali(ada na sociedade luandense aponta distino entre o uso nos territ"rios do privado da l,n!ua 1uimbundo e o uso nos territ"rios do p3blico da l,n!ua portu!uesa& #lias 'le$andre da Silva Correia na sua .istria de Angola indica essas -ronteiras e -a( pensar numa sociedade assente na di!lossia capa( de praticar a utili(ao concomitante de uma l,n!ua a-ricana e de uma outra europeia em circunst<ncias diversas da vida da comunidade& No mesmo sentido Sousa Coutin.o Vem IJK^W denunciava a sua preocupao em relao mocidade luandense indicada como -alando k 1uase sempre Ne!rok o 1uimbundo portanto tal como ele era -alado em Luanda IIKK & )rinta anos mais tarde na d*cada de IJO; este monop"lio do 1uimbundo -ace ao portu!us vem mais uma ve( retratado 1uando se di( 1ue o idioma !eral era em Luanda a @l,n!ua ambundaA ao inv*s do portu!us& /s mulatos e pretos no c.e!avam se1uer a perceber o portu!us& 98 a situao de bilin!uismo * recon.ecida nos brancos 1ue entre si -alavam o portu!us e com os a-ricanos o 1uimbundo& 's mul.eres sendo educadas pelas ne!ras no recebiam nem o idioma nem a cultura portu!uesas e por isso mesmo viviam em Luanda sem se1uer saber -alar o portu!us IIKJ & ' l,n!ua era apenas uma e$presso de al!o mais comple$o 78 1ue os costumes da #uropa di-icilmente se impun.am& 's mul.eres das -am,lias brancas no trabal.avam no sabiam dar um ponto criavam as -il.as @no "cioA eram incapa(es de manter um comportamento social de acordo com os padr4es europeus pela educao pelas IIKL C-& Cannecatim &icion'rio&&& Dedicat"ria& IIKK Carta de F+SC :N de Novembro de IJK^ 'HU C$& ^N Doc&^^& IIKJ ' e$presso desta aculturao via2se na pr"pria -orma de tra7ar& 5rancas mulatas e ne!ras no vestiam europeia embrul.ando2se em panos da Cndia de v8rias cores&Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a para 00C :; de 0aro de IJN^ 'HU C$&KN Doc& ^K& ..................... 423 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola doenas e pela alimentao& Na perspectiva dos te$tos coloniais as pr8ticas associadas s reli!i4es a-ricanas re-eridas como supersti4es estavam presentes entre brancos -uscos e pardos @1ue os eclesi8sticos e naturais tm das ne!rasA& %ara al*m da -alta de escolas * preciso no es1uecer 1ue as di-iculdades de imposio do portu!us mesmo em Luanda no seio da comunidade luso2a-ricana decorriam de uma 1uesto de nature(a demo!r8-ica IIKN 78 1ue como se viu anteriormente era -raca e$pressividade da populao branca ou imi!rante de %ortu!al ou do 5rasil al*m de estar su7eita a um processo continuo de diluio e absoro no contacto com as culturas a-ricanas& No 1uotidiano e se nos centrarmos no 1ue seriam as marcas da paisa!em urbana de Luanda as mul.eres tra7avam panos da Cndia de v8rias cores lon!e das modas de #uropa e transitavam muitas delas em tip"ias carre!adas por ne!ros& #sta ima!em no pode dei$ar de me -a(er pensar nas !ravuras 1ue no in,cio do s*c& G6++ Linsc.oten usou para ilustrar o -austo de uma outra cidade colonial portu!uesa essa situada no #stado da Cndia e sua Capital& ?ue estran.a ima!em esta a de uma Luanda to pr"$ima de Hoa pontil.ada pelo lu$o a mistura de cores e os tecidos da Cndia IIKO & Relativamente a Luanda os !overnantes no dei$aram de insistir na import<ncia da criao de escolas e investimento em mestres de ler e escrever de -orma a viabili(ar a imposio da l,n!ua e cultura portu!uesas IIJ; & Cabe ainda sublin.ar em relao ao 1uimbundo cu7o limite oriental * sensivelmente marcado pelo curso do Cuan!o e a sul pela lin.a do rio Cuvo at* ao Cuan(a 1ue a (ona ocidental da 8rea do 1uimbundo Vcom Luanda na costa e o Cuan(a como via de penetrao para o interiorW corresponde a uma (ona de mais lon!a e cont,nua e intensa relao inter2cultural entre os -alantes de portu!us e os a-ricanos -alantes de 1uimbundo e -orma por isso mesmo uma (ona de @mestia!ensA com di-erencia4es locais mas 1ue revela uma prolon!ada in-luncia portu!uesa 1ue veio a tradu(ir2se na dialecti(ao do 1uimbundo IIKN C-& 9an 6ansina k%ortu!uese vs [imbunduE Lan!ua!e Use in t.e colonB o- 'n!ola VILJL2 c&IN^LW 1ulletin des /eances 0ededelin!en der =ittin!en ^J :;;I pp& :KJ2:NI& IIKO Sobre as medidas de Sousa Coutin.o para contrariar o lu$o de Luanda ver :K de Novembro de IJJ: FU% R2L2R2J %apeis do !overno de 'n!ola 0s& ^L -l& L;2I;;& IIJ; Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a 7ui( de -ora para 00C :; de 0aro de IJN^ 'HU C$&KN Doc& ^K& ..................... 424 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola No serto entre os a-ricanos uma outra distino deve ser assinalada 78 1ue as 1uest4es da l,n!ua passavam tamb*m pela escrita& %ara os sobas com uma lon!a pr8tica de contacto com o poder de Luanda atrav*s de documentao escrita inclusive como 78 -icou e$plicado o portu!us * a l,n!ua de poder e * a l,n!ua de poder sob a -orma escrita& Nas rela4es entre sobas a escrita * escrita em l,n!ua portu!uesa embora perpassada pelas marcas da oralidade e pelas inter-erncias do 1uimbundo ao n,vel vocabular e sint8tico& 'ssim como o 1uimbundo na -orma oral so-re uma in-luncia do portu!us ao ponto de como su!ere 08rio 'nt"nio se poder -alar de um dialecto pr"prio desta 8reaY tamb*m o portu!us 1ue -oi escrito pelos -alantes de 1uimbundo so-reu altera4es sint8cticas e mor-ol"!icas 1ue se no permitem 1ue se -ale de um crioulo e$i!em 1ue se sublin.e uma m3tua in-luncia e o advento de -ormas de comunicao interm*dias& ?uanto aos a-ricanos 1ue normalmente comunicavam com os portu!ueses e em especial os c.amados l,n!uas ou int*rpretes usados em v8rias circunst<ncias j embai$adas 7ul!amentos ou ac4es de evan!eli(ao j Cannecatim re-ere 1ue descon.eciam uma !rande parte da sua pr"pria l,n!ua entenda2se 1ue no se!uiam a sistemati(ao 1ue o pr"prio Cannecatim estabelecera para a1uela l,n!ua a-ricana e apenas usavam al!umas palavras do portu!us os termos mais vul!ares e usuais IIJI & ' 1uesto da l,n!ua colocava2se tamb*m nas rela4es entre +!re7a e evan!eli(ao na diplomacia na 9ustia na !uerra IIJ: & Nas rela4es com o 0ambuco em Cabinda * necess8rio -a(er recurso ao -rancs e s l,n!uas locais ao lado do portu!us IIJR & ' mestria da l,n!ua 1uimbundo no dei$ar8 de ser ol.ada como um instrumento importante para a reali(ao dos pro!ramas pol,ticos& Se Cannecatim * absoluto nas suas a-irma4es 78 no -inal do s*culo G6+++ b @&&& de tudo o 1ue -ica ponderado se conclui 1ue a inteli!ncia da L,n!ua 5unda ou !eral do Reino de 'n!ola * util,ssima e necess8ria aos #clesi8sticos no e$erc,cio do seu minist*rioY aos Hovernadores e 0a!istrados na Re!ncia do #stado e 'dministrao da 9ustiaY aos C.e-es 0ilitares no acerto do seu Commando e na -elicidade de suas opera4esY aos Commerciantes em -im no mane7o do seu ne!ocio IIJI Cannecatim &icion'rio&&& p& ++& IIJ: 'HU C$& JO Doc& KKY /-,cio de D& 'nt"nio 'lvares da Cun.aA 'HU C$& ^I Doc& LO II de De(embro de IJLJ& IIJR Relat"rio -eito por Lu,s C<ndido Cordeiro %in.eiro Furtado tenente2coronel no 1uartel de Cabinda 'HU C$& KK Doc& NK N de '!osto de IJNR& ..................... 425 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola sendo uma ru,na e uma des!raa 1ue todas estas pessoas no ve7am o ob7ecto de suas -un4es seno ao trav*s da opaca sombra de .um Ne!ro interpreteA IIJ^ jSousa Coutin.o al!uns anos antes recon.ecia 1ue os en!en.eiros 1ue c.e!avam da #uropa pouco ou nada conse!uiriam -a(er no serto sem con.ecerem a l,n!ua 1uimbundo IIJL & 'li8s o pr"prio tr8-ico de escravos e toda as discuss4es 7udiciais em torno da escravi(ao le!,tima com lu!ar no 9u,(o das Liberdades mais a interveno do Cate1ui(ador das Liberdades pressupun.am uma manipulao lin!u,stica se!ura IIJK & %arece 1ue deve ser a1ui 1ue devem entrar os a!entes da inter-ace das l,n!uas pr8ticos na di!lossia tais como secret8rios de sobas al!uns europeus com lon!a permanncia no serto mas na sua maioria a-ricanos 1ue .aviam aprendido a ler e escrever com mission8rios escrives das -eiras etc& #m suma a pol,tica pombalina para a imposio do portu!us como l,n!ua comum acabava por se con-rontar com a impossibilidade de !overnar e-icientemente sem o dom,nio do 1uimbundo 1uer atrav*s dos int*rpretes 1uer atrav*s de uma aprendi(a!em directa& 'ssim -ica e$plicado como se d8 a e$tenso at* aos dom,nios da l,n!ua de uma pol,tica de disciplina colonial .arm"nica com um pro7ecto de en1uadramento novo das col"nias numa ordem .omo!enei(adora e avessa a particularismos ou a -actores de descentrali(ao e autonomia& & 1$.1.<. C)'/&# ) -)i" () (i;/4+#01" i()"4=+i,#8 Li;&" ) L)i%/&# ' censura anda estreitamente li!ada leitura tanto mais 1ue no s*culo G6+++ a censura no * apenas um meio para entravar a liberdade de pensar mas -ornece tamb*m e parado$almente um instrumento incompar8vel para di-undir certas teses pol,ticas IIJJ & ' censura cont*m uma dimenso -ormativa 1ue se reali(a pela divul!ao de certas ideolo!ias atrav*s de obras produ(idas para o e-eito& Uma ve( 1ue esta dupla -ace da censura * estruturante o -en"meno da leitura ser8 considerado na sua dupla vertenteE na vertente coerciva -ormadora 1ue tem no leitor uma IIJ^ Cannecatim &icion'rio&&& p& 6& IIJL Carta de F+SC :N de Novembro de IJK^ 'HU C$& ^N Doc&^^& IIJK Carta de '6 anterior a IJK; 'HU C$& ^R Doc& L& IIJJ 5arbara de Ne!roni @CensureA in 0ic.el Delon &ictionnaire ,uropen P ..................... 426 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola p8!ina em branco e onde pretende inscrever2se dei$ar a sua marcaY e na sua vertente de irredut,vel liberdade do leitor atento recepo de novas -ormas culturais ou empen.ado no desvio dos sentidos ori!inais& ' verdade * 1ue ap"s o desaparecimento da in-luncia da Compan.ia de 9esus em !rande parte respons8vel pela importao de um modelo cultural e civili(acional europeu assim como da biblioteca do seu Col*!io a leitura passa a -a(er2 se em Luanda e depois em 5en!uela com recurso a outros livros e/ou a outras livrarias umas pr*2e$istentes e a!ora re-oradas outras criadas de novo& Com a con-iscao dos bens veio necessariamente a con-iscao da 5iblioteca do Col*!io da Compan.ia de 9esus e de outros pap*is& %elo rol dos bens pertencentes ao Col*!io veri-icava2se 1ue a sua biblioteca possu,a no s" as obras piedosas e doutrin8rias mas tamb*m livros de -armacopeia medicina e -iloso-ia cl8ssica IIJN & #sta biblioteca -icou -ec.ada na C<mara de Luanda com acesso vedado& %or*m em IJJJ .8 ind,cios de 1ue a censura no -ora respeitada& / co-re camar8rio onde se !uardavam os livros proibidos dos 7esu,tas estava devassado indiciando a circulao e lo!o a leitura das obras IIJO & #m primeiro lu!ar e depois do a-astamento do modelo cultural escol8stico tal como ele -ora veiculado pelas institui4es 7esu,tas .ouve um tipo de leitura formati$a 1ue se procurou -a(er valer IIN; & ' divul!ao de obras recentemente publicadas com o sentido de 7usti-icar ideolo!icamente a nova ordem repercutiu2se em 'n!ola& Lo!o em IJLO na senda da e$pulso dos padres da Compan.ia a Secretaria de #stado -a(ia imprimir e despac.ava para a X-rica uma Colec#o Aut-entica @aut.entica mem"ria impressa por Sua 0a7estade nesta Secretaria de #stado&&¶ necess8ria cautela dos s*culos -uturosA IINI & 0ais tarde em IJJ; Francisco Gavier de 0endona Furtado -a(ia c.e!ar e$emplares da &edu#o Cronolgica e AnalWtica IIN: & dada lu( em IJKN com indicao para serem distribu,dos @pelas pessoas mais di!nas na -orma das /rdens de Sua 0a!estadeA IINR & ' obra IIJN 'r1uivo dos 9esu,tas Fondo Hesuitico ILO^ -l I a I: 3ol dos (i$ros e 3ol dos m$eis da Casa de (uanda da 3esid8ncia de Angola& IIJO Representao da c<mara de Luanda :; de De(embro de IJJJ 'HU C$& KI Doc& LK& IIN; Depois da e$pulso dos 9esu,tas se!ue do Reino para 'n!ola a Collec#o Autentica para ser !uardada no 'r1uivo da Diocese de Luanda e usada pelas pessoas interessadasY IJ de Novembro de IJLO 'HU C$& ^:& Doc& O:& IINI Cat8lo!o das /rdens para 'n!ola IJLO2IJK; 'HU C$& ^: Doc& OK& IIN: Carta enviada a FG0F assinada pelo Cabido :K de '!osto de IJKN 'HU C$& L: Doc& R;& IINR Carta de F+SC para FG0F L de Fevereiro de IJJ; 'HU C$& L^ Doc& I:& ..................... 427 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pretendia ser a .ist"ria correcta dos acontecimentos pol,ticos e liter8rios do pa,s desde o ano de IL^; em 1ue os inacianos .aviam entrado no reino at* lei de R de Setembro de IJLO& Nesta obra encontrava2se a tese da doutrina re!alista 1ue -a(ia a leitura entre imperium e sacerdotium, atrav*s de um ata1ue autoridade papal sobre a or!ani(ao eclesi8stica re!ional de-endia a concesso de mais amplas atribui4es i!re7a nacional e a subordinao da i!re7a proteco e orientao do #stado IIN^ & Note2se 1ue 7unto com as Pro$as da &edu#o Cronolgica&&&-oi reeditada a 3ela#o Abre$iada da republica que os religiosos das pro$Wncias de Portugal e ,span-a estabeleceram nos domWnios ultramarinos das duas monarquias, e da guerra que neles t8m mo$ido e sustentado contra os e+rcitos espan-is e portugueses libelo este publicado anonimamente em IJLK e 1ue -uncionou como arma -undamental na preparao da opinio p3blica internacional& #$emplares da &edu#o Cronolgica e AnalWtica em n3mero de 1uatro se!uiram para Luanda por ordem de Francisco Gavier de 0endona Furtado e -icaram !uarda do Cabido #sta obra inscrita na pol*mica anti27esu,tica cont*m como salientou 5or!es de 0acedo outras dimens4es em especial a re!alista pela de-esa dos poderes do #stado e a anti2papal procurando dar mais autonomia +!re7a nacional e provar a subordinao desta orientao e proteco do #stado& Na lin.a da di-uso e imposio de uma matri( racionalista 1ue permitiria tra(er civilidade !entes b8rbaras v8rios e$emplares da traduo dos OfWcios de C,cero c.e!aram a 'n!ola com a tutela do Consel.o Ultramarino para 1ue se repartissem pelas pessoas @capa(es de se aproveitarem de suas li4esA IINL & %ara al*m do lu!ar central do estoicismo na constituio do racionalismo note2se a import<ncia de C,cero na sedimentao de uma corrente racionalista em %ortu!al& R& 5luteau nos verbetes @ra(oA e @policiaA do seu 2ocabul'rio cita amplamente m8$imas col.idas na obra da1uele -il"so-o IINK & / 1ue tem interesse * a @rude(aA com 1ue essas m8$imas aparecem transpostas para 'n!ola e o car8cter 1uase m8!ico 1ue l.es * atribu,do& 0artin.o de 0elo e Castro envia esses e$emplares e$plicando ser indispens8vel 1ue os .abitantes de 'n!ola at* ao momento b8rbaros conse!uissem ter princ,pios morais 1ue os -i(essem @civis e para l.os in-undir IIN^ 9& 5or!es de 0acedo @Deduo Cronol"!ica e 'nal,ticaA &.P vol& + IINL "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: M LN 'HU C"d& ^J: artQ LN&& IINK R& 5luteau @Ra(oA 2ocabul'rio ..................... 428 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola no pode .aver livro mel.or do 1ue o da traduo dos OfWcios de C,cero 1ue Sua 0a7estade mandou estampar para o uso do Col*!io da Nobre(a &&& por1ue * uma lio bem proveitosa em todas as idades e em todos os estados sendo os eclesi8sticos corrompidos pela moral dos casu,stas os 1ue mais necessitam desta instruo para desterrar os so-ismas do seu %robabilismo con.ecendo o verdadeiro ponto da reli!io da .onra da probidade e da civilidadeA& %ara al*m do anti27esuitismo o envio dos OfWcios de C,cero para 'n!ola apontando como re-erncia o Real Col*!io dos Nobres no pode dei$ar de nos -a(er pensar num pro!rama de civili(ao universalista IINJ & Se nos posicionarmos numa leitura li$re * importante sublin.ar o papel das 5ibliotecas& Como se sabe o crescimento das bibliotecas particulares * caracter,stico deste per,odo& No reino @percebe2se nitidamente a e$panso do livro f&&&g na primeira metade do s*culo& 's bibliotecas particulares cresciam a ol.os vistosA& #m Luanda .8 sinais de 1ue na se!unda metade do s*culo G6+++ se comeam a -ormar bibliotecas 's leituras a 1ue estas bibliotecas correspondem -a(em a ponte com as primeiras mani-esta4es de autonomia mais ou menos -ormali(ado da primeira metade do s*culo G+G IINN & No corpus da Real 0esa Cens"ria Vcriada em IJKNW encontra2se documentao de interesse contendo listas de livros encomendados a !randes livreiros de Lisboa e destinados a Luanda e 5en!uela& Destas listas esto ausentes as obras mais si!ni-icativas da *poca 1uer di(er obras de car8cter -ilos"-ico capa(es de evidenciar e produ(ir -racturas ideol"!icas irredut,veisY mas esto presentes outras de maior divul!ao 1ue provam a vul!ari(ao de -ormas discursivas e remetem a um novo conceito de educao e para a cultura das 'cademias& #$emplos disso soE 1re$es "nstru#Kes aos Correspondentes da Academia :ratado da ,duca#o 7Wsica dos 4eninos ou ainda as 4emrias ,conmicas da Academia das Ci8ncias VIJNOW& Nestas listas destaca2se a presena de um n3mero bastante elevado de !ram8ticas bem como de dicion8rios de l,n!ua -rancesa e de l,n!ua in!lesa& Literatura -rancesa e in!lesa 1ue por sua ve( * relativamente rara nestas listas se bem 1ue o ensino e aprendi(a!em das l,n!uas -rancesa e in!lesa entre os .abitantes de Luanda ten.a merecido uma meno e$pl,cita no !overno de Francisco +nocncio de IINJ Carta de FG0F para DF+SC :I de 9ul.o de IJKK 'HU C$& L: Doc& ^L& IINN Sobre as bibliotecas e$istentes em 'n!ola ver 08rio 'nt"nio A 7orma#o da (iteratura Angolana&&&& e Carlos %ac.eco in 2rtice, nQ LL :p s*rie pp& NL a OLY @Relao dos livros enviados a pedido do 5ispo de 'n!ola pelo Dep"sito Heral das Livrarias dos #$tinctos ConventosA -eita a IK de Fevereiro de IN^N 5NL Res& C$& :IK nQ^R 'n!ola 5ibliotecas 'r1uivos e 0useus sec& G+G Diocese de 'n!ola& ..................... 429 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Sousa Coutin.o IINO e nas +nstru4es dadas a D& 'nt"nio de Lencastre com medidas ade1uadas situao IIO; & %or sua ve( os en!en.eiros 1ue se!uiam para 'n!ola -a(iam2se acompan.ar de livros al*m de instrumentos 3teis ao e$erc,cio da sua pro-isso IIOI & / espao 1ue -oi aberto pelo ensino dos militares li!ado cultura das lu(es apoiava2se em livros e na sua leitura& Z de crer 1ue ao n,vel da cultura escrita os livros produtos culturais ocupassem um lu!ar na vida social luandense& H8 assim boas ra(4es para pensar 1ue em Luanda e$istiriam neste -inal do s*culo G6+++ bibliotecas privadas bibliotecas em aberto e 1ue os volumes 1ue as compun.am entrariam na cidade por vias paralelas 1uelas controladas pelas inst<ncias o-iciais em especial pela 1ue dava acesso ao mundo brasileiro visto 1ue a relao com o Reino se -a(ia atrav*s do 5rasil IIO: & 'l!uns dos .omens li!ados a Sousa Coutin.o a-irmam ter lido obras em l,n!ua -rancesa e l,n!ua in!lesa& Sem citarem t,tulos -iliam2nos nos novos tempos das Lu(es IIOR & ' obra de 0ontes1uieu por e$emplo c.e!a a aparecer citada num parecer dado pela C<mara de Luanda para -undamentar a ideia de 1ue a !uerra em si mesma no * um -im mas antes um meio para atin!ir a pa( causando o menor pre7u,(o poss,vel IIO^ & ' pr"pria 'ula de Heometria -uncionaria certamente como p"lo de vul!ari(ao de leituras e de ideias em especial de toda a literatura 1ue suportava a aprendi(a!em da carto!ra-ia ou da arte de -orti-icao& ?ual seria a locali(ao -,sica destas obrasn ?ue tipo de circulao so-riamn #stas so .ip"teses de trabal.o 1ue procuro e$plorar mas a 1ue at* ao momento me no tem sido poss,vel dar sustentao documental por 1ue -altam invent8rios dessas livrarias em 'n!ola IIOL & ' not,cia de bibliotecas constitu,das por -il.os do pa,s s" comea a ser se!ura a partir da primeira d*cada do s*culo G+G& IINO Re-erncia ordem r*!ia 1ue proibia o estudo das l,n!uas -rancesa e in!lesa /-,cio de F+SC Luanda IK de De(embro IJKK 'HU C$& L; Doc& KL& IIO; "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: M LO 'HU C"d& ^J: artQLO& IIOI Carta de Loureno 9os* 5otel.o :N de Novembro de IJK; 'HU C$& ^R Doc& II:& IIO: 'N)) Real 0esa Cens"ria C$& ILI Documentos e$pedidos para 'n!ola VIJOL2IN;JW& IIOR ' in-luncia da cultura -rancesa e o con.ecimento da l,n!ua -rancesa pela elite an!olense * atestada em estudos 1ue incidem sobre o s*culo G+G Salvato )ri!o Ren* 0arie #.rentrant pre-& "ntrodu#o I literatura angolana de e+presso portuguesa %orto/5ras,lia IOJJ& IIO^ %arecer IJO; 'HU C$& JL Doc& J^& ..................... 430 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0as ainda assim o 1ue parece importante sublin.ar * 1ue na se!unda metade do s*culo G6+++ e em especial a partir da d*cada de IJK; se criaram condi4es para 1ue se constitu,sse em Luanda um !rupo de .omens j composto por -il.os da terra brancos ou mulatos assim como de rein"is para a, enviados com o -im de dar corpo aos modernos rumos da pol,tica colonial j li!ado carreira militar e ao poder pol,tico 1ue est8 na posse dos novos ob7ectos culturais do seu tempo se7am eles livros ordens administrativas re-ormadoras ou re-erncias passadas de boca em boca capa(es de recon-i!urar maneiras de pensar de acordo com o padro cultural das Lu(es tal como ele se repercutia em X-rica& / mesmo tipo de -en"meno -oi testemun.ado para os anos R; do s*culo G+G& / via7ante austr,aco Heor!e )ams revelando al!um -asc,nio por uma sociedade tropical no dei$ou de dar not,cia das -ormas de sociabilidade presentes na sociedade luandense ao re-erir a @.etero!*nea multido de pretos brancos e mulatosA 1ue compareciam aos bailes promovidos pelo !overnador no seu pal8cio IIOK & 'l!uma biblio!ra-ia respeitante -i!ura do poeta 9os* da Silva 0aia Ferreiraautor das ,spontaneidades da 4in-a Alma T js sen-oras africanas IN^O2INL; IIOJ Ve 1ue os especialistas consideram como sendo a primeira mani-estao de literatura an!olanaW a-irma 1ue nas primeiras d*cadas do s*culo G+G .8 not,cia da e$istncia de bibliotecas particulares em 'n!ola a todos os t,tulos di!nas de nota& /s propriet8rios dessas bibliotecas seriam .omens li!ados a ideias nacionalistas e 1ue reclamavam a autonomia de 'n!ola& Cito o caso do doutor 7ui( de -ora de 5en!uela possuidor de uma biblioteca cu7o conte3do * in-eli(mente descon.ecido e 1ue nas cortes constituintes do Rio de 9aneiro se iria pronunciar em nome de 'n!ola pela independncia desta col"nia a-ricana e a sua IIOL ' e$plorao do 'r1uivo da 'r1uidiocese de Luanda poder8 revelar2se em trabal.os -uturos importante para um estudo mais apro-undado deste aspecto& 'li8s Carlos %ac.eco um dos poucos .istoriadores 1ue se aplicou aos problemas levantados pela constituio de livrarias privadas 7untamente com 08rio 'nt"nio e$traiu da, os materiais mais relevantes 1ue apresentou nos seus trabal.os& ?uando me deslo1uei a Luanda -ui obri!ada a dar prioridade ao 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola onde se encontra a parte mais substancial dos materiais 1ue buscava e a secundari(ar o 'r1uivo da 'r1uidiocese& 'cresce 1ue este ar1uivo de acordo com o 1ue pude averi!uar 7unto dos .istoriadores an!olanos se encontra muito de-icientemente or!ani(ado pelo 1ue .aver8 um !rande investimento a -a(er na locali(ao dos materiais para al*m da sua consulta& IIOK Heor! )ams 2isita Is PossessKes Portugue%as na costa occidental d*Africa vol& + )Bpo!rap.ia da Revista INL; pp& ::K& IIOJ 08rio 'nt"nio A forma#o da literatura p& :I& ..................... 431 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola adeso ao 5rasil IION & ' biblioteca de 5ernardino da Silva Huimares mulato e -il.o do pa,s vem estudada por Carlos %ac.eco num arti!o sobre leitura em 'n!ola& #mbora nada nos se7a dito sobre as vias de a1uisio dos volumes e sobre as datas apro$imadas em 1ue teriam passado a inte!rar a dita biblioteca tem interesse veri-icar o -acto de recol.er al!uns dos t,tulos mais si!ni-icativos da cultura das Lu(es 1uer no plano europeu Vcaso de 9ean29ac1ues RousseauW 1uer no plano estritamente portu!us Vcaso do 2ocabul'rio de 5luteauW IIOO & Uma outra biblioteca muito citada * a de 0anuel %atr,cio Correia de Castro nascido em Luanda em IJNO -il.o natural de uma mul.er parda e de um c"ne!o da catedral de Luanda 1ue dei$ou data da sua morte VINRRW uma biblioteca de mais de 1uatrocentos volumes onde se podiam encontrar os Pensamentos de %ascal Obras de 0ontes1uieu ,pistolas de C,cero etc& I:;; & / 1ue se pode concluir destes invent8rios embora ainda incompletos postos disposio por Carlos %ac.eco * 1ue c.e!avam a Luanda as obras mais recentes e 1ue mais novidade transportavam sendo reunidas em livrarias de particulares e possivelmente postas a circular num <mbito restrito de indiv,duos li!ados ao e$erc,cio de car!os p3blicos& ' li!ao ao 5rasil pode ser lida no plano cultural 78 1ue -oi muitas ve(es por essa via 1ue em 'n!ola se tomou con.ecimento das novas da #uropa dada a li!ao indirecta a Lisboa& #ssa apro$imao pode ser atestada em v8rios momentos& No es1ueamos 1ue o !overno de Luanda toma con.ecimento da Lei de R de Setembro de IJLO Vsobre a Compan.ia de 9esusW atrav*s de uma Coleco 1ue vinda do 5a,a c.e!ara s mos de um morador de Luanda I:;I & / canal aberto para !arantir o a-lu$o de escravos aos principais portos brasileiros estava aberto e receptivo portanto para no retorno tra(er a 'n!ola produtos culturais -ossem eles livros peri"dicos pan-letos ou as ideias 1ue os @brasileirosA rec*m c.e!ados a, -a(iam a-luir& #lias 'le$andre da Silva Correia militar de IION Carlos %ac.eco Tos da /il$a 4aia 7erreira O .omem e a sua ;poca Luanda Unio dos #scritores 'n!olanos IOO; p& I;L e ss& IIOO Do invent8rio dos seus bens constavam KN volumes e entre elasE Ci8ncia do Mo$ernoY PrWncipios da PoliticaY Rousseau O Contrato /ocialY 5ossuet &iscurso sobre a .istria Uni$ersalY Meografia Uni$ersalY :ratado de Meografia de 5albiY A$enturas de :elmaco Vem l,n!ua -rancesaW de F*nelonY 2ocabul'rio de 5luteau VO vols&WY Cartas do 4arqu8s de Pombal .istria da "nquisi#o& C-& Carlos %ac.eco @Leituras de 5ibliotecas em 'n!ola&&& p& :L e ss& I:;; C-& "dem "bidem p& :O& I:;I /-icio de '6 J de 9ul.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& L^& ..................... 432 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola carreira Vde 1ue tratarei mais adianteW li!ado ao movimento acad*mico brasileiro cita na sua obra 6oltaire e SullB contactou com !rande parte da elite militar e letrada de Luanda e deu com toda a probabilidade a con.ecer estes e outros autores a 1uem se mostrou interessado& 'cresce ainda 78 na d*cada de IJO; a c.e!ada a Luanda dos e$ilados 1ue .aviam participado na +ncon-idncia 0ineira em IJNO e com eles as obras ou pelo menos as ideias contidas em obras vul!ari(adas no 5rasil incluindo a obra de RaBnal V.istoire P-ilosop-ique et politique FW I:;: & ' diversi-icao do campo de leituras no pode dei$ar de ter ocorrido& 'li8s as primeiras d*cadas do s*culo G+G em 'n!ola para a, apontam I:;R & 08rio 'nt"nio su!eriu esta articulao atrav*s da an8lise da obra de uma importante e ainda pouco estudada -i!ura luandense j 9oa1uim 'nt"nio de Carval.o e 0ene(es com um percurso 1ue incluiu o 5rasil e %ortu!al& #mbora o seu testemun.o liter8rio date da primeira metade do s*culo G+G o conte3do li!a2se principalmente ao s*culo G6+++& Fa( assim carrilar a sua obra b e em especial a 4emoria Meograp-ica, e PolWtica das PossessKes Portugue%as n*Affrica Occidental, que di% respeito aos 3einos de Angola, 1enguela e suas &epend8ncias Origem de sua decad8ncia, e atra%amento, suas con-ecidas produ#Kes, e os meios que se de$em applicar para o seu mel-oramento , de que de$e re%ultar mui grandes $antagens I monarquia b nos c<nones de uma literatura 1ue -a(endo a apolo!ia do pro!resso se inspirava e inscrevia na ideolo!ia das Lu(es& I:;^ & Z uma -i!ura compar8vel a 'rs*nio %omp,lio %ompeu do Carpo e seu comtempor<neo embora o primeiro -osse -uncion8rio p3blico e o se!undo ne!reiro com articula4es imprensa onde desenvolveu um papel relevante tendo redi!ido o peri"dico O Paquete do Ultramar VINROW& Uma coisa * certa as li!a4es intelectuais do 5rasil a 'n!ola neste -inal do s*culo G6+++ assumem e$press4es duradouras 1ue se prendem com a pr"pria construo de uma mem"ria escrita an!olana& Z um brasileiro militar de carreira 1ue serviu em 'n!ola entre I:;: Carlos %ac.eco @Leituras de 5ibliotecas em 'n!ola&&& p& RJ& I:;R Dennet. 0a$\ell @).e !eneration o- t.e IJO;s and t.e ideia o- a Luso25ra(ilian #mpireA in 'lden Duriel Colonial roots of modern 1ra%il 5er[eleB UniversitB o- Cali-ornia %ress IOJR pp& I;J2I^^& I:;^ Re-iro2me ao conte3do desta 4emria VLisboa Na )ipo!ra-ia Carval.ense INR^W na parte -inal desta tese& 6er 08rio 'nt"nio A 7orma#o p& ^^& ver tamb*m Carlos %ac.eco Toaquim Antnio de Car$al-o e 4eneses e a gnese da polmica liter'ria em Angola 5ra!a Consel.o +nternacional da Luso-onia IOOL& ..................... 433 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola IJNR2IJNO #lias 'le$andre da Silva Correia 1uem escreve e .istria de Angola caso 3nico de recomposio da .ist"ria de 'n!olaY e * o pr"prio 5as,lio da Hama autor do c*lebre poema O Uraguai publicado na R*!ia /--icina )ipo!r8-ica em IJKO no 1ual e$alta em estilo arc8dio a pol,tica pombalina de e$pulso dos 7esu,tas e a autonomia do 5rasil 1uem escreve no mesmo re!isto o <uitubia um poema menos con.ecido datado de IJOI acerca de um capito da !uerra preta 1ue participou nas !uerras do Luan!o e de CabindaE @a!ora 1ue dos reis dormem as iras/ teus ol.os sobre a escura X-rica se estendemA& De!redados brasileiros por ra(4es pol,ticas do movimento da independncia tero tra(ido directamente ideias e comportamentos da 8rea de coloni(ao mais li!ada a 'n!ola pelo tr8-ico de escravos I:;L & I:;L 'crescentar a isto o 1ue di( Francisco Soares acerca dos brasileiros )otWcia da (iteratura Angolana Lisboa +mprensa Nacional Casa da 0oeda :;;I pp& IIN2IIO& ..................... 434 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola P4#'%# ,"46+i" ..................... 435 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 436 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1$.$. E4i%) (# ,"'%i'/i(#() ) )4i%) (# &/3%/&#. ' renovao das elites * condio para a sobrevivncia e valncia das re-ormas institucionais& ' 1uesto parece ser a de saber se .ouve de -acto modi-ica4es sociais importantes e e1uivalentes pro-undidade das re-ormas institucionais pro7ectadas& %arece 1ue sim numa relao de compromisso com a ordem anterior& ' ruptura no -oi nem podia ser su-icientemente estruturada para criar uma @nova sociedadeA& H8 sinais de al!umas mudanas em Luanda mas a sociedade an!olense continua a ser maioritariamente escravocrata& / !rande elemento de perturbao do sistema e do sistema social em particular deveria e s" poderia ter2se situado no plano do tr8-ico& S" com o desaparecimento deste ou com a sua reinterpretao e substituio por outra -orma de e$plorao econ"mica estaria aberto o camin.o para uma reestruturao de ordem social& No caso do 5rasil sabemos 1ue a -i!ura do mineiro vem pcr em causa no in,cio do s*culo G6+++ os valores da a!ricultura e introdu( um elemento de perturbao decisivo nas .ierar1uias estatu,das contrariando as pr"prias ra(4es do poder colonial instalado& #m 'n!ola apesar de todas as tentativas para -a(er sobressair os valores da produo atrav*s da a!ricultura e da ind3stria essa inverso no estava em causa de -orma al!uma e s" viria a veri-icar2se em meados do s*culo G+G& Cerca de INL; 1uando se apro$imava o -im do com*rcio com o 5rasil o poder e a ri1ue(a das -am,lias crioulas decorria maioritariamente da posse e e$portao de escravos I:;K & ' reconverso do com*rcio inicia2 se nos anos de IN^L I:;J & %or*m na se!unda metade do s*culo G6+++ e no plano cultural essa elite v2se re-orada com novos elementos e com de instrumentos intelectuais e 1uadros mentais 1ue l.e permitem produ(ir ar!umentos e ob7ectos culturais ori!inais& Na d*cada de IJL; -ica patente a administrao encontrava2se desmunida de .omens em 1uantidade e 1ualidade& Na cidade de Luanda e em 5en!uela I:;N muitas patentes militares encontravam2se va!as e o mesmo acontecia para a administrao da I:;K 9& Dias @Uma 1uesto de identidade&&&A p& K^& I:;J 0&#&0& Santos @)ra7ect"ria do Com*rcio do 5i*A )os camin-os p& NR ess& I:;N / posto de capito da Compan.ia de 5en!uela por e$emploY capito de artil.aria de Luanda& ..................... 437 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -a(enda ou da 7ustia& ' correspondncia trocada entre 'nt"nio de 6asconcelos e o seu antecessor no Consel.o Ultramarino retrata2o 1uando entra na identi-icao minuciosa dos nomes a 1ue era poss,vel deitar mo ainda assim& ' partir deste momento a in7eco de .omens em 'n!ola oriundos do reino capa(es de manipular novos saberes sobretudo com -ormao de en!en.eiros comea a ser pensada como via e-iciente na re-orma e renovao da estrutura administrativa e em particular das capitanias2mores @para 1ue paulatinamente se re-ormasse esse desanimado corpo de o-iciaisA I:;O & /s indiv,duos podem per-eitamente ima!inar2se membros de di-erentes comunidades sociais sem 1ue .a7a con-lito entre elas& H8 .omens 1ue transitam de re!isto em re!isto -a(endo uma esp*cie de @bricola!eA ideol"!ica 1ue l.es permite sentirem2se i!ualmente bem e aptos nas suas v8rias identidades& H8 micro2.ist"rias 1ue se insinuam na !rande problem8tica cu7os prota!onistas so .omens 1ue obedecessem a v8rias temporalidades e o-erecem uma leitura plural dos acontecimentos pol,ticos& Nas propostas te"ricas 1ue sustentam esta investi!ao avancei com o ar!umento da multi2temporalidade& No plano da .ist"ria social do lado do coloni(ador e tamb*m dos a-ricanos esse ar!umento * particularmente -ecundo I:I; & ' instalao de uma nova ordem social decorre da constituio de um !rupo de indiv,duos a 1ue c.amarei elite ou @!erao de K;A uma ve( 1ue * durante essa d*cada coincidente em parte com o !overno de Sousa Coutin.o 1ue se criam as condi4es para 1ue ela se7a -or7ada& Z essa elite 1uem imprime a marca rede 1ue domina para invocar a noo de elites estrat*!icas proposta por 92L& 6ellut ao desi!nar as elites 1ue asse!uram o -uncionamento de uma rede sobre a 1ual imprimem a sua marca e o seu dom,nio I:II & 1$.$.1. C#3i%1)--"&)* )'%&) &)i%)'%) ) &)5"&-#("&). ' -i!ura do capito2mor * central na administrao de 'n!ola e tamb*m a mais permanente ao lon!o da .ist"ria da col"nia& ' sua e$presso contempor<nea encontra2se nos c.e-es de posto& )rata2se assim de um caso de re!ularidade e permanncia na estrutura administrativa 1ue permite a-erir os momentos de mudana& ?uando e$aminei o direito e 7ustia e$pli1uei o tipo de envolvimento destes o-iciais na 8rea da administrao da 7ustia& ', vem re-erida toda a discusso 1ue na *poca se desenrolou em torno da sua I:;O /-,cio de '6 :: de 9un.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& ^R& I:I; No ponto L&R&R& .istrias de $idas para a -istria de um tempo sero apresentadas al!umas bio!ra-ias 1ue ilustram essa via& I:II 9&2L& 6ellut <uestions /pciales p& IJ2IN& ..................... 438 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 7urisdio a articulao com os direitos locais e o tipo de apropria4es e usos dos direitos a-ricanos por eles empreendida& #sse assunto -ica portanto em se!undo plano& +nteressa a1ui di(er em primeiro lu!ar 1ue 1ual1uer plano de re-orma da administrao da col"nia de 'n!ola teria 1ue passar pela -i!ura incontorn8vel dos capites2 mores 1uer para os reeducar atrav*s de uma -ormao moderna 1uer para os -a(er participar do processo de reestruturao com o estatuto de a!entes activos da transio para uma ordem colonial novamente -undada& )ratando2se de @re-ormar um pa,sA imposs,vel seria es1uecer a presena e aco destes o-iciais I:I: & / re!imento dos capites2 mores publicado por D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o em IJKL -oi o diploma 1ue estabeleceu os novos par<metros para a sua aco e articulao com os par<metros de um novo !overno& 0ais uma ve( tratou2se de racionali(ar atrav*s do direito a administrao sertane7a at* ao momento pautada pelo arb,trio pessoal de cada capito mais ou menos escudado em diplomas e re!imentos contradit"rios entre si e de-icientemente con.ecidos I:IR & 'o capito2mor colou2se uma ima!em estereotipada marcada pela corrupo e abusos de autoridade 7unto dos sobas e popula4es vi(in.as& #ssa ima!em a 1ue corresponde uma pr8tica est8 totalmente -ormada no s*culo G6+++& 's per!untas inde$adas nas residncias remetem para usos indevidos da 7urisdio a participao no com*rcio e nos interesses escravocratas para al*m das inter-erncias na 7urisdio dos sobas I:I^ & Como -icou dito um dos t"picos mais importantes do parecer do Conde de I:I: +deia veiculada por F+SC 5NL Res& C"d& NJ^: -l& II;& I:IR Re!imento dos Capites2mores :^ de Fevereiro de IJKL publ& +n Carlos Couto Os capites&&&& pp& R:R e ss& I:I^ Cap,tulos da residncia tomada ao capito2mor de 'mbaca :L de Fevereiro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l&I^O2IL;& #m relao aos ban(os e com*rcio do serto * importante sublin.ar ainda o -acto de os capites2mores dos pres,dios por onde passavam as -a(endas 1ue entravam nos sert4es abusando da necess8ria dependncia 1ue deles tin.am os mercadores j donos dessas -a(endas para l.es darem carre!adores 1ue as condu(issem aos ombros de uns a outros pres,dios at* entrarem nos sert4es j costumarem e$tor1uir a esses mercadores consider8veis 1uantias e mesmo assim sem l.es -ornecerem os carre!adoresY al*m do mais .abitualmente roubavam os 7ornais dos carre!adores sob o prete$to de 1ue trabal.avam para Fa(enda Real& #sta 3ltima situao causava a -u!a dos carre!adores em princ,pio escol.idos pelos sobas locais para outras (onas e lo!o pre7u,(os ao -lu$o normal do com*rcio& #m IJKI estabelecia2se 1ue aos Capites2mores -osse concedido a titulo de !rati-icao ^r dedu(ido do valor em 1ue as Fa(endas dos mercadores sa,ssem avaliadas da cidade de So %aulo da 'ssuno 1uando -ossem para o serto e nada pela volta& #sse pa!amento deveria ser -eito nos pr"prios pres,dios& Um especial cuidado era diri!ido ao com*rcio de 5en!uela 78 1ue nessa 8rea .avia 1ue contar no s" com os escravos mas tamb*m com o mar-im e en$o-re& "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: Carta de IR de Novembro de IJKI VnQKJW -l& RO& ..................... 439 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola /eiras tin.a a ver com o provimento dos capites2mores dos pres,dios& ', se -a(ia o dia!n"stico da situao tal como ela era at* d*cada de IJL;& )oda a ar!umentao acerca da necessidade de -a(er !overnar os pres,dios por .omens de @%robidade e Reli!ioA capa(es de manter a pa( e a 7ustia entre os povos se via con-rontada com provas de e$tors4es e a ru,na da, decorrente causada por estes a!entes nos camin.os tornados inse!uros e pelos entrepostos sertane7os para se concluir @#sta * a des!raada condio do Reino de 'n!olaA I:IL & / dia!n"stico das desordens e ve$a4es 1ue praticavam os Capites2mores -oi sistemati(ado em trs pontos pelo Conde de /eirasE iW a p*ssima escol.a 1ue se -a(ia de su7eitos para ocuparem os re-eridos postosY iiW o erro de entenderem 1ue por terem sido providos com %atentes assinadas pelo Rei s" poderiam ser casti!ados por ordem da corteY iiiW por no usu-ru,rem de ordenados correspondentes aos seus postos& 's medidas estabelecidas determinavam 1ue da, em diante apenas -ossem providos os o-iciais Vde tropas pa!asW 1ue mel.or tivessem servido ou 1ue se ac.assem em servio na1uele reinoY os delitos e trans!ress4es deviam ser punidos como determinavam as leis e ordens estabelecidas para 'n!ola a partir das sindic<ncias na 7urisdio dos Hovernadores independentemente de al!uma resoluo posterior 1ue -osse remetida para Lisboa& Finalmente 1uanto aos ordenados re!ulamentavam2se os preos dos ban%os em bene-,cio do com*rcio do serto& +nteressa a1ui -risar o car8cter patrimonial desses car!os& /s provimentos das Capitanias 0ores dos %res,dios eram apropriados pelos 1ue as proviam ou pelo interesse particular com 1ue eram vendidos na Corte de Lisboa por preos ta$ados proporo dos interesses 1ue se tiravam de cada um deles& 98 os provimentos eram !eralmente consultados em pessoas descon.ecidas sem ateno aos 1ue estavam a servir em 'n!ola e sem serem precedidos de propostas ou in-orma4es do Hovernador I:IK & /s I:IL 'HU C"d& LLL -l& ^^ v& I:IK / Conde da Cun.a in-ormava 1ue na Capitania de 5en!uela a mais importante uma ve( 1ue o Hoverno s" seria ali institu,do em IJJO nunca se l.e .avia pedido in-ormao nem ele apresentara 1ual1uer proposta& S" no primeiro ano do seu !overno propusera al!umas das outras capitanias2mores mas 1ue a re!ra consistia em 1ue esse provimento -osse reali(ado a partir de Lisboa a partir de oposi4es aos car!os -eitas perante o Consel.o Ultramarino sem .aver espao de manobra para os Hovernadores& Doravante os provimentos passavam a ser precedidos de propostas dos Hovernadores -eitas em o-icias das tropas pa!as e re!ulares de 'n!ola em pr*mio de servios& 's trs capitanias2mores do Dande Holun!o e +colo 1ue 78 eram da nomeao do Hovernador s" poderiam ser dadas a militares de carreira& No obstante todos terem patentes assinadas pelo Rei sempre 1ue procedessem contra os re!ulamentos a pa( p3blica bem comum Sobas e 6assalos Com*rcio e '!ricultura seriam processados pelo re!ime militar em processos simplesmente verbais& 'os capites2mores seria entre!ue no momento do provimento a copia autentica dos cap,tulos do re!imento e /rdens 1ue deviam observar e -a(er observar nos seus Distritos para 1ue 1uando ..................... 440 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0oradores de 'n!ola 1ue mandavam re1uerer o e$erc,cio da1ueles postos tamb*m se revelavam incapa(es @para prete$tarem o despac.o tra(em umas 7usti-ica4es de abonao e de servio a-ectados 1ue nada merecem&&&A I:IJ & %ara estes !overnantes polidos o paro$ismo de uma @administrao erradaA parecia ter sido atin!ido 1uando a partir de Lisboa at* @ne!ros tintosA .aviam sido providos para !overnarem pres,dios de .omens brancos I:IN & )udo o 1ue vem dito sobre os capites2mores dos pres,dios no parecer do Conde de /eiras suscita a colocao de 1uest4es variadasE iW provimento dos a-ricanos e sua interaco com os sistemas pol,ticos locaisY iiW provimento de moradores de Luanda ou dos mesmos pres,diosY iiiW .ierar1uias entre os pres,diosY ivW tipo de interveno do !overnador neste processo& %ara o per,odo 1ue vai at* d*cada de IJL; * necess8rio dar lu!ar posio 1ue teria a presena de ne!ros no !overno dos pres,dios por1ue ela pode revelar inter-erncias entre a administrao colonial e a estrutura do parentesco local& ' apropriao a-ricana da mal.a administrativa portu!uesa -ica bem patente no caso do ne!ro Domin!os Ferreira de 'ssuno capito2mor do pres,dio de 'mbaca I:IO E @?uatro meses mais se tem passado sem 1ue este raro capito2mor se 1ueira desen!anar de 1ue deve obedecer ao Hoverno do reino e nove para de( meses .8 1ue resiste em rebeldia continuada e por 1ue alem deste motivo .8 outros mais importantes 1ue so as mormura4es deste povo 1ue a-irmam 1ue este ne!ro 1uer entre!ar o pres,dio e seu Distrito a rain.a Hin!a sua parenta V&&&WA& 0ais adiante o mesmo documento re-ere @V&&&W no se es1uecessem a1ueles !entios seus .abitantes de seu primeiro sen.or e pela ra(o do parentesco 1ue com ele tem o seu capito mor no c.e!assem aos pres,dios os -i(essem ler pelo #scrivo do 'lmo$ari-e publicamente& %ara cada um dos %res,dios era a!ora estabelecido um livro de re!isto para lanamento de leis e ordens& C-& 'HU C"d& LLL -l&^L& I:IJ "dem "bidem -l& ^L& I:IN "dem "bidem -l& ^Lv& I:IO /utros casos de a-ricanos naturais dos pres,dios com e$erc,cio de capitanias2moresE Carta de 'nt"nio 6asconcelos :L de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& J;& /s militares de Se!unda lin.a Huerra preta entenda2se a-ricanos ne!ros ou mestios continuavam apesar de tudo em meados do s*culo G+G a e$ercer car!os de comandantes de -ortes pres,dios e distritos& / 0inistro 9oa1uim 9os* Falco opositor de S8 da 5andeira e bem con.ecido dos angolenses pelas medidas 1ue l.es cerceavam direitos ad1uiridos proibia essas nomea4es @no s" pela -alta de educao militar 1ue os .abilite a manter com di!nidade e .onra das armas portu!uesas nas !uerras 1ue por circunst<ncias tiverem de sustentar com os !entios con-inantes e at* mesmo pela pouca responsabilidade e !arantia 1ue o-erecem semel.antes indiv,duos ou patentes& C-& 'n!olana vol& +++ pp& ^^I2^^: I: de 9ul.o de IN^L& ..................... 