Estudo e Prática Da Mediunidade - Programa I (FEB)
Estudo e Prática Da Mediunidade - Programa I (FEB)
Estudo e Prática Da Mediunidade - Programa I (FEB)
CATALOGAO DE APOSTILAS Curso de Estudo e Prtica da Mediunidade. Programa I. 4a Tiragem Revisada. 27a Tiragem. Braslia [DF]: Federao Esprita Brasileira, janeiro de 2010. 38.500 a 39.500 exemplares
Apresentao
Em maro de 1998, atendendo a inmeras solicitaes de companheiros espritas, colocamos disposio do Movimento Esprita o Programa I do Curso de Mediunidade. Elaboramos uma segunda edio em julho de 2001, substancialmente revisada, editada trs anos aps a primeira publicao. Apresentamos, agora, aos espritas, em geral, e aos estudiosos da mediunidade, em particular, a terceira edio do Programa I do Curso, utilizando nova denominao Estudo e Prtica da Mediunidade. Os seus contedos programticos foram revisados e mais bem adequados realidade cotidiana das atividades da Casa Esprita. Nesta terceira edio destacamos os fundamentos citados nos pontos abaixo relacionados necessrios ao desenvolvimento, srio e responsvel do estudo e prtica da mediunidade nas nossas instituies espritas: a excelncia do pensamento de Allan Kardec, evidenciado nas obras da Codificao Esprita e nas suplementares a estas, de autoria de Espritos fiis s orientaes do Espiritismo; a necessidade do aprimoramento da conduta esprita, tendo como base a tica e a moral do Evangelho de Jesus; a importncia de se resgatarem os conceitos de mdium e de mediunidade, existentes em O Livro dos Mdiuns, captulo XIV, item 159: Todo aquele que sente num grau qualquer, a influncia dos Espritos , por esse fato, mdium. Essa faculdade inerente ao homem; no constitui, portanto, um privilgio exclusivo. A correta compreenso deste ensinamento evita o encaminhamento de pessoas despreparadas aos grupos medinicos ou sem sintonia com as atividades a desenvolvidas. Braslia (DF), 4 de julho de 2005
CONTEDO PROGRAMTICO - ESTUDO E PRTICA DA MEDIUNIDADE - PROGRAMA I MDULO INTRODUTRIO: PONTOS PRINCIPAIS DA DOUTRINA ESPRITA
Fundamentao Esprita
1. Conceito e objeto da Doutrina Esprita 2. O trplice aspecto da Doutrina Esprita 3. Pontos principais da Doutrina Esprita 4. A perfeio moral
Atividade Complementar
Resumo informativo de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, parte primeira e parte segunda. Edio FEB. Veja nas Consideraes Gerais, 3a parte, as orientaes referentes elaborao e apresentao de resumo informativo.
Culminncia do Mdulo
Conduta Esprita: Princpios doutrinrios espritas Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes aplicao dos exerccios de culminncia.
Prtica
Exerccios sobre prece. Veja, no anexo do Mdulo, explicaes e exerccios referentes prece.
Atividade Complementar
Resumo Informativo de: A Gnese, de Allan Kardec, captulos X e XIV. Edio FEB. O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, segunda parte, captulos I a V e VII. Edio FEB. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes elaborao e apresentao de resumo informativo.
Culminncia do Mdulo
Conduta Esprita: A formao do mdium segundo os parmetros ditados pelo Esprito de Verdade: amai-vos e instru-vos. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes aplicao dos exerccios de culminncia.
Fundamentao Esprita
1. Ecloso da mediunidade 2. O papel da mente e do perisprito nas comunicaes medinicas 3. Transes psquicos 4. Concentrao medinica 5. A influncia moral do mdium e do meio ambiente nas comunicaes medinicas 6. Educao e desenvolvimento da faculdade medinica
Prtica
Irradiao mental: Conceito e importncia.
Atividade Complementar
Resumo Informativo de: O que o Espiritismo, de Allan Kardec, captulo II, vide pg. 167. Edio FEB. O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, segunda parte, vide pg. 167, captulos XIX, XX e XXI. Edio FEB. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes elaborao e apresentao de resumo informativo.
Culminncia do Mdulo
Culminncia do Mdulo: A prtica da caridade e do perdo como norma de conduta esprita. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes aplicao dos exerccios de culminncia.
Prtica
Harmonizao psquica: Importncia e meios de auto-conhecimento e equilbrio espiritual. Veja, no anexo do Mdulo, explicaes e exerccios referentes harmonizao psquica.
Atividade Complementar
O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, segunda parte, captulos VI, XIV e XXIII. Edio FEB. O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, captulos XI, XII e XXVI. Edio FEB. A Gnese, de Allan Kardec, captulo XIV, itens 45 a 49. Edio FEB. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes elaborao e apresentao de resumo informativo.
Culminncia do Mdulo
Conduta Esprita: O exerccio gratuito e devotado da mediunidade como instrumento de progresso espiritual. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes aplicao dos exerccios de culminncia.
Prtica
Percepo psquica: Desenvolvimento de percepes, com vistas captao de sentimentos, idias e imagens oriundas do Mundo Espiritual. Veja, no anexo do Mdulo, explicaes e exerccios referentes percepo psquica.
Atividade Complementar
Resumo Informativo de: O Cu e o Inferno, de Allan Kardec, captulos I e II, da primeira parte e o captulo I, da segunda parte. Edio FEB. Obreiros da Vida Eterna, de Francisco Cndido Xavier, pelo Esprito Andr Luiz. Edio FEB. Voltei, de Francisco Cndido Xavier, pelo Esprito Irmo Jacob. Edio FEB. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes elaborao e apresentao de resumo informativo.
Culminncia do Mdulo
Conduta Esprita: O mdium e a sua reforma moral. Veja nas Consideraes Gerais, as orientaes referentes aplicao dos exerccios de culminncia.
