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    Introdução À Vida Devota - A5 PDF

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    Deposito da Fé da Igreja Católica Apostolica Romana
    Prefácio de São Francisco de Sales Peço-te, caro leitor, que leias este prefácio, tanto para a tua como para a minha satisfação. Uma mulher por nome Glicéria sabia distribuir as flores e formar um ramalhete com tanta habilidade que todos os seus ramalhetes pareciam diferentes uns dos outros. Conta-se que o célebre pintor Pausias, tendo procurado imitar com o seu pincel tamanha variedade, não o pôde conseguir e declarou-se vencido. De modo semelhante o Espirito Santo dispõe e arranja com uma admirável variedade as lições de virtude que nos dá pela boca e pela pena de seus servos. É sempre a mesma doutrina, apresentada de mil modos diferentes. Na presente obra outro fim não temos em mira senão repetir o que já tantas vezes se tem dito e escrito sobre esta matéria. São as mesmas flores, benévolo leitor, que te venho ofertar aqui; a única diferença que há é que o ramalhete está disposto diversamente. A maior parte dos autores que trataram sobre a devoção dirigiram-se exclusivamente as pessoas retiradas do mundo ou ao menos se esforçaram por lhes ensinar o caminho deste retiro. O meu intento, porém, é ser útil àqueles que se veem obrigados a viver no meio do mundo e que não podem levar uma vida diversa da dos outros. Acontece muitas vezes que estas pessoas, sob o pretexto duma impossibilidade pretensa, nem sequer pensam em aspirar à devoção. Imaginam que, assim como animal algum ousa tocar naquela erva chamada Palma Christi, da mesma forma pessoa alguma que vive no meio de negócios temporais pode fomentar pretensões à palma da piedade cristã. Mas vou mostrar-lhes que muito se enganam e que a graça é em suas operações ainda muito mais fecunda que a natureza. As madrepérolas são banhadas pelas águas do mar e contudo não são penetradas delas; perto das ilhas de Celidônia existem fontes de água doce no meio do mar; os piranetas voam por entre as chamas sem se queimar; as almas generosas vivem no mundo sem impregnar-se do seu espírito, acham a doce fonte da devoção no meio das águas amargas das corrupções mundanas sem queimar as asas de santos desejos duma vida virtuosa. Não ignoro as dificuldades do grande trabalho que empreendo e bem desejara que outros mais doutos e santos o tomassem a si; todavia, apesar da minha impotência, farei o que possível for de minha parte, para auxiliar esses corações generosos que aspiram à devoção. Não era meu desejo nem minha intenção publicar esta obra; uma alma de esmerada virtude, tendo recebido de Deus, há tempo, a graça de aspirar à vida devota, pediu-me lhe ajudasse a conseguir este desígnio. Muito devia eu a essa pessoa, que aliás eu julgava plenamente disposta para esse árduo trabalho. Considerei, pois, como um dever, instruí-la, o melhor possível, deixando-lhe uma direção por escrito, que lhe poderia ser útil no futuro. Aconteceu que essa obra caiu nas mãos de um santo e sábio religioso que, tendo em vista o proveito que muitas almas daí poderiam haurir, me aconselhou publicá-la. De bom grado anui ao seu conselho, porque esse santo homem tinha grande influência e autoridade sobre mim. A fim de aumentar um pouco a utilidade desta obra, eu a revi e pus em ordem, acrescentando diversos avisos e conselhos, conforme me permitia o pouco tempo de que disponho. Ninguém procure aqui uma obra exarada com esmero. É apenas uma série de avisos que julgo necessários e a que procurei dar uma forma clara e precisa. Quanto aos ornamentos de estilo, nem sequer pensei neles; tenho mais que fazer. Dirijo minhas palavras a Filotéia, porque Filotéia significa uma alma que ama a Deus e é para essas almas que escrevo. Toda a obra se divide em cinco partes: na primeira esforço-me, por meio de alguns avisos e exercícios, a converter o simples desejo de Filotéia numa resolução decidida, tomada depois da confissão geral, por uma protestação firme e seguida da sagrada comunhão. Esta comunhão, em que ela se entrega inteiramente ao divino Salvador, enquanto o Salvador se dá a ela, fá-la entrar auspiciosamente no amor d

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    Prefácio de São Francisco de Sales Peço-te, caro leitor, que leias este prefácio, tanto para a tua como para a minha satisfação. Uma mulher por nome Glicéria sabia distribuir as flores e formar um ramalhete com tanta habilidade que todos os seus ramalhetes pareciam diferentes uns dos outros. Conta-se que o célebre pintor Pausias, tendo procurado imitar com o seu pincel tamanha variedade, não o pôde conseguir e declarou-se vencido. De modo semelhante o Espirito Santo dispõe e arranja com uma admirável variedade as lições de virtude que nos dá pela boca e pela pena de seus servos. É sempre a mesma doutrina, apresentada de mil modos diferentes. Na presente obra outro fim não temos em mira senão repetir o que já tantas vezes se tem dito e escrito sobre esta matéria. São as mesmas flores, benévolo leitor, que te venho ofertar aqui; a única diferença que há é que o ramalhete está disposto diversamente. A maior parte dos autores que trataram sobre a devoção dirigiram-se exclusivamente as pessoas retiradas do mundo ou ao menos se esforçaram por lhes ensinar o caminho deste retiro. O meu intento, porém, é ser útil àqueles que se veem obrigados a viver no meio do mundo e que não podem levar uma vida diversa da dos outros. Acontece muitas vezes que estas pessoas, sob o pretexto duma impossibilidade pretensa, nem sequer pensam em aspirar à devoção. Imaginam que, assim como animal algum ousa tocar naquela erva chamada Palma Christi, da mesma forma pessoa alguma que vive no meio de negócios temporais pode fomentar pretensões à palma da piedade cristã. Mas vou mostrar-lhes que muito se enganam e que a graça é em suas operações ainda muito mais fecunda que a natureza. As madrepérolas são banhadas pelas águas do mar e contudo não são penetradas delas; perto das ilhas de Celidônia existem fontes de água doce no meio do mar; os piranetas voam por entre as chamas sem se queimar; as almas generosas vivem no mundo sem impregnar-se do seu espírito, acham a doce fonte da devoção no meio das águas amargas das corrupções mundanas sem queimar as asas de santos desejos duma vida virtuosa. Não ignoro as dificuldades do grande trabalho que empreendo e bem desejara que outros mais doutos e santos o tomassem a si; todavia, apesar da minha impotência, farei o que possível for de minha parte, para auxiliar esses corações generosos que aspiram à devoção. Não era meu desejo nem minha intenção publicar esta obra; uma alma de esmerada virtude, tendo recebido de Deus, há tempo, a graça de aspirar à vida devota, pediu-me lhe ajudasse a conseguir este desígnio. Muito devia eu a essa pessoa, que aliás eu julgava plenamente disposta para esse árduo trabalho. Considerei, pois, como um dever, instruí-la, o melhor possível, deixando-lhe uma direção por escrito, que lhe poderia ser útil no futuro. Aconteceu que essa obra caiu nas mãos de um santo e sábio religioso que, tendo em vista o proveito que muitas almas daí poderiam haurir, me aconselhou publicá-la. De bom grado anui ao seu conselho, porque esse santo homem tinha grande influência e autoridade sobre mim. A fim de aumentar um pouco a utilidade desta obra, eu a revi e pus em ordem, acrescentando diversos avisos e conselhos, conforme me permitia o pouco tempo de que disponho. Ninguém procure aqui uma obra exarada com esmero. É apenas uma série de avisos que julgo necessários e a que procurei dar uma forma clara e precisa. Quanto aos ornamentos de estilo, nem sequer pensei neles; tenho mais que fazer. Dirijo minhas palavras a Filotéia, porque Filotéia significa uma alma que ama a Deus e é para essas almas que escrevo. Toda a obra se divide em cinco partes: na primeira esforço-me, por meio de alguns avisos e exercícios, a converter o simples desejo de Filotéia numa resolução decidida, tomada depois da confissão geral, por uma protestação firme e seguida da sagrada comunhão. Esta comunhão, em que ela se entrega inteiramente ao divino Salvador, enquanto o Salvador se dá a ela, fá-la entrar auspiciosamente no amor d

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    Filotia Introduo Vida Devota

    Prefcio de So Francisco de Sales

    Prefcio de So Francisco de Sales Peo-te, caro leitor, que leias este prefcio, tanto para a tua como para a minha satisfao. Uma mulher por nome Glic ria sa!ia distri!uir as flores e formar um ramalhete com tanta ha!ilidade que todos os seus ramalhetes pareciam diferentes uns dos outros. "onta-se que o c le!re pintor Pausias, tendo procurado imitar com o seu pincel tamanha #ariedade, no o p$de conse%uir e declarou-se #encido. &e modo semelhante o 'spirito Santo disp(e e arran)a com uma admir#el #ariedade as li(es de #irtude que nos d pela !oca e pela pena de seus ser#os. * sempre a mesma doutrina, apresentada de mil modos diferentes. +a presente o!ra outro fim no temos em mira seno repetir o que ) tantas #e,es se tem dito e escrito so!re esta mat ria. So as mesmas flores, !en #olo leitor, que te #enho ofertar aqui- a .nica diferena que h que o ramalhete est disposto di#ersamente. / maior parte dos autores que trataram so!re a de#oo diri%iram-se e0clusi#amente a pessoas retiradas do mundo ou ao menos se esforaram por lhes ensinar o caminho deste retiro. 1 meu intento, por m, ser .til 2queles que se #eem o!ri%ados a #i#er no meio do mundo e que no podem le#ar uma #ida di#ersa da dos outros. /contece muitas #e,es que estas pessoas, so! o prete0to duma impossi!ilidade pretensa, nem sequer pensam em aspirar 2 de#oo. 3ma%inam que, assim como animal al%um ousa tocar naquela er#a chamada Palma Christi, do mesmo modo pessoa al%uma que #i#e no meio de ne%4cios temporais pode fomentar pretens(es 2 palma da piedade crist. 5as #ou mostrar-lhes que muito se en%anam e que a %raa em suas opera(es ainda muito mais fecunda que a nature,a. /s madrep rolas so !anhadas pelas %uas do mar e contudo no so penetradas delas- perto das ilhas de "elid$nia e0istem fontes de %ua doce no meio do mar- os piranetas #oam por entre as chamas sem se queimar- as almas

    Prefcio de So Francisco de Sales

    %enerosas #i#em no mundo sem impre%nar-se do seu esp7rito, acham a doce fonte da de#oo no meio das %uas amar%as das corrup(es mundanas sem queimar as asas de santos dese)os duma #ida #irtuosa. +o i%noro as dificuldades do %rande tra!alho que empreendo e !em dese)ara que outros mais doutos e santos o tomassem a si- toda#ia, apesar da minha impot8ncia, farei o que poss7#el for de minha parte, para au0iliar esses cora(es %enerosos que aspiram 2 de#oo. +o era meu dese)o nem minha inteno pu!licar esta o!rauma alma de esmerada #irtude, tendo rece!ido de &eus, h tempo, a %raa de aspirar 2 #ida de#ota, pediu-me lhe a)udasse a conse%uir este des7%nio. 5uito de#ia eu a essa pessoa, que alis eu )ul%a#a plenamente disposta para esse rduo tra!alho. "onsiderei, pois, como um de#er, instru7-la, o melhor poss7#el, dei0ando-lhe uma direo por escrito, que lhe poderia ser .til no futuro. /conteceu que essa o!ra caiu nas mos de um santo e s!io reli%ioso que, tendo em #ista o pro#eito que muitas almas da7 poderiam haurir, me aconselhou pu!lic-la. &e !om %rado anui ao seu conselho, porque esse santo homem tinha %rande influ8ncia e autoridade so!re mim. / fim de aumentar um pouco a utilidade desta o!ra, eu a re#i e pus em ordem, acrescentando di#ersos a#isos e conselhos, conforme me permitia o pouco tempo de que disponho. +in%u m procure aqui uma o!ra e0arada com esmero. * apenas uma s rie de a#isos que )ul%o necessrios e a que procurei dar uma forma clara e precisa. 9uanto aos ornamentos de estilo, nem sequer pensei neles- tenho mais que fa,er. &iri)o minhas pala#ras a Filot ia, porque Filotia si%nifica uma alma que ama a Deus e para essas almas que escre#o. :oda a o!ra se di#ide em cinco partes; na primeira esforome, por meio de al%uns a#isos e e0erc7cios, a con#erter o simples dese)o de Filot ia numa resoluo decidida, tomada depois da confisso %eral, por uma protestao firme e se%uida

    Prefcio de So Francisco de Sales

    <

    da sa%rada comunho. 'sta comunho, em que ela se entre%a inteiramente ao di#ino Sal#ador, enquanto o Sal#ador se d a ela, f-la entrar auspiciosamente no amor di#ino. Para a le#ar adiante, mostro-lhe dois %randes meios de se unir mais e mais com a 5a)estade di#ina; o uso dos sacramentos, pelos quais &eus #em a n4s, e a orao, pela qual n4s #amos a &eus. +isto consiste a mat ria da se%unda parte. / terceira cont m a prtica de di#ersas #irtudes que muito contri!uem para o adiantamento espiritual- limito-me, por m, a certos a#isos particulares que no se podem achar de si mesmos ou raramente se encontram nos autores. +a quarta parte fao #er a Filot ia os em!ustes do inimi%o e lhe mostro como se li#rar deles e #enc8-los. Por fim, na quinta parte, eu le#o a alma 2 solido, para que a7 se refri%ere um pouco, tome alento e recupere as foras, de modo que possa caminhar em se%uida, com mais ardor, nas #eredas da #ida de#ota. +osso s culo e0tremamente !i,arro e ) estou #endo di,erem-me que uma o!ra semelhante de#ia ser escrita por um reli%ioso ou ao menos por al%u m que professe a #ida de#ota e no por um !ispo encarre%ado duma diocese to dif7cil como a minha, a qual requer para si toda a ateno do prelado. 5as, car7ssimo leitor, posso responder, com So &ion7sio, que so e0atamente os !ispo que antes de todos esto incum!idos de encaminhar as almas para a perfeio. 'les ocupam o primeiro lu%ar entre os homens, como os serafins entre os an)os, e o seu tempo no pode ser empre%ado duma forma melhor. 1s anti%os !ispos e padres da 3%re)a, que no se ocuparam menos de suas fun(es do que n4s, encarre%aram-se, entretanto, da direo de certas almas, que recorriam aos seus a#isos e 2 sua prud8ncia. * o que se #8 por suas cartas e fa,iam-no a e0emplo dos ap4stolos, que, por mais so!recarre%ados que esti#essem com a e#an%eli,ao do mundo, acharam tempo para escre#er as suas ep7stolas, cheias

    Prefcio de So Francisco de Sales

    dum amor e afeto e0traordinrios para com as di#ersas almas, suas filhas espirituais. 9uem no sa!e que :im4teo, :ito, Filemon, 1n simo, Santa :ecla, >pia eram filhos espirituais muito caros ao %rande So Paulo, como So 5arcos e Santa Petronilha o eram a So Pedro? ' ponho neste n.mero a Santa Petronilha, porque, como sa!iamente pro#am @ar$nio e Gal$nio, no foi filha carnal, mas espiritual de So Pedro. ' So Aoo no escre#eu uma das suas 'p7stolas "an$nicas 2 de#ota senhora 'lecta? * penoso, confesso-o a!ertamente, condu,ir as almas em particular, mas esse tra!alho no dei0a de ter as suas consola(es. 1s ceifadores nunca esto to satisfeitos como quando t8m muito que ceifar. * um tra!alho que ali#ia e fortifica o corao. &i,-se que, se a f8mea do ti%re acha um de seus filhotes que o caador a!andona no meio do caminho para caar outros, imediatamente o carre%a, por mais pesado que se)a, e, a)udada pelo amor de me, corre ainda mais depressa do que de costume. "omo, pois, um corao paterno no tomar a si uma alma que anseia por sua pr4pria perfeio, carre%ando-a como uma me a seu filho, sinta em!ora o seu peso? Sem d.#ida, esse corao de#e ser #erdadeiramente paternora,o pela qual os ap4stolos e os homens apost4licos chama#am os seus disc7pulos de filhos e at de filhinhos. &e mais, caro leitor, - #erdade que escre#o so!re a #ida de#ota, sem que possua eu mesmo a de#oo, mas no sem que tenha um %rande dese)o de a ter- e este dese)o que me anima. Um douto di,ia; Um !om modo de aprender estudar; um melhor, escutar, mas o melhor de todos, ensinar. /contece muitas #e,es, di, Santo /%ostinho 2 piedosa Florentina, que, dando, se adquire um t7tulo para rece!er e que, ensinando, nos o!ri%amos a aprender. &i,-se que os pintores se ape%am no s4 aos quadros que pintam, mas tam! m 2s coisas que querem desenhar. 5andou

    Prefcio de So Francisco de Sales

    /le0andre ao insuper#el /peles que lhe pintasse, a formosa "ampaspe, sua amada. /peles, tendo que fi0ar demoradamente "ampaspe para ir copiando suas fei(es na tela, aca!ou %ra#ando-a tam! m no corao. /pai0onou-se tanto por ela que /le0andre !ondosamente lha deu em casamento, pri#andose, por amor dele, da mulher que mais amou na terra. ' nisso, di, Pl7nio, re#elou a %rande,a de seu corao, tanto quanto poderia manifest-la numa das suas maiores #it4rias. 5eu caro leitor, penso que, sendo eu !ispo, +osso Senhor quer que eu desenhe nos cora(es no s4 as #irtudes comuns, como tam! m a de#oo que lhe to cara- e eu o fao de !om %rado, cumprindo o meu de#er e esperando que, %ra#ando-a no esp7rito dos outros, o meu tam! m rece!er al%uma coisa. ' a di#ina 5a)estade, #endo que me ape%o #i#amente 2 de#oo, se di%nar de infundi-la em meu corao. / !ela e casta Ce!eca, dando de !e!er aos camelos de 3saac, tornou-se sua esposa e rece!eu dele os !rincos e pulseiras de ouro. 'spero, pois, tam! m, da imensa !ondade de meu &eus, que, condu,indo as suas caras o#elhas 2s %uas salutares da de#oo, ele escolher minha alma para sua esposa, pondo em meus ou#idos as pala#ras de ouro de seu amor e em meus !raos a fora de pratic-las. +isto consiste, pois, a ess8ncia da de#oo #erdadeira, que suplico 2 5a)estade di#ina de conceder a mim e a todos os mem!ros da 3%re)a, 2 qual quero su!meter para sempre meus escritos, minhas a(es, minhas pala#ras, minha #ontade e meus pensamentos. /nnecD, no dia de Santa 5aria 5adalena, E=FG. Orao Dedicatria HI doce Aesus, meu Senhor, meu Sal#ador e meu &eus, aqui me tendes prostrado diante de #ossa 5a)estade, para oferecer e consa%rar este escrito 2 #ossa %l4ria. Ji#ificai com #ossa !8no as pala#ras que cont m, a fim de que as almas, para quem as escre#i, possam delas retirar as inspira(es sa%radas

    1rao &edicat4ria

    que lhes dese)o e particularmente a de implorar em meu fa#or a #ossa imensa miseric4rdia. +o se d8 o caso de que, mostrando aos outros o caminho da piedade neste mundo, #enha eu a ser eternamente repro#ado e confundido no outro. /ntes pelo contrrio, em companhia deles quero #ir a cantar por todo o sempre, como hino de triunfo, a e0-presso que de todo o corao, em testemunho de fidelidade, no meio dos peri%os e #icissitudes desta #ida mortal; J3J/ A'SUSL J3J/ A'SUSL Sim, Senhor Aesus, #i#ei e reinai em nossos cora(es pelos s culos dos s culos. /ssim se)aM.

    Primeira Parte

    Primeira Parte Avisos e exerccios necessrios para conduzir a alma que comea a sentir os primeiros desejos da vida devota, at possuir uma vontade resoluta e sincera de abra-la I ! " nature#a da devoo /spiras 2 de#oo, Filot ia, porque a f te ensina ser esta uma #irtude sumamente a%rad#el 2 5a)estade di#ina. 5as como os pequenos erros em que se cai ao iniciar uma empresa #o crescendo 2 medida que se pro%ride e ao fim ) se a#ultam de um modo quase irremedi#el, torna-se a!solutamente necessrio que antes de tudo procuremos sa!er o que se)a a de#oo. '0iste, pois, uma s4 de#oo #erdadeira e e0istem muitas que so #s e falsas. * e0i%ido que sai!a discernir uma das outras, para que no te dei0es en%anar e no te d8s a e0erc7cios de uma de#oo tola e supersticiosa. Um pintor por nome /ur lio, ao es!oar com seus pain is, costuma#a desenhar com eles aquelas mulheres a quem consa%ra#a estima e apreo. * este um em!lema de como cada um se afi%ura e traa a de#oo, empre%ando as cores que su%erem as suas pai0(es e inclina(es. 9uem dado ao )e)um tem-se na conta de um homem de#oto, quando ass7duo em )e)uar, em!ora fomente em seu corao um 4dio oculto- e, ao passo que no ousa umedecer a !oca com umas %otas de #inho ou mesmo com um pouco de %ua, receoso de no o!ser#ar a virtude da tem$erana, no se fa, escr.pulos de sor#er em lar%os haustos N%oladasO tudo o que lhe insinuam a murmurao e a cal.nia, insacivel do san%ue do $r&imo. Um que recita diariamente um acer#o de ora(es se considera#a de#ota, por causa desses e0erc7cios, ainda que, fora deles, tanto em casa como em outros lu%ares, solta a l7n%ua com pala#ras col ricas, arro%antes e in)uriosas. 'ste a!re o !olso em considerao com

    3 P E. / nature,a da de#oo

    EF

    os po!res, mas cerra o corao ao amor ao pr40imo, como quem no quer perdoar. /quele perdoa ao inimi%o, mas no pa%a as d7#idas e s4 o fa, depois de ser o!ri%ado pela fora. :odas estas pessoas t8m-se por muito de#otas e so tal#e, tidas no mundo como tais, conquanto realmente de modo al%um o se)am. 3ndo os soldados de Saul 2 casa de &a#i, para, prend8-lo, entrete#e-os em con#ersa 5icol, sua esposa, para ocultar-lhes a sua fu%a- mandou meter num leito uma esttua co!erta com as roupas de &a#i e com a ca!ea en#olta em pelos. Feito isso, disse aos soldados que o esposo esta#a enfermo e que presentemente esta#a dormindo. * esse o erro que muitos que aparentam um e0terior muito de#oto e so tidos por homens realmente espirituais, mas que, na #erdade, no passam de uns fantasmas de de#oo. / #erdadeira de#oo, Filot ia, pressup(e o amor de &eus, ou, melhor, ela mesma o mais perfeito amor a &eus. 'sse amor se chama %raa, porque adorna a nossa alma e a torna !ela aos olhos de &eus. Se nos d fora e #i%or para praticar o !em, assume o nome de caridade. ', se nos fa, praticar o !em frequente, pronta e cuidadosamente, chama-se devoo e atin%e ento ao maior %rau de perfeio. Jou esclarec8-lo com uma e0plicao to simples quo natural. 1s a#estru,es t8m asas, mas nunca se ele#am acima da terra. /s %alinhas #oam, mas t8m um #oo pesado e o le#antam raras #e,es e a pouca altura. 1 #oo das %uias, das pom!as, das andorinhas #elo, e alto e quase cont7nuo. &e modo semelhante, os pecadores so homens terrenos e #o se arrastando cont7nuo so!re a terra. 1s )ustos so ainda imperfeitos, ele#am-se para o c u pelas o!ras, mas fa,em-no lenta e raramente, com uma esp cie de peso no corao. So s4 as almas possuidoras de uma de#oo s4lida que, 2 semelhana das %uias e das pom!as, so!em a &eus por um #oo #i#o, su!lime e por assim di,er, incans#el. +uma pala#ra,

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    a de#oo no nada mais do que uma a%ilidade e #i#acidade espiritual, por meio da qual a caridade opera em n4s, ou n4s mesmos, le#ados pela caridade, operamos todo o !em de que somos capa,es. / caridade nos fa, o!ser#ar todos os mandamentos de &eus sem e0ceo, e a de#oo fa, com que os o!ser#emos com toda dili%8ncia e fer#or poss7#eis. :odo aquele, portanto, que no cumpre os mandamentos de &eus que no )usto e, muito menos, de#oto- para ser )usto, necessrio que se tenha caridade e, para se ser de#oto, necessrio ainda por cima que se pratique com um fer#or #i#o e pronto todo o !em que se pode. ' como a de#oo consiste essencialmente num amor purificado, ela nos impele e incita no somente a o!ser#ar os mandamentos da lei de &eus, pronta, ati#a e dili%entemente, mas tam! m a praticar as !oas o!ras, que so apenas conselhos ou inspira(es particulares. Um homem ainda con#alescente duma enfermidade anda com um passo lento e s4 por necessidade; assim um pecador rec m-con#ertido #ai caminhando na senda da sal#ao de#a%ar e ofe%ante, s4 mesmo pela necessidade de o!edecer aos mandamentos de &eus, at que se manifeste nele o esp7rito da piedade. 'nto, sim- como um homem sadio e ro!usto, caminha, no s4 com ale%ria, como tam! m en#ereda cora)osamente pelos caminhos que parecem intransit#eis aos outros homens, para onde quer que a #o, de &eus o chame, ) pelos conselhos e#an% licos, ) pelas inspira(es da %raa. Por fim a caridade e a de#oo no diferem mais entre si do que o fo%o da chama- a caridade o fo%o espiritual da alma, o qual, quando se le#anta em la!aredas, tem o nome de de#oo, de sorte que a de#oo nada acrescenta, por assim di,er, ao fo%o da caridade se mostra pronta, ati#a e dili%ente na o!ser#Qncia dos mandamentos de &eus e na prtica dos conselhos e inspira(es celestes.

    3 P 2. Propriedades e e0cel8ncias da de#oo

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    I '! Pro$riedades e e&cel(ncias da devoo /queles que tentaram desencora)ar os israelitas de ir at a :erra Prometida, disseram-lhes que era +m E3,32 Huma terra que devora os seus moradoresM- isto , que o clima era to insalu!re que os ha!itantes no poderiam #i#er muito tempo, e que o seu po#o eram Hhomens de !rande estaturaM, os de#orariam como %afanhotos. * deste modo, car7ssima Filot ia, que o mundo trata a Santa &e#oo, pintando as pessoas de#otas com aspecto som!rio, melanc4lico, e afirmando que a reli%io torna triste e desa%rad#el. 5as como )osu e *ale+ protestaram que no s4 era a terra prometida mas tam! m !oa e amena, mas seria uma posse a%rad#el e deleita# l, de modo que o 'sp7rito Santo nos fala atra# s de seus santos, e nossa Senhor nos disse com suas pr4prias pala#ras, que uma #ida de#ota muito doce, muito feli, e muito am#el. 1 mundo #8 que os de#otos )e)uam, oram, sofrem as in).rias, cuidam dos enfermos, dominam sua clera, refreiam e afo%am suas pai0(es, se pri#am dos pra,eres sensuais e praticam estas e outras classes de o!ras que de sua e em sua pr4pria su!stQncia e qualidade, so speras e ri%orosas. 5as o mundo no #8 a de#oo interior, que fa, que todas estas a(es se)am a%rad#eis, sua#es e fceis. "ontemplai as a!elhas so!re o tomilho; encontram nele um %osto muito amar%o, mas, ao chup-lo, o con#ertem em mel, porque esta sua propriedade. 1h mundanosL /s almas de#otas encontram, certo, muita amar%ura em seus e0erc7cios de mortificao, mas, em s4 pratic-los, os con#ertem em doura e sua#idade. 1 fo%o, as chamas, as rodas NtorturasO e as espadas pareciam flores e perfumes aos mrtires, porque eram de#otos- e, se a de#oo pode adoar os mais cru is tormentos e a mesma morte que no far com os atos de #irtude? 1 a.car adoa os frutos #erdes e fa, que no se)am desa%rad#eis nem danosos os e0cessi#amente maduros. Pois !em, a de#oo o #erdadeiro a.car espiritual, que tira a aspere,a 2s

    3 P 2. Propriedades e e0cel8ncias da de#oo

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    mortifica(es e o peri%o de danar as consola(es- tira a triste,a aos po!res e o cansao aos ricos, a desolao ao oprimido e a insol8ncia ao afortunado, a melancolia aos solitrios e a dissipao aos que #i#em acompanhados- ser#e de fo%o no in#erno e de or#alho no #ero- sa!e #i#er na a!undQncia e sofrer na po!re,a- fa, i%ualmente .teis a honra e o despre,o, aceita o pra,er e a dor com i%ualdade de Qnimo, e nos enche de uma sua#idade mara#ilhosa. "ontempla a escada de Aac4, que uma #i#a ima%em da #ida de#ota; os dois corrim(es por entre os quais se so!e e que sustentam os de%raus, representam a orao, que nos o!t m o amor de &eus e dos sacramentos que nos do- os de%raus no so outra coisa que os di#ersos %raus de caridade, pelos quais se #o de #irtude em #irtude, ou se)a descendo, pela ao, para socorrer e para sustentar o po!re, ou se)a su!indo, pela contemplao, 2 unio amorosa com &eus. Co%o-te a%ora que contemples quem est na escada- so homens, com corao de an)os, ou an)os com corpo humanono so )o#ens, mas parecem, porque esto cheios de #i%or e de a%ilidade espiritual- tem asas, para #oar, e se lanam at &eus, pela santa orao, mas tam! m tem p s, para andar entre os homens, em santa e ami%#el con#ersao. Seus rostos aparecem !elos e ale%res, porque tudo rece!em com doura e sua#idade- suas pernas, seus !raos e suas ca!eas esto inteiramente a desco!erto, porque seus pensamentos, seus afetos e seus atos no tendem a outra coisa que a compra,er. 1 restante de seu corpo est #estido, com ele%ante e li%eira roupa%em, porque certo que usam do mundo e de suas coisas, mas de uma maneira pura e sincera, tomando estritamente o que e0i%e sua condio. "r8-me, amada Filot ia, a devoo a doura das douras e a rainha das #irtudes, porque a $erfeio da caridade. Se a caridade o leite, a de#oo a nata- se uma planta, a

    3 P 2. Propriedades e e0cel8ncias da de#oo

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    de#oo a flor- se uma pedra preciosa, a de#oo o !rilhose um !lsamo precioso, a de#oo o aroma, o aroma de sua#idade que conforta os homens e re%o,i)a aos an)os. I ,! " devoo -til a todos os estados e circunst.ncia de Vida 1 Senhor, criando o uni#erso, ordenou 2s r#ores que produ,issem frutos, cada uma se%undo a sua esp cie- e ordenou do mesmo modo a todos os fi is, que so as plantas #i#as de sua 3%re)a, que fi,essem di%nos frutos de piedade, cada um se%undo o seu estado e #ocao. &i#ersas so as re%ras que de#em se%uir as pessoas na sociedade, os operrios e os ple!eus, a mulher casada, a solteira e a #i.#a. " $rtica da devoo tem que atender nossa sa-de/ s nossas ocu$a0es e deveres $articulares. +a #erdade, Filot ia, seria por#entura lou##el se um !ispo fosse #i#er to solitrio como um cartu0o? Se pessoas casadas pensassem to pouco em a)untar para si um pec.lio, como os capuchinhos? Se um operrio frequentasse tanto a i%re)a como um reli%ioso o coro? Se um reli%ioso se entre%asse tanto as o!ras de caridade como um !ispo? +o seria rid7cula uma tal de#oo, e0tra#a%ante e insuport#el? 'ntretanto, o que se nota muitas #e,es- e o mundo, que no distin%ue nem quer distin%uir a de#oo #erdadeira da imprud8ncia daqueles que a praticam desse modo e0c8ntrico, censura e #itupera a de#oo, sem nenhuma ra,o )usta e real. +o, Filot ia, a #erdadeira de#oo nada destr4i- ao contrrio, tudo aperfeioa. Por isso, caso uma de#oo impea os le%7timos de#eres da #ocao, isso mesmo denota que no uma de#oo #erdadeira. / a!elha, di, /rist4teles, tira o mel das flores sem as murchar, e as dei0a intactas e frescas como as achou- a de#oo #erdadeira ainda fa, mais, porque no s4 em nada estor#a o cumprimento dos de#eres dos di#ersos estados e ocupa(es da #ida, mas tam! m os torna mais meritosos e lhes

    3 P 3. / de#oo .til a todos os estados e circunstQncia de Jida

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    confere o mais lindo ornamento. &i,-se que, lanando-se uma pedra preciosa no mel, esta se torna mais !rilhante e #iosa, sem perder a sua cor natural- assim, na fam7lia em que reina a de#oo, tudo melhora e se torna mais a%rad#el; diminuem os cuidados pelo sustento da fam7lia, o amor con)u%al mais sincero, mais fiel o ser#io do Pr7ncipe, e mais sua#es e efica,es os ne%4cios e ocupa(es. * um erro e at uma heresia querer e0pulsar a de#oo da corte dos pr7ncipes, dos e0 rcitos, da tenda do operrio e da #i#enda das pessoas casadas. * #erdade, Filot ia, que a de#oo meramente contemplati#a, monstica ou reli%iosa, no se pode e0ercer nesses estados- mas e0istem muitas outras de#o(es adequadas a aperfeioar os que as se%uem. A no /nti%o :estamento deparam-se nos insi%nes e0emplos da #ida de#ota no lar dom stico- assim, /!rao, 3saac, Aac4, &a#i, A4, :o!ias, Sara, Ce!eca, Audite e, na nossa era, So Aos , R7dia e So "rispim le#aram uma #ida de#ota nos seus tra!alhos manuais, Santa /na, Santa 5arta, Santa 5$nica, >quila e Prisca, nos tra!alhos da casa, o centurio "orn lio, So Se!astio e So 5aur7cio, no e0 rcito, o %rande "onstantino, Santa Selena, So Ru7s, Santo /madeu e Santo 'duardo, em seus tronos. /conteceu, de fato, que muitos perderam a perfeio nas solid(es que so to prop7cias 2 santidade e hou#e muitos tam! m que a conser#aram no meio do !ul7cio do mundo, por mais pre)udicial que lhe fosse. HR4 P di, So Gre%4rio P no %uardou na solido aquela castidade admir#el que tinha conser#ado no meio duma cidade corrompidaM. 'nfim, onde quer que esti#ermos, podemos e de#emos aspirar continuamente 2 perfeio. I 1! 2ecessidade de um diretor es$iritual 9uerendo :o!ias mandar o filho a uma terra lon%7nqua e estranha, disse-lhe; cf. :! <,3 T "ai em busca de al!um

    3 P 6. +ecessidade de um diretor espiritual

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    homem que te seja #iel, que v conti!o * o que te di%o tam! m a ti, Filot ia- se tens uma #ontade sincera de entrar nas #eredas da de#oo, procura um %uia s!io e prtico que te condu,a. 'sta a ad#ert8ncia mais necessria e importante. 'm tudo o que fa,emos P di, o de#oto >#ila P s4 temos certe,a de fa,er a #ontade de &eus, enquanto no nos apartamos daquela o!edi8ncia su!missa, que os santos tanto encomendaram e praticaram to fielmente. 1u#indo Santa :eresa da austeridade e penit8ncias de "atarina de "ardona, conce!eu %rande dese)o de imit-la e foi tentada a no se%uir o seu confessor, que lho proi!ia. 'ntretanto, como se su!metesse, +osso Senhor lhe disse; H5inha filha, o caminho que se%ues !om e se%uro- tu estima#as muito essas penit8ncias, mas eu estimo mais ainda tua o!edi8nciaM. &esde ento ela de#otou-se tanto a esta #irtude que, al m da o!edi8ncia de#ida a seus superiores, ela se li%ou, por um #oto especial, a se%uir a direo de um homem prudente e de !em, o que sempre a edificou e consolou muito. &e modo semelhante, ) antes e depois dela, muitas almas santas, que queriam #i#er inteiramente so! a depend8ncia de &eus, su!meteram a sua pr4pria #ontade 2 de um de seus ministros. * essa a su)eio humilde que Santa "atarina de Sena tanto encomia em seus dilo%os. Foi tam! m a prtica da santa princesa 3sa!el, que presta#a uma o!edi8ncia perfeita 2 direo do s!io "onrado. +em outro foi o conselho que, ao morrer, deu a So Ru7s, seu filho. H"onfessa-te a mi.do e escolhe em confessor insi%ne por sua ci8ncia e sa!edoria, o qual te a)ude com suas lu,es em tudo o que for necessrio para a tua direo espiritualM. &i, a Sa%rada 'scritura; 'clo =, E61 ami!o #iel uma #orte prote$o %uem o achou, achou um tesouro & ami!o #iel um medicamento de vida e de imortalidade, e os que temem o 'enhor achar$o um tal ami!o :rata-se aqui principalmente da imortalidade da #ida futura-

    3 P 6. +ecessidade de um diretor espiritual

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    e, se a quisermos alcanar, con# m ter um ami%o fiel ao nosso lado, que diri)a as nossas a(es com uma mo se%ura, atra# s das ciladas e em!ustes do inimi%o. 'le ser para n4s um tesouro de sa!edoria para e#itar o mal e praticar o !em de uma maneira mais perfeita- ele nos dar conforto para ali#iar-nos em nossas quedas e nos dar o rem dio mais necessrio para a cura perfeita de nossas enfermidades espirituais. 5as quem achar um tal ami%o? &i, o s!io que aquele que teme a (eus, isto , o homem humilde que anseia com ardor o seu adiantamento espiritual. Se , pois, to importante, Filot ia, ter um %uia e0perimentado nos caminhos da de#oo, pede com todo o fer#or a &eus que te mande um se%undo o seu "orao e no du#ides nem um instante que ele te en#iar um diretor s!io e fiel, ainda que fosse um an)o do c u, como ao )o#em :o!ias. &e fato, esse ami%o de#e ser um an)o para ti, isto , uma #e, que o tenhas o!tido de &eus, ) no o de#es considerar como um simples homem. +o deposites a tua confiana nele seno com respeito a &eus, que, por seu minist rio, te quer %uiar e instruir, suscitando no seu corao e nos seus l!ios os sentimentos e as pala#ras necessrias para a tua direo. Por isso de#es ou#i-lo como a um an)o que #em do c u para te diri%ir. /)unta a esta confiana uma sinceridade a toda pro#a, tratando-o franca e a!ertamente e dei0ando-lhe #er em tua alma todo o !em e o mal que a7 se encontram; o !em ser mais certo e o mal menos profundo- a tua alma ser mais forte nas ad#ersidades e mais moderada nas consola(es. Um reli%ioso respeito tam! m de#es a)untar 2 confiana, de tal forma que o respeito no diminua a confiana, nem a confiana o respeito. "onfia nele como uma filha em seu pai e respeita-o como um filho sua me. +uma pala#ra; esta ami,ade, que de#e unir a fora com a doura, tem que ser toda espiritual, toda santa, toda sa%rada, toda di#ina.

    3 P 6. +ecessidade de um diretor espiritual

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    H'scolhe, pois, um entre mil P di, >#ilaMUaV P e eu te di%o; escolhe um entre de, mil, porque se acham muito menos do que se cuida, que se)am capa,es deste of7cio. &e#e ser cheio de caridade, ci8ncia e prud8ncia- se faltar uma destas tr8s qualidades, a escolha ser arriscada. Cepito-te ainda uma #e,; suplica a &eus um diretor e, quando o achares, a%radece 2 di#ina 5a)estade- perse#era ento em tua escolha, sem ir procurar outros- caminha para &eus com toda a simplicidade, humildade e confiana e tua #ia%em ser certamente feli,. I 3! 2ecessidade de comear $ela $urificao da alma &i, o 'sposo Sa%rado; "t 2,E2 Apareceram as #lores em nossa terra, che!ou o tempo da poda P 9ue flores so estas, para n4s, 4 Filot ia, seno, os !ons dese)os? Ro%o que eles desperta, em nossos cora(es, preciso en#idar todo o esforo para purific-los de todas as o!ras mortais e sup rfluas. Prescre#ia a lei de 5ois s que a don,ela, noi#a de um israelita, tirasse o #estido do seu cati#eiro, cortasse os ca!elos e aparasse as unhas. Ser#e isto de lio 2 alma que aspira 2 honra de ser esposa de Aesus "risto, a qual se de#e despo)ar do homem #elho e se re#estir do no#o, dei0ando o pecado e em se%uida ir cortando com os demais impedimentos acess4rios que podem ser um empecilho para o amor. / cura da alma, assim como a do corpo, s4 se conse%ue comeando por com!ater os maus humores corrompidos, e o que c4amo $urificar o corao. +um instante operou-se isto em So Paulo e o mesmo l8-se nas #idas de Santa 5adalena, Santa Pel%ia, Santa "atarina de Sena e de al%uns outros santos e santas. 5as uma transformao to repentina na ordem da %raa um mila%re to %rande como na ordem da nature,a a ressurreio de um morto, e por isso no a de#emos pretender. / cura da alma, Filot ia, assemelha-se 2 do corpo- #a%arosa,
    UaV cf. 'clo =,= Se)am numerosas as tuas rela(es, mas os teus conselheiros, um em mil.

    3 P <. +ecessidade de comear pela purificao da alma

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    #ai pro%redindo %radualmente, aos poucos, com muito custo e inter#alos- mas neste seu passo lento ela tanto mais se%ura. "reio que no te desconhecido o anti%o pro# r!io P %ue as doenas v)m a cavalo e a !alope e se v$o a p e muito deva!ar* outro tari#o podes dizer das en#ermidades espirituais. *, pois, necessrio, Filot ia, que te armes de muita paci8ncia e cora%em. /hL 9ue pena me fa,em aquelas pessoas que, por se #erem cheias de imperfei(es, depois de al%uns meses de de#oo, comeam a inquietar-se e pertur!ar-se, ) quase a sucum!ir 2 tentao de dei0ar tudo e tornar atrs. 5as um outro e0tremo, i%ualmente peri%oso, o de certas almas que, dei0ando-se sedu,ir por uma tentao contrria, desde os primeiros dias se t8m na conta de li#res de suas inclina(es ms, que ) pensam ser perfeitas antes de fa,er al%um pro%resso e que, arro)ando-se a #oar sem asas, se ele#am ao que h de mais su!lime na de#oo. I Filot ia, muito de temer uma reca7da de quem se su!trai to cedo das mos do m dicoL Deveriam considerar os an5os da escada de )ac/ os quais/ tendo asas/ su+iam/ no entanto/ de de%rau em de%rau! &i, o profeta; 'm #o #os le#antais antes de amanhecer. / alma que sur%e do pecado para uma #ida de#ota pode-se comparar ao despontar do dia, que no dissipa as tre#as num instante, mas pouco a pouco, quase impercepti#elmente. +in%u m se%uiu ainda to !em o conselho de purificar o corao, como aquele santo penitente que, em!ora ) fosse la#ado de suas iniquidades, pedia sempre de no#o a &eus, durante a sua #ida, que o la#asse sempre mais desses pecados. Por isso no nos de#emos pertur!ar 2 #ista de nossas imperfei(es, porque a luta contra elas no pode nem de#e aca!ar antes de nossa morte. / nossa perfeio consiste em com!at8-las- mas no as podemos com!ater e #encer, sem que as sintamos e conheamos- a pr4pria #it4ria que esperamos conse%uir so!re elas, de modo al%um consiste em no as sentir,

    3 P <. +ecessidade de comear pela purificao da alma

    2F

    mas e0clusi#amente em no consentir nelas. &emais, sentir as suas impress(es no dar o pr4prio consentimento. +este com!ate espiritual con# m muitas #e,es que, para o e0erc7cio da humildade, lhes suportemos os ataques molestos- entretanto, s4 seremos #encidos se perdermos a #icia ou a cora%em. 1ra, as imperfei(es e faltas #eniais no nos podem tirar a #ida espiritual da %raa, de que s4 o pecado mortal nos pri#a- portanto, o que temos que temer a7 a perda da cora%em- mas di%amos, com &a#i, a +osso Senhor; 'alvaime, 'enhor, da pusilanimidade+a, e do des-nimo. *, pois, sumamente consoladora e feli, a nossa condio neta mil7cia espiritual; poderemos #encer sempre, uma #e, que queiramos com!ater. I 6! 2ecessrio da $urificao dos $ecados mortais Ri!ertar-se do pecado de#e ser o primeiro cuidado de quem quer purificar o corao, e o meio de fa,8-lo se depara no Sacramento da Penit8ncia NconfissoO. Procura o confessor mais di%no que possas achar- toma um desses li#rinhos pr4prios para a)udar a consci8ncia no e0ame que se de#e efetuar so!re a #ida passada, Reia com ateno, notando, ponto por ponto, tudo em que ofendeste a &eus desde o uso da ra,o e, se no confias na tua mem4ria, coloca por escrito o que notaste. &epois do e0ame, detesta e a!omina os pecados cometidos, pela contrio mais #i#a e perfeita que podes suscitar em ti, considerando esses moti#os #alios7ssimos que pelo pecado perdeste; P / Graa de &eusP /!andonaste os teus direitos do c uUaV Pusilanimidade: s.f. caracter7stica ou condio do que pusilQnime ' fraque,a de Qnimo, falta de ener%ia, de firme,a, de deciso etim lat. pusillanim.tas,tis Wid.W pusalamidade, E<KG pusillanimidade X sinY#ar #er anton7mia de cora!em

    3 P =. +ecessrio da purificao dos pecados mortais

    2E

    P 5ereceste as penas eternas do infernoP Cenunciaste a todo o /mor de &eus. A #8s, Filot ia, que te estou falando da confisso %eral de toda a #ida- mas di%o francamente, ao mesmo tempo, que no a )ul%o sempre de uma necessidade a!soluta- contudo, considerando a sua utilidade e pro#eito para o comeo, aconselho-te encarecidamente. /contece no raras #e,es que as confiss(es ordinrias de pessoas que le#am uma #ida ne%li%ente so defeituosas e malfeitas- no se preparam nada ou quase nada- no tem a contrio de#ida- confessam-se com uma #ontade secreta de continuar a pecar, ou porque no querem e#itar as ocasi(es de pecado ou porque no querem usar todos os meios necessrios para uma emenda de #ida- e nesses casos uma confisso %eral torna-se necessria para asse%urar a Sal#ao 'terna. /l m disso a confisso %eral nos d um conhecimento mais perfeito de n4s mesmos- nos enche duma salutar confuso em #ista de nossos pecados- li#ra o esp7rito de muitas inquieta(estranquili,a a consci8ncia, e0cita-nos a !ons prop4sitos- fa,-nos admirar a 5iseric4rdia de &eus, que nos t8m esperado com tanta paci8ncia e lon%animidade- a!re o fundo de nossa alma aos olhos de nosso diretor espiritual, de forma que este nos possa dar a#isos mais salutares- facilita-nos a confessar futuramente os pecados com mais confiana. :ratando-se, pois, Filot ia, de uma mudana completa de tua #ida e duma con#erso perfeita de tua alma a &eus, no sem ra,o, a meu #er, que te aconselho a fa,eres uma confisso %eral. I 7! 2ecessidade da $urificao da afeio ao $ecado :odos os israelitas sa7ram do '%ito, mas muitos dei0aram l o seu corao preso- por isso que no deserto se lhes despertaram dese)os das ce!olas e #iandas Nrefei(esO do '%ito. /ssim tam! m h muitos penitentes que efeti#amente saem do

    3 P B. +ecessidade da purificao da afeio ao pecado

    22

    pecado, por m no lhe perdem o afeto- quero di,er; eles se prop(em no recair no pecado, mas com uma certa relutQncia e pesar de a!ster-se de seus deleites. 1 corao os denuncia e afasta de si, mas sempre tende no#amente para eles, 2 semelhana da mulher de R4 que #irou a ca!ea para Sodoma. Pri#am-se do pecado, como os doentes dos mel(es#erdade que no os comem com medo da morte, de que o medico os ameaara- mas a!orrecem-se da dieta, falam dela com a#erso e no sa!em o que fa,er- ao menos, querem cheir-los muitas #e,es e tem por ditosos os que os podem comer. 'is ai um retrato fiel dos penitentes fracos e t7!ios. Passam al%um tempo sem pecado, mas com pesar- muito estimariam poder pecar, se no fossem condenados por issofalam do pecado com um certo %osto que o #o pra,er lhes proporciona e pensam sempre que os outros se satisfa,em e deleitam cometendo-o. Cen.ncia al%u m na confisso ao prop4sito de #in%ar-se, mas da7 a pouco #8-lo-s numa roda de ami%os, con#ersando de !om %rado sa!re o moti#o de suas quei0as- di, que sem o temor de &eus faria isso ou aquilo- que a lei di#ina, quanto a esse ponto de perdoar os inimi%os, muito dif7cil de o!ser#ar- que prou#esse a &eus que fosse permitida a #in%anaL /hL quo enredado est o corao deste m7sero homem pela afeio ainda que li#re do pecado, e quanto se assemelha aos israelitas de que falei acima. * isso e0atamente o que de#emos di,er tam! m daquelas pessoas que, detestando seus amores pecaminosos, conser#am ainda um resto de pra,er em familiaridades #s e em demonstra(es demasiado #i#as de acatamento e ami,ade. 1hL que peri%o imenso est correndo a sal#ao destes penitentesL Portanto, Filot ia, uma #e, que aspiras sinceramente 2 de#oo, no s4 de#es dei0ar o pecado, mas tam! m necessrio que teu corao se purifique de todos os afetos que lhe foram as causa e so presentemente as consequ8ncias- pois, al m de constitu7rem um cont7nuo peri%o de reca7das,

    3 P B. +ecessidade da purificao da afeio ao pecado

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    enfraqueceriam a tua alma e te a!ateriam o esp7rito P duas coisas que, como dei0ei dito P so irreconcili#eis com a #ida de#ota. 'ssas almas, que, tendo dei0ado o pecado, so to t7!ias e #a%arosas no ser#io de &eus, assemelham-se a pessoas que t8m uma cor plida; no que esto #erdadeiramente doentes, mas !em se pode di,er que seu aspecto, seus %estos e todas as suas a(es esto doentes. "omem sem apetite, riem sem ale%ria, dormem sem repouso e mais se arrastam do que andam. &este modo aquelas almas, em seus e0erc7cios espirituais, que nem so numerosos nem de %rande m rito, praticam o !em com tanto dissa!or e constran%imento que perdem o !rilho e %raa que o fer#or d 2s o!ras de piedade. I 8! *omo alcanar este %rau de $ure#a Para isso necessrio formar uma ideia #i#a e a mais perfeita poss7#el do mal imenso que tra, o pecado, a fim de que o corao se compun)a e desperte em si uma contrio #eemente e profunda. Uma contrio, por mais t8nue que se)a, mas #erdadeira, !astante para ali)ar Nali#iarO da alma o pecado, m0ime se for unida 2 #irtude dos sacramentos- mas, se penetrante e #eemente, ento pode purificar o corao tam! m de todas as ms inclina(es que pro#8m do pecado. "onsidera os se%uintes e0emplos; Se odiamos al%u m pouco profundamente, a!orrecemo-nos simplesmente de sua presena e o e#itamos- mas, se o nosso 4dio #iolento e de morte, no nos limitamos a esta repu%nQncia interior e a esta fu%ida; o rancor que lhe %uardamos se estende tam! m 2s pessoas de sua casa, a seus parentes e ami%os, cu)a con#i#8ncia nos insuport#el. 1 seu retrato mesmo nos fere os olhos e o corao, e tudo o que lhe di, respeito nos desa%rada. /ssim, o penitente que odeia de le#e os seus pecados e tem uma contrio fraca, se !em que #erdadeira, fcil e sinceramente se determina e prop(e a no os cometer de no#o- mas, se seu 4dio #i#o e profunda a sua dor, no s4 detesta o pecado, mas

    3 P K. "omo alcanar este %rau de pure,a

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    a!omina tam! m os h!itos maus e tudo aquilo que o pode atrair e ser#ir-lhe de ocasio de pecar. *, pois, necessrio, Filot ia, que d8s 2 dor de teus pecados a maior intensidade e e0tenso de que fores capa,, para que a!ran)as at as m7nimas circunstQncias do pecado. Foi assim que 5adalena, desde o primeiro instante de sua con#erso, perdeu todo o %osto aos pra,eres, a ponto de no os conser#ar sequer no pensamento, e &a#i protesta#a que odia#a o pecado e os caminhos e #eredas do pecado. * nisso que consiste a reno#ao da alma, que o mesmo profeta compara#a ao remontar da %uia. 5as, para persuadir este #i#amente da ruindade do pecado e conce!eres lhe uma dor #erdadeira, cumpre aplicar este a fa,er !em as medita(es se%uintes, cu)o e0erc7cio destruir, com a %raa de &eus, em teu corao, todo o pecado at as ra7,es. "om este intento eu as escre#i para ti, se%undo o m todo que me pareceu melhor. Fa,e-as uma por uma, conforme a ordem que se%uem- toma apenas uma em cada dia e, se for poss7#el, eu te aconselho que se)a de manh, porque este o tempo mais pr4prio para estes e0erc7cios de esp7rito- depois pensa durante o dia, conti%o mesmo, so!re aquilo de que ainda te lem!ras e, se ainda no tens prtica em meditar, l8, para ta tornar mais fcil, a se%unda parte deste li#ro. I 9! :editao so+re a criao do 4omem Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspires. *onsiderao E. "onsidera que se passaram tantos e tantos anos que #iesses ao mundo, sendo teu ser um puro nada. 1nde est#amos n4s, minha alma, durante este tempo? 1 mundo ) e0istia desde uma lon%a s rie de s culos e nada ha#ia de tudo aquilo que n4s somos.

    3 P G. 5editao so!re a criao do homem

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    2 Pensa que &eus te tirou do nada para te fa,er o que s, sem que tu lhe fosses necessria, mas unicamente por sua !ondade. 3. Forma uma ideia ele#ada do ser que &eus te deu, porque o primeiro e o mais perfeito de todos os seres deste mundo #is7#el, criado para uma #ida e felicidade eternas e capa, de unir-se perfeitamente 2 5a)estade &i#ina. "fetos e ;esolu0es E. Sumilha-te profundamente diante de &eus, di,endo com o salmista; 1hL 5inha alma, sa!e que o Senhor teu &eus e que foi 'le que te fe, e no tu que te fi,este a ti mesma. I &eus, sou uma o!ra de #ossas mos. I Senhor, toda a minha su!stQncia um puro nada diante de #4s- e quem sou eu, para que me queirais fa,er este !em? P /hL 5inha alma, tu esta#as mer%ulhada no a!ismo do nada e a7 estarias ainda, se &eus no ti#esse tirado. 2. /%radece a &eus. I meu "riador, #4s, cu)a !ele,a i%uala 2 %rande,a infinita, quanto #os de#o, porque me tendes feito por #ossa miseric4rdia tudo isso que eu sou. 9ue farei eu para !endi,er condi%namente a #ossa infinita !ondade? 3. "onfunde-te. 5as, ahL 5eu "riador, em #e, de me unir con#osco pelo amor e por meus ser#ios, minhas pai0(es re#oltaram meu corao contra #4s, separaram e afastaram minha alma de #4s e ela entre%ou-se ao pecado e de#otou-se 2 in)ustia. Cespeitei e amei to pouco a #ossa !ondade, como se no ti# sseis sido meu "riador. 'is aqui, pois, as !oas resolu(es que #ossa %raa me fa, tomarL Cenuncio a estas #s complac8ncias que, desde h tanto, t8m ocupado o meu esp7rito e o meu corao unicamente comi%o mesmo, que sou nada. &e que te %lorificas, p4 e cin,aL 1u melhor, que tens em ti, #erdadeiro e miser#el nada, em que te possas compra,er? 9uero humilhar-me, e por isso farei isto ou aquilo, sofrerei este ou aquele despre,o- quero

    3 P G. 5editao so!re a criao do homem

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    a!solutamente mudar de #ida- se%uirei dora em diante o mo#imento desta inclinao que meu "riador me deu para elehonrarei em mim esta qualidade de criatura de &eus e como tal me considerarei unicamente; consa%rarei todo o ser que rece!i dele 2 o!edi8ncia que lhe de#o, com todos os meios que tenho e so!re os quais pedirei conselhos a meu pai espiritual. *oncluso E. /%radece a &eus. @endi,e, 4 minha alma, ao Senhor e todas as coisas que h dentro de mim !endi%am o seu santo nomeL 2. 1ferece-te a &eus. I meu &eus, eu #os ofereo o meu ser, que #4s me destes com todo o meu corao- eu #o-lo consa%ro. 3. 1ra humildemente a &eus. I meu &eus, eu #os suplico que me conser#eis, pelo #osso poder, nestas resolu(es e sentimentos. I Jir%em Sant7ssima, eu #os peo que as recomendeis ao #osso Filho di#ino, com todos aqueles por quem tenho o!ri%ao de re,ar. Pai-nosso, /#e-5aria. &epois da meditao, colhe da7 o assim chamado fruto, isto , uma #erdade qualquer que te produ,iu maior impresso e como#eu mais o teu corao- durante o dia recorda-te dela de #e, em quando, para te conser#ares nas !oas resolu(es. * o que costumo de chamar de ramal4ete es$iritual. "omparo esta prtica ao costume daquelas pessoas que tomam consi%o pela manh um ramalhete de flores e o cheiram muitas #e,es durante o dia, para em seu sua#e odor deleitar e fortificar o corao. 'ste a#iso que te dou aqui ser#ir tam! m para as medita(es se%uintes. I <! :editao so+re o fim do 4omem Pre$arao

    3 P EF. 5editao so!re o fim do homem

    2B

    E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspires. *onsiderao E. +o foi por nenhum moti#o de interesse que &eus nos criou, pois n4s lhe somos a!solutamente in.teis- foi unicamente para nos fa,er !em, em nos facultando, com sua %raa, participar de sua %l4ria- e foi por isso, Filot ia, que ele te deu tudo o que tens; o entendimento, para 1 conheceres e adorares- a mem4ria, para te lem!rares d'le- a #ontade, para 1 amares- a ima%inao, para te representares os seus !enef7ciosos olhos, para admirares as suas o!ras- a l7n%ua, para 1 lou#ares, e assim as demais pot8ncias e faculdades. 2. Sendo esta a inteno que &eus te#e, em te criando, com certe,a de#es a!ominar e e#itar todas 2s a(es que so contrrias a este fim- e quanto 2quelas que no te condu,em a 'le, tu as de#es despre,ar, como #s e sup rfluas. 3. "onsidera quo %rande a infelicidade do mundo, que nunca pensa nestas coisas- a infelicidade, di%o, dos homens que #i#em por a7, como se esti#essem persuadidos de que seu fim neste mundo, edificar casas, construir )ardins deliciosos, acumular rique,as so!re rique,as e ocupar-se de di#ertimentos fr7#olos. "fetos e ;esolu0es E. "onfunde-te considerando a mis ria de tua alma e o esquecimento destas #erdades. /hL &e que se tem ocupado o meu esp7rito, a meu &eus, quando no pensei em #4s? &e que me lem!ra#a, quando #os esqueci? 9ue ama#a eu, quando no #os ama#a? /hL 'u me de#ia alimentar da #erdade e fui saturar-me na #aidade. "omo escra#o que eu era do mundo, eu o ser#ia, a esse mundo, que foi feito para me ser#ir e me ensinar a #os

    3 P EF. 5editao so!re o fim do homem

    2K

    conhecer e amar. 2. &etesta a #ida passada. 'u #os renuncio e a!orreo, m0imas falsas, #os pensamentos, refle0(es in.teis, recorda(es detest#eis. 'u #os a!omino, ami,ades infi is e criminosas, #os ape%os ao mundo, ser#ios perdidos, miser#eis afa!ilidades, %enerosidade falsa que, para ser#ir aos homens, me le#astes a uma imensa in%ratido para com &eus- eu #os detesto de toda a minha alma. 3. Jolta-te para &eus. ' #4s, 4 meu &eus, 4 meu Sal#ador, #4s sereis de a%ora em diante o .nico o!)eto de meus pensamentos- no darei ateno a nada que #os possa desa%radar- minha mem4ria se encher todos os dias da %rande,a e doura de #ossa !ondade para comi%o- #4s sereis as del7cias de meu corao e toda a sua#idade de meu interior. Sim, assim se)a- tais e tais di#ertimentos com que me entretinha, estes e aqueles e0erc7cios #os que ocuparam meu tempo, estas e aquelas afei(es que prendiam meu corao, tudo isso ser um o!)eto de horror para mim- e, para conser#arme nestas disposi(es, empre%arei tais e tais meios. *oncluso E. /%radece a &eus. 'u #os dou %raas, 4 meu &eus, porque me destinastes para um fim to su!lime e .til, qual o de #os amar nesta #ida e %o,ar eternamente na outra da intensidade de #ossa %l4ria. "omo serei di%no dele? "omo #os !endirei quanto mereceis? 2. 1ferece-te a &eus. 'u #os ofereo, 4 meu ama!il7ssimo "riador, todos estes prop4sitos e afetos com todo o meu corao e com toda a minha alma. 3. 1ra humildemente a &eus. 'u #os suplico, 4 meu &eus, que #os a%radeis de meus

    3 P EF. 5editao so!re o fim do homem

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    dese)os e #otos, de dar 2 minha alma a #ossa santa !8no, para que se)am le#ados a efeito, pelos merecimentos de #osso Filho, que por mim derramou todo o seu san%ue na cru,. Pai-nosso, Ave-/aria. I ! :editao so+re os +enef=cios de Deus

    Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspires. *onsiderao E. "onsidera, como respeito ao corpo, todos os dotes que tens rece!ido do "riador- este corpo, duma conformao to perfeita, esta sa.de, estas comodidades to necessrias 2 manuteno da #ida, estes pra,eres se li%am naturalmente ao teu estado, esta cooperao e assist8ncia de teus inferiores, esta companhia sua#e e a%rad#el de teus ami%os. "ompara-te ento com outras pessoas que tal#e, meream mais do que tu e que no entanto no as possuem- pois quantas pessoas t8m uma fi%ura rid7cula, um corpo disforme, uma sa.de d !ilL 9uantos no esto a %emer, a!andonados de seus ami%os e parentes, no despre,o, no opr4!rio, em enfermidades lon%as ou nas an%.stias da po!re,a. &eus assim quis uma sorte para ti e outra para eles. 2. "onsidera tudo aquilo que se pode chamar dotes do esp7rito. Pensa quantos homens idiotas, insensatos, furiosos, e0istem, e quantos educados %rosseiramente e na mais completa i%norQncia- por que no s tu deste n.mero? +o foi &eus quem #elou duma maneira toda especial por ti, para te dar um natural feli, e uma !oa educao? 3. "onsidera ainda mais, Filot ia, as %raas so!renaturais, o teu nascimento no seio da 3%re)a, o conhecimento to perfeito que tens tido de &eus desde a tua infQncia, a recepo dos sacramentos to frequente e salutar. 9uantas inspira(es da

    3 P EE. 5editao so!re os !enef7cios de &eus

    3F

    %raa, quantas lu,es interiores, quantas repreens(es de tua consci8ncia, por causa de tua #ida desre%radaL 9uantas #e,es &eus te tem perdoado os pecados e #elado so!re ti, para li#rarte das ocasi(es, onde esta#as prestes a perder eternamente a tua almaL :odos estes anos de #ida que &eus te concedeu no te deram tempo !astante para pro%redir no aperfeioamento de tua alma? '0amina estas %raas minuciosamente e contempla quo !om e misericordioso &eus tem sido sempre para conti%o. "fetos e ;esolu0es E. /dmira a !ondade de &eus. 1hL quo !om tem sido o meu &eus para mimL 1hL 'le !om de#erasL I Senhor, rico sois #4s em miseric4rdia e imenso em !ondadeL 1hL 5inha alma, com ).!ilo anuncia quantas mara#ilhas o teu &eus tem operado em tiL 2. /rrepende-te de tua in%ratido. 5as quem sou eu, Senhor, para que #os lem!reis assim de mim? 1hL Grande a minha indi%nidadeL /hL "alquei aos p s as #ossas %raas, a!usando delas, afrontei a #ossa !ondade, despre,ando-a, opus um a!ismo de in%ratido ao a!ismo de #ossa miseric4rdia. 3. '0cita em ti um reconhecimento profundo. I meu corao, ) no se)as um infiel, um in%rato, um re!elde para um !enfeitor to %randeL ' como no ser minha alma de a%ora em diante su)eita a meu &eus, que operou em mim e por mim tantas mara#ilhas e %raas? /hL Filot ia, comeas, pois, a ne%ar a teu corpo estes e aqueles pra,eres, para acostum-lo a le#ar o )u%o do ser#io de &eus- e em se%uida aplica teu esp7rito a conhec8-lo mais e mais por meio de tais e tais e0erc7cios conducentes a este fim.

    3 P EE. 5editao so!re os !enef7cios de &eus

    3E

    'mpre%a afinal os meios de sal#ao que &eus te oferece por sua santa 3%re)a. P Sim, eu o farei- e0ercitar-me-ei na orao, frequentarei os sacramentos, ou#irei a pala#ra de &eus, o!edecerei 2 sua #o,, se%uindo 2 risca os conselhos do '#an%elho e as suas inspira(es. *oncluso E. /%radece a &eus, que te fe, conhecer to claramente as suas %raas e os teus de#eres. 2. ,1ferece-lhe o teu corao com todas as tuas resolu(es. 3. Pede-lhe que te conser#e nestes prop4sitos, dando-te a fidelidade necessria- pede-lhe isso pelos merecimentos da morte de Aesus "risto- implora a intercesso da Sant7ssima Jir%em e dos santos. Pai-nosso, Ave-/aria. I '! :editao so+re os Pecados Pre$arao E.P(e-te na presena de &eus. 2.Pede a &eus que te inspire. *onsiderao E.Jai em esp7rito aquele tempo em que comeastes a pecarpondera quanto tens aumentado e multiplicado os teus pecados de dia a dia, contra &eus e contra o pr40imo, por tuas o!ras, por tuas pala#ras, por teus pensamentos e por teus dese)os. 2. "onsidera tuas ms inclina(es e com que pai0o tu as se%uiste- com estas duas considera(es, #ers que teus pecados so!repu)am o n.mero de teus ca!elos e mesmo as areias do mar. 3. Presta ateno especialmente a tua in%ratido para com &eus, pois este um pecado %eral que se acha em todos os outros e lhes aumenta infinitamente a enormidade. "onta, se podes, todos os !enef7cios de &eus, dos quais a maldade de teu corao se ser#iu para desonr-Ro- todas as inspira(es

    3 P E2. 5editao so!re os Pecados

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    despre,adas, todas as mo(es da %raa inutili,adas e todos os diferentes a!usos dos sacramentos. 1nde esto, pelo menos, os frutos que &eus espera#a dai? 9ue o feito das rique,as com que o teu di#ino esposo e0ortou a tua alma? :udo foi deturpado por tuas iniquidades. Pensa que tua in%ratido foi a ponto de fu%ires da esperana de &eus, para te perderes, enquanto 'le te se%uia, passo por passo, para te sal#ar. "fetos e ;esolu0es E. Sir#a aqui a tua mis ria para confundir-te. I meu &eus, como ouso me apresentar diante de J4s? 1hL 'u me acho num deplor#el estado de corrupo, impure,a, in%ratido e iniquidade. * poss7#el que eu tenha le#ado a minha insensate, e in%ratido a ponto de ) no ha#er um de meus sentidos que no este)a deturpado por minhas iniquidades, nenhuma das pot8ncias de minha alma que no este)a profanada e corrompida por meus pecados e que no se tenha passado um s4 dia de minha #ida que no fosse cheio de o!ras ms? * este o fruto dos !enef7cios do meu "riador e o preo do san%ue de meu Cedentor? 2. Pede perdo dos teus pecados e lana-te aos p s do Senhor, como o filho pr4di%o aos p s de seu pai- como Santa 5adalena aos p s do seu amant7ssimo Sal#ador, como a mulher ad.ltera aos p s de Aesus, seu )ui,. I Senhor, miseric4rdia para essa alma pecadora. I di#ino corao de Aesus, fonte de compai0o e de !ondade, tende piedade desta alma miser#el. 3. Prop(e-te melhorar de #ida. +unca mais, Senhor, me entre%arei ao pecado, no, )amais, como o au07lio de Jossa %raa. 1hL /mei-o demais, mais a%ora o detesto de todo o meu corao. 'u Jos a%radeo, 4 Pai das miseric4rdiasL 'm J4s quero #i#er e morrer. /o acusar-me-ei a um sacerdote de Aesus "risto, com o

    3 P E2. 5editao so!re os Pecados

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    corao humilde e sincero, de todos os meus pecados, sem esp cie al%uma de reser#a ou dissimulao. Farei todo o poss7#el para destru7-los em mim at a rai,, especialmente estes e aqueles que mais me pesam na consci8ncia. Para isso empre%arei com %enerosidade todos os meios que ele me aconselhar e nunca pensarei ter feito !astante para reparar minhas enormes faltas. *oncluso E. /%radece a &eus que at esta hora esperou por tua con#erso e te deu estas !oas disposi(es. 2. 1ferece-lhe a #ontade que tens de ser#i-lo o melhor poss7#el. 3. Pede-lhe que te d8 a sua %raa e a fora. Pai-nosso, Ave/aria. I ,! :editao so+re a morte Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspire. 3. 3ma%ina que te achas no inferno, no leito de morte, sem nenhuma esperana de #ida. *onsiderao E. "onsidera, minha alma, a incerte,a do dia da morte. Um dia sairs do teu corpo. 9uando ser? Ser no in#erno ou no #ero ou em al%uma outra estao do ano? +o campo ou na cidade, de noite ou de dia? Ser de um modo s.!ito ou com al%uma preparao? Ser por al%um acidente #iolento ou por uma doena? :ers tempo e um sacerdote para te confessares? :udo isto desconhecido, de nada sa!emos, a no ser que ha#emos de morrer indu!ita#elmente e sempre mais cedo que pensamos. 2. Gra#a !em em teu esp7rito que ento para ti ) no ha#er

    3 P E3. 5editao so!re a morte

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    mundo, #8-lo-s perecer antes teus olhos- porque ento os pra,eres, as #aidades, as horas, as rique,as, as ami,ades #s, tudo isso se te afi%urar como um fantasma que se dissipar ante tuas #istas. /hL 'nto ha#ers de di,er; por umas !a%atelas, umas quimeras, ofendi a &eus, isto , perdi o meu tudo por um nada. /o contrrio, %randes e doces parecer-te-o ento as !oas o!ras, a de#oo e as penit8ncias, e ha#ers de e0clamar; 1hL Porque no se%ui eu esta senda feli,? 'nto, os teus pecados, que a%ora tens por uns tomos, parecer-te-o montanhas e tudo o que cr8s possuir de %rande em de#oo ser redu,ido a um quase nada. 3. 5edita esse adeus %rande e triste que tua ama dir a este mundo, as rique,as e as #aidades, aos ami%os, a teus pais, a teus filhos, a um marido, a uma mulher, a teu pr4prio corpo, que a!andonars im4#el, hediondo de #er e todo desfeito pela corrupo dos humores. 6. Prefi%ura #i#amente com que pressa le#aro em!ora este corpo miser#el para lan-lo na terra, e considera que, passadas essas cerim$nias l.%u!res, ) no se pensar mais de todo em ti, assim como tu no pensas nas pessoas que ) morreram. H&eus o tenha em pa,M P h de se di,er P e com isso ter tudo aca!ado para ti neste mundo. 1hL 5orte, sem piedade s tuL / nin%u m poupas neste mundo. <. /d#inhas, se podes, que rumo se%uir tua alma, ao dei0ar o teu corpo. /hL Para que lado se h de #oltar? Por que caminho entrar na eternidade? P * e0atamente por aquele que encetou ) nesta #ida. "fetos e ;esolu0es E. 1ra ao Pai das miseric4rdias e lana-:e em seus !raos. /hL :omai-me, Senhor, de!ai0o de #ossa proteo, neste dia terr7#el, empenhai a #ossa !ondade por mim, nesta hora suprema de minha #ida, para torn-la feli,, ainda que o resto de minha #ida se)a repleto de triste,as e afli(es.

    3 P E3. 5editao so!re a morte

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    2. &espre,a o mundo. A que no sei a hora em que hei de te dei0ar, 4 mundo- ) que hora to incerta, no me quero ape%ar a ti. I meus queridos ami%os, permiti que #os ame unicamente com uma ami,ade santa e que dure eternamente- pois, para que nos unir de modo que se)a preciso em !re#e romper esses laos? 9uero preparar-me para essa .ltima hora- quero tranquili,ar minha consci8ncia- quero dispor isso e aquilo em ordem e predispor-me do necessrio para o pensamento feli,. *oncluso /%radece a &eus por estas !oas resolu(es que te fe, tomar, e oferece-as a di#ina ma)estade- suplica-lhe que pelos merecimentos da morte de seu Filho, te prepare uma !oa morte- implora a proteo da Sant7ssima Jir%em e dos santos. Pai-nosso, Ave-maria. I 1! :editao so+re o )u=#o Final Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspire. *onsiderao E. 'm fim, uma #e, terminado o pra,o prefi0ado pela sa!edoria de &eus, para a durao do mundo, aqueles in.meros e #rios prod7%ios e press%ios horr7#eis, que consumiro de temor e tremor os homens ainda #i#os, um dil.#io de fo%o se alastrar pela terra fora, destruindo tudo, sem que coisa al%uma escape as suas chamas de#oradoras. 2. &epois deste inc8ndio uni#ersal, todos os homens ho de ressuscitar, ao som da trom!eta do arcan)o, e comparecero em )u7,o todos )untos, no #ale de Aosaf. 5as P ah P !em di#ersa ser a sua situao; uns tero o corpo re#estido de %l4ria e esplendor e outros se horrori,aro

    3 P E6. 5editao so!re o Au7,o Final

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    de si pr4prios. 3. "onsidera a ma)estade com que o so!erano )ui, h de aparecer em seu tri!unal, cercado de an)os e santos e tendo diante de si, mais !rilhante que o sol, a cru,, como sinal de %raa para os !ons e de #in%ana para os maus. 6. Z #ista deste sinal e por determinao de Aesus "risto, separar-se-o os homens em duas partes; uns se acharo a sua direita e sero os predestinados- outros 2 sua esquerda e sero os condenados. Separao eternaL Aamais se encontraro de no#os )untos. <. 'nto se a!riro os li#ros misteriosos das consci8ncias; +ada ficar oculto. "lara e distintamente h de#er-se nos cora(es de uns e de outros tudo o que fi,eram de !om e de mau P as afrontas a &eus e a fidelidade as suas %raas, os pecados e a penit8ncia. I &eus que confuso de uma parte e que consolao da outra. =. 'scuta atentamente a sentena formid#el que o so!erano )ui, pronunciar contra os maus; ide, malditos para o #o!o eterno, que #oi preparado para o diabo e seus anjos. Pondera !em estas pala#ras, que os ho de esma%ar por completo; ide. 'ssa pala#ra ) nos est anunciando o a!andono completo em que &eus dei0ar a sua criatura, e0pulsando-a de sua presena e no a contando mais no n.mero daqueles que lhe pertencem. 0de, malditos. I minha alma, que maldio estaL 'la uni#ersal, pois encerra todos os males, e ela irre#o%#el, porque se estende a todos os tempos, por toda a eternidade. 0de, malditos, para o #o!o eterno. "onsidera, 4 minha alma, essa eternidade tremenda. I eternidade de penas eternas, como horr7#el s tuL B. 'scuta tam! m a sentena que decidir so!re a sorte feli, dos !ons; "inde, dir o )ui,. /hL esta a doce pala#ra de sal#ao, pela qual o +osso &i#ino Sal#ador nos h de chamar a Si, para rece!ermos, !ondoso, entre seus !raos. "inde, benditos de meu Pai. I !eno preciosa e incompar#el, que

    3 P E6. 5editao so!re o Au7,o Final

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    encerra em si todas as !8nosL Possu7 o reino que #os est preparado desde a criao do mundo. I meu &eus, que %raaL Possuir um reino que nunca ter fimL "fetos e ;esolu0es E. "ompenetra-te, minha alma, de temor, com a lem!rana deste dia fatal. /hL "om que se%urana consta tu, quando as pr4prias colinas do c u tremero de terror? 2. &etesta teus pecados. * s4 isso que te pode le#ar a perdio. /hL )ul%a-te a ti mesma a%ora para ento no seres )ul%ada. Sim, eu quero fa,er !em o e0ame de consci8ncia, acusar-me, )ul%ar-me, condenar-me, corri%ir-me, para que o )ui, no me condene naquele dia tremendo; "onfessar-me-ei, pois, aceitarei os a#isos necessrios, etc. *oncluso E. /%radece a &eus, que te deu tempo e meios de p$r-te em se%urana pelo e0erc7cio da penit8ncia. 2. 1ferece-lhe teu corao, para fa,er di%nos frutos de penit8ncia. 3. Pede-lhe a %raa necessria para isso. Pai-nosso, Ave/aria. I 3! :editao so+re o Inferno Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus humildemente a sua %raa. 3. 3ma%ina uma cidade en#olta em tre#as, toda ardendo em chamas de en0ofre e pe, NpicheO, que le#antam uma fumaa horr7#el e toda cheia de ha!itantes desesperados, que dela no podem sair nem morrer. *onsiderao E. 1s condenados esto no a!ismo do inferno, como

    3 P E<. 5editao so!re o 3nferno

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    des#enturados ha!itantes desta cidade de horrores. Padecem dores incalcul#eis em todos os seus sentidos e em todo o corpo- pois, assim como empre%aram todo o seu ser para pecar, sofreram tam! m em todo ele as penas de#idas ao pecado. &esde modo, sofreram os olhos por seus olhares pecaminosos, #endo perto de si os dem$nios em mil fi%uras hediondas Nhorr7#elO e contemplando com o inferno inteiro. /i s4 se ou#iram lamentos, desesperos, !lasf8mias, pala#ras dia!4licas, para punir por estes tormentos os pecados cometidos por meios dos ou#idos. ' de modo anlo%o acontecer aos demais sentidos. 2. /l m destes tormentos, e0istem ainda um outro muito maior. > a $rivao e a $erda da %lria de Deus/ que 5amais vero! Por mais ditosa que fosse a #ida de /!salo em Aerusal m, ele no dei0a#a de protestar que a infelicidade de no #er por dois anos o seu pai querido lhe era mais intoler#el que o tinha sido as penas do e07lio. I meu &eus, que sofrimento ser, pois, e que pesar imenso ser pri#ado eternamente de Jos #er e amar. 3. "onsidera so!retudo a eternidade a qual por si s4 fa, o inferno insuport#el. /hL Se o calor de uma fe!re,inha torna uma !re#e noite corrompida e enfadonha que horrenda no ser a noite no inferno, onde a eternidade se a)unta a a!undQncia dos tormentos? * desta eternidade que procede a desesperao eterna, as !lasf8mias e0ecr#eisUaV e os rancores sem fim. "fetos e ;esolu0es E. Procura incutir temor em tua alma, diri%indo-lhe as pala#ras do profeta 3sa7as; I minha alma, poders ha!itar com o fo%o de#orante? Sa!itars com os ardores sempiternos NeternosO? 9ueres dei0ar teu &eus para sempre? 2. "onfessa que tens merecidos esses horr7#eis casti%os- e
    UaV ?&ecrvel@ a!ominado, a!omin#el, detestando, nefrio, odioso, #it#el- deplorvel e detestvel.

