Jornal de Teatro Edição Nr.06

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ENTREVISTA

Vera Zimmermann
fala sobre TV,
teatro, vida, carreira,
Nelson Rodrigues...
Uma publicação da Aver Editora - 1º a 15 de Julho de 2009 - Ano I Nº 6 R$ 5,00 Pág. 7

MARKETING CULTURAL
Dada a largada Agentes: tê-los ou não tê-los, eis a questão

para o período
Em um mercado cada vez mais fechado, presença do agente tem
se tornado fundamental, embora nem todos pensem assim
Pág. 8

de festivais
Divulgação

INTERNACIONAL
Teatro Maipo, o
símbolo de uma
Celia Aguiar / Divulgação

Divulgação

época na Argentina
Conheça a história de um
lugar mítico, considerado
a catedral do Teatro de
Revista Portenha, em meio
a comediantes e vedetes.
Pág. 23
Vítima de câncer, Pina morreu dia 30

DANÇA HOMENAGEM
Emoção à flor da pele Teatro-dança perde
no Festival Ballace sua criadora: Pina
Bahia, em Camaçari Bausch, aos 68 anos
Págs. 10 e 11 Pág. 20
Acrobacias no Festival de Londrina (PR) Espetáculos de rua em São José do Rio Preto
Carlos Roberto / Divulgação

Canela (RS), Florianópolis (SC), Londrina (PR), São José do Rio


Preto (SP) e Joinville (SC). Estes são os endereços dos principais
festivais de teatro, de dança e de inúmeras outras formas de arte
que acontecem nos meses de junho e julho. Motivo de alegria
não só para os artistas, mas, principalmente, para a plateia (de
todos os gostos e exigências), que poderá acompanhar bem de
perto o talento de gente apaixonada pelo que faz e que se esmera
para agradar e emocionar este respeitável público.
Pags. 12 a 18 José Wilker, Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Paulo Gracindo,
Orlando Miranda e Maria Pompeo debatem a criação da Lei nº 6.533, em 1978

HISTÓRIA
Divulgação

Anderson Espinosa

A arte de uma lei que dá voz para os artistas


Decreto publicado há mais de 30 anos garante respeito à classe
artística, que faz valer a sua dignidade, sua honra e seus direitos.
Pág. 22

VIDA E OBRA
As muitas faces
do dramaturgo
Tom Stoppard
Figura emblemática, Sir
Tom Sttopard, um dos
mais importantes nomes
do teatro mundial, terá nova
peça encenada no Brasil.
Inovação na capital catarinense Caras e bocas para agitar Canela (RS)
Pág. 21
2 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

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Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
3
Editorial
Celia Aguiar / Divulgação

FESTIVAIS
Junho e julho marcam o
período dos festivais de
Encontra a luz,
teatro, de dança e
de todas as artes que
emocionam o público em
arruma o cenário..
cinco cidade brasileiras É hora de aproveitar esse espaço nobre do jornal para agradecer as pessoas
que encontramos até aqui. Uso o verbo “encontrar” não com o sentido de
Págs.: 12 a 18
achar ou descobrir, mas com o signicado de tornar próximo. Encontros in-
ternos de uma equipe localizada em seis cidades diferentes e com experiências
e formações variadas. Encontros de ideias artísticas espalhadas pelo Brasil.
Encontros de referências e problemas brasileiros que também podem ser per-
cebidos em outros palcos. Encontro de paixão e trabalho para um espetáculo
que não se encerra com o aplauso.
Enm, o encontro nunca esteve tão presente em uma edição do Jornal de
Teatro, e isso acontece, em grande parte, pela presença marcante das matérias
de Festivais. Para mim, este é um reencontro com estes eventos que sempre

Índice me fascinaram pela experiência oferecida de conferir espetáculos às vezes tão


diferentes nos mesmos palcos. O principal dos Festivais são as pessoas que o
formam, que deixam suas cidades (ora vencem diculdades) para divulgar ou
BASTIDORES.............................................................. 5 projetar seus trabalhos para novos públicos.
Teatro do Oprimido Essa edição vem também com essa proposta de encontrar – agora no sen-
tido de descobrir e mais ainda, de redescobrir – novos públicos que tragam as
Augusto Boal será homenageado em conferência internacional
ideias para novos trabalhos. Para isso, nada melhor que dedicar grande parte
que acontece em julho no Rio de Janeiro
de nossas páginas aos maiores incentivadores do intercâmbio teatral brasileiro:
os festivais, que fervilham pelo País principalmente nos meses de junho e ju-
EDITAIS..................................................................... 9 lho; e as companhias que não tem os pés grudados no mesmo palco e se jogam
Funarte atrás de novos encontros.
Encontra a luz, arruma o cenário, embala os gurinos e cuida da caixa de
Fundação Nacional de Artes lança três editais maquiagem. Depois do jantar senta na cama do hotel, passa o texto ou ensaia
para viabilizar 86 projetos no setor artístico mais uma vez a coreograa e faz as contas para ver como está a verba da pro-
dução. No dia seguinte, divulga o espetáculo e pensa na próxima turnê. Onde
FESTIVAIS...............................................................14 está a arte na rotina destes empreendedores culturais? Me atrevo a uma resposta:
nos encontros que acontecem nesses intervalos, sejam fora ou dentro do palco.
FILO
Festival Internacional de Londrina discute “Acessibilidade Rodrigoh Bueno
Para a Democratização da Cultura”
Editor do Jornal de Teatro

TÉCNICA .................................................................19
Theo Werneck
Cartas
PARABÉNS PELA EDIÇÃO DE 16 A 30 DE JUNHO
O multiartista fala de sua experiência com sonoplastia teatral. À toda equipe de colaboradores do Jornal de Teatro,
O músico está em cartaz com “A Vida Que Pedi, Adeus” Parabéns pela edição que está linda e de excelente nível cultural e artístico.
Em especial ao repórter Felipe Sil pela matéria sobre a Tônia Carrero que está
INTERNACIONAL.................................................... 23 incrível, um excelente texto.
Atenciosamente
Teatro Maipo Cia de Teatro Contemporâneo
Histórias e curiosidades da “catedral da Revista”, a centenária Rua Conde de Irajá 253 – Botafogo - tels.: 21 25375204 ou 31832391
casa de espetáculos de Buenos Aires www.ciadeteatrocontemporaneo.com.br

Email Redação: Redação Rio de Janeiro: Rua General


[email protected] Padilha, 134 - São Cristóvão - Rio de Janeiro (RJ).
Arte: Ana Canto, Bruno Pacheco, Danilo CEP: 20920-390 - Fone/Fax: (21) 2509-1675
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w w w. j o r n a l d e t e a t r o . c o m . b r Tel.: (71) 3017-1938
4 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Bastidores Flávio Moraes Fotos: Divulgação


CONSTRUÇÃO DO TEATRO
MUNICIPAL GERA
POLÊMICA EM
BALNEÁRIO CAMBORIÚ
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA PARA MULHERES SÁBIAS Depois de conseguir passar por
Estreia dia 4 de julho, no Teatro Coletivo um abaixo-assinado feito pela pró-
Fábrica, em São Paulo, a peça “Contos pria população pedindo o m do
de Mulheres Sábias”, baseada em projeto, o Teatro Municipal de Bal-
contos de tradição oral reunidos neário Camboriú é motivo de nova
pela escritora Regina Macha- polêmica: a obra não deve ser en-
do no livro “O Violino tregue dentro do prazo previsto.
Cigano e outros contos O prazo de conclusão, apresentado
de mulheres sábias”. ZORRO – O MUSICAL pela Prefeitura, foi para novembro
A famosa marca da espada de Zor- deste ano, mas, segundo fontes da ci-
ro estará nos palcos brasileiros com dade, a obra está bastante atrasada e
“Zorro – O Musical”, espetáculo ain- a empresa que venceu a licitação para
da sem previsão de estreia, mas que o empreendimento requer um valor
A montagem é da Cia. Pé na Porta maior que os R$ 3,1 milhões liberados.
e reúne quatro histórias que têm como já contou com audições no nal de
junho, em São Paulo. O texto é uma Essa confusão retoma uma discus-
tema central a mulher como arquétipo são que já havia entre os moradores e
de qualidades e possibilidades humanas. versão da montagem londrina, que es-
treou com grande sucesso em março a Prefeitura. O teatro está localizado
“Contos de Mulheres Sábias” é en- na antiga praça Bruno Nitz, que, se-
cenado por três jovens atores (André de 2009, na Inglaterra, baseado no li-
vro de Isabel Allende. gundo os moradores, era um dos pou-
Martins, Daniela Mota e Patrícia Si- cos espaços públicos ainda existentes
nhorini), e tem a direção de Simone O ritmo cigano estará presente nas
danças amencas e na trilha sonora – na cidade – e, segundo o projeto, o
Grande e Kika Antunes – famosas no Teatro não contaria com estaciona-
gênero da Contação de Histórias. composta por canções novas e clássicas
do grupo Gipsy Kings, como “Bambe- mento para o público.
leo,” “Baila Me” e “Djobi Djoba”.
PORTO ALEGRE EM CENA FESTIVAL INTERNACIONAL
SELECIONADO COMO EVENTO DE TEATRO DE DOURADOS
GERADOR DE FLUXO TURÍSTICO SELECIONA ESPETÁCULOS
A Universidade Federal da Gran-
O Festival Internacional de Teatro de Dourados (UFGD) e o Institu-
Porto Alegre em Cena, realizado na capital to para o Desenvolvimento da Arte
Peça mostra folclore do Vale do Paraíba gaúcha há 16 anos, está entre os 25 pro- e da Cultura (IDAC) publicaram o
jetos selecionados no País pelo Ministério edital para seleção de espetáculos da
MARIA PEREGRINA do Turismo, como Eventos Geradores
ENCERRA TEMPORADA edição 2009 do Festival Internacio-
de Fluxo Turístico. Em 2009, dez estados nal de Teatro de Dourados/Mato
NA FUNARTE SÃO PAULO brasileiros inscreveram projetos: Bahia, Grosso do Sul (FIT - Dourados).
O premiado espetáculo “Maria Pere- Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, O festival acontece de 8 a 16 de se-
grina”, de Luís Alberto de Abreu, segue Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catari- tembro e homenageará o diretor e
com a temporada até o dia 19 de julho, no na, São Paulo e Rio Grande do Sul. A 16ª dramaturgo Augusto Boal. O evento
Teatro de Arena Eugênio Kusnet. No pal- edição do Porto Alegre em Cena acontece conta com quatro mostras: regional,
co, sob direção de Claudio Mendel, estão em setembro, entre os dias 8 e 21. Festival é realizado há 16 anos no RS universitária, nacional e internacional,
os atores Adriana Barja, Vander Palma, sendo os espetáculos para as mostras
Conceição de Castro, Caren Ruaro, André regional e universitário selecionados
Ravasco e Tamara Cardoso. por meio de edital, enquanto que para
O enredo, transitando entre o dra- as mostras nacional e internacional se-
ma e a comédia, apresenta três histórias rão convidados pela organização.
distintas que narram o universo da san- Os grupos interessados poderão
ta popular Maria Peregrina. Conhecida fazer suas inscrições pelo site www.
como Nega do Saco ou Maria do Saco, ufgd.edu.br/proex/coc até o dia 15
ela viveu mais de 20 anos nas ruas de de julho. A divulgação dos seleciona-
Santana, um dos bairros mais antigos de dos acontece até o dia 3 de agosto.
São José dos Campos (SP). Após a sua
morte, em 1964, passou a ser considera- OPINIÃO DE GENTE
da santa popular, integrando o universo GRANDE NO RECIFE
folclórico do Vale do Paraíba. Um novo espetáculo de Ana Eli-
A peça Maria Peregrina tem uma his- zabeth Japiá Motta já está sendo pro-
tória de nove anos em cartaz e, após sua duzido em Recife. E, para ajudar na
estreia, em junho de 2000, registra uma dramaturgia da peça, a diretora foi a
trajetória com 40 prêmios, 200 apre- campo para saber o que as crianças
sentações e um público estimado de 70 pensam da “cidade ideal”.
mil espectadores. Entre as premiações, “Mané Gostoso” tem músicas de Luiz Gonzaga em seu repertório
Contemplada com uma bolsa de es-
destaque para o autor, que ganhou o tímulo à criação artística da Funarte, a
BALLET STAGIUM DE UM JEITINHO GOSTOSO
Prêmio Shell 2003, e no 30º Festival Na- pesquisadora coletou depoimentos de
cional de Teatro de Ponta Grossa (PR) Entre os dias 9 e 12 de julho é pos- leitura moderna da cultura popular nor- crianças de 8 a 10 anos de seis escolas
2002 como Melhor Espetáculo, Melhor sível conferir, no Teatro Dança, em São destina, com trilha sonora assinada pelo do Recife, entre instituições públicas e
Direção, Melhor Atriz (Andréia Barros), Paulo, o espetáculo “Mané Gostoso”, grupo Quinteto Violado. Com direção te- privadas. No processo, convidava alu-
Melhor Atriz Coadjuvante (Conceição produção do Ballet Stagium. atral de Marika Gidali, a obra homenageia nos para manipularem um jogo que
de Castro), Melhor Cenário, Melhor Fi- O título “Mané Gostoso” é uma alusão o pernambucano Luiz Gonzaga, com mú- contém pequenos blocos de madeira
gurino e Melhor Autor Nacional. A peça ao boneco feito em madeira – brinquedo sicas como Asa Branca, Assum Preto e para construção de edicações em mi-
viajou pelo interior de São Paulo e pela infantil facilmente encontrado nas feiras Forró de Mané Vito na trilha sonora. niatura. Os jogos e as impressões de
Capital com o sucesso de público e crí- nordestinas – e que tem pernas e braços Confira a programação comple- Ana Elizabeth e de seu grupo, o Mar-
tica, participando também de festivais movimentados por meio de cordões. ta do Teatro Dança em www.apaa- co Zero, resultarão em um espetáculo
importantes por todo o Brasil. A coreograa de Decio Otero é uma cultural.org.br com estreia prevista para outubro.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
5
Bastidores
Divulgação

Divulgação
AL-MANÃK COMPANHIA TEATRAL ESTREIA “ESTÓRIAS ORDINÁRIAS”

Está em cartaz no teatro


anexo da Ocina Cultural Oswald de Andrade, em São
Paulo, a peça “Estórias Ordinárias”, sob direção de Jair
Assumpção. A montagem é uma livre adaptação de
três contos de “A Vida Como Ela É”, de Nelson
Rodrigues: “Mausoléu”, “Diabólica” e “Selvage-
ria”. A peça ca em cartaz até 9 de agosto, no
bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
Cia da Comédia: seis meses em SP

“COMO PASSAR EM CONCURSO


PÚBLICO” PRORROGA A TEM-
PORADA NO TEATRO GAZETA,
EM SÃO PAULO
“Como Passar em Concurso Públi-
co” prorroga a temporada no Teatro
Gazeta, em São Paulo. Depois das tem-
poradas em Brasília e no Rio de Janeiro,
a Cia. de Comédia G7 completa seis me-
ses na capital paulista, com o espetáculo
que já soma mais de dois anos em cartaz
e 250 mil espectadores. No palco estão
os atores Benetti Mendes, Felipe Gra-
cindo, Frederico Braga e Rodolfo Cor-
dón, responsáveis também pela autoria
do texto e da direção.
Em cartaz, no Teatro anexo da Ocina Cultural Oswald de Andrade, clássicos de Nelson Rodrigues como: “A Vida Como Ela É”

