Alimentação Saudável Da Pessoa Idosa
Alimentação Saudável Da Pessoa Idosa
Alimentação Saudável Da Pessoa Idosa
Braslia DF 2009
2009 Ministrio da Sade Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer m comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da rea tcnica. A coleo institucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra, na Biblioteca Virtual em Sade Ministrio da Sade: http://www.saude.gov.br/bvs O contedo desta e de outras obras da Editora do Ministrio da Sade pode ser acessado na pgina: http://www.saude.gov.br/editora Srie A. Normas e Manuais Tcnicos Tiragem: 1. edio 2009 13.000 exemplares Elaborao, distribuio e informaes: MINISTRIO DA SADE Secretaria de Ateno Sade Departamento de Ateno Bsica Coordenao-Geral da Poltica de Alimentao e Nutrio SEPN 511 Bloco C Edifcio Bittar IV 4 andar CEP 70750-543 Braslia-DF Tel.: (61) 3448-8040 Fax: (61) 3448-8228 E-mail: [email protected] Home Page: http://www.nutricao.saude.gov.br Autoria do texto: Maria Teresa Fialho de Sousa Campos Ana ris Mendes Coelho Professoras do Departamento de Nutrio e Sade DNS/ UFV-Universidade Federal Viosa Reviso tcnica: Dillian Adelaine Cesar da Silva Helen Alto Duar Maria de Ftima Cruz Correia de Carvalho Tais Porto Oliveira Patrcia Chaves Gentil Ana Beatriz Vasconcellos Jos Luiz Telles Equipe Tcnica do DNS/UFV: Rosngela Minardi Mitre Cotta Sylvia do Carmo Castro Franceschini Rita de Cssia Lanes Ribeiro Lina Enriqueta Frandsen Paez de Lima Rosado.
EDITORA MS Documentao e Informao SIA, trecho 4, lotes 540/610 CEP: 71200-040, Braslia DF Tels.: (61) 3233-1774/2020 Fax: (61) 3233-9558 E-mail: [email protected] Home page: www.saude.gov.br/editora Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Equipe Editorial: Normalizao: Valeria Gameleira da Mota Reviso: Mara Soares Pamplona Capa, projeto grco e diagramao: Marcus Monici
Ficha Catalogrca Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica. Alimentao saudvel para a pessoa idosa: um manual para prossionais de sade / Ministrio da sade, Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Ateno Bsica. Braslia: Editora do Ministrio da Sade, 2009. 36 p. (Srie A. Normas e Manuais Tcnicos) ISBN 978-85-334-1551-5 1. Sade do idoso. 2. Assistncia a Idosos. 3. Alimentao e Nutrio. I. Ttulo. II. Srie. CDU 613.98
Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS OS 2009/0071 Ttulos para indexao: Em ingls: Healthy food for eldery person: a handbook Em espanhol: Alimento saludable para el anciano: un gua para profesionales de salud
SUMRIO
Apresentao ....................................................................................................................5 1 A quem chamamos de pessoa idosa? ..........................................................................7 1.1 Qual a idade usada para definir quem so as pessoas idosas?....................................... 7 1.2 Por que h essa diferena entre os pases?................................................................................ 7 2 Cada pessoa envelhece num ritmo prprio ................................................................9 3 Quais as orientaes para favorecer uma alimentao saudvel para a pessoa idosa? ...........................................................................................................................11 4 Medidas associadas ao preparo das refeies dirias .............................................13 4.1 Cuidados na compra dos alimentos .......................................................................................... 13 4.2 Cuidados no armazenamento dos alimentos ........................................................................ 14 4.3 Cuidados com a higiene pessoal e durante o manuseio de alimentos......................... 15 4.4 Procedimentos de rotina................................................................................................................ 15 4.5 Cuidados no preparo das refeies ............................................................................................ 16 5 Medidas associadas ao consumo das refeies ........................................................17 5.1 Fazer as refeies em local agradvel........................................................................................ 17 5.2 Incentivar a higienizao das mos antes das refeies .................................................... 18 5.3 Distribuir a alimentao diria em cinco ou seis refeies ................................................ 18 5.4 Estimular o entrosamento social nos horrios das refeies ............................................ 18 5.5 Desestimular o uso de sal e acar mesa ............................................................................. 19 5.6 Orientar a pessoa idosa a comer devagar, mastigando bem os alimentos ................. 19 5.7 Cuidar bem da sade bucal, favorecendo o prazer mesa ............................................... 19 5.8 Estimular a busca e o consumo da gua entre as refeies .............................................. 20