CONSIDERAES GERAIS SOBRE O ESTUDO E PRTICA DA MEDIUNIDADE I. NECESSIDADE DO ESTUDO DA MEDIUNIDADE As seguintes palavras de Allan Kardec justificam a necessidade de um estudo contnuo e sistematicamente organizado da mediunidade na Casa Esprita: Todos os dias a experincia nos traz a confirmao de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prtica do Espiritismo, se originam da ignorncia dos princpios desta cincia [...]. Se bem cada um traga em si o grmen das qualidades necessrias para se tornar mdium, tais qualidades existem em graus muito diferentes e o seu desenvolvimento depende de causas que a ningum dado conseguir se verifiquem vontade. As regras da poesia, da pintura e da msica no fazem que se tornem poetas, pintores, ou msicos os que no tm o gnio de alguma dessas artes. Apenas guiam os que as cultivam, no emprego de suas faculdades naturais. O mesmo sucede com o nosso trabalho. Seu objetivo consiste em indicar os meios de desenvolvimento da faculdade medinica, tanto quanto o permitam as disposies de cada um, e, sobretudo, dirigir-lhe o emprego de modo til, quando ela exista. [...] De par com os mdiuns propriamente ditos, h, a crescer diariamente, uma multido de pessoas que se ocupam com as manifestaes espritas. Gui-las nas suas observaes, assinalarlhes os obstculos que podem e ho de necessariamente encontrar, lidando com uma nova ordem de coisas, inici-las na maneira de confabularem com os Espritos, indicar-lhes os meios de conseguirem boas comunicaes, tal o crculo que temos de abranger, sob pena de fazermos trabalho incompleto. [...] A essas consideraes ainda aditaremos outra, muito importante: a m impresso que produzem nos novatos as experincias levianamente feitas e sem conhecimento de causa, experincias que apresentam o inconveniente de gerar idias falsas acerca do mundo dos Espritos e de dar azo zombaria e a uma crtica quase sempre fundada. De tais reunies, os incrdulos raramente saem convertidos e dispostos a reconhecer que no Espiritismo haja alguma coisa de srio. Para a opinio errnea de grande nmero de pessoas, muito mais do que se pensa tm contribudo a ignorncia e a leviandade de vrios mdiuns. Desde alguns anos, o Espiritismo h realizado grandes progressos: imensos, porm, so os que conseguiu realizar, a partir do momento em que tomou rumo filosfico, porque entrou a ser apreciado pela gente instruda. Presentemente, j no um espetculo: uma doutrina de que no mais riem os que zombavam das mesas girantes. Esforando-nos por lev-lo para esse terreno e por mant-lo a, nutrimos a convico de que lhe granjeamos mais adeptos teis, do que provocando a torto e a direito manifestaes que se prestariam a abusos.1
II. CONCEITO, OBJETIVO, PR-REQUISITO E CONSEQNCIAS DO ESTUDO DA MEDIUNIDADE O Curso de Estudo e Prtica da Mediunidade, realizado na Casa Esprita, uma reunio privativa que prioriza a participao efetiva dos inscritos, por meio de atividades grupais e plenrias.Tem como objetivo estudar de forma metdica, contnua e sria, a teoria e a prtica da mediunidade, luz da Doutrina Esprita e dos ensinamentos morais do Cristianismo. Os participantes do estudo da mediunidade devem ter concludo o Curso de Estudo Sistematizado da Doutrina Esprita/ESDE, proposta da FEB, ou cursos equivalentes. O estudo da mediunidade tem, segundo Kardec, as seguintes conseqncias: [...] provar materialmente a existncia do mundo espiritual. Sendo o mundo espiritual formado pelas almas daqueles que viveram, resulta de sua admisso a prova da existncia da alma e a sua sobrevivncia ao corpo. As almas que se manifestam, nos revelam suas alegrias ou seus sofrimentos, segundo o modo por que empregaram o tempo de vida terrena; nisto temos a prova das penas e recompensas futuras. Descrevendo-nos seu estado e situao, as almas ou Espritos retificam as idias falsas que faziam da vida futura [...]. Passando assim a vida futura do estado de teoria vaga e incerta ao de fato conhecido e positivo, aparece a necessidade de trabalhar o mais possvel, durante a vida presente [...] em proveito da vida futura [...]. A demonstrao da existncia do mundo espiritual que nos cerca e de sua ao sobre o mundo corporal, a revelao de uma das foras da Natureza e, por conseqncia, a chave de grande nmero de fenmenos at agora incompreendidos, tanto na ordem fsica quanto na ordem moral. 2 III. ESTRUTURAO DO CURSO DE ESTUDO E PRTICA DA MEDIUNIDADE NA CASA ESPRITA DA ORGANIZAO De acordo com a estrutura administrativa da Casa Esprita, poder constituir um Departamento, ou um Setor de outro Departamento (comumente do Doutrinrio) da Instituio. Em ambos os casos, sua organizao segue um esquema administrativo-pedaggico bsico. 1. ORGANIZAO DOUTRINRIA E PEDAGGICA DO CURSO O programa doutrinrio e pedaggico do Curso , em geral, definido pela direo do Centro Esprita, ouvindo a coordenao do Curso. Este Programa deve ser, necessariamente, compatvel com o objetivo e com as diretrizes da Doutrina Esprita. importante tambm a definio de critrios para a avaliao das aes
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desenvolvidas no Curso. 2. ORGANIZAO ADMINISTRATIVA DO CURSO Coordenador geral e coordenador adjunto Monitores Participantes Pessoal de apoio (secretaria, biblioteca etc.) 2.1 Atribuies do Coordenador Geral: Administrar as atividades do Departamento ou Setor (superviso, acompanhamento e avaliao de tarefas). Coordenar as reunies programadas para o Curso delegando-as ao coordenador adjunto, se necessrio. Elaborar, em conjunto com o coordenador adjunto, o plano anual de atividades, cronologicamente especificadas. Acompanhar, em conjunto com o coordenador adjunto, a execuo do plano anual de atividades, sugerindo medidas de avaliao e de replanejamento. Elaborar relatrio anual das atividades do Curso, encaminhando-o direo da Casa Esprita. Constituir o quadro de monitores de acordo com o nmero de turmas, em trabalho conjunto com o coordenador adjunto. Fazer parte de uma reunio medinica da Casa Esprita. Participar, junto com a equipe que coordena, dos cursos de capacitao doutrinrio-pedaggica. O Coordenador Adjunto trabalha em conjunto com o coordenador geral, em regime de parceria, substituindo-o nas suas ausncias e impedimentos. Nas casas espritas onde o Curso possui vrias turmas, o coordenador ajunto substitudo por uma equipe ou conselho diretivo. 2.2 Atribuies dos Monitores: Executar o plano anual de atividades, com assiduidade e pontualidade, seguindo o programa doutrinrio definido pela direo da Casa Esprita. Participar dos cursos de capacitao doutrinrio-pedaggica e das reunies programadas pela coordenao do Curso. Seguir as diretrizes doutrinrias, pedaggicas e administrativas do Curso, pr-estabelecidas.
Manter atualizado o registro de freqncia de sua turma, assim como anotar as causas de evaso dos participantes. Fazer parte de uma reunio medinica da Casa Esprita. Comunicar ao coordenador ou, na ausncia deste, ao coordenador adjunto, as dificuldades encontradas na execuo das suas atividades. Comunicar impedimentos com antecedncia.
2.3 Atribuies dos participantes: Freqentar as reunies de estudo com assiduidade e pontualidade. Justificar, junto ao seu monitor, as faltas e os atrasos. Expor ao monitor as dificuldades de aprendizado. Seguir as orientaes de funcionamento do Curso. Participar de atividades extraclasse. Participar de reunies indicadas no plano anual de atividades. 2.4 Atribuies do Pessoal de apoio: 2.4.1 Secretaria Elaborar fichas de inscrio e efetuar a matrcula dos participantes. Manter atualizados os dados cadastrais e de freqncia dos matriculados no Curso. Informatizar dados e arquivar documentos relativos ao Curso. Elaborar quadros demonstrativos de freqncia dos participantes do Curso. Elaborar a listagem dos integrantes do Curso (coordenadores, monitores, pessoal de apoio e matriculados) com os seguintes dados: nome, endereo e telefone. Entregar ao coordenador, monitores e pessoal de apoio a listagem com os dados dos integrantes do Curso. Participar das reunies indicadas pela coordenao. Atender s solicitaes dos monitores, relativas reserva e instalao de equipamentos, fotocpias de materiais, entre outros. 2.4.2 Biblioteca: Organizar o acervo bibliogrfico, de acordo com as referncias indicadas no programa do Curso. Organizar e manter atualizados os dados cadastrais dos usurios, elaborando, se for o caso, fichas de emprstimo. Arquivar materiais didticos utilizados nas aulas, colocando-os disposio da coordenao e dos monitores do Curso.
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Organizar espao fsico adequado, no caso de opo pelo sistema de consulta por parte dos usurios.