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    quantas #e,es? /hL &esde este instante melhorarei de #ida, se%uirei um caminho diferente do que tenho se%uido at a%ora. Para que eu precipitar deste a!ismo de mis rias? *oncluso /%radeceT ofereceT ora, etc. Pai-1osso, Ave-/aria. I 6! :editao so+re o Para=so Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus que te inspire. *onsiderao E. Cepresenta-te uma noite serena e tranquila e pondera como a%rad#el para a alma contemplar o c u todo resplandecente ao !rilho de tantas estrelas. /)unta a estes encantos inef#eis as del7cias de um claro dia, em que os raios mais !rilhantes do sol, entretanto, no enco!rissem a #ista das estrelas e da lua- e, feito isso, di,e a ti mesma que tudo isso no a!solutamente nada, em comparao com a !ele,a e a %l4ria do para7so. 1hL @em merece os nossos dese)os esta manso encantadora. I cidade santa de &eus, quo %loriosa, quo deliciosa s tu? 2. "onsidera a no!re,a, a formosura, as rique,as e todas as e0cel8ncias da companhia santa daqueles que #i#em ai- esses milh(es de /n)os, e Serafins e 9ueru!ins- esses e0 rcitos inumer#eis de /p4stolos, de 5rtires, de "onfessores, de Jir%ens e de tantos outros santos e santas. 1hL 9ue unio !ema#enturada a dos santos da %l4ria de &eus. 1 menor de todos mil #e,es mais !elo que o mundo inteiro- que dita ser ento #8-los todos )untosL 5eu &eus, que feli,es so elesL Sem cessar e sem fim le#am a cantar os doces cQnticos do eterno amor- re%o,i)am-se num )u!ilo perene- do-se mutuamente mil moti#os de %o,o e #i#em cercados das consola(es indi#is7#eis

    3 P E=. 5editao so!re o Para7so

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    de uma companhia feli, e indissol.#el. 3. "onsidera muito mais ainda o au%e de sua !ema#enturana, o qual consiste na felicidade de #er a &eus, que os honra e inunda de %o,os pela #iso !eat7fica, fonte de !ens inumer#eis, pela qual ele emite todas as lu,es da sa!edoria em suas mentes e todas as del7cias do amor em seus cora(es. 9ue felicidade #er-se li%ado to estreitamente e para sempre a &eus com laos to preciososL "ercados e compenetrados de di#indade, como os passarinhos no ar, ocupam-se dia e noite unicamente de seu criador, adorando-1 continuamente, amando-1 e lou#ando-1 sem cansao e com uma ale%ria inef#el; P !endito se)ais para sempre, so!erano Senhor e criador +osso amant7ssimo, que com toda a !ondade manifestais em n4s a #ossa %l4ria, pela participao que nos concedeis. ' ao mesmo tempo &eus os fa, ou#ir aquelas pala#ras ditosas; /!enoado se)ais, criaturas minhas, com a !eno eterna, que me ser#istes com fidelidade- #4s lou#areis perpetuamente o Josso Senhor na unio mais perfeita do seu amor. "fetos e ;esolu0es E. 'ntre%a-te 2 admirao de tua ptria celeste. 1hL quo formosa, rica e ma%n7fica s tu, minha Aerusal m querida, e quo ditosos teus ha!itantesL 2. Cepreende a tua frou0ido em pro%redir o caminho do " u. Porque fu%i assim de minha felicidade suprema? /hL 5iser#el que souL mil #e,es renunciei a estas del7cias infinitas e eternas, para ir atrs de pra,eres superficiais, passa%eiros e misturados de muita amar%ura. 1nde tinha a ca!ea, quando despre,ei assim os !ens est#eis e di%nos de alme)ar, por causa dos pra,eres #os e despre,7#eis? 3. Ceanima, entretanto, tua esperana e aspira com todas as tuas foras a esta estQncia de del7cias, 4 amant7ssimo e so!erano Senhor, ) que Jos aprou#e me recondu,ir ao

    3 P E=. 5editao so!re o Para7so

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    caminho do " u, nunca mais me des#iarei dai, nem reterei meus passos, nem #oltarei atrs. Jamos, minha alma querida, em!ora custe al%um cansao- #amos a esta estQncia de repousocaminharemos sempre a#ante para esta terra a!enoada, que nos foi prometida- que estamos n4s a fa,er no '%ito? Pri#ar-me-ei, pois, disto e daquilo, destas coisas que me apartam do meu caminho ou me fa,em parar. Farei isto e aquilo, tudo que pode ser#ir a me condu,ir e a adiantar no caminho do " u. *oncluso /%radeceT ofereceT ora, etc. Pai-1osso, Ave-/aria. I 7! :editao so+re a escol4a entre o *u e o Inferno Pre$arao E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede a &eus humildemente que te inspire. *onsiderao E. 1 comeo desta meditao ima%ina que estas numa #asta re%io com o seu an)o da %uarda, mais ou menos como :o!ias, o )o#em que #ia)a#a em companhia do /rcan)o Cafael e que ele a!rindo o " u ante teus olhos, te mostre a !ele,a e %l4ria dessa manso, ao mesmo tempo que fa, aparecer o inferno de!ai0o de teus p s. 2. Feita esta suposio, de )oelhos, como em presena de teu !om an)o, considera que na realidade te achas neste caminho entre o " u e o 3nferno e que um e outro esto a!ertos para te rece!er, conforme a escolha que fi,eres. 5as pondera atentamente que a escolha que pode se fa,er a%ora, nesta #ida, perdura eternamente na outra. 3. "om a escolha que fi,eres conformar-se- a pro#id8ncia de &eus ou usando de miseric4rdia para te rece!er no " u ou de Austia para te precipitar no 3nferno- entretanto, mais que

    3 P EB. 5editao so!re a escolha entre o " u e o 3nferno

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    certo que &eus, por sua !ondade, quer sinceramente que escolhas a eternidade de del7cias e que teu !om an)o quer te condu,ir para l com todas as suas foras, mostrando-te da parte de &eus os meios a!solutamente necessrios para merec8-la. 6. 'scuta atentamente as #o,es interiores que #em do c u con#idar-te a ir para l. Jem, alma querida P di, Aesus "risto P que amei mais do que meu san%ue- estendo-te os meus !raos, para te rece!er no lu%ar das imortais del7cias do meu amor #inde P di,-nos a Sant7ssima Jir%em P no despre,eis a #4s e o san%ue de meu Filho e os dese)os que tenho de #ossa sal#ao, e os pedidos que lhe fao para #os o!ter as %raas necessrias. J8m P di,em-te os santos, que s4 dese)o a unio do teu corao com o deles. P para lou#ar eternamente a &eus- #em, o caminho do " u no to dif7cil como o mundo pensa. +4s os #encemos e eis nos tempos enceta-o, mais com cora%em e #ers que, por um caminho incompara#elmente mais sua#e e feli, do que o do mundo, che%ar o au%e da %l4ria e da felicidade. ?scol4a I detest#el inferno, eu te a!orreo com todos os teus tormentos e com tua tremenda eternidade. &etesto em especial essas !lasf8mias horr7#eis e maldi(es dia!4licas que #omitas eternamente contra o meu &eus. 5inha alma foi criada para o " u e para ai que me le#a o anelo de meu corao- sim, para7so de del7cias, manso di#ina da felicidade e da %l4ria eterna, entre os teus ta!ernculos santos e ditosos que escolho ho)e para sempre e irre#o%a#elmente a minha morada. 'u #os !endi%o, meu &eus, aceitando esta ddi#a que #os aprou#e me fa,er. I Aesus meu Sal#ador, aceito com todo o reconhecimento de que sou capa, a honra e %raa que me fa,eis, de querer amar-me ternamente- reconheo que Sois J4s que me adquiristes estes direitos so!re o " u- sim, fostes J4s

    3 P EB. 5editao so!re a escolha entre o " u e o 3nferno

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    que me preparastes um lu%ar na Aerusal m "eleste e nenhuma das felicidades desta ptria de %o,os reputo i%ual aquela de Jos amar %lorificar eternamente. "oloca-te de!ai0o da proteo da Sant7ssima Jir%em e dos Santos- promete-lhes de os ser#ir fielmente, para que te a)udem a conse%uir esse " u, onde te esperam- estende as mos a teu !om an)o, suplicando-lhe que te condu,a para l- anima a tua alma a perse#erar constantemente nesta escolha. I 8! :editao ?scol4a da vida mundana ou devota E P P(e-te na presena de &eus 2 P 3mplora com humildade o seu au07lio *onsiderao E. 3ma%ina ainda uma #e, que ests numa #asta re%io, que #8s 2 tua esquerda o pr7ncipe das tre#as, assentado num trono muito alto e rodeado de uma multido de dem$nios, e que desco!res ao redor desta corte infernal muitos pecadores e pecadoras que, dominados do esp7rito do mundo, lhe rendem as suas homena%ens. 1!ser#a com ateno todos os des#enturados #assalos Nser#osO desse rei a!omin#elconsidera como uns esto fora de si, le#ados pelo esp7rito da ira, da rai#a e da #in%ana, que os torna furiosos, e como outros, dominados do esp7rito da pre%uia, s4 se ocupam de fri#olidades e #aidades- aqueles, em!e!idos no esp7rito da intemperana, i%ualam-se a loucos e a !rutos, estes, empa#esados no esp7rito do or%ulho, tornam-se homens #iolentos e insuport#eis- al%uns, possu7dos do esp7rito de in#e)a, consomem-se pesarosos e tristes, muitos so corrompidos at a podrido, pelo esp7rito da impure,a, e muitos outros, irrequietos pelo esp7rito da a#are,a, pertur!amse pela co!ia de rique,as. "onsidera como esto a7 sem repouso e sem ordem, olha at que ponto se despre,am mutuamente, quanto se odeiam, se perse%uem, se dilaceram, se

    3 P EK. 5editao P 'scolha da #ida mundana ou de#ota

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    destroem, se matam. 'is a7 enfim, a rep.!lica do mundo, tirani,ada por este rei maldito; quo infeli, e di%na de compai0oL 2. "onsidera 2 tua direita Aesus "risto crucificado que, com uma ternura ine0prim7#el de compai0o e amor apresenta a seu Pai as suas ora(es e o seu san%ue para o!ter a li!erdade destes infeli,es escra#os, e que os con#ida a romper seus laos e a #ir para o seu lado. 5as, principalmente, para, ao contemplar estes numerosos %rupos de de#otos e de#otas que com os an)os esto em torno dele. "ontempla a !ele,a do reino da de#oo- admira tantas e tantas pessoas de am!os os se0os, cu)as almas so puras e cQndidas como l7rios, tantas e tantas outras a quem a morte dum marido ou duma mulher tornou de no#o li#res em seu amor e que se consa%ram a &eus pela mortificao, caridade e humildade, e outras tantas, por fim, que %o#ernam a sua fam7lia no culto do #erdadeiro &eus, unindo a posse dos !ens com o desprendimento do corao, os cuidados da #ida com os da alma, o amor que reciprocamente se prometem com o amor a &eus, e o respeito de#ido com uma doce familiaridade. Presta ateno, nesta feli, companhia dos ser#os e ser#as de &eus, 2 felicidade do seu estado, a esta perfeita tranquilidade da alma, a esta sua#idade de esp7rito, a esta #i#acidade de sentimentosamam-se com um amor puro e santo- ale%ram-se de uma ale%ria inalter#el, mas, ao mesmo tempo, caritati#a e re%rada. 5esmo aqueles ou aquelas que sentem al%uma aflio no se inquietam de todo com isso ou apenas de le#e e no perdem a pa, do corao. :odos eles t8m assim os olhos presos em Aesus "risto, que anseiam por ter no corao, e 'le mesmo desce, por assim di,er, com os seus pr4prios olhos e o seu "orao, at ao fundo de suas almas, para as iluminar, fortificar e consolar. 3. Pois !em, alma querida e filha de &eus NFilot iaO, ) h tempo que, le#ada pela %raa, a!andonaste a Satans com os seus sequa,es Nse%uidoresO pelas tuas !oas resolu(es- mas

    3 P EK. 5editao P 'scolha da #ida mundana ou de#ota

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    ainda no ti#este Qnimo de te lanar aos p s de Aesus e te alistar no n.mero de seus ser#os fi is. /t aqui esti#este como que no meio de dois partidos- ho)e, por fim, te de#es decidir. 6. / Sant7ssima Jir%em, So Aos , So Ru7s, Santa 5$nica e tantos mil outros que, no meio do mundo, formaram o reino de Aesus "risto, te con#idam a se%ui-los. & ou#idos, principalmente a Aesus, que te chamou pelo teu pr4prio nome e te di,; Jem minha alma querida, #em, e eu te coroarei de %l4ria. ?scol4a E. I mundo en%anador, eu te a!orreo a ti e a teus se%uidores. Aamais me ho de en0er%ar de!ai0o do teu )u%opara sempre reconheo a tua insensate, e di%o adeus 2s tuas #aidades e a ti, Satans, esp7rito infernal, a!omin#el rei do or%ulho e da infelicidade Ne da in#e)aO, eu te renuncio para sempre, com todas as tuas pompas f.teis, e detesto tuas o!ras. 2. * para #4s, doce e amant7ssimo Aesus, Cei da !ema#enturana e da %l4ria imortal, a quem ho)e me #olto. 'u me lano a #ossos p s e os a!rao com toda a minha alma, eu #os adoro de todo o meu corao, eu #os escolho para meu Cei e me su!meto inteiramente a #ossas santas leis. :udo aquilo que eu tenho #os ofereo em sacrif7cio uni#ersal e irre#o%#el, que pretendo, mediante a #ossa %raa, manter toda a minha #ida com uma fidelidade in#iol#el. 3. I Sant7ssima Jir%em, permiti que #os escolha ho)e por %uia, ponho-me so! #ossa proteo, de#otando-#os um sin%ular respeito e uma de#oo toda especial. I meu santo an)o, apresentai-me aos santos e 2s santas- no me a!andoneis antes de me fa,erdes entrar em #ossa feli, companhia. S4 ento, reno#ando e confirmando de dia em dia esta escolha, que a%ora fao, e0clamarei eternamente, a e0emplo #osso- Ji#a AesusL Ji#a AesusL

    3 P EG. +ecessidade de uma !oa confisso %eral

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    I 9! 2ecessidade de uma +oa confisso %eral /7 temos, Filot ia, as medita(es de maior necessidade para alcanar o teu fim. &epois que as ti#eres reali,ado, determinate ento a fa,er com cora%em e humildade a tua confisso %eral, mas toma sentido no meu conselho; no dei0es tua alma pertur!ar-se por al%uma # apreenso. @em sa!es que o 4leo do escorpio o melhor rem dio contra o seu #eneno- assim tam! m a confisso do pecado o rem dio mais salutar contra o mesmo pecado- ela destr4i-lhe tanto a confuso como a mal7cia. Sim, tantos encantos tem a confisso e tantos perfumes e0ala para o c u e a terra, que tira e sara toda a fealdade e podrido do pecado. Simo, o leproso, di,ia que 5adalena era uma pecadora- mas +osso Senhor di,ia que no, e ) s4 fala#a do perfume que ela tinha espalhado por toda a sala do fariseu, e de seu imenso amor. Se somos #erdadeiramente humildes, Filot ia, nossos pecados forosamente nos desa%radaro muit7ssimo, porque so ofensas a &eus- ao contrrio, a confisso de nossos pecados se tornar sua#e e consoladora, pela honra que com isso damos a &eus. * um consolo semelhante ao do doente que re#ela ao m dico tudo o que sente. 'stando a)oelhada aos p s do teu pai espiritual, pensa que ests no "al#rio, aos p s de Aesus crucificado, e que seu san%ue precioso se derrama de suas feridas e, caindo em tua alma, a la#a de tuas iniquidades- porque , na #erdade, a aplicao dos merecimentos do seu san%ue derramado na cru, que santifica os penitentes na confisso. 5anifesta, pois, inteiramente o teu corao ao confessor, para que o ali#ie de teus pecados, e o enchers ao mesmo tempo de !8nos pelos merecimentos da pai0o de Aesus "risto. /cusa-te, com a maior simplicidade e sinceridade e tranquili,a duma #e, para sempre a tua consci8ncia, de sorte que nunca mais tenhas moti#os para inquietao. Feito isso, ou#e com ateno e docilidade os conselhos salutares do ministro de &eus, e a penit8ncia que ele achar por !em importe. Sim, sem d.#ida a &eus que ests

    3 P EG. +ecessidade de uma !oa confisso %eral

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    ento a ou#ir, porque ele disse e0pressamente de seus ministros; /quele que #os ou#e me ou#e a mim. &epois de teres ou#ido atentamente tudo o que ele te disser, toma 2 mo a se%uinte protestao que, depois de a teres lido e meditado antes da confisso, ser#ir de remate a este e0erc7cio de penit8ncia. Cecita-a com a maior ateno e compuno poss7#el. I '<! Firme $ro$sito $ara concluir os e&erc=cios 'u, a!ai0o assinado, muito indi%na criatura de &eus, fao a protestao se%uinte na presena de sua di#ina ma)estade e de toda a c$rte celeste; &epois de ter considerado !em a imensa !ondade de &eus, que me criou, que me conser#a e sustentaque me li#rou de tantos males e concedeu tantos !enef7ciosdepois de ter meditado a sua infinita miseric4rdia, que com tanta !randura tolerou meus pecados, que me chamou a si tantas #e,es, por inspira(es to doces e frequente, que com tanta lon%animidade esperou a minha con#erso at este +[. \\\\ ano de minha #ida, apesar das muitas oposi(es que tenho feito, por minha in%ratido, infidelidade, retardao da penit8ncia e despre,o de suas %raas- depois de ter considerado !em a profanao, que fi, to repetidas #e,es de minha alma e das %raas que, rece!i no santo !atismo, onde me de#otei e consa%rei a &eus, pelas promessas que ento fi,eram por mimenfim, entrando em mim mesmo e com o esp7rito e corao consternados, perante &eus, eu me reconheo e confesso culpado e inteiramente con#encido do crime que cometi, de lesa-5a)estade di#ina e da morte de Aesus, que s4 suspirou na cru, por causa de meus pecados- deste modo eu confesso que )ustamente mereci as penas eternas. 5as, depois de ter detestado os meus pecados de todo o meu corao, eu me #olto ho)e para o trono do Pai das miseric4rdias, di,endo; Perdo, meu &eus, perdo. 'u #os suplico a remisso inteira dos meus pecados, em nome de Aesus "risto, #osso Filho, que

    3 P 2F. Firme prop4sito para concluir os e0erc7cios

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    morreu na cru, para me sal#ar. Pondo nele toda a minha esperana, eu reno#o ho)e, 4 meu &eus, a profisso de fidelidade que #os prometi no !atismo. /%ora, como ento, eu renuncio ao dem$nio, ao mundo e 2 carne, e detesto para o resto de meus dias todas as suas o!ras, com suas pompas e concupisc8ncias, comprometendo-me a #os ser#ir e amar durante a minha #ida, a meu &eus, infinitamente !om e misericordioso. Sim, meu &eus, com esta inteno eu #os consa%ro a minha alma com todas as suas pot8ncias, o meu corao com todos os seus afetos, o meu corpo com todos os seus sentidos, protestando firmemente que no me quero ser#ir de nada daquilo que tenho, contra a #ontade de #ossa di#ina ma)estade, e entre%ando-me com toda a su!misso que #os de#e uma criatura fiel. 5as ahL P se por mal7cia humana eu for al%um dia infiel 2s #ossas %raas e 2s minhas !oas resolu(es, eu protesto que nada ne%li%enciarei, com a %raa do 'sp7rito Santo, para le#antar-me imediatamente de minha queda. 'is a7 a minha resoluo ina!al#el e a minha inteno para sempre irre#o%#el, sem reser#as ou e0ce(es de qualidade al%uma. Fao esta protestao na di#ina presena de meu &eus, em #ista da 3%re)a triunfante e em face da 3%re)a militante, minha me, e que a rece!e a%ora na pessoa do seu ministro, deputado para este fim. &i%nai-#os, 4 &eus eterno de !ondade e miseric4rdia infinita, Pai, Filho e 'sp7rito Santo, rece!er em odor de sua#idade este sacrif7cio, que #os fao, de tudo o que sou- e, como me destes a %raa de #o-lo oferecer, dai-me tam! m as %raas necessrias para cumprir fielmente as suas o!ri%a(es. I meu &eus, #4s sois meu &eus, o &eus de meu corao, o &eus de meu esp7rito, o &eus de toda a minha almaeu #os adoro e #os amo e por toda a eternidade #os quero adorar e amar. Ji#a AesusL I ' ! *oncluso! Do $rimeiro %rau de $ure#a :erminada esta protestao, escuta em esp7rito e

    3 P 2E. "oncluso. &o primeiro %rau de pure,a

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    atentamente a sentena que no c u Aesus "risto h de pronunciar do seu trono de miseric4rdia, na presena dos an)os e dos santos, no mesmo instante em que o sacerdote, aqui na terra, te a!sol#er de teus pecados. S de cumprir-se ento P no c u o que Aesus "risto nos predisse, porque ha#er a7 ).!ilo ao #erem o teu corao, de no#o cheio de amor de &eus, reentrar na companhia dos an)os e dos santos, que se reuniro com tua alma no esp7rito de amor e pa, e que entoaro na presena de &eus os cQnticos sa%rados repassados de ale%ria espiritual. I meu &eusL Filot ia, que pacto mais admir#el e feli, este, pelo qual tu te ds a &eus e &eus te d a si mesmo e te reentre%a a ti pr4pria, para #i#eres eternamente. +ada mais te resta a fa,er do que tomar a pena e assinar este ato de protestao e depois te ache%ar ao altar, onde Aesus "risto ratificar a promessa que fe,, de dar-te o para7so, pondo-se a si mesmo em seu Sacramento, como um selo sa%rado so!re o corao reno#ado deste modo em seu amor. 'is a7, pois, a tua alma neste primeiro %rau de pure,a, que consiste na iseno do pecado mortal e dos afetos que te podem le#ar a comet8-lo. 'ntretanto, como estes afetos costumam renascer em n4s muitas #e,es facilmente, de#ido 2 nossa fra%ilidade ou concupisc8ncia, a qual podemos moderar e re%rar, mas nunca podemos e0tin%uir, torna-se necessrio que eu te pre#ina contra este peri%o e des%raa, dando-te os a#isos que me parecem mais salutares. 5as, porque estes mesmos a#isos te podem condu,ir a um se%undo %rau de pure,a de alma muito mais e0celente ainda que o primeiro, necessrio que, antes de os dar, eu fale desta pure,a de alma mais preferida, a que te dese)o condu,ir. I ''! Purificao de todos os afetos aos $ecados veniais / medida que o dia se #ai clareando, n4s #amos #endo melhor num espelho as n4doas do nosso rosto- de modo semelhante, 2 proporo que o 'sp7rito Santo nos comunica

    3 P 22. Purificao de todos os afetos aos pecados #eniais

    <F

    maiores lu,es interiores, n4s #amos desco!rindo mais distinta e e#identemente os pecadosUaV, as imperfei(es, as inclina(es que se podem opor de qualquer modo 2 de#oo- e muito de notar que essas lu,es que esclarecem o nosso esp7rito acerca de nossas faltas e0citam tam! m no nosso corao um dese)o ardente de corri%i-las. &este modo, Filot ia, em tua alma, em!ora ) purificada dos pecados mortais e das afei(es que le#am a comet8-los, encontrars ainda um %rande n.mero de disposi(es ms, que a inclinam ao pecado #enial- no di%o que desco!rirs a7 muitos pecados #eniais, mas, sim, que a encontrars cheia de afei(es ms, que so as fontes dos pecados #eniais. 1ra, isso so coisas !em di#ersas; mentir, por e0emplo, ha!itualmente e com %osto muito diferente do que mentir uma ou duas #e,es por !rincadeira. +o podemos nos preser#ar completamente de todo pecado #enial de tal sorte que nos conser#emos por muito tempo nesta perfeita pure,a da alma- o que com a %raa de &eus podemos destruir o afeto ao pecado #enial, e para isso , que nos de#emos esforar. 'sta!elecidas estas pressuposi(es, di%o que necessrio aspirar a este se%undo %rau de pure,a da alma, que consiste em no fomentar #oluntariamente em n4s nenhuma afeio m ao
    UaV ]EK6G / definio do pecado P 1 pecado uma falta contra a ra,o, a #erdade, a consci8ncia reta- uma falta ao amor #erdadeiro para com &eus e para com o pr40imo, por causa de um ape%o per#erso a certos !ens. Fere a nature,a do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como Huma pala#ra, um ato ou um dese)o contrrios 2 lei eternaM. ]EK<F 1 pecado ofensa a &eus; HPequei contra ti, contra ti somentepratiquei o que mau aos teus olhosM NSl <E, =O. 1 pecado er%ue-se contra o amor de &eus por n4s e des#ia dele os nossos cora(es. "omo o primeiro pecado, uma deso!edi8ncia, uma re#olta contra &eus, por #ontade de tornar-se Hcomo deusesM, conhecendo e determinando o !em e o mal NGn 3,<O. 1 pecado , portanto, Hamor de si mesmo at o despre,o de &eusM. Por essa e0altao or%ulhosa de si, o pecado diametralmente contrrio 2 o!edi8ncia de Aesus, que reali,a a sal#ao.

    3 P 22. Purificao de todos os afetos aos pecados #eniais

    <E

    pecado #enial, qualquer que se)a- seria, pois, uma %rande infidelidade e mui culp#el indol8ncia conser#ar em n4s consciente e ha!itualmente uma disposio to m como a de desa%radar a &eus. "om efeito, todo pecado #enial, por menor que se)a, desa%rada a &eus, conquanto no lhe desa%rade a ponto de lanar so!re quem o comete a sua maldio eterna- se, pois, o pecado #enial lhe desa%rada, certamente a afeio ha!itual que se tem ao pecado #enial #em a ser uma disposio ha!itual do nosso esp7rito e corao de desa%radar 2 5a)estade di#ina. ' seria poss7#el que uma alma que se reconciliou com &eus queira no s4 lhe desa%radar, mas at ter %osto nesse desa%rado? :odos os afetos desre%rados, Filot ia, so to diretamente opostos 2 de#oo como a afeio ao pecado mortal o 2 caridade; eles enfraquecem o esp7rito, impedem as consola(es di#inas, a!rem caminho 2s tenta(es e, mesmo que no tra%am a morte 2 alma, causam-lhe toda#ia %ra#es enfermidades. As moscas que caem mortas num blsamo precioso P di, o s!io P deitam a perder toda a suavidade de seu odor e toda a sua intensidade. 9uer ele di,er que as moscas que a7 pousam s4 de le#e, e su%am apenas um pouco da superf7cie, no estra%am todo o !lsamo- mas que aquelas que a7 morrem o corrompem inteiramente. &o mesmo modo, os pecados #eniais que se cometem de tempos em tempos pouco danificam a de#oo- ao contrrio, destroem-na por completo, se formam na alma um h!ito #icioso. /s aranhas no matam as a!elhas, mas estra%am-lhes o mel e, se acham uma colmeia, de tal modo a em!araam com os fios da sua teia que tornam imposs7#el 2s a!elhas a continuao de seu tra!alho. /ssim, os pecados #eniais no matam a nossa alma, mas estor#am a de#oo e, a quem os comete com uma inclinao ha!itual, em!araam a alma com uma esp cie de h!ito #icioso e de disposi(es ms, que a impedem de a%ir

    3 P 22. Purificao de todos os afetos aos pecados #eniais

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    com aquela caridade ardente em que consiste a de#oo #erdadeira. +o uma coisa %ra#e, Filot ia, pre%ar uma mentirinha, trans%redir um pouco a ordem Nquer por pala#ras, quer por a(esO, no res%uardar os olhos, quanto a #istas puramente naturais e curiosas, compra,er-se uma #e, em #estidos de #aidade, #isitar um dia uma sala de dana ou de )o%os, donde o corao sair um tanto ferido P tudo isso, di%o eu, no ser uma coisa %ra#e, nem de maior reparo, uma #e, que se preste ateno a que o corao no se dei0e dominar por certos pendores e ape%os que podia tomar para estas coisas, 2 semelhana das a!elhas, que se esforam por e0pulsar as aranhas que lhes querem estra%ar o mel. 5as isso acontece muitas #e,es e se, como de costume, o corao se inclina e ape%a a estas coisas, !em depressa h de se perder a sua#idade da de#oo e toda a de#oo mesmo. /inda uma #e, torno a di,er; ser ditado pelo !om-senso que uma alma %enerosa tenha %osto em desa%radar a &eus e se afeioe a querer sempre aquilo que sa!e lhe ser to desa%rad#el? I ',! Purificao das coisas in-teis e $eri%osas 1s )o%os, os !ailes, os festins, os teatros e tudo aquilo, enfim, que se pode chamar pompa do s culo, de si mesmos e de sua nature,a no so de modo al%um coisas ms, mas sim indiferentes, que podem ser usadas tanto !em como mal. "ontudo, sempre so coisas peri%osas e mais ainda o afeioar-se a elas. * por esta ra,o que te di%o, Filot ia, que, em!ora no se)a pecado um )o%o comedido, uma dana modesta, #estir-se rica e ele%antemente, sem ares de sensualidade, um teatro honesto tanto quanto 2 composio como quanto 2 representao, um !om )antar, sem intemperana, contudo, a afeio que se poderia adquirir a estas coisas seria inteiramente contrria 2 de#oo, muito noci#a 2 alma e de %rande peri%o para a sal#ao. /hL 9ue

    3 P 23. Purificao das coisas in.teis e peri%osas

    <3

    %rande perda encher o corao de tantas inclina(es #s e loucas, que o tornam insens7#el para as impress(es da %raa e de tal modo tomam posse dele que no lhe dei0am nem ener%ia nem %osto para as coisas s rias e santasL '0atamente por isso no /nti%o :estamento os na,arenos se a!stinham no s4 de tudo o que podia em!ria%ar, mas at das u#as e do a%rao Nu#as #erdesO- no que pensassem que uma u#a ou outra os pudesse em!ria%ar, mas assim fa,iam porque tinham medo de que, se comessem o a%rao, sentissem o dese)o das u#as e, se chupassem as u#as, fossem tentados a !e!er o #inho. +o di%o, pois, que em ocasio al%uma possamos usar de coisas peri%osas, mas di%o somente que nunca poderemos ape%ar nessas coisas o corao sem danos da de#oo. 1s #eados, se en%ordam muito, retiram-se para as suas moitas, porque sentem que sua %ordura lhes faria perder a a%ilidade, que sua defesa, quando so perse%uidos pelos caadoresdeste modo o homem, so!recarre%ando o seu corao com estes afetos in.teis, sup rfluos e peri%osos, perde as !oas disposi(es, necessrias para correr com ardor e facilidade pelas #eredas da de#oo. 1s meninos correm todos os dias, at no poderem mais, atrs das !or!oletas, e nin%u m acha nisso al%uma coisa de incon#eniente, porque so meninos- mas no uma coisa rid7cula e ao mesmo tempo deplor#el #er homens racionais se darem afoitamente a !a%atelas to in.teis como aquelas de que falamos e que, al m disso, os fa,em correr peri%o de pecar e se perder? Por isso, Filot ia, e porque a tua sal#ao me to cara, eu te declaro a necessidade de li!ertares o teu corao de todas estas inclina(es- pois, ainda que os teus atos particulares no se)am sempre contrrios 2 de#oo, contudo, o afeioar-se e ape%ar-se a estas coisas lhe causam mui %randes danos. I '1! Purificao das im$erfei0es naturais Possu7mos ainda, Filot ia, al%umas imperfei(es naturais,

    3 P 26. Purificao das imperfei(es naturais

    <6

    que, em!ora se ori%inem dos pr4prios pecados, no so pecados mortais nem #eniais; chamam-se imperfei(es, e os atos resultantes da7 t8m o nome de defeitos ou faltas. Santa Paula- por e0emplo, como nos conta So Aer$nimo, era de nature,a to dada 2 melancolia, que, 2 morte de seu marido e seus filhos, pensa#a morrer de triste,a. 'ra isso uma %rande imperfeio, mas no um pecado, porque era contra a sua #ontade. '0istem al%umas pessoas que so de um esp7rito le#iano e outras de um carter r7spidomuitas h de um Qnimo ind4cil e dif7cil de aceder aos conselhos e 2s pala#ras de ami%os- outras que t8m a !7lis fcil de inflamar-se, e muitas outras que possuem um corao por demais terno e suscet7#el a ami,ades humanas. +uma pala#raquase que no e0iste pessoa al%uma em que no se note uma imperfeio semelhante. 1ra, em!ora essas imperfei(es se)am naturais, podem, entretanto, ser corri%idas e moderadas, procurando-se adquirir as perfei(es contrrias- podemos mesmo aca!ar inteiramente com elas- e di%o-te, Filot ia, que de#es che%ar a este ponto. /chou-se meio de con#erter as amendoeiras a,edas em doces, simplesmente furando-as )unto ao p , para que saia o suco amar%o. Por que, portanto, no podemos n4s nos li#rar de nossas ms inclina(es, retendo unicamente o que t8m de !om para as tornar disposi(es fa#or#eis 2 prtica das #irtudes? /ssim como no h uma nature,a to !oa que no possa ser corrompida por h!itos #iciosos, assim tam! m no e0iste um carter to mau que no se possa domar e at mudar inteiramente, mediante um esforo constante e pela %raa de &eus. Jou te dar, pois, os a#isos e te propor os e0erc7cios que )ul%o mais necessrios para li#rar a tua alma de todas as ms inclina(es ao pecado #enial, de todos os ape%os a coisas in.teis e peri%osas e de todas as imperfei(es naturais. "om

    3 P 26. Purificao das imperfei(es naturais

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    isso a tua alma estar tam! m mais defendida contra o pecado mortal. 9ue &eus te d8 a sua %raa para os pores em prticaL

    Se%unda Parte

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    Se%unda Parte (iversos avisos para elevar a alma a (eus por meio da ora$o e da recep$o dos sacramentos II ! " necessidade da orao E. / orao, fa,endo o nosso esp7rito penetrar na plena lu, da di#indade e e0pondo a nossa #ontade a!ertamente aos ardores do amor di#ino, o meio mais efica, de dissipar as tre#as de erros e i%norQncia que o!scurecem a nossa mente e de purificar o nosso corao de todos os seus afetos desordenados. * ela a %ua da %raa, que la#a a nossa alma de suas iniquidades, ali#ia os nossos cora(es, opressos pela sede das pai0(es, e nutre as primeiras ra7,es que a #irtude #ai lanando, que so os !ons dese)os. 2. 5as o que muito em particular te aconselho a orao de esp7rito e de corao e, so!retudo, a que se ocupa da #ida e pai0o de +osso Senhor; contemplando-o, sempre de no#o, pela meditao ass7dua, tua alma h de por fim encher-se dele e tu conformars a tua #ida interior e e0terior com a sua. 'le a lu, do mundo; nele, por ele e para ele que de#emos ser iluminados. 'le a rvore misteriosa do desejo de que fala a 'sposa dos "antares. * a seus p s que temos que ir respirar este ar sua#7ssimo, quando o nosso corao se #ai afrou0ando pelo esp7rito do s culo. 'le a cisterna de Aac4, essa nascente de %ua #i#a e pura- a ela cumpre che%armo-nos muitas #e,es, para la#ar nossa alma de suas manchas. 1s meninos, como sa!ido, ou#em continuamente as suas mes falarem e, esforando-se por !al!uciar com elas, aprendem a falar a mesma l7n%ua- deste modo n4s, unindo-nos com +osso Senhor, pela meditao, e notando as suas pala#ras e a(es, os seus sentimentos e inclina(es, aprenderemos por fim, com a sua %raa, a falar com ele, a a%ir com ele, a )ul%ar como ele e amar como ele. / 'le preciso prendermo-nos, Filot ia, e cr8-me

    33 P E. / necessidade da orao

    <B

    que no podemos ir a &eus, o Pai, seno por esta porta que Aesus "risto, como ele mesmo nos disse. 1 #idro dum espelho no pode deter a nossa #ista, se no for aplicado a um corpo s4lido, como o chum!o e o estanho- de modo anlo%o, )amais nos seria poss7#el contemplar a di#indade nesta #ida mortal, se no se unisse 2 nossa humanidade em Aesus "risto, cu)a #ida, pai0o e morte constituem para as medita(es o o!)eto mais proporcionado a nossas lu,es, mais a%rad#el ao nosso corao e mais .til ao melhoramento de nossos costumes. 1 di#ino Sal#ador chamou-se a si mesmo o po descido do c u, por muitas ra,(es, entre as quais podemos adu,ir a se%uinte; assim como se come o po com toda sorte de alimento, assim de#emos tomar o esp7rito de Aesus "risto na meditao, e ele, nutrindo-nos, influir em todas as nossas a(es. Por isso, muitos autores repartiram em di#ersos pontos de meditao o que sa!emos de sua #ida e pai0o. 'ntre esses autores te aconselho especialmente So @oa#entura, @ellintani, @runo, "api%lia, Granada e Ra Puente. 3. 'mpre%a neste e0erc7cio uma hora por dia, antes do )antar, ou de manh, se for poss7#el, antes que percas as !oas disposi(es e tranquilidade de esp7rito que d o repouso da noite. 5as no prolon%ues mais este tempo, a no ser que o teu pai espiritual o tenha fi0ado e0pressamente. 6. Se te for poss7#el fa,er este e0erc7cio com maior tranquilidade numa i%re)a, parece-me ainda melhor, porque, a meu #er, nem pai, nem me, nem marido, nem mulher, nem pessoa al%uma ter direito de disputar-te esta hora de de#ooao contrrio, em casa no podes contar com toda ela nem com tanta li!erdade, em ra,o da depend8ncia em que a7 te achas. <. "omea a tua orao, se)a mental, se)a #ocal, sempre te pondo na presena de &eus- nunca ne%licencies esta prtica e #ers em pouco tempo os seus resultados. =. Se em mim confias, hs de recitar o Pai-1osso, Ave/aria e o Credo em latim- no omitirs, no entanto, de

    33 P E. / necessidade da orao

    <K

    aprender estas ora(es tam! m em tua l7n%ua materna, para que lhe entendas o sentido. &este modo, conformando-te ao uso da 3%re)a pela l7n%ua da reli%io, compreenders outrossim o sentido admir#el destas ora(es e lhes sa!orears a sua#idade. "on# m recit-las com a m0ima ateno ao seu sentido e e0citando os afetos correspondentes. +o te dei0es le#ar pela pressa infundada de fa,er muitas ora(es, mas cuida de re,ar com de#oo- um s4 Pai-nosso, re,ado com piedade e recolhimento, #ale mais que muitos recitados precipitadamente. B. 1 Cosrio um modo util7ssimo de re,ar, supondo que se sai!a recit-lo !em. Para que tu o sai!as, l8 um desses li#rinhos de orao que cont m o m todo de re,-lo. 5uito recomend#el tam! m recitar as ladainhas de +ossa Senhora e dos santos, como outras ora(es que se acham em manuais apro#ados de#idamente- mas tudo isso fica dito so! a condio de que, se tens o dom da orao mental, lhe d8s o tempo principal e o melhor. &e#es notar que, se depois de o fa,eres, por causa de muitas ocupa(es ou por outro moti#o, no te so!re tempo dispon7#el para as tuas ora(es #ocais, a!solutamente no te de#es inquietar- !astante re,ares antes ou depois da meditao simplesmente a orao dominical NPainossoO, a saudao an% lica N/#e-5ariaO e o S7m!olo dos /p4stolos N"redoO. K. Se, ao recitares uma orao #ocal, te sentires atra7da 2 orao mental, muito lon%e de reprimires esta inclinao, de#es dei0ar-te le#ar sua#emente e no te pertur!es por no aca!ar todas as ora(es que te tens proposto. / orao do esp7rito e do corao muito mais a%rad#el a &eus e salutar 2 alma do que a orao dos l!ios. 'st !em de #er que a esta re%ra hs de e0cetuar o of7cio di#ino NRitur%ia das SorasO e aquelas ora(es que ests o!ri%ada a recitar Npelo diretor espiritualO. G. &e#es repelir tudo que te poderia impedir este santo e0erc7cio pela manh- mas, se tuas m.ltiplas ocupa(es ou outras ra,(es le%7timas te rou!am este tempo, procura fa,er a

    33 P E. / necessidade da orao

    <G

    meditao de tarde, 2 hora mais distante poss7#el da refeio, quer para e#itar a sonol8ncia, quer para no fa,er mal 2 sa.de. ', se pre#8s que em todo o dia no achars tempo para a orao, cumpre reparares esta perda, suprindo-a por essas ele#a(es frequentes de esp7rito e corao a &eus, 2s quais chamamos )aculat4rias, por uma leitura espiritual, por al%um ato de penit8ncia, que impede as consequ8ncias daquela perda, e prop(e-lhe firmemente fa,er a tua orao no dia se%uinte. II '! Pre$arao@ $ArBse na $resena de Deus Poder ser, Filot ia, que no sai!as como se fa, a orao mental- pois, infeli,mente, poucos o sa!em nos nossos tempos. Por isso se torna necessrio que resuma aqui em al%umas re%ras um m todo pro#eitoso, dei0ando para os !ons li#ros dedicados a esta mat ria e principalmente para a prtica a tua instruo mais completa. / primeira re!ra tem em #ista a preparao, que consiste nestes tr8s pontos; p$r-se na presena de &eus, pedir-lhe o au07lio de suas lu,es e inspira(es, propor-se o mist rio que se quer meditar. 9uanto ao primeiro ponto, ofereo-te quatro meios principais^ que podero a)udar teu nascente ardor. 1 primeiro consiste em atender #i#amente 2 imensidade de &eus, que perfeita e essencialmente est presente em todas as coisas e lu%ares, de maneira que, como os passarinhos, para qualquer re%io que #oem, esto sempre en#oltos no ar, assim tam! m n4s, em toda parte a que nos diri%imos ou em que estamos, sempre encontramos a &eus presente em n4s mesmos e em todas as ca!eis. 'sta #erdade conhecida de todos, mas !em poucos lhe consa%ram a de#ida ateno. 1s ce%os que sa!em se achar na presena de um pr7ncipe, em!ora no o #e)am, conser#am-se numa posio respeitosa- mas- porque no o #eem, facilmente esquecem a sua presena e, uma #e, esquecida, ainda com maior facilidade perdem o respeito que

    33 P 2. Preparao; p$r-se na presena de &eus

    =F

    lhe de#ido. /hL Filot ia, no podemos #er a &eus, que est presente em n4s- e em!ora a f e a ra,o nos di%am que ele est presente, !em depressa nos esquecemos disso e ento a%imos como se ele esti#esse lon%e de n4s; pois, conquanto sai!amos que ele est presente em todas as coisas, a falta de ateno produ, em n4s os mesmos efeitos que se o i%norssemos de todo. 'is ai a ra,o por que no comeo de nossas ora(es de#emos refletir intensamente so!re a presena de &eus. Profundamente compenetrado desta #erdade esta#a &a#i, quando di,ia; 'e subir ao cu, tu ali te achas* se descer ao in#erno, presente nele ests. 3%ualmente, sir#amo-nos das pala#ras de Aac4, que, depois de ter #isto a misteriosa escada a que ) me referi, e0clamou; %u$o terrvel este lu!ar* em verdade (eus est aqui e eu n$o o sabia. 9ueria di,er que no tinha refletido !astante, porque no podia i%norar que &eus esti#esse presente em toda parte. 'ia, pois, Filot iaL /o te preparares para a orao, di,e de todo o corao a ti mesma; 1hL 5inha alma, &eus est #erdadeiramente aqui presente. 1 se!undo meio de te pores na presena de &eus pensar que &eus no somente est no lu%ar onde te achas, mas tam! m que ele est presente em ti mesma, no Qma%o de tua alma; que ele a #i#ifica, anima e sustenta por sua di#ina presena- pois como a alma, estando presente em todo o corpo, reside contudo dum modo especial no corao, assim &eus, estando presente em todas as coisas, o est muito mais em nossa alma, podendo-se at di,er, em certo sentido, que &eus mesmo a alma. Por isso &a#i chama#a a &eus o (eus do seu cora$o. ' So Paulo, neste mesmo sentido, nos di, que em (eus vivemos, nos movemos e somos. ' deste modo tam! m este pensamento incitar no teu corao um respeito profundo por &eus, que est em ti to intimamente presente. 1 terceiro meio, que te poder a)udar, considerar que o

    33 P 2. Preparao; p$r-se na presena de &eus

    =E

    Filho de &eus, como homem, no c u olha para todas as pessoas do mundo, mas mui particularmente para os cristos, que so seus filhos e ainda mais para os que esto atualmente em orao, notando se re,am !em ou mal. +em isso uma pura ima%inao, mas um fato muit7ssimo real- pois, conquanto no o possamos #er, como Santo 'st8#o em seu mart7rio, +osso Senhor tem, entretanto, os seus olhos em n4s, como os tinha nele, e podemos di,er-lhe al%uma coisa semelhante ao que a 'sposa dos "antares disse a seu 'sposo; 2le est l, ei-lo, ele mesmo* ele est escondido e n$o o posso ver, mas ele me v), ele me est olhando. 1 quarto meio consiste em nos representarmos Aesus "risto neste mesmo lu%ar onde estamos, mais ou menos como costumamos nos representar os nossos ami%os, e di,er; estou ima%inando #8-lo fa,endo isso ou aquilo- parece-me #8-lo, ou#i-lo. 'stando, por m, na i%re)a, ante o altar do Sant7ssimo Sacramento, esta presena de Aesus "risto, Filot ia, no ser meramente ima%inria, mas muit7ssimo real- as esp cies ou apar8ncias do po so como um # u que o esconde a nossos olhos- 'le nos #8 e considera realmente, em!ora a n4s o no #e)amos em sua pr4pria forma. &um destes quatro meios, pois, te poders ser#ir para te pores na presena de &eus e no dos quatro duma #e,, e isso mesmo de#es fa,er !re#emente e com simplicidade. II ,! Pre$arao@ " invocao / in#ocao se fa, do modo se%uinte; tua alma, sentindo a &eus presente, de#e compenetrar-se de um profundo respeito e reputar-se a!solutamente indi%na de sua presena- toda#ia, sa!endo que ele te #8, de#es pedir-lhe a %raa de o %lorificar nesta meditao. Se quiseres, poders ser#ir-te de al%umas pala#ras, !re#es mas ardentes, como estas, que so do profetarei; Sl <EN<FO,E3n$o me rejeites para lon!e de tua #ace, n$o retires de mim teu santo esprito. Sl EEG NEEKO,E3<0lumina tua

    33 P 3. Preparao; / in#ocao

    =2

    #ace para o teu servo, e ensina-me teus estatutos 363aze-me entender e !uardar tua lei, para observ-la de todo o cora$o 5uito .til in#ocares tam! m o teu an)o da %uarda e os santos que participaram do mist rio que meditas- como, por e0emplo, na meditao so!re a morte de +osso Senhor, a Sant7ssima Jir%em, So Aoo, Santa 5adalena e os outros santos e santas e o @om Radro, implorando-lhes que te emprestem os sentimentos que tinham ou, ento, na meditao so!re a tua pr4pria morte, a teu an)o da %uarda, que estar l presente. 1 mesmo de#e di,er-se de todos os outros mist rios ou #erdades que meditas. II 1! Pre$arao@ Pro$orBse um mistrio '0iste ainda um terceiro prel.dio da orao mental, o qual, no entanto, no comum a toda esp cie de medita(es e se chama %eralmente HcomposioM ou representao do lu%ar. "onsiste numa certa ati#idade da fantasia, pela qual nos representamos o mist rio ou fato que queremos meditar, como se os acontecimentos se esti#essem sucedendo realmente ante os nossos olhos. Por e0emplo, se queres meditar so!re a morte de Aesus crucificado no "al#rio, fars uma ideia de todas as circunstQncias, como os e#an%elistas no-las descre#em, quanto aos lu%ares, pessoas, a(es e pala#ras- o mesmo te proporei acerca dos outros o!)etos que os sentidos perce!em, como a morte e o inferno, como ) #imos- tratando-se, por m, de o!)etos inteiramente espirituais, como a %rande,a de &eus, a e0cel8ncia das #irtudes, o fim da nossa criao, essa prtica no to con#eniente, ' #erdade que mesmo aqui se poderia usar de al%uma analo%ia ou comparao, como #emos nas !elas par!olas do Filho de &eus- mas isso tem sua dificuldade e eu quisera que te ocupasses com e0erc7cios simples e no cansasses o teu esp7rito procurando semelhantes pensamentos. / utilidade deste e0erc7cio de ima%inao consiste em ater a nossa fantasia ao o!)eto que meditamos, receando que, to

    33 P 6. Preparao; Propor-se um mist rio

    =3

    irrequieta como , nos escape para ir ocupar-se doutros o!)etosesta#a quase a te di,er que de#es proceder com ela, como com um passarinho que se fecha na %aiola ou com um falco que se acorrenta ao poleiro- para que fique a7. &iro al%uns que na representao dos mist rios melhor usar simplesmente de pensamentos da f e dos olhos do esp7rito ou, ento, consider-los como se sucedessem em nossa mente; mas tudo isso por demais sutil para o comeo, e, considerando tudo aquilo que pertence a uma perfeio mais adiantada, aconselho-te, Filot ia, a conser#ar-te humildemente no sop da montanha, at que &eus se di%ne de ele#ar-te mais alto. II 3! :editao@ "s considera0es / esta ati#idade da fantasia de#e se%uir-se a do entendimento, que se chama meditao e que consiste em aplic-lo 2s considera(es capa,es de ele#ar a nossa #ontade a &eus e de afeio-la a coisas santas e di#inas. 'sta a %rande diferena entre a meditao e o estudo, porque o fim do estudo a ci8ncia, e o da meditao o amor a &eus e a prtica das #irtudes. /ssim, tendo prendido a tua fantasia ao o!)eto da meditao, procura aplicar o entendimento 2s considera(es que lhe so como que a su!stQncia e a e0posio- e, se achares %osto, lu,es e utilidade numa das considera(es, demora-te nela, imitando as a!elhas, que no lar%am a flor em que pousaram, enquanto acham a7 mel que a)untar. 5as, se uma considerao causa dificuldades 2 tua mente e no tem atrati#os para o teu corao, depois de lhe ter aplicado por al%um tempo o teu corao e a tua mente, podes passar adiante, a outra considerao, preca#endo-te somente para que no te dei0es le#ar por curiosidade ou precipitao. II 6! :editao@ Os afetos e as resolu0es Por esta #i#a ateno de sua mente, a meditao e0cita na

    33 P =. 5editao; 1s afetos e as resolu(es

    =6

    #ontade in.meras mo(es NinspiraoO !oas e santas, como o amor de &eus e ao pr40imo, o dese)o da %l4ria celeste, o ,elo pela sal#ao das almas, o ardor para imitar a #ida de Aesus "risto, a compai0o, a admirao, a ale%ria e o temor de desa%radar a &eus, o 4dio ao pecado, o temor do )u7,o ou do inferno, a confuso dos pecados, o amor 2 penit8ncia, a confiana na miseric4rdia de &eus e tantas outras em que te de#es e0ercer e como#er, quanto puderes, a tua alma. Se quiseres usar de al%um li#ro, para te instru7res mais so!re este ponto, aconselho-te o primeiro tomo das H5edita(esM, de &. /ndr "api%lia, em cu)o prefcio ele e0p(e a arte de e0ercitarse nesta prtica, ou ento o Pe. /rias, que o fa, ainda mais difusamente no seu H:ratado de 1raoM. 'ntretanto, Filot ia, no te de#es restrin%ir a estes afetos %erais, sem que faas resolu(es especiais e particulari,adas para o aperfeioamento de tuas a(es. / primeira pala#ra de +osso Senhor na cru,, por e0emplo, produ,ir em tua alma o dese)o de imit-lo em perdoando e amando os inimi%os- mas isto muito pouco, se no fi,eres a resoluo se%uinte; Pois !em, ) no me ofenderei mais com tais pala#ras in)uriosas da parte destas e daquelas pessoas, nem com o despre,o com que estes e aqueles me costumam tratar- pelo contrrio, direi ou farei isto ou aquilo, para acalmar o %8nio de um e atrair o corao de outro. /7 tens, Filot ia, o #erdadeiro meio de corri%ir depressa as tuas faltas, ao passo que s4 com afetos %erais o conse%uirs com dificuldade, muito tarde e tal#e, nunca. II 7! " concluso e o ramal4ete es$iritual /final, de#e-se terminar a meditao por tr8s atos que requerem uma profunda humildade. 1 primeiro a%radecer a &eus por nos ter dado profundo conhecimento de sua miseric4rdia ou de outra de suas perfei(es, assim como pelos santos afetos e prop4sitos que sua %raa incutiu em n4s.

    33 P B. / concluso e o ramalhete espiritual

    =<

    1 se%undo consiste em oferecer 2 sua di#ina ma)estade toda a %l4ria que pode pro#ir de sua miseric4rdia ou duma de suas perfei(es, ofertando-lhe tam! m todos os nossos afetos e resolu(es, em unio com as #irtudes de Aesus "risto, seu Filho, e dos merecimentos de sua morte. 1 terceiro de#e ser uma orao humilde, pela qual pedimos a &eus a %raa de participar dos merecimentos de seu Filho, a ess8ncia de suas #irtudes, e principalmente a fidelidade a nossas resolu(es, que s4 podemos conse%uir com a %raa di#ina. Ce,a ao mesmo tempo pela 3%re)a, pelos superiores eclesisticos, por teus pais e ami%os e outras pessoas, implorando a intercesso de +ossa Senhora, dos an)os e dos santos, e aca!a recitando o Pai-nosso e a Ave-/aria, que so as ora(es mais comuns e necessrias aos fi is. 9uanto ao restante, ainda te lem!ras do que disse acerca do ramalhete espiritual da meditao- #ou repetir quase em poucas pala#ras o que penso so!re isso; quem passeia pela manh num a%rad#el )ardim no sai satisfeito sem colher al%umas flores, pelo pra,er de lhes sentir o perfume pelo dia inteiro- assim tam! m de#es colher o fruto d tua meditao, %ra#ando no pensamento duas ou tr8s coisas que mais te impressionaram e como#eram, para as considerar de no#o de #e, em quando, durante o dia, e para te conser#ares em teus !ons prop4sitos. Fa,e isso no mesmo lu%ar onde meditas, passeando um pouco ou dum outro modo, com sosse%o e ateno. II 8! "visos acerca da meditao "umpre, Filot ia, que no correr do dia tenhas to presente no esp7rito e no corao as tuas resolu(es, que, so!re#indo a ocasio, as ponhas efeti#amente em prtica. 'ste o fruto da meditao, sem o qual ela, al m de no ser#ir para nada, pode ser at pre)udicial. * certo que a meditao ass7dua so!re as #irtudes, sem que as pratiquemos, enso!er!ece o esp7rito e o corao e nos fa, pensar insensi#elmente que somos de fato

    33 P K. /#isos acerca da meditao

    ==

    aquilo que resol#emos ser. &e certo que assim o seria, se nos prop4sitos ti# ssemos fora e solide,- mas, porque lhes faltam essas qualidades, permanecem #os e, porque no produ,em efeito al%um, so at peri%osos. "on# m ser#ir-se de todos os meios para os p$r em prtica- de#e-se mesmo ir em !usca de ocasi(es, tanto pequenas como %randes. Por e0emplo; resol#i atrair pela !randura certas pessoas que costumam me ofenderhei de as procurar ho)e, para as saudar com ares de estima e ami,ade- e, se no as posso achar, ao menos falarei !em delas e re,arei a &eus em sua inteno. 5as, terminando a orao, cuida !em de e#itar as a%ita(es #iolentas, porque essas emo(es lhe neutrali,am o !lsamo celeste que rece!eu na meditao; quero di,er que, se te for poss7#el, permaneas al%um tempo em sil8ncio e, conser#ando sempre os pensamentos e o %osto de teus afetos, #s passando assim sua#emente da orao ao tra!alho. 3ma%ina um homem que rece!eu num precioso #aso de porcelana um licor de %rande #alor, a fim de o le#ar para sua casa. 'i-lo caminhando passo a passo, sem olhar para trs nem para os lados, mas sempre para frente, com receio de p$r o p em falso ou tropear numa pedra- e, se para al%umas #e,es, s4 para #er se, com o mo#imento, no se derramou al%uma parte do precioso licor. Fa,e tam! m assim com a meditao- no te distraias e dissipes imediatamente, mas considera com uma ateno simples e tranquila o caminho que tens que andar. Se encontras al%u m com quem de#es falar, preciso que te conformes a isso, mas toma sentido ao teu corao, para que nada se perca daquela sua#idade precios7ssima de que o 'sp7rito Santo o encheu na orao. * necessrio que te acostumes a passar da orao 2s outras ocupa(es de tua profisso, por mais contrrias que te paream aos sentimentos e resolu(es da meditao. /ssim, um ad#o%ado de#e sa!er passar da meditao ao escrit4rio, um ne%ociante ao com rcio, uma dona de casa aos cuidados do lar

    33 P K. /#isos acerca da meditao

    =B

    dom stico, com tanta sua#idade e calma, que seu esp7rito em nada se pertur!e- pois, querendo &eus i%ualmente uma e outra coisa, necessrio passar duma a outra com uma de#oo inteiramente i%ual e com uma su!misso completa 2 #ontade de &eus. S de acontecer al%umas #e,es que, mal aca!aste a preparao para a meditao, ) tua alma se sente to como#ida que de repente se ele#a a &eus. 'nto, Filot ia, a!andona todo o m todo que at aqui te e0pus, porque, em!ora o e0erc7cio do entendimento de#a preceder o da #ontade, se o 'sp7rito Santo opera em ti por estas santas impress(es de tua #ontade, no #s procurar e0citar no esp7rito, pelas considera(es da meditao, aqueles santos afetos que ) possuis no corao. 'nfim, uma re%ra que se de#e dar lar%a e0panso aos afetos que nascem no corao e nunca os reprimir e deter cati#os em tempo al%um que se faam sentir, se)a antes, se)a depois das refle0(es. / mesma re%ra hs de se%uir a respeito daqueles outros atos de piedade que fa,em parte da meditao, como a ao de %raas, a o!lao de si mesmo e a orao, uma #e, que a conser#es em seu lu%ar determinado no fim da meditao. 9uanto 2s resolu(es, que se conformam aos afetos, naturalmente s4 de#em ser tomadas depois dos afetos, ao terminar a meditao, porque, tendo que nos representar muitos o!)etos particulares e familiares, podia isso produ,ir distra(es, se as a)untssemos aos afetos. 5uito .til , enfim, usar de al%uns col4quios neste e0erc7cio da #ontade, diri%indo-nos ora a +osso Senhor, ora aos an)os e aos santos, m0ime 2queles que tomam parte no mist rio que se medita, a si mesmo, ao seu corao, aos pecadores e at as criaturas irracionais, como fe, &a#i nos salmos e outros santos em suas medita(es e ora(es.

    33 P G. / aride, espiritual na meditao

    =K

    II 9! " aride# es$iritual na meditao Se acontecer que no aches pra,er na meditao, nem sintas a7 consolo al%um para a tua alma, eu te con)uro, Filot ia, a no te $ertur+ares com isso/ mas $rocura remediar o mal com os alvitres NconselhosO se%uintes; Cecita al%umas das ora(es #ocais em que teu corao se compra, de prefer8ncia- quei0a-te amorosamente a Aesus "risto- chama-o em teu socorro- !ei)a respeitosamente a sua ima%em, se a tens 2 mo, confessa-lhe a tua indi%nidade- di,e-lhe com Aac4; (e modo al!um, 'enhor, me a#astarei, se n$o me abenoardes ou ento como a mulher cananeia4 Assim , 'enhor, mas tambm os cachorrinhos comem das mi!alhas que caem da mesa de seus donos /s #e,es podes tomar um li#ro e ler de#otamente, at que teu esp7rito este)a mais concentrado e disposto. '0cita o corao o mais #i#amente poss7#el, por al%um ato e0terior de de#oo, prostrando-te por terra, cru,ando os !raos ao peito, conser#ando um crucifi0o entre as mos; tudo isso, naturalmente, s4 se esti#eres so,inha. Se, ap4s tudo isso, a tua secura espiritual no se atenuar, ainda no desanimes, Filot ia, mas conser#ate sempre na presena de &eus com todo o respeito. @em sa!es quantos cortesos h que cem #e,es por ano #o 2 c$rte sem esperana al%uma de falar com o pr7ncipe, mas somente para serem #istos dele, lhe prestarem homena%em ou, como se costuma di,er, lhe fa,erem c$rte. /ssim, Filot ia, entremos em orao com simplicidade, tendo unicamente em #ista o nosso de#er. Se a di#ina 5a)estade se di%nar de nos falar por suas inspira(es ou de dar-nos a %raa de lhe falar, ser certamente uma honra imensa e um pra,er delicioso. 5as se nos recusa esta %raa e nos dei0a so,inhos, sem corresponder-nos, como se no nos #isse de todo ou no esti# ssemos em sua presena, no saiamos lo%o dali- ao contrrio, ai de#emos permanecer com resi%nao, com profundo respeito e com o esp7rito tranquilo. 5ais cedo ou mais tarde a nossa paci8ncia e perse#eran-

    33 P G. / aride, espiritual na meditao

    =G

    a nos far achar %raa diante de seus olhos e, 2 primeira #e, que #oltarmos 2 sua presena, ele nos rece!er com olhares fa#or#eis e falar conosco no santo com rcio da meditao e em suas consola(es nos far sa!orear a sua#idade inef#el do seu esp7rito. 5as, mesmo que at isso nos falte, contentemo-nos, Filot ia, com a honra de estar a seu lado, presentes aos olhos de sua ador#el ma)estade. II <! " orao da man4 /l m da orao mental e #ocal, h ainda outros tempos e modos de re,ar- e o primeiro e0erc7cio de todos a orao da manh, que de#e ser uma preparao %eral para as a(es de todo o dia. /7 tens um m todo de fa,8-la !em. E. /dora a &eus com uma #enerao profunda e a%radecelhe de te ter conser#ado durante a noite- e, se a tua consci8ncia te acusa de al%uma coisa desde o .ltimo e0ame, pede-lhe perdo. 2. "onsidera que o dia presente te dado para mereceres a !em-a#enturana eterna e prop(e-te firmemente empre%-lo todo nesta inteno. 3. 5uito .til pre#eres as ocupa(es deste dia, as tuas ocasi(es pro##eis de %lorificar a &eus, as tenta(es que te proporcionar a c4lera, a #aidade ou uma outra pai0o. Feito isto, prepara-te por uma santa resoluo a apro#eitar !em de todos os meios que ters para ser#ir melhor a &eus e pro%redir na perfeio- ao contrrio, arma-te com toda a firme,a de esp7rito para e#itar ou para com!ater e #encer tudo o que lhe ser#ir de o!stculo. 'sta simples resoluo, por m, no !astante- preciso firm-la em pre#endo os meios que te sero dispon7#eis para p$-las em prtica. Por e0emplo; se pre#e)o que tratarei com uma pessoa facilmente irasc7#el, so!re um ne%4cio, no s4 me hei de preca#er dos meios que me estaro 2 disposio, para no ofend8-la, mas tam! m, para que no se ire, #erei como lhe falar !randa e %entilmente ou, se for

    33 P EF. / orao da manh

    BF

    necessrio para cont8-la, pedirei a outras pessoas que o faam )unto comi%o. Se pre#e)o que tenho de #isitar al%uns doentes, disporei tudo 2 hora, todas as circunstQncias, as maneiras mais pr4prias de consol-los e os socorros que lhes poderei le#ar. 6. Ceconhece diante de &eus, com humildade, a tua completa impot8ncia de fa,er qualquer coisa dessas, tanto praticar o !em como e#itar o mal, e, fa,endo assim como se ti#esses o corao entre as mos, oferece-o com as tuas !oas resolu(es 2 di#ina 5a)estade, suplicando-lhe que o tome de!ai0o de sua proteo e o fortifique era seu ser#io. &i,elhe; HI Senhor, eis aqui este po!re e miser#el corao, a quem por #ossa !ondade infinita dais ho)e estas !oas resolu(esmas, ahL 'le fraco e inconstante demais para fa,er o !em que dese)a, sem que lhe deis a #ossa santa !8no. +esta inteno #os in#oco, 4 Pai de miseric4rdia, pelos merecimentos da pai0o de #osso Filho, a cu)a %l4ria eu o consa%ro neste dia e para o resto da minha #idaM. / esta !re#e orao acrescenta a in#ocao da Sant7ssima Jir%em, do /n)o da Guarda e dos Santos, a fim de que com sua proteo te a)udem. &emais, esta orao que fars pela manh e, se puder ser, antes de sa7res do quarto, de#e ser fer#orosa e ardente, para que a !8no de &eus que a7 o!ti#eres se estenda so!re todo o dia- peo-te encarecidamente, Filot ia, que nunca a omitas. II ! " orao da noite e o e&ame de consci(ncia

    "omo antes da refeio corporal, ti#este o alimento espiritual pela meditao, ser de %rande pro#eito tomares tam! m deste alimento espiritual antes do ch 2 noite. 'scolhe al%uns minutos antes desta refeio e prostra-te diante de teu &eus aos p s do crucifi0o, lem!rando-te conti%o mesmo da dissipao do dia. Ceacende em teu corao o fo%o da meditao da manh por atos de profunda humilhao, por suspiros de ardente amor a &eus, e aprofunda-te, a!rasada deste amor, nas cha%as do amant7ssimo Sal#ador, ou ento #ai

    33 P EE. / orao da noite e o e0ame de consci8ncia

    BE

    repassando em teu esp7rito e no fundo do teu corao tudo quanto sa!oreaste na orao, a no ser que prefiras te ocupar de um no#o o!)eto. 9uanto ao e0ame de consci8ncia, que de#emos fa,er antes de nos deitarmos, no h nin%u m que i%nore. E. &e#emos a%radecer a &eus de nos ter conser#ado durante o dia. 2. '0aminam-se todas as a(es, uma a uma, e as suas circunstQncias. 3. /chando-se al%uma coisa de !om, feita nesse dia, d-se %raas a &eus- se, ao contrrio, se lhe tem ofendido por pala#ras, por pensamentos e por o!ras, pede-se lhe perdo por um ato de contrio, que de#e a!ran%er a dor dos pecados cometidos, o !om prop4sito de corri%i-los e !oa #ontade de confess-los na primeira ocasio. 6. &epois disso, recomenda-se 2 di#ina Pro#id8ncia seu corpo e sua alma, a 3%re)a, seus parentes e ami%os, in#oca-se a Sant7ssima Jir%em, os Santos e os /n)os da Guarda, pedindolhes de #elar so!re n4s. Feito isso, com a !8no de &eus, #amos tornar o repouso que ele quer que tomemos. +unca se de#e omitir esta orao da noite, assim como a da manh- pois como, pela orao da manh se a!rem as )anelas da alma para o Sol da )ustia, assim pela orao da noite elas se fecham para as tre#as do inferno. II '! Do recol4imento +este ponto, Filot ia, dese)o que se)as mais d4cil ainda em se%uir os meus conselhos- porque penso que da7 muito depende para o teu adiantamento. Rem!ra-te, as mais #e,es que puderdes durante o dia, da presena de &eus, ser#indo-te de um dos quatro meios de que tenho falado. "onsidera o que &eus fe, e o que tu fa,es, e #ers que &eus tem continuamente os olhos pre%ados em ti com um amor inef#el. I meu &eus, hs de e0clamar, por que

    33 P E2. &o recolhimento

    B2

    no empre%o sempre os meus olhos para contemplar-#os, assim como #4s estais sempre olhando para mim com tanta !ondade? Por que pensais tanto em mim, Senhor? ' por que eu penso to raras #e,es em #4s? 1nde que estamos n4s, minha alma? / nossa #erdadeira ha!itao em &eus, e onde que nos achamos? 1s passarinhos t8m seus ninhos, onde se refu%iamos #eados t8m os matos e moitas para se esconderem ao a!ri%o dos caadores e dos raios ardentes do sol- nosso corao de#e escolher para si tam! m, todos os dias, um lu%ar ou no "al#rio ou nas cha%as de Aesus "risto ou em al%um outro lu%ar perto dele, para se retirar, de tempos em tempos, para repousar do !ul7cio Na%itaoO e calor dos ne%4cios e0teriores e para se defender dos ataques do inimi%o. Sim, tr8s #e,es feli, a alma que em #erdade pode di,er a +osso Senhor; J4s sois o meu lu%ar de ref.%io, a minha fortale,a contra os inimi%os, 2 som!ra de #ossas asas respiro um ar dulc7ssimo e estou se%uro, ao a!ri%o das intemp ries do tempo. Rem!ra-te, Filot ia, de retirar-te muitas #e,es 2 solido do teu corao, ao passo que as tuas tarefas e con#ersas o ocupam e0teriormente, para estares a s4s com teu &eus. :udo o que te cerca no lhe pode fechar a entrada, porque tudo isso est fora de si mesma. 'ste era o e0erc7cio ordinrio de &a#i no meio de suas m.ltiplas e importantes ocupa(es, como #emos muitas #e,es nos salmos; 5 'enhor, estou sempre convosco* sempre vos estou vendo, meu (eus, diante de mim* levantarei os meus olhos para v6s, 6 meu (eus, que habitais no cu* meus olhos estar sempre em (eus. "om efeito, to s rias no so de ordinrio as nossas con#ersas, nem e0i%em tanta aplicao as nossas ocupa(es, que no possamos lhe su!trair um pouco de ateno para nos retirarmos 2 querida solido. "omo os pais de Santa "atarina de Sena no lhe dei0assem tempo nem lu%ar al%um para suas ora(es e medita(es, +osso Senhor inspirou-lhe o pensamento de eri%ir NconstruirO um

    33 P E2. &o recolhimento

    B3

    orat4rio no fundo do corao, onde pudesse refu%iar-se em esp7rito, no meio das ocupa(es penosas que seus pais lhe impunham. 'la assim fe, e com facilidade p$de suportar todas as contrariedades do mundo, porque, como costuma#a di,er, se encerra#a neste aposento interior, onde se consola#a com seu 'sposo celeste. :ornou-se esta a sua prtica ordinria e desde ento muito a recomenda#a aos outros. Cecolhe-te, 2s #e,es, 2 solido interior do teu corao, e a7, num completo desape%o das criaturas, trata dos ne%4cios de sal#ao e perfeio com &eus, como dois ami%os que cuidam familiarmente de seus ne%4cios- di,e-lhe como &a#i; 7erneime semelhante ao pelicano do deserto, che!uei a ser como a coruja no seu alber!ue "i!iei e estou como pssaro solitrio no telhado :omando estas pala#ras no sentido literal, elas querem di,er que este %rande rei acostumara seu corao 2 solido e passa#a cada dia al%umas horas entre%ue 2 contemplao das coisas espirituais- interpretando-as, por m, num sentido m7stico, elas nos descerram tr8s !el7ssimas solid(es, para onde nos podemos retirar com o nosso amant7ssimo Aesus. / comparao da coru)a escondida nas ru7nas mostra-nos o estado !rilhante do di#ino Sal#ador, deitado so!re as palhas da man)edoura, num est!ulo, escondido e desconhecido de todo o mundo, de que deplora#a os pecados. / comparao do pelicano, que tira o san%ue de suas #eias para alimentar os seus filhotes, ou, melhor, para lhes dar a #ida, nos lem!ra o estado do Sal#ador no "al#rio, onde o seu amor o le#ou a derramar todo o seu san%ue para nossa sal#ao. / terceira comparao nos aponta o estado do Sal#ador em sua %loriosa ascenso, quando, tendo aparecido no mundo to pequenino e despre,7#el, se ele#ou ao c u dum modo to !rilhante. Cetiremo-nos muitas #e,es para perto de Aesus, num destes tr8s estados. 'stando o !em-a#enturado 'l,erio, conde de /riano, na Pro#ena, ausente desde muito, a sua esposa, a piedosa e casta

    33 P E2. &o recolhimento

    B6

    &elfina, en#iou-lhe um mensa%eiro e0pressamente para informar-se do estado de sua sa.de e ele respondeu do modo se%uinte; HJou indo !em, minha querida esposa, e, se me queres #er, procura-me na cha%a do lado do nosso amant7ssimo Aesus- l que eu moro e a7 me achars- querer procurar-me noutra parte um tra!alho perdidoM. 3sso , na #erdade, ser um ca#alheiro cristo 2s direitas. II ,! "s ora0es 5aculatrios e os +ons $ensamentos Cecolhemo-nos em &eus, porque o dese)amos e o dese)amos para recolhermo-nos nele. &este modo, o recolhimento espiritual e o dese)o ou aspirao por &eus dose as mos um ao outro e am!os pro#8m dos !ons pensamentos. 'le#a muitas #e,es o teu esp7rito e corao a &eus, Filot ia, por )aculat4rios !re#es e ardentes. /dmira a e0cel8ncia infinita de suas perfei(es, implora o au07lio de seu poder, adora a sua di#ina ma)estade, oferece-lhe tua alma mil #e,es por dia, lou#a sua infinita !ondade, lana-te em esp7rito aos p s de Aesus crucificado, interro%a-o muitas #e,es so!re tudo aquilo que concerne 2 tua sal#ao, sa!oreia interiormente a doura do seu esp7rito, estende-lhe a mo, como uma criancinha a seu pai, pedindo-lhe que te %uie e condu,a- p(e a sua cru, no teu peito, como um delicioso ramalhete, p(e-na em teu corao, como uma !andeira de!ai0o da qual tens que com!ater o inimi%onuma pala#ra, #ol#e teu corao para todos os lados e d-lhe todos os mo#imentos que puderes, para e0cit-lo a um amor terno e ardoroso ao teu 'sposo di#ino. 5uito aconselha#a Santo /%ostinho 2 #irtuosa senhora, por nome Pro!a, a recitao das ora(es )aculat4rias, porque, se nossa alma se acostuma a tratar to familiarmente com &eus, aos poucos copiar em si as perfei(es di#inas. ' de notar !em que este e0erc7cio nada tem de dif7cil e no incompat7#el com tuas ocupa(es- s4 o que necessrio so al%uns

    33 P E3. /s ora(es )aculat4rios e os !ons pensamentos

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    momentos de ateno, o que, lon%e de pertur!ar ou diminuir a ateno do esp7rito aos ne%4cios, a torna mais efica, e sua#e. 1 #ia)ante que toma um pouco de #inho, para refrescar a !oca e ale%rar o corao, no perde o seu tempo, porque reno#a as foras e se det m apenas para depois andar mais depressa e percorrer um caminho maior. "om este intento se compuseram di#ersas cole(es de ora(es )aculat4rias, que tenho por muito .teis- entretanto, no aconselho que te cin)as a isso- contenta-te em di,er com o corao ou com os l!ios tudo quanto o amor te inspira no momento, pois ele te inspirar tudo o que podes dese)ar. * #erdade que e0istem certas pala#ras que nos do uma ale%ria toda particular, como as dos salmos, que so to ardentes, ou antes certas in#oca(es do santo nome de Aesus ou, ento, aquelas setas inflamadas no amor di#ino, que se nos deparam no li#ro dos "antares. "oncedo mesmo que os cantos espirituais possam ser#ir a este fim, quando so cantados com ateno e seriedade. "a!e aqui o e0emplo de pessoas que se amam com um amor humano e natural- tudo nelas se ocupa desse amor P o esp7rito, a mem4ria, o corao e a l7n%ua. 9uantas lem!ranas e recorda(esL 9uantas refle0(esL 9uantos enle#osL 9uantos lou#ores e protestosL 9uantas con#ersas e cartasL 'st-se sempre querendo pensar e falar disso e at nas cascas das r#ores, nos passeios, h de se inscre#er uma qualquer coisa. /ssim, aqueles que esto possu7dos do amor a &eus s4 respiram por ele e s4 aspiram ao pra,er de am-lonunca dei0am de falar e pensar nele e, se fossem senhores dos cora(es de todos os homens, quereriam %ra#ar neles o nome sacrossanto de Aesus. +ada h neste mundo que no lhes fale dos atrati#os do di#ino amor e no lhes anuncie os lou#ores do seu &ileto. Sim P di, Santo /%ostinho, depois de Santo /nto P tudo o que e0iste neste mundo lhes fala de &eus na eloqu8ncia duma lin%ua%em muda, mas muito compreens7#el 2 inteli%8ncia deles, e seu corao transforma estas pala#ras e

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    pensamentos em aspira(es amorosas e em doces impulsos, que os ele#am at a &eus. 'is aqui al%uns e0emplos; So Gre%4rio, !ispo de +a,ian,o, passeando um dia na praia, como ele contou a seu po#o, considera#a atentamente as in.meras e #ariadas conchas que as ondas arremessa#am 2 praia e depois restitu7am ao mar, e ao mesmo tempo contempla#a, admirado, a solide, dos rochedos #i,inhos, contra os quais o mar se arro)a#a impetuosamente. &iante desta #ista ele pensa#a que isto representava exatamente o carter das almas #racas e super#iciais, que se deixam levar j 8 ale!ria, j 8 tristeza, cedendo indi#erentemente a todas as vicissitudes da vida, e o carter das almas !enerosas e constantes, que nada pode abalar. ' ento o seu corao, apro#eitando-se deste pensamento, ele#ara-se a &eus, di,endolhe com o profeta-rei; 'alva-me, 'enhor, porque as !uas t)m entrado at a minha alma4 livra-me, 'enhor, deste abismo* porque che!uei ao alto mar e a tempestade me submer!iu. ' de notar que estas pala#ras se quadra#am muito com a situao em que se acha#a, sofrendo com admir#el mansido a usurpao que 50imo queria fa,er de seu !ispado. So Ful%8ncio, !ispo de Cuspe, achando-se em Coma, por ocasio do triunfo de :eodorico, rei dos Godos, que presidiu em pessoa a uma assem!leia %eral da no!re,a romana, encantado com a #ista de um espetculo to ma%n7fico, e0clamou; Ah9 'e a :oma terrestre t$o rica e t$o brilhante, qu$o bela h de ser ent$o a ;erusalm celeste9 2, se o 'enhor de todos os bens deu tanta ma!ni#ic)ncia aos amantes da vaidade, que n$o reservar ent$o aos que contemplam eternamente as suas verdades< &i,-se que Santo /nselmo, que nossos montes se ufanam de ter #isto nascer, e que foi !ispo de "anturia, era muito h!il nesta arte de espirituali,ar os pensamentos mais comuns. 'stando um dia em #ia%em, aconteceu que uma le!re, perse%uida pelos caadores, #eio refu%iar-se de!ai0o de seu

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    ca#alo, e os ces, latindo em redor, no ousaram #iolar a imunidade do seu asilo. 5uita %raa acharam os caadores num espetculo to raromas o santo prelado, tocado inteiramente do esp7rito de &eus, disse-lhes, entre soluos e l%rimas; Ah9 "6s estais rindo, mas o pobre animal n$o tem vontade de rir Pensai bem que in#elicidade a de uma alma que at a hora da morte arrastada pelo dem=nio, de erro em erro e de pecado em pecado 2nt$o, cheia de terror, ela procura um asilo* e, se n$o o encontra, os seus inimi!os se escarnecem dela e eternamente a conservar$o como sua presa. Cece!endo Santo /nto uma carta muito honrosa do imperador "onstantino 5a%noUaV, e causando isso muita admirao aos reli%iosos, seus companheiros, o santo lhes disse; Por que vos admirais que um rei escreva a um homem< Admirai antes a bondade in#inita do (eus eterno pelos homens mortais, tendo-lhes escrito ele mesmo a sua lei e #alado a eles pela boca de seu pr6prio 3ilho. So Francisco, notando num re!anho de !odes e ca!ras uma .nica o#elha, ponderou a seu companheiro; &lha como ela mansa e bela9 assim era tambm a brandura e mansid$o do humilde ;esus no meio dos escribas e #ariseus. ' outra #e,, #endo um cordeirinho comido por um porco, e0clamou, chorando; Ah9 %ue representa$o viva da morte de meu 'alvador9 So Francisco de @or)a, duque de "andia, este #aro ilustre de nossos tempos, ser#ia-se de todos os acontecimentos da caa para fa,er pias refle0(es. Admirava-me, dizia ele um dia, depois da caa, a docilidade dos #alc>es, que tornam 8 m$o dos caadores, se deixam velar os olhos e prender 8 percha
    UaV "onstantino 3, tam! m conhecido como "onstantino 5a%no ou "onstantino, o Grande Nem latim Fla#ius Jalerius "onstantinus- +aisso, 2B2 _ 22 de maio de 33BO, foi um imperador romano, proclamado /u%usto pelas suas tropas em 2< de )ulho de 3F=, que %o#ernou uma poro crescente do 3mp rio Comano at a sua morte.