5.9 Estar atento temperatura de consumo dos alimentos ................................................... 20 5.10 Saborear refeies saudveis ..................................................................................................... 21 6 Orientaes especiais para auxiliar a autonomia da pessoa idosa ........................23 6.1 Simplificar a colocao da mesa para as refeies .............................................................. 23 6.2 Promover o contraste de cor entre a toalha de mesa e os utenslios ............................ 23 6.3 Selecionar os utenslios mais adequados ................................................................................ 23 7 Dez passos para uma alimentao saudvel para pessoas idosas .........................25 7.1 Pores de alimentos e medidas caseiras correspondentes............................................. 29 8 Consideraes finais ...................................................................................................33 Referncias ......................................................................................................................35
APRESENTAO
Com o aumento no ritmo de envelhecimento da populao brasileira, torna-se fundamental planejar e desenvolver aes de sade que possam contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos idosos brasileiros. Dentre essas aes, esto as medidas relacionadas a uma alimentao saudvel, que devem fazer parte das orientaes trabalhadas pelos profissionais de sade pessoa idosa e sua famlia. Este manual foi elaborado com o objetivo de oferecer subsdios aos profissionais de sade com relao a essas orientaes, apresentando medidas prticas para o preparo e o consumo dos alimentos, que podem contribuir para promover mais prazer, conforto e segurana durante as refeies dirias da pessoa idosa. De acordo com o Guia Alimentar para a Populao Brasileira, uma alimentao saudvel deve ser acessvel do ponto de vista fsico e financeiro, variada, referenciada pela cultura alimentar, harmnica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura sanitariamente. Ainda, com base nessa abordagem, importante que o profissional de sade esteja atento ao contexto das mudanas que ocorrem no corpo com o avano da idade e no ambiente em que os idosos vivem, seja ele domstico ou institucional, mudanas essas que podem ter implicaes no processo de compra, preparo, consumo e aproveitamento dos alimentos pelo organismo. A ateno integrada e humanizada e realizada com base na famlia, que seja capaz de trazer a pessoa idosa para o centro dos cuidados da equipe de sade, deve ser o diferencial do trabalho da equipe na consecuo das aes de promoo da sade e da qualidade de vida, tendo a alimentao e a nutrio como pilares fundamentais para tal. Ana Beatriz Vasconcellos Coordenadora-Geral da Poltica de Alimentao e Nutrio Jos Luiz Telles Coordenador da rea Tcnica da Sade do Idoso
1.1 Qual a idade usada para definir quem so as pessoas idosas? A denominao pessoa idosa usada, no Brasil e em outros pases em desenvolvimento, para se referir s pessoas que tm 60 anos ou mais. Nos pases desenvolvidos o termo usado a partir dos 65 anos. 1.2 Por que h essa diferena entre os pases? O que explica essa diferena a qualidade de vida existente em cada pas. Essa idade, em anos, nem sempre corresponde idade biolgica, que aquela que representa o ritmo do envelhecimento.
Os diferentes ritmos de envelhecimento ajudam a explicar a razo pela qual, ao se fazer uma comparao entre duas pessoas que tm a mesma idade em anos, uma aparenta estar mais jovem ou em melhores condies fsicas ou mentais que a outra. Independente do ritmo de envelhecimento preciso aceitar que esse processo faz parte do ciclo natural da vida. Estabelecer rotinas saudveis de vida traz benefcios para a sade, mesmo nas idades mais avanadas. Isso mostra a importncia de se conhecer mais sobre esse tema.
Entre os Cuidados dirios com a sade que contribuem para um ritmo favorvel de envelhecimento est a ALIMENTAO SAUDVEL.
Quais as orientaes para favorecer uma alimentao saudvel para a pessoa idosa?