3. DA AVALIAO importante a definio de critrios para a avaliao das aes desenvolvidas no Curso. Como a avaliao no um fim, mas um meio que permite verificar at que ponto os objetivos do Curso esto sendo alcanados, deve envolver coordenadores, monitores, pessoal de apoio e participantes (alunos). A avaliao do Estudo e Prtica da Mediunidade deve ser concebida, tendo em vista as vrias habilidades e competncias envolvidas na aprendizagem: desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social dos participantes. No processo de ensino-aprendizagem esprita, a avaliao focaliza tambm os aspectos moral e espiritual dos participantes do Curso. A avaliao realizada por meio de instrumentos de avaliao, tais como: questionrios, questes de mltipla escolha, instrues para escrever, resumir, desenhar; dissertaes, relatos, ilustraes por meio de exemplos; estudo de caso, anlise de situaes-problema etc.
IV. CAPACITAO DE MONITORES DO CURSO DE ESTUDO E PRTICA DA MEDIUNIDADE Os monitores do Curso devem ser continuamente capacitados, tendo em vista a necessidade de atualizao doutrinrio-pedaggica e a execuo de atividades decorrentes do replanejamento do Curso. As reunies de capacitao de monitores tm como objetivos: Aprofundar o conhecimento de temas espritas. Desenvolver o gosto pelo estudo esprita, integrando o conhecimento adquirido nas aes cotidianas. Identificar e corrigir erros e obstculos aprendizagem. Apoiar a construo, o planejamento e o replanejamento de dispositivos e seqncias didticas necessrias melhoria do Curso. Desenvolver projetos de atividades extraclasse; de avaliao do ensinoaprendizagem e de auto-avaliao; de seminrios, simpsios, painis, entre outras. Auxiliar a integrao dos participantes dos cursos nas atividades da Casa Esprita. Saber dinamizar as aulas por meio da utilizao de tcnicas pedaggicas, de recursos audiovisuais e de instrumentos de multimdia. As reunies de capacitao de monitores so, basicamente, de duas mo-
dalidades: uma semanal, voltada para o aprendizado contnuo, outra semestral, decorrente do processo avaliativo e de replanejamento. CAPACITAO SEMANAL DE MONITORES Um dia na semana deve ser reservado para uma reunio de educao continuada com os monitores e estagirios dos Curso, prevenindo, desta forma, os inconvenientes do ensino estereotipado ou padronizado. O programa desta reunio, previamente elaborado pela coordenao do Curso atendendo, tanto quanto possvel, s sugestes dos monitores , deve abranger contedos espritas, pedaggicos e administrativos, que sero abordados, seqencialmente, em reunies especficas. CAPACITAO SEMESTRAL A capacitao semestral dos monitores, em geral ocorrida no incio do semestre letivo, idealizada sob a forma de mini-cursos ou simpsios. So encontros direcionados para a resoluo de dificuldades surgidas no processo de ensinoaprendizagem. Por exemplo, pode-se planejar a realizao de um simpsio, ou de uma oficina pedaggica, para analisar e sanar dificuldades de relacionamento existentes entre monitores e participantes do Curso. Os futuros monitores, na categoria de estagirios, so tambm capacitados nesses cursos.
DOS FUNDAMENTOS O Curso est assentado em dois fundamentos bsicos, que constituem os seus referenciais: a) conhecimento doutrinrio, extrado das obras codificadas por Allan Kardec, e, das suplementares a estas, de autoria de Espritos fiis s orientaes da Doutrina Esprita; b) conduta esprita, tica e moral, segundo as orientaes de Jesus, contidas no seu Evangelho. As suas diretrizes esto, pois, fundamentadas em Kardec e em Jesus, compreendendo-se que a prtica medinica, sem orientao doutrinria esprita e sem o esclarecimento do Evangelho, no conduz aos objetivos propostos para o Curso. DAS FINALIDADES Seguir, na medida do possvel, a orientao de O Livro dos Espritos, questo 685: No nos referimos, porm, educao moral pelos livros e sim que consiste na arte de formar os caracteres, que incute hbitos, porquanto a
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educao o conjunto dos hbitos adquiridos. Preparar o trabalhador para exercer a mediunidade de forma natural, como preconizada pela Codificao Esprita, em qualquer situao e plano da vida, e no apenas nas reunies medinicas. Neste sentido, importante resgatar o seguinte conceito de mdium, existente em O Livro dos Mdiuns: Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influncia dos Espritos , por esse fato, mdium. Essa faculdade inerente ao homem; no constitui, portanto, um privilgio exclusivo. Por isso mesmo, raras so as pessoas que dela no possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos so, mais ou menos, mdiuns. 3
DOS OBJETIVOS Programa I Propiciar conhecimento aprofundado da Doutrina Esprita, com enfoque no estudo da mediunidade. Favorecer o desenvolvimento natural das faculdades psquicas do participante, por meio de exerccios especficos. Programa II Ensejar um estudo mais aprofundado da mediunidade, tendo em vista a formao tica, moral e intelectual dos participantes. Favorecer o desenvolvimento e a educao das faculdades medinicas do candidato prtica medinica. DA ORGANIZAO O Curso do Estudo e Prtica da Mediunidade, proposto pela FEB, est organizado em dois programas de estudo: Programa I e Programa II. O contedo terico e prtico dos dois programas est estruturado em Mdulos de Estudo, subdivididos em quatro partes, didaticamente coordenadas entre si: a) Fundamentao Esprita b) Prtica c) Atividade Complementar d) Culminncia do Mdulo Esta subdiviso apresenta as seguintes caractersticas: Fundamentao Esprita. Trata-se do referencial doutrinrio em termos de conhecimento esprita, considerado necessrio ao estudo e pratica da mediunidade, e ao desenvolvimento psquico da pessoa.
Prtica. No Programa I esta parte constituda de exerccios voltados para o aperfeioamento afetivo, emocional e comportamental (maneira correta de orar, irradiao mental, harmonizao e percepo psquica). Como no Programa II h reunies medinicas, propriamente ditas, a prtica supervisionada por monitores e colaboradores mais experientes neste gnero de tarefa. Atividade Complementar (facultativa). uma atividade desenvolvida pelos participantes com a finalidade de: a) ampliar o conhecimento doutrinrio por meio de apresentaes que caracterizem o desenvolvimento do hbito de ler e estudar obras espritas; b) aprender elaborar resumos de textos e livros. Culminncia do Mdulo. uma atividade de fechamento dos assuntos estudados no Mdulo, procurando compatibilizar a fundamentao esprita estudada e os exerccios de desenvolvimento psquico. Os contedos tericos e prticos dos Mdulos de Ensino, em ambos os programas, podem ser observados na tabela abaixo. Programa I
FUNDAMENTAO ESPRITA DOS MDULOS Pontos Principais da Doutrina Esprita PARTE PRTICA(EXERCCIOS)
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Introduo ao estudo da mediuni- Prece: conceito, benefcios e maneira correta de orar dade
Harmonizao psquica: imporMediunidade, obsesso, desobtncia e requisitos necessrios para sesso promover o equilbrio espiritual
Vide ndice e A vida no mundo espiritual texto pg. 259 Programa II As reunies medinicas
So oferecidas condies para Allan Kardec e a Codificao Es- o desenvolvimento harmnico: a) da faculdade medinica, em prita quem possua condies naturais A experimentao medinica para tal; b) de outras faculdades psquicas, tais como: percepo esOs tipos comuns de mediupiritual; irradiao do pensamento; nidade concentrao mental; sintonia com benfeitores; equilbrio espiritual etc. Faculdades medinicas incomuns Os Espritos comunicantes
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A prtica medinica
PR-REQUISITOS PARA INSCRIO E FREQNCIA AO CURSO Conhecimento doutrinrio esprita bsico, obtido em cursos sistematizados da Doutrina Esprita, ou em outros equivalentes. Idade acima de 18 anos.