441 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dei$aro de o se!uirem se se 1uiser rebelar e no l.e servira de embarao para este -im a !uarnio do pres,dio V&&&WA& Deve2se apontar 1ue este era um procedimento se no vul!ar poss,vel por1ue .8 outros casos de a-ricanos naturais dos pres,dios 1ue se!uem o mesmo per-il I::; & %arece assim 1ue a estrat*!ia colonial de escol.a de c.e-es ou sobas partid8rios dos portu!ueses para -avorecer o dom,nio portu!us acabava por l.e ser contr8rio 1uando era tamb*m usada pelos a-ricanos mas em sentido contradit"rio& 't* re-orma do re!imento dos Capites20ores em IJKL a escol.a e nomea4es para estes car!os eram reali(adas no Consel.o Ultramarino em Lisboa com base documental mediante processos individuais ane$ados de cartas de recomendao escritas por autoridades da col"nia ou outras 1ue dessem prova da competncia do candidato sendo as oposi4es aos car!os e-ectuadas mar!em da inter-erncia dos !overnadores& #ssa circunst<ncia -oi apontada como uma das causas directas para o provimento inusitado de pessoas comprovadamente incapa(es com -re1uncia moradores dos pres,dios -il.os da terra ou portu!ueses I::I & / maior corpo de administradores em 'n!ola teria 1ue ser proposto pelo Hovernador em e$erc,cio& / terreno para uma re-orma comea a ser preparado por 'nt"nio de 6asconcelos 1ue em IJLO -a(ia uma descrio absolutamente demolidora dos capites2mores dos pres,dios 1ue con.ecera lana uma cadeia de sindic<ncias e desmonta redes comerciais com li!a4es directas ao tr8-ico para o 5rasil& / retrato da administrao no seu con7unto diri!ido ao 0ar1us de %ombal se!uia a mesma lin.a @no .8 !ente capa( neste ReinoA I::: & ' a-irmao da superioridade do #stado sobre todos os seus componentes e participantes no podia assim dei$ar de atin!ir a administrao peri-*rica colonial& I::; 'HU C$& ^I Doc& KOY re-ere epis"dios semel.antes envolvendo capites2mores no !overno de 9oo 9ac1ues de 0a!al.es& 's respectivas pris4es e outras medidas complementares esto associadas a provis4es de :R de /utubro de IJ^^ e de O de Setembro de IJ^L& @Sen.or o proverem2se estes postos em !ente preta nascida e criada entre a !entilidade sem reli!io sem .onra e sem ver!on.a tem sido e ser8 sempre em 1uanto 6& 0a!de no -or servido prover de remedio a ru,na por1ue os .omens brancos se no podem su7eitar a !ente 1ue tem a pele cor e costumes to di-erentes dos da Cristandade pelo 1ue tudo nas prov,ncias so desordens e o Hovernador 1ue trabal.a como eu para as evitar perde o tempo 1ue devia ocupar em particulares muito importantes ao servio de 6& 0a7estade&&& Carta do !overnador 'nt"nio Xlvares da Cun.a Luanda :R de 9aneiro de IJLN 'HU C$& ^I Doc& KO& I::I %ortu!ueses si!ni-ica a1ui a1ueles 1ue nasceram no reino e -oram viver para 'n!ola& I::: Carta de 'nt"nio 6asconcelos :L de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& J;Y Relat"rio de 'nt"nio 6asconcelos :J de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& J:& ..................... 442 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %ara contornar as de-icincias impl,citas s candidaturas individuais e documentais ao Consel.o Ultramarino entre os !overnos de 'nt"nio Xlvares da Cun.a e 'nt"nio 6asconcelos o Consel.o abdicou deste sistema permitindo 1ue entre os !overnadores se encontrassem as pessoas certas 1ue estando em 'n!ola poderiam e$ercer as -un4es em -alta I::R & ' re-orma do Re!imento dos Capites2mores datada de IJKL relaciona2se portanto com a re-ormulao da doutrina do o-icialato& / o-icial era um comiss8rio inteiramente dependente da Coroa a 1uem passavam a ser ne!ados privil*!ios de tipo corporativo e tamb*m em de-initivo o uso provado de poderes p3blicos& Com estas novas e$i!ncias a aceitao de .omens de cor ne!ra na ocupao de car!os p3blicos no desaparece mas passa a constituir uma e$cepo a necessitar de re-le$o e e$plicao& Numa relao de IJNJ o ento !overnador esclarece a ocupao do posto de Cabo Re!ente do Distrito de Calumbo por 0anuel )ei$eira com a patente de al-eres .omem preto natural do reino de 'n!ola activo (eloso do real servio e acrescenta com @so-r,vel inteli!nciaA& / seu antecessor por estas 1ualidades o atendia e estimava e @eu pelo 1ue ele me in-ormou e pelo 1ue ten.o e$perimentado em nada diminuo a mesma estimao& ?uanto ao Cabo das 5arras do Rio 5en!o e Dande .omem pardo D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo a-irmava ser .omem natural do reino de 'n!ola -a(ia o 1ue se l.e mandava @so-rivelmenteA porem @no tem talentos para mais e no seu procedimento no merece censuraA I::^ & ' cultura 1ue se 1uer impor a partir de IJK: com a re-orma do e$*rcito portu!us * uma cultura militar e os capites2more -oram convocados a participar nela I::L & 't* ao momento no .8 uma cultura militar entre as elites e1uivalente s -ormula4es europeias sobre a !uerra& Um processo uni-orme em curso e coerente com a lin.a de racionali(ao at* a1ui vista visa articular a mudana social com a mudana co!nitiva& H8 uma relao entre re-orma do #stado criao de elites pro-issionais e institucionali(ao de novas tecnolo!ias de racioc,nio matem8tico& Nas p8!inas 1ue se se!uem irei centrar2me na emer!ncia e a-irmao da -i!ura do en!en.eiro militar e na -undao de institui4es T I::R Consulta de O de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :N& I::^ Relao dos o-iciais&&& IJ de Setembro de IJOO 'HU C$& OR Doc& RK& I::L 6er arti!os de Fernando Dores Costa supra cit& ..................... 443 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'cademias e 'ulas T relacionadas com o ensino e -ormao do saber dos en!en.eiros& #m 3tima an8lise o 1ue estava em causa era o !i(ar de um .omem novo a cu7a matri( os capites2mores de 'n!ola eram a!ora compelidos a converter2se por meio de uma educao ade1uada& #mbora essa noo de 1ue uma educao assente em bases inovadoras * capa( de produ(ir verdadeiros .omens de #stado comece por ser teori(ada e -ormali(ada em relao aos Nobres na verdade ela vem a ser e$tendida administrao militar e colonial 1uando o tipo de e$i!ncias e as e$pectativas depositadas nesses a!entes no s" crescem como se diversi-icam supondo con.ecimentos 1ue e$trapolam a mera competncia militar I::K & 'ssim como do nobre se espera muito mais do 1ue a mestria das armas dos capites2mores espera2se a mestria de outras @armasA de con1uista& ?uando a1ui se tratou das concep4es setecentistas da !uerra com uma inciso nos avatares da con1uista -icou sublin.ado o peso a!ora atribu,do a!ricultura e ind3stria e at* s pes1uisas naturalistas& Foi 7ustamente a este n,vel 1ue a -i!ura dos capites2mores precisou ser revista& Durante o !overno de Sousa Coutin.o os capites2mores associados -undao de novas povoa4es eram incumbidos de recol.er in-orma4es sobre todas as coisas raras 1ue -ossem vistas pedras tintas minerais ra,(es e cascas medicinais com indicao da 1uantidade e locali(ao I::J & )em interesse re-erir os ensinamentos sobre a 1uina remetidos ao capito2mor de %edras e o m*todo ade1uado recol.a de amostras I::N & ' carta circular enviada em IJOJ a todos os capites e re!entes dos pres,dios a 1ue 78 me re-eri e onde se -a(ia uma e$tensa lista de in-orma4es a serem coli!idas por estes .omens e 1ue depois veio a ori!inar um con7unto de mapas I::O supun.a competncias muito variadas& Desde lo!o 1ue soubessem ler e escrever com a -acilidade necess8ria para inde$arem e or!ani(arem a in-ormao pretendida no4es elementares de matem8tica e al!uma sensibilidade para a demo!ra-ia e investi!ao dos recursos naturais& ', se indica como tamb*m -ica dito 1uando se tratou da a!ricultura 1ue os capites deviam incentivar o cultivo das terras com a mandioca para as maiores necessidades mas tamb*m introdu(ir I::K Sobre as 1uest4es da educao ver R"mulo de Carval.o .istria da 7unda#o p& :I& I::J 6er por e$emplo Carta de F+SC ao capito2mor de Caconda a Nova I^ de /utrubro de IJKO NJ^R -l& IRKv2IRJ& I::N Carta de F+SC para o capito2mor de %edras I: de Fevereiro de IJJ; 5NL& Res& C"d& NJ^R -l& IRKv2IRJv& I::O 0apas enviados pelos pres,dios IJON 'HU C$& NK Doc& JK& ..................... 444 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola cacau ca-* e anil para cu7a cultura e -abricao se enviavam instru4es com o m*todo ade1uado para proceder I:R; & #stes mapas -oram todos eles elaborados pelos capites2mores e re!entes dos pres,dios e povoa4es do reino de 'n!ola e do serto de 5en!uela& '1ueles 1ue se re-erem ao reino de 'n!ola e incluem os pres,dios de Cambambe 0u$ima #nco!e 0assan!ano 'mbaca %edras de %un!o 'ndon!o Distrito do Dande Distrito de +colo e 5en!o e Novo Redondo se!uem ri!orosamente um mesmo modelo e revelam um dom,nio e$acto das t*cnicas de preenc.imento e de sistemati(ao de in-ormao& #$ceptuando o caso de 'mbaca onde a maior parte dos items no -oram preenc.idos desculpando2se o re!ente com a indisponibilidade e incerte(a dos dados os restantes revelam uma enorme uni-ormidade& %ara 5en!uela a in-ormao * menos precisa embora abundante& Como se viu 1uando -oram abordadas as competncias 7urisdicionais e 7udiciais dos capites2mores o !overno de 5en!uela encontrava2se desmunido de indiv,duos capa(es de asse!urar o m,nimo do -uncionamento burocr8tico& #ssa situao repercutiu2se nos mapas ento reali(ados& Na verdade o 1ue nos c.e!ou so uma esp*cie de rascun.os 1ue no vieram a ser convertidos -orma simples e sint*tica prevista& #m 3ltima an8lise estava em causa a reconverso dos administradores em naturalistas e inventariadores de .omens Vcomo se7am os moradores os -orros e os escravos e pretos livresW e de bens Vprodu4es a!r,colas e !adoW incentivando2os a -a(erem a recol.a e classi-icao das esp*cies naturais para serem enviadas para an8lise no Real Habinete de Hist"ria Natural I:RI & 's di-iculdades em levar a cabo tais miss4es encomendadas a partir da Secretaria dos ne!"cios ultramarinos decorriam da impreparao de 1uem estava em 'n!ola desde lo!o dos !overnadores 1ue recebiam as ordens e as deviam transmitir a 1uem nada sabia do assunto I:R: & De 1ual1uer -orma as investi!a4es no terreno empreendidas pelos capites2mores de 5en!uela permitiram a I:R; Cartas circulares IR de Novembro de IJOJ 'HU C$& NJ Doc& ^N& I:RI +nstru4es Herais aos Capites2mores sobre a col.eita e remessa das %rodu4es Naturais&&& IJ de /utubro de IJO; AA vol& + nQ^ IORL s&pp& Carta do tenente2re!ente %ascoal Roi( %onte para D& Fernando 'nt"nio de Noron.a 'HN' C"d& R;IN -l& L& I:R: De D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo acerca do 5reu&&& L de 9un.o de IJON AA vol&+ nQI IORR s&pp& ..................... 445 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola c.e!ada corte de Lisboa de amostras de en$o-re salitre ur(ela e outros produtos de utili(ao no identi-icada I:RR & 1$.$.$. O &),/&" C 5i+/&# (" )'+)'D)i&" -i4i%#&. ' -i!ura do militar 2 e em particular do en!en.eiro militar moderno 2 * central na renovao e introduo de re-ormas 1ue resultam na emer!ncia da estrutura administrativa e burocr8tica do #stado moderno I:R^ & #les so os especialistas e os !estores do espao colectivo e a novidade 1ue tra( a sua persona!em marca decisivamente o +luminismo I:RL & / militar * a!ora um .omem 1ue al*m de bom !uerreiro deve possuir uma -ormao cultural vasta de 1ue consta e a 1ue * imprescind,vel o contacto com o saber liter8rio& ' uma nova pro-isso corresponde um novo saber I:RK & 0ontecuccoli 78 citado a prop"sito da arte da !uerra apontava nessa direco durante o s*culo G6++ mas a associao dos .omens da !uerra a uma cincia da !uerra no dei$aria de se re-orar ao lon!o de setecentos para c.e!ar con-i!urao do per-il de um novo militar& / processo de institucionali(ao do ensino em 'cademias -a( dos en!en.eiros militares persona!ens cada ve( mais presentes no corpo do e$*rcito articulado administrao& Uma ordem do Consel.o Ultramarino datada de IJ;L identi-icava a necessidade de ensinar a doutrina 0ilitar e a instituio de 'cademias 0ilitares onde essa cincia pudesse ser ensinada& 's primeiras tentativas para constituir um corpo de en!en.eiros militares datam de IJR: 1uando se estipulou 1ue em cada re!imento de in-antaria uma das compan.ias -osse preparada por en!en.eiros de pro-isso I:RJ & #stipulava ainda 1ue nas col"nias onde estivesse um Capito en!en.eiro ou Sar!ento2mor este -osse obri!ado a ensinar as pessoas 1ue 1uisessem aprender a pro-isso de en!en.eiros por1ue era da utilidade das mesmas col"nias I:RN & #m 'n!ola como se viu a 'ula de Heometria cumpriu essa -inalidade I:RR 6er por e$emplo a carta de F+SC diri!ida ao capito2mor da cidade de 5en!uela onde todos estes produtos so re-erenciados& I de Fevereiro de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:;L& I:R^ CF& 0assimo 0a((oti (e /a$oir p& NK& I:RL / caso paradi!m8tico * dos en!en.eiros militares napole"nicos nomeadamente pela sua aco nas campan.as do #!ipto VIJOOW& %roblemas tratados no arti!o de 0assimo ?uaini @+dentit8 pro-issionale&&&A I:RK ' 0& Hespan.a @+ntroduoA& Nova Hist"ria 0ilitar&&& passimY Rui 5ebiano @' arte da !uerra&&&A p& IIO2I:;& I:RJ Carlos Selva!em Portugal 4ilitar p& ^KK& I:RN 'HU C$& J^ Doc& I^ :^ de De(embro de IJR:& ..................... 446 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / en!en.eiro deveria ter con.ecimentos sobre acampamentos entrinc.eiramentos dos e$*rcitos ata1ues !erais e particulares medi4es plantas e cartas !eo!r8-icas particularmente no 1ue respeitava a -orti-ica4es ata1ues e de-esas das praas& No 1ue toca s -orti-ica4es a aplicao passava pela -orma e m*todo mas tamb*m pela aprendi(a!em do modo como se -abricam para !arantir se!urana e a-astar en!anos na escol.a dos materiais e @tudo o mais 1ue depende da pr8ticaA& 'ssim no n3cleo do pro!rama de moderni(ao .abitava o en!en.eiro e o seu saber moderno ao mesmo tempo matem8tico e esot*rico para os outros& /s en!en.eiros militares -oram os t*cnicos mais presentes na construo carto!r8-ica e possu,am pro-undos con.ecimentos de en!en.aria e ar1uitectura& #mbora em 'n!ola no se ten.a c.e!ado a -ormar um corpo o-icial de en!en.eiros muitos dos partidistas ValunosW da 'ula de Heometria !o(aram da patente de sar!ento com e$erc,cio de en!en.eiro& ' irrupo carto!r8-ica de setecentos em 'n!ola interessante para 1uem se encontrava politica administrativa e militarmente -rente dos territ"rios * um produto directo desta @nova pro-issoA e ali8s comum ao 1ue se passou no 5rasil I:RO & /s desen.os carto!r8-icos dos en!en.eiros militares permaneceram manuscritos documentos 3nicos estrat*!icos administrativos de circulao bastante restrita sem ambicionar ou se1uer se en1uadrar numa di-uso impressa a lar!a escala& Constitu,am de -acto instrumentos de !overno assuntos de #stado diri!idos aos !overnadores e secret8rios dos 'ssuntos Ultramarinos m81uina .ierar1ui(ada da administrao colonial de 1ue os en!en.eiros eram apenas uma das peas& / saber 1ue transportam estabelece a ponte entre o con.ecimento do territ"rio e a possibilidade de a!ir sobre ele& So eles os especialistas .abilitados para -a(er a transio entre o con.ecimento do territ"rio e a aco sobre o territ"rio& / desen.o carto!r8-ico supun.a um contacto directo com o terreno precisavam deslocar2se a todo o instante 78 1ue o processo de pro7eco das -ortale(as por e$emplo culminava no seu desen.o no terreno com a presena do en!en.eiro& #ssa condio -a( pensar na circulao destes .omens pelo espao an!olano desde Cabinda at* ao serto de 5en!uela& Z claro 1ue em 'n!ola as in-orma4es prestadas pelos pr8ticos do pa,s ou o saber veiculado pelos pr"prios a-ricanos acerca dos seus territ"rios camin.os e (onas de comunicao com outras 8reas no puderam dei$ar de ser levados em conta& / I:RO C-& 9oo Carlos Harcia A mais dilatada $ista do mundo, passimY 5eatri( Si1ueira 5ueno @Desen.o e des,!nio &&& pp& ^I2LN& ..................... 447 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mapa de %in.eiro Furtado VIJO;W d8 prova desta articulao entre um con.ecimento matem8tico e met"dico e a e$perincia sertane7a mais a in-ormao oral a-ricana& / anti!o corpo dos capites2mores ainda activo no podia nem sabia -alar esta nova lin!ua!em cient,-ica& Na administrao colonial circulavam saberes dissonantes& ' comunicao no -l3i * ru,do e a vel.a !erao no est8 em tempo de mudar a -ala& Neste tempo novo pedia2se muito mais do 1ue bravura b*lica e al!umas no4es 1uase sempre escassas de direito aos capites2moresE con.ecimentos t*cnicos matem8ticos @demo!r8-icosA carto!r8-icos naturalistas etc&&& / pro!rama pombalino para 'n!ola no teria sido poss,vel sem os en!en.eiros militares 1ue com a r*!ua pranc.eta compasso l8pis e papel percorreram a col"nia para a -a(er e$istir no papel pelo menos&&& 1$.$.:. A +)" () ?0. ' partir da d*cada de K; distin!ue2se na sociedade colonial um con7unto de indiv,duos oriundos de anti!as -am,lias luandenses li!ados vida militar ou ao e$erc,cio de o-,cios na administrao r*!ia Vmuitos implicados no tr8-ico ne!reiroW 1ue se dei$a alin.ar pelos mais recentes par<metros da %ol,tica a 1ue se acrescentam outros rec*m2 c.e!ados da metr"pole ou do 5rasil& /s -il.os da terra Vbrancos -il.os de brancos mulatos a-ricanos destribali(adosW so a massa .umana letrada dita crist capa( de os apreender e de se constituir em a!entes de re-orma& / 1ue de-ine 1uanto a mim esta !erao de K; * acima de tudo a participao num ambiente comum de nature(a pol,tica e intelectual cu7a matri( * importada do reino e 1ue vai beber a sua inspirao a directivas de !overno modernas& / !rupo situava2se no espao social da cidade de Luanda e resultou de um processo de interaco entre a cultura europeia e as culturas a-ricanas& Deste !rupo -a(em partes indiv,duos oriundos das mais anti!as -am,lias de Luanda T 6elasco Haliano I:^; 0atoso I:^I 'ndrade C<mara T .omens descendentes de outras I:^; ' t,tulo de e$emplo F*li$ 6elasco Haliano Vcapito da Lp compan.ia do re!imento de LuandaW 'nt"nio 6elasco Haliano Vtenente da Lp compan.ia do mesmo re!imentoW& C-& /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& R:& ..................... 448 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -am,lias menos con.ecidas de Luanda assim como militares de carreira 1ue vindos do Reino passaram a inte!rar a elite li!ada ao !overnador I:^: & Depois da sa,da de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o a !erao 1ue se -ormara na 'ula de Heometria ou 1ue com ele trabal.ara na construo de -ortale(as na -8brica de -erro na edi-icao do )erreiro do %o ou na reestruturao dos pres,dios ou mesmo na con1uista de Novo Redondo e na -undao das novas povoa4es * uma !erao "r- 1ue se entende a si mesma como uma !erao 1ue perdeu o seu suporte mas insiste em manter as suas re-erncias I:^R & 0artin.o )ei$eira de 0endona diri!indo2se a D& Rodri!o de Sousa Coutin.o e re-erindo Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o a-irmava e$plicitamente @&&&pela sua %iedade e 9ustia 1ue praticou com n"s 'n!olenses ainda .o7e o c.amamos nosso %ai&&&A I:^^
%ode veri-ica2se 1ue durante o !overno de Sousa Coutin.o o advento de novo campo de produo intelectual alicerado nos con.ecimentos disponibili(ados pela mais recente en!en.aria militar recorrendo a um con7unto de indiv,duos -ormados localmente e .abilitados para o levar a cabo com competncia& )ome2se como prova o 1ue di( 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es j -i!ura sobre a 1ual me deterei mais -rente mas 1ue desde 78 * preciso di(er era .omem branco nascido em Luanda e 1ue a, se -e( en!en.eiro j sobre uma outra -i!ura de Luanda 9oa1uim 0onteiro de 0oraisE @-oi um dos trs primeiros partidistas da 'ula de Heometria e Forti-icao instalada pelo ilustr,ssimo Hovernador Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sendo dela Lente e Sar!ento mor de +n-antaria com e$erc,cio de en!en.eiro e 9oa1uim 9os* Cipriano dos Santos fSar!ento2mor e Lente da mesma 'ulag e 1ue com o dito Lente e comi!o trabal.ou por ordem do dito !overnador na medio e construo da %lanta da Costa 1ue corre desde a barra do rio I:^I ' t,tulo de e$emplo %edro 0a$imiano 0atoso 'nt"nio 6al*rio 0atoso C-& /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& R:& I:^: 0uitos deles c.e!aram a 'n!ola no tempo de Sousa Coutin.o no conte$to das e$pedi4es preparadas com t*ncicos e instrumento para a construo da Fundio de Nova /eiras& #ntre eles Lu,s C<ndido Cordeiro %in.eiro Furtado e 9oo %edro 0i!ueis& C-& "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -l& :Lv& I:^R #lias 'le$andre insistia na censura 1ue o povo de 'n!ola teria mani-estado perante al!umas medidas de D& 'nt"nio de Lencastro contr8rias ao esp,rito do seu antecessor e reiterava2as 1uando apelidava de S8bio D& Francisco +nocncio& Corra vol& ++ p&^K& I:^^ Carta de 0artin.o )ei$eira de 0endona para RSC I; de 9un.o de IJOK 'HU C$& NR Doc& KI& ..................... 449 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Cuan(a at* a do rio Dande como tamb*m em o desen.o de v8rias plantas 1ue l.e -oram incumbidasA I:^L & / 1ue * espec,-ico desta !erao para al*m da sua competncia t*cnica e dos re-erentes intelectuais 1ue inte!ra e veicula * o -acto de veicular um discurso onde vem valori(ada a ideia de naturalidade em relao a uma terra 1ue * 'n!ola& De -acto durante este curto per,odo de IJK^2IJJ: .8 um espao 1ue se abre e onde se !era um campo de e$presso 1ue no se identi-ica univocamente com o discurso do #stado e anda muito distante do discurso da +!re7a& Z cedo para -alar de um movimento social -ormali(ado capa( de a!ir concertadamente no sentido da produo deliberada de e-eitos pol,ticos mas parece2me 1ue -a( pelo menos sentido -alar de uma elite 1ue se recon.ece como nacional sem 1uerer di(er nacionalista& #sta mani-estao situa2se no plano do indiv,duo e no corresponde a uma e$presso mais !eralY vem a ser esma!ada at* 1ue -inalmente ven.am a sur!ir outros indiv,duos capa(es noutro tempo de a -ormular em termos di-erentes& 0as no .8 d3vida de 1ue se identi-icam al!uns .omens cu7o pensamento bate certo com o seu tempo& ' verdade * 1ue ainda durante a primeira metade do s*culo G6+++ nas peti4es de privil*!ios e outras mercs diri!idas ao Consel.o Ultramarino o re1uerente invocava muitas ve(es o -acto de pertencer s mais anti!as -am,lias de Luanda a1uelas -am,lias 1ue .aviam participado decisivamente na Restaurao de IK^N V@descendentes dos RestauradoresAW e como tal restabelecido a soberania portu!uesa em 'n!ola I:^K & / paralelismo no pode dei$ar de se colocar relativamente ao 1ue se passava em %ernambuco onde o mesmo tipo de lin!ua!em -ora desenvolvido pela elite local de -orma a reivindicar a pre-erncia no e$erc,cio de car!os p3blicos para os moradores da terra I:^J & Note2se ali8s 1ue as !uerras de restaurao pelo menos no caso brasileiro desencadearam uma esp*cie de ur!ncia de re!isto de mem"ria atrav*s de um pedido I:^L Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NN& I:^K 'HU C$& RN Doc& IR J de 'bril de IJLR %etio de Feli( Catela de Lemos -il.o le!,timo do Dr& #s*bio Catela de LemosY 'HU C$& RN Doc& J :: de 0aro de IJLR @%etio do capito 'nt"nio 9oo de 0eneses e do Capito maior %edro 0atoso de 'ndradeAY @&&&eu fD& 9os*g costumava dispensar com os -il.os dos moradores da mesma cidade como descendentes dos Restauradores dela &&&A 'HU C$& RN Doc& NK Lisboa N de /utubro de IJLRY ver tamb*m a e$posio -eita pelos o-iciais da cidade de Luanda Vanterior a IK de Fevereiro de IJLNW acerca da import<ncia da sua aco no momento da Restaurao -ace aos .olandesesY c-& 'HU C$& ^I Doc& JO& I:^J #valdo Cabral de 0ello IOON Olinda 3estaurada p& IR e ss& ..................... 450 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola e$presso pelos procuradores brasileiros de instituio de um @cronista do #stado do 5rasilA I:^N & #m 'n!ola ao lon!o da d*cada de IJN; o ar!umento -undamentado nas !uerras de Restaurao e brandido pela elite local dilui2se para no di(er 1ue desaparece de -orma bastante evidente& Na mesma documentao burocr8tica as pretens4es da elite local mantm2se mas sur!e o ar!umento da naturalidade em relao ao territ"rio an!olano 1ue se tradu( na a-irmao de uma condio atrav*s da desi!nao @an!olenseA I:^O & / voc8bulo angolense I:L; comea a ser usado e * invocado como desi!nativo de um estatuto 1ue se recon.ece aut"nomo isto * para desi!nar um con7unto de indiv,duos cu7a identidade se de-ine em relao ao -acto de terem nascido em 'n!ola e no 78 na invocao de um 1ual1uer crit*rio de le!itimidade 1ue se baseie na soberania portu!uesa& #ste * sem d3vida um novo ar!umento 1ue at* a1ui no se encontrava -ormulado se bem 1ue os estudos sobre elites do s*culo G+G indi1uem a permanncia da invocao do anivers8rio da ressurreio de 'n!ola em IK^N I:LI & Se a distino * -eita * por1ue se 1uer nomear uma realidade social 1ue no pode ser nomeada com recurso s desi!na4es at* a, estabelecidas& / voc8bulo 'n!olense * usado como substantivo no como ad7ectivo para classi-icar uma realidade social 1ue parece e$i!ir a inveno de um novo desi!nativo& / importante a1ui * notar como 1uando e por1u a desi!nao an!olense * adiantada& ?ue al!u*m se declare an!olense s" tem oportunidade e revela pertinncia nas condi4es precisas em 1ue o termo desencadeie a pro7eco de um certo n3mero de traos 1ue distin!am o indiv,duo assim identi-icado dos indiv,duos com 1uem se relaciona remetendo2o aos contornos de uma cate!oria social 1ue o transcende e ao mesmo tempo o limita& Sobre a utili(ao do voc8bulo an!olense mas apenas como ad7ectivo o .istoriador Francisco Soares * da opinio 1ue o 1uali-icativo @an!olenseA era 78 detect8vel I:^N Dantor &e esquecidos a renascidos9 -istoriografia acadmica luso6americana F>BV?6>BGCH )ese de Doutoramento em Hist"ria Social Faculdade de Filoso-ia Letras e Cincias Humanas da Universidade de So %aulo :;;: p& RI& I:^O Carta de 0artin.o )ei$eira de 0endona para RSC I; de 9un.o de IJOK 'HU C$& NR Doc& KIY Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es para 0artin.o de 0elo e Castro :R de 'bril de IJN; 'HU 'n!ola C$& KR Doc& IJ& I:L; uscar Ribas re!ista o voc8bulo an!olenseE @o 1ue * natural ou .abitante de 'n!ola& / mesmo 1ue an!olanoY C-& &icion'rio de regionalismos I:LI C-& 9ill Dias @Uma 1uesto de identidade&&&A p& NLY 08rio 'nt"nio Fernandes de /liveira Para um perspecti$a crioula passim ..................... 451 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola no princ,pio da .istria de Angola de #lias 'le$andre da Silva Corra 1uando nomeava o pa,s como ]X-rica 'n!olenceU e acrescenta 1ue ele seria administrado @at* uma boa parte da primeira metade do s*culo das independncias a-ricanas&A I:L: & ' cate!oria angolista aparece na documentao trabal.ada para desi!nar os naturais de 'n!ola mas 1ue se distin!uem das popula4es a-ricanas ruraisE @Fi1ue porem 6& #$p sabendo 1ue os 'n!olistas so -8ceis em -ormar 1uei$as -undadas em aparncias e sem tanta ra(o como inculco pois isto .* o 1ue a e$perincia me vai mostrandoA I:LR & De tudo isto o 1ue parece importante sublin.ar * a identi-icao de um primeiro uso pol,tico do voc8bulo angolense& ' .ip"tese da construo de uma elite an!olense constitu,da acima de tudo por militares e .omens li!ados ao c,rculo de Sousa Coutin.o parece poder colocar2se& 98 a .ip"tese de se ter produ(ido uma substituio de elites di-icilmente pode encontrar meios de veri-icao& ' subst<ncia .umana dispon,vel no o permitia 1uer di(er os .omens 1ue se podem identi-icar como -a(endo parte deste !rupo so poucos muito poucos& / 1ue parece ter .avido * um movimento duplo e conver!enteE em primeiro lu!ar acontece uma in7eco de @!ente novaA .omens novos em 'n!ola& Lu,s C<ndido %in.eiro Furtado militar de carreira en!en.eiro a 1uem se deve uma das mais importantes representa4es carto!r8-icas de 'n!ola * um desses casos& C.e!a com Sousa Coutin.o e perpetua a sua aco at* ao -im do s*culo G6+++& #m se!undo lu!ar vai2se operando uma parcial reconverso da elite luandense pr*2e$istente& #lementos de uma anti!a @aristocracia luandenseA directamente envolvida no tr8-ico de escravos participa do novo movimento& Sendo .omens do poder li!am2se necessariamente ao novo poder independentemente da con-i!urao 1ue ele apresenta tanto mais 1ue no e$istia uma verdadeira contradio entre o pro!rama das Lu(es e o com*rcio de escravos& Relativamente s elites luandenses estabelecidas no est8 relatado nen.um tipo de a-rontamento 1ue se possa comparar com o processo dos )8voras ou um -en"meno similar 1ue +va Cabral est8 neste momento a estudar para Cabo 6erde I:L^ & 0embros de al!umas das -am,lias anti!as de Luanda como a -am,lia 0atoso ou 'ndrade C<mara esto presentes neste universo li!ado 'ula de Heometria& I:L: Francisco Soares )otWcia p& NR& I:LR 'HU C$& KK Doc& N^ N de '!osto de IJNR Carta de Francisco Gavier de Lobo 0ac.ado %ean.a para 0artin.o de 0elo e Castro& )amb*m aparece o desi!nativo @5en!alistasA para os naturais de 5en!uela& Re!imento para o u(o do Hoverno de 5en!uela de R de 'bril de IJOK 'HU C"d& IKO -l& I^J& I:L^ '!radeo esta in-ormao min.a cole!a +va Cabral& ..................... 452 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Creio por tudo isto 1ue * correcto classi-icar este !rupo de .omens como uma elite pro-issional 1ue se distin!ue por uma especial competncia dom,nio de um saber monopoli(ado por militares e en!en.eiros militares& %ara al*m da competncia t*cnica esta !erao partil.a um percurso comum directamente li!ado e decalcado do percurso da col"nia de 'n!ola& #ncontram2se na !uerra de Cabinda !uerra do 5ailundo na -undao de novas povoa4es ou como intendentes da -undio de Nova /eiras& So -il.os do tempo e ao mesmo tempo !eram o seu tempo& #sta !erao -ica em 'n!ola depois de IJJ: e participa em muitos dos epis"dios mais si!ni-icativos da .ist"ria da col"nia& Durante o !overno do 5aro de 0o<medes o !overnador 1ue mais de perto se!ue a lin.a reali(ada por Sousa Coutin.o veri-ica2se uma tentativa para -a(er ocupar certos car!os p3blicos por estes mesmos .omens com uma -ormao militar dentro de novos moldes& Na sua anteviso do sul de 5en!uela propun.a em IJNK depois da e$plorao do Cabo Ne!ro 1ue %in.eiro Furtado assumisse o !overno de 5en!uela e 1ue 'nt"nio 9os* 6alente @a 1uem atenta a sua 'nti!uidade e servio em X-ricaA passasse a Capito de 0ar e Huerra I:LL & Retomar o pro!rama supun.a retomar tamb*m os .omens T administradores mas sobretudo en!en.eiros militares 2 1ue dispun.am de instrumentos intelectuais ade1uados para o e$ecutar& # esta necessidade de reencontrar e recondu(ir um !rupo de a!entes 78 presentes no terreno no dei$a de ser si!ni-icativa por1ue remete a um problema mais complicado e 1ue * um problema de -undo perceber at* 1ue ponto estavam criadas condi4es de reproduo e enrai(amento sociais para esta elite& ' consolidao de uma renovao intelectual a n,vel local deveria estar apoiada em meios isto * em bibliotecas institui4es de ensino Vcol*!ios aulasW livrarias privadas e outros dispositivos intelectuais e culturais& Sem -ormao sem meios de alar!amento dos espaos de leitura a .ip"tese de -ormao estaria su-ocada& / pro!rama de ruptura cultural iniciado com a e$pulso dos 7esu,tas implicaria a criao de alternativas e estas para se c.e!arem a impor deveriam ser bem ar!umentadas para poderem ser acol.idas instituir2se e reprodu(ir2se& / tempo da continuidade e do amadurecimento -oi marcado por .esita4es& I:LL Carta do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva I: de 9aneiro de IJNK& 'HU C"d& IK^: -l& RIv& ..................... 453 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola De 1ual1uer -orma muitos dos elementos desta @!erao de K;A mantiveram2se activos at* ao -inal do s*culo em al!uns casos ultrapassando2o e passaram a ocupar as mais altas patentes militares& /s primeiros e mais vel.os 1ue de al!uma -orma se encontravam na transio e na d*cada de IJK; 78 .aviam reali(ado parte do seu curriculum -oram re-ormados em IJN:& Caso dos capites de in-antaria Nuno 0onteiro de 0orais e 9oa1uim 0onteiro de 0orais )enente de +n-antaria 0anuel de /rnelas 6asconcelos ou al-eres de !ranadeiros 'nt"nio 0atoso de 'ndrade I:LK & Numa relao dos o-iciais providos pelo !overnador 0anuel de 'lmeida e 6asconcelos em :J de Setembro de IJNJ con-irma2se essa permanncia e ascenso de al!uns elementos deste !rupo& 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es e 0anuel 6elasco Haliano so providos a )enentes2Coroneis e entre os 1uatro sar!entos2mores !raduados estavam F*li$ Gavier %in.eiro de Lacerda e Xlvaro Carval.o 0atoso I:LJ & 98 no Corpo de 0il,cias da Capital de 'n!ola estavam o Coronel Francisco 0atoso de 'ndrade C<mara o )enente Coronel 0artin.o )ei$eira de 0endona e o Sar!ento2mor 0anuel de 0oreira Ran!el I:LN e ainda 0anuel 6elasco Haliano Coronel do Re!imento de +n-antaria da Cidade de Luanda& )odos eles com um curriculum marcado pelos principais acontecimentos da .ist"ria de 'n!ola de setecentos& No ano de IJOO muitos aparecem nas listas dos o-iciais re-ormados I:LO & Se bem 1ue as elite camar8rias no ten.am constitu,do ob7ecto aut"nomo do meu estudo como -icou 7usti-icado na introduo elas interpenetravam2se com a @!erao de K;A& /s poderes camar8rio e militar eram -re1uentemente acumulados pelo mesmo indiv,duo ali8s eram essas sobreposi4es de poder 1ue viabili(avam as elites& Foi poss,vel veri-icar a presena de al!uns desses indiv,duos pertencentes s anti!as -am,lias de Luanda ou 7uristas letrados com o car!o de 7ui( de -ora no senado da C<mara de S& %aulo da 'ssuno e mais relevante para as ideias 1ue a1ui se prop4em o uso e propa!ao pelo mesmo Senado da nova ret"rica -undamento e suporte do discurso pol,tico& 's novas I:LK /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& R:& I:LJ 9os* de 'lmeida )ovar e 0ene(es 0atias 9os* de 'lmeida tamb*m nomeados .aviam c.e!ado com o novo !overnador e partiram ap"s o -im do seu mandato IJ de Setembro de IJOO 'HU C$& OR Doc& RK& I:LN Relao dos o-iciais&&& IJ de Setembro de IJOO 'HU C$& OR Doc& RK /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& R:& I:LO Relao dos o-iciais J de 0aro de IJOO 'HU C$& OI Doc& I;& ..................... 454 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -ormas e -ins do discurso pautados pelos princ,pios da Policia perpassam al!uns pareceres de relevo produ(idos acerca da !uerra ou do ensino& /s par<metros or!ani(adores do discurso e as posi4es de-endidas assim como as autoridades invocadas -a(em do espao camar8rio como espao de reproduo re-ormadora& Sobre o ensino encontram2se -ormula4es to pr"$imas das mais elaboradas propostas de !overno como @o ensino publico de 1ue depende a -elicidade dos povos por ter mostrado a e$perincia e estar demonstrado 1ue os bons costumes so os 1ue -a(em -lorescer o #stado e at* do a1uele vi!or s Leis para conter mel.or os vassalos na 7usta obedincia 1ue devem aos seus superioresA I:K; & 98 as considera4es sobre a !uerra 3ltimo recurso em todas as circunst<ncias vai beber a sua 7usti-icao a 0ontes1uieu I:KI & Se * ou no uma elite crioula * uma 1uesto de di-,cil resoluo 1ue remete para todas as discuss4es .istorio!r8-ica e antropol"!ica sobre os crioulos e a crioulidade I:K: & 98 anteriormente 1uando me re-eria @.ip"tese dos mulatosA aludi -8cil a-ricani(ao dos descendentes de brancos como obst8culo criao !enerali(ada de um !rupo social interm*dio posicionado entre as culturas rurais a-ricanas e a matri( europeia de contornos bem de-inidos capa( de con-i!urar uma sociedade nova poder2se2ia di(er uma sociedade I:K; )ermo do Senado de Luanda R; de /utubro de IJOJ 'HU C$& NK Doc& ^:& I:KI %arecer IJO; 'HU C$& JL Doc& J^& I:K: uscar Ribas -a( uma identi-icao simples entre crioulo e -il.o de escravos c-& &icion'rio de regionalismos&&& p& KKY %ara as discuss4es em torno do tema ver 9ill Dias em @Uma 1uesto de identidade&&&A Vp& KIW onde a autora prop4e uma de-inio de criouloE @como uma cate!oria s"cio2cultural 1ue en!loba convenientemente uma vasta !ama de elementos .etero!*neos desde os descendentes de europeus nascidos localmente Vtanto brancos como mestiosW aos a-ricanos destribali(ados mais ou menos adaptados cultura europeia Vos c.amados @civili(ados e @assimiladosAW&&&A Se bem 1ue esta de-inio ten.a sido constru,da a partir de uma an8lise .ist"rica re-erente ao -inal do s*culo G+G princ,pio do GG e de o meu te$to se situar no s*culo G6+++ optei por se!ui2la desde lo!o pela porta 1ue abre a uma utili(ao v8lida do termo crioulo para 'n!ola distante de discuss4es ideol"!icas& #ssa de-inio parece2me !enericamente operat"ria para compreender e en1uadrar os dados com 1ue me debato em especial pelo acento colocado na .etero!eneidade de um !rupo mar!em de padr4es culturais un,vocos embora recon.ea a necessidade de a precisar e atenuar por ra(4es .ist"ricas& / voc8bulo @assimiladoA no s*culo G6+++ est8 ausente apesar de socialmente se poder a-irmar 1ue est8 presente como tipo parteY o a-eioamento a uma cultura europeia * mati(ado pelo -acto de no plano lin!u,stico e de al!uma -orma dos .8bitos do 1uotidiano Vver neste te$to I:&I&R Uso PolWtico da (WnguaW o peso do 1uimbundo em relao ao portu!us ser e$tremamente -orte& 6er tamb*m tudo o 1ue -oi dito por 08rio 'nt"nio V(uanda il-a crioula&&& A 7orma#o da (iteratura Colabora#Kes angolanas no Almanac- de , A sociedade angolana do fim do sculo , Unidade e diferencia#o linguWsticas&&&W a -avor de uma crioulidade an!olana e -inalmente 'l-redo 0ar!arido cr,tico da utili(ao do conceito para 'n!ola e 0oambi1ue por comparao com Cabo 6erde e S& )om* ale!ando 1ue apenas nestes dois 3ltimos casos se assistiu construo de -ormas de cultura sin!ularmente misturadas com uma e$presso nas l,n!uas crioulas en1uanto nos primeiro casos o aparecimento de -ormas culturais individuali(adas e de l,n!uas derivadas do portu!us sero -en"menos bastante mais raros C-& @Das v8rias maneiras de ver e no ver a coloni(aoA p& OY @+ncidncias s"cio2econ"micas na poesia ne!ra de e$presso portu!uesaA in #studos sobre literaturas das na4es &&& p& ^R e ss&/ autor pre-ere um outro termo o de @an!olanidade autenticaA c-& "dem, p& KI& ..................... 455 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola crioula& Como notou 08rio 'nt"nio o conceito de crioulidade no * pac,-ico nem ideolo!icamente nem 1uanto s componentes 1ue o constituem e muito menos para 'n!ola I:KR & )amb*m por isso o autor se re-ere a Luanda como @il.a crioulaA ali8s como 9ill Dias 1ue retomando a e$presso a pro7ecta para os distritos de administrao portu!uesa na (ona costeira e no interior de 'n!ola I:K^ & Z claro 1ue em 'n!ola no se c.e!ou a ar1uitectar um crioulismo compar8vel ao das 'ntil.as ou Cabo 6erde& / !rande pensador antil.ado da crioulidade #& Hlissant insistiu ali8s na import<ncia da @desterritoriali(aoA das l,n!uas e culturas a-ricanas transpostas para o sistema das %lanta4es na construo de um pro7ecto deste tipo I:KL & %ara ele as culturas crioulas ou comp"sitas esto li!adas ao 1uadro !eo!r8-ico preciso das 'ntil.as a re!io do mundo onde a populao s" poderia de-inir2se em relao plantao esclava!ista& #m 'n!ola as culturas a-ricanas no se vem ameaadas por uma desterritoriali(ao pelo contr8rio perduram inscritas na matri( a-ricana atrav*s de uma implantao espacial& Se e$iste cultura desterritoriali(ada * a colonial da, tamb*m talve( a di-iculdade em se impor para al*m dos meios da !uerra e da violncia& / 1ue me parece importante sublin.ar procurando no temer o peso das palavras * 1ue se em 'n!ola no s*culo G6+++ e depois no se c.e!ou a -ormar uma l,n!ua crioula isso no impediu 1ue nas tais il.as crioulas se -ormasse uma cultura crioula I:KK & No campo lin!u,stico para o per,odo em estudo os assimilados/ocidentali(ados e os poderes a-ricanos avassalados manipulavam o portu!us como l,n!ua escrita do poder e os brancos assimilados -alavam as l,n!uas a-ricanasY no campo cultural as trocas sucessivas entre padr4es culturais to distantes condu(iram inevitavelmente a uma cultura interm*dia 1ue vai sendo montada& Note2se por*m 1ue as -ormas 1ue essa -uso assume em Luanda e no interior so diversas V$ide II& &e como foram perturbadasW& ' essa cultura interm*dia se pode ento c.amar cultura crioula& 6oltando @!erao de K;A e 1uesto 1ue colo1uei de saber se se trata ou no de uma elite crioula penso 1ue .8 di-erentes items a considerar e sobretudo .8 1ue invocar e tra(er para o primeiro plano um outro ar!umento 1ue * o daVsW identidadeVsW& Como -ica I:KR 08rio 'nt"nio A forma#o pp& II e ssY e (uanda, il-a crioula&&& passim I:K^ 08rio 'nt"nio (uanda passimY 9ill Dias @Uma 1uesto de identidade&&& p& K: e ss& 'cerca da centralidade de Luanda neste processo de um ponto de vista liter8rio vide Russel Hamilton (iteratura Africana, (iteratura )ecess'ria p& R:^ e Salvato )ri!o (iteraturas africanas de e+preso portuguesa 9 um fenmeno do urbanismo Fundao Calouste Hulben[ian Centre Culturel %ortu!ais IONL p& L^L2 LLI& I:KL #& Hlissant :;;: Potique de la 3elation Potique """ %aris Hallimard p&IJ e ss JJ e ss& I:KK Sobre aVsW l,n!uaVsW em 'n!ola vide infra I:&I&R&O Uso polWtico da lWngua& ..................... 456 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola dito do ponto de vista social esta !erao * em parte constitu,da por brancos nascidos em 'n!ola e mulatos .abitantes em Luanda com li!a4es directas s anti!as -am,lias de Luanda& ' sua -ormao cultural est8 portanto marcada pela cultura ambunda e at* pelo dom,nio da l,n!ua 1uimbundo& 0as o 1ue marca esta !erao * o -acto de ela ser -rancamente moldada por um en1uadramento intelectual e pol,tico 1ue tem a sua ori!em na ideolo!ia das Lu(es& 'li8s o 1ue me permitiu recon.ecer e 7usti-icar .istorio!ra-icamente este !rupo de indiv,duos comeou por ser o v,nculo a um padro mental comum& 0as a isso acrescenta2se a tal 1uesto da identidade a ima!em 1ue os pr"prios produ(iram sobre si mesmos& %or detr8s do problema da crioulidade no pode dei$ar de estar e de ser considerado o problema da identidade& ', se situa a tal 1uesto da naturalidade sinteti(ada no voc8bulo VsubstantivoW angolense a 1ue aludi -ormulada pelos portu!ueses para 7usti-icar a entre!a dos car!os p3blicos aos naturais de 'n!ola -ormulada pelos naturais do pa,s para reivindicarem direitos alicerados nessa mesma naturalidade& ' @!erao de K;A receber8 na d*cada de IJO; elementos oriundos da +ncon-idncia 0ineira e$ilados a 1ue 78 me re-eri 1uando tratei os problemas li!ados leitura& #ste !rupo maioritariamente situado em 0inas Herais e 78 estudado por D& 0a$\ell constitui uma elite letrada transporta as marcas da Universidade de Coimbra re-ormada a in-luncia de Domin!os 6andelli e no caso de al!uns dos seus membros as impress4es de via!ens pela #uropa I:KJ & / Dr& 9os* 'lvares 0aciel constitui o caso mais si!ni-icativo de e$ilados brasileiros em 'n!ola onde veio a desempen.ar um papel importante em especial como +ntendente da Fundio de Nova /eiras redi!indo uma 4emria sobre o ferro de Angola diri!ida a D& Rodri!o de Sousa Coutin.o I:KN & 0aciel passou um ano em +n!laterra a estudar as t*cnicas manu-actureiras captando in-orma4es sobre a revoluo americana e c.e!ou a discutir a .ip"tese de independncia do 5rasil com mercadores in!leses I:KO & Com a sua c.e!ada a 'n!ola pode di(er2se os contributos da elite letrada de 0inas Herais passam tamb*m a -i!urar 7unto da elite letrada 1ue em Luanda se .avia constitu,do& ' min.a .ip"tese * a de 1ue .8 uma continuidade entre a !estao de um ambiente intelectual renovado durante a se!unda metade do s*culo G6+++ I:KJ Dennet. 0a$\ell IOJR @).e !eneration o- t.e IJO;s and t.e ideia o- a Luso25ra(ilian #mpireA in 'lden Duriel Colonial roots of modern 1ra%il 5er[eleB UniversitB o- Cali-ornia %ress pp& I;J2I^^& I:KN 9os* 'lvares 0aciel para D& Rodri!o de Sousa Coutin.o J de Novembro de IJOO 'HU 0inas Herais C$& O^ Doc& :;& I:KO Dennet. 0a$\ell @).e !eneration o- t.e IJO;sP p& I;O& ..................... 457 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola atrav*s de uma !erao ou mel.or de um !rupo de .omens de ori!em luandense ou rec*m2c.e!ados da metr"pole e uma !erao do princ,pio do s*culo G+G 78 identi-icada em al!uns trabal.os& De 1ual1uer maneira e sublin.o .8 uma especi-icidade da @!erao de K;A 1ue no deve ser de nen.uma -orma con-undida com estas in-luncias da d*cada de IJO; 78 pro-undamente estruturada pelos resultados -ormali(ados das re-ormas da Universidade de Coimbra e por curr,culos internacionali(ados& ' continuidade -oi asse!urada pela reproduo intelectual das ideias por !era4es de -am,lias Vv&!