Com o passar dos anos, o corpo comea a apresentar naturalmente algumas mudanas, que muitas vezes as pessoas demoram a perceber, mas que podem interferir na sua alimentao. Tornar o ambiente da cozinha e o local de refeies mais adequado e agradvel para conferir maior conforto, segurana e autonomia no dia-a-dia das pessoas idosas uma medida que tem impacto positivo na auto-estima, no preparo das refeies e no estabelecimento do prazer mesa. No se tem aqui a pretenso de esgotar esse assunto, mas de trat-lo de uma maneira mais prtica, com nfase nas medidas associadas ao preparo e ao consumo das refeies dirias.
11
Alteraes naturais nos mecanismos de defesa do organismo ou dificuldades no processo de mastigao e deglutio podem tornar a pessoa idosa mais suscetvel a complicaes decorrentes do consumo de alimentos, o que refora a necessidade de cuidados dirios para preparar refeies seguras. Planejar as refeies e utilizar medidas corretas durante o preparo dos alimentos pode contribuir para a satisfao com a alimentao, evitando riscos de acidentes e danos sade, principalmente para quem j se encontra em idade mais avanada, e, ao mesmo tempo, permite atender aos princpios de uma alimentao saudvel. Assegurar a participao da pessoa idosa no planejamento da alimentao diria e no preparo das refeies possibilita o maior envolvimento com a alimentao. Assim, cria-se uma condio propcia para discutir a necessidade de eventuais mudanas nos procedimentos associados compra, ao armazenamento, higiene pessoal e ao preparo dos alimentos a fim de facilitar o seu dia-a-dia e favorecer uma alimentao segura.
13
Estar atento s outras informaes do rtulo do alimento tambm um procedimento indicado para: Identificar produtos especficos para este grupo populacional; Conhecer melhor a composio nutricional dos produtos; Identificar os seus ingredientes; Obter informao quanto forma de conservao; Preparar o alimento adequadamente; Aprender novas receitas; Utilizar os servios de atendimento ao consumidor SAC; Comparar produtos similares, de diferentes marcas; Fazer a melhor escolha de acordo com oramento disponvel. A consulta aos rtulos de alimentos deve ser feita como rotina pelas pessoas para selecionar alimentos mais saudveis. Uma leitura atenta permite verificar se h, entre os ingredientes, sal (sdio), acar, gorduras, glten, fenilalanina, bem como a quantidade de calorias e nutrientes presentes em cada poro, a composio nutricional de produtos diet e light, entre outras informaes. A partir de 2006, tornou-se obrigatrio no Brasil que todas as indstrias de alimentos declarem em seus produtos a quantidade de energia e os teores de carboidratos, protenas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sdio. Outras oportunidades para esclarecimentos podem surgir, por exemplo, em um dilogo com outras pessoas no local de compra; ao entrar em contato com o fabricante por meio do servio de atendimento ao consumidor SAC; pela busca de um veculo confivel de informao, como o Disque Sade (0800 61 1997, servio de teleatendimento gratuito do Ministrio da Sade) ou em uma consulta com o nutricionista.
14
Os alimentos no devem ser armazenados diretamente no piso, para garantir a segurana sanitria dos produtos. Esse cuidado favorece a conservao dos alimentos, evitando umidade e facilitando a limpeza do piso. A colocao dos produtos em prateleiras afastadas da parede e do piso, a preservao das embalagens sem danificao ou a manuteno dos alimentos em recipientes bem tampados e, ainda, o uso de telas nas janelas da despensa so outros cuidados que contribuem para a segurana sanitria, pois dificultam o contato de animais (insetos, roedores, animais domsticos) e outras sujidades com os alimentos. As embalagens e os recipientes que envolvem os alimentos funcionam como barreiras, afastando-os tambm do contato com outras sujidades (poeira, fragmentos de vidros, de pedra e outros). Antes de abrir qualquer embalagem, importante limp-la bem para evitar que o alimento seja contaminado. Os alimentos devem ser guardados e organizados em locais de fcil acesso, que no exijam esforo fsico exagerado da pessoa idosa ou apresentem risco de quedas (abaixar-se ou usar escadas para alcan-los, por exemplo). Recomenda-se que as embalagens e os recipientes sejam etiquetados para facilitar a identificao dos alimentos pelos idosos. Na identificao, devem-se usar etiquetas com letras em cor e tamanho que facilitem a leitura pela pessoa idosa. Os locais onde h alimentos armazenados no so apropriados para guardar materiais de limpeza, para evitar o risco de contaminao dos alimentos. Reserve um outro local para guardar produtos de limpeza, os quais devero estar em recipientes devidamente rotulados.