ENTREVISTA Todos os interessados em participar do Curso so, previamente, entrevistados pela Coordenao, para verificar se os pr-requisitos para a inscrio e freqncia esto sendo atendidos. tambm uma oportunidade para esclarecer os inscritos sobre os objetivos e as condies de funcionamento do Curso.
_________________________ 1 O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Introduo, p. 13-16. 2 O Que o Espiritismo. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. II (Noes Elementares do Espiritismo), item 100 (Conseqncias do Espiritismo), p. 186-189. 3 O Livro dos Mdiuns. Traduo De Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XIV (Dos Mdiuns), item 159, p. 203.
Contedo Programtico .................................................................................. 6 Consideraes Gerais ....................................................................................... 10 Mdulo Introdutrio Caracterizao .........................................................................................25 Plano de Estudos .....................................................................................26 Fundamentao Esprita: Pontos Principais da Doutrina Esprita ....... 27 Roteiro 1: Espiritismo ou Doutrina Esprita: conceito e objetivo .................. 27 Roteiro 2: Trplice Aspecto da Doutrina Esprita .......................................... 31 Roteiro 3: Pontos principais da Doutrina Esprita ........................................ 37 Roteiro 4: Da perfeio moral .......................................................................... 41 Atividade Complementar: resumo informativo........................................... 47 Culminncia ...................................................................................................... 49 Mdulo de Estudo n 1 ................................................................................... 53 Caracterizao ................................................................................................... 55 Plano de Estudo ................................................................................................. 56 Fundamentao Esprita: Introduo ao Estudo da Mediunidade Roteiro 1: Esprito, matria e fluidos............................................................... 57 Roteiro 2: Perisprito e princpio vital............................................................. 67 Roteiro 3: O passe esprita ................................................................................ 73 Roteiro 4: A prece: importncia, benefcios e maneira correta de orar ........ 79 Roteiro 5: A faculdade medinica: conceito e classificao da mediunidade .................................................................................... 85 Roteiro 6: Fenmenos de emancipao da alma ........................................... 91
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Prtica: Exerccios sobre prece......................................................................... 99 Atividade Complementar: resumo informativo........................................... 105 Culminncia do Mdulo ................................................................................. 107 Mdulo de Estudo n 2 ............................................................................ 115 Caracterizao ............................................................................................ 117 Plano de Estudo .......................................................................................... 118 Fundamentao Esprita: A Prtica Medinica Roteiro 1: Ecloso da mediunidade.......................................................... 119 Roteiro 2: O papel da mente e do perisprito nas comunicaes medinicas ................................................................................. 123 Roteiro 3: Transes psquicos...................................................................... 129 Roteiro 4: Concentrao medinica ........................................................ 139 Roteiro 5: A influncia moral do mdium e do meio ambiente nas comunicaes medinicas........................................................ 149 Roteiro 6: Educao e desenvolvimento do mdium............................. 155 Prtica: Exerccios sobre irradiao mental ......................................... 163 Atividade Complementar: resumo informativo.................................... 167 Culminncia do Mdulo........................................................................... 169 Mdulo de Estudo n 3 ............................................................................ 177 Caracterizao ............................................................................................ 179 Fundamentao Esprita: Mediunidade. Obsesso. Desobsesso Roteiro 1: As manifestaes medinicas de efeitos fsicos .................... 181 Roteiro 2: As manifestaes medinicas de efeitos intelectuais ........... 189 Roteiro 3: As manifestaes medinicas de efeitos visuais ................... 195 Roteiro 4: Obsesso: o obsessor, o obsidiado, o processo obsessivo .... 199 Roteiro 5: Obsesso: tipos e graus ............................................................ 209 Roteiro 6: Desobsesso .............................................................................. 221 Prtica: Harmonizao psquica ............................................................. 233 Atividade Complementar: resumo informativo.................................... 243 Culminncia do Mdulo .......................................................................... 245 Mdulo de Estudo n 4 ............................................................................. 255 Caracterizao ..................................................................................257 Plano de Estudo .........................................................................................258
Fundamentao Esprita: A Vida no Mundo Espiritual Roteiro 1: A desencarnao........................................................................ 259 Roteiro 2: A vida no alm-tmulo: os Espritos errantes ....................... 271 Roteiro 3: As regies de sofrimento no plano espiritual ........................ 283 Roteiro 4: As comunidades espirituais devotadas ao bem ..................... 297 Prtica: Contedo: Percepo psquica ................................................. 311 Atividade Complementar: resumo informativo..................................... 319 Culminncia do Mdulo............................................................................ 321
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PROGRAMA I
* Fundamentao Esprita: Pontos Principais da Doutrina Esprita. * Prtica: ------------* Atividade complementar: Resumo de O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, partes primeira e segunda. * Culminncia do mdulo: Princpios doutrinrios espritas.
OBJETIVO GERAL
TEMPO PARA APLICAO DAS AULAS Tericas: at uma hora e trinta minutos.
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FUNDAMENTAO ESPRITA
PRTICA
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
CULMINNCIA DO MDULO
Resumo e apresentao O Livro dos Espritos, de Allan Kardec, partes primeira e segunda. Os alunos devero elaborar e apresentar um resumo do contedo doutrinrio selecionado em dia, hora e local prestabelecidos. A organizao e a elaborao desse trabalho devem seguir as instrues dadas nas Consideraes Gerais.
1. Conceito e objeto da Doutrina Esprita. 2. O trplice aspecto da Doutrina Esprita. 3. Pontos principais da Doutrina Esprita. 4. A perfeio moral.