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    ?madeira@, e espanta-me a indocilidade ce!a dos homens, sempre rebeldes 8 voz de (eus. So @as7lio di, que a rosa cercada de espinhos d aos homens esta instruti#a lio; 7udo o que h de mais a!radvel neste mundo, 6 homens mortais, permeado de tristeza 1enhum bem vos completamente puro* por toda parte o mal se mescla com o bem, o arrependimento com o prazer, a viuvez com o casamento, o trabalho e o cuidado com a #ertilidade, o temor da queda com a eleva$o da !l6ria, muitas despesas com as honras, o des!osto com as delcias, e as doenas com a saAde B verdade, acrescenta este santo padre, a rosa uma #lor encantadora* mas enquanto a sua vista me re!ozija, ela me atormenta, em me lembrando meus pecados, pelos quais a terra #oi condenada a produzir espinhos. Uma pessoa piedosa, considerando com indi,7#el pra,er, ao luar, um re%ato em que o c u salpicado de estreias se refletia como num espelho, e0clamou, cheia de ale%ria; 5 meu (eus, na realidade todas estas estreias estar$o debaixo de meus ps, quando me receberdes nos vossos santos tabernculos. ', como as estrelas se representam na terra, assim os homens da terra ho de ser representados em &eus, que a fonte #i#a do amor di#ino. Uma outra pessoa, contemplando a #elocidade com que um rio corria para lanar-se ao mar, disse; Assim ser minha alma em seus movimentos, nem ter descanso at se abismar na divindade, donde tirou a sua ori!em. Santa Francisca, olhando para um ameno ri!eiro, em cu)as mar%ens esta#a de )oelhos, fa,endo a sua orao, ele#ada em 80tase, repetia muitas #e,es estas pala#ras; Assim, com esta suavidade corre a !raa de (eus para a minha alma Uma pessoa, que no posso nomear, #endo um )ardim todo em flor, e0clamou; Ah9 Cei de ser eu o Anico arbusto sem #lores, no jardim delicioso da 0!reja< Uma outra, ao #er os pintainhos de!ai0o das asas da %alinha,

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    di,; 5 'enhor, conservai-me 8 sombra de vossas asas. Uma terceira, contemplando um %irassol, e0clamou; %uando ser, meu (eus, que minha alma se!uir sempre os atrativos de vossa bondade< ', olhando para essas flore,inhas formosas, mas sem perfume, que se chamam amores-perfeitos Npens es, em franc8sO; Ah9 'emelhantes s$o os meus pensamentos, belos de pro#erir-se, mas inAteis para tudo. 'is a7, Filot ia, como de tudo que acontece nesta #ida mortal se podem dedu,ir pensamentos salutares e santas aspira(es. 1hL 3nfeli,es daqueles que usam das criaturas dum modo contrrio 2 inteno do "riador. @em-a#enturados aqueles que procuram em tudo a %l4ria do "riador e que usam da #aidade das criaturas para %lorificar a #erdade incriada. %uanto a mim, di, So Gre%4rio +a,ian,eno, estou acostumado a aproveitar de todas as coisas para o pro!resso espiritual de minha alma . /conselho-te tam! m a ler o epitfio de Santa Paula, escrito por So Aer$nimo- com pra,er hs de encontrar a7 as muitas aspira(es que lhe eram ha!ituais em todos os acontecimentos da #ida. Gra#a !em profundamente em tua mente que a de#oo consiste principalmente neste e0erc7cio de recolhimento espiritual e de ora(es )aculat4rias, / sua utilidade to %rande que pode suprir a falta de todos os modos de re,ar- e, ao contrrio, se se ne%li%ente neste ponto, dificilmente se encontra um meio de ressarcir a perda. Sem este e0erc7cio no se podem cumprir os de#eres da #ida contemplati#a e, quanto aos da #ida ati#a, s4 com muita dificuldade. 1 descanso seria sem ele um meio 4cio e o tra!alho no passaria dum estor#o e dissipao. Por estas ra,(es eu te e0orto e con)uro a adquirir com todo o teu corao esta prtica e a )amais a a!andonar. II 1! " :issa como devemos $artici$ar E. /t aqui ainda no falei do Sant7ssimo Sacrif7cio e Sacramento do /ltar, que para os e0erc7cios de piedade o que

    33 P E6. / 5issa como de#emos participar

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    o sol para os outros astros. / 'ucaristiaUaV , na #erdade, a alma da piedade e o centro da reli%io crist, 2 qual se referem todos os seus mist rios e leis. * o mist rio da caridade, pelo qual Aesus "risto, dando-se a n4s, nos enche de %raas dum modo to amoroso quo su!lime. 2. / orao feita em unio com este sacrif7cio di#ino rece!e uma fora mara#ilhosa, de sorte que a alma, Filot ia, cheia das %raas de &eus, da sua#idade de seu esp7rito e da influ8ncia de Aesus "risto, se acha naquele estado de que fala a 'scritura quando di, que a 'sposa dos "antares esta#a reclinada so!re o seu &ileto, inundada de del7cias e semelhante a uma nu#em de fumaa que o incenso mais precioso le#anta para o c u, aromati,ando o ar. 3. Fa,e o poss7#el para arran)ar o tempo necessrio de ou#ir todos os dias a santa 5issa, a fim de oferecer )untamente com o sacerdote o sacrif7cio do teu di#ino Cedentor a &eus, seu Pai, por ti mesma e por toda a 3%re)a. So Aoo "ris4stomo nos afirma que os an)os a ele assistem em %rande n.mero, para honrar com sua presena este mist rio ador#el. +o de#emos du#idar que, unindo-nos com 'le num mesmo esp7rito, tornemos o c u prop7cio a n4s, enquanto a 3%re)a triunfante Nsantos do " uO e militante Nn4s na terraO se a)unta com Aesus neste ato di#ino, para %anhar-nos n'le e por 'le o "orao de &eus, seu Pai, e merecer-nos todas as suas miseric4rdias. 9ue dita para uma alma poder concorrer para isso al%um tanto, por uma de#oo sincera e afetuosaL 6. Se a!solutamente no podes ir 2 i%re)a, necessrio ento
    UaV 'ucaristia; E. mesmo que ao de %raas - 2. sacramento central da 3%re)a, consoante o qual, atra# s das pala#ras pronunciadas pelo padre, po e #inho transu!stanciam-se, respecti#amente, no corpo e san%ue de "risto - 3. ponto culminante do culto, em que se d a cele!rao desse sacramento com a frao da h4stia sa%rada- !anquete sa%rado, po da alma, po dos an)os - 6. a h4stia sa%rada - <. orao lit.r%ica mais solene de um culto.

    33 P E6. / 5issa como de#emos participar

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    suprires a falta da presena corporal pela espiritual- nunca omitas, numa hora da manh, ir em esp7rito aos p s do altar, identificar a tua inteno com a do padre e dos fi is e ocupar-te com este santo sacrif7cio, em qualquer parte que esti#eres, como o farias, se esti#esses na i%re)a. Proponho-te em se%uida um m todo de ou#ir a 5issa de#otamente. aO &esde o comeo da 5issa at o padre su!ir ao altar, fa,e com ele a preparao, que consiste em te apresentares a &eus, em confessares a tua indi%nidade e em pedires perdo de teus pecados. !O &epois de su!ir o padre ao altar, at ao '#an%elho, considera a #inda e a #ida de +osso Senhor neste mundo, lem!rando-te delas com uma representao simples e %eral. cO &o '#an%elho at depois do "redo considera a pre%ao de +osso Senhor- protesta-lhe sinceramente que queres #i#er e morrer na f , na prtica de sua pala#ra di#ina e na unio da santa 3%re)a "at4lica. dO &o "redo ao Pai-nosso aplica, teu esp7rito 2 meditao da pai0o e morte de Aesus "risto, as quais se representam atual e essencialmente neste santo sacrif7cio, que oferecers em unio com o padre e com todo o po#o a &eus, o Pai de miseric4rdia, para sua %l4ria e nossa sal#ao. eO &o Pai-nosso 2 comunho, e0cita teu corao, por todos os modos poss7#eis, a querer ardentemente, unir-se a Aesus "risto pelos laos mais fortes do eterno amor. fO &a comunho ao fim, a%radece 2 sua di#ina ma)estade, por sua encarnao, #ida, pai0o e morte e tam! m pelo amor que nos testemunhou neste santo sacrif7cio, con)urando-o por tudo isso a ser prop7cio a ti, a teus parentes e ami%os e a toda a 3%re)a e, a)oelhando-te em se%uida com profunda humildade, rece!e de#otamente a !8no que +osso Senhor te d na pessoa de seu ministro. 9uerendo, no entanto, fa,er no tempo da santa 5issa a tua meditao ha!itual, escusa-te se%uir este m todo. Ser

    33 P E6. / 5issa como de#emos participar

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    suficiente fa,er no comeo a P inteno de assistir a este santo sacrif7cio, tanto mais que quase todas as prticas deste m todo se acham sinteti,adas numa meditao !em feita. II 3! Outros e&erc=cios de devoo +os domin%os e dias de festa, que so dias consa%rados a &eus N3[ mandamentoO por um culto mais particular e mais amplo, pensas muito !em, Filot ia, que te de#es ocupar mais que de ordinrio dos de#eres de reli%io, e que, fora os outros e0erc7cios, de#es assistir ao of7cio de manh e 2 tarde UaV, se o podes comodamente. Sentirs com muita doura a piedade e podes crer a Santo /%ostinho, que afirma em suas H"onfiss(esM que, quando, no comeo de sua con#erso, assistia ao of7cio di#inoU!V, o seu corao se inunda#a de sua#idade e seus olhos se arrasa#am de l%rimas. &emais Ndirei uma #e, por todasO, tudo o que se fa, na 3%re)a, pu!licamente, tem sempre maior #alor e consola(es do que o que se fa, pri#adamente- porque &eus quer que no tocante a seu culto demos sempre a prima,ia 2 comunho dos fi is, de prefer8ncia a todas as de#o(es particulares. 'ntra de !om %rado nas confrarias do lu%ar onde moras e principalmente naquelas cu)os e0erc7cios te prometem maior utilidade e edificao- tens ai uma esp cie de o!edi8ncia muito a%rad#el a &eus- pois, conquanto no e0ista um preceito so!re este ponto, , contudo, fcil de #er que a 3%re)a no-los recomenda muito, manifestando suas inten(es com as indul%8ncias e outros pri#il %ios que concede a estas pias associa(es. /l m disso, uma o!ra de caridade crist aceder 2s !oas inten(es dos outros e contri!uir para os seus !ons prop4sitos e, conquanto em particular pudesses fa,er al%uma coisa to !oa e com maior %osto do que nas confrarias se fa,,
    UaV 1f7cio ` Ritur%ia das Soras ou 1rao das Soras. 1!s. '0iste um li#ro pr4prio. U!V Ritur%ia das Soras.

    33 P E<. 1utros e0erc7cios de de#oo

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    &eus rece!eria, no entanto, maior %l4ria aqui, pela unio de tantos cora(es e ofertas. 1 mesmo di%o de todas as ora(es e de#o(es p.!licas, 2s quais de#emos concorrer, quanto est em nossas foras, com nosso !om e0emplo, para a %l4ria de &eus, a edificao do pr40imo e o fim especial que a7 se tem em mira. II 6! Devemos 4onrar e invocar os santos Sendo pelo minist rio dos an)os que muitas #e,es rece!emos as inspira(es de &eus, tam! m por meio deles que lhe de#emos apresentar as nossas aspira(es, no menos que por meio de santos e santas, que, como +osso Senhor disse, sendo a%ora semelhantes aos an)os na %l4ria de &eus, lhe apresentam de cont7nuo as suas ora(es e dese)os em nosso fa#or. /liemos os nossos cora(es, Filot ia, a estes esp7ritos celestes, a estas almas !em-a#enturadas- assim como os filhotes dos rou0in4is aprendem a cantar com os %randes, n4s aprenderemos tam! m, por esta unio, a honrar a &eus e a re,ar condi%namente. 2u cantarei, 'enhor, os vossos louvores, di,ia &a#i, na presena de vossos anjos. Sonra, #enera e respeita dum modo especial7ssimo a Sant7ssima e '0celsa Jir%em 5aria, que, como 5e de Aesus "risto, nosso irmo, tam! m indu!ita#elmente a nossa 5e. Cecorramos a ela e, como seus filhinhos, lancemo-nos a seus p s e aos seus !raos com uma perfeita confiana, em todos os momentos e em todos os acontecimentos. 3n#oquemos a esta 5e to santa e !oa- imploremos o seu amor maternotenhamos para com essa 5e um corao de filho e esforcemonos por imitar as suas #irtudes. Procura uma familiar con#i#8ncia de tua alma com os an)os, lem!rando-te muitas #e,es de sua presena- ama e #enera, so!retudo, o an)o da diocese onde ests, os das pessoas com

    33 P E=. &e#emos honrar e in#ocar os santos

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    quem #i#es e em especial o teu pr4prio Nan)oO. Ce,a a eles de #e, em quando, !endi,e a &eus por eles, implora-lhes a proteo em todos os ne%4cios espirituais e temporais, para que au0iliem as tuas inten(es. 1 %rande Pedro Fa!er, primeiro padre, primeiro pre%ador, primeiro professor de teolo%ia da "ompanhia de Aesus e primeiro companheiro de Santo 3ncio, seu fundador, re%ressando um dia da /lemanha, onde tinha tra!alhado muito para a %l4ria de &eus, e passando por esta diocese, onde nascera, conta#a que a sua de#oo de saudar os an)os das par4quias de seu itinerrio lhe tinha #alido muitas consola(es interiores de sua alma e uma especial proteo em suas #ia%ens- asse%ura#a ele que sensi#elmente conhecera quanto lhe tinha sido prop7cio, ou sal#a%uardando-o das ciladas dos here%es, ou preparando numerosas almas para rece!erem mais docilmente a doutrina da sal#ao. ' com tal dese)o de espalhar esta de#oo di,ia isto, que uma senhora, estando a7 presente nos anos de sua )u#entude, o conta#a ainda, h quatro anos passados, isto , mais de sessenta anos depois, com sentimentos de muita piedade. 9uanto a mim, %rande consolao ti#e no ano passado, quando consa%rei um altar na aldeia de Jillaret, entre as nossas montanhas mais inacess7#eis, no mesmo lu%ar onde #ira a lu, o !em-a#enturado ser#o de &eus. 'scolhe um santo em cu)a intercesso deponhas especial confiana e cu)a #ida possas ler com maior %osto para lhe imitar as #irtudes. Sem d.#ida, o santo cu)o nome rece!este no !atismo de#e ter entre todos o primeiro lu%ar. II 7! *omo ouvir e ler a $alavra de Deus &e#es ter um %osto especial em ou#ir a pala#ra de &eus, mas ou#e-a sempre com ateno e respeito, quer no sermo, quer em con#ersas edificantes dos teus ami%os que %ostam de falar em &eus. * a !oa semente, que no se de#e dei0ar cair em

    33 P EB. "omo ou#ir e ler a pala#ra de &eus

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    terra Nno preparada ou a!eira do caminhoO UaV. /pro#eita-te !em dela- rece!e-a no teu corao como um !lsamo precioso, 2 imitao da Sant7ssima Jir%em, que conser#a#a no seu corao, cuidadosamente, tudo o que ou#ia di,er de seu di#ino Filho, e lem!ra-te sempre que &eus no ou#ir fa#ora#elmente as nossas pala#ras na orao, se no tirarmos pro#eito das suas nos serm(es. :em sempre conti%o um !om li#ro de de#oo, como os de So @oa#entura, de Gerson, de &ion7sio "artusiano, de Ru7s de @lois, de Granada, de 'stella, de /rias, de Pinelli, de Ra Puente, de >#ila, o H"om!ate espiritualM, as H"onfiss(esM de Santo /%ostinho, as H'p7stolasM de So Aer$nimo e outros semelhantes. R8-o por al%um tempo todos os dias, mas com tanta ateno como se um santo to en#iasse e0pressamente para te ensinar o caminho do c u e encora)ar-te a trilh-lo. R8 tam! m as #idas dos santos, onde #ers, como em um espelho, o #erdadeiro retrato da #ida de#ota, acomodando os seus e0emplos aos de#eres do teu estado. Pois, em!ora muitas a(es dos santos no possam ser imitadas por pessoas que #i#em no s culo, contudo, de perto ou de lon%e, todas elas podem ser se%uidas. 3mita a %rande solido de So Paulo, o primeiro eremita, pela solido espiritual do teu corao e pelo recolhimento ass7duo, se%undo as tuas foras- ou, ento, a po!re,a e0trema de So Francisco, por certas prticas de po!re,a de que ainda hei de falar. 'ntre as #idas dos santos e santas h al%umas que espalham lu, em nossa mente para a direo de nossa #ida, como a da !em-a#enturada madre :eresa N&#ilaO, o que torna a sua leitura admir#el, as dos primeiros Aesu7tas, a do cardeal So "arlos @orromeu, de So Ru7s, de So @ernardo, as H"r$nicasM de So Francisco e outros li#ros semelhantes. 1utras h que nos so propostas mais para a
    UaV 5t E3,231 que foi semeado em terra !oa aquele que ou#e a Pala#ra e a entende. 'sse d fruto, produ,indo 2 ra,o de cem, de sessenta e de trintaM.

    33 P EB. "omo ou#ir e ler a pala#ra de &eus

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    admirao, do que para a imitao, como as de Santa 5aria '%ipc7aca, de So Simo 'stilita, de Santa "atarina de Sena, de Santa "atarina de G8no#a, de Santa an%ela, as quais, em todo caso, muito nos afer#oram em %eral no santo amor de &eus. II 8! *omo rece+er as ins$ira0es Por inspira(es compreendemos todos os atrati#os da %raa, os !ons mo#imentos do corao, os remorsos de consci8ncia, as lu,es so!renaturais e em %eral todas as !8nos com que &eus #isita o nosso corao, por sua miseric4rdia amorosa e paternal, para acordar-nos da nossa sonol8ncia ou para nos incitar 2 prtica das #irtudes ou para aumentar em n4s o amor a ele- numa pala#ra; para nos fa,er procurar o que de nosso interesse eterno. * e0atamente isso que o 'sposo dos "antares chama em termos m7sticos procurar a 'sposa, !ater-lhe 2 porta, falar-lhe ao "orao, acord-la, fa,8-la chamar por ele em sua aus8ncia, con#id-la a comer o seu mel, a colher frutos e flores e a lhe falar. Sir#o-me tam! m desta comparao para maior clare,a. :r8s coisas so necessrias para contrair-se um despons4rio; primeiro h de ser proposto 2 pessoa de que se dese)a o corao e a fidelidade- se%undo, esta h de anuir 2 proposta- e, terceiro, h de dar o consentimento. /ssim, &eus, quando quer operar em n4s, por n4s e conosco al%uma coisa para sua %l4ria, primeiro no-la prop(e por suas inspira(es- n4s a rece!emos com uma sua#e complac8ncia e damos o consentimento. Pois, como h tr8s de%raus pelos quais se cai no pecado P a tentao, o deleite e o consentimento P assim tam! m h tr8s de%raus pelos quais nos ele#amos 2 prtica das #irtudes; a inspirao, que contrria 2 tentao- a complac8ncia na inspirao, que oposta ao deleite da tentao, e o consentimento 2 inspirao, que se op(e ao que se d 2 tentao. "aso a inspirao durasse todo o tempo de nossa #ida, nem

    33 P EK. "omo rece!er as inspira(es

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    por isso ser7amos mais a%rad#eis a &eus, se no a rece!8ssemos com a%rado. /o contrrio, ofender7amos a &eus, como os israelitas, que, como ele mesmo disse, a!usaram por quarenta anos da %raa que lhes deu para e con#erterem, aos quais, por isso, foi proi!ido por um )uramento de entrarem na terra do seu repouso. 'st complac8ncia 2s inspira(es muito adianta a o!ra de &eus em n4s e nos atrai a complac8ncia de seus olhos. Pois, conquanto ainda no se)a um consentimento perfeito, em todo caso lhe uma disposio muito fa#or#el- e, se ) o %osto que se tem de ou#ir a pala#ra de &eus, que quase uma disposio e0terna, muito a%rad#el a &eus e um sinal de sal#ao, muito mais o ser, sem d.#ida, a complac8ncia 2s inspira(es. * desta deleitao que nos fala a 'sposa dos "antares, di,endo; A minha alma se des#ez em ale!ria quando meu (ileto me #alou. 5as, enfim, do consentimento que tudo depende- pois, tendo rece!ido uma inspirao com complac8ncia, mas sem dar o nosso apra,imentoUaV, tornamo-nos r us duma e0trema in%ratido para com a di#ina 5a)estade e quase a tratamos com maior despre,o do que se a ti# ssemos re)eitado imediatamente. Foi esta a falta e a des%raa da 'sposa dos "antares, que, sensi!ili,ada com muita ale%ria, ao ou#ir a #o, do seu &ileto, contudo no lhe a!riu a porta e se escusou duma maneira fr7#ola, de sorte que o 'sposo se foi em!ora, dei0ando-a com indi%nao. "umpre, Filot ia, resol#er este a rece!er dora em diante todas as inspira(es do c u, como ha#erias de rece!er a an)os que &eus te en#iasse para tratar conti%o dum ne%4cio importante. 'scuta com calma o que a inspirao te prop(epresta ateno ao amor de quem a d, rece!e-a com ale%ria e d o teu consentimento dum modo terno e amoroso- e &eus, que
    UaV /pra,imento; sensao ou emoo a%rad#el- contentamento, deleite, pra,er - apro#ao de al%u m ou al%o- aceitao, consentimento.

    33 P EK. "omo rece!er as inspira(es

    KK

    nunca nos poder de#er al%uma o!ri%ao, no dei0ar de ter %osto em tua docilidade e fidelidade. 5as, se a inspirao e0i%e de ti al%uma coisa de maior e e0traordinrio, de#es suspender o consentimento at consultar o teu diretor espiritual, que a e0aminar para #er se #em de &eus ou no- porque acontece muitas #e,es que o inimi%o, #endo uma alma d4cil em se%uir as inspira(es, lhe insinua falsas, para a en%anar, mas de!alde, se ela o!edecer com humildade ao seu diretor. Uma #e, dado o consentimento 2 inspirao, cumpre e0ecutar cuidadosamente o que ela e0i%iu de n4s, o que completa a o!ra da %raa, porque reter o consentimento no interior, sem le#-lo a efeito, seria imitar a um homem que, tendo plantando uma #inha, no a quer culti#ar, com medo de que no produ,a frutos. "onsidera de quanta utilidade ser a tudo isso a de#oo da manh e o referido recolhimento do corao, conquanto nos disponhamos a fa,8-los !em, com uma preparao no s4 %eral, mas tam! m particular. II 9! O Sacramento da *onfisso +osso Senhor instituiu na sua 3%re)a o sacramento da penit8ncia ou confisso para purificar as nossas almas das suas culpas, todas as #e,es que se acharem manchadas. +unca permitas, Filot ia, que teu corao permanea muito tempo contaminado do pecado, tendo um rem dio to efica, e simples contra a sua corrupo. Uma alma su!)u%ada por um pecado de#ia ter horror de si mesma- e o respeito de#ido aos olhos da di#ina 5a)estade a o!ri%a a purificar-se dele o mais cedo poss7#el. /hL Por que ha#emos de morrer desta morte espiritual, tendo nas mos um rem dio to efica, para nos curar? "onfessa-te com humildade e de#oo todos os oito dias e, se for poss7#el, sempre que comun%ares, conquanto tua

    33 P EG. 1 Sacramento da "onfisso

    KG

    consci8ncia no te acuse de al%um pecado mortalUaV. /i rece!ers no s4 a remisso dos pecados #eniais que confessares, mas tam+m muitas lu#es $ara os discernir mel4or, muita fora para os e#itar e uma mara#ilhosa a!undQncia de %raas para reparar as perdas que te tenham causado. ' al m disso praticars nesse ato a humildade, a o!edi8ncia, a simplicidade e o amor a &eus P numa pala#ra, mais #irtudes que em nenhum outro ato de reli%io. "onser#a sempre uma #erdadeira dor dos pecados confessados, por menores que se)am, e uma firme resoluo de te corri%ires. Pessoas h que se confessam dos pecados #eniais s4 por um certo h!ito que lhes a%rada e sem pensar em corri%ir-se e por isso no se li#ram deles e se pri#am de muitas %raas necessrias para o seu pro%resso espiritual. Se te acusas duma li%eira mentira, duma pala#ra um pouco desre%rada, de al%uma circunstQncia menos !oa do )o%o, tem um #erdadeiro arrependimento e uma firme #ontade de prestar ateno a isso, porque um a!uso do sacramento te confessares dum pecado mortal ou #enial, sem quereres purificar dele a alma, sendo este o fim pelo qual a confisso foi institu7da. 1mite aquelas acusa(es sup rfluas, que muitos di,em por
    UaV Jer a nota depois do "ap. 2F. Pecado 5ortal; "at.3.". ]EK<K / mat ria %ra#e precisada pelos &e, mandamentos, se%undo a resposta de Aesus ao )o#em rico; H+o mates, no come-tas adult rio, no rou!es, no le#antes falso testemunho, no d4 fraudes nin%u m, honra teu pai e tua meM N5c EF, EGO. / %ra#idade dos pecados maior ou menor; um assassinato mais %ra#e que um rou!o. / qualidade das pessoas lesadas le#ada tam! m em considerao. / Jiol8ncia e0ercida contra os pais em mais %ra#e que contra um estranho. ]EK<G 1 pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressup(e o conhecimento do carter pecaminoso do ato, de sua oposio 2 lei de &eus. 'n#ol#e tam! m um consentimento suficientemente deli!erado para ser uma escolha pessoal. / i%norQncia afetada e o endurecimento do corao no diminuem, antes aumentam, o carter #oluntrio do pecado

    33 P EG. 1 Sacramento da "onfisso

    GF

    rotina. +o amei tanto a &eus, como de#ia, no re,ei com tanta de#oo, como de#ia, no rece!i os sacramentos com tanto respeito, como de#ia, e outras coisas semelhantes. / ra,o est !em de se #er- di,endo isso, de nada te acusas, em particular, que possa manifestar ao confessor o estado da tua consci8ncia e di,er o mesmo que os homens mais perfeitos deste mundo poderiam di,er e at mesmo os santos do c u, se ainda se pudessem confessar. Procura a ra,o particular por que te tens acusado dum modo to %eral e, assim que a achares, e0p(e teus pecados dum modo simples e natural. Por e0emplo; acusas-te de no ter amado o pr40imo como de#ias- foi tal#e, porque, sa!endo da indi%8ncia de um po!re que facilmente podias socorrer e consolar, omitiste este de#er de caridade- pois !em, acusa-te desta particularidade e di,e que no o socorreste, como podias, ou por ne%li%8ncia ou por dure,a de corao ou por despre,o. &o mesmo modo no te de#es acusar de no ter re,ado com toda a de#oo que de#ias ter- mas, pondo de parte esta acusao %eral, que de nada ser#e para a confisso, declara simplesmente que tens tido distra(es #oluntrias e que tens pre#aricado quanto ao lu%ar, tempo, a posio e0terior do corpo e outras circunstQncias necessrias para fa,er !em a orao. +a e0posio dos pecados #eniais no te d8s por satisfeita em referir o fato- acusa-te tam! m do moti#o por que te dei0aste le#ar. /ssim, di,er que pre%aste uma mentira que no pre)udica a nin%u m ainda no !astante- de#es acrescentar se o fi,este por #an%l4ria, para te lou#ar ou te escusar ou por %race)o ou por pertincia NteimosiaO. Se cometeste uma falta no )o%o, d e0plica(es so!re isso, di,endo se foi pelo dese)o de %anhar ou pelo pra,er de con#ersa- e assim por diante, quanto aos outros pecados. +o dei0es de determinar o tempo que durou o pecado, porque, de ordinrio, o tempo lhe aumenta nota#elmente a mal7cia. &e fato, muita diferena passa entre uma #aidade

    33 P EG. 1 Sacramento da "onfisso

    GE

    passa%eira, que se demorou em nossa alma a7 por um quarto de hora, e uma # complac8ncia que o or%ulho secreto do corao fomentou por um ou mais dias. +a acusao dum pecado tornase necessrio determinar o fato/ o motivo e a durao . * #erdade que, quanto aos pecados #eniais, em %eral no se est o!ri%ado a uma e0atido escrupulosa e que a pr4pria acusao no de necessidade a!soluta- contudo, quem quer purificar a sua alma, para atin%ir a perfeio da de#oo, de#e ter um %rande cuidado de p$r o mdico es$iritual !em ao fato de todos aqueles males dos quais se dese5a a cura, por menores que paream. Por fim, no cales nada que necessrio para fa,er compreender todo o teu pecado e nota ainda este e0emplo; um homem, que naturalmente me desa%rada, di,-me por a7 uma pala#rinha 2 toa e s4 por %race)o- mas eu a interpreto mal e me encoleri,o- ao contrrio, se uma pessoa de quem %osto me disser uma pala#ra muito mais #iolenta, eu a le#o a !em. 9ue de#o fa,er, pois, na confisso? &irei que me desmandei com pala#ras de enfado por ter le#ado a mal o que certa pessoa me disse, no em ra,o da qualidade das pala#ras, mas unicamente em ra,o da a#erso que tenho a essa pessoa. Aul%o at muito .til particulari,ar estas pala#ras de enfado. 5anifestando assim, ao confessor, no s4 os pecados cometidos, mas tam! m as ms inclina(es, os h!itos e outras ra7,es do pecado, ele conhecer mais a fundo o corao e os rem dios necessrios a suas enfermidades. * preciso, no entanto, enco!rir, quanto poss7#el for, as pessoas que concorreram para o teu pecado. Presta ateno a muitos pecados que su!stituem e dominam 2s #e,es por muito tempo no corao, sem que este o note, para os confessares e purificares deste modo o teu. Para este fim, podes ler atentamente os cap7tulos B, 2B, 2K, 3< e 3= da terceira parte e o cap7tulo B da quarta. +o mudes facilmente de confessor e d-lhe conta de tua

    33 P EG. 1 Sacramento da "onfisso

    G2

    consci8ncia nos dias marcados, di,endo-lhe sin%ela e francamente todas as tuas faltas e, de tempos em tempos, se)a mensalmente, ou se)a, cada dois meses, manifesta-lhe o estado de tuas inclina(es, em!ora no te tenham le#ado ao pecado; se o esp7rito de triste,a ou pesar te aca!runha, se teu corao pende muito 2 ale%ria ou se sentiste um #i#o dese)o de possuir maiores !ens. ' assim por diante. II '<! " comun4o frequente * conhecido o que se di, de 5itridates, rei do Ponto, na >sia, o qual in#entou um alimento preser#ati#o de todo #eneno. +utrindo-se dele, este rei tornou o seu temperamento to ro!usto que, estando a ponto de ser preso pelos romanos e querendo e#itar o cati#eiro, por mais que fi,esse, no conse%uiu se en#enenar. +o foi isso mesmo que fe, nosso di#ino Sal#ador dum modo #erdadeiro e real, no au%ust7ssimo Sacramento do altar, onde ele nos d o seu corpo e san%ue, como um alimento, que confere a imortalidade? * por isso que quem se apro0ima muitas #e,es e com de#oo desta sa%rada mesa rece!e tanta fora e #i%or, que quase imposs7#el que o #eneno mort7fero das ms inclina(es faa al%uma impresso em sua alma. +o, no se pode #i#er desta carne de #ida e morrer da morte do pecado. Se os homens no para7so terrestre podiam preser#ar-se da morte corporal, comendo do fruto da r#ore da #ida, por que no podero a%ora se preser#ar da morte espiritual, pela #irtude deste sacramento da #ida? +a #erdade, se os frutos mais tenros e e0postos 2 corrupo, como as cere)as, moran%os e damascos, se conser#am facilmente misturados com a.car ou mel, no h que se admirar que nossas almas, por mais fracas que se)am, se preser#em da corrupo do pecado, se se dei0am penetrar da fora e sua#idade do san%ue incorrupt7#el de Aesus "risto.

    33 P 2F. / comunho frequente

    G3

    I Filot ia, os cristos que se condenam estaro ante o Aui, )usto, sem sa!er o que lhe responder, quando ele lhes fi,er #er que sem ra,o al%uma e por pr4pria culpa morreram espiritualmente, podendo to facilmente preser#ar-se da morte, em se alimentando do seu corpo. 5iser#eis, ele h de di,er-lhes, por que estais mortos, se t7nheis entre as mos o fruto da #ida? "omun%ar todos os dias uma coisa que no lou#o nem censuro- mas comun%ar todos os domin%os uma prtica que aconselho e e0orto a todos os fi is, contanto que no tenham nenhuma #ontade de pecar. 'stas so as pr4prias pala#ras de Santo /%ostinho, de acordo com o qual eu no lou#o nem censuro a comunho cotidiana, remetendo os fi is 2 deciso do seu diretor espiritual, porque isto e0i%e uma disposio to e0traordinria, que no a podemos recomendar a todos indiscriminadamente, e, porque esta disposio se pode achar em muitas almas piedosas, no a podemos proi!ir a todos em %eral. Um )u7,o so!re este ponto pertence 2 discrio do confessor, que conhece o estado ha!itual e atual do penitente. Grande imprud8ncia seria tanto aconselhar indiferentemente a todas as pessoas a prtica da comunho frequente, como #ituperar al%u m que, por conselho dum s!io diretor, comun%a assiduamente. * porque muito apro#o a resposta )udiciosa e delicada que Santa "atarina de Sena deu a certa pessoa que, no apro#ando que ela comun%asse diariamente, lhe disse que Santo /%ostinho no o lou#a#a nem censura#a. Pois !em P respondeu ela com esp7rito se Santo /%ostinho no o censura, no o faais #4s to pouco e me contentarei do #osso sil8ncio. 'sts #endo, por m, Filot ia, que Santo /%ostinho encarecidamente recomenda aos fi is, por seus conselhos e e0orta(es, comun%arem em todos os domin%os. Fa,e-o, pois, quanto est em tuas foras, desde que, tendo purificado teu corao, como presumo, de todos os afetos ao pecado mortal e

    33 P 2F. / comunho frequente

    G6

    #enial, tens a alma mais !em disposta do que Santo /%ostinho e0i%e, porque, al m de no teres #ontade de pecar, nem mesmo tens afeto ao pecado. Poders at comun%ar mais #e,es que s4 aos domin%os, se alcanares licena de teu diretor espiritual. @em sei que podes estar le%itimamente impedida por moti#os que podem pro#ir tanto de tua parte como da parte daqueles com quem #i#es. Se al%uma depend8ncia, pois, te o!ri%a a o!edecer-lhes e respeit-los e eles entendam to pouco de sua reli%io ou tenham um carter to !i,arro que se inquietem e pertur!em por #er-te comun%ar todos os domin%os, ser tal#e, melhor, considerando todas as circunstQncias, condescender 2s suas fraque,as e comun%ar todos os quin,e dias, uma #e, que no podes superar este o!stculo. "omo no se pode formular uma re%ra so!re este ponto, estamos constran%idos a dei0ar a deciso ao confessor- contudo, podemos di,er com toda a #erdade que as pessoas que querem le#ar uma #ida de#ota de#em comun%ar ao menos uma #e, por m8s. Se sou!eres proceder com prud8ncia, nem pai, nem me, nem marido, nem mulher impediro tua comunho frequentepois, se a comunho em ponto al%um te far descuidar dos de#eres do teu estado e se, nos dias em que comun%ares, ti#eres mais !randura e complac8ncia com os outros, no #eross7mil que te queiram demo#er dura e0erc7cio, que a!solutamente no os incomoda, a no ser que se)am de to mau humor ou to desarra,oados que assim mesmo o faam. +este caso, cumpre se%uir a re%ra de condescend8ncia que aca!o de dar e o conselho do teu diretor. +o tocante 2s doenas, nenhuma delas pode ser um impedimento le%7timo de comun%ar, a no ser aquelas que pro#ocam #$mitos frequentes. /qui tens as re%ras que te posso dar so!re a comunho frequente. Para comun%ar todas as semanas necessrio no ter nenhum pecado mortal e nenhum afeto ao pecado #enial e

    33 P 2F. / comunho frequente

    G<

    sentir um %rande dese)o da comunho. 5as, para comun%ar todos os dias, necessrio, al m disso, purificar a alma de todas as ms inclina(es e se%uir o conselho do diretor espiritual.UaV II ' ! *omo comun%ar +em "omea ) na # spera do dia da comunho a te preparar com repetidas aspira(es do amor di#ino e deita-te mais cedo que de costume, para te le#antares tam! m mais cedo. Se acordas durante a noite, santifica esses momentos por al%umas pala#ras de#otas ou por um sentimento que impre%ne tua alma da felicidade de rece!er o di#ino 'sposo- enquanto dormes, ele est #elando so!re o teu corao e preparando as %raas que te quer dar em a!undQncia, se te achar de#idamente preparada. Re#anta-te de manh com este fer#or e ale%ria que uma tal esperana te de#e inspirar, e depois da confisso te apro0ima com uma %rande confiana e profunda humildade da mesa sa%rada, para rece!er este alimento celeste, que te comunicar a imortalidade. &epois de pronunciares as pala#ras; 'enhor, eu n$o sou di!no, que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra eu serei salvo A no de#es mo#er a ca!ea ou os l!ios para re,ar ou suspirar- mas, a!rindo um pouco a !oca e ele#ando a ca!ea de modo que o padre possa #er o que fa,, estende um pouco a
    UaV +ota do tradutor; Para poder-se a#aliar condi%namente o cap7tulo acima, con# m notar que no tempo em que So Francisco de Sales escre#eu este li#ro no se costuma#a comun%ar to frequentemente como a%ora. / pra0e atualmente #i%ente na 3%re)a a este respeito !em di#ersa da de ento, principalmente quanto 2s disposi(es requeridas. 1 decreto do Papa Pio b, Sacra tridentina sDnodus N2F de de,. EGF<O, confirmado pelo no#o &ireito 'clesistico NcQn. K=3O, e0orta efusi#amente a todos os fi is que se ache%uem muitas #e,es e mesmo todos os dias da sa%rada mesa, e0i%indo para isso unicamente; E[ que se achem atualmente em estado de %raa2[ que comun%uem com uma inteno reta, para a%radar a &eus e unir-se sempre mais intimamente com Aesus "risto.

    33 P 2E. "omo comun%ar !em

    G=

    l7n%ua e rece!e com f , esperana e caridade aquele que de tudo isso ao mesmo tempo o princ7pio, o o!)eto, o moti#o e o fim. I Filot ia, considera, se te a%radar, este doce pensamento; a a!elha, recolhendo o or#alho do c u e o suco das flores, que o mais precioso da terra, fa, disso o seu mel e o le#a para a colmeia, a fim de se alimentar- o padre toma do altar o Sal#ador do mundo, que o #erdadeiro Filho de &eus, descido do c u, e o #erdadeiro Filho da Jir%em, sa7do da terra, como todos os homens, e te entre%a para a alimentao de tua alma. '0cita ento o teu corao a render o culto de#ido a este Cei e Sal#ador di#ino- fa,e-lhe o melhor acolhimento que puderes. "ontempla a sua presena em ti, que ao mesmo tempo a tua felicidade- trata confidentemente com ele, so!re os teus ne%4cios interiores e por todo o resto do dia manifesta por tuas a(es que &eus est conti%o. Se no puderes comun%ar realmente na santa 5issa, fa,e-o ao menos em esp7rito e com o corao, unindo-te pela f 2 carne #i#ificante do Senhor. / principal inteno que de#es ter na comunho de adiantar, purificar e consolar a tua alma no amor de &eusde#es, pois, rece!er com esp7rito de amor o que s4 o amor te pode dar. +o, no podemos achar um outro ato mais amoroso e mais terno da !ondade de +osso Senhor do que este em que ele se aniquila, por assim di,er, e se d a n4s, como alimento, para penetrar a nossa alma de si mesmo e para estender esta unio tam! m ao corpo, ao corao dos seus fi is. Se o mundo te per%untar por que comun%as to frequentemente, de#es responder-lhe que para aprender a amar a &eus, $urificarBte de tuas im$erfei0es, li#rar-te de tuas mis rias, procurar consolo em tuas afli(es e fortificar-te em tuas fraque,as. &i,e ao mundo que duas esp cies de homens de#em comun%ar muitas #e,es; os perfeitos, porque, estando !em preparados, fariam muito mal de no se che%arem

    33 P 2E. "omo comun%ar !em

    GB

    muitas #e,es a esta fonte de perfeio, e os im$erfeitos/ a fim de as$irarem $erfeio- os fortes, para no se enfraquecerem, e os fracos, para se fortificarem- os sadios, para se preser#arem de todo o cont%io, e os doentes, para se curarem. ' acrescenta que, quanto a ti, que s do n.mero das almas imperfeitas, fracas e doentes, precisas rece!er muitas #e,es o /utor da perfeio, o &eus da fora e o 5 dico das almas. &i,e ao mundo que os que no se ocupam muito de ne%4cios de#em comun%ar muitas #e,es, porque t8m tempo, e os que t8m muito que fa,er, porque, carre%ados de muitos tra!alhos e penas, t8m necessidade do alimento dos fortes. &i,e, enfim, que comun%as frequentemente para aprender a comun%ar !em- porque nunca se fe, !em uma coisa em que raramente se e0ercita. "omun%a muitas #e,es, Filot ia, e tantas quantas puderes, de!ai0o da direo de teu pai espiritual, e cr8-me que, se o corpo toma as qualidades do alimento de que se nutre ha!itualmente, como #emos nas le!res de nossas montanhas, que no in#erno se tornam !rancas, porque s4 #eem ne#e, e s4 comem ne#e, cr8-me, di%o, que, alimentando muitas #e,es tua alma do /utor da !ele,a e da !ondade, da santidade e da pure,a, ela se tornar a seus olhos toda !ela e !oa, toda pura e santa.

    :erceira Parte

    GK

    Cerceira Parte Avisos necessrios para a prtica das virtudes III ! " escol4a das virtudes / rainha das a!elhas nunca sai da colmeia, sem ser rodeada de todo o en0ame de seu po#inho, e a caridade nunca entra num corao seno como rainha, se%uida de todas as outras #irtudes, que a7 introdu,, disp(e em ordem, se%undo a sua di%nidade, e f-las a%ir, re%ulando-lhes as fun(es mais ou menos como um capito diri%e e ordena os seus soldados- mas tido as fa, a%ir todas ao mesmo tempo nem do mesmo modo, nem a todo momento, nem em todos os lu%ares. &i, &a#i; Sl E,3 & justo ser como uma rvore plantada junto as correntes das !uas, que a seu tempo dar a seu #ruto , porque a caridade, animando o corao, o le#a 2 pratica de muitas !oas o!ras, que so os frutos das #irtudes, mas cada uma a seu tempo e em seu lu%ar. 'sfora-te por compreender e0atamente o pro# r!io da 'scritura; cf 'clo 22, =A mAsica, sendo em si t$o a!radvel, e importuna no pronto. / e#idencia nos fa, #er este pro# r!io quanto defeituoso e fora de tempo o procedimento de muitas pessoas que, entre%ando-se / prtica duma #irtude particular, querem opinadamente pratic-la em todas as ocasi(es- so semelhantes 2queles fil4sofos dos quais um queria rir e outro chorar continuamente e so ainda mais desarra,oados que eles, porque se quei0am de quem no fa, o mesmo e o censuram. 5uito errado compreendem o ap4stolo So Paulo, que di, que nos de#emos ale%rar com os que se ale%ram e chorar com os que choram e acrescenta que a caridade paciente, !eni%na, li!eral, prudente, condescendente. S, no entanto, #irtudes que se de#em e0ercer por quase toda parte, e que, no se limitando aos pr4prios atos particulares, de#em compenetrar de seu esp7rito todas as outras #irtudes. +o se oferecem muitas #e,es ocasi(es de praticar a

    333 P E. / escolha das #irtudes

    GG

    fortale,a, a ma%nanimidade, a paci8ncia- mas a !randura, a temperana, a mod stia, a honestidade e a humildade so #irtudes cu)o esp7rito e carter se de#em manifestar em todas as nossas a(es. /s primeiras so mais e0celentes e su!limes, mas as .ltimas so mais praticadas- d-se aqui o que #emos com o sal e o a.car- sendo este mais e0celente, no contudo usado tantas #e,es e to %eralmente. Por isso nunca nos de#e faltar uma !oa pro#iso destas .ltimas #irtudes, to %erais e comuns. +a prtica das #irtudes con# m preferir as que so mais conformes aos nossos de#eres 2s que so mais conformes ao nosso %osto. 5uito se inclina#a Santa Paula 2s austeridades corporais, nas quais pretendia achar a!undantes consola(es espirituais- mas a o!edi8ncia correspondia mais aos seus de#eres e So Aer$nimo di, a!ertamente que, quanto a esse ponto, ela era repreens7#el, )e)uando at ao e0cesso, contra a #ontade d seu !ispo. /o contrrio, os ap4stolos, a quem Aesus "risto tinha incum!ido da pre%ao do seu '#an%elho e da distri!uio do po celeste 2s almas, )ul%aram mui sa!iamente que no de#iam dei0ar este minist rio para se dedicar a o!ras de caridade para com os po!res, por mais e0celente que se)a esta #irtude. :odos os estados da #ida t8m suas #irtudes pr4prias- assim, as #irtudes dum prelado so diferentes daquelas dum pr7ncipe, dum soldado, duma senhora casada ou duma #i.#a. 'm!ora todos n4s de#amos possuir todas as #irtudes, no as de#emos, no entanto, praticar a todas i%ualmente e cada um de#e aplacar-se principalmente 2quelas que so essenciais aos de#eres de sua #ocao. 'ntre as #irtudes que no se referem a nossos de#eres particulares, de#emos preferir as mais e0celentes 2s mais aparatosas, que muitas #e,es nos podem iludir, 1s cometas nos parecem em %eral maiores que as estrelas, conquanto no lhes se)am compar#eis nem em %rande,a nem em qualidade- assim os en0er%amos, porque esto mais perto de n4s que as estrelas. S #irtudes que as almas simples parecem maiores que

    333 P E. / escolha das #irtudes

    EFF

    outras e portanto so mais estimadas- a .nica ra,o disto que estas #irtudes, estando mais pr40imas de seus olhos, lhes do mais na #ista e se adaptam mais a suas ideias, que so muito materiais. Por isso o mundo prefere comumente a esmola corporal 2 espiritual, os cil7cios e disciplinas, os )e)uns e andar descalo, as #i%7lias, e toda sorte de mortificao do corpo, 2 !randura, 2 !eni%nidade, 2 mod stia e a todas as mortifica(es do esp7rito e do corao, que so, contudo, muito mais e0celentes e merit4rias. 'scolhe, Filot ia, as #irtudes que so melhores e no as mais apreciadas, as mais e0celentes e no as mais aparatosas, as mais s4lidas e no as que fa,em muito alarde e t8m muito !rilho e0terior. &e %rande #anta%em aplicar-se a uma #irtude especial, sem ne%li%enciar as demais, para dar maior re%ularidade 2s aspira(es do corao, mais intensa ateno ao esp7rito e maior uniformidade 2s nossas a(es. Uma don,ela de rara formosura, !rilhante como o sol, ornada dum modo ma%n7fico e coroada de ramos de oli#eira, apareceu um dia a So Aoo !ispo de /le0andria, e lhe disse; 'u sou a filha primo%8nita do Cei- se queres %ran)ear o meu amor, condu,ir-te-ei a seu trono e achars %raa em sua presena. "onheceu o santo que por esta #iso &eus lhe recomenda#a a miseric4rdia e desde ento se entre%ou tanto 2s o!ras de ,elo e li!eralidade que mereceu o nome de So Aoo esmoler. Um homem de /le0andria, por nome 'ul4%io, querendo fa,er al%uma coisa de %rande por amor de &eus e no tendo Qnimo !astante para a!raar a #ida solitria ou #i#er em comunidade, so! a o!edi8ncia dum superior, rece!eu em sua casa um po!re co!erto de lepra, para praticar ao mesmo tempo a caridade e a mortificao- e, para praticar estas #irtudes dum modo mais di%no de &eus, ele fe, o #oto de respeitar, tratar e ser#ir ao seu doente em tudo, como um ser#o ao seu senhor. 1ra no decorrer do tempo, tanto o leproso como 'ul4%io

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    foram tentados de se separarem um do outro e contaram am!os a tentao ao %rande Santo /nto, que lhes respondeu; Guardai-#os, meus filhos, de separar-#os um do outro- porque ) estais pr40imos do #osso fim e, se o an)o no #os achar )untos, correis %rande peri%o de perder as #ossas coroas. 1 rei So Ru7s #isita#a os hospitais e cuida#a dos doentes com tanto des#elo como se fosse sua o!ri%ao. So Francisco ama#a, so!retudo, a po!re,a, a que chama#a a sua senhora- e So &omin%os, a pre%ao, o que deu o nome 2 sua 1rdem. So Gre%4rio 5a%no muito fol%a#a de dar a%asalho aos pere%rinos, a e0emplo do patriarca /!rao, e, como ele, rece!eu um dia o Cei da %l4ria na forma de um pere%rino. :o!ias e0ercia a caridade, sepultando os mortos. Santa 3sa!el, sendo uma au%usta princesa, acha#a a sua ale%ria em humilharse a si mesma. Santa "atarina de G8no#a, tendo perdido seu marido, dedicou-se ao ser#io dum hospital. "assiano refere que uma )o#em #irtuosa, que muito dese)a#a se e0ercer na paci8ncia, recorreu a Santo /tansio, que a encarre%ou de uma po!re #i.#a melanc4lica, col rica, enfadonha e mesmo insuport#el, de sorte que, como a #i.#a esti#esse constantemente ralhando, a )o#em tinha ocasio !astante de praticar a !randura e a condescend8ncia. /ssim, entre os ser#os de &eus, uns se dedicam a ser#ir os doentes- outros a consolar os po!res, outros a ensinar a doutrina crist 2s crianas, outros #o atrs das almas des%arradas e perdidas, outros empre%am seu tempo a ornamentar os altares e as i%re)as, e outros, por fim, le#am a #ida a resta!elecer a pa, e a conc4rdia entre os fi is. 3mitem os !ordadores que, e0ercendo sua arte, !ordam so!re um fundo a seda, a ouro e a prata, toda a sorte de flores, sem que a !ela #ariedade transtorne, um pouco que se)a, 1 plano e a ordem do todo. 'ssas almas piedosas, tendo-se entre%ado 2 prtica duma #irtude especial, ser#em-se dela como dum fundo pr4prio, so!re o qual, por assim di,er, #o !ordando todas as

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    outras #irtudes, de sorte que t8m mais unidade e ordem em suas a(es, referindo-as todas a um mesmo fim, que a prtica dessa #irtude especial. &estarte todos eles se fa,em aos olhos de &eus como um #estido de ouro, que de mil cores a a%ulha enfeita, recamando flores NSl 66,EFO. Se nos sentimos inclinados e tentados fortemente para um #7cio, preciso que en#idemos todos os nossos esforos para praticar a #irtude que lhe contrria e a este fim referir a prtica das outras #irtudes. &este modo, asse%uramo-nos a #it4ria so!re o inimi%o, adquirimos uma #irtude que no t7nhamos e aperfeioamos muito as outras. Se o or%ulho e a ira me atacam, preciso que eu faas o meu corao pender, quanto poss7#el for, para a humildade e a !randura e que con#ir)am para este mesmo fim os meus e0erc7cios espirituais, a recepo dos sacramentos e as outras #irtudes, como a prud8ncia, a constQncia e a so!riedade- pois, assim como os )a#alis, para a%uar as presas, as roam e limam com os dentes, os quais com isso tam! m se afiam e limam, o homem que culti#a uma #irtude que tem por mais necessria 2 defesa de seu corao, de#e esforar-se para se aperfeioar neste particular por meio das outras #irtudes, que por este modo tam! m #o crescendo em santidade. +o foi isso o que aconteceu a A4, que, #encendo as tenta(es do dem$nio por sua e07mia paci8ncia, se tornou um homem perfeito em todas as #irtudes? /inda mais P di, So Gre%4rio +a,ian,eno P um .nico ato de #irtude praticado com toda perfeio e com um alto %rau de caridade, ) ele#ou mais de uma #e, uma pessoa ao au%e da perfeio- e ele d como e0emplo a caritati#a e fiel Caa!, que adquiriu um ele#ado %rau de santidade, s4 porque concedeu uma #e, af#el hospitalidade a al%uns israelitas. III '! *ontinuao " escol4a das virtudes &i, muito opinadamente Santo /%ostinho que muitos

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    principiantes da de#oo fa,em coisas que, )ul%ando-se estritamente se%undo as re%ras da perfeio, seriam censur#eis e que s4 se lou#am neles como press%ios e disposi(es, que so duma %rande #irtude. /quele temor !ai0o e e0cessi#o que produ, escr.pulos f.teis na alma dos que saem do caminho do pecado, considerado como uma #irtude e press%io certo duma perfeita pure,a de consci8ncia no futuro- mas esse mesmo temor seria repreens7#el nos mais adiantados na perfeio, que se de#em %uiar pela caridade, a qual #ai e0pulsando aos poucos o temor ser#il. So @ernardo trata#a primeiramente os que se su!metiam 2 sua direo com uma aspere,a e ri%or e0tremos, declarandolhes antes de tudo que era necessrio dei0arem o corpo e #irem at ele s4 com o esp7rito- ou#indo-lhes as confiss(es, da#a-lhes a entender a!ertamente o horror que lhe causa#am as suas faltas, por mais le#es que fossem. +uma pala#ra, de tal maneira ele pertur!a#a e afli%ia as almas dos po!res iniciados na perfeio que, em #e, de fa,erem pro%ressos, retrocediam e perdiam todo o Qnimo e cora%em, #endo-se impelidos to !ruscamente, como homens coa%idos a su!ir a toda a pressa uma montanha escarpada. A #8s, Filot ia, que era um ardente ,elo duma pure,a perfeita que le#a#a esse %rande santo a se%uir esse m todo, e que, em!ora fosse nele uma #irtude, no dei0a#a de ter al%uma coisa de repreens7#el. /ssim &eus se di%nou corri%i-lo por si mesmo numa #iso mara#ilhosa, dando 2 sua alma um esp7rito to doce e misericordioso, caridoso e terno, que o santo, condenando a sua se#eridade, e0ercia dora#ante uma e0traordinria !randura e condescend8ncia para com os que diri%ia, fa,endo-se com sua#e afa!ilidade tudo a todos, para %anh-los todos para Aesus "risto. So Aer$nimo, que escre#eu a #ida de Santa Paula, uma de suas filhas espirituais, que muito estima#a, repreende-lhe tr8s e0cessos; um era uma austeridade imoderada- outro, uma

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    pertincia nesta prtica, mesmo contra o parecer de Santo 'pifQnio, seu !ispo- e o terceiro, uma melancolia descomedida, que quase a le#a#a 2 morte por ocasio do falecimento de seus filhos e seu marido. ' ento e0clama#a este %rande padre da 3%re)a; &ir-se- que, em #e, de escre#er os lou#ores desta santa, estou a censurar-lhe as imperfei(es e defeitos- mas, no, tomo como testemunha a Aesus "risto, a quem ela ser#iu, como eu quero ser#ir, que de modo al%um me aparto da #erdade, em narrando, como cristo, o que ela foi como crist, isto , que lhe escre#o a #ida e no o elo%io, podendo afirmar, al m disso, que seus defeitos seriam #irtudes em outras pessoas. 'st claro que ele fala aqui de almas menos perfeitas que Santa Paula, e, de fato, Filot ia, h a(es que se censuram, como imperfei(es, em almas perfeitas, as quais em almas imperfeitas seriam consideradas como %randes #irtudes. +o se di, que um !om sinal, quando as pernas incham na con#alescena duma doena, porque isto indica que a nature,a se ro!usteceu tanto at re)eitar os humores sup rfluos? 5as isso mesmo seria um muito mau sintoma num homem que no ti#esse estado doente, porque denotaria a falta de #i%or da nature,a para resol#er e dissipar os maus humores. Fa,e sempre, Filot ia, uma !oa ideia das pessoas que misturam imperfei(es com as suas #irtudes, porque mesmo os santos no as praticaram sem esta mistura. 5as, quanto a ti mesma, esfora-te por te aperfeioar, unindo a prud8ncia 2 fidelidadee, para isso, o!ser#a e0atamente o conselho do s!io, que nos ad#erte a no confiarmos em nossa pr4pria prud8ncia, mas a su!metermo-nos 2 direo daqueles que &eus nos en#ia. S coisas que se tomam por #irtudes e que no o so de modo al%um, so!re as quais necessrio que te di%a al%umas pala#ras. So estas os 80tases ou raptos, as insensi!ilidades, as uni(es deificas, as ele#a(es e transforma(es e outras coisas semelhantes, de que tratam li#ros que prometem ele#ar a alma a uma contemplao toda especial, a uma aplicao essencial

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    da mente a uma #ida supereminente. 'stas perfei(es, Filot ia, no so #irtudes, mas as suas recompensas, ou, melhor, comunica(es antecipadas da felicidade eterna, da qual &eus d a certas almas um ante%osto, para as fa,er dese)ar mais ardentemente a sua posse. 5as no de#emos ter pretens(es a esses fa#ores, porque no so necessrios ao ser#io de &eus, nem a seu amor, que de#e ser a nossa .nica inspirao- tanto mais que ordinariamente no as podemos adquirir por nossos esforos, sendo antes impress(es do esp7rito de &eus que nossas pr4prias opera(es. /crescento ainda que, tendo-nos proposto aqui unicamente o intuito de ser homens de uma de#oo s4lida, mulheres duma piedade #erdadeira, somente a este fim que de#emos tender- e se &eus nos quiser ele#ar a estas perfei(es an% licas, seremos tam! m !ons an)os aqui mesmo, neste mundo. 'nquanto isso, apliquemo-nos com simplicidade e humildade 2s pequenas #irtudes que +osso Senhor, dando-nos a sua %raa, quer que nos esforcemos por conquistar, tais como a paci8ncia, a !eni%nidade, a mortificao do corao, a humildade, a o!edi8ncia, a po!re,a, a castidade, a afa!ilidade para com o pr40imo, a paci8ncia com nossas imperfei(es e o santo fer#or. &ei0emos de !om %rado essas #irtudes e0traordinrias 2s almas %randes e muito superiores a n4s. +o merecemos um lu%ar to alto na casa de &eus e demonos por muito feli,es em nos achar no n.mero de seus ser#os mais humildes, como os oficiais e lacaios inferiores no palcio dum pr7ncipe, os quais consideram como uma honra o seu car%o, por mais #il e a!)eto que se)a. :oca ao Cei da %l4ria, se lhe parecer, chamar-nos a contemplar os arcanos misteriosos do seu amor e sa!edoria. / nossa consolao em tudo isso, Filot ia, que &eus no mede a recompensa eterna de seus ser#os pela di%nidade de seus of7cios, mas pela humildade e amor com que os e0ercem. Saul, procurando as mulas de seu pai, encontrou o reino de

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    &eus- Ce!eca, dando de !e!er aos camelos de /!rao, torna-se esposa de seu filho- Cute apanhando as espi%as ap4s os se%adores de @oo, e lanando-se a seus p s, #em a ser sua esposa. /s altas pretens(es a estes estados e0traordinrios da perfeio so, sem d.#ida, su)eitas a muitos erros e ilus(es; acontece que pessoas que podiam ser an)os no so nem homens sequer, aos olhos de &eus, porque h nelas mais afetao e pala#ras aparatosas que solide, de pensamento e afeto. +o de#emos, no entanto, despre,ar e censurar temerariamente coisa al%uma- mas, !endi,endo a &eus pelo estado ele#ado dos outros, caminhemos com humildade pelo nosso caminho, menos su!lime, mas mais proporcionado 2 nossa fraque,a, mais !ai0o, mas mais se%uro, persuadidos de que, se formos fi is e humildes, &eus nos ele#ar as %rande,as muito superiores a nossas esperanas. III ,! " Paci(ncia A paci)ncia, di, o /p4stolo, vos necessria para que, #azendo a vontade de (eus, alcanceis o que 2le vos tem prometido. 'im, nos di, Aesus "risto, possuireis vossas almas pela paci)ncia 1 maior !em do homem consiste, Filot ia, em possuir seu corao e tanto mais o possu7mos quanto mais perfeita nossa paci8ncia- cumpre, portanto, aperfeioarmo-nos nesta #irtude. Rem!ra-te tam! m que, tendo +osso Senhor nos alcanado todas as %raas da sal#ao pela paci8ncia de Sua #ida e de Sua morte, n4s tam! m no-las de#emos aplicar por uma paci8ncia constante e inalter#el nas afli(es, nas mis rias e nas contradi(es da #ida. 2o limites a tua $aci(ncia a al%uns sofrimentos/ mas estendeBa universalmente a tudo o que Deus te mandar ou $ermitir que ven4a so+re ti . 5uitas pessoas h que de !oa mente querem suportar os sofrimentos que t8m um certo cunho

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    de honroso; ter sido ferido numa !atalha, ter sido prisioneiro ao cumprir seu de#er, ser maltratado pela reli%io, perder todos os seus !ens numa contenda de honra, da qual sa7ram #encedores, tudo isso lhes sua#e- mas a %l4ria e no o sofrimento o que amam. 1 homem #erdadeiramente paciente tolera com a mesma i%ualdade de esp7rito os sofrimentos i%nominiosos como os que tra,em honra. 1 despre,o, a censura e a deseducao dum homem #icioso e li!ertino um pra,er para uma alma %rande- mas sofrer esses maus tratos de %ente de +em/ de seus ami%os e $arentes/ uma $aci(ncia 4eroica . Por isso aprecio e admiro mais o "ardeal So "arlos @orromeu, por ter sofrido em sil8ncio, com !randura e por muito tempo, as in#ecti#as p.!licas que c le!re pre%ador duma ordem reformada fa,ia contra ele do p.lpito, do que ter suportado a!ertamente os insultos de muitos li!ertinos- pois, como as ferroadas das a!elhas doem muito mais que as das moscas, assim as contradi(es procedentes de %ente de !em ma%oam muito mais do que as que pro#8m de homens #iciosos. /contece, no entanto, muitas #e,es que dois homens de !em, am!os !em-intencionados, pela di#ersidade de opini(es, se afli%em mutuamente no pouco. :em paci8ncia no s4 com o mal que sofres, mas tam! m com as suas circunstQncias e consequ8ncias. 5uitos se en%anam neste ponto e parecem dese)ar afli(es, recusando, entretanto, sofrer suas incomodidades insepar#eis. +o me afli%iria, di, al%u m, de ficar po!re, contanto que a po!re,a no me impedisse de a)udar a meus ami%os, de educar meus filhos, e de le#ar #ida honrosa. ' eu, declara#a um outro, pouco me inquietaria disso, se o mundo no atri!u7sse esta des%raa 2 minha imprud8ncia. ' eu, di,ia ainda um terceiro, nada me importaria esta cal.nia, contanto que no achasse cr dito em outras pessoas. 5uitos h que esto prontos a sofrer uma parte das incomodidades con)untas aos seus males, mas no todas, di,endo que no se impacientam de estar doentes,

    333 P 3. / Paci8ncia

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    mas do tra!alho que causam aos outros e da falta de dinheiro para se tratar. Di%o/ $ois, Filot ia, que a $aci(ncia nos o+ri%a a querer estar doentes/ como Deus quiser/ da enfermidade que ?le quiser/ no lu%ar onde ?le quiser/ com as $essoas e com todos os incAmodos que ?le quiserD e eis a= a re%ra da $aci(nciaE Se ca7res numa enfermidade, empre%a todos os rem dios que &eus te concede- pois esperar al7#io sem empre%ar os meios seria tentar a &eus- mas, feito isso, resi%nate a tudo e, se os rem dios fa,em !em, a%radece a &eus com humildade e, se a doena resiste aos rem dios, !endi,e-o com paci8ncia. Sou do parecer de So Gre%4rio, que di,; Se te acusarem de uma falta #erdadeira, humilha-te e confessa que mereces muito mais que esta confuso. Se a acusao falsa, )ustifica-te com toda a calma, porque o e0i%em o amor 2 #erdade e a edificao do pr40imo. 5as, se tua escusa no for aceita, no te pertur!es, nem te esforces de!alde NinutilmenteO para pro#ar a tua inoc8ncia, porque, al m dos de#eres da #erdade, de#es cumprir tam! m os da humildade. /ssim, no ne%li%enciars a tua reputao e no faltars ao afeto que de#es ter 2 mansido e humildade do corao. 9uei0a-te o menos poss7#el do mal que te fi,eram- $ois quei&arBse sem $ecar uma coisa rar=ssima- nosso amorpr4prio sempre e0a%era aos nossos olhos e ao nosso corao as in).rias que rece!emos. Se hou#er necessidade de te quei0ares ou para a!randar o teu esp7rito ou para pedir conselhos, no o faas a pessoas fceis de e0altar-se e de pensar e falar mal dos outros. 5as quei0a-te a pessoas comedidas e tementes a &eus, porque, ao contrrio, lon%e de tranquili,ar a tua alma, a pertur!arias ainda mais e, em lu%ar de arrancares o espinho do corao, o cra#arias ainda mais fundo. 5uitos numa doena ou numa outra tri!ulao qualquer se %uardam de se quei0ar e mostrar a sua pouca #irtude, sa!endo !em Ne isto #erdadeO que seria fraque,a e falta de

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    %enerosidade- mas procuram que outros se compadeam deles, se quei0em de seus sofrimentos e ainda por cima os lou#em por sua paci8ncia. +a #erdade temos aqui um ato de paci8ncia, mas certamente duma paci8ncia falsa, que na realidade no passa dum or%ulho muito sutil e duma #aidade refinada. 'im, di, o /p4stolo, tem de que se !loriar, mas n$o diante de (eus. 1s cristos #erdadeiramente pacientes no se quei0am de seus sofrimentos nem dese)am que os outros os lamentem- se falam neles com muita simplicidade e in%enuidade, sem os fa,er maiores do que so- se outros os lamentam, ou#em-nos com paci8ncia, a no ser que tenham em #ista um sofrimento que no e0iste, porque, ento, lhes declaram modestamente a #erdade- conser#am assim a tranquilidade da alma entre a #erdade e a paci8ncia, manifestando in%enuamente os seus sofrimentos, sem se quei0arem. +as contrariedades que te so!re#ierem no caminho da de#oo Npois que delas no hs de ter faltaO, lem!ra-te que nada de %rande podemos conse%uir neste mundo sem primeiro passarmos por muitas dificuldades, mas que, uma #e, superadas, !em depressa nos esquecemos de tudo, pelo 7ntimo %o,o que ento temos de #er reali,adas as nossas aspira(es. Pois !em, Filot ia, queres a!solutamente tra!alhar para formar a Aesus "risto, como di, o /p4stolo, em teu corao, como em tuas o!ras, pelo amor sincero de Sua doutrina e pela imitao perfeita de Sua #ida. S de custar-te al%umas dores, sem d.#ida- mas ho de passar e Aesus "risto, que #i#er em ti, h de encher tua alma duma ale%ria inef#el, que nin%u m te poder furtar. Se ca7res numa doena, oferece as tuas dores, a tua prostrao e todos os teus sofrimentos a Aesus "risto, suplicando-Rhe de os aceitar em unio com os merecimentos de Sua pai0o. Rem!ra-te do fel que 'le !e!eu por teu amor e o+edece ao mdico/ tomando os remdios e fa#endo tudo o

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    que determinar $or amor de Deus . &ese)a a sa.de para 1 ser#ir, mas no recuses ficar muito tempo doente para o!edecer-Rhe e mesmo disp(e-te a morrer, se for a Sua #ontade, para ir %o,ar eternamente de Sua %loriosa presena. Rem!ra-te, Filot ia, que as a!elhas, enquanto fa,em o mel, #i#em dum alimento muito amar%o e que nunca n4s outros poderemos encher mais facilmente o corao desta santa sua#idade, que fruto da paci8ncia, do que comendo com paci8ncia o po amar%o das tri!ula(es que &eus nos en#ia- e quanto mais humilhantes forem, tanto mais preciosa e a%rad#el se tornar a #irtude ao nosso corao. Pensa muitas #e,es em Aesus crucificado- considera-1 co!erto de feridas, saturado de opr4!rios e dores, penetrado de triste,a at ao fundo de Sua alma, num desamparo e a!andono completo, carre%ado de cal.nias e maldi(es- #ers ento que tuas dores no se podem comparar 2s Suas, nem em quantidade, nem em qualidade, e que )amais sofrers por 'le al%uma coisa de semelhante ao que 'le sofreu por ti. "ompara-te aos mrtires, ou, sem ires to lon%e, 2s pessoas que sofrem atualmente mais do que tu e e0clama, lou#ando a &eus; /hL 5eus espinhos me parecem rosas e minhas dores, consola(es, se me comparo 2queles que #i#em sem socorros, sem assist8ncia e sem al7#io, numa morte cont7nua, opressos de dores e de triste,as. III 1! " 4umildade e&terior 1 profeta 'liseu mandou uma po!re #i.#a pedir emprestados aos #i,inhos todos os #asos que pudesse e lhe disse que o pouco a,eite ainda restante ha#ia de correr tanto at ench8-los todos. 3sto nos mostra que &eus quer cora(es que este)am !em #a,ios, para os encher de sua %raa pela uno do seu 'sp7rito- e de nossa pr4pria %l4ria, Filot ia, que os de#emos es#a,iar. &i,-se que um certo passarinho, por nome tataranho, tem

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    uma #irtude secreta, no seu %rito e nos seus olhos, de afu%entar as a#es de rapina e cr8-se ser esta a ra,o da simpatia que as pom!as lhe dedicam. /ssim n4s tam! m podemos di,er que a humildade o terror de Satans, o rei do or%ulho, que ela conser#a em nos a presena do 'spirito Santo e de seus dons e que por isso foi to apreciada dos santos e santas e to querida dos "ora(es de Aesus e de sua 5e. "hamamos #an%l4ria aquela que nos atri!u7mos ou por coisas que no esto em n4s, de todo, ou por coisas que esto em n4s, mas no so nossas, nem procedem de n4s, ou por muitas outras que esto em n4s, so nossas, mas no merecem que delas nos %loriemos. / no!re,a do nascimento, o fa#or dos %randes, o aplauso do po#o so coisas que esto fora de n4s em nossos antepassados ou na estima de outros homens- por que nos %loriarmos disso? S pessoas que se sentem %randes por causa de suas rique,as, de seus #estidos pomposos, do !rilho da sua ele%ante equipa%em, da !ele,a dos seus m4#eis, de seus ca#alos- quem no #8 nisso a loucura incr7#el dos homens? 5uitos se compra,em duma maneira # em si pr4prios, por ter !elos ca!elos, !elos dentes ou !elas mos, ou certa ha!ilidade no )o%o, uma !oa #o, para cantar, uma certa ele%Qncia para danar. 5as que !ai0e,a de esp7rito e corao ir procurar a sua honra em coisas to fr7#olasL 5uitos outros se encantam com sua pretensa !ele,a- outros, cheios de si por um- pouco de ci8ncia, unida a muita #aidade, tanto se ridiculari,am, aos olhos daqueles por quem se querem fa,er respeitar, que o nome de pedante todo o lou#or que rece!em. +a #erdade, tudo isso #o, !ai0o e arro%ante. 'ntretanto, Filot ia, destas coisas que $rocede a van%lria. 1 #erdadeiro !em se conhece pela mesma pro#a que o #erdadeiro !lsamo. &este fa,-se a pro#a no destilando em %ua- se #ai ao fundo, )ul%a-se que puro, fin7ssimo e dum %rande #alor- se fica 2 tona da %ua, conclui-se que alterado e falsificado. 9ueres, pois, sa!er se certa pessoa s!ia,

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    prudente, no!re e %enerosa? '0amina se estas qualidades so acompanhadas da humildade, da mod stia e da su!misso para com os seus superiores- se assim for, so #erdadeiros !ensmas, se desco!rires nela afetao de fa,er aparecer o que tem por !em, )ul%a que essa pessoa superficial e que esses !ens so tanto mais f.teis quanto mais os quer ostentar. /s p rolas formadas numa estao de #entos tempestuosos e tro#(es s4 t8m de p rola uma casca sem a su!stQncia- assim, todas as #irtudes e as mais e0celentes qualidades de umNaO homem NmulherO, que delas se enso!er!ece, s4 t8m uma apar8ncia do !em, sem nenhuma solide,. "om ra,o compara-se a honra ao aafro, que se torna mais forte e mais a!undante quando calcado aos p s. Uma pessoa que tem #aidade de sua !ele,a perde-lhe a %l4ria- e outra que pouco se d disso aumenta-lhe o !rilho. / ci8ncia que nos enche de n4s mesmos desonra e de%enera numa rid7cula pedanteria. 9uando o pa#o quer ter o pra,er de contemplar a sua !ela pluma%em, eria todo o corpo, mostrando o que tem de mais disforme e feio Nos p sO. Se dese)amos sempre o primeiro lu%ar, a preced8ncia e t7tulos, al m de e0pormos as nossas qualidades ao e0ame e ao pesar de #8-las contestados, fa,emo-nos #is e despre,7#eispois, assim como nada h de mais !elo que o lou#or espontQneo, tam! m nada mais feio que o que se e0i%e, como um direito- como uma linda flor, que no de#emos tocar nem apanhar, se no queremos que murche. &i,-se que a mandr%ora de lon%e e0ala um odor a%rada!il7ssimo- mas quem a cheira de perto e por muito tempo respira uma ess8ncia mali%na, que causa modorraUaV muito peri%osa. &este modo a honra fa, uma %ra#e impresso em quem a rece!e, como se
    UaV modorra Grande #ontade m4r!ida de dormir. ' &oena que ataca o %ado lan7%ero, ocasionada pela e0cessi#a a!undQncia de san%ue. , Prostrao m4r!ida. 1 Sonol8ncia. 3 /patia, indol8ncia, insensi!ilidade. 6 1 mesmo que mal de modorra. Mal de modorra: doena que se sup(e se)a ho)e a encefalite letr%ica. Var: madorna e modorna.