CURSO GRATUITO DO
RIO DE JANEIRO APRESENTA A CONFERÊNCIA NOVA DATA PARA O CRÍTICA TEATRAL
INTERNACIONAL DE TEATRO DO OPRIMIDO PRÊMIO CAREQUINHA Estão abertas as inscrições para o
Foi prorrogado para o dia 10 de Curso de Crítica Teatral do Núcleo de
Evento, que acontece de 20 até 26 de julho,
Divulgação

julho o prazo para as inscrições no Estudos do Teatro Contemporâneo


na capital carioca, será um tributo a Augusto Boal e Prêmio Funarte Carequinha de Estí-
um marco histórico para a continuidade de sua obra da Escola Livre de Teatro (ELT). O
mulo ao Circo, premiação criada pela curso tem coordenação do crítico Kil
A Conferência Internacional de Teatro do
Fundação Nacional de Artes (Funar- Abreu e vai de agosto a dezembro, às
Oprimido é uma realização do Centro do Teatro de
Oprimido e contará com a participação de ativis-
te). O objetivo é apoiar companhias, terças-feiras, das 14 às 18h. Programa:
tas da Austrália, de Israel, da Palestina, do Nepal, empresas, associações, trupes ou gru- A prática da crítica teatral – sua função
do Paquistão, da Índia, da Suécia, da Holanda, da pos circenses que queiram adquirir social, modos, questões e impasses. A
Áustria, da Alemanha, da Inglaterra, da França, equipamentos, produzir espetáculos, história da crítica no teatro brasilei-
da Itália, da Espanha, de Portugal, do Senegal, realizar pesquisas, promover mostras ro moderno. A cena contemporânea,
de Guiné-Bissau, do Sudão, de Moçambique, de Conferência vai homenagear Augusto Boal
e festivais ou homenagear artistas que seus materiais e os métodos de análise.
Angola, do Canadá, dos EUA, de Porto Rico, da tenham contribuído para o desenvolvi- As inscrições vão até o dia 17 de julho,
Argentina, do Uruguai e do Brasil. Ao final da Con- Cultural – Teatro de Arena, acontece apresenta- mento do circo. Os interessados devem de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h
ferência, esses ativistas realizarão um encontro ções de espetáculos (nacionais e internacionais) enviar seus projetos, via Correios, para e das 13 às 17h, na ELT. Documentos
para discutir os desafios para o desenvolvimento de Teatro-Fórum com sessões de Teatro Legislati- a Coordenação de Circo da Funarte. necessários: cópia do RG e uma foto 3
de projetos locais e planejar ações de cooperação vo, a preços populares. Mais informações: [email protected]. x 4. Seleção: dia 4 de agosto, das 14 às
internacional. Na sede do Centro de Teatro do Oprimido, br ou (21) 2279-8034.
acontece o Encontro Internacional de Praticantes
18h. Entrevista com o coordenador do
Com entrada franca, a reunião, que acontece Núcleo. Mais informações: (11) 4996-
na Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues, terá, do Teatro do Oprimido, exclusivo para grupos,
projetos e instituições com reconhecida ativi- 2164. Local: Escola Livre de Teatro de
ainda, painéis de discussão (política, pedagogia,
educação, opressão contra a mulher, saúde men- dade com o método do Teatro do Oprimido em Santo André – Praça Rui Barbosa, 12.
tal, direitos humanos, zonas de conflito etc) sobre suas regiões e países. Nos três espaços haverá 4º FESTIVAL NACIONAL DE Bairro Santa Terezinha. As inscrições
o impacto do Teatro do Oprimido em diferentes exposições de produções da Estética do Opri- TEATRO DE JUIZ DE FORA e o curso, assim como todas as ativida-
áreas temáticas e regiões do mundo; mostra in- mido, última pesquisa realizada por Boal. A pro- Estão abertas as inscrições para des da ELT, são gratuitos.
ternacional de vídeos (Alemanha, Paquistão, Ca- gramação completa está disponibilizada no site o 4º Festival Nacional de Teatro de
nadá, Espanha, Moçambique e Índia). Na Caixa ww.ctorio.org.br. Juiz de Fora, que acontecerá entre
31 de agosto e 7 de setembro. As FESTIVAL DE TEATRO
inscrições poderão ser feitas de 22 DE CUIABÁ
FORMANDOS DA UFRGS APRESENTAM TRABALHOS de junho a 17 de julho, via Cor- Foram prorrogadas até o dia 4
reios, no endereço: 4º Festival Na- de julho as inscrições para a 3ª Miti
Começou no dia 29 de junho, a Mostra contram e falam de cional de Teatro de Juiz de Fora/
Divulgação

de Teatro Dad 2009/1, com o espetáculo “O lembranças, confu- – Mostra Internacional de Teatro In-
País de Helena”, inspirado na obra do escritor Av. Barão do Rio Branco, 2.234 fantil de Cuiabá. A mostra acontecerá
sões entre realidade – Centro, Juiz de Fora, Minas Ge-
uruguaio Eduardo Galeano. Ao fim de cada e fantasia, passado de 28 de setembro a 4 de outubro e
semestre os formandos do Departamento de rais. CEP: 36016-310. tem sua programação composta por
e presente.
Arte Dramática da Ufrgs apresentam traba- Haverá, ainda,
Os grupos e companhias tea- espetáculos nacionais e internacio-
lhos que foram realizados no período, caso o painel “Expres- trais poderão inscrever espetáculos nais, seminários, ocinas, show mu-
desta obra que ainda será apresentada, nos são Dramática na nas seguintes categorias: Adulto, sical e exposições. Mais informações:
dias 6 e 7 de julho, e tem no elenco e direção Educação Infan- Infantil e Espetáculo de Rua. Mais (65) 3028-6285 ou contato@mos-
estudantes do departamento. til: longa jornada “O País de Helena” informações: (32)3690-7033 ou trainfantil.com.br.
Elisa Volpatto e Priscila Colombi, por escola a dentro”, de Eduardo Galeano www.pjf.mg.gov.br.
exemplo, cursaram a cadeira de Estágio de apresentação do trabalho de conclusão de
Atuação II e agora formam o elenco de “O curso da formanda em Licenciatura, Daiane
País de Helena”. A direção é de Ana Paula Frigo, orientada pela professora Vera Lúcia
Divulgação

Cena do espetáculo
Zanandréa, que cursou Estágio de Monta- Bertoni dos Santos. Além disso, acontece
gem II. A orientação é da professora Inês
“O Amargo Santo da
a mostra paralela de alunos que não estão Puricação”, da Tribo
Alcaraz Marocco. concluindo o curso.
Além desta produção, haverá montagens de Atuadores Ói Nóis
As peças ocorrem nas salas Qorpo Santo
como “Fragmentos Lorquianos”, cujo objetivo Aqui Traveiz que esta-
(Av Paulo Gama, s/n, Campus Central da Ufrgs)
é encontrar e levar à cena as mulheres que po- e Alziro Azevedo (Av Salgado Filho, 340 – Cen-
rá nas cidade gaúcha de
voam a poesia do autor; e “Fina Flor”, que tem tro). A entrada é sempre franca. Informações Viamão, dia 5 de julho,
roteiro e atuação dos alunos Letícia Pinheiro e completas sobre a programação em http:// “Ói Nóis Aqui Traveiz” na Serra Gaúcha e em Bom Jesus, dia 18.
Thiago Pirajira. Na obra, duas senhoras se en- mostradad.blogspot.com. Felipe Prestes
6 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Prêmio
Prêmio APTR de Teatro completa três anos com novidades
Festa da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro fará homenagem à atriz Tônia Carrero, que completa 60 anos de carreira
Por Douglas de Barros rias, com 48 indicações de es- importantes, como Molière,
petáculos estrelados durante a Mambembe, Ibeu de Teatro,
Com 60 anos de carreira, a temporada de 2008. Entre os Coca-Cola. No entanto, dos
atriz Tonia Carrero será a ho- jurados, nomes consagrados anos 1990 para cá, isso foi mu-
menageada da noite, durante da crítica teatral, como Barba- dando e só restou o Shell. As
a terceira edição do Prêmio ra Heliodora, Macksen Luiz, empresas privadas e as esferas
APTR de Teatro. A festa, que Lionel Fischer, Debora Ghi- do governo se desinteressaram
promete ser uma das prin- velder, André Gomes, Tânia pela cultura, em geral, e pelo
cipais atrações do teatro na- Brandão e Mauro Ferreira. Os teatro, em particular”, lamenta.
cional este ano, está marcada premiados receberão das mãos Marinho explica ainda que
para o dia 6 de julho, às 21h, de colegas da ribalta uma esta- nunca existiu um prêmio cujo
no Teatro Fashion Mall, em tueta idealizada pelo produtor corpo de jurados fosse for-
São Conrado, e contará com a Fernando Libonati. mado pelos críticos, os únicos
apresentação dos atores Thia- Os espetáculos “Ensina-me que vêem todas as produções.
go Lacerda e Zezé Polessa, a Viver” e “Noviça Rebelde” “Criamos o Prêmio APTR de
além de roteiro e direção do receberam o maior número Teatro para celebrar e festejar
autor Flávio Marinho. de indicações, sete cada um. o nosso meio de vida, den-
O Prêmio da Associação Já “Traição”, dirigido por Ary tro das nossas possibilidades.
dos Produtores de Teatro do Coslov, e “Clandestinos”, es- Será uma festa à la Oscar, com
Rio de Janeiro estreia, em 2009, crito e dirigido por João Falcão, muita emoção, humor e gla-
nova categoria, a de “Melhor concorrem em quatro catego- mour”, revela.
Espetáculo”. Outra novida- rias. Mesmo sendo realizado Para cada categoria, um
de é a categoria de “Melhor mais uma vez sem patrocínio grande nome para a entrega do
Produção” que, a partir deste (apoiado apenas pela segurado- prêmio. Feras como Nathália
ano, passa a ser escolhida pelos ra Porto Seguro), a premiação, Thimberg, Aderbal Freire Fi-
próprios associados da APTR. atualmente, é um dos princi- lho, Lúcio Mauro, Júlia Lem- “A Noviça Rebelde”, com Saulo Vasconcelos e Kiara Sasso
Ano passado, já foram criadas pais eventos teatrais da cidade, mertz, Alcione Araújo, Kalma
as categorias “Homenagem segundo conta Flávio Marinho. Murtinho e Amir Haddad, en-
Especial”, além dos títulos de “O Prêmio APTR surgiu tre outros. “É uma festa emi-
“Melhor Ator” e Melhor Atriz” da necessidade de se preen- nentemente teatral, rica em A LISTA COMPLETA COM TODOS OS INDICADOS VOCÊ CONFERE
em papéis de coadjuvantes. cher um vazio. Historicamente, animação e amor pelo teatro”, NO SITE DO JORNAL DE TEATRO (WWW.JORNALDETEATRO.COM.BR)
Ao todo, são 12 catego- o teatro tinha vários prêmios completa Flávio Marinho.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
7
Entrevista

Veraz!
Vera Zimmermann – atriz

João Caldas
[ve.raz - adj m+f (lat verace) 1 Que diz a verdade. 2 Em que há
verdade; verídico. sup abs sint: veracíssimo] Dicionário Michaelis

Por Rodrigoh Bueno e VZ – Eu acho que no Brasil, infeliz-


Jarbas Homem de Mello mente, a gente não tem agente que ca
brigando por nós, o melhor agente somos
Depois de 28 anos de trabalho no nós mesmos. Agora, é óbvio que quan-
teatro, no cinema e na televisão, Vera do você está em evidência, precisa de um
Zimmermann reencontra nos palcos agente. Evidência que eu quero dizer é
Nelson Rodrigues, o autor de sua pri- que você está na novela das oito na Rede
meira atuação. Em entrevista ao Jor- Globo, porque daí todo mundo quer você
nal de Teatro, a atriz revela o que pen- e você precisa de alguém para atender seu
sa sobre cada meio onde trabalha. E telefone e suprir em tudo que as pessoas
dispara: “Não há papel para mim no querem oferecer, convidar e não sei o quê.
cinema brasileiro”. Agora, comigo, eu realmente que falo. Te-
nho muitas amizades, vendo meu peixe.
Jornal de Teatro – Há alguma di- Não é que eu não tenha agente e co em
ferença na sua visão de Nelson Rodri- casa parada, eu vou à luta, mostro minha
gues da primeira vez que você inter- disponibilidade, meu tempo e minha von-
pretou uma obra dele para agora, em tade de trabalhar com as pessoas. Se tem
cartaz com “Vestido de Noiva”? uma coisa que eu z, faço e vou fazer cada
Vera Zimmermann – Muita dife- vez mais é estar em contato com esses
rença. Quando eu comecei com Nelson prossionais. A gente tem que estar esper- Vera Ziemmermann em cena no espetáculo rodrigueano “Vestido de Noiva”
eu não sabia nada de teatro e caí de pára- to nesse mercado competitivo.
quedas naquela companhia maravilhosa JT – Qual sua relação com o cinema?
(Espetáculo Nelson Rodrigues – O Eter- VZ – Acho cinema uma coisa meio
no Reencontro, com direção de Antunes
Filho). Aprendi coisas absolutamente in-
complicada para fazer no Brasil para uma
pessoa que tem meus traços físicos. A www.jornaldeteatro.com.br
críveis. Eu era praticamente uma adoles- maioria dos lmes nacionais conta muita
cente, mas, mesmo naquela época, já tinha história do País, fala da pobreza, da favela,
alguma compreensão e curiosidade sobre essas coisas. E eu, loira de olho azul, mes-
o trabalho dele. Hoje tenho um aprofun- mo brasileira, acho que tenho um merca-
damento maior do trabalho dele e do meu. do restrito. Não há muito papel para mim
Existe uma diferença imensa entre 1981 e no cinema brasileiro. Eu acho o cinema
2009, e, claro, que eu já tinha visto várias nacional maravilhoso, mas eu não tenho
coisas de Nelson, mas é diferente quando muito essa ilusão porque eu sei que não
você vai fazer mais um espetáculo. Você tenho cara de brasileira.
estuda Nelson de outra maneira, principal- JT – Mesmo já atuando no teatro
mente junto com o Gabriel (Vilella) e toda sua projeção no início da carreira veio
nossa equipe, porque é um autor genial. mesmo da televisão?
JT – Seu trabalho teatral conta com VZ – Televisão é nosso ganha-pão
grandes autores. Você acha importan- e é um aprendizado de improviso. Não
te fazer os clássicos? há tempo para se aprofundar no texto, a
VZ – Acho fundamental. Graças a gente vai lá e faz. Ao mesmo tempo é um
Deus, z vários espetáculos de autores exercício muito difícil porque é imediato.
clássicos, principalmente junto com o Isso torna o trabalho muito legal, um de-
Gabriel. Ele tem essa necessidade de tra- sao instigante e um ganha-pão – porque
balhar com os gênios da dramaturgia uni- se a gente for depender só de teatro para
versal. É um privilégio poder estudar um sobreviver é complicado. A televisão me
Fausto, Becket. Eu acho muito importante ajudou muito. Fazer a Divina Magda (na
poder circular por todos esses tipos de ca- novela “Meu Bem, Meu Mal”, da Rede
beças que escrevem essas loucuras maravi- Globo) foi um empurrão na minha vida,
lhosas, que só acrescentam. mas eu nunca deixei de ter a consciência
JT – Como começou a parceria de de que eu precisava manter o trabalho no
trabalho com o Gabriel Vilella? teatro, que eu não podia fazer só televisão.
VZ – “Vestido de Noiva” é o sexto Na época da novela eu era muito jovem,
espetáculo que faço com ele. Começou tinha que aprender muita coisa. É o que
em 2000, quando a gente fez “Replay”. eu tenho feito e vou fazer para o resto da
Ele me chamou através de um amigo, Léo vida: estudar e aprender.
Pacheco, que trabalhava com ele e logo a JT – Ao falar de Vera Zimmermann
gente se apegou. O Gabriel tem um pou- é difícil esquecer a música “Vera
co esse hábito de trabalhar novamente Gata”, do Caetano Veloso..
com os atores que ele tem anidade. E eu VZ – As pessoas falam “como você
tirei a sorte grande porque o Gabriel é um conheceu o Caetano?” e essa pergunta me
gênio, o tipo de teatro dele me interessa, a
gente fala uma língua parecida.
arrepia, porque eu já a respondi milhão de Todo o universo do teatro em um só jornal
vezes. Mas é uma honra eterna, não tem
JT – Você tem uma maneira parti- uma pessoa que não queria ter uma músi-
cular de conduzir sua carreira, “toma ca feita pelo Caetano, um dos nossos me-
as rédeas” das negociações.. lhores cantores, artistas e compositores.
8 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Marketing Cultural
Agentes de ator se tornam fundamentais
Em um mercado cada vez mais fechado, o artista precisa ter alguém para gerenciar a sua carreira e orientá-lo profissionalmente
Por Ive Andrade agenciada. Grandes agências

Divulgação
como essas tem amplo portfólio
Para ser ator, talento é fun- não só de atores, mas de canto-
damental... Mas não o sucien- res, atletas e até mesmo de jorna-
te. A prossão, há tempos, exi- listas, o que prova o valor desse
ge não somente os requisitos de prossional em diversos âmbi-
formação cênica, mas envolve tos da mídia. “Para ser um bom
muita burocracia – através de agente, ter os contatos certos
contratos, testes e indicações é decisivo, além de saber fazer
de conhecidos – o que torna es- abordagens na hora certa, sem
senciais os famosos “contatos”. ser inconveniente”, diz Marcos.
Para facilitar esses caminhos e Apesar da relevância do
deixar que o artista preocupe-se agente na carreira do ator, o
somente em mostrar a sua arte, mercado não está em ampla
existe o agente de ator. expansão. “A demanda por
O agente é a gura que faz a agenciamento é muito grande,
intermediação entre diretores de o mercado, então, cresce, mas
elenco e atores, conduz a carrei- não muito”, frisa Oliver. Para
ra do artista (marca testes, envia Montenegro, isso acontece
material e promove seu casting). porque “o mercado já não é
Para isso, é consenso no merca- grande de maneira geral”.
do que esse prossional precisa Mas como o ator pode sa-
ter amplo conhecimento cultural ber se seu agente faz o trabalho
e não necessita ser artista para certo? Primeiro, é importante
isso. “É muita responsabilida- identicar o foco do agente, se
de ter a carreira de alguém nas ele trabalha com o tipo de área Relação de conança: o agente Marcos Montenegro com os atores Irene Ravache e Cacau Hygino
mãos. O agente precisa ter uma que o ator deseja. Depois, ana-
visão de business, uma cabeça lisar quais são as pessoas que
diferente da do artista, agendar trabalham com ele, se há identi- vai gerenciar sua carreira. “O casting, não tem errou/voltou. para contratos publicitários, de
os trabalhos certos para poder cação com seus trabalhos pas- prossionalismo é fundamental. Portanto, ca mais difícil o artis- teatro, de televisão ou de cine-
fazer seu trabalho bem feito”, sados. Cobrar o agente de forma Tratar com seriedade, mas de- ta conseguir o trabalho apenas ma. Mas isso pode variar de
explica o gestor cultural do gru- excessiva, exigindo trabalhos, pois de um tempo você se torna porque foi indicado”, arma. agente para agente e contrato
po TMB, Oliver Callegali. nunca é a opção certa. “O ator amigo, é como uma família”, ex- Mas essa opinião pode diver- para contrato”, diz um dos do-
“Hoje, o agente é um pros- que começa a ‘pentelhar’ (sic) o plica Montenegro. gir. “Um agente é fundamental nos da Montenegro e Raman.
sional necessário”, avalia Marcos agente pode ser queimado no Entre atores de teatro, de te- para qualquer ator hoje em dia”, Serviço
Montenegro, da agência Mon- mercado, que é uma área peque- levisão e de cinema, para o ges- observa Montenegro, acrescen- Montenegro e Raman
tenegro e Raman, que tem um na, na qual todos se conhecem”, tor Callegali a função do agente tando que o que de fato varia é www.montenegroeraman.com.br
casting de 180 artistas e recebe avisa Oliver Callegali, para quem é mais ou menos relevante. “Em a porcentagem do agente nos
cerca de 10.000 propostas por é fundamental construir uma teatro é menos válido, porque contratos para as diferentes áre- Grupo TMB
mês de gente que deseja ser relação de conança com quem o artista precisa passar pelo as. “Existem números padrão Telefone: (11) 3656 7672