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PROGRAMA I
MDULO INTRODUTRIO
SUBSDIOS
1. CONCEITO DE ESPIRITISMO O termo Espiritismo foi criado por Allan Kardec pelas razes que ele mesmo aduz na Introduo de sua obra O Livro dos Espritos: Para se designarem coisas novas so precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confuso inerente variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocbulos espiritual, espiritualista e espiritualismo tm acepo bem definida. Dar-lhes outra, para aplic-los doutrina dos Espritos, fora multiplicar as causas j numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matria, espiritualista. No se segue da, porm, que creia na existncia dos Espritos ou em suas comunicaes com o mundo invisvel. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crena a que vimos de referir-nos, os termos esprita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligveis, deixando ao vocbulo espiritualismo a acepo que lhe prpria. Diremos, pois, que a doutrina esprita ou o Espiritismo tem por princpio as relaes do mundo material com os Espritos ou seres do mundo invisvel. Os adeptos do Espiritismo sero os espritas, ou, se quiserem, os espiritistas. 4 O Espiritismo , ao mesmo tempo, uma cincia de observao e uma doutrina filosfica. Como cincia prtica ele consiste nas relaes que se estabelecem entre ns e os Espritos; como filosofia, compreende todas as conseqncias morais que dimanam dessas mesmas relaes. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo uma cincia que trata da natureza, origem e destino dos Espritos, bem como de suas relaes com o mundo corporal. 5
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O Espiritismo a cincia nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusveis, a existncia e a natureza do mundo espiritual e as suas relaes com o mundo corpreo. Ele no-lo mostra, no mais como coisa sobrenatural, porm, ao contrrio, como uma das foras vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenmenos at hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domnio do fantstico e do maravilhoso. [...] O Espiritismo a chave com o auxlio da qual tudo se explica de modo fcil. 1
2. OBJETO DO ESPIRITISMO Assim como a Cincia propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princpio material, o objeto especial do Espiritismo o conhecimento das leis do princpio espiritual. Ora, como este ltimo princpio uma das foras da Natureza, a reagir incessantemente sobre o princpio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um no pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Cincia se completam reciprocamente, a Cincia, sem o Espiritismo,se acha na impossibilidade de explicar certos fenmenos s pelas leis da matria; ao Espiritismo, sem a Cincia, faltariam apoio e comprovao. O estudo das leis da matria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matria que primeiro fere o sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas cientficas, teria abortado, com tudo quanto surge antes do tempo. 2 Mais adiante, na mesma obra, (A Gnese), acrescenta Kardec: A Cincia moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observao em observao, chegou concepo de um s elemento gerador de todas as transformaes da matria; mas, a matria, por si s, inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao princpio espiritual. O Espiritismo no descobriu, nem inventou este princpio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existncia; estudou-o, analisou-o e tornoulhe evidente a ao. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princpios, as duas foras vivas da Natureza. Pela unio indissolvel deles, facilmente se explica uma multido de fatos at ento inexplicveis. O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forosamente na maior parte das cincias; s podia, portanto, vir depois da elaborao delas; nasceu pela fora mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxlio apenas das leis da matria. 3
Em suma, os [...] fatos ou fenmenos espritas, isto , produzidos por espritos desencarnados, so a substncia mesma da Cincia Esprita, cujo objeto o estudo e conhecimento desses fenmenos, para fixao das leis que os regem. [...] 6
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. I, item 5, p. 56-57. 2. ______. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. I, item 16, p. 21. 3. ______. Item 18, p. 22. 4. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Introduo. Item I, p. 13. 5. ______. O que o Espiritismo. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Prembulo, p. 50. 6. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Bsico. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Segunda parte (Postulados e Ensinamentos). Item: O Espiritismo Cientfico, p. 103.
PROGRAMA I
MDULO INTRODUTRIO
Espiritismo.
SUBSDIOS
1. O TRPLICE ASPECTO DA DOUTRINA ESPRITA O trplice aspecto da Doutrina Esprita ressalta da prpria conceituao que lhe d Allan Kardec: O Espiritismo , ao mesmo tempo, uma cincia de observao e uma doutrina filosfica. Como cincia prtica ele consiste nas relaes que se estabelecem entre ns e os Espritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqncias morais que dimanam dessas mesmas relaes. 7 O Espiritismo se apresenta sob trs aspectos diferentes: [ ainda Kardec quem afirma] o das manifestaes, o dos princpios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicao desses princpios. Da, trs classes, ou, antes, trs graus de adeptos: 1. Os que crem nas manifestaes e se limitam a comprov-las; para esses, o Espiritismo uma cincia experimental; 2. Os que lhe percebem as conseqncias morais; 3. Os que praticam ou se esforam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista, cientfico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenmenos, todos compreendem constiturem eles uma ordem, inteiramente nova, de idias que surge e da qual no pode deixar de resultar uma profunda modificao no estado da Humanidade e compreendem igualmente que essa modificao no pode deixar de operar-se no sentido do bem. 4 Assim, consoante as palavras de Kardec, podemos identificar o trplice aspecto do Espiritismo: a) cientfico concernente s manifestaes dos Espritos; b) filosfico respeitante aos princpios, inclusive morais, em que se assenta a sua doutrina; c) religioso relativo aplicao desses princpios. 2. O ASPECTO CIENTFICO O aspecto cientfico da Doutrina Esprita enfatizado por Allan Kardec
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quando assim define o Espiritismo: O Espiritismo uma cincia que trata da natureza, origem e destino dos Espritos, bem como de suas relaes com o mundo corporal. 7 O Espiritismo a cincia nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusveis, a existncia e a natureza do mundo espiritual e as suas relaes com o mundo corpreo. Ele no-lo mostra, no mais como coisa sobrenatural, porm, ao contrrio, como uma das foras vivas e sem cessar atuantes da Natureza como a fonte de uma imensidade de fenmenos at hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domnio do fantstico e do maravilhoso. [...] 1 Nenhuma cincia existe que haja sado prontinha do crebro de um homem. Todas, sem exceo de nenhuma, so fruto de observaes sucessivas, apoiadas em observaes precedentes, como em um ponto conhecido, para chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espritos procederam, com relao ao Espiritismo. Da o ser gradativo o ensino que ministram. 2 O carter cientfico deflui ainda das seguintes concluses de Allan Kardec: O Espiritismo, pois, no estabelece com o princpio absoluto seno o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observao. [...] Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais ser ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitar. 3 Gabriel Delanne, em sua obra O Fenmeno Esprita, tambm salienta o papel cientfico do Espiritismo, quando diz: O Espiritismo uma cincia cujo fim a demonstrao experimental da existncia da alma e sua imortalidade, por meio de comunicaes com aqueles aos quais impropriamente tm sido chamados mortos. 11 Sendo assim, a [...] Cincia Esprita se classifica [...] entre as cincias positivas ou experimentais e se utiliza do mtodo analtico ou indutivo, porque observa e examina os fenmenos medinicos, faz experincias, comprova-os. 10
3. O ASPECTO FILOSFICO O aspecto filosfico do Espiritismo vem, primeiramente, destacado na folha de rosto de O Livro dos Espritos, a primeira obra do Espiritismo, quando Allan Kardec classifica a nova doutrina de Filosofia Espiritualista.