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    apresenta, sem co!ia ou afeio- mas quem a procura e se afeioa a ela e0ala um cheiro mali%no, que so!e 2 ca!ea e torna insensato e despre,7#el. 1 amor e o dese)o da #irtude comeam a nos fa,er #irtuosos- mas a pai0o e a co!ia da %l4ria comeam a nos fa,er despre,ados. /s almas %randes no se entret8m com essas !a%atelas de prima,ia, distin(es e cumprimentos- disto s4 se ocupam os esp7ritos mesquinhos e ociosos- aquelas empre%am o seu tempo em coisas mais no!res. 9uem pode fa,er um rico com rcio de p rolas no fa, caso das conchinhas- assim quem se entre%a 2 prtica das #irtudes no tem dese)os destas manifesta(es de apreo. * #erdade que todos podem conser#ar o seu posto honroso sem ofender a humildade, contanto que o faam sem afetao e contenda- pois como os que tra,em do Peru na#ios carre%ados de ouro e prata tra,em tam! m macacos e papa%aios, porque o frete, to insi%nificante como a car%a, assim os que culti#am a #irtude podem rece!er as honras que lhes so de#idas, contanto que no e0i)am muita ateno e cuidado e que as inquieta(es ordinariamente ane0as no encham a alma de seu peso. * de notar, no entanto, que no falo aqui das di%nidades p.!licas e direitos particulares, cu)a conser#ao ou perda podem ter consequ8ncias importantes. +uma pala#ra; cada um de#e conser#ar o que lhe compete- mas com discrio entre o interesse e a caridade, entre as re%ras da prud8ncia e as medidas da honestidade. III 3! " 4umildade interior &ese)ars, Filot ia, que te introdu,a ainda mais na prtica da humildade- este dese)o merece o meu aplauso e eu o quero satisfa,er- pois, no que tenho dito at a%ora, h mais prud8ncia que humildade. 'ncontram-se pessoas que nunca querem prestar ateno 2s %raas particulares que &eus lhes fa,, temerosas que seu

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    corao, enchendo-se duma # complac8ncia, no d8 toda a %l4ria a &eus. * um falso temor e um #erdadeiro erro. Pois, desde que a considerao dos !enef7cios de &eus um meio eficac7ssimo de am-lo, assim, di, o doutor an% lico, quanto mais o conhecemos, tanto mais o amamos. 5as, sendo nosso corao mais sens7#el 2s %raas particulares que aos !enef7cios %erais, e0atamente so!re aquelas %raas que de#emos refletir. +ada to pr4prio para nos humilhar ante a miseric4rdia de &eus que a multido de suas %raas e a multido dos nossos pecados ante a sua )ustia. "onsideremos, com muita ateno, o que &eus fe, por n4s e o que n4s fi,emos contra ele. /o passo que e0aminamos os nossos pecados um por um, e0aminamos tam! m as %raas que &eus nos concedeu, e ) no h que temer que este conhecimento nos enso!er!ea, se refletimos que no temos nada de !om em n4s. Por#entura as !estas de car%a no permanecem animais %rosseiros e !rutos, em!ora caminhem carre%ados de trastes preciosos e perfumados dum pr7ncipe? %ue temos n6s de bom, que n$o tenhamos recebido< 2, se o temos recebido, por que nos !loriamos disso<UaV /o contrrio, a #i#a considerao das %raas de &eus nos torna humildes, porque o conhecimento dum !enef7cio produ, naturalmente o seu reconhecimento- e, se esta considerao e0citar em n4s al%uma complac8ncia de #aidade, temos um rem dio infal7#el, contra este mal, na lem!rana de nossas in%ratid(es, imperfei(es e mis rias. Sim, se considerarmos o que fi,emos, quando &eus no esta#a conosco, ha#emos de conhecer que o que fa,emos, quando ele est conosco, no pro# m de nossa ind.stria e dili%8ncia. +a #erdade, re%o,i)ar-nos-emos do !em que 'le depositou
    UaV cf. E"or 6,BPois quem que te distin%ue? 9ue que possuis que no tenhas rece!ido? ', se rece!este, por que ha#erias de te enso!er!ecer como se no o ti#esses rece!ido?

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    em n4s e n4s mesmos nos re%o,i)aremos- porque somos n4s que o possu7mos- mas toda a %l4ria de#ida unicamente a &eus, que o seu autor. /ssim a Sant7ssima Jir%em confessou pu!licamente que &eus tinha operado nela %randes coisas e fe, isso ao mesmo tempo para se humilhar e para dar %l4ria a &eus. /inha alma, diz ela, !lori#ica o 'enhor* porque tem operado em mim !randes coisas. 5uitas #e,es di,emos que nada somos, que somos a mesma mis ria e, como di, So Paulo, o li0o do mundo- mas muito nos melindrar7amos se nos compreendessem #er!almente e nos tratassem quais di,emos ser. Pelo contrrio, outras #e,es fu%imos para que nos #enham atrs, escondemo-nos para que nos procurem, damos mostras de querer o .ltimo lu%ar, para que nos le#em com muita manifestao de honra ao primeiro. 1 #erdadeiro humilde no quer parecer que o e nunca fala de si mesmo- a humildade, pois, no s4 procura esconder as outras #irtudes, mas ainda mais a si mesma , se a dissimulao, a mentira, o mau e0emplo fossem coisas l7citas, ela cometeria atos de so!er!a e am!io, para esconder-se mesmo de!ai0o das capas do or%ulho e su!trair-se mais se%uramente ao conhecimento dos homens. Fica aqui o meu conselho, Filot ia, ou nunca falemos de n4s com termos de humildade, ou conformemos com eles os nossos pensamentos, pelo sentimento interior duma #erdadeira humildade. +unca a!ai0emos os olhos, sem humilharmos o corao- nunca procuremos o .ltimo lu%ar, sem que de !om %rado e sinceramente o queiramos tomar. 'sta re%ra to %eral que no se pode a!rir e0ceo al%uma. Unicamente acrescento que a ci#ilidade requer 2s #e,es que ofereamos certas honras a pessoas que certamente no as ho de aceitar, e que isso no do!re, nem humildade falsa, porque esta defer8ncia um simples modo de os honrar- e, conquanto

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    no se lhes possa ceder toda a honra, no tem nada de mal que se lhe oferea. &i%o o mesmo de certas e0press(es de acatamento que no so inteiramente se%undo as re%ras ri%orosas das #erdades, mas tam! m no lhes so contrrias, contanto que se tenha um dese)o sincero de honrar as pessoas com quem se fala- pois, ainda que ha)a um certo e0cesso nessas e0press(es, no andamos mal se as empre%amos se%undo o uso %eral, como as rece!em e entendem. &ese)aria, contudo, que se conformassem o mais poss7#el as pala#ras com as inten(es, para que em nada se afastem da simplicidade do corao e e0atido da sinceridade. 1 homem #erdadeiramente humilde %ostar mais que os outros di%am dele que um miser#el, que nada e nada #ale, do que de o di,er por si mesmo- ao menos, se sa!e que falam assim dele, sofre com paci8ncia e, como est persuadido que #erdade o que di,em, facilmente se conforma com esses )u7,os, alis i%uais aos seus. &i,em muitos que dei0am a orao mental para os perfeitos e que se acham indi%nos de fa,8-la- outros protestam que no comun%am muitas #e,es, porque no se sentem com a pure,a da alma requerida- outros ainda di,em que temem profanar a de#oo, ha!ituando-se a ela, por causa de suas mis rias e fra%ilidades- muitos outros, por fim, recusam empre%ar os seus talentos no ser#io de &eus e sal#ao do pr40imo, porque, conhecendo a sua fraque,a, di,em eles, temem que o or%ulho se apro#eite do !em de que seriam os instrumentos e assim, enquanto iluminam a outros, #enham eles mesmos 2 perder-se. :udo isso no passa dum artif7cio de humildade no s4 falsa, mas at mali%na, porque se ser#em dela para despre,ar de um modo sutil e oculto as coisas de &eus ou esconder melhor so! prete0tos de humildade o seu amor-pr4prio, a sua pr4pria #ontade, o seu mau humor e pre%uia. Pede ao Senhor, teu &eus, para ti al%um sinal que che%ue ao profundo do inferno ou ao mais alto do c u, disse o profeta

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    3sa7as ao 7mpio /ca, e este respondeu; 1$o pedirei tal, nem tentarei ao 'enhor. P I per#ersidadeL Fin%e %rande re#er8ncia para com &eus e so! esse prete0to de humildade re)eita uma %raa que a @ondade di#ina lhe queira dar. ' no sa!ia ele que, quando &eus nos quer conceder uma %raa, um ato de or%ulho recus-la, que esses dons por sua pr4pria nature,a nos o!ri%am a aceit-los e que a humildade consiste em conformar-se o mais poss7#el com #ontade di#ina? 1ra, &eus dese)a sumamente que se)amos perfeitos, para nos unir a 'le pela imitao mais e0ata poss7#el de sua santidade. 1 so!er!o que se fia em si mesmo muita ra,o tem para no se atre#er a intentar coisa al%uma- mas o humilde tanto mais animoso quanto mais impotente se #8, e se torna tanto mais resoluto quanto mais o despre,o de si mesmo o fa, parecer pequeno a seus olhos, porque ele deposita toda a sua confiana em &eus, que se compra, em ma%nificar a sua onipot8ncia em nossa fraque,a e a sua miseric4rdia em nossa mis ria. *, pois, necessrio empreender com uma humildade cora)osa tudo quanto os que nos %uiam )ul%am .til ao nosso adiantamento. Pensar que se sa!e o que se i%nora uma loucura manifestafa,er-se de s!io em mat ria i%norada uma #aidade insuport#el. 'u para mim nem queria me fa,er de s!io nem; de i%norante. Se a caridade o e0i%e, cumpre a)udar o pr40imo com !ondade e doura em tudo o que necessrio para a sua instruo e consolao- pois a humildade, que esconde as #irtudes, para as conser#ar, tam! m as dei0a aparecer, se a caridade o e0i%e, para as e0ercer e aperfeioar. +este ponto, pode-se comparar a humildade 2s r#ores das ilhas de :ilos, que de noite conser#am fechadas as suas flores, dum encarnado muito #i#o, e s4 as a!rem ao nascer do sol- o que fa, os ha!itantes da ilha di,erem que estas flores dormem de noite. "om efeito, a humildade esconde as #irtudes e as !oas qualidades e s4 as mostra pela caridade, que, no sendo uma

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    #irtude humana e mortal, mas celeste e di#ina e o sol das #irtudes, de#e sempre dominar so!re todas- de sorte que, se a humildade pre)udica a caridade em al%uma coisa, , sem d.#ida, uma humildade falsa. 9uanto a mim, no quisera me fa,er de louco, nem de prudente, porque, se a humildade me impede de fa,er-me prudente, a sinceridade e a simplicidade me de#em impedir de fa,er-me de louco- se a #aidade contrria 2 humildade, o fin%imento e o ardil so contrrios 2 simplicidade e 2 candura da alma. Se al%uns ser#os de &eus se fin%iram loucos, para serem despre,ados, preciso admir-los e no imit-los, porque os moti#os que os le#aram a esses e0cessos foram neles to e0traordinrios e adaptados 2s suas disposi(es particulares, que nin%u m pode tirar da7 uma consequ8ncia para a sua #ida. +o tocante 2 ao de &a#i, danando e saltando ante a /rca da /liana um pouco mais do que era decente, sua inteno no foi se fa,er de louco- a!andonou-se simplesmente e sem fin%imento ao instinto e impetuosidade de sua ale%ria, de que o esp7rito de &eus lhe inunda#a o corao. * #erdade que, quando 5icol, sua mulher, o repreendeu, como tendo feito uma loucura, ele no se alterou e asse%ura#a, ainda tomado dessa ale%ria espiritual, que de !oa #ontade rece!ia este despre,o, para a %l4ria de &eus. /ssim, se, por a(es que t8m um cunho in%8nuo de #erdadeira de#oo, todo o mundo te ti#er na conta de #il, a!)eto ou e0tra#a%ante, a humildade te far achar ale%ria neste opr4!rio precioso, cu)o princ7pio e causa no s tu que o sofrers, mas aquele donde ele #ier. III 6! " 4umildade@ "mar a nossa a+5eo Passando adiante, Filot ia, di%o-te que de#es amar em tudo e sempre a tua pr4pria a!)eo. Per%untar-me-s tal#e, o que chamo amar a sua pr4pria a!)eo e isso que comeo a te e0plicar. 'stes dois termos, a!)eo e humildade, na l7n%ua latina t8m

    333 P =. / humildade; /mar a nossa a!)eo

    EEG

    a mesma si%nificao- assim, a Sant7ssima Jir%em, e0clamando em seu sa%rado cQntico que todas as %era(es proclamaro a sua !em-a#enturana, porque o Senhor olhou para a sua humildade, quer di,er-#os que &eus se di%nou lanar os olhos so!re a sua pequene, e a!)eo, para a cumular de suas %raas e %l4rias. '0iste, contudo, uma not#el diferena entre a #irtude da humildade e a a!)eo- pois a a!)eo no nada mais que a !ai0e,a, mesquinhe, e fraque,a que temos em n4s mesmos e independentemente de nossas refle0(es- mas a humildade o #erdadeiro conhecimento que temos de nossa a!)eo, o qual nos indu, a reconhec8-la em n4s de !oa #ontade. / perfeio da humildade, por m, consiste no s4 em reconhecermos a nossa a!)eo, mas tam! m em am-la e compra,er-nos nela, no por uma pouca po!re,a de Qnimo e pusilanimidade, mas em #ista da %l4ria que de#emos dedicar ao nosso pr40imo, preferindo-o a n4s mesmos. ' esta humildade que te recomendo encarecidamente e, para melhor a entenderes na prtica, !om que consideres que, entre os males que temos que sofrer, uns so a!)etos e humilhantes e outros honrosos, e que muitas pessoas se do por satisfeitas com os honrosos, mas poucas se conformam com os que desonram. 3ma%ina um eremita !om e de#oto, mas todo esfarrapado e tremendo de frio- todos re#erenciam seu h!ito e lamentam-lhe os sofrimentos- mas, se um po!re tra!alhador ou oficial ou uma po!re moa aparecem neste estado, despre,am-nos e caoam deles, considerando a po!re,a em suas pessoas uma coisa despre,7#el. Um reli%ioso rece!e em sil8ncio uma correo spera de seu superior P ou ento uma criana, de seu paichamam a isso mortificao, o!edi8ncia, sa!edoria- mas, se um ca#alheiro ou uma senhora sofresse outro tanto por amor de &eus, )ul%ariam isso falta de no!re,a de carter e pusilanimidade. Um outro mal ane0o 2 a!)eo o se%uinte; uma pessoa tem um cancro no !ao P e outra, no rosto- aquela tem s4 a doena, mas esta, al m da doena, sofre-lhe o

    333 P =. / humildade; /mar a nossa a!)eo

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    despre,o e a a!)eo. &i%o, portanto, que cumpre no s4 amar o sofrimento, que o e0erc7cio da paci8ncia, mas que cumpre tam! m amar a a!)eo, que o perfeito e0erc7cio da humildade. /cresce que tanto h #irtudes a!)etas como honrosas. / paci8ncia, a !randura, a simplicidade e a humildade so #irtudes que o mundo encara como #is e a!)etas- ao contrrio, muito estimadas so a7 a prud8ncia, a %enerosidade e a li!eralidade. +a prtica duma mesma #irtude acham-se a(es que so em parte despre,7#eis e em parte honrosas. &ar esmolas e perdoar a seus inimi%os so dois atos de caridadeno h nin%u m que no lou#e o primeiro, ao passo que o se%undo muito frequentemente despre,ado. Se um moo ou uma moa da sociedade fu%ir 2 companhia de pessoas apai0onadas pelo )o%o, pelo lu0o dos #estidos, pelas con#ersas ms ou desonestas e pela intemperana, e0por-se- 2 cr7tica, ao despre,o, 2s risadas, e sua mod stia ser tida por hipocrisia e mesquinhe, de Qnimo- amar a estas coisas amar a sua a!)eo. 'is aqui mais um e0emplo; #amos #isitar os doentes- se a mim me toca o mais miser#el, seria isso uma a!)eo para mim, a )ul%ar conforme o esp7rito do mundo- por isso mesmo eu o amarei. Se me ca!e uma pessoa altamente colocada, serme-ia isso uma a!)eo se%undo o esp7rito de &eus, porque a7 no h tanta #irtude nem merecimento- hei de amar tam! m esta a!)eo. "ai-se no meio da rua ou acontece uma coisa semelhante, necessrio que amemos todas estas a!)e(es. S mesmo faltas cu)o .nico mal a a!)eo. / humildade no e0i%e que as cometamos de prop4sito, mas que no nos inquietemos depois de cometidas- tais faltas so certas inci#ilidades, inad#ert8ncias e outras semelhantes. "ertamente quer a prud8ncia ou a ci#ilidade que as e#itemos quanto est em nossas foras- mas, quando nos escaparam, quer a humildade que as aceitemos em toda a sua a!)eo. /inda di%o

    333 P =. / humildade; /mar a nossa a!)eo

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    mais; se me dei0ei le#ar, pela c4lera ou por sensi!ilidade, a proferir pala#ras picantes ou indecentes, imediatamente me hei de repreender e procurar ter delas um #i#o arrependimento e repar-las quanto poss7#el- mas ao mesmo tempo hei de aceitar resi%nadamente a a!)eo que da7 me poder pro#ir- e, se eu pudesse separar uma coisa da outra, re)eitaria o pecado com indi%nao e conser#aria a a!)eo com humilde paci8ncia no corao. 5as, ainda que amemos a a!)eo que se%ue ao mal, nem por isso se h de dei0ar de remediar o mal que a causou, por todos os meios naturais e le%7timos a nosso alcance, m0ime se o mal ti#er consequ8ncias. Se tenho no rosto al%uma mol stia #er%onhosa e humilhante, hei d8 procurar-lhe a cura, mas sem esquecer a a!)eo que da7 me pro#eio. Se cometi uma falta que no ofende a nin%u m, no me hei de escusar, porque, em!ora se)a um defeito, no tem outras consequ8ncias afora o despre,o, a que deu ense)o- lo%o, se eu me escusasse, seria s4 para afastar de mim a a!)eo, o que a humildade de modo al%um pode permitir. 5as, se por inad#ert8ncia ou mau humor ofendi ou escandali,ei al%u m, reparei a minha falta, escusando-me com toda a sinceridade, porque o mal cometido ainda su!siste e a caridade me o!ri%a a destru7-lo quanto puder. &emais, acontece al%umas #e,es que nossa reputao toca tam! m ao pr40imo- neste caso a caridade e0i%e que nos esforcemos, quanto poss7#el for, por afastar a a!)eo- mas, destruindo-a aos olhos do mundo, de#emos conser#-la cuidadosamente no corao, para que se edifique nela. Se queres sa!er a%ora, Filot ia, quais so as a!)e(es melhores, dir-te-ei que as mais salutares 2 alma e a%rad#eis a &eus so as que nos #8m espontaneamente ou pela condio de nossa #ida, porque no so de nossa escolha, mas da de &eus, que sa!e melhor do que n4s o que nos mais necessrio. Se hou# ssemos de escolher al%umas, as maiores seriam as melhores- e as maiores so aquelas que mais contrariam a

    333 P =. / humildade; /mar a nossa a!)eo

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    nossa inclinao, contanto que se)am conformes 2 nossa #ocao, pois, para di,er uma #e, por todas, a nossa escolha, isto , a pr4pria #ontade, muito altera as nossas #irtudes e lhes diminui a merecimento. /hL 9uem nos dera a %raa de poder e0clamar com o profeta; 2scolhi estar abatido na casa de meu (eus, antes que morar nas tendas dos pecadoresL +in%u m o pode, Filot ia, com e0ceo daquele que, para nos dar a sua %l4ria, se tornou na #ida e na morte o opr4!rio dos homens e a a!)eo dos po#os. 5uitas coisas te disse que, as considerando, ho de te parecer duras- mas cr8-me que, praticando-as, acha-las-s mais doces que o mel. III 7! *onservar a re$utao concomitante a 4umildade 1 lou#or, a honra e a %l4ria no so o preo duma #irtude ordinria, mas duma #irtude rara e e0celente. Rou#ando uma pessoa, queremos que outros a estimem, e, honrando-a n4s mesmos, manifestamos a estima que lhe de#otamos- e a %l4ria um certo resplendor da reputao que pro# m dos lou#ores que se lhe do e das honras que se lhe tri!utam, semelhante ao !rilho e esmalte de di#ersas pedras preciosas que, todas )untas, formam uma .nica coroa. 1ra, a humildade, impedindo-nos todo o amor e estima de nossa pr4pria e0cel8ncia, tam! m no pode consentir que !usquemos lou#ores, honras e %l4rias, que s4 so de#idas ao merecimento da e0cel8ncia e da distino. 'ntretanto, aconselha o s!io que cuidemos de nosso !om nome. Porque a reputao no se funda na e0cel8ncia duma #irtude ou perfeio, mas nos !ons costumes e na inte%ridade da #ida- e, como a humildade no pro7!e crer que temos este merecimento comum e ordinrio, tam! m no nos pro7!e que amemos e cuidemos da reputao. * #erdade que a humildade despre,aria a fama, se no fosse necessria 2 caridade- mas, sendo a reputao um dos

    333 P B. "onser#ar a reputao concomitante a humildade

    E23

    principais fundamentos da sociedade humana e sendo n4s sem ela no s4 in.teis, mas at perniciosos ao !em p.!lico, pela ra,o do escQndalo que damos, a caridade nos o!ri%a a dese)la e conser#-la, e a humildade conforma-se com esses dese)os e cuidados. +o se pode di,er que o !om nome para o homem o que o #erde duma !ela folha%em para uma r#ore? "om efeito, no so muito apreciadas as folhas duma r#ore, mas ser#em para em!ele,-la e conser#ar-lhe os frutos ainda #erdes e no#osassim a reputao no um !em dese)#el em si, mas ser#e de ornamento 2 nossa #ida e muito nos a)uda a conser#ar as #irtudes, m0ime as que ainda so tenras e fr%eis- pois a o!ri%ao de manter a reputao e ser em #erdade aquilo que nos )ul%am tem %rande influ8ncia e fa, uma sua#e reao numa alma %enerosa. "onser#emos as #irtudes, Filot ia, porque so a%rad#eis a &eus, o %rande e supremo fim de todas as nossas a(es. 5as, como quem quer %uardar por muito tempo al%uns frutos intactos, no se contenta de os p$r em conser#a, mas os deita em #asos pr4prios para este fim, assim, ainda que o amor de &eus se)a o principal conser#ador de nossas #irtudes, utilmente poderemos empre%ar em conser#-las o amor 2 nossa reputao. "ontudo, no se h de fa,er isso com um demasiado ardor e e0atido. 9uem , pois, to sens7#el e delicado acerca de seu !om nome assemelha-se a certos homens que lo%o tomam rem dio por qualquer inc$modo insi%nificante, estra%ando assim a sande em #e, de conser#-la. ' mesmo a delicade,a e0a%erada em conser#ar a fama a p(e inteiramente a perder, porque essa sensi!ilidade e0trema nos torna insuport#eis, a!orrecidos e !i,arros e pro#oca contra n4s as l7n%uas maldi,entes. / dissimulao e o despre,o da detrao ou cal.nia de ordinrio um rem dio mais salutar que o ressentimento, a

    333 P B. "onser#ar a reputao concomitante a humildade

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    contenda ou a #in%ana. 1 despre,o dissipa tudo, ao passo que a c4lera d um ar de #erossimilhana ao que se di,. "onta-se que os crocodilos s4 mordem a quem tem medo deles- assim tam! m, di%o, a detrao ou maledic8ncia s4 pre)udica a quem fa, caso dela. Um temor e0cessi#o de perder a fama d ense)o a outros de pensar que aquela pessoa no se fia muito de seus merecimentos ou da #irtude que lhe ser#e de !ase. +uma cidade que s4 tem pontes de madeira so!re os %randes rios, cr8se que qualquer inundao as deite a!ai0o- mas onde as pontes so de pedra s4 h peri%o de ru7na numa inundao e0traordinria, /s almas #erdadeiramente crists despre,am essa torrente de pala#ras de que a detrao enche o mundo- os fracos que se inquietam de tudo o que di,em so!re eles. Sem d.#ida, Filot ia, todo aquele que quer #er a sua !oa fama espalhada por toda parte, a perde completamente- e quem quer rece!er honras de homens desonrados pelo #icio !em merece perd8-las totalmente. / reputao no como uma placa que d a conhecer onde mora a #irtude- a #irtude lhe de#e ser preferida sempre e em toda parte. Portanto, se disserem que s uma hip4crita, porque #i#es cristmente, ou uma co!arde, porque perdoaste a in).ria que o pr40imo te fe,, despre,a semelhantes )u7,os- pois, al m de #irem de %ente n scia e por muitas ra,(es despre,7#el, seria necessrio a!andonar a #irtude para conser#ar a reputao. 1s frutos das r#ores #alem mais do que as folhas- n4s de#emos preferir os !ens interiores aos !ens e0teriores. Sim, pode-se ser cioso de sua honra, mas nunca id4latra, e como nada se de#e fa,er que ofenda os olhos da %ente de !em, to pouco se de#e a%radar aos olhos dos maus. 1 salmista di, que a l7n%ua maldi,ente semelhante a uma na#alha afiada e n4s podemos comparar a !oa fama a uma ca!eleira que, sendo cortada ou raspada completamente, cresce ainda mais densa e !ela- mas,

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    se os ca!elos forem arrancados at a rai,, ) no crescem quase nunca. /ssim tam! m uma #ida desre%rada e escandalosa nos destr4i a reputao e ser dific7limo resta!elec8-la, porque est destru7do o seu fundamento ou a pro!idade dos costumes, que, enquanto e0iste, sempre nos pode restituir a honra que a detrao nos ti#er rou!ado. "umpre, portanto, dei0ar uma con#ersa #, uma companhia in.til, uma ami,ade fr7#ola, um di#ertimento, um pra,er, se a reputao sofre com isso, posto que #alha muito mais que estas satisfa(es humanas. 5as, se, por causa de e0erc7cios de piedade, do pro%resso na #ida espiritual, de aplicao para merecer os !ens eternos, o mundo murmurar, rosnar e prorromper em detra(es e cal.nias, dei0emos, como se di,, os ces latirem contra a lua- a na#alha ser#ir 2 nossa honra, como a faca de podar 2 #inha, que a corta e fa, a!undar em u#as. :enhamos sempre os olhos fi0os em Aesus crucificado; caminhemos por suas sendas com confiana e simplicidade, mas tam! m com prud8ncia e discrio- ele ser o protetor de nossa reputao- e, se ele permitir que se manche ou perca inteiramente, ser para nos enaltecer mesmo aos olhos dos homens ou para nos fa,er pro%redir na humildade, da qual te di%o, em lin%ua%em familiar, que uma onaUaV Nde humildadeO #ale mais que mil li!ras de fama. Se nos repreendem in)ustamente, oponhamos a #erdade 2 cal.nia, com muita pa, e sosse%o- e, se a cal.nia continua, permaneamos n4s em nossa humildade, depositando nossa honra e nossa alma nas mos de &eus, com o que a conser#aremos com muito maior se%urana. 3mitemos o di#ino 5estre na !oa e m fama, como di,ia So Paulo, para que possamos di,er como &a#i;
    UaV 1 sistema a#oirdupois um sistema de medidas que define termos tais como a li+ra e a ona. * o sistema de uso dirio nos 'stados Unidos da /m rica. * usado ainda e0tensamente por muitas pessoas no Ceino Unido apesar de adotarem oficialmente o Sistema 5 trico 3nternacional. Fi+ra ` 6 onas

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    Por tua causa, meu (eus, tenho so#rido a#ronta, #oi coberto de con#us$o o meu rosto &uas e0ce(es, no entanto, necessrio fa,er; a primeira concerne a certos crimes to %ra#es e infames de que nin%u m de#e sofrer a censura, se se pode )ustificar- a se%unda referente a certas pessoas, cu)a reputao necessria ao !em p.!lico. +estes dois casos, se%undo a sentena dos te4lo%os, necessrio defender-se tranquilamente a reputao dos a%ra#os rece!idos. III 8! " mansido e os remdios contra a ira 1 santo crisma, que a 3%re)a, se%uindo a tradio dos ap4stolos, usa no sacramento da confirmao e em di#ersas outras !8nos, comp(e-se de 4leo de oli#eira e de !lsamo, que nos representam, entre outras coisas, a mansido e a humildade, duas #irtudes to caras ao di#ino "orao de Aesus e que ele nos recomendou e0pressamente, di,endo-nos; Aprendei de mim, que sou manso e humilde de cora$o - como se unicamente por amor destas duas #irtudes quisesse consa%rar o nosso corao ao seu ser#io e aplic-lo 2 imitao de sua #ida. / humildade aperfeioa o homem em seus de#eres para com &eus- e a mansido, em seus de#eres para com a sociedade humana. 1 !lsamo, que, misturado com outro l7quido, se afunda, nos representa a humildade- e o 4leo de oli#eira- que fica nadando em cima, nos fa, lem!rar a mansido, que fa, o homem passar por cima de todo o sofrimento e que e0cede a todas as #irtudes, porque a flor da caridade, que como di, So @ernardo, s4 possui o au%e da sua perfeio quando a)unta a #irtude 2 paci8ncia. 5as hs de compreender !em, Filot ia, o qu8 di, Aesus "risto; que de#emos aprender dele a ser mansos e humildes de corao e que este crisma m7stico de#e estar em nosso corao, pois, um peri%oso ardil do inimi%o deter as almas no e0terior destas duas #irtudes.

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    "om efeito, muitos s4 possuem sua lin%ua%em, seu ar e suas maneiras e0teriores e, no e0aminando !em as suas a(es interiores, pensam ser mansos e humildes e no o so de modo al%um- o que lo%o se #8 quando, apesar desta humildade e0terior e mansido cerimoniosa, se e0asperam com um ardor e or%ulho incr7#eis a mais le#e in).ria que lhes faam e 2 menor pala#ra com que os ma%oem de passa%em. / humildade #erdadeira e a mansido sincera so espl8ndidos preser#ati#os contra o or%ulho e a ira que as in).rias costumam e0citar em n4s, como esse preser#ati#o que o po#o denomina H%raa de So PauloM, que fa, quem o tomou nada sofra, se for mordido ou picado por uma #7!ora. 5as, se formos picados pela l7n%ua de serpente que tem a detrao, se o nosso esp7rito se impre%nar ento de or%ulho e o nosso corao se inflamar, no du#idemos que isto se)a um ind7cio e#idente que a nossa humildade e mansido no so #erdadeiras nem sinceras, mas artificiosas e aparentes. 1 santo e ilustre patriarca Aos , mandando os seus irmos de #olta do '%ito para a casa de seu pai, ad#ertiu-os assim; n$o bri!ueis no caminho. &i%o-te tam! m, Filot ia, que esta #ida uma #ia%em que temos que fa,er para atin%ir o c u- no nos ,an%uemos no caminho uns contra os outros- andemos em companhia com os nossos irmos, em esp7rito de pa, e ami,ade. Generali,ando, aconselho-te; nunca por nada te e0altes, se for poss7#el, e nunca, por prete0to al%um, a!ras teu corao 2 ira- pois So :ia%o di, e0pressamente; cf. :% E, 2F T a ira do homem n$o opera a justia de (eus. &e#e-se resistir ao mal e corri%ir os maus costumes dos seus su!alternos com santo Qnimo e muita firme,a, mas sempre com uma inalter#el mansido e tranquilidade- nada pode aplacar to facilmente um elefante irritado como a #ista dum cordeirinho, e o que mais diminui o 7mpeto duma !ala de canho a l. / correo feita s4 com a ra,o rece!e-se sempre melhor do

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    que aquela que encerra tam! m a pai0o, porque o homem se dei0a le#ar com facilidade pela ra,o, a que naturalmente su)eito, ao passo que no pode suportar que o dominem pela pai0o. Por isso, quando a ra,o quer se fortificar pela pai0o, fa,-se odiosa e perde ou ao menos atenua a sua autoridade, por chamar em seu apoio a tirania e a pai0o. 9uando os pr7ncipes #isitam com suas fam7lias os seus 'stados em tempo de pa,, os po#os )ul%am-se muito honrados com a sua presena e do lar%as 2 sua ale%ria- mas, quando passam 2 frente de seus e0 rcitos, esta marcha muito lhes desa%rada, porque, em!ora lhes se)a de interesse, sempre acontece, por mais disciplina que reine, que um ou outro soldado mais licencioso cause danos a muitos particulares. &o mesmo modo, se a ra,o procura com mansido seus direitos de autoridade por meio de al%umas corre(es e casti%os, todos apro#aro e a estimaro, ainda que se)a com e0atido e ri%or- mas, se a ra,o mostra indi%nao, despeito e c4lera, que Santo /%ostinho chama os seus soldados, ela mais se fa, temer que amar e pertur!a e oprime a si mesma. * melhor, di, Santo /%ostinho, escre#endo a Profuturo, fechar inteiramente a entrada do corao 2 ira, por mais )usta que se)a, porque ela lana ra7,es to profundas que muito dif7cil arranc-las- assemelha-se a uma plantinha que se transforma em uma r#ore enorme. +o sem ra,o que o ap4stolo pro7!e N"f. 'f 6,2= que deixemos se p=r o sol sobre a nossa ira , porque durante a noite ela se con#erter em 4dio, torna-se quase implac#el e se nutre, no corao, de mil ale%a(es falsas- pois nin%u m te#e )amais a sua ira por in)usta. / ci8ncia de #i#er sem c4lera muito melhor do que a de se ser#ir dela com sa!edoria e moderao- e, se, por qualquer imperfeio ou fraque,a, esta pai0o surpreender o nosso corao, melhor reprimi-la imediatamente que procurar re%rla, torna-se senhora da %raa e fa, como a serpente que, por qualquer !uraco por onde mete a ca!ea, passa facilmente com

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    todo o corpo. 5as como P hs de per%untar, de certo P qual o melhor meio de reprimi-la? * preciso, Filot ia, que, lo%o ao sentires o seu primeiro ataque, concentres todas as foras de tua alma contra ela, no dum modo !rusco e impetuoso, mas doce e efica,menteporque, como se #8, muitas #e,es nas audi8ncias dos escritores, etc., que os empre%ados fa,em mais !arulho que aqueles a quem pedem sil8ncio, acontece tam! m frequentemente que, querendo reprimir a ira corri impetuosidade, ainda nos pertur!amos mais, e o corao, estando assim pertur!ado, no pode ser senhor de si mesmo. &epois deste sua#e esforo, se%ue o conselho que Santo /%ostinho da#a em sua #elhice ao )o#em !ispo /u0ilio; 3aze, costuma#a di,er-lhe, o que um homem deve #azer- e, se em al%uma circunstQncia da #ida ti#eres ra,o de e0clamar com &a#i; Conturbado com !rande pesar est meu olho, recorre imediatamente a &eus, di,endo com o mesmo profeta; 7ende miseric6rdia de mim, 'enhor, para que ele, estendendo a sua mo direita so!re o teu corao, lhe reprima a c4lera. Si%nifica que de#emos in#ocar o au0ilio de &eus lo%o que nos sentimos e0citados, imitando os ap4stolos no meio da tempestade- e ele mandar de certo 2s nossas pai0(es que se acalmem e a tranquilidade #oltar 2 nossa alma. /d#irto-te ainda que faas esta orao com uma sua#e ateno e no com um esforo #iolento do esp7rito- esta a re%ra que se de#e o!ser#ar em todos os rem dios contra a ira. Ro%o que mostrares que, le#ada pela ira, cometeste al%uma falta, repara-a sem delon%as, por um ato de mansido e !randura para com aquela pessoa contra quem te irritaste- pois, se uma precauo salutar contra a mentira retrat-la mal a hou#ermos pronunciado, tam! m, contra a ira, um rem dio eficac7ssimo repar-la imediatamente por um ato de !randura; as feridas recentes so, como se afirma sempre, mais fceis de curar do que as anti%as.

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    &emais, quando ests com o Qnimo calmo e sem moti#o al%um de te irritar, fa,e um %rande pro#imento de !randura e !eni%nidade, acostumando-te a falar e a a%ir sempre com este esp7rito, tanto em coisas %randes como pequenas- lem!ra-te que a 'sposa dos "antares no s4 tem o mel nos l!ios e na l7n%ua, mas o tem tam! m de!ai0o da l7n%ua, isto , no peito, onde com o mel possui tam! m o leite. 3sto nos mostra que a !randura com o pr40imo de#e residir no corao e no s4 nos l!ios, e que no !astante ter a doura do mel, que e0ala um cheiro a%rad#el, isto , a sua#idade duma con#ersa honesta com pessoas estranhas, mas de#emos ter tam! m a doura do leite no lar dom stico, para com os parentes e #i,inhos. * o que falta a muitas pessoas, que fora de casa parecem an)os e em casa #i#em como #erdadeiros dem$nios. III 9! " mansido $ara conosco Um modo de fa,er um !om uso desta #irtude aplic-la a n4s mesmos, no nos irritando contra n4s e nossas imperfei(es- o moti#o, pois, que nos le#a a sentir um #erdadeiro arrependimento de nossas faltas no e0i%e que tenhamos uma dor repassada de a!orrecimento e indi%nao. * quanto a esse ponto que erram muitos continuamente, a%astando-se por estarem a%astados e amofinando-se por estarem amofinados, porque assim conser#am aceso no corao o fo%o da c4lera e, !em lon%e de a!randar deste modo a pai0o, esto sempre prestes a se e0asperar 2 primeira ocasio. /l m de que esta ira, pesar e a!orrecimento contra si mesmo encaminham ao or%ulho, procedem do amor-pr4prio que se pertur!a e inquieta por nos #er to imperfeitos. 1 arrependimento de nossas faltas de#e ter duas qualidades; a tranquilidade e a firme,a. +o #erdade que a sentena que um )ui, pronuncia contra um criminoso, com calma, mais conforme a )ustia do que aquelas que so influ7das pela pai0o

    333 P G. / mansido para conosco

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    e por um esp7rito irrequieto, determinando o casti%o no tanto pela qualidade do crime como por sua disposio? &i%o tam! m que mais efica,mente nos punimos de nossas faltas por uma dor calma e constante do que por um arrependimento passa%eiro e cheio de amofina(es Ndes%ostosO e indi%nao, porque nesta e0citao nos )ul%amos se%undo a nossa inclinao e no conforme a nature,a do erro cometido. Por e0emplo; quem tem %rande afeto 2 castidade sentir amar%amente qualquer %olpe desferido contra esta #irtude, rindo-se tal#e, duma %ra#e detrao em que ti#er incorrido- ao contrrio, quem odeia a detrao h de se afli%ir e0cessi#amente duma le#e pala#ra contra a caridade, fa,endo tal#e, pouco caso duma falta consider#el contra a castidade. &onde #em isso seno de que se )ul%a a consci8ncia no se%undo a ra,o, mas se%undo a pai0o? "r8-me, Filot ia, uma admoestao dum pai a seu filho, feita com uma doura toda paternal, h de corri%i-lo mais facilmente que um casti%o se#ero infli%ido num estado de irritao. &e modo semelhante, se nosso corao cometer uma falta e n4s o chamamos 2 ordem, !randa e tranquilamente, com mais compai0o de sua fraque,a do que ira contra sua falta, e0ortando-o com sua#idade a proceder melhor, este modo de a%ir o tocar e encher mais de dor do que as repreens(es speras que a indi%nao apai0onada lhe poderia fa,er. 9uanto a mim, se me propusesse e#itar todo pecado de #aidade e ca7sse num, !em consider#el, no ha#ia de repreender o meu corao desse modo; :u s #erdadeiramente miser#el e a!omin#el, porque te dei0aste sedu,ir pela #aidade depois de tantas resolu(esL 9ue #er%onhaL +o le#antes mais os olhos ao c u, ce%o, imprudente e infiel a &eusL P quisera corri%i-lo com modos compassi#os; Pois !em, meu po!re corao, eis-nos de no#o ca7dos na cilada que t7nhamos resol#ido e#itarL /hL le#antemo-nos de no#o e li#remo-nos dela para sempreimploremos a miseric4rdia de &eus- esperemos que ele nos

    333 P G. / mansido para conosco

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    sustenha para o futuro e reentremos nos caminhos da humildadeL "ora%emL &eus nos h de a)udar e ainda faremos al%uma coisa de !em. So!re a sua#idade desta !randa correo queria eu fundar solidamente a resoluo de no mais reincidir no mesmo pecado, procurando os meios conducentes a esse fim e principalmente o conselho do meu diretor. Se, entretanto, o corao no for !astante sens7#el a estas doces repreens(es, con# m empre%ar meios mais en r%icos, uma repreenso mais forte e spera para ench8-lo duma profunda confuso de si mesmo, contanto que, depois de tratlo com esta se#eridade, se procure consol-lo com uma santa e sua#e confiana em &eus, 2 imitao d8-se %rande penitente que, sentindo sua alma aflita, a consola#a, di,endo; Por que ests tu triste, minha alma< 2 por que me perturbas< 2spera em (eus, porque ainda hei de louv-lo4 salva$o de meu rosto e (eus meu9 Re#anta-te de tuas faltas com uma %rande placide, de corao, humilhando-te profundamente diante de &eus e confessando-lhe a tua 5is ria, mas sem te admirares disso. 9ue h, pois, de. e0traordinrio que a enfermidade se)a enfermo, a fraque,a, fraca, e a mis ria, miser#el? &etesta, contudo, com todas as foras, a afronta feita 2 di#ina 5a)estade, e depois, com uma confiana inteira e animosa em sua miseric4rdia, #olta ao caminho da #irtude, que tinhas a!andonado. III <! *uidado dos ne%cios sem inquietao Grande diferena h entre os cuidados dos ne%4cios e a inquietao, entre a dili%8ncia e a ansiedade. 1s an)os procuram a nossa sal#ao com o maior cuidado que podem, porque isto se%undo a sua caridade e no incompat7#el com a sua tranquilidade e pa, celestial- mas, como a ansiedade e a inquietao so inteiramente contrrias 2 sua !em-a#enturana, nunca as t8m por nossa sal#ao, por maior que se)a o seu ,elo.

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    &edica-te, Filot ia, aos ne%4cios que esto ao teu encar%o, pois &eus, que os confiou a ti, quer que cuides neles com a dili%8ncia necessria- mas, se poss7#el, nunca te entre%ues ao ardor e0cessi#o e ansiedade- toda inquietao pertur!a a ra,o e nos impede de fa,er !em aquilo mesmo por que nos inquietamos. Cepreendendo +osso Senhor a Santa 5arta, lhe disse; /arta, /arta, tu andas muito inquieta e te embaraas com o cuidar em muitas coisas. :oma sentido nestas pala#ras, Filot ia. Se ela ti#esse tido um cuidado ra,o#el, no se teria pertur!ado- mas ela muito se inquieta#a e pertur!a#a e foi esta a ra,o por que +osso Senhor a repreendeu. 1s rios que coleiam sua#e e tranquilamente atra# s dos campos le#am %randes !otes com ricas mercadorias, e as chu#as !randas e moderadas do fecundidade 2 terra- ao passo que os rios e torrentes, que se precipitam em !or!ulh(es, arru7nam e desolam tudo, sendo in.teis ao com rcio, e as chu#as tempestuosas assolam os campos e os prados. +a #erdade, o!ra al%uma feita com precipitao saiu )amais !em feita. "umpre apressar-se de #a%ar, conforme di, o anti%o pro# r!io. ' Salomo escre#eu; 9uem corre depressa se arrisca a cair a cada passo- e sempre fa,emos a tempo o que t7nhamos que fa,er, se o fi,ermos !em. 1s ,an%(es fa,em muito !arulho e so mais apressados que as a!elhas, mas s4 fa!ricam a cera e no o mel- assim, quem em seus tra!alhos fa, muito ru7do e se inquieta demasiado pouco conse%ue e isso mesmo mal feito. /s moscas nos importunam por sua multido e no por sua fora- e os %randes tra!alhos no nos pertur!am tanto como os pequenos em %rande n.mero. 'nceta, pois, os tra!alhos com o esp7rito tranquilo, como #o #indo, e despacha-os se%undo a ordem em que se apresentam- se quiseres fa,er, pois, tudo ao mesmo tempo e em confuso, fars demasiados esforos, que te consumiro, e de ordinrio nenhum outro efeito o!ters que um a!atimento completo, em que sucum!irs.

    333 P EF. "uidado dos ne%4cios sem inquietao

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    'm todos os teus ne%4cios, confia unicamente na Pro#id8ncia di#ina, que s4 lhes pode dar um !om 80ito- a%e, no entanto, de teu lado, com uma aplicao ra,o#el e prud8ncia, para tra!alhares so! a sua direo. &epois disso, cr8-me que, se confias em &eus, o resultado ser sempre fa#or#el a ti, se)a que o parea ou no ao )u7,o de tua prud8ncia. +a conser#ao e aquisio dos !ens terrestres, imita as crianas que, se%urando-se com uma mo na mo de seu pai, com a outra se di#ertem em colher frutos e flores- quero di,er que te de#es conser#ar continuamente de!ai0o da depend8ncia e proteo de teu Pai celeste, considerando que ele te se%ura pela mo, como di, a Sa%rada 'scritura, para te condu,ir feli,mente ao termo de tua #ida e #ol#endo de tempos em tempos os olhos para ele, a #er se tuas ocupa(es lhe so a%rad#eis- toma principalmente cuidado que a co!ia de a)untar maiores !ens no te faa lar%ar a sua mo e ne%li%enciar a sua proteo, porque, se ele te a!andonar, no poders mais dar um passo sequer que no caias com o nari, no cho. /ssim, Filot ia, nas ocupa(es ordinrias que e0i%em muita ateno, pensa mais em &eus que em teus ne%4cios e, se forem de tal importQncia que ocupem toda a tua ateno, nunca dei0es de le#antar de #e, em quando os olhos para &eus, como os na#e%antes que, para diri%irem o na#io, mais olham para o c u que para o mar. Fa,endo assim, &eus tra!alhar conti%o, em ti e por ti e teu tra!alho te trar toda a consolao que dele esperas. III ! " o+edi(ncia

    / caridade so,inha nos fa, realmente perfeitos, mas a o!edi8ncia, a castidade e a po!re,a so as principais #irtudes que nos a)udam a adquirir a perfeio. / o!edi8ncia, pois, dedica o nosso esp7rito 2 castidade, o nosso corpo 2 po!re,a os nossos !ens ao amor e ser#io de &eus. So como que tr8s !raos da cru, espiritual, em que estamos crucificados com

    333 P EE. / o!edi8ncia

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    Aesus "risto e fundam-se ao mesmo tempo numa quarta #irtude, que a santa humildade. +o pretendo te falar destas tr8s #irtudes com respeito aos #otos solenes da reli%io ou aos #otos simples que mesmo no mundo se emitem por %ra#es ra,(es, porque, em!ora os #otos tra%am consi%o muitas %raas e merecimentos, a simples prtica destas #irtudes a!solutamente !astante para condu,ir 2 perfeio. * #erdade que esses #otos, principalmente os solenes- ele#am uma pessoa ao estado da perfeio, mas h uma %rande diferena entre o estado da perfeio e a perfeio mesma, pois que todos os reli%iosos e !ispos esto no estado da perfeio- mas nem todos so perfeitos, como e#idente. 'sforcemo-nos, Filot ia, por praticar essas #irtudes, cada um se%undo a sua #ocao, porque, ainda que no nos ponham no estado da perfeio, elas nos daro toda#ia a perfeiodemais, somos todos o!ri%ados 2 prtica destas #irtudes, conquanto no o se)amos todos do mesmo modo. &uas esp cies h de o!edi8ncia, uma necessria e outra #oluntria. Se%undo as leis da o!edi8ncia necessria, de#es o!edecer a teus superiores eclesisticos, ao Papa, ao !ispo, ao #i%rio e aos seus representantes- al m disso, de#es o!edecer 2s autoridades ci#is, isto , ao pr7ncipe e aos ma%istrados que esta!eleceu no seu 'stado- por fim, de#es o!edecer aos superiores dom sticos; ao pai, 2 me, ao dono e 2 dona da casa. "hama-se necessria esta o!edi8ncia porque nin%u m se pode e0imir da o!ri%ao de o!edecer a estes superiores, tendo-lhes &eus dado a autoridade para %o#ernar com preceitos e ordens os que esto confiados 2 sua direo. 1!edece, pois, 2s suas ordens- nisto consiste a o!edi8ncia a que ests o!ri%ada incondicionalmente- mas, para torn-la mais perfeita, se%ue tam! m os seus conselhos e at os seus dese)os e inclina(es, tanto quanto a caridade e a prud8ncia o permitirem. 1!edece-lhes nas coisas a%rad#eis, como comer, di#ertirse- pois, conquanto no parea ser %rande #irtude o!edecer em

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    semelhantes coisas, contudo %rande falta seria faltar aqui com a de#ida su!misso. 1!edece-lhes nas coisas indiferentes, como #estir uma ou outra roupa, passar por um caminho ou por outro, falar ou se calar, e ) a o!edi8ncia ter um merecimento muito %rande. 1!edece-lhes em coisas dificultosas, speras e desa%rad#eis, e a o!edi8ncia ser perfeita. 1!edece sem r plica, mas com mansido- sem demora, mas com fer#or- sem constran%imento, mas com ale%ria. So!retudo o!edece com amor e por amor daquele que por nosso amor se tornou o!ediente at a morte da cru, e preferiu, como di, So @ernardo, perder a #ida a deso!edecer. Para aprender a o!edecer com facilidade aos superiores, acostuma a te acomodares de !om %rado com a #ontade dos teus i%uais, conformando-te aos seus sentimentos sem esp7rito de contestao, se no hou#er a7 al%uma coisa de mal- e mesmo 2s inclina(es ra,o#eis dos teus inferiores te de#es acomodar de !oa #ontade e no e0eras a tua autoridade dum modo imperioso, enquanto se mant8m em ordem. * um en%ano di,er que se esti#esse na reli%io, o!edecer-se-ia facilmente, quando se sente dificuldade e repu%nQncia em o!edecer 2s pessoas que &eus constituiu acima de n4s. Por o!edi8ncia #oluntria entendemos aquela que no nos foi imposta por um preceito, mas a que nos o!ri%amos por li#re escolha. +in%u m pode escolher para si o pai e a me- de ordinrio, no se escolhe o seu pr7ncipe, o seu !ispo e at muitas #e,es nem o seu consorte- mas escolhe-se li#remente o seu confessor e diretor espiritual. Se)a que nesta escolha se faa um #oto de o!edecer-lhe P como Santa :eresa, que, al m do #oto solene da 1rdem, de o!edecer aos superiores, se li%ou por um #oto especial e simples de o!edecer ao padre Graciano P ou se)a, que sem #oto al%um se proponha humildemente o!edecer ao confessor, e esta o!edi8ncia se chama #oluntria, porque em seu princ7pio depende de nossa #ontade e eleio. &e#emos o!edecer a todos os superiores, mas a cada um nas

    333 P EE. / o!edi8ncia

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    coisas de sua compet8ncia- aos pr7ncipes, em tudo que di, respeito 2 pol7cia e 2 ordem p.!lica- aos prelados, em tudo que concerne 2 disciplina eclesistica- a um pai, a um senhor, a um marido nas coisas dom sticas- ao confessor e ao diretor, em tudo o que tem relao com a direo particular da alma. 1ede ao teu diretor espiritual que te desi%ne as a(es de piedade que de#es praticar- deste modo se tornaro melhores, porque, al m da sua pr4pria !ondade e merecimento, tero ainda o m rito da o!edi8ncia que as preceitou e animou de seu esp7rito. @em-a#enturado so os o!edientes, porque &eus nunca permitir que se percam. III '! 2ecessidade da castidade / castidade o l7rio entre as #irtudes e ) nesta #ida nos torna semelhantes aos an)os. +ada h de mais !elo que a pure,a e a pure,a dos homens a castidade. "hama-se a esta #irtude honestidade- e 2 sua prtica honra. &enomina-se tam! m inte%ridade- e o #7cio contrrio, corrupo. +uma pala#ra, entre as #irtudes t8m esta a %l4ria de ser o ornamento da alma e do corpo ao mesmo tempo. +unca l7cito usar dos sentidos para um pra,er impuro, de qualquer maneira que se)a, a no ser num le%7timo matrim$nio, cu)a santidade possa por uma )usta compensao reparar o desaire que a deleitao importa. ' no pr4prio casamento ainda se h de %uardar a honestidade da inteno, para que, se hou#er al%uma imperfeio no pra,er, no ha)a seno honestidade na #ontade que o reali,a. 1 corao puro como a madrep rola, que no rece!e uma %ota de %ua que no #enha do c u, pois ele no consente em nenhum pra,er afora o do matrim$nio que ordenado pelo " u. Sal#o isso, nem sequer nele pensa #oluptuosa, #oluntria e demoradamente. 9uanto ao primeiro %rau desta #irtude, Filot ia, no admitas a menor coisa de tudo aquilo que proi!ido como desonesto,

    333 P E2. +ecessidade da castidade

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    isto , %eralmente falando, todas as coisas semelhantes que se fa,em fora do estado matrimonial ou no matrim$nio contra as re%ras deste estado. 9uanto ao se%undo %rau, restrin%e, quanto poss7#el for, as deleita(es sup rfluas e in.teis, posto que honestas e permitidas. 9uanto ao terceiro %rau, no te afei(es aos deleites necessrios e de preceito- pois, em!ora se)a necessrio conformar-se aos que o so se%undo a instituio e fim do matrim$nio, no se de#e ape%ar a eles o esp7rito e o corao. &emais, esta #irtude, sumamente necessria a todos os estados. +o da #iu#e, a castidade de#e ser de uma %enerosidade e0trema, para preca#er-se dos pra,eres sensuais, no s4 quanto ao presente e ao futuro, mas tam! m quanto ao passado- lem!rando pra,eres ) ha#idos, a ima%inao e0cita ms impress(es. * por isso que Santo /%ostinho tanto se admira#a da pure,a de seu amado /l7pio, que ) no conser#a#a nem o sentimento nem a lem!rana de sua #ida desre%rada anterior. ', com efeito, sa!ido que os frutos ainda inteiros se conser#am facilmente por muito tempo- mas, se foram cortados ou machucados, o .nico meio de conser#-los p$-los em conser#a com a.car ou mel. &o mesmo modo eu di%o que, enquanto a castidade esti#er intacta, se t8m muitos meios de conser#-la- mas, uma #e, perdida, s4 pode ser conser#ada pela de#oo que, pelas suas douras, muitas #e,es tenho comparado ao mel. +o estado #ir%inal a castidade e0i%em uma muito %rande simplicidade de alma e uma consci8ncia muito delicada, para afastar toda sorte de pensamentos curiosos e ele#ar-se acima de todos os pra,eres sensuais, por um despre,o a!soluto e completo de tudo o que o homem tem de comum com os animais o que mais con# m aos !rutos que a eles. +em por pensamento du#idem essas almas que a castidade muito

    333 P E2. +ecessidade da castidade

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    superior a tudo o que incompat7#el com a sua perfeio- pois o dem$nio como di, So Aer$nimo, no podendo suportar esta salutar i%norQncia do pra,er sensual, procura e0citar nestas almas ao menos o dese)o de conhec8-los e su%ere-lhes ideias to atraentes, em!ora inteiramente falsas, que muito as pertur!am, le#ando-as, como acrescenta este santo padre, a dar imprudentemente %rande estima ao que no conhecem. * assim que muitos )o#ens, sedu,idos pela ilus4ria e tola estima dos pra,eres #oluptuosos e por uma curiosidade sensual e inquieta, se entre%am a uma #ida desre%rada, com perda completa dos seus interesses temporais e eternos- assemelham-se a !or!oletas que, pensando que o fo%o to doce quo !elo, se atiram a ele e se queimam nas chamas. H9uanto aos casados, certo que a castidade lhes necessria, muito mais do que se pensa, pois a castidade deles no uma a!steno a!soluta dos pra,eres carnais, mas refrear-se neles. 1ra, como aquele preceito P c3rai-#os e no pequeisd P no meu entender mais dif7cil que o outro P cno #os ireis nuncad P por ser !em mais fcil e#itar a rai#a do que re%r-la, assim tam! m mais fcil a a!steno total dos pra,eres carnais do que a moderao neles. * certo que a santa licena que o matrim$nio confere tem uma fora e #irtude particular para apa%ar a concupisc8ncia, mas a fraque,a dos que usam dela passa facilmente da permisso 2 dissoluo, do uso ao a!uso. ' como #emos muitos ricos rou!arem, no por indi%8ncia, mas por a#are,a, tam! m se #eem muitos casados se e0cederem por intemperana e lu0.ria- porque a sua concupisc8ncia como um fo%o cheio de #eleidades, ardendo aqui e ali, sem se fi0ar em parte al%uma. * sempre peri%oso tomar rem dios #iolentos. :omando-se demais, ou se no forem !em dosados, pre)udicam imensamente. 1 matrim$nio, entre outros fins, e0iste para rem dio da concupisc8ncia e sem d.#ida 4timo rem dio, mas #iolento e por isso peri%oso, se no for usado com discrio.

    333 P E2. +ecessidade da castidade

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    +oto ainda que, al m das lon%as doenas, os #rios ne%4cios separam muita #e, os maridos de suas mulheres. ' por isso que os casados precisam de duas esp cies de castidade; uma para a contin8ncia a!soluta, naqueles casos de separao forada, a outra, para a moderao quando esto )untos, na #ida normal. Jiu Santa "atarina de Sena muito condenados no inferno sofrendo atro,mente pelas faltas contra a santidade matrimonial. ' isso, di,ia ela, no tanto pela enormidade do pecado, porque assass7nios e !lasf8mias so pecados muito maiores, mas porque os que caem naqueles no t8m escr.pulos e continuam assim a comet8-los por muito tempo. A #8s pois queTM / castidade necessria para todos os estados. 'e!ui a paz com todos P di, o /p4stolo P e a santidade sem a qual nin!um ver a (eus. 1ra, de notar que por santidade ele entende aqui a castidade, como o!ser#am So Aer$nimo e So "ris4stomo. +o, Filot ia, nin%u m #er a &eus sem a castidade- em seus santos ta!ernculos no ha!itar nin%u m que no tenha o corao puro e, como di, +osso Senhor mesmo, os ces e os desonestos sero desterrados da7- e; H Demaventurados os limpos de cora$o, por que eles ver$o a (eusM. III ,! *omo conservar a castidade 'ste)as sempre de so!rea#iso para afastar lo%o de ti tudo o que te possa inclinar 2 sensualidade- pois este mal se #ai alastrando insensi#elmente e de pequenos princ7pios fa, rpidos pro%ressos. +uma pala#ra, mais fcil lhe fu%ir que cur-lo. Parecem-se os corpos humanos com os #idros, que no se pode le#ar )untos, tocando-se, sem correr peri%o de se que!rarem, e com as frutas, que, em!ora inteiras e !em maduras, rece!em manchas, chocando umas com as outras. / %ua mais fresca que se quer conser#ar num #aso perde lo%o a sua frescura mal um animal a toca.

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    +unca permitas, Filot ia, nem a outros nem a ti mesma, todos esse tocar e0terior das mos i%ualmente contra a mod stia crist e contra o respeito que se de#e 2 qualidade e 2 #irtude duma pessoa- pois, ainda que no se)a de todo imposs7#el conser#ar o corao puro entre essas a(es mais le#ianas que maliciosas, toda#ia sempre se rece!e da7 al%um dano- nem falo aqui desses tactos desonestos que arru7nam por completo a castidade. / castidade depende do corao, quanto 2 sua ori%em, mas sua prtica e0terior consiste em moderar e purificar os sentidos- por isso podemos perd8-la tanto pelos sentidos e0teriores como por pensamentos e dese)os do corao. * impudic7cia olhar, ou#ir, falar, cheirar, palpar coisas desonestas, quando nisso o corao se demora e toma %osto. So Paulo che%a a di,er; /eus irm$os, a #ornica$o nem se nomeie entre v6s. /s a!elhas no s4 no pousam num cad#er corrompido, mas at fo%em do mau cheiro que e0ala. 1!ser#e o que a Sa%rada 'scritura nos di, da 'sposa dos "antares; tudo a7 m7stico; suas m$os destilam mirra e este l7quido, como sa!es, preser#a da corrupo- seus lbios s$o #itas de rubim vermelho, o que nos indica o seu pudor at a pala#ra menos desonestas- seus olhos so comparados aos olhos da pomba, por causa da sua inoc8ncia- suas orelhas t)m brincos de ouro, desse metal precioso que si%nifica a pure,aseu nariz comparado ao cedro do Ebano, cu)o odor sua#7ssimo e que tem uma madeira incorrupt7#el. 9ue quer di,er tudo isso? / alma de#ota de#e ser casta, inocente, pura e honesta em todos os sentidos e0teriores. +unca trates com pessoa de indu!it#eis costumes corrompidos, so!retudo se forem tam! m imprudentes, como quase sempre o so. &i,-se que os ca!ritos, tocando com a l7n%ua nas amendoeiras doces, tornam os seus frutos amar%os- e essas

    333 P E3. "omo conser#ar a castidade

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    almas !rutais e infectas, falando a pessoas do mesmo se0o ou de se0o diferente, causam %rande dano ao pudor, assemelhando-se tam! m aos !asiliscos, que t8m o #eneno nos l!ios e no hlito. /o contrrio, procura a companhia de pessoas castas e #irtuosas- ocupa-te muitas #e,es com a leitura da Sa%rada 'scritura- porque a pala#ra de &eus casta e torna castos os que a amam. &a7 #em que &a#i a compara a esta pedra preciosa que se chama top,io e que tem a propriedade especial de miti%ar o ardor da concupisc8ncia. "onser#a-te ao lado de Aesus "risto crucificado, quer espiritualmente P pela meditao, quer real e corporalmente P na santa comunho. Sa!es de certo que os que se deitam so!re aquela er#a a!nus castus #o tomando insensi#elmente disposi(es fa#or#eis 2 castidade- este)as certa que, se teu corao descansar em +osso Senhor, que realmente o "ordeiro 3maculado, !em depressa purificars tua alma, teu corao e teus sentidos, inteiramente, de todos os pra,eres sensuais. III 1! " $o+re#a unida $osse de rique#as Dem-aventurados os pobres em esprito, porque deles o reino dos cus. 5alditos, pois, so os ricos em esp7rito, porque deles a mis ria do inferno. Cico em esp7rito todo aquele que tem o esp7rito em suas rique,as ou a ideia das rique,as em seu esp7rito- po!re de esp7rito todo aquele que nenhuma rique,a tem em seu esp7rito nem tem o seu esp7rito nas rique,as. 1s alci(es fa!ricam seus ninhos dum modo admir#el- a sua forma semelhante a uma ma, apenas com uma pequena a!ertura em cima- colocam-nos 2 !eira do mar e to firmes e impenetr#eis so que, su!indo as #a%as 2 praia, nenhuma %ota de %ua pode entrar, porque se conser#am !oiando e flutuando com as ondas- permanecem no meio do mar, so!re o mar e senhores do mar. 'is ai a ima%em do teu corao, Filot ia, que

    333 P E6. / po!re,a unida 2 posse de rique,as

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    de#e estar sempre a!erto para o c u e ser impenetr#el ao amor dos !ens deste mundo. Se s rica, conser#a teu corao desape%ado de tuas rique,as, ele#ando-te sempre acima delas, de sorte que, no meio das rique,as, este)as nas rique,as e se)as senhora das rique,as. +o, no permitas que esse esp7rito celeste se encha dos !ens terrestres- mas esfora-te por estar superior a todos os seus atrati#os e a te ele#ares sempre mais para o c u. Grande diferena h entre ter o #eneno e ser en#enenado. 9uase todos os farmac8uticos possuem muitos #enenos para di#ersos usos de seu of7cio, mas no se pode di,er que este)am en#enenados porque t8m o #eneno em suas farmcias. /ssim tam! m podes possuir rique,as sem que o seu #eneno natural penetre at tua alma, contanto que as tenhas s4 em tua casa ou em tua !olsa, e no no corao. Ser rico de fato e po!re no afeto a %rande #entura dos cristos, porque ao mesmo tempo t8m as comodidades das rique,as para esta #ida e os merecimentos da po!re,a para a outra. /hL Filot ia, nin%u m confessa que a#arento, todos a!orrecem esta #ile,a do corao. 'scusam-se pelo n.mero crescido dos filhos, ale%ando re%ras de prud8ncia, que e0i%em um fundo firme e suficiente. +unca se t8m !ens demais e sempre se acham no#as necessidades para a)untar ainda mais. 1 mais a#arento nunca cr8 em sua consci8ncia que o . / a#are,a uma fe!re esquisita, que tanto mais se mostra impercept7#el quanto mais #iolenta e ardente se torna. 5ois s #iu uma sara ardendo em um fo%o do c u, sem se consumir- o fo%o da a#are,a, ao contrrio, de#ora e consome o a#arento, sem o queimar- ao menos, ele no lhe sente os ardores e a alterao #iolenta que lhe causa lhe parece uma sede natural e sua#e. Se dese)as com ardor e inquietao e por muito tempo os !ens que no possuis, cr8-me que s a#arenta, em!ora di%as que o no queres possuir in)ustamente- do mesmo modo que um doente que dese)a !e!er um pouco dW%ua com ardor,

    333 P E6. / po!re,a unida 2 posse de rique,as

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    inquietao e por muito tempo, est mostrando com isso que tem fe!re, em!ora s4 queira !e!er %ua. +o sei, Filot ia, se um dese)o )usto o de adquirir )ustamente o que outros )ustamente possuem- parece-me que, a%indo deste modo, procuramos a nossa comodidade 2 custa do inc$modo de outrem. 9uem possui um !em com pleno direito, no ter mais ra,o de o conser#ar )ustamente do que n4s de o dese)ar )ustamente? Por que moti#o, pois, estendemos n4s o nosso dese)o so!re a sua comodidade, para o pri#ar dela? 5esmo que este dese)o fosse )usto, caridoso no seria de modo al%um, nem n4s querer7amos que outros o ti#essem a nosso respeito. 'ste foi o pecado de /ca!, que quis o!ter por meios )ustos a #inha de +a!ot, o qual a queria conser#ar com maior direito este rei a dese)ou por muito tempo e com muito ardor e inquietao e com isso ofendeu a &eus. 9uando o pr40imo comear a dese)ar desfa,er-se de um !em, ento tempo, Filot ia, de comear a dese)ar o!t8-lo- o seu dese)o far o teu )usto e caridoso. Sim, nada tenho que di,er em contrrio, se te esforas por alimentar os teus !ens com uma tal caridade e )ustia. Se amas os !ens que possuis, se eles ocupam teu pensamento com ansiedade, se teu esp7rito anda sempre a7 de en#olta, se teu corao se ape%a a eles, se sentes um medo muito #i#o e inquieto de perd8-los, cr8-me que ainda ests com fe!re e o fo%o da a#are,a ainda no est e0tinto em ti- pois as pessoas que esto com fe!re !e!em com uma certa a#ide,, pressa e sofre%uido a %ua que se lhes d, o que no natural nem ordinrio nas pessoas ss- e no poss7#el se a%radar muito de uma coisa sem se ape%ar a ela. Se na perda dum !em sentes o corao aflito e desolado, cr8-me, Filot ia, que lhe tens um afeto demasiado, pois nada patenteia to claramente o ape%o que se tinha a uma coisa perdida, como se entristecer pela perda. +unca fomentes um dese)o completo e #oluntrio por uma

    333 P E6. / po!re,a unida 2 posse de rique,as

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    coisa que no possuis- no prendas o corao em hem al%um teu- no te entristeas nunca das perdas que so!re#ieremento, sim, ters um moti#o ra,o#el de pensar que, sendo rica, de fato s, entretanto, po!re de esp7rito e, por conse%uinte, do n.mero dos escolhidos, porque o reino dos c us te pertence. III 3! Praticar a $o+re#a/ $ermanecendo nas rique#as 1 c le!re pintor Parrsio desenhou um retrato do po#o ateniense, que foi tido em conta de muito en%enhoso- porque, para pint-lo com todos os traos do seu carter le#iano, #ari#el e inconstante, ele representou em di#ersas fi%uras do mesmo quadro os caracteres opostos da #irtude e do #7cio, da ira e da !randura, da dem8ncia e da se#eridade, do or%ulho e da humildade, da cora%em e da co#ardia, da ci#ilidade e da rusticidade. &um modo semelhante, Filot ia, eu queria que teu corao unisse a rique,a com a po!re,a, um %rande cuidado com um %rande despre,o dos !ens temporais. 'sfora-te ainda mais que os filhos do mundo por conser#ar e aumentar os teus !ens- pois, no #erdade que aqueles a quem um pr7ncipe incum!iu de cuidar de seus parques, os culti#aro e procuraro tudo o que os possa em!ele,ar, com muito maior dili%8ncia do que se fossem seus pr4prios? ' por que isso? * porque os consideram como propriedade de seu pr7ncipe, de seu rei, a quem querem a%radar. Filot ia, os !ens que temos no nos pertencem e &eus, que os confiou 2 nossa administrao, quer que os faamos frutuosos- , portanto, prestar um ser#io a%rad#el a &eus cuidar deles com dili%8ncia- mas este cuidado h de ser muito mais acurado e maior que o das pessoas do mundo, porque elas tra!alham por amor delas mesmas e n4s de#emos tra!alhar por amor de &eus. 1ra, como o amor de si mesmo um amor inquieto, tur!ulento e #iolento, o cuidado que dele procede cheio de pertur!ao, pesar e inquietao- mas o cuidado que procede do amor de &eus, que enche o corao de doura, tranquilidade e pa,,

    333 P E<. Praticar a po!re,a, permanecendo nas rique,as

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    necessariamente sua#e, tranquilo e pac7fico, mesmo quanto aos !ens temporais. :enhamos sempre um esp7rito calmo e uma tranquilidade de #ida inalter#el, em conser#ando e aumentando os !ens deste mundo se%undo as #erdadeiras necessidades e ocasi(es )ustas que nos ocorrem- porque, enfim, &eus quer que nos sir#amos destas coisas por seu amor. 5as presta muita ateno que o amor-pr4prio no te en%aneele imita 2s #e,es to !em o amor de &eus que se diria, ser este- e, para e#itar o en%ano e o peri%o ane0o de transformar o cuidado le%7timo numa #erdadeira a#are,a, preciso que, al m do que dei0ei dito no cap7tulo precedente, pratiques muitas #e,es a po!re,a de um modo real e efeti#o no meio de todas as rique,asL Ceser#a frequentemente uma parte de teus !ens para empre%-la era fa#or dos po!res. &ar um tanto do que se possui. empo!recer um outro tanto, e quanto mais se d tanto mais se empo!rece. * #erdade que &eus te recompensar li!eralmente nesta e na outra #ida- pois nada fa, prosperar tanto os !ens temporais como a esmola crist- mas, enquanto esperas a recompensa, participars sem d.#ida dos merecimentos da po!re,a. /hL 9ue santa e rica po!re,a a que nos %ran)eia a escola cristL /ma os po!res e a po!re,a, que este amor te far #erdadeiramente po!re, porque, como di, a 'scritura; 16s nos tornamos semelhantes aos que amamos. 1 amor i%uala as pessoas que se ama tu. %uem adoece, di, So Paulo, com quem eu n$o en#erme< ' !em podia ele di,er; quem po!re, que eu no o se)a com ele? 1 amor o fa,ia semelhante ao que ama#a. Se, pois, amas aos po!res, participars de sua po!re,a e lhes sers semelhante. 5as, se amas os po!res, de#es ter %osto de te achares entre eles, de os #er em tua casa, de os #isitar em suas casas, de falar com eles, de os ter perto de ti, na i%re)a, nas ruas e em outras partes. S8 po!re ao falar com eles, conformando-te 2 sua

    333 P E<. Praticar a po!re,a, permanecendo nas rique,as

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    lin%ua%em, como um i%ual com o seu i%ual; mas s8 rica em lhes estender a mo, fa,endo-os participar do que &eus te concedeu mais do que a eles. 9ueres fa,er ainda mais, Filot ia? +o te contentes, ento, em ser po!re com os po!res, mas s8 ainda mais po!re do que eles. ' como assim? Ss de per%untar-me. A me #ou e0plicar; no du#idas de certo que o ser#o inferior a seu dono- entre%ate, pois, ao ser#io dos po!res- assiste-os )unto ao leito e com tuas pr4prias mos, se esto doentes- prepara-lhes a comida 2 tua pr4pria custa- s8 a sua roupeira e en%omadeira. I Filot ia, ser#ir assim aos po!res reinar mais %loriosamente que os reis. 9uanto a este ponto, nunca me sacio de admirar o ,elo de So Ru7s, um dos maiores reis que o sol )amais #iu- e um %rande rei, di%o, em todo o %8nero de %rande,as. Ser#ia frequentemente 2 mesa dos po!res que alimenta#a e quase todos os dias manda#a assentarem-se dois ou tr8s 2 sua pr4priamuitas #e,es comia o que os po!res dei0a#am, com um amor incr7#el por eles e por sua condio. Jisita#a a mi.do os hospitais e ser#ia de prefer8ncia aos enfermos que tinham uma doena mais asquerosa, como os leprosos, os ulcerosos e os que eram comidos de um cancro- e era de )oelhos e com a fronte desco!erta que lhes presta#a estes ser#ios, respeitando neles a pessoa de +osso Senhor e amando-os com um amor to terno como uma me a seus filhos. Santa 3sa!el, filha do rei da Sun%ria, mistura#a-se muitas #e,es entre os po!res e, para di#ertir-se com as damas do seu palcio, #estia-se, 2s #e,es, como uma po!re mendi%a, di,endo-lhes; Se eu fosse po!re, #estir-me-ia assim. I meu &eus, Filot ia, este pr7ncipe e esta princesa eram, na #erdade, po!res em suas rique,as e ricos em sua po!re,aL @em-a#enturados aqueles que so assim po!res, porque o reino dos c us lhes pertence. 7ive #ome e me destes de comer, dir-lhes- o Cei dos po!res e dos reis no dia tremendo do )u7,o final. 2stava nu e me vestistes* possui o reino que vos est preparado desde o comeo do mundo.