& 'ndrade C<maraW e ainda por uma mem"ria sobretudo luandense acerca da .ip"tese 1ue ter8 representado para 'n!ola o -inal de Setecentos& %or*m -a(er remontar as ideias de autonomia em 'n!ola ao s*culo G6+++ * uma .ip"tese demasiado simpli-icadora 1ue no me arrisco a pcr& Z certo 1ue ideias dessas so contempor<neas do 1ue se passa por todo o mundo e do 1ue se passa no 5rasil& #m 'n!ola * certo se eventualmente tiveram condi4es para emer!ir no as encontraram para solidi-icar e perdurar& 0as a verdade * 1ue parece ter sido esta cultura iluminista se bem 1ue t,mida na sua verso an!olana 1ue -orneceu pela primeira ve( os es1uemas mentais capa(es de -a(er -ormular uma ideia de Auma an!olanidadeA por parte da1ueles 1ue viviam em 'n!ola e especialmente em Luanda& %arado$o sem d3vida em relao ao pro!rama pombalino& No plano ideol"!ico pol,tico e at* .ist"rico ainda no esto criadas as condi4es para 1ue um pro7ecto de nature(a autonomista pudesse ser se1uer conscientemente -ormulado& %arece -a(er mais sentido recon.ecer a constituio de um !rupo de .omens uma elite de ori!em local 1ue disputa e reivindica em 'n!ola a prima(ia na ordem imperial isto * em relao a uma ordem imperial 1ue ultrapassa e est8 para al*m da dimenso local I:J; & De -acto a dependncia pol,tica ideol"!ica psicol"!ica at* de %ortu!al como centro do +mp*rio parece ser mais estruturante do 1ue desestruturante na or!ani(ao deste !rupo& Seria necess8rio esperar pelo -inal do s*culo G+G por uma activa imprensa essa assumidamente de teor nacionalista para encontrar a -ormali(ao de ideias desse tipo& Uma comparao com o 5rasil atrav*s da -i!ura de #lias 'le$andre con-irma o mesmo tipo de concluso& / I:J; Sobre uma outra elite colonial a !oesa ver Fn!ela 5arreto A in$en#o de Moa Poder "mperial e con$ersKes culturais nos sculos L2"6L2"" Florena& +nsttituto Universit8rio #uropeu Dissert& De Dout& %olicopiada :;;R pp& LR:2LOI& ..................... 458 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola escritor nomeia2se como @'mericano portu!usA e considera2se um @bom e leal portu!usA I:JI 1ue nascera no 5rasil assim como 'nt"nio 08$imo em 'n!ola se assina leal vassalo nas cartas 1ue remete a 0elo e Castro& ' relao entre uma naturalidade 1ue se de-ine em relao ao territ"rio associado ao iluminismo e a uma nova concepo de ensino * evidente numa 0em"ria do an!olense Carval.o de 0ene(es datada de IN^L I:J: & Nesse te$to depois de re-erir a 'ula de Heometria e de Forti-icao di(E @#stes dois estabelecimentos se devem a D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o 1uando !overnador em os anos de IJK^ a IJJ: * tudo 1uanto 'n!ola apresenta de mel.or e mais 3til * o resultado do !*nio incans8vel probidade e desinteresse de to ilustre varo mais lembrado ainda por sua .onrade( e actos de -ilantropia 1ue nunca se apa!aro da mem"ria dos an!olensesA I:JR & / destino destas elites nacionais -oi sendo sucessivamente cerceado I:J^ & #m meados do s*culo G+G a -u!a de -am,lias luandenses mestias para o 5rasil vin.a 7usti-icada pelo mesmo Carval.o e 0ene(es pela opresso das autoridades coloniais 1ue investiam em -un4es p3blicas indiv,duos c.e!ados do Reino menospre(ando as competncias dos -il.os do pa,s e arredando2os tamb*m dos circuitos do poder I:JL & ' via de renovao e reestruturao da elite re1ueria meios& ' este !rupo de .omens -altaram os recursos necess8rios sua pr"pria reproduo& 1$.$.<. Oi%=&i# () ;i(# 3#&# # Di%=&i# () /- %)-3". H8 micro .ist"rias 1ue se insinuam na !rande problem8tica cu7os prota!onistas so .omens 1ue obedecem a v8rias temporalidades e do uma leitura plural dos I:JI Corra + p& I^& I:J: 9oa1uim 'nt"nio de Carval.o e 0ene(esY sobre esta -i!ura ver o 1ue di( Francisco Soares )otWcia p& NR& I:JR 4emria Meogr'fica e PolWtica p& II& I:J^ 6er sobre as elites 'nne Stamm La soci*t* cr*ole Saint %aul de Loanda dans les ann*es INRN2 IN^NA 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outre64er, )ome L+G :IJ IOJ: pp& LJN2K;O e 9ill Dias @Uma 1uesto de identidadeP passim I:JL @' nomeao de tal !ente&&&era in7ustissima em presena da capacidade de muitos nativos do Ultramar 1ue tin.am direito pelo menos aos postos e aos car!os secund8rios do pa,sA 9o1uim 'nt"nio de Carval.o e 0ene(es &emonstra#o pp& L2KY L^2LL& ..................... 459 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola acontecimentos pol,ticos& H8 .omens 1ue transitam de re!isto em re!isto -a(endo uma esp*cie de @bricola!eA ideol"!ica 1ue l.es permite sentirem2se i!ualmente bem e aptos nas suas v8rias identidades produ(indo uma esp*cie de estil.aar das cate!orias& 's bio!ra-ias .ist"ria de vidas podem dar a ver a .ist"ria de um tempo& Comeo por dois e$emplos at,picos onde esses per-is de ambi!uidade se surpreendem para depois me centrar em dois per-is de sentido mais un,voco 1ue marcaram a se!unda metade do s*culo G6+++ o $el-o militar e o no$o militar& Domin!os Ferreira da 'ssuno a 1uem me ten.o vindo a re-erir ocupava o lu!ar de sar!ento2mor e capito do pres,dio de 'mbaca em IJLN I:JK & ?uando -oi nomeado os restantes o-iciais no l.e 1ueriam prestar .omena!em por1ue era ne!ro& / caso particular p4e o problema mais -undo da presena de a-ricanos no !overno dos pres,dios& 'ssim Ferreira da 'ssuno ocupou o lu!ar de capito2mor de 'mbaca um dos pres,dios mais anti!os e importantes para o tr8-ico de escravos e ao mesmo tempo mantin.a li!a4es e estava inte!rado nas redes pol,ticas a-ricanas locais -re1uentando as ban(as dos sobas vi(in.os& Di(ia2se parente com a Rain.a Hin!a e 1ueria entre!ar o pres,do mesma rain.a Hin!a sua parente I:JJ & Ficam vista as inter-erncias entre a administrao colonial e a estrutura do parentesco re!ional& ' escol.a de c.e-es ou sobas partid8rios dos portu!ueses para -avorecer o dom,nio portu!us * tamb*m usada pelos a-ricanos mas em sentido contr8rio& Na lin.a dos capites2mores de 'nti!o Re!ime a 1ue 78 me ten.o re-erido transaccionava -a(endas e !eribitas Va!uardenteW e$i!ia carre!adores aos sobas locais ocupando nisso !rande parte da !uarnio do pres,dio 1ue tra(ia dispersa pela 7urisdio do mesmo& %or essa ra(o so-reu um processo2crime e -oi substitu,do& ' -i!ura aparece retratada pelas testemun.as como .omem do mato con.ecedor da terra& ' capitania2mor -uncionava como plata-orma para transac4es comerciais e a1uisio de cr*ditos e prest,!io 7unto das autoridades a-ricanas& Resistiu a um processo2crime 1ue l.e -oi instaurado I:JN e volta aparecer como -i!ura c.ave na Huerra aos Dembos do Norte em IJO;& Sendo um o-icial da !uerra preta ad1uiria prest,!io e poder 7unto do poder colonial directamente decorrente da -orma como era ol.ado pelos pr"prios a-ricanos& )ratava2se de al!u*m 1ue @-i!uravaA @muito entre os pretosA e por isso devia ser levado em conta nas I:JK :R de 9aneiro de IJLN 'HU CG& ^I Doc& KO& I:JJ 'HU C$& ^I Doc& KO :R de 9aneiro de IJLN& I:JN %rocesso2crime : de 0aro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& RJ& ..................... 460 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola decis4es de ata1ue e de !esto dos e1uil,brios a-ricanos I:JO &/ seu nome a-ricano de !uerra <uitubia Vdo 1uimbundo QitXbia 1ue 1uer di(er ardor -o!ac.o I:N; W consta das -ontes portu!uesas e ori!inou o poema 1ue 5as,lio da Hama l.e dedicou a pedido do 5aro de 0o<medes& /s .er"is a-ricanos sero tamb*m os .er"is do imp*rio &&& a 1ual dos re!istos a-ricano ou europeu se sentiria o <uitubia -iel e verdadeiramente vinculado * di-,cil saber& %rovavelmente sabia situar2se to bem no tempo a-ricano como no colonial transitando entre os dois& 0as tamb*m .8 .omens 1ue circulam entre as burocracias e os mundos a-ricano e colonial& Homens 1ue usu-ruem de uma dupla aceitaoE isolados nos poderes pol,ticos a-ricanos muitas ve(es a comerciar outras a1uela 1ue me interessa a1ui em actividades li!adas burocracia& 'nt"nio Carneiro de 0a!al.es sendo portu!us esteve dois anos nas terras do Dembo como escrivo representante do !overnador& #ra natural da vila da 0eo concel.o de Santa Cu( do 5ispado do %orto I:NI & Serviu em So )om*& #stivera no 5rasil de onde levou para 'n!ola de!redados destinados a soldados assim como cavalos entre!ues s compan.ias I:N: & #steve encarre!ue da cobrana do direitos reais dos escravos Caso paradi!m8tico do tr<nsito entre burocracias capa( de constituir um per-il aut"nomo e 1ue se repete em outras re-erncias menos detal.adas& / 5aro de 0o<medes re-ere um outro indiv,duo sem indicao do nome membro da 9unta do Com*cio por ele -ormada e composta por .omens de ne!"cio 1ue s" nas terras do Dembo 'mbuila V0b\ilaW estivera IK anos I:NR & 1$.$.<.1. O ;)4D" -i4i%#&. 0ilitares 1ue percorrem toda a primeira metade do s*culo G6+++ com con.ecimento e pr8tica dos sert4es onde -i(eram in3meras campan.as e cumprem o per-il do vel.o militar capa( de improvisar e evidenciar2se em actos de cora!em e violncia& I:JO %rocesso sum8rio de testemun.as :J de 'bril de IJOR 'HU C$& JN Doc& K; -l& IIO& I:N; Cordeiro da 0ata &iccion'rioP p& RI& I:NI 'HU 'n!ola C$& ^N Doc&O I; de 0aio de IJK^& I:N: "dem "bidem,& I:NR Carta do 5aro de 0o<medes para Seabra da Silva L de De(embro de IJNL 'HU C"d& IK^: -l& :Lv& ..................... 461 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Destacam2se em !uerras contra !randes potentados resistentes como eram a Rain.a Hin!a e os sobas da ?uissama e em outras !uerras de manuteno e con1uista& Z o pr"prio esp,rito de con1uista .erdado do s*culo G6++ bem ao estilo de uma .istria das Muerras Angolanas de Cadorne!a estilo de pro-issionais da !uerra ainda distante do militar com -ormao de en!en.eiro imbu,do de saberes matem8ticos coro!r8-icos !eom*tricos ar1uitect"nicos e outros& #ssa continuidade em relao ao s*culo G6++ d82se a ver na -i!ura e$emplar de 5artolomeu Duarte de Se1ueira natural da 6ila de )entu!al um dos principais moradores do reino de 'n!ola e @o mais -eli( e vitorioso caboA da1ueles reinos em todas as ocasi4es se l.e o-ereceram de participar em !uerras @&&&contra o vast,ssimo poder dos b8rbaros reis da1uelas con1uistas saindo sempre de todas vitorioso sem 7amais perder&&&A e em especial contra a Rain.a Hin!a e$poente m8$imo da resistncia perante os e$*rcitos e autoridades coloniais& #ste em especial ocupou postos na !rande parte dos distritos e pres,dios de 'n!ola& Servia desde IJRI ocupando postos de sar!ento da ordenana e cabo do pres,dio de 5en!uela capito mor do Distrito do Holun!o tenente2coronel da ordenana da vila de 0assan!ano capito mor do pres,dio de Caconda e do pres,dio de %edras I:N^ & /s -il.os da terra como 9oo 0i!uel de /rnelas 6asconcelos V1ue servira ^O anos portanto a primeira metade do s*culo G6+++W e -ora '7udante de /rdens do Hovernador ou Domin!os da Fonseca Ne!ro esto re-ormados em meados da d*cada de IJK; com a patente de )enente Coronel I:NL & #stes .omens eram muitas ve(es propriet8rios de escravos 1ue armavam levavam para as batal.as e sustentavam a suas e$pensas I:NK & 6erdadeiros e$*rcitos privados cu7os sen.ores pun.am o seu poder ao servio do Rei& Nada 1ue a le!islao no previsse 1uando contemplava .omens nobres e .onrados entenda2se de I:N^ #m IJL: -oi nomeado capito2mor do campo das !uerras dos sert4es L de 'bril de IJLR 'HU C$& RN Doc&I;& I:NL /-,cio do 9os* Honalo da C<mara para 0artin.o de 0elo e Castro IJNI 'HU C$& K^ Doc& ::& I:NK Um outro e$emplo col.e2se em 'nt"nio Honalves de Carval.o combateuE o soba da ?uissama levando L; ne!ros armados de arco e -lec.a e armas de -o!o municiados sua custaY -oi o primeiro @1ue subiu a eminncia do sitio em 1ue .abitava o soba e mais povoao pondo -o!o s ca(as& %articipou na !uerra contra a Rain.a Hin!a levando muitos escravos seus armados sustentando2os sua custa& Foi trs ve(es Re!ente da vila de 0assan!ano na ausncia dos capites2mores& 'cabou a obra da 0atri( do pres,dio de 'mbaca reedi-icou a -ortale(a -ormou cadeia e corpo da !uarda 1uase tudo custa da sua -a(enda& %arecer do Consel.o Ultramarino IJLR 'HU C$& RN Doc& NLY Curriculum de :I de 9un.o de IJL^ e 'HU C$& RO Doc& ^:Y Doc& I: IL de Fevereiro de IJLJ& ..................... 462 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola con-iana 1ue 1uisessem ir a sua pr"pria custa -a(er a !uerra do serto I:NJ & Carreiras e$tensas de d*cada mais de trinta anos pro-usamente documentadas nas oposi4es a car!os 7unto do Consel.o Ultramarino cu7o per-il se vai alterando para dar lu!ar ao militar de carreira -ormado de acordo com um novo modelo& 1$.$.<.$. O '";" -i4i%#&8 )'+)'D)i&"* ,#&%=+"* )%'=+" ) "4(#(" (# ,"'@/i%#. So @brancos da terraA e mulatos nascidos em Luanda muitos deles pertencentes a -am,lias .8 muito instaladas em 'n!ola 1ue se!uem a carreira militar e -a(em a sua -ormao na 'ula de Heometria vindo a atin!ir as mais altas patentes em 'n!ola e a ocupar lu!ares c.ave para a implementao de uma nova pol,tica de coloni(ao& #ste !rupo -ormado pelos naturais de 'n!ola possu,a uma cultura europeia e a-ricana simultaneamente -alando o portu!us e o 1uimbundo& 'li8s esse bilin!uismo aparecia valori(ado no e$erc,cio de al!uns car!os p3blicos como o de '7udante das /rdens do Hovernador vocacionado para os despac.os de re1uerimentos reali(ados em l,n!ua 1uimbundo& Z interessante como a di!lossia ultrapassa o n,vel da l,n!ua -alada para se pro7ectar noutros campos e em concreto na escrita& ' bipolaridade cultural deve ser sublin.ada como uma caracter,stica desta sociedade& Na verdade estes naturais de 'n!ola produ(em te$tos sob a -orma de relat"rios mas tamb*m liter8rios assim como peas carto!r8-icas 1ue representam 'n!ola nas suas v8rias componentesE -ra!mentos da costa de 'n!ola plantas de -ortale(as de edi-,cios de cidades& 0as o per-il do novo militar tamb*m contemplava os @soldados das con1uistasA isto * militares de carreira 1ue c.e!am do 5rasil de!redados ou por opo e ainda militares enviados do Reino para servir em 'n!ola& 's pe1uenas bio!ra-ias 1ue se se!uem contemplam todas estas situa4es& #m ri!or a !erao de K; a 1ue me re-iro situa2se a1ui& Se!uem2se al!umas das vidas desta .ist"ria& I:NJ Re!imento do Hoverno deste Reino de 'n!ola I: de Fevereiro de IKJK AA vol& + nQ L e K 0aro de IORK s&pp& Cap& OQ& ..................... 463 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %ara comear os @brancos da terraA& 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es I:NN era .omem branco -il.o le!,timo do reverendo C.antre Lu,s de Sousa 0a!al.es e de D& 08$ima de 'lmeida nascido na cidade de Luanda em IJ^I& /utras re-erncias ao en1uadramento -amiliar so escassas embora se encontre mencionado 6er,ssimo de Sousa 0a!al.es ao 1ue tudo indica tio paterno activo pelo menos em IJKR& 'ssentou praa aos :I anos&&Fe( portanto os seus estudos ainda no tempo em 1ue -uncionava o Col*!io da Compan.ia de 9esus& Reali(a o seu curriculum nos anos subse1uentes e atin!e o topo em IN;;E cabo VIJK^WY al-eres da compan.ia de artil.aria de Luanda VIJKLW& Nesse ano de IJKL 78 -a( o #studo da Heometria e Forti-icao com @assistncia ri!orosa da 'ula e um aproveitamento di!no de .onra de ser acrescentado no servio de Sua 0a7estade pelo merecimento de sua aplicaoA& %assa a )enente por portaria de Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o em IJKJ& Um ano depois di(ia2se 1ue na Compan.ia de artil.aria dera @provas claras de uma aplicao admir8vel e de um en!en.o particular para a Cincia da Heometria e pelo pro!resso 1ue -e( e virtude com 1ue o praticou voluntariamenteA -oi constitu,do Lente de 'rtil.aria& %assou portanto a ensinar em Luanda& #m IJNI 78 consta como Sar!ento2mor com e$erc,cio de #n!en.eiro do reino de 'n!ola e em IJOO !o(ava da patente de )enente Coronel #n!en.eiro na lista dos /-iciais 1ue se ac.avam por con-irmar& 'cabaria por ser nomeado @en!en.eiro do reino de 'n!olaA em IN;; I:NO &Reali(ou duas importantes e$pedi4es aos portos de Cabinda 0olembo e Luan!o uma no ano de IJJR outra no ano de IJN; preparat"rias de uma campan.a militar a Cabinda& / relat"rio da primeira VIJJRW perdeu2se e -oi repetido em IJNI& #stas e$pedi4es constituem uma mani-estao evidente da articulao entre os interesses do #stado e o con.ecimento cient,-ico e t*cnico manipulado por um en!en.eiro& Se!ue as instru4es -ornecidas ao !overnador 'nt"nio de Lencastre 1uando sa,ra de Lisboa para o !overno de 'n!ola para 1ue mandasse e$aminar o porto de Luan!o onde .avia noticia -ranceses e in!leses -a(iam com*rcio com os a-ricanos locais& Sousa 0a!al.es parte de Luanda na barra do rio Dande @tomou um preto pr8tico da1uela costaA& Nave!ando para o norte !uiado pelo piloto local pr8tico na nave!ao da1uela costa c.e!ou ao %orto de I:NN Nesta nota -icam citadaos todos os documentos 1ue permitiram a reconstituio desta bio!ra-iaE :J de 9aneiro de IJNI 'HU C$& K^ Doc& ^Y : de Setembro de IJNR 'HU C$& KJ Doc& :Y J de 0aro IJOO 'HU C$& OI Doc& I;Y RI de 0aro de IJOO 'HU C$& OI Doc& RRY IJNI 'HU C$& K^ Doc& K:Y Carta de F+SC para o Capito2mor de 5en!uela II de Novembro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& LOY :: de 9un.o de IJJO 'HU C$& K: Doc& LNY II de Novembro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l&LOY O de 'bril de IJO; 'HU C$& K; Doc& IY 'HU C$& KK Doc& I : de 9aneiro de IJNR e Doc& NN N de '!osto de IJNR& I:NO Consel.o Ultramarino C"d& K Decretos de Nomeao Doc& : -l& :Nv& ..................... 464 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ?uitun!o V'mbri(W at* alcanar o rio =aireY nave!ando para o Norte c.e!ou ao porto de CabindaY saiu de Cabinda e entrou no porto de 0olemboY da1ui continuou a sua via7em para o Norte e c.e!ou ao porto de Luan!o& #sta e$pedio e o relat"rio com ane$os carto!r8-icos 1ue dela -e( 08$imo 0a!al.es encontram2se na reta!uarda como prospeco da !uerra de Cabinda& C.e!a a participar nessa !uerra de Cabinda assim como na !uerra do 0ossulo& ' sua persona!em tem particular interesse por1ue anda associada produo carto!r8-ica e a relat"rios e$pedicion8rios& #screveu o e$tenso 3elatrio sobre a situao dos portos de Cabinda 0olembo e Luan!o Reali(ou v8rias plantas dos portos de Cabinda 0olembo e Luan!oY plantas da Fundio de Nova /eiras nomeadamente os complicados mecanismos do aude do -ole e dos -ornos Vvide Hrav& NWY planta da -ortale(a de CabindaY desen.o para a reconstruo da -ortale(a de 5en!uelaY desen.o de uma carta da costa de 'n!ola em colaborao com 9oa1uim 0onteiro de 0orais e o Sar!ento2mor 9oa1uim 9os* Cipriano dos Santos& #ra um indiv,duo culto e in-ormado para o 1ue ter8 contribu,do a sua -ormao mas tamb*m o contacto com militares portu!ueses e bras,licos& 6em citado por #lias 'le$andre da Silva Correia com 1uem privou se!uramente na !uerra de Cabinda e destacado pela sua atraco pelos @#studosA dedicao #n!en.aria e 5elas Letras I:O; & No es1ueamos 1ue era -il.o le!,timo de uma alta di!nidade eclesi8stica& / contacto com #lias 'le$andre pode eventualmente t2lo introdu(ido a leituras da *poca .ip"tese ali8s con-irmada pela re-erncia 1ue -a( ao con.ecimento de autores de l,n!uas in!lesa e -rancesa& 's mesmas ila4es se podem e$trair da pro$imidade com %in.eiro Furtado colaborador directo no planeamento da -orti-icao de Cabinda Dominava na per-eio a escrita em l,n!ua portu!uesa utili(ando marcas discursivas correntes na matri( instalada pelas Lu(es& ' pr8tica da epistolo!ra-ia na sedimentao de um estatuo em 'n!ola * provada nas cartas a 0artin.o de 0elo e Castro onde de-ende os seus pontos de vista acerca das vias mais ade1uadas conduo dos destinos da col"nia com a valori(ao dos militares insistindo na promoo dos naturais do pa,s a 1ue c.ama an!olenses e dos .omens 1ue .aviam sido preparados por Sousa Coutin.o& 98 anteriormente me re-eri a esta desi!nao& 08$imo 0a!al.es * um dos seus -ormuladores& 6e7am2se duas das carta diri!idas a 0artin.o de 0elo e Castro I:OI E I:O; Corra ++ p& RR& ..................... 465 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @No me surpreendeu a merc 1ue to beni!namente me -e( Sua 0a7estade condecorando2me com o posto de sar!ento2mor de in-antaria com e$erc,cio de en!en.eiro por1ue a con-iana com 1ue procurei o alto patroc,nio de 6& #$p me se!urava desde ento todo o -eli( sucessoE 1ue deveria eu esperar depois de ter a 6& #$p por protector& ?ue !uia com tanto acerto me poderia condu(ir ao p* do tronon Sim #$ mo sen.or a 6&#$p devo toda a min.a -elicidade e a 6&#$p devo ser o meu re1uerimento atendido pelo Nossa 'u!ustissima soberana e por1ue a proteco de 6&#$p 1ue tanto se tem declarado a -avor dos militares principalmente dos desamparados * acompan.ada do (elo de 1ue todos se7am 3teis ao #stado prometo a 6 #$p 1ue me aplicarei cada ve( com mais -ervor em satis-a(er as min.as obri!a4es persuadido de 1ue s" desta sorte podereis merecer a 0uni-icencia de Sua 0a7estade e o amparo de um ministro to .8bil e s8bio 1ue todo se ocupa em -a(er as delicias dos seus vassalos& 6ou pcr esta aos p*s de 6& #$p a si!ni-icar l.e o meu a!radecimento sens,vel a um to assinalado bene-,cio a o-erecer2l.e os meus servios dese7ando sobre tudo a 6& #$p prosperada sa3de e dilatados anos de vida para -elicidade de %ortu!al e amparo de 1uem *& / mais .umilde e obri!ado servo 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.esA I:O:
# ainda outraE & @98 procurei a 6& #$p o ano passado na ocasio em 1ue neste Reino aportou a nau vinda de 0acau e como a sorte presentemente me o-erece esta mesma ventura tomo a Liberdade de tornar2me a lembrar a 6& #$p 78 1ue a dist<ncia me ne!a o dese7ado bem de o -a(er pessoalmente& #spero porem #$& mo Sen.or 1ue estes meus repetidos desvelos meream a 6& #$p a uma piedosa re-le$o e 1ue L8 da corte aonde 6& #$pa vive empre!ado nos .onrosos deveres do seu 0inist*rio atenda beni!no aos ro!os de 1uem o busca despido sim de talentos 1ue o animem mais assistido de 7ustia e apoiada da !loria de ter a 6& #$a& por %rotector s8bio e beni!no das min.as pretens4es e isto com a certe(a de 1ue 6& #$p pode -acilmente condescender s min.as suplicas 1uando as re!iste com os ol.os de e1uidade e compai$o& No 1uero #$& mo Sen.or tomara a 6& #$&p o precioso tempo na relao da1uilo mesmo 1ue os meus re1uerimentos e certid4es re-erem distintamente s" pretendo e ansiosamente dese7o 1ue 6& #$&p apli1ue uns breves minutos da sua ideia em Lembrar2se de mim como de .um soldado da -ortuna e de .um o-icial 1ue tendo empre!ado os seus anos e o seu tempo no e$erc,cio das Letras e das 'rmas sendo a ultima dili!ncia 1ue -i( Vcom no pe1uenos riscos e embaraosW no ano pr"$imo pret*rito na e$plorao da costa do Luan!oY e seus portosY ten.o -inalmente a in-elicidade de viver neste %a,s e ser conservado nele sem 1ue possa ao menos mostrar2me a 6& #$p -a(er2l.e verbalmente as min.as ro!ativas participar das suas doces instru4es e ultimamente receber de 6& #$p as lu(es a 1ue aspiro unicamente e busco& ?ueira 6& #$p -acultar2 I:OI Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NNY Carta do mesmo para "dem IJNI 'HU C$& K^ Doc& IN& Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es para 0artin.o de 0elo e Castro L de /utubro de IJN: 'HU C$& KL Doc& :& I:O: 2ide supra& ..................... 466 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola me esta !raa sendo 6& #$&p 1uem se compadea do meu desamparo prote7a as min.as pretens4es e de-ira beni!no aos meus re1uerimentosY e desta sorte -icar8 sendo em tudo eterno o !rande nome de 6& #$p e eu como criatura sua cuidarei em dei$ar -irmes os padr4es de este bene-icio a toda %osteridadeY e com esta certe(a desde a!ora me entre!o todo a 6& #$p e me consa!ro a esta obedincia como 1uem se interessa muito em ser& 'tento .umilde e reverente servoA I:OR & %ara -inali(ar e por 1ue a1ui se trata de dar lu!ar a .ist"rias de vidas 1ue ilustram a .ist"ria de um tempo no resisto a citar o 1ue di( um assento re-erente a IJKR onde se o-erece uma descrio preciosa da persona!emE @de idade de :I anos de estatura ordin8ria corpo estreito cara comprida testa lar!a ol.os medianos sobrancel.as c.eias barba pe1uena nari( a-ilado e proporcionado e cabelo corridoA I:O^ & Das -am,lias de Luanda destaca2se a -am,lia 0atoso cru(ada com @os 'ndrade da C<maraA& /s seus representantes percorrem em lu!ares cimeiros todo o per,odo& Xlvaro de Carval.o 0atoso I:OL natural de 'n!ola assentou praa em IJRR serviu durante RK anos& #m IJOO estava re-ormado I:OK & Foi soldado al-eres a7udante de in-antaria capito de !ranadeiros e '7udante das /rdens do Hoverno do reino de 'n!ola com a !raduao de Sar!ento20or& / o-,cio de a7udante das ordens do Hovernador costumava ser provido em naturais do pa,s uma ve( 1ue dominavam a l,n!ua 1uimbundo& %resume2se 1ue tamb*m Xlvaro de Carval.o 0atoso como todos estes .omens 1ue .aviam crescido em Luanda dominasse essa l,n!ua no re!ime de di!lossia a 1ue 78 aludi& Na 1ualidade de Capito dos Hranadeiros VIJKJ2IJJJW incorporou o re!imento do Coronel 9oo 0onteiro de 0orais uma das -i!uras emblem8ticas desta sociedade de Luanda e 1ue c.e!ou a -a(er parte dos !overnos interinos& Desde IJKJ -re1uentou a 'ula de Heometria& #$iste um comple$o processo volta da sucesso do 0or!ado ou capela& Xlvaro Carval.o 0atoso instala um processo para provar os seus direitos de sucesso& 0as o 1ue de mais interessante ressalta do seu percurso * o -acto de tamb*m ele se ter interessado pelas 1uest4es naturalistas da medicina a-ricana 1ue de certo e$i!iu um lon!o e cuidado levantamento escrevendo a I:OR 2ide supra& I:O^ 2ide supra& I:OL %rocesso da capela I: de 'bril de IJNR 'HU C$& KK Doc& RNY IJ de Novembro de IJNI 'HU C$& K^ Doc& L:Y I de De(embro de IJNI 'HU C$& K^ Doc& LJY Sobre a re-orma* #nt& a 9aneiro de IJOO 'HU C$& OI Doc& I;Y 'HU C$& O; Doc& ^:& I:OK 'HU C$& J^ Doc& II IR de 0aro de IJNOY 'HU C$& OI Doc& I; J de 0aro de IJOO& ..................... 467 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola obra Produtos medicinais de que usam os -abitantes da Efrica Ocidental, principalmente os de Angola e seus sertKes em IJN^ I:OJ & Francisco 0atoso de 'ndrade C<mara -il.o do Coronel 0anuel 0atoso de 'ndrade manteve2se at* IJJ: no c,rculo pr"$imo de Sousa Coutin.o& Nessa altura se!uiu para Caconda provido no posto de capito2mor para substituir um re!ente europeu a 1uem teria sido levantada uma devassa com a participao dos moradores& Sousa Coutin.o a-irma sobre Francisco 0atoso de 'ndrade 1ue @embora -osse ainda muito mooA restabeleceria a ordem& #ste caso constitui um bom e$emplo de como se ia comeando a evidenciar 1ue os o-iciais vindos da #uropa apesar de em teoria estarem mais pr"$imos dos valores do trabal.o e da sociedade nem por isso seriam mel.ores !overnantes nos sert4es de 'n!ola I:ON & #m IJOO * Coronel e-ectivo I:OO & / Hovernador 0i!uel 'nt"nio de 0elo reputava2o um dos o-iciais mais competentes do reino de 'n!ola IR;; & Xlvaro de Carval.o e 0ene(es -oi capito2mor de 0u$ima IR;I participou na !uerra do 5ailundo aprisionou o pr"prio Soba do 5ailundo e atin!iu a patente de )enente& +n8cio 0atoso de 'ndrade natural da cidade de Luanda tamb*m ele -oi %artidista da 'ula de Heometria e Forti-icao com e$erc,cio de car!os militares e cavaleiro pro-esso da /rdem de Cristo IR;: & 'li8s esta -am,lia 1ue 9& Dias insere no !rupo das -am,lias crioulas de Luanda estava radicada na capital desde o s*culo G6++ e por um estrata!ema de casamentos das -il.as com o-iciais de alta patente da marin.a e do e$*rcito Vbrasileiro e portu!usW no s" cumulavam um patrim"nio si!ni-icativo como conservaram a sua identidade vinculada a um padro europeu IR;R & I:OJ %ubl& in Lu,s de %ina )otas para a 4edicina indWgena angolense no sculo L2""" Sep& k5oletim Heral das Col"niask n&Q ILI Lisboa IORN pp& O2IJ& I:ON %ortaria de nomeao IK de 9ul.o de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :K:& Carta de F+SC para o capito2mor de 5en!uela L de '!osto de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&:KOY %rocesso I^ de 9ul.o IJON 'HU C$& NN Doc& :N& I:OO /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& R:& IR;; "dem "bidem& IR;I 'HN' C"d& N; -l&O:vY : de 0aro de IJNO 'HU C$& J^ Doc& I;Y :N de 9ul.o de IJNR 'HU C$& KK Doc& JL& IR;: 5NL Res& C"d& N^JR -l& IIIvY sentena de 7usti-icao c,vel ^ de 'bril de IJNR 'HU C$& KK Doc& RK& IR;R C-& 9ill Dias @Uma 1uesto de +dentidade&&& p& KL onde se re-ere +nocncio 0atoso de 'ndrade recon.ecido como @brancoA em IN:O& ..................... 468 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0artin.o )ei$eira 0endona Capito2mor do Dande VIJKOW e depois sar!ento mor manteve2se intimamente associado -undao de Novas povoa4es IR;^ & Fe( a embai$ada ao 0ar1us do 0ossulo VIJNLW& Re-ere2se aos @an!olensesA e revela nas cartas 1ue escreve uma e$trema nostal!ia do !overno de Sousa Coutin.o a 1uem c.ama @%aiA e @Her"iA IR;L & No !overno do 5aro de 0o<medes serviu como 7ui( da al-<nde!a& #m IJOO c.e!ou a )enente2coronel e-ectivo& 9oa1uim de 5ea )ei$eira nasceu em Luanda em IJ^I IR;K & 5ranco da terra -il.o le!,timo do capito 0anuel de 5ea )ei$eira vindo de %ortu!al casado na terra com D& 'nt"nia 0aria Rosa Coutin.o& Se!uiu a carreira militar& Durante o !overno do Conde da Cun.a desenvolveu dili!ncias militares no presidiu de 'mbaca e no de 'nt"nio 6asconcelos participou na con1uista de #nco!e& #m IJKK na 1ualidade de 'l-eres de cavalos passou a Disc,pulo da 'ula de Heometria e Forti-icao activada por Sousa Coutin.o& ' aprendi(a!em dos tratados e t*cnicas 1ue a essa disciplina di(iam respeito .abilitou2o ao desen.o de plantas de -ortale(as e outras de tal 1ualidade 1ue -oram presentes ao Rei pelo pr"prio Sousa Coutin.o IR;J & Ser8 ele o +ntendente Heral da F8brica de Ferro de Nova /eiras durante o !overno de Sousa Coutin.o& Na sua 1ualidade de intendente !eral da Fundio de Nova /eiras a sua aco est8 li!ada ao processo de construo da -8brica a partir da planta desen.ada para o e-eito em colaborao com um mestre e um inspector de obras mas tamb*m -undao da povoao de Nova /eiras IR;N & #n1uanto tin.a a seu car!o a construo da Fundio correspondeu2se assiduamente com IR;^ Carta de F+SC para o capito2mor do Dande :; de Novembro IJKO 5NL Res& C"d& NJ^: -l& JR2 JRv& IR;L Carta de 0artin.o )ei$eira de 0endona para RSC I; de 9un.o de IJOK 'HU C$& NR Doc& KI& IR;K %rocesso m3ltiplo de 9oa1uim de 5ea )ei$eira J de Fevereiro de IJJ; 'HU C$& L^ Doc& I^& IR;J %arecer de 9oa1uim 9os* Cipriano dos Santos Sar!ento2mor de +n-antaria com e$perincia de #n!en.eiro na cidade de so %aulo de 'ssumpo e reinos de 'n!ola 'HU C$& L^ Doc& I^& Um parecer no mesmo sentido de Sousa Coutin.oE @Certi-ico 1ue &&& o 'l-eres de cavalos 9oa1uim de 5ea )ei$eira&&& em menos de dois anos sabe e tem compreendido todos os tratados 1ue nas ditas 'cademias se costumam e$plicar sabe toda a 'ritm*tica in-erior e superior Di(imal Heometria #speculativa e %ratica )ri!onometria e com admir8vel propenso para a Forti-icao como tem mostrado nas continuadas visitas 1ue comi!o fSousa Coutin.og -a( 8s obras desta Cidade e Ultimamente em v8rias plantas 1ue tem -eito 1ue entendo 1ue nesta ocasio se p4em na presena de Sua 0a7estade no 1ue mais tem mostrado o 1uanto ser8 3til o seu pr*stimo em 1ual1uer ocorrncia 1ue no servio de Sua 0a7estade se carecer desta %ro-isso e -ica continuando e-ectivamente no empre!o do %artido da dita 'cademia 1ue pelas re-eridas circunst<ncias se l.e con-eriu&&&A'HU C$& L^ Doc& I^ %rocesso m3ltiplo de 9oa1uim de 5ea )ei$eira J de Fevereiro de IJJ;& IR;N Carta de F+SC para 'nt"nio de 5ea )ei$eira IL de Novembro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^R -l& ^^v& 5NL Res& C"d& NJ^R -l&KIv2K: Carta de F+SC para 9oa1uim de 5ea )ei$eira :L de Novembro de IJJI 5NL Res& C"d& NJ^R -l& IJOv& ..................... 469 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Sousa Coutin.o onde se tratava de pcr em pr8tica um novo modelo colonial& #ra portanto um .omem para 1uem todo o discurso sobre a civili(ao a distino entre Sociedade e 5arbaridade a -uno da a!ricultura e da ind3stria na construo de uma vida comunit8ria seria um discurso -amiliar para o 1ual buscava uma materiali(ao& / seu discurso bate certo com de 08$imo 0a!al.es 1uando busca proteco para os naturais @pois assim o pede o direito da naturalidade e da ra(oY e a proteco da povoao e con1uistasY e 1ue se animem e no se des-avoream os seus -il.os e principalmente destas 1uase 78 sem %ovoadores 1ue vo decair sensivelmente em ru,na dela &&&A IR;O & Foi muitas ve(es incumbido de dili!ncias aos sert4es& /cupou o lu!ar de '7udante das /rdens de 9os* Honalo da C<mara& / crit*rio para escol.a -oi o -acto de ser natural de 'n!ola e estar em condi4es de e$plicar aos !overnadores os di-erentes re1uerimentos 1ue os @ori!in8riosA l.e -a(em na sua l,n!ua pr"priaA IRI; & Note2se 1ue toda a sua -ormao * -eita em 'n!ola se!undo novos conceitos de educao para servir -ins da administrao pombalina& #m IJNR 78 * cavaleiro %ro-esso da /rdem de Cristo IRII & ' -am,lia %in.eiro de Lacerda instalou2se em Luanda na se!unda metade do s*culo G6+++& %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda IRI: veio de!redado do 5rasil& ?uando c.e!ou a 'n!ola o seu curriculum 78 estava preenc.ido pelas campan.as do sul na 'm*rica& De-ine2se a si mesmo como um @soldado das con1uistasA disposto a percorrer as praas do +mp*rio& Casou na cidade de Luanda sendo pai de um outro militar importante nesta con7untura F*li$ Gavier %in.eiro de Lacerda& Sabia @e$celentemente de Forti-icaoA estudara a cincia da artil.aria e a arte de bombeiro no 5rasil& #sse estudo @&&& e a Lon!a #$perincia&&&A .abilitaram2no acerca das re!ras dos desen.os e constru4es da 'r1uitectura 0ilitar e do servio de +n-antaria& %articipou nas principais !uerras da *poca ali8s como 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es de 1uem -oi compan.eiro de armas& %articipa na !uerra do 5ailundo IJJ^2IJJK como tenente comandante de artil.aria& Foi @con1uistadorA da ?uissama em IJNR& Fe( parte da 9unta de Huerra do 0ossulo em IJO;& Durante o !overno de D& 0anuel 'lmeida e 6asconcelos o seu nome e o do seu -il.o vm IR;O Carta de 'nt"nio de 5ea )ei$eira RI de 0aro IJNR 'HU C$& KK Doc& R^& IRI; #m IJNR estava re-ormado& IRII Sentena de 7usti-icao c,vel ^ de 'bril de IJNR 'HU C$& KK Doc& RK& IRI: /-,cio do !overnador 9os* Honalo da C<mara para 0artin.o de 0elo e Castro 'HU C$& K^ Doc& ::Y 'HU C$& JJ Doc& I^Y Corra + p& ^NY @)ermo da 9unta de HuerraA Luanda O de 'bril de IJO; 'HU C$& K; Doc& I @%rocesso da Huerra do 0ossuloAY I: de 9aneiro de IJNR 'HU C$& KK Doc& ^Y 2arias )o#oens a respeito de 1enguella e Angola IJO: 'HU C$& JJ Doc& NK& ..................... 470 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola indicados no !rupo de .omens de con-iana do !overnador capa(es de asse!urar um desempen.o isento E @Com a boa -rente 1ue -a( aos o-iciais 1ue ele sabe terem2se distin!uido em valor e aptido ao servio tem movido bastante emulao aos outros e se pode esperar portanto 1ue as nossas 'rmas se7am -eli(es em 1ual1uer aco a -im pela disposi4es de um to inteli!ente C.e-e como por1ue ele a con-iar8 de pessoa de sua escol.a conceito e pr*stimo con.ecido de 1ue 'n!ola no est8 destitu,daY por1ue alem de %aulo 0artins a 1uem S& 0 de com tanta 7ustia premiou com o %osto de CoronelY est8 seu -il.o Capito e Comandante do mais importante Corpo da 0il,cia da1uele #stado 1ual * o da 'rtil.aria rapa( intr*pido amante do servio e muito pratico da Huerra do ne!roE #u tive o !osto de o ver manobrar com o seu corpo assim no e$erc,cio de pea de Campan.a como no de mural.aY e posso certi-icar a 6& #$&p 1ue ainda o no vi -a(er mais certo e r8pido em parte al!uma&&&A&No campo da produo liter8ria constitui um dos casos mais si!ni-icativos pela sua sensibilidade etno!r8-ica& / te$to da )otWcia da Cidade de / 7ilipe de 1enguela e dos Costumes dos gentios -abitantes daquele serto IRIR -oi considerado por H& 0& C.ilds como a aluso .ist"rica mais si!ni-icativa estrutura social dos /vimbundo IRI^ & 'percebe2se da import<ncia da criao de !ado na or!ani(ao da estrutura social e * capa( de re-erir os seus usos rituais nessas sociedades 1uando descreve 1ue no @comem dele f!adog a carne e s" * para V&&&W ir criando !rande n3mero em 1ue consiste a sua ri1ue(a e ostentaoA& / 8pice desta ostentao vem mencionado e$plicitamente na ocasio dos -unerais 1uando o !ado morto era consumido nas cerim"nias rituais e depois as suas ossadas dispostas em cemit*rios ao lon!o dos camin.os T @oratrios -eitos com partes do boiA& D8 portanto lu!ar ideia de ri1ue(a como ostentao por oposio noo europeia de ri1ue(a como acumulao e conse!ue transmitir todas essas ideias num te$to onde se recon.ece uma narrativa @antropol"!icaA a$ant la lettre IRIL & 'l*m disso apresenta uma descrio do processo de eleio de al!uns sobas do serto de 5en!uela s" compar8vel s narrativas dos via7antes do -inal do s*culo G+G& )rata2se portanto de uma descrio pinoneira e por isso mesmo isolada no tempo& Na 4emria sobre a conquista da <uissama descreveu o m*todo tradicional para a -abricao do sal e aludiu ao uso de pedras de sal como moeda corrente em todo o serto IRIR Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& IRI^ C-& C.ilds Umbundu kins-ip p& IJ& IRIL Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& ..................... 471 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola de 'n!ola IRIK & )amb*m ele escreve directamente a 0artin.o de 0elo e Castro para pedir um .8bito IRIJ & F*li$ Gavier %in.eiro de Lacerda distin!uiu2se pela produo carto!r8-ica& So da sua autoria a %lanta )opo!r8-ica do %ais do 0ar1us do 0ossuloAY e a @%lanta de uma parte do pa,s do 0ossuloA IRIN Vvide Hrav& OW ' -am,lia 0onteiro de 0orais instalou2se em Luanda antes de IJ^;& 9oo 0onteiro de 0orais nasceu em Lisboa& Homem de con-iana de 9oo 9ac1ues de 0a!al.es ocupou uma posio c.ave na transio da primeira para a se!unda metade do s*culo G6+++& Foi no !overno de 'n!ola ao mesmo tempo uma -i!ura da continuidade e da ruptura capa( de inte!rar e pro7ectar directivas diver!entes das precedentes& 'parece indicado pelo 0ar1us de %ombal para )utor e Curador dos Ne!ros IRIO & %ode ser considerado uma das -i!uras mais importantes da *poca a merecer elo!ios em v8rios momentos pelos !overnadores por ser o o-icial mais capa( 1ue estava no reino de 'n!ola IR:; & Se!undo 'nt"nio de 6asconcelos os 0onteiro de 0orais seriam @ a principal -am,lia da terraA IR:I & 'preciao 1ue no pode dei$ar de -a(er pensar na competio e ou -ormas de aliana entre esta nova -am,lia de Luanda e as anti!as a 1ue 78 me re-eri os 0atosos e 'ndrade C<mara& 0as sobre essa mat*ria as not,cias so nulas embora a altern<ncia destas -am,lias nas posi4es de maior prest,!io se ten.a veri-icado& Z assim 1ue em IJKI sendo 0anuel 0atoso re-ormado do posto de Coronel do Re!imento de +n-antaria de 'n!ola era nomeado em sua substituio outro nome reputado na terra 9oo 0onteiro de 0orais IR:: & 'tin!iu a patente de )enente Coronel e -oi re-ormado em IJN: IR:R & Faleceu em I de 0aio de IJNR& ' sua -aceta liter8ria vem atestada em v8rios momentos& / Conde da Cun.a descreve2a com precisoE @* su-icientemente instru,do assim na sua pro-isso militar como na lio das belas letras 1ue escreve muito bem e sabe o 1ue di( 1ue * de um IRIK Lima ,nsaios sobre a ,statWstica Livro +++ %arte + p& :L IRIJ Carta de %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda para 0artin.o de 0elo e Castro :O2N2IJN: 'HU C$& KL Doc& N;& IRIN ++C) C#HC'& IRIO Parecer 'HU C"d& LLL -l& L;2L;v& IR:; /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos O de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :N& IR:I Relat"rio de 'nt"nio 6asconcelos :J de 0aio de IJLO 'HU C$& ^: Doc& J:& IR:: 'HU C&U& C"d&R Decretos de Nomeao -l& IRO Doc& : IR de Novembro de IJKI& IR:R /rdem r*!ia R de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc&R:& ..................... 472 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola procedimento o mais e$emplarA IR:^ & #lias 'le$andre da Silva Correia indica2o como sendo @assa( instru,do em 5elas LetrasA IR:L & )amb*m ele * um dos autores do Cat'logo dos Mo$ernadores de Angola& ' import<ncia dessa obra merece uma re-erncia e$pl,cita de 0i!uel 'nt"nio de 0eloE k-oi su7eito curioso e dei$ou escrito .um abreviado Catalo!o Cronol"!ico e Hist"rico dos Hovernadores deste Reino desde %aulo Dias de Novais at* 'nt"nio de 6asconcelos isto * desde o ano de ILJ^ at* o de IJK^ IR:K & 9oa1uim 0onteiro de 0orais IR:J * natural da cidade de Luanda -il.o do coronel 9oo 0onteiro de 0orais -oi um dos .omens de con-iana de Sousa Coutin.o& 'ssentou praa em IJK^ e consta como @um dos trs primeiros partidistas da 'ula de Heometria e Forti-icao instalada pelo ilustr,ssimo Hovernador Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o sendo dela Lente e Sar!ento2mor de +n-antaria com e$erc,cio de en!en.eiroA IR:N & %articipou nas Novas Con1uistas mais particularmente na de Novo Redondo IR:O & Como en!en.eiro dei$ou a sua marca na pro7eco e edi-icao de muitas -ortale(as Vpor e$emplo em 5en!uelaW& #m correspondncia com Sousa Coutin.o 1ue l.e estipulara o dever mandar uma descrio dos seus trabal.os encontram2se detal.es t*cnicos e relativos aos materiais de construo IRR; & Distin!uiu2se acima de tudo como cart"!ra-o e ar1uitecto militarE desen.o e construo da -ortale(a de 5en!uelaY desen.o e construo do -orte de Novo RedondoY desen.o de uma carta da costa de 'n!ola em colaborao com 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es e o Sar!ento2mor 9oa1uim 9os* Cipriano dos Santos IRRI & 0anuel 'nt"nio )avares natural de Lisboa assentou praa de soldado voluntariamente em IR2;K2IJK^Y no mesmo ano passou para cabo de es1uadra e sar!entoY em IJKL c.e!ou a al-eresY e -inalmente Capito de +n-antaria do Reino de 'n!ola& %erdeu dois -il.os em 'n!ola& Foi Lente de Heometria @#m como por ter dado provas claras de IR:^ %arecer de Xlvares da Cun.a O de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :N& IR:L Corra ++ p& J^& IR:K Carta de Dom 0i!uel 'nt"nio de 0elo L de 9un.o de IJON AA vol&+ nQI IORR s&pp& IR:J %rocesso de 9oa1uim 0onteiro de 0orais : de 9aneiro de IJNR 'HU C$& KK Doc& I IR:N Carta de 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es N de '!osto de IJNR 'HU C$& KK Doc& NN& IR:O %etio e processo correlacionado de 9oa1uim 0onteiro de 0orais 'HU C$& KK Doc& I : de 9aneiro de IJNRY Correa ++ p&RJ& IRR; Sobre a construo da -ortale(a de 5en!uela discutia2se 1ue podia ser de adobe uma ve( 1ue se destinava a resistir aos a-ricanos mas 1uanto ao risco devia ser lanado com toda a per-eio e 'rte para 1ue se em al!um tempo a 1uisessem revestir de pedra poderem !overnar2se pelo seu risco sem dependncia de novo en!en.eiro 5NL Res& Cod& N^JR -l& I;v2II Luanda O de Setembro de IJKO& IRRI 'HU C$& KK Doc& I : de 9aneiro de IJNR e Doc& NN N de '!osto de IJNR& ..................... 473 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola uma aplicao admir8vel e de um en!en.o particular para a cincia da Heometria pelo pro!resso 1ue -e( e a virtude com 1ue praticou voluntariamente o constitui Lente de Heometria x 1ue desde o dito Dia continuou no Real servio da dita %raa de '7udante at* K de '!osto de IJKN 1ue passou para Capitam de +n-antariaA& Serviu assim de mestre de 'ula de Heometria e Forti-icao se!undo uma atestao de Sousa Coutin.o& )er8 sido o primeiro o-icial a introdu(ir inova4es militares de acordo com os novos re!ulamentos ensinando todos as recrutas IRR: & Se!undo o 5aro de 0o<medes um @o-icial modernoA 1ue con.ecia a arte militar e a !uerra @Ppelo curso da Heometria e Lio dos principaes 'utoresA IRRR & Desde IL de 'bril de IJKN 1ue trabal.ando com outros desen.ou as cartas de todas as costas do Reino de 'n!ola& Na -8brica de -erro de Nova /eiras re!ulou a sua construoY mediu e redu(iu a cartas todos os terrenos rios e matos 1ue a serviam IRR^ & %articipou com 'lbano Caldas e dois en!en.eiros Lu,s C<ndido Cordeiro e 9oo %edro 0i!ueis em servio no reino de 'n!ola nas e$perincias 1ue se -i(eram da -8brica de p"lvora& #m IJJO era promovido a tenente2coronel& Com a patente de Coronel comandou o e$*rcito 1ue em IJO; -e( a Huerra do Norte contra os sobas ?uin!uen!o e Namboan!on!o sob as ordens do 5aro de 0o<medes 1ue veio a revelar2se numa vit"ria para os Dembos e na desero das tropas coloniais IRRL & Na se1uncia desta !uerra -oi2l.e instalado um comple$o processo militar de 1ue -oi declarado inocente& )amb*m ele escrevia a 0artin.o de 0elo e Castro assinando2se @o mais .umilde e reverente criadoA IRRK & %ede para se retirar para o reino em IJNR e em IJN^ para se retirar para a 'm*rica& #le * um dos autores do Cat'logo dos go$ernadores de Angola IRRJ & )odas estas persona!ens tm em comum um percurso uma -ormao e ainda o -acto de serem autores de cartas !eo!r8-icas e de te$tos liter8rios 1ue tm como ob7ecto o IRR: 'testao passada por 9oo 0onteiro de 0orais :J de 'bril de IJOR 'HU C$& JN Doc& K; -l& I:2v& IRRR 'testao do 5aro de 0oamedes "bidem -l&:^& IRR^ 5NL Res& Cod&N^JR -l& I;v2II Luanda O de Setembro de IJKOY 'HU C$& K^ Doc& I^ :N de 'bril de IJNIY 'HU C$& LR Doc& K: I: de Setembro de IJKOY "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: art& O;& 'HU C"d& ^J: -l& I& IRRL %rocesso sum8rio de testemun.as sobre o comportamento 1ue teve o e$2coronel 0anuel 'nt"nio )avares na campan.a de IJO; 1ue comandou contra o rebelde Nambo 'n!on!o ?uin!uen!o Lundo e seus 'liadosY 'HU C$& JN Doc& K; :J de 'bril de IJOR& IRRK Carta de 0anuel 'nt"nio )avares para 0artin.o de 0elo e Castro 'HU C$& KK Doc& IR IK de Fevereiro de IJNR& Carta particular de 0anuel 'nt"nio )avares 'HU C$& KO Doc& ^K I^ de Novembro de IJN^& IRRJ C-& 0iller e ).ornton @/ Cat8lo!o&&&A IL& ..................... 