Ainda, na concluso dessa mesma obra, Kardec enfatiza: Falsssima idia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua fora lhe vem da prtica das manifestaes materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestaes, se lhe ter minado a base. Sua fora est na sua filosofia, no apelo que dirige razo, ao bom senso. [...] 5 De fato, o [...] Espiritismo uma doutrina essencialmente filosfica, embora seus princpios sejam comprovados experimentalmente, o que lhe confere tambm o carter cientfico. Quando o Homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o como e o porqu das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que so as coisas e porque so as coisas o que so. Em verdade, o Homem quer justificar-se a si mesmo e ao mundo em que vive, ao qual reage e do qual recebe contnuos impactos, procura compreender como as coisas e os fatos se ordenam, em suma, deseja conhecer sempre mais e mais. O carter filosfico do Espiritismo est, portanto, no estudo que faz do Homem, sobretudo Esprito, de seus problemas, de sua origem, de sua destinao. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relaes dos Homens, que vivem na Terra, com aqueles que j se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existncia, inquestionvel de algo que tudo cria e tudo comanda, inteligentemente DEUS. Definindo as responsabilidades do Esprito quando encarnado (Alma) e tambm do desencarnado, o Espiritismo Filosofia, uma regra moral de vida e comportamento para os seres da Criao, dotados de sentimento, razo e conscincia. 9
4. O ASPECTO RELIGIOSO O Espiritismo [diz Allan Kardec] uma doutrina filosfica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forosamente vai ter s bases fundamentais de todas as religies: Deus, a alma e a vida futura. Mas, no uma religio constituda, visto que no tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o ttulo de sacerdote ou de sumo-sacerdote [...] 6 No discurso de abertura da Sesso Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, publicado na Revista Esprita de dezembro de 1968, Allan Kardec, respondendo pergunta O Espiritismo uma Religio?, afirma, a certa altura: O lao estabelecido por uma religio, seja qual for o seu objetivo, , pois, es-
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sencialmente moral, que liga os coraes, que identifica os pensamentos, as aspiraes, e no somente o fato de compromissos materiais, que se rompem vontade, ou da realizao de frmulas que falam mais aos olhos do que ao esprito. O efeito desse lao moral o de estabelecer entre os que ele une como conseqncia da comunho de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgncia e a benevolncia mtuas. nesse sentido que tambm se diz: a religio da amizade, a religio da famlia. Se assim, perguntaro, ento o Espiritismo uma religio? Ora, sim, sem dvida, senhores! No sentido filosfico, o Espiritismo uma religio, e ns nos vangloriamos por isto, porque a Doutrina que funda os vnculos da fraternidade e da comunho de pensamentos, no sobre uma simples conveno, mas sobre bases mais slidas: as prprias leis da Natureza. Por que, ento, declaramos que o Espiritismo no uma religio? Em razo de no haver seno uma palavra para exprimir duas idias diferentes, e que, na opinio geral, a palavra religio inseparvel da de culto; porque desperta exclusivamente uma idia de forma, que o Espiritismo no tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religio, o pblico no veria a mais que uma nova edio, uma variante, se se quiser, dos princpios absolutos em matria de f; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimnias e de privilgios; no o separaria das idias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinio se levantou. No tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religio, na acepo usual da palavra, no podia nem devia enfeitar-se com um ttulo cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosfica e moral. 8 Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado [...] como um tringulo de foras espirituais. A Cincia e a Filosofia vinculam Terra essa figura simblica, porm, a Religio o ngulo divino que a liga ao cu. No seu aspecto cientfico e filosfico, a doutrina ser sempre um campo nobre de investigaes humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual que visam o aperfeioamento da Humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restaurao do Evangelho de Jesus-Cristo, estabelecendo a renovao definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual. 12
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. I, item 5, p. 56-57. 2. ______. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. I, item 54, p. 42. 3. ______. Item 55, p. 44. 4. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Concluso VI, p. 484. 5. ______. Concluso VII, p. 486-487. 6. ______. Obras Pstumas. Traduo de Guillon Ribeiro. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte. Item: Ligeira resposta aos detratores do Espiritismo, p. 260-261. 7. ______. O que o Espiritismo. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Prembulo, p. 50. 8. ______. Revista Esprita. Jornal de Estudos Psicolgicos. Ano 1868. Traduo de Evandro Noleto Bezerra; poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Dcimo Primeiro Volume, dezembro de 1868, n 12. Item: Sesso Anual Comemorativa dos Mortos, p. 490-491. 9. BARBOSA, Pedro Franco. Espiritismo Bsico. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Segunda Parte (Postulados e Ensinamentos). Item: O Espiritismo Cientfico, p. 101. 10. ______. p. 104. 11. DELANNE, Gabriel. O Fenmeno Esprita. Traduo de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Prefcio, p. 13. 12. XAVIER, Francisco Cndido. O Consolador. Pelo Esprito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Definio, p. 19-20.
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PROGRAMA I
MDULO INTRODUTRIO
Apresentar os pontos principais da Doutrina Esprita, de acordo com o resumo existente na Introduo de O Livro dos Espritos. SUBSDIOS
Allan Kardec, na Introduo de O Livro dos Espritos, item VI, trata dos pontos principais dos ensinos transmitidos pelos Espritos Superiores. Ressalta, primeiramente, que [...] os prprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espritos ou Gnios, declarando, alguns, pelo menos, terem pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compem o mundo espiritual, como ns constitumos o mundo corporal durante a vida terrena. 1 Passa, em seguida, a resumir esses pontos principais: Deus eterno, imutvel, ima terial, nico, onipotente, soberanamente justo e bom. Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais. Os seres materiais constituem o mundo visvel ou corpreo, e os seres imateriais, o mundo invisvel ou esprita, isto , dos Espritos. O mundo esprita o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. O mundo corporal secundrio; poderia deixar de existir, ou no ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essncia do mundo esprita. Os Espritos revestem temporariamente um invlucro material perecvel, cuja destruio pela morte lhes restitui a liberdade. Entre as diferentes espcies de seres corpreos, Deus escolheu a espcie humana para a encarnao dos Espritos [...]. 1 A alma um Esprito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltrio. H no homem trs coisas: 1, o corpo ou ser material anlogo aos animais e animado pelo mesmo princpio vital; 2, a alma ou ser imaterial, Esprito encarnado no corpo; 3, o lao que prende a alma ao corpo, princpio intermedirio entre a matria e o Esprito. [...] O lao ou perisprito, que prende ao corpo o Esprito, uma espcie de envoltrio semimaterial. A morte a destruio do invlucro mais grosseiro. O Esprito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etreo, invisvel para ns no
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estado normal, porm que pode tornar-se acidentalmente visvel e mesmo tangvel, como sucede no fenmeno das aparies. 2 O Esprito no , pois, um ser abstrato, indefinido, s possvel de conceber-se pelo pensamento. um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna aprecivel pela vista, pelo ouvido e pelo tato. Os Espritos pertencem a diferentes classes e no so iguais, nem em poder, nem em inteligncia, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem so os Espritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeio, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: so os anjos ou puros Espritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeio, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixes: o dio, a inveja, o cime, o orgulho, etc. 3 Os Espritos no ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus de hierarquia esprita. Esta melhora se efetua por meio da encarnao, que imposta a uns como expiao, a outros como misso. A vida material uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, at que hajam atingido a absoluta perfeio moral. 3 Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espritos, donde sara, para passar por nova existncia material, aps um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Esprito errante. 3 Tendo o Esprito que passar por muitas encarnaes, segue-se que todos ns temos tido muitas existncias e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeioadas, quer na Terra, quer em outros mundos. 4 A encarnao dos Espritos se d sempre na espcie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Esprito possa encarnar no corpo de um animal. As diferentes existncias corpreas do Esprito so sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforos que faa para chegar perfeio. [...] Os Espritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo. Os no encarnados ou errantes no ocupam uma regio determinada e circunscrita; esto por toda parte no espao e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contnuo. toda uma populao invisvel, a mover-se em torno de ns. Os Espritos exercem incessante ao sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo fsico. Atuam sobre a matria e sobre o pensamento e constituem uma das potncias da Natureza, causa eficiente de uma multido de fenmenos at ento inexplicados ou mal explicados e que no
encontram explicao racional seno no Espiritismo. 4 As relaes dos Espritos com os homens so constantes. Os bons Espritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suport-las com coragem e resignao. Os maus nos impelem para o mal; -lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles. 5 As comunicaes dos Espritos com os homens so ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influncia boa ou m que exercem sobre ns, nossa revelia. Cabe ao nosso juzo discernir as boas das ms inspiraes. [...] Os Espritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocao. [...] Os Espritos so atrados na razo da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espritos Superiores se comprazem nas reunies srias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compem, de se instrurem e melhorarem. A presena deles afasta os Espritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frvolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Distinguir os bons dos maus Espritos extremamente fcil. Os Espritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade [...]. A dos Espritos inferiores, ao contrrio, inconseqente, amide, trivial e at grosseira. 6 A moral dos Espritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta mxima evanglica: Fazer aos outros o que quereramos que os outros nos fizessem, isto , fazer o bem e no o mal. Neste princpio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores aes. [...] Ensinam [os Espritos Superiores] [...] que, no mundo dos Espritos, nada podendo estar oculto, o hipcrita ser desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas; que a presena inevitvel, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos esto reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espritos correspondem penas e gozos desconhecidos na Terra. Mas, ensinam tambm no haver faltas irremissveis, que a expiao no possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existncias que lhe permitem avanar, conformemente aos seus desejos e esforos, na senda do progresso, para a perfeio, que o seu destino final. 7
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Introduo, item VI, p. 23. 2. ______. p. 23-24. 3. ______. p. 24. 4. ______. p. 25. 5. ______. p. 25-26. 6. ______. p. 26. 7. ______. p. 27.