    333 P E<. Praticar a po!re,a, permanecendo nas rique,as

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    +o h nin%u m que em certas ocasi(es no sinta falta de al%umas comodidades da #ida. Sucede, 2s #e,es, que fora das cidades falte o necessrio para rece!er a #isita impre#ista dum ami%o- no se tem a tempo os #estidos necessrios para aparecer com honra, se%undo as re%ras da sociedade, numa reunio, as melhores pro#is(es de #inho e tri%o ) so %astas e s4 resta o que ha#ia de pior, sem que se possa suprir. +uma #ia%em tudo h de faltar; quarto, cama, alimentos, ser#ios. +uma pala#ra, por mais rico que se se)a, sempre acontece que se sinta necessidade de al%uma coisa e nesses momentos se #erdadeiramente po!re. /ceita, pois, Filot ia, de !om %rado, essas ocasi(es e suporta os seus, inc$modos com ale%ria. Se te so!re#ier al%um desses infort.nios e acidentes %randes ou pequenos de que a #ida est cheia, como se)a uma tempestade, um inc8ndio, uma inundao, al%uma seca, um ladro, uma demanda, ento o tempo a,ado NoportunoO de praticares a po!re,a, rece!endo com calma esta perda de !ens e conformando-te a ela com toda a firme,a da $aci(ncia crist. 'sa. apresentou-se a seu pai com os !raos ca!eludos e Aac4 fe, o mesmo. 5as, porque os ca!elos que co!riam os !raos de Aac4 no esta#am presos na sua pele, mas somente nas suas lu#as, podiam-se arrancar sem o machucar e ferir- mas os ca!elos dos !raos de 'sa., como tinham crescido ai naturalmente e esta#am presos, no se podiam arrancar sem uma %rande dor e resist8ncia. 'is a7 um quadro fiel do ape%o de al%uns 2s rique,as e do desape%o de outros. 9uando nosso corao se prende aos !ens, se a tempestade ou o ladro ou o demandista nos arranca al%uma parte deles, que de prantos, que de afli(es, quanta impaci8nciaL 5as, quando lhes damos o cuidado que &eus quer que tenhamos e no o corao, se os perdemos, por acaso, de modo al%um perderemos a ra,o e a tranquilidade. 1s ser#os fi is de &eus no se ape%am mais a seus !ens que

    333 P E<. Praticar a po!re,a, permanecendo nas rique,as

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    as suas roupas, que podem #estir e despir, quando quiseremmas os maus cristos conser#am-nos presos a si como os animais o seu pelo. III 6! "s rique#as em es$=rito na $o+re#a Se s de fato po!re, Filot ia, esfora-te, ento, por s8-lo tam! m em esp7rito- fa,e da necessidade uma #irtude e ne%ocia com esta pedra preciosa da po!re,a se%undo o seu alto #alor. 1 mundo no o conhece e no sa!e estimar o seu #alorentretanto, tem um !rilho admir#el e dum %rande preo. :em um pouco de paci8ncia- em tua po!re,a ests em muito !oa companhia. +osso Senhor, a Sant7ssima Jir%em, sua 5e, os ap4stolos, tantos santos e santas foram po!res e, podendo ter rique,as, as despre,aram, 9uantas pessoas que podiam ocupar no mundo um lu%ar saliente, apesar de todas as contradi(es dos homens, foram procurar com a#ide, nos con#entos ou nos hospitais a santa po!re,aL 5uito se esforaram por ach-la e !em sa!es quanto o custou a Santo /lei0o, a Santa Paula, a So Paulino, a Santa an%ela e tantos outros. ' a ti, Filot ia, ela se apresenta espontaneamente- nem preciso que a procures e te esforces por ach-la- a!ra-la- a!raa-a, pois, como a querida ami%a de Aesus "risto, que nasceu, #i#eu e morreu na maior po!re,a. :ua po!re,a, Filot ia, tem duas %randes #anta%ens, que te %ran)earo uma quantidade imensa de merecimentos. / primeira que, no pro#indo de tua escolha, foi unicamente a #ontade de &eus que assim determinou, sem que tua #ontade tenha tido in%er8ncia al%uma. 1ra, tudo o que nos #em unicamente por disposio da di#ina Pro#id8ncia nos torna sempre muito mais a%rad#eis a &eus, contanto que o rece!amos de !oa mente e com um #erdadeiro amor 2 sua santa #ontade. 'm %eral, em toda parte onde h menos da nossa #ontade, h mais da de &eus. / conformao pura e simples com a sua #ontade d a paci8ncia uma %rande pure,a.

    333 P E=. /s rique,as em esp7rito na po!re,a

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    / se%unda #anta%em que esta po!re,a #erdadeira e realmente po!re. 9uero di,er com isso que uma po!re,a estimada, lou#ada, pre,ada, socorrida e assistida s4 fa, as #e,es da rique,a ou ao menos no torna al%u m to po!re como poderia ser- mas uma po!re,a despre,ada, re)eitada, censurada e a!andonada uma po!re,a #erdadeira e real. :al em %eral a po!re,a das pessoas que #i#em no mundo- como no so po!res por pr4pria escolha, mas por necessidade, no se fa, caso delas e por isso a sua po!re,a mais po!re que a dos reli%iosos, conquanto esta tenha uma e0cel8ncia e merecimentos particulares, em #ista da escolha feita e do #oto pelo qual se adstrin%em NunemO a ela. +o te quei0es, pois, Filot ia, de tua po!re,a, porque s4 nos quei0amos do que nos desa%rada. ', se a po!re,a te desa%rada, no s po!re, mas rica de esp7rito e de afeto. +o te preocupes que te faltem os socorros necessrios- e0atamente nisso que consiste a perfeio da po!re,a. 9uerer ser po!re e no querer suportar os inc$modos da po!re,a uma %rande am!io- sim, querer as 4onras da $o+re#a e a comodidade da rique#a. +o te en#er%onhes de ser po!re nem de pedir esmolas por amor de &eus- rece!e com humildade o que te derem e sofre com mansido o que te recusarem. Rem!ra-te muitas #e,es da #ia%em de +ossa Senhora ao '%ito, le#ando o 5enino Aesus, e de tudo o que sofreu, tantos despre,os e mis rias. Se #i#eres assim, sers riqu7ssima em tua po!re,a. III 7! " ami#ade em %eral e suas es$cies ms 1 amor ocupa o primeiro lu%ar entre as pai0(es- ele reina no corao e diri%e todos os seus mo#imentos- apodera-se de todos eles, comunicando-lhes a sua nature,a e as suas impress(es- torna-nos semelhantes aquilo que amamos. "onser#a, Filot ia, o teu corao li#re de todo o amor mau, porque se tornaria imediatamente um corao mau. 1 mais peri%oso de todos os amores a ami,ade, porque os outros

    333 P EB. / ami,ade em %eral e suas esp cies ms

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    amores podem afinal e0istir sem se comunicar- mas a ami,ade fundada essencialmente nesta relao entre duas pessoas, sendo quase imposs7#el que as suas !oas e as suas ms qualidades no passem de uma para a outra. +em todo o amor ami,ade, pois que podemos amar sem ser amados- neste caso s4 h amor, mas no h ami,adeporque a ami,ade um amor m.tuo, e se o amor no m.tuo, no pode ser chamado ami,ade. ' ainda no !astante que o amor se)a m.tuo, necessrio tam! m que as pessoas que se amam conheam esta afeio rec7proca, de modo que, se a i%norarem, t8m amor, mas no t8m ami,ade. 'm terceiro lu%ar requer-se que ha)a al%uma comunicao entre as pessoas que se amam, a qual ao mesmo tempo o fundamento e o sustentculo da ami,ade. / di#ersidade das comunica(es forma a di#ersidade das ami,ades e estas comunica(es di#ersas diferem se%undo os !ens que se podem comunicar mutuamente. Se estes !ens so falsos e #os, a ami,ade ser tam! m falsa e #, e se so #erdadeiros, a ami,ade ser #erdadeira. &estarte NconsequentementeO a sua e0cel8ncia cresce 2 proporo daquela dos !ens que se comunicam, como o melhor mel o que as a!elhas su%am das flores mais raras e esquisitas. 'm Seracleia, cidade do Ponto, e0iste uma esp cie de mel to #enenoso que quem se alimenta dele fica maluco, porque as a!elhas o #o colher no ac$nito, de que rica aquela re%io, e uma ima%em da ami,ade falsa e m, que se funda na ac=nito comunicao de !ens falsos e fa#or#eis ao #7cio. / comunicao dos pra,eres carnais uma propenso mutua e isca !rutal, que entre os homens no merece o nome de

    333 P EB. / ami,ade em %eral e suas esp cies ms

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    ami,ade mais do que a dos )umentos e ca#alos, pela semelhana dos efeitos- e se no matrim$nio no hou#esse mais nenhum efeito, tam! m nele no ha#eria ami,ade. 5as porque, al m desta, h nele a comunicao da #ida, da ati#idade, dos !ens, das afei(es e uma indissol.#el fidelidade, por isso a ami,ade do matrim$nio #erdadeira e santa ami,ade. / ami,ade fundada so!re os pra,eres sensuais ou so!re certas perfei(es #s e fr7#olas to %rosseira que nem merece o nome de ami,ade. "hamo pra,eres sensuais aqueles que pro#8m imediatamente e principalmente dos sentidos e0teriores, como o pra,er natural de #er uma !ela pessoa, de ou#ir uma #o, melodiosa, de apalpar e outros pra,eres semelhantes. "hamo perfei(es #s e fr7#olas certas ha!ilidades ou qualidades, quer naturais, quer adquiridas, que os esp7ritos fracos t8m em conta de %randes perfei(es. "om efeito, quantas moas, mulheres e )o#ens di,em com toda a seriedade; +a #erdade aquele senhor tem um %rande merecimento, porque dana esplendidamente, sa!e a fundo todos os )o%os, canta que uma delicia, tem um %osto todo especial para a ele%Qncia de #estir-se, mostra sempre um ar a%rad#el, tem uma con#ersa interessante e ale%reL 9ue )u7,os, Filot iaL &este modo )ul%am os charlates entre eles que os maiores tolos so os homens mais perfeitos. "omo tudo isso di, respeito aos sentidos, as ami,ades dai ori%inrias se chamam sensuais e mais merecem o nome dum di#ertimento #o que de ami,ade. &este teor so em %eral as ami,ades dos )o#ens que se prendem com !i%odes, com ca!elos, com olhares, com roupas, com %estos, com a loquacidade- ami,ades di%nas da idade de ami%os que ainda no t8m #irtude seno na casca, nem )u7,o al%um seno em !oto. Por isso tais ami,ades passam e se desfa,em lo%o como a ne#e so! a ao do sol.

    333 P EK. /s mais peri%osas ami,ades

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    III 8! "s mais $eri%osas ami#ades "ertas ami,ades loucas entre pessoas de am!os se0o, e sem inteno de casamento, no podem merecer o nome de ami,ade nem de amor, pela sua incompar#el le#iandade e imperfeio. So a!ortos ou, melhor ainda, fantasmas da ami,ade. Prendem e comprometem os cora(es dos homens e das mulheres, entrelaando-os em #s e loucas afei(es, fundadas nessas fr7#olas comunica(es de miser#eis a%rados de que aca!o de falar. ' ainda que estes loucos afei(es por #ia de re%ra #o parar e despenhar-se em carnalidades e lasc7#ias muito !ai0as e torpes, contudo no este o primeiro des7%nio dos que andam nestas con#ersas, alis no seriam ) ami,ades, seno desonestidades manifestas. /l%umas #e,es passaro at muitos anos sem que entre os que esto conta%iados desta loucura ha)a al%o diretamente contrrio 2 castidade do corpo, porque se contentam unicamente com, desafo%ar os cora(es em anseios, dese)os, suspiros, %alanteios e outras ninharias e le#iandades deste teor, le#ados por di#ersos fins. Uns no t8m seno o des7%nio de saciar o seu corao, dando e rece!endo pro#as de amor, se%uindo nisto a sua inclinao amorosa, e estes tais escolhem os amores, consultando apenas o seu %osto e propenso, de sorte que, apenas se lhes depara al%um su)eito a%rad#el, sem e0aminar o seu interior nem o seu procedimento, comeam esta comunicao de namorados, e metem-se dentro das miser#eis redes, de que depois muito lhes custar sair. 1utros se dei0am le#ar a isso por #aidade, parecendo-lhes que no pequena %l4ria a%arrar e prender os cora(es com o amor. ' estes, fa,endo a sua escolha por ostentao, deitam os seus an,4is, e estendem as suas redes em lu%ares de !ela apar8ncia, ele#ados, famosos e ilustres. 1utros so le#ados pela sua inclinao amorosa e ao mesmo tempo pela #aidade- porque, em!ora tenham o corao atreito NacostumadoO e inclinado ao amor, no querem por m se meter a ele seno com al%uma #anta%em

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    de %l4ria. 'stas ami,ades so todas ms, loucas e #s; ms, porque #o dar e rematam alfim NafinalO no pecado da carne, e porque rou!am o amor, e por conse%uinte o corao a &eus, 2 mulher e ao marido, a quem ele pertencia- loucas, porque no t8m nem fundamento nem ra,o- #s, porque no do pro#eito al%um, nem honra, nem contentamento. Pelo contrrio, fa,em perder tempo, lesam a honra sem dar nenhum pra,er, afora o de uma ansiedade de pretender e esperar, sem sa!er o que se quer nem o que se pretende, porque sempre se lhes afi%ura, a estes esp7ritos fracos e miser#eis, que t8m no sei qu8 de apetec7#el as pro#as que lhes do de amor rec7proco, e que no so capa,es de e0plicar; donde resulta que o seu dese)o no pode terminar, mas #ai sempre apoquentando o seu corao com perp tuas desconfianas, ci.mes e inquieta(es. So Gre%4rio +a,ian,eno, escre#endo contra as mulheres #s, di, mara#ilhas a este respeito- aqui tens um pequeno trecho que ele na realidade diri%e 2s mulheres, mas !om tam! m para os homens; / tua natural formosura !asta para teu marido- porque se para muitos homens, como uma rede estendida para um !ando de pssaros, que ir dai suceder? S de a%radar-te aquele a quem tua formosura a%radar- pa%ars um relance de olhos com outro relance, olhares com olhares- #iro lo%o a se%uir os sorrisos, e pequenas pala#ras de amor, dei0ando-as como que cair com dissimulao, no princ7pio- mas !em depressa se lhes tomar %osto, e se passar aos des!ra%amentos Ntornar li!ertinoO manifestos. I minha l7n%ua palradeira Nta%arelaO, fo%e a todo o transe de di,er o que suceder depois- eu contudo direi esta #erdade; nada de tudo o que os moos e as mulheres di,em ou fa,em )untos nestas loucas con#ersas isento de %randes est7mulos e peri%os. :odas as patranhas NmentirasO de namorados se prendem umas com as outras e se se%uem todas umas s outras, nem mais nem menos do que um ferro atra7do

    333 P EK. /s mais peri%osas ami,ades

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    pelo 7m atrai consecuti#amente muitos outros. 1hL "omo di, !em este %rande @ispo; que pensas tu fa,er? 9ueres amar? +o queres? 5as olha que nin%u m d #oluntariamente, que no rece!a forosamente- neste )o%o, quem apanha apanhado. / er#a apro0is acende-se, apenas #8 o fo%o- os nossos cora(es so na mesma; apenas #eem uma alma a!rasada em amor por eles, ficam sem demora a!rasados de amor por ela. 'u !em quisera me enamorar, me dir al%u m, mas no com muito empenho. /iL "omo te en%anasL 'ste fo%o do amor mais ati#o e penetrante do que te parece; )ul%as que s4 rece!es uma centelha dele e ficars assom!rada ao #er que num momento se ter apossado de todo o teu corao, e ter redu,ido a cin,as todas as tuas resolu(es, e a fumo a tua reputao. 1 s!io e0clama; 9uem ter compai0o de um encantador mordido da serpente? ' eu e0clamo na sua esteira; 4 loucos e insensatos, cuidais que enfeitiais o amor para o mane)ar e usar como #os aprou#er? 9uereis !rincar com ele, e ele #os picar e morder peri%osamente, e sa!eis o que se dir? :odas mofaro de #4s, e se riro por terdes querido enfeitiar e prender o amor e, com uma falsa se%urana, terdes metido no #osso seio uma peri%osa #7!ora, que #os corrompeu e perdeu a alma e a honra. I &eus, que ce%ueira esta, a de )o%ar assim a cr dito so!re penhores to fr7#olos a principal )oia da nossa alma? Sim, Filot iaL Porque &eus no quer o homem seno pela alma, nem a alma seno pela #ontade, nem a #ontade seno pelo amor. /iL +4s no ternos todo aquele amor de que precisamos. 9uero eu di,er, s4 sendo o amor infinito, ter7amos o !astante para amar a &eus; e contudo, como se nos so!e)asse, mal!aratamo-lo Ndesperdi-loO e empre%amo-lo em coisas loucas, #s e fr7#olas. /hL 'ste %rande &eus, que para si reser#a apenas o amor das nossas almas, em pa%a e reconhecimento da sua criao, conser#ao e Cedeno, e0i%ir uma conta muito apertada e ri%orosa destes loucos de#aneios a que nos damos. ' se h de fa,er-se um e0ame to

    333 P EK. /s mais peri%osas ami,ades

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    e0ato das pala#ras ociosas, como ser o que h de se fa,er das ami,ades ociosas, impertinentes, loucas e pre)udiciais? / no%ueira pre)udica imensamente as #inhas e os campos, onde est plantada, porque, sendo tamanha, chama a si toda a sei#a da terra, que depois no tem fora para sustentar o resto das plantas- as suas folhas so to densas que produ,em uma som!ra %rande e cerrada, e por .ltimo atrai os #iandantes, que para deitar a!ai0o o seu fruto estra%am e calcam tudo em #olta dela. 'stes namoros causam os mesmos estra%os na alma, porque a ocupam de tal modo, e empu0am to poderosamente os seus mo#imentos, que ela fica inepta e in!il para qualquer o!ra !oa; as folhas, isto , as con#ersas, di#ertimentos e %alanteios so to frequentes, que fa,em perder todo o tempo. ' finalmente atraem tantas tenta(es, distra(es, suspeitas e outras consequ8ncias, que o corao fica todo pisado e corrompido. +uma pala#ra, estes namoros no s4 desterram o amor celestial, mas tam! m o temor de &eus, ener#am o esp7rito, fa,em des#anecer a reputao; e, por di,er tudo de uma s4 #e,, so o entretimento e a di#erso das cortes, mas a peste dos cora(es. III 9! "s verdadeiras ami#ades I Filot ia, ama a todos os homens com um %rande amor de caridade crist, mas no tra#es ami,ade seno com aquelas pessoas cu)o con#7#io te pode ser pro#eitoso- e quanto mais perfeitas forem estas rela(es, tanto mais perfeita ser a tua ami,ade. Se a relao de ci8ncias NconhecimentoO, a ami,ade ser honesta e lou##el e o ser muito mais ainda se a relao for de #irtudes morais, como prud8ncia, )ustia, fortale,a- mas se for a reli%io, a de#oo e o amor de &eus e o dese)o da perfeio o o!)eto duma comunicao m.tua e doce entre ti e as pessoas que amas, ahL 'nto tua ami,ade precios7ssima. * e0celente, porque #em de &eus- e0celente, porque &eus o lao que a

    333 PEG. /s #erdadeiras ami,ades

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    une, e0celente, enfim, porque durar eternamente em &eus. /hL 9uanto !om amar ) na terra o que se amar no c u e aprender a amar aqui estas coisas como as amaremos eternamente na #ida futura. +o falo, pois, aqui simplesmente do amor cristo que de#emos a nosso pr40imo, todo e qualquer que se)a, mas aludo 2 ami,ade espiritual, pela qual duas, tr8s ou mais pessoas se comunicam mutuamente as suas de#o(es, !ons dese)os e resolu(es por amor de &eus, tornando-se um s4 corao e uma s4 alma. "om toda a ra,o podem cantar ento as pala#ras de &a#i; &h9 %u$o bom e a!radvel habitarem juntamente os irm$os9 Sim, Filot ia, porque o !lsamo precioso da de#oo est sempre passando dum corao ao outro por uma cont7nua e m.tua participao- tanto assim que se pode di,er que &eus lanou so!re esta ami,ade a sua !8no por todos os s culos dos s culos. :odas as outras ami,ades so como as som!ras desta e os seus laos so fr%eis como o #idro, ao passo que estes cora(es ditosos, unidos em esp7rito de de#oo, esto presos por uma corrente toda de ouro. Filot ia, todas as tuas ami,ades se)am desta nature,a, isto , todas aquelas que dependem de tua li#re, escolha, porque no de#es romper nem ne%li%enciar as que a nature,a e outros de#eres te o!ri%am a manter, como em relao a teus pais- parentes, !enfeitores e #i,inhos. Ss de ou#ir tal#e, que no se de#e consa%rar afeto particular ou ami,ade a nin%u m, porque isto ocupa por demais o corao, distrai o esp7rito e causa ci.mes- mas um mau conselho, porque, se muitos autores s!ios e santos ensinam que, as ami,ades particulares so muito noci#as aos reli%iosos, no podemos, no entanto, aplicar o mesmo princ7pio a pessoas que #i#em no s culo P e h aqui uma %rande diferena. +um mosteiro onde h fer#or, todos #isam o mesmo fim, que a perfeio do seu estado, e por isso a manuteno das ami,ades particulares no pode ser tolerada ai, para preca#er

    333 PEG. /s #erdadeiras ami,ades

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    que, procurando al%uns em particular o que comum a todos, passem das particularidades aos partidos. 5as no mundo necessrio que aqueles que se entre%am 2 prtica da #irtude se unam por uma santa ami,ade, para mutuamente se animarem e conser#arem nesses santos e0erc7cios. +a reli%io os caminhos de &eus so fceis e planos e os que ai #i#em se assemelham a #ia)antes que caminham numa !ela plan7cie, sem necessitar de pedir a mo em au07lio. 5as os que #i#em no s culo, onde h tantas dificuldades a #encer para ir a &eus, se parecem com os #ia)antes que andam por caminhos dif7ceis, esca!rosos e escorre%adios, precisando sustentar-se uns nos outros para caminhar com mais se%urana. +o, no mundo nem todos t8m o mesmo fim e o mesmo espirito e dai #em a necessidade desses laos particulares que o 'spirito Santo forma e conser#a nos cora(es que lhe querem ser fi is. "oncedo que esta particularidade forme um partido, mas um partido santo, que somente separa o !em do mal; as o#elhas das ca!ras, as a!elhas dos ,an%(es, Nas tre#as da Ru,O separao esta que a!solutamente necessria. 'm #erdade no se pode ne%ar que +osso Senhor ama#a com um amor mais terno e especial a So Aoo, a 5arta, a 5adalena e a R,aro, seu irmo, pois que o '#an%elho o d a entender claramente. Sa!e-se que So Pedro ama#a ternamente a So 5arcos e a Santa Petronila, como So Paulo ao seu querido :im4teo e a Santa :ecla. So Gre%4rio +a,ian,eno, ami%o de So @as7lio, fala com muito pra,er e ufania de sua intima ami,ade, descre#endo-a do modo se%uinte; parecia que em n4s ha#ia uma s4 alma, para animar os nossos corpos, e que no se de#ia mais crer nos que di,em que uma coisa em si mesma tudo quanto e no numa outra- est#amos, pois, am!os em um de n4s e um no outro. Uma .nica e a mesma #ontade nos unia em nossos prop4sitos de culti#ar a #irtude, de conformar toda nossa #ida com a esperana do c u, tra!alhando am!os unidos como uma s4

    333 PEG. /s #erdadeiras ami,ades

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    pessoa, para sair, ) antes de morrer, desta terra perecedora. Santo /%ostinho testemunha que Santo /m!r4sio ama#a a Santa 5$nica unicamente de#ido 2s raras #irtudes que #ia nela e que ela mesma estima#a este santo prelado como um an)o de &eus. 5as para que te deter tanto tempo numa coisa to clara? So Aer$nimo, Santo /%ostinho, So Gre%4rio, So @ernardo e todos os %randes ser#os de &eus ti#eram ami,ades particulares, sem dano al%um para a sua santidade. So Paulo, repreendendo os pa%os pela corrupo de suas #idas, acusa-os de %ente sem afeto, isto , sem ami,ade de qualidade al%uma. Santo :oms reconhecia, com todos os !ons fil4sofos, que a ami,ade uma #irtude e entende a ami,ade particular, porque di, e0pressamente que a verdadeira ami#ade no $ode se estender a muitas $essoas. / perfeio, portanto, no consiste em no ter nenhuma ami,ade, mas em no ter nenhuma que no se)a !oa e santa. III '<! Diferena entre ami#ades vs e verdadeiras Jou te dar a%ora, um a#iso important7ssimo e uma re%ra. 1 mel de SeracleiaUaV, de que ) falei, e que um #eneno muito destruti#o, assemelha-se muito ao mel ordinrio, que to saud#el, e h %rande peri%o de tomar um pelo outro ou de tomar uma mistura de am!os, porque a utilidade de um no impede a mali%nidade do outro. :am! m quanto 2s ami,ades preciso muito cuidado, para no nos en%anarmos, principalmente tratando-se de uma pessoa de se0o diferente Nao nossoO, por melhores que se)am os princ7pios que nos unam a
    UaV Seracleia P$ntica Nem %re%o; efghijkl mnopkhq- transl.; Srrasleia Pontisr- em latim; atual taradeni, 'reuli, na pro#7ncia de von%uldas, na costa do mar +e%ro, na :urquiaO foi uma anti%a cidade na @it7nia, ento >sia 5enor, na fo, do rio Rico. 'la foi fundada pela cidade'stado %re%a de 5e%araE por #olta de <=F-<<K a.". e foi !ati,ada em homena%em a Sercles, que os %re%os acredita#am que teria entrado no 5undo inferior numa ca#erna nas redonde,as Natual ca!o @a!aO.

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras

    E=F

    ela- pois o dem$nio tapa os olhos aos que se amam. "omea-se por um amor #irtuoso- mas, se no se tomarem precau(es prudentes, o amor fr7#olo se #ai misturando e depois #em o amor sensual e por fim o amor carnal. Sim, mesmo no amor espiritual no se est li#re do peri%o, se no se sa!e se premunir de desconfiana e #i%ilQncia, conquanto o en%ano aqui no se)a to fcil, porque a inoc8ncia perfeita do corao desco!re imediatamente tudo o que se pode a)untar a7 de impuro, assim como as manchas aparecem muito mais so!re o !ranco. 'is a7 a ra,o porque, quando dem$nio quer corromper um amor todo espiritual, o fa, com mais ast.cia, tentando #er se pode su%erir primeiro al%umas disposi(es menos fa#or#eis 2 pure,a. Para discernires !em entre a ami,ade santa e a ami,ade mundana, %ra#a na mem4ria as re%ras se%uintes; 1 mel de Seracleia mais doce 2 l7n%ua que o mel #ul%ar, porque as a!elhas o #o colher no ac$nito, que lhe d esta doura e0traordinria, e a ami,ade mundana tra, uma influ8ncia de pala#ras doces, lan%orosas, apai0onadas e cheias de adulao pela !ele,a, %raa, e # qualidades f7sicas. 5as a ami,ade santa tem uma lin%ua%em simples, sin%ela e sincera e s4 lou#a as #irtudes e dons de &eus, .nico fundamento em que se apoia. 9uem comeu do mel mali%no sente umas tonteiras de ca!ea e muitas #erti%ens e a ami,ade falsa causa um des#io e des#airamento de esp7rito que fa, titu!ear a pessoa na castidade e na de#oo, le#ando a olhares afetados, lQn%uidos e imoderados, as car7cias sensuais, a suspiros desordenados, as pequenas quei0as de no ser correspondida, a certas mei%uices le#ianas, afetadas e repetidas, as %alantarias e !ei)os e a outras particularidades e fer#ores incon#enientes, press%ios certos e infal7#eis de iminente ru7na da honestidade. 5as a ami,ade santa s4 tem olhos para o pudor, demonstra(es para a pure,a e sinceridade, suspiros para o c u, li!erdade para o espiritual e

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras

    E=E

    quei0as pelos interesses de &eus, que no amado; sinais infal7#eis de uma honestidade perfeita. 1 mel de Seracleia ofusca a #ista e a ami,ade # ofusca to fortemente, que ) no se pode distin%uir entre o !em e o mal, aceitando-se como #erdadeiras ra,(es os prete0tos menos fundamentados, teme-se a lu, e amam-se as tre#as. 5as a ami,ade santa tem olhos clari#identes, no se esconde e %osta mesmo de mostrar-se 2s pessoas de !em. Por .ltimo, o mel en#enenado dei0a um %rande amar%or na !oca. &a mesma sorte, as falsas ami,ades con#ertem-se e rematam em pala#ras e pedidos carnais e torpes- ou no caso da ne%ati#a, em in).rias, cal.nias, imposturas, triste,as, confus(es e ci.mes, que !em depressa #o parar em !rutalidades e des#arios. 5as a ami,ade casta sempre i%ualmente honesta, cort8s e ami%#el. +unca se con#erte seno numa unio de esp7ritos mais perfeita e mais pura, ima%em #i#a da ami,ade !em-a#enturada que se pratica no c u. So Gre%4rio +a,ian,eno di, que o pa#o, %ritando quando fa, sua roda, e0cita so!remaneira as f8meas que o escutam. 9uando #emos um homem pa#onear-se, enfeitar-se, e #ir assim di,er chocarrices N%race)osO, chistes Npilh riasO e pala#ras doces aos ou#idos duma mulher ou duma moa sem inteno de )usto matrim$nio, ahL Sem d.#ida que no seno para a arrastar a al%uma desonestidade. / mulher s ria e honrada tapar os ou#idos para no ou#ir os %ritos desse pa#o e a #o, do encantador, que a quer enfeitiar e prender com fine,as. ' se ela der ou#idos, 4 meu &eus, que mau pren.ncio da futura perda de sua almaL 1s )o#ens que fa,em %estos, car7cias e di,em pala#ras em que no %ostariam de ser surpreendidos por seus pais, mes, maridos, esposas ou confessores, mostram com isso que tratam de coisa alheia 2 honra e 2 consci8ncia. +ossa Senhora pertur!ou-se #endo um an)o em forma humana, porque esta#a s4 e ele lhe tecia elo%ios su!limados, em!ora celestiais. I Sal#ador do mundo, a pure,a teme a um an)o em

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras

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    forma humana, e porque no h de a impure,a temer um homem, ainda que lhe aparea em fi%ura de an)o, quando a lou#a com lou#ores sensuais e humanos? ' se ) ests presa nas redes destes amores loucos, ohL &eus, como te ser dif7cil soltares-teL P(e-te diante da sua di#ina 5a)estade, reconhece na sua presena a enormidade da tua mis ria, a tua fraque,a e #aidade- depois, com o maior esforo de corao que te for poss7#el, detesta estes amores comeados, a!)ura a # profisso que deles fi,este, renuncia a todas as promessas rece!idas e, com um %rande e mui decidida #ontade, p(e pra,o ao teu corao, e resol#e nunca mais entrar nestes )o%os e di#ers(es de amor. Se te podes afastar do o!)eto deles, sem restri(es o apro#oporque, como os que foram mordidos pelas serpentes no podem facilmente sarar na presena dos que noutra ocasio foram feridos pela mesma mordedura- assim tam! m a pessoa que est picada do amor dificilmente sarar desta pai0o, enquanto esti#er perto da outra que ti#er sido atin%ida pela mesma picadura. / mudana de lu%ar ser#e so!remaneira para a!randar os ardores e inquieta(es, quer da dor, quer do amor. 1 mance!o de quem fala Santo /m!r4sio no se%undo li#ro da Penit8ncia, tendo feito uma lon%a #ia%em, tornou-se em a!soluto li!erto dos loucos amores a que se entre%a#a, e ficou de tal sorte mudado, que a louca namorada, encontando-o, e di,endo-lhe; no me conheces? 'u sou a mesma, P ele respondeu; sim, mas eu no sou o mesmo. / aus8ncia tinha operado nele esta feli, mudana. ' Santo /%ostinho testifica que, para miti%ar a dor que te#e com a morte do seu ami%o, se retirou de :a%aste, onde ele morrera, e foi para "arta%o. 5as quem no pode se afastar, que de#e fa,er? * preciso a todo custo cortar por toda a con#ersa particular, por todo entretimento secreto, por toda mei%uice e reque!ro no olhar, por todos os sorrisos, e em %eral por toda a esp cie de comunica(es e incenti#os, que podem alimentar este fo%o que

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras

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    to mau cheiro e0ala e tanto fumo despende. 1 quando muito, se foroso falar ao c.mplice, que se)a apenas para declarar, por uma audaciosa, curta e se#era protestao, o eterno di#4rcio que se )urou. 'u %rito !em alto a todos os que ca7ram nestes laos dos namoros; cortai, despedaai, que!rai- preciso no perder tempo e descoser estas ami,ades loucas, preciso ras%-las e despeda-las- no se h de desatar os n4s, preciso parti-los ou cort-los, pois afinal de contas esses cord(es e li%aduras para nada ser#em. +o h ra,o para fa,er caso de um amor que to contrrio ao amor de &eus. P 5as depois de eu ter assim que!rado os %rilh(es desta infame escra#ido, ainda me ficar dela al%um sentimento e saudade, e as marcas e os sinais dos ferros ainda ficaro %ra#ados em meus p s, isto , nas minhas afei(es. P +o o faro, se conce!eres tamanho 4dio e a#erso pelo mal, como ele merece; porque, se isto for assim, nunca mais sers a%itada por nenhum mo#imento, afora o de um e0tremo horror por este amor infame e por tudo o que dele depende- e ficars li#re de toda afeio pelo o!)eto a!andonado, e s4 com uma caridade pur7ssima para com &eus- mas, se pela imperfeio do teu arrependimento te ficam ainda al%umas inclina(es ms, procura para a tua alma uma solido mental, conforme mais acima te indiquei, e acolhe-te a ela o mais que possas, e por meio de repetidas aspira(es renuncia a todas as tuas inclina(es; detesta-as com todas as tuas foras- l8, com mais frequ8ncia do que costumas, li#ros de de#oo, confessa-te mais ami.de do que teu costume, e comun%a- trata humilde e francamente de todas as su%est(es e tenta(es, que neste ponto te saltearem, com teu &iretor, e seno, ao menos com al%uma alma fiel e prudente, e no du#ides de que &eus te li#rar de todas as pai0(es, contanto que perse#eres fielmente nestes e0erc7cios. /hL 5e dirs tu, mas no ser in%ratido romper to desapiedadamente com uma ami,ade? 1hL 9ue ditosa a

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras

    E=6

    in%ratido que nos torna a%rad#eis a &eusL +o, podes crerme, no ser in%ratido, ser at um %rande !enef7cio que fars ao amante- porque, que!rando as tuas cadeias, que!rars as suas, pois #os eram comuns e, em!ora ele por enquanto no fique ciente e inteirado da sua felicidade, h de reconhec8-la sem muita tardana e con#osco cantar em ao de %raas; I SenhorL #4s que!rastes as minhas cadeias, eu #os sacrificarei a h4stia de lou#or, e in#ocarei o #osso santo nome. III ' ! "visos e remdios contra as ms ami#ades &esde a primeira tentao que teu corao sentir, por mais le#e que se)a, #ira-o imediata e completamente para o outro lado e com uma detestao oculta, mas firme, destas #aidades sensuais, ele#a-te em esp7rito 2 cru, do di#ino Sal#ador e toma a sua coroa de espinhos, para fa,er uma cerca, como di, a 'scritura, em redor do teu corao, a fim de que, como ela mesma acrescenta, as pequenas raposas no se apro0imem. Guarda-te cuidadosamente de entrar em al%uma com!inao com o inimi%o- nem di%as; eu o escutarei, mas no farei nada do que me disser- dar-lhe-ei ateno, mas recusarei tudo de corao. I Filot ia, arma-te nessas ocasi(es com a firme,a mais s4lida. 5uito estreitamente li%ados. esto o corao e os ou#idos para se crer que aquele no se)a influ7do pelo que estes rece!em- e, como imposs7#el deter uma torrente que se lana pelo decli#e de uma montanha, tam! m no se pode impedir que aquilo que o amor fe, che%ar aos ou#idos no caia no corao. Uma pessoa de honra nunca dar ateno 2 #o, do encantador. Se acaso o escuta P 4 &eusL P que funestos au%.rios de per#erso completa do coraoL / Sant7ssima Jir%em pertur!ou-se 2 #ista do an)o, porque esta#a s4 e muito %randes eram os lou#ores que lhe tra,ia, em!ora #iesse do c u. I Sal#ador do mundoL /quela que a mesma pure,a teme um

    333 P 2E. /#isos e rem dios contra as ms ami,ades

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    an)o em forma humana- e n4s, que somos to impuros, no de#er7amos temer um homem, em!ora parea um an)o, se nos d lou#ores cheios de adula(es #s e sensuais? Semelhantes complac8ncias )amais sero permitidas nem )ustificadas por ra,o al%uma de !oa educao ou respeitonem mesmo se, procedendo de outra forma, te mostrares descort8s e inci#ili,ada. Rem!ra-te sempre que, tendo a &eus consa%rado o corao e imolado o teu amor, seria uma esp cie de sacril %io tirar da7 a m7nima parte que fosse- reno#a no momento da tentao o teu sacrif7cio, por toda sorte de !oas resolu(es e protestos, e, conser#ando o corao fechado, como o #eado no seu esconderi)o, suplica a assist8ncia de &eus- e &eus #ir em teu au07lio e o seu amor tomar o teu so! a sua proteo, a fim de que permanea intacto para ele. III ''! Outros avisos sare as ami#ades Sem uma 7ntima e %rande cordialidade no se pode contrair nem manter uma ami,ade- e, como esta cordialidade cont7nua, !em depressa se comeam a confiar os se%redos do corao. :odas as inclina(es naturais passam in#isi#elmente de um para o outro, pelas m.tuas impress(es que um fa, no outro e por uma troca rec7proca de sentimentos e afetos. * o que acontece principalmente quando a ami,ade se funda numa %rande estima, porque a ami,ade a!re o corao e a estima d entrada a tudo o que se apresenta, se)a !om ou mau. /s a!elhas #o colher o seu mel nas flores e, se estas so #enenosas, chupam-lhe tam! m o #eneno; ima%em perfeita da ami,ade que, sem o notar, #ai rece!endo tanto o mal como o !em. P(e, pois, cuidadosamente em prtica, Filot ia, estas pala#ras que, se%undo a tradio, o Filho de &eus sempre repetia; 'ede bons cambiadores e bons conhecedores de moedas, isto , no rece!ais a moeda falsa com a #erdadeira,

    333 P 22. 1utros a#isos sare as ami,ades

    E==

    nem o ouro aquilatado com o falso- separai o que precioso do que #il e despre,7#el. "om efeito, nin%u m e0iste que no tenha certas im$erfei0es e por que ra,o ha#emos de participar, na ami,ade, dos defeitos do ami%o? &e#emos amlo, em!ora imperfeito- mas no de#emos nos apropriar de suas imperfei(es nem am-las, porque, sendo a ami,ade uma associao do !em e no do mal; de#emos distin%uir as !oas das ms qualidades do ami%o, como os tra!alhadores do :e)o separam o ouro da areia. So Gre%4rio +a,ian,eno conta que di#ersos ami%os de So @as7lio tanto o estima#am e #enera#am que at che%aram a imitar seus defeitos naturais e e0teriores, como, por e0emplo, seu modo #a%aroso de falar, seu modo de andar, seu ar se#ero e pensati#o e at o aspecto da !ar!a, e n4s #emos na realidade os maridos, as mulheres, os ami%os tomarem insensi#elmente as imperfei(es uns dos outros e os filhos dos pais, por uma certa imitao inconsciente a que a estima ou #enerao os indu, e condu,. 5as cada um ) tem #7cios de so!ra e no precisa os dos outros- e a ami,ade no s4 no e0i%e nada disso, mas at quer que nos au0iliemos mutuamente a corri%ir os nossos defeitos. S de suportar-se com !randura as imperfei(es do ami%o, sem o reforar ainda mais nelas, pelas adula(es, e sem permitir que nossa alma fique conta%iada por complac8ncia. 'stou falando somente das imperfei(es, porque, quanto aos pecados, nem mesmo aturar os de#emos no ami%o- uma ami,ade muito fraca ou m #er o ami%o perecer e no o socorrer ou no ousar admoest-lo um pouco sensi#elmente, para o sal#ar. / #erdadeira ami,ade no se pode conciliar com o pecado, porque este a arru7na inteiramente, como a salamandra, que se di, que e0tin%ue o fo%o- se um pecado passa%eiro, a ami,ade o e0pele imediatamente por um !om conselho- mas, se se trata dum pecado ha!itual, ele destr4i toda a ami,ade, que s4 pode

    333 P 22. 1utros a#isos sare as ami,ades

    E=B

    e0istir com a #erdadeira #irtude. 5uito menos, portanto, se h de pecar por causa do ami%o, o qual se tornaria nosso inimi%o, se nos quisesse le#ar ao pecado, e !em mereceria perder a nossa ami,ade, se ti#esse em mira perder a nossa alma. /inda mais, um sinal certo duma ami,ade falsa o ape%o a uma pessoa #iciosa- e, se)a qual for o #7cio, nossa ami,ade sempre #iciosa- pois, no sendo fundada na #irtude s4lida, outro fundamento no pode ter seno o pra,er sensual ou al%umas daquelas imperfei(es #s e fr7#olas de que ) tenho falado. /s sociedades e companhias de ne%ociantes s4 t8m a apar8ncia de ami,ade que se firma, no no amor das pessoas, mas no amor %anho. 'nfim, eis aqui duas m0imas di#inas, que chamo as duas colunas da #ida crist uma do s!io; %uem tiver temor de (eus ter tambm uma amizade honesta . / outra de So :ia%o; A amizade deste mundo inimi!a de (eus. III ',! ?&erc=cio de mortificao e&terior /firmam os naturalistas que, escre#endo-se uma pala#ra numa am8ndoa ainda intacta e fechando-a de no#o, cuidadosamente, em sua casca, uma #e, lanada em terra, todos os frutos que da7 nascem tra,em escrita essa mesma pala#ra. 9uanto a mim, Filot ia, nunca apro#ei o m todo de certas pessoas que, para reformarem o homem, comeam pelo e0terior; pelo sem!lante, pelos #estidos e pelos ca!elos. Parece-me, ao contrrio, que se de#a comear pelo interior. Convertei-vos a mim, di, +osso Senhor, de todo o vosso cora$o /eu #ilho, d-me o teu cora$o. ', de fato, o corao a fonte das a(es e so estas e0atamente qual o corao. 1 di#ino 'sposo, con#idando a alma para uma perfeita unio, lhe di,; P>e-me como um selo sobre o teu cora$o e sobre o teu brao. +em sem muita ra,o que assim fala- pois quem a!ri%a Aesus "risto no corao, t8-lo- tam! m em suas a(es

    333 P 23. '0erc7cio de mortificao e0terior

    E=K

    e0teriores, que so representadas pelos !raos. Por isso, Filot ia, antes de tudo quisera %ra#ar em teu corao estas pala#ras sacrossantas; "iva ;esusL P certo de que, se o nome dulc7ssimo de Aesus esti#er em teu corao, em !re#e passar para as a(es e0teriores, aos l!ios, aos olhos, 2s mos, tanto que poders di,er com o ap4stolo So Paulo; 2u vivo, mas n$o sou eu j o que vive, pois Cristo que vive em mim . 'nfim, quem %anhou o corao dum homem %anhou todo o homemmas esse corao mesmo, pelo qual temos que comear a reformar o homem, precisa de instru(es so!re o modo de comportar-se quanto ao e0terior P e isso o que #ou fa,er em poucas pala#ras. Se podes a%uentar o )e)um, fa,es muito !em em )e)uar um pouco mais do que a 3%re)a o!ri%a, porque o )e)um, al m de ele#ar o esp7rito a &eus, reprime a sensualidade, facilita as #irtudes e aumenta os merecimentos. Grande pro#eito nos tra, em nos mantendo no estado de mortificar a %ula e de su)eitar o apetite sensual e o corpo 2s leis do esp7rito- e, mesmo que no se )e)ue muito, o inimi%o tem %rande medo daqueles que conhece que sa!em )e)uar. /s quartas-feiras, as se0tas-feiras e os s!ados foram sempre dias que os cristos anti%os tinham como dias de a!stin8ncia- imita-os de al%um modo, se%undo a tua de#oo e o s!io conselho do teu diretor. &e !oa mente te diria o que So Aer$nimo disse a Reta, uma senhora de pro#ada #irtude; &s jejuns lon!os e imoderados muito me desa!radam, principalmente quando os observam jovens de tenra idade. Sei de e0peri8ncia que os )umentos, quando esto cansados de uma lon%a )ornada, procuram apartar-se do caminho; quero di,er que os )o#ens que de!ilitaram suas foras peio e0cesso do )e)um se dei0am le#ar facilmente a uma #ida c$moda e delicada. 'm dois tempos os #eados no podem correr !em; quando esto muito %ordos e quando esto muito ma%ros- e em duas ocasi(es os homens esto e0postos a %ra#es tenta(es; quando o corpo est muito

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    !em nutrido e quando est mal alimentado. +o primeiro caso torna-se re!elde e no se%undo cr8-se incapa, de tudo, de modo que no podemos carre%-lo, quando est muito pesado, nem ele nos pode le#ar, quando est caindo de fraque,a. / prtica e0cessi#a de )e)uns, disciplinas, cil7cios e outras austeridades inutili,a os Qnimos mais #i%orosos de certas pessoas para as o!ras de caridade, como aconteceu com So @ernardo, que mais tarde muito se arrependeu de sua #ida por demais austerae o!ser#a-se muitas #e,es que, por ter maltratado demasiado a sua carne no princ7pio, fica-se constran%ido a poup-la mais tarde. +o teria sido melhor que se ti#essem tratado com moderao e uniformidade e considerando os sofrimentos e tra!alhos do seu estado? 1 )e)um e o tra!alho a!atem e enfraquecem a carne- se, pois, o teu tra!alho necessrio e .til para a %l4ria de &eus, prefiro, que sofras o peso do tra!alho do que o do )e)um, e este o parecer da 3%re)a, a qual dispensa dos )e)uns prescritos as pessoas que se ocupam muito com tra!alhos .teis ao ser#io de &eus e do pr40imo. Se custa )e)uar, tam! m no custa menos tratar dos doentes, #isitar os prisioneiros, confessar, pre%ar, consolar os aflitos, re,ar e outros e0erc7cios semelhantes. ' estas .ltimas modifica(es so melhores que a primeira, porque, al m de com!aterem a carne, produ,em frutos maiores e mais preciosos. /ssim, %eralmente falando, prefer7#el conser#ar mais foras corporais do que se precisa, a e0tenu-las mais do que necessrio, porque sempre as podemos enfraquecer, quando queremos, mas nem sempre as podemos restaurar 2 #ontade. Parece-me que o que de#emos fa,er o!ser#ar aquelas pala#ras de +osso Senhor a seus disc7pulos; comei de tudo o que vos #or servido. Penso que uma #irtude muito maior comer, sem escolha, de tudo que nos apresentam e conforme a ordem em que nos apresentam, se)a ou no a%rad#el ao nosso

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    EBF

    %osto, do que em escolher sempre o pior que esti#er na mesa. +este .ltimo e0erc7cio, #erdade, parece ha#er mais austeridade, mas no primeiro e0iste menos #ontade pr4pria, renunciando-se no s4 ao seu %osto, como tam! m 2 sua escolha. 'm se%uida, no pequena mortificao su!meter em tudo o seu %osto e su)eit-lo a todos os pratos, e, enfim, esta maneira de mortificao no ostensi#a, no incomoda a nin%u m e inteiramente conforme 2s re%ras da ci#ilidade. Ce)eitar uma i%uaria, para comer outra, e0aminar e estar a escolher dentre todos os pratos, no achar nada !em preparado e limpo !astante e outras coisas semelhantes P tudo isso denota uma pessoa mole, %ulosa e pouco mortificada. /precio mais a So @ernardo por ter !e!ido certo dia a,eite em #e, de %ua ou #inho, do que se ti#esse !e!ido de prop4sito %ua de a!sinto, porque este fato est mostrando que ele no da#a ateno ao que !e!ia e e0atamente nesta indiferena do que se !e!e e come que consiste a perfeio daquelas pala#ras de +osso Senhor; Comei do que vos #or servido. &e#em-se e0cetuar, contudo, os pratos que fa,em mal 2 sa.de ou 2s fun(es do esp7rito, como para certas pessoas as comidas muito quentes ou temperadas, fumosas e flatulentas, e as pessoas que por seus muitos tra!alhos para a %l4ria de &eus precisam de al%um alimento e0traordinrio. +uma pala#ra, so!riedade moderada e constante muito melhor que uma a!stin8ncia austera, mas repassada de inter#alos de %rande rela0amento. 1 e0erc7cio moderado da disciplina muito pr4prio para reanimar o fer#or da de#oo. 1 cilicio mortifica muito o corpo, mas o seu a!uso no con# m nem ao estado matrimonial nem 2s complei(es delicadas nem a outros estados de muita so!recar%a de tra!alhos pesados- poder-se- tra,8-lo, com a licena e conselho dum confessor discreto, nos dias principalmente destinados 2 penit8ncia.

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    EBE

    1 sono h de determinar-se se%undo a necessidade de cada um, de#ido 2 sua compleio, para que se possa tra!alhar utilmente durante o dia- e, porque a Sa%rada 'scritura, os e0emplos dos santos, a ra,o e a e0peri8ncia nos di,em que as primeiras horas do dia so as melhores e as mais pro#eitosas e mesmo porque +osso Senhor chamado o Sol +ascente e sua Sant7ssima 5e a /urora, encarecidamente aconselha que se # deitar mais cedo, para que tam! m se possa madru%ar. 'sse tempo , sem d.#ida, o mais sosse%ado para o esp7rito, o mais li#re e fa#or#el aos e0erc7cios de piedade e tam! m 2 sa.de. +o nos con#idam os passarinhos a le#antar-nos !em cedo e a cantar os lou#ores de &eus? @alao, montado numa )umenta, esta#a de caminho para ir falar com o rei @alac- mas, como no ti#esse uma inteno reta, espera#a-o o an)o do Senhor com uma espada, para o matar. / )umenta, que #iu o an)o, parou tr8s #e,es, por mais que o profeta a tan%esse com uma #ara- at que pela terceira #e,, dei0ando-se cair de!ai0o de @alao, lhe per%untou; H9ue #os fi, eu? ' por que me !ateis assim pela terceira #e,?M 'm se%uida, a!riu o Senhor os olhos ao profeta, a quem tam! m o an)o apareceu e disse; HPor que feriste a tua )umenta? Se ela no se ti#esse des#iado de diante de mim, eu te teria matado a ti e poupado a elaM. &isse ento @alao ao an)o; HPequei porque no sa!ia que #os opor7eis 2 minha #ia%emM. /qui ests #endo, Filot ia, que @alao, sendo a causa de todo o mal, aoita#a, contudo, a sua )umenta. que no tinha culpa nenhuma- e assim sucede frequentemente conosco. Uma mulher, ao #er o seu marido e o seu filho doentes, p(e-se a7 a )e)uar, a tra,er cil7cios, a disciplinar-se como &a#i fe, numa ocasio semelhante. /hL 5inha filha, ests a fa,er como @alao, que !atia em sua )umenta- afli%es o teu corpo, que inocente de &eus le#antar a mo em c4lera contra ti. So!e 2 fonte do mal- corri%e esse corao id4latra do marido ou do filho que dei0aste se tornar escra#o de suas ms inclina(es e

    333 P 23. '0erc7cio de mortificao e0terior

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    que teu or%ulho educou para toda sorte de #aidades. Um homem costuma recair sempre de no#o num pecado de impure,a e lo%o os remorsos lhe so!re#8m e o fa,em temer, como setas da c4lera de &eus. Joltando a si, e0clama; /hL "arne re!elde, corpo desleal, tu me tra7steL ' descarre%a so!re a sua carne a sua indi%nao, afli%indo-a com ri%or e0a%erado. I po!re alma, se a carne te pudesse falar como a )umenta de @alao, ela te diria; Por que me ests ferindo, miser#el? * contra ti que &eus se encoleri,ou- tu s o criminoso. Por que me le#as a estas ms con#ersas? Por que empre%as meus olhos e os outros sentidos em coisas desonestas? Por que me ce%as com ima%ina(es peri%osas? :em !ons pensamentos, que no terei ms sensa(es- con#i#e corri pessoas de pudor e a pai0o no mais refer#er em mim. /hL :u me lanas ao fo%o e no #8s que me queimo- enches meus olhos de fumaa e no #8s que se inflamam. /hL Filot ia, nestas ocasi(es &eus certamente te di,; Parte teu corao de dor, mortifica-o, penitencia-o como merece- contra ele principalmente que me irritei. Sem d.#ida, para curar a !rotoe)a no necessrio um !anho, mas sim purificar o san%ue- e, no tocante a nossos #7cios, em!ora se)a !om mortificar a carne, o principal sempre purificar o corao. 'm suma, a re%ra que te dou de nunca comear austeras $uni0es cor$orais sem o consel4o do teu diretor es$iritual. III '1! " sociedade e a solido :anto procurar como fu%ir 2 con#i#8ncia com os homens so dois e0tremos censur#eis na de#oo, que de#e re%rar os de#eres da #ida social. 1 fu%ir um sinal de or%ulho e despre,o do pr40imo e o procurar fonte de muitas coisas ociosas e in.teis. "umpre amar ao pr40imo como a n4s mesmos. Para demonstrar-lhe esse amor, no de#emos fu%ir 2 sua companhia, e para patentear o amor que temos a n4s mesmos de#emos estar contentes, quando estamos so,inhos.

    333 P 26. / sociedade e a solido

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    Pensai em v6s mesmos, di, So @ernardo, e depois nos outros. Se nada te o!ri%a a fa,er ou rece!er #isitas, fica conti%o mesma e entret m-te com teu corao- mas, se al%um moti#o te imp(e esses de#eres, cumpre-os em nome de &eus, tratando o pr40imo com toda a ama!ilidade e caridade. "hama-se con#i#8ncia m a que procede de ms inten(es ou se uma relao m entre pessoas indiscretas, licenciosas ou dissolutas- preciso e#it-la, como as a!elhas o en0ame de ,an%(es e #espas- porque, se o hlito e a sali#a das pessoas mordidas por um co danado so muito peri%osos, m0ime para os meninos e pessoas duma compleio delicada, tam! m a relao com pessoas #iciosas no menos de temer, principalmente para aquelas cu)a #irtude ainda tenra, t7!ia e delicada. S con#ersas que s4 t8m a utilidade de refri%erar o esp7rito cansado de muitas ocupa(es s rias e, no se fa,endo disso um di#ertimento ocioso, pode-se empre%ar nelas o tempo necessrio para uma honesta recreao. S outras con#ersas que so e0i%idas pela !oa educao, como as #isitas rec7procas ou reuni(es em homena%em a al%uma pessoa. 9uanto a estes de#eres, nem os de#emos cumprir com escr.pulos de faltar nas m7nimas re%ras, nem ne%li%enci-los ou p$-los de lado, por inci#ilidade- de#em ser satisfeitos com um cuidado ra,o#el, li#re de falta de educao e de e0a%eros. Cesta-me a%ora falar das con#ersas .teis, isto , as das pessoas de#otas e #irtuosas. I Filot ia, %rande dita achar sempre semelhantes pessoas. Uma #inha plantada entre oli#eiras d cachos oleosos, do sa!or da a,eitona- assim tam! m uma alma que con#i#e com pessoas de !em, #ai adquirindo infali#elmente as suas !oas qualidades e sua con#ersa lhe sempre um meio muito .til para pro%redir na #ida espiritual. 1s ,an%(es so,inhos no podem fa,er o mel, mas a)udam as a!elhas a fa,8-lo.

    333 P 26. / sociedade e a solido

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    1s modos naturais e simples, modestos e sua#es so os mais recomend#eis no trato do pr40imo, pessoas h que nada fa,em ou di,em seno com uma afetao tal que todos se des%ostam naturalmente. 9uem s4 quisesse, por e0emplo, passear contando os passos, falar cantando, seria um homem muito fastidioso para os outros- tam! m aqueles que falam e procedem sempre dum modo estudado e como que em cad8ncia estra%am completamente uma con#ersa alis a%rad#el e mostram em toda parte um certo esp7rito de presuno. Uma ale%ria sua#e e moderada de#e ser a alma da con#ersaassim muito se lou#a a Santo /nto e So Comualdo, porque em toda a sua conhecida austeridade no perderam um ar de ci#ilidade, e ale%ria que orna#a as suas pessoas e as suas pala#ras; :e!ozijai-vos com os que se re!ozijam e eu te di%o coro o ap4stolo; Ale!rai-vos incessantemente no 'enhor e de novo vos di!o4 Ale!rai-vos A vossa modstia seja conhecida de todos os homens Para que te ale%res em +osso Senhor, no !astante que o moti#o de tua ale%ria se)a l7cito, mas de#e ser tam! m honesto. 1!ser#a, portanto, e0atamente as re%ras da mod stia- nunca permitas a ti mesma esses tratos que se do aos outros por !rincadeiras, mas que so sempre repreens7#eis. Ao%ar um no cho, !eliscar outro, pintar um terceiro de preto, en%anar a um tolo, tudo isso denota uma ale%ria desenfreada e mali%na. /l m da solido interior, de que ) tenho falado e que de#es conser#ar no meio de todas as con#ersas, de#es amar a solido e0terior, no ao ponto de ir procur-la no deserto, como Santa 5aria '%ipc7aca, So Paulo, Santo /nto, Santo /rs8nio e tantos outros eremitas, mas para que tenhas tempo de estar conti%o mesma, quer no teu quarto, quer no )ardim ou em al%um outro lu%ar com mais li!erdade, entretendo o corao com !oas refle0(es ou leituras. /ssim fa,ia o %rande !ispo de

    333 P 26. / sociedade e a solido

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    +a,ian,o. Passeava P di,ia ele P comi!o mesmo pela praia do mar, mais ou menos ao p=r do sol, e ai passava tranquilamente um espao de tempo* era este o meu costume, para por meio deste pequeno divertimento aliviar o esprito dos trabalhos constantes da vida. ' Santo /%ostinho conta o mesmo de Santo /m!r4sio. /uitas vezes P di, ele P procurei-o em sua casa, sempre aberta a todos, e contemplava-o com !osto, todo absorto na leitura de um livro* e depois de esperar muito tempo em pro#undo sil)ncio, retirava-me sem lhe #alar, pensando que era melhor n$o lhe #urtar esses minutos que lhe sobravam de suas muitas ocupa>es para descansar o esprito . * o e0emplo que o Filho de &eus nos deu- referindo-lhe, pois, um dia os ap4stolos tudo o que tinham aca!ado de fa,er em suas miss(es, disse-lhes Aesus; :etiremo-nos para a solid$o e descansemos um pouco. III '3! " dec(ncia dos vestidos So Paulo quer que as mulheres crists No que h de se entender tam! m dos homensO se #istam se%undo as re%ras da dec8ncia, dei0ando de todo e0cesso e imod stia em seus ornatos. 1ra, a dec8ncia dos #estidos e ornatos depende da mat ria, da forma e do asseio. 1 asseio de#e ser %eral e cont7nuo, de sorte que e#itemos toda mancha ou coisa semelhante que possa ofender os olhosesta limpe,a e0terior se considera como um ind7cio da pure,a da alma, a ponto de o mesmo &eus e0i%ir dos seus ministros dos altares uma pure,a e honestidade perfeita quanto ao corpo. +o tocante 2 mat ria e 2 forma dos #estidos, a dec8ncia s4 se pode determinar com relao 2s circunstQncias do tempo, da poca, dos estados ou #oca(es, da sociedade em que se #i#e e das ocasi(es. * uso %eral #estir-se melhor nos dias de festa, 2 proporo de sua solenidade, ao passo que no tempo da penit8ncia, como na 9uaresma, se escusa muita coisa. 1s dias de casamento e os de luto t8m i%ualmente %rande diferena e

    333 P 2<. / dec8ncia dos #estidos

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    re%ras peculiares. /chando-se na corte de um pr7ncipe, o #esturio ter mais di%nidade e esplendor do que quando se est em casa. Uma mulher pode e de#e se enfeitar melhor quando est com seu marido, sa!endo que ele o dese)a- mas, se o fi,esse em sua aus8ncia, ha#eria de per%untar-se a quem querer a%radar com isso. Zs moas se concedem mais adornos, porque podem dese)ar a%radar a muitos, contanto que suas inten(es se)am de %anhar um s4 corao para o casamento le%7timo. 1 mesmo se h de di,er das #i.#as que esto pensando em no#as n.pcias, contanto que no queiram imitar em tudo as )o#ens, porque, depois de ter passado pelo estado matrimonial e pelos des%ostos da #iu#e,, pensa-se que de#em ser mais s4!rias e moderadas. Para aquelas que so #erdadeiras #i.#as, como di, o ap4stolo, isto , aquelas que possuem no corao as #irtudes da #iu#e,, nenhum adorno con# m al m de um ou outro, conforme a humildade, mod stia ou de#oo- se querem, pois, dar amor aos homens, no #erdadeiras #i.#as e/ se no o querem dar/ $or que atrair a si os ol4aresG 9uem no quer rece!er h4spedes tem de tirar de sua casa a ta!uleta. Ci-se sempre dos #elhos que se querem fa,er de !onitos; esta uma fraque,a que mesmo o mundo s4 perdoa na mocidade. "onser#a um asseio esmerado, Filot ia, e nada permitas em ti ras%ado ou desarran)ado. * um despre,o das pessoas com quem se con#i#e andar no meio delas com roupas que as podem des%ostar- mas %uarda-te cuidadosamente das #aidades e afeta(es, das curiosidades e das modas le#ianas. 1!ser#a as re%ras da simplicidade e mod stia, que so indu!ita#elmente o mais precioso ornato da !ele,a e a melhor escusa da fealdade. So Pedro ad#erte principalmente as moas que no usem penteados e0tra#a%antes. 1s homens de to pouco carter, que se di#ertem com essas coisas de sensualidade e #aidade, so tidos por toda parte na conta de esp7ritos efeminados. &i,-se que no se tem m inteno nessas coisas, mas eu replico,

    333 P 2<. / dec8ncia dos #estidos

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    como fi, outras #e,es, que o dem$nio sempre tem. Para mim eu dese)a#a que uma pessoa de#ota fosse sempre a mais !em#estida duma reunio, mas a menos pomposa e afetada, e que fosse ornada, como se #8 nos Pro# r!ios de %raa, de dec8ncia e di%nidade. So Ru7s resume tudo isso numa pala#ra, di,endo que cada um deve vestirBse se%undo o seu estado - de modo que as pessoas prudentes e a %ente de !em no possam achar e0a%ero al%um e os )o#ens nenhuma falta de ornato e dec8nciae no caso em que os )o#ens no se deem por contentes, preciso se%uir o conselho das pessoas prudentes. III '6! "s conversas e como falar de Deus Um dos meios mais tri#iais que t8m os m dicos para conhecer o estado de sa.de de uma pessoa a inspeo da l7n%ua- e eu posso afirmar que as nossas pala#ras so o ind7cio mais certo do !om ou do mau estado da alma. +osso Senhor disse; Por vossas palavras sereis justi#icados e por vossas palavras sereis condenados. 5uitas #e,es e espontaneamente mo#emos a mo para o lu%ar em que sentimos uma dor e mo#emos a l7n%ua, a todo o amor que sentimos no corao. Se amas a &eus, Filot ia, falars frequentemente de &eus nas tuas con#ersas 7ntimas com as pessoas de casa, com teus ami%os e #i,inhos; A boca do justo, di, a 'scritura, meditar sabedoria e a sua ln!ua #alar prud)ncia . Fala, pois, muitas #e,es de &eus e e0perimentars o que se di, de So Francisco P que, quando pronuncia#a o nome do Senhor, sentia a alma inundada de consola(es to a!undantes que at sua l7n%ua e seus l!ios se enchiam de doura. 5as fala de &eus como de &eus, isto , com um #erdadeiro sentimento de respeito e de piedade e nunca fales dW'le manifestando uma ci8ncia # ou num tom de pre%ador, mas com esp7rito de caridade, mansido e humildade. 3mita, quanto a isto, a 'sposa dos "antares, derramando o mel delicioso da de#oo e das coisas di#inas no corao do pr40imo, e pede a

    333 P 2=. /s con#ersas e como falar de &eus

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    &eus em esp7rito que se di%ne dei0ar cair este or#alho santo nas almas das pessoas que te ou#em. So!retudo, no lhes fales com um tom de correo, mas de um modo de inspirao e como os an)os, isto , com uma doura an% lica, porque admir#el quanto pode alcanar nos cora(es uma !oa pala#ra que procedo esp7rito de amor e mansido. Aamais fales de &eus ou da de#oo como assunto de di#erso ou passatempo, mas sempre atenta e de#otamentedi%o isso para te pre#enir contra uma esp cie de #aidade muito peri%osa em que costumam incorrer muitas pessoas que fa,em profisso de piedade, isto , di,er a toda hora muitas pala#ras santas, como uma simples con#ersa e sem nenhuma ateno, e depois disso se pensa que se realmente tal como se dei0ou transparecer aos outros, o que infeli,mente no se de modo al%um. III '7! "s $alavras e o res$eito $ara com $r&imo 'e al!um n$o peca por palavras, um homem per#eito +a,, di, So :ia%oU!V. :em todo o cuidado em no dei0ar sair de seus l!ios
    UaV 5t E<,EE+o o que entra pela !oca que torna o homem impuro, mas o que sai da !oca, isto sim o torna impuro. 5t E2,36Caa de #7!oras, como podeis falar coisas !oas, se sois maus? Porque a +oca fala daquilo de que o corao est c4eio . 3<1 homem !om, do seu !om tesouro tira coisas !oas, mas o homem mau, do seu mau tesouro tira coisas ms. 3='u #os di%o que de toda pala#ra in.til, que os homens disserem, daro contas no &ia do Aul%amento. 3BPois por tuas pala#ras sers )ustificado e por tuas pala#ras sers condenado. U!V 'f 6,2G+o saia dos #ossos l!ios nenhuma $alavra inconveniente, mas, na hora oportuna, a que for !oa para edificao, que comunique %raa aos que a ou#irem. 3F' no entristeais o 'sp7rito Santo de &eus, pelo qual fostes selados para o dia da redeno. 3E:oda amar%ura e e0altao e c4lera, e toda $alavra $esada e in5uriosa, assim como toda mal=cia, se)am afastadas de entre #4s. 32Sede !ondosos e compassi#os uns com os outros, perdoando-#os mutuamente, como &eus em "risto #os perdoou.

    333 P 2B. /s pala#ras e o respeito para com pr40imo

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    al%uma pala#ra desonesta, porque, em!ora no proceda duma m inteno, os que a escutam a podem interpretar de outra forma. Uma pala#ra desonesta que penetra num corao fr%il estende-se como uma %ota de a,eite e 2s #e,es toma posse de tal modo dele que o enche de mil pensamentos e tenta(es sensuais. * ela um #eneno do corao, que entra pelo ou#ido- e a l7n%ua que ser#e de instrumento a esse fim culpada de todo o mal que o corao pode #ir a sofrer, porque, ainda que neste se achem disposi(es to !oas que frustrem os efeitos do #eneno, a l7n%ua desonesta, quanto dela dependia, procurou le#ar esta alma 2 perdio. +em se di%a que no seu prestou ateno, porque +osso Senhor disse que a !oca fala da a!undQncia do corao. ', mesmo que no se pensasse nada de mal, o esp7rito mali%no o pensa e por meio dessas pala#ras suscita o sentimento mau nos cora(es das pessoas que as ou#em. &i,-se que quem comeu a rai, denominada an% lica UcV fica um hlito doce e a%rad#el e os que possuem no corao o amor 2 castidade, que torna os homens em an)os na terra, s4 t8m pala#ras castas e respeitosas. 9uanto 2s coisas indecentes e desonestas, o ap4stolo nem quer que se nomeiem nas con#ersas, afirmando que nada corrompe tanto os !ons costumes como as ms con#ersas. Se se fala dissimuladamente e em torneios sutis e artificiosos de coisas desonestas, o #eneno encerrado nessas pala#ras ainda mais sutil, danoso e penetrante, assemelhandose aos dardos, que so tanto mais para temer quanto mais finos
    UcV "n%elica arc4an%elica, popularmente conhecida por an% lica, uma planta com propriedades medicinais pertencente 2 fam7lia das /piaceae NUm!el7ferasO. Planta her!cea que mede de E a 2 m de altura. Seu caule %rosso e canelado. +as e0tremidades se encontram as flores dispostas numa infloresc8ncia em forma de um!ela. 5uito parecida com a cicuta que pertence 2 mesma fam7lia, por m com uma diferena si%nificati#a - a an% lica e0ala um aroma a%rad#el entre picante e adocicado, enquanto a cicuta tem odor desa%rad#el.