16
A ateno a essas medidas visa deixar a pessoa idosa mais disposta para alimentar-se com prazer. A maioria dessas medidas no requer investimento financeiro, depende mais da disposio das pessoas em realizar algumas mudanas que podem fazer a diferena para toda a famlia ou para os moradores de uma instituio de longa permanncia. Por exemplo: otimizar os recursos existentes como mveis, utenslios de mesa e de cozinha, elementos de decorao, dentro de um planejamento adequado da alimentao para a pessoa idosa. Quando algum investimento necessrio, deve-se avaliar os benefcios para as pessoas idosas, estabelecendo prioridades e considerando tambm o tempo e a disponibilidade financeira. importante envolver a pessoa idosa nessas decises.
19
20
Embora a temperatura fria ajude a conservar os alimentos por mais tempo, durante o armazenamento prolongado nessas condies , os produtos esto sujeitos a sofrer alteraes que os tornam imprprios para consumo. Por isso, deve-se estar atento tambem data de validade dos produtos mantidos sob refrigerao ou congelamento.
21
Na montagem da mesa da refeio deve-se evitar o excesso de estmulo visual para no desviar a orientao e a percepo visual da pessoa idosa de sua alimentao, facilitando a sua participao ativa no ato de alimentar-se. Essa montagem deve ser adaptada na medida em que forem detectadas limitaes que dificultam a autonomia da pessoa idosa, de forma a incentivar o seu convvio mesa.
Canecas com tampas e canudos so indicadas para prevenir o derramamento do contedo; Prato fundo deve ser escolhido, preferencialmente, em relao ao prato raso; Prato fundo com ventosas de borracha que permitem a fixao desse utenslio superfcie indicado em casos de maior limitao na coordenao motora. Aparador para prato um recurso usado para aumentar a independncia de quem tem maior limitao na coordenao motora. O aparador para pratos adaptado na borda externa desse utenslio para aumentar a sua altura. Com isso, evita o derramamento do alimento que est sendo colocado no talher durante a refeio. Suporte antiderrapante similar a um pequeno forro de bandeja, que pode ser usado sobre mesas ou bandejas para ajudar a aumentar a fixao de canecas e pratos, evitando que esses deslizem na superfcie onde forem colocados, proporcionando mais segurana pessoa idosa. Talheres com cabos mais grossos. A maior espessura do cabo dos talheres (faca, garfo e colher) pode facilitar o manuseio desses utenslios durante a refeio, quando a limitao motora compromete esta atividade. Usar apenas uma colher com cabo mais grosso uma das opes quando a atividade motora limita o uso dos outros talheres. Em sntese, devem ser usados utenslios resistentes e que sejam fceis de segurar. Os utenslios utilizados freqentemente pela pessoa idosa precisam estar dispostos em local de fcil acesso para garantir maior autonomia e participao dessas pessoas nas diversas refeies do dia.