474 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola espao e as realidades conotadas com a col"nia de 'n!ola& Nas pr"$imas p8!inas ser8 nessa produo 1ue me vou deter& 1$.:. U- )3#0" @/) ) #!&) (3&"(/01" () /- '";" ,#-3" ,/4%/). 1$.:.1. A'+"4)') ) !&#A4i," '# ,"'%&/01" (# -)-=&i# () A'+"4#. Na construo de uma mem"ria da col"nia de 'n!ola participam os an!olenses e os bras,licos& 's cate!orias e$i!em clari-icao& Sobre os an!olenses 78 me detive de 1ual1uer maneira num e noutro caso entende2se os naturais de cada uma destas col"nias ou nelas radicados 1ue circulam no espao atl<ntico entre um e outro continente& Utili(ar os voc8bulos @brasileirosA e @an!olanosA remete para um pressuposto de #stado2Nao 1ue est8 desade1uado ao tempo e ima!em 1ue de si pr"prios tm estes persona!ens& No caso do 5rasil a 1uesto est8 mais debatida& @%ortu!ueses 'mericanosA * uma e$presso comum nas -ontes Vv&!& #lias 'le$andreW e presente tamb*m na literatura .istorio!r8-ica& 'li8s a valori(ao do espao e do mundo americano e o seu papel na estruturao da narrativa -oi 78 assinalado IRRN & No campo da construo da mem"ria mesmo 1uando ela -oi or!ani(ada a partir do Reino de %ortu!al 'n!ola e 5rasil Vas v8rias @'n!olasA e os v8rios @5rasisAW so pensados como comun!ando de e constituindo at* um espao comum onde o 'tl<ntico * ao mesmo tempo passerelle (ona de tr<nsito e o pr"prio ne$o da complementaridade entre estes dois mundos& Lui( Felipe de 'lencastro na sua tese acerca da @-ormao territorialA do 5rasil e$plicou2o ao lon!o de v8rias p8!inas& 0as as e$press4es no se cin!em ao plano da !eo!ra-ia comercial nem se1uer se!uem apenas a direco da 'm*rica& 'n!ola * visada e inclu,da numa particular !eo!ra-ia da mem"ria& ' prov82lo est8 o car!o de @cronista do #stado do 5rasilA institu,do em IKKI a 1uem cabia a insero da narrativa .ist"rica de 'n!ola na .ist"ria do 5rasil IRRO & ' participao de indiv,duos li!ados ao ambiente cultural brasileiro -ica bem patente em dois casosE #lias 'le$andre da Silva Correia e 5as,lio da Hama& IRRN 6<nia %in.eiro C.aves O &espertar do Mnio 1rasileiro p& IN;& IRRO %ara o e-eito previa2se a participao da C<mara de Luanda no pa!amento dos .onor8rios do mesmo cronista& C-& Cris Dantor &e ,squecidos p& :R& ..................... 475 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola / caso de #lias 'le$andre da Silva Corra * a todos os t,tulos paradi!m8tico uma ve( 1ue se trata de um militar com li!a4es ao Rio de 9aneiro e 5a,a IR^; 1ue c.e!a a 'n!ola em servio e recol.e no local a in-ormao necess8ria a uma e$posio .ist"rica& ' sua .istria de Angola tem sido ol.ada como -onte narrativa de !rande valor para o con.ecimento da .ist"ria de 'n!ola no s*culo G6+++& Z2o sem d3vida mas mais do 1ue isso ob7ectiva uma li!ao a uma elite intelectual colonial sediada na 5a,a& #lias 'le$andre * -il.o bastardo de 9os* 0ascaren.as %ac.eco %ereira de 0elo -undador da 'cademia dos Renascidos a 1ue se deve um pro7ecto .istorio!r8-ico de recomposio da .ist"ria do 5rasil com um percurso 1ue inclu,a a 'cademia de Hist"ria academias espan.olas e a Universidade de Coimbra V7urisprudncia can"nicaW IR^I & ` e$cepo de dois importantes te$tos de 08rio 'nt"nio IR^: e de al!umas observa4es de Francisco Soares IR^R
pouco se tem -risado este v,nculo a uma academia colonial -undada na 5a,a directamente inspirada na ideolo!ia das Lu(es e vocacionada para a produo da Hist"ria do 5rasil como mostrou Cris Dantor IR^^ & #ste caso de produo .istorio!r8-ica resulta do advento e consolidao de um novo campo intelectual a partir da se!unda metade do s*culo G6+++ 1ue visa a construo de ob7ectos .ist"ricos e para isso -i$a t*cnicas consensuais IR^L & #m v8rios passos da obra de Silva Corra essa marca se evidencia atrav*s de uma @e$posio met"dicaA or!ani(ada em cap,tulos e pe1uenos sub2cap,tulos numa escrita clara IR^K & Se bem 1ue o n3cleo duro da obra incida sobre a sociedade de Luanda e as ac4es de !uerra com descri4es preciosas e$iste lu!ar articulao de elementos importados da tradio oral a-ricana& Captados no terreno esses in-ormes sobre a Efrica Angolense -oram transportados para esta narrativa em absoluto acad*mica do ponto de vista -ormal e inscreveram2se inscrevendo nela o ambiente e as componentes das culturas a-ricanas& 's opini4es sobre a escravatura T @atraso 1ue os -erro da escravido -omentam surdamente IR^; Sobre as d3vidas acerca do local e data de nascimento vide 08rio 'nt"nio @` sombra&&&A p& ROL& IR^I +dem "bidem pp& ROR e ss& IR^: 08rio 'nt"nio @Hist"ria de 'n!ola de #lias 'le$andre da Silva CorraA 3eler pp&:;O2:R:Y e @` sombra do 0ar1us de %ombal T um !rande acto de luso2a-ro2brasilidadeA "bidem pp& ROR2^;K& IR^R Francisco Soares )otWcia da (iteratura pp& J;2JI& IR^^ '!radeo a Cris Dantor as conversas 1ue mantivemos sobre este universo das academias coloniais e tamb*m o -acto de me ter proporcionado a leitura da sua tese& 6er trabal.os de Cris Dantor& IR^L Dantor &e ,squecidos a 3enascidos p& I^& +sabel 0ota estudou a constituio de um novo campo intelectual o campo .istorio!r8-ico atrav*s da 'cademia da Hist"riaY c-& 0ota A Academia cap&++& IR^K Corra vol& ++ p& ^O& ..................... 476 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola opulncia das Con1uistasA IR^J T a re-erncia e$pl,cita s Lu(es e os elementos -isiocr8ticos 1ue a, se insinuam situam esta obra na lin.a mais pura do academismo setecentista& Nada -ica de -ora& Dir2se2ia um .ist"ria total @!eom*tricaA capa( de abraar a nature(a do .omem as esp*cies minerais animais ve!etais na boa lin.a naturalista e todas as componentes da .ist"ria da col"nia& De angolenses tamb*m se -ala com o mesmo sentido 1ue o autor de intitula americano2portugu8s& 5as,lio da Hama autor do poema *pico O Uraguai estava como mostrou 6<nia %in.eiro C.aves inserido no ambiente anti27esu,tico e pombalino& 'li8s esse poema no s" consubstancia um mani-esto anti27esu,tico como cont*m uma apolo!ia do Conde de /eiras repetida em obras posteriores IR^N & ' po*tica do classicismo moderno ao re7eitar a ideia de 1ue a literatura estaria destinada a proporcionar o deleite atribui2l.e uma -uno social& # no s*culo G6+++ @a utilidade da obra liter8ria * -re1uentemente encarada como tare-a de divul!ao das Lu(esA IR^O & ' obra liter8ria * vista como a representao de uma ordem e realidade sociais 1ue e$istem e com uma -uno no avano do pro!resso& 5as,lio da Hama se!uindo os ensinamentos de 6oltaire tamb*m procura colocar na sua obra *pica a1uelas 1ue so as trs componentes ideol"!icas luso2brasileiras setecentistasE anti2 7esuitismo %ombalismo e brasileirismo& No s" a -i!ura de %ombal mas tamb*m a de Francisco Gavier de 0endona Furtado Capito2!eneral do Hro2%ar8 e 0aran.o sobressaem como autores na reali(ao de um novo 5rasil IRL; & ' invocao 1ue a1ui -ao da -i!ura de 5as,lio da Hama tem a ver com o -acto de ele tamb*m ter produ(ido um poema *pico para 'n!ola& #le * c.amado a colaborar na elaborao de uma *pica colonial 1uando o 5aro de 0o<medes 78 em Lisboa l.e encomenda um poema invocativo de 'n!ola atrav*s da -i!ura do capito2mor da !uerra preta Domin!os Ferreira da 'ssuno e para isso l.e disponibili(a in-ormao necess8ria& ' colaborao estreita entre o 5aro de 0o<medes e este capito pode ser atestada em v8rios passos da .ist"ria da col"nia de 'n!ola em particular na1uele 1ue se re-ere !uerra contra aos Dembos do Norte Vanteriormente tratadaW& 98 num processo da 9unta de Huerra envolvendo outras persona!ens o capito da !uerra preta sur!e envolvido numa certa IR^J Corra vol& + IJ: e ss& IR^N 6<nia %in.eiro C.aves O Ura!uaiA e a funda#o pp& RR2^^& IR^O "dem O &espertar do Mnio 1rasileiro p& ::;& IRL; Sobre tudo isto ver 6& C.aves O &espertar do Mnio 1rasileiro pp& ::; e ss& ..................... 477 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola misti-icao consa!rada ento neste poema o <uitXbia nome local de 1ue o mesmo capito usava IRLI & 'o contr8rio de / Uragua5 em <itXbia no * o territ"rio mas o .er"i da aco 1ue estrutura o poema& )udo convida a 1ue se estabelea um paralelismo com um outro poema *pico o CaramurX VLisboa Re!ia /-icina )ipo!ra-ica IJNIW obra em de( cantos sobre o descobrimento da 5a.ia da autoria de Fr& 9os* de Santa Rita Duro IRL: numa lin.a 1ue parece ser a da celebrao de novos .er"is IRLR & #sta mem"ria .ist"rica * a mem"ria colonial produ(ida para dar subst<ncia ideol"!ica a um pro!rama de dom,nio em X-rica& %or ela perpassam -ra!mentos dos v8rios discursos .ist"ricos dos v8rios reinos a-ricanos veiculados pela tradio oral& %or*m esses pedaos da mem"ria a-ricana so meramente residuais na !rande narrativa colonial di-icilmente !an.am autonomia e sobretudo so inseridos para servir e consolidar uma ideia e uma pretenso e$"!enas de .e!emonia& 'inda se est8 lon!e do interesse vivo pelas culturas a-ricanas caracter,stica da primeira !erao liter8ria an!olana disseminada num 7ornalismo bril.ante -eito por a-ricanos IRL^ & 1$.:.$. A e!plos"o () /-# 3&"(/01" 4i%)&J&i# ) ,#&%"+&J5i,#. / Cat'logo dos Mo$ernadores de Angola obra escrita a v8rias mos .erdeira da aspere(a da oralidade mas tamb*m capa( de convocar a ele!<ncia das academias * prova de 1ue Luanda constitui neste per,odo ponto para no l.e c.amar centro de produo liter8ria certamente distante de uma !rande literatura mas ainda assim su-icientemente viva( para verter peas te$tuais ade1uadas a dar not,cia da .ist"ria e coro!ra-ia de um espao em construo e sobretudo a dar not,cia de uma viso local da e$perincia colonial& Como se viu atrav*s das bio!ra-ias 1ue se apresentaram em .istrias de $idas para a -istria de um tempo os seus autores eram militares de carreira directamente li!ados ao poder do !overnador uns oriundos de anti!as -am,lias de Luanda outros -il.os de -am,lias IRLI '!radeo 'na %aula )avares o ter2me dado a con.ecer o te$to& 6ide a publicao cr,tica do poema em @?uit3biaA Actas do Congresso "nternacional GDD anos da (Wngua Portuguesa no 1rasil, Zvora 0aio de :;;; Vno preloW& IRL: 9anaina 'mado @Le 5r*sil un paBs sans m*moirenA Pour l*.istoire du 1rsil.ommage I Qatia 4attoso %aris LUHarmattan :;;; p&J:2JR& IRLR D&R&Curto @'s pr8ticas&&&A p& ^LL& IRL^ C-& 0& 'nt"nio A /ociedade angolana do fim do sculo L"L e um seu escritor Luanda #ditorial N"s IOKI pp& O e ss& ..................... 478 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1ue nesta se!unda metade de setecentos se instalaram em Luanda e a, or!ani(aram !erao& Z de -acto uma elite intelectual capa( de produ(ir uma nova literatura cu7o ob7ecto * a pr"pria .ist"ria da col"nia de 'n!ola& 0iller e ).ornton 78 apontaram nesta direco 1uando se re-eriram a uma certa e-ervescncia cultural luandense especialmente uma @lon!a e vi!orosa tradio de escrita local centrada em Luanda IRLL & ?ue em Luanda e$istiam condi4es intelectuais para o sur!imento de uma literatura de tipo pan-let8rio pelo menos -ica provado por a1uilo a 1ue se pode c.amar uma va!a pan-let8ria contra o !overnador e o 7ui( de -ora por parte de outros o-iciais r*!ios assim como da -am,lia dos 0atosos Vcu7os membros ocupavam patentes militaresW e a 1ue a documentao a v8rios passos apelida de @Despac.o sat,rico e di-amat"rioA IRLK & ' e-ervescncia intelectual * mais si!ni-icativa do 1ue isso& Sem cair em leituras teleol"!icas vale citar o concurso liter8rio 1ue teve lu!ar em Luanda no ano de IK:; sob o incentivo da Compan.ia de 9esus e do ento Hovernador de 'n!ola a1uando dos -este7os de canoni(ao de So Francisco Gavier e 1ue -e( conver!ir v8rios poetas na comemorao comum de um tema& Do corpo dos participantes no -estival -a(ia parte o pr"prio !overnador Lu,s 0endes de 6asconcelos e embora as mani-esta4es liter8rias se re-erissem a um marco 1ue era uma -i!ura do +mp*rio a presena de outros poetas d8 prova da e$istncia de uma mem"ria luandense capa( de reter e reprodu(ir acontecimentos 1ue per-a(iam um s*culo IRLJ & 0as a s,ntese mais acabada desta articulao entre uma mem"ria escrita !uardada nos ar1uivos de #stado com uma tradio oral !uardada e transmitida no seio da populao colonial e sua circulao sob a -orma de manuscritos copiados por v8rias mos e devolvidos aos seus leitores com novas inter-erncias e al!uns erros * -ornecida por D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo VIJONW a prop"sito do Cat'logo dos Mo$ernadores de AngolaE IRLL ).orntonY 0iller @' cr"nica como -onte&&&A pp& O2LL sobretudo pp&I;2II& IRLK Carta do 7ui( de -ora 'nacleto 9os* da 0ota :I de '!osto de IJN: 'HU C$& KL Doc& KO& IRLJ Sobre estas comemora4es vide 08rio 'nt"nio @Feste7os pela 5eati-icao do %&e Francisco Gavier em Luanda VIK:;W in 3eler Africa&&& pp& ^L2KJ& ..................... 479 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola @De tudo isto f.ist"ria da col"nia de 'n!olag ac.ar8 6& #$p provas nos ar1uivos dUeste estado e na tradio 1ue se conserva dos sucessos passados entre os seus actuais moradores V&&&WA IRLN & @/ dito Catalo!o fdos Hovernadores de 'n!olag corre manuscrito e as copias 1ue dele ten.o visto se ac.am bastantemente viciadas com erros dos Copistas alem de al!uns descuidos em 1ue o 'utor caiu talve( por no ter mais abund<ncia de livros com 1ue pudesse apurar mel.or diversas noticiais 1ue d8 dos su7eitos de 1uem escreve& )odas as 1ue se encontram na obra de 9oo 0onteiro de 0orais -oram tiradas umas de nossos Historiadores impressos outras de tradi4es 1ue ele a1ui ouviu e 1ue passam por boas e anti!as e outras -inalmente de Documentos 1ue ainda pcde ver mas 1ue .o7e 78 no aparecemA IRLO
/ caso paradi!m8tico de produo liter8ria em Luanda corresponde portanto ao Cat'logo dos go$ernadores de Angola 1ue parece apro$imar2se da1uilo 1ue 9& 6ansina apelidou de @!roup accountsA tradi4es orais manipuladas por v8rios autores a-inal mem"rias orais de um !rupo neste caso parcialmente -i$adas por escrito capa(es de dar testemun.o da identidade desse mesmo !rupo IRK; & ' isto se acrescenta 1ue para o per,odo em estudo e depois de percorrer um !rande volume de documentao -oi2me poss,vel constatar a ocorrncia de @mem"riasA ou @in-orma4esA muitas ve(es an"nimas 1ue sem serem produ(idas na se1uncia de uma encomenda estadual mas ao 1ue tudo indica a t,tulo privado reportam a uma descrio de 'n!ola e 5en!uela nos seus aspectos .ist"ricos !eo!r8-icos coro!r8-icos administrativos comerciais e tamb*m naturalistas atrav*s de sistemati(a4es de plantas ou minerais& %rocurei identi-icar cada uma delas e inventari82las IRKI para 1ue possam ser ol.adas no s" como -ontes .ist"ricas mas tamb*m en1uanto peas te$tuais aut"nomas como ob7ectos de re-le$o liter8ria 1ue estimadas no seu con7unto do sinal de uma vitalidade intelectual local e de um interesse na investi!ao e produo de um saber colonial a-ricanista capa( de con-i!urar e sedimentar na mem"ria escrita a mem"ria colonial passada de !erao em !erao& ' impossibilidade de identi-icar al!uns dos seus autores limita conclus4es 1ue pudessem apontar a uma .ist"ria social da cultura& Na sua maioria trata2se dos militares de carreira com .abilita4es de en!en.eiro dispondo dos instrumentos intelectuais 1ue l.es permitem IRLN D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo @Relat"rio do Hoverno&&&A 1/M( Lps*rie INNL p& LLJ& IRLO Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo L de 9un.o de IJON AA vol&+ nQI IORR s&pp& IRK; 9& 6ansina Oral tradition p&IO& IRKI 'HU C$& JO Doc& KK& ..................... 480 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola elaborar com preciso descri4es !eo!r8-icas 1uanti-icar e em al!uns casos c.e!ar a uma compreenso @etno!r8-icaA com todas as limita4es 1ue a palavra me merece uma ve( 1ue toda a descrio de outros povos se encontrava perpassada pelos preconceitos de civili(ao/barb8rie& De 1ual1uer -orma al!umas peas encerram 78 uma sensibilidade etno!r8-ica muito -orte e constituem as primeiras not,cias s"lidas sobre as (onas mais remotas onde sobressai o sul de 5en!uela& Z o caso da mem"ria de %aulo 0artins %in.eiro de Lacerda citada mais adiante& #stes te$tos noticiam um conte$to -avor8vel produo de uma mem"ria da col"nia e mais parecem constituir uma -i$ao de um con.ecimento luandense acerca da .ist"ria da col"nia e dos seus recursos naturais& #m al!uns casos a apreenso total do espao de 'n!ola e 5en!uela * abarcado& ' apreenso espacial -a(2se em relao a um todo 1ue s" passa a ser poss,vel a partir desta *poca& ' necessidade de @arredondar 'n!olaA atrav*s de uma instalao territorial em novos moldes -oi complementada por uma apropriao intelectual& )amb*m o discurso administrativo ou memorialista arredonda intelectualmente uma ideia de 'n!ola para a devolver em lin.as de coerncia aos seus leitores& '-onso 0endes Caderno que trata das er$as, raW%es e outras cousas que se tem descoberto no /erto do 3eino de Angola, com $'rias $irtudes, que o /argento6 4or Afonso 4endes, por sua curiosidade, foi escre$endo IRK: Xlvaro de Carval.o e 0atoso Produtos medicinais de que usam os -abitantes da Efrica Ocidental, principalmente os de Angola e seus sertKes IJN^ IRKR
D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo V!overnador de 'n!olaW IRK: k& 5NL 7M C"d& K^OK& %ublicado por Ruela %omboE k0edicina tropicalk &iogo Co : I; VIOR^W :OJ2R;^ e R : VIORLW RJ2^NY Angola 4edicina "ndWgena antiga Caderno que trata dos paus, er$as, raW%es, cascas e leos $egetais e animais, que ser$iam em Angola para curar certas e determinadas doen#as escrito pelo /argento6mor Afonso 4endes F(eitura reser$ada a mdicos e farmac8uticosH separata da revista kDio!o Cok Lisboa IORL& IRKR %ubl& in Lu,s de %ina )otas para a 4edicina indWgena angolense no sculo L2""" Sep& k5oletim Heral das Col"niask n&Q ILI Lisboa IORN pp& O2IJ& ..................... 481 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Acerca do 1reu, da 3esina, do ,n+ofre e dos Usos 4dicos que, por constantes e bem pro$adas e+peri8ncias, t8m determinados /Wmplices L de 9un.o de IJON IRK^ & Acerca das &escobertas 4ineralgicas neste 3eino de Angola IO de Setembro de IJOO IRKL & 9oa1uim 9os* da Silva 3ela#o dos produtos naturais que pela /ecretaria de ,stado da 3eparti#o do Ultramar, $o remetidos ao 3eal Mabinete da ANuda, na 3eal 7ragata 4iner$a, em cumprimento das 3eais Ordens de /ua 4agestade, >@ de 7e$ereiro de >BCA >ASS
9oo 0onteiro de 0orais Cat-alogo C-ronologico e .istrico dos Mo$ernadores Va 1ue normalmente se c.ama Cat8lo!o dos Hovernadores de 'n!ola IRKJ W 0anuel 'nt"nio )avares Cat-alogo C-ronologico e .istrico dos Mo$ernadores >AS@
9oo %ilarte da Silva 3ela#o da $iagem que Too Pilarte da /ilua as Pra5as das 4acorocas, C de /etembro de >BBD IRKO
IRK^ AA vol& + IORR Doc& $iv& IRKL AA vol&+ nQI IORR& IRKK AA I ^ IORL Doc& viii& IRKJ / %adre 'nt"nio 5r8sio indica 9oo 0onteiro de 0orais como sendo o autor ori!inal de pelo menos a parte re-erente aos anos de IJRN a IJLN dispon,vel no manuscrito publicado pela 'cademia Real das Cincias de Lisboa& C-& ).ornton e 0iller @/ Cat8lo!o&&&A p& I:& 6erso mais anti!a -oi publicada pela 'cademia das Cincias de Lisboa ++ %arte do )omo +++ na @Coleco de noticias para a .ist"ria das na4es ultramarinas &&& @ Lisboa INK:& )e$to reimpresso nos AA Luanda R R^2RK IORJ pp& ^LO2L^O& IRKN "dem "bidem& IRKO AA vol&+ nQI IORR s&pp& ..................... 482 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 9os* 'lvares 0aciel 4emria sobre as minas de ferro de Angola >ABD
'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es 3elatrios F >BBA e >B@DH das e+pedi#Kes de recon-ecimento aos portos de Cabinda, 4olembo e (uango& Felisberto Caldeira 5rant %ontes 4emoria sobre a Comunica#o da costa Oriental com a Ocidental IRJI
%aulo 0artins %in.eiro de Lacerda 4emria sobre a conquista da <uissama IRJ: & )otWcia da Cidade de / 7ilipe de 1enguela e dos Costumes dos gentios -abitantes daquele serto IRJR & 6 &i'rio de Muerra, na campan-a contra o 4arqu8s do 4ossulo em IJO; IRJ^ & 'n"nimo "nforma#o bre$e sobre o terreno de que se compoem o reino de Angola, nomes das cidades, $illas, &estrictos e pre%idios, Mo$erno CW$el e 4ilitar IJOR IRJL & 'n"nimo IRJ; 9os* 'lvares 0aciel para D& Rodri!o de Sousa Coutin.o J de Novembro de IJOO 'HU 0inas Herais C$& O^ Doc& :;& IRJI AA vol&I nQI IORR s&pp& IRJ: Lima ,nsaios&&& Livro +++ %arte + p& :L& IRJR Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa da +mprensa Nacional IN^L pp& ^NK2^OI& IRJ^ 'H0 :p Diviso :p secco C$& I nQJ IJO;2IJOI& IRJL 'HU C$& JO Doc& KK& ..................... 483 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Apontamentos sobre di$ersos obNectos da administra#o publica de Angola IJOJ >ABS & 'n"nimo 2arias )o#oens a respeito de 1enguella e Angola IJO: IRJJ & Na documentao coli!ida re-erente aos en!en.eiros militares vem com -re1uncia mencionada a produo carto!r8-ica& %or ve(es de maneira 1ue * imposs,vel saber de 1ue carta se trata mas de 1ual1uer maneira as indica4es so -re1uentes& / caso paradi!m8tico 78 re-erido 1uando tratei separadamente a carto!ra-ia * o do mapa de 'n!ola de %in.eiro Furtado Vver !ravuraW primeira composio carto!r8-ica de um espao apro$imado do actual espao an!olano& Compar8vel * o desen.o de uma carta da costa de 'n!ola elaborado por 'nt"nio 08$imo de Sousa 0a!al.es o Sar!ento mor 9oa1uim 9os* Cipriano dos Santos e 9oa1uim 0onteiro de 0orais IRJN & )oda a carto!ra-ia de -ortes e -ortale(as de al!umas povoa4es plantas da -8brica de -erro mas tamb*m dos potentados a-ricanos Vve7am2se a cartas do pa,s do 0ossulo desen.adas por F*li$ Gavier %in.eiro de Lacerda IRJO W e espaos controlados pelas comunidades a-ricanas produ(ida em Luanda atesta a vivacidade de uma t*cnica de representao e de uma cultura pol,tica 1ue instrumentali(ando2a tem por ob7ecto a produo ideol"!ica da col"nia& Nada disto teria sido poss,vel antes da d*cada de IJK;& #$ceptuando o caso de Huil.erme 9oa1uim %ais de 0ene(es VIJL^2IJLNW 1ue esteve em 'n!ola 1uatro anos durante os 1uais produ(iu uma 1uantidade impressionante de mapas e plantas e cu7a aco se inscreve numa pol,tica di-erente 'n!ola estava desprovida de especialistas do desen.o carto!r8-ico& No es1ueamos 1ue em IJK; o !overnador declarava no poder mandar uma planta de #nco!e por1ue no e$istia no reino de 'n!ola en!en.eiro capa( de a desen.ar IRN; & IRJK R; de 'bril de IJOJ 'HU C$ NJ Doc& JL& IRJJ 'HU C$& JJ Doc& NK& IRJN 'HU C$&KK Doc& I : de 9aneiro de IJNR e Doc& NN N de '!osto de IJNR& IRJO @%lanta )opo!r8-ica do %ais do 0ar1us do 0ossuloA Vpost& IJO;WY 2 @%lanta de uma parte do pa,s do 0ossuloA VIJOIW ++C) Cartoteca R2C2^& IRN; /-,cio de '6 R de 9ul.o de IJK; 'HU C$& ^R Doc& L;& ..................... 484 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' c.e!ada de Huil.erme 9oa1uim %ais de 0eneses em 'n!ola abre esta nova -ase& Sar!ento2mor de in-antaria com e$erc,cio de en!en.eiro da corte de Lisboa e dos seus e$*rcitos -oi por destacamento para 'n!ola com o Conde D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a iniciando o desen.o carto!r8-ico da col"nia& #m 'n!ola demarcou os terrenos para os 1uart*is dos soldados do Re!imento de +n-antariaY acompan.ou o Hovernador 'nt"nio Xlvares Cun.a pelo serto at* ao rio Cuan(aY -e( plantas do rio Cuan(aY tirou a planta da Cidade de LuandaY a planta de N&S& do Cabo e S& Filipe do %enedoY a con-i!urao da parte in-erior da cidade de LuandaY a planta de todos as -ortale(as e -ortes e redutos da Cidade e marin.aY -e( trs pro7ectos de uma nova -ortale(a para o p* do -orte do %enedoY -e( a perspectiva da cidade desde a Fortale(a de N&S da Huia at* a +!re7a da S*Y e$aminou o trem da cidade de LuandaY planta do -orte de S& %edro de 0orro das La!ostasY manteve2se em 'n!ola no tempo de 'nt"nio 6asconcelos dei$ando2l.e plantas para se continuarem as obras de todas as -orti-ica4es IRNI & )odas estas cartas de 'n!ola -oram desi!nadas por Sousa Coutin.o com o pomposo nome de Atlas de Angola dando testemun.o do pro7ecto pol,tico 1ue l.e estava impl,cito& )raar uma entidade !eo!r8-ica met8-ora da ocupao e e$plorao do espao real produ(ia tamb*m uma entidade 1ue se 1ueria politicamente .omo!*nea e .e!em"nica& IRNI Saiu de 'n!ola a meio do !overno de '' em IJLN e se!uiu para o Rio de 9aneiro& ..................... 485 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %lanta I2-undia ..................... 486 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 487 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola P4#'%# $ 5/'(i01" ..................... 488 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 489 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %rov,ncia do mar1ues do 0ossulo ..................... 490 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 491 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %lanta da -ortale(a de NS da Na(ar* ..................... 492 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ..................... 493 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola PARTE V - Di3"i%i;" () +";)&'" 1:. U- )%/(" () ,#"8 " P&"9),%" (# F/'(i01" () N";# O)i&# @/ =elo(o Heneral content,ssimo com a remessa 1uis se!unda ve( ser testemun.a de novos ensaios esperando a concluso de .um mel.or e-eito vista dos preparativos desen.ados e constru,dos por .omens pro-essoresE a7udados com a insinuao de al!uns arti!os da ,nciclopdia Francesa relativos ao 0ecanismo do -erro 1ue -oram tradu(idosA Corra ++ p& RO& Na .ist"ria da Fundio de Nova /eiras VIJK^2IJJ:W intervieram dois -en"menos sociaisE a ma!ia e a t*cnica& ' primeira pode di(er2se di-erencia2se por uma intencionalidade 1uer di(er convoca uma entidade superior @obri!ando2aA a a!ir no mundo dos .omensY a se!unda di-erencia2se pela nature(a dos resultados visados e meios empre!ues para os atin!ir& 0as a ma!ia e a t*cnica acabam por no estar muito distantes uma da outra& ' ma!ia contrariamente reli!io 1ue opera no campo meta-,sico visa -ins concretos e laicos& Z acima de tudo uma arte de -a(er& Fa( com as palavras e os !estos mas tamb*m produ( e$perincias reais e at* descobertas& %or isso 0& 0auss conclui @&&& a .ist"ria das t*cnicas mostra2nos 1ue e$iste entre elas e a ma!ia uma li!ao !eneal"!ica& Foi at* pelo seu car8cter m,stico 1ue a ma!ia contribuiu para a -ormao das t*cnicasA& 'l!umas t*cnicas com um ob7ecto comple$o e uma aco incerta recorrendo a t*cnicas delicadas como a metalur!ia Vainda muito li!ada al1uimiaW no poderiam ter sobrevivido sem o apoio da ma!ia 1ue ao absorve2las l.es abriu a .ip"tese da sua durabilidade IRN: & / -acto de a Fundio de Nova /eiras ter sido constru,da em 'n!ola inscreve2a em dois processos distintos& No movimento de industriali(ao presente no Reino e nas restantes col"nias com um importante desenvolvimento na se!unda metade do s*culo IRN: )raduo a partir de 0arcel 0auss Henri Hubert ,squisse d*une t-orie gnrale de la magie %UF IO;:2IO;R pp& IR^2IRL& ..................... 494 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola G6+++ VIJK; com prolon!amento at* s primeiras d*cadas do s*culo G+GW -undamentado na aplicao de tecnolo!ias mais desenvolvidas no 1uadro do cientismo e do enciclopedismo& IRNR 0as por outro lado obri!a a 1ue se leve em conta uma anti!a tradio metal3r!ica a-ricana capa( de acrescentar ao pro7ecto outros si!ni-icados 1ue so si!ni-icados locais IRN^ & )al como aconteceu na .ist"ria da coloni(ao T e sobretudo na de X-rica onde o contin!ente demo!r8-ico local era 1uantitativamente superior ao do coloni(ador e capa( de o-erecer resistncia pol,tica e cultural T torna2se imposs,vel dispensar a considerao do pr"prio processo a-ricano por1ue ele * ao mesmo tempo o meio onde de produ( esta aco& ' tecnolo!ia do -erro era em X-rica uma tecnolo!ia milenar e os !overnadores de 'n!ola no dei$ariam de a considerar 1uando utili(aram como mo2de2obra especiali(ada os -erreiros tradicionais& IRNL & / 1ue se torna particularmente ori!inal e -ascinante na .ist"ria desta manu-actura * o -acto de ela assentar numa tentativa de articular os saberes end"!enos a-ricanos li!ados tecnolo!ia do -erro e ad1uiridos atrav*s do emp,rico com o saber europeu devedor do novo cientismo setecentista& 1:.1. O 3&"9),%" )/&"3)/ #m ri!or a F8brica de Ferro de Nova /eiras tem uma .ist"ria relativamente curta N anos VIJK^2IJJ:W * uma e$perincia r8pida mas * a e$presso mais conse!uida de um pro7ecto 1ue perpassa toda a se!unda metade do s*culo G6+++ e visa tornar 'n!ola um centro produtor de -erro capa( no s" de abastecer as necessidades an!olanas mas tamb*m do Reino de %ortu!al e do 5rasil IRNK & No !overno de Francisco +nocncio de Sousa IRNR %odem ser identi-icados trs surtos de industriali(ao no %ortu!al metropolitano o primeiro do -inal do s*culo G6++ desenvolvido a partir de IKJL como resposta crescente importao de arti!os industriais estran!eirosY o se!undo situa2se entre IJ:;2IJ^; com a -undao de manu-acturas nos sectores da seda vidro p"lvora couros e tamb*m -erro& #m IJ:K -oi criada uma nova -undio em Lisboa e levou2se a cabo a reor!ani(ao das -errarias de Fi!ueir" e )omar& / 3ltimo surto industrial * o pombalino a 1ue este trabal.o se re-ere a partir das d*cadas de IJK;2IJJ;& C-& 9or!e 5or!es de 0acedo Problemas da "ndXstria&&& passim Serro @/ 1uadro&&& pp& O;2OI& IRN^ 6er entre outros 0arie2Claude Dupr* 5runo %inon 4tallurgie et Politique en Afrique Centrale, deu+ mille ans de $estiges sur les plateau+ batk, Mabon, Congo, aaire %aris Dart.ala IOOJ IRNL ' primeira not,cia acerca do -erro an!olano -oi dada em IJLO por D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a 1ue no dei$ou de avanar com a ideia de rendibili(ar esse recurso numa -undio capa( de pcr -im s importa4es do reino e at* mesmo abastecer o 5rasil& /-,cio de D& 'nt"nio 6asconcelos IN de 9aneiro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& IN& IRNK 's necessidades do -erro prendem2se no s" com a artil.aria mas tamb*m com a pr"pria ind3stria do escravo por e$emplo a utili(ao do -erro na preparao dos barcos 1ue transportam os ..................... 495 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Coutin.o em IJK^ inicia2se a construo da Fundio de Nova /eiras IRNJ & ' Fundio * um empreendimento estatal preparado a partir de Lisboa IRNN & %elas duas plantas da -8brica apresentadas se pode veri-icar 1ue o pro7ecto inicial era muito mais ambicioso& / edi-,cio -oi pensado dimenso de JJ metros por LL m Vver planta Hrav& NWY en1uanto a -8brica tal como -oi constru,da -icou redu(ida dimenso de ^I metros por R; metros V $ide Hrav& N 'W IRNO & )amb*m os mecanismos .idr8ulicos para a movimentao dos -oles e dos martelos se viram redu(idos a 1uase metade do 1ue .avia sido previsto& No pro7ecto -inal manteve2se o corpo central da -8brica com os -ornos necess8rios para calcinao e -undio& 'pesar dessa reduo de dimenso o corpo central da -8brica manteve2se e !arantiu a laborao& # era de -acto um edi-,cio de !randes dimens4es& #m IJJ; a -8brica estava conclu,da com ma!ni-icncia& 'li8s 78 tin.am sido dispensados os I: pedreiros 1ue .aviam participado nas obras& Faltava apenas por em @movimento por mestres e oper8rios .8beis at* se se!urar o estabelecimento nos naturais e naturali(adosAY eram por en1uanto necess8rios mestres -ranceses alemes e biscain.os 1ue -oram recrutados pela corte de Lisboa para se!uirem at* 'n!ola& #stabelecer uma ind3stria do -erro em 'n!ola e$i!ia ar!umentos econ"micos v8lidos& 's amostras enviadas para o reino em IJKL permitiram atestar com base na opinio de 0i!uel Fran(ini e de 5u--on a elevada 1ualidade do min*rio an!olano IRO; & %ara o -erro an!olano e$istia mercado !arantido primeiro local as necessidades an!olanas Vnavios armamento etcW& 's condi4es m,nimas de auto2sustentao encontravam2se escravos& IRNJ ' primeira not,cia acerca do -erro an!olano -oi dada em IJLO por D& 'nt"nio Xlvares da Cun.a 1ue no dei$ou de avanar com a ideia de rendibili(ar esse recurso numa -undio capa( de pcr -im s importa4es do reino e at* mesmo abastecer o 5rasil& /-,cio de D& 'nt"nio 6asconcelos IN de 9aneiro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& IN& IRNN %or 'lvar8 de :; de Fevereiro de IKRJ a e$plorao do -erro .avia sido arrematada por uma particular ao Consel.o da Fa(enda sem !randes resultados& #ssa in-ormao -oi considerada nesta documentao C-& 'HU C"d& LLL -l&I& IRNO C8lculo -eito a partir do @petit piedA indicado nas plantas& IRO; "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -l& ::v2:RY 0em"ria sobre o estado em 1ue dei$ei a F8brica de Ferro IK de Setembro de IJJR AA, :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& INL& ..................... 496 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola reunidas IROI & # depois e$istiam os mercados brasileiro e metropolitano& 'n!ola apresentava2se como alternativa bastante v8lida para -a(er bai$ar os custos li!ados minerao do -erro& #m 3ltima an8lise o ob7ectivo seria -a(er de 'n!ola o mercado abastecedor do 5rasil IRO: & 0ais levantava2se a .ip"tese de o -erro de 'n!ola ser remetido para a Cndia com a -inalidade de comprar as especiarias e outros produtos orientais substituindo o ouro 1ue sa,a do Reino todos os anos para o #stado da Cndia IROR & ' re!io da +lamba Vlocalidade )rombetaW no -interland de Luanda o-erecia recursos muito ricos& )udo levava a crer 1ue a 1ualidade da mina cobrisse o custo do investimentoY e 1ue os custos mar!inais da produo pudessem ser tamb*m limitados& %ara isso era necess8ria a vi(in.ana de matas onde !raciosamente se pudessem recol.er len.as e a locali(ao 7unto aos rios de -orma a !arantir os transportes e tamb*m uma -onte de ener!ia .idra3lica capa( de mover os en!en.os dos martelos e dos -oles& #stas condi4es estavam reunidas para a -utura Fundio de Nova /eirasE a abund<ncia do -erro era testemun.ada pela cultura material local o rio Cuan(a Vnos seus a-luentes Lu,n.a e LucalaW permitia o transporte -luvial e as matas disponibili(avam a mat*ria combust,vel necess8rias -uso& ' ideia de manu-actura ou F8brica Vno sentido em 1ue o 2ocabul'rio de 5luteau de-ine o voc8bulo IRO^ W e$i!ia um espao onde se trabal.asse ha -8brica * a casa ou o-icina em 1ue se -abricam al!uns !*neros como os panos e os tabacos i assim como um con7unto de in-ra2estruturas subsidi8rias IROL & ' complementaridade entre o trabal.o na -8brica e a cultura dos campos supun.a uma produo proporcional de alimentos tanto mais 1ue note2se a -8brica empre!ou um lar!o contin!ente de .omens livres& %or isso o re!imento da -8brica previa 1ue a prestao de cada trabal.ador -osse intervalada com a IROI #m %ortu!al o -erro era importado da +n!laterra R3ssia e Su*cia& C-& Serro @/ ?uadro&&& p& OR& IRO: Sousa Coutin.o * da opinio de 1ue o mel.or * mandar -undir as peas de artil.aria de bron(e e -erro em 'n!ola para irem depois para o Rio de 9aneiroY nesse sentido observa2se a tentativa de al!uns comerciantes particulares de promover o ne!"cio do -erro para o 5rasilY mas esta transaco veio a revelar2se pouco -uncional por1ue os brasileiros pre-eriam o -erro da #uropa 1ue c.e!ava 78 em placas& IROR Carta de F+SC para 00C IN de '!osto de IJJ; FU% R2L2R2J %apeis do Hoverno de 'n!ola 0s& ^L -l& LN& IRO^ 5luteau 2ocabul'rio, verbete @-8bricaA& IROL +nstru4es 1ue deve !uardar o +ntendente Heral da F8brica V'nt"nio 'nselmo Duarte de Se1ueiraW I: de 9aneiro de IJKJ AA :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p&RL2^^ Y ver 9&5& 0acedo Problemas de .istria da "ndXstria P p& JR& ..................... 497 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pr8tica da a!ricultura& )amb*m para este -im D& +nocncio c.e!a a prever numa das mem"rias 1ue diri!e a D& Rodri!o a .ip"tese de comprar cerca de ^;; mule1ues VescravosW de ambos os se$os casados e estabelecidos na F8brica de -orma a empre!ar os .omens no trabal.o da -8brica e as suas mul.eres e -il.os no trabal.o a!r,cola IROK & De 1ual1uer maneira um dos t"picos mais relevantes do novo do pro!rama de coloni(ao cumpria2seE o do aproveitamento a!r,cola& Um !rande contin!ente de trabal.adores implicava tamb*m n3cleos .abitacionais capa(es de os acol.er& / recrutamento de trabal.adores IROJ e a sua or!ani(ao em torno do comple$o da -8brica al*m de necess8rio vin.a ilustrar e dar corpo a uma outra meta da administrao 78 a1ui tratada a promoo do povoamento civil do serto& 'ssinale2se mais uma ve( 1ue a -8brica -oi instalada numa das novas povoa4es inau!uradas na d*cada de IJK;& %revia2se 1ue na +lamba se -undasse a povoao de Novo 5el*m i!ualmente destinada edi-icao de uma -8brica mas como se viu 1uando a1ui se estudaram as novas povoa4es sobre Novo 5el*m -ica a saber2se pouco IRON & ' promoo dos casamentos entre brancos a sedentari(ao do povoamento e a promoo da a!ricultura colaborariam de todo o processo& ' !*nese de povoa4es li!adas produo do -erro abria a .ip"tese da -ormao de p"los de povoamento coloniais 1ue -u!iam repetio do padro do pres,dio e da -eira& ' -undao da povoao de Nova /eiras simboli(ava bem este es-oro e a de-inio de um distrito aut"nomo para a -8brica visava !arantir uma 8rea 7urisdicional aut"noma& 0ais importante a Fundio e$i!ia mo2de2obra& Desde lo!o mo2de2obra especiali(ada T -undidores Vos 1ue e$traem o -erro do min*rioW e os -erreiros Vo trans-ormador 1ue produ( os ob7ectosWY mas tamb*m a mo2de2obra no especiali(ada li!ada primeiro construo do pr"prio edi-,cio da -8brica e depois ao pr"prio processo da -undio ou aos transportes por e$emplo& +nteressa portanto a1ui e$plorar o problema da mo2de2obra especiali(ada ou no associado por sua ve( noo de produo e noo de trabal.o& De uma maneira !eral a re!io onde a Fundio se implantou -oi mobili(ada IROK Carta de F+SC para o Capito2mor de 5en!uela s&d& 5NL Res& C"d& NJ^R -l&I;:& IROJ #m conte$tos e *pocas anteriores o recrutamento de trabal.adores a-ricanos 7unto dos sobas destinados @obras reaisA suscitava dili!ncias atrav*s dos capites2mores ou de sar!entos2moresY Re!imento 1ue deve observar o sar!ento2mor 0anuel Correia Leito nas dili!ncias do servio de Sua 0a7estade 1ue * mandado -a(er na prov,ncia de 'mbaca :R de 9aneiro de IJLJ 'HU C$& ^: Doc& R& IRON "dem "bidem& ..................... 498 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola para -avorecer os seus -ins& #m IJJ; uma carta circular enviada aos capites de 0assan!ano 'mbaca Cambambe e aos 0ission8rios de 5an!o '1uitamba compelia2os a -ornecer para o servio da -8brica todos os meses a parte 1ue l.e -osse pedida pelo +ntendente IROO & /s trabal.adores pessoas livres pa!os com 7ornais I^;; eram recrutados localmente no Distrito delimitado em volta da Fundio& )odos os anos se tiravam rela4es e mapas dos seus .abitantes para se saber 1uem podia trabal.ar nas 0inas e F8brica de Ferro& #stava previsto um sistema de rotatividade para 1ue de ms a ms os trabal.adores -ossem sendo rendidos por um novo !rupo I^;I & #ste re!ime !arantia s popula4es a-ricanas uma ocupao continuada na cultura das terras asse!urando a subsistncia da re!io ao mesmo tempo 1ue as mantin.am inte!radas nas estruturas sociais a-ricanas vivendo nas suas aldeias sem c.e!arem a ser isoladas desse mesmo en1uadramento ori!inal& ' e$traco do min*rio e a construo do edi-,cio da -8brica trou$e a delimitao de terrenos e a de-inio de limites territoriais 1ue precisaram articular2se com limites anti!os Vpor mais -le$,veis 1ue -ossemW dos territ"rios dos potentados a-ricanos& #mbora o poder destes se de-inisse muito mais em relao s popula4es avassaladas do 1ue pela e$tenso do territ"rio este movimento ter8 levado a ne!ocia4es e con-rontos I^;: & Foi ordenada a criao de um distrito espec,-ico da Fundio e a demarcao do respectivo territ"rio para evitar as duvidas e -raudes 1ue se podiam se!uir da maior ou menor e$tenso desse mesmo territ"rio tanto mais 1ue como se viu os sobas por ele abarcados dei$ariam de pa!ar o d,(imo em troca de mo de obra para os trabal.os da -8brica& 'pesar do silencio das -ontes -a( sentido supor 1ue o processo de apropriao colonial das terras onde estava locali(ado o min*rio em si mesmo possa ter desencadeado al!umas IROO Carta Circular R; de 0aro de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^: -l&IK^v& I^;; 'ssinala2se uma particular insistncia para 1ue -osse pa!o o 7ornal a todas as pessoas livres& C-& "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -l&:L& I^;I "nstru#Kes para & Antnio de (encastre&&& I; de 9ul.o de IJJ: 'HU C"d& ^J: -ls& :Rv2:^v& I^;: ' 1uesto da delimitao de terrenos e usurpao das terras dos sobas colocou2se num outro conte$to o da instalao das -a(endas dos 9esu,tas na re!io do 5en!o& No momento da sua #$pulso a administrao colonial -oi con-rontada com os sobas 1ue acusavam a Compan.ia de @m8 posseA das terras por1ue as tin.am usurpado aos seus antepassados& No encontrei elementos 1ue me permitissem perceber no caso da -8brica de -erro 1ue tipo de ne!ocia4es -oram levadas a cabo para tomar posse dessas terras& /-,cio de 'nt"nio 6asconcelos ^ de 0aio de IJK; 'HU C$& ^R Doc& :;& ..................... 499 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola resistncias por parte dos -erreiros a-ricanos 1ue normalmente usu-ru,am desse recurso ecol"!ico d8diva e parte de uma terra a-ricana e comum& /s 1uatro t*cnicos estran!eiros biscain.os c.e!aram a 'n!ola em IJKN para ensinar aos @.abitantes do pa,sA a arte do -erro se!undo o m*todo cient,-ico ade1uado& ' desditosa sorte destes biscain.os constitui um epis"dio eu diria um cl8ssico da Hist"ria de 'n!ola&'cabaram por se envolver em ri$as adoeceram com a mal8ria e vieram a morrer sem 1ue do seu trabal.o se c.e!asse a ver al!um resultado& Lo!o 1ue em Lisboa se teve esta not,cia -oi preparada outra !rande e$pedio 1ue partiu de IJJI& Remeteram2se para 'n!ola o-iciais en!en.eiros de +n-antaria mestres -undidores e de outros o-,cios com os instrumentos necess8rios 7untando2se a tudo uma instruo sobre e -8bricas de -erro tirada da #nciclop*dia -rancesa V)omo J pa!& IR^ 7orNa Artes 4ecanicasW& ' transposio directa da 'cademia -rancesa para a X-rica acontecia de -orma rude e total sem direito a -ormas intermedi8rias como se ver8 de se!uida& ' documentao * bastante -ra!ment8ria em in-ormao para possibilitar uma avaliao ri!orosa da produo real de -erro atin!ida pela -undio& %or*m um balano * -eito em IJJ:& Sousa Coutin.o in-ormava 1ue apenas com o -erro produ(ido pelos Ne!ros com recurso s -or7as tradicionais tin.am c.e!ado ao 'rsenal de Luanda LI^ 1uintais 1ue .aviam servido todas as obras do Reino de 'n!ola entre IJKL e IJJ: e ainda se .aviam -eito reparos de cin1uenta peas de 'rtil.ariaY e tamb*m no Rio de 9aneiro se obraram muitas %arta(anas da inveno do !overnador para o 1ue mandara -erro ao Conde de '(ambu7a I^;R & De -acto em IJKO o edi-,cio da -8brica ainda no estava acabado o 1ue si!ni-ica 1ue as -or7as tradicionais conservaram o seu predom,nio e mostravam a sua rentabilidade& #m IJJ: 1uando Sousa Coutin.o saiu de 'n!ola os edi-,cios estavam acabados mas a -8brica ainda no iniciara o seu -uncionamento por uma 1uesto de detal.e I^;^ & No ano de IJJ: o novo !overnador D& 'nt"nio de Lencastre mandou -ec.ar a -8brica de -erro e suspendeu a portaria de Sousa Coutin.o para pa!amento de 7ornais aos ne!ros trabal.adores da -8brica& 'pesar das recomenda4es 1ue l.e so dei$adas pelo seu antecessor numa 3ltima mem"ria 1ue mais uma ve( insistia na necessidade de c.amar o I^;R 4emriaP AA :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& INL& I^;^ @5reve e 3til ideia sobre o Com*rcio&&& IJJO AA vol& + nQ ^ IORL s&pp& ..................... 500 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola testemun.o dos -undidores do pa,s I^;L o novo !overnador ar!umentava com o clima doentio da re!io e o preo e$tremamente elevado a 1ue o -erro c.e!ava capital de Luanda provando assim a inviabilidade do pro7ecto& 's e$porta4es para o 5rasil revelavam2se menos interessantes por1ue o mercado pre-eria o -erro europeu& #ntre IJJ: e IJOJ a -undio de Nova /eiras no * totalmente es1uecida& %eriodicamente o tema da -undio relacionado com o aproveitamento dos recursos minerais * retomado na correspondncia& #m IJJO 0artin.o de 0elo e Castro insiste com Honalo da C<mara %ereira para 1ue empreenda uma investi!ao met"dica 1ue permita tirar al!um rendimento do investimento levado a cabo por D& +nocncio de Sousa Coutin.o& ?uando D& Rodri!o ocupa o lu!ar de ministro da 0arin.a e Dom,nios Ultramarinos em Lisboa o seu interlocutor em 'n!ola * o !overnador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo& #m IJOJ o pro7ecto de reavivar a -8brica comea a ser novamente encarado tendo por base as mem"rias 1ue D& +nocncio -oi encarre!ado de redi!ir para orientao nas directivas do !overno& No * por acaso 1ue em IJOJ o Dr& 9os* 'lvares 0aciel o e$ilado pol,tico de 0inas Herais se desloca a Nova /eiras vindo do 5rasil e -a( uma descrio e$austiva da t*cnica a-ricana da -undio do -erro acrescentando2a com desen.os ilustrativos para depois assumir o lu!ar de +ntendente da mesma -undio& I^;K & /s problemas voltam a colocar2se da mesma -orma& ' -atalidade epidemiol"!ica abate2se sobre os mestre europeus recupera2se a utili(ao da mo2de2obra local recuperam2se os tratados de vassala!em como !arante as -or7as tradicionais e a sua competncia mas em IN;; todos os es-oros 1ue D& Rodri!o desenvolveu em Lisboa so avaliados pelo !overnador em 'n!ola 1ue -a(ia no ano de IN;; uma retrospectiva do sucedido desde o ano de IJJ:E @o seu sucessor f de D& +nocncio D& 'nt"nio de Lencastreg imediato acintemente destruiu as suas obras e -e( malo!rar os seus pro7ectos sem distin!uir de entre eles 1uais eram os 1ue se podiam reali(ar V&&&W !overnadores 1ue se se!uiram V&&&W uns no entraram no esp,rito dos pro7ectos D& Francisco +nocncio ou descon.ecero a sua utilidade e outro no pudero por -alta de meios I^;L 0em"riaP AA :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& INL& I^;K #screveu uma 0em"ria sobre as minas de -erro de 'n!ola V9os* 'lvares 0aciel para D& Rodri!o de Sousa Coutin.o J de Novembro de IJOO 'HU 0inas Herais C$& O^ Doc& IN& Sobre o mesmo ver D& 0a$\ell Pombal p& IRO& ..................... 501 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola restaurar as boas cou(as das ru,nas em 1ue as viero ac.ar& /ra depois de :O anos passados de inc3rias e de destrui4es como se pretende 1ue eu sem socorros al!uns torne as cousas ao estado anti!o ou pelo menos as pon.a no bom camin.o para 1ue prosperemn V&&&WA I^;J # conclu,a ainda 1ue o -erro poderia ser comerciali(ado com vanta!em da mesma maneira 1ue o eram o escravo o mar-im ou a cera& ' primeira e$perincia de industriali(ao em 'n!ola estava terminada& #m IN;I D& Rodri!o abandonava o lu!ar de ministro e poucos anos mais tarde a mudana da corte para o 5rasil e o an3ncio da revoluo liberal obri!avam a dei$ar para se!undo plano as preocupa4es em relao a 'n!ola e$ceptuando o 5rasil e s col"nias em !eral&