Política Cultural
Rio Branco tem lei de incentivo à cultura, “mas ainda não é suficiente”
Por Renata Hermeto bre experiências de outros es- ads. Depois de três meses de ferência Municipal de Cultura, 300.000, distribuídos em qua-
tados e municípios brasileiros. análise, o município conseguiu, realizada em 2007. Na ocasião, tro editais, três deles temáticos:
A criação de uma política A partir destes estudos, a enm, a alteração da lei. foi formada uma Comissão de Edital 1: Formação; Edital 2:
pública voltada à Cultura em FGB montou um documen- O documento foi, então, Revisão, vericando-se, mais Produção e Circulação; Edital
Rio Branco (AC) começou em to que propunha a criação de encaminhado ao PROJURI tarde, a ausência de condições, 3: Intercâmbio. O último se
2005, com o I Fórum Munici- quatro novos instrumentos de (Procuradoria Jurídica do mu- naquele momento, de empre- encontra aberto até o dia 17
pal de Cultura, proposto pela gestão: Conselho Municipal nicípio), que aconselhou o ender tal ação. “Inclusive das de outubro, unicado, ou seja,
FGB (Fundação Municipal de de Políticas Culturais, Fundo desmembramento da nova lei. Artes Cênicas, no sentido de contemplando diversas nature-
Cultura Garibaldi Brasil). A Municipal de Cultura, Cadastro No m do processo, dois pro- termos mecanismos de nan- zas de projetos.
idéia era traçar um diagnóstico Cultural de Rio Branco e Lei jetos de lei foram apresentados ciamento mais adequados à De acordo com Flavia Bu-
da situação dos setores ligados Municipal de Patrimônio Cul- e aprovados pela Câmara dos realidade local e mais signica- larqui e Eurilinda Figueredo,
à cultura no município e fazer tural. O documento foi levado, Vereadores: a lei 1.676/2007, tivos para os produtores cultu- chefe do departamento de
um levantamento dos princi- em primeira mão, para o Con- que institui o Sistema Munici- rais locais”, informa Flavia Bu- Articulação, “a lei não atende
pais problemas estruturais e cultura (Conselho Estadual de pal de Cultura de Rio Branco, e larqui, responsável pelo setor com eciência, já que conta-
sociais enfrentados e relacionar Cultura) e para a Fundação Es- a lei 1.677, a Lei Municipal de de Informação. mos com poucos recursos dis-
suas principais expectativas em tadual de Cultura. Ambos r- Patrimônio Cultural, ambas de No que se refere aos meca- poníveis para o nanciamen-
curto, médio e longo prazo. maram parceria para trabalhar 20 de dezembro de 2007, apro- nismos de nanciamento, a Lei to de projetos. Em 2009, por
A capital do Acre contava na criação da lei. vadas, sem alteração, pela Câ- Municipal de Incentivo à Cul- exemplo, foram R$ 780.000
apenas com a Lei Municipal de O público foi o primeiro a mara Municipal de Vereadores. tura disponibilizou, em 2008, a para atender projetos nas áre-
Incentivo à Cultura, criada em ter contato com o projeto. Por quantia de R$ 566.678,74, con- as de arte (incluindo as artes
1993 e alterada em 1999. Em meio do site da prefeitura e do LEI DE INCENTIVO cedendo recursos a 80 projetos cênicas), esporte e patrimônio
2006, o trabalho cou pela co- blog de cultura, o documento À CULTURA culturais. A inovação do SMC cultural”. Ela acrescenta: “Em
leta de referências bibliográ- pôde ser analisado pelos in- Há uma orientação do Con- foi o funcionamento do FMC 2009, tivemos 13 projetos de
cas e estudos sobre as políticas teressados. De acordo com selho Municipal de Políticas (Fundo Municipal de Cultura). Artes Cênicas apresentados
culturais propostas pelo Go- dados da prefeitura, foram re- Culturais para revisão desta lei, Ainda em 2008, o FMC traba- e, desses, somente seis foram
verno Federal, bem como so- alizados cerca de 300 downlo- uma das deliberações da I Con- lhou com a importância de R$ aprovados”.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
9
Editais
Funarte lança editais para viabilizar 86 projetos do setor artístico
Fundação apresenta três novos projetos de incentivo à arte e oferece prêmios de até R$ 50 mil para potencializar cada vez mais a área
Por Pablo Ribera
A Funarte (Fundação Nacional de Ar-
tes) apresentou mais um apoio à cultura
brasileira ao lançar, no último dia 30, os
editais de três projetos de incentivo à arte:
o do “Prêmio Interações Estéticas - Resi-
dências Artísticas em Pontos de Cultura”,
o do “Bolsa Funarte de Produção Crítica
sobre Conteúdos Artísticos em Mídias
Digitais/Internet” e o da “Bolsa Funarte
de Criação Literária”. O objetivo da fun-
dação com esses projetos é impulsionar e
potencializar a produção e difusão artísti-
ca, a capacitação prossional e o debate
de ideias no setor de cultura. Para cumprir
essas expectativas, a Funarte viabilizará 86
projetos, através desses editais.
Para o Prêmio Interações Estéticas,
serão investidos R$ 2 milhões – do orça-
mento da Secretaria de Cidadania Cultural
do Ministério da Cultura – nas propos-
tas vencedoras. Promovido em parceria
com a Secretaria de Cidadania Cultural do
MinC, o Prêmio, que vai para sua segun-
da edição, oferece a possibilidade de de-
senvolver projetos integrados à ações de
Pontos de Cultura de todo o País, sendo
que artistas de diversos segmentos podem
concorrer. Serão concedidos 71 prêmios:
66 deles, com valores entre R$ 15 mil e Fundação pretende, com os três editais, impulsionar e promover a integração cultural no Brasil
R$ 50 mil, serão divididos entre as cinco
regiões brasileiras; os outros cinco, de R$ co sobre a arte brasileira na atualidade e ou estejam expostos em websites, CDs, projetos de todas as regiões do País. Dessa
90 mil cada, estão destinados a projetos de sua relação com as tecnologias digitais. DVDs e celulares, entre outros. forma, a Funarte cria integração cultural
“Abrangência Nacional”. Serão distribuídas cinco bolsas de R$ 30 Já a Bolsa Funarte de Criação Literária em todo o Brasil, valoriza a diversidade
A Bolsa Funarte de Produção Crítica mil, uma para cada região do Brasil. As tem como principal objetivo fomentar a cultural brasileira e democratiza o acesso
sobre Conteúdos Artísticos em Mídias propostas de trabalho devem estar rela- produção de textos literários inéditos nos dos prossionais aos meios de produção
Digitais/Internet também chega à se- cionadas à análise de conteúdos artísti- gêneros lírico e narrativo. A Funarte con- artística e intelectual, colocando ao alcan-
gunda edição e oferece condições para cos – das áreas de artes visuais, de dan- templará, por meio deste programa, dez ce do público trabalhos que nem sempre
que pesquisadores, teóricos, artistas e ça, de circo, de teatro, de performance, autores brasileiros, dois de cada região. encontram espaço na grande indústria
estudantes possam criar, estudar e se de- de fotograa, de música, do audiovisual Cada um receberá uma bolsa de R$ 30 mil. do entretenimento. As inscrições se en-
dicar à produção de conhecimento críti- e da literatura – que tenham sido criados Os prêmios e as bolsas darão viabilidade a cerram no dia 13 de agosto.

Opinião
Qual deve ser o envolvimento de um dramaturgo na encenação de um espetáculo?
A peça ganha mais com a interferência do criador do texto, ou somente
com a exploração do diretor e dos atores sobre o texto?

Sérgio Roveri
Tivesse eu o objetivo de atrair a ira de boa parte dos diretores brasileiros, eu começaria este momento, somente o autor é capaz de ouvir.
pequeno artigo criando uma nova máxima: autor bom é autor vivo. Mas como respeito profundamen- E então eu me pergunto: se é possível contar com esta ferramenta valiosíssima, que é a observa-
te a classe dos diretores e tive o privilégio de me tornar amigo íntimo de quase todos com quem já ção do autor, qual o sentido em desprezá-la? Não pareceria muito mais lógico e produtivo se, durante
trabalhei, me permito aqui uma pequena alteração nesta máxima recém-criada: autor bom também as leituras de mesa e, mais adiante, nos ensaios propriamente ditos, o elenco pudesse ter a chance
pode ser autor vivo. Ou vice-versa. Difícil é fazer com que alguns profissionais acreditem nisso. de solicitar ao autor um hemograma completo dos seus personagens – ainda que os elementos ofe-
Muito estranha a figura do autor. Ela parece incomodar não somente durante os ensaios, mas recidos por ele fossem desprezados ao longo do processo? Imagino o imenso deleite que seria poder
também ao longo da temporada. Como se nós, autores, fôssemos uma espécie de inspetor geral in- perguntar a Shakespeare se Hamlet é mais vítima de loucura ou de caprichos. Talvez não estejamos
teressado no livro-caixa da companhia. Quando, na verdade, acredito eu, queremos ver apenas como criando Hamlet, alguns podem argumentar, mas sabemos o que estamos criando. E andamos cada
é a voz, o corpo, a emoção e, principalmente, como se equilibram em pé todas aquelas personagens vez mais loucos para compartilhar este saber.
que, ao escaparem do nosso computador e da nossa impressora, não passavam de figuras chapadas Entendo que o processo de direção pode ser tão solitário quanto o é, na maioria das vezes, o
em branco e preto. Se somos mesmos os pais biológicos de tantas histórias, penso que nosso acesso processo de escrita de um texto. Mas, o que eu defendo aqui, é a possibilidade de uma democrati-
ao berçário deveria ser irrestrito. Porém, respeito as barreiras. zação nestas relações. Que cada um tenha o direito de mostrar o que sabe e o que tem de melhor.
Assumo aqui que não sei dirigir. Não tenho uma visão cênica aprimorada, meu conhecimento de Quem ganha com isso não sou eu, os diretores ou o elenco. Quem ganha com isso é aquela pessoa
luz é primário, tenho uma queda, pequena, é verdade, mas ainda assim incontrolada para o melodra- desconhecida, que sai de casa, enfrenta filas e deixa alguns reais na bilheteria como um crédito de
ma e sinceramente não sei se conseguiria controlar um grupo de atores. Mais que isso: talvez eu já confiança em nosso trabalho. A ela, devemos tudo. O resto a gente resolve nas coxias.
me sentisse satisfeito com a primeira visão do personagem que cada um deles me apresentasse. Por
isso, minha admiração ao profissional que entende daquilo que eu não entendo: o diretor. Sérgio Roveri é jornalista e dramaturgo. É autor das peças Andaime, prêmio Funarte de
Mas existe uma sutileza que se encontra mais em poder do autor do que nas mãos do diretor e do Dramaturgia, e Abre as Asas Sobre Nós, prêmio Shell de autor. Duas peças de sua autoria
elenco: é a sutileza da intenção, é aquela filigrana de emoção que parecia concentrada unicamente estão em cartaz em São Paulo até o fim de julho: Dueto da Solidão,
naquela palavra que o diretor resolveu cortar, é o silêncio entre uma frase e outra que, num primeiro no Sesc Vila Mariana, e A Vida que eu Pedi, Adeus, no Teatro Cosipa
10 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Dança

Cristiano Castaldi
Ballet
Por Carla Costa
da vida
representaram empecilho para
quem tem vontade de vencer.
Anal, estudar no Bolshoi do
shoi no Brasil.
Para Sylvana Albuquerque,
todos os participantes foram
Apresentações de dança Brasil pode ser a oportunidade vencedores, pois muitas vezes
moderna, de salão, popular e de mudar para melhor todo o eles não têm espaço adequado
balé clássico encheram o calen- percurso de vida. para ensaiar, nem condições -
dário cultural da cidade de Ca- Na plateia, os sonhos dos nanceiras para investir até mes-
maçari (BA). Para a população participantes eram multiplica- mo nos próprios vestuários. “A
local, o Festival Ballace Bahia é dos pelos dos pais e familiares. importância desse trabalho já
a oportunidade de ver de perto Eles acompanharam, ansiosos, fala por si só, pois tudo o que
a beleza de coreograas cui- cada apresentação. Este ano, o fomenta a cultura e a dança
dadosamente desenhadas para evento – que teve apresenta- deve ser considerado primor-
emocionar, e que tem como ções paralelas incluídas ao fes- dial para o desenvolvimento Bailarina Mariana Gomes pretende um dia ser júri do Festival
pano de fundo a história de tival, devido à grande demanda de qualquer ser humano”, ar-
vida dos integrantes das seleti- de público – registrou público ma. Segundo ela, os bailarinos
vas que nomeiam os três indi- recorde de 3.500 expectadores baianos mostram que sabem o prossionais e praticantes da o estilo de vida. Isso signica,
cados para as vagas da Escola no Teatro Cidade do Saber. valor da arte e se destacam em dança de outros cantos do País. inclusive, morar em outro esta-
de Ballet Bolshoi para 2009. As audições foram acom- exibilidade, bravura e vontade Quando é chegada a hora do, pois a instituição se localiza
Este ano, 1200 bailarinos panhadas pela coordenadora, de vencer. “Temos muito pra- de conhecer os dois escolhidos em Santa Catarina, na cidade
de todo o País se inscreveram Sylvana Albuquerque, e pela zer em assisti-los”, conclui. pelos coordenadores, a Bahia – de Joinville.
na disputa, realizada entre 11 e coordenadora artística do Bol- Apesar do nervosismo e an- sede do festival – é nomeada, O curso, que tem duração
14 de junho, pelo terceiro ano shoi no Brasil, Maria Antonieta siedade dos participantes, eles pelo segundo ano consecutivo, de oito anos, oferece aulas te-
consecutivo, na cidade baia- Spadari. A meta era selecionar não negaram a felicidade em a grande vencedora (ca com óricas, técnicas de dança, curso
na. Em meio a coreograas e os dois melhores dançarinos poder participar de um evento as duas vagas do Bolshoi). As de inglês, aulas de literatura, de
passos precisos, eles mostra- do Festival Ballace e mais uma tão importante e que lhes abre bailarinas Lara Pithon e Aneli- piano e de pilates. Ao término
vam a excelência do trabalho criança que estude no comple- portas. Além de, também, terem ce Souza ganharam bolsas inte- desse período, os bailarinos
desenvolvido em classes sem xo artístico, Cidade do Saber, oportunidade de fazer um in- grais, mas, para fazer o curso, sempre voltam ao Bolshoi para
muita estrutura, mas que nunca para integrar o corpo do Bol- tercâmbio de experiências com terão que mudar radicalmente novos aperfeiçoamentos.