24
Vamos apresentar para voc os DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAO SAUDVEL PARA PESSOAS IDOSAS, que so orientaes prticas sobre alimentao saudvel. Algumas orientaes falam de pores de alimentos. Ao final do texto dos Dez Passos, voc encontrar tabelas com os diferentes grupos de alimentos e o tamanho das pores recomendadas para o consumo dirio. Caso tenha dvidas, pea ajuda para um profissional de sade. 1 PASSO: FAA PELO MENOS TRS REFEIES (CAF DA MANH, ALMOO E JANTAR) E DOIS LANCHES SAUDVEIS POR DIA. NO PULE AS REFEIES! Aprecie a sua refeio, sente confortavelmente mesa, de preferncia em companhia de outras pessoas. Coma devagar, mastigando bem os alimentos. Saboreie refeies variadas dando preferncia a alimentos saudveis tpicos da sua regio e disponveis na sua comunidade. Caso voc tenha dificuldade de mastigar, os alimentos slidos, como carnes, frutas, verduras e legumes, podem ser picados, ralados, amassados, desfiados, modos ou batidos no liquidificador. No deixe de comer esses alimentos. Escolha os alimentos mais saudveis, conforme as orientaes a seguir, lendo as informaes e a composio nutricional nos rtulos. Caso tenha dificuldade na leitura ou para entender a informao, pea ajuda. 2 PASSO: INCLUA DIARIAMENTE SEIS PORES DO GRUPO DOS CEREAIS (ARROZ, MILHO, TRIGO, PES E MASSAS), TUBRCULOS COMO A BATATA, RAZES COMO MANDIOCA/ MACAXEIRA/ AIPIM, NAS REFEIES. D PREFERNCIA AOS GROS INTEGRAIS E AOS ALIMENTOS NA SUA FORMA MAIS NATURAL. Alimentos como cereais (arroz, milho, trigo, pes e massas), de preferncia integrais; tubrculos como as batatas, e razes como a mandioca/macaxeira/aipim, so as mais importantes fontes de energia e devem ser o principal componente da maioria das refeies, pois so ricos em carboidratos. Distribua as seis pores desses alimentos nas principais refeies dirias (caf da manh, almoo e jantar) e nos lanches entre elas. 25
Nas refeies principais, preencha metade do seu prato com esses alimentos. Se utilizar biscoitos para os lanches, leia os rtulos: escolha os tipos e as marcas com menores quantidades de gordura total, gordura saturada, gordura trans e sdio. Esses ingredientes, se consumidos em excesso, so prejudiciais sua sade. 3 PASSO: COMA DIARIAMENTE PELO MENOS TRS PORES DE LEGUMES E VERDURAS COMO PARTE DAS REFEIES E TRS PORES OU MAIS DE FRUTAS NAS SOBREMESAS E LANCHES. Frutas, legumes e verduras so ricos em vitaminas, minerais e fibras, e devem estar presentes diariamente em todas as refeies e lanches, pois evitam a priso de ventre, contribuem para proteger a sade e diminuir o risco de vrias doenas. E qual a diferena entre eles? FRUTAS so as partes polposas que rodeiam a semente da planta. Possuem aroma caracterstico, so ricas em suco e tm sabor adocicado. Acerola, laranja, tangerina, banana e ma so exemplos de frutas. LEGUMES so os frutos ou sementes comestveis da planta ou partes que se desenvolvem na terra. So eles a cenoura, a beterraba, a abobrinha, a abbora, o pepino, a cebola, etc. VERDURAS so folhas comestveis, flores, botes ou hastes tais como: acelga, agrio, aipo, alface, almeiro, etc. Varie os tipos de frutas, legumes e verduras consumidos durante a semana. Compre os alimentos da poca (estao) e esteja atento para a qualidade e o estado de conservao deles. Procure combinar verduras e legumes de maneira que o prato fique colorido, garantindo, assim, diferentes nutrientes. Sucos naturais de fruta feitos na hora so os melhores; a polpa congelada perde alguns nutrientes, mas ainda uma opo melhor que os sucos artificiais, em p ou em caixinha. 4 PASSO: COMA FEIJO COM ARROZ TODOS OS DIAS OU, PELO MENOS, CINCO VEZES POR SEMANA. ESSE PRATO BRASILEIRO UMA COMBINAO COMPLETA DE PROTENAS E BOM PARA A SADE. Coloque no prato uma parte de feijo para duas partes de arroz cozidos. Varie os tipos de feijes usados preto, da colnia, manteiguinha, carioquinha, verde, de corda, branco e outros e as formas de preparo. Use tambm outros tipos de leguminosas soja, gro de bico, ervilha seca, lentilha, fava. As sementes de abbora, de girassol, gergelim e outras e as castanhas do Brasil, de caju, amendoim, nozes, nozes-pecan, amndoas e outras so fontes de protenas e de gorduras de boa qualidade.