    333 P 2B. /s pala#ras e o respeito para com pr40imo

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    so e mais a%udas t8m as pontas. 9uem quer %ran)ear deste modo o nome e a estima de homem espirituoso i%nora completamente o fim da con#ersa- a con#ersa de#e parecer-se com o tra!alho comum de um en0ame de a!elhas para fa,er um mel precioso, e o modo de a%ir dessas pessoas pode-se comparar a um monto de #espas em torno duma podrido. /ssim, se um louco te disser pala#ras indecentes, testemunha-lhe lo%o a tua indi%nao, #oltando-te para falar com uma outra pessoa ou de al%um outro modo que te su%erir a prud8ncia. 5uito m qualidade ter um esp7rito mote)ador N,om!adorO. &eus odeia e0tremamente este #7cio e o puniu, como se l8 no /nti%o :estamento, com muita se#eridade. +ada mais contrrio 2 caridade e m0ime 2 de#oo que o despre,o do pr40imo- mas a irriso NescrnioO e mofa tra,em forosamente consi%o este despre,o- , pois, um pecado muito %ra#e e di,em os moralistas que, entre todos os modos de ofender o pr40imo por pala#ras, este o pior, porque tem sempre unido o despre,o, ao passo que nos outros a estima ainda pode su!sistir. 5as, quanto a esses )o%os de pala#ras espirituosas com que pessoas honestas costumam di#ertir-se, com uma certa animao, sem pecar contra a caridade ou a mod stia, so at uma #irtude, que os %re%os chamam eutrapelia ou arte de sustentar uma con#ersa a%rad#el- ser#em-se para recrear o esp7rito das ocasi(es insi%nificantes que as imperfei(es humanas %erais fornecem ao di#ertimento. Somente de#e-se tomar o cuidado que essa ale%ria inocente no se # tornando em mofa, porque esta pro#oca a rir-se do pr40imo por despre,o, ao passo que esses %race)os delicados s4 fa,em rir por pra,er e pelo esp7rito de certas pala#ras, ditas por li!erdade, confiana e familiaridade, com toda a franque,a, e rece!idas de !oa mente, tendo-se completa certe,a que nin%u m as le#ar a mal. 9uando os reli%iosos da corte de So Ru7s queriam

    333 P 2B. /s pala#ras e o respeito para com pr40imo

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    enta!ular uma con#ersa s ria e ele#ada depois do )antar, di,ialhes o santo rei; /%ora no tempo de arra,oar muito, mas de di#ertir-se com uma con#ersao animada- di%a, pois, cada um, li#re e honestamente, o que lhe #em ao pensamento. 9ueria com isso dar um pra,er 2 no!re,a de que se rodea#a, condescendendo nestas pro#as familiares da !ondade de sua real ma)estade. 'nfim, Filot ia, passemos o pouco tempo que nos dado para uma con#ersa recreati#a e a%rad#el, de modo que a de#oo a7 praticada nos asse%ure uma eternidade feli,. III '8! Os 5u=#os temerrios 1$o jul!ueis, di, nosso Sal#ador, e n$o sereis jul!ados. 1$o condeneis, e n$o sereis condenados. 1$o jul!ueis antes do tempo, di, o ap4stolo, at que venha o 'enhor, o qual descobrir o que h de mais secreto nos cora>es. 1hL 9uanto os )u7,os temerrios desa%radam a &eusL So temerrios os )u7,os dos filhos dos homens, porque no so )u7,es uns dos outros, e, )ul%ando, se arro%am o direito e o of7cio de +osso Senhor. So temerrios, ainda, porque a principal mal7cia do pecado depende da mal7cia e do conselho do corao, que para n4s um se%redo tene!roso. So, enfim, temerrios, porque cada um tem !astante que fa,er em )ul%ar a si mesmo, sem se meter a )ul%ar o seu pr40imo. Para no ser )ul%ado, to necessrio no )ul%ar os outros como )ul%ar a si mesmo, porque +osso Senhor nos pro7!e o primeiro e o ap4stolo nos preceitua o se%undo, di,endo; 'e nos jul!armos a n6s mesmos, n$o seremos jul!ados. 5as P 4 meu &eusL Fa,emos e0atamente o contrriofa,emos o que nos proi!ido, )ul%ando o nosso pr40imo a cada passo, e no fa,emos o que nos foi preceituado, isto , )ul%ar n4s mesmos. "omo os )u7,os temerrios t8m di#erso princ7pio, de#emos cur-los tam! m com rem dios di#ersos. S cora(es de sua

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    nature,a to a%rosUaV, se#eros e speros, que espalham indiscriminadamente a sua a%ruraU!V e se#eridade so!re todas as coisas e con#ertem em a!sinto os )u7,os, como di, o profeta /mos, )ul%ando o pr40imo sempre com todo o ri%or e aspere,a. Precisam estes dum rem dio muito h!il, tanto mais que seu inc$modo, sendo natural, muito mais dif7cil de #encer. ?sta as$eridade de corao/ ainda que no se5a em si $ecado/ mas sim$lesmente uma im$erfeio, predisp(e, no entanto, ha!itual e diretamente ao )u7,o temerrio e 2 detrao. 1utros )ul%am temerariamente, no por aspere,a natural, mas por or%ulho, pensando insensatamente que quanto mais re!ai0am os outros, tanto mais ele#am os seus pr4prios m ritos- esp7ritos arro%antes e presunosos admiram incessantemente a si pr4prios e colocam-se to alto em sua pr4pria estima que, encaram tudo o mais como al%uma coisa de ordinrio e mesquinho. +o, di,ia o fariseu, eu n$o sou semelhante aos outros homens. S outras pessoas, cu)o or%ulho no to declarado e que consideram o mal do pr40imo com complac8ncia porque, contrapondo-o ao !em que pensam e0istir em si, o sa!oreiam com mais doura e se creem mais apreciadas- e essa complac8ncia anda to escondida que preciso ter !ons olhos para desco!ri-la P e tanto assim que aqueles mesmos que a nutrem, de ordinrio a i%noram e s4 a notam se lha mostram. 5uitos querem se escusar dos seus remorsos, )ul%ando com %osto que os outros t8m o mesmo defeito ou maior ainda e persuadindo-se ao mesmo tempo que o n.mero dos criminosos diminui a %rande,a do crime. 5uitos outros se ocupam com %rande pra,er em filosofar por #s con)eturas so!re o carter, os costumes e as inclina(es dos outros, de modo que, se por des%raa acertam uma #e, em
    UaV "%ro; ad). >cido, a,edo, acre. wn%reme, esca!roso.- Fi%. >rduo, dif7cil; a%ro sofrer. Ci%oroso, e0cessi#amente penoso; a%ro casti%o. U!V "%rura; s.f. /spere,a, esca!rosidade. Fi%. /mar%ura, des%osto, dissa!or; as a%ruras da #ida. 5%oa.

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    seus )u7,os com a #erdade, tanto cresce neles a audcia e a facilidade de )ul%ar que no sem %rande dificuldade que se podem corri%ir. ' quantos )ul%am so! a influ8ncia da pai0o, $ensando sem$re mal dos que odeiam e +em dos que amamE '0iste s4 uma e0ceo muito curiosa, mas tam! m muito #erdadeira; o e0cesso do amor fa, muitas #e,es pensar mal das pessoas que se amam, o que um efeito monstruoso dum amor impuro, e imperfeito, inquieto e anormal. 5alditos ci.mes que, como se sa!e, apodamUcV uma pessoa de p rfida e ad.ltera por causa de um simples olhar, duma pala#ra um pouco le#iana, do sorriso mais puroL 'nfim, o temor, a am!io e outras fraque,as humanas muito contri!uem frequentemente para produ,ir essas #s suspeitas e )u7,os temerrios. 9ue rem dio ha#er para todos esses males? &i,-se que quem !e!eu do suco duma er#a da 'ti4pia, chamada ofi.sa, ima%ina #er por toda parte serpentes e mil outras coisas pa#orosas e, para cur-los, preciso lhes dar a !e!er um pouco de #inho de palma. Se)a como for, mas quanto aos que se dei0aram corromper pela in#e)a, am!io ou 4dio, achem mal e repreens7#el tudo o que #eem- para estas pessoas s4 o esp7rito de caridade que a palma representa pode #encer esta m inclinao de formar )u7,os temerrios e in7quos. / caridade, muito lon%e de ir o!ser#ar o mal, teme at encontr-lo, e, se o encontra, procura e#it-lo, fa,endo como se no o #isse. Se ou#e por alto falar de al%uma coisa m, mais que depressa fecha os olhos e por sua santa simplicidade pensa que foi s4 uma som!ra ou apar8ncia do mal. ' se, coa%ida, tem que reconhecer a realidade dum mal, ela #ira lo%o que pode os olhos para o outro lado e procura
    UcV /podam; /podam; alcunham- escarnecem- qualificam- tim!ramtroam. `x /podar; #.t. &i,er apodos a- ,om!ar de- escarnecer de. /lcunhar, qualificar. "omparar depreciati#amente, em tom de ,om!aria.

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    esquec8-lo. / caridade , pois, um meio eficac7ssimo para todos os males, mas particularmente para este. :odas as coisas aparecem amarelas aos olhos dos achacados da iter7cia e di,-se que para os curar necessrio aplicar um certo emplastro na planta dos p s. / mal7cia do )u7,o temerrio, dum modo semelhante a esta doena, fa, aparecer tudo mau aos olhos dos que a apanharam. 9uem se quer curar tem que aplicar al%um rem dio, no ao esp7rito, mas aos afetos do corao, que se podem chamar fi%uradamente os p s da alma, porque por eles ela se mo#e para onde quer. Se o teu corao , pois, !ondoso e cheio de amor, os teus )u7,os sero delicados e caridosos. So!re este ponto #ou te referir tr8s e0emplos ma%n7ficos; 3saac dissera que Ce!eca era sua irm, mas /!imelec, notando entre eles certas demonstra(es de amor muito ternas e familiares, presumiu que ela era sua mulher. Um olho mali%no teria formado lo%o um mau )u7,o dos dois. /!imelec, entanto, opinou do modo mais caridoso poss7#el num caso como este. 'is a7 como de#emos )ul%ar do pr40imo; o melhor poss7#el- e, se uma ao ti#esse cem aspectos diferentes, de#er7amos encar-la unicamente pelo lado mais !elo. So Aos no podia du#idar que +ossa Senhora esta#a para dar 2 lu,- mas, porque conhecia a santidade eminente e a sua #ida toda pura e an% lica, no te#e a mais le#e suspeita contra ela, por maiores que fossem as pro#as em contrrio- dei0ando a &eus )ul%ar so!re o caso, tomou simplesmente a resoluo de a!andon-la. ' o 'sp7rito Santo di, no '#an%elho que assim procedeu porque era um homem )usto. 1 homem )usto, quando no pode escusar um fato nem a inteno daquele que alis conhece por homem de !em, no s4 no o quer )ul%ar, mas lana de si tal pensamento e dei0a o )u7,o Unicamente a &eus. 1 Sal#ador, na cru,, no podendo desculpar inteiramente o pecado dos que o tinham crucificado,

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    quis ao menos lhe diminuir a mal7cia em ra,o da i%norQncia. /ssim se 2s #e,es no podemos desculpar o pecado do pr40imo, tornemo-lo ao menos di%no de compai0o, atri!uindo a falta 2 causa mais sofr7#el que possa ter, como a i%norQncia ou a fraque,a. 'nto nunca podemos )ul%ar o pr40imo? 2unca. Filot ia- mesmo nas sentenas do tri!unal humano &eus quem )ul%a. * #erdade que so os )u7,es que a7 aparecem e fulminam a sentena, mas eles so apenas os ministros e int rpretes de &eus e nunca de#em pronunciar um )u7,o que no se)a se%undo a sua lei, e suas sentenas so os seus pr4prios orculos. Se se afastam desta re%ra, se%uindo suas pai0(es, ento so na #erdade eles que )ul%am e que por conse%uinte sero )ul%ados- aos homens, como homens, a!solutamente #edado )ul%ar os seus semelhantes. Jer ou conhecer uma coisa no o mesmo que )ul%-la, porque para )ul%ar sempre se pressup(e, como e0plica a Sa%rada 'scritura, al%uma esp cie de ra,o %rande ou pequena, #erdadeira ou aparente, que se de#e e0aminar com muita prud8ncia- por isso di, o 'sp7rito Santo que quem no tem f ) est )ul%ado, porque nenhuma d.#ida h que sero um dia condenados. +o ser ento uma falta du#idar do pr40imo? +o, porque o que il7cito o )ul%ar e no o du#idar. 5as tam! m no nos permitido du#idar ou suspeitar mais do que as ra,(es nos o!ri%am- de outra forma seriam d.#idas ou suspeitas temerrias. Se al%uns olhos mali%nos #issem a Aac4, quando !ei)ou Caquel, )unto ao poo, saudando-a cortesmente se%undo os usos do tempo, ou, ento, se #issem Ce!eca rece!er das mos de 'lie,er, um homem desconhecido naquela terra, as pulseiras e !rincos que lhe tra,ia, teria certamente pensado e )ul%ado mal, sem ra,o nem fundamento al%um, destas duas pessoas que eram modelos de castidade. Se uma ao , pois, d.!ia em si, uma suspeita temerria inferir da7 uma consequ8ncia m, a no ser que muitas circunstQncias )untas

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    formem uma ra,o con#incente. 'nfim, as pessoas ,elosas da retido de sua consci8ncia nunca acham ense)o de )ul%ar temerariamente- e, em #e, de perderem tempo perscrutando as a(es e inten(es do pr40imo, cu)o procedimento parece enleadoUdV e ine0plic#el, entram em si mesmas e en#idam todos os esforos para melhorar e aperfeioar a sua pr4pria #ida- assemelham-se 2s a!elhas, que, quando o tempo est nu!lado, se retiram para as suas colmeias e se ocupam com os pequenos tra!alhos da preparao do mel. S4 uma alma que no sa!e o que fa,er de !om e .til que se di#erte a e0aminar a #ida alheia. '0cetuam-se, entretanto, os que t8m esse of7cio o!ri%at4rio, quer numa fam7lia, quer num estado, e para os quais essa ateno e #i%ilQncia so!re as a(es do pr40imo constitui um de seus de#eres mais sa%rados. "umpram, pois, estes o seu de#er com #erdadeiro amor e, uma #e, preenchido, #oltem a cuidar em si pr4prios. III '9! " maledic(ncia / inquietao, o despre,o do pr40imo e o or%ulho so insepar#eis do )u7,o temerrio e, entre os muitos efeitos perniciosos que deles se ori%inam, ocupa o primeiro lu%ar a maledic8nciaUaV, que a peste das con#ersas e palestras. 1hL
    UdV 'nleado; ad). 'm!araado, entrelaado, emaranhado. Fi%. :7mido, indeciso, pertur!ado, assustado. UaV Direito do 4omem 4onra ]26BG :aledic(ncia e cal.nia destroem a reputao e a honra do pr40imo. 1ra, a honra o testemunho social prestado 2 di%nidade humana. :odos %o,am de um direito natural 2 honra do pr4prio nome, 2 sua reputao e ao seu respeito. &essa forma, a maledic8ncia e a cal.nia ferem as #irtudes da )ustia e da caridade. ]2<3G / in#e)a um #7cio capital. &esi%na a triste,a sentida diante do !em do outro e do dese)o imoderado de sua apropriao, mesmo inde#ida. 9uando dese)a um %ra#e mal ao pr40imo, um pecado mortal; Santo /%ostinho #ia na in#e)a Ho pecado dia!4lico por e0cel8nciaM. H&a in#e)a nascem o 4dio, a maledic8ncia, a cal.nia, a ale%ria causada pela des%raa do pr40imo e o despra,er causado por sua prosperidade.M

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    9uisera ter uma daquelas !rasas do altar sa%rado para purificar os homens de suas iniquidades 2 imitao do Serafim que purificou o profeta 3sa7as das suas, para que assim pudesse torn-lo di%no de pre%ar a Pala#ra de &eus. "ertamente, se fosse poss7#el tirar a maledic8ncia do mundo, e&terminarBseBia a maior $arte dos $ecados. 9uem tira in)ustamente a !oa fama ao seu pr40imo, al m do pecado que comete, est o!ri%ado 2 restituio inteira e proporcionada 2 nature,a, qualidade e circunstQncias da detrao ou fofoca, porque nin%u m pode entrar no " u com os !ens alheios e, entre os +ens e&teriores/ a fama e a 4onra so os mais $reciosos e os mais caros . :r8s #idas diferentes temos n4s; a vida es$iritual, que a %raa di#ina nos confere- a vida cor$oral, de que a alma o princ7pio- e a vida social, que repousa os seus fundamentos na !oa reputao. 1 pecado nos fa, perder a primeira, a morte nos tira a se%unda e a maledic(ncia nos leva a terceira. / maledic8ncia uma esp cie de assassinato e o maldi,ente torna-se r u de um tr7plice homic7dio espiritual; o primeiro e o se%undo di, respeito a sua alma e 2 alma da pessoa com quem se fala- e o terceiro com respeito 2 pessoa de quem se deturpa o !om nome. So @ernardo di,, por isso, que os que cometem a maledic(ncia e os que a escutam tem o demAnio no cor$o aqueles na l7n%ua e estes no ou#ido, e &a#i, falando dos maldi,entes, di,; Sl E6F NE3GO,6A!uaram a sua ln!ua como a das serpentes, querendo si%nificar que, 2 semelhana da l7n%ua da serpente, que, como o!ser#a /rist4teles, tem duas pontas, sendo fendida no meio, tam! m a l7n%ua do maldi,ente fere e en#enena o corao daquele com quem est falando e a reputao daquele so!re quem se con#ersa. Peo-te encarecidamente que nunca fales mal de nin%u m, nem direta nem indiretamente. Guarda-te conscientemente de imputar falsos crimes ao pr40imo, de desco!rir os ocultos U!V, de
    U!V "atecismo Comano, Parte 333; &os 5andamentos, "/Pw:UR1 +1+1,

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    aumentar os conhecidos, de interpretar mal as !oas o!ras, de ne%ar o !em que sa!es que al%u m possui na #erdade ou de atenu-lo por tuas pala#ras- tudo isso ofende muito a &eus, de modo particular o que encerra al%uma mentira, contendo ento sempre dois pecados; o de mentir e o de pre)udicar o pr40imo. /queles que, para maldi,er comeam elo%iando o pr40imo so ainda mais maliciosos e peri%osos. "onfirmo, di,em eles, que estimo muito a fulano, que, alis, um homem de !em, mas para di,er a #erdade na te#e ra,o em fa,er isso e aquilo. /quela moa muito !oa e #irtuosa, mas dei0ou-se en%anar. +o est #endo a ast.cia? 9uem quer disparar um arco pu0a-o primeiro para si o quanto pode, mas s4 para arremess-lo com mais fora, assim parece que o maldi,ente primeiro retira uma fofoca que ) tinha na l7n%ua, mas fa, isso somente para que lanando-a depois como uma flecha, com maior mal7cia, penetre mais profundamente nos cora(es. / maledic8ncia, afinal, proferida a %uisa de %race)o, e a mais cruel de todas, tanto assim que se pode comparar a sua crueldade com a da cicutaUcV, que, no sendo em si um #eneno muito forte e at fcil de ser preser#ado, se torna irremedi#el, se se mistura com o #inho. &este modo uma maledic8ncia que por si no conse%uiria outra coisa seno entrar por um ou#ido e sair pelo outro, muito impressiona o esp7rito apresentando-se dum modo sutil e )ocoso. * isso que &a#i nos quer di,er naquelas pala#ras; Sl E6FNE3GO,62les t)m o veneno de vbora em seus lbios. "om
    &o 1ita#o 5andamento, +H detrao T +o caso de cometer al%u m uma falta a!solutamente oculta, cu)a di#ul%ao lhe pre)udica e destr4i o !om nome, com ra,o considerado detrator e maldi,ente aquele que a re#ela, em circunstQncia no necessria de lu%ar, tempo e pessoas. *atecismo ;omano. Petr4polis, Jo,es, EG=2, pp. 6E< a 626. UcV "icuta R. * um %8nero de plantas apiceas que compreende quatro esp cies muito #enenosas, nati#as das re%i(es temperadas do Semisf rio +orte. So plantas her!ceas perenes, que crescem at E-2 metros.

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    efeito, a #7!ora fa, a sua mordedura quase impercept7#el e causa uma sensao a%rad#el, a qual, por m, dilatando o corao e as entranhas, fa, o #eneno penetrar to profundamente que no h mais cura. +unca di%as; P Fulano um !8!ado, em!ora o tenhas #isto em!ria%ado. +em o chames ad.ltero, por t8-lo #isto neste pecado. +em di%as que incestuoso, por t8-lo encontrado nesta des%raa. Porque uma s4 ao no d nome 2 coisa. 1 sol parou uma #e, em fa#or de Aosu e o!scureceu-se tam! m na morte #itoriosa de +osso Senhor. 5as nin%u m #ai di,er que o sol im4#el ou escuro. +o em!ria%ou-se uma #e, e R4 outra, e este al m disso cometeu %rande incesto. ' contudo no foram !rios, nem o .ltimo foi incestuoso. ' So Pedro no foi san%uinrio por ter derramado san%ue uma #e,, nem !lasfemo por ter uma #e, !lasfemado. Para tomar o nome de uma #irtude ou de um #7cio, preciso ter pro%resso e h!ito neles. Falsidade, pois, di,er que um homem col rico ou ladro, por t8-lo #isto irar-se ou rou!ar uma #e,. /inda que um homem tenha sido #iciado muito tempo, corremos risco de mentir, se o chamarmos de #iciado. Simo, o Reproso, ta0a#a a 5adalena de HpecadoraM, porque ela o tinha sido antes. 5as de mentia, pois ela ) no o era. Penitente e contrita, o pr4prio +osso Senhor tomou sua defesa. 1 louco do fariseu tinha o pu!licano na conta de %rande pecador, por#entura na conta de in)usto, ad.ltero e ladro. 'n%ana#a-se, por m, redondamente, porque naquele mesmo instante o pu!licano tinha sido )ustificado. /hL Se, pois, a !ondade de &eus to %rande que um s4 momento !asta para o!ter e rece!er a %raa, que certe,a podemos ter que um homem, ontem pecador, ainda o se)a ho)e? 1 dia passado no de#e )ul%ar o dia presente- s4 o .ltimo dia que )ul%a todos os demais. +unca podemos, pois, di,er que um homem mau, sem peri%o de mentir- o m0imo que podemos di,er, se for necessrio, que cometeu tal ou tal ao m ou

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    que tem le#ado uma #ida m no passado ou que procede mal no presente- mas no se pode tirar al%uma consequ8ncia de ontem para ho)e nem de ho)e para ontem e muito menos para amanh. 'sta delicade,a de consci8ncia de#emos unir 2 prud8ncia, que necessria para preca#ermo-nos de outro e0tremo em que caem aqueles que, para e#itar a maledic8ncia, se p(em a lou#ar o #7cio. Se uma pessoa tem o costume de falar mal do pr40imo, no di%as lo%o, para e0culp-la, que leal, franca e sincera. Se uma outra manifestamente #aidosa, no #s di,er que tem um corao no!re e maneiras delicadas. +o chames 2s familiaridades peri%osas de simplicidade e naturalidade duma alma inocente. +o denomines a deso!edi8ncia ,elo- a arro%Qncia, %enerosidade- a sensualidade, ami,ade. +o, Filot ia, para fu%ir 2 maledic8ncia no de#emos fa#orecer os outros #7cios, nem os lison)ear nem os estimular- mas de#e-se di,er franca e li#remente que um #7cio um #7cio e repreender o que repreens7#el. Fa,endo isto, sem d.#ida daremos %l4ria a &eus, contanto que o!ser#emos as condi(es se%uintes; 'm primeiro lu%ar s4 se de#em repreender os. #7cios do pr40imo, se disso pro#ier al%uma utilidade para aquele de quem se fala ou para aqueles com quem se fala. Cefere-se, por e0emplo, em presena de )o#ens que tais e tais pessoas #i#em numa familiaridade peri%osa e indiscreta, que certo )o#em muito dissoluto em pala#ras ou em outros modos contrrios ao pudor. Pois !emL Se no repreendo francamente este modo de #ida, se o quero desculpar, aquelas almas fr%eis dos meus ou#intes tomaro ense)o para fa,er o mesmo. *, pois, muito .til que repreenda imediatamente o que se disse, a no ser que o dei0e para fa,er numa outra ocasio mais prop7cia, em que sofra menos a reputao das pessoas mencionadas. 'm se%undo lu%ar, necessrio que eu tenha o!ri%ao de falar, como se eu fosse um dos principais daquela reunio de pessoas, de forma que o meu sil8ncio passasse por uma

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    apro#ao. Se eu ocupo um dos .ltimos lu%ares, nem de#o nem posso repreender a nin%u m e minhas pala#ras de#em ser !em pensadas e e0atas, para no di,er mais do que preciso. Por e0emplo, tratando de uma certa familiaridade entre dois )o#ens, por tudo quanto h, Filot ia, de#o ter a !alana !em )usta e nada acrescentar que diminua ou a%ra#e o fato. Se no h, pois, mais do que uma certa apar8ncia ou uma simples imprud8ncia, tam! m no de#o di,er mais do que isto- e, se no h nem apar8ncia nem imprud8ncia nem coisa al%uma al m dum ou outro prete0to para um esp7rito malicioso murmurar, calar-meei de todo ou ento direi s4 isso que sei. / Sa%rada 'scritura compara muitas #e,es e com muita ra,o a l7n%ua maldi,ente a uma na#alha, porque, ao )ul%ar o pr40imo, se de#e prestar tanta ateno, como um h!il cirur%io que corta entre os ner#os e os tend(es. * preciso que o %olpe que eu der se)a to certeiro e )usto, que no di%a nem mais nem menos do que . 'nfim, censurando al%um defeito, de#emos poupar a pessoa tanto quanto podemos. * #erdade que se pode falar a!ertamente dos pecadores p.!licos reconhecidos como tais, mas de#e ser em esp7rito de caridade e compai0o e no com arro%Qncia ou presuno por um certo pra,er que se ache nissoeste .ltimo sentimento denotaria um corao !ai0o e #il. ?&cetuo somente os inimi%os de Deus e da I%re5a , porque a estes de#emos com!ater quanto pudermos, como so os chefes de heresias, cismas, etc. > uma caridade desco+rir o lo+o que se esconde entre as ovel4as/ em qualquer $arte onde o encontramos. /l%uns tomam a li!erdade de criticar os pr7ncipes e falar mal de na(es inteiras, conforme o afeto particular que lhes consa%ram. +o incidas nesta falta, Filot ia, que, al m de ser uma ofensa a &eus, poderia causar mil %8neros de des%ostos. 1u#indo falar mal do pr40imo, procura p$r lo%o em d.#ida o que se di,, se o podes fa,er )ustamente- ao menos desculpa a

    333 P 2G. / maledic8ncia

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    sua inteno ou, se isto mesmo no for poss7#el, manifesta a tua compai0o. 5uda de assunto, lem!rando-te a ti mesma e 2s outras pessoas que quem no comete muitas faltas s4 o de#e 2 %raa di#ina. Procura por al%um modo delicado que o maldi,ente reconsidere e, se sa!es, di,e francamente al%um !em da pessoa ofendida. H9uem #i%ia sua !oca e sua l7n%ua, preser#a sua alma de %randes apertos.M NPr 2E,23O HPonde, Senhor, uma %uarda em minha !oca, uma sentinela 2 porta de meus l!ios.M NSl E6F,3O III ,<! *omo falar Se)a sincera tua lin%ua%em, a%rad#el, natural e fiel. Guarda-te de do!re,, artif7cios e toda sorte de dissimula(es, porque, em!ora no se)a prudente di,er sempre a #erdade, entretanto sempre il7cito faltar 2 #erdade. /costuma-te a nunca mentir, nem de prop4sito nem por desculpa nem doutra forma qualquer, lem!rando-te que &eus o &eus da #erdade. ', se al%uma mentira te escapar, por descuido e a podes reparar por uma e0plicao ou de al%um outro modo, fa,e-o prontamente. Uma escusa #erdadeira tem muito maior %raa e eficcia, para )ustificar, que uma mentira meditada. "onquanto se possa 2s #e,es disfarar e enco!rir a #erdade por al%um artif7cio de pala#ras, s4 o de#emos fa,er nas coisas importantes, quando a %l4ria e o ser#io de &eus o e0i%em manifestamente- fora disso so estes artif7cios muito peri%osos, tanto assim que di, a Sa%rada 'scritura que o 2spirito 'anto n$o habita num esprito dissimulado e duplo. +unca e0istiu sutile,a melhor e mais estim#el que a simplicidade. / prud8ncia mundana com todos os seus artif7cios o sinal dos filhos do s culo- os filhos de &eus andam por um caminho reto e t8m o corao sem do!ras. %uem caminha com simplicidade, diz o sbio- caminha com con#iana. / mentira, a do!re,, a dissimulao sero sempre

    333 P 3F. "omo falar

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    tend8ncias naturais dum esp7rito #il e fraco. Santo /%ostinho tinha dito no quarto li#ro de suas Con#iss>es que sua alma e a de seu ami%o eram unidas numa s4 alma, que esta #ida lhe era insuport#el depois do seu falecimento, porque no queria #i#er assim s4 pela metade, mas que por esta mesma ra,o no queria, morrer, com medo que seu ami%o morresse completamente. 5ais tarde estas pala#ras lhe pareceram demasiado afetadas e artificiosas e no seu li#ro das Cetrata(es ele censurou, chamando-as de in pcia. 'is a7, Filot ia, que delicade,a desta alma santa e !ela, quanto 2 afetao nas pala#rasL / fidelidade, sinceridade e naturalidade da lin%ua%em certamente um lindo ornato da #ida crist. &isse e o farei, protesta#a &a#i, !uardarei os meus caminhos para n$o pecar com minha ln!ua P>e, 'enhor, !uardas 8 minha boca e aos meus lbios uma porta que os #eche. /conselha#a o rei So Ru7s nunca contradi,er a nin%u m seno em caso de pecado ou de al%um %ra#e dano, para e#itar as contendas. ', quando for necessrio contradi,er aos outros e opor a pr4pria opinio 2 sua, isto de#e ser feito com muita doura e )eito, para no parecer que se lhes quer fa,er #iol8ncia- tanto mais que com aspere,a pouco ou nada se conse%ue. / re%ra de falar pouco, que os anti%os s!ios tanto recomenda#am, no se toma no sentido de di,er poucas pala#ras, mas no de no di,er muitas in.teis, no quanto 2 quantidade, mas quanto 2 qualidade. &ois e0tremos me parece que de#em ser e#itados cuidadosamente. 1 primeiro consiste em assumir, nas con#ersas de que se participa, um ar or%ulhoso e austero, dum sil8ncio afetado, manifestando desconfiana ou despre,o. 1 se%undo consiste em falar demais, sem dei0ar ao interlocutor nem tempo nem ocasio de di,er al%umas pala#ras,

    333 P 3F. "omo falar

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    o que dei0a transparecer um esp7rito presunoso e le#iano. So Rui, no tinha por !em se falar numa reunio em se%redo ou, como ento se di,ia, Hem conselhoM, particularmente 2 mesa, com receio de que os outros pensassem que se esta#a falando mal deles. Sim P di,ia ele P se 2 mesa ou numa reunio se tem al%uma coisa !oa ou interessante para di,er, di%a-se alto e para todos- tratando-se, por m, duma coisa s ria e importante, no se fale so!re isso com nin%u m. III , ! Os divertimentosD os 4onestos e l=citos / necessidade dum di#ertimento honesto, para dar uma certa e0panso ao esp7rito e al7#io ao corpo, uni#ersalmente reconhecida. "onta o !eato "assiano que um caador, encontrando So Aoo '#an%elista a !rincar com uma perdi, que se%ura#a em suas mos, lhe per%untou como um homem como ele podia perder tempo com um di#ertimento semelhante- o santo por sua #e, per%untou ao caador por que ele no tinha sempre o seu arco esticado, ao que este respondeu que, se fi,esse assim, o arco perderia toda a fora. Cetorquiu ento o santo ap4stolo; +o h, pois, que admirar que d8 a%ora um pouco de descanso ao, meu esp7rito, para o tornar capa, de prosse%uir em suas contempla(es. +o h du#idar; muito defeituosa aquela se#eridade de al%uns esp7ritos rudes, que nunca querem permitir um pouco de repouso nem para si nem para os outros. Passear, para espairecer um pouco, di#ertir-se numa con#ersao animada e a%rad#el, tocar piano ou um outro instrumento, cantar com acompanhamento, ir 2 caa- todos esses so di#ertimentos to honestos que para tornar parte neles !asta a prud8ncia #ul%ar, que re%ra todas as coisas se%undo a ordem, o lu%ar e a medida con#eniente. 1s )o%os em que o %anho ser#e de pa%a ou recompensa 2s ind.strias e 2s ha!ilidades do corpo e do esp7rito, como os )o%os de !olas, de !al(es, de malhas, de ar%olinhas, o 0adre, e

    333 P 3E. 1s di#ertimentos- os honestos e l7citos

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    as damas, todas essas recrea(es so em si honestas- s4 o que se de#e e#itar perder muito tempo e apostar uma quantia muito alta. Se ds muito tempo ao )o%o, ele ) no um di#ertimento, mas fica sendo uma ocupao, de modo que, em #e, de ali#iar o esp7rito e o corpo, sai-se do )o%o cansado e estafado, como acontece aos que )o%aram 0adre, por cinco ou seis horas sem parar, ou, ento, tendo %asto muitas forcas e ener%ias, como quem )o%a as !olas por muito tempo, continuamente. Se a quantia apostada tam! m muito %rande, as inclina(es alis honestas dos )o%adores se e0citam e se tornam pai0(es e, al m disso, in)usto e irra,o#el arriscar e fi0ar um preo to alto nessas ha!ilidades do )o%o, que em si so to insi%nificantes e in.teis. So!retudo, toma todo o cuidado, Filot ia, que teu corao no se ape%ue a estas coisas, porque, por melhor que se)a um di#ertimento, no de#emos atar a ele o corao e o afeto. +o di%o que no se ache %osto no )o%o, quando se est )o%ando, porque seno no seria um di#ertimento- di%o somente que no se de#e ir a ponto de dese)-lo ansiosamente, como tinha coisa de %rande importQncia III ,'! Os 5o%os $roi+idos 1s )o%os de dados, de cartas e outros semelhantes, em que a #it4ria depende principalmente do acaso, no s4 so di#ertimentos peri%osos, como a dana, mas so mesmo por sua nature,a a!solutamente maus e repreens7#eis- por esta ra,o os pro7!em as leis eclesisticas e as leis ci#is de muitos pa7ses. &irs tal#e,; mas que mal h nisso? 'u respondo que, sendo a sorte e no a ha!ilidade do )o%ador que decide, %anhando muitas #e,es o menos industrioso, este procedimento contrrio 2 ra,o- nem podes di,er que foi este o a)uste, porque isto s4 ser#e para )ustificar que o #encedor no in)uria os outros, mas no tira a desonestidade da con#eno e do pr4prio )o%o- o %anho, que de#e ser um pr8mio da ha!ilidade,

    333 P 32. 1s )o%os proi!idos

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    torna-se um pr8mio da sorte, que no depende de n4s e nada merece. &emais, os )o%os so feitos para di#ertimento nosso- mas esses )o%os de acaso N/,arO no so #erdadeiras di#ers(es e sim ocupa(es fati%antes. "omo no h de cansar ter o Qnimo continuamente inquieto e a%itado por temores e surpresas? 9ue ocupao mais triste, sem %raa e melanc4lica que a dos )o%adores que se melindram uns aos outros, e se a%astam, se se di, uma pala#ra, se se ri e at porque al%u m tosseL 'nfim, esses )o%os s4 do ale%ria, quando al%u m %anha- e no ser in)usta uma ale%ria semelhante, que acarreta a perda e o des%osto do pr40imo? +a #erdade, uma tal ale%ria indi%na de um homem de !em. Foi por estas tr8s ra,(es que esses )o%os foram proi!idos. So Rui,, estando a !ordo e ou#indo que seu irmo, o conde de /n)ou, se di#ertia )o%ando com o senhor Gautier +emours, le#antou-se, em!ora esti#esse muito doente, diri%iu-se com muito custo ao quarto onde esta#am, tomou os )o%os e uma parte do dinheiro e atirou-os ao mar, demonstrando #i#amente a sua indi%nao. / )o#em Sara, falando a &eus de sua inoc8ncia na !ela orao que lhe diri%iu, protestou que nunca tinha lidado com qualquer, esp cie de )o%adores. III ,,! Os cuidados com +ailes e outros divertimentos /s danas e os !ailes so coisas por si inofensi#as- mas os costumes de nossos dias to afeitos esto ao mal, por di#ersas circunstQncias, que a alma corre %randes peri%os nestes di#ertimentos. &ana-se 2 noite e nas tre#as, que as melhores ilumina(es no conse%uem dissipar de todo, e quo fcil que de!ai0o do manto da escurido se faam tantas coisas peri%osas num di#ertimento como este, que to prop7cio ao mal. Fica-se a7 alta hora da noite, perdendo-se a manha se%uinte e conse%uintemente o ser#io de &eus Norao, 5issaO.

    333 P 33. 1s cuidados com !ailes e outros di#ertimentos

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    +uma pala#ra, uma loucura fa,er da noite dia e do dia noite, e trocar os e0erc7cios de piedade por #os pra,eres. :odo !aile est cheio de #aidade e emulao e a #aidade uma disposio muito fa#or#el 2s pai0(es desre%radas e aos amores peri%osos e desonestos, que so as consequ8ncias ordinrias dessas reuni(es. Ceferindo-me aos !ailes, Filot ia, di%o-te o mesmo que os m dicos di,em dos co%umelos, afirmando que os melhores no prestam para nada. Se tens que comer co%umelos, #e)as que este)am !em preparados e no comas muito, por que, por melhor preparados que este)am, tornam-se, toda#ia, um #erdadeiro #eneno, se so in%eridos em %rande quantidade. Se em al%uma ocasio, no podendo te escusar, fores coa%ida a ir ao !aile, presta ao menos ateno que a dana se)a honesta e re%rada em todas as circunstQncias pela !oa inteno, pela mod stia, pela di%nidade e dec8ncia, e dana o menos poss7#el, para que teu corao no se ape%ue a essas coisas. 1s co%umelos, se%undo Pl7nio, como so porosos e espon)osos, se impre%nam facilmente de tudo quanto lhes est ao redor, at mesmo do #eneno de uma serpente que por perto deles se arraste. &o mesmo modo, essas reuni(es 2 noite arrastam para seu meio ordinariamente todos os #7cios e pecados que #o alastrando pela cidade, os ci.mes, as pedanterias, as !ri%as, os amores loucos- e, como o aparato, a influ8ncia e a li!erdade, que reinam nestas festas, a%itam a ima%inao, e0citam os sentidos e a!rem o corao a toda sorte de pra,eres, caso a serpente murmure aos ou#idos uma pala#ra indecente ou aduladora, caso se se)a surpreendido por al%um olhar dum !asilisco, os cora(es estaro inteiramente a!ertos e predispostos a rece!er o #eneno. I Filot ia, esses di#ertimentos rid7culos so de ordinrio peri%osos. &issipam o esp7rito de de#oo, enfraquecem as foras da #ontade, esfriam os ardores da caridade e suscitam na alma milhares de ms disposi(es. Por estas ra,(es nunca se

    333 P 33. 1s cuidados com !ailes e outros di#ertimentos

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    de#e frequent-los, e, no caso de necessidade, s4 com %randes precau(es. &i,-se que, depois de comer co%umelos, preciso !e!er um %ole do melhor #inho e0istente- e eu di%o que, depois de assistir a estas reuni(es, con# m muito refletir so!re certas #erdades santas e compenetrantes para preca#er e dissipar as tentadoras impress(es que o #o pra,er possa ter dei0ado no esp7rito. 'is aqui al%umas que muito te aconselho; E. +aquelas mesmas horas que passaste no !aile, muitas almas se queima#am no inferno por pecados cometidos na dana ou por suas ms consequ8ncias. 2. 5uitos reli%iosos e pessoas piedosas, nessa mesma hora esta#am diante de &eus, cantando seus lou#ores e contemplando a sua !ondade- na #erdade, o seu tempo foi muito mais empre%ado que o teuL 3. 'nquanto dana#as, muitas pessoas se de!atiam em cruel a%onia, milhares de homens e mulheres sofriam dores atroc7ssimas em suas casas ou nos hospitais. /hL 'les no ti#eram um instante de repouso e tu no ti#este a menor compai0o deles- no pensas tu a%ora que um dia hs de %emer como eles, enquanto outros danaro?L 6. +osso Senhor, a Sant7ssima Jir%em, os santos e os an)os te esta#am #endo no !aile. /hL 9uanto os des%ostaste nessas horas, estando o teu corao todo ocupado com um di#ertimento f.til e to rid7culoL <. /hL 'nquanto l esta#as, o tempo se foi passando e a morte se foi apro0imando de ti- considera que ela te chame para a terr7#el passa%em do tempo para a eternidade e para uma eternidade de %o,os ou de sofrimentos. 'is a7 as considera(es que te queria su%erir- &eus te inspirar outras mais fortes e salutares, se ti#eres santo temor a 'le.

    333 P 36. 9uando se pode )o%ar ou danar

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    III ,1! Iuando se $ode 5o%ar ou danar Para que um )o%o ou uma dana se)am l7citos, necessrio que n4s nos sir#amos desses di#ertimentos por deleite, e no por inclinao- por pouco tempo e no at nos estafarmosraramente e no como uma ocupao diria. 5as em que ocasio l7cito )o%ar-se e danar-se? /s ocasi(es pr4prias dum )o%o ou duma dana in4cua no so raras. 5enos frequentes, por m, so as dos )o%os proi!idos, censur#eis e mais peri%osos. +uma pala#ra; )o%a e dana, o!ser#ando as condi(es que te indiquei, todas as #e,es que a prud8ncia e a discrio te aconselharem a ter esta condescend8ncia para com a sociedade em que esti#eres- porque a condescend8ncia, sendo um ato de caridade, torna as coisas indiferentes !oas e at pode permitir certas peri%osas, che%a mesmo a tirar a mal7cia de al%umas que de al%um modo so ms, como nos )o%os de a,ar, que, sendo em si repreens7#eis, tornam-se 2s #e,es l7citos, se partilhados por uma )usta complac8ncia para com o pr40imo. Foi um consolo para eu ler na #ida de So "arlos @orromeu que tinha muita condescend8ncia para com os su7os, em coisas em que alis era muito mais se#ero noutras ocasi(es, e ou#ir que Santo 3ncio de Roiola, con#idado uma #e, a )o%ar, aceitou o con#ite. Santa 3sa!el da Sun%ria )o%a#a 2s #e,es e acha#a-se presente nas reuni(es de di#ertimentos, sem que coro isso perdesse a sua de#oo. 1s rochedos circun#i,inhos do la%o de Cieti crescem proporo que as ondas neles se em!atemassim, a piedade to arrai%ada esta#a na alma desta santa que ia crescendo sempre mais no meio das pompas e #aidades a que esta#a e0posta. /s %randes fo%ueiras inflamam-se com o #entomas os fo%uinhos fracos se apa%am, se no esto !em co!ertos. III ,3! " fidelidade devida a Deus em todas as coisas 1 'sposo di#ino di, no "Qntico dos "Qnticos que sua 'sposa lhe arre!atou o corao por um de seus olhos e por um de seus ca!elos. "omo de#em se entender estas pala#ras?

    333 P 3<. / fidelidade de#ida a &eus em todas as coisas

    2FF

    * #erdade que o olho a parte mais admir#el do corpo, tanto por sua estrutura e forma como por suas fun(es- mas que h de mais #il e despre,7#el que o ca!elo? Filot ia, &eus nos quis ensinar por esta comparao que as nossas m7nimas e mais insi%nificantes a(es do lhe so menos a%rad#eis que as maiores e as de maior !rilho e que para lhe a%radar do mesmo modo necessrio ser#ir-lhe numas e noutras, podendo n4s em am!as indistintamente merecer o seu amor. * )usto e !om, Filot ia, que te prepares para suportar %randes cru,es por +osso Senhor, que le#es o teu amor at ao mart7rio, que lhe ofereas tudo o que tens de mais caro, se ele o quiser aceitar; pai e me, irmo e irm, marido e mulher, filhos e ami%os, teus olhos e at tua #ida, coisas todas essas que ) lhe de#es, porque tais de#em ser as disposi(es cont7nuas do teu esp7rito e corao. 5as, enquanto a di#ina Pro#id8ncia no e0i%e de ti %randes coisas, enquanto no te pede os olhos por seu amor, oferece-lhe ao menos os teus ca!elos. 9uero di,er que necessrio suportar com !randura os pequenos inc$modos- essas perdas pouco #aliosas e essas contrariedades in.meras de cada dia e essas pequenas ocasi(es, sendo suportadas por um #erdadeiro amor a &eus, %ran)ear-te-o inteiramente o seu "orao. Sim, esses pequenos atos de caridade que fa,es todos os dias, essas dores de ca!ea e de dentes, essas constipa(es, esse mau %8nio dum marido ou duma mulher, o que!rar-se um #idro, o desd m ou mau humor, a perda das lu#as, do leno ou do anel, esses pequenos inc$modos de deitar-se cedo e de madru%ar pela manh, para re,ar ou comun%ar, essa #er%onha passa%eira que se tem ao fa,er al%um ato p.!lico de piedade- numa pala#ra P todas essas a(es e sofrimentos, sendo animados do amor de &eus, a%radam muit7ssimo 2 sua di#ina !ondade, que prometeu o reino dos c us a quem der um copo dW%ua por amor a ele, isto , infinitamente mais do que todo o mar em comparao duma

    333 P 3<. / fidelidade de#ida a &eus em todas as coisas

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    %ota dW%ua P e, como essas ocasi(es se oferecem a cada instante, podes amontoar rique,as espirituais incalcul#eis, se as apro#eitares !em. Rendo na #ida de Santa "atarina de Sena tantos raptos do esp7rito em &eus, tantas pala#ras duma sa!edoria su!lime e mesmo serm(es inteiros, no du#idei que com este HolhoM de contemplao ela tenha arre!atado o "orao do 'sposo celeste- mas muito me consolou #8-la noutras ocasi(es ocupada, por ordem de seu pai, na co,inha, com a assadeira, atiando o fo%o, preparando a comida, amassando po e fa,endo enfim os of7cios mais humildes da casa, cheia de uma cora%em oriunda do amor de &eus. ' no aprecio menos a simples meditao que ela fa,ia no meio destes ser#ios #is e a!)etos do que os 80tases e os raptos que lhe foram to ha!ituais e que constitu7ram tal#e, uma recompensa por sua humildade e despre,o. Sua meditao consistia em pensar que, preparando a comida para seu pai, ela esta#a tra!alhando para +osso Senhor, como Santa 5arta, que sua me ocupa#a o lu%ar de +ossa Senhora, assim como seus irmos os dos ap4stolos- de sorte que e0cita#a quanto podia o seu fer#or, para ser#ir assim em esp7rito a toda a corte celeste, e a sua con#ico de fa,er em tudo a #ontade de &eus compenetra#a sua alma duma sua#idade admir#el. /du,i-te este e0emplo, Filot ia, para #eres a importQncia de fa,er todas as tuas a(es, por mais pequenas e !ai0as que paream, com os olhos em &eus, para ser#i-lo e a%radar a ele. Por isto te aconselho encarecidamente a imitar a mulher forte, que Salomo tanto lou#ou, porque, ocupada muitas #e,es com a(es %randes e importantes, nunca dei0a#a entretanto de fiar 2 sua roca. Fa,e o mesmo; aplica-te frequentemente 2 orao e 2 meditao, 2 recepo dos sacramentos, a instruir-te e a consolar os aflitos, a inspirar o amor a &eus no pr40imo, a

    333 P 3<. / fidelidade de#ida a &eus em todas as coisas

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    fa,er todas as o!ras de maior importQncia e e0cel8ncia que tua #ocao a!raa- mas no te esqueas do fuso e da roca, isto , desen#ol#e tam! m essas #irtudes pequenas e humildes que nascem como flore,inhas ao p da cru,; o ser#io dos po!res, as #isitas aos doentes, os pequenos cuidados de fam7lia e as !oas o!ras que lhe so ane0as, a util7ssima dili%8ncia de te %uardares da ociosidade em tua casa e a)unta a tudo isso al%uma considerao semelhante 2s que fa,ia Santa "atarina de Sena. Caras so as ocasi(es de fa,er %randes coisas no ser#io de &eus, mas as ocasi(es de pequenas o!ras so muito frequentes. %uem me servir no pequeno, diz o 'enhor, receber o pr)mio que dele me servirei para coisas !randes Fa,e tudo em nome de &eus e tudo ser !em feito. "omendo, !e!endo, dormindo, di#ertindo-te ou te ocupando com al%um tra!alho humilde e #il, em toda parte hs de merecer muito diante de &eus, se santificas !em a tua inteno de fa,er tudo Porque &eus quer que o faas. III ,6! Devemos ser 5usto e ra#ovel Caro achar homens #erdadeiramente ra,o#eis, porque s4 somos homens pela ra,o e o amorB$r$rio a pertur!a muitas #e,es e insensi#elmente nos leva a $raticar in5ustias que, por menores que se)am, no dei0am de ser muito peri%osas. /ssemelham-se 2s raposinhas de que se fala nos "Qnticos, das quais no se fa, caso por serem muito pequenas, e, por isso, elas causam %rande dano 2 #inha, em #ista de sua quantidade. Ceflete um pouco e )ul%a se os pontos que #ou mencionar no so #erdadeiras in)ustias. +4s costumamos acusar o pr40imo pelas menores faltas por ele cometidas e a n4s mesmos nos escusamos de outras muito %randes. 9ueremos #ender muito caro e comprar o mais !arato poss7#el. 9ueremos que se faa in)ustia a outros e que se faam %raas a n4s. 9ueremos que interpretem as nossas

    333 P 3=. &e#emos ser )usto e ra,o#el

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    pala#ras !ene#olamente e com o que nos di,em somos suscet7#eis em e0cesso. 9ueremos que o #i,inho nos ceda a sua propriedade e no mais )usto que a conser#e, se o quiser? /%astamo-nos com ele se no no-la quer #ender, e no tem ele muito mais ra,o de se ,an%ar conosco, por o estarmos incomodando? Se %ostamos de um e0erc7cio, ne%li%enciamos todos os demais e censuramos tudo o que no est se%undo o nosso %osto. Se al%uns dos nossos inferiores no t8m !oa apar8ncia, ou caiu em nossas ms %raas, le#amos a mal todos os seus atos e nunca cessamos de o contristar. Se, ao contrrio, um ou outro, nos a%radar pelo seu aspecto, desculpamos-lhe tudo o que fa,, por pior que se)a. S filhos #irtuosos e a)ui,ados a quem os pais e as mes quase nem podem #er, por causa de al%um defeito natural, e h outros, muito #iciosos, cu)o ar e0terior os torna a%rad#eis. 'm toda parte preferimos os ricos aos po!res, em!ora no se)am de melhor condio, nem possuam tantas #irtudes- che%amos mesmo a preferir aqueles que se destacam por uma # apar8ncia de seus #estidos. &efendemos com acurada e0atido os nossos direitos e queremos que os outros, quanto aos seus, se)am muito condescendentes. 5antemos os nossos lu%ares caprichosamente e queremos que os outros cedam os seus humildemente. 9uei0amo-nos facilmente de tudo e no queremos que nin%u m se quei0e de n4s. 1s !enef7cios ao pr40imo sempre nos parecem muitos, mas os que os outros nos fa,em reputamos em nada. +uma pala#ra; ns temos dois cora0es, como as perdi,esUaV da Pafla%$niaU!V- um, doce,
    UaV Perdi, o nome comum de al%umas esp cies de a#es %aliformes pertencentes 2 fam7lia Phasianidae, que tam! m inclui o faiso. U!V Pafla%Ania Nem %re%o; mlyilzno{lO era o nome da anti%a re%io da costa do 5ar +e%ro no norte da /nat4lia central, entre as tam! m anti%as re%i(es da @it7nia, a oeste, e do Ponto, a leste, e separada da Fr7%ia Nna poro que seria no futuro a GalciaO por um prolon%amento para o leste do monte 1limpo !it7nio. &e acordo com 'stra!o, o rio

    333 P 3=. &e#emos ser )usto e ra,o#el

    2F6

    caridoso e complacente para tudo que nos diz respeito , e outro P duro, severo e ri!oroso para com o pr6ximo . :emos duas medidas, uma para medir as nossas comodidades em nosso pro#eito e outra para medir as do pr40imo, i%ualmente em nosso pro#eito. 1ra, como di, a 'scritura, Sl E2NEEO,3os que t)m lbios dolosos #alam com o cora$o dobrado, in corde et corde. 2 ter duas medidasUcV, P uma !rande, para receber, e outra pequena, para pa!ar o que se deve UdV P di, ela ainda P uma coisa abominvel diante de (eus. Filot ia, s8 i%ual e )usta em todas as tuas a(es. :oma o lu%ar do pr40imo e p(e-no no teu, e sempre )ul%ars com equidade. /o comprares, p(e-te no lu%ar do #endedor, e, em #endendo, no lu%ar do comprador, e teu ne%4cio ser sempre )usto. :odas estas in)ustias aqui enumeradas no so muito %randes nem nos o!ri%am 2 restituio, caso nos contenhamos ai somente entre os limites do ri%or, no que nos fa#or#elmas estamos o!ri%ados a nos corri%ir destas faltas, que so contra a ra,o e a caridade e se assemelham a uma esp cie de trapaa contra a equidade natural. &emais, nada se perde com uma #ida %enerosa, no!re e ci#il e com um corao )usto e ra,o#el e, como se di,, leal. Rem!ra-te, pois, Filot ia, de e0aminar muitas #e,es o teu corao, para #er se ele tal para o pr40imo como querias que o seu fosse para ti; esta a norma da ra,o #erdadeira e reta. 1s confidentes de :ra)ano disseramlhe um dia que dar audi8ncia a todos no fica#a !em 2 ma)estade imperial. 1 imperador respondeu-lhes simplesmente; H' por qu8? +o de#erei eu ser para os meus s.ditos um homem tal como eu dese)aria que fosse o imperador, se eu fosse um mero cidado?M
    Part8nio era a fronteira oriental da Pafla%$nia, papel feito pelo rio Slis no leste UcV Pr 2F,EF:er dois pesos e duas medidas o!)eto de a!ominao para o Senhor. UdV 'clo 6,3=9ue tua mo no se)a a!erta para rece!er, e fechada para dar.

    333 P 3B. 1s dese)os

    2F<

    III ,7! Os dese5os :odos sa!em que no se de#e dese)ar nada de mal, porque o dese)o de uma coisa il7cita torna o corao mau. 5as eu acrescento que no se de#e dese)ar nada que peri%oso para a alma, como !ailes, )o%os e outros di#ertimentos, honras e car%os importantes, #is(es e 80tases- tudo isso tra, muita #aidade consi%o e su)eito a muitos peri%os e ilus(es. +o dese)es tam! m as coisas que ainda esto para #ir num futuro remoto, como fa,em muitos, dissipando e cansando inutilmente o corao e e0pondo-o continuamente a muitas inquieta(es. Se um )o#em am!iciona ardentemente ocupar um car%o precocemente, de que lhe poder ser#ir este dese)o? Se uma mulher casada dese)a entrar no con#ento; a que prop4sito? Se pretendo comprar a propriedade de outrem antes que ele queira me ceder, no isto perder o meu tempo? Se, estando doente, dese)o pre%ar, cele!rar 5issa ou #isitar enfermos ou fa,er e0erc7cios dos que tem sa.de, no so estes dese)os #os, posto que nada disso est em meu poder? 'ntretanto estes dese)os in.teis ocupam o lu%ar doutros que de#eria ter e que &eus manda que se efetuem, como os de ser $aciente, mortificando, o+ediente e manso em meus sofrimentos. 5as em %eral os nossos dese)os se parecem com os das mulheres doentes, que no outono dese)am cere)as frescas e u#as no#as na prima#era. +o apro#o a!solutamente que uma pessoa ande a aspirar a um %8nero de #ida incompat7#el com os seus de#eres, ou e0erc7cios incon#enientes ao seu estado, porque as pretens(es #s dissipam o corao, atenuando-lhe as foras para os e0erc7cios necessrios. 'u perderia meu tempo, se me pusesse a dese)ar a solido dos "artuchos e esta aspirao tomaria o lu%ar da que eu de#eria ter, de preencher !em os meus de#eres atuais. :o pouco quisera que dese)asses ter maior en%enho, porque so dese)os fr7#olos e estariam em lu%ar daquele que todos de#em ter, de culti#ar o seu assim como - ou, enfim, que

    333 P 3B. 1s dese)os

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    dese)asses meios que se no possuem de ser#ir a &eus, em #e, de empre%ar fielmente os que se t8m 2 mo. :udo isso h de se entender dos dese)os que se apossam do corao, porque os simples e passa%eiros no pre)udicam muito, #isto no serem permanentes. 9uanto 2s cru,es, !om dese)-las somente na proporo e so! a condio de que sai!as suportar !em aquelas que tens. * um a!surdo dese)ar o mart7rio e no poder suportar uma pequenina in).ria. 1 inimi%o nos en%ana muitas #e,es, inspirando-nos dese)os para coisas %randes que esto ainda lon%e ou mesmo nunca se ho de reali,ar, a fim de afastar o nosso corao das presentes, que, por menores que se)am, seriam para n4s uma fonte a!undante de #irtudes e merecimentos. "om!atemos na mente os monstros da >frica e nos dei0amos matar pelas pequeninas serpentes que raste)am no caminho, por no lhes prestar a ateno necessria. +o dese)es tam! m ter tenta(es, que isto seria temeridademas prepara-te para resistir-lhes #i%orosamente, quando #ierem. / #ariedade e a quantidade das i%uarias so!recarre%am o est$ma%o e, se fraco, o arru7nam- do mesmo modo a quantidade de dese)os para coisas espirituais em!araam sempre o corao e, se so de coisas mundanas, o corrompem inteiramente. +ossa alma, uma #e, purificada de suas ms inclina(es, sente um %rande anelo de coisas espirituais- anseia por mil esp cies de e0erc7cios de piedade, de mortificao, de penit8ncia, de caridade, de humildade, de orao. 'sta fome espiritual um sinal muito !om- mas na con#alescena de uma doena preciso e0aminar-se se se pode di%erir tudo o que se apetece. &iscerne, pois, e escolhe os teus dese)os, se%undo o conselho de teu diretor espiritual, e procura aqueles que ele apro#ar- fa,endo assim, &eus te en#iar outros oportunamente, quando forem .teis para o teu adiantamento espiritual. +o di%o que se perca al%uma esp cie de dese)os !ons, mas que

    333 P 3B. 1s dese)os

    2FB

    se)am re%ulados e que se dei0e amadurecer no corao os que ainda esto de #e,, aplicando a p$r em prtica os que ) esto maduros. S de se entender isto mesmo dos dese)os de coisas mundanas, porque no h outro meio de se li#rar do desassosse%o e inquietao. III ,8! Instru0es $ara os casados 1 casamento um %rande sacramento, eu di%o em Aesus "risto e na sua 3%re)aUaV honroso para todos, em todos, e em tudo, isto , em todas as suas partes. Para todos; porque as pr4prias #ir%ens o de#em honrar com humildadeU!V. 'm todos;
    UaV J 6< H/ aliana matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunho da #ida toda, ordenada por sua 7ndole natural ao !em dos c$n)u%es e 2 %erao e educao da prole, e foi ele#ada, entre os !ati,ados, 2 di%nidade de sacramento por "risto Senhor.M U!V / J3CG3+&/&' P1C "/US/ &1 C'3+1 J 6 8 "risto U]63V o centro de toda a #ida crist. 1 #7nculo com 'le est em primeiro lu%ar, na frente de todos os outros #7nculos, familiares ou sociais. &esde o comeo da 3%re)a, hou#e homens e mulheres que renunciaram ao %rande !em do 5atrim$nio para se%uir o "ordeiro onde quer que fosse, para ocupar-se com as coisas do Senhor, para procurar a%radar-lhe, para ir ao encontro do 'sposo que #em. 1 pr4prio "risto con#idou al%uns para se%ui-lo neste modo de #ida, cu)o modelo continua sendo ele mesmo; C eunucos que nasceram assim do ventre materno 2 h eunucos que #oram #eitos eunucos pelos homens 2 h eunucos que se #izeram eunucos por causa do :eino dos Cus %uem tiver capacidade para compreender compreenda9 N5t EG,E2O. J 6 9 U]6KV / #ir%indade pelo Ceino dos " us um desdo!ramento da %raa !atismal, um poderoso sinal da preemin8ncia do #7nculo com "risto, da ardente e0pectati#a de seu re%resso, um sinal que tam! m lem!ra que o 5atrim$nio uma realidade da fi%ura deste mundo que passa. J 6'< /m!osU]<FV, o sacramento do :atrimAnio e a vir%indade $elo ;eino de Deus/ $rov(m do $r$rio Sen4or. * 'le que lhes d sentido e concede a %raa indispens#el para #i#8-los em conformidade com sua #ontade. / estima da #ir%indade por causa do Ceino e o sentido cristo do casamento so insepar#eis e se a)udam mutuamente;

    333 P 3K. 3nstru(es para os casados

    2FK

    porque to santo entre os po!res como entre os ricos. 'm tudo; porque a sua ori%em, o seu fim, as suas #anta%ens, a sua forma e mat ria so santas. * o #i#eiro do "ristianismo, que enche a terra de fi is, para tornar completo no c u o n.mero dos eleitos; de sorte que a conser#ao do !em do casamento so!remaneira .til para a rep.!lica- porque a rai, e o manancial de todos os seus arroios NriachosO. Prou#era a &eus que o seu Filho muito amado fosse chamado para todas as !odas como o foi para a de "an- nunca faltaria l o #inho das consola(es e das !enos- porque se no as h seno um pouco ao princ7pio, porque, em #e, de +osso Senhor, se fe, #ir a elas Nas !odasO /d$nisUcV e, em lu%ar de +ossa Senhora, se fa, #ir a J8nusUdV. 9uem quer ter cordeirinhos !onitos e malhados, como Aac4, precisa como ele de apresentar 2s o#elhas quando se )untam para conce!er umas lindas #arinhas de di#ersas cores- e quem quer ser !em-sucedido no casamento, de#eria em suas !odas representar a si mesmo a santidade e di%nidade deste SacramentoUeV- mas em lu%ar disso do-se a7 mil a!usos e e0cessos em passatempos, festins e pala#ras N!e!edeiras, futilidades e apar8nciasO. +o pois de admirar que os efeitos se)am desordenados. '0orto so!retudo aos casados ao amor rec7proco que o
    &ene%rir o 5atrim$nio ao mesmo tempo minorar a %l4ria da #ir%indade- elo%i-lo realar a admirao que se de#e 2 #ir%indade... Porque, afinal, o que no parece um !em seno em comparao com um mal no pode ser #erdadeiramente um !em, mas o que ainda melhor que !ens incontest#eis o !em por e0cel8ncia. UcV "dAnis nas mitolo%ias fen7cia e %re%a, era um )o#em de %rande !ele,a que nasceu das rela(es incestuosas que o rei "7niras de "hipre mante#e com a sua filha 5irra. UdV V(nus a deusa do panteo romano, equi#alente a "frodite no panteo %re%o, cu)o nome #em acompanhado, por #e,es, de ep7tetos como H"itereiaM ) que, quando do nascimento, teria passado por "itera, onde era adorada so! este nome. * a deusa do se0o e da !ele,a. UeV /tra# s dos Sacramentos da "onfisso e Sant7ssima 'ucaristia, em preparao ao Sacramento do 5atrimonio.

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    2FG

    'sp7rito Santo tanto lhes recomenda na Sa%rada 'scritura; 4 casados no se de#e di,er; amai-#os um ao outro com o amor natural, porque os casais de rolas fa,em isto muito !em- nem se de#e di,er; amai-#os com amor humano, porque tam! m os pa%os praticaram esse amor- mas di%o-#os encostado ao %rande /p4stolo; cf. 'f <,2</aridos, amai as vossas mulheres, como ;esus Cristo ama a 0!reja- cf. 'f <,266 mulheres, amai vossos maridos, como a 0!reja ama o seu 'alvador. Foi &eus quem le#ou '#a a nosso primeiro pai /do, e lha deu por mulher- foi tam! m &eus, meus ami%os, que com sua mo in#is7#el fe, o n4 do sa%rado lao do #osso matrim$nio, e que #os deu uns aos outros; por que no ha#eis ento de amar-#os com amor todo santo, todo sa%rado, todo di#ino? 1 primeiro efeito deste amor a unio indissol-vel dos vossos cora0es! Se se %rudam duas peas de pinho, uma #e, que a cola se)a fina, a unio fica to forte, que ser mais fcil que!rar as peas noutros locais do que no local da )uno- mas &eus )unta o marido e a mulher em seu pr4prio San%ue; e por isso que esta unio to forte que antes se de#e separar a alma do corpo de um e de outro do que se separar o marido da mulher. 1ra esta unio no se entende principalmente do corpo, mas sim do corao, do afeto e do amor. 1 se%undo efeito deste amor de#e ser a fidelidade in#iol#el de um ao outro; anti%amente %ra#a#am-se os selos nos an is que se tra,iam nos dedos, como a pr4pria santa 'scritura testifica. /qui est o se%redo da cerim$nia que se fa, nas !odas; a 3%re)a pela mo do sacerdote !en,e um anel, e dandoo primeiramente ao homem, d a entender que sela e cerra seu corao por este Sacramento, para que nunca mais nem o nome, nem o amor de qualquer outra mulher possa nesse corao entrar, enquanto #i#er aquela que lhe foi dada; depois o esposo mete o anel na mo da pr4pria esposa, para que ela reciprocamente sai!a que nunca o seu corao de#e conce!er afeto por qualquer outro homem, enquanto #i#er so!re a terra

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    2EF

    aquele, que +osso Senhor aca!a de lhe dar. 1 terceiro fruto do casamento a %erao e a le%7tima criao e educao dos filhos. Grande honra esta para #4s, 4 casados, que &eus, querendo multiplicar as almas que possam !endi,8-lo e lou#-lo por toda a eternidade, #os torna cooperadores de o!ra to di%na, por meio da produo dos corpos, em que 'le reparte, como %otas celestes, as almas, criando-as e infundindo-as nos corpos. "onser#ai pois, 4 maridos, um terno, constante e cordial amor a #ossas mulheres; por isto foi a mulher tirada do lado mais che%ado ao corao do primeiro homem, para que fosse amada por ele cordial e ternamente. /s fraque,as e enfermidades de #ossas mulheres, quer do corpo, quer do esp7rito, no de#em pro#ocar-#os a nenhuma esp cie de desd m, mas antes a uma doce e amorosa compai0o, pois &eus criou-as assim para que dependendo de #4s, #os honrem e #os respeitem mais, e de tal modo as tenhais por companheiras que contudo se)ais os chefes e superiores. ' #4s, 4 mulheres, amai ternamente, cordialmente, mas com um amor respeitoso e cheio de re#er8ncia, os maridos que &eus #os deu; porque realmente por isso os criou &eus de um se0o mais #i%oroso e predominante, e quis que a mulher fosse uma depend8ncia do homem, e osso dos seus ossos, e carne da sua carne, e que ela fosse produ,ida por uma costela deste, tirada de!ai0o dos seus !raos, para mostrar que ela de#e estar de!ai0o da mo e %o#erno do marido- e toda a 'scritura Santa #os recomenda se#eramente esta su)eio, que alis a mesma 'scritura #os fa, doce e sua#e, no somente querendo que #os acomodeis a ela com amor, mas ordenando a #ossos maridos que a e0eram com %rande afeto, ternura e sua#idade. /aridos, di, So Pedro, portai-vos discretamente com vossas mulheres como com um vaso mais #r!il, honrando-as . 5as assim como #os e0orto a afer#orar cada #e, mais este rec7proco amor que #os de#eis, estai alerta para que no se con#erta em nenhuma

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    2EE

    esp cie de ci.me; porque acontece muitas #e,es que, como o #erme se cria na ma mais delicada e madura, tam! m o ci.me nasce no amor mais ardente e afetuoso dos casados, cu)a su!stQncia alis estra%a e corrompe- porque pouco a pouco acarreta os des%ostos, desa#enas e di#4rcios. Por certo que o ci.me nunca che%a aonde a ami,ade est de parte a parte fundada na #erdadeira #irtude; e eis a ra,o por que ela um sinal indu!it#el de um amor sensual, %rosseiro, e que se diri%iu a o!)eto em que encontrou uma #irtude defeituosa, inconstante e e0posta a desconfianas. *, pois, uma pretenso tola querer dar a entender com os ,elos a %rande,a ami,ade; porque o sinal na #erdade um sinal da ma%nitude e corpul8ncia da ami,ade, mas no da sua !ondade, pure,a e perfeio- pois que a perfeio da ami,ade pressup(e a firme,a da #irtude da coisa que se ama, e o ci.me pressup(e a incerte,a. Se quereis, maridos, que as #ossas mulheres #os se)am fi is, ensinai-lhes a lio com o #osso e0emplo; di, So Gre%4rio +a,ian,eno H"om que cara, quereis e0i%ir honestidade de #ossas mulheres, se #4s pr4prios #i#eis na desonestidade? "omo lhes pedis o que no lhes dais? 9uereis que elas se)am castas? Ji#ei castamente com elasM, e, como di, So Paulo, sai!a cada um possuir o seu #aso em santificao. 5as, se pelo contrrio #4s mesmos lhes ensinais as dissolu(es, no de admirar que sofrais a desonra da sua perda. 5as #4s, 4 mulheres, cu)a honra est insepara#elmente aliada com a pure,a e honestidade, conser#ai ,elosamente a #ossa %l4ria, e no permitais que nenhuma esp cie de dissoluo empane a !rancura da #ossa reputao. :emei toda a sorte de ataques, por pequenos que se)am; nunca permitais que andem em #olta de #4s os %alanteios. :odo aquele que #em elo%iar a #ossa formosura e a #ossa %raa de#e ser-#os suspeito. Porque quem %a!a uma mercadoria que no pode comprar, ordinariamente muito tentado a rou!-la. 5as se ao

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    2E2

    #osso enc$mio Nelo%ioO al%u m adicionar o despre,o de #osso marido, ofende-#os so!remaneira, porque a coisa clara, que no somente quer perder-#os, mas ) #os tem na conta de meio perdida, pois que metade do contrato feito com o se%undo comprador, quando se est des%ostoso do primeiro. /s senhoras, tanto anti%as como modernas, acostumaram-se a le#ar pendentes das orelhas muitas p rolas, pelo pra,er, di, Pl7nio, que t8m em as ou#ir tilintar e chocalhar, tocando umas nas outras. 5as quanto a mim, que sei que o %rande ami%o de &eus, 3saac, en#iou 2 casta Ce!eca pendentes de orelhas como os primeiros penhores do seu amor; eu creio que este ornamento m7stico si%nifica que a primeira coisa que um marido de#e ter de uma mulher, e que a mulher lhe de#e fielmente %uardar, a orelha, para que nenhuma lin%ua%em ou ru7do possa a7 entrar, seno o doce e ami%#el %or)eio das pala#ras castas e pudicas, que so as p rolas orientais do '#an%elho. Porque preciso se lem!rar sempre de que as almas se en#enenam pelo ou#ido, como o corpo pela !oca. 1 amor e a fidelidade )untos tra,em sempre consi%o a familiaridade e confiana- por isso que os Santos e as Santas usaram de muitas car7cias rec7procas em seu matrim$nio, car7cias #erdadeiramente amorosas, mas castas- ternas, mas sinceras. /ssim 3saac e Ce!eca, o casal mais casto dos casados do tempo anti%o, foram #istos 2 )anela a acariciar-se de tal sorte que, em!ora nada nisso hou#esse de desonesto, /!imelec conheceu !em que eles no podiam ser seno marido e mulherUfV. 1 %rande So Ru7s, to ri%oroso com a sua carne, como terno amor a sua mulher, foi quase censurado de ser pr4di%o em tais car7cias; em!ora na #erdade antes merecesse enc$mio Nelo%ioO por sa!er despo)ar-se do seu esp7rito marcial e cora)oso para praticar estas li%eiras o!ri%a(es necessrias
    UfV Gn 2=, K ', como sua estada ali se prolon%asse, aconteceu que um dia, olhando /!imelec pela )anela, #iu 3saac que acaricia#a Ce!eca, sua mulher.

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    2E3

    para a conser#ao do amor con)u%al- porque ainda que estas pequenas mortifica(es de pura e franca ami,ade no prendam os cora(es, contudo apro0imam-nos, e ser#em de a%rad#el isca para a m.tua con#ersao. Santa 5$nica, estando %r#ida do %rande Santo /%ostinho, consa%rou-o com repetidos oferecimentos 2 Celi%io crist, e ao ser#io da %l4ria de &eus, como ele pr4prio testifica, di,endo; que ) no #entre de sua me tinha pro#ado o sal N%ostoO de &eus. * um %rande ensinamento para as mulheres crists oferecer 2 di#ina 5a)estade o fruto de seus #entres, mesmo antes que deles tenham sa7do; porque &eus, que aceita as o!la(es de um corao humilde e !em formado, ordinariamente fa#orece os !ons dese)os das mes nessa circunstQncia; se)am disso testemunhas Samuel, Santo :oms de /quino, So /ndr de Fiesole, e muitos outros. / me de So @ernardo, di%na me dum tal filho, tomando seus filhos e filhas nos !raos apenas nasciam, oferecia-os a Aesus "risto- e desde lo%o os ama#a com respeito como coisa sa%rada, e que &eus lhe tinha confiado; o que lhe deu to feli, resultado, que todos os seus sete filhos foram muito santos. 5as uma #e, #indos os filhos ao mundo, e comeando a ter uso da ra,o, de#em os pais e mes ter um %rande cuidado de lhes imprimir o temor de &eus no corao. / !oa rainha @ranca desempenhou fer#orosamente este encar%o com o rei So Ru7s, seu filho, porque lhe di,ia a cada passo; /ntes quero, meu caro filho, #er-te cair morto na minha presena do que te #er cometer um s4 pecado mortal. 1 que ficou de tal modo %ra#ado na alma deste santo filho, que, como ele pr4prio conta#a, no hou#e dia da sua #ida em que disso se no lem!rasse, esforando-se o quanto lhe era poss7#el por o!ser#ar 2 risca esta santa doutrina. +a nossa lin%ua%em chamamos casas 2s linha%ens e %era(es- e os pr4prios he!reus chamam a %erao dos filhos edificao de casa. Porque foi neste sentido que se

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    2E6

    disse que &eus edificou casas para as parteiras do '%itoU%V. 1ra para mostrar que no fa,er uma !oa casa pro#8-la de muitos !ens mundanos; mas educar !em os filhos no temor de &eus e na #irtude. +isto no de#emos nos esqui#ar a penas nem tra!alhos, pois os filhos so a coroa do pai e da me. /ssim, Santa 5$nica com!ateu com tanto fer#or e constQncia as ms inclina(es de Santo /%ostinho que, tendo-o se%uido por mar e por terra, o tornou mais feli,mente filho de suas l%rimas, pela con#erso da sua alma, do que o tinha sido do san%ue pela %erao do seu corpo. So Paulo dei0a como incum!8ncia 2s mulheres o %o#erno da casa- e por isso muitos se%uem esta #erdadeira opinio que a sua de#oo mais frutuosa para a fam7lia que a dos maridos, que, no tendo uma resid8ncia to continuada entre os dom sticos, no pode, por conse%uinte encaminh-los to facilmente para a #irtude. Se%undo esta considerao Salomo nos seus pro# r!ios fa, depender a felicidade de toda a sua casa do cuidado e esmero da mulher forte que descre#e. &i,-se no G8nesis que 3saac, #endo a esterilidade de sua esposa Ce!eca, ro%ou ao Senhor por ela; ou se%undo o te0to he!raico, ro%ou ao Senhor em frente dela, porque um ora#a de um lado do orat4rio e outro do outro lado- e a orao do marido feita deste modo foi ou#ida. / maior e mais frutuosa unio do marido e da mulher a que se fa, na de#oo, 2 qual se de#em e0citar 2 perse#erana um ao outro. Frutos h, como o marmeloUhV, que, pela aspere,a do seu suco, no so a%rad#eis seno postos em conser#a. S outros que, pela sua !randura e
    U%V '0 E,2F&eus !eneficiou as parteiras; o po#o continuou a multiplicar-se e a espalhar-se. UhV :armelo s.m. Fruto de um ar!usto #istoso da mesma fam7lia que a ma e a pera, o marmeleiro. 1s %alhos do marmeleiro em %eral so retorcidos. Produ, %rande quantidade de flores !ranco-rosadas. 1 marmeleiro-do-)apo, mais ornamental que o marmeleiro comum, produ, #istosas flores #ermelhas, muitos %alhos e um fruto !astante cido.

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    2E<

    delicade,a, no se podem conser#ar seno tam! m postos em doce, como as cere)as e os damascos; assim as mulheres ho de dese)ar que os seus maridos este)am em conser#a no a.car da de#oo. Porque o 4omem sem devoo um animal severo, s$ero e duro- e os maridos de#em dese)ar que as suas mulheres se)am de#otas- porque sem a de#oo, a mul4er em e&tremo fr%il e su5eita a cair ou em+aciar a sua virtude. So Paulo disse que o homem infiel santificado pela mulher fiel e a mulher infiel pelo homem fiel, porque nesta estreita aliana do casamento um pode facilmente pu0ar o outro 2 #irtudeUiV. 5as que %rande !eno h quando o homem e a mulher fi is se santificam um ao outro num #erdadeiro temor de &eusL /l m disso, ho de ter tanta condescend8ncia um com o outro, que nunca se a!orream e irritem am!os ao mesmo tempo e de repente, para que entre eles no se note dissenso nem disputa. /s a!elhas no podem estar em lu%ar onde se ou#em ecos e estrondos, e onde soa a #o, repetida; nem o 'sp7rito Santo pode demorar numa casa onde h disputas, r plicas e repetio de #o,es e alterca(es. So Gre%4rio +a,ian,eno di, que no seu tempo os casados fa,iam festa no ani#ersrio dos seus casamentos. ' eu por certo apro#aria que se introdu,isse este costume, contanto que no fosse com aparatos de di#ers(es mundanas e sensuais, mas que os maridos e mulheres, tendo-se confessado e comun%ado nesse dia, recomendassem a &eus, mais fer#orosamente que de costume, o pro%resso do seu matrim$nio, reno#ando os !ons prop4sitos de o santificar cada #e, mais por uma rec7proca ami,ade e fidelidade, e co!rando alento em +osso Senhor, para arcar com os encar%os da sua #ocao.