AUDIÇÃO É APENAS A PRIMEIRA


BARREIRA ENFRENTADA PELOS DANÇARINOS
Além dos cursos de aperfei- de Salvador, Anelice vive com Vera Monteiro, percebeu que está sendo difícil a sua própria
Divulgação

çoamento, a Escola do Teatro os pais, garçons, e com sua estava diante de uma excelente ida, a menina arma que irá
Bolshoi no Brasil oferece a to- irmã. Todos vivem em uma bailarina. “Ela tem grande po- segurar a emoção e seguir em
dos os bolsistas ensino regular casa simples, com a renda de tencial. Só precisamos lapidá-la frente. “Sei que deve ser difícil
gratuito, uniformes, plano de dois salários mínimos. A mãe, para que ela se torne uma péro- car tão longe, mas não vou
saúde, transporte e alimenta- Márcia Souza, conta que, des- la preciosíssima. Anelice é uma me abater. Quero ir e aprovei-
ção. Mas não dá moradia aos de criança, Anelice dava sinais criança que dança com emoção tar essa grande chance. Peço a
bailarinos. O que, para muitos, do quanto tinha vocação para e é muito carinhosa”, avalia ajuda de todos que possam me
como a bailarina Anelice Sou- o balé. “Ela sempre andou na Monteiro. apoiar a conquistar o meu so-
za, de 11 anos, é um grande ponta do pé e se destacava nas Anelice, que já ganhou di- nho”, frisa Anelice.
obstáculo para seguir em fren- festas devido a forma de dan- versos prêmios, diz que não O desempenho de Ane-
te. “Rezo todos os dias para çar”, revela Márcia. esperava ser escolhida pelo lice fez com que os auditores
que Deus me dê a graça de Márcia conta, ainda, que Bolshoi, apesar de ter a cons- adiantassem o início do curso
conseguir ir para lá, pois tenho a boneca Barbie sempre foi a ciência de que dança bem. Ela da garota, que só deveria in-
certeza que é a grande chance inspiração da sua lha, que ten- conta que, quando soube do gressar no Bolshoi em feverei-
da minha vida, de seguir o meu tava imitar os passos que a per- resultado do concurso, cou ro de 2010. Assim, caso consi-
sonho e ainda ajudar a minha sonagem fazia em comerciais muito feliz e só pensou que ga patrocínio para comprar as
família”, desabafa. e lmes. “Ela me pedia para Anelice, de 11 anos: patrocínio era chegado o momento de dar passagens e pagar por moradia,
A menina, agora, precisa entrar em uma escola de dan- para mudar para Joinville melhores condições de vida a menina começará o curso no
vencer mais uma etapa: con- ça, mas, infelizmente, minha para sua família. segundo semestre deste ano.
seguir patrocínio para manter falta de condições nanceiras 9 anos, a mãe dela conseguiu Quando questionada so-
uma moradia durante todo o não permitia. Doía muito ver a colocá-la na academia de dança bre a saudade que sentirá dos Apoio: Quem quiser ajudar
período que precisará car em minha lha cheia de potencial, do bairro. Foi lá que a garota familiares, Anelice responde Anelice deve entrar em
Joinville para completar o cur- mas sem oportunidades”, diz teve apoio para seguir em fren- que seria muito bom se todos contato com a professora
so. Criança humilde, que mora Márcia. te. Assim que começaram as pudessem se mudar para Santa Vera Monteiro através do
em uma região de classe baixa Quando Anelice completou aulas, sua professora de dança, Catarina com ela, mas, como já telefone (71) 8816-9028
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
11
Divulgação
HISTÓRIA DO FESTIVAL MOSTRA
QUE A PARTICIPAÇÃO POPULAR
É O MAIOR RESPONSÁVEL PELO
SEU CRESCIMENTO

Esta foi a quarta edição do


Ballace, realizado na Bahia desde
o ano de 2006. A primeira sede do
festival foi Salvador. No entanto, de-
pois da inauguração da Cidade do
Saber, instituição pública que ofe-
rece aulas de dança para a comu-
nidade carente da região, surgiu a
viabilidade da transferência para um
município da Região Metropolitana.
A Cidade do Saber não ofe-
rece apenas espaço físico para
a realização do festival. Dela
saem, também, os dançarinos
que, anualmente, emocionam e
brigam com garra por uma vaga
na seletiva. Este ano, 300 alunos
da Cidade do Saber concorreram
a apenas uma vaga.
No entanto, de acordo com
a coordenadora da seletiva na
Bahia, Sylvana Albuquerque, após
as audições, quatro estudantes
foram selecionados. As crianças
escolhidas – Débora Leal Santos
de Carvalho, Elisa Bonfim Mene-
zes, Pámela dos Santos Silva e
Yasmin Ribas Ferreira – participa-
rão da seletiva, nos dias 17 e 18
de outubro, em Joinville.
Elas disputarão as 40 vagas
com bailarinos de todo o mundo.
No entanto, segundo as coorde- Festival realizado pelo Bolshoi movimenta calendário cultural de cidade baiana e alimenta sonho de prossionalização de bailarinos de todo o Nordeste
nadoras do festival realizado na
Bahia, o número pode ser altera-
do pelo desempenho dos concor-
rentes e das performances. “Eles

BAIANA REPRESENTA BRASIL NO BALÉ DA RÚSSIA


já são vencedores. Desejo aos
selecionados muita garra e deter-
minação. E que consigam vencer
mais essa etapa, mas que, princi-
palmente, não se frustrem se não
conseguirem passar. Existem vá- De férias na Bahia, a baia- eu sabia, porque sempre estu-
Cristiano Castaldi

rios caminhos e o Bolshoi é ape- na Mariana Gomes, única bra- dei tudo. Assim ganhei meu
nas um deles”, finalizou Sylvana. sileira que compõe o corpo espaço”, diz.
Em 2008, o Ballace trouxe o de dança do Ballet Bolshoi na A bailarina admite que
diretor Pavel Kasarian, da Escola Rússia, conta sua história, fala o caminho até o Bolshoi da
do Teatro Bolshoi , para selecionar da saudade e sobre a vontade Rússia é árduo, e, infelizmen-
alunos da comunidade, oferecen- que tem de compor o corpo te, nem todos que estudam
do-lhes duas bolsas de estudo de jurados do Festival Ballace. no Bolshoi do Brasil terão a
completas. A expectativa inicial A companhia da qual Mariana mesma oportunidade. “Infe-
dos representantes do Bolshoi era faz parte é considerada a mais lizmente não é fácil conse-
a de selecionar crianças para a tradicional do mundo, funda- guir chegar lá e mostrar suas
etapa nacional. No entanto, eles
da em 1776, e conhecida mun- qualidades, mas, com certeza,
foram surpreendidos pela aptidão
dialmente devido aos rigoro- a maioria dos bailarinos terá
dos participantes e decidiram, de
forma inédita, aumentar o número sos critérios para a seleção, chance em outras companhias
de vagas para aquele ano. perfeição e precisão de todos do mundo”, avalia Mariana.
Assim, oito alunos foram os passos dos seus bailarinos. Ela conta que conhece e já
classificados e concorreram com “É preciso muita coragem e ouviu falar muito do Festival
mais 500 candidatos de todo determinação, além de técnica, Ballace. Para Mariana, é muito
Brasil. Finalmente, quatro crian- muito caráter e inteligência”, importante saber que, através
ças foram contempladas com as explica Mariana. deste evento, vários baianos
bolsas de estudo. Números que Com apenas 21 anos, ela é são selecionados para o Bol-
tem crescido com a realização o exemplo de determinação e shoi. “Eu ainda não participei,
de cada uma das novas edições. superação que inspira a maioria mas, assim que receber um
Para se ter uma ideia, de 2008 dos dançarinos brasileiros. A convite, terei o maior prazer
para 2009, o número de inscri- sua trajetória na dança foi inicia- em realizar uma apresentação
tos cresceu de 1000 para 1500, da aos 7 anos, quando começou e de ser jurada também”.
firmando o Ballace no calendário a estudar na Escola de Ballet Mariana naliza a entre-
artístico nacional. Adalgisa Rolim, na cidade de vista deixando para todos
Junto com os números, o Lauro de Freitas (BA). Aos 14 Mariana Gomes, a baiana de 21 anos que conquistou a Rússia os bailarinos brasileiros uma
festival chama a atenção de no- anos, ela foi incentivada por sua mensagem de incentivo. “Se-
mes de peso da dança, que se professora de dança para fazer selecionada para o estágio re- me”, conta. jam muito mais que bailarinos,
envolvem com o projeto. Assim, um teste na Escola de Teatro munerado e se mudou para a Com uma rotina inten- muito mais que estagiários,
bailarinos brasileiros de destaque do Bolshoi, de Joinville, e aca- capital Russa. Mariana conta sa, ensaios diários, das 8h às muito mais que contratados,
que participam de companhias que teve problemas de adapta- 22h30, e intervalos de três
bou selecionada entre os 4.700 façam a diferença. Usem a
e eventos consagrados nacio- ção e sofreu discriminação por horas com folgas somente na
nal e internacionalmente, além
currículos enviados. inteligência e nunca percam a
Mariana passou a inte- ser brasileira, mas soube ven- segunda-feira, Mariana teve humildade. Dancem quando
de estudantes e praticantes da
grar o corpo de baile e a via- cer os obstáculos, inclusive, sua grande chance ao subs- estiverem tristes e com sauda-
dança do Brasil, têm se reunido
no palco e plateia do TCS. Isso jar por todo o Brasil, sempre o mais difícil deles: a saudade tituir uma bailarina russa, 15 des, quando estiverem de fol-
contribui para inserir o Comple- com medalhas de honra como que sentia da sua família e dos minutos antes da estreia do es- ga e até mesmo de férias. Dan-
xo de arte-educação camaça- melhor aluna. Em 2005, nas amigos. “Aprendi a conviver petáculo Bolt. “Era uma apre- cem pra curar todas as dores,
riense como parte importante avaliações anuais, feitas por com a saudade, e aprendi que sentação difícil e nem todo mas que seja sempre com
do cenário da dança mundial. professores de Moscou, foi tudo é uma questão de costu- mundo sabia fazer tudo, mas amor”, nalizou a bailarina.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
13
Festivais

Fotos: Divulgação

A proposta experimental do FIT será mantida em 2009 Em 1969, o Festival de Teatro de São José do Rio Preto surgiu com caráter competitivo

sentações, confraternização e o famoso personagem de Mi- com o trabalho de seis leitores


troca de ideias, formando um guel de Cervantes. críticos, que publicarão seus OFICINAS DE FORMAÇÃO FOMENTAM
dos ambientes mais esperados textos no jornal do festival e A EDUCAÇÃO DURANTE O FESTIVAL
do festival. A extensa progra- COMPANHIAS no site ocial. São eles: Walter Serão quatro atividades para atores, diretores, bailarinos e até jornalistas
mação tem alguns destaques, INTERNACIONAIS Lima Torres, da UFP, Curiti- A programação de Atividades Formativas no FIT incluirá diversas oficinas, de-
como a intervenção do grupo Companhias internacionais ba (PR); Kil Abreu, da Escola bates, palestras e encontros, todos gratuitos e abertos ao público. As inscrições
mineiro As Obscênicas, com terão espaço no festival des- Livre de Teatro, Santo André começaram no dia 1º de julho e seguem até o fim das vagas, que são limitadas.
“Baby Dolls – Uma Exposição te ano. França, Chile, Estados (SP); Bia Medeiros, da UNB, Os espaços, segundo os organizadores, serão dedicados à aprendizagem e apri-
de Bonecas” e “Bolha Lumi- Unidos, Espanha e Argentina Brasília (DF); Lúcio Agra, da moramento não só de atores, mas de bailarinos, de diretores e até de jornalistas
nosa – Experimento Transa- estão entre os que poderão PUC São Paulo (SP); Clóvis de arte. Serão quatro oficinas teatrais:
piens”, da Cia Teatro Lumbra apresentar suas obras na cidade Massa, da UFRSG, Porto Ale- A Teatro do Oprimido, nos dias 17 e 18 de julho, apresentará princípios bá-
e o Clube da Sombra. de São José do Rio Preto. gre (RS); e Luiz Marfuz, da sicos da teoria do teatro e experimentação prática através de jogos, exercícios
As artes plásticas também O espetáculo francês “Ar- UFBA, Salvador (BA). e uma encenação. O diferencial é que crianças a partir de 13 anos já podem
terão espaço com a instalação cane” é que fará a estreia, No Open Space, o tema participar dessa oficina.
do artista Carlos Bachi “Ár- dia 16, trazendo uma relação do FIT, a subjetividade, será O grupo argentino Los Corderos coordenará a oficina O Corpo Criativo no
vorearbretreearbol”. Entre os acrobática entre homem e colocado em pauta em duas Teatro, no terceiro dia de festival. O foco ficará nas ferramentas do que o ator
espetáculos musicais estão o objeto. O grupo chileno Te- atividades. Primeiro a subjeti- dispõe, como o preparo de sua voz, de seu físico e de sua composição espacial,
show de Karine Alexandrino, atro en El Blanco apresenta vidade contida nos processos fornecendo um treinamento no qual o ator poderá descobrir suas limitações.
músicos argentinos apresentan- “Neva”, peça ambientada em de criação coletiva e depois a A oficina Princípios Excêntricos acontecerá no dia 25 e também terá presen-
do uma fusão de ritmos latino- São Petesburgo, na Rússia, fruição subjetiva e leitura crí- ça internacional, graças ao norte-americano Avner Eisenberg, que irá explorar
americanos em “La Cartelera que trata sobre manifestações tica, com a participação dos maneiras de encontrar personagens e criar materiais, abrangendo três áreas:
y sus Limones Domingueros” leitores críticos, dos alunos balanceamento e controle do espaço, encontro e estabelecimento de cumplici-
dos operários por melhores
dade com o público e parceiros e resolução de problemas como um método de
e o inglês Tetine apresentando condições de vida. do Atelier de Crítica Teatral e
trabalhar no palco.
seu último álbum. A variedade O norte-americano Avner dos críticos dos jornais, TVs e Voltada aos jornalistas e a quem gosta de escrever, o Atelier de Crítica Teatral
de estilos musicais está garanti- Eisenberg mostra, através da sites convidados pelo festival. terá a presença de Kil Abreu, hoje colaborador da revista “Bravo!” e com vasto
da durante as noites do espaço, comédia, sua simplicidade po- currículo na área cultural. É a oficina mais longa, com quatro dias de duração, de
com apresentação do DJ Bocka, ética com um de seus grandes DO DRAMA 21 a 24.
do DJ Mabel, do DJ Cláudio sucessos na Broadway, “Avner, À COMÉDIA Para se inscrever em uma das atividades, basta comparecer à secretaria do
Gorayeb, do DJ Fábio Lopes e the Eccentric”. Da Espanha, Companhias consagradas FIT, no primeiro andar do Centro Cultural Daud Jorge Simão, localizado na praça
do DJ Jefferson D’Melo. vem o grupo Los Cordelos.sc e inovadoras se apresentam Jornalista Leonardo Gomes, s/n (Praça Cívica). Mais informações pelo telefone
com a “Crónica de José Agar- em diversos espaços do FIT. (17) 3215-1770.
APRESENTAÇÕES rotado (Menudo Hijo de Puta)” O Grupo Macunaíma é um
NAS RUAS e “Sienta La Cabeza”, onde o deles, com o espetáculo “A
O FIT terá dois espetácu- público é o protagonista. Ain- Falecida Vapt Vupt”, de Nel-
los gratuitos ao público nas da com o idioma espanhol, os son Rodrigues. Outro texto
FIT TRAZ LANÇAMENTOS DE LIVROS E EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
ruas de São José do Rio Pre- argentinos trazem o espetáculo do dramaturgo brasileiro, “Se-
Dentro da programação de Atividades Formativas, o FIT traz o lança-
to. A Oigalê Cooperativa de “Tercer Cuerpo”, onde cinco nhora dos Afogados”, ganha mento de produções editoriais que abordam a temática teatral. Um dos
Artistas Teatrais apresenta personagens se unem através nova produção no festival, destaques é o livro Fotografia de Palco, da fotógrafa Lenise Pinheiro. Para
“Miséria, Servidor de Dois da solidão que os assola e a ne- feita pelo Núcleo Experimen- realização desta obra, Lenise inspirou-se no trabalho de Fredi Kleemann
Estancieiros”, adaptada li- cessidade de amar. tal. Os baianos da companhia (1927-1974), fotógrafo que registrou as produções do Teatro Brasileiro de
vremente da commedia dell’arte Dimenti Produções Cultu- Comédia (TBC) e da Companhia Cacilda Becker. O diferencial de Lenise é a
“Arlequim, Servidor de Dois ATIVIDADES rais também terão Rodrigues busca pelo “instantâneo não elaborado” e não apenas o retrato.
Amos”, de Carlo Goldoni. A FORMATIVAS como fonte de inspiração na O lançamento do livro é acompanhado de uma exposição fotográfi-
principal história trata de um A organização do festival peça “Batata!”. ca com as imagens presentes no livro. Na mesma noite, dia 17 de julho,
anti-herói que não conseguiu traz, nesta edição, diversas ati- Isabel Teixeira, vencedora também acontece o lançamento das obras: O Teatro da Morte, de Tadeuz
entrar nem no céu nem no vidades de formação para os do prêmio Shell 2009 de melhor Kantor; Revista Sala Preta – nº 8.
inferno e decide arranjar um interessados nas artes cênicas atriz, apresentará o espetácu-
emprego. com o objetivo de oferecer um lo que lhe concedeu o prêmio,
A segunda atração de rua espaço para o aprimoramen- “Rainha[(s)] - Duas Atrizes em
é do Teatro que Roda. É a to desses prossionais. Entre Busca de um Coração”, dirigido SERVIÇO:
“Das Saborosas Aventuras as atividades estão palestras, por Cibele Forjaz, com Georgete Festival Internacional de São José do Rio Preto
de D. Quixote de La Mancha debates, ocinas, lançamentos Fadel no elenco. Também me- Quando e onde?
e seu Escudeiro Sancho Pan- editoriais, lmes e encontros de rece destaque o monólogo “El- Entre os dias 16 e 25 de julho, em São José do Rio Preto, SP
ça - Um Capítulo que Poderia prossionais da área. dorado”, de Eduardo Okamoto; Quanto?
ter Sido”, que fala sobre um O Painel Crítico funciona “O Cantil”, da companhia cea- Entre R$ 10 e R$ 2,50
executivo que se cansa de sua como uma forma de compre- rense Teatro Máquina; e o espe- Mais informações:
vida e mergulha em um mun- ender melhor o trabalho dos táculo “A Margem”, da Compa- www.festivalriopreto.com.br
do imaginário, imaginando ser críticos de teatro e contará nhia do Gesto, do Rio de Janeiro.
12 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Festivais
Divulgada a programação do