1:.$. T),'"4"+i# #5&i,#'#* #!)& ,"4"'i#4 #n1uanto a -8brica ia sendo constru,da as e$perincias para a e$traco do -erro prosse!uiam tirando partido dos saberes end"!enos& Reconverso * a palavra2c.ave 1ue de-ine a primeira -ase da .ist"ria da -undio de Nova /eiras& Sem o -ormali(ar Sousa Coutin.o recon.ece a pluralidade dos sistemas econ"micos e procura reconverter uma economia 1ue poder,amos c.amar arcaica encastrada no -uncionamento de institui4es !erais de institui4es pluri2-uncionais 1ue podem ser o parentesco a reli!io e as rela4es pol,ticas l"!ica de uma economia re!ulada pelo 7o!o do mercado I^;N & Na primeira -ase da .ist"ria da -8brica esta capacidade de reconverso * muito evidente 1uanto s unidades de produo e permite 1ue se estabelea um paralelismo com o 1ue se passava em %ortu!al e no resto da #uropa& )ratava2se da continuidade da o-icina -ace manu-actura isto * numa certa coe$istncia e articulao em 1ue as o-icinas tradicionais sendo postas a -uncionar em con7unto produ(iam dentro da l"!ica da manu-actura& / re!ime o-icinal apresentava2se patrocinado pela administrao com pe1uenas unidades entre!ues a -abricantes independentes 1uanto produo mas inte!rados para 1uest4es de mercado& / es-oro renovador da industriali(ao portu!uesa apenas se veio a sobrepor estrutura o-icinal aproveitando para isso mestres e art,-ices& / mesmo procedimento ocorre em 'n!ola 1uando Sousa Coutin.o a-irma pretender @ dar I^;J C-& Carta de D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo IN de 0aro de IN;; AA IOLR pp& IOR e ss& I^;N 0aurice Haudelier Un domaine Contest p& G++2G+++& ..................... 502 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -orma de F8brica Real ao 1ue eram pe1uenos trabal.os volantesA& 'dmitia 1ue os -erreiros no sabiam nem podiam -a(er !randes 1uantidades e por isso considerava vi8vel 1ue continuassem a trabal.ar em suas casas e depois -ossem vender -8brica real o seu -erro e acrescentava @V&&&W podem trabal.ar at* ^;; pe1uenas -8bricas V&&&WA >?DC & Convertia2se assim a or!ani(ao da produo como -uno dom*stica produo para o mercado& ' F8brica permite a centrali(ao do sistema de produo 1uando articula a1uilo 1ue at* a, eram unidades dom*sticas independentes concebidas para a!ir em paralelo umas s outras sem dispor de 1ual1uer meio de coordenao& ' soluo * pr"$ima da do putting out s5stem europeu e d8 not,cia das -ormas de inter-erncia e de comunicao entre a economia primitiva e a economia de mercado& Na verdade o 1ue comea por interessar Sousa Coutin.o * o produto e no o processo 1ue condu( a esse mesmo produto& %or isso basta2 l.e nesta primeira -ase proceder a uma reconverso da economia local primitiva s necessidades e aos -ins da economia de mercado& Neste processo * necess8rio distin!uir entre a -undio e a -or7a entre a1uele 1ue sabe e$trair o -erro do min*rio e o 1ue -abrica os instrumentos& No processo tradicional as duas -ases esto associadas& ' -undio pressup4e uma necessidade de produ(ir instrumentos para consumo pr"prio ou para venda mas sempre em pe1uena escala& /s ob7ectos li!ados lavoura ou !uerra eram vendidos @pela terra adentroA mas como @ os ne!ros so pre!uiosos e de pouca industria apuram s" o preciso se!undo as encomendas com desperd,cio in-inito de tempo por -alta de instrumentos contentando2se de um pedao de pele de Cabrito por -ole e de uma pedra para baterem o -erro en1uanto no tem al!um bocado 1ue l.es sirva de mal.oA I^I; & / 1ue parece interessante -risar a1ui * como o processo colonial e mais concretamente um processo de industriali(ao reconverte a seu -avor uma tecnolo!ia a-ricana e o seu produto& ' inte!rao na racionalidade da -8brica e portanto do mercado resulta tamb*m como estrat*!ia e-ica( para dar a volta ao problema das necessidades isto * da motivao econ"mica& Na sociedade tradicional 1uando as necessidades so limitadas o est,mulo econ"mico no se desenvolve re!ularmente * intermitente e por isso as pessoas no I^;O 0em"ria sobre o estado em 1ue dei$ei V&&&W de F+SC para IK de Setembro de IJJR AA :p s*rie vol& G nQRO2^: IOLR p& INJ& I^I; /-,cio de D& 'nt"nio 6asconcelos IN de 9aneiro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& IN& ..................... 503 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola trabal.am continuamente& 98 a vinculao s solicita4es do mercado pode colocar as unidades de produo tradicionais em situao de precisar de l.e dar resposta& 0as como o !overnador tin.a a percepo da diversidade dos comportamentos econ"micos sabia 1ue para atin!ir os seus ob7ectivos a produo em !rande escala precisava de ultrapassar esta -ase acabar a construo do edi-,cio da -8brica e montar uma manu-actura& #m boa verdade os dois sistemas vieram a -uncionar em simult<neo& %ara a se!unda -ase -oi necess8rio -a(er intervir a tecnolo!ia europeia& Da 5iscaia e de Frana c.e!aram mestres -erreiros em 1uem se depositavam todas as esperanas para vir a atin!ir elevados n,veis de produo& ?ue os destinos individuais e as estrat*!ias dos actores sin!ulares no s" podem di(er da realidade social como e$plicar a produo ou a inviabilidade de processos parece uma .ip"tese a considerar& ' sucessiva morte dos mestres -undidores Va 1ue 78 me re-eriW constitui2se em ar!umento sistematicamente invocado pelo !overnador e merece ser considerado como causa mais directa dos sucessivos -racassos a 1ue este pro7ecto esteve votado sempre 1ue se procurou transitar do sistema 1ue articulava as unidades dom*sticas para a produo em !rande escala no espao da -8brica em re!ime de manu-actura& 98 o recrutamento da mo2de2obra a-ricana no se reali(ouu com recurso ao sistema da escravatura& /s ne!ros no trabal.avam como escravos mas eram pa!os pelo seu trabal.o I^II & ' reconverso da mo2de2obra assumia ainda outras -aces& Z 1ue o recrutamento da mo2de2obra no podia dispensar os instrumentos 1ue a pr"pria ordem pol,tica de 'nti!o Re!ime estabelecera e 1ue a e$perincia e a pr8tica da coloni(ao disponibili(avam& /s tratados de vassala!em estabelecidos entre as autoridades coloniais e os poderes a-ricanos eram a!ora postos ao servio da ordem moderna da civili(ao e da ind3stria& / d,(imo tradicionalmente pa!o pelos sobas podia ser a!ora convertido em trabal.adores& ' construo do edi-,cio da -8brica e depois o trabal.o permanente a e$i!ir cerca de :;; .omens todos ne!ros -oi asse!urada pelos sobas e macotas vi(in.os da (ona de 'mbaca 1ue se reve(avam todos os meses no servio da -8brica I^I: & / seu recrutamento I^II #ste sistema de pa!amento aos a-ricanos 1ue trabal.am em -8bricas -oi tamb*m adoptado nas e$plora4es de en$o-re e salitre em 5en!uela e nas de cobre 7unto a Novo Redondo& C-& Carta de F+SC para o capito2mor de Novo Redondo L de '!osto de IJJ: 5NL Res& C"d& NJ^^ -l& :J:Y /-,cio de F+SC R; de 9ul.o de IJKJ AA :p s*rie vol& G nQ RO2^: p& LK& ..................... 504 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -oi asse!urado pelo capito2mor do pres,dio I^IR & %or esta via -a(ia2se recurso ao sistema pol,tico dos tratados e das obri!a4es de vassala!em e accionavam2se tamb*m os mecanismos 1ue decorriam das l"!icas da estrutura do parentesco a-ricano para recuperar os trabal.adores& #ram os sobas nas suas ban(as a decidir 1uem deveria participar no trabal.o da -8brica& 'ssim no era s" a mo2de2obra a-ricana 1ue era reconvertida mas tamb*m a estrutura da sociedade tradicional e as suas -ormas de -uncionamento e dentro delas at* o sistema da escravatura interna postas assim ao servio deste momento de industriali(ao& Como os @-il.os dos sobasA continuavam a viver perto das suas ban(as e na pr8tica se mantin.am vinculados aos constran!imentos 1ue as rela4es de parentesco supun.am em detrimento da disciplina 1ue l.es propun.a o +ntendente Heral da F8brica -u!iam ou -altavam com al!uma -re1uncia na Fundio& / intendente da -8brica 1uei$ava2se e e$plicava2as como sinal de pre!uia mas essas ausncias -a(iam sentido em relao s idas e vindas circulao en-im s re!ras de percurso dos camin.os a-ricanos mas tamb*m necessidade 1ue tin.am de cultivar as suas terras para sustento I^I^ & Harantir a presena dos trabal.adores locais e$i!ia um es-oro permanente e correspondncia com os pr"prios sobas& Como e$emplo cito a carta 1ue o capito do Campo e +ntendente Heral das Reais F8bricas de Nova /eiras 'nt"nio Duarte Se1ueira escreveu a D& %aulo Sebastio um dos sobas da re!io e 1ue * al*m do mais uma boa s,ntese de al!umas 1uest4es 1ue ten.o vindo a colocar& ', l.e di(ia @1ue com a sua carta receberia uma outra carta do !overnador Sousa Coutin.o& +nvocava as obri!a4es e os direitos impl,citos s rela4es de vassala!em entre eles a obri!ao do !overno de Luanda !arantir a pa( e !uerrear os inimi!os dos seus vassalos in-ormando o soba de 1ue poderia estar se!uro por1ue os traidores seriam casti!ados e o sosse!o voltaria s suas terras& # -inalmente pedia22l.e I^I: 'HU C$& RO Doc& R; Luanda RI de 0aro de IJL^& 98 nesta data no re!imento dado ao Capito2mor 1ue -ora do Holun!o Simo %ereira 5ravo para a dili!ncia 1ue l.e cabia -a(er em 5an!o '1uitamba era considerado e recomendado o recurso ao saber local e ao trabal.o local para investi!ar a e$istncia de minas de ouroE @%ara o trabal.o desta e$pedio assim nas minas como pela via!em poder8 o dito capito2mor obri!ar aos Dembos sovas de todos os distritos por onde passar e estiver a 1ue l.e dem os %retos 1ue necessitar para com a7uda destes se suavi(arP& os soldado &&& por causa da ri!orosa estao em 1ue os ac.amos&&&AY Carta para o capito2mor de 5en!uela IK de '!osto de IJJ; 5NL Res& C"d& NJ^^ -l&Kv& I^IR +nstru4es para o capito2mor de 'mbaca O de 9ul.o de IJJ; FU% L2R2N 'L C"d& ^K -l& :;& I^I^ )em interesse re-erir 1ue o mesmo tipo de resistncia * observado nas -8bricas de tel.a cal e ti7olo em 5en!uela& 'li trabal.avam oper8rios .omens pretos 1ue no compareciam por1ue tin.am 1ue trabal.ar nas suas terras para !arantir o seu sustento& Carta do !overnador de 5en!uela 'le$andre 9ose 5otel.o de 6asconcelos :J de 9ul.o de IJOK 'HU C$& N^ Doc&I;& ..................... 505 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola .omens para as -8bricas se!uindo portanto o mesmo crit*rio 1ue noutras circunst<ncias usavam as autoridades coloniais para e$i!ir o pa!amento do d,(imo asse!urando em contrapartida @todo o sosse!oA ao #stado do soba& %or -im a reconverso tecnol"!ica& Civili(ar e desenvolver parece neste caso no si!ni-icar necessariamente submeter de imediato as popula4es no ocidentais ao padro ocidental mas antes colocar em perspectiva a validade dos con.ecimentos ocidentais interro!ar a e-ic8cia das t*cnicas end"!enas recon.ecer a milenar tecnolo!ia a-ricana do -erro e ensaiar uma articulao 1ue resulta na reconverso da tecnolo!ia local tecnolo!ia europeia e vice2versaE @Fi(eram os ne!ros as primeiras opera4es e vistas pelos -erreiros fportu!uesesg -oram praticando diversas e$perincias e acomodadas s -or7as da #uropa -undiro o -erro em 1uantidades tais 1ue assombraram&&&A I^IL / recurso aos saberes end"!enos * a prova da sua e-ic8cia hP se o Hovernador mandasse vir sua presena os Fundidores do %a,s eles l.e mostrariam claramente a bondade do -erroP i I^IK & / m*todo a-ricano estava pr"$imo do m*todo da 5iscaia e da Hali(a& 1:.:. T&#(i01" "* &i%" ) -i%" 5/'(#(#("&) ' estrat*!ia de reconverso a 1ue at* a1ui aludi no -oi capa( de resolver as antinomias estruturais 1ue decorriam de uma di-erena -undamental de nature(a entre um tipo de economia @primitivaA inscrita nas estruturas sociais e a economia mercantil& 's no4es de t*cnica mo2de2obra trabal.o e produo e as pr8ticas sociais 1ue as sustentavam e delas decorriam suscitavam de parte a parte interpreta4es desencontradas 1uanto aos -ins da -undio e per-ormance dos seus o-iciais& / conte$to a-ricano acrescentava s dimens4es tecnol"!ica e comercial da -undio outras duasE a ritual e a pol,tica& ?uanto primeira e este aspecto parece ser comum a !rande parte das sociedades tradicionais e pr"pria #uropa pr*2industrial o acto da -undio do -erro * uma t*cnica e um rito ao mesmo tempo I^IJ & / mestre -undidor evoca os esp,ritos dos seus antepassados e so diversas as preven4es reli!iosas como estados de pure(a -,sica vi!iadas por peri!os I^IL Carta de F+SC para FG0F IN de De(embro de IJKL AA :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& I^& I^IK 0em"ria do estado em 1ue dei$eiP AA :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p& INL& I^IJ C-& 0ircea #liade 7erreiros e Alquimistas p& KL& ..................... 506 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola do tipo tabu& / pr"prio -orno simula uma mul.er em acto de parto sendo comple$as as ra(4es 1ue determinaram o paralelismo entre o -en"meno or!<nico e o rito isto * entre o parto or!<nico e o parto do metal candente da reduo dos min*rios do -erro& #sta relao est8 bem a-irmada no -acto de em 1uimbundo se desi!nar pelo nome de muana V-il.oW o bloco de -erro resultado da -uso e pelo de donNi VplacentaW as esc"rias 1ue o envolvem& ' -undio como rito e$i!e portanto uma comple$i-icao de toda esta an8lise& ?uanto se!unda a dimenso pol,tica as duas tradi4es .ist"ricas dos 0bundu identi-icadas por David 5irmin!.am b a tradio recol.ida no s*culo GG recordada pelos %ende 1ue abandonaram 'n!ola no s*culo G6++ para se estabelecer no Cassai VDasaiW e a tradio coli!ida entre os 4bundu por Cava((i no s*culo G6++ b envolvendo deslocao de povos em direco s plan,cies de Luanda e seu -interland remetem a uma narrativa sobre o rei -undador urdida em torno da interveno da -i!ura do -erreiro persona!em *pica !uardi de mitolo!ias e !enealo!ias I^IN & ' -i!ura dos @.er"is do -erroA ou @-erreiros divinos e .er"is civil(adoresA V0& #l,adaW remete a ori!ens m,ticas onde se mistura pol,tica t*cnica povoamento mais cultura e vem atestada para outras (onas de X-rica I^IO & Na !eo!ra-ia das reservas de -erro indicada na documentao do s*culo G6+++ destacava2se a +lamba Holun!o Cambambe 'mbaca Caconda 5an!o '1uitamba (onas de implantao )gola& ' +lamba mais especi-icamente estava sob o ponto de vista pol,tico inte!rada numa (ona espec,-ica de 'n!ola onde a -i!ura do I^IN ' tradio %ende VH&L& Haveau$ (a tradition -istorique des 1apende orientau+ 5ru$elles IOL^W di( 1ue N!ola o mais anti!o antepassado dos 0bundu vivera ao 1ue parece perto do alto =ambe(e& / seu povo caador e !uerreiro apenas con.ecia instrumentos de madeira e pedra descon.ecendo as t*cnicas do -erro& Um dia partiu em direco ao mar para oeste& %elo camin.o -oi dei$ando !rupos de .omens 1ue estabeleceram aldeias& C.e!ado ao D\an(a se!uiu o rio at* costa de Luanda onde permaneceu e viveu& Nesse per,odo relacionou2se com o povo de 5embo Dalamba um -erreiro 1ue a, se estabelecera com seu povo e !ado& @/ N!ola aprendeu a -undir a -or7ar o -erro a -abricar panelas e a tecerA& ' mul.er de 5embo Dalamba ensinou ao povo do N!ola a a!ricultura e a criao de !ado& '1ueles 1ue tin.am vindo com o N!ola casaram com as -il.as de N!ombe e estas tornaram2se mes dos cls mbundu& ', -icaram at* c.e!ada dos %ortu!ueses& %or seu lado Cava((i tamb*m aponta a tempos anti!os em 1ue os 0bundu apenas usavam instrumentos de madeira e pedra at* c.e!ada de um -erreiro T 0ussuri b 1ue ter8 !an.o import<ncia entre eles& Na *poca da -ome e por1ue trocava os seus produtos de -erro por alimentos 0ussuri distribuiu a sua ri1ue(a entre os 0bundu 1ue em sinal de !ratido vieram a -a(e2lo rei& 0ussuri casou com N!ana +nene& #sta deu2l.e apenas -il.as& ' sua -il.a =unda !overnou os 0bundu mas morreu sem -il.os& / poder passou ento para o marido da irm N!ola Diluan7i [ia Samba !rande caador e !uerreiro& / seu -il.o N!ola Diluna7i -undou ento a dinastia dos N!olas imperante no s*culo G6+& 5irmin!.am Alian#as pp& R^2RL& Sobre o mito de )s.ibinda +lun!a a .ist"ria da unio do caador luba com a 7ovem princesa lunda L\e7i 1ue ter8 resultado na transio das t*cnicas l,ticas para as da metalur!ia 7untamente com a alterao das re!ras da descedncia c-& +& Castro Henri1ues Percursos da 4odernidade p& ILJ& I^IO 0ircea #liade 7erreiros e Alquimistas&&& p& KOY C-& Dupr* %inon 4tallurgie et Politique&&& pp& K:2KR & ..................... 507 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola -erreiro era identi-icada com o rei -undador e .er"i civili(ador I^:; & ' ori!em da reale(a no reino do )*&ongo andava associada -i!ura do -erreiro& Z a, 1ue D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o vai buscar os -erreiros/-undidores e no dei$a de se aperceber da car!a pol,tica dessa -uno especiali(ada a 1ue recorre& @)oda a1uela re!io * c.eia de Fundidores e -erreiros 1ue com pe1uenas -or7as e -oles de pele de cabra trabal.am continuamente em en$adas en$adin.as V&&&W e outras destas V&&&W mas no sabem nem podem -a(er !randes 1uantidades V&&&WA I^:I & No s*culo G6++ Cava((i destacava a +lamba 'lta ou Lumbo no Norte de 'n!ola 1ue con-rontava com a prov,ncia de 'ri e com os reinos do Con!o e 0atamba I^:: & ', os campos so -*rteis e as minas de -erro abundantes e ricas& / soba principal do Lumbo c.amava2se 0uban!a e era da lin.a!em do rei do )*&ongo I^:R & 'inda se!undo Cava((iE @Di(em os naturais 1ue este fo primeiro reig -oi um tal )gola64ussuri I^:^ o 1ue 1uer di(er rei serral.eiro a 1uem um ,dolo tin.a ensinado a arte -abrilA& 'nt"nio de /liveira Cadorne!a na sua .istria Meral das Muerras Angolanas apresenta uma narrativa mitol"!ica relativa -undao do reino do )&ongo em 1ue se di(E @&&&#ste rei de 'n!ola c.amado pelo anti!o 'n!ola aquiluamgi di(em al!umas antigoal-as ou ne!ros noticiosos procedera de .um -erreiro 1ue este !entio c.ama na sua l,n!ua gongollas fdo 1uimbundo Ningangula sin!& )gangula -erreiro a1uele 1ue trabal.a o -errog e * coisa 1ue se no pode muito duvidar por1ue entre este !entio * o-icio muito estimado&&&A& VCadorne!a vol& + p& LK&W I^:; @'s .ist"rias de N!ola +nene e$plicam a rel,1uia central e sa!rada de !rupos de -iliao 1ue atribuem os poderes do seu c.e-e a um pe1ueno pedao de -erro c.amado ngola Vplural NingolaWA& 0iller IOOL Poder pp& LN KR KK2KJ& I^:I /-,cio de F+SC para FG0F :; de De(embro de IJKK '' :p s*rie& vol& G nQ RO a ^: IOLR p&IN2IO& I^:: Cava((i vol& + M RO;& I^:R )amb*m em IKKO 'nt"nio Haeta na sua (a mara$igliosa con$ersione alla santa fede di Cristo della 3egine Minga re-erindo2se ao reino do NUDon!o indica um sen.or con.ecido por N!ola a 0bumba 8 0bulu @.omem muito 8!il sa!a( e .abilidoso 1ue e$ercia a actividade e a arte de -erreiro uma pro-isso 1ue entre as popula4es era tida de !rande valia& #sse .omem tin.a sido eleito e aclamado rei do NUDon!o& I^:^ Considere2se tamb*m a 1uesto lin!u,sticaE -erreiro do 1uimbundo ngangula, musudi, mXkua6 kukalakala mun%o ikete Y do [i[on!o kinfi, unfudi a felu, nkeleke+i, unsadilu a n%o ia tadi io$o ia felu Vc-& 0aia p& :ONW Y Cordeiro da 0atta indica 4usuri plural Asuri T com o si!ni-icado de -erreiro -or7ador& Ferro do 1uimbundo E -elu [i-elu [i[ete [utema Y do [i[on!o E u-elu tadi budilu s*n!ua&V0aia p& :ONWY Ferramenta 2 no 1uimbundo T falamenda, ikuata, itele, kikete,ima ia sadila, esadilu, ima iasadilanga V%& 0aia &icion'rio&&& p& :ONW& ..................... 508 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola /s di-erentes relatos de via!ens em 'n!ola redi!idos no s*culo G+G contemplam a tecnolo!ia da -undio associada arte do -erreiro e -a(em descri4es por ve(es e$tensas e em pormenor desse processo I^:L & / 0a7or Hamitto no seu di8rio de via!em&&& datado de INLI e INL: in-orma sobre a abund<ncia do -erro nesta re!io [email protected]&&&em pedaos super-,cie da terra&&&AW I^:K & Sobre a tecnolo!ia em particularE @apan.am2no e lanam2no em um tubo -eito de barro da altura de 1uarenta palmos com um de di<metro e a parte in-erior c.eia de carvo 1ue depois de aceso no cessam de soprar com -oles -eitos de pele de cabra semel.ana dos de 1ue usam os nossos caldeeirosY o -erro sai por uns buracos 1ue esto na base do tuboY e com esta simples e 3nica operao vo tirando o metal derretido 1ue empre!am nas suas obrasA I^:J & # se 1uisermos c.e!ar 1uase aos nossos dias * si!ni-icativo 1ue se re-ira um -ilme sobre os OfWcios :radicionais -eito em 'n!ola em IOJJ I^:N & ', se pode ver como os -erreiros constituem V7untamente com as oleiras as cabeleireiras e os 1uimbandasW uma das -un4es especiali(adas mais anti!as das sociedades tradicionais na X-rica /cidental cu7a aprendi(a!em implica uma iniciao& / testemun.o de um -erreiro dado nos anos J; no sul de 'n!ola VHu,la do !rupo mumu,laW di( acerca da sua -uno o se!uinte E h 0orreu o meu avc -i1uei doente e consultei um 1uimbanda& #ra o esp,rito do meu avc Y comecei ento com o seu o-,cio e passei a vender os ob7ectos 1ue -a(ia i& 'prender um o-,cio passa pela iniciao e a iniciao sup4e a participao no sa!rado e a interveno do sa!rado atrav*s do esp,rito dos antepassados& #ssa interveno vai2se revelando periodicamente& / mesmo testemun.o revela 1ue por ve(es comea a tremer 1uando est8 a trabal.ar -ica doente o esp,rito dos antepassados desceu sobre ele e nessa altura * necess8rio apa(i!u82lo atrav*s de o-erendas& ' e$plicao da oleira * do mesmo teor E h adoeceu 1uando aprendeu o trabal.oY procurou 1uimbanda 1ue a tratou para l.e tirar o mal 1ue ela tin.a este mandou I^:L / testemun.o de 9oa1uim 'nt"nio de Carval.o e 0ene(es &emonstra#o Meograp-ica p& IROE @No Holun!o 'lto .a muit,ssimo -erro e o !entio sem m81uinas usando de processos imper-eitos o e$trai prepara e trabal.a com suma -acilidade em instrumentos de !uerra como se7am -lec.as mac.adin.as al!umas toscas -acas lanas e cutelosA& I^:K 2iagem ao 4uata Ca%embe e os po$os 4ara$es, C-$as, 4ui%as, 4uembas, (undas e outros da Efrica Austral&&& p& RN& I^:J 0ais tarde Cameron em INJO in E tra$ers l*Afrique VvoBa!e de =an(ibar a 5en!uelaWY em INNI H& Capelo e Roberto +vens em &e 1enguela Is :erras de "'cca e ainda Serpa %into em Como eu atra$essei a Efrica Vp&I;N2II;W descrevem e representam a trav*s de !ravuras tal como Hamitto V1ue -a( o primeiro desen.oW esta tecnolo!ia& I^:N Carval.o OfWcios :radicionais 'n!ola )%' IOJR& ..................... 509 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola matar um boi e deu2l.e este o-,cioA& %ara controlar os esp,ritos a oleira usa di-erentes meios E ob7ectos ou pemba com 1ue -a( sinais na testa se liberta dos esp,ritos 1ue a 1uerem perturbar e se p4e boa& / 1ue se pode concluir a partir destes testemun.os * 1ue no s" a aprendi(a!em do o-,cio implica iniciao atrav*s da interveno de um esp,rito do antepassado Vpor1ue os se!redos tradicionais do o-,cio se transmitem unicamente aos membros da -am,liaW como essa li!ao com o sa!rado se vai produ(indo periodicamente por1ue precisa de ser renovada& ' noo end"!ena de trabal.o sup4e portanto uma re!ularidade particular 1ue se concreti(a em ciclos depende de uma interveno do sa!rado e por tudo isto vem necessariamente c.ocar com a noo europeia de trabal.o deste -inal do s*culo G6+++ por mais moldada 1ue ela ainda estivesse pelo e$erc,cio na o-icina dentro de uma l"!ica de produo dom*stica& / o-,cio de -erreiro no * portanto entendido como comercial nem meramente decorrente de uma aprendi(a!em t*cnica& Z m8!ico a sua competncia decorre de uma vocao .ereditariamente transmitida e por isso implica se!redos inici8ticos com a proteco /interveno de esp,ritos& %or tudo o 1ue anteriormente -oi dito com base na literatura de via!ens a tradio oral os contributos da 'ntropolo!ia e a documentao espec,-ica da Fundio de Nova /eiras -a( sentido pensar os -erreiros como h casta i como cate!oria social cu7o estatuto decorre de uma especiali(ao um estatuto semel.ante ao do caador por1ue no est8 dependente das rela4es de parentesco mas da iniciao e da aprendi(a!em& Ser -erreiro tal como ser caador de animais de !rande porte e$i!e competncia e essa competncia * vista como e$presso do sa!rado e como tal d8 estatuto social& Localmente o o-,cio a arte de e$trair o -erro o saber do -erreiro * tamb*m em si uma e$presso do sa!rado& ?uem * capa( de e$trair -erro participa do sa!rado e comunica com ele e * esse saber 1ue -undamenta um estatuto social privile!iado I^:O & Sob o ponto de vista do processo local o pro!rama da Fundio vin.a acrescentar dimenso pol,tica e sa!rada do o-,cio de -erreiro uma terceira a da comerciali(ao em lar!a escala virada para os circuitos e$teriores X-rica& #sta dimenso acrescentava2se s trocas tradicionais de en$adas por I^:O 6er 0ircea #liade 7erreiros e Alquimistas p& KL e ss& ..................... 510 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola tecidos por e$emplo 78 assinaladas por 'nt"nio 6asconcelos 1uando deu not,cia da e$istncia de -erro I^R; & Fa(er participar os -erreiros tradicionais numa estrutura de !randes dimens4es desloc82los -isicamente para um edi-,cio entendido como espao de trabal.o vincul82los a um ritmo re!ular e obri!at"rio de produo tudo isto c.ocava com a noo tradicional de trabal.o e de produo& )oda a inovao na or!ani(ao da vida material de uma sociedade tradicional sobretudo 1ual1uer modi-icao sens,vel na estrutura da produo condu( ao sur!imento de conse1uncias sociol"!icas e culturais cu7a aceitao pela sociedade em 1uesto iria pcr em causa re!ras e um modo de vida ancestrais& Numerosas resistncias acabariam por se revelar& )anto mais 1ue esta sociedade tradicional se conservou economicamente aut"noma da sociedade colonial e por isso dispun.a de condi4es para criar resistncias& /s apports culturais a veri-icar2se seriam submetidos l"!ica da matri( primeira& Da, as constantes idas e vindas dos @-il.osA dos sobas cu7as ban(as se situavam na (ona da +lamba com recurso a prete$tos 1ue iam desde a doena at* aos "bitos 1ue como se sabe nestas sociedades e$i!em cerim"nias demoradas& %or tudo isto se compreende 1ue apesar do recon.ecimento do avano tecnol"!ico local as re-erncias aos ne!ros permanecem vinculadas aos preconceitos da @pre!uiaA da @i!nor<nciaA e da @in-idelidadeA e 1ue as re-erncias s -u!as so permanentes I^RI & Z claro a 1uesto a 1ue * preciso responder * estaE o 1ue * a produo ou 1ual * a noo de produo para o poder colonial e para os -erreiros tradicionais& /s conte3dos e as implica4es diver!em necessariamente& 's decis4es num e noutro re!isto so tomadas tendo em considerao di-erentes necessidades& %ara o poder colonial so as necessidades do mercado e do com*rcio internacionalY para os -erreiros a-ricanos a produo tradicional visa a satis-ao das necessidades -amiliares da vida dom*stica sem 1ue isto impli1ue necessariamente auto consumo uma ve( 1ue as trocas comerciais so consideradas na proporo e$acta das necessidades dom*sticas I^R: & Neste tipo de economia os recursos I^R; /-,cio de D& 'nt"nio 6asconcelos IN de 9aneiro de IJLO 'HU C$& ^: Doc& IN& I^RI h k' pre!uia e i!nor<ncia dos Ne!ros -a(em precisos al!uns .omens -i*is 1ue o saibam e$trair e depois coar& i V'L IJK^WY 'n"nimo de IJOR 'HU C$& JO Doc& KK& I^R: +nscreve2se no tipo de com*rcio local entre aldeias de-inido por 6ansina em @Lon! distance&&&A p& RJL& ..................... 511 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola naturais as produ4es materiais e o trabal.o so submetidos a transac4es sem 1ue para isso se possa considerar 1ue se procedesse a ne!ocia4es se!undo um mecanismo de mercado de compra e venda& / 1ue move e 7usti-ica estas transac4es relaciona2se com re!ras sociais como as obri!a4es de parentesco 1ue condu(em troca de dons ou como as obri!a4es pol,ticas de vassala!em 1ue constran!em a pa!amentos a uma autoridade central& ' dimenso social da economia primitiva a indistino entre as pr8ticas econ"micas e as institui4es sociais I^RR subordinam o processo de produo e da transaco a uma racionalidade 1ue escapa ao princ,pio da ma$imi(ao dos resultados com o m,nimo de recursos& No dei$a de ser parado$al o -acto de uma ind3stria de iniciativa estatal 1ue pretendia -u!ir aos constran!imentos decorrentes das corpora4es ter acabado por -icar re-*m das competncias de uma casta cu7as ra(4es de aco se situavam no plano do sa!rado& 1:.<. A 3&"(/01" (# M)-=&i# ' mem"ria desta primeira e$perincia industrial em 'n!ola identi-icada com a administrao pombalina e +luminista ser8 recuperada e posta ao servio de variados pro!ramas de aco pol,tica an!olanos ou metropolitanos no decorrer do s*culo G+G e mesmo do GG& / curto epis"dio da industriali(ao em 'n!ola * reinventado por uma mem"ria invasora e 1ue e$cede lar!amente a realidade a 1ue se re-ere& Se a produo de uma meta2.ist"ria encobre a .ist"ria se sobrep4e a ela a reinventa e l.e vem dar uma dimenso partida insuspeit8vel a e$plicao tem de ser procurada na especi-icidade deste per,odo em relao ao pr"prio processo .ist"rico da col"nia de 'n!ola desde lo!o por1ue a 3ltima metade do s*culo G6+++ revela em relao ao tempo 1ue est8 antes Vs*culo G6++W e ao 1ue vir8 depois VG+G pelo menos at* s campan.as militares das primeiras d*cadas do s*culo GGW uma autonomia cu7a coerncia no * totalmente determinada pela din<mica do tr8-ico de escravos ou da e$traco de mat*rias primas como a cera e o mar-im mas 1ue admite tamb*m uma pol,tica colonial de desenvolvimento econ"mico no plano da industria e da a!ricultura& ' -8brica de -erro * provavelmente o e$emplo mais vis,vel dessa pol,tica& I^RR C-& H& Dalton @#conomic ).eorB and %rimitive SocietBA American Ant-ropologist vol& KR IOKI pp& I2:L& ..................... 512 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Numa mem"ria datada da d*cada de INR; Carval.o de 0ene(es an!olense mestio sinteti(ava a situao do abandono das col"nias nestes termosE @a pol,tica no permitiu durante muitos anos 1ue as col"nias medrassem conservou2as em per-eito cativeiro ne!ando2l.es os meios de totalmente se enri1uecerem com a ideia de 1ue o seu en!randecimento causaria !rav,ssimo detrimento 0etr"pole&&&A e continua a enumerar as !randes obras de Sousa Coutin.o re-erindo2as sempre como obras de e$cepo I^R^ & Neste processo de produo de uma mem"ria a Fundio de Nova /eiras -unciona como poderoso s,mbolo& Ri!orosamente * curta a sua @vidaA mas lon!a a sua prevalncia en1uanto s,mbolo de um tempo 1ue a mem"ria europeia mas tamb*m a an!olense rotulou de e$cepo& )radu(2se num edi-,cio de !randes dimens4es patrim"nio constru,do prova material ar1ueolo!ia industrial pode2se di(er su7eita s usuras do tempo pronta a impor2se na mem"ria local marca da mem"ria na paisa!em capa( de se constituir em s,mbolo to e-iciente 1uanto as esculturas coloniais das -i!uras da con1uista como %aulo Dias de Novais ou S8 5enevides& ' inveno de uma idade de ouro * apenas uma das -aces& ' mem"ria 1ue se apoia sobre lu!ares sobre um ob7ecto ar1uitect"nico com o correr das !era4es vai tomando sentidos renovados& 's visitas a esses lu!ares as rela4es 1ue se tecem sua volta os investimentos dos indiv,duos ou dos !rupos parecem assim provar 1ue * a vontade desses indiv,duos ou desses !rupos 1ue imp4e ao re!isto da .ist"ria uma mem"ria 1ue no * obri!atoriamente a dos seus antepassados I^RL & ' mem"ria do +luminismo em 'n!ola remete a uma meta2.ist"ria remete a um passado an!olano 1ue * recriado e onde Sousa Coutin.o -unciona como s,mbolo de uma *poca de ouro& # o 1ue * interessante * 1ue essa idade de I^R^ 0ene(es &emonstra#o Meograp-ica p& ^; e ss& C-& Carval.o de 0ene(es a 1ue 78 me re-eri noutro lado era um -il.o do pa,s mestio -ora -uncion8rio !raduado na costa oriental de X-rica e em IN:R voltou a 'n!ola para ocupar o lu!ar de Secret8rio2deputado da 9unta da Fa(enda inspector da contabilidade e tesoureiro& Demitido no tempo de D& 0i!uel passa a +n!laterra e depois ao Rio de 9aneiro& C.e!a a ser representante do territ"rio s Cortes& Retoma as suas -un4es em 'n!ola em IN^R onde se op4e ao !overnador 5ressane Leite& No mesmo ano depois da morte deste c.e!a a -a(er parte do Consel.o de Hoverno mas 1uei$as da populao levam a 1ue se7a enviado para Lisboa onde permanece preso at* IN^J& Finalmente parte para o Rio de 9aneiro onde publica um ensaio sobre 'n!ola& C-& 08rio 'nt"nio A 7orma#o da (iteratura&&& p& ^^ e ssY Stamm @La Soci*t* cr*ole&&&A p& LOK& %ara al*m de autor de mem"rias destaca2se como articulista .omem de interveno pol,tica e c,vica& Criou um 7ornal O Paquete do Ultramar onde se mostrou particularmente polemista volta do tr8-ico de escravos& 'l!uns dos seus arti!os aparecem citados por Cordeiro da 0attaY v&!& @)rs 0a!istrados distintosA por 9& de Carval.o e 0ene(es in 9& Cordeiro da 0atta 3epositrio de Coisas Angolenses FUsos, Costumes, tradi#Kes, lendas e anedotasH 'HN' NQIL: -ls& ::^2::L& I^RL C-& 9ean2Louis )riaud @Lieu$ de m*moire et passes compos*sA in .istoire d*Afrique (es enNeu+ pp& O2I:& ..................... 513 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ouro * assumida poucos anos depois 1uando a F8brica de Ferro ap"s encerramento em de-initivo * eri!ida em s,mbolo de uma outra .ip"tese para o -uturo de 'n!ola& / -racasso desta primeira industriali(ao em 'n!ola revela2se assim -ecundo na produo de uma mem"ria 1ue se constr"i ao lon!o do s*culo em %ortu!al em -uno das l"!icas coloniais e sua le!itimao e em 'n!ola em -uno das l"!icas nacionalistas an!olenses oitocentistas& / an!olense Cordeiro da 0atta autor mulato -ormado no esp,rito do romantismo um dos promotores da imprensa an!olana de pendor nacionalista 1ue se dedicou entre outras coisas elaborao de um &icion'rio de quimbundo6portugu8s propcs2se -a(er um 3epositrio das Cousas Angolenses&&&& I^RK & ' e$tensa obra manuscrita or!ani(a2se por items onde esto recol.idos arti!os de imprensa le!islao relat"rios etc 1ue se!undo o autor se relacionavam com temas 1ue considerava estruturantes de uma identidade an!olense& #ntre eles contam2se as considera4es sobre a l,n!ua ambunda V1uimbundoW sobre as institui4es locais monumentos da cidade de Luanda descri4es de v8rios distritos administrativos e a par destes dois te$tos sobre a -8brica de Nova /eiras& Note2se a t,tulo de e$emplo 1ue ainda em IOJR na recta -inal do #stado Novo a 'cademia da Hist"ria promove a comemorao do ++ Centen8rio da Fundao da F8brica e -a( para a, deslocar uma comitiva numerosa& / tema da mem"ria -ica a1ui incompletamente tratado apenas enunciado merecer8 outras investi!ao mas parece apontar a usos e discursos capa(es de reinventar a .ist"ria desta Fundio e @articula2laA com v8rias .ip"teses de @articula4esA de mem"ria por1ue a-inal a mem"ria pode converter2se em discurso em discursos em ou na @ra(oA pol,tica I^RJ & I^RK 9& Cordeiro da 0atta 3epositrio de Coisas Angolenses "bidem& I^RJ 'nt"nio da Silva Re!o ,studos de .istria (uso6Africana e Oriental Lisboa 'cademia %ortu!uesa da Hist"ria IO^^ estudo onde se mostram os desen.os de Xlvares 0aciel e se d8 not,cia de uma visita de acad*micos ao imponente edi-,cio da Fundio&& ..................... 514 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1<. C"',4/1" Depois de tudo o 1ue a1ui -ica escrito parece no restarem muitas d3vidas acerca da construo de uma ima!em de coloni(ao para a X-rica mais uma @X-rica +ma!inadaA esta a partir de %ombal I^RN & Discuss4es ret"ricas sobre a e+ist8ncia ou ine+ist8ncia de pro7ecto pombalino pouco sentido parecem -a(er pelo menos para o caso de 'n!ola& De outra maneira seria di-,cil entender 1ue um condutor de meios e ob7ectivos como -oi %ombal seleccionasse para Hovernadores de 'n!ola -i!uras li!adas de muito perto ao seu !abinete e ao ambiente das academias com carreiras ultramarinas ou diplom8ticas sedimentadas& 'l*m disso o car8cter do corpus te$tual administrativo produ(ido em torno de 'n!ola e a maneira como -oi tratado pelos seus autores e conservado por outras !era4es atesta documentalmente altera4es no discurso e a reali(ao de le!islao com o -im de produ(ir e-eitos pol,ticos no terreno e !arantir a pro7eco e invocao da sua mem"ria no -uturo& Na relao entre +luminismo e 'n!ola o 1ue est8 em causa * acima de tudo a reconfigura#o de uma ideia da colnia de Angola e a or!ani(ao met"dica de todo um processo capa( de condu(ir sua concreti(ao recorrendo a dispositivos de poder e passando por trs -ases bem distintasE a prepara#o atrav*s da inventariao e identi-icao dos problemas de !overno a partir de dados col.idos no terrenoY a planifica#o`sWntese pela elaborao de um pro!rama @!eom*tricoA e totali(ante de re-ormasY e a aplica#o com recurso a uma aco colonial directa& ' partir de uma articulao entre sistemas de con.ecimento e poder os t"picos da re-orma passaram em primeiro lu!ar por dispositivos estruturantes da aco !overnativaE ViW "n$entaria#o no sentido em 1ue e$iste um pro7ecto de ordenao das coisas o 1ual est8 para al*m da matem8tica e da !eometria a 1ue Foucault c.amou uma esp*cie de @ta$inomia !eralA 1ue compreende uma !ram8tica !eral a .ist"ria natural a an8lise das I^RN C-& 9&2L& 'mselle V1ranc-ements& Ant-ropologie de l*uni$ersalit p ILW sobre a X-rica como entidade desterritoriali(ada construo conceito cu7as leis de -uncionamento correspondem a uma l"!ica sem<ntica distante de um enrai(amento territorial a X-rica como conceito e pertena de todos a1ueles 1ue dela se 1uerem apropriar& Num sentido semel.ante mas em realao ao @selva!emA c-& 0ic.el de Certeau V(*criture&&&p&:JIW sobre a esteti(ao do selva!em e ainda 0arc 'u!* sobre @o selva!em como ideiaA em @Ces Sauva!es ne sont 1uUune id*eA in (e /au$age I la mode V9&2L& 'mselle or!&W %aris Zditions le SBcomore IOJO p&:L& ..................... 515 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ri1ue(as a-inal uma viso !eom*trica e portanto total do mundo I^RO Y ViiW Arqui$o I^^;