    UiV E"or B,E6Porque o marido que no tem a f santificado por sua mulher- assim como a mulher que no tem a f santificada pelo marido que rece!eu a f . &o contrrio, os #ossos filhos seriam impuros quando, na realidade, so santos.

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    2E=

    III ,9! Da 4onestidade do leito con5u%al 1 leito con)u%al de#e ser imaculado, como o chama o /p4stolo, isto , isento de desonestidades e outras torpe,as profanas. Porque o santo matrim$nio foi primariamente institu7do no Para7so terreal, onde at ento nunca tinha ha#ido nenhum desconcerto da concupisc8ncia, nem coisa desonesta. S al%uma semelhana entre os deleites #er%onhosos e os do comer; porque am!os di,em respeito 2 carne, em!ora os primeiros, em ra,o da sua #eem8ncia !rutal, se chamem simplesmente carnais. '0plicarei, pois, o que no posso di,er de uns pelo que direi dos outros. E. 1 comer destinado a conser#ar as pessoas. 1ra como o comer simplesmente, para alimentar e conser#ar a pessoa, uma coisa !oa, santa e prescrita; assim o que se requer no matrim$nio para a %erao dos filhos, e multiplicao das pessoas, uma coisa !oa e muito santa, porque o fim principal do casamento. 2. "omer, no para conser#ar a #ida, mas para conser#ar a rec7proca con#ersao e condescend8ncia que de#emos uns aos outros, coisa so!remaneira )usta e honesta; e da mesma sorte a rec7proca e le%itima satisfao dos c$n)u%es no santo matrim$nio chamada por So Paulo d7#ida- mas d7#ida to %rande que ele no quer que uma das partes se possa dela isentar sem o li#re e #oluntrio consentimento da outra- e isso nem mesmo para as prticas da de#oo, que o que me le#ou a di,er as pala#ras que a este respeito dei0ei no cap7tulo da Santa "omunhoUaV quanto menos pois se podero e0imir por caprichosas afeta(es de #irtude, ou pelas ri0as e arrufosU!V. 3. "omo os que comem pela o!ri%ao do m.tuo trato de#em comer li#remente, e no como por fora, e ademais ho
    UaV Parte 33, cap. 2F. U!V "rrufo; s.m. /o ou efeito de arrifar NirritarO ou arrifar-se- ,an%ar-se. &espro#ido de !om humor- p ssimo %8nio- amuo. 5%oa ou ,an%a passa%eira entre pessoas que se %ostam, %eralmente, entre namorados.

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    2EB

    de procurar mostrar ter !om apetite- assim tam! m o d !ito con)u%al de#e ser satisfeito fielmente, francamente, e0atamente como se fosse com esperana de sucesso, ainda que por al%uma circunstQncia mo ha)a semelhante esperana. 6. "omer no pelas duas primeiras ra,(es, mas simplesmente para contentar o apetite, coisa toler#el, mas no lou##el. Porque o simples pra,er do apetite sensual no pode ser causa suficiente para tornar uma ao lou##el. @asta por m para que se)a toler#el. <. "omer, no por simples apetite, mas por e0cesso e desordem, coisa mais ou menos censur#el, conforme o %rande ou pequeno e0cesso. =. 1ra o e0cesso no comer no consiste somente na %rand7ssima quantidade, mas tam! m no modo e maneira como se come. * caso para notar, cara Filot ia, que o mel, to pr4prio e salutar para as a!elhas, lhes pode contudo ser to noci#o que 2s #e,es as p(e doentes, como quando comem em demasia na prima#era; porque isto lhe tra, flu0o do #entre, e al%umas #e,es f-las morrer ine#ita#elmente, como quando esto co!ertas de mel no focinho e nas asas. +a realidade o com rcio con)u%al, que to santo, to )usto, to recomend#el, to .til 2 rep.!lica, contudo em certos casos peri%osos para os que o praticam; porque 2s #e,es fa, adoecer as suas almas %ra#emente com o pecado #enial, como sucede com os simples e0cessos, e al%umas #e,es d-lhes a morte pelo pecado mortal, como sucede quando a ordem esta+elecida $ara a %erao dos fil4os violada e $ervertida- nesse caso, consoante o des#io dessa ordem maior ou menor, os pecados so mais ou menos a!omin#eis, mas sem$re mortais. Porque, como a %erao dos filhos o primeiro e principal fim do matrim$nio, nunca se pode licitamente a!errar da ordem que ela requer; em!ora por qualquer acidente, no possa por ento le#ar-se a efeito- como sucede, quando a esterilidade, ou a %ra#ide, atual estor#am a

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    2EK

    produo e a %erao- porque nestes casos o com rcio corporal no dei0a de ser )usto e santo, contanto que se o!ser#em as re%ras de %erao; no podendo )amais qualquer acidente pre)udicar a lei que o fim principal do matrim$nio imp$s. +a #erdade, a infame e e0ecr#el ao que 1n fa,ia no Hseu matrim$nio era detest#el aos olhos de &eus, como di, o sa%rado :e0to no citado cap7tulo tri% simo oita#o do G8nesis- e em!ora al%uns her ticos do nosso tempo, mil #e,es mais censur#eis que os c7nicos Nde que fala So Aer$nimo so!re a 'p7stola aos 'f siosO tenham querido di,er que era a per#ersa inteno deste mal#ado que desa%rada#a a &eus, toda#ia a 'scritura fala de outro modo, e asse%ura em particular que a mesma coisa que ele fa,ia era detest#el e a!omin#el aos olhos de &eus. B. * uma #erdadeira pro#a dum esp7rito truanesco NpalhaoO, #il, a!)eto, e infame, pensar nas i%uarias e nos man)ares antes do tempo da refeio, e ainda mais, quando depois dela se sa!oreia o pra,er que se te#e, comendo, tomando-o por assunto de con#ersas e pensamentos, e refocilando o esp7rito na lem!rana do pra,er que se sentiu ao tra%ar os !ocados, como fa,em aqueles que antes do )antar esto com o esp7rito preocupado no assador, e depois de )antar nos pratos; pessoas di%nas de serem moos de co,inha, que fa,em, como di, So Paulo, do seu #entre um &eus- as pessoas honradas e di%nas no pensam na mesa seno quando se sentam a ela, e depois da refeio la#am as mos e a !oca para no ficar com o %osto, nem com o cheiro do que comeram. 1 elefante no passa de um %rande animal, mas o mais di%no que #i#e so!re a terra, e que tem mais instinto- eu quero di,er-te aqui um ras%o da sua honestidade; nunca muda de f8mea e ama ternamente a que escolheu, com a qual no tem coito seno de tr8s em tr8s anos, e isto apenas por cinco dias, e to secretamente, que nunca #isto neste ato- por m !em #isto ao se0to dia, no qual, antes de tudo, #ai direito a al%um rio, onde la#a todo o corpo, sem

    333 P 3G. &a honestidade do leito con)u%al

    2EG

    querer de modo al%um #oltar ao re!anho antes de se ter purificado. +o so !elas e honestas as qualidades deste animal pelas quais con#ida os casados a no ficarem presos de afeio 2s sensualidades e pra,eres, que se%undo o seu estado ti#erammas, passadas estas, a la#ar delas o corao e o afeto, e a purificar-se o mais cedo poss7#el, para poder depois praticar com toda a li!erdade de esp7rito as outras a(es mais puras e ele#adas? +este a#iso consiste a perfeita prtica da e0celente doutrina que So Paulo ensina aos "or7ntios; & tempo breve, lhes diz, o que resta que os que t)m mulheres sejam mais como se n$o as tivessem. Porque, se%undo So Gre%rio, tem uma mulher como se no a ti#esse aquele que toma as consola(es corporais com ela de tal maneira que por isso no des#iado das solicitudes espirituais. 1ra, o que se disse do marido entende-se reciprocamente da mulher. 1s que usam deste mundo, di, o mesmo /p4stolo, ho de ser como se no usassem- que todos pois usem do mundo, cada um conforme o seu estado; mas de tal sorte que, no lhe %anhando afeio, se fique li#re e pronto para ser#ir a &eus, como se dele no usasse. * o %rande mal do homem, di, So /%ostinho, querer %o,ar das coisas de que s4 de#e usar, e querer usar daquelas de que s4 de#e %o,ar; de#emos %o,ar ds coisas espirituais, e das corporais somente usar- e quando o uso destas se con#erte em %o,o, a nossa alma racional con#erte-se outrossim em alma !rutal e !estial. "reio ter dito tudo o que queria di,er, e dado a entender, sem o di,er, o que no queria di,er. III 1<! Instru0es $ara as vi-vas So Paulo instrui a todos os Prelados na pessoa do seu :im4teo, di,endo; Sonra as #i.#as que so de#eras #i.#as. 1ra, para ser #erdadeiramente #i.#a requerem-se estas coisas; E.[ 9ue no somente a #i.#a se)a #i.#a de corpo, mas

    333 P 6F. 3nstru(es para as #i.#as

    22F

    tam! m de corao, isto , que se)a decidida, com in#iol#el resoluo, a conser#ar-se no estado duma casta #iu#e,. Porque as #i.#as, que no o so seno enquanto esperam a ocasio de se tornar a casar, no esto separadas dos homens seno se%undo o deleite do corpo, mas ) esto )untas com eles se%undo a #ontade do corao. ' se a #erdadeira #i.#a, para se confirmar no estado de #iu#e,, quer oferecer a &eus em #oto o seu corpo e a sua castidade, acrescentar um %rande ornamento e ata#io 2 sua #iu#e,, e por em %rande se%urana a sua resoluo; porque, #endo que depois do #oto ) no est na sua mo o poder dei0ar a sua castidade, sem dei0ar o Para7so, ser to ,elosa e des#elada pelo seu intento, que no consentir nem por um s4 instante em seu corao os mais simples pensamentos de casamento; de sorte que este sa%rado #oto por uma forte !arreira entre a sua alma e toda a sorte de pro)etos contrrios 2 sua resoluo. So /%ostinho aconselha encarecidamente este #oto 2 #i.#a crist; e o anti%o e douto 1r7%enes passa muito mais adiante, porque aconselha 2s mulheres casadas a que faam #oto e se consa%rem 2 castidade na #iu#e,, no caso em que os seus maridos #enham a falecer antes delas, para que contra os pra,eres sensuais, que podero ter no casamento, possam contudo %o,ar do m rito de uma casta #iu#e, por meio desta promessa antecipada. 1 #oto torna as o!ras feitas em se%uida a ele mais a%rad#eis a &eus, corro!ora a cora%em para as fa,er, e no d somente a &eus as o!ras, que so como que os frutos da nossa !oa #ontade, mas dedica-lhe at a pr4pria #ontade, que como que a r#ore das nossas a(es; pela simples castidade n4s entre%amos o nosso corpo a &eus, reser#ando contudo a li!erdade de o su!meter de no#o aos pra,eres sensuais, mas pelo #oto de castidade fa,emos-lhe dele a!soluta e irre#o%#el doao, sem reser#armos nenhum poder de nos desdi,ermos, tornando-os assim feli,mente escra#os d/quele, cu)o ser#io melhor que toda a reale,a. 1ra como eu apro#o

    333 P 6F. 3nstru(es para as #i.#as

    22E

    sem restri(es os pareceres destes dois %randes homens; tam! m quisera que as almas, que forem to ditosas e que dese)em e0ecut-los, o faam prudentemente, santamente, e com solide,, depois de e0aminar !em as suas foras, de in#ocar a inspirao celeste, e de tomar o conselho de al%um s!io e de#oto diretor, porque assim tudo se far com mais fruto. 2.| /l m disso preciso que esta ren.ncia a se%undas n.pcias se faa pura e simplesmente, para com maior pure,a #oltar para &eus todos seus afetos, e em tudo unir o seu corao com o da sua di#ina 5a)estade- porque, se o dese)o dei0ar os filhos ricos, ou qualquer outra esp cie de pretenso mundana conser#a a #i.#a na #iu#e,, ela tal#e, disso rece!a lou#or, mas no por certo aos olhos de &eus, pois que diante de &eus no pode merecer #erdadeiro lou#or seno o que feito por amor de &eus. 3.[ /demais, preciso que a #i.#a, para ser #erdadeiramente #i.#a, este)a separada e #oluntariamente desprendida dos deleites profanos. / #i.#a que #i#e em del7cias, di, So Paulo, est morta em #ida. 9uerer ser #i.#a e sem em!ar%o %ostar de ser feste)ada, acariciada, %alanteada- querer achar-se nos !ailes, danas e festins- querer andar perfumada, enfeitada e %alante, ser uma #i.#a #i#a quanto ao corpo- mas morta quanto 2 alma. 9ue importa, peo-te que me di%as, que a ta!uleta da pousada de /d$nis e do amor profano se)a feita de pluma%ens !rancas colocadas 2 laia de penachos, ou de um # u ne%ro estendido 2 maneira de rede so!re o rosto- e at muitas #e,es o preto costuma por #aidade ser preferido ao !ranco, para mais realce 2 cor- a #i.#a, sa!endo por e0peri8ncia de que modo as mulheres podem a%radar aos homens, lana em seus esp7ritos incenti#os e iscas mais peri%osas. Por isso a #i.#a, que #i#e nestas loucas delicias, est morta em #ida, e a !endi,er no seno um 7dolo e apar8ncia de #iu#e,. "he%ou o tempo da poda, a #o, da rola ) foi ou#ida na nossa terra, di, o "Qntico dos "Qnticos; a poda das

    333 P 6F. 3nstru(es para as #i.#as

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    superfluidades mundanas necessria, para quem quer que dese)e #i#er piedosamente- mas so!retudo necessria para a #erdadeira #i.#a, que, como casta rola, aca!a recentemente de chorar, %emer e lamentar-se da perda do seu marido. 9uando +oemi #oltou de 5oa! para @el m, as mulheres da cidade, que a tinham conhecido no princ7pio do seu casamento, per%unta#am umas 2s outras; +o esta +oemi? 5as ela respondeu; +o me chames, peo #o-lo, +oemi, porque +oemi quer di,er %raciosa e !ela, chamai-me antes 5arei, pois o Senhor encheu a minha alma de amar%ura. 1 que di,ia, porque o seu marido lhe tinha morrido. /ssim a #i.#a de#ota nunca de#e querer ser chamada nem tida como !ela, nem como %raciosa, contentando-se com ser o que &eus quer que ela se)a, isto , humilde e a!)eta a seus olhos. /s lQmpadas, cu)o a,eite aromtico, quando apa%am as suas chamas, deitam um cheiro mais sua#e- assim as #i.#as cu)o amor foi puro em seu matrim$nio, derramam um maior perfume de #irtude de castidade, quando a sua lu,, isto , o seu marido, apa%ada pela morte; amar o marido, enquanto ele #i#e, coisa !astante comum entre as mulheres; mas am-lo tanto, que depois da morte dele no se queira outro, um %rau de amor, que no pertence seno 2 #erdadeira #i.#a. 'sperar em &eus, enquanto o marido ser#e de arrimo, no coisa muito rara; mas esperar em &eus quando se fica pri#ada deste apoio, coisa di%na de %rande lou#or. * por isso que se conhece mais facilmente na #iu#e, a perfeio das #irtudes que se praticaram no matrim$nio. / #i.#a que tem filhos, que precisam da sua direo e %o#erno, principalmente no que toca 2 sua alma e 2 ordenao da sua #ida, no pode, nem de#e de maneira al%uma a!andonlos; porque o /p4stolo So Paulo di, claramente que elas so o!ri%adas a esse cuidado para pa%ar o que por elas fi,eram seus pais e mes- e muito mais ainda, porque, se al%u m no olha pelos seus, e principalmente pelos da sua fam7lia, pior que

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    um infiel; mas se os filhos esto em condi(es de no precisar de ser %o#ernados, a #i.#a ento de#e empre%ar todos os seus afetos e pensamentos para os aplicar mais puramente no seu apro#eitamento e pro%resso no amor de &eus. Se al%uma #iolenta fora no o!ri%a a consci8ncia da #erdadeira #i.#a aos desairesUaV e contratempos de fora, como so os processos e demandas; aconselho-lhe que se a!stenha de tudo- e que si%a o m todo de orientar os seus ne%4cios, que para ela se)a mais sua#e e tranquilo, em!ora se lhe afi%ure que no o mais prtico e frutuoso. Porque preciso que os frutos de tais desarmonias se)am de#eras %randes, para se poderem p$r em confronto com o !em de uma santa tranquilidade, sem deitar conta a que o processo e su!sequentes desa#enas dissipam o corao, e muitas #e,es a!rem as portas aos inimi%os da castidade, #isto que por compra,er com aqueles, de cu)o fa#or e proteo se carece, se che%am a adotar atitudes inde#otas e desa%rad#eis a &eus. Se)a a orao o cont7nuo e0erc7cio da #i.#a; porque, no de#endo ) ter amor seno por &eus, nunca mais de#e falar seno com &eus- e como o ferro, que sendo impedido de se%uir a atrao do 7m por causa da presena do diamante, se arremessa para o mesmo 7m, apenas o diamante le#ado para lon%e; assim o corao da #i.#a, que no podia com facilidade a!ismar-se inteiramente em &eus, nem se%uir os atrati#os do seu di#ino amor, durante a #ida do seu marido, de#e lo%o depois do falecimento deste ir ardentemente 2 cata dos perfumes celestiais, di,endo 2 imitao da 'sposa sa%rada; 4 Senhor, a%ora que sou toda minha, rece!ei-me como toda #ossa, le#ai-me atrs de J4s, n4s corremos ao odor dos #ossos perfumes. / prtica das #irtudes pr4prias da #i.#a santa so a perfeita
    UaV &esaire; s.m. /us8ncia de ele%Qncia- que no se #este ele%antementedesele%Qncia. "omportamento escandaloso- sem decoro- #er%onha ou #e0ame. "aracter7stica ou condio de quem desa)eitado- aus8ncia de %raciosidade. "ircunstQncia que se op(e 2 sorte- des%raa.

    333 P 6F. 3nstru(es para as #i.#as

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    mod stia, a ren.ncia 2s honras, 2s reuni(es, 2s assem!leias, aos t7tulos, e todas as classes de #aidades semelhantes- a assist8ncia dos po!res e dos doentes, a consolao dos tristes e aflitos, a iniciao das don,elas na #ida de#ota, e o empenho em se tornar perfeito modelo de todas as #irtudes para as mulheres no#as- a limpe,a e a simplicidade so os dois enfeites e %uarni(es dos seus #estidos- a humildade e a caridade, os dois enfeites e ornamentos. das suas a(es- a honestidade e a mansido, os dois asseios da sua lin%ua%em- a. mod stia e o pudor, as duas lu,es de seus olhos- e Aesus crucificado, o .nico amor de seu corao. Para a!re#iar, a #erdadeira #i.#a na 3%re)a uma pequena #ioleta de maro, que derrama uma sua#idade sem par, pelo odor de sua de#oo, e se conser#a quase sempre escondida so! as lar%as folhas da sua humildade, e pela sua cor menos deslum!rante d pro#as da sua mortificao- ela nasce nos lu%ares frescos e no culti#ados, no querendo ser apoquentada pelo com rcio dos mundanos, para melhor conser#ar a frescura de seu corao contra todos os calores que o dese)o dos !ens, das honras ou at dos amores lhe poderia tra,er. 'la ser !ema#enturada, di, o Santo /p4stolo, se perse#erar desta maneira. :eria muitas outras coisas a di,er so!re este assunto, mas teria dito tudo quando dissesse que a #i.#a, ,elosa da honra da sua condio, lesse atentamente as !elas ep7stolas que o %rande So Aer$nimo escre#eu a F.ria e a Sl#ia, e a todas as outras matronas que ti#eram a sin%ular #entura de ser filhas espirituais de to %rande Pai- porque nada se pode acrescentar ao que ele lhes disse, seno esta ad#ert8ncia; que a #erdadeira #i.#a nunca de#e criticar, nem censurar aquelas que passam a se%undas, ou at a terceiras e quartas n.pcias- porque, em certos casos, &eus assim o disp(e para a sua maior %l4ria. ' preciso ter sempre presente a doutrina dos anti%os, que nem a #iu#e,, nem a #ir%indade t8m no " u outro lu%ar que no se)a o que lhes marcado pela humildade.

    333 P 6E. So!re a #ir%indade

    22<

    III 1 ! So+re a vir%indade I #ir%ens, se pretendeis casar-#os, conser#ai ento cuidadosamente o #osso primeiro amor para a pessoa que o c u #os destinar. * uma fraude apresentar-lhe um corao que ) foi possu7do, usando e %asto pelo amor, em #e, de um corao inteiro e sincero. 5as se, por #ossa felicidade, #os sentis chamadas para as n.pcias castas e #ir%inais do "ordeiro imaculado, ahL 'nto conser#ai com toda a delicade,a de consci8ncia todo o #osso amor para este di#ino 'sposo, que, sendo a pr4pria pure,a, nada ama mais do que a pure,a e a quem so de#idas todas as prim7cias, m0imeUaV as do amor. /s cartas de So Aer$nimo cont8m todos os outros conselhos que #os so necessrios- e, como o #osso estado #os o!ri%a 2 o!edi8ncia, escolhei um confessor so! cu)a direo #os podeis consa%rar 2 di#indade mais santamente e com maior se%urana.

    UaV 50ime; ad# r!io; principalmente, especialmente. ad#. lat. ma0}me ce0tremamente, e0cessi#amented, por #ia erudita- #er ma%-

    9uarta Parte

    22=

    Iuarta Parte Avisos necessrios contra as tenta>es mais comuns IV ! 2o se deve fa#er caso do que di#em os mundanos /ssim que a tua de#oo se for tornando conhecida no mundo, maledic8ncias e adula(es te causaro s rias dificuldades de pratic-la. 1s li!ertinos UaV tomaro a tua mudana por um artif7cio de hipocrisia e diro que al%uma desiluso sofrida no mundo te le#ou por pirraa a recorrer a &eus. 1s teus ami%os, por sua #e,, se apressaro a te dar a#isos que sup(em ser caridosos e prudentes so!re a melancolia da de#oo, so!re a perda do teu !om nome no mundo, so!re o estado de tua sa.de, so!re a necessidade de #i#er no mundo conformando-se aos outros e, so!retudo, so!re os meios que temos para nos sal#ar sem tantos mist rios. Filot ia, tudo isso so loucas e #s pala#ras do mundo e, na #erdade, essas pessoas no t8m um cuidado #erdadeiro de teus ne%4cios e de tua sa.de; 'e v6s #=sseis do mundo, di, +osso Senhor, amaria o mundo o que era seu* mas, como n$o sois do mundo, por isso ele vos aborrece. Jeem-se homens e mulheres passarem noites inteiras no )o%o- e ha#er uma ocupao mais triste e ins7pida do que esta? 'ntretanto, seus ami%os se calam- mas, se destinamos uma hora 2 meditao ou se nos le#antamos mais cedo, para nos prepararmos para a santa comunho, mandam lo%o chamar o m dico, para que nos cure desta melancolia e triste,a. Podemse passar trinta noites a danar, que nin%u m se quei0a- mas por le#antar-se na noite de +atal para a 5issa do Galo,
    UaV Ri!ertino; que ou aquele que le#a uma #ida dissoluta, que se entre%a imoderadamente aos pra,eres do se0o. 9ue ou aquele que re#ela irre#er8ncia a re%ras e do%mas esta!elecidos, esp. 2 reli%io e 2 prtica desta. 9ue no tem disciplina, que ne%li%8ncia de#eres e o!ri%a(es.

    3J P E. +o se de#e fa,er caso do que di,em os mundanos

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    comea-se lo%o a tossir e a quei0ar de dor de ca!ea no dia se%uinte. 9uem no #8 que o mundo um )ui, in7quo, fa#or#el aos seus filhos, mas intransi%ente e se#ero para os filhos de &eus? S4 nos per#ertendo com o mundo, poder7amos #i#er em pa, com ele, e imposs7#el contentar os seus caprichos P "eio ;o$o Datista, diz o divino 'alvador, o qual n$o comia p$o nem bebia vinho, e dizeis4 2le est possesso do dem=nio "eio o 3ilho do Comem, come e bebe, e dizeis que um samaritanoU!V * #erdade, Filot ia, se condescenderes com o mundo e )o%ares e danares, ele se escandali,ar de ti- e, se no o fi,eres, sers acusada de hipocrisia e melancolia. Se te #estires !em, ele te le#ar isso a mal, e, se te ne%li%enciares, ele chamar isso !ai0e,a de corao. / tua ale%ria ter ele por dissoluo e a tua mortificao por Qnimo carrancudo- e, olhando-te sempre com maus olhos, )amais lhe poders a%radar. "s nossas im$erfei0es ele considera $ecados , os nossos pecados #eniais ele )ul%a mortais, e mal7cias, as nossas enfermidades- de sorte que, assim como a caridade, na e0presso de So Paulo, beni!na, o mundo mali%no. / caridade nunca pensa mal de nin%u m e o mundo o pensa sempre de toda sorte de pessoas- e, no podendo acusar as nossas a(es, condena ao menos nossas inten(es. 'nfim, tenham os carneiros chifres ou no, se)am pretos ou !rancos, o lo!o sempre os h de tra%ar, se puder. Procedamos como quisermos, o mundo sempre nos far %uerra. Se nos demorarmos um pouco mais no confessionrio, per%untar o que temos tanto que di,er- e, se sa7mos depressa, comentar que no contamos tudo. 'spreitar todas as nossas a(es e, por uma pala#ra um pouco menos !randa, dir que
    U!V 5t EE,EK"om efeito, #eio Aoo, que no come nem !e!e, e di,em; cum dem$nio est neled. EGJeio o Filho do Somem, que come e !e!e, e di,em; ceis a7 um %luto e !e!erro, ami%o de pu!licanos e pecadoresd. 5as a Sa!edoria foi )ustificada pelas suas o!rasM.

    3J P E. +o se de#e fa,er caso do que di,em os mundanos

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    somos insuport#eis. "hamar a#are,a o cuidado por nossos ne%4cios, e idiotismo a nossa mansido. 5as, quanto aos filhos do s culo, sua c4lera %enerosidade- sua a#are,a, s!ia economia- e suas maneiras li#res, honesto passatempo. * !em #erdade que as aranhas sempre estra%am o tra!alho das a!elhasL /!andonemos este mundo ce%o, Filot ia- %rite ele quanto quiser, como uma coru)a para inquietar os passarinhos do dia. Se)amos firmes em nossos prop4sitos, in#ari#eis em nossas resolu(es e a constQncia mostrar que a nossa de#oo s ria e sincera. 1s cometas e os planetas parecem ter o mesmo !rilho- mas os cometas, que so corpos passa%eiros, desaparecem em !re#e, ao passo que os planetas !rilham continuamente. &o mesmo modo muito se parece a hipocrisia com a #irtude s4lida e s4 se distin%ue porque aquela no tem constQncia e se dissipa como a fumaa, ao passo que esta firme e constante. &emais, para asse%urar os comeos de nossa de#oo, muito !om sofrer despre,os e censuras in)ustas por sua causadeste modo n4s nos premunimos contra a #aidade e o or%ulho, que so como as parteiras do '%ito, 2s quais o infernal Fara4 mandou matar os filhos #ar(es dos )udeus no mesmo dia de seu nascimento. 'nfim, n4s estamos crucificados para o mundo e o mundo de#e ser crucificado para n4s. 'le nos toma por loucosconsideremo-lo como um insensato. IV ' > $reciso dotarBnos de cora%em Por mais !ela e sua#e que se)a a lu,, ela nos deslum!ra os olhos, se esti#ermos muito tempo na escurido- e, por mais honestos e am#eis que se)am os ha!itantes dum lu%ar em que se estranho, no se dei0a de estar no comeo um pouco em!araado. Poder, pois, acontecer, Filot ia, que esta %rande separao das loucas #aidades do mundo e esta mudana de #ida choquem o teu corao com um certo ressentimento de

    3J P 2 * preciso dotar-nos de cora%em

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    triste,a. 5as tem um pouco de paci8ncia, eu te peo- tudo isso no nada e passar com o tempo- foi a no#idade que causou um pouco de admirao- espera e !em depressa #oltaro as consola(es. :ens saudades tal#e, da %l4ria dos aplausos que os loucos mote)adores N,om!eteirosO do mundo da#am 2s tuas #aidades- mas, 4 meu &eus, queres perder a %l4ria com que o &eus da #erdade te coroar eternamente? 1s #os pra,eres dos anos passados #iro ainda adular o teu corao, para #oltares atrs- mas queres tu renunciar 2s del7cias da eternidade, por mesquinhe,as en%anadoras? "r8-me, se perse#erares, #ers em !re#e a tua perse#erana recompensada com to deliciosas consola(es que hs de confessar que o mundo s4 tem fel, em comparao deste mel celeste, e que um s4 dia de de#oo #ale mais do que mil anos de uma #ida mundana. "onsideras a altura da montanha de perfeio crist e di,es; como hei de Su!ir l em cima? "ora%em, Filot ia- as ninfas das a!elhas, que esto comeando ainda a tomar a sua forma, no t8m ainda asas para ir colher o mel nas flores das montanhas e das colinas- mas, nutrindo-se pouco a pouco do mel que suas mes lhes prepararam, as asas lhes #o crescendo e tanto se fortificam que enfim tomam o #oo at aos lu%ares mais ele#ados. +a #erdade, n4s nos de#emos considerar como pequenas a!elhas nos caminhos da de#oo e no podemos adquirir a perfeio duma #e,, como querer7amos. 5as comecemos a tra!alhar para isso, por nossos dese)os e !oas resolu(es- esperemos que um dia teremos fora !astante para che%armos at l- alimentemo-nos, nesse meio tempo, com o mel sua#7ssimo de tantas instru(es que os santos e santas nos dei0aram e peamos a &eus, com o profeta-rei, que nos d8 as asas da pom!a, a fim de que no somente nos ele#emos 2 perfeio da #ida presente, mas tam! m ao repouso da !ema#enturana eterna.

    3J P 3. :enta(es; diferena entre o sentir e o consentir

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    IV ,! Centa0es@ diferena entre o sentir e o consentir 3ma%ina, Filot ia, uma )o#em princesa e0tremamente amada por seu esposo e que um )o#em li!ertino pretende corromper e sedu,ir 2 infidelidade, por meio de um infame confidente que lhe en#ia para tratar com ela so!re o seu des7%nio a!omin#el. Primeiro, este confidente transmite 2 princesa esta proposta do seu amo- em se%uida, a proposta lhe a%rada ou desa%rada- por fim, ela consente e a aceita ou a re)eita. &este modo, o mundo, o dem$nio e a carne, #endo uma alma li%ada ao Filho de &eus, como sua esposa, lhe armam tenta(es, nas quais primeiramente o pecado lhe proposto, depois ele lhe a%rada ou desa%rada e, por fim, ela lhes d o seu consentimento ou as re)eita. 'is a7 os de%raus que condu,em 2 iniquidade; a tentao, o deleite, o consentimento- e, em!ora estas tr8s coisas no se distin%am e#identemente em todos os pecados, toda#ia aparecem sensi#elmente nos pecados maiores. Uma tentao, em!ora durasse toda a nossa #ida, no nos pode tornar desa%rad#eis 2 di#ina 5a)estade, se no nos a%rada e no consentimos nela, porque na tentao n4s no a%imos mas sofremos, e, como no nos deleitamos com ela, de nenhum modo incorremos em al%uma culpa. Por lon%o tempo sofreu So Paulo tenta(es da carne e to lon%e esta#a de se tornar com isso desa%rad#el a &eus que, pelo contrrio, muito o %lorificou. / !em-a#enturada an%ela de Foli%no foi tam! m atormentada to cruelmente que causa pena ou#ir contar. +em menores foram as tenta(es de So Francisco e So @ento, quando aquele se lanou nos espinhos e este so!re a ne#e, para as com!ater, e, entretanto, lon%e de fa,8-lo perder a %raa de &eus, s4 ser#iram para a aumentar muito. * preciso, pois, Filot ia, ter %rande cora%em nas tenta(es e nunca se crer #encido, enquanto elas so desa%rad#eis, distin%uindo !em entre o sentir e o consentir. Podemos sentilas, em!ora desa%radem- mas no podemos consentir sem ter %osto nelas, porque o pra,er de ordinrio um %rau de

    3J P 3. :enta(es; diferena entre o sentir e o consentir

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    consentimento. 1feream-nos, pois, os inimi%os de nossa sal#ao tantos en%$dos e atrati#os quantos quiseremconser#em-se sempre 2 porta do nosso corao, prontos para entrarem- faam-nos tantas propostas quantas quiseremenquanto nos conser#armos na disposio de no nos deleitarmos com estas coisas, imposs7#el que ofendamos a &eus- do mesmo modo que o esposo da princesa mencionada acima no poderia de modo al%um lhe e0pro!rar a proposta que lhe fi,eram, se ela a a!omina e detesta. '0iste contudo esta diferena entre a princesa e a alma; aquela pode mandar em!ora o intermedirio, se o quer, sem lhe dar ou#idos, e a alma muitas #e,es no se pode li#rar de sentir as tenta(es, conquanto este)a sempre em seu poder no consentir. ' esta a ra,o por que uma tentao, por mais impertinente que se)a, no nos pode causar nenhuma esp cie de dano, enquanto nos desa%rada. 9uanto ao deleite que pode se%uir 2 tentao, muito de notar que o homem tem em si como que duas partes, uma inferior e outra superior, e que a inferior nem sempre se conforma 2 superior e atua muitas #e,es separadamente desta. &isto decorre to frequentemente que a parte inferior se deleita numa tentao sem o consentimento da parte superior e mesmo mau %rado seu. 'ste )ustamente o com!ate que So Paulo descre#e, di,endo que a carne deseja contra o esprito e que h uma lei dos membros e outra do esprito, etc. A #iste, Filot ia, um %rande !raseiro de fo%o co!erto de cin,as? Jindo-se ai umas de, ou do,e horas depois !uscar fo%o, s4 a muito custo que se encontra al%uma !rasa restantecontudo, ainda h fo%o a7 e essa !rasa pode ser#ir para acender os outros car#(es apa%ados. 'is a7 com a caridade, que tua #ida espiritual, su!siste em ti, apesar de todas as tenta(es; a tentao, pois, deleitando a parte inferior, so!recarre%a e co!re, por assim di,er, uma po!re alma com tantas disposi(es que lhe redu, o amor a &eus a !em pouca coisa. * s4 l no fundo

    3J P 3. :enta(es; diferena entre o sentir e o consentir

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    do corao que ele ainda su!siste e mesmo ai, 2s #e,es, s4 a custo que se encontra. 'ntretanto, ele ai est dum modo todo real, porque, apesar da pertur!ao %eral da alma e do corpo, sempre se conser#a a firme resoluo de no consentir nem no pecado nem na tentao; o deleite que apra, ao homem e0terior desa%rada ao homem interior, e ainda que cerque, por assim di,er, a nossa #ontade, o deleite no entra nela e isso nos fa, )ul%ar que in#oluntrio e que, enquanto permanece assim, no pode ser pecado. IV 1! *om+ate ?s$iritual na +usca da $ure#a * to importante, Filot ia que compreendas !em este ponto, que de !om %rado #ou e0plic-lo um pouco mais. 1 mance!o citado por So Aer$nimo acha#a-se deitado num leito muito macio, preso por cord(es de seda e foi tentado por todos os modos ima%in#eis por uma mulher impudica NsensualO, da qual se ser#iram para a!alar a sua constQncia- quanto de#em ter sofrido os seus sentidos e a sua ima%inaoL 'ntretanto, no meio de tantas e to horr7#eis tenta(es, ele testemunha#a que seu corao no esta#a #encido e sua #ontade no consentia de modo al%um- pois sua alma, #endo tudo re#oltado contra ela e at de seu corpo no tendo nenhuma parte 2 sua disposio, e0ceto a l7n%ua, ele a cortou com os dentes e a lanou no rosto daquela mulher #il, que lhe era mais cruel que os mais furiosos carrascos- inutilmente pensara o tirano #encer pelos pra,eres esta alma no!re, que no p$de #encer pelos tormentos. / hist4ria das tenta(es interiores e e0teriores que &eus permitiu ao esp7rito mali%no causar a Santa "atarina de Sena, contra o pudor, simplesmente surpreendente e nada se pode ima%inar de mais horr7#el do que o que ela sofreu neste com!ate espiritual, se)a por su%est(es do inimi%o em sua ima%inao e esp7rito, se)a 2 #ista das mais infames representa(es, que os dem$nios lhe fa,iam, de fi%uras humanas, se)a ainda pelas mais a!omin#eis pala#ras

    3J P 6. "om!ate 'spiritual P na !usca da pure,a

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    desonestas. 1ra, conquanto todo este espetculo detest#el s4 lhe ofendesse os sentidos, toda#ia tanto o seu corao se a%ita#a que ela mesma confessa que esta#a todo cheio e que nada mais lhe resta#a que no esti#esse 2 merc8 desta tempestade, e0ceto a parte racional de sua #ontade. 'stas pro#as duraram por muito tempo, at que afinal, aparecendo-lhe um dia o Senhor, ela lhe per%untou; H1nde est#eis. Senhor, quando meu corao se acha#a cheio de tre#as e impure,as?M Cespondeu-lhe o Senhor; H'u esta#a, minha filha, ai no teu corao mesmoM. H' como P replicou ela P como pod7eis ha!itar num tal corao?M 'nto +osso Senhor lhe per%untou se aquelas tenta(es tinham produ,ido em sua alma al%um sentimento de pra,er ou de triste,a, e amar%ura ou des%osto- e, como-a santa lhe respondesse Hde triste,a e amar%uraM, +osso Senhor lhe disse; H9uem produ,ia essa triste,a e amar%ura em tua alma seno eu, que ai esta#a escondido no fundo do teu corao? Sa!e, minha filha, que se eu no esti#esse presente, estas tenta(es que cerca#am tua #ontade sem a poder #encer teriam sido rece!idas com pra,er e com pleno consentimento de teu li#re ar!7trio, causando a morte 2 tua alma. 5as, estando eu presente, eu te da#a esta fora irresist7#el, com a qual te preser#a#as de cair em tentao- e, no podendo resistir tanto quanto querias, isso te causa#a um des%osto e 4dio muito maiores contra a tentao e contra ti pr4pria. &este modo estes sofrimentos t8m sido para ti uma fonte de aumento de #irtudes, forcas e merecimentosM. 'is a7, Filot ia, como este fo%o esta#a co!erto de cin,as e como a tentao com os seus atrati#os tinham entrado neste corao e sitiado a #ontade, a qual, so,inha, por au07lio da %raa di#ina, resistia com amar%ura, des%ostos e detestao de todo o pecado, recusando sempre o seu consentimento. /hL 9ue desolao para uma alma que ama a &eus, nem sequer sa!er se ele est ou no nela e se o amor di#ino, pelo

    3J P 6. "om!ate 'spiritual P na !usca da pure,a

    236

    qual ela com!ate, est ou no inteiramente e0tinto nelaL 5as nisto consiste a su!limidade do amor celeste; de fa,er com!ater o amante pelo amor, sem sa!er se tem o amor pelo qual com!ate. IV 3! *onsolao $ara $essoas tentadas Filot ia, &eus s4 permite estas tenta(es #iolentas a almas que ele quer ele#ar a uma %rande perfeio de seu amor- mas no h para elas uma certe,a que, tendo passado por estas pro#as, adquiram afinal esta perfeio, porque tem acontecido muitas #e,es que al%uns, no correspondendo em se%uida fielmente 2 %raa que os tinha feito com!ater com constQncia, sucum!iram tristemente a tenta(es muito mais le#es. 9uero di,er-te, a fim de que, se te achares al%um dia em pro#as to penosas, te consoles com o des7%nio que &eus tem em #ista e, portanto, humilde em sua presena, nunca te creias em se%urana contra as pequenas tenta(es, depois de ter superado muito maiores, para que se)as sempre fiel 2 sua %raa e, se te so!re#ier al%uma tentao e sentires al%um pra,er nela, no te pertur!es a!solutamente enquanto a tua #ontade recusar o seu consentimento a uma coisa e outra, porque de modo al%um ofendeste a &eus. 9uando um homem cai sem sentidos e no d nenhum sinal de #ida, p(e-se-lhe a mo so!re o corao e, se al%um mo#imento se sente, por mais insi%nificante que se)a, concluise dai que ainda est #i#o e que se pode com al%um rem dio forte e efica, restituir-lhe as foras. Aul%uemos tam! m assim da alma na #iol8ncia das tenta(es que parecem 2s #e,es consumir todas as suas foras. '0aminemos se o corao e a #ontade t8m ainda al%um mo#imento de #ida espiritual, isto , se a #ontade recusa o seu consentimento 2 tentao e ao deleite- porque, enquanto notamos este mo#imento em nossa #ontade, podemos estar certos de que a #ida da caridade no est e0tinta e que Aesus

    3J P <. "onsolao para pessoas tentadas

    23<

    "risto, em!ora oculto, est presente em nossa alma- de modo que, pelo e0erc7cio cont7nuo da orao e recepo dos sacramentos e pela confiana em &eus, podemos recuperar todas as foras perdidas e #i#er para sempre em &eus, numa #ida doce e perfeita. IV 6! *omo a tentao e a deleitao $odem ser $ecados / princesa de que #os tenho falado no pode ser censurada em #ista do requesto N!ri%a, ri0aO que lhe fi,eram, pois, como supusemos, foi inteiramente contra as suas inten(es- mas ela teria culpa se, de qualquer modo que fosse, ti#esse dado moti#o para #irem a este pensamento- eis a7 como a tentao pode ser 2s #e,es pecado, em ra,o de ser pro#ocada. Por e0emplo, um homem sa!e que o )o%o lhe e0cita facilmente a c4lera e a c4lera o fa, !lasfemar- lo%o, o )o%o para ele uma #erdadeira tentao. /firmo que esse homem peca todas as #e,es que )o%ar e que o tornam culp#el as tenta(es que dai pro#8m. 1utro sa!e que a con#ersa com uma certa pessoa lhe ocasio de quedas- lo%o, se a procura deli!eradamente, tem culpa da tentao que pode se se%uir. Podendo-se e#itar a deli!erao que a tentao produ,, sempre um pecado no o fa,er, e mais ou menos consider#el, conforme o pra,er e o consentimento so maiores ou menores, demorados ou !re#es. Se a princesa supracitada no s4 escutasse a proposta desonesta que lhe en#iaram, mas ainda sentisse pra,er nisso, ocupando com ela a sua mente, tornar-seia, em consequ8ncia disso, muito repreens7#el, porque, em!ora no quisesse de modo al%um que se reali,asse, consentia que seu corao se ocupasse com estas coisas desonestas, tendo nisso pra,er. 1ra, ) nos preocupar com a desonestidade pecado, como se fosse por meio dos sentidos, e tanto assim que nisso consiste e0atamente a desonestidade- de modo que no h pecado, se

    3J P =. "omo a tentao e a deleitao podem ser pecados

    23=

    aplicamos s4 os sentidos in#oluntariamente. Ro%o que sentires uma tentao, e0amina se foste tu que a ocasionaste #oluntariamente, porque ) um pecado p$r-se em risco de pecar- sup(e isso que tenhas podido e#itar ra,oa#elmente a ocasio e que tenhas pre#isto ou de#ido pre#er a tentao que se se%uiria- mas, se no deste moti#o al%um 2 tentao, a!solutamente no te poder ser imputada em pecado. 9uando, podendo, no se e#ita a deleitao causada pela tentao, h a7 sempre al%uma sorte de pecado, proporcional ao tempo em que se dete#e com ela e se%undo a causa que a ocasionou. Uma mulher que, no tendo dado ense)o a ser %alanteada, sente contudo pra,er em o ser, no dei0a de ser repreens7#el, se este pra,er pro# m unicamente do %alanteio. /o contrrio, se al%u m que a quer sedu,ir tocar primorosamente o #iolino, de forma que o seu pra,er no pro# m das adula(es, mas da harmonia e sua#idade dos sons, ai no ha#eria pecado nenhum para ela, conquanto no de#a se deleitar por muito tempo com este pra,er, pelo peri%o que corre em senti-lo por ser %alanteada. &o mesmo modo, se me fa,em uma proposta muito ardilosa de me #in%ar de meus inimi%os, sem que eu consinta ou me deleite com a #in%ana, mas sinta %osto no ardil e sutile,a do artif7cio, sem d.#ida eu no peco. 5as peri%oso que me detenha por muito tempo com este pra,er, porque ele pouco apouco me le#aria a deleitar-me com a pr4pria #in%ana. Surpreendem-nos 2s #e,es certas impress(es de deleites que se%uem imediatamente a tentao, quase antes que se note. "laro est que isso no passaria no m0imo de um pecado #enial- s4 no caso em que por ne%li%8ncia, uma #e, conhecido distintamente o mal, ainda se esti#esse ai demorando com uma deciso de consentimento ou recusa ou, pior ainda, se no se sentisse #ontade al%uma de re)eit-lo, que o pecado se poderia tornar mais %ra#e- pois, se #oluntariamente e com deli!erao se est resol#ido a deleitar-se com al%um o!)eto

    3J P =. "omo a tentao e a deleitao podem ser pecados

    23B

    nota#elmente mau, este mesmo dese)o e prop4sito ) constituem em si um %ra#e pecado. /ssim %ra#emente culp#el uma mulher que anda sempre a entreter amores pecaminosos, conquanto no queira se entre%ar a eles. IV 7! :eios contra as %randes tenta0es Ro%o que notes uma tentao, imita as criancinhas que, #endo um lo!o ou um urso, se lanam ao seio do pai e da me ou ao menos os chamam em seu socorro. Cecorre assim a &eus e implora o socorro de sua miseric4rdia; este o meio que +osso Senhor mesmo nos indica nas pala#ras; &rai, para n$o cairdes em tenta$o. Se a tentao cont7nua e se torna mais forte, a!raa em esp7rito a santa cru,, como se esti#esses #endo Aesus "risto diante de ti- protesta-lhe que no hs de consentir- suplica-lhe que te defenda do inimi%o e continua reno#ando esses protestos e s.plicas at que passe a tentao. Fa,endo esses protestos, no penses tanto na tentao mesma, mas olha unicamente para Aesus "risto- porque, detendo com ele o teu esp7rito, poderia facilmente, se forte, arre!atar o teu corao. &, pois, uma outra direo aos teus pensamentos, ocupando-te com al%uma refle0o !oa e lou##el, que poder tam! m e0tin%uir todo o deleite da tentao, pela posse que tomar de teu corao. 1 %rande meio de #encer todas as tenta(es, %randes e pequenas, a!rir o corao a um diretor espiritual, pondo-o a par das su%est(es do inimi%o e das impress(es que dei0am. 1 sil8ncio , pois, a primeira condio que o inimi%o imp(e 2quele que quer sedu,ir, 2 semelhana do li!ertino que, querendo sedu,ir uma mulher ou uma moa, antes de tudo lhe su%ere ocultar tudo a seu marido ou a seu pai- conduta do dem$nio, inteiramente oposta 2 de &eus, que quer que at as suas inspira(es se)am e0aminadas pelo confessor e pelos superiores. Se a tentao ainda continua, importuna, a nos

    3J P B. 5eios contra as %randes tenta(es

    23K

    perse%uir e a!orrecer, nada mais temos que fa,er seno recusar com %enerosa constQncia o nosso consentimento. Uma pessoa nunca se poder casar, enquanto di,, que no- e tam! m uma alma nunca poder ser #encida por uma tentao, enquanto recuse o seu consentimento. +o disputes com o inimi%o e a todas as suas su%est(es no lhe respondas seno com as pala#ras com que o Sal#ador o confundiu; :etira-te, 'atans, adorars ao 'enhor teu (eus e s6 a ele servirs. Uma mulher honesta a!andona honrosamente um homem desonesto, sem o olhar e sem lhe responder, #oltando para o esposo o seu corao e reno#ando secretamente os sentimentos de fidelidade que lhe prometeu- a alma de#ota, atacada pelo inimi%o, no de#e estar ai e lhe dar respostas ou disputar com, as tenta(es- !asta-lhe #oltar-se simplesmente para Aesus "risto, seu esposo, e lhe protestar que lhe quer pertencer sempre e e0clusi#amente e com a mais perfeita fidelidade. IV 8! > necessrio resistir s $equenas tenta0es /inda que tenhamos que com!ater contra as %randes tenta(es com Qnimo inque!rant#el e a #it4ria nos se)a de suma utilidade, toda#ia ainda mais .til com!ater as pequenas, cu)a #it4ria por causa de seu n.mero pode tra,er tanta #anta%em como a daqueles que #enceram feli,mente %randes tenta(es. 1s lo!os e os ursos so certamente mais para temer do que as moscas- as moscas, por m, so mais importunas e, e0perimentam mais a nossa paci8ncia. * fcil no cometer um homic7dio- mas dif7cil repelir continuamente os pequenos 7mpetos da ira, que se oferecem em todas as ocasi(es. * fcil a um homem ou a uma mulher no cometer adult rio- mas no h i%ual facilidade em assim conservar a $ure#a dos ol4os, no di,er ou ou#ir com pra,er nada daquilo que se chama adula(es, %alanteios, no dar nem rece!er amor ou pequeninas pro#as de ami,ade.

    3J P K. * necessrio resistir 2s pequenas tenta(es

    23G

    * !em fcil no dar ri#al ao marido, nem ri#al 2 mulher, quanto ao corpo. 5as no assim fcil no o dar quanto ao corao. * !em fcil no manchar o tlamo NleitoO nupcial, mas !em dif7cil manter ileso o amor con)u%al. * fcil no furtar os !ens do pr40imo- mas dificultoso no os dese)ar e co!iar. * fcil no le#antar falsos testemunhos em )u7,o- mas dif7cil no mentir em con#ersa- fcil no se em+ria%ar, dif=cil ser sem$re s+rio- !em fcil no dese)ar a morte ao pr40imo, dif7cil contudo no dese)ar a sua incomodidade- fcil no difamar al%u m, mas dif7cil no despre,ar. 'nfim, essas pequenas tenta(es de c4lera, de suspeitas, de ci.mes, de in#e)as, de ami,ades tolas e #s, de duplicidades, de #aidade, de afetao, de artif7cios, de pensamentos maus, tudo isso, di%o, forma o e0erc7cio cotidiano, mesmo das almas mais de#otas e resol#idas a #i#er santamente. Por isso, Filot ia, ao passo que nos de#emos mostrar %enerosos em com!ater as %randes tenta(es, quando aparecem, muito necessrio que nos preparemos cuidadosamente para as pequenas tenta(es, con#ictos de que as #it4rias que o!ti#ermos assim de nossos inimi%os a)untaro outras tantas pedras preciosas 2 coroa que &eus nos prepara no para7so. IV 9! :eios contra as $equenas tenta0es 9uanto a essas tenta(es mi.das de #aidade, de suspeitas, de des%osto, de ci.mes, de in#e)a, de ami,ades sensuais e outras semelhantes tolices que, como moscas e mosquitos, #8m passar por diante de nossa #ista, e a%ora nos picam a face, lo%o mais o nari,, a melhor maneira de lhes resistir, ) que de todo imposs7#el ficar li#re dessa importunao, no nos apoquentarmos NincomodarmosO com elas. +ada disso nos pode pre)udicar, em!ora nos a!orrea, uma #e, que este)amos firmes na #ontade de ser#ir a &eus. &espre,a, pois, Filot ia, esses li%eiros ataques do inimi%o e no penses mais neles, assim como nas moscas que dei0as #oar

    3J P G. 5eios contra as pequenas tenta(es

    26F

    e #olte)ar ao redor de ti. ', quando os sentires, contenta-te simplesmente de repeli-los ocupando-te interior ou e0teriormente com al%uma coisa !oa e especialmente com o amor de &eus. Se me ds f , no hs de com!ater essas tenta(es, seno indiretamente e no dum modo direto, como se)a praticando as #irtudes contrrias, porque seria demais estar a7 a disputar contra o inimi%o e no lhe responder. :endo, por m, o tempo para #er a qualidade da tentao e tendo-lhe oposto a #irtude contrria, #ol#e ento o teu corao para Aesus "risto crucificado, !ei)a-lhe em esp7rito os p s, com todo o amor- este o melhor modo de #encer o inimi%o, tanto nas %randes como nas pequenas tenta(es- porque o amor de &eus, contendo em si todas as perfei(es de todas as #irtudes num %rau muito ele#ado, tam! m o rem dio mais salutar contra todos os #7cios- e teu esp7rito, acostumando-se a recorrer nas tenta(es a esse rem dio uni#ersal, no precisar e0aminar a qualidade das tenta(es e se acalmar creste modo simples, mas terr7#el para o esp7rito mali%no, que se retira, quando #8 que suas su%est(es s4 ser#em para n4s nos e0ercermos no amor de &eus. 'is a7, pois, o que temos que fa,er contra estas tenta(es pequenas, mas frequentes, em #e, de e0amin-las e com!at8las cada uma de per si- doutra forma ter-se-ia muito tra!alho, nada conse%uindo. IV <! :odo de fortificar o corao contra as tenta0es "onsidera de tempos em tempos que as pai0(es costumam mostrar-se principalmente em teu corao e, tendo-as conhecido, trata de esta!elecer para ti normas de #ida que lhes se)am inteiramente contrrias em pensamentos, pala#ras e o!ras. Por e0emplo, se a #aidade, pensa muitas #e,es quantas mis rias t8m a #ida humana, quanto sofrer a tua consci8ncia na hora da morte, por causa dessas #aidades, quanto so

    3J P EF. 5odo de fortificar o corao contra as tenta(es

    26E

    indi%nas dum corao %eneroso, de#endo ser consideradas como !rinquedos de criana. Fala muitas #e,es contra a #aidade e, em!ora te parea que o fa,es constran%ida, no dei0es de falar dela com despre,o, porque, 2 fora de falar contra uma coisa, aca!amos por odila, em!ora a estimssemos muito a princ7pio- deste modo te o!ri%ars, mesmo em ra,o de tua honra, a tomar um partido contrrio 2 #aidade. Fa,e o!ras de a!)eo e humildade tantas quantas puderes, em!ora te parea que as praticas forada- assim te e0ercitars na humildade e recalcars NoporsO a #aidade- de modo que, so!re#indo a tentao, a tua inclinao ) no ser fa#or#el e achars em ti mesma mais fora para a com!ater. Se teu corao propenso 2 a#are,aUaV, pensa muitas #e,es na insensate, desta pai0o, que nos torna escra#os daquilo mesmo que s4 foi feito para nos ser#ir- pensa que na hora da morte hs de dei0ar tudo e quem sa!e se em mos de al%u m que o h de dissipar e condenar-se ainda por cima. Fala muitas #e,es contra a a#are,a e lou#a o despre,o do mundo. Cea%e 2s #e,es para dar esmolas ou dei0ar passar al%uma ocasio propicia de a)untar maiores !ens. Se te sentes inclinada a com rcios amorosos Nrela(es afeti#asO, reflete frequentemente quanto peri%o #ai nisso para ti e para os outros, quo indi%no profanar essa mais no!re inspirao de tua alma, quanto manchar a tua fama esse modo le#iano de #ida. Fala muitas #e,es em lou#or da pure,a e simplicidade do corao. Fa,e, quanto est ao teu alcance, a(es conforme esta #irtude, e#itando todas as maneiras afetadas e os %alanteios. 'm tempo de pa,, isto , enquanto o inimi%o no te tenta relati#amente 2 tua m tend8ncia, reali,a continuadamente atos
    UaV /#are,a; um dos B pecados capitais; qualidade ou caracter7stica de quem a#arento, de quem tem ape%o e0cessi#o ao dinheiro, 2s rique,as falta de ma%nanimidade, de %enerosidade- mesquinharia, mesquinhe,, so#inice

    3J P EF. 5odo de fortificar o corao contra as tenta(es

    262

    da #irtude contrria- #ai mesmo em !usca de ocasi(es, se que elas no se apresentem por si. * deste modo que te premunirs Npreca#ersO contra as tenta(es futuras. IV ! " Inquietao

    / inquietao no simplesmente uma tentao, mas uma fonte de muitas tenta(es- por isso necessrio que di%a al%umas pala#ras so!re este assunto. / triste,a no mais do que o pesar que sentimos de al%um mal de que somos #7tima, P se)a ele e0terior, como a po!re,a, doenas, o despre,o- ou ento interior, como a i%norQncia, securas espirituais, repu%nQncias ao !em, tenta(es. / alma, pois, ao sentir-se em #ista de al%um mal, sente des%osto nisso e eis a7 a triste,a. 1 dese)o de li#rar-se desse mal e de ter os meios necessrios para isso a se%ue imediatamente- at aqui ra,o#el o nosso procedimento, porque todos fo%em, por nature,a, do mal e dese)am o !em. Se pelo amor de &eus que a alma procura os meios de li#rar-se de seus males, os procurar de certo com paci8ncia e doura, com humildade e tranquilidade, esperando este fa#or muito mais da ama!il7ssima pro#id8ncia de &eus do que de sua ind.stria, meios e tra!alhos. /o contrrio, se o amor-pr4prio que le#a a procurar al7#io, ele se re#elar numa %rande inquietao e desassosse%o, como se este !em dependesse mais dele do que de &eus. +o di%o que o amor-pr4prio pense assim- mas a%e como se pensasse assim. "aso no se encontre imediatamente o que se dese)a, tornase irrequieto e impaciente- e, como essas inquieta(es, lon%e de ali#iar o mal, o aumentam ainda por cima, a alma dominada por uma %rande triste,a, que, perdendo ao mesmo tempo a cora%em e a fora, fa, com que os males cresam sem rem dio. 'sts #endo, pois, que a triste,a, por mais )usta que se)a ao princ7pio, produ, inquieta(es e estas, por sua #e,, tanto podem aumentar a triste,a que ela se torne e0tremamente

    3J P EE. / 3nquietao

    263

    peri%osa. / inquietao o maior mal da alma, com e0ceo do pecado- assim, pois, como as sedi(es e as re#olu(es ci#is dum 'stado o desolam inteiramente e o impedem de resistir aos inimi%os e0teriores, tam! m o esp7rito inquieto e pertur!ado no tem fora !astante nem para conser#ar as #irtudes adquiridas nem para resistir 2s tenta(es do inimi%o, que en#ida ento todos os seus esforos para pescar, como se di,, em %uas tur#as. Pro# m o desassosse%o dum dese)o desre%rado de se li#rar de um mal que se sente ou de adquirir um !em que se no possui- e no entanto nada h que mais aumente o mal e dificulte a aquisio do !em que e0atamente a inquietao e a precipitao- assim como acontece aos passarinhos que, caindo numa armadilha, tanto mais se emaranham quanto mais se me0em. /o sentires, portanto, o dese)o de te su!tra7res a al%um mal ou de alcanar al%um !em, antes de tudo procura te acalmar, tranquili,a teu esp7rito e teu corao e s4 ento se%ue o mo#imento do teu dese)o, empre%ando calmamente e com ordem os meios conducentes ao teu intento. &i,endo, por m, calmamente, no entendo com isso ne%li%entemente, mas sem precipitao e desassosse%o- doutra forma, lon%e de adquirir os tens intentos, perderias o tempo, s4 conse%uindo te em!araar mais e mais. /inha alma, 'enhor, est sempre em minhas m$os e n$o tenho esquecido vossa lei, di,ia &a#i. '0amina, Filot ia, mais de uma #e, ao dia, principalmente pela manh e 2 noite, se tens, como ele, a alma entre as mos ou se al%uma pai0o ou desassosse%o ta arre!atou. "onsidera se o teu corao ainda se su!mete sempre ao teu dom7nio ou se ele se tem escapulido de tuas mos para se entre%ar a amores desre%rados, 2 rai#a, 2 in#e)a, 2 a#are,a, ao temor, 2 triste,a, 2 ale%ria- e se ele tem escapado, #ai lo%o em sua procura e recondu,e-o !randamente

    3J P EE. / 3nquietao

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    2 presena de &eus, su!metendo todos os teus afetos e todos os teus dese)os 2 o!edi8ncia e !eneplcito de sua di#ina #ontade. Z semelhana daqueles que, temendo perder al%uma coisa que lhes muito preciosa, a %uardam sempre em suas mos, tam! m n4s, imitando o profeta-rei, de#emos di,er continuamente; 5 meu (eus, minha alma est em peri!o de perder-se* por isso eu a tra!o sempre em minhas m$os e isso me impede de esquecer-me de vossa santa lei . Aamais te dei0es inquietar por teus dese)os, por poucos e insi%nificantes que se)am- porque aos pequenos se%uiro os %randes, que acharo o teu corao !em disposto 2 triste,a e ao desre%ramento. Sentindo-te, pois, inquieta, recomenda-te a &eus e toma a resoluo de nada fa,er daquilo que o dese)o pede, se que se possa adiar, enquanto no passar todo o desassosse%o- se a demora, por m, for pre)udicial, ento esfora-te sua#emente para reprimir ou moderar o teu dese)o e fa,e ento o que pensas que a ra,o e no o que o dese)o e0i%e de ti. Se te poss7#el desco!rir o teu desassosse%o ao teu confessor ou ao menos a um ami%o confidente ou de#oto, achars imediatamente a calma, porque esta e0panso de um corao a%itado e inflamado o ali#ia tanto como uma san%ria atenua a #iol8ncia da fe!re de um doente- este o melhor rem dio para o corao. Sim, di, o rei So Rui, a seu filho, tendo al%uma coisa que te pese no corao, confia-a imediatamente ao teu confessor ou a al%uma pessoa de#ota, porque a consolao que rece!eres te a)udar a suportar mais sua#emente os teus tra!alhos. IV '! " triste#a / tristeza que se!undo (eus, di, So Paulo N2"or B,EFO, produz para a salva$o uma penit)ncia estvel, mas a tristeza do sculo produz a morte. / triste,a pode, pois, ser !oa ou m, conforme os di#ersos efeitos que em n4s opera- mas em %eral, ela opera mais maus

    3J P E2. / triste,a

    26<

    do que !ons porque os !ons so s4 dois; a miseric4rdia e a penit8nciae os maus so seis; o medo, a indi%nao, o ci.me, a in#e)a, a impaci8ncia e a morte- pelo que di, o s!io; 'clo 3F,23 a tristeza mata a muitos e a nin!um aproveitaUaV. 1 inimi%o ser#e-se da triste,a para tentar os !ons at em suas !oas o!ras, como se esfora para le#ar os maus a se ale%rarem de suas ms a(es- e como ela no pode nos sedu,ir ao mal seno fa,endo-o parecer a%rad#el, assim tam! m no nos pode apartar do !em seno fa,endo-o parecer inc$modo. Pode-se di,er que, sendo ele mesmo aca!runhado duma triste,a desesperadora por toda a eternidade, quer que todos os homens se)am tristes como ele. / m triste,a pertur!a a alma, inquieta-a, inspira temores desre%rados, tira o %osto da orao, tra, ao esp7rito uma sonol8ncia de morte, impede-a de tirar pro#eito dos !ons conselhos, de tomar resolu(es e de ter o Qnimo e a fora de fa,er qualquer coisa. +uma pala#ra ela produ, nas almas as mesmas impress(es que o frio e0cessi#o nos corpos, que se tornam hirtos Nduros, infle07#elO e incapa,es de se mo#er. Se fores al%um dia, Filot ia, aca!runhada por essa m triste,a, lem!ra-te destas re%ras; 'e al!um de v6s est triste, di, So :ia%o N"F. :% <,E3OU!V, pois que ele reze. ', com efeito, a orao um rem dio salutar contra a triste,a, porque ele#a nosso esp7rito a &eus, que nossa ale%ria e consolao. 'mpre%a em tuas ora(es estas pala#ras e afetos que inspiram maior confiana em &eus e seu amor; I &eus de miseric4rdiaL I &eus infinitamente !omL 5eu !eni%n7ssimo Sal#adorL I &eus do meu corao, minha ale%ria e minha
    UaV 'clo 3F,2E+o te dei0es dominar pela triste,a e nem te afli)as com teus pensamentos. T 233lude tuas inquieta(es, consola teu corao, afasta para lon%e a triste,a; porque a triste,a matou a muitos e nela no h utilidade al%uma. 'clo 3K,EKPorque a triste,a le#a 2 morte, e a triste,a a!ate as foras. U!V :% <,E3Sofre al%u m dentre #4s um contratempo? Cecorra 2 orao.

    3J P E2. / triste,a

    26=

    esperanaL I caro esposo de minha almaL I &ileto do meu coraoL "om!ate animosamente qualquer inclinao que tenhas para a triste,a e, em!ora te parea que com!ates fria e ne%li%entemente, no o dei0es de fa,er- porque o inimi%o, que nos quer dar essa indiferena e ti!ie,a para as !oas o!ras, cessar de nos afli%ir, #endo que, sendo elas feitas com repu%nQncia, tem tanto mais #alorL "onsola-te com al%um canto espiritual- muitas #e,es t8m eles ser#ido para interromper o curso das opera(es do esp7rito mali%no- si%a de e0emplo Saul, a quem &a#i, com sua#es acordes de sua harpa, li#rou o dem$nio que o assedia#a e possu7a. Ser !om ocupar-se com al%uma ocupao e0terior e #ariar de ocupa(es, se)a para su!trair a alma aos o!)etos que a entristecem, se)a para purificar e aquecer o san%ue e os humores- porque a triste,a uma pai0o de nature,a fria e seca.UcV Faa al%umas a(es de fer#or, mesmo sem %osto al%um, tomando nas mos o crucifi0o, apertando-o ao peito, !ei)ando as mos e os p s do Sal#ador, levantando os ol4os e as mos ao cu, ele#ando a #o, a &eus, com pala#ras de amor e confiana, como as se%uintes; 5eu amado meu e eu sou &ele. /eu amado um ramalhete de mirra em meu cora$o /eus olhos des#alecem de atentos a tua palavra, 6 meu (eus dizendo4 %uando me consolars< I Aesus, sede meu, AesusL Ji#a Aesus e minha alma #i#erL %uem me separar do amor do meu (eus< 1 uso moderado da disciplina um !om meio contra a
    UcV IlumineBse; 9uando o seu corpo a!sor#e lu, do sol, amplia o efeito de su!stQncias qu7micas esta!ili,adoras do humor como a serotonina. ?&erciteBse; 2F minutos ati#a um processo de li!erao de endorfinas e o mo#imento repetiti#o o torna rela0ado e focado. :-sica; 'scolha qualquer m.sica que lem!re al%uma ima%em positi#a. ;ia; o riso diminui os n7#eis de cortisol, o horm$nio do estresse.

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    triste,a, porque este sofrimento e0terior tra, ordinariamente a consolao interior, e a lama sentindo al%uma dor e0terna, presta menos ateno nas internas. 5as o melhor de tudo a comunho frequente, porque este po celeste fortifica e ale%ra o esp7rito. +arra a teu diretor com humilde sinceridade a tua triste,a e todos teu afetos e mais su%est(es que da7 pro#enham e procura falar tanto quanto puderes com pessoas espirituais. 'nfim, resi%na-te a #ontade de &eus, preparando-te a sofrer com paci8ncia essa triste,a enfadonha como um )usto casti%o de tuas #s ale%rias e no du#ides que &eus, depois de ter pro#ado seu corao, te #enha em au07lioL IV ,! "s consola0es como viv(Blas &eus s4 conser#a a e0ist8ncia deste %rande mundo por uma continua alternati#a de dias e noites, de esta(es que se #o sucedendo umas 2s outras de diferentes tempos de chu#as e de secas, dum ir tranquilo e serem e de #enda#ais e tempestades, de modo que quase no h um dia i%ual ao outro; admir#el #ariedade, que tanto contri!ui para a !ele,a do uni#ersoL 1 mesmo se passa no homem, que, na e0presso dos anti%os, um mundo a!re#iado. +unca ele est no mesmo estado e sua #ida passa so!re a terra como as %uas de um rio, numa cont7nua #ariao de momentos, que ora o le#antam a %randes esperanas, ora o a!atem ao temor, ) o inclinam 2 direita com a consolao, ) 2 esquerda com a triste,a, de sorte que nunca um de nossos dias, nem mesmo uma hora sequer inteiramente i%ual 2 outra. "umpre-nos, pois, conser#ar, no meio de tamanha desi%ualdade de acontecimentos e acidentes, uma i%ualdade cont7nua e inalter#el do corao e, de qualquer modo que as coisas #ariem e se mo#am ao redor de n4s, n4s permaneceremos sempre im4#eis e fi0os nesse .nico ponto de nossa felicidade, que ter somente a &eus em #ista, ir a ele e

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    aceitar s4 de suas mos todas as coisas. 1 na#io pode tomar qualquer rumo que se lhe der, pode na#e%ar para o oriente ou para o ocidente, para o sul ou para o norte, com qualquer #ento que se)a, mas a !.ssola, que de#e diri%ir a sua rota, estar sempre apontando para a estrela polar. Ce#olucione-se tudo em #olta de n4s mesmos, isto , este)a nossa alma triste ou ale%re, em amar%ura ou em consolao, em pa, ou tri!ula(es, em tre#as ou em lu,es, em tenta(es ou calma, nas delicias da de#oo ou em securas espirituais- se)a ela como uma terra ressecada pelo sol ou refri%erada pelo or#alho; ahL Sempre necessrio que nosso corao, esp7rito e #ontade tendam in#ari#el e continuamente para o amor a &eus, seu "riador, seu Sal#ador, seu .nico e so!erano !em. &u vivamos ou morramos, somos de (eus* e quem nos separar de seu amor< +o, nada nos poder separar )amais; nem as tri!ula(es, nem an%.stias, nem a morte, nem a #ida, nem as dores presentes, nem o temor das futuras, nem as ciladas do esp7rito mali%no, nem as mais altas consola(es, nem a confuso das humilha(es, nem a ternura da de#oo, nem as securas do esp7rito, nada de tudo isso nos de#e separar )amais da caridade santa, que fundada em Aesus "risto. 'ssa resoluo a!soluta de nunca a!andonar a &eus e a seu amor ser#e de contrapeso para nossa alma, a fim de dar-lhe uma santa in#aria!ilidade no meio de tanta #ariedade de acidentes ane0os 2 nossa #ida- assim como as a!elhas a%itadas pelo #ento apanham pedrinhas para se poderem li!rar melhor nos ares e lhe resistir mais facilmente, a nossa alma, tendo-se consa%rado a &eus por uma #i#a resoluo de o amar, permanece sempre a mesma no meio das #icissitudes das consola(es e tri!ula(es espirituais e temporais, interiores e e0teriores. 5as, al m desta instruo %eral, necessrio dar al%umas re%ras particulares;

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    E. / de#oo no consiste nessa sua#idade nem nas consola(es sens7#eis e nesse doce enternecimento do corao, que o e0citam 2s l%rimas e aos suspiros e que tornam nossos e0erc7cios espirituais uma ocupao a%rad#el. +o, Filot ia, a de#oo e as douras no so a mesma coisa, porque muitas almas h que, sentindo essas douras, no renunciam a seus #7cios e, portanto, no possuem um #erdadeiro amor a &eus e muito menos uma #erdadeira de#oo. Saul, perse%uindo a &a#i at ao deserto, para o matar, entrou so,inho numa ca#erna em que &a#i esta#a escondido com os seus- facilmente poderia este se desfa,er de seu inimi%o, mas no quis nem sequer lhe causar medo, contentando-se em o chamar depois que sa7ra da %ruta, para fa,er #er o que lhe poderia ter feito e para lhe dar ainda esta pro#a de sua inoc8ncia. Pois !em, o que no fe, Saul para mostrar a &a#i quanto seu corao esta#a enternecidoL "hamou-o seu filho, chorou copiosamente, lou#ou a sua !eni%nidade, re,ou a &eus por ele, pu!licou altamente que ele reinaria depois de sua morte e lhe recomendou a sua fam7lia. Poderia ele manifestar maior doura e ternura de corao? "ontudo o seu corao no esta#a mudado e ele no dei0ou de perse%uir cruelmente a &a#i. &o mesmo modo, pessoas h que, considerando a !ondade de &eus e a pai0o de +osso Senhor, sentem-se com o corao enternecido a ponto de #erterem muitas l%rimas e soltarem suspiros nas ora(es e a(es de %raa muito sens7#eis, dando a apar8ncia duma %rande de#oo. 5as, se as pomos a pro#as, !em depressa se #er que so as chu#as de #ero, que, passa%eiras, caem em torrente so!re a terra, mas no a penetram e s4 ser#em para produ,ir co%umelos- #er-se-, di%o, que essas l%rimas to ternas caem num corao #iciado e no o penetram, lhe so inteiramente in.teis, porque essas pessoas no lar%ariam nem um ceitilUaV de todos os !ens in)ustos que
    UaV *eitil; moeda portu%uesa do tempo de &. Aoo 3 NE3K<-E633O- quantia

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    possuem, no renunciariam 2 menor de suas ms inclina(es e no sofreriam o mais le#e inc$modo pelo ser#io de Aesus "risto, pelo qual tanto chora#am- todos esses !ons mo#imentos do corao no passaram de falsos sentimentos de de#oo, semelhantes aos co%umelos, que so um produto falso da terra. 1ra, o que mais deplor#el que uma alma en%anada por esses artif7cios do inimi%o se entretenha com essas consola(es mesquinhas e #i#a por a7 satisfeita, sem aspirar a uma de#oo s4lida e #erdadeira, que consiste numa #ontade constante, pronta e ati#a de fa,er o que se sa!e que a%rada a &eus. Uma criana entra em choro desfeito, #endo tirar san%ue de sua memas, se ao mesmo tempo a me lhe pede uma !a%atela qualquer que tem nas mos, no lha quer dar. Semelhantes so a maior parte de nossas ternas de#o(es, quando, #endo o "orao de Aesus crucificado e traspassado duma lana, #ertemos muitas l%rimas. /hL Filot ia, !om chorar a morte e pai0o dolorosas de nosso Pai e Sal#ador- mas por que ento no lhe dar o nosso corao e amor, que esse querido Cedentor est pedindo? Por que no lhe sacrificamos essas inclina(es, satisfa(es e complac8ncias, que ele nos quer arrancar do corao e com as quais preferimos nos deliciar do que com a sua %raa di#ina? /hL +o passam de ami,ades de crianas ternas, mas fracas, fantsticas e sem efeito, que procedem doma compleio d !il e suscet7#el a mo#imentos que se quer ter, ou 2s #e,es a impress(es artificiosas do inimi%o so!re a nossa ima%inao. 2. 'sses afetos ternos e doces so 2s #e,es, toda#ia, muito .teis- do, 2 alma o %osto pela piedade, confortam o esp7rito e a)untam 2 prontido da de#oo uma santa ale%ria, que torna nossas a(es, mesmo e0teriormente, mais !elas e a%rad#eiso %osto que se tem pelas coisas di#inas, do qual fala &a#i; "ertamente a menor consolao que a de#oo nos d #ale
    insi%nificante, o que tem pouco #alor ou importQncia- ninharia, !o!a%em, futilidade.