40º. Festival de Teatro


de São José do Rio Preto
Com o tema Subjet
Subjetividade, evento se divide em módulos por áreas temáticas
Por Ive Andrade MÓDULO OCUPAÇÃO vam ao público referências de
No Módulo Ocupação, to- mundos diferentes. Já o Balé
O Festival Internacional
Internacio de dos os anos um grupo de des- de Rio Preto apresenta “Alma
Teatro de São José do Rio Preto taque nas artes cênicas ganha Aprisionada”, onde o grupo
chega a sua 40ª edição, em 2009, espaço exclusivo e pode trazer se arrisca em uma performan-
com mais de cem apresenapresentações de volta suas criações e as me- ce entre a lucidez e a loucura,
de grupos nacionais, in interna- lhores obras. No aniversário de tratando da personalidade de
cionais e regionais em su sua pro- 40 anos de criação do festival, o Stela do Patrocínio.
gramação. Este ano, o F FIT terá carioca Companhia dos Atores Dentro de um contexto po-
como tema a subjetivi
subjetividade e é o convidado. Com 20 anos pular, a Cia Forrobodó de Tea-
manterá o caráter expe experimen- de carreira, os artistas cariocas tro apresenta “É Poesia Popu-
tal e não-competitivo que o apresentarão em São José do lar”, que conta a história de um
caracteriza desde 20 2001. Os Rio Preto quatro espetáculos, casal de retirantes que chega
ingressos começam a ser entre os dias 20 e 25 de julho. à cidade grande em busca de
vendidos, virtualmen
virtualmente, no “Talvez” é um deles, onde uma vida melhor, mas seguem
dia 7 de julho, atra através do um homem marcado pela in- pelo Brasil cantando cordéis.
site ocial do festiva
festival (www. trospecção e esquizofrenia O trabalho da Cia Palhaços
festivalriopreto.com.br).
r A par- tranca-se em seu apartamen- Noturnos será “Melodrama”,
tir do dia 11 de julh julho será to e inicia uma relação curio- onde o humor e o deboche se
possível também aadquirir sa com os espectadores. Nos misturam em diversas peque-
as entradas pesso pessoalmen- dias 20 e 21, “Apropriação” nas histórias.
te no Sesc Rio Pr Preto ou discutirá temas como livre ar- Interpretando o clássico li-
em 27 outras un unidades bítrio, autoria e impotência do terário “Memórias de um Sar-
do Sesc no Esta Estado de homem perante seu criador, gento de Milícias”, a Cia Fá-
São Paulo. Os preç preços das através de trechos de obras, brica dos Sonhos mostra com
apresentações vari variam en- declarações e entrevistas do humor a conhecida história de
tre R$ 2,50 e R$ 110. dramaturgo Harold Pinter. Leonardo Filho, enquanto a
Situada nos anos 40, a peça Trupe Gato e Sapato conta a
MÓDULO TEA TEATRO “Esta Propriedade está Con- história de dois artistas de cir-
E CIÊNCI
CIÊNCIA denada” traz como pano de co: o palhaço Pirueta e a bai-
Em 2009, o Festival fundo o encontro de dois ado- larina Penélope, que perdem
Internacional de Teatro lescentes no sul dos Estados seus empregos e agora tentam
de São José do R Rio Pre- Unidos e, a partir daí, desen- montar o próprio show. As di-
to trará uma comb
combinação rola uma seção de lembranças culdades dessa empreitada te-
inusitada em um de seus de clássicos cinematográcos cem a história da peça.
módulos: a união do te- e trechos de populares canções O espetáculo “As Noivas”,
atro com o tema ciência, norte-americanas. da Cia Livre de Teatro, é uma
apresentado pelo grupo Com direção de Gerald adaptação livre de três contos
paulistano Núcle
Núcleo Arte Thomas, o último espetáculo de Nelson Rodrigues, com
e Ciência no Palc
Palco com a ser apresentado pela com- um toque contemporâneo. Na
dois espetáculos. O pri- panhia será “Bate Man”, onde peça, três mulheres com perso-
meiro é “Einstein
“Einstein”, que a personagem é torturada e, nalidades distintas, mas com o
já passou por m mais de durante a peça, constroi uma mesmo sonho: usar um vesti-
350 cidades pelo País e profunda análise do homem do de noiva. Em “O Girassol”,
completa dez anos
anos. O en- contemporâneo. a história é a do menino Brás
redo apresenta um uma visão não gosta de sua vida e quando
humanizada do gê gênio da ALDEIA FIT adulto deixa o interior em bus-
física, com nuances de sua No módulo Aldeia FIT, dez ca de seus sonhos. O espetácu-
personalidade capta
captadas no grupos teatrais de São José do lo é da Cia da Boca e trata da
palco. Em São José do Rio Rio Preto marcam presença no terra e sua relação com os seres
Preto, a estréia da peç
peça acon- festival. Os artistas foram esco- humanos.
tecerá no dia 21 de jul
julho. lhidos através de uma seleção Três empregadas domésti-
Outra aprese
apresentação que tinha 21 candidatos, na qual cas acreditam ter matado sua
que une o mundo ccientí- foi levado em conta a qualidade patroa em “Três é D+”, da Cur-
co ao teatral é “Afte“After Da- técnica, o texto e a interpreta- ta Produções Artísticas. O espe-
rwin”, que trata dos coni- ção, entre outros aspectos. táculo promete arrancar risos
tos de Charles Darwin com o Entre os selecionados es- da plateia enquanto as mulheres
capitão Robert Fitzroy. O es- tão a Cia Teatral Só Riso, com tentam provar sua inocência.
O espetáculo francês Arcane traz a petácu ulo
petáculo o aprp oxxima
aproximaima a teoria
im teo do o espetáculo “Liz, eu e o Pás-
relação acrobática entre homem e objeto cientista ao contexto co contem- saro Encantado”, onde a ima- NÃO-LUGAR
porâneo. No FIT, sua estreia ginação de uma menina e sua O espaço noturno Não-
acontecerá no dia 24. relação com um pássaro le- Lugar é reservado para apre-
14 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Festivais

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Participação artística
como arma para

Por Michel Fernandes* O DEBATE


democracia real
dentro da própria idéia de inclu- áudio descrições, para que os de- sa deciência nos colocar num
especial para o Quem participou das mais são. Citou como exemplo as rei- cientes visuais possam acompa- pedestal cerzidos com âmulas
Jornal de Teatro de quatro horas de duração vindicações de grupos de surdos nhar os detalhes da encenação, heróicas daquele que consegue
do debate Acessibilidade Para com capacidade de leitura labial, e um sistema de legendagem uma vitória apesar de enfrentar
A 41ª edição do FILO (Fes- a Democratização da Cultu- batalhando por direitos especí- instantânea, na outra lateral do todas as adversidades ou somos
tival Internacional de Londrina), ra, mediado por Paulo Braz cos a sua classe, desconsiderando palco, destinado aos decientes reconhecidos pelo nosso real
que acabou no nal de junho, en- – membro da Comissão Orga- aqueles decientes auditivos sem auditivos alfabetizados). Segundo valor artístico (única “vitória”
tra para a história das artes bra- nizadora do FILO –, sabe que a capacidade de leitura labial. armou Cláudia Werneck, esse é que nos interessa obter)?
sileiras graças à redação de uma os apontamentos ali nascidos Virou lugar-comum o dis- o modelo do “teatro do futuro”, Guardo uma lição de Henri-
carta oriunda do debate Acessi- são apenas rebentos prematu- curso individualista em todas cuja recepção será pautada pela que Amoedo, diretor-artístico do
bilidade Para a Democratização ros de discussões que ocuparão as instâncias. Nada a fazer, en- acessibilidade geral. grupo português Dançando Com
da Cultura, em que o foco para enorme parcela de nosso porvir, tão? Não. Continuemos tentan- a Diferença: “O resultado artísti-
a Arte Inclusiva, ou seja, aquela mas, na contramão de tantos do interpretar o que nos dizem ARTISTAS HERÓICOS co pode ser bom ou ruim inde-
preocupada com a participação projetos capazes de nos engra- nossos representantes para as- POR SEREM DEFICIENTES pendentemente da condição física
de todos os indivíduos de nos- vidar de questões para, na se- segurarmos um futuro mais OU, SIMPLESMENTE, de quem o apresenta”. Posto isso,
sa sociedade na feitura e rece- quência, nos abandonar órfãos comunitário, votando em quem ARTISTAS? devemos ater nosso foco de aten-
bimento dos objetos artísticos, de espaços para a continuação nos parecer melhor representar. Como deciente que já deu ção no gesto, na fala, na melodia,
teve pioneiro destaque. das discussões, o FILO 2009, O debate Acessibilidade Para a cara a tapa nos palcos, dan- na poesia, enm, no objeto artísti-
Já havia participado de fes- na pessoa do próprio Braz, se a Democratização da Cultura, çando em Via Sem Regra, de co em si e não em quem o produ-
tivais nacionais realizados pelo comprometeu com a continui- como se pode perceber, alcançou Gerda König, com a alemã Din ziu para medirmos sua relevância
Movimento Arte Sem Barrei- dade do projeto nas próximas escalas além do sentido objetivo a 13 Tanzcompany comungo e/ ou qualidade artística.
ras, como jornalista e ocineiro, edições do evento. da questão “acessibilidade”. Mas a com a inquietação que preo- Edu O., por exemplo, apresenta
como também do alemão Dan- “Desde o princípio, o FILO apresentação do grupo carioca Os cupa sobremaneira o bailarino em Judite Quer Chorar, Mas Não
cing Crossing Festival, como bai- é um festival preocupado com o Inclusos e Os Sisos é referência Edu O, que apresentou o inte- Consegue uma bela obra de dança-
larino, e com o grupo português processo, então, é natural a con- objetiva no quesito recepção aces- ressante “Judite Quer Chorar, teatro sobre as dores e os sabores
Dançando Com a Diferença, tinuidade do projeto de Arte In- sível (as representações do grupo Mas Não Consegue”, no FILO vindos com a transformação.
como pesquisador em dança in- clusiva nas próximas edições do procuram destinarem-se aos mais 2009: o reconheci-mento de
clusiva (que chamo de dança das Festival”, completou Paulo Braz. diferentes públicos, contando, nosso trabalho *Michel Fernandes é
diferenças), mas em todos esses A jornalista, empreendedo- para isso, com uma intérprete está atrelado ao jornalista cultural, crítico e
eventos citados, a segmentação ra social, escritora, fundadora de LIBRAS, posicionada numa fato de nos- pesquisador de teatro.
segregava os ditos inclusos do da Escola de Gente –Educa- das laterais do palco de modo a Editor do
meio artístico a ser incluídos. Já ção Para Inclusão e do grupo car iluminada sem que isso www.aplausobrasil.com.br.
o FILO 2009 agregou a sua se- de teatro Os Inclusos e Os Si- interra na iluminação do
leta pauta de fomento artístico, sos armou categoricamente: espetáculo, fones
de merecido reconhecimento no “sem se pensar na questão da de ouvido
curso desses anos, a questão da acessibilidade não há evolução com
chamada Arte Inclusiva. democrática”. Em miúdos, a
Mas, voltemos à carta: ela é palavra democracia – carac-
endereçada a todos os festivais, terizada pela participação de
sejam nacionais ou internacio- todos os cidadãos do povo,
nais, para que estes reconheçam em que, por meio do voto,
artistas decientes com igualda- escolhemos nossos repre-
de de possibilidades de partici- sentantes, cuja missão é
pação, desde que a arte a que debater e legislar assuntos
se dedicam esteja dentro dos de relevância social – só
critérios de excelência artística atinge seu pleno signica-
exigidos por tais festivais. Outro do quando representantes
quesito da carta, que exige uma de cada segmento social,
reformulação mais complexa preocupados em solucionar
dos meios, diz respeito à acessi- os problemas de forma comu-
bilidade da recepção dos espetá- nitária, tiverem efetiva partici-
culos apresentados em festivais, pação no debate social.
ou seja, que através da tecnolo- O problema disso, também
gia e de outros meios – como apontado por Werneck, é que
um intérprete em LIBRAS – os segmentos acabam por bus- Bailarino Edu O
seja possível a recepção por de- durante o espetáculo
car soluções muito especícas e “Judite Quer Chorar,
cientes visuais, auditivos etc. geram uma espécie de exclusão Mas Não Consegue”
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
15
Festivais
Teatro de animação estimula cultura catarinense
Terceira edição do Fita Floripa bate recorde de público e 20 mil pessoas vibram com as apresentações de 19 companhias de teatro e animação
Por Adoniran Peres

Durante uma semana, visi-


tantes que vieram contemplar as
belezas naturais de Florianópo-
lis, estudantes e a população em
geral da região catarinense tive-
ram dias culturalmente anima-
dos. Representantes do teatro de
animação do Peru, da Itália, da
Espanha, da França e de várias
localidades brasileiras estiveram
na capital e zeram das ruas, das
praças e dos espaços públicos da
cidade grandes palcos de impor-
tantes espetáculos. O motivo de
tanta manifestação cultural foi
a terceira edição do Fita Floripa
(Festival Internacional de Teatro
de Animação de Florianópolis),
que ocorreu entre os dias 14 e 20
de junho. O evento teve a par-
ticipação de 19 companhias de
teatro e animação e arrebanhou
um público estimado em 20 mil
pessoas, um recorde para os or-
ganizadores, cinco mil a mais que
em 2008. “Isso signica a reali-
zação de um quarto FitaFloripa”,
armou a coordenadora geral do
festival, Sassá Moretti, que assi- Teatro Hugo & Inês, do Peru, em “Cuentos Pequeños”, durante a abertura do festival: partes do corpo dão vida aos personagens
na a coordenação executiva do
evento junto com Zélia Sabino. aplausos a magia das sombras da do teatro oresceu em outros
Fotos: Divulgação

No total, 41 apresentações Cia. Gioco Vita, da Itália, com pontos da cidade, com compa-
nacionais e internacionais foram “Pépé e Stella. nhias nacionais, com destaque
realizadas em 13 espaços da ca- Outro destaque foi “Passa- para os catarinenses. Os brasi-
pital, gratuitamente ou a preços ge Désemboîté”, da companhia leiros mostraram igualmente ao
populares (de R$ 4 e R$ 8). O francesa Les Apostrophés. O que vieram, como a Cia. Circo
sucesso foi tão grande que hou- espetáculo invadiu as ruas do de Bonecos, com o espetáculo
ve necessidade de uma segunda centro de Florianópolis e pren- “Circus – A nova turnée”, que
sessão em um dos espetáculos, deu atenção dos transeuntes e encantou e lotou o auditório
como é o caso da peça o “Ha- curiosos. Quem parou para as- principal da Universidade Fe-
gënbeck”, da Cia. Experimentus sistir, deu boas risadas. Homens deral de Santa Catarina (UFSC).
Teatrais, de Itajaí. Os ingressos já de terno e gravata manipulavam Já o espetáculo “Socorro”, do
haviam se esgotado quatro horas objetos simples, fazendo deles Ronda Grupo de Dança e Te-
antes do início da apresentação. personagens que ditavam o rit- atro, de Florianópolis, lotou o
Entre os espetáculos mais es- mo das ações dos quatros atores, teatro da Ubro, entre outros que
perados estavam os internacio- com o sanfoneiro que conduzia entraram em cena, como as com-
nais. A abertura do evento, dia o público entre as várias histó- panhias Cirquinho do Revirado,
14, contou com a participação rias. O encerramento, dia 18, - com “O Sonho de Natanael”, o
de grande público, que assistiu cou por conta da Cia. Jordi Ber- Anima Sonho com a “Bonecrô-
a companhia peruana Teatro tran, da Espanha, no Centro de nicas” e “Circus – A Nova Tur-
Hugo & Inês, com “Cuentos Cultura da Universidade Federal née”, da Cia. Circus de Bonecos,
Pequeños”, que se utiliza de de Santa Catarina (UFSC), com e o “Menino Maluquinho”, da
partes do corpo para dar vida a “Antologia”. Cia. Andante. Mais informações
personagens. Receberam muitos Mas não foi só isso: a magia em www.taoripa.com.br

Passage Desemboîte, do Grupo Frances Les Apostrofes, invadiu, com muito bom humor, as ruas da Capital Desle de abertura do Fita Floripa 2009 pelas ruas de Florianópolis
16 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Festivais