26
5 PASSO: CONSUMA DIARIAMENTE TRS PORES DE LEITE E DERIVADOS E UMA PORO DE CARNES, AVES, PEIXES OU OVOS. RETIRAR A GORDURA APARENTE DAS CARNES E A PELE DAS AVES ANTES DA PREPARAO TORNA ESSES ALIMENTOS MAIS SAUDVEIS! Leite e derivados so as principais fontes de clcio na alimentao e voc pode escolher os desnatados ou semidesnatados. Carnes, aves, peixes e ovos tambm fazem parte de uma alimentao nutritiva e contribuem para a sade. Todos so fontes de protenas, vitaminas e minerais. Procure comer peixe fresco pelo menos duas vezes por semana; tanto os de gua doce como salgada so saudveis. Coma pelo menos uma vez por semana vsceras e midos, como o fgado bovino, moela, corao de galinha, entre outros. 6 PASSO: CONSUMA, NO MXIMO, UMA PORO POR DIA DE LEOS VEGETAIS, AZEITE, MANTEIGA OU MARGARINA. Reduza o consumo de alimentos gordurosos, como carnes com gordura aparente, embutidos salsicha, lingia, salame, presunto e mortadela , queijos amarelos, frituras e salgadinhos, para, no mximo, uma vez por semana. Use pequenas quantidades de leo vegetal quando cozinhar canola, girassol, milho, algodo e soja. Uma lata de leo por ms suficiente para uma famlia de quatro pessoas. Use azeite de oliva para temperar saladas, sem exagerar na quantidade. Prepare os alimentos de forma a usar pouca quantidade de leo, como assados, cozidos, ensopados e grelhados. Evite cozinhar com margarina, gordura vegetal ou manteiga. Na hora da compra, d preferncia a margarinas sem gorduras trans (tipo de gordura que faz mal sade) ou marcas com menor quantidade desse ingrediente (procure no rtulo essa informao). 7 PASSO: EVITE REFRIGERANTES E SUCOS INDUSTRIALIZADOS, BOLOS, BISCOITOS DOCES E RECHEADOS, SOBREMESAS DOCES E OUTRAS GULOSEIMAS COMO REGRA DA ALIMENTAO. COMA-OS, NO MXIMO, DUAS VEZES POR SEMANA. Consuma no mximo uma poro do grupo dos acares e doces por dia. Valorize o sabor natural dos alimentos e das bebidas evitando ou reduzindo o acar adicionado a eles. Diminua o consumo de refrigerantes e de sucos industrializados. Prefira bolos, pes e biscoitos doces preparados em casa, com pouca quantidade de gordura e acar, sem cobertura ou recheio. 8 PASSO: DIMINUA A QUANTIDADE DE SAL NA COMIDA E RETIRE O SALEIRO DA MESA. A quantidade de sal utilizada deve ser de, no mximo, uma colher de ch rasa por pessoa, distribuda em todas refeies do dia. Use somente sal iodado. No use sal para consumo de animais, que prejudicial sade humana.
27
Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sdio) como hambrguer, presunto, charque e embutidos (salsicha, lingia, salame, mortadela), salgadinhos industrializados, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos. Leia o rtulo dos alimentos e prefira aqueles com menor quantidade de sdio. Para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos utilize temperos como cheiro verde, alho, cebola e ervas frescas e secas ou suco de frutas, como limo. 9 PASSO: BEBA PELO MENOS DOIS LITROS (SEIS A OITO COPOS) DE GUA POR DIA. D PREFERNCIA AO CONSUMO DE GUA NOS INTERVALOS DAS REFEIES. A gua muito importante para o bom funcionamento do organismo. O intestino funciona melhor, a boca se mantm mais mida e o corpo mais hidratado. Use gua tratada, fervida ou filtrada para beber e preparar refeies e sucos. Bebidas aucaradas como refrigerantes e sucos industrializados no devem substituir a gua. 10 PASSO: TORNE SUA VIDA MAIS SAUDVEL. PRATIQUE PELO MENOS 30 MINUTOS DE ATIVIDADE FSICA TODOS OS DIAS E EVITE AS BEBIDAS ALCOLICAS E O FUMO. Alm da alimentao saudvel, a atividade fsica importante para manter um peso saudvel. Movimente-se! Descubra um tipo de atividade fsica agradvel! O prazer tambm fundamental para a sade. Caminhe, dance, brinque com crianas, faa alguns exerccios leves. Aproveite o espao domstico e os espaos pblicos prximos a sua casa para movimentar-se. Convide os vizinhos e amigos para acompanh-lo. Evitar o fumo e o consumo freqente de bebida alcolica tambm ajuda a diminuir o risco de doenas graves, como cncer e cirrose, e pode contribuir para melhorar a qualidade de vida. Mantenha o seu peso dentro de limites saudveis. Veja no quadro a seguir o seu IMC (ndice de Massa Corporal), que mostra se o peso est adequado para a altura. Para calcular, divida o seu peso, em quilogramas, pela sua altura em metros, elevada ao quadrado [P/A2]. Se o seu IMC estiver indicando baixo peso ou sobrepeso, procure a equipe de sade para receber orientaes.