PROGRAMA I
MDULO INTRODUTRIO
Da perfeio moral ROTEIRO 4 Objetivo especco Dizer quais os caracteres da perfeio moral. Identificar os obstculos que dificultam a conquista da perfeio moral, bem como dos recursos para vencer esses obstculos.
SUBSDIOS
Os caracteres da perfeio, apresentados por Jesus, no Evangelho, desdobram-se em trs pontos fundamentais: amar os nossos inimigos; fazer o bem aos que vos odeiam, e orar pelos que vos perseguem e caluniam. 2 E isso porque explica o Mestre Divino se somente amarmos os que nos amam, que recompensa teremos disso? No fazem o mesmo os publicanos? Se somente saudarmos os nossos irmos, que fazemos com isso mais do que outros? No fazem o mesmo os pagos? Concluindo o seu ensinamento, diz Jesus: Sede, pois, vs outros, perfeitos, como perfeito o vosso Pai celestial. 2 Comentando esse ensino, assinala Kardec: Pois que Deus possui a perfeio infinita em todas as coisas, esta proposio: Sede perfeitos, como perfeito o vosso Pai celestial, tomada ao p da letra, pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeio absoluta. Se criatura fosse dado ser to perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que inadmissvel. [...] Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido da perfeio relativa, a de que a Humanidade suscetvel e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeio? Jesus o diz: Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem. Mostra ele desse modo que a essncia da perfeio a caridade na sua mais ampla acepo, porque implica a prtica de todas as outras virtudes. Com efeito, se se observam os resultados de todos os vcios e, mesmo, dos simples defeitos, reconhecer-se- nenhum haver que no altere mais ou menos o sentimento da caridade, porque todos tm seu princpio no egosmo e no orgulho, que lhes so a negao; e isso porque tudo o que sobreexcita o sentimento da personalidade destri, ou, pelo menos, enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que so: a benevolncia, a indulgncia, a abnegao e o devotamento. No podendo o amor do prximo, levado at ao amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrrio caridade, aquele amor sempre, portanto, indcio de
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maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeio est na razo direta da sua extenso. 3 Pode dizer-se, em decorrncia disso, que a [...] virtude, no mais alto grau, o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sbrio, modesto, so qualidades do homem virtuoso. [...] No virtuoso aquele que faz ostentao da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modstia, e tem o vcio que mais se lhe ope: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, no gosta de estadear-se. Advinham-na; ela, porm, se oculta na obscuridade e foge admirao das massas. 6 Entretanto, de todas as virtudes, qual a mais meritria? Os Espritos Superiores respondem: Toda virtude tem o seu mrito prprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. H virtude sempre que h resistncia voluntria ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porm, est no sacrifcio do interesse pessoal, pelo bem do prximo, sem pensamento oculto. A mais meritria a que assenta na mais desinteressada caridade. 7 Freqentemente, as qualidades morais so como, num objeto de cobre, a douradura que no resiste pedra de toque. Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a consider-lo homem de bem. Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas e s vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto. [...] O apego s coisas materiais constitui sinal notrio de inferioridade, porque, quanto mais se aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrrio, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro. 8 Dizem os Espritos Superiores que, dentre os vcios, o egosmo aquele que se pode considerar radical. [...] Da deriva todo mal. Estudai todos os vcios e vereis que no fundo de todos h egosmo. Por mais que lhes deis combate, no chegareis a extirp-los, enquanto no atacardes o mal pela raiz, enquanto no lhe houverdes destrudo a causa. 9 Note-se entretanto que, fundando-se o egosmo no interesse pessoal, s poder ser extirpado do corao medida que o homem se instrui a respeito das coisas espirituais, o que o levar a dar menos valor aos bens materiais. 10 Com efeito, ensinam os Orientadores Espirituais que de [...] da influncia da matria, influncia de que o homem, ainda muito prximo de sua origem, no
pde libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organizao social, sua educao. O egosmo se enfraquecer proporo que a vida moral for predominando sob re a vida material e, sobretudo, com a compreenso, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e no desfigurado por fices alegricas. Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenas, o Espiritismo transformar os hbitos, os usos, as relaes sociais. O egosmo assenta na importncia da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de to alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Destruindo essa importncia, ou, pelo menos, reduzindo-a s suas legtimas propores, ele necessariamente combate o egosmo. 11 O egosmo irmo do orgulho e procede das mesmas causas. uma das mais terrveis enfermidades da alma, o maior obstculo ao melhoramento social. Por si s ele neutraliza e torna estreis quase todos os esforos que o homem faz para atingir o bem. 14 Portanto, o [...] egosmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo est reservada a tarefa de faz-la ascender na hierarquia dos mundos. O egosmo , pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas foras, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. 1 Essa coragem, porm, vai sendo por ns adquirida medida que despertamos para o sentimento do dever, inserto na prpria conscincia.
Afirma o Esprito Lzaro, em comunicao inserida em O Evangelho segundo o Espiritismo que: O dever a obrigao moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever a lei da vida. Com ele deparamos nas mais nfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e no do dever que as profisses impem. Na ordem
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Todos ns trazemos gravados no ntimo do ser [...] os rudimentos da lei moral. neste mundo mesmo que ela recebe um comeo de sano. Qualquer ato bom acarreta para o seu autor uma satisfao ntima, uma espcie de ampliao da alma; as ms aes, pelo contrrio, trazem, muitas vezes, amargores e desgostos em sua passagem. 12 Por sua vez, o [...] dever o conjunto das prescries da lei moral, a regra pela qual o homem deve conduzir-se nas relaes com seus semelhantes e com o Universo inteiro. Figura nobre e santa, o dever paira acima da Humanidade, inspira os grandes sacrifcios, os puros devotamentos, os grandes entusiasmos. Risonho para uns, temvel para outros, inflexvel sempre, ergue-se perante ns, apontando a escadaria do progresso, cujos degraus se perdem em alturas incomensurveis. 13
dos sentimentos, o dever muito difcil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atraes do interesse e do corao. No tm testemunhas as suas vitrias e no esto sujeitas represso suas derrotas. O dever ntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbtrio. O aguilho da conscincia, guardio da probidade interior, o adverte e sustenta; mas, muitas vezes, mostra-se impotente diante dos sofismas da paixo. Fielmente observado, o dever do corao eleva o homem; como determinlo, porm, com exatido? Onde comea ele? Onde termina? O dever principia, para cada um de vs, exatamente no ponto em que ameaais a felicidade ou a tranqilidade do vosso prximo; acaba no limite que no desejais ningum transponha com relao a vs. 4 Assim finaliza o referido Instrutor Espiritual: O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estgios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigao moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que no aceita esboos imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandea a seus prprios olhos. 5
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XI, item 11, p. 191. 2. ______. Cap. XVII, item 1, p. 271. 3. ______. Cap. XVII, item 2, p. 271-272. 4. ______. item 7, p. 278. 5. ______. p. 279. 6. ______. item 8, p. 279. 7. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questo 893, p. 411. 8. ______. Questo 895, p. 412. 9. ______. Questo 913, p. 418-419. 10. ______. Questo 914. p. 419. 11. ______. Questo 917, p. 420. 12. DENIS, Lon. Depois da Morte. Traduo de Joo Loureno de Souza. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Quinta parte (O Caminho Reto), cap. XLII (A vida moral), p. 251. 13. ______. Cap. XLIII (O dever), p. 254. 14. ______. Cap. XLVI (O egosmo), p. 268.