Por Adriana Machado FORMAS INOVADORAS


Fotos Anderson Espinosa O Festival Internacional de Teatro de
Bonecos de Canela contou com um pú-
Criança ou adulto, não importa a ida- blico de mais de 30 mil pessoas durante os
de, o olhar de encantamento é o mesmo. quatro dias de realização (de 18 a 21 de ju-
E este brilho nos olhos é um fenômeno nho). Bonequeiros do Brasil, da Finlândia,
que acontece há mais de duas décadas, em da Espanha, da Argentina e da Itália, em
uma pequena e bucólica cidade serrana um total de 120 artistas, apresentaram 50
do Rio Grande do Sul. Todo ano é assim. espetáculos (a metade atrações de rua). As
O 21º Festival Internacional de Teatro de técnicas foram as mais variadas: sombras,
Bonecos de Canela não traz, apenas, os os, luvas, varas, com bonecos grandes e
melhores espetáculos do mundo, as mais pequenos, representando bebês, homens,
novas técnicas de manipulação e o talen- mulheres, idosos e animais.
to dramático de atores responsáveis a dar Espetáculos lúdicos, nostálgicos ou sim-
vida às suas mais incríveis criações. O plesmente irreverentes e que nunca se repe-
evento – o mais duradouro do gênero no tem. Com exceção de um ou outro sucesso
País e também um dos mais longevos das do passado. “Existe uma preocupação em
artes cênicas – movimenta o município trazer uma programação de vanguarda,
de inúmeras maneiras. Turistas vindos de alguns mais fáceis de serem aceitos pelo
várias partes do Estado lotam hoteis, res- público, caracterizando-se por ser o mais
taurantes e o comércio local, que por sua puro entretenimento, outros mais densos e
vez, se “enfeita” para receber o público e investigativos”, arma a diretora artística do
os consumidores. Este colorido especial, festival, há 21 anos, Marina Meimes Gil, res-
capaz de remeter às travessuras da infân- ponsável pela curadoria em conjunto com
cia, está presente em todos os cantos: nas os bonequeiros Nelson Haas e Beth Bado.
esquinas, nos bancos das praças, nas vi- Destes, existem grupos que preferem
trines das lojas e nas janelas das casas. a improvisação e o contato direto com
Vinda de Caxias do Sul, Simone Pellenz o público. Na praça, dezenas de crian-
e sua lha, Amanda, de 9 anos, se desloca- ças se acotovelavam para ver de perto os
ram para o município especialmente para imaginários Malry e Halry, do “Circo de
prestigiar o festival. “É difícil encontrar es- Pulgas”, do catarinense Marcio Correa, Canela, na Serra Gaúcha, se enfeita todos os anos para receber os bonecos e fantoches
petáculos como este durante o ano. Estou integrante do grupo Legião de Palhaços.
achando bem bacana, principalmente por- Utilizando a técnica de manipulação e ilu- Os gaúchos Jeffersonn Silveira e Cíce- fratores, crianças portadoras de HIV e ve-
que podemos escolher entre as programa- sionismo, o domador-clown divertiu pela ro Pereira, do grupo Giba, Gibão, Gibóia getativas. “Procuramos envolver o público
ções fechadas e as de rua também”, diz Si- simplicidade características da obra. “Este seguem a mesma linha. “As aventuras de e gostamos de levar alegria. Para nós, artis-
mone. “Ou seja, têm atrações para todos os espetáculo existe desde 1998 e há muito pantaleão, o mágico trapalhão” existe há tas, ver o sorriso desta garotada traz uma
gostos e em duas versões, o que demonstra tempo não faço apresentações em teatros 15 anos e já foi apresentado em colégios, realização pessoal muito forte, sem querer
a boa organização do festival”, completa. fechados”, diz o artista. comunidades carentes, para menores in- ser demagogo”, confessa Silveira.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
17
Festivais

Marcio Correa, da Legião de Palhaços, apresenta “Circo de Pulgas” no meio da rua para crianças de todas as idades Espetáculos se notabilizaram pela irreverência

O melhor no mundo em GRUPOS PARTICIPANTES:


ESPETÁCULOS INTERNACIONAIS

teatro de formas animadas


Valéria Guglietti – “No Toquen Mis Manos”, Espanha.
Técnica de manipulação: sombras chinesas
WHS – “Katoamispiste”, Finlândia. Técnica de manipulação: objetos
Pelmànec Teatre – “Don Juan, Memoria Amarga de Mi”, Espanha.
Técnica de manipulação: direta
Gioco Vita – Pepe e Estrella, Itália.
O Festival Internacional de Teatro Técnica de manipulação: sombras chinesas
de Bonecos de Canela contou com uma
programação equilibrada, para atender ESPETÁCULOS NACIONAIS
a todas as idades e a todas as tendências Contadores de histórias – “Em concerto”, Paraty (RJ). Técnica de manipulação: direta
da arte bonequeira. Foram 18 peças Giramundo Teatro de Bonecos – “Pedro e o Lobo”, Belo Horizonte (MG).
apresentadas nos teatros e nos espaços Técnica de manipulação: marionete
públicos. Além disso, o festival “veste” Giramundo Teatro de Bonecos – “Pinocchio”, Belo Horizonte (MG).
toda a cidade com bonecos, incluindo Técnica de manipulação: marionete/balcão/luva/sombra
os ináveis, e até mesmo uma cobra de Bonecos Canela – Cultura Viva – “Sonho de uma noite de verão”, Canela (RS).
40 metros. Outra atração foi a exposi- Técnica de manipulação: luva
ção dos bonecos do grupo Cia O Na-
vegante, locados para a minissérie Hoje APRESENTAÇÕES DE RUA
é Dia de Maria. Kossa Nostra – “Kruvikas” , Argentina. Técnica de manipulação: luva/vara/direta e mista
Pia Fraus – “Bichos do Brasil”, São Paulo. Técnica de manipulação: direta de infláveis gigantes
Quem subiu a serra teve a oportuni-
Legião de Palhaços – “Circo de Pulgas”, Rio do Sul (SC). Técnica de manipulação: ilusionismo
dade de assistir novidades recém-estrea- Giba Gibão Jibóia – “As Aventuras de Pantaleão”, Porto Alegre (RS).
das na Europa, espetáculos de vanguarda Técnica de manipulação: luva/gatilhos/vara
e encenações de grande porte, que exi- Cia. O Navegante – “Musicircus”, Mariana (MG). Técnica de manipulação: marionetes
giram 17 horas de montagem de cenário Cia. Bonecos da Gente – “Afro-descendentes”, Alvorada (RS). Técnica de manipulação: direta
e infraestrutura. Casos de Pinocchio, do PREGANDO PEÇA – “O MACACO SIMÃO”, GRAVATAÍ (RS).
grupo Giramundo, de Belo Horizonte, e TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: MAROTE COM VARA
de Katoamispiste (Vanish Point), a atra- CALÇADA DI VERSO – “TRAPIZONGA”, CURITIBA (PR).
ção pós-dramática da vez, vinda da Fin- TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: DIRETA E MARIONETES
lândia. Todos os espetáculos internacio- BANDO NÉON EXPERIÊNCIA CÊNICA – “TEATRO DE LAMBE-LAMBE”, JOINVILE (SC).
nais vieram ao Brasil pela primeira vez. Boneco gigante “imita” gestos humanos TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: DIRETA
Com direção e adaptação de Marcos
Malafaia, Beatriz Apocalypse e Ulisses cenação. Algumas performances apre- DE CANELA:
Tavares, os mineiros trouxeram a inser- sentadas no palco também apareceram TEATRO DE BONECOS PADRE FRANCO – “A VIAGEM DE UM BARQUINHO”.
ção do vídeo como elemento cênico, a ecoadas nas projeções. Entre os efei- TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: DIRETA
composição da trilha sonora no sistema tos, o ator animou um pássaro com as BONEQUEIROS MIRINS – INSTALAÇÃO
quadrifônico, o uso de madeira e obje- mãos, que saiu voando, surgindo num GRUPO PÉ GRANDE – “BONECOS GIGANTES”. TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: DIRETA
tos de demolições, a aproximação entre mergulho em imagens pré-gravadas. GRUPO SÓ RINDO. TÉCNICA DE MANIPULAÇÃO: DIRETA
manipulação e dança e o uso simultâ- A programação, segundo a diretora EXTRAS: MOSTRA DE FILMES, DESCENTRALIZAÇÃO, CAIXA LAMBE-LAMBE E CINEMA 3D
neo das técnicas tradicionais do teatro artística Marina Meimes Gil, é luxuosa.
de bonecos. Tudo para reetir sobre Estética à parte, com certeza é um bom
a formação do ser humano através da resumo do que acontece de melhor no OS PREMIADOS DA NOITE DE ENCERRAMENTO,
restrição da liberdade e do prazer. mundo em teatro de formas anima-
Já a representante da Finlândia apre- das. Exemplo disso é o espanhol “Don NA OPINIÃO DO PÚBLICO:
sentou uma proposta pós-dramática, Juan, Memória Amarga de M”i, que es- MELHOR ESPETÁCULO APRESENTADO NOS TEATROS: “NO TOQUEN MIS MANOS”, DE
que misturou animação com muita tec- treou no festival Titirimundo 2009, na VALÉRIA GUGLIETTI, DA ESPANHA
nologia e elementos do cinema novo, Segóvia, onde se consagrou como o me-
circo e dança. O cenário foi formado lhor espetáculo. Também recebeu o prê- MELHOR ESPETÁCULO DE RUA DO BONECOS DO CHAPÉU, “BICHOS DO BRASIL”, DO PIA
por três telões que exibiam imagens mio do júri popular do 10º Festival de FRAUS, DE SÃO PAULO
urbanas e da natureza durante a en- Teatro de Bonecos de Belo Horizonte.
18 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Festivais

Cerca de 2.800 vagas são oferecidas para os seminários, cursos e workshops. A integração entre a professora e a aluna, durante a aula de balé clássico, contagia as demais bailarinas

Festival de Dança de Joinville investe na troca de experiências


Além das apresentações e mostras de dança, a aposta dos organizadores são os Cursos, Oficinas, Workshops e Seminários de Dança

Por Adoniran Peres das tradicionais batalhas de MCs FreeSty-


Fotos: Divulgação

le, Popping, Locking e Hip Hop FreeStyle,


Não é exagero se afirmar que a 27ª com a inclusão de um novo estilo, o House
edição do Festival de Dança de Join- Dance. A seleção dos participantes tam-
ville promete ser um sucesso, com bém mudou: os candidatos se inscreveram
muitas atrações de (rara) beleza e qua- no processo seletivo postando vídeos com
lidade. Afinal, entre os dias 15 e 25 de suas performances no YouTube.
julho, cinco mil participantes, entre
bailarinos, coreógrafos, professores e PROGRAMAÇÃO
pesquisadores da dança colocarão a A programação ocial traz, ainda, a tra-
cidade catarinense sob os holofotes dicional noite de abertura que contará, no
do mundo da arte. Se, anteriormen- dia 15 de julho, no Centreventos Cau Han-
te, a mostra competitiva era a parte sen, com a energia da companhia francesa
mais evidente do evento, hoje tudo é S’poart e da companhia brasileira Discípu-
importante e cada atração ganha a sua los do Ritmo. Em 11 dias, o Festival terá,
projeção. ainda, Noite de Gala e dos Campeões à
A programação didática/pedagó- Mostra Competitiva, as apresentações do
gica, por exemplo, é uma das apostas Meia Ponta ou Palcos Abertos, além da Fei-
dos organizadores que, a cada ano, ra da Sapatilha, a maior do setor no Brasil,
atrai milhares de estudantes e profis- que apresenta produtos, artigos e acessó-
sionais da dança que vêem nos cursos rios de dança e reúne mais de 70 exposito-
e oficinas, workshops coreográficos res. Mais informações em www.festivalde-
e seminários de dança oportunidades danca.com.br.
ímpares de se aperfeiçoarem. Cerca
de 2.800 vagas são oferecidas para a
reflexão e aprimoramento, um aumen- PRINCIPAIS ATRAÇÕES:
to de 39% em relação ao ano passado.
Apenas nos cursos e oficinas são 2.040 Noites especiais de Abertura,
vagas, em 59 turmas de 44 cursos, que de Gala e dos Campeões
englobam de balé clássico ao jazz con- Mostra Contemporânea de Dança
temporâneo, sapateado e dança de rua.
Voltado ao meio acadêmico (univer- Mostra Competitiva – balé clássico,
sitários, mestre e doutores em dança), clássico de repertório, dança
os seminários chegam à terceira edição contemporânea, danças populares,
e provocam uma reexão sobre o tema jazz, sapateado e dança de rua
Dança e educação - como o dançarino Meia Ponta – apresentações infantis
aprende, com quem aprende e onde en-
sina. Com o título Algumas perguntas Feira da Sapatilha
sobre dança e educação, as conferências
e exercícios contarão com 17 prossio- As inúmeras ocinas acontecem em auditórios, no palco e em salas de ensaio Palcos Abertos – apresentações gratuitas
nais convidados – todos pesquisadores em centros comerciais, praças, fábricas e
renomados na área – que abordarão lizados de 22 a 25 de julho. As palestras ENCONTRO DAS RUAS na Feira da Sapatilha
questões instigantes e polêmicas como serão realizadas nos três primeiros dias Além das apresentações e mostras de Cursos e oficinas
Artes-educações: as abordagens são do evento. No quarto dia o espaço se danças, que já são referências consagradas
mesmo plurais?, Quem pode mesmo abre para a prática, com a apresentação mundialmente, outra aposta é o Encontro Seminários de dança
ensinar balé?, Grandes mestres – pode- de estudos produzidos nas universida- das Ruas. Voltado para a cultura urbana,
mos duvidar deles? e Onde se produz des. Ao todo, 500 vagas foram abertas a atração chega à quarta edição repleta de Workshops coreográficos
o artista de dança?, Centros de forma- para os interessados. Durante o evento, inovações. Neste ano, abre espaço para no-
ção – o que há para além das acade- também será lançado o livro Seminá- vas linguagens e estilos, amplia a Mostra de Encontro das Ruas
mias?, entre outros. rios de Dança 2 – O que quer e o que Grate, ganha uma comissão técnica com- Rua da Dança
Ainda nesta 21ª edição, os seminá- pode a técnica, resultados das discus- posta por expoentes da cultura hip hop no
rios ganham um dia a mais e serão rea- sões desenvolvidas em 2008. País e no mundo e avança na organização Visitando os Bastidores
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
19
Técnica

‘Tudo é música’ para Theo


Artista multimídia, em cartaz com a peça ‘A Vida Que Pedi, Adeus’ fala sobre o som dos palcos e das mesas, e de como caiu no mundo da coxia

Por Danilo Braga

João Caldas
Divulgação

Theo Werneck é um ar-


tista multimídia. Não só por-
que trabalha com áudio, mas,
sim, por que é um multiartis-
ta: ator, sonoplasta, DJ, mú-
sico, pesquisador musical.
Hoje atua no Theo Werne-
ck Blues Trio e está em car-
taz com “A Vida Que Pedi,
Adeus” no Teatro Cosipa,
onde é responsável pela trilha
sonora inovadora – com uma
só composição, a sonoplas-
tia se dá através de texturas
sonoras captadas no mundo
real, ruidagens urbanas e
sons verdadeiros das gran-
des cidades. O Jornal de Te-
atro subiu até a ilha de som
e escutou o que Théo tem a Theo Werneck: “Fazer barulho é a premissa para ser ouvido no universo” “ A Vida Que Pedi, Adeus” usa gravações urbanas em sua trilha sonora
tocar – ou melhor, a dizer.

Jornal de Teatro – Se você sica para cinema, z a pesquisa mundo, cria uma trilha quando sentidos (como a visão ou todos os atores poderiam, eu
tivesse que explicar para al- musical de “Carandiru”, o lme). caminha ou quando está dentro tato) para o seu trabalho? disse poderiam, aprender a de-
guém sobre o que se trata o JT – Na peça que está do metrô, do ônibus...). Para as Ou você só se baseia no in- senhar, como exercício, para se
seu trabalho como sonoplasta em cartaz, “A vida que Pedi, gravações usei um gravador e nito universo dos sons? colocar em cena, para entender
no teatro, como você o faria? Adeus”, você usou recursos microfone digitais. TW – Cada trabalho é um tra- o campo cênico. O desenho é
Theo Werneck – Comecei da vida real, gravações de JT – Qual a principal dife- balho. Quando trabalhei com o matemática, assim como a mú-
minha carreira no teatro aos 17 sons urbanos e ruidagem para rença, em se tratando do pro- circo dos acrobáticos Fratelli tive sica, e isso inuencia e modi-
anos. Fui técnico, cenotécnico, compor a trilha da montagem. cesso criativo, na concepção que me ligar nos tempos coreo- ca tudo. Nós, que não somos
assistente de cenograa, contra- Porque trazer o real como op- de “A Vida que Pedi, Adeus” grácos dos números do circo e, só matemática, podemos sentir
regra e operei bonecos. Um dia, ção à uma criação articial? e “A Alma Boa de Setsuan”? por vezes, acompanhar o movi- as coisas e interpretá-las.
trabalhando como contrarre- TW – A idéia é fugir do ób- TW – São trabalhos com- mentos dos artistas e trapezistas. JT – Qual é o seu som
gra na peça infantil “Esqueci vio e trazer o ambiente urbano pletamente diferentes, na ‘Alma É um pouco de tudo misturado. preferido? E o seu ruído?
a porta da cabeça aberta”, um para dentro do teatro usando a Boa...’ usei mais a composição JT – Algumas de suas pri- TW – Adoro som de tro-
ator não foi avisado de uma mu- trilha como textura sonora. e criação musical no sentido de meiras discotecagens caram vões, adoro sons inusitados e
dança de horário e como eu sa- JT – Que tipo de equipa- trilha sonora mesmo, com temas famosas no Teatro Mambem- inesperados, bips e sons ele-
bia todos os textos fui chamado mento você utilizou? Quan- para cada cena. Na ‘A Vida Que be. Você acha que o fato de trônicos, batuque em banco de
para substituí-lo. Na montagem to e como isso inuenciou Eu Pedi...’ a pesquisa foi mais um teatro abrigar, de certa metrô ou de ônibus, batuques
seguinte do grupo, ganhei um no seu trabalho? conceitual, no sentido de criar forma, suas origens inuen- em latas de lixo. Guitarra dis-
personagem e passei da coxia TW – Trabalhei com muita ambientes dentro das situações. cia o seu trabalho hoje? torcida. Tudo.
para o palco. A música sempre gente que me inuenciou e me JT – Na coletiva de “A TW – A minha experiência JT – Você gosta de fazer
caminhou lado a lado com a ex- ensinou a ‘fuçar’ nas coisas e vida”, você mencionou que com teatro e performances barulho (em todo e qualquer
periência no teatro, então, fazer a obter sons do que aparecesse. só há uma composição mu- nos anos 80/90, sem dúvida, sentido)?
música de um espetáculo é parte Trabalhei com o André Abuja- sical na peça toda, o que se inuenciou e inuencia o meu TW – Amo! Fazer barulho
natural da minha experiência. mra no grupo Boi Voador, com entende por “música”. O trabalho como um todo, seja ou fazer um som é premissa
JT – Onde você busca suas Ulisses Cruz e também fui dire- que é a música para você? tocando, cantando, atuando básica para ser ouvido ou en-
referências para a criação da tor musical. Pude, então, enten- TW – Aprendi com o meu ou discotecando. tendido no universo, seja o
trilha teatral? der que a música não é nenhum irmão André Abujamra que JT – E como ator, o que choro do nenê ou o violino do
TW – Em tudo. No cinema, monstro de sete cabeças, mas tudo pode ser música, tudo... você usa dessa formação vizinho aprendendo a tocar, o
nos shows, na televisão, nas artes algo que está no cotidiano das Até o nada é musica... dramática para suas cria- seu lho aprendendo a asso-
plásticas, na moda, nos discos pessoas, dentro da cabeça delas JT – Você costuma trans- ções audiofônicas? biar, seu sobrinho tocando he-
antigos (sou pesquisador de mú- (todo mundo, ou quase todo por elementos de outros TW – Na verdade, acho que avy metal, tudo é música.