IMC < 22 (menor ou igual a 22) > 22 e <27 (entre 22 e 27) > 27 (maior ou igual a 27)
Fonte: (Brasil, 2004).
28
29
30
31
Consideraes nais
As medidas que foram aqui apresentadas podem contribuir para que as refeies se tornem mais prazerosas para o dia-a-dia da pessoa idosa, favorecendo a autonomia, o entrosamento social, a segurana alimentar e nutricional e o envelhecer de forma mais saudvel. A orientao nutricional deve ser um dos componentes da ateno sade da pessoa idosa, uma vez que a alimentao saudvel contribui para a promoo da sade e para a preveno de doenas. Os benefcios dessa orientao tambm se estendem quelas pessoas idosas que, em funo de algum comprometimento do estado de sade, requerem cuidados alimentares especficos. Na ateno pessoa idosa, a consulta ao nutricionista favorece o planejamento e a adoo de uma alimentao saudvel, contribuindo para a segurana alimentar e nutricional e para a qualidade de vida dessas pessoas. Esperamos que essas informaes possam ser teis para os profissionais de sade que atendem esse grupo etrio, que possam contribuir para a melhoria de qualidade de alimentao das pessoas idosas, sabendo aplicar as solues mais adequadas s suas necessidades uma vez que a alimentao e a nutrio so elementos importantes e indissociveis dos demais cuidados.
33
REFERNCIAS
BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica. Envelhecendo e sade da pessoa idosa. Braslia, 2007 (Caderno de Ateno Bsica). ______. Ministrio da Sade. Vigilncia alimentar e nutricional - Sisvan: orientaes bsicas para a coleta, processamento, anlise de dados e informao em servios de sade. Braslia, 2004. ______. Ministrio da Sade. Viver Mais e Melhor: um guia completo para voc melhorar sua sade e qualidade de vida. 2. ed. Braslia, 2000. 23 p. CAMPOS, M. T. F. S.; COELHO, A. I. M. Alimentao saudvel na terceira idade: estratgias teis. 2. ed. Viosa: Editora UFV, 2005. 90 p. (Srie Solues). CAMPOS, M. T. F. S. et al. Prtica de higiene e manipulao de alimentos. Viosa: UFV, 1999. 47p. (Boletim de Extenso, n. 41). COELHO, A. I. M. Segurana alimentar em servios de alimentao. In: MENDONA, R. C. S. et al. Microbiologia de alimentos: qualidade e segurana na produo e consumo. Viosa, MG: Tribuna Editora Grfica, 2003. p. 9-19. FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurana alimentar. Traduo Maria Carolina Minardi Guimares e Cristina Leonhardt. Porto Alegre: Artmed, 2002. 424 p. HAYFLICK, L. Como e por que envelhecemos. Traduo Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 366 p. Ttulo original: How and why we age. LINGSTRM, P. ; MOYNIHAN, P. Nutrition, saliva, and oral health. Nutrition, [S.l.], v. 19, n. 6, p. 567-69, 2003. SHEIHAM, A. et al. The impact of oral health on stated ability to eat certain foods: findings from the national diet and nutrition survey of older people in Great Britain. Gerondontology, [S.l.], v. 16, n. 1, p. 11-20, 2000.
35
EDITORA MS Coordenao-Geral de Documentao e Informao/SAA/SE MINISTRIO DA SADE SIA, trecho 4, lotes 540/610 CEP: 71200-040 Telefone: (61) 3233-2020 Fax: (61) 3233-9558 E-mail: [email protected] Home page: http://www.saude.gov.br/editora Braslia DF, janeiro de 2009 OS 0071/2009