entendido a1ui como captao e sistemati(ao de in-ormao administrativa politicamente instrumentali(adaY ViiiW 3ede na sua dimenso sociol"!ica pondo em contacto circuitos acad*micos cient,-icos e intelectuais com circuitos administrativos por onde se -a(em circular saberes cient,-icos e novos enunciados co!nitivos& #m se!undo lu!ar a re-orma * inte!rada por lin.as de acoE territoriali(ao do #stadoY incremento da a!riculturaY povoamento brancoY -undao de povoa4es civis promoo da a!riculturaY e$plorao das minasY produo industrial nova re!ulamentao do tr8-ico de escravos e circulao no serto I^^I & / corpo le!islativo e a escrita administrati$a 1ue o envolve visavam a concreti(ao do modelo& 0esmo admitindo 1ue os espaos coloniais comparativamente ao metropolitano -ossem espaos mais -avor8veis inovao j os espa#os coloniais como espa#os de ino$a#o e de e+peri8ncia j as resistncias observadas em 'n!ola revelavam uma comple$idade ori!inal por1ue decorriam de uma anti!a interaco entre o modelo social de 'nti!o Re!ime e as estruturas a-ricanas end"!enas& / modelo precisou ser @desarticuladoA re-ractado para !an.ar a -le$iblidade 1ue l.e !arantia a sua aplicao& Sendo o modelo apenas a -"rmula devia ser corri!ido ao ser positivado& %or isso se entendem todas as a-irma4es sobre a necessidade de @dar tempo ao tempoA para 1ue os novos valores se enrai(assem e sedimentassem& )odas as restri4es ao modelo eram entendidas como le!,timas uma ve( 1ue se ol.avam como provis"rias super8veis pela racionali(ao e inscritas num processo de civili(ao& Seria le!,timo adiar o es-oro em nome de um processo civili(acional 1ue estava em curso e 1ue acabaria por se impor mais tarde ou mais cedo& %ara 1ue esse trans-ormismo tivesse lu!ar -oi necess8rio desinscrever os anti!os modelos e as anti!as pr8ticas& Sobre essa tenso me detive ao lon!o das p8!inas antecedentes& I^RO 0& Foucault &its et ;crits vol& + p& L:N& I^^; ' noo de ar1uivo no sentido -oucaultiano T @e$istncia acumulada dos discursosA ou @os discursos sobre os discursosA T remete para as 1uest4es da mem"ria& I^^I #sta articulao entre sistemas de con.ecimento e poder convida a estabelecer pontes com outras e$perincias coloniais 78 salientadas pela .istorio!ra-ia em especial para o +mp*rio brit<nico na Cndia& 6er em especial os trabal.os de 5ernard S& Co.n Colonialism and its forms of knoOledge F1ritis- in "ndiaH %rinceton N&9& %rinceton UniversitB %ress IOOKY e C.ristop.er 5aBlB ,mpire and "nformation inteligence get-ering and social communication in "ndia F>B@D6>@BDH Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress IOOK& ..................... 516 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola +mp4e2se a!ora a 1uesto de saber por1ue ra(o a coloni(ao -oi adiada em 'n!ola at* ao -im do s*culo G+G I^^: n # tamb*m por1ue ra(o 'n!ola apesar de tudo se tornou e torna cada ve( mais uma nao banto en1uanto o 5rasil tomado a1ui como termo de comparao le!,timo 78 1ue invocado como e$emplo a se!uir pela administrao pombalina se tornou uma nao crioula n 's respostas a este problema encontram2se dadas nas p8!inas antecedentes mas conv*m a1ui sublin.ar trs aspectos& / tr8-ico de escravos atl<ntico vinculava a col"nia a interesses ne!reiros 1ue di-icilmente davam mar!em a 1ue os europeus diversi-icassem os seus interesses na direco de um sistema de planta4es ou e$plorao mineira semel.antes s da 'm*rica& ' a!ricultura praticada era a de subsistncia e a e$plorao mineira em !rande parte tamb*mY e os a-ricanos o 1ue praticavam era esse tipo de economia& %ortanto uma alterao dos destinos da col"nia teria 1ue passar obri!atoriamente pela desmonta!em deste sistema do tr8-ico de escravos o 1ue s" viria a acontecer com !rande resistncia na se!unda metade do s*culo G+G& ' 1uesto bacteriol"!ica no 5rasil e em 'n!ola -uncionava e$actamente ao contr8rio 78 1ue na X-rica a mal8ria e a -alta do 1uinino Vapenas presente numa soluo -raca a 1ue c.amam 8!ua de +n!laterraW -a(ia dos europeus pre(as -8ceis& 'li8s a correspondncia vem perpassada de 1uei$as contra as -ebres os males do clima um mal de $i$re insuport8vel verdadeiro alibi mas tamb*m causa a considerar para os tais -racassos da coloni(ao de 'n!ola to distante da do 5rasil& # depois a coloni(ao a -a(er2se era com a introduo de colonos brancos e desses c.e!avam muito poucos atra,dos 1ue eram pela outra mar!em do 'tl<ntico& /s 1ue resistiam s -ebres eram absorvidos pelas sociedades a-ricanas verdadeiras espon7as prontas a acol.er os brancos e a converter a sua descendncia em elementos de uma comunidade local& # 1uanto aos mulatos produto social da coloni(ao onde teria sido poss,vel encontrar um esteio a meio camin.o entre as culturas a-ricanas e a europeia a-ricani(avam2se pela educao das mes a-ricanas e na terceira !erao como di( Cadorne!a 78 o bisneto do branco * preto e no !uarda traos relevantes da cultura do pai& # depois se -alamos de povoamento o povoamento a-ricano I^^: / processo colonial viria a implicar toda uma revoluo na or!ani(ao do espao imposto a partir do p"lo administrativo2militar 1ue podia sobrepor2se a anti!os pres,dios -eiras ou ban(as& / pr"prio tecido pol,tico a-ricano -oi en1uadrado na rede da administrao colonial de -orma mais ou menos arti-icial indi-erente or!ani(ao pr*2e$istente& 0&#&0&Santos @' relao litoral2interior&&&&A )os Camin-os&&& p& L;L& ..................... 517 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola est8 l8 como -ica dito mais atr8s com os seus apoios num territ"rio @territoriali(adoA por marcas 1ue con-irmam 1ue a1uela terra * a terra das sociedades banto& 0as apesar de todas as resistncias e con-rontos 1ue se colocaram reali(ao do pro7ecto de coloni(ao muitas coisas mudaram& #m especial atrav*s da -ormali(ao de um discurso local 1ue -oi capa( de apreender a especi-icidade do tempo 1ue se vivia e de o tratar& /s indiv,duos letrados invocavam a a-i!ura de Sousa Coutin.o pouco depois da sua partida para assim reivindicarem mudanas de nature(a pol,tica& Z precisamente neste ponto 1ue me parece ser poss,vel dar um salto para assinalar a 1uesto da produo da mem"ria em relao a este tempo 1ue de imediato se inicia& ' verdade * 1ue o ima!in8rio pol,tico sobre 'n!ola -oi marcado por este momento& ' e$perincia iluminista pro7ectou2se nos .ori(ontes das -uturas pol,ticas de coloni(ao de 'n!ola e -oi invocada para le!itimar a sua validade& # sendo assim o 1ue se pode concluir * 1ue o discurso iluminista -undamenta e desencadeia uma e$perincia de coloni(ao em 'n!ola e$perincia essa 1ue apesar de todos os -racassos 1ue l.e -oram imputados -unciona como um tempo @m,ticoA de re-erncia elaborado e reelaborado por v8rias mem"rias e por v8rios tempos &&& em 3ltima inst<ncia a e$perincia colonial iluminista acabaria por vir a -undar no um mas v8rios discursos& So assim trs temposE o tempo do discurso neutral e absoluto do +luminismo anterior e$perincia& / tempo da e$perinciaY e os tempos dos discursos das v8rias mem"rias da e$perincia& %ela sin!ularidade 1ue representa no con7unto da Hist"ria de 'n!ola prestou 2se a apropria4es v8rias cu7a autoria se espartil.a em diversos planos ideolo!ias e cronolo!ias desde os an!olenses empen.ados em -undamentar uma identidade e uma via 'n!olana aos de-ensores mais convictos de uma coloni(ao moderna como S8 da 5andeira at* produo ideol"!ica e propa!and,stica em pleno #stado Novo I^^R & Di-erentes articula4es de mem"ria so c.amadas a con-erir sentido a di-erentes presentes& / processo das Lu(es dever8 assim ser entendido como um processo duplo inscrito numa sincronia 1ue * a da I^^R ' .istorio!ra-ia do #stado Novo no .esitar8 portanto em recuperar a -i!ura de Sousa Coutin.o como prota!onista e s,mbolo de uma *poca de e$cepo da coloni(ao& 5asta percorrer os Cadernos Coloniais coleco da '!ncia Heral das Col"nias em pe1uenas broc.uras de !rande divul!ao para deparar com a evocao e documentao da persona!em& #m IOLR a coleco documental Arqui$os de Angola da responsabilidade do 0useu de 'n!ola editava al!uns volumes em torno da aco !overnativa de D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o Vum deles dedicado -8brica de Ferro de Nova /eirasW a par de edi4es de documentos sobre o per,odo de %aulo Dias de Novais e1uiparando assim atrav*s de um acto comemorativo e monumental o momento da -undao e con1uista de Luanda a um tempo tamb*m ele inau!ural& ..................... 518 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola sua pr"pria apario de 1ue me ocupo maioritariamente neste trabal.o mas tamb*m na diacronia na relao 1ue vai mantendo com os v8rios -uturos de 1ue -a( parte pelos mecanismos da mem"ria a-inal a sua interpretao ao lon!o da Hist"ria I^^^ & )udo isto se li!a miti-icao de Sousa Coutin.o aludida na "ntrodu#o& # o 1ue * interessante * o -acto de a .ist"ria de 'n!ola p"s Sousa Coutin.o ser lida constru,da e portanto @7ul!adaA em -uno desse tempo/re-erncia& Finalmente tem interesse sublin.ar 1ue uma boa parte dos problemas actuais do mundo no europeu tem uma !eometria .om"lo!a da aplicao das re-ormas iluministas na X-rica por tamb*m subentender uma componente racional e universalista nos modelos 1ue se pretendem e$portar I^^L & Sem 1ue se ambicione -a(er uma leitura .ist"rica demasiado atra,da por 1uest4es do presente parece in1uestion8vel 1ue o per,odo a1ui analisado tra( um problema de implantao das estruturas ocidentais e do #stado& Ho7e na maior parte dos pa,ses a-ricanos constata2se uma desadaptao do #stado e da administrao paisa!em pol,tica local sua de!lutio por mecanismos locais de arran7ar o poder& 's estruturas pr*2estaduais neutrali(am e sobrep4em2se s estruturas do #stadoY as ra(4es pr*2 estaduais sobre determinam as ra(4es do #stadoY e o desa-io -oi e * o de !arantir 1ue as institui4es -uncionem& %or isso al!uns soci"lo!os a-irmam 1ue o problema da X-rica * .o7e um problema de #stado no sentido de implantao e -uncionamento das estruturas do #stado I^^K mas * tamb*m um problema do #stado como ima!em pol,tica da !overnao !erada no /cidente implicando a necessidade de interro!ar uma l"!ica de !enerali(ao e .omo!enei(ao de um modelo pol,tico I^^J & I^^^ %ierre Nora VdirW (es (ieu+ de 4moire VJ vols& #m R tomosW %aris ION^2IOO: vol& +++ p& :;& I^^L =B!munt 5auman (e cokt -umain de la mondialisation %aris %luriel IOOO pp& LN e ss& I^^K C-& 9ean Copans (a (ongue marc-e de la modernit africaine /a$oirs, intellectuels, dmocratie %aris Dart.ala IOO; p& II& %ara 'n!ola ver os trabal.os de C.ristine 0essiant @0%L' et UN+)'E processus de pai$ et lo!i1ue de !uerreA in Politique Africaine nQ LJE LU'n!ola dans la Huerre 0ars IOOL %aris Dart.ala IOOL pp& ^;2LJ& I^^J #m IOOK a Revista Politique Africaine dedicava o nQ KI V1esoin d*,tat %aris Dart.alaW aos problemas da implantao do #stado em X-rica reunindo um con7unto de arti!os onde se incidia sobre v8rios aspectos entre eles a necessidade de @indi!eni(ao do #stadoAY a invovao ritual do #stado no sentido em 1ue para l8 dos crit*rios -ormais de -acto no se procura a ordem social e pol,tica 1ue esse #stado pretende promoverY ou ainda a a-irmao de 1ue cada sociedade pol,tica deve ser analisada como uma construo ori!inal para a 1ual no pode nem deve .aver respostas universais nem um -ec.amento nos particularismos como o prova o tema dos direitos .umanos Vma+ime p8!inas introdut"rias de #& Le RoB @LU/dBss*e de lUZtatA pp& L2IJW& ..................... 519 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola ' circulao dos modelos .ist"ricos entre o /cidente e a X-rica admite o seu inverso& Um -uturo de trans-ormao social e pol,tica no si!ni-ica necessariamente a re7eio e a ne!ao das -ormas sociais passadas aparentemente condenadas por uma ideia de pro!resso imposta a partir do e$terior e .istoricamente constru,da& Se!undo 0U5o[olo citando um -il"so-o a-ricano @' X-rica como ori!em da .umanidade talve( ten.a 1ue ser tamb*m o -uturo da .umanidadeA& %cr um p* no passado e nas -ormas end"!enas mais remotas nas .eranas a-ricanas I^^N para construir o -uturo no si!ni-ica a marca obri!at"ria de arca,smo obtuso nem de um culto conservador da tradio& / valor local da moderni(ao pode ser posto em evidencia atrav*s de e$emplos como os direitos .umanos I^^O as -ormas de representatividade ou os saberes end"!enos I^L; & Resta saber se o 1ue da, resulta continua a ser #stado como estado centrali(ado& Z precisamente neste conte$to 1ue este estudo pode ser de al!uma utilidadeE ViW por destacar o car8cter .ist"rico do universalismo iluminista li!ado a conte$tos espec,-icos da cultura e ima!in8rio europeus da *pocaY iiW por aludir a um processo de !enerali(ao 1ue e$perimentou resistncias dram8ticas mesmo no seio da #uropa e 1ue mesmo a1ui cancelou alternativas de evoluo comunit8ria alternativas s de .o7eY ViiiW por descrever um processo paralelo de neutrali(ao e de apropriao da din<mica e$pansionista ocidental culminando num mundo de modelos pol,ticos concorrentes acomodados na mesma !rel.a de rela4es .umanasY VivW por contrastar @pro7ectoA e @resultadosA mostrando ainda as sucessivas de!luti4es do primeiro pelos 3ltimos& 'o dar um lu!ar determinado s leituras ideol"!icas da relao entre a X-rica e o +luminismo/0oderni(ao re-erindo2as para mais ao presente tornou2se para mim mais -8cil perceber 1ual era o problema c.ave do meu trabal.o de an8lise .ist"rica& / 1ue eu tin.a entre mos era um problema essencialmente pol,tico dos modos de dominao/resistncia interculturais sendo a essa lu( 1ue eu devia estudar a aplicao da I^^N #li[ia 0U5o[olo @#ntrevistaA PXblico L de 9ul.o de :;;R& I^^O C-& 9&2L& 'mselle (ogiques 4tisses&&& p& I;2I:& I^L; C-& %aulin 9& Hountond7i V(es sa$oirs endog0nes, pistes pour une rec-erc-e %aris Dart.ala IOO^ p& IIW autor 1ue sublin.a o -acto de os saberes ancestrais sobre as plantas os animais a sa3de e a doena as t*cnicas a!r,colas e artesanais em lu!ar de se desenvolverem pelo contacto com a cincia e a t*cnica e$"!enas e de se inte!rarem na din<mica das investi!a4es contempor<neas ori!inando um s,ntese ori!inal permanecerem em simples 7ustaposio& / mesmo autor em /ur la p-ilosop-ie africaine, critique de l*et-nop-ilosop-ie %aris 0aspero ION; salienta como a polissemia das tradi4es orais de -acto uma pluralidade de discursos veio a ser arti-icialmente redu(ida a uma -iloso-ia a etno-iloso-ia Vv&!& %lacide )emples (a p-ilosop-ie bantoue, %aris Dart.ala IO^OW& ..................... 520 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola pol,tica iluminista no conte$to .ist"rico particular das sociedades a-ricanas 1ual1uer 1ue se7a o sentido 1ue dermos e$presso& #spera2se 1ue um estudo deste tipo possa de al!uma -orma contribuir para surpreender o modo como independente de interesses e con7unturas pol,ticas o modelo e processo de e$panso europeia pode depender de ima!ensE do 1ue * o !overno e a universalidade das suas solu4es do 1ue so as metr"poles e as col"nias do 1ue * a #uropa e do 1ue so os tr"picos& Surpreender um sentido !lobal de uma investi!ao destas independentemente de incidir sobre 'n!ola tamb*m para pcr em evidencia os @do!mas pertencentes ao -ol[lore ind,!ena do /cidenteA e 1ue aos seus ol.os passam por @con.ecimento universal da condio .umanaA I^LI & )rata2se a-inal de pensar a @des.istorici(aoA da problem8tica& I^LI 6er o te$to estimulante provocante e radical de 0& Sa.lins Les Lumires en anthropologieS& )on+rence 0rononce le 27 Mars 19917& $anterre& 6ocit dTHtEnolo1ie& 1999& 0( 7( ..................... 521 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 15. >i!4i"+i# A) FONTES MANUSCRITAS A&@/i;" (" I)/A%# (R"-#) 7ondo Mesuitico Rol dos Livros e Rol dos m"veis da Casa de Luanda da Residncia de 'n!ola ILO^ -l I a I:& A&@/i;" (# P&"3#+#'(# Fi()i (R"-#) /cripture Originali Congrega%ione Menerale Livros J;^ J;JY JO;& Acta VCndicesW Livro I:N Livro IRI Livro IRL ivro IL;& /cripture 3ifirite nelle Congrega%ioni Menerali Livro L&Livro K& A,#()-i# (# CiG',i# () Li!"# Domin!os 6andelli @6ia!ens -ilos"-icas ou Dissertao sobre as importantes re!ras 1ue o -il"so-o naturalista nas suas pere!rina4es deve principalmente observar, /rie 2ermel-a 0s& ^;L& A&@/i;" N#,i"'#4 (# T"&&) (" T"-!" 0inist*rio do Reino &ecretamentos de /er$i#os mao I;J nQ R^& 0inist*rio do Reino 0ao K;L C$& J;R& Real 0esa Cens"ria Cai$a ILI &ocumentos e+pedidos para Angola F>BCG6>@DBH& 'NuN+0/ Proposta a / 4ageste sobre a escra$aria das terras da Conquista de Portugal 2 C"d& IIIK -ls& K:;2KRI& A&@/i;" Oi%=&i," N#,i"'#4 () A'+"4# ..................... 522 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Cdices do Mo$erno de Angola9 C"d& JO VIJKJ2IJKOWY C"d& N; VIJJI2IJJ:WY C"d& NI VIJJJ2IJJOWY C"d& N: VIJNJ2IJNNWY C"d& NR VIJO;2IJOIWY C"d& NL VIJOI2IJO:WY C"d& OI VIN;L2INIRWY C"d& O: VINIR2INIKWY C"d& O^ VINIO2IN:RWY C"d& R;IN VIJOJ2IN;OW Cdices do Mo$erno de 1enguela 9 C"d& ^^; VIJOKWY C"d& ^^I VIJOK2IJOJWY C"d& ^^: VIJOK2IN;^WY ^^R VIJOK2IN;NWY C"d& ^^L VIN;J2INIRWY C"d& ^^K VINI^2ININWY C"-& ^^J VININ2IN:IWY C"d& ^^O VIN:^2IN:OW& C"d& :OO 2 %rovis4es e 'lvar8s VIJRR2IJLLW& Cod& R:: 2 Cartas escriptas para o pres,dio de So 9os* de #nco!e e para os Districtos do Dande do +colo e 5en!o e para o dos ?uilen!ues e Holun!o e Libon!o sendo Hovernador D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo& C"d& :^; 2 Correspondncia do Hovernador com os potentados ne!ros da col"nia& C"d& :OO T %rovis4es dos escrives das terras dos sobas C"dices N3cleo Heral ILN^/I: Vnumerao anti!aW ^2I2I: 0assan!ano 3egisto dos termos de Turamento de 7idelidade preito e -omenagem dos sobas C"d& :N:I 2 )ermos de preito e .omena!em VIJLO2IJOJW& 0'))' 9& Cordeiro da 3epositrio de Coisas Angolenses FUsos, Costumes, tradi#Kes, lendas e anedotasH K;; -ls& A&@/i;" Oi%=&i," Mi4i%#& &edduc#o dos factos do 1ispo de 4alaca e do 1aro de 4o#amedes, Mo$ernador de Angola IN de De(embro de IJNN Diviso : Seco : Cai$a IO^ nQ I& &i'rio de Muerra, na campan-a contra o 4arqu8s do 4ossulo, em >BCD6>BC> :p Diviso :p seco C$& I nQ J& 2iagem que eu /argento6mor dos moradores do &estrito do &ande di% Is remotas partes de Cassange no ano de IJLL t.* o se!uinte de IJLK :p Diviso :p secco C$& I nQ K& A&@/i;" Oi%=&i," U4%&#-#&i'" 2 Ip seco 5rasil 0inas Herais Cai$a O^ Doc& IN& ..................... 523 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 2 Ip seco 'n!ola cai$as RL a I;;& 2 C"dices IK^: I:J: I^NI LLL ^NI ^N; ^J: :JK IKO& 2 @S8 da 5andeira coleco de documentos re-erentes s col"nias portu!uesasA mao L @S8 da 5andeira coleco de documentos re-erentes s col"nias portu!uesasA SalaI: %ap*is de S8 5andeira 0ao :O:O& Consel.o Ultramarino &ecretos de )omea#o C"dices R a I: & A&@/i;" (" I'%i%/%" Oi%=&i," ) G)"+&J5i," (" Ri" () I#')i&" )otWcias de 1enguela e seus &istritos IJON Not,cias do %res,dio de Caconda em 5en!uela ano de IJOJ F IO lata RI doc& L& >i!4i"%),# (# A9/(# ,+posi#o de 7rei 1elc-ior da Concep#o sobre os acontecimentos de Angola : de Fevereiro de IJ;R C"dice L^2G+++2IL NQ I;:& >i!4i"%),# N#,i"'#4 () Li!"# Fundo Heral C"dices N^J: N^JR N^J^ Copiador da Correspond8ncia de & 7rancisco "noc8ncio de /ousa Coutin-o& NLLR &ocumentos relati$os a 1enguela Obras $'rias& Fi4-"%),# U4%&#-#&i'# P"&%/+/)# (A&@/i;" (# C## Li'D#&)) FU% R2L2R2IJ 'L Papeis 2'rios sobre Angola& 0s& OO FU% R& L2R2J 'L Papeis do Mo$erno de Angola 0ss& ^L ..................... 524 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola >) FONTES IMPRESSAS ''&66& V:;;RW ,nc5clopaedia Uni$ersalis CD2Rom& ''&66& &iderot e &*Alembert FdirH, ,nc5clopdie [!, >BG> et >BBV, de &iderot et d[Alembert ed& CD2Rom& Abrg de l[-istoire gnrale des $o5ages faits en ,urope F>@DA6>@D?H %aris c.e( 0outardier& 'D'NS/N VIJLJW .istoire )aturelle du /negal %aris C&9&5& 5auc.e& 'L0#+D' 'nt"nio de VIORNW 3ela#Kes com os &embos &as Cartas do &embado de Qakulu6Qa-enda + Con!resso da Hist"ria da #$panso %ortu!uesa no 0undo ^p seco Lisboa pp& R2ON& XL6'R#S %adre Francisco VIO^RW 2erdadeira "nforma#o das terras do Preste Too das Zndias Lisboa '!ncia Heral do Ultramar VI&p edio IL^;W& Arqui$os de Angola Luanda +mprensa Nacional IORR2RK Vvol& + nQ I2KWY IORK Vvol& + nQ I2KY vol& ++WY IORJ Vvol& +++WY IORN2RO Vvol& +626WY IO^R2^^Y IO^^2^LY IO^KY IO^J2 ^O VnQ IL2:KWY IOL; V:J2R;WY IOLI2L: VRI2RKWY IOLR VnQ RO2^:WY IOK; VKJ2J;WY IOKI VnQ OO2I;:WY IOKN VnQJI2J^WY IOJ; VnQ I;I2I;JW& 5'RR#)/ 9os* VIONKW F"ntrodu#o aH /ebastio Tos de Car$al-o e 4elo, ,scritos ,conmicos de (ondres F>B?>6>B?VH, selec#o, leitura, introdu#o e notas de Tos 1arreto Lisboa 5iblioteca Nacional& 5'S)/S 'u!usto VIO;NW @)raos Herais sobre a #tno!rap.ia do Districto de 5en!uellaA 1/M( :Kp s*rie pp& I2:IJ& 5'))#L 'ndre\ VIO;LW k).e stran!e adventures o- 'ndre\ 5attel o- Lei!. in #sse$ sent bB t.e %ortu!als prisoner to 'n!ola \.o lived t.ere and in t.e ad7oBnin! Re!ions neere ei!.teene Beeresk Samuel %urc.as ed& .aklu5tus Post-umus or Purc-as .is Pilgrimes containing a .istor5 of t-e =orld in sea $o5ages and (ande :ra$ells b5 ,nglis-men and ot-ers :p ed& vol& K Hlas!o\ 9ames 0acLe.ose and Sons pp& RKJ2^;K& ..................... 525 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5+D#R 9ulio Firmino 9udice VINN:W O 4arque% de Pombal Alguns &ocumentos "nditos Lisboa )Bpo!rap.ia Universal& 5/S0'N Huillaume VIJ;LW 2o5age de Muine, contenant une description nou$elle et tr0s e+acte de cette Cote o\ l*on trou$e et o\ l*on trafique l*or , les dents d*,lep-ant, et les ,scla$es9 de ses Pa5s, 3o5aumes, et 3epubliques, des 4oeurs des -abitans de leur 3eligion, Mou$ernement, administration de la Tustice, de leurs Muerres, 4ariages, /epultures, etc, depuis peu Conseiller et premier 0arc.and dans le c.<teau de St Heor!e dU#lmina et Sous Commandeur de la Cote 'utrec.t C.Ss 'ntoine Sc.outen 0arc.and Libraire& 5R+)/ Domin!os de 'breu e VIORIW Um "nqurito I $ida administrati$a e econmica de Angola e do 1rasil, em fins do sculo L2" ed& 'l-redo de 'lbu1uer1ue Felner Coimbra +mprensa da Universidade& 5UFF/N VION^W .istoire )aturelle te$tes c.oisis par 9ean 6arloot %aris Hallimard& 5UFF/N Vs&d&W Oeu$res Compl0tes ed& 0& Flourens )ome Deu$iSme T (*.omme iles quadrup0des %aris Harnier Freres Libraires T *diteurs& C'D/RN#H' 'nt"nio de /liveira VIOJ:W .istria geral das guerras angolanas, R vols& 'notado e corri!ido por 9os* 0atias Del!ado Lisboa '!ncia Heral do Ultramar& C'0#R/N 6erneB Lovett VINJNW A tra$ers l*Afrique 2o5age de aan%ibar I 1enguela %aris : vols& C'%#LL/ Hermene!ildo +6#NS Roberto VINNIW &e 1enguella 's :erras de "'cca &escrip#o de uma $iagem na Efrica Central e Occidental Lisboa +mprensa Nacional : vols& C'R6'LH/ Henri1ue 'u!usto Dias de VINO;W ,t-nograp-ia e .istoria :radicional dos Po$os da (unda Lisboa +mprensa Nacional& C'S)+LH/N 9&2L& VIOORW aing-a, reine d*Angola, .istoire Africaine ed& %atric[ Hraille Laurent ?uilleri* 5our!es HanBmede VIp edio IJJ;W& C'6'==+ D# 0/N)#C}CC/L/ %e& 9oo 'nt"nio VIOKLW &escri#o -istrica dos tr8s reinos Congo, 4atamba e Angola +ntroduo biblio!r8-ica por F& Leite Faria ..................... 526 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola )raduo pelo %adre Hraciano 0aria de Le!u((ano Lisboa '!rupamento de #studos de Carto!ra-ia 'nti!a 9unta de +nvesti!a4es do Ultramar : vols& CL'US#d+)= Carl von VIOOLW &e la Muerre %aris Les Zditions 0inuit& C//L#e dilliam Desborou!. VIN^;W .istoire gnrale des $o5ages de dcou$ertes maritimes et continentales %aris C.arpentier& C/RR~' #lias 'le$andre da Silva VIORJW .istria de Angola, : vols& Lisboa Coleco dos Cl8ssicos da #$panso %ortu!uesa no 0undo S*rie #2+mp*rio& C/UC#+R/ Henri1ue de %aiva VINO:W 3elatrio da 2iagem entre 1ailundo e as :erras do 4ucusso Lisboa& C/U)+NH/ D& Rodri!o de Sou(a VIOORW :e+tos polWticos, econmicos e financeiros F>B@A6>@>>H )omo + +ntroduo e Direco de edio D# 'ndr*e 0ansuB Dini( Silva Lisboa 5anco de %ortu!al& D'%%#R /l-ert VIKNKW &escription de l*Afrique VPW 'msterdam in2-ol& cartes !rav*es& D+D/) VIJ^O2IJNOW .istoire generale des $o5ages ou nou$elle collection de toutes les relations de $o5ages par mer et par terres %aris c.e( Didot& &ocuments sur une mission fran#aise au Qakongo >BSS6>BBS avec introduction et annotations de 0!r 9& Cuvelier 5ru$elles s&ed& s&d& @#$traite du 7ournal de la campa!ne des vaisseau$ du roB en IJLL par le C.evalier des CourtilsA VIOKLW in 1ulletin de ;tudes Portugaises :K IOKL& F#LN#R 'l-redo de 'lbu1uer1ue VIORRW Angola Apontamentos sobre a ocupa#o e inWcio do estabelecimento dos portugueses no Congo, Angola, e 1enguela e+traWdos de documentos -istricos Coimbra +mprensa da Universidade& F#LN#R 'l-redo de 'lbu1uer1ue VIO^;W Angola Apontamentos sobre a coloni%a#o dos planaltos e litoral do sul de Angola R vols& Lisboa '!ncia Heral das Col"nias& FR'NC+N' 0anoel 'lves de Castro VINL^2INLNW k+tiner8rio de uma 7ornada de Loanda ao distrito de 'mbaca na prov,ncia de 'n!olak in Annais do Consel-o Ultramarino %arte no /--icial s*rie + Fevereiro de INL^ a De(embro de INLN pp&R2IL& FR#+R# %ascoal 9os* de 0elo VIOKNW .istria do &ireito Ci$il Portugu8s trad& 0i!uel %into de 0ene(es Lisboa& ..................... 527 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H'0+)/ VINLI2INL:W O 4uata Ca%embe e os po$os 4ara$es, C-$as, 4ui%as, 4uembas, (undas e outros da Efrica Austral datada de INLI e INL:& HR'' Rodri!ues VINO;W @#$pedio ao 0uantaB<nvua T Di8rioA 1oletim da Sociedade de Heo!ra-ia de Lisboa Lisboa Op s*rie nQ N e O pp& RKL2^KK& HR/)+US Hu!o V:;;^W O &ireito da Muerra e da Pa% F&e Ture 1elli ac PacisH introduo de 'nt"nio 0anuel Hespan.a vol& + So %aulo #ditora Uni7ui& "nstruc#Kes "nditas de &om (uWs da Cun-a a 4arco Antnio de A%e$edo Coutin-o VIO:OW ed& %edro de '(evedo pre-& de 'nt"nio 5aio Coimbra& "nstru#Kes com que ,l63ei & Tos " mandou passar ao ,stado da Zndia o Mo$ernador e Capito Meneral e o Arcebispo Prima% do Oriente no anno de >BB? VIN^IW %ublicadas e anotadas por Cl8udio La!ran!e 0onteiro de 5arbuda %an!im na )Bpo!ra-ia Nacional& L'C#RD' %aulo 0artins %in.eiro de VIN^LW @Not,cia da Cidade de S& Filipe de 5en!uela e dos Costumes dos !entios .abitantes da1uele sertoA in Annaes 4aritimos e Coloniaes ?uinta S*rie %arte No /-icial Lisboa +mprensa Nacional pp& ^NK2^OI& LaH'R%# 9ean Franois de VIJN;2IN;IW Abrg de l[-istoire gnrale des $o5ages, %aris Hctel de ).ou& L#+)/ 0anoel Correia VIORNW @Relao e breve sum8rio da via!em 1ue eu o sar!ento mor dos moradores do Dande -i( s remotas partes de Cassan!e e /los por mandado do +ll&mo e #$&mo Sen.or Hovernador e capito !eneral dstes Reinos D& 'nt"nio 'lvares da Cun.aA VIJLL2IJLKW in Hasto Sousa Dias Ved&W @Uma via!em a Cassan!e nos meados do s*culo G6+++A 1oletim da /ociedade de Meografia de (isboa LK pp& R2R;& L+0' 'm*rico %ires de Ved&W VIO^NW 4emria de & 3odrigo de /ousa Coutin-o F>] Conde de (in-aresH sobre o mel-oramento dos domWnios de / 4ag e na Amrica Coimbra Coimbra #ditora& L+0' 9os* 9oa1uim Lopes de VIN^KW ,nsaios sobre a statistica das possessKes portugue%as na Efrica Occidental e Oriental, na Esia Occidental, na C-ina, e na /ceania Livro +++ Lisboa +mprensa Nacional& ..................... 528 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0'He'R Ladislau 2iagensP& traduo provis"ria da edio alem 3eisen in sgd6 Afrika in den Na-ren >@?C bis >@GB von Ladislaus 0a!Bar Leip(i! INLO V)raduo alem da primeira edio .3n!ara T 4ag5ar ('%lo &elafrikai Utas'i IN^O2LJ #[bnW& 6erso -acultada por 0aria da Conceio Neto& 0'LH#+R/ 'le$andre VIO;RW C-ronicas do 1i- illustrado com p.oto!rap.ias e desen.os de 9os* Leite Lisboa& 0')/S Norton de VIO^^W 4emrias e trabal-os da min-a $ida vol& ++ Lisboa #ditora 0ar,tima Colonial& 0')/S/
Xlvaro de Carval.o e VIORNW Produtos medicinais de que usam os -abitantes da Efrica Ocidental, principalmente os de Angola e seus sertKes VIJN^W in Lu,s de %ina )otas para a 4edicina indWgena angolense no sculo L2""" Sep& k5oletim Heral das Col"niask n&Q ILI Lisboa& 0#LL/ D& 0i!uel 'nt"nio de VINNLW @Relat"rio do Hoverno de V&&&W& 'n!ola no Comeo do S*culo IN;:A 1/M( Lps*rie pp& L^N2LK^& 0#ND#S '-onso VIOR^2IORLW kCaderno 1ue trata das ervas ra,(es e outras cousas 1ue se tem descoberto no Serto do Reino de 'n!ola com v8rias virtudes 1ue o Sar!ento20or '-onso 0endes por sua curiosidade -oi escrevendok V5NL 7M Cod& K^OKW publicado por Ruela %ombo em k0edicina tropicalk &iogo Co : I; VIOR^W :OJ2R;^ e R : VIORLW RJ2^N e como Angola 4edicina "ndWgena antiga Caderno que trata dos paus, er$as, raW%es, cascas e leos $egetais e animais, que ser$iam em Angola para curar certas e determinadas doen#as escrito pelo /argento6mor Afonso 4endes F(eitura reser$ada a mdicos e farmac8uticosH separata da revista kDio!o Cok Lisboa IORL& 0#ND#S Lu,s 'nt"nio de /liveira VIOJJW 4emria a respeito dos escra$os e tr'fico da escra$atura entre a costa d[ Efrica e o 1rasil9 apresentada I 3eal Academia das Ci8ncias de (isboa pre-8cio de 9os* Capela %orto #scorpio& 0#N#=#S 9oa1uim 'nt"nio de Carval.o e VINR^W 4emoria Meograp-ica, e PolWtica das PossessKes Portugue%as n*Affrica Occidental, que di% respeito aos 3einos de Angola, 1enguela e suas &epend8ncias Origem de sua decad8ncia, e atra%amento, suas con-ecidas produ#Kes, e os meios que se de$em applicar para o seu ..................... 529 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola mel-oramento , de que de$e re%ultar mui grandes $antagens I monarquia Lisboa Na )ipo!ra-ia Carval.ense& 0#N#=#S 9oa1uim 'nt"nio de Carval.o e VIN^NW &emonstra#o Meograp-ica e PolWtica do territrio portugue% na Muin inferior que abrange o 3eino de Angola, 1enguella e suas depend8ncias causas da sua &ecad8ncia e atrasamento, suas con-ecidas produ#Kes, e os meios que se de$em applicar para o seu mel-oramento e utilidade geral da na#o escripta em Lisboa em IN^K au!mentada em IN^J Rio de 9aneiro )Bp& Cl8ssica de F& '& De 'lmeida& 0/NC'D' Francisco Cabral de VIO;RW A Campan-a do 1ailundo Lisboa Livraria Ferin& N#6#S 9os* 'c3rsio das VINR;W Considera4es %ol,ticas e Comerciais sobre o Descobrimento e %ossess4es dos %ortu!ueses na X-rica e na Xsia Lisboa& %/R)/ 'nt"nio Ferreira da Silva 2iagens e Apontamentos de um portuense em Efrica vol& ++ Vno preloW& Ordena#Kes 7ilipinas apres& de 08rio 93lio de 'lmeida Costa R vols Lisboa FCH IONLY -ac2s,umile da ed& Do Rio de 9aneiro de INJ;& %RZ6/S) Li*vin25onaventure VIJ^K2IJ^JW .istoire Mnrale des 2o5ages ou nou$elle collection de toutes les relations de $o5ages par mer et par terre [! %aris #diteur Didot& R'eN'L 'bb* Huillaume2).omas VIJN;W .istoire p-ilosop-ique et politique du commerce des europens dans les deu+ "ndes %aris ^ vols& R/USS#'U 9ean29ac1ues VIOO:W &iscours sur les /ciences et les Arts &iscours sur l*origine de l*ingalit c.ronolo!ie et introduction par 9ac1ues Ro!er %aris Flammarion& S'0%'+/ Francisco Coel.o Sousa VIJOR2IJO^W %relec4es do direito p8trio p3blico e particular f&&&g& %rimeira e se!unda parte em 1ue se trata das no4es preliminares e do direito p3blico portu!us Coimbra )erceira %arte& #m 1ue se trata do livro ++ das ordena4es Filipinas f&&&g Lisboa edio -ac2similada in 'nt"nio 0anuel Hespan.a Poder e "nstitui#Kes na ,uropa de Antigo 3egime ColectJnea de :e+tos Fundao Calouste Hulben[ian ION^ pp&ROL2L^I& ..................... 530 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola S'ND/6'L C<ndido de 'lmeida VINKJW @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA in Annaes do Consel-o Ultramarino %arte no o-icial SZR+# + Novembro de INLN Lisboa +mprensa Nacional pp& LIO2L:I& SCH#FF#R C.ristian Ved&W VIO:IW "nstructions Mnrales donnes de >BSA a >@BD au+ gou$erneurs et ordonnateurs des tablissements fran#ais en Afrique Occidentale :ome Premier9 >BSA6>@A> %aris Librairie 'ncienne Honor* C.ampion& S+L6' 9oa1uim 9os* da VIORLW kRelao dos produtos naturais 1ue pela Secretaria de #stado da Repartio do Ultramar vo remetidos ao Real Habinete da '7uda na Real Fra!ata 0inerva em cumprimento das Reais /rdens de Sua 0a!estade& #m IN de Fevereiro de IJORk in Arqui$os de Angola I ^ VIORLW doc& viii& S+L6' 9oa1uim 9os* da VIORLW 3ela#o de sementes, IN;R ed& por Ruela %ombo k0edicina ind,!enak &iogo Co : ^ VIORLW I;L2II: e : L VIORLW I^O2IL:& )'0S Heor!e VINL;W 2isita Is possessKes portugue%as na costa occidental d*Africa : vols& %orto )Bpo!rap.ia da Revista& )#+G#+R' 'le$andre da Silva C/S)' 9os* da Silva VIORLW @Relao da 6ia!em ?ue Fe( Desta Cidade de 5en!uela para as )erras de Lovar no 'nno de 0il Setecentos e Noventa e ?uatro T :R de De(embro de IJO^A in Arqui$os de Angola Luanda vol& + nQ ^ Nov& IORL doc& G& )#N2RHeN# dil.elm VIKNKW /-ediasma de promontorio 1onae /pei, eNusque tractus incolis .ottentotis FPH in %r*vost Li*vin25onaventure VIJ^K2IJ^JW .istoire Mnrale des 2o5ages %aris #diteur Didot& :estamento PolWtico de & (ui% da Cun-a VIO^RW %re-8cio e notas de 0anuel 0endes Lisboa Cadernos da @Seara NovaA 5iblioteca do S*culo G6+++& )/RR#S 9& C& Feo Cardo(o de Castellobranco e VIN:LW 4emorias contendo a biograp-ia do $ice6almirante (ui% da 4otta 7eo e :orres A .istria dos Mo$ernadores generaes de Angola, desde >GBG at >@VG e a descrip#ao geograp-ica e polWtica dos reinos de Angola e de 1enguella, oferecidas a /47ma o /en-or & Too 2" %ari( Fantin& ..................... 531 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 6'))#L #mmeric. de VIJLNW :-e (aO of )ations or principles of t-e laO applied to t-e conduct and affairs of )ations and so$ereigns -rom t.e -renc. o- 0onsieur de 6attel ed& 9osep. C.ittB %.ladelp.ia INNR& 6#RN#e Lu,s 'nt"nio VIOOIW 2erdadeiro 4todo de ,studar, cartas sobre retrica e potica #ditorial %resena& C) DICIONLRIOS E GRAMLTICAS ''&66& V:;;IW &icion'rio da (Wngua Portuguesa ContemporJnea Lisboa 'cademia das Cincias de Lisboa& C'NN#C'))+0 Fr& 5ernardo 0aria de VIN;^W &iccionario da (ingua 1unda ou Angolense e+plicada na portugue%a, e (atina, Lisboa Na +mpresso R*!ia 0DCCC+6& C'NN#C'))+0 Fr& 5ernardo 0aria de VINLOW Collec#o de Obser$a#Kes Mrammaticais, sobre a (Wngua 1unda ou Angolense e &iccion'rio Abre$iado da (ingua Conguesa se!unda edio Lisboa +mprensa Nacional 0DCCCL+G& CHF)#L'+N H*li VINNN2INNOW Mrammatica ,lementar do Qimbundu ou lWngua de Angola Henebra )Bp& De C.arles Scuc.ardt& F#RR#+R' 'ur*lio 5uar1ue de Holanda Vs&d&W )o$o &icion'rio de (Wngua Portuguesa Rio de 9aneiro ed& Nova Fronteira& HU#NN#C Hr*!oire le C&S&S&%& 6'L#N)# 9os* Francisco VIOJ:W &icion'rio Portugu8s6Umbundu Luanda +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica de 'n!ola& H/U'+SS 'ntcnio 6+L'R 0auro de Salles V:;;:2:;;RW &icion'rio .ouaiss da lWngua portuguesa K vols Lisboa C,rculo de Leitores& 9UN+/R '& de 'ssis Vs&d&W &icion'rio de Qimbundu6Portugu8s, (inguWstico, 1otJnico, .istrico e Corogr'fico Luanda 'r!ente Santos e Cia& Lda& 0'+' %adre 'nt"nio da Silva Vs&d&W &icion'rio Complementar Portugu8s6kimbundu6 kikongo FlWnguas nati$as do centro e norte de AngolaH s&l& #dio e propriedade do autor& 0'))' 9& D& Cordeiro da VINORW &iccion'rio QimbXndu6Portugue% Lisboa& ..................... 532 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %'RR#+R' 'driano VIOO;W Dicion8rio Hlosso!r8-ico e )opon,mico da Documentao sobre 'n!ola& S*culos G6 e G6++ Lisboa #ditorial #stampa& R+5'S uscar VIOO^W &icion'rio de regionalismos angolanos 0atosin.os Contempor<nea& S+L6' 'nt"nio 0orais da VIO^OW Mrande &icion'rio da (Wngua Portuguesa I;p edio #ditora Con-luncia& D) ESTUDOS ''&66& VIONJW (*,sprit des lois sau$ages Pierre Clastres ou une nou$elle ant-ropologie politique dir 0i!uel 'bensour %aris Zditions du Seuil& ''&66& VIONNW (es "des de l*Ant-ropologie %aris 'rmand Colin& ''&66& VIONOW (es et-nies ont une -istoire dir& 9&2%& C.r*tien e H& %runier %aris Dat.ala& ''&66& VIOORW "mages d*Afrique et sciences sociales, les pa5s lobi, birifor et dagara F1urkina 7aso, Cote6d*"$oire et M-anaH %aris Zditions Dart.ala& ''&66& VIOOLW .istoires du (i$re, nou$elle orientations 'ctes du collo1ue du K et J septembre IOO; %aris Zditions de la 0aison des Sciences de lUHomme& ''& 66& VIOOKW Africa*s Urban Past Vpapers presented at a con-erence o- t.e Center o- '-rican StudiesW S/'S UniversitB o- London IO2:I de 9une& ''&66& VIOOLW "n$entaire 2oltaire %aris Hallimard& ''&66& VIOONW &raison, escla$age et droit (es fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l*escla$age Zditions Unesco 0*moire des %euples Dir& +sabel Castro Henri1ues Louis Sala20olins IOON& ''& 66& VIOOKW Politique Africaine nQ KI 1esoin d*,tat %aris Dart.ala& ''&66& VIOOOW :-e Cambridge .istor5 of t-e )ati$e Peoples of t-e Americas vol& +++ Sout. 'merica %art + /++ ed& Fran[ Salomon Stuart 5& Sc.\art( Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress& 'D/RN/ ).eodor d& H/RDH#+0#R 0a$ V:;;;W &ialectic of ,nlig-tenment Ne\ eor[ Continuum VI&p edio de IO^^W& ..................... 533 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'L'H/' #&9& @/ral tradition and oral .istorB in '-ricaA in F'L/L' )oBin African .istoriograp-5 ,ssa5s in -onour of Tacob Ade ANa5i Lon!man IOOR pp& ^2IR& 'L')R+ %aolo VIOONW @LU.istoire intelectuelle de la Rec.erc.e sur le Di$2.uitiSme siScle en +talieA in D#L/N 0ic.el e SCHL/5'CH 9oc.en (a 3ec-erc-e &i+6.uiti0miste ObNets, mt-odes et instituitions F>C?G6>CCGH %aris pp& RJ2^^& 'L5#R)'N2C/%%/L' SBlviane VIOO;W @La ?uestion des Lan!ues dans les 4oeurs des Sauva!es Amricains de La-itauA in &i+6.uiti0me /i0cle nQ :: %aris %UF pp& I:J2IRN& 'L5U?U#R?U# Lu,s de VIOJNW @/ ensino da matem8tica na re-orma pombalinaA ,studos e ,nsaios, Coimbra Universidade de Coimbra vol& 6+ p& I2IR& 'L5U?U#R?U# 0artim de VIONNW Para a .istria das "deias PolWticas em Portugal Fuma carta do 4arqu8s de Pombal ao go$ernador do 4aran-o em >BS>H Separata de #studos %ol,ticos e Sociais vol 6+ nQ I +SCS%U& 'LD#N Dauril VIOKIW :-e 4arquis of Pombal and t-e American 3e$olution9 4arquis of Pombal to Meorge """ das.in!ton fs&ed&g Separata de :-e Americas v& IJ ^ pp& RKO2RN:& 'LD#N Dauril VIOKRW :-e population of 1ra%il in t-e late eig-teent- centur59 a preliminar5 sur$e5 fs&l&g fs&ed&g Separata de .ispanic American .istorical 3e$ieO v& ^R n& : pp& IJR2:;L& 'LD#N Dauril VIOKNW 3o5al go$ernment in colonial 1ra%il 5er[eleB Cali-ornia UniversitB %ress GG6++ L^L pp& 'LD#N Dauril VIOOKW :-e making of an enterprise9 t-e /ociet5 of Tesus in Portugal, its empire, and be5ond >G?D6>BGD Stan-ord Cali-"rnia UnivertB %ress& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VIOJOW @La traite n*!riSre et lUunit* nationale br*silienne IN:L2INL;A 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outrre 4er t& LG6+ pp& ROL2^IO& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VION;W @LU empire du 5r*silA in 0aurice Duver!er Vor!&W (e Concept d*,mpire %aris %UF pp& R;I2RI;& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VION^W @La traite n*!riSre et les avatars de la colonisation portu!aise au 5r*sil et en 'n!ola ILL;2IN:LA Ca-iers du CR+'R V^W Rouen pp& IIO2ILK& ..................... 534 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VIONL2NKW (e commerce des 2i$ants9 traite d*escla$es et Pa+ (usitana, dans l*Atlantique /ud R vosl& Universit* de %aris G Vverso policopiadaW& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VIONJW @Rio de 9aneiro 5a.ia et le Nouvel /rdre Colonial IN;N2INK;A in 9eanne C.ase Mograp-ie du Capital 4arc-and au+ Amriques %aris Zcole des Hautes Ztudes pp& IRI2IL;& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe VIOOIW @).e apprentices.ip o- coloni(ationA in 5arbara L& Solo\ Vor!&W /la$er5 and t-e rise of t-e Atlantic /5stem Nova eor[ Cambrid!e UniversitB %ress cap& J pp& ILI2IJK V:p ed& em IOOR e republicado em %atric[ 0annin! Vor!&W /la$e :rades >GDD6>@DD9 Mlobali%ation of 7orced (abor 5roo[-ield IOOJW& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe V:;;;W @LU'tlanti1ue de 5a.iaE rivalit*s portu!aises et luso2 br*siliennes dans lU'tlanti1ue Sud lU*po1ue du 0ar1uis de %ombalA in Franois Crou(et Vor!&W 4langes en l*-onneur de Qatia 4attoso %aris LUHarmattan pp& RRI2R^I& 'L#NC'S)R/ Lui( Felipe de V:;;;W O :rato dos 2i$entes 7orma#o do 1rasil no AtlJntico /ul /culos L2" e L2"" So %aulo Compan.ia das Letras& 'L#G'NDR# 6alentim VIOORW Os /entidos do "mprio <uesto )acional e <uesto Colonial na Crise do Antigo 3egime Portugu8s Lisboa #di4es '-rontamento& 'L#G'NDR# 6alentim VIOONW @' 1uesto colonial no %ortu!al oitocentistaA O "mprio Africano >@VG6>@CD Lisboa #stampa& 'L#G'NDR# 6alentim V:;;^W2el-o 1rasil )o$as EfricasPortugal e o "mprio F>@D@6 >CBGH #di4es '-rontamento& 'L#G'NDR# 6alentim V:;;^W @/ +mp*rio %ortu!us VIN:L2INO;WE ideolo!ia e economiaA in An'lise /ocial vol& GGG6+++ VIKOW pp& OLO2OJO( '0'D/ 9anaina @Le 5r*sil un paBs sans m*moirenA Pour l*.istoire du 1rsil.ommage I Qatia 4attoso %aris LUHarmattan :;;; pp&KO2N:& 'L0#+D' Lu,s Ferrand dU VIONIW @%roblemas do Com*rcio luso2espan.ol nos meados dos s*culo G6+++E um parecer de Sebastio 9os* de Carval.o e 0eloA in 3e$ista de .istria ,conmica e /ocial N pp& OL2IRI& ..................... 535 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'L0#+D' Lu,s Ferrand de VIO^NW A propsito do :estamento PolWtico de & (uWs da Cun-a Coimbra Universidade de Coimbra& 'L0#+D' Rita Heloisa VIOOJW O &irectrio dos Zndios Um proNecto de ci$ili%a#o no 1rasil do sculo L2""" #ditora UN5& '0'R'L No!ueira 9o-re Angola na poca pombalina9 o go$erno de /ousa Coutin.o Lisboa IOK;& '0'R'L +l,dio do VIOOKW O reino do Congo, os mbundu Fou ambundosH, o reino dos )gola Fou de AngolaH e a presen#a portuguesa, de finais do sculo L2 a meados do sculo L2", Lisboa ++C)& '0'R'L +l,dio do '0'R'L 'na VION^W A $iagem dos pombeiros angolanos Pedro Too 1aptista e Amaro Tos entre 4ucari FAngolaH e :ete F4o#ambiqueH em princWpios do sculo L"L, ou a -istria da primeira tra$essia da Efrica Central Separata Harcia de /rta Ser& Heo!r& Lisboa O VI2:W pp& IJ2LN& '0+N S.a.id V:;;;W @Sortir du !.etto& Les .istoires non occidentalesA in (* .omme nQ ILKE +ntelectuels en Diaspora et ).*ories Nomades pp& LJ2K^& '0S#LL# 9ean2Loup VIOO;W (ogiques mtisses Ant-ropologie de l*identit en Afrique et ailleurs %aris %aBot& '0S#LL# 9ean2Loup V:;;;W @La !lobalisation& ]Hrand %arta!eU ou mauvais cadra!enA in (* .omme nQ ILKE +ntelectuels en Diaspora et ).*ories Nomades pp& :;J2::K& '0S#LL# 9ean2Loup V:;;:W @+ -ondamenti antropolo!ici della constru(ione delle identit8A in "dentit' colletti$e tra 4edioe$o ed ,tI 4oderna& Conve!no interna(ionale di studio or!& %aolo %rodi dol-!an! Rein.ard 5olo!na Universit di 5olo!na RI2^:& '0S#LL# 9ean2Loup V:;;:W @LU'-ri1ueE un parc t.SmesA (es :emps 4odernes ano LJ nQ K:;2K:I pp&^K2K;& '0S#LL# 9ean2Loup (:;;I) 1ranc-ements& Ant-ropologie de l*uni$ersalit des cultures %aris Flammarion& '0S#LL# 9ean2Loup (IOJO) (e /au$age I la mode + %aris Zditions le SBconore& '0S#LL# 9ean2Loup 0U5/D/L/ #li[ia VIOOOW Au Coeur de l*,t-nie ,t-nie, :ribalisme et ;tat en Afrique %aris Zditions La D*couverte& ..................... 536 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 'NDR'D# 'lberto 5an.a de VIOKKW 2erne5 e a Cultura do seu tempo Coimbra Universidade de Coimbra& 'NDR'D# 'lberto 5an.a de VION;W 2erne5 e a proNec#o da sua obra Lisboa +nstituto da Cultura %ortu!uesa& 'NS)#e Ro!er VIOJLW :-e Atlantic /la$e :rade and 1ritis- Abolition, >BSD6>@>D London ).e 0ac0illan %ress& 'N)uN+/ 08rio VIOKIW A sociedade angolana do fim do sculo L"L e um seu escritor, (uanda N"s& 'N)uN+/ 08rio VIOKJW Colabora#Kes angolanas no Almanac- de (embran#as >@G>6 >CDD Luanda +nst& de +nvesti!ao Cient,-ica de 'n!ola& 'N)uN+/ 08rio VIOKNW (uanda, il-a crioula Lisboa '!ncia Heral do Ultramar& 'N)uN+/ 08rio VIOJ^W @%ara uma perspectiva crioula da literatura an!olanaA publ& in Cadernos Mil 2icente Huimares& 'N)uN+/ 08rio VIOO;W @Hist"ria de 'n!ola de #lias 'le$andre da Silva CorraA in 3eler Africa +nstituto de 'ntropolo!ia Universidade de Coimbra pp& :;O2:R:& 'N)uN+/ 08rio VIOO;W @` sombra do 0ar1us de %ombal T um !rande acto de luso2 a-ro2brasilidadeA in 3eler Africa +nstituto de 'ntropolo!ia Universidade de Coimbra pp& ROR2^;K& 'N)uN+/ 08rio VIOOOW @Feste7os pela 5eati-icao do %&e Francisco Gavier em Luanda VIK:;WA in 3eler Africa +nstituto de 'ntropolo!ia Universidade de Coimbra pp& ^L2KJ& 'N)uN+/ 08rio VIOOJW A forma#o da literatura angolana 9 >@G>6>CGD Lisboa +mprensa Nacional Casa da 0oeda& 'N)uN+/ 08rio CZS'R 'm<ndio VIOKNW ,lementos para uma bibliografia da literatura e cultura portuguesa ultramarina contemporJnea9 poesia, fic#o, memorialismo, ensaio Lisboa '!ncia Heral do Ultramar& '%'RCC+/ 0aria 'le$andra VIOOJW @%ol,tica de boa vi(in.anaE os c.e-es locais e os europeus em meados dos s*culo G+G o caso do Dombe HrandeA "" 3eunio "nternacional de .istria de Efrica, A &imenso AtlJntica da Efrica So %aulo C#'2US%/ SHD20arin.a/C'%#S pp&I;O2IIK& ..................... 537 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola '%%+'H D\ame 'nt.onB V:;;:W @Ztats alt*r*sA in (e &bat9 -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2-*vrier :;;: %aris Hallimard pp& IJ2RR& 'R'}9/ 'na Cristina V:;;;W @'s cincias sa!radas na cidadela da ra(oA O 4arqu8s de Pombal e a Uni$ersidade Coimbra +mprensa da Universidade pp& JI2OR& 'R'}9/ 'na Cristina V:;;;W @Diri!ismo Cultural e -ormao das elites no %ombalismoA O 4arqu8s de Pombal e a Uni$ersidade Coimbra +mprensa da Universidade pp& O2^;& 'R'}9/ 'na Cristina V:;;RW A Cultura das (u%es em Portugal& )emas e %roblemas Lisboa Livros Hori(onte )emas de Hist"ria de %ortu!al& 'RRUD' 9os* 9obson VIONKW @' produo econ"micaA e @' circulao as -inanas e as -lutua4es econ"micasA in O "mprio (uso61rasileiro >BGD6>@VV coord& 0aria 5eatri( Ni((a da Silva Nova Hist"ria da #$panso %ortu!uesa vol& 6+++ Lisboa #stampa pp& NJ2:I^& 'S'D )alal V:;;:W @From t.e .istorB o- colonial ant.ropolo!B to t.e ant.ropolo!B o- \estern .e!emonBA in :-e Ant-ropolog5 of Politics A reader in ,t-nograp-5, :-eor5, and Critique ed& 9oan 6incent London 5lac[\ell %ublis.ers pp&IRR2I^:& 'UHZ 0arc VIOJOW @Ces Sauva!es ne sont 1uUune id*eA in (e /au$age I la mode V9&2L& 'mselle or!&W %aris Zditions le SBcomore& 'UHUS)+NS Heor!es V:;;;W @` 1uoi servent les terminolo!ies de parent*nA (* .omme nQ IL^2ILLE ?uestion de %arent* pp& LJR2LON& '6#L'R H*lio de 'lc<ntara VIONRW .istria Administrati$a do 1rasil vol& LE Administra#o Pombalina 5ras,lia #ditorial Universidade de 5ras,lia& '=#6#D/ 9os* L3cio de VIO::W O 4arqu8s de Pombal e a sua poca Lisboa& 5'C=D/ 5& VIONNW @LumiSresA in FUR#) F& /=/UF 0& Vdir&W &ictionnaire critique de la 3$olution 7ran#aise Flammarion %aris& 5'D'Re )essB D& VIOO;W (es ,lites Africaines au Pou$oir Fproblmatiques, mt-odologie, tat des tra$au+H 5ordeau$ Centre dUZtudes dU'-ri1ue Noire Universit* de 5ordeau$& 5'L'ND+#R Heor!es VIONJW Antropologia PolWtica Lisboa #ditorial %resena& ..................... 538 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5'L'ND+#R Heor!es V:;;:W @De lU'-ri1ue la surmodernit*E un parcours dUant.ropolo!ueA in (e &bat9 -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2-*vrier :;;: Hallimard pp& R2IL& 5'RR#) StanleB R&Y S)/DH/L0 SeanY 5URD# 9eanette V:;;IW @).e +dea o- po\er and t.e po\er o- ideasE a revie\ essaBA American Ant-ropologist vol& I;R nQ : 7un& :;;I pp& ^KN2^N;& 5'))#S)+N+ Simon VIOOJW ;criture et te+te Contribution africaine %aris %r*sence '-ricaine& 5'S)+D# Ro!er V:;;;W (e Proc-ain et le (ointain %aris LUHarmattan& 5'UDR+LL'RD 9ean V:;;;W 4ots de Passe %aris FaBard& 5'U0'N =B!munt VIOOOW (e cokt -umain de la mondialisation %aris %luriel& 5'e'RD 9ean2Franois VIONOW (*;tat en Afrique (a politique du $entre %aris FaBard p& RI& 5'eLe C.ristop.er VIOOKW ,mpire and "nformation inteligence get-ering and social communication in "ndia F>B@D6>@BDH Cambrid!e Cambrod!e UniversitB %ress& 5'=+N 9ean VIOJOW @Le bal des sauva!esA in (e /au$age I la mode V9&2L& 'mselle or!