Acervo do IBTT é aberto à comunidade para consulta


O IBTT (Instituto Brasi- A biblioteca conta com tí- com programas de teatro (com Cats e Chicago entre outras Pierre Sonrel (França). Em
leiro de Técnica Teatral) está tulos importantes da técnica datas de 1940), um banco de superproduções) estão dispo- inglês estão disponíveis, en-
com novidades. O acervo da teatral. A lista completa você imagens com mais de 4.600 níveis para consulta e pesquisa. tre outros títulos The ABC of
biblioteca, em São Paulo, está confere no nosso site, www. fotos e guras raras e inéditas. Há, ainda, textos e obras Stage Lighting (Francis Reid),
aberto a qualquer pessoa que jornaldeteatro.com.br. Os li- Também estão no acervo mais em suas línguas originais. Lighting the Stage: Art and
queira acesso à importante vros em português incluem a de dez títulos de revistas sobre Entre eles estão o Manual de Pratice (Willard Bellman), The
literatura da técnica teatral obra de Osmar Rodrigues Cruz tecnologia teatral, muitas de- Iluminação e o Manual de Art of Stage Lighting (Frede-
mundial: “O acervo está dis- (O teatro e sua técnica), Hamil- las fora de circulação e outras Técnicas de Palco de Carlos rick Bentham), Light Fantastic
ponível a todos os interessa- ton Saraiva (Eletricidade Básica datadas da década de 1960. É Cabral (Portugal ); Diseño (Max Keller) e A Syllabus of
dos. É um patrimônio cultural para Teatro), Função Estética possível encontrar a maioria de la Iluminación Teatral, de Stage Lighting (Stanley Mc-
que encaramos como público, da Luz, de Roberto Gil Camar- desses títulos desde a primeira Maurício Rinaldi (Argentina); Candless). O IBTT está, tam-
do teatro brasileiro”, conta go e o famoso Antitratado de edição. Também a documen- Les Écrans sur la Scène, de bém, construindo um novo
Cláudia Gomes, diretora de Cenograa, de Gianni Ratto. tação de espetáculos interna- Bátrice Picon-Vallin (Suíça) e site, que deve car pronto na
comunicação do instituto. O acervo conta, também, cionais (como Les Miserables, Traité de Scéno Graphie, de segunda quinzena de julho.
20 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Homenagem
Precursora do teatro-dança, Pina Bausch morre aos 68 anos
Dançarina e coreógrafa alemã sofria de câncer e faleceu cinco dias após o diagnóstico. Circunstâncias da morte, porém, não foram divulgadas

A dançarina e coreógrafa alemã Pina

Fotos: Divulgação
Bausch faleceu na terça-feira, dia 30, aos
68 anos. Cinco dias antes, Pina havia sido
diagnosticada com um câncer, mas as cir-
cunstâncias de sua morte ainda não foram
divulgadas. Pina faleceu em sua residência,
em Wuppertal, onde, poucos dias antes,
estava nos palco com sua equipe.
Pina Bausch nasceu na cidade de So-
lingen, oeste da Alemanha, em 27 de ju-
lho de 1940. Nasceu Josephine Bausch
mas, logo no início da carreira, mudou seu
nome. As primeiras apresentações lúdicas
com o balé infantil ocorreram em Wu-
ppertal e Essen. Com 15 anos, iniciou sua
formação de dança na Folkwangschule de
Essen, fundada pelo célebre coreógrafo
Kurt Joos, em 1955.
Pouco tempo depois, no início da dé-
cada de 60, ganhou notoriedade na Metro-
politan Opera de Nova Iorque e na Juillard
School Music, aonde apresentou seus espe-
táculos de dança. Nos anos 70, Pina criou
novas formas e estilos no teatro e na dança.


Dez anos mais tarde, seu trabalho ganhou, A Companhia de Pina Bausch esteve no Brasil pela última vez em 2006. O grupo deve voltar a São Paulo em setembro desse ano
na Alemanha, a mesma importância que o
teatro falado e caracterizou o país como
berço do segmento artístico.
Pina Bausch era considerada a gran-
de dama da dança contemporânea ale-
mã, já que tinha um estilo expressionis-
ta único que, no início de sua carreira,
provocou grandes polêmicas, antes de Cada peça é um novo apelo
ser reconhecido mundialmente. O tea-
tro-dança, como a maioria denomina, para que o espectador cone
foi a principal contribuição dela. Pina,
no entanto, se referia a uma abordagem em si mesmo, se enxergue e
psicológica individual.
A companhia de Pina Bausch esteve
se sinta”, dizia ela. “Cada
pela última vez no Brasil em 2006 e deve peça é diferente, mas pro-
voltar para shows em São Paulo, em se-
fundamente ligada a mim.


tembro, quando mostrará duas obras im-
portantes na carreira da coreógrafa: “Café
Müller”, peça de 1978, e “A Sagração da
Primavera”, de 1975, com música de Igor
Stravinsky. Trata-se do mesmo programa
que Bausch e seu grupo de Wuppertal
apresentaram no Brasil em 1980, na pri-
meira turnê da companhia no País. Pina criou, nos anos 70, o que é chamado hoje de teatro-dança

Emocionado, Daniel Granieri fala sobre a


Acervo Daniel Granieri

personalidade de sua madrinha na dança


Por Rodrigoh Bueno “Mas a principal característica que atri- pois do espetáculo, os bailarinos brasileiros
buo a ela é o poder de unir através da resolveram levar os estrangeiros para co-
Logo no fechamento do jornal tive- dança. Ela fez o que muitos estadistas nhecer a noite brasileira e acabaram em um
mos a notícia do falecimento de Pina não conseguiram: unir raças e difundir a forró. O entusiasmo do grupo foi tanto,
Bausch e ocorreu falar com o amigo cultura de povos tão diferentes. Dona de que na noite seguinte Pina Bausch – que
Daniel Granieri, que esteve em dois tra- uma humildade impressionante, ela dei- estava na companhia de Caetano Veloso
balhos com a coreógrafa. A surpresa foi xava claro para todas pessoas – e tratava nesta noite – quis conferir a dança e cou-
que o ator não sabia do ocorrido e, emo- todos absolutamente da mesma forma be a Daniel ensiná-la. “Caetano foi junto e
cionado, revelou traços desconhecidos – que se o trabalho artístico não é feito acabou dando uma canja de `Cajuína´. Foi
da criadora do teatro-dança. com verdade, não vale a pena fazer. O uma noite incrível e, mais uma vez, Pina
“Estive em dois trabalhos com a Pina que importa é levar para o palco a essên- Bausch mostrou o respeito e admiração
Bausch no Brasil e me impressionou a cia do ser-humano e isso ela fazia mui- que tem pelos ritmos regionais, sempre se-
forma como ela lidava com as pesso- to bem. Ela destacava nas pessoas o que gurando seu cigarro inseparável”, conta ele.
as. Para mim, ela é mais do que a cria- elas tinham de melhor”, revela.
“Ela destacava nas dora do teatro-dança, pois seu trabalho
em performance também é único. Ela O PROFESSOR DE FORRÓ
Daniel Granieri é ator e seu tra-
balho em televisão poderá ser con-
pessoas o que elas renovou a dança contemporânea e se Daniel relembra uma história ocorrida ferido no programa “Por Toda Mi-
tornou uma grande formadora de opi- em 2002, enquanto estava em cartaz com nha Vida – Cazuza”, na Rede Globo,
tinham de melhor” nião mundial em artes do corpo”, disse. o espetáculo “Brasil”, no Teatro Alfa. De- ainda sem previsão de exibição.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
21
Vida & Obra
A dramaturgia atrevida de Sir Tom Stoppard
No mês do aniversário do autor, Jornal de Teatro mostra por que ele é considerado um dos mais importantes nomes do teatro mundial
Por Daniel Pinton é bastante desaador”, explica

Arquivo Pessoal
Pâmio. O encontro com Sto-
A origem histórica do título ppard foi, segundo ele, impres-
de “sir” remete a quem pos- cindível para que a tradução da
suía domínio sobre um feudo, peça fosse feita sem tirar o seu
sobre o mercado de escravos sentido original. Para a surpresa
ou era apenas uma forma de do tradutor, o escritor inglês se
agraciar algumas personalida- mostrou inteiramente solícito e
des da nobreza e da realeza aberto a tirar dúvidas comuns
nos tempos medievais. Com se tratando de um texto teatral
a modernidade e o avanço so- metalinguístico. “Fui me encon-
cial, o título passou a pertencer trar com ele em janeiro deste
àqueles que dominavam um ano. Ele é uma criatura adorá-
conhecimento especíco sobre vel, uma pessoa de simplicidade
algum assunto. Foi assim, por no convívio. Ele foi digníssimo,
exemplo, com o físico Sir Isaac solícito, sem qualquer ponta de
Newton e com o cineasta Sir esnobismo. Fomos ao teatro, to-
Charlie Chaplin. Mas a mesma mamos um café e ele teve total
regra não pode se aplicar a Sir disponibilidade para elucidar,
Tom Stoppard. Muito além do discutir qualquer dúvida que eu
papel de autor e dramaturgo, tivesse no texto. O tempo que
Stoppard oferece, desde 1958, ele dedicou a mim foi algo que
quando começou a trabalhar ele nem precisaria fazer, mas ele
como crítico teatral e colunis- cou bastante impressionado
ta no Bristol Evening World com alguém de fora da Inglater-
(Inglaterra), trabalhos diversi- ra fazendo sua obra considerada
cados para reexão históri- Stoppard (à dir) recebeu Marco Antônio Pâmio, em Londres, para uma conversa sobre a sua peça ‘Travesties’ a mais difícil”, diz.
ca e antropológica, obras que Fica a dica do Jornal de Te-
repercutem e elevam o pensa- olho no olho, ainda mais partin- atro para aqueles que já conhe-
Divulgação

mento daqueles que puderam do de um autor do porte dele. cem a obra de Sir Tom Stoppard
ser atingidos pelo seu furacão Após isso, trocamos correspon- e, principalmente, àqueles que
de ideias. dência por duas ou três vezes e ainda não tiveram a oportuni-
Para entender Stoppard e o meu tradutor, Marco Antônio dade de entrar em contato com
seu processo criativo é preci- Pâmio, foi a Londres se encon- o universo de reexão daquele
so voltar um pouco no tempo, trar com ele para resolver os úl- que é hoje em dia não “apenas”
mais precisamente 72 anos, idade timos detalhes”, conta Villela. um dos maiores dramaturgos
completada por Stoppard dia 3 de O tradutor da peça, Marco ainda vivos, mas também um
julho. Nascido em 1937, na então Antônio Pâmio, que também é iluminista contemporâneo. Um
Tchecoslováquia, presenciou sua ator, destaca o desao que foi homem que, apesar de não ter
terra ser invadida pelos nazistas traduzir o texto mais difícil de um e-mail e sequer ter paciência
e se mudou com dois anos de Stoppard. “O “Travesties” é para digitar em um computador,
idade para Singapura. Mais uma muito verborrágico, ele mistu- desenvolve em suas obras um
invasão, mais uma mudança. Por ra, em uma mesma obra, vários espírito jovem-contestador in-
conta da invasão japonesa à Sin- planos narrativos. Como é uma capaz de datar seu trabalho cada
gapura, foi com sua família para peça que se passa na cabeça vez mais atemporal.
a Índia, onde recebeu educação Trazido para o Brasil, ‘Rock’n Roll’ foi tema de debate na Flip de 2008 de um personagem, há ashes
inglesa e, enm, se estabilizou. “A Fronteira da Utopia” (The tano Vilella se movimenta para de memória num jogo de ida e BIOGRAFIA TEATRAL
Mas logo se desestabilizou. Ainda Coast of Utopia), em 2002. A encenar, a partir de outubro, vinda misturando três planos (NOMES ORIGINAIS):
bem. Aos 17 anos largou os es- história, com vários intelectuais “Travesties”, obra de 1974 de históricos reais. Você tem que
1966: Rosencrantz & Guildenstern
tudos e começou a trabalhar em e revolucionários russos, pas- Stoppard. A peça é uma paró- ter domínio de assuntos e even- Are Dead
jornais, onde se envolveu nal- sa a mensagem que a História dia do livro A importância de tos diversos para tornar viável a 1968: Enter a Free Man
mente com as artes, para sorte nada mais é do que uma ironia ser Prudente, de Oscar Wilde. montagem desse quebra-cabeça 1968: The Real Inspector Hound
do grande público. em movimento a peça rendeu “Eu queria um autor contem- na cabeça da plateia. Stoppard 1970: After Magritte
O escritor tcheco natura- a Stoppard sete prêmios Tony – porâneo que falasse do papel coloca tudo isso em um calde- 1972: Jumpers
lizado inglês talvez seja mais o Oscar do teatro. do artista na sociedade e tivesse rão com bastante sentido e lógi- 1972: Artist Descending a Staircase
conhecido no Brasil pela co- No Brasil seu trabalho pas- o viés político. Aí, caiu no Tom ca, porém, exige bastante aten- 1973: Born Yesterday
autoria, junto com Marc Nor- sou a ser mais conhecido e re- Stoppard. Conheci o “Traves- ção da plateia, do leitor”, diz. 1974: Travesties
man, de “Shakespeare Apaixo- conhecido a partir de sua par- ties” e vi que tinha muito sobre Pâmio lembra que teve de 1976: Dirty Linen and
nado”, blockbuster de 1998, ticipação na edição de 2008 da o que eu queria falar, então fui interromper seu trabalho diver- New-Found-Land
vencedor de sete estatuetas do Flip (Festa Literária Interna- atrás. Ele queria me conhecer sas vezes para estudar a fundo 1977: Every Good Boy
Oscar, incluindo melhor lme e cional de Paraty). No evento, para saber qual seria a minha os assuntos tratados e poder Deserves Favour
melhor roteiro. Mas, muito an- onde foi a principal atração, leitura da peça, pois, segundo entender o que traduzia. “Tra- 1978: Night and Day
tes, sua obra já havia encantado Stoppard falou, com mediação ele, “Travesties” é o texto dele vesties” é uma peça muito con- 1979: Dogg’s Hamlet,
plateias em todo o mundo. Sua de Luis Fernando Veríssimo, mais difícil de se traduzir. Tive- centrada em conteúdo. Geral- Cahoot’s Macbeth
estreia no teatro foi em “Ro- sobre o processo criativo de mos um encontro no Aeropor- mente levo um ou dois meses 1979: 15-Minute Hamlet
sencrantz e Guilderstern es- suas principais peças, principal- to de Cumbica e nossa conversa para um trabalho de tradução 1979: Undiscovered Country
tão Mortos”, de 1966, na qual mente “Rock’n Roll”, de 2006, durou quatro horas. Ele gostou e acabei levando sete, oito me- 1981: On the Razzle
Stoppard se inspira em dois espetáculo que se passa duran- e aprovou a minha proposta, ses porque houve momentos 1982: The Real Thing
amigos de infância de Hamlet, te a emergência do movimento em que tive que parar tudo 1984: Rough Crossing
falou que eu estava no caminho
democrático no leste europeu, para estudar. Fui elucidando 1986: Dalliance
onde o príncipe é aparentemen- certo e me deu total liberdade.
pouco depois de eclodir a Pri- 1988: Hapgood
te secundário e toda a história O medo de Stoppard era de a um monte de elementos quase
1993: Arcadia
parece invertida: era o início da mavera de Praga, chegando à peça ter um viés mais comer- como charadas para aquilo ter 1995: Indian Ink
recorrente utilização de perso- Revolução de Veludo, sob a cial, ele não quer isso. Ele foi sentido na tradução. Stoppard 1997: The Invention of Love
nagens historicamente meno- perspectiva dos defensores da muito acessível, quei até sem brinca muito com a linguagem, 2002: The Coast of Utopia
res e de metalinguística teatral. liberdade e do proletariado. graça. Não existe muito isso no ela é muito atrevida. Ele faz um 2004: Enrico IV
Sua consagração, porém, veio No embalo da vinda do es- teatro de o autor antes de ceder jogo de metáforas, sonoridades 2006: Rock’n Roll
com a montagem da trilogia critor ao Brasil, o diretor Cae- os direitos querer te conhecer no inglês, que para o tradutor
22 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