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    mais, em todos os sentidos, do que os pra,eres mais raros do mundo. * o leite que nos lem!ra os fa#ores do di#ino 'sposo e que a 'scritura prefere ao #inho mais e0celente- quem a sa!oreou uma #e, s4 acha fel e a!sinto em todas as consola(es humanas. Sim, como aqueles que tra,em na !oca um pouco de er#a c7tica sentem to %rande doura que no t8m mais fome nem sede, do mesmo modo, aqueles a quem &eus tem dado o man das consola(es celestes e interiores ) no podem dese)ar ou sa!orear as da terra e muito menos a7 ape%ar e ocupar o seu corao. So pequeninos ante %ostos dos %o,os eternos que &eus faculta 2s almas que o procuram, como uma me que atrai o seu filho com doces ou como o m dico que fortifica o corao de uma pessoa fraca por essas %uas chamadas cordiais- e so tam! m 2s #e,es penhores da recompensa eterna do seu amor. "onta-se que /le0andre 5a%no, #ia)ando por mar, pressentiu que, ) no esta#a lon%e da /r!ia Feli,, pelo odor sua#7ssimo que penetra#a nos ares, o que muito contri!uiu para animar a sua frota- eis ai como as sua#idades da %raa, entre todas as tempestades desta #ida mortal, nos fa,em pressentir as del7cias inef#eis da ptria celeste, 2s quais aspiramos. 3. 5as, poders di,er, se h consola(es sens7#eis e !oas, que #8m de &eus, e outras in.teis, peri%osas e mesmo pre)udiciais, que procedem de nossa compleio ou #8m do inimi%o, como que as poderemos distin%uir? * um princ7pio %eral, Filot ia, que podemos conhecer as nossas pai0(es por seus efeitos, assim como se conhecem as r#ores por seus frutos. 1 corao que tem !oas inclina(es !om, e as inclina(es so !oas, se produ,em !oas o!ras. "onclui, pois, deste princ7pio que, se as consola(es nos tornam mais humildes, pacientes e caritati#os, mais sens7#eis ao sofrimento do pr40imo, mais trat#eis, mais fer#orosos em mortificar as nossas pai0(es, mais ass7duos em nossos

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    e0erc7cios, mais dispostos 2 o!edi8ncia, mais simples em todo o nosso procedimento- conclui, di%o, Filot ia, que indu!ita#elmente elas #8m de &eus- mas, se essas ternuras s4 t8m doura para n4s e nos tornam curiosos, rancorosos, e0citados, impacientes, teimosos, #aidosos, presunosos, se#eros para com o pr40imo, e se, ) pensando que somos santos, no nos queremos su)eitar 2 direo e 2 correo de outrem, podes concluir que so, sem d.#ida, consola(es falsas e perniciosas. Uma r#ore !oa s4 produ, !ons frutos. 6. Sentindo essas sua#es consola(es, antes de tudo necessrio; E. 9ue nos humilhemos muito diante de &eus. Ri#remo-nos de di,er por causa dessas douras; 1hL 9ue !om sou euL +o, Filot ia, isso no nos torna melhores do que somos, porque, como disse, a de#oo no consiste nisso. &i%amos antes; 1hL "omo &eus !om para os que esperam nele, para a alma que o procuraL 9uem tem a.car na !oca no pode di,er que sua !oca se)a doce- do mesmo modo, ainda que a consolao se)a muito !oa e que &eus, que 2 concede, se)a a mesma !ondade, dai no se dedu, que quem a rece!e se)a !om tam! m. 2. Ceconheamos que somos ainda criancinhas que precisam de leite, como di, So Pedro EPd 2,2, porque, fracos e d !eis, no podemos a%uentar um alimento mais forte- e que so necessrias essas douras para nos atra7rem ao amor de &eus. 3. Sumilhando assim a n4s mesmos, tenhamos em %rande estima essas %raas, no pelo que #alem em si mesmas, mas porque #8m das mos de &eus, que as opera em nosso coraouma criana, se ti#esse )u7,o, estimaria muito mais as car7cias de sua me, que lhe p(e !alas na !oca, do que essas !alas. /ssim, Filot ia. muito ter essas !oas consola(es- mas muito maior ainda que &eus queira aplicar sua mo amorosa so!re o nosso corao, so!re o nosso esp7rito, e so!re a nossa alma, para as produ,ir. 6. :endo-as rece!ido assim humildemente, empre%uemo-las

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    cuidadosamente se%undo a inteno daquele que no-las d. Pois essas douras no as d &eus para nos fa,er sua#es com todos e mais amorosos para com 'le? / me d uma !ala ao filhinho para que ele a !ei)e. @ei)emos pois este Sal#ador que nos d tantas douras. ' !ei)ar o Sal#ador o!edecer-lhe, o!ser#ar os seus 5andamentos, fa,er a sua #ontade, se%uir os seus dese)os, numa pala#ra, a!ra-lo ternamente com o!edi8ncia e fidelidade. Portanto quando rece!ermos al%uma consolao espiritual, preciso que nesse dia se)amos mais dili%entes em praticar o !em e em nos humilharmos. <. /l m disso, necessrio renunciar de #e, em quando a essas disposi(es doces e ternas, so!ressaindo nosso corao ao pra,er que dai procede e protestando que, em!ora as aceitemos com humildade e estimemos como dons de &eus e atrati#os de seu amor, no procuramos as consola(es, mas o "onsolador, no a doura, mas o esp7rito sua#e de &eus, no as ternuras sens7#eis, mas aquele que fa, as delicias do c u e da terra- que s4 procuramos, numa pala#ra, unicamente a &eus e a seu santo amor, prontos a nos conser#armos no amor de &eus, mesmo que no tenhamos consolao al%uma por toda a nossa #ida- indiferentes a di,er assim no :a!or como no "al#rio; Dom para mim, 'enhor, estar convosco em toda parte em que estiverdes, quer na cruz quer na vossa !l6ria. =. 'nfim, eu aconselho que, se essas consola(es, sensi!ilidades e l%rimas de ale%ria forem muito a!undantes e te acontecer al%uma coisa de e0traordinrio nesse estado, o manifestes fielmente a teu diretor, para aprenderes como te de#es ser#ir delas e moder-las- porque est escrito; Achando o mel, come s6 o su#iciente. IV 1! "ride# es$iritual 'sse tempo to !elo e a%rad#el no durar muito, Filot iaperders tanto, 2s #e,es, o %osto e o sentimento da de#oo, que tua alma se parecer com uma terra deserta e est ril, onde

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    no #ers nem um caminho, nem uma #ereda para ir a &eus e onde as %uas salutares da %raa no correro mais para a re%ar no tempo da seca, o que a tornar rida e desolar completamente. /hL @em di%na de compai0o a alma neste estado, so!retudo se o mal #iolento- porque ento ela se nutre de l%rimas, como &a#i, dia e noite, enquanto o inimi%o lhe di, por escrnio, para a le#ar ao desespero; /hL 5iser#el, onde est teu &eus? Por que caminho o poders achar? 9uem te poder dar )amais as ale%rias da %raa? 9ue fars, nesse tempo, Filot ia? Jai 2 fonte do mal. 5uitas #e,es essas esterilidades e securas se ori%inam de n4s mesmos. E. "omo uma me tira o a.car a seu filho atacado de #ermes, tam! m &eus nos pri#a das consola(es de sua %raa lo%o que comeam a dar ori%em a uma complac8ncia # e suntuosa, que o #erme da alma. B bom para mim, meu (eus, que me humilhaste* porque, antes de me humilhares, eu te o#endi, di,ia o profeta-rei. 2. 9uando omitimos, por ne%li%8ncia, de fa,er al%um !em ou no usamos prontamente das sua#idades e del7cias do amor de &eus, ele se retira e nossa ne%li%8ncia casti%ada, como os israelitas pre%uiosos que, no indo recolher o man lo%o cedo, ) o acha#am derretido aos primeiros raios de sol. 3. / 'sposa dos "antares, deitada indolentemente em seu leito, no quis se incomodar para ir a!rir a porta a seu 'sposo e perdeu a doura de sua presena- eis a7 o que nos acontece tam! m. :ontos que estamos com as consola(es sensuais e passa%eiras, no queremos nos pri#ar delas para nos dar aos e0erc7cios espirituais. Aesus "risto, que pede entrada em nosso corao por suas inspira(es, retira-se e nos dei0a continuar a dormir, e depois, quando o formos procurar, muito tra!alho temos em o achar- tra!alho este que um )usto casti%o do despre,o infiel que temos dado a seu amor, para se%uir os atrati#os do amor mundano. /hL Po!re alma, tens feito pro#iso da farinha do '%ito, no rece!es o man do c u. /s

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    a!elhas odeiam todo o perfume artificial e as sua#idades do 'sp7rito Santo so incompat7#eis com as del7cias artificiais do mundo. 6. / do!re, NhipocrisiaO e fin%imentos nas confiss(es e confer8ncias espirituais com o diretor pro#ocam as securas e esterilidades, porque )usto que, tendo mentido ao 'spirito Santo, se se)a pri#ado de suas consola(es. +o queres ir a teu Pai celeste com a sinceridade e simplicidade dum filho e no poders rece!er as douras paternas. <. :eu corao est cheio e saciado dos pra,eres do mundoque admira, pois, que no sintas %osto para as ale%rias espirituais? +o di, o anti%o pro# r!io que as pom!as saciadas acham as cere)as amar%as? (eus encheu de bens os que tinham #ome P di,ia a Sant7ssima Jir%em P e aos ricos despediu vazios, porque os que se re%o,i)am de pra,eres mundanos no so capa,es de sa!orear os espirituais. =. :ens conser#ado o fruto das primeiras consola(es? Se assim for, rece!ers ainda mais, porque se dar 8quele que j tem al!uma coisa* e a respeito daquele que n$o tem o que lhe #oi dado, porque perdeu, ser-lhe- tirado mesmo o que n$o possui, isto , ser pri#ado mesmo das %raas que esta#am preparadas para si. * muito #erdade que a chu#a #i#ifica as plantas ainda #iridentes N#ice)antesO, mas consome e destr4i inteiramente as que ) o no so. Por estas e outras ra,(es semelhantes perdemos as consola(es do ser#io de &eus e ca7mos num estado de aride, e esterilidade de esp7rito e muito nos de#emos e0aminar so!re estas faltas, mas sem inquietao e curiosidade. Se, depois de um !om e0ame, achamos em n4s mesmos al%uma fonte deste mal, de#emos a%radecer a &eus, tanto mais que o mal ) est curado parcialmente, se lhe desco!rimos a causa. Se, ao contrrio, no te parece teres dado ense)o al%um a essa secura, no te esforces mais em procurar a sua causa e o!ser#a com toda a simplicidade o que te #ou di,er aqui.

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    E Sumilha-te profundamente na presena de &eus, reconhecendo o teu pr4prio nada e as tuas mis rias e di,endo; /hL 9ue sou eu quando si%o a mim mesma? +ada mais, Senhor, do que uma terra seca e escampada Ndesa!ri%adaO, que tanto necessita de chu#as e que o #ento redu, a areia. 2. 3n#oca o santo nome de &eus e pede-lhe a sua#idade da %raa; (ai-me, 'enhor, a ale%ria salutar de #osso esp7rito. /eu Pai, se possvel, a#astai de mim este clice, #4s, 4 Aesus, que tendes imposto sil8ncio aos #entos e aos mares, contende este #ento infrutuoso, que resseca minha alma, e mandai-lhe a apra,7#el e #i#ificante !risa do meio-dia, que pede #ossa esposa para espalhar por toda parte os perfumes das plantas aromticas do seu )ardim. 3. Jai ter com o teu confessor- e0pande-lhe teu corao, fa,e-lhe #er todas as do!ras de tua alma e se%ue seus conselhos com humilde simplicidade- porque &eus, que ama infinitamente a o!edi8ncia, a!enoa muitas #e,es os conselhos que rece!emos do pr40imo e, so!retudo, daqueles a quem confiou a direo das almas, mesmo sem esperana dum 80ito feli,. Foi isso o que aconteceu a +aam, que ficou limpo da lepra em se !anhando no Aordo, como o profeta 'liseu lhe tinha mandado, sem nenhuma ra,o natural que parecesse aceit#el. 6. 5as, depois de tudo, nada to .til do que no dese)ar com inquietao e sofre%uido o fim desse sofrimento e a!andonar-se inteiramente 2 Pro#id8ncia di#ina, para suportar enquanto for esta a #ontade de &eus. &i%amos, pois, no meio dos dese)os l7citos de sermos li!ertados e no meio dos espinhos que sentimos; 5 meu Pai, se possvel, #azei passar este clice* mas ajuntemos animosamente4 2ntretanto, #aa-se a vossa vontade e n$o a minha- e aquietemo-nos com toda a tranquilidade poss7#el. &eus, #endo-nos nesta santa indiferena, nos consolar pelas %raas mais necessrias, do mesmo modo que, #endo /!rao disposto a sacrificar seu filho,

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    contentou-se com esta resi%nao 2 sua #ontade e o consolou pela ale%re #iso e com a !8no que lhe deu para toda a sua posteridade. &e#emos, pois, em qualquer aflio corporal ou espiritual, nas distra(es e pri#a(es da de#oo sens7#el, di,er de todo o corao e com profunda su!misso; A4 E, 2E& 'enhor me deu esta consola$o, o 'enhor ma tirou* bendito seja o seu santo nome. ', perse#erando n4s nesta humilde disposio, ele nos prodi%ali,ar suas %raas preciosas- foi o que aconteceu com A4, que assim fala#a em todas as suas desola(es. <. +o percamos a cora%em, Filot ia, neste lastimoso estado- esperemos com paci8ncia a #olta das consola(es, si%amos direito o nosso caminho, no omitamos nenhum dos e0erc7cios de de#oo, multipliquemos at as nossas !oas o!ras. 1fereamos a +osso Senhor o nosso corao, por mais rido que este)a- ser-lhe- to a%rad#el como se esti#esse se desfa,endo em sua#idade, uma #e, que tenha seriamente determinado amar a &eus. &i,-se que, quando a prima#era !ela, as a!elhas tra!alham muito para fa,er o mel e se multiplicam pouco- e que, quando ela triste e som!ria, se multiplicam mais e fa,em menos mel. /ssim acontece muitas #e,es, Filot ia, que a alma, #endo-se na !ela prima#era das consola(es celestes, tanto se ocupa em as sa!orear que, na a!undQncia das delicias celestiais, fa, muito menor n.mero de !oas o!ras- ao contrrio, #endo-se ela pri#ada das doces disposi(es da de#oo sens7#el, multiplica suas o!ras, enriquece-se, mais e mais em suas #erdadeiras #irtudes, como a paci8ncia, humildade, a!)eo de si mesma, resi%nao, a!ne%ao de seu amor-pr4prio. Grande , pois, o erro de muitas pessoas, principalmente mulheres, que creem que o ser#io prestado a &eus sem %osto, sem ternura de corao, se)a menos a%rad#el a sua di#ina ma)estade- pois que, como as rosas que, estando mais frescas, parecem mais !elas, mas t8m menos perfume e fora do que quando esto secas, assim tam! m a ternura torna as nossas

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    a(es mais a%rad#eis a n4s mesmos, )ul%ando-se pela deleitao que produ,em- t8m, entretanto, muito mais sua#e odor para o c u e so de muito maior merecimento diante de &eus, feitas num estado de secura espiritual. Sim, Filot ia, nossa #ontade entre%a-se ento ao ser#io de &eus, apesar de todas as repu%nQncias e, por conse%uinte, necessrio que empre%ue mais fora e constQncia do que no tempo duma de#oo sens7#el. +o merece %rande lou#or ser#ir a um pr7ncipe nas del7cias da pa, e da corte- mas ser#i-lo em tempos tumultuosos e de %uerra um sinal de fidelidade e constQncia. / !em-a#enturada an%ela de Foli%no di, que a orao mais a%rad#el a &eus aquela que se re,a contrafeito NforadoO, isto , aquela que fa,emos no por %osto e por inclinao, mas rea%indo para #encer a repu%nQncia que a7 achamos de#ido 2 nossa secura espiritual. 1 mesmo penso tam! m de Jidas as !oas o!ras- porque, quanto maiores empecilhos, se)am interiores, se)am e0teriores, encontramos, tanto mais merecem diante de &eus. 9uanto menor o nosso interesse particular na prtica das #irtudes, tanto mais resplandece a pure,a do amor di#ino. / criana !ei)a facilmente a sua me, quando esta lhe d a.car- mas isto seria um sinal de uma %rande afeio, se o fi,esse depois que ela lhe ti#esse dado a!sinto ou sumo amar%o de alo s. IV 3! ?&em$los $ara su$erao da aride# Para tornar mais e#idente o que dei0amos dito, #ou narrar aqui um !el7ssimo passo da #ida de So @ernardo assim como o li num autor to s!io quo )udicioso. H* coisa comum, di, ele, a todos aqueles que comeam a ser#ir a &eus e que no t8m ainda e0peri8ncia das #icissitudes Nre#esesO da #ida espiritual, perderem lo%o todo o Qnimo e ca7rem numa %rande pusilanimidade NdesanimoO, porque lhes faltam o %osto da

    3J P E<. '0emplos para superao da aride,

    2<G

    de#oo sens7#el e as ilumina(es a%rad#eis pelas quais corriam nas #ias do SenhorM. ' eis aqui a ra,o apresentada por aqueles que t8m %rande e0peri8ncia na direo das almas. 1 homem no pode #i#er por muito tempo sem al%um pra,er ou desta terra ou do c u. 1ra, como as almas que, pelo %osto dos pra,eres superiores 2 nature,a, se ele#aram acima de si mesmas renunciaram facilmente aos !ens sens7#eis e #is7#eis, acontece 2s #e,es que, pri#ando-as &eus das ale%rias salutares de seu esp7rito, despre#enidas, como esto, de todo o consolo temporal e no sendo ainda !astante fortes para esperar com paci8ncia a #olta do sol da )ustia- parece-lhes que no esto nem no c u nem na terra e que #i#em cercados das tre#as duma noite perp tuaassemelham-se 2s crianas desmamadas, que choram, %emem e se tornam enfadonhas e insuport#eis a todo o mundo e principalmente a si mesmas. Foi e0atamente isto o que aconteceu numa das #ia%ens de So @ernardo a um reli%ioso chamado Godofredo de P ronne, o qual se tinha consa%rado, ha#ia pouco, ao ser#io de &eus. Pri#ado su!itamente de toda a consolao e en#olto em tre#as espirituais, comeou ele a recordar-se de seus ami%os, do mundo, de seus pais e de seus !ens. Se%uiu-se uma tentao to #iolenta que um dos seus mais 7ntimos confidentes a notou pelos seus %estos e, chamando-o 2 parte, disse-lhe em se%redo e com muita !randura; 9ue si%nifica isso, Godofredo? 9ual a causa por que te #e)o, contra o teu costume, to pensati#o e triste? P "om um profundo suspiro respondeu ele; I meu irmo, )amais em minha #ida terei ale%ria. P 1 ami%o, tocado de compai0o e dum #erdadeiro ,elo de caridade fraterna, foi imediatamente comunicar isso ao seu pai comum, So @ernardo. &iri%iu-se lo%o este santo 2 i%re)a #i,inha, para re,ar pelo po!re aflito, que de to triste se deitara so!re uma pedra e adormecera. 9uando o santo, da7 a pouco, saiu da i%re)a, acordou o reli%ioso com o rosto to risonho e um ar to

    3J P E<. '0emplos para superao da aride,

    2=F

    tranquilo que o ami%o, admirado de tamanha e to rpida mudana, no p$de dei0ar de repreend8-lo um pouco por causa da resposta que pouco antes lhe tinha dado- ao que replicou Godofredo; 1hL Se eu disse que )amais em minha #ida eu teria ale%ria, asse%uro-te a%ora que nunca mais terei triste,a por toda a minha #ida. 'sta foi, pois, a tentao, 5as, Filot ia, ser !om refletires um pouco so!re ela. E. &eus fa, sa!orear as delicias celestes de ordinrio 2queles que entram em seu ser#io, para desprend8-los dos pra,eres do s culo e para asse%urar o seu corao nos caminhos de seu amor, como uma me que se ser#e do mel para acostumar o seu filhinho a amamentar-se. 2. 'ntretanto, depois de al%um tempo, tira-lhes &eus o leite e o mel se%undo as s!ias disposi(es de sua miseric4rdia, para os acostumar a um alimento mais s4lido, isto , a fim de fortificar a de#oo por pro#a de des%ostos e tenta(es. 3. Re#antam-se 2s #e,es %randes tenta(es no meio das securas e esterilidades do esp7rito e aqui necessrio distin%uir !em- porque as tenta(es, posto que no podem #ir de &eus, de#emos com!at8-las continuamente- mas as securas espirituais que, se%undo os planos de &eus, nos de#em ser#ir de e0erc7cio, ca!e-nos sofrer com paci8ncia. 6. +o nos de#emos dei0ar a!ater pelos des%ostos, nem di,er como o !om Godofredo; +unca mais terei ale%ria- porque durante a noite de#emos esperar pela lu,. ' i%ualmente no se de#e di,er nos dias pr4speros e feli,es da #ida espiritual; +unca mais terei triste,a- porque o s!io nos aconselha; 1os dias #elizes lembra-te da des!raa N'clo EE,2BOUaV. +os tra!alhos e sofrimentos, portanto, preciso ter esperanas- nas prosperidades, temor- e num e noutro estado, uma %rande e continua 4umildade.
    UaV 'clo EE,N2BO2<+o dia da felicidade, nin%u m se lem!ra dos males, e no dia da des%raa, nin%u m se lem!ra da felicidade.

    3J P E<. '0emplos para superao da aride,

    2=E

    <. Itimo meio, enfim, desco!rir todo o mal a um ami%o s!io e espiritual, que possa a)udar. 'nfim, para concluir estes a#isos salutares, o!ser#o que neste ponto, como em todas as coisas, &eus e o inimi%o t8m pretens(es diametralmente opostas- &eus nos quer le#ar, por esses tra!alhos, a uma %rande pure,a de corao, a uma ren.ncia de todo o interesse pr4prio, com respeito ao seu ser#io, a uma a!ne%ao inteira de n4s mesmos. 5as o esp7rito mali%no s4 intenta nos fa,er sensuais Nsens7#eisO e tornar-nos enfadonhos a n4s mesmos e aos outros, a fim de difamar e desonrar a santa de#oo. 5as, se p(es em prtica os ensinamentos que tenho dado, as afli(es muito contri!uiro para o teu aperfeioamento- por isso, antes de terminar, #ou di,er-te ainda duas pala#ras so!re elas. 1ri%inam-se 2s #e,es essas afli(es da indisposio do corpo, que o e0cesso de #i%7lias, tra!alhos e )e)uns e0tenuaram e causaram um adormecimento e doenas semelhantes, que no dei0am de incomodar muito o esp7rito, em ra,o de sim 7ntima unio com o corpo. +estas ocasi(es preciso empre%ar, quanto poss7#el for, toda a fora do esp7rito e da #ontade para fa,er muitos atos de #irtude- porque, em!ora parea que a alma este)a oprimida de modorra N%rande desQnimoO e cansao, nem por isso dei0a de ser a%rad#el a &eus o que ela fa,. ' podemos di,er ento como a 'sposa dos "antares; 2u durmo, mas o meu cora$o vi!ia- e, se nos custa tra!alhar assim, ser muito maior, como tenho dito, o merecimento da #irtude. 1 melhor rem dio, entretanto, ali#iar o corpo e reparar as suas foras por uma honesta recreao. So Francisco ordenou a seus reli%iosos de moderarem tanto os tra!alhos que no ser#issem de impedimento ao fer#or do esp7rito. ' este %lorioso patriarca foi atacado e a%itado uma #e, por uma melancolia to profunda que no a podia ocultar inteiramente. Se queria con#ersar com os reli%iosos, no o podia, e, se procura#a a solido, acha#a-se pior ainda. /

    3J P E<. '0emplos para superao da aride,

    2=2

    a!stin8ncia e a macerao da carne o e0tenua#am e a orao no lhe tra,ia nenhum al7#io. &ois anos passou ele neste estado lastimoso, crendo-se a!andonado por &eus. 5as, depois desta atro, tempestade, que ele sustentou humildemente, +osso Senhor num momento lhe restituiu a tranquilidade. /prendemos da7 que nem os maiores ser#os de &eus foram li#res desas pro#a(es e que os outros no se de#em admirar, se 2s #e,es lhes acontece al%uma coisa semelhante.

    9uinta Parte

    2=3

    Iuinta Parte Avisos e exerccios necessrios para renovar e conservar a alma na devo$o V ! 2ecessidade de renovao anual dos +ons $ro$sitos 1 primeiro ponto deste e0erc7cio consiste em reconhecer !em a sua importQncia. / fra%ilidade e as ms inclina(es da carne, que a%ra#am a alma e arrastam para as coisas da terra, nos fa,em a!andonar facilmente as nossas !oas resolu(es, a menos que, 2 fora de as %uardar, nos esforcemos muitas #e,es para nos ele#ar aos !ens celestes, como os pssaros, que, para no cair por terra, precisam !ater continuamente com as asas no ar. 'is ai a ra,o, Filot ia, por que de#es reno#ar assiduamente os !ons prop4sitos de ser#ir a &eus, com receio de que com o tempo recaias no primeiro estado ou, antes, noutro muito pior ainda, porque as quedas na #ida espiritual nos colocam sempre muito a!ai0o ainda do que est#amos antes nas #eredas da de#oo. +o h rel4%io, por melhor que se)a, a que no se precise dar corda de #e, em quando e que no se)a necessrio consertar e limpar periodicamente- e necessrio 2s #e,es passar 4leo nas rodas, para que os mo#imentos se faam mais sua#emente e elas no criem tanta ferru%em. ' todo aquele que cuida !em do seu corao lhe de#e dar corda, por assim di,er, de manh e 2 noite Npara o que ser#em os e0erc7cios indicadosO, e o!ser#ar-lhe sempre os mo#imentos, para o poder re%ular !em. * necessrio que ao menos uma #e, ao ano ele e0amine minuciosa e cuidadosamente as suas disposi(es, para reparar as faltas que se podero ter intrometido, reno#-las inteiramente e procurar premunir-se quanto poss7#el com a uno da %raa que rece!e na confisso e na comunho. 'ste e0erc7cio, Filot ia, h de reparar as tuas foras de!ilitadas pelo tempo, h de reanimar o fer#or de tua alma, h de fa,er re#i#er as tuas !oas resolu(es e

    J P E. +ecessidade de reno#ao anual dos !ons prop4sitos

    2=6

    reflorescer em ti todas as #irtudes. 'ra esta a prtica dos anti%os cristos, que, ao cele!rar a 3%re)a a mem4ria do !atismo de +osso Senhor, reno#a#am, como refere So Gre%4rio +a,ian,eno, as promessas do seu !atismo. :oma, pois, esta prtica, Filot ia, com toda a !oa #ontade e aplicao- escolhe um tempo oportuno, se%undo o consel4o do teu diretor, $ara um retiro de al%uns dias- e, ento, com todo o recolhimento, medita so!re os pontos se%uintes, se%undo o m todo e0pendido na se%unda parte. V '! " +ondade de Deus em nos c4amar ao seu servio E. "onsidera os pontos dessa protestao UaV. 1 primeiro ter detestado, dei0ado e renunciado para sempre todo o pecado mortal. 1 se%undo ter consa%rado tua alma, teu corpo, com todas as suas pot8ncias e faculdades, ao ser#io de &eus. 1 terceiro que, se cometeres al%uma falta, te le#antes imediatamente. +o so estas resolu(es lou##eis, )ustas, %enerosas? Pensa, pois, quo ra,o#el, santa e dese)#el esta protestao. 2. "onsidera a quem fi,este esta protestao; a Deus. Se os compromissos tomados deli!eradamente com os homens nos o!ri%am to estritamente, quanto mais os que assumimos com &eusL Ah9 'enhor, di,ia &a#i, a ti #oi que eu disse4 /eu cora$o #ormou uma boa resolu$o, da qual nunca me esquecerei. 3. "onsidera na presena de quem protestaste ser#ir a &eus; diante de toda a corte celeste. /hL / Sant7ssima Jir%em, So Aos , teu /n)o da Guarda, So Ru7s e todos os !em-a#enturados santos e santas te olharam com particular amor, quando, a)oelhada aos p s de +osso Senhor, lhe consa%raste o teu corao. Fi,eram ento por ti uma festa de ale%ria na Aerusal m celeste e a%ora ela h de ser comemorada, se quiseres reno#ar a
    UaV Protestao ~ protestar; no sentido de comprometer-se ou afirmar solenemente e pu!licamente, professar, testemunhar, )urar, pormeter.

    J P 2. / !ondade de &eus em nos chamar ao seu ser#io

    2=<

    tua consa%rao. 6. "onsidera os meios que ti#este para fa,er esta protestao. /hL 9uo doce e misericordioso ento foi &eus para conti%oL &i,e-o sinceramente; o 'spirito Santo no fe, o teu corao sentir todos os seus atrati#os? &eus no te atraiu a si pelos laos do seu amor, para te condu,ir, por entre as tempestades do mundo, para o porto de sal#ao? 1hL 9uantas del7cias de sua %raa te fa,ia ele sa!orear nos sacramentos, na leitura espiritual, na oraoL /hL Filot ia, esta#as dormindo e &eus #ela#a so!re ti, com pensamentos de pa, e de amor. <. "onsidera quando &eus te atraiu a si; na flor de teus anos. 1hL 9ue felicidade aprender to cedo o que s4 podemos sa!er to tarde. Santo /%ostinho, tendo-se con#ertido ) com trinta anos, e0clama#a; 5 anti!a beleza, qu$o tarde te tenho conhecido9 Ah9 2stavas diante de meus olhos e eu n$o te vi a. 1u poders di,er; I delicia eterna, por que no te tenho sa!oreado mais cedo? /hL Filot ia, que ento no o merecias ainda. Ceconhecendo, pois, a !ondade e a %raa de &eus, que te atra7ram a ele desde a )u#entude, e0clama com &a#i; 5 meu (eus, esclareceste meu esprito e tocaste meu cora$o desde a minha mocidade* eternamente louvarei a tua miseric6rdia. "aso s4 tenhas tido essa felicidade em tua #elhice, 4 Filot ia, que %raa que, depois de teres usado to mal os anos precedentes, &eus cortou o curso de tua mis ria antes da morte, que a tornaria eternal =. "onsidera os efeitos de tua #ocao- creio que achars em ti mesma feli,es mudanas, comparando o que s com o que foste. +o pensas que uma %rande coisa sa!er falar a &eus pela orao, ter inclinao para am-lo, ter acalmado tantas pai0(es que te inquieta#am, ter e#itado tantos pecados e em!araos de consci8ncia, e ter unido tantas #e,es a tua alma, pela comunho, 2 fonte ine0aur7#el dos !ens eternos? /hL 9ue %raas imensasL * preciso ponder-las, Filot ia, aos p s do santurio- foi a destra de &eus que fe, tudo isso. A m$o de

    J P 2. / !ondade de &eus em nos chamar ao seu ser#io

    2==

    (eus, in#initamente boa, di,ia &a#i, operou este prod!io* a sua destra levantou-me de minha queda. Ah9 ; n$o morrerei, mas viverei e cantarei com os meus lbios, meu cora$o e por tentas as minhas a>es, as maravilhas de sua bondade. &epois destas considera(es, que so cheias dos melhores afetos, cumpre concluir simplesmente por uma ao de %raas e por uma fer#ente orao, para pedir a &eus %raas e foras de tirar pro#eito dai- e, retirando-te ento com muita humildade e confiana, reser#ars as tuas resolu(es para tornar depois do se%undo ponto deste e0erc7cio. V ,! ?&ame "diantamento na vida devota 1 se%undo ponto este e0erc7cio um tanto lon%o e por isso te aconselho que o tomes por partes, por e0emplo, utili,ando de uma #e, o que concerne com teu procedimento para com &euso que di, respeito a ti mesmo, para outra- depois o que toca ao pr40imo e enfim a considerao das pai0(es. +o necessrio estar de )oelhos seno ao princ7pio, para te apresentares a &eus, e no fim, para fa,er os afetos. /s outras partes deste e0ame, podes fa,8-las com utilidade, mesmo na cama, se puderes estar ai al%um tempo deitada sem adormecer- mas para isto necessrio que as tenhas lido atentamente. "umpre que faas tudo o que concerne a este se%undo ponto em tr8s dias e duas noites no m0imo, reser#ando para isto al%umas horas cada dia e cada noite, conforme te for poss7#el- pois, fa,endo estes e0erc7cios em ocasi(es distantes uma da outra, eles ) no faro as impress(es que de#ero produ,ir. 'm cada uma das partes do e0ame hs de notar !em as tuas faltas, quer para as confessar, quer para pedir conselho, quer para formar so!re elas as tuas resolu(es e fortificar o teu esp7rito. "onquanto no se)a necessrio que nestes e noutros dias te a!stenhas de falar, como de costume, con# m entretanto que te retires um pouco mais cedo 2 noite, para que assim possas repousar o corpo e o esp7rito, como necessrio 2 meditao. &urante o

    J P 3. '0ame P /diantamento na #ida de#ota

    2=B

    dia fa,e frequentes aspira(es a &eus, a +ossa Senhora, aos an)os, a toda a Aerusal m celeste- mas diri%e-as com um corao cheio de amor a &eus e de dese)os de tua pr4pria perfeio. Para comear, pois, este e0ame; E. P(e-te na presena de &eus. 2. Pede lu,es ao 'spirito Santo, como Santo /%ostinho, que e0clama#a diante de &eus, em esp7rito de humildade; 5 'enhor, conhea eu a v6s e conhea-me a mim mesmo9 &i,e com So Francisco; %uem sois v6s, meu (eus, e quem sou eu< &i, que no queres conhecer o teu adiantamento para te re%o,i)ares em ti mesma, mas unicamente para te ale%rares em &eus, %lorific-lo e a%radecer-lhe. "lama tam! m que, se, como pensas, achares muito diminuto pro%resso ou at retrocesso, de nenhum modo te dei0ars a!ater ou desanimar, mas que, ao contrrio, procurars te animar e melhorar, reparando as tuas faltas com a %raa de &eus. &epois disso e0amina tranquilamente como tem sido a tua #ida para com &eus, para com o pr40imo e para conti%o mesma. V 1! ?&ame do estado da alma $ara com Deus E. 9ue di, o teu corao com respeito ao pecado mortal? :ens a firme resoluo de no comet8-lo por nada neste mundo? +isto consiste realmente o fundamento da #ida espiritual. 2. 9ue di, o teu corao relati#amente aos mandamentos de &eus? 'le Nteu coraoO os acha !ons, sua#es e a%rad#eis? /hL Filot ia, quem tem o paladar e o est$ma%o sadio %osta dos pratos !ons e re)eita os maus. 3. 9ue di, o teu corao acerca do pecado #enial? * imposs7#el #elarmos tanto so!re n4s mesmos que no cometamos nenhum. 5as no h al%um para o qual tenhas uma inclinao especial, ou, o que seria pior ainda, ao qual tenhas afeto?

    J P 6. '0ame do estado da alma para com &eus

    2=K

    6. 9ue di, o teu corao dos e0erc7cios espirituais? Gostas deles? :u os estimas? +o te desa%radam? +o sentes des%osto neles? / qual deles sentes mais ou menos afeto? 1u#ir a pala#ra de &eus, ler e falar dela, medit-la, ser#ir-se dela em suas aspira(es, confessar-se, pedir conselhos espirituais, preparar-se para a santa comunho, comun%ar, moderar as suas inclina(es- que h em tudo isso para o que sentes a#erso? ', se achas al%uma coisa que tenha menos atrati#os para ti, e0amina donde #em isso. <. 9ue di, o teu corao de &eus mesmo? &esa%rada-te a lem!rana de &eus? 1u achas consolo nisso? Ah9 &i, &a#i, lembrei-me de (eus e lo!o #iquei consolado. Sentes em teu corao uma facilidade de am-lo e um %osto particular para sa!orear este amor? Sentes ale%ria em pensar na imensidade de &eus, em sua !ondade e miseric4rdia? Se a lem+rana de Deus se apresenta ao teu corao no meio das ocupa(es e #aidades do mundo, tens a7 lu%ar para ela? 'st tua alma possu7da dela? Joltas-te para este lado e lhe #ais, por assim di,er, ao encontro? "ertamente que h destas almas. Uma mulher que sa!e que seu marido #olta depois de uma lon%a #ia%em ou ou#e a sua #o,, dei0a tudo o que est fa,endo, mesmo as ocupa(es mais importantes, para ir rece!8-lo- nada mais lhe prende o corao e ela a!andona todos os outros pensamentos, para pensar s4 nele. 1 mesmo acontece com as almas que amam a &eus- por mais ocupadas que este)am com outras coisas, assim que a lem!rana de &eus se lhes apresenta, perdem lo%o quase toda a ateno para as outras coisas, pelo pra,er que sentem neste pensamento. * um 4timo sinal. =. 9ue di, o teu corao a respeito de Aesus "risto, o homem &eus? /chas nele o teu pra,er? /s a!elhas %ostam de estar ao redor de seu mel e as #espas NmoscasO em redor das imund7cies- as almas santas p(em a sua ale%ria em estar com

    J P 6. '0ame do estado da alma para com &eus

    2=G

    Aesus "risto e t8m um amor todo terno para com ele, mas as almas #s e loucas #o procur-lo nas #aidades do mundo. B. 9ue di, o teu corao de +ossa Senhora, dos santos e de teu an)o da %uarda? :ens amor para com eles? :ens amor especial e confiana em sua proteo? Gostas de suas ima%ens, de sua #ida, de seus lou#ores? K. 9uanto 2 tua lin%ua%em, como que falas de &eus? Falas com %osto, se%undo o teu estado e capacidade? Gostas de entoar os cQnticos espirituais cheios de amor de &eus? G. 9uanto a tuas o!ras, pensa se tens tido ,elo para a %l4ria e0terior de &eus e dese)o de fa,er al%uma coisa para sua honra. 1s que amam a &eus estimam tam! m o ornamento de sua casa. Podes di,er que tens renunciado a al%um afeto ou a al%uma coisa por &eus? * um sinal se%uro de amor pri#ar-se de al%um o!)eto de que se %osta, por amor do amado. 9ue tens, pois, dei0ado at a%ora por amor de &eus? V 3! ?&ame do estado da alma $ara consi%o mesma E. 9ue amor tens para conti%o mesma? +o te amas demasiadamente com amor mundano? Se assim, dese)ars ficar muito tempo no mundo e ters cuidado de esta!elecer-te ai- mas, se para o c u que te amas, ters %rande dese)o de dei0ar esta terra- ao menos te conformars facilmente a dei0la, quando for a #ontade de &eus. 2. * !em re%rado este amor para conti%o mesma? 1 amor desre%rado , pois, a nossa pr4pria ru7na. 1ra, o amor re%rado quer que amemos mais a alma que o corpo, que tenhamos mais cuidado de adquirir #irtudes do que tudo o mais e que estimemos mais a %l4ria eterna do que as honras mundanas e passa%eiras. Um corao re%rado di, muitas #e,es a si mesmo; 9ue diro os an)os, se penso nisto ou naquilo? ' no dir; 9ue diro os homens? 3. 9ue amor tens 2 tua alma? +o te a!orrece cuidar dela em suas enfermidades? /hL de#es-lhe este cuidado, quando as

    J P <. '0ame do estado da alma para consi%o mesma

    2BF

    pai0(es a atormentam- preciso dei0ar tudo por isso e ainda por cima procurar a caridade de outros. 6. 9ue pensas de ti mesma perante &eus? 9ue s um nada, sem d.#ida- mas no %rande humildade que uma mosca se tenha por nada ao p de uma montanha, nem que uma %ota de %ua se tenha por nada em comparao com o mar, nem que uma fa7sca ou centelha se )ul%ue nada 2 #ista do sol- a humildade consiste em no te preferires aos outros e em no quereres que os outros te deem essa prefer8ncia. "omo ests neste ponto? <. 9uanto 2 tua l7n%ua, no te #an%lorias duma maneira ou doutra? +o te lison)eias falando de ti mesma? =. 9uanto a tuas a(es, !uscas al%um di#ertimento contrrio 2 tua sa.de, quero di,er, di#ertimentos e pra,eres #os, in.teis, at alta noite, etc.? V 6! ?&ame do estado da alma $ara com o $r&imo "umpre amar a teu marido ou a tua esposa com um amor sua#e e tranquilo, firme e continuo, e isso porque &eus assim o quer. 1 mesmo, di%o dos filhos, dos parentes pr40imos e ami%os, se%undo o %rau dos laos que nos unem. 5as, para falar em %eral, quais so as disposi(es do teu corao para com o pr40imo? /mas sinceramente a todos por amor a &eus? Para o conheceres, relem!ra-te de al%umas pessoas desa%rad#eis, enfadonhas e mal asseadas- e0atamente aqui onde se mostra o amor ao pr40imo, por &eus, ainda mais quando se tratam !em aqueles que nos ofenderam por suas a(es ou pala#ras. '0amina se teu corao no sente uma %rande repu%nQncia em am-las. +o s le#iana no falar em despro#eito do pr40imo, so!retudo das pessoas que no estimas? "ausas al%um dano ao pr40imo diretamente? "om um pouco de cuidado poders a#eri%u-lo facilmente.

    J P B. '0ame so!re as pai0(es

    2BE

    V 7! ?&ame so+re as $ai&0es &emorei-me mais nos pontos antecedentes, que ser#em para conhecer os pro%ressos feitos na #ida espiritual- porque o e0ame dos pecados tem em mira a confisso daqueles que no aspiram 2 perfeio. 'ntretanto, !om deter-se em cada um desses pontos, considerando o estado da alma e as faltas maiores que se podero ter cometido. 5as, para resumir tudo, limitemos este e0erc7cio ao e0ame das pai0(es e consideremos unicamente o que temos sido e como nos temos comportado quanto aos pontos se%uintes; 'm nosso amor para com &eus, para com o pr40imo e para com n4s mesmos+o 4dio aos pecados, tanto aos nossos, como aos dos outrosporque tanto de#emos dese)ar a sua correo como a nossa'm nossas am!i(es de rique,as, pra,eres e honras+o temor dos peri%os de pecar e de perder os !ens desta #ida, se tememos muito a uns e pouco aos outros+a esperana fundada, tal#e, muito, neste mundo e nas criaturas, e pouco em &eus e nas coisas eternas+a triste,a, se demasiada e por coisas que no a merecem+a ale%ria, se e0cessi#a e por coisas indi%nas. 'nfim, o!ser#emos que afetos em!araam o nosso corao, que pai0(es o possuem e em que pontos principalmente ele se tem desre%rado. Pelas pai0(es se conhece o estado da almaporque, como o #iolinista toca todas as cordas para afinar as dissonantes, esticando mais umas e afrou0ando outras, assim tam! m se, depois de termos o!ser#ado todas as nossas pai0(es, as achamos pouco conformes ao nosso dese)o de %lorificar a &eus, as poderemos a)ustar com a %raa di#ina e o au07lio do diretor espiritual. V 8! "fetos que se devem se%uir a este e&ame &epois de reconheceres o teu estado, e0cita em tua alma estes afetos;

    J P K. /fetos que se de#em se%uir a este e0ame

    2B2

    Se fi,este al%um pro%resso, por pouco que se)a, a%radece a &eus e reconhece que o de#es unicamente a sua miseric4rdia. Sumilha-te diante de &eus, protestando NafirmandoO que por tua culpa que no tens adiantado mais, porque no correspondeste com fidelidade, Qnimo e constQncia 2s suas inspira(es, lu,es e mo(es, quer na orao quer fora dela. Promete-lhe lou#ar eternamente as %raas pelas quais ele operou em ti essas melhoras. Pede-lhe perdo por tua infidelidade, oferece-lhe teu corao, suplicando-lhe tomar posse dele e torn-lo fiel. 3n#oca a Sant7ssima Jir%em, teu an)o da %uarda, os santos e principalmente teu padroeiro, So Aos e os outros. V 9! ;enovar os +ons $ro$sitos &epois de teres conferenciado com o teu diretor espiritual so!re as tuas faltas e os meios de remedi-las, toma cada dia uma das considera(es se%uintes para torn-las o!)eto de tuas ora(es, conforme o m todo de meditao e0pedido na primeira parte, quanto 2 preparao e afetos, pondo-te antes de tudo na presena de &eus e pedindo-lhe %raa para te firmares sempre mais no amor a ele e no seu ser#io. V <! " e&cel(ncia de nossa alma "onsidera a no!re,a e e0cel8ncia de tua alma em #ista do seu conhecimento deste mundo #is7#el, dos an)os, de &eus, o Senhor so!erano e infinitamente !om, da eternidade e em %eral de tudo o que necessrio para #i#eres neste mundo, para te associares aos an)os no para7so e para %o,ares eternamente de &eus. :ua alma tem uma #ontade capa, de amar a &eus e incapa, de odi-lo nele mesmo. J8 quo no!re teu corao, que, nada achando entre as criaturas que o possa saciar plenamente, s4 encontra o seu repouso em &eus. Rem!ra-te #i#amente dos pra,eres mais queridos e procurados que outrora ocuparam teu

    J P EF. / e0cel8ncia de nossa alma

    2B3

    corao e )ul%a a%ora imparcialmente se no eram misturados de muita inquietao, pesar, a!orrecimento e amar%ura, de sorte que teu po!re corao s4 acha#a a7 mis rias. /hL "om demasiada Qnsia #ai o nosso corao atrs dos !ens criados, persuadido de achar neles a satisfao dos seus dese)os- mas assim que os sa!oreia, reconhece a impossi!ilidade. &eus no quer que ele ache repouso em parte al%uma, como a pom!a que saiu da arca de +o , para que #olte a seu &eus, de quem se tem afastado. 1hL 9uo %rande a e0cel8ncia do nosso coraoL ' por que o conser#amos n4s, contra a sua #ontade, na escra#ido das criaturas? I minha alma, de#es di,er, tu podes perfeitamente conhecer e amar a &eus- para que te entret ns com coisas to !ai0as? Podes pretender a eternidade, e por que procuras !ens passa%eiros? Foi esta a infelicidade do filho pr4di%o- tendo podido #i#er 2 mesa deliciosa de seu pai, #iu-se forado a comer o resto dados aos animais. I alma, tu s capa, de possuir a &eus- infeli, de ti, se te contentas com menos do que &eusL 'le#a, pois, e anima tua alma, que eterna, a contemplar e aspirar 2 eternidade de que ela di%na. V ! ?&cel(ncia das virtudes

    "onsidera que somente as #irtudes e a de#oo podem tornar o teu corao feli, neste mundo. /dmira as suas !ele,as e compara-as aos #7cios contrrios. 9uanta sua#idade na paci8ncia, na humildade, em comparao com a #in%ana, a c4lera e a triste,a, a am!io e a arro%Qncia- na caridade, na so!riedade, em comparao com a a#are,a, a in#e)a e as desordens da intemperanaL /s #irtudes encerram isso de admir#el; que a sua prtica dei0a na alma uma consolao inef#el- ao passo que os #7cios a lanam num a!atimento e desolao deplor#eis. Por que, pois, no nos esforamos por

    J P EE. '0cel8ncia das #irtudes

    2B6

    procurar toda aquela ale%ria? 9uem se d a um #7cio no #i#e feli, P e quem se d a muitos um homem infeli,- mas quem tem al%umas #irtudes ) participa de suas ale%rias e sua felicidade cresce 2 proporo que suas #irtudes a#ultam. I #ida de#ota, quo !ela s tu e quo sua#e e a%rad#elL Sua#i,as as afli(es e aumentas a sua#idade das consola(es- sem ti o !em mal, os pra,eres s4 causam desassosse%o, pertur!ao e a!atimento. /hL 9uem te conhece !astante pode di,er com a samaritana. 'enhor, dai-me desta !ua9 (omine, da mihi hanc a!uamL /spirao esta, mui frequente, de Santa :eresa e Santa "atarina de G8no#a, em!ora por moti#os diferentes. V '! O e&em$lo dos santos "onsidera os e0emplos dos santos de todos os tempos, de am!os os se0os, de todos os estadosL 9ue no fi,eram eles para amar a &eus com um de#otamento completo? "onsidera os mrtires inque!rant#eis em suas resolu(es- quantos tormentos preferiram eles sofrer a transi%ir num s4 pontoL 1lha para essas pessoas to !elas e florentes, ornamentos do se0o de#oto, mais cQndidas que o l7rio, por sua pure,a, e mais ru!icundas Na#ermelhadasO que a rosa, por sua caridade. Umas na idade de do,e, tre,e e quin,e anos, outras com #inte e cinco anos, sofreram di#ersos mart7rios por no mudar de resoluo, no s4 em mat ria de f , mas tam! m no tocante 2 de#oo, se)a quanto 2 #ir%indade ou ao ser#io dos po!res desamparados, se)a quanto ao consolar os condenados ao supl7cio ou ao sepultar os mortosL K meu Deus/ que const.ncia mostrou esse se&o fraco em ocasi0es semel4antesL "onsidera os milhares de santos confessores; com que fora de esp7rito despre,aram o mundoL 9ue in#enc7#el foi a sua firme,aL +ada conse%uiu que!r-la. /!raaram sem reser#a as suas resolu(es e as manti#eram sem e0ceo. 5eu &eus, que

    J P E2. 1 e0emplo dos santos

    2B<

    no disse Santo /%ostinho de sua meL "om que constQncia o!ser#ou ela seu prop4sito de ser#ir a &eus fielmente, no estado matrimonial e na #iu#e,. 9uantos impedimentos, o!stculos e acidentes sustentou e com!ateu Santa Paula, a filha espiritual de So Aer$nimo, como ele nos refereL ' que de#emos n4s fa,er ante e0emplos to ma%n7ficos? 1s santos eram o que n4s somos, fa,iam tudo pelo mesmo &eus e tra!alharam por adquirir as mesmas #irtudes. Por que, pois, no faremos outro tanto em nossa condio e se%undo a nossa #ocao para manter o nosso prop4sito e protesto de pertencer s4 a &eus? V ,! O amor de )esus *risto $or ns "onsidera o amor com o qual Aesus "risto tanto sofreu neste mundo, principalmente no Aardim das 1li#eiras e no "al#rio. 'sse amor tinha a n4s em mira e nos impetra#a do Pai eterno, por tantos sofrimentos e tra!alhos, as !oas resolu(es e protestos que fi,emos de corao e as %raas necessrias para as nutrir, fortificar e reali,ar. I santas resolu(es, quo preciosas sois, sendo o fruto da pai0o de +osso SenhorL 1hL 9uanto minha alma #os de#e apreciar, pois que tanto custastes a AesusL I Senhor de minha alma, J4s morrestes para me conceder a %raa de fa,8-las- dai-me, pois, a %raa de antes morrer do que perd8-lasL Pondera !em, Filot ia- certo que o corao de nosso Aesus pre%ado na cru, esta#a considerando o teu, que ele ama#a e para o qual impetra#a por este seu amor todos os !ens que tens rece!ido e rece!ers no futuro. Sim, Filot ia, !em podemos di,er com Aeremias; 'enhor, antes de eu ter nascido olhavas para mim e me chamavas pelo nome. +o du#idemos- o !om Aesus, que nos re%enerou na cru,, nos le#a em seu "orao, como uma me ao filho em seu seio- a @ondade di#ina preparou-nos a7 todos os meios %erais e particulares de nossa sal#ao, todos os atrati#os e %raas de que ele se ser#e a%ora

    J P E3. 1 amor de Aesus "risto por n4s

    2B=

    para condu,ir nossa alma 2 perfeio; como uma me que prepara para seu filho tudo que sa!e lhe poder ser necessrio depois do nascimento. /hL 5eu &eus, de#7amos %ra#ar isso profundamente em nossa mem4riaL * poss7#el que eu tenha sido amado e amado to ternamente de meu Sal#ador, que ele tenha pensado em mim indi#idualmente e em todas as pequenas ocasi(es pelas quais ele me quis atrair a si? +a #erdade, quanto de#emos amar, apreciar e empre%ar utilmente tudo issoL &ulc7ssimo pensamento; o "orao tern7ssimo de Aesus pensa#a em Filot ia, ama#a-a e lhe procura#a mil meios de sal#ao, como se no hou#esse no mundo outras almas em que ele ti#esse que pensar- o sol, iluminando um .nico lu%ar na terra, no seria mais claro que a%ora, quando a ilumina toda inteira. 2le me amou, di, So Paulo, e se entre!ou por mim- como se ele nada ti#esse feito para os outros homens. 'is a7, Filot ia, o que de#es %ra#ar em tua alma, para apreciar de#idamente e nutrir a tua resoluo, que foi to estimada e preciosa ao "orao do Sal#ador. V 1! O amor eterno de Deus $or ns "onsidera o amor eterno que &eus tem tido por n4s. /ntes da encarnao e da morte de Aesus "risto a 5a)estade di#ina te ama#a infinitamente e te predestina#a para o seu amor. 5as quando que ele comeou a te amar? "omeou a fa,8-lo quando comeou a ser &eus. ' quando comeou a ser &eus? +unca, porque sempre o foi sem comeo nem fim- e seu amor por ti, que nunca te#e comeo, preparou-te desde toda a eternidade as %raas e fa#ores que tens rece!ido. &i, ele a n4s todos pelo profeta Aeremias; com um amor perptuo eu te tenho amado e te atrai a mim, tendo miseric6rdia de ti . 'le o di, a ti, como a todos os outros- de#es, pois, ao seu amor todas as !oas resolu(es que tens tomado. I &eus, quo preciosas de#em ser essas resolu(es que

    J P E6. 1 amor eterno de &eus por n4s

    2BB

    desde toda a eternidade a di#ina Sa!edoria e @ondade tinha em #istaL 9uo car e preciosas de#em elas ser para n4sL 9ue no de#er7amos sofrer antes que perd8-las, em!ora todo o mundo ti#esse que perecerL Porque todo o mundo )unto no #ale uma alma e uma alma no #ale nada sem estas resolu(es. V 3! Os afetos %erais/ $ara concluir este e&erc=cio I santas resolu(es, contemplo-#os como a santa r#ore de #ida que &eus plantou no meio de meu corao e que +osso Senhor #eio re%ar com o seu san%ue, para que produ,a frutos a!undantes. /ntes mil mortes do que permitir que a arranquem de meu corao. +o, nem as #aidades, nem as delicias da #ida, nem, as rique,as, nem as afli(es me o!ri%aro a mudar de inten(es. /hL Senhor, a #ossa !ondade paternal que acolheu meu corao, por pior que se)a, para tra,er frutos di%nos de #4s, a quem eu de#o tudo isso. 9uantas almas no ti#eram esta felicidadeL 9uando, pois, poderei me humilhar !astante perante #ossa miseric4rdia? I resolu(es deliciosas e santas, se eu #os conser#o, #os me conser#areis a mim- se #4s #i#eis em minha alma, minha alma #i#er em #4s. Ficai, pois, para sempre em meu corao, 4 queridas. resolu(es, eternas que sois na miseric4rdia de &eusL 'stai e #i#ei sempre em mim, que )amais #os a!andonarei. &epois destes afetos, ser !om particulari,ar aqui os meios de conser#ar estes prop4sitos. So principalmente o uso frequente dos sacramentos, as !oas o!ras, o cuidado de corri%ir as faltas que reconhecemos ter cometido, a fu%a das ocasi(es ms e a fidelidade em se%uir os conselhos que nos derem. 'nfim, protesta NafirmaO #i#amente milhares de #e,es que hs de perse#erar nestas resolu(es- como se ti#esses o corao nas mos, oferece-o a &eus, consa%rando e santificando-lhe inteiramente, di,endo que o p(es nas suas mos, que )amais querers retom-lo, mas, sim, que queres fa,er sempre e em

    J P E<. 1s afetos %erais, para concluir este e0erc7cio

    2BK

    toda parte a sua santa #ontade. Pede a &eus que te reno#e inteiramente e que te a!enoe e conser#e assim pelo poder de seu esp7rito in#oca a Sant7ssima Jir%em, teu an)o da %uarda, santos, So Ru7s e outros. +estas santas disposi(es, com o corao como#ido pela %raa, a)oelha-te aos p s de teu diretor espiritual- acusa-lhe numa confisso %eral as faltas principais que notaste e, tendo pronunciado diante dele e assinado a protestao que tens feito, rece!e a a!sol#io com esses mesmos sentimentos. 'nfim, une o teu corao, assim reno#ado, a seu princ7pio e a seu Sal#ador pela recepo do sacramento da 'ucaristia. V 6! Perseverana de$ois deste e&erc=cio +o dia em que fi,eres esta reno#ao e nos dias se%uintes de#es pronunciar muitas #e,es com o corao e com os l!ios estas ardentes pala#ras de So Paulo, Santo /%ostinho e Santa catarina de G8no#a; +o, eu no perteno mais a mim- se)a #i#a, se)a morta, eu perteno a meu Sal#ador. +ada tenho de mim, nada para mim. * Aesus que #i#e em mim e tudo o que posso chamar meu lhe pertence. I mundo, permaneces sempre o mesmoL ' eu tam! m at a%ora tenho sido sempre eu mesmamas de a%ora em diante no o serei mais. +o, no seremos mais n4s mesmos, porque teremos o corao mudado- e o mundo, que nos en%anou, en%anar-se- so!re n4s- porque, notando s4 aos poucos a nossa mudana, ele nos crer semelhantes a 'sa. e por fim nos achar semelhantes a Aac4. +osso corao de#e conser#ar por muito tempo as impress(es deste e0erc7cio e passar sua#emente das medita(es aos ne%4cios e con#ersas com os homens, temendo que a uno das !oas resolu(es no se perca de repente, porque necessrio que nossa alma este)a compenetrada delas com todas as suas pot8ncias, mas sem que isso nos custe um esforo #iolento do esp7rito e do corao.

    J P EB. Cesposta a o!)e(es contra esta 3ntroduo

    2BG

    V 7! ;es$osta a o+5e0es contra esta Introduo &ir-te- o mundo, Filot ia, que estes conselhos e e0erc7cios so tantos que quem os quisesse o!ser#ar no poderia dar ateno a outra coisa. /hL Filot ia, mesmo que no fi, ssemos mais nada, ) ter7amos feito !astante, pois que ter7amos feito o que de#emos fa,er neste mundo. 5as no ests #endo o ardil do inimi%o? * #erdade que, se nos dedicssemos todos os dias a estes e0erc7cios, eles nos ocupariam todo o tempo. 5as &eus no os e0i%e seno em certos tempos e em certas ocasi(es. 9uantas leis ci#is h no &i%esto e no "4di%o que se t8m que o!ser#ar, mas no todos os dias e sempreL &emais, &a#i, em!ora fosse rei e se ocupasse de ne%4cios de alta importQncia, da#a-se a muito mais e0erc7cios do que os indicados. So Ru7s, to %rande monarca na %uerra e na pa, e to empenhado em administrar a )ustia e mane)ar os ne%4cios do reino, ou#ia todos os dias duas 5issas, recita#a as J speras e "ompletas com o seu capelo, fa,ia a sua meditao, #isita#a os hospitais, confessa#a-se todas as se0tas-feiras e tra,ia um cil7cio. 5uitas #e,es ele assistia aos serm(es, al m de mui frequentes confer8ncias espirituais- e com tudo isso nunca faltou ele com a necessria aplicao e e0atido a um s4 ne%4cio do !em p.!lico e sua corte era muito mais !ela e florescente do que no tempo de seus antecessores. Pratica, pois, animosamente estes e0erc7cios assim como os dei0ei apontados e &eus te dar tempo e foras !astantes para os teus ne%4cios, mesmo que fosse necessrio fa,er parar o sol, como aconteceu a Aosu . Sempre fa,emos muito, quando &eus tra!alha conosco. 1 mundo dir que eu pressuponho aqui que Filot ia tenha o dom da orao mental e, como nem todos o possuem, esta introduo no poder ser#ir para todos. "onfesso que o pressupus e que nem todos o t8m. 5as #erdade tam! m que quase todos o podem ter, mesmo os mais rudes, uma #e, que escolham !ons diretores espirituais e que, para o alcanar,

    J P EB. Cesposta a o!)e(es contra esta 3ntroduo

    2KF

    queiram tra!alhar tanto quanto a mat ria o merece- e se al%uns no o possu7rem nem no seu %rau mais 7nfimo No que, penso, ser muito raroO, um s!io diretor espiritual suprir facilmente esta falta, mandando-lhes ler com ateno estas considera(es e medita(es. V 8! "visos im$ortantes +os primeiros dias de cada m8s reno#a depois da meditao a protestao que se acha na primeira parte, repetindo, depois, no decurso do dia, como &a#i; 1$o, meu (eus, eu nunca me esquecerei de tua lei, porque nela #oi que vivi#icaste minha alma. ', quando sentires al%uma mudana maior em ti, toma nas mos a f4rmula da protestao e, proferindo-a de todo o corao, com profunda humildade e a!ne%ao, nisso o!ters %rande al7#io. Fa,e profisso manifesta no de ser de#oto ou de#ota, mas de querer s8-lo, e no te en#er%onhes das a(es comuns e necessrias que nos condu,em ao amor a &eus. "onfessa resolutamente que procuras fa,er a meditao, que preferes morrer antes do que cometer um pecado mortal, que queres frequentar os sacramentos e se%uir os conselhos do teu diretor espiritual, o qual, por m, por di#ersas ra,(es, melhor que no se nomeie. 'sta declarao sincera de querer ser#ir a &eus e consa%rarse de todo o corao ao seu amor muito aceita da di#ina 5a)estade, que no quer que se tenha #er%onha de seu ser#io e da cru, de seu Filho- al m disso isto corta o caminho a muitos laos que o mundo nos quereria armar e nos o!ri%a mesmo por nossa honra a sermos perse#erantes. 1s fil4sofos declara#am-se fil4sofos para que os dei0assem #i#er filosoficamente e n4s declararemos o nosso dese)o de #ida de#ota, para que nos dei0em #i#er de#otamente. Se al%u m te disser que a de#oo no e0i%e a prtica de todos esses

    J P EK. /#isos importantes

    2KE

    conselhos e e0erc7cios, no o ne%ues- mas responde com !randura que tua fraque,a to %rande que precisa de mais au07lios e socorros que outros. 'nfim, eu te con)uro, Filot ia, por tudo o que h de sa%rado no c u e na terra, pelo !atismo que rece!este, pelo corao com que Aesus te amou, pelas entranhas de sua miseric4rdia, em que dep(es a tua confiana, continua com perse#erana no teu feli, prop4sito de le#ar uma #ida de#ota. 1s dias #oam e a morte est a !ater 2 porta. A trombeta, di, So Gre%4rio +a,ian,eno, toca a retirada* cada um se prepare para o juzo, que est pr6ximo / me de So Sinforiano, #endo condu,irem seu filho ao mart7rio, e0clama#a-lhe; 5eu filho, meu filho, lem!ra-te da #ida eterna, olha para o c u e contempla quem ali reina. 'is-te a7 no t rmino desta #ida curta e miser#el. 'u tam! m te di%o, Filot ia; olha para o c u e no o queiras trocar pela terra- olha para o inferno e no te lances a7 por um pra,er momentQneo- olha para Aesus "risto e no o renuncies pelo mundo- e, quando a prtica das #irtudes te parecer rdua, canta com So Francisco; H* to %rande o !em que espero, 9ue a dor com pra,er toleroLM Ji#a AesusL /o qual com o Pai e o 'spirito Santo se)am dadas honra e %l4ria, a%ora e sempre, por todos os s culos dos s culos. /ssim se)a.

    Sumrio

    2K2

    Sumrio
    Prefcio de So Francisco de Sales....................................................3 1rao &edicat4ria............................................................................B

    Primeira Parte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!9
    3 P E. / nature,a da de#oo..............................................................G 3 P 2. Propriedades e e0cel8ncias da de#oo...................................E2 3 P 3. / de#oo .til a todos os estados e circunstQncia de Jida....E6 3 P 6. +ecessidade de um diretor espiritual......................................E< 3 P <. +ecessidade de comear pela purificao da alma..................EK 3 P =. +ecessrio da purificao dos pecados mortais......................2F 3 P B. +ecessidade da purificao da afeio ao pecado...................2E 3 P K. "omo alcanar este %rau de pure,a.........................................23 3 P G. 5editao so!re a criao do homem.....................................26 3 P EF. 5editao so!re o fim do homem.........................................2= 3 P EE. 5editao so!re os !enef7cios de &eus.................................2G 3 P E2. 5editao so!re os Pecados.................................................3E 3 P E3. 5editao so!re a morte.......................................................33 3 P E6. 5editao so!re o Au7,o Final..............................................3< 3 P E<. 5editao so!re o 3nferno....................................................3B 3 P E=. 5editao so!re o Para7so....................................................3G 3 P EB. 5editao so!re a escolha entre o " u e o 3nferno...............6E 3 P EK. 5editao P 'scolha da #ida mundana ou de#ota.................63 3 P EG. +ecessidade de uma !oa confisso %eral..............................6= 3 P 2F. Firme prop4sito para concluir os e0erc7cios..........................6B 3 P 2E. "oncluso. &o primeiro %rau de pure,a................................6K 3 P 22. Purificao de todos os afetos aos pecados #eniais...............6G 3 P 23. Purificao das coisas in.teis e peri%osas.............................<2 3 P 26. Purificao das imperfei(es naturais...................................<3

    Se%unda Parte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!36
    33 P E. / necessidade da orao........................................................<= 33 P 2. Preparao; p$r-se na presena de &eus................................<G 33 P 3. Preparao; / in#ocao........................................................=E 33 P 6. Preparao; Propor-se um mist rio........................................=2 33 P <. 5editao; /s considera(es.................................................=3

    Sumrio

    2K3

    33 P =. 5editao; 1s afetos e as resolu(es....................................=3 33 P B. / concluso e o ramalhete espiritual......................................=6 33 P K. /#isos acerca da meditao...................................................=< 33 P G. / aride, espiritual na meditao............................................=K 33 P EF. / orao da manh..............................................................=G 33 P EE. / orao da noite e o e0ame de consci8ncia........................BF 33 P E2. &o recolhimento..................................................................BE 33 P E3. /s ora(es )aculat4rios e os !ons pensamentos...................B6 33 P E6. / 5issa como de#emos participar.......................................BG 33 P E<. 1utros e0erc7cios de de#oo..............................................K2 33 P E=. &e#emos honrar e in#ocar os santos....................................K3 33 P EB. "omo ou#ir e ler a pala#ra de &eus.....................................K6 33 P EK. "omo rece!er as inspira(es...............................................K= 33 P EG. 1 Sacramento da "onfisso.................................................KK 33 P 2F. / comunho frequente.........................................................G2 33 P 2E. "omo comun%ar !em..........................................................G<

    Cerceira Parte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!98
    333 P E. / escolha das #irtudes..........................................................GK 333 P 2. "ontinuao P / escolha das #irtudes................................EF2 333 P 3. / Paci8ncia.........................................................................EF= 333 P 6. / humildade e0terior..........................................................EEF 333 P <. / humildade interior...........................................................EE3 333 P =. / humildade; /mar a nossa a!)eo...................................EEK 333 P B. "onser#ar a reputao concomitante a humildade..............E22 333 P K. / mansido e os rem dios contra a ira...............................E2= 333 P G. / mansido para conosco...................................................E3F 333 P EF. "uidado dos ne%4cios sem inquietao............................E32 333 P EE. / o!edi8ncia.....................................................................E36 333 P E2. +ecessidade da castidade.................................................E3B 333 P E3. "omo conser#ar a castidade.............................................E6F 333 P E6. / po!re,a unida 2 posse de rique,as................................E62 333 P E<. Praticar a po!re,a, permanecendo nas rique,as................E6< 333 P E=. /s rique,as em esp7rito na po!re,a..................................E6G 333 P EB. / ami,ade em %eral e suas esp cies ms..........................E<F 333 P EK. /s mais peri%osas ami,ades.............................................E<3 333 PEG. /s #erdadeiras ami,ades...................................................E<=

    Sumrio

    2K6

    333 P 2F. &iferena entre ami,ades #s e #erdadeiras.....................E<G 333 P 2E. /#isos e rem dios contra as ms ami,ades.......................E=6 333 P 22. 1utros a#isos sare as ami,ades.........................................E=< 333 P 23. '0erc7cio de mortificao e0terior...................................E=B 333 P 26. / sociedade e a solido.....................................................EB2 333 P 2<. / dec8ncia dos #estidos....................................................EB< 333 P 2=. /s con#ersas e como falar de &eus..................................EBB 333 P 2B. /s pala#ras e o respeito para com pr40imo......................EBK 333 P 2K. 1s )u7,os temerrios.........................................................EKE 333 P 2G. / maledic8ncia.................................................................EK= 333 P 3F. "omo falar.......................................................................EG2 333 P 3E. 1s di#ertimentos- os honestos e l7citos.............................EG6 333 P 32. 1s )o%os proi!idos............................................................EG< 333 P 33. 1s cuidados com !ailes e outros di#ertimentos................EG= 333 P 36. 9uando se pode )o%ar ou danar......................................EGG 333 P 3<. / fidelidade de#ida a &eus em todas as coisas.................EGG 333 P 3=. &e#emos ser )usto e ra,o#el...........................................2F2 333 P 3B. 1s dese)os........................................................................2F< 333 P 3K. 3nstru(es para os casados................................................2FB 333 P 3G. &a honestidade do leito con)u%al.....................................2E= 333 P 6F. 3nstru(es para as #i.#as..................................................2EG 333 P 6E. So!re a #ir%indade............................................................22<

    Iuarta Parte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!''6
    3J P E. +o se de#e fa,er caso do que di,em os mundanos...........22= 3J P 2 * preciso dotar-nos de cora%em..........................................22K 3J P 3. :enta(es; diferena entre o sentir e o consentir................23F 3J P 6. "om!ate 'spiritual P na !usca da pure,a...........................232 3J P <. "onsolao para pessoas tentadas......................................236 3J P =. "omo a tentao e a deleitao podem ser pecados...........23< 3J P B. 5eios contra as %randes tenta(es.....................................23B 3J P K. * necessrio resistir 2s pequenas tenta(es........................23K 3J P G. 5eios contra as pequenas tenta(es...................................23G 3J P EF. 5odo de fortificar o corao contra as tenta(es.............26F 3J P EE. / 3nquietao...................................................................262 3J P E2. / triste,a..........................................................................266 3J P E3. /s consola(es como #i#8-las..........................................26B

    Sumrio

    2K<

    3J P E6. /ride, espiritual...............................................................2<3 3J P E<. '0emplos para superao da aride,..................................2<K

    Iuinta Parte!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!'6,
    J P E. +ecessidade de reno#ao anual dos !ons prop4sitos.........2=3 J P 2. / !ondade de &eus em nos chamar ao seu ser#io..............2=6 J P 3. '0ame P /diantamento na #ida de#ota................................2== J P 6. '0ame do estado da alma para com &eus............................2=B J P <. '0ame do estado da alma para consi%o mesma...................2=G J P =. '0ame do estado da alma para com o pr40imo...................2BF J P B. '0ame so!re as pai0(es.......................................................2BE J P K. /fetos que se de#em se%uir a este e0ame............................2BE J P G. Ceno#ar os !ons prop4sitos.................................................2B2 J P EF. / e0cel8ncia de nossa alma...............................................2B2 J P EE. '0cel8ncia das #irtudes.....................................................2B3 J P E2. 1 e0emplo dos santos........................................................2B6 J P E3. 1 amor de Aesus "risto por n4s.........................................2B< J P E6. 1 amor eterno de &eus por n4s.........................................2B= J P E<. 1s afetos %erais, para concluir este e0erc7cio....................2BB J P E=. Perse#erana depois deste e0erc7cio..................................2BK J P EB. Cesposta a o!)e(es contra esta 3ntroduo.......................2BG J P EK. /#isos importantes............................................................2KF

    Lndice "lfa+eto!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!'86

    wndice /lfa!eto

    2K=

    Lndice "lfa+eto
    /!)eo 333, =. /fetos, na meditao 33, =. /lma, seu #alor J, EF. /le%ria 333, 23. /mi,ade 3, 6- 333, EB a 22. /mor a &eus 3, E- J, 6. /mor de &eus por nos J, E3-E6. /mor ao pr40imo 333, E<-E=- J, =. Jide tam! m /mi,ade. /mor pr4prio EEE, E<, 3=- 3J, EEJ, <. /ride, espiritual 33, G- 3J, E6-E<. /#are,a 333, E6-E<- 3J, EF @ailes 333, 33-36 @enef7cios de &eus 3, 33- J, 2 @ens terrenos 333, EF, E<- J, EF @ispos P Prefcio. @ondade 333, 36, 3=. "al.nia 333, B, 2G. "ar%os, como desempenh-los 333, EF. "aridade P #ide /mor. 333, E, 26, 2B, 2K, 3=. "asados, a#isos aos 333, 3G-3G. "astidade 333, E2, E3, 2B. " u 3, EB. "i.mes 333, 2K. "4lera 333, K. "omunho 33, 2F, 333, E3. "onfisso 3, =, EG- 33, EG. "onformidade com a Jontade de &eus 333, E=. "onfrarias 33, E<. "onsci8ncia 333, 2G. "onsola(es espirituais 3J, E3, E<. "on#ersas 333, 26, 2=, 3F "orao de Aesus J, E3. "orreo 333, EK, 2G. "riao do homem 3, G. &ana 333, 33-36. &esQnimo 3J, 2. &esape%o 333, E<- E, 26. &esconsola(es 33, G- 3J, E6-E<. &ese)os 333, 3B- 3J, EE &etrao P #ide 5aledic8ncia. &e#oo P #ide Jida 'spiritual. &ias santos 33, E< &iretor espiritual Prefcio; 3, 63J, E6 &i#ertimentos 3, 23- 333, 3E-36 &oenas 333, 3 &omin%o P #ide &ias santos 'ducao 333, K. 'scritura Sa%rada 33, EB- 333, E3. 'smola 333, E<. 'ucaristia 33, E6. Jide "omunho 'utrap lia 333, 2B. '0ame de consci8ncia 33, EE- J, K. Fama 333, B. Fen$menos m7sticos 333, 2. Fidelidade a &eus 333, 3< Fim do homem 3, EF. Graa P Prefcio. Graas particulares 333, <. Sipocrisia 333, E. Sonra 333, 6. Sumildade 333, 6-B. 3%ualdade de alma 3J, E3. 3ma%inao 33, 6. 3mperfei(es 3, <, 26. 3nferno 3, E<, EB. 3nquietao 3J, EE. 3nspira(es da %raa 33, EK. 3rmandades P #ide "onfrarias. Aaculat4rias 33, E3.

    wndice /lfa!eto Ae)um 333, 23. Ao%os P #ide &i#ertimentos. Au7,o final 3, E6. Au7,os temerrios 333, 2K. Reitura espiritual 33, EB. 5aledic8ncia 333, B, 2G. 5andamentos 3, E- J, 6. 5ansido 333, K-G 5atrim$nio 333, 3K-3G. Jide "asados. 5editao 33, E-K. 5entira 333, 3F. 5issa, Santa 33, E6. 5od stia 333, 26-2< 5orte 3, E3. 5ortificao 333, 23. 5undo 3J, E. 5urmurao P #ide 5aledic8ncia. +amoro 333, EK. +e%4cios 333, EF. +ossa Senhora 33, E=. 1!edi8ncia 3, 6- 333, EE. 1rao 33, E, EE, E6, E<- J, EB. 1rao lit.r%ica 33, E<. Paci8ncia 333, 3. Pai0(es J, K. Pala#ra de &eus 33, EB- 333, E3. Pecado 3, =-K, E2, 22. Penit8ncias 333, 23. Pensamentos !ons 33, E3. Perse#erana 3J, E- J, EB-EK. Piedade J, EE. Po!re,a 333, E6-E=. Pure,a 333, 23, 2=, 6E. Purificao da alma 3, <. Precipitao 333, EF- 3J, EE.

    2KB Presena de &eus 33, 2, E2-E3. Pressa P #ide Precipitao. Prop4sitos J, E, G-E<. Cecolhimento 33, E2. Ceforma interior 333, 23. Jide Purificao Cepreenso P #ide "orreo. Ceputao P #ide Fama. Cesolu(es 33, =, K. P Jide Prop4sitos. Cespeito humano 3J, E- J, EK. Cetiro J, E-B. Cique,a 333, E6. Cosrio 33, E. Santificao 3J, 2. Santos 33, E=-EB- J, E2. Secura espiritual P #ide /ride,. Ser#io de &eus 3, 2F-2E- J, 2. Serm(es 33, EB. Socia!ilidade 333, 26, 2B. Sofrimentos 333, 3, 3B. Solido do corao P #ide Presena de &eus. :entao 333, 3B- 3J, 3-G. :i!ie,a 3, B. :riste,a 3J, E2. Jaidade 333, 6- 3J, EF. Jan%l4ria 333, 6. Jida espiritual 3, E-2, EK- 3J, E3. Jida social P #ide Socia!ilidade. Jir%indade 333, 6E. Jirtudes 333, E-2, 33- J, EE. Ji.#as 333, 6F Jocao J3, 2. Jontade de &eus 333, E=.

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