&W %aris Zditions le SBcomore& 5'=+N 9ean )#RR'e #mmanuel Veds&W VION:H, Muerres de (ignages et Muerres d*,tats en Afrique s&l& Zditions des 'rc.ives Contemporains& 5#'L#S Dere[ VIONJW Tosep- "", ""9 in t-e s-adoO of 4arie :eresa >B?>6>B@D Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress& 5#5+'N/ Rui V:;;^W @' arte da !uerra& #strat*!ia e )8cticaA )o$a .istria 4ilitar de Portugal vol& : Lisboa C,rculo de Leitores pp&II:2ILI& 5#5+'N/ Rui V:;;;W A Pena de 4arte ,scrita da guerra em Portugal e na ,uropa Coimbra 0inerva Coimbra& 5#LL/)/ Helo,sa VIOJNW Autoridade e conflito no 1rasil colonial, o go$erno do morgado de 4ateus em /o Paulo, >BSG6>BBG So %aulo& 5#N/+) eves VIONNW (a r$olution fran#aise et la fin des colonies >B@C6>BC? %aris La D*couverte& ..................... 539 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5#NR#D'SS' Heor!es VION;W (e concentrique et l*e+centrique9 marges des (umi0res %aris %aBot& 5#NR#D'SS' Heor!es VIOOLW (e langage des (umi0res Concepts et sa$oirs de la langue %aris %UF& 5#RN'ND C8rmen V:;;:W @LUam*ricanisme lU.eure du multiculturalisme& %ro7ets limites perspectivesA Annales .// septembre2octobre nQL pp& I:OR2IRI;& 5+R0+NHH'0 David V:;;^W Alian#as e conflitos Os primrdios da ocupa#o estrangeira em Angola F>?@A6>BCDH Luanda 'r1uivo Hist"rico de 'n!ola& 5+R0+NHH'0 David Vs&d&W A Efrica Central at >@BD aamb%ia6aaire e o AtlJntico Sul #ND+%U/U##& 5L'CD 9 %/R)#R R& Ved&W VIOO^W A &ictionnar5 of ,ig-teent- Centur5 =orld .istor5 /$-ord& 5L#UCH/) Herv* VIOO^W @LUevolution du droit coutumierE lUe$emple des Nuer et Din[aA in &roit et Cultures :J pp&IKI2IJ^& Daniela 5o!nolo VIOORW @'rt LobiE lecture et connaissanceA "mages d*Afrique et sciences sociales, les pa5s lobi, birifor et dagara F1urkina 7aso, Cote6d*"$oire et M-anaH %aris Zditions Dart.ala, pp& RJO2ROK& 5/N)# %ierre V:;;;W @LU*c.an!e est2il un universelnA in (* .omme nQ IL^2ILLE ?uestion de %arent* pp& RO2KL& 5/N)# %ierre +='RD 0ic.el VIOOIW &ictionnaire de l*,t-nologie et de l*Ant-ropologie %aris %UF& 5/N)+ND Franois VION;W @' mausol*e pour les 9a!asA Ca-iers d* ,tudes Africaines :; ION; pp& INJ2INO& 5/SCH David VIOOLW &5namique de la mission c-rtienne .istoire et a$enir des mod0les missionaires %aris Zditions Dart.ala& 5/))# Ro!er V:;;:W @Le spectre de lUesclava!eA in (es :emps 4odernes ano LJ nQ K:;2K:I pp& I^L2IK^& 5/U+0/N )c.a!o VIOOIW @Role du For!eron dans la societ* traditionelle au 0aBo2 DebbiA in eves 0o>ino Vor!&W Actes du "$e colloque 4ga:c-ad, 2ol "9 7orge et 7orgerons %aris Zditions de lU/rstom pp&:KR2:NI& ..................... 540 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 5/URD+#U %ierre VION;W (e /ens Pratique %aris Les Zditions 0inuit& 5/URD+#U %ierre VION:W (e#on sur la le#on %aris Les Zditions 0inuit& 5/URD+#U %ierre VIONOW O Poder /imblico Lisboa Di-el Col& 0em"ria e Sociedade& 5/URD+#U %ierre VIOOJW @De la maison du roi la raison dUZtat& Un modSle de la !*nSse du c.amp bureaucrati1ue Actes de la 3ec-erc-e en sciences sociales nQ IIN 9un.o pp& LL2KN& 5/URD+#U %ierre CHR+S)+N /livier d+LL %ierre2Ztienne V:;;;W @Sur la Science de lUZtatA Actes de la 3ec-erc-e en sciences sociales nQ IRR 9un.o pp& R2O& 5/URD+N 9ean2Claude VIOO:W @LU+d*e de lU.omme entre por!rSs scienti-i1ue et pens*e p.ilosop.i1ueA in &i+6.uiti0me /i0cle nQ :^ %aris %UF pp& ::J2:RK& 5RUNSCHd+H Henri VIOJ:W A Partil-a da Efrica Lisboa %erspectiva& 5U#N/ 5eatri( Si1ueira V:;;;W @Desen.o e des,!nio T o 5rasil dos en!en.eiros militaresA in Oceanos nQ ^I A Constru#o do 1rasil Urbano 9an&20ar& :;;; pp& ^I2LN& 5U#SCU 'na +sabel V:;;;W @/ ]%ere!rino +nstru,doU& 6ia!em e poder na #uropa SetecentistaA 4emria e Poder ,nsaios de .istria Cultural Fsculos L26L2"""H Lisboa #di4es Cosmos pp& III2IRR e IKO2IJ;& 5U#SCU 0aria Leonor VION^W @Uma nova ret"rica para um novo discursoA Pombal 3e$isitado #d& #stampa pp& IJI2INJ& 5URH') Florence VIOONW @#sclava!e et propriet*A in (* .omme nQI^L pp& II2R;& C'#)'N/ 0arcelo VIOL^W @'s re-ormas pombalinas e post2pombalinas respeitantes ao UltramarA in .istria da ,+panso Portuguesa no 4undo vol& R Lisboa #ditorial Xtica pp& :LI2:K;& C'#)'N/ 0arcelo VIOJIW Portugal e a internacionali%a#o dos problemas africanos Lisboa #di4es Xticas& C'L'='NS F'LC/N 9os* VION:W A poca pombalina9 polWtica econmica e monarquia ilustrada So %aulo #ditora Xtica& C'RD+0 %edro V:;;;W O Poder dos afectos Ordem amorosa e dinJmica polWtica na poca moderna Dissertao de Doutoramento FCSH UNL& ..................... 541 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola C'RD/S/ 9os* Lu,s V:;;IW @Nas mal.as do +mp*rioE a economia pol,tica e a pol,tica colonial de D& Rodri!o de Sou(a Coutin.oA in A economia polWtica e os dilemas do imprio luso6brasileiro F>BCD6>@VVH Lisboa CNCD% pp& KL2I;O& C'RD/S/ 9os* Lu,s Cardoso VIONOW O pensamento econmico em Portugal nos finais do sculo L2""" F>B@D6>@D@H Lisboa #stampa& C'RL/S 9& )& VIOOJW @From Sava!es and barbarians to primitivesE '-rica social tBpolo!ies and .istorB in ei!.teent.2centurB Frenc. p.ilosop.BA in .istor5 and :-eor5 RK : pp& IO;2:IL& C'RR#+R' 'nt"nio VIONRW As Compan-ias Pombalinas do Mro6Par' e 4aran-o e Pernambuco e ParaWba :p ed& Lisboa #ditorial %resena& C'R6'LH/ R"mulo de VIOLOW .istria da 7unda#o do Colgio 3eal dos )obres de (isboa F>BS>6>BBVH Coimbra 'tl<ntida& C'R6'LH/ R"mulo de VIONJW A .istria )atural em Portugal no sculo L2""" Lisboa +nstituto da Cultura e L,n!ua %ortu!uesa& C'R6'LH/ RuB Duarte de VIONOW Ana A 4anda Os fil-os da 3ede Lisboa ++C)& C'R6'LH/ RuB Duarte de VIOOJW A$iso I na$ega#o Ol-ar sucinto e preliminar sobre os pastores ku$ale da pro$Wncia do )amibe com um relance sobre as outras sociedades agropastoris do sudoeste de Angola Luanda +N'LD& C'R6'LH/ RuB Duarte de V:;;:W Os Qu$ale na -istria, nas guerras e nas crises Fartigos e comunica#Kes, >CC?6VDD>H Luanda N(ila& C'SS+R#R #rnest VIOJLW ,ssai sur l*-omme %aris Zditions 0inuit& C'S)#L5R'NC/ Francisco VIOR:W .istria de Angola &esde o &escobrimento at I "mplanta#o da 3publica F>?@V6>C>DH Luanda #dio do 'utor& C#R)#'U 0ic.el de VIOJLW (*;criture de l*.istoire %aris Hallimard& C#R)#'U 0ic.el de VIOORW (a culture au pluriel %aris Zditions du Seuil& CH'N)'L Hrell VIOORW .istoire entre rudition et p-ilosop-ie ;tude sur la connaissance -istorique I l*Jge des (umi0res %aris %resses Univ*rsitaires de France& CH'R)+#R C.artier VIONNW A -istria cultural ,ntre pr'ticas e representa#Kes Lisboa D,-el& ..................... 542 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola CH'R)+#R C.artier V:;;IW @Culture *crite et litt*rature lUF!e 0oderneA Annales .// nQ^2L2 p&JNR2N;:& CH'6#S 6<nia %in.eiro VIOOJW O Uraguai e a funda#o da (iteratura 1rasileira So %aulo #ditora Unicamp& CH'6#S 6<nia %in.eiro V:;;;W O &espertar do Mnio 1rasileiro Uma leitura de o Uraguai de Tos 1asWlio da Mama, So %aulo Unicamp& CH+LDS Hlad\Bn 0urraB VIO^OW Umbundu Qins-ip and C-aracter London Ne\ eor[ )oronto /$-ord UniversitB %ress& CH+LDS Hlad\Bn 0urraB VIOK;W @).e peoples o- 'n!ola in t.e seventeent. centurB accordin! to Cadorne!aA :-e Tournal of African .istor5 vol& + nQ : pp& :JI2:JO& CH+LDS Hlad\Bn 0urraB VIOK^W @).e [in!dom o- dambu VHuamboWE a tentative c.ronolo!B :-e Tournal of African .istor5 vol&6 nQ R pp& RKJ2RJO& C+D'D# Hern<ni Vs&d&W A (iteratura Portuguesa e a ,+panso Ultramarina vol& ++ /culos L2"" e L2""" s&l& 'rm*nio 'mado #ditor Sucessor& CL'R#NC#2S0+)H Hervase VIONOW @Le problSme et.ni1ue en 'n!olaA (es et-nies ont une -istoire dir& 9&2%& C.r*tien e H& %runier %aris Zditions Dart.ala pp& ^;L2^IL& CL'S)R#S %ierre VIOJ^W (a socit contre l*;tat 3ec-erc-es d*Ant-ropologie politique %aris Les Zditions 0inuit& CL'S)R#S %ierre VION;W 3ec-erc-es d*Ant-ropologie Politique %aris Zditions du Seuil& CL'S)R#S %ierre VIOOJW Arc-ologie de la $iolence 9 (a guerre dans les socits primiti$es La )our dU'i!ues Zditions de lU'ube& C/#LH/ 6ir!,lio VIOOJW @#m busca de DabsE uma tentativa de e$plicao da estrutura pol,tico2administrativa do @Reino de ]Ndon!oUA in ,studos Afro6Asi'ticos Universidade C<ndido 0endes nQ R: De(embro de IOOJ pp& IRL2IK:& C/#LH/ 6ir!,lio VIOOJW @+ma!ens S,mbolos e Representa4es ?uiandas ?uitutas SereiasE +ma!in8rios Locais identidades re!ionais e alteridades& Re-le$4es sobre o 1uotidiano urbano luandense na publicidade e no mar[etin!A in )gola63e$ista de ,studos /ociais + VIW Luanda pp& I:J2IOI& ..................... 543 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola C/#LH/ 6ir!,lio VIOON2IOOOW @]/s de dentro os de -ora e os outrosUE an8lise sucinta de um modelo estrutural de or!ani(ao administrativa e urbana do ]Reino de Ndtn!tU desde a sua -undao at* -ins do s*culo G6+A in 7ontes ^ ,studos nQ ^2 L Luanda 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola pp& IKR2::N& C/#LH/ 6ir!,lio V:;;;W @' 1uesto do controle da terra e da territorialidade no anti!o Reino do Nd"n!t vista atrav*s de um relato do -im do s*culo G+G in A Efrica e a "nstala#o do /istema Colonial Fc >@@G6c>CADH 'ctas """ 3eunio de .istria de Efrica, Lisboa ++C) pp& INJ2:;;& C/HN 5ernard S& VIOOKW Colonialism and its forms of knoOledge F1ritis- in "ndiaH %rinceton N&9& %rinceton UniversitB %ress& C/00'H#R HenrB Steele VIOJJW :-e ,mpire of 3eason .oO ,urope "magined and Amrica reali%ed ,nlig-tment, 'nc.or %ress/DoubledaB Harden CitB Ne\ eor[& C/%'NS 9ean VIOO;W (a (ongue marc-e de la modernit africaine /a$oirs, intellectuels, dmocratie %aris Dart.ala IOO;& C/%'NS 9ean 9'0+N 9ean VIOO^W Au+ origines de l*Ant-ropologie fran#aise (es mmoires de la socit des obser$ateurs de l*-omme en l*An 2""" %aris 9ean 0ic.el %lace& C/?U#Re26+DR/6+)CH Cat.erine VIONLW Afrique )oire Permanences et ruptures %aris %aBot& C/?U#Re26+DR/6+)CH Cat.erine V:;;:W @De lUAa-ricanismeA vu de France& Le point de vue dUune .istorienneA in (e &bat9 -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2 -*vrier Hallimard pp&R^2^N& C/?U#Re26+DR/6+)CH Cat.erine V:;;RW @Le postulat de la sup*riorit* blanc.e et de lUin-*riorit* noireA in (e li$re noir du colonialisme, L2"e6LL"e si0cle 9 de l[e+termination I la repentance sous la direction de 0arc Ferro %aris Robert La--ont pp& K^K2KNL& C/R)#S/ 9aime VIOKLW @' misso dos padres matem8ticos no 5rasilA /:2&"A + Lisboa Centro de #studos Hist"ricos Ultramarinos pp& I:R2IL;& C/S)' Fernando Dores V:;;^W @RecrutamentoAY @Huerra no tempo de Lippe e de %ombalA @o s*culo G6+++A )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores pp& KN2I;IY pp&RRI2RL;Y INJ2IO;& ..................... 544 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola C/S)' 08rio 93lio de 'lmeida VION:W @Debate 7ur,dico e soluo pombalinaA 1oletim da 7aculdade de &ireito da Uni$ersidade de Coimbra& #studos de Homena!em aos pro-essores Doutores 0& %aulo 0erea e H& 5ra!a da Cru( vol& + Vda .omena!emW vol& L6+++ Vda revistaW ION: pp& I2RL& C/U)/ Carlos VIOJ:W Os Capites6mores em Angola no sculo L2""" FsubsWdio para o estudo da sua actua#oH Luanda +nstituto de +nvesti!ao Cient,-ica de 'n!ola& CHRZ)+#N 9ean %ierre VIOJJW @Les deu$ visa!es de C.amA in %& Huira( #& )ermine (*ide de race dans la pense politique fran#aise contemporaine %aris Zd& du CNRS pp& IJI2IOO& CHRZ)+#N 9ean %ierre (es et-nies ont une -istoire dir& 9&2%& C.r*tien e H& %runier %aris Zditions Dart.ala& CHRZ)+#N 9ean %ierre V:;;;W @Les 5antuE des indo2europ*ens noirsnA in Afrocentrismes (*-istoire des africains entre ,g5pte et Amrique %aris Zditions Dart.ala pp& :JI2:OR& CHRZ)+#N 9ean %ierre )R+'UD 9ean2Louis VIOOOW .istoire d*Afrique (es enNeu+ de mmoire %aris Zditions Dart.ala&CUNH' Norberto Ferreira V:;;IW ,lites e Acadmicos na Cultura Portuguesa /etecentista Lisboa +NC0& CUNN+S/N VIOLIW +an H& .istor5 on t-e (uapula Londres /$-ord UniversitB %ress& CUNN+S/N VIOKIW +an H& @Da(embe and t.e portu!uese IJON2INR:A :-e Tournal of African .istor5 vol&++ nQ + Cambrid!e UniversitB %ress pp& KI2JK& CUR)+N %.ilip D& VIOKOW :-e Atlantic /la$e :rade A Census 0adison UniversitB o- disconsin %ress& CUR)+N %.ilip D& VIOO^W :-e 3ise and 7all of t-e plantation comple+ ,ssa5s in Atlantic .istor5 Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress VFirst publis.ed IOO;W& CUR)/ Dio!o Ramada VIONNW O &iscurso PolWtico em Portugal F>SDD6>SGDH Lisboa Universidade 'berta& CUR)/ Dio!o Ramada VIOONW @'s %r8ticas de #scritaA in .istria da ,+panso Portuguesa vol& +++ O 1rasil na balan#a do "mprio F>SCB6>@D@H Lisboa C,rculo de Leitores pp& ^:I2^K:& ..................... 545 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola CUR)/ Dio!o Ramada VIOONW @%r8ticas de +dentidadeA in Dirti CH'UDHUR+ l Francisco 5#)H#NC/UR) .istria da ,+panso Portuguesa vol& + Lisboa C,rculo de Leitores pp& ^::2^RI& CUR)/ 9os* C& VIONJW @' coleco de manuscritos an!olanos do 'r1uivo Hist"rico Ultramarino de Lisboa in 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos, K2J 9aneiro2 De(embro pp& :JL2R;K& CUR)/ 9os* C& VIOO:W @' ?uantitative Reassessment o- t.e le!al slave trade -rom Luanda 'n!ola IJI;2INR;A in African ,conomic .istor5 :; pp& I2:L& CUR)/ 9os* C& VIOO^W @Sources -or t.e %opulation HistorB o- Sub2Sa.aran '-ricaE ).e Case o- 'n!ola IJJR2IN^LA in Annales de dmograp-ie -istorique, %aris #&H&#&S&S& pp& R:;2RN& CUR)/ 9os* C& VIOO^W @).e Le!al %ortu!uese Slave )rade -rom 5en!uela 'n!ola IJR;2IN:NE ' ?uantitative Re2appraisalA in Africa F3e$ista do Centro de ,studos Africanos, Uni$ersidade de /o PauloH IK2IJ I VIOOR2O^W pp& I;I2IK& CUR)/ 9os* C& V:;;:W @' restituio de I;&;;; s3bditos Ndon!o ]roubadosU na 'n!ola de meados do s*culo G6++E uma an8lise preliminarA in ,scra$atura e transforma#Kes culturais Efrica i 1rasil i CaraWbas 'ctas do Col"1uio +nternacional& Universidade de Zvora :N :; e R; de Novembro de :;;I or!& e pre- de +sabel Castro Henri1ues Lisboa #ditora 6ul!ata pp&INL2:;N& CUR)/ 9os* C& V:;;:W @Un butin ill*!itimeE ra((ias dUesclaves et relations luso2 a-ricaines bdans la r*!ion des -leuves D\an(a et D\an!oA in &raison, escla$age et droit 9 les fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l[escla$age %aris UN#SC/ :;;: pp&RI^2R:J& D'L)/N Heor!e VIOKIW @#conomic ).eorB and %rimitive SocietBA in American Ant-ropologist vol& KR pp& I2:L& D'0+S C.ristine V:;;:W @Le p.ilosop.e connu pour sa peau noireE 'nton dil.elm 'moA 3ue &escartes Coll0ge "nternational de P-ilosop-ie, %aris %UF 9uin :;;: pp& IIL2I:J& D#L#U=# Hilles VIOO;W Pourparlers F>CBV6>CCDH %aris Les Zditions 0inuit& D#L#U=# Hilles HU'))'R+ F*li$ VION;W 4ille Plateau+ Capitalisme et /c-i%op-rnie %aris Les Zditions 0inuit& ..................... 546 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola D#L#U=# Hilles HU'))'R+ F*li$ VIOKK Ip ed&W O Anti6;dipo Capitalismo e esqui%ofrenia Lisboa 'ss,rio e 'lvim s&d& D#LH'D/ Ralp. VIO^^W Ao /ul do Cuan%a Ocupa#o e apro$eitamento do antigo reino de 1enguela vol& + Lisboa& D#LH'D/ Ralp. VIOK;W @/ Hoverno de Sousa Coutin.o em 'n!ola in /t$dia nQ K IOK; pp& IO2LK nQ J IOKI pp& ^O2NK nQI ; IOK: pp& J2^J& D#L/N 0ic.el VIOOJW @%r*sentationA &i+6.uiti0me /i0cle nQ :O 1ilan et Perspecti$es de la 3ec-erc-e N3mero Sp*cial sous la direction de 0ic.el Delon %aris %UF IOOJ& D#L/N 0ic.el VIOOJW &ictionnaire ,uropen des (umi0res %aris %UF& D#L/N 0ic.el e SCHL/5'CH 9oc.en VIOONW (a 3ec-erc-e &i+6.uiti0miste ObNets, mt-odes et instituitions F>C?G6>CCGH %aris& D#SC+0/N Robert C/S'ND#e FannB V:;;:W (*Absolutisme en 7rance, .istoire et .istoriograp-ie %aris Zditions du Seuil& D#6+SS# 9ean VIONLW @Sur lUoralit*E perple$it*s dUun .istorienA in .ors Cadre R pp& LR2J;& D#6+SS# 9ean Vs&d&W @LUHistoire et les soci*t*s& Fonctionnements et problSmesA ltre -istorien auNourd*-ui dir& Ren* R*mond s&l& Unesco pp& R:L2R^J& D#6+SS# 9ean Vs&d&W @La )olleran(a nelle Societ8 a-ricaneA VseparataW s&l& s&ed& D+'LL/ 0amadou L& VIOOKW (es Africains sau$eront6ils l*AfriqueR %aris Zditions Dart.ala& D+'S Hasto de Sousa VIORKW & 7rancisco "noc8ncio de /ousa Coutin-o Administra#o Pombalina em Angola Lisboa #ditorial Cosmos Cadernos Coloniais nQ :J& D+'S Hasto de Sousa VIORJW Pioneiros de Angola ,+plora#Kes portuguesas no /ul de Angola Fsculos L2""6L2"""H Coleco %elo +mp*rio nQ ^: '!ncia Heral das Col"nias& D+'S Hasto de Sousa VIO^^W Ocupa#o de Angola Fe+plora#o, conquista e po$oamentoH Coleco %elo +mp*rio nQ I;: '!ncia Heral das Col"nias& ..................... 547 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola D+'S Hasto de Sousa VIO^NW Tulgarei qual mais e+celentePFfiguras da .istria AngolanaH #dio do 0useu de 'n!ola& D+'S 9& S& da Silva VIOL:W Portugal e a Cultura ,uropeia Fsculos L2" a L2"""H Coimbra& D+'S 9& S& da Silva VIOJJW @'vano Cultural e 'vano 0a"nico& Se!unda metade do s*culo G6+++A 3e$ista de .istria das "deias vol& I Coimbra Universidade de Coimbra pp&I;O2:R& D+'S 9ill R& VIONIW @' Sociedade Colonial de 'n!ola e o Liberalismo portu!us Vc& IN:;2INL;WA O (iberalismo na PenWnsula "brica na primeira metade do sculo L"L vol& + Lisboa S8 da Costa pp& :KJ2:NK& D+'S 9ill VIONOW @Rela4es econ"micas e de poder no interior de Luanda c& INL;2INJLA " 3eunio "nternacional de .istria de Efrica %is2oa& )H3)A/II)T pp& :^I2:LN& D+'S 9ill VION^W @Uma 1uesto de identidadeE respostas intelectuais s trans-orma4es econ"micas no seio da elite crioula da 'n!ola portu!uesa entre INJ; e IOR;A 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos nQI 9aneiro/9un.o ION^ pp& KI2O^& D+'S 9ill VIOO:W Efrica nas $speras do mundo moderno Lisboa C&N&C&D&%&& D+'S 9ill VIOO^W @0udanas nos padr4es de poder no ].interlandU de Luanda& / impacto da coloni(ao sobre os mbundu Vc& IN^L2IO:;WA in Penlope nQ I^ pp& ^R2OI& D+'S 9ill VIOOJW @/ Dabu[u Dambilu Vc IOL;2IO;;W uma identidade pol,tica amb,!uaA in Actas do /emin'rio ,ncontro de Po$os e Culturas em Angola Luanda R a K de 'bril de IOOL Lisboa C&N&C&D&%& Lisboa pp&IR2L^& D+'S 9ill V:;;:W @Novas +dentidades a-ricanas em 'n!ola no conte$to do com*rcio atl<nticoA :rJnsitos Coloniais9 di'logos crWticos luso6brasileiros Lisboa +nstituto de Cincias Sociais pp& :OR2R:;& D+'S 9os* Sebastio da Silva VION^W Pombalismo e ProNecto PolWtico Lisboa Centro de Hist"ria da Cultura da Universidade Nova de Lisboa& D+'S 0aria Helena V:;;RW @/s prim"rdios da moderna Carto!ra-ia militar em %ortu!alE uma .ist"ria ainda por contraA in Contributos para a .istria da cartografia 4ilitar Portuguesa Lisboa :;;R VCDRomW& ..................... 548 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola D+/% C.ei[. 'nta VIONJW (*Afrique noire pre6coloniale ;tude compare des s5st0mes politiques et sociau+ de l*,urope et de l*Afrique )oire, de l*Antiquit I la formation des ;tats modernes %aris/Da[ar %r*sence '-ricaine& D+/UF 0amadou V:;;:W @Sortir de la parant.Sse colonialeA in (e &batE -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2-*vrier :;;: %aris Hallimard pp& LO2KL& D/0+NHU#S Fn!ela V:;;;W <uando os Wndios eram $assalos Coloni%a#o e rela#Kes de poder no )orte do 1rasil na segunda metade do sculo L2""" Lisboa CNCD%& DR'H'N Radu VIOOOW (a reprsentation de l*espace de la socit traditionnelle (es mondes ren$erss %aris/0ontreal LUHarmattan& DR#eFUS Franoise V:;;;W (*in$ention de la bureaucratie /er$ir l*tat en france, en Mrande61retagne et au+ ;tats6Unis FL2""" e 6LL e si0cleH %aris Zditions la D*couverte& DUCH#) 0ic.Sle VIOJIW Ant-ropologie et .istoire au /i0cle des (umi0res, 1uffon, 2oltaire, 3ousseau, .el$tius, &iderot %aris Flammarion& DUCH#) 0ic.Sle VIONLW (e Partage des /a$oirs &iscours -istorique et discours et-nologique %arais Zditions la D*couverte& DUCH#) 0ic.Sle Vs&d&W @Les soci*t*s dites ]sans .istoireU devant lUHistoireA in (e racisme 45t-es et /cience %aris #ditions Comple$e pp& R^L2RLL& DU%RZ 0arie2Claude %+N/N 5runo VIOOJW 4tallurgie et Politique en Afrique Centrale, deu+ mille ans de $estiges sur les plateau+ batk, Mabon, Congo, aaire %aris Dart.ala& #L+'D# 0ircea Vs&d&W 7erreiros e Alquimistas, Lisboa Rel"!io dU'!ua& #R6#D/S' Carlos VION;W Arqueologia Angolana Lisboa #di4es J;& #S)#R0'NN Carlos VIOK;W ,tnografia do /udoeste de Angola, vol& :E Mrupo ;tnico )-aneca6.umbe 9unta de +nvesti!a4es do Ultramar 0em"rias S*rie 'ntropol"!ica e #tnol"!ica nQ L& #=# #mmanuel[ C.u[\udi VIOOJW 3ace and ,nlig-tenment 6 a reader #dio de #mmanuel C.u[\udi #(e Cambrid!e/ 0assac.ussets 5lac[\ell %ublis.ers& ..................... 549 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola F#RR#+R' 'urora da Fonseca V:;;;W (a Qisama en Angola, du L2"0me ao dbut du LL0me si0cle9 autonomie, occupation et rsistance : vols& t.ese de doctorat %aris #H#SS& F#RR/N# 6icen(o R/CH# Daniel Vdir&W VIOOOW (e 4onde des (umi0res %aris FaBard& F+C?U#) #loi V:;;:W &u barbare au m5stique Ant-ropologie .istorique des recompositions identitaires et religieuses dans le OYllo F;t-iopie centraleH %aris #H#SS& F/R)#S 0&Y #6'NS2%R+)CH'RD #& #& VIONIW /istemas polWticos africanos Lisboa FCH& F/UC'UL) 0ic.el VIOOJW "l faut defendre la socit Cours au Coll0ge de 7rance IOJK %aris Hautes Ztudes Hallimard Seuil& F/UC'UL) 0ic.el V:;;IW @La ]!ouvernementalit*UA in &its et crits "" >CBS6>C@@ %aris Hallimard pp& KRL2KLJ& F/UC'UL) 0ic.el V:;;IW @Le Su7et et le %ouvoirA in &its et ;crits "", >CBS6>C@@ %aris Hallimard pp& I;^I2I;K:& FR+H/ Daniela VIONLW "l padre di famiglia Mo$erno della casa e go$erno ci$ile nella tradi%ione dell* economica tra cinque e seicento 5ul(oni #ditore Roma& FU#N)#S '& @Dom Francisco +nocncio de Sou(a Coutin.o& #sboo de uma obra 1ue se perdeuA 1oletim do "nstituto de Angola nQ ^ IOL^ pp& RL2^;& FUNCH'L 0ar1ues do O Conde (in-ares Lisboa IOL;& H'5R+#L 0anuel Nunes Vs&d&W Angola Cinco /culos de Cristianismo ?uelu( Literal& H'LL/ Donato VIOO:W Antropologia e Colonialismo "l /apere portog-ese Napoli /pera Universitaria Dipartamento di Scien(e Sociali +nstituto Universitario /rientale& H'RC+' 9oo Carlos V:;;RW @' -ronteira impressa& 'pontamentos sobre uma s*rie carto!r8-icaA Contributos para a .istria da cartografia 4ilitar Portuguesa Lisboa :;;R VCDRomW& ..................... 550 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H'RC+' 9oo Carlos Vs&d&W A mais dilatada $ista do mundo "n$ent'rio da colec#o cartogr'ficada Casa da Znsua Lisboa CNCD%& H'UD#L+#R 0aurice V*d&W VIOJ^W Un domaine Contest 9 l*ant-ropologie conomique %aris 0outon Zditeur Zcole %rati1ue des Hautes Ztudes& H##R)= Cli--ord V:;;:W /a$oir local, sa$oir global (es lieu+ du sa$oir %aris %UF& H#FFR'e C& V:;;;W )em pai nem me Lisboa Camin.o& H#SL+N %.ilippe VIOONW (*apprentissage des mondes Une ant-ropologie applique au+ transferts de tec-nologies %aris Zditions de la 0aison des Sciences de lUHomme& H+L 9os* V:;;LW Portugal .oNe O medo de e+istir, Lisboa Rel"!io dUX!ua& H+R/LL#) 'nne V:;;;W 2ictor /c-oelc-er, abolotioniste et rpublicain Approc-e Nuridique et politique de l*oeu$re d*un fondateur de la 3epublique %aris Zditions Dart.ala& HL+SS'N) #& V:;;:W Potique de la 3elation Potique """ %aris Hallimard& HLUCD0'N 0a$ VIOKLW Politics, (aO and 3itual in :ribal /ociet5, /$-ord 5asil 5lac[\ell& HLUCD0'N 0a$ VIOJRW Custom and Conflict in Africa /$-ord 5asil 5lac[\ell& H/D#L+#R 0aurice VION^W (*"del et le materiel& Pense, economies, socits %aris FaBard& H/0#S 9oa1uim Ferreira VIONRW @/ 0ar1us de %ombal criador do ensino prim8rio o-icialA in O 4arqu8s de Pombal e o seu :empo +nstituto de Hist"ria e )eoria das +deias Faculdade de Letras Coimbra ION:2NR pp& :L2^I& H//De 9ac[ VIOJIW :ec-nolog5, :radition and t-e /tate in Africa Londres /$-ord UniversitB %ress& H//De 9ac[ V:;;;W O Oriente no Ocidente Lisboa Di-el& H//De 9ac[ IONN &omestica#o do pensamento sel$agemz Lisboa #ditorial %resena& H//De 9ac[ IOO^ ,ntre ([Oralit et ([criture %aris %&U&F& H//De 9ac[ Cultura ,scrita en /ociedades :radicionales 5arcelona Hedisa editorial pp&IN^2::;& H/SSd#+L#R 9o.n VIOLRW kNomes ind,!enas das plantas de 'n!olak Agronomia Angolana Luanda J pp& I2LNJ& ..................... 551 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H/U6~' 0aria de F8tima Silva V:;;IW @%oder pol,tico e administrao na -ormao do comple$o atl<ntico portu!us VIK^L2IN;NWA in O Antigo 3egime nos trpicos A dinJmica imperial portuguesa Fsculos L2"6L2"""H Rio de 9aneiro Civili(ao 5rasileira pp& :NL2RIL& HR##N# Hra.am V:;;;W "n /earc- of a c-aracter :Oo African Tournals9 Congo Tourne5 and Con$o5 to =est Africa London 6inta!e& HRU=+NSD+ Ser!e VIOOOW (a Pense mtisse %aris FaBard& HUSD/RF Heor!es VIOJIW (es prWncipes de la pense au si0cle des (umi0res %aris %aBot& H'5#R0'S 9sr!en VIOORW (*espace public Arc-ologie de la publicit comme dimension constituti$e de la socit bourgeoise %aris %aBot VIp ed& de IOK:W& H'5#R0'S 9sr!en V:;;;W O discurso filosfico da modernidade Lisboa %ublica4es D& ?ui$ote& H'LL#) Robin @).e european approac. to t.e interior o- '-rica in t.e ei!.teent. centurBA TA. +6 : IOKR pp& IOI2:;K& H'0+L)/N Russel VIONIW (iteratura Africana, (iteratura )ecess'ria " i Angola Lisboa #di4es J;& H'='RD %aul VIONRW O Pensamento ,uropeu no /culo L2""" &e 4ontesquieu a (essing Lisboa #ditorial %resena& H#+N)=# 5eatri$ VIONNW @)raite de piSces en 'n!ola T ce 1ue nos sources passent sous silenceA in S2 Da!et Vor!&W Actes du Colloque international sur la :raite des )oirs FC":)H vol& I Nantes (CRH0' Univ& de Nantes SFH/0) pp& I^J2IJ:& H#+N)=# 5eatri$ VIOJ:W @Historical Notes on t.e Disama o- 'n!olaA 9ournal o- '-rican HistorB IR VRW pp& ^;J2^IN& H#+N)=# 5eatri$ VION;W (uso6african feudalism in AngolaR :-e $assal treaties of t-e >S t- to t-e >@ t- centur5 separata da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Coimbra +nstituto de Hist"ria #con"mica e Social pp&III2IRI& H#+N)=# 5eatri$ VION^W @'n!ola nas !arras do tr8-ico de escravosE as !uerras do Ndon!o VIKII2IKR;WA 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos nQ I 9aneiro2 9un.o pp& II2LO& ..................... 552 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H#+N)=# 5eatri$ VIONLW 7ontes para a .istria de Angola do /culo L2"", memrias, rela#Kes e outros manuscritos da colectJnea documental de 7erno de /ousa F>SVV6>SAGH )ranscrio dos documentos em colaborao com 0aria 'd*lia de Carval.o 0endes in Studien (ur Dultur[inde vol& JL Stutt!art Fran( Steiner 6erla! diesbaden H05H& H#+N)=# 5eatri$ VIONJW @dritten sources oral traditions and oral traditions as \ritten sourcesA in Paideuma RR pp& :KR2:NJ& H#+N)=# 5eatri$ VIONNW @N!on!a a 0\i(aE um sobado an!olano sob dom,nio portu!us no s*culo G6++A in 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos n&Q N e O 9aneiro2De(embro pp& ::I2:R^& H#+N)=# 5eatri$ VIONNW 7ontes para a -istria de Angola do sculo L2"", "", cartas e documentos oficiais na colectJnea documental de 7erno de /ousa F>SV?6>SAGH )ranscrio dos documentos em colaborao com 0aria 'd*lia de Carval.o 0endes Studien (ur Dultur[inde vol& NN Stutt!art Fran( Steiner 6erla! diesbaden H05H& H#+N)=# 5eatri$ VIONOW @' Cultura 0aterial dos 'mbundu se!undo as -ontes dos s*culos G6+ e G6++A in 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos nQ I; e II 9aneiro2De(embro pp& IL2KR& H#+N)=# 5eatri$ VIONOW @)raite de ]piScesU en 'n!olaE ce 1ui nUest pas dit dans nos sourcesA in &e la traite I l*escla$age, Actes du colloque international sur la traite des noirs Nantes IONL Ser!e Da!et #dit& Centre de Rec.erc.e sur lU.istoire du monde atlanti1ue / Soci*t* Franaise dUHistoire dU/utre2mer pp& I^J2IJ:& H#+N)=# 5eatri$ VIOOJW @Representa4es visuais como -ontes .ist"ricas e etno!r8-icas sobre 'n!olaA in 'ctas& Construindo a Hist"ria de 'n!ola& 's Fontes e a sua interpretao "" /emin'rio "nternacional de .istria de Angola ^2O '!osto de IOOJ Lisboa CNCD% pp& INJ2:RK& H/UN)/ND9+ %aulin 9& dir& VIOO^W (es sa$oirs endog0nes, pistes pour une rec-erc-e %aris Dart.ala& H/UN)/ND9+ %aulin 9& VION;W /ur la p-ilosop-ie africaine, critique de l*et-nop-ilosop-ie %aris 0aspero& ..................... 553 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H#NR+?U#S +& Castro VIONOW @'rmas de -o!o em 'n!ola no s*culo G+GE uma interpretaoA + Reunio +nternacional de Hist"ria de X-rica Lisboa C#HC'/++C) pp& ^;J2^:O& H#NR+?U#S +sabel Castro VIOOJW Percursos da 4odernidade em Angola &inJmicas Comerciais e :ransforma#Kes /ociais no /culo L"L Lisboa ++C) +C%& H#NR+?U#S +sabel Castro V:;;RW :erritrio e "dentidade O &esmantelamento da terra africana e a constru#o da Angola Colonial Fc >@BV6c>CVSH %rovas de '!re!ao Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa& H#NR+?U#S +sabel Castro 0#D+N' 9oo VIOOKW A rota dos escra$os Angola e a 3ede de Comrcio )egreiro Lisboa Ce!ia& H#NR+?U#S +sabel Castro S'L'20/L+NS Louis Ved&W V:;;:W &raison, escla$age et droit9 les fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l[escla$age %aris UN#SC/& HZR+)+#R Franoise VIOOKW @R*-le$ions pour nourrir la r*-le$ionA in &e la 2iolence %aris Zditions /dile 9acob& H#RNXND#= H/N=XL#= 0anuel VIOOLW AleNandro de .umboldt 2iaNe a las "slas Canarias La La!una Francisco Lemus #ditor& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel VION^W @%ara uma teoria da Hist"ria +nstitucional de 'nti!o Re!imeA in Poder e "nstitui#Kes na ,uropa de Antigo 3egime Lisboa FCH pp& O2NO& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel VIOORW @' Fa(endaA .istria de Portugal vol& +6 Lisboa C,rculo de Leitores pp& :;R2:RO& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel VIOORW h La economia de la !racia i (a Mracia del &erec-o ,conomia de la cultura en la edad moderna 0adrid Centro de #studios Constitucionales pp& ILI2IJK& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel VIOORW h Sabios B r3sticos& La dulce violencia de la ra("n 7ur,dica i (a Mracia del &erec-o ,conomia de la cultura en la edad moderna 0adrid Centro de #studios Constitucionales pp& IJ e ss& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel Vcoord&W VIOO^W .istria de Portugal vol& +6 O Antigo 3egime Lisboa C,rculo de Leitores ..................... 554 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel V:;;RW 0ar!inalia sobre dois semin8rios de .ist"ria do poder separata :-emis ano +6 nQ K pp& IKL2IOR& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel S'N)/S Catarina 0adeira VIOORW @/s %oderes num +mp*rio /ce<nicoA .istria de Portugal vol& +6 Lisboa C,rculo de Leitores pp& ROL2^IR& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel V:;;RW Cultura NurWdica europeia /Wntese de um milnio Lisboa %ublica4es #uropa2'm*rica& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel Vcoord&W V:;;^W )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores& H#S%'NH' 'nt"nio 0anuel V:;;^W @+ntroduoA @Disciplina e 9urisdio militaresA @' administrao 0ilitar-A @Huerra e sistema de poderA )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores pp& O2RRY pp&K:2KJY pp&IKO2IJKY RLO2RKN& H+L)/N 'nn VIONIW @).e 9a!a ReconsideredA Tournal of African .istor5 :: pp& IOI2 :;:& H/0#0 'madeu Carval.o VIONIW @Do @+luminismoA ao %ositivismo& 9oa1uim 'nt"nio da Silva Cordeiro e a sua obraA 3e$ista de .istria e :eoria das "deias Coimbra Faculdade de Letras& H/0#0 'nt"nio %edro 5arbas VIONJW "luminismo e direito em Portugal o reinado de & Tos " Lisboa %&5& Homem& H/0#0 'nt"nio %edro 5arbas V:;;RW Tude+ perfectus 7un#o Nurisdicional e estatuto Nudicial em Portugal, >S?D6>@VD Coimbra 'lmedina& H/%%# Frit( VIOJ;W A Efrica Oriental Portuguesa no :empo do 4arqu8s de Pombal, >BGD6>BBB Lisboa '!ncia Heral do Ultramar& H/R)/N Robin VIOOJW Patterns of :-oug-t in Africa and t-e =est, essa5s on magic, religion and science Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress& H/d'RD 0ic.ael 'NDR#/%/UL/S Heor! 9& SHUL0'N 0ar[ R& VIOO^W :-e laOs of Oar Constrains on Oarfare in t-e bOestern Oorld Ne\ Haven e Londres eale UniversitB %ress& +='RD 0ic.el VIOO^W @Del trattamento politico dello sap(ioA Potere e territrio in Africa Occientale ,tnosistemi vol& + nQ I pp& K2IR& ..................... 555 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 9'D+N L& VIOLRW ,ssais d*$angelisation du (uango et du kakongo F>BSS6>BBGH in #$trait de =aire nQ I; d*cembre IOLR pp& I;LR2I;LO& 9'D+N L& VIOLJW 3ec-erc-es dans les arc-i$es et bibliot-0ques d*"talie et du Portugal sur l*Ancien Congo 5ru$elles 'cad*mie RoBale des Sciences Coloniales& 9'D+N L& VIOLJW 3elation sur le ro5aume du Congo du P 3aimondo da &icomano, missionaire de >BC> I >BCG in 1ulletin des /ances VNouvelle s*rie +++ :W 5ru$elles 'cad*mie RoBale des Sciences Coloniales& 9'D+N L& VIOKRW @'peru de la situation du Con!o et rite dU*lection des rois en IJJL dUaprSs le %& C.erubino da Savona missionaire au Con!o de IJLO IJJ^A #$trait du 1ulletin de l*"nstitut .istorique 1elge de 3ome Fasc& GGG6 5ru$elles& 9'USS Hans Robert VIOJNW Pour une ,st-tique de la 3ception %aris Hallimard& 9#dS+#d+CD+ 5o!umil V:;;:W @Ztudes a-ricainesE France Ztats2UnisA in (e &bat9 -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2-*vrier :;;: Hallimard pp& KK2JK& D'N)# VIOORW Nambala Vavec la coloavoration de %ierre #rnBW 7orgerons d*Afrique )oire :ransmission des sa$oirs tarditionelles en pa5s malink LUHarmattan Connaissance des Hommes %aris& D'N)/R Cris V:;;RW @' academia bras,lica dos renascidos e o !overno pol,tico da 'm*rica portu!uesa VIJLOWE contradi4es do cosmopolitismo acad*mico luso2 americanoA in 1rasil 7orma#o do ,stado e da )a#o So%aulo2+7u, #ditora HUC+)#C& D'N)/R Cris V:;;:W &e esquecidos a renascidos9 -istoriografia acadmica luso6 americana F>BV?6>BGCH )ese de Doutoramento em Hist"ria Social Faculdade de Filoso-ia Letras e Cincias Humanas da Universidade de So %aulo& D'%USC+NSD+ RBs(ard V:;;IW ;bano 7ebre Africana Lisboa Campo das Letras& D'6+R'9 Sudipta V:;;;W @Des avanta!es dUtre barabreA in (* .omme nQ ILKE "ntelectuels en &iaspora et :-ories )omades pp&JL2NK& DL#+N 0artin #&Y 0+#RS Su(anne Ved&W VIOOOW /la$er5 and Colonial rule in Africa London and %ortland& D/%e)/FF +!or VIONJW :-e African 7rontier :-e 3eproduction of :ribal African /ocieties 5loomin!ton/+ndianapolis +ndiana UniversitB %ress& ..................... 556 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola D/%e)/FF +!or 0+#RS Susan VIOJJW /la$er5 in Africa9 .istorical and Ant-ropological Perspecti$es 0adison UniversitB o- disconsin %ress& DUL' d& %/0+'N D& VIOJNW @%*riodisationA in Le Ho-- 9& C.artier R& Revel 9& Veds&W (a nou$elle -istoire %aris Ret(2C#%L pp& ^LL2^LJ& L#F/R) Calude VIOJNW (es formes de l*-istoire ,ssais d*ant-ropologie politique %aris Zditions Hallimard& L#%#)+) 5ernard VIOOLW @+n presen(a del luo!o stesso&&&%ratic.e dotte e identi-ica(ione de!li spa(i alla -ine del G6+++ secoloA <uaderni /torici O; anno GGG -ascicolo R dicembre pp& KLJ2KJN& LZ6+2S)R'USS Claude VIOKJW (es structures lmentaires de la parent %aris 0outon& L+#NH'RD 0artin V:;;;W @' Rain.a N(in!a de 'n!ola e a sua prole americanaE dois estudosA Anais de .istria de Alm64ar nQ I pp& :^L2:J:& L+#NH'RD 0artin VIOOKW @La repr*sentation de lUoralit* populaire ou mar!inaledcans des te$tes modernes dU'm*ri1ue latine et dU'-ri1ue lusop.oneA 2ersants 3e$ue suisse des littratures romanes (a littrature se fait dans la bouc-e C.ampion2 Slat[ine no R; IOOK nouvelle s*rie pp& O2:O& L+NH'R#S 0aria eedda @)rois siScles dU.istoire colonialeE nouvelles approc.esA Pour l*.istoire du 1rsil.ommage I Qatia 4attoso %aris LUHarmattan :;;; p&:J& L/5')/ 0anuel V:;;^W @' !uerra dos maratasA )o$a .istria 4ilitar de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores pp&RIJ2R:O& L/5/ 0anuel Costa VIOKJW /ubsWdios para a -istria de (uanda Lisboa L/05'RD 9ac1ues VIOKLW /tructures de t5pe mfodal* en Afrique )oire %aris 0outon l Co& L/%#S 0aria de 9esus dos 08rtires VIOOKW Moa /etecentista :radi#o e 4odernidade F>BGD6>@DDH Lisboa Universidade Cat"lica %ortu!uesa& L/)#RR# Florence VIOONW @Les LumiSres contre le pro!ressn La naissance de lU id*e de per-ectibilit*A in &i+6.uiti0me /i0cle nQ R; %UF %aris pp& RNR2ROK& L/UR#N/ #duardo VIOOIW Portugal e a ,uropa9 identidade e di$ersidade %orto 'sa/Clube do %ro-essor& ..................... 557 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola L/6#9/e %aul #& VIOOLW :ransformations in /la$er5 A -istor5 of sla$er5 in Africa Cambrid!e Cambrid!e UniversitB %ress& LUH0'NN Ni[las VIOO:W A improbabilidade da comunica#o Lisboa 6e!a& LeNCH 9o.n VIOOKW @#l re-ormismo borb"nico e .ispanoam*ricaA ,l reformismo borbnico Una $isin interdisciplinar 0adrid 'lian(a #ditorial pp& RJ2LO& 0U5'e# D*ba VIOJNW @Sacralit* croBances pouvoir et droit en '-ri1ueA /acralit pou$oir et droit en Afrique %aris CNRS pp&I^L2IK;& 0U5/D/L/ #li[ia V:;;;W Efrica )egra .istria e Ci$ili%a#Kes tomo + at* ao s*culo G6+++ #ditora 6ul!ata& 0'C#D/ 9or!e 5or!es de VIOKKW @6ias de e$presso da cultura e da sociedade portu!uesas nos s*culos G6++ e G6+++ in Academia "nternacional da Cultura Portuguesa nQ I pp& IIO2IRR& 0'C#D/ 9or!e 5or!es de VIOJIW @Deduo Cronol"!ica e 'nal,ticaA in &icion'rio de .istria de Portugal dir& 9oel Serro vol& + Lisboa +niciativas #ditoriais& 0'C#D/ 9or!e 5or!es de VIONIW O Aparecimento em Portugal do Conceito de Programa PolWtico Separata da Revista Democracia e Liberdade nQ :; Lisboa +nstituto 'maro da Costa& 0'C#D/ 9or!e 5or!es de VION:W Problemas de .istria da "ndXstria portuguesa no sculo L2""" Lisboa ?uero& 0'H'LH#S 9oa1uim Romero VIOONW @/s )errit"rios '-ricanosA in .istria da ,+panso Portuguesa vol& R Dir& Francisco 5et.encourt e Dirti C.auduri Lisboa C,rculo de Leitores pp& K;2NR& 0'HN/ David VIOIJW A /uble$a#o dos &embos de >C>A Lisboa )ipo!ra-ia Universal& 0'HN/ David VIO:IW ,tnografia dos &embos #$tracto do -asc& +++ vol& + dos @)rabal.os da Sociedade %ortu!uesa de 'ntropolo!ia e #tnolo!iaA %orto +mprensa %ortu!ue(a& 0'HN/ David Vs&d&W A )ossa Ac#o dos &embos 4onografia de 3igor .istrico %orto Compan.ia %ortu!uesa #ditora& 0'HN/ David Vs&d&W Os &embos nos Anais de Angola e Congo F>?@?6>C>VH Separata da Revista 0ilitar de IOI;2IOI: )ipo!ra-ia Universal& ..................... 558 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0'HN/ David Honalves VIOI^W @' ocupao dos DembosA in 3e$ista 4ilitar 'no LG6+ nQ O Setembro& 0'HN/ David VIOR^W Muerras angolanas A nossa ac#o nos &embos %orto& 0'NN/R+ Luca VIOONW @Centralisation et -onction publi1ue dans la pens*e 7uridi1ue de lU'ncien Re!imeE 7ustice police administrationA (*Adminsitration :erritoriale de la 7rance F>BGD6>C?DH /rleans %UF pp& :^J2:LJ& 0'%%' Sop.ia VIOONW Pou$oirs traditionnels et pou$oir d*;tat en Afrique (*illusion uni$ersaliste %aris Dart.ala& 0'RH'R+D/ 'l-redo VIOJLW @Le colonialisme portu!ais et lUant.ropolo!ieA Ant-ropologie et "mprialisme or!& 9ean Copans %aris Franois 0aspero pp& R;J2R^^& 0'RH'R+D/ 'l-redo V:;;;W A lusofonia e os lusfonos9 no$os mitos portugueses Lisboa #di4es Universit8rias Lus"-onas& 0'RH'R+D/ 'l-redo V:;;IW @%re-8cio T o Drama da L,n!ua %ortu!uesaA in %into %aulo FeBtor Como Pensamos a )ossa (Wngua e as (Wnguas dos Outros Lisboa #stampa pp& IR2::& 0'RH'R+D/ 'l-redo V:;;:W @' participao dos a-ricanos T escravos ou livres T na mudana cultural em %ortu!al e no 5rasilA in ,scra$atura e transforma#Kes culturais Efrica i 1rasil i CaraWbas, Actas do Colquio "nternacional& Universidade de Zvora :N :; e R; de Novembro de :;;I or!& e pre-& de +sabel Castro Henri1ues Lisboa #ditora 6ul!ata :;;: pp& :O2L;& 0'RD %eter @).e evolution o- ]%ortu!ueseU identitBE luso2a-ricans on t.e upper Huinea Coast -rom t.e si$teent. to t.e earlB nineteent. centurBA :-e Tournal of African .istor5 nQ ^; IOOO pp& IJR2IOI& 0'R?U#S 9oo %edro VIOO^W @Uma reviso cr,tica das teorias sobre a abolio do tr8-ico de escravos portu!usA Penlope, 7a%er e &esfa%er a .istria nQ I^ #di4es Cosmos pp& OL2IIN& 0'R?U#S 9oo %edro V:;;IW @Uma cosm*tica demoradaE as Cortes perante o problema da escravido VINRK2INJLWA in An'lise /ocial vol& GGG6+ VILN2ILOW pp& :;O2 :^J& ..................... 559 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0'R)+N %.Blis 0& VIOJ:W :-e ,+ternal :rade of t-e (uango Coast, >GBS6>@BD /$-ord /$-ord UniversitB %ress& 0'R)+N %.Blis 0& VIONLW @Cabinda e os seus naturaisE al!uns aspectos de uma sociedade maritime '-ricanaA 3e$ista "nternacional de ,studos Efricanos nQ R pp& ^I2KI& 0')#US 9oo 9osino 5elc.ior 'rnaldo VIOJ:W /ubsWdios para a -istria financeira de Angola O imposto de capita#o F>GB?6>CVDH Dissertao de licenciatura em Cincias Sociais e %ol,tica Ultramarina Lisboa +CS%U& 0'))/S/ 9os* IONJ k' di-uso da mentalidade vass8lica na lin!ua!em 1uotidianak 7ragmentos de uma Composi#o 4edie$al Lisboa kimprensa universit8ria nQLOk editorial estampa pp& I^O2IKR& 0'USS 0arcel HU5#R) Henri VIO;:2IO;RW ,squisse d*une t-orie gnrale de la magie %aris %UF& 0'Gd#LL Dennet. VIOJRW @).e !eneration o- t.e IJO;s and t.e ideia o- a Luso2 5ra(ilian #mpireA in Duriel 'lden Colonial roots of modern 1ra%il 5er[eleB UniversitB o- Cali-ornia %ress pp& I;J2I^^& 0'Gd#LL Dennet. VIONLW A de$assa da de$assa9 a inconfid8ncia 4ineira9 1rasil6 Portugal >BGD6>@D@ Rio de 9aneiro %a( e )erra IONL& 0'Gd#LL Dennet. VIOOKW 4arqu8s de Pombal Parado+o do "luminismo So %aulo %a( e )erra& 0'Gd#LL Dennet. VIOOJW Conflicts and conspiracies9 1ra%il and Portugal >BGD6>@DB 'nn 'rbor 0ic.i!an U0+ imp& IOOJ Vtese dout& %.ilosop.B in HistorB %rinceton UniversitB IOJ;W& 0'==/))+ 0assimo V:;;:W @Le savoir de lUin!*nieur& 0at.*mati1ues et %oliti1ue Naples sous les 5ourbonsA in Actes de la 3ec-erc-e I^I2I^: pp& NK2OJ& 05#05# 'c.ille V:;;:W @Notes sur le pouvoir du -au$A in (e &bat9 -istoire, politique, socit nQ IIN 7anvier2-*vrier :;;: %aris Hallimard pp& ^O2LN& 0cCL#LL'N +++ 9ames #& VIOORW @LU#urope des 'cad*miesA in &i+6.uiti0me /i0cle nQ :L %aris %UF pp&ILR2IKL& ..................... 560 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0cD#N=+# Donald VIOOLW @/ral Cultural LiteracB and %rint in #arlB Ne\ =ealandE t.e treatB o- daitan!iA in .istoires du (i$re, nou$elles orientations %aris Zditions de la 0aison des Sciences de lUHomme pp& R^O2RN:& 0#+LL'SS/UG Claude VIOOLW Antropologia da ,scra$ido O $entre de ferro e din-eiro Rio de 9aneiro 9or!e =a.ar #ditor& 0#LL/ #valdo Cabral de VIOONW Olinda 3estaurada Muerra e A#Xcar no )ordeste, >SAD6>SG? :p ed& Revista e aumentada )opboo[s& 0#N'ND Louis V:;;:W ,l Club de los 4etafWsicos 0adrid Destino& 0#ND/N' 0arcos Carneiro de VIOK;W O marqu8s de Pombal e o 1rasil So %aulo VCompan.ia #ditora NacionalW& 0#ND/N' 0arcos Carneiro de VIOKRW A Ama%nia na era Pombalina9 correspond8ncia "ndita do go$ernador e capito6general do estado do Mro6Par' e 4aran-o, 7rancisco La$ier de 4endon#a 7urtado, >BG>6>BGC R vols& Rio de 9aneiro +nstituto Hist"rico e Heo!r8-ico 5rasileiro& 0#RC+#R Ro!er VIOK:W @Les d*buts de lUe$otisme a-ricain en FranceA 3e$ue de littrature compare 9an& 2 0ars IOK: %aris 0arcel Didier& 0#RC+#R Ro!er VIOK:W (*Afrique noire dans la littrature fran#aise, les premiers images FL2""6L2""" si0clesH Da[ar Section de lan!ues et Litt*ratures de la Facult* de Lettres et Sciences Humaines& 0#SS+'N) C.ristine VIOOLW @0%L' et UN+)'E processus de pai$ et lo!i1ue de !uerreA in Politique Africaine, n] GB9 (*Angola dans la Muerre 0ars IOOL %aris Dart.ala pp& ^;2LJ& 0+CH'UD Claude VIOORW @LU#urope des LumiSres& %r*sentationA in &i+6.uiti0me /i0cle nQ :L %aris %UF pp& L2I;& 0+LL#R 9osep. VIOOKW @/ tr8-ico portu!us de escravos no 'tl<ntico Sul no s*culo de(oitoE uma instituio mar!inal nas mar!ens do sistema atl<nticoA in 7ontes ^ ,studos nQ R Novembro Luanda 'r1uivo Hist"rico nacional de 'n!ola pp& I^J2 INN& 0+LL#R 9osep. C& VIOJRW @Re1uiem -or t.e 9a!asA in Ca-iers d*;tudes Africaines IR pp& I:I2I^O& ..................... 561 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0+LL#R 9osep. C& @).e +mban!ala and t.e c.ronolo!B o- earlB central a-rican .istorBA :-e Tournal of African .istor5 vol& G+++ nQ ^ IOJ: pp& L^O2LJ^& 0+LL#R 9osep. C& VIOJRW @Slaves Slavers and Social C.an!e in Ninneteent. CenturB Dasan7eA in Fran(2dil.elm Heimer Ved&W /ocial C-ange in Angola 0snc.en pp& ^O2KO& 0+LL#R 9osep. C& VIOJOW @Some aspects o- t.e commercial or!anisation o- Slavin! at Luanda 'n!ola T IJK;2INR;A in HenrB '&HemerB l 9an S& Ho!endorn Veds&W :-e Uncommun market ,ssa5s in t-e ,conomic .istor5 of t-e Atlantic /la$e :rade Nova eor[ 'cademic& 0+LL#R 9osep. C& VION:W @).e Si!ni-icance o- Drou!.t Disease and -amine in t.e '!riculturallB 0ar!inal =ones o- dest2 Central '-ricaA in Tournal of African .istor5 :R nQ I pp& IJ2KI& 0+LL#R 9osep. C& VIONNW =a5 of &eat- London 9ames CurreB& 0+LL#R 9osep. C& VIOOLW Poder PolWtico e Parentesco Os antigos estados mbundu em Angola )raduo de 0aria da Conceio Neto Luanda 'r1uivo Hist"rico Nacional 0inist*rio da Cultura& 0+LL#R 9osep. C& VIOOJW @' Dimenso Hist"rica da X-rica no 'tl<nticoE a3car escravos e planta4esA "" 3eunio "nternacional de .istria de Efrica9 a dimenso atlJntica da X-rica So %aulo 0useu Naval da 0arin.a pp&:I2^;& 0+LL#R 9osep. C& VIOOJW @'n!ola central e sul por volta de IN^;A in ,studos Afro6 Asi'ticos R: Universidade Candido 0endes pp& J2LR& 0+LL#R 9osep. C& VIOONW @Strat*!ies de mar!inalit*& Une approc.e .istori1ue de lUutilisation des tres .umains et des id*olo!ies de lUesclava!eE pro!