História

Dignidade regulamentada em lei


Como um decreto publicado há mais de 30 anos garantiu o respeito a todos os profissionais da arte
Por Felipe Sil
Fotos: Arquivo Sated-RJ

Dignidade, honra, respei-


to... Direitos conquistados
na base de muita luta e per-
severança. Enquanto algu-
mas profissões, como a de
jornalista, ainda sofrem com
processos conturbados de
regulamentação, os “artistas
e técnicos em espetáculos de
diversões” comemoram, ain-
da hoje, a Lei nº 6.533, de 24
de maio de 1978, regulamen-
tada pelo Decreto nº 82.385,
de 05 de outubro do mesmo
ano, que coordena e dá as
diretrizes legais para a clas-
se. Parece difícil imaginar,
mas trabalhar com a arte, an-
tes desse período, era quase
como assinar um papel na
sociedade de vagabundo ou
prostituta. É graças à luta de 20 anos do decreto: atores encenam a luta pela regulamentação O ator Otávio Augusto discursa em assembleia no Sated-RJ
dezenas de grandes nomes
do teatro no passado que,
hoje, aqueles que alegram, eram geralmente equiparadas lhessem essa profissão, pois que tinham uma opinião for- que muitos estigmas do pas-
animam, dão esperanças e às prostitutas. Chegavam a era coisa de viado”, comenta. mada iam lá jogar a sua”, re- sado ainda não foram supe-
também fazem chorar têm utilizar, inclusive, a mesma O ator Paulo Betti, que corda, com carinho, Eugenio rados”, observa.
seus direitos e benefícios ga- carteirinha de identificação. participou da luta pela regula- Santos, que também é ator e Eugenio Santos, por sua
rantidos na Constituição. Lei Após uma luta árdua e mentação, quando ainda fazia diretor de teatro. vez, ainda vê brechas na lei
elogiada efusivamente por inabalável – só assim para parte do EAD-USP (Escola de Rosamaria Murtinho, atriz que precisam ser superadas.
especialistas e estudiosos, ela explicar o porquê da de- Arte Dramática de São Paulo), consagrada e atualmente em “Toda lei tende a perder sua
respeita o que diferencia os mora na aprovação da Lei em 1975, reforça os comentá- cartaz com o musical “Isau- validade com o passar do
artistas de um trabalhador 6533, em 1978 – que, final- rios dados pela saudosa Dercy. rinha - Samba, Jazz & Bossa tempo. Acho que essa regu-
comum: a capacidade de fa- mente, foram garantidas as “Os artistas de teatro não eram Nova” , no Teatro João Ca- lamentação de 1978 ainda é
zer emocionar. habilitações de ator, de di- reconhecidos como prossio- etano, foi uma das que mais válida, mas, hoje, há outros
Cada pessoa tem o poder retor e de cenógrafo. Desde nais. O decreto regulamentou lutaram pela regularização da aspectos que precisam ser
e a capacidade de assumir então, para exercer a pro- uma prossão e isso é muito prossão, nos anos 70. “Ía- considerados. O principal
um personagem e atuar em fissão, é obrigatório o re- importante, pois legitima e mos sempre que podíamos é em questão ao direito de
determinada cena. Carrega gistro profissional na DRT consagra. Anal, o estudo faz a Brasília para realizar reuni- imagem. Antigamente só tí-
dentro de si um sonho de (Delegacia Regional do Tra- do artista um melhor prossio- ões e debater o assunto com nhamos VHS e o cinema.
se transformar em outro al- balho). Paulo Autran, até o nal. A preparação do ator não as autoridades da época. Não Hoje é possível ver imagens
guém, talvez um melhor indi- final da vida, queixava-se termina nunca. Ele precisa es- apenas eu, mas todos os gran- e filmes em diversos meios,
víduo ou um indivíduo mais da demora na regulariza- tar sempre pronto e atento. É des atores de então. A regu- como celular, computador e
feliz. Para cada profissão, ção, lembrando, inclusive, uma prossão muito difícil, já larização é importantíssima por aí vai. A lei não é clara
porém, existe a necessidade de outros países subdesen- que envolve dois componentes não só quanto aos direitos quanto a isso e o sindicato
de uma formação competen- volvidos no resto do mun- explosivos: vaidade e insegu- trabalhistas, mas porque ga- precisa se sentar para deba-
te e séria. Atuar é uma arte, do que também passam rança”, avalia. rante boa formação acadêmi- ter o assunto”, revela.
mas sem estudos, cursos pelos mesmo problemas. ca, que é essencial para quem O ator Ricardo Blat foi
técnicos e faculdades não Tornar digna a profissão de ASSEMBLEIAS deseja seguir carreira. Não é um dos primeiros a conse-
se pode exercer o trabalho artista: este é o principal FUNDAMENTAIS qualquer um que começa a guir o registro profissional
da melhor maneira possível. benefício da lei, segundo As melhorias propicia- atuar e, sem mais nem menos, como ator, mais especifi-
Lélia Abramo, Paulo Autran, Eugênio Santos, diretor da das pela Lei nº 6.533, aliás, autodenomina-se ator. A pes- camente o 616º, em 25 de
Dercy Gonçalves, Nair Bello, área de projetos do Sated- não se restringem ao aspecto soa precisa passar por uma maio de 1979. “No Brasil,
Beth Pinho... Quando se ini- RJ (Sindicato dos Artistas moral. Pela questão da espe- provação. Uma faculdade ou há muita gente se achando
ciou a movimentação pela re- e Técnicos em Espetáculos cificidade do trabalho de um um curso proporcionam mais muito inspirada e muito ator
gularização e reconhecimen- de Diversões do Estado do ator, até 1978 os profissio- conhecimento”, diz. querendo alcançar sucesso
to do trabalho de ator, em Rio). Embora a classe seja nais da classe não se sentiam Para a atriz, porém, a financeiro rápido. É impor-
meados dos anos 1970, al- admirada atualmente pela amparados juridicamente pe- classe artística não tem con- tante ter talento, mas ter es-
guns dos maiores nomes do sociedade, em meados da dé- las regras trabalhistas vigen- seguido apoio, atualmente, tudos para entender e saber
teatro brasileiro levantaram cada de 1920, quem escolhia tes. “Não temos um horário por parte do governo – mes- as ferramentas necessárias
a voz para defender a classe. essa carreira era tido como comum como o de outros mo após mais de 30 anos da para se usar na profissão. A
Era de se esperar. Afinal, os homossexual ou prostituta. trabalhadores. Precisávamos regulamentação da profissão. escola é um bom lugar para
artistas não eram vistos pela “Lembro que a Dercy Gon- que as leis dessem atenção a “Não somos bem vistos pelo se filtrar e se eliminar apro-
população como verdadei- çalves comentava, a todo esse fato. Aquele foi um mo- poder público. Sofremos veitadores. Em uma boa es-
ros profissionais e ficavam momento, que tinha uma mento especial. Lutávamos pressões de governos auto- cola, quem for aproveitador
vulneráveis a pressões e de- carteira de serviço que era a não só pela regularização ritários, mas os dirigentes entenderá logo do que real-
cisões de cada novo gover- mesma usada por garotas de de nossas carreiras, mas por sempre frequentavam os te- mente trata essa profissão. O
no autoritário, que tomava programa. Não existia gla- melhorias políticas, já que es- atros e entendiam de arte. ator é aquele que liga o céu
as rédeas do Brasil. Para se mour nenhum em ser ator ou távamos na época da ditadu- Hoje nós somos vistos como e a terra, um porta-voz dos
ter ideia, as mulheres que atriz. As mães advertiam aos ra. As assembleias dos sindi- polemistas por quem tem o seres humanos e um repórter
decidiam seguir essa carreira filhos para que nunca esco- catos viviam lotadas e todos poder e isso é uma prova de dos sentimentos”, declara.
Jornal de Teatro 1º a 15 de Julho de 2009
23
Internacional
O Grande Teatro Maipo: A Catedral da Revista
Por Daniela Rodriguez 1912, os diários mais impor- arte da sátira política. Realizou

Fotos: Divulgação
Revista Mutis X El Foro tantes do momento publicaram seu espetáculo no Maipo, até
uma frase que dizia: Última fun- que Perón o fez calar-se.
Era o centenário da Revo- ção e fechamento do teatro para Este ano, se completaram
lução de Maio e a Argentina efetuar com rapidez as obras de cem anos desde que foi aberto o
se preparava para uma grande ampliação. Hoje, o diretor do es- Scala. Cem anos de penas e lante-
festa. Buenos Aires, a Paris da paço, Lino Patalano, conta que joulas, de comediantes e vedetes,
América do Sul, se converteu foram fechados por estarem li- de escadarias e telões vermelhos:
em um grande cenário, com ave- gados aos Lombardo, a maior o Teatro da Revista Porteña.
nidas iluminadas, esplêndidos família de prostituição daquele
edifícios públicos, grandes lojas momento. Reabriram as portas O FANTASMA DO MAIPO
e palácios. Em maio de 1908, em outubro de 1915 com outro No ano de 1950, Luis Cá-
praticamente com o início dos nome: Teatro Esmeralda, como ceres chegava a Buenos Aires à
preparativos do Centenário, e a rua aonde está localizado. Qui- procura de um trabalho e de um
em uma etapa de grande desen- seram fazer uma concorrência lugar para viver. Começou a tra-
volvimento artístico e literário, mais familiar e a novidade foi a balhar no Teatro Maipo como
foram inaugurados dois grandes incorporação de um cinema. maquinista. Lembram seus co-
teatros: o Colón e o Scala. O pri- Durante esses anos, foi ce- legas que ele era muito perfec-
meiro seria o templo da música nário para o debute de atração cionista, chegava pontualmente
clássica e o segundo se conver- variada da dupla Gardel/Razza- e começava seu trabalho sem
teria, com os anos, na Catedral no, com um repertório muito pausa até o m da jornada.
da Revista, o Teatro Maipo. variado. Em 14 de outubro de Um sábado de 1985, depois
No dia 7 de maio de 1908, 1917, estrearam o tango “Lita”, de 35 anos, realizou todas as
começou o teatro aristocrático, logo chamado “Mi Noche Tris- suas tarefas, cumprimentou ao
com a estreia de “La Revue de te”, considerado na história pessoal e, às 18h, se enforcou no
la Scala”. É o terceiro music-hall como o primeiro tango-canção. terraço, enquanto no palco o pú-
em Buenos Aires, depois de Ca- blico batia palmas para alguma
sino e o Royal Music Hall. Os di- ABERTURA obra. Há 15 dias, Cáceres havia
ários o classicavam como aris- Apenas em 1922, o teatro descoberto que sofria de uma
tocrático porque se correspondia recebe o nome de Maipo. Nes- doença terminal. Desde esse dia,
com uma concorrência de públi- sa época, realizou funções a ele se transformou no fantasma
co de alto nível socioeconômico, companhia parisiana Ba-ta-clan. teatral mais famoso do Maipo.
típico da rua Esmeralda. Eram quadros breves de baile, Às vezes, o escutam traba-
O estilo do Scala foi a can- canto e dança, com coristas bas- lhar na sala de máquinas. Da
ção, o diálogo breve e o cancan. tante desvestidas para a época, ocina do quinto andar do
Apresentavam-se operetas, vau- coroadas de penas e brilhantes teatro, Lino Patalano conta:
devilles, revistas breves que alter- falsos. Este espetáculo inspirou “Quando saio ao corredor para
navam com variedades, frente novas ideias estéticas no concei- pegar o elevador, eu não aper-
a um público masculino para o to de Revista portenha. to o botão para chamá-lo. Ele
qual as vedetes insinuavam mui- Em 1944, Luis César Ama- vem sozinho. Ao abrir a porta,
to mais do que mostravam. dori compra o teatro e Pepe eu digo “obrigado Cáceres”.
Em 10 de dezembro de Arias marca como maestro da (Tradução: Pablo Ribera) O Maipo é o berço do tango-canção e abriga o espírito de Luis Cáceres

Alguns pensamentos insignicantes sobre a Broadway


Por Gerson Steves* que, denitivamente, a Broadway nhattan. Isso não quer dizer que sucessos como: “Avenue Q”
não é aqui – embora tantos ten- não haja brasileiros em Nova Ior- (Muppet Show pra gente gran-
Não é grande coisa: um tem impor a Sampa esse dever que. Claro que há. Todos procu- de, com mensagem edicante),
amontoado de dez ou 12 ruas, quase histórico de colocar em rando outlets e sales – uma horda “Billy Eliot” e “Mamma Mia”
cada uma com quatro ou cinco seus palcos os ecos culturais da de sacoleiros e sacoleiras loucos (com canções pra lá de manjadas
blocos em torno de uma avenida grande Meca. E, como éis se- pelas griffes do Sex and The City. do ABBA); os infantis “Shrek”,
que corta Manhattan. A Broa- guidores, nos voltamos em sua Nos teatros? Quase nenhum. “Mary Poppins” e “A Pequena
dway é a veia por onde circula o direção e nos curvamos reveren- Mas a Broadway sobrevive, Sereia” (com seus cenários mi-
sangue daquilo que se conhece temente, para o bem e para o mal. apesar da crise que fez serem can- rabolantes e efeitos especiais); e
como Theater District. E o seu O que não é de hoje. celados diversos shows e dimi- nossos velhos conhecidos “Hair”,
coração é a famosa Times Square, Desde sempre hospedamos nuiu as las do TKTS. Sobrevive “Chicago e South Pacic”.
que de praça não tem nada. reverentes as grandes compa- graças ao turismo local e a um Claro que há oásis nesse de-
Ali ca a TKTS, onde milha- nhias de teatro e ópera italianas, público quase careta, que força serto. Mas quem, por aqui, se in-
res de pessoas formam diariamen- inglesas ou francesas. É cantada produtores e artistas a apostarem teressaria por peças como “The
te las quilométricas para tentar em verso e prosa a vinda da Di- cada vez mais as suas chas no 39 Steps” (que une Hitchcock
um ingressinho mais em conta vina Sarah às terras brasileiras. conservadorismo. com Monty Pyton), “Blythe Spirit
para um dos tantos musicais con- Muito depois, já nos tempos do Explico. Os espetáculos mu- “(uma saborosa comédia de Noël
corridos da cidade. Ao chegar ao TBC, aqueles grandes diretores, sicais de maior sucesso hoje são Coward) ou ainda a comédia de
alto de sua vermelha e iluminada cenógrafos e iluminadores italia- aqueles que investem em terrenos humor negro de Yasmina Reza, * Gerson Steves tem 25 anos
escadaria, o primeiro pensamento nos colocaram em nossos palcos seguros e conhecidos: a diversão de atividades teatrais na cidade de
“God of Carnage”? Estão longe
que ocorre é o que seria daquilo São Paulo, tendo atuado como di-
espetáculos que agradavam à bur- em família (com uma dose supor- de cruzar o oceano e aportarem retor, dramaturgo, ator, produtor e
tudo se Gilberto Kassab fosse guesia da época que, por alguma tável de sacanagem), os remakes em terras tupiniquins. professor. Também é um grande fã
prefeito de Nova Iorque. Prova- razão, não podia ver os originais de antigos e garantidos sucessos, Todos são espetáculos deli- de teatro musical.
velmente, a Lei da Cidade Limpa na Europa ou nos Estados Uni- ou aquelas que têm por trás um fe- ciosos, que cam ainda melhores
ceifaria daquela área o que ela tem dos. Talvez uma das causas seja o nômeno cinematográco anterior. lá, em seu idioma original, com
de melhor: seus cartazes, painéis fato de que a burguesia, via de re- A fórmula é a do bom e velho as piadas locais e elencos que
de LED, luminosos e fachadas de gra, é inculta e não domina outras entretenimento: uma pitada de dominam não apenas seu ofício, de autores ou temas nacionais,
neon – um inconfundível festival culturas e línguas. romance, uma mensagem crítica mas principalmente o contexto mas produzido com brasilidade
de luzes e cores. O casamento da Quem sabe a isso se deva o ou edicante com baixos teores cultural em que a obra se insere e olhos voltados não para o pró-
poluição visual com o glamour, enorme sucesso dos musicais da de violência ou agressividade, e os públicos aos quais é dirigida. prio umbigo, mas para a própria
da comunicação de massa com o Broadway por aqui e a quantida- muita cantoria, boas piadas e a Por aqui, cabe a nós tentarmos realidade cultural. E deixemos a
entretenimento. de tão pequena de brasileiros nas preservação dos valores locais. formar plateias para um teatro Broadway com seu franchising
Mas não podemos esquecer platéias do distrito teatral de Ma- Nessa esteira, estão grandes brasileiro. Claro que não apenas onde está.
24 1º a 15 de Julho de 2009 Jornal de Teatro

Aproveite as
férias e conheça
o Brasil.

Em qual cidade você pode


passar as férias admirando
esta beleza natural?
A( ) Cuiabá, MT
B ( ) Manaus, AM
C( ) Canela, RS
D( ) Mata de São João, BA

Se você é brasileiro e não sabe


a resposta, está na hora
de conhecer melhor o Brasil.
RESPOSTA: C – CACHOEIRA DO CARACOL, CANELA, RS

VIAJE NAS FÉRIAS.


É BOM PARA VOCÊ.
É BOM PARA O BRASIL.

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