*niture pi*t* protection personnelle et presti!e T produit et pro-its des propri*tairesA in &raison, escla$age et droit (es fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l*escla$age dir& +sabel Castro Henri1ues Louis Sala20olins %aris UN#SC/ 0*moire des %euples pp& I;L2IK;& 0+LL#R 9osep. C& VION:W @Le!al %ortu!uese Slavin! -rom 'n!olaE some preliminarB indications o- volume and direction IJK;2INR;A in 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outre64er K: I2: nQ ::K e ::J& ..................... 562 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0+LL#R Samuel 9& VIOJNW Portugal and 3ome c >B?@6>@AD9 an aspect of t-e cat-olic englig-tenment Roma& 0/NC'D' L& Cabral de VIOL;W ,studos de .istria do &ireito vol& +++ /culo L2""" 6 "luminismo Catlico 2erne59 4uratori Coimbra 'cta Universitas Conimbri!ensis %or /rdem da Universidade& 0/NN#eR/N Fr*d*ric V:;;IW @HenrB Rider Ha!!ard et le 0Bt.e Hamiti1ueA Afriques "magines %ondic.*rrB Zditions Dailas pp& R;R2RIL& 0/N)#+R/ Nuno Honalo VIOONW O CrepXsculo dos Mrandes A casa e o patrimnio da aristocracia em Portugal F>BGD6>@AVH Lisboa +mprensa Nacional Casa da 0oeda& 0/N)#+R/ Nuno Honalo V:;;IW @+denti-icao da pol,tica setecentista& Notas sobre %ortu!al no in,cio do per,odo 7oaninoA in An'lise /ocial vol& GGG6 VILJW pp OKI2ONJ& 0/N)#+R/ Nuno Honalo V:;;IW @)ra7ect"rias sociais e !overno das con1uistas& Notas preliminares sobre os vice2reis e !overnadores2!erais do 5rasil e da Cndia nos s*culos G6++ e G6+++A in O Antigo 3egime nos trpicos A dinJmica imperial portuguesa Fsculos L2"6L2"""H Rio de 9aneiro Civili(ao 5rasileira pp& :^O2 :NR& 0/R'#S 9os* Heraldo 6inci R#H/ 9os* 08rcio V:;;:W Con$ersas com .istoriadores 1rasileiros So %aulo #ditora R^& 0/)' '& )ei$eira da VIOK^W A cartografia antiga da Efrica Central e a tra$essia entre Angola e 4o#ambique >GDD6>@SD Loureno 0ar1ues )ipo!ra-ia %ro!resso& 0/)' +sabel 0aria Henri1ues Ferreira da V:;;RW A Academia 3eal da .istria 9 os intelectuais, o poder cultural e o poder mon'rquico no sc L2""" Coimbra 0inerva& 0/UR/ Fernando 'u!usto 'lbu1uer1ue VIOOJW @Con-i!ura4es dos n3cleos .umanos de Luanda do s*culo G6+ ao s*culo GGA in Actas do /emin'rio ,ncontro de po$os e culturas em Angola (uanda, A a S de Abril de >CCG Lisboa CNCD% pp& I;O2::L& 0UD+05# 6& e& VION:W (*odeur du %Sre& #ssai sur des limites de la science et de la vie en '-ri1ue Noire pr*sence a-ricaine& ..................... 563 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 0UD+05# 6&e& VIONNW :-e "n$ention of Africa, Mnosis, P-ilosop-5, and t-e Order of QnoOledge London 9ames CurreB& N#)/ 0aria da Conceio VIOO^W @Com*rcio Reli!io e pol,tica no serto de 5en!uelaE o 5ailundo de #[\i[\i ++ INJK2INORA publicado na revista do 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola 7ontes ^ ,studos nQ I Novembro pp& I;I2IIN& N#)/ 0aria da Conceio VIOOKW @H"spedes inc"modosE portu!ueses e americanos no 5ailundo no 3ltimo 1uartel do s*culo GGA Actas do /emin'rio ,ncontro de Po$os e Culturas ,m Angola 6 (uanda, A a S de Abril de >CCG Lisboa CNCD% pp& RJL2 RNO& N#)/ 0aria da Conceio VIOOJW @/ Luso o )r"pico&&& e os outros V'n!ola c& IO;;2 IOJLWA "" 3eunio "nternacional de .istria de Efrica9 a dimenso atlJntica da X-rica So %aulo 0useu Naval da 0arin.a pp& IIJ2I::& N#6#S 0aria )eresa 'mado D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.oE aspecto moral da sua aco em 'n!ola Lisboa Soc& Nac& De )ipo!ra-ia IORN& N/R' %ierre Vdir&W VION^2IOO:W (es (ieu+ de 4moire J vols& em R tomos %aris Hallimard& N/R/NH' #duardo Vs&d&W 1alta%ar Pereira do (ago O 4arqu8s de Pombal de 4o#ambique Cadernos Coloniais nQ :R Lisboa #ditorial Cosmos& /L+6#+R' 08rio 'nt"nio Fernandes de VIOKNW Unidade e diferencia#o linguisticas na literatura ultramarina portuguesa Sep& do 5oletim da Sociedade de Heo!ra-ia de Lisboa 9aneiro20aro de IOKN& /6#R5#RHH CBrille van VIO;JW (es ma5ombe F,tat indpendant du CongoH avec la collaboration de Zd& De 9on!.e 5ru$elas '& De dit& %'CH#C/ Carlos VIOO;W Tos da /il$a 4aia 7erreira O .omem e a sua ;poca Luanda Unio dos #scritores 'n!olanos& %'CH#C/ Carlos VIOO:W Tos da /il$a 4aia 7erreira 9 no$as ac-egas para a sua biografia Luanda Unio dos #scritores 'n!olanos& %'CH#C/ Carlos VIOOLW Toaquim Antnio de Car$al-o e 4eneses e a gnese da polmica liter'ria em Angola 5ra!a Consel.o +nternacional da Luso-onia& %'CH#C/ Carlos VIOOKW O nati$ismo na poesia de Tos da /il$a 4aia 7erreira9 ensaio Zvora %endor& ..................... 564 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %'CH#C/ Carlos V:;;;W @Leituras e bibliotecas em 'n!ola na primeira metade do s*culo G+GA (ocus, 3e$ista de .istria Universidade 9ui( de Fora :;;; pp& :I2 ^I& %'HD#N 'nt.onB VION:W :-e fall of natural man Ne\ Haven l London eale UniversitB %ress %'HD#N 'nt.onB VIOORW ,uropean ,ncounters Oit- t-e )eO =orld, 7rom 3enaissance to 3omantism Ne\ Haven l London eale UniversitB %ress& %'HD#N 'nt.onB VIOOLW (ords of all t-e =orld "deologies of ,mpire in /pain, 1ritain and 7rance, c >GDD 6 c >@DD Ne\ Haven l London eale UniversitB %ress& %'+6' 9os* %edro V:;;;W @' +!re7a e o poderA in .istria 3eligiosa de Portugal vol& : Lisboa C,rculo de Leitores pp& IRL2INL& %'N)/9' Selma VIOOKW @LuandaE rela4es sociais e de !*neroA "" 3eunio "nternacional de .istria de Efrica9 a dimenso atlJntica da Efrica So %aulo 0useu Naval da 0arin.a pp&JL2NI& %ZL+SS+#R Ren* VIONOW @#$ploitation du -acteur et.ni1ue au 0o(ambi1ue pendant la con1ute coloniale VG+Ge2GGe siSclesW in (es et-nies ont une -istoire Vdir& 9&2%& C.r*tien e H& %runierW %aris Dat.ala IONO pp& :^K2:LJ& %ZL+SS+#R Ren* V:;;;W @Sa-ari com o Dr& Hutenber!A in An'lise /ocial vol& GGG6 VIL^2ILLW pp& ^;J2^:J& %ZL+SS+#R Ren* VINNKW .istria das Campan-as de Angola 3esist8ncias e 3e$oltas IN^L2IOKI : vols& Lisboa #stampa& %#)+) Carlos V:;;;W &iscurso sobre el &iscurso Oralidad 5 ,scritura en la Cultura TurWdica de la ,spana (iberal Lecci"n +nau!ural Curso 'cad*mico :;;;2:;;I Huelva Universidad de Huelva& %+N)/ %aulo FeBtor V:;;IW Como Pensamos a )ossa (Wngua e as (Wnguas dos Outros Lisboa #stampa& %/0#'U Ren* VIOOIW (*,urope des (umi0res Cosmopolitisme et unit europenne au L2"""0me si0cle %aris Stoc[& %R'D'SH HBan V:;;;W @Les lieu$ de production du discours savantA in (* .omme, nQ ILKE "ntelectuels en &iaspora et :-ories )omades pp& KL2J^& ..................... 565 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola %UN)/N+ %edro VIOOOW A 4Wsera /orte A ,scra$ido do Africano no 1rasil .oland8s e as Muerras do :r'fico no AtlJntico /ul, >SV>6>S?@ So %aulo #ditora HUC+)#C& %UN)/N+ %edro V:;;:W A Muerra dos 1'rbaros Po$os "ndWgenas e a Coloni%a#o do /erto )ordeste do 1rasil, >SGD6>BVD So %aulo #ditora da Universidade de So %aulo& ?U'+N+ 0assimo VIOOLW @+denttit8 pro-essionale e pratica co!nitiva dello spa(ioE il caso dellUin!e!nere carto!ra-o nelle peri-erie dell +mp*rio Napole"nicoA in <uaderni /torici, O; anno GGG -ascicolo R dicembre IOOL pp&KJO2KOK& R'0/S Lu,s de /liveira VIOJ:W Pombal e o ,scla$agismo %orto Universidade do %orto Faculdade de Letras& R#D+NH' 9os* VIOK^W +ns,!nias e simbolo!ias do mando dos c.e-es nativos em 'n!ola Luanda Centro de +n-ormao e )urismo de 'n!ola& R#D+NH' 9os* VIOKOW <uem so os Ambundos R Luanda #dio do Centro de +n-ormao e )urismo de 'n!ola& R#D+NH' 9os* VIOJIW &istribui#o ;tnica de Angola Luanda Centro de +n-ormao e )urismo de 'n!ola& R#D+NH' 9os* VIOJRW A -abita#o tradicional angolana9 aspectos da sua e$olu#o Luanda& R#D+NH' 9os* VIOLNW ,tnossociologia do )ordeste de Angola& R#D+NH' 9os* Vs&d&W Album etnogr'fico fLuandag Fundo de )urismo e %ublicidade& R#D+NH' 9os* Vs&d&W Colec#o ,tnogr'fica fLuandag 0useu de 'n!ola& R#H/ 'nt"nio da Silva Re!o VIO^^W ,studos de .istria (uso6Africana e Oriental Lisboa 'cademia %ortu!uesa da Hist"ria& R#H/ 'nt"nio da Silva Re!o VIOKOW O Ultramar Portugu8s no /culo L2""" F>BDD6 >@AAH Lisboa '!ncia Heral do Ultramar& R#))/6X 'lena V:;;:W @).e Role o- '-rican lan!ua!es in '-rican p.ilosop.BA in 3ue &escartes Coll0ge "nternational de P-ilosop-ie, %aris %UF 9uin :;;: pp&I:O R#6#L 9&Y H'R)/H F& Vdir&W V:;;IW (es usages politiques du pass %'R+S #H#SS& R#6#L 9udit. V:;;:W (e 2ocabulaire de 7oucault %aris #llipses& ..................... 566 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola R#eN'UD Denis VIOO;W @%our une t.*orie de la description au INe siScleA &i+6 .uiti0me /i0cle nQ:: %aris %UF pp& R^J2RKK R+5#+R/ /rlando VIONIW A Coloni%a#o de Angola e o seu fracasso Lisboa +mprensa Nacional Casa da 0oeda& R/DR+HU#S 0aria #u!*nia 'lves V:;;:W Portugueses e Africanos nos rios de /ena Os pra%os da Coroa nos sculos L2"" e L2""" Lisboa FCSH UNL& R/DR+HU#S 0aria #u!*nia 'lves V:;;RW @]#m Nome do ReiU& / levantamento dos rios de Sena de IJKRA in Anais de .istria de Alm64ar vol& +6 Vno preloW& R/UL'ND Norbert VIONNW Ant-ropologie Turidique %aris %UF& R/d# d& V:;;;W @0emoria continuidad multitemporalitadA in Lien.ard 0& Vcoord&W (a memoria popular e sus transformaciones i Amrica (atina 5 paWses loso6 africanos, Fran[-urt / 0adrid +beroamericana :;;; pp& ^R2 LI& R/e #& Le VIOOKW @LUodBss*e de lUZtatA in Politique Africaine nQ KI 1esoin d*;tat, %aris Dart.ala pp&L2IJ& RU%%2#+S#NR#+CH 5ritta VIONOW @LUet.nicit* critSre descripti- au G6+++Sme siScleE le cas de la traite danoiseA in (es et-nies ont une -istoire dir& 9&2%& C.r*tien e H& %runier %aris Dat.ala pp& ^O2K;& S'HL+NS 0ars.all VIOJKW _ge de Pierre, Jge d*abondance (* conomie primiti$e des socits primiti$es %aris Hallimard& S'HL+NS 0ars.all VIOJKW Au Coeur des socits 3aison utilitaire et raison culturelle %aris Hallimard& S'HL+NS 0ars.all VIOOOW (es (umires en ant-ropologieR Con-*rence prononc*e le :J 0ars IOOJ Nanterre Soci*t* dUet.nolo!ie& S'+D #d\ard d& VIOOOW Cultura e "mperialismo So %aulo Compan.ia das Letras VI&p edio de IOORW& S'+D #d\ard d& VIOJNW Orientalism London %en!uin IOOI& S'L'20/L+NS Louis VIONJW (e Code )oir ou le cal$aire de Canaan %aris %resses Universitaires de France& S'L'20/L+NS Louis VIOO:W (*Afrique au+ Amriques (e Code )oir ,spagnol %aris %resses Universitaires de France& ..................... 567 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola S'L'20/L+NS Louis V:;;:W @).*olo!ie et %.ilosop.ie c.oisissent leur campE lUesclava!e des NS!res est le!itimeA in &raison, escla$age et droit9 les fondements idologiques et Nuridiques de la traite ngri0re et de l[escla$age %aris UN#SC/ pp&:R2KN& S'LD'NH' 'nt"nio 6asconcelos VIOOJW "ustum "mperium &os :ratados como 7undamento do "mprio dos Portugueses no Oriente ,studo de .istria do &ireito "nternacional e do &ireito Portugu8s Lisboa Fundao /riente& S'ND#RS #dit. R& VIOKOW @).e Hamitic .Bpot.esis its ori!in and -unctions in time perspectiveA TA. vol& G nQ ^ pp& L:I2LR: S'N)/S Catarina 0adeira VIOORW Vvide H#S%'NH' 'nt"nio 0anuelW S'N)/S Catarina 0adeira VIOONW @#ntre 6el.a Hoa e %an!imE a capital do #stado da Cndia e as re-ormula4es da pol,tica ultramarina s*culos G6+2G+GA 3e$ista de .istria 4ilitar n3mero especial pp&IIO2ILN& S'N)/S Catarina 0adeira V:;;;W @/s autos de vassala!em e a vul!ari(ao da escrita entre os a-ricanosA Annual meeting of t-e societ5 for spanis- and portuguese -istorical studies VSS%HSW UniversitB o- Ne\ eor[ :N a R; de 'bril de :;;;& S'N)/S Catarina 0adeira V$ide )'6'R#S 'na %aulaW V:;;:W* Africae 4onumenta vol& + 2 Arqui$o Caculo Caca-enda edio introduo !loss8rio e ,ndices ++C)& S'N)/S Catarina 0adeira V:;;^W @#ntre deu$ droits lU'n!ola au siScle des LumiSresA Annales .// Vno preloW& S'N)/S Catarina 0adeira V:;;LW h' apropriao do direito colonial pelos poderes a-ricanos V'n!ola s*culos G6+++2G+GWi <uaderni 7iorentini Vno preloW& S'N)/S 9oo 0arin.o dos VIOONW A Muerra e as Muerras na ,+panso Portuguesa /culos L2 e L2" Lisboa Hrupo de )rabal.o do 0inist*rio da #ducao para as Comemora4es dos Descobrimentos %ortu!ueses& S'N)/S 0aria #m,lia 0adeira VIOJKW 2iagens de ,+plora#o :errestre dos Portugueses em Efrica Lisboa ++C)& S'N)/S 0aria #m,lia 0adeira VIONOW @)ecnolo!ias em presenaE manu-acturas europeias e arte-actos a-ricanos Vc&INL;2INN;WA in " 3eunio "nternacional de .istria de Efrica Lisboa C#HC'/++C) pp& :;J2:^;& ..................... 568 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola S'N)/S 0aria #m,lia 0adeira VIOONW )os Camin-os de Efrica /er$entia e Posse9 Angola sculo L"L Lisboa ++C)& S'N)/S 0aria #m,lia 0adeira V:;;;W @X-ricaA in &icion'rio de .istria religiosa de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores pp& :I2:L& S'N)/S 0aria #m,lia 0adeira V:;;;W @'n!olaA &icion'rio de .istria religiosa de Portugal Lisboa C,rculo de Leitores pp& LN2KJ& SCH'U5 9ean2Fr*d*ric VIOOKW @Le temps et lU#tat vers un nouveau re!ime .istorio!rap.i1ue de lU'ncien Re!ime -ranaisA in <uaderni 7iorentini :L pp&I:J2INI& SCH/)) Rsdi!er VIOOLW @Le 7u!ement c.e( les peoples @ac*p.ales en '-ri1ue occidentaleE les 5ulsa VH.anaW et les LBSla V5ur[ina FasoWA in &roit et Cultures :O %aris Harmattan pp& IJJ2:;N S##D %atricia VIOOOW Cerimnias de posse na conquista europeia do )o$o 4undo F>?CV6>S?DH So %aulo Unesp/Cambrid!e& SZ+)Z eannic[ VIOONW @%our une Histoire Litt*raire du LivreA in &i+6.uiti0me /i0cle nQ R; %aris %UF pp& KJ2NK& S#L6'H#0 Carlos VIORIW Portugal 4ilitar Comp8ndio de .istria 4ilitar e )a$al de Portugal Lisboa +mprensa Nacional& S#RR'N/ Carlos VIONRW Os /en-ores da terra e os -omens do mar9 antropologia polWtica de um reino africano So %aulo US%& S#RR/ 9oa1uim 6er,ssimo VION:W O 4arqu8s de Pombal9 o -omem, o diplomata e o estadista Lisboa Lisboa2/eiras2%ombal C<mara 0unicipal de Lisboa2/eiras2%ombal& S#RR/ 9os* 6icente VIOORW @/ 1uadro econ"mico& Con-i!ura4es estruturais e tendncias de evoluoA in .istria de Portugal vol& +6 Lisboa C,rculo de Leitores pp& JI2IIJ& S+5#UD #mmanuelle V:;;:W Une /cience "mpriale pour l*AfriqueR (a construction des sa$oirs africanistes en 7rance, >@B@6>CAD %aris #H#SS& S+L5#R) 'lbert VIOJJW &o Portugal do Antigo 3egime ao Portugal Oitocentista Lisboa Livros Hori(onte& ..................... 569 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola S+L6' 9oo de 0atos e VIO;^W Contribui#o para o ,studo da 3egio de Cabinda Lisboa& S+L6' 0aria 5eatri( Ni((a da VIOOOW @' sa!a dos sertanistasA in Oceanos, nQ ^; pp& I^O2ILN& S+L6' 0aria 5eatri( Ni((a da VIOOOW A Cultura (uso6brasileira &a 3eforma da Uni$ersidade I independ8ncia do 1rasil Lisboa #ditorial #stampa& S+0/N dilliam 9oel VIONRW /cientific ,+peditions in t-e Portuguese O$erseas territories, >B@A6>@D@ Lisboa ++C)& S/'R#S Francisco V:;;IW )otWcia da (iteratura Angolana Lisboa +mprensa Nacional Casa da 0oeda& S/N)H/N'G L& F& SCH/#LCH#R VIOOLW (es Abolitions de l*,scla$age, >BCA, >BC?, >@?@ 'ctes du collo1ue international tenu lUUniversit* d %aris 6+++ les R ^ et L -*vrier IOO^ %aris %resses Universitaires de 6incennes et Zditions UN#SC/& S/US' 'na 0adalena Rosa 5arros )ri!o de VIOOKW & 7rancisco de /ousa Coutin-o em Angola 3einterpreta#o de um go$erno, >BS?6>BBV Dissertao de 0estrado Lisboa FCSH UNL& S/US' L& Rebelo de Vs&d&W 4oedas de Angola Lisboa 5anco de 'n!ola& S)'00 'nne VIOJ:W @La soci*t* cr*ole Saint %aul de Loanda dans les ann*es INRN2 IN^NA in 3e$ue 7ran#aise d*.istoire d*Outre64er, )ome L+G :IJ pp& LJN2K;O& S)'00 'nne Vs&d&W (* Angola I un tournant de son -istoire, >@A@6>@?@ travau$ de rec.erc.e e--ectu*s sous la direction de&&& Henri 5runsc.\i! directeur da*tudes la#cole %rati1ue des Hautes Ztudes s&l& s&ed& S)'R/5+NSD+ 9ean VIONOW (e 3em0de dans le mal Critique et lgitimation de l*artifice I l*Jge des (umi0res %aris Hallimard& S)/LL#+S 0ic.ael VIOONW .istoire du droit public en Allemagne &roit public impriale et science de la police >SDD6>@DD Fondements de la politi1ue %aris %UF& SU5R'H0'Ne'0 San7aB (IOOL) O "mprio Asi'tico Portugu8s, >GDD6>BDD9 uma -istria polWtica e econmica Lisboa D,-el& SU5)+L 9os* Vs&d&W @/s 0inistros do Rei no %oder local e UltramarA Vte$to policopiadoW& ..................... 570 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola SU5)+L 9os* 0anuel Lou(ada Lopes VIOORW @Hoverno e 'dministraoA .istria de Portugal vol& +6 Lisboa C,rculo de Leitores pp& ILJ2IOR& SU5)+L 9os* 0anuel Lou(ada Lopes VIOOKW O &esembargo do Pa#o F>BGD6>@AAH Lisboa Universidade 'ut"noma de Lisboa& )'0'R+ )al VIOOJW (es castes de l*Afrique occidentale, artisans et musiciens endogames Nanterre Soci*t* dU#t.nolo!ie& )'6'R#S 'na %aula V:;;;W @?uit3biaA Actas do Congresso "nternacional GDD anos da (Wngua Portuguesa no 1rasil, Zvora 0aio de :;;; Vno preloW& )'6'R#S 'na %aula V$ide S'N)/S Catarina 0adeiraW V:;;:W* Africae 4onumenta vol& + 2 Arqui$o Caculo Caca-enda edio introduo !loss8rio e ,ndices ++C)& )'eL/R 'nne2C.ristine VIOOJW @Les modSles dUintelli!ibilit* de lU.istoireA in ''66 (es "des& %aris 'rmand Colin pp&IK;2IKI& )#0%L#S %lacide VIO^OW (a p-ilosop-ie bantoue, %aris Dart.ala& )#S)'RD 'lain VIOONW @LU#sclava!e comme institutionA (* .omme nQ I^L pp& RI2J; )H/0'= Lu,s Filipe @#strutura pol,tico2administrativa do #stado da CndiaA &e Ceuta a :imor Lisboa D,-el pp& :;J2:^L& )H/RN)/N 9o.n VIOJNW @' Resurrection -or t.e 9a!asA in Ca-iers d* ,tudes Africaines IN pp& ::R2::J e ::J2:R;& )H/RN)/N 9o.n D& VIOJJW @Demo!rap.B and HistorB in t.e Din!dom o- Don!o ILL;2 IJL;A in Tournal of African .istor5 IN nQ ^ pp& L;J2LR;& )H/RN)/N 9o.n D& VION;W @).e slave trade in #i!.teen centurB 'n!olaE e--ects on demo!rap.ic structuresA in 3e$ue Canadienne des ,tudes Africaines`Canadian Tournal of African /tudies vol& I^ nQ R pp& ^IJ2^:J& )H/RN)/N 9o.n D& VIONIW @).e Demo!rap.ic e--ect o- t.e Slave )rade on destern '-rica IL;;2INL;A in African .istorical &emograp-5, ++, #dinbur!. Centre o- '-rican Studies pp& KOI2J:;& )H/RN)/N 9o.n D& VIONNW @).e 'rt o- dar in 'n!ola ILJL2IKN;A in Comparati$e /tudies in /ociet5 and .istor5, an "nternational <uarterl5 vol& R; nQ : 'pril Cambrid!e UniversitB %ress pp& RKI2RJN& ..................... 571 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola )H/RN)/N 9o.n D& VIOOOW =arfare in Atlantic Africa, >GDD6>@DD Hreat 5ritain Series #ditor 9eremB 5lac[ UniversitB o- #$eter& )H/RN)/N 9o.n D& V:;;^W A Efrica e os Africanos na forma#o do mundo atlJntico, >?DD6>@DD So %aulo #ditora Capus& )H/RN)/N 9o.n D& 0+LL#R 9osep. C& VIOO;W @' cr"nica como -onte .ist"ria e .a!io!ra-ia& / Cat'logo dos Mo$ernadores de Angola in 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos nQ I: e IR 9an2De(& pp& O2LL& )/RH'L Lu,s Reis VION:2IONRW @Nota +ntrodut"ria& 'cerca do si!ni-icado do %ombalismoA in O 4arqu8s de Pombal e o seu :empo vol& + Coimbra +nstituto de Hist"ria e )eoria das +deias Faculdade de Letras pp&J2IJ& )u)H +stv8n HB|r!B @Une Soci*t* au$ LisiSres de lUalp.abet& La paBsannerie .on!roise au$ G6++e et G6+++e siSclesA Annales .// :;;I nQ^2L2 p& NKR2NN;& )R+H/ Salvato VIONLW (iteraturas africanas de e+presso portuguesa 9 um fenmeno do urbanismo %aris Fundao Calouste Hulben[ian Centre Culturel %ortu!ais pp& L^L2 LLI& )R+H/ Salvato #HR#N)R'N) Ren* 0arie Vpre-&W VIOJJW "ntrodu#o I literatura angolana de e+presso portuguesa %orto/5ras,lia& 6'L# 'nt"nio 0anuel 0artins do (:;;^W @0acau e a C.ina no %ensamento de 0artin.o de 0elo e CastroA in Anais de .istria de Alm 4ar Vno preloW 6'L#NS+ Lucette VIOJJW @NS!re/Ne!roE rec.erc.es dans les dictionnaires -ranais et an!lais du G6++ au G+GSme siSclesA in Huira( %& )ermine #& (*ide de race dans la pense politique fran#aise contemporaine %aris Zd& du CNRS pp& ILJ2 IJ;& 6'LL#R'N+ 0assimo VIOOLW @Storia e lin!ua!!i !iuridiciA in <uaderni /torici, NO '!osto IOOL pp& LRO2LLJ& 6'NS+N' 9an VIOK:W h Lon!2distance trade2routes in central '-rica i :-e Tournal of African .istor5 vol&+++ nQ R pp& RJL2RO;& 6'NS+N' 9an (IOKL) (es Anciens 3o5aumes de la /a$ane L*opoldville Universit* Lovanium& 6'NS+N' 9& VIONLW Oral tradition as -istor5 London/Nairobi 9ames CurreB/Heinemann& ..................... 572 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 6'NS+N' 9an V:;;IW k%ortu!uese vs [imbunduE Lan!ua!e Use in t.e colonB o- 'n!ola VILJL2c&IN^LW 1ulletin des /eances 0ededelin!en der =ittin!en ^J pp& :KJ2:NI& 6'NS+N' 9an Zv8 SebestB*n VIOOOW @'n!olaUs eastern -interland in t.e IJL;sE a te$t edition and translation o- 0anuel Correia LeitoUs voaBa!e VIJLL2IJLKWA in .istor5 in Africa vol& :K David Heni!e #ditor pp& :OO2RK^& 6'NS+N' 9an @Lin!uistic evidence and .istorical reconstructionA TA. nQ ^; IOOO pp& ^KO2^JR& 6#LLU) 9&2L& VIOJLW @Le RoBaume de Cassan!e et ses r*seau$ luso2a-ricains vers IJL;2 INI;A in Ca-iers d*,tudes Africaines pp&IIJ2IRK& 6#LLU) 9ean2Luc VIOJ;W @Relations +nternationales du 0oBen2D\an!o et de lU'n!ola dans la deu$iSme moiti* du G6+++Sme siScleA ;tudes d*.istoire Africaine vol& + Universit* Lovanium de Dins.asa& 6#LLU) 9ean2Luc VIOJ:W @Notes sur le Lunda et la -rontiSre luso2a-ricaine VIJ;;2 IO;;WA in ;tudes d*.istoire Africaine vol& +++ Louvain/%aris Zditions Nau\elaerts 5*atrice2 Nau\elaerts Universit* Nationale du =a_re pp& KI2IKK& 6#LLU) 9ean2Luc VIOJ:2IOJRW <uestions /peciales d*.istoire d*Afrique Universit* Nationale du =aire Campus de Lubumbas.i te$to policopiado& 6#LLU) 9ean2Luc VIOOIW @La pr*sence portu!aise au Con!o du GvSme siScle la deu$iSme !uerre mondialeA e$trait de la 3$ue Mnrale aout2septembre nQ N2O pp& RL2^N& 6#NFNC+/ 9os* Carlos VIOOKW A ,conomia de (uanda e .interland no sculo L2""", um estudo de sociologia -istrica Lisboa #ditorial #stampa @)emas de Sociolo!ia nQ IA& 6+NC#N) 9eanne2Franoise VIOOIW @Serment2ordalie 7ustice et pouvoir c.e( les monta!nards mo-u2diamar* VCameroun du NordWA in (e /erment, vol& +E /ignes et 7onctions %aris CNRS pp& :JO2:O: d'L)#R Franois VIOOLW @DallUantropolo!ia alla topo!ra-ia dalla pittura alla carto!ra-ia osserva(ioni sulle re-eren(e identitarie alla -ine del G6+++ secoloA in <uaderni /torici, O; anno GGG -ascicolo R dicembre IOOL pp& KOJ2J:N& d+LL+'0S RaBmond 4ar+ism and (iterature /$-ord IOJJ ..................... 573 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola d/LFF #ric VION:W ,urope and t-e Peoples Oit-out -istor5, 5er[eleB UniversitB o- Cali-ornia %ress& G'6+#R Fn!ela 5arreto V:;;RW A in$en#o de Moa Poder "mperial e con$ersKes culturais nos sculos L2"6L2"" Florena& +nsttituto Universit8rio #uropeu Dissert& De Dout& %olicopiada& =#R/N Carlos 'lberto de 0oura Ribeiro VIOONW (a Compagnie de Tesus et l*institution de l*escla$age au 1rsil9 les Nustifications d*ordre -istorique, t-ologique et Nuridique, et leur intgration par une mmoire -istorique FL2"e6L2""e si0clesH vol& + ).Sse Doctorale VHistoire et CivilisationsW pr*sent*e lUZcole des Hautes Ztudes en Sciences Sociales de %aris le IK 7uin IOON sous la direction de 0& Franois Harto!& ..................... 574 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1?. G";)&'#("&) () A'+"4# (17::-18$:) 17::2I2I a IJRN2R2RI 2 Rodri!o C*sar 0ene(es 17:82^2I a IJ^N2^2IJ 2 9oo 9ac1ues de 0a!al.es 17<82^2IJ a 2I;2IJ^N 2 !overno de dunviratoE 5ispo D& Fr& 0anuel de Santa +ns e Dr& Fernando 9os* da Cun.a %ereira Vouvidor !eralW& 17<8 V/utubro deW 2 IJ^O2I2I: 2 5ispo D& Fr& 0anuel de Santa +ns e Dr& Fernando 9os* da Cun.a %ereira Vouvidor !eralW Sar!ento2mor Castelo 5ranco& 17<B2I2I: a IJLR2J2RI 2 D& 'nt"nio de 'lmeida Soares %ortu!al de 'larco #a e 0elo 175:2J2RI a IJLN2I;2I^ 2 D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a 1758-I;2I^ a IJK^2K2N 2 D& 'nt"nio de 6asconcelos 17?<2K2K a IJJ:2II2:I 2 D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o 177$2II2:I a IJJO2I:2L 2 D& 'nt"nio de Lencastre 177B2I:2L a IJN:2I:2IO 2 9os* Honalves da C<mara Coutin.o 178$2I:2:; a IJNR2L2:; 2 )riunvirato 2 Fr& Lu,s 'nunciao e '(evedo Dr& 9oa1uim Castro 5arbosa VouvidorW 9oo 0onteiro de 0orais VcoronelW& 178:2L2:I a IJN^2O2N 2 )riunvirato 2 D& Fr& Lu,s 'nunciao e '(evedo Dr& Francisco 0ac.ado %essan.a VouvidorW e o coronel %edro Xlvares de 'ndrade 178<2O2N a IJO;2O2RI 2 9os* de 'lmeida 6asconcelos Soveral e Carval.o da 0aia Soares de 'lber!aria 17B02I;2K a IJOJ2N2I 2 D& 0anuel 'lmeida e 6asconcelos 17B72N2I a IN;:2N2:^ 2 D& 0i!uel 'nt"nio de 0elo 180$2N2:^ a IN;K2^2: 2 D& Fernando 'nt"nio Soares de Noron.a 180?2^2: a IN;J2R2:O 2 )riunvirato 2 9oa1uim Castelo 5ranco VbispoW Castela de Lemos e %into Coel.o VouvidorW& 18072R2:O a INI;2K2J 2 D& 'nt"nio de Saldan.a da Hama 18102K2J a INIK2J2R 2 9os* de /liveira 5arbosa ..................... 575 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 181?2J2R a INIO2O2J 2 Lu,s da 0ota Fo e )orres 181B2O2J a IN:I2J2:: 2 0anuel 6ieira )ovar de 'lbu1uer1ue 18$12J2:: a IN::2:2K 2 9oa1uim +n8cio de Lima 18$$2:2K a IN:R2L2:^ 2 !overno da 7unta provis"ria D& Fr& 9oo Damasceno Silva %"voas Vpresidente e bispo e mais seis membrosW ..................... 576 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 17. A!&);i#%/&# '' T 'r1uivos de 'n!ola ''C T D& 'nt"nio 'lvares da Cun.a 'CU T Anais do Consel-os Ultramarino 'HN' T 'r1uivo Hist"rico Nacional de 'n!ola 'HU T 'r1uivo Hist"rico Ultramarino 'FN 2 D& Fernando 'nt"nio Soares de Noron.a 'H0 T 'r1uivo Hist"rico 0ilitar 'L T 'r1uivo da Casa Lin.ares 'N)) T 'r1uivo Nacional da )orre do )ombo 'SC%F T 'r1uivo da Sa!rada Con!re!ao da Propaganda 7idei '6 2 D& 'nt"nio de 6asconcelos Cadorne!a 2 'nt"nio de /liveira .istria das Muerras C#' T Ca.iers dU#tudes '-ricaines Corra T#lias 'le$andre da Silva .istria de Angola&&& DH% T &icion'rio de .istria de Portugal F+SC T D& Francisco +nocncio de Sousa Coutin.o FG0F T Francisco Gavier de 0endona Furtado TA. T :-e Tournal of African .istor5 0'6 2 D& 0anuel 'lmeida e 6asconcelos 0'0 2 0i!uel 'nt"nio de 0elo 00C2 0artin.o de 0elo e Castro 3".AT 3eunio "nternacional de .istria de Efrica 3",A T 3e$ista "nternacional de ,studos Africanos RSC T D& Rodri!o de Sousa Coutin.o ..................... 577 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola S&/&C&H& T SRCH 2 Scipture Ri-irite nelle Con!re!a(ioni Henerali ..................... 578 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 18. G4"J&i". NotaE este !loss8rio -oi elaborado para esclarecer ocorrncias de voc8bulos em l,n!uas a-ricanas ou de voc8bulos 1ue estando em l,n!ua portu!uesa se inscrevem num campo sem<ntico e .ist"rico de al!uma comple$idade& ' identi-icao de si!ni-icados teve em considerao o conte$to setecentista& 0odi-icao sem<nticas dos termos em per,odos anteriores ou posteriores s" -oram re-eridas na medida em 1ue interessavam ao ar!umento desenvolvido& ARRLTEL 7 so ;^L^ !ramas VC-& 0orais da Silva &icion'rioW& ARRO>A 7 so I^ 1uilos VC-& 0orais da Silva &icion'rioW& AVIADOS T @/s ne!ociantes da1uela praa tem os seus 'viados a 1uem con-iam as -a(endas para com elas entrarem para os sert4es no res!ate dos cativos Vcomo vul!armente c.amam este ne!"cioW& #stes 'viados se le!itimam pela %olicia e saem da cidade com licena do Hoverno& ?uando c.e!am a1uelas para!ens ou Feiras a 1ue de destinam ali mesmo compram al!uns escravos e e$pedem .omens a 1ue c.ama pombeiros 1ue -eiram pelo centro do serto e levam tamb*m pe1uenas por4es de -a(enda para o mesmo -im& ?uando os -eirantes voltam a capital e 1ue tem -eito o seu ne!ocio vendem os cativos 1ue tra(em e a7ustam as suas contas com os seus 'rmadores Vassim se c.amam os Ne!ociantes 1ue l.e con-iam as -a(endasW os 1uais l.es tornam a -ornecer novo sortimento de -a(endas para continuarem no !iro& /s 'viados al!umas ve(es -a(em os seus reviros isto * mandam os escravos comprados com as -a(endas dos seus armadores a outro& #stes reviros sao muito pre7udiciais ao com*rcio e por isso recorrendo os armadores ao ouvidor e 7usti-icando 1ue os #scravos revirados -oram comprados com as -a(endas 1ue con-iaram aos reviradores l.os manda entre!ar&A ('HU C'+G' JO doc KKWY Se!undo Lopes de Lima aviados @so comiss8rios volantes sertane7os a 1uem os moradores de Loanda costumam con-iar !rosso cabedal em -a(endas de 1ue nem sempre do boa contaY e s ve(es por l8 morrem e l8 -ica tudoY e outras vivem mas no voltamA VLima IN^K Livro +++ %arte + E KRW& >ANPA 7 (;i() M>ANPA) >ANPO - Lotes de mercadorias& /s !*neros 1ue corriam como din.eiro consistiam emE iW 7ol-in-a al!odo riscado de vermel.o e branco -ino e raloY iiW 1orral-os panos de al!odo com mais al!uma !rossura e consistncia 1ue os anteriores e serviam para @panos das Ne!rasAY iiiW Cadeados panos mais !rosseirosY ivW au%artes ou panos a(uis de al!odo 1ue tin!em de preto para as @tan!as dos Ne!rosAY vW (in-a panos mais -inosY viW Facas -lamen!asY viiW 5aetasY viiiW ..................... 579 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Sara-inas Vtecido esp*cie de baeta encorpada !eralmente com desen.os c-& 'nt"nio 0orais da Silva Mrande &icion'rioWY i$W =imbro Vb3(ioW& 'HU C"d& LLL -l& ^Nv& >RANCO V6ide CALQADOSW T ' de-inio de branco * mais lata do 1ue a1uela 1ue remete raa e ao -en"tipo remete cultura adoptada pelos su7eitosE A&&&em !eral por estas para!ens do o nome de brancos a todas a1uelas pessoas 1ue vestem calas sem e$cepo de cor e menos de condio * bastante para isso possuir al!uma -a(endaA VSHL 2iagens e Apontamentos vol& I p& RK J de 0aro de IN^J Cit por 0&#&0& Santos )os Camin-os p K:W& CALQADOS 7 @/s pretos lo!o 1ue l.es * permitido calar sapatos so tidos em conta de brancos e muito mais sendo a$iadosA VLima IN^K Livro +++ %arte + E KRW& CANADA - e1uivale a dois litros VC-& 0orais da Silva &icion'rio&&&W& CAPUNGUEL (EREEUE) - No &icion'rio do %adre 0aia Vp& ^ILW entrada @medidaA correspondem os se!uintes si!ni-icadosE em 1uimbundo qui%ongueloY no [i[on!o aparece luenga lua%adi+ila e%onguelo& / mesmo Dicion8rio re-ere 1ue em [i[on!o @medida para secosA se di( n%onguelo& No &icion'rio de 0orais da Silva ca(un!uel * @medida para !ros usada em 'n!ola& #1uivalia a um al1ueire e um 1uinto&A )amb*m em Lopes de Lima V,statWsticaP vol& +++ p& NI2 N:aWE @unidade 'n!olana de volume e1uivalente ao al1ueire apro$imadamente I^ litros 1ue corresponde a um 1uarto do e$e1ueAP @)odas as medidas e psos dos padr4es de Lisboa so adoptadas no com*rcio das cidades de Loanda e 5en!uella E apenas na medio dos !ros so usadas sem e$cluso do al1ueire portu!us o e$e1ue Vmedida do pai( pouco maior 1ue a -an!a portu!uesaW e o ca(un!uel ou 1uarto do e$e1ue2 Vpouco maior tamb*m 1ue o al1ueire de LisboaW Vem nota I2 se!undo os padr4es ultimamente c.e!ados de 'n!ola o ca(un!uel e$cede em um 1uinto o al1ueire de LisboaW&A Ve$tra,do do verbete @Ca(on!ueloA Santos e )avares A Apropria#o Hloss8rioW& DILRIOS 7 pa!amentos dos e$ercitos& EM>ALA 7 do umbundo ombala o mesmo 1ue ban(a& EMPACACEIROS 7 @pretos de armas de -o!o a 1uem c.amam empacaceirosA VC<ndido de 'lmeida S<ndoval @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIO2L:IWY @&&&.a uns cabos de !uerra preta c.amados empacaceiros 1ue tem os seus s3bditos e arran7ados em compan.ias 1ue suposto residam em terras de 1uel1uer soba no l.e obedecem ordinariamente por1ue sao e-ectivamente aplicados ao Real servio como uma espe*cie de 0il,cia& #ste nome de empacaceiros vem2l.e de 1ue tenso2se por caadores de pro-isso abateram ou atacaram al!uma empacaa 1ue * um animal esp*cie de b3-alo mais -ero( 1ue um leo para terem o dito nome * necess provas dos ata1ues do dito animal e .e umna aco entre eles mais distinta e .onrosa& ..................... 580 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Servem estes caadores ao estado cobrindo a marc.a das nossas tropas em ocasio de !uerra prote!em e escoltam os -eirantes e as remessas de escravos e levam as cartas de servio para o spresidios e Districtos e dali as tra(em para a capital&&&A V'HU C$& JO Doc& KKW& ENSANDEIRA* OU INCENDEIRA 7 desi!nao colonial para mulemba Vplural milembaW do 1uimbundo 8rvore sa!rada li!ada ao poder pol,tico dos 0bundu e em especial -i!ura de N!ola ?uiluna7i& C-& Cadorne!a vol& + p& :K Cava((i Livro ++ IRI& 9o.n Hoss\eiler IOLR kNomes ind,!enas das plantas de 'n!olak Agronomia Angolana Luanda J pp& ^LO2^K;& / %adre 0aia -a( a e1uivalncia entre 0ulemba insandeira e sic"moro& Remete para ori!em 1uimbundo o voc8bulo 0ulemba e para ori!em [i[on!o o voc8culo insendeira -ormado a partir de Unsandi, nsanda V%adre Silva 0aia &icion'rioP p& ^RRW& EREEUE 7 vide CAPONGUEL& FILOOS - &A&&-il.os Vassim c.amam aos seus subordinadosW&&&A V'HU C'+G' JO doc KKWY de-inio em relao aos Dembos& #sse desi!nativo * utili(ado com o mesmo sentido de dependentes da 7urisdio dos sobas por #lias 'le$andre a prop"sito da preparao da !uerraE @/s Sovas&&&convoco os seus Fil.os para recrutar o numero pedidoA VCorrea ++ ^OW& GANDA 7 1uando os comandantes dos e$*rcitos enviam um embai$ador aos sobas para recrutarem .omens para a !uerra a partir das listas previamente preparadas pelos capites2mores uma esp*cie de tributo era pa!o por ve(esE @.um dous ou mais captivos con-orme a sua !rande(a e LiberalidadeA VCorrea ++ p&^OW& GOLAM>OLE 7 @dividem2se os 7a!as em compan.ias commandadas por 0acotas subordinadas a .um Holambole 1ue e1uivale a 0a7orA VCorrea ++ L;W& GUERRA PRETA 7 @C.amo Huerra preta nos ne!ros pre(idiannos vestidosY os 1uaes so commandados por .um Capito morA VCorrea ++ LIW& LUNGA 7 6e7a2se a re-erncia posse e uso da @rilun!aA ou lun!a Vsino duplo sem badalo @se assemel.a a dois c.ocal.os pe!ados .um no outroAW a mais importante ins,!nia dos 0ban!ala associada ideolo!ia !uerreira citada numa carta do Hovernador de 'n!ola para o Director da Feira de Dasan7e& C-& Carta do Hovernador para o Re!ente de 'mbaca I de De(embro de IN;L 'HN' C"d& OI -l& :Nv& 6er tamb*m 5& Heint(e @' cultura&&& p& LL onde indica e cita Cva((i como -onte& MACOTA (MASOTA* i'+. (iT"%#) T /s mais vel.os @Consel.eiro ou ministro de soba dembo ou 7a!a& Senadores vel.os maioresA VCordeiro da 0atta p& NOW& M>ANPA (>ANPA) 7 desi!nao do 1uimbundo para capital povoao onde reside o !overno de districto ou concel.oY sede residncia& ..................... 581 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola MU>IRES T /s ne!ros mubiris so oriundos do Loan!o e -oram mandados para o #ncc!e em IJLO 1uando se -undou este pres,dio& So outros os usos e costumes destes ne!ros& #ntre eles no e$iste escravido so activos e inteli!entes para o ne!"cio V'l-redo SarmentoWA c- Cordeiro da 0atta p& I;:& #m uscar Ribas Vp&IN:WE @natural de Luan!o na re!io dos Dembos ao norte do rio Cuan(a&A )amb*m Redin.a identica o povo Luan!o ou 0ubire Vre-enciado como Loan!o ou 0aloan!oW como -a(endo parte de um @!rupo de anti!os emi!rados do Con!o %ortu!usA& C-& &istribui#o ;tnica P p& :;& Numa in-ormao dada pelo Sr& Lui( S,mplicio Fonseca @Districto dos DembosA em IN^N in ACU p& NO di(2seE @/bserva4es com respeito aos ne!ros mubires ou Loan!os 1ue .abitam nUeste districto em terras dos DembosE #stes pretos so descendentes de uns trinta 1ue tin.am vindo do Loan!o embarcados os 1uaes -oram mandados para #nco!e na -undao dUa1uelle presidio em IJLO os 1uaes se estabeleceram no sitio do 4uene Co+e e com al!umas -a(endas 1ue tin.am tra(ido entraram a comprar escravas e as -oram distribuindo entre elles para propa!aoY no se vendem como os ne!ros oriundos antes continuam a comprar -il.os dUeste pai( aos 1uaes depois 1ue os compram os consideram tambem mubires e l.es do mul.eresY no 1uerem parentesco nen.um com outros 1uaes1uer ne!ros 1ue no se7am tamb*m mubires e consideram2se a!!re!ados nUestas terras e no oriundos por isso pa!am o dito -cro ou tributo aos Dembos de 1uem so as terras e pa!am tambem di(imo por -o!os 8 9unta da Fa(enda& 'l*m de se applicarem 8 cultura 1uase todos elles trabal.am de -erreiro e serral.eiro e carpinteiro e esteireiro al!uma cousaY o pro!resso dUestes mubires tem sido tanto 1ue se ac.am espal.ados por todos os districtos e presidios de 'n!olaY e se continuar com a mesma propa!ao e a comprarem os do pai( 1ue at* se l.e vo o--erecer para o -uturo ser8 o numero dUelles muito maior 1ue o dos indi!enas&A 6er tamb*m %*lissier .istria das Campan-as de AngolaP, vol& + p& ^^& David 0a!no nas suas MuerrasP p& IJ re-ere2se aos mubires como @!entio n"mada esp*cie de ci!anosA do Dembo NU!ombe 'mu1uiama& MUCANO (MUSANU) T 0u[anu * a desi!nao do [imbundu para @delicto crime culpa pleitoA se bem 1ue nas -ontes portu!uesas a palavra nem sempre se7a usada no mesmo sentido uma ve( 1ue se veri-icou a sua evoluo sem<ntica VSantos e )avares A Apropria#o Hloss8rioW& MUOUM>IS 7 @.e o nome de .uma nao de ne!ros do serto da capitania de 5en!uella o Souva dos 1uais .e con.ecido pela denominao de ?uia.un!oA& MULEM>A (vide ENSANDEIRA) MORADOR - Ser morador de um pres,dio correspondia a um estatuto 1ue implicava o desempen.o de -un4es no e$*rcito Vnas compan.ias pa!asW na administrao incluindo camar8ria V1uando e$istia munic,pioW ou mesmo apenas a nomeao de car!os sem e$erc,cio e-ectivo& /s ..................... 582 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola moradores dos pres,dios podiam ser brancos pardos ou pretos& 6iviam dispersos e respondiam ao recrutamento 1uando os capites2mores precisavam -ormar e$*rcito para -a(er a !uerra coli!ados com os sobas vassalos& Na verdade eles estavam directamente envolvidos no tr8-ico e por isso seria do seu interesse tamb*m colaborar na de-esa VCorra ++ p&L;&W I^L: & POM>EIROS 2 @ /s pumbeiros so pretos descalos esp*cie de bu-arin.eiros a!entes dos aviados para a venda a retal.o na 1ual se mostram mui .8beis e 1uasi sempre do boas contas do pacotin.o 1ue se l.es incumbeA VLima #nsaios&&& Livro +++ %arte + p& KRW& POM>EIROS 6ide PUM>OS PRETOS CALQADOS V6+D# CALQADOSW PUM>OS VMPUM>UW T Feira& @%umbos era o nome de .uma terra onde somente se .iam buscar pretos& Domde veBo 1ue por corrupo se -icaram c.amando %umbos todas as terras donde vem ne!rosY e %umbeiros os 1ue os vo buscarA& C-&/-,cio de '6 'HU Cai$a ^R Doc& :I& EUI>UCA 7 So as caravanas do Con!o V9&2L& 6ellut @Le roBaume de Cassan!e&&& p& IINWY @V&&&W tra(endo pelas estradas terceiros a atravessar e prometer antecipadamente maior 1uantia aos pretos 1ue condu(em as ?uibucas os desviam de ir com eles ao lu!ar destinado para -eira&&&&& dita -eira !eral 1ue mando instiutuir .a2de ir todo o !*nero e 1ualidade de ne!"cio 1ue .ouver nas sobreditas terrasY as 1uais 1uibucas podero entrar a td a .ora 1ue 1uiserem sem receio ou impedimento al!um V&&&WAY V/-,cio de '6 'HU C$& ^: Doc& NO I; de Novembro de IJLOW& EUICANPO T @no sin!ular corresponde na l,n!ua ambunda ao nome Sen(alla 1ue 1uer di(er recinto de barracas -eitas de pal.a nas 1uaes moro ne!ros -orros a!!re!ados a pessoas brancas ou a SouvaA I^LR & EUILAM>AS 7 ' Classe ou corporao dos ?uilambas palavra 1ue si!ni-ica Cabo se comp4em de !randes !uerreiros 1 s" e$ercito este o--icio& 6ivem tribut8rios aos Sovas em cu7os Sovados e$istem com re!ncia separada& Cada ?uilamba re!e o seu )roo ou #s1uadra debai$o da mandancia de .um Capito mor 1 tem Sar!ento mor e '7udante& #stes Ne!ros creados entre os 5rancos so seus -ieis compan.eiros E e a seu car!o marc.o as munioens do #$ercito& C.amo2 se #mpacasseiros pelo uso das espin!ardas e da caa das #mpacassas&&&A VCorrea ++ L;WY @&&& so nas marc.as respons8veis pela de-esa da Nossa 'rtil.aria %alamenta e 0uni4es de Huerra o 1ue -inalmente e$ecuto&&&A V'HU C$& JO Doc KKWY @os 1ue reparo os Corpos das Huardas Ca(as de Feitoria dos %re(,dios e condu(em as Cartas do servio real a esta Capital e dela para o I^L: %ara 0oambi1ue ver 0aria #u!*nia 'lves Rodri!ues Portugueses e Africanos nos rios de /ena&&& p& LRI onde se di( 1ue no !rupo dos moradores encontravam2se tamb*m as mul.eres -oreiras !eralmente vi3vas&A 6er tamb*mb San7aB Subra.manBam O "mprio Asi'tico Portugu8s&&& p& RI;2RI:& I^LR /-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp& ..................... 583 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola Certo&&&reputados por Soldados da CoroaA (+n-ormao do %rovedor da Fa(enda de 'n!ola R; de Setembro de IJJ; AA vol& + nQ: IORR s&pp&) EUIM>ARES 7 @1uer di(erE .omens LivresE C.e-es de -am,lias Sen.ores de 1uaes1uer poroens de terra em 1ue vivem subordinados aos Sovas& Ho7e .8 ?uimbares captivos e outros -orros a!!re!ados a moradores 5rancos& /s primeiros -oro alistados pelo Hovernador 'Bres de Saldan.a de 0ene(es e Sou(a fIKJK2IKN;g& Cada Compan.ia tem o seu 0acota ou Capito e todo o Corpo .um Cabo maior 1 o !overna VCorra ++ L;2LIW& No planalto de 5en!uela @nos Humbis %ovos dos interior da capitania de 5en!uella assim c.amo tamb*m aos 5rancosA V/-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON AA vol&+ nQ L e K 0aro de IORK s&pp&W EUIPACA (ESIPASA) 7 @&&&assim c.amadas as Forti-ica4es ou Reductos constru,dos de terra e estacadas so situadas em eminncias de di-,cil acesso 1 ameao in-al,veis .ostilidades aos assaltantes&&&&/s #ntrinc.eiramentos do !entio so -ortes e preceituososE ' sua ast3cia os -a( innacess,veis& ' nature(a o--erecendo2l.e !randes pen.ascos semeados por varias partes do seu pai( concorre para os seus de(i!nios -a(endo escabro(as as nossas empre(as& ?ua(e sempre as suas ?uipacas so precedidas de bos1ues impenetr8veis e de estradas LabBrint.adas capa(es de esconder as ciladas dispostas pp surpreender os inimi!osE fLui( Lopes de g Se1ueira em e$pu!nar o ReB das %edras !astou dous me(es em repetidos assaltos& #m Houla21uitumba todo .um dia cobateo ao Sova Haco2?u(ambambe sem o invadirE 1u7is porem a sorte 1 abandonasse o posto nessa noiteA VCorra ++ LNW& D& 'nt"nio de Lencastre IJJK re-ere detal.adamente os usos das <uipacasE @Durou a !uerra 1ue e$pedi o decurso de dous anos por encontrarem as nossas 'rmas maBores -orti--ica4ens do 1ue ima!inamos V&&&W 1ue vivio em ?uipacas muito bem delineadas assim nos 5aLuartes Fossos e trinc.eiras como nas #stradas encubertas com 1ue se de--endio de todo o !enero de tBros e por ellas .io salvos buscar todo o preci(o para a sua subsistnciaA VCarta do Hovernador 'nt"nio de Lencastre para 0artin.o de 0elo e Castro I de 9un.o de IJJK 'HU Cai$a KI D/C& INW& V).ornton =arfare, p& II:W& )amb*m se!undo Sandoval 1uipaca * -orti-icaoY c-& @Not,cia do serto do 5ailundo INRJA AnnaesP pp& LIN& 9o.n).ornton re-ere e con-irma o uso continuado de -orti-ica4es desi!nadas atrav*s deste voc8bulo no planalto de 5en!uela nomeadamente durante o con-ronto com o 9a!a de Caconda em IKNL& EUIM>ANDA (SIM>ANDA) T o m*dico ou -eiticeiro& EUITULAS 7 ...Casas de !uardar os mantimentos&&&A I^L^ SOMA 7 do ovimbundo usoma o mesmo 1ue usoba 1ue si!ni-ica soba& I^L^ Conveno dos D,(imos IJO: 'HU C$& JJ Doc& NL& ..................... 584 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola TENDALA (I%)'(#4#M T#'(#4#) T @+nterprete 1ue assiste 8s #mbai$adasE aos )ratados e %ateaoens da !uerraE 8s 1uei$as E as representaoens etc e 1ue e$ercita em tudo as obri!aoens de '7udante das /rdens do CommandanteA na !uerra c-& Corra vol& + ^O& #m ILNN * mencionado pela primeira ve( nas -ontes V5r8sio vol& +++ p& RJNY vol& +6 p& LLO LK: LJR VI de 0aio de ILO^P&W& UNDAMENTO 2 Cerim"nia tradicional pela 1ual * prestada ou recebida a vassala!em do 1uimbundo kuunda& C-& )avares et Santos A Apropria#oP p& ^I;Y e 5eatri$ Heint(e (uso6 African feodalismP pp&III2IRI& @C.amo em 'n!ola undamento ao acto de su7eio 1ue prestao os Souvas e Dembos a Sua 0a!estade -a(endo %reito e Homena!em por suas %essoas )erras e S3bditos Vaos 1uaes com a carin.o(a denominao 1ue no passa ao tratamento c.amao -il.osW !uardando nos ditos %reitos o estilo&&&do Formul8rio das Homena!ens 1ue o Senn.or ReB Dom 9oo Se!undo estabeleceo nas Cortes de Zvora de mil 1uatrocentos oitenta e .um 1ue ainda .o7e se !uarda e a Sua 0a!estade pesto os 'lcaides 0ores e os Hovernadores de 1ual1uer Castelo %raa ou %rov,nciaA V/-,cio do Hovernador 0'0 pra RSC R; de 'bril de IJON vol&+ nQ L e KW& ..................... 585 C#%#&i'# M#()i&# S#'%"* Um governo polido para Angola 1B. 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