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PROGRAMA I
Objetivos especcos
Realizar resumo informativo da obra esprita selecionada. Fazer apresentao do resumo em dia, hora e local prestabelecidos.
O resumo informativo da obra esprita abaixo relacionada deve seguir as Consideraes Gerais para a realizao das atividades complementares.
RESUMO INFORMATIVO DE: O Livro dos Espritos, de Allan Kardec. Edio FEB. > Parte Primeira: Das Causas Primrias. Questes 1 a 75. > Parte Segunda: Do Mundo Esprita ou Mundo dos Espritos. Questes 76 a 613.
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PROGRAMA I
CULMINNCIA
Conduta Esprita: A importncia dos princpios espritas para a formao do mdium. Objetivo especco
Este roteiro representa a culminncia da Reviso de Pontos Principais da Doutrina Esprita, do Programa I deste Curso. Por isso mesmo, deve ser aplicado aps a concluso dos estudos tericos, dos exerccios sobre prece e da realizao das atividades complementares.
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a) Iniciar a aula fazendo uma sntese dos principais pontos da Doutrina Esprita estudados. Utilizar recursos audiovisuais para dinamizar a apresentao. b) Pedir aos participantes que leiam os textos constantes do anexo e realizem os exerccios propostos. O trabalho pode ser conduzido em grupo ou individualmente. c) Fazer a correo dos exerccios, esclarecendo possveis dvidas.
ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo Introdutrio Culminncia do Mdulo: Conduta Esprita Textos para estudo individual ou em grupo
Roteiro: A importncia dos princpios espritas para a formao do mdium
TEXTO NO 1 J se disse que duas asas conduziro o esprito humano presena de Deus. Uma chama-se Amor, a outra, Sabedoria. Pelo amor, que, acima de tudo, servio aos semelhantes, a criatura se ilumina e aformoseia por dentro, emitindo, em favor dos outros, o reflexo de suas prprias virtudes; e, pela sabedoria, que comea na aquisio do conhecimento, recolhe a influncia dos vanguardeiros do progresso, que lhe comunicam os reflexos da prpria grandeza, impelindo-a para o Alto. Atravs do amor valorizamo-nos para a vida. Atravs da sabedoria somos pela vida valorizados. Da o imperativo de marcharem juntas a inteligncia e a bondade. Bondade que ignora assim como o poo amigo em plena sombra, a dessedentar o viajor sem ensinar-lhe o caminho.
Todos temos necessidades de instruo e de amor. Estudar e servir so rotas inevitveis na obra de elevao. (*) Exerccio 1. D o sentido das palavras amor e sabedoria, constantes do texto. 2. A prtica medinica pode ser considerada um servio aos semelhantes ? Explique.
_______________ (*) XAVIER, Francisco Cndido. Pensamento e Vida. Pelo Esprito Emmanuel 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 4 (Instruo), p. 23-24.
Inteligncia que no ama pode ser comparada a valioso poste de aviso, que traa ao peregrino informes de rumo certo, deixando-o sucumbir ao tormento da sede.
TEXTO NO 2 Ora, a misso da Doutrina dos Espritos precisamente essa: esclarecer, iluminar a mente do homem, de modo que ele descortine, com clareza, o roteiro que o conduzir realizao do destino maravilhoso que lhe est reservado. 1 A finalidade da Doutrina Esprita despertar na Humanidade as foras do bem, completar a obra de Jesus, regenerando os homens, ligando o mundo visvel ao invisvel, preparar a Terra para o advento da verdadeira era de fraternidade. 2 Faz-se necessrio, portanto, compreender que o verdadeiro esprita, assim definido, aquele que vivencia o Evangelho, ou que se esfora para tal.
Exerccio Com base no texto lido, cite trs problemas que podero ocorrer ao mdium esprita que no estuda a Doutrina, nem se esfora por combater suas imperfeies morais.
_______________ 1) VINCIUS, Pedro de Camargo. O Mestre na Educao. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 17 (A necessidade do momento), p. 80. 2) VALENTE, Aurlio A. Sesses Prticas e Doutrinrias do Espiritismo. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.Cap. IV (Sesses prticas e Doutrinrias do Espiritismo), p.68.
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TEXTO NO 3 Cu com Cu
Mas ajuntai para vs tesouros do cu, onde nem a traa nem a ferrugem os consomem, e onde os ladres no penetram nem roubam. Jesus. (Mateus, 6:20)
_______________ XAVIER, Francisco Cndido. Po nosso. Pelo Esprito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Item 156, p. 323-324.
Em todas as fileiras crists se misturam ambiciosos de recompensa que presumem encontrar, nessa declarao de Jesus, positivo recurso de vingana contra todos aqueles que, pelo trabalho e pelo devotamento, receberam maiores possibilidades na Terra. O que lhes parece confiana em Deus dio disfarado aos semelhantes. Por no poderem aambarcar os recursos financeiros frente dos olhos, lanam pensamentos de crtica e rebeldia, aguardando o paraso para a desforra desejada. Contudo, no ser por entregar o corpo ao laboratrio da natureza que a personalidade humana encontrar, automaticamente, os planos da Beleza Resplandecente. Certo, brilham santurios imperecveis nas esferas sublimadas, mas imperioso considerar que, nas regies imediatas atividade humana, ainda encontramos imensa cpia de traas e ladres, nas linhas evolutivas que se estendem alm do sepulcro. Quando o Mestre nos recomendou ajuntssemos tesouros no cu, aconselhava-nos a dilatar os valores do bem, na paz do corao. O homem que adquire f e conhecimento, virtude e iluminao, nos recessos divinos da conscincia, possui o roteiro celeste. Quem aplica os princpios redentores que abraa, acaba conquistando essa carta preciosa; e quem trabalha diariamente na prtica do bem, vive amontoando riquezas nos Cimos da Vida. Ningum se engane, nesse sentido. Alm da Terra, fulgem bnos do Senhor nos Pramos Celestiais, entretanto, necessrio possuir luz para perceb-las. da Lei que o Divino se identifique com o que seja Divino, porque ningum contemplar o cu se acolhe o inferno no corao.
OBJETIVOS GERAIS Compreender os ensinamentos bsicos da mediunidade, necessrios formao do mdium. Esclarecer a respeito da importncia e benefcios da prece, explicando a maneira correta de orar, segundo o Espiritismo. Refletir sobre a vivncia do amai-vos e instru-vos.
PROGRAMA I
MDULO DE ESTUDO N 1
* Fundamentao Esprita: Introduo ao Estudo da Mediunidade. * Prtica: Exerccios sobre prece. * Atividade complementar: Resumo de A Gnese (captulos X e XIV) e de O Livro dos Mdiuns, segunda parte, (captulos I, II, III, IV, V e VII). * Culminncia do mdulo: A formao do mdium segundo os parmetros ditados pelo Esprito de Verdade: amai-vos e instru-vos. Compreender os ensinamentos bsicos de mediunidade, necessrios formao do mdium. Esclarecer a respeito da importncia e benefcios da prece, explicando a maneira correta de orar, segundo o Espiritismo. Refletir sobre a vivncia do amai-vos e instru-vos.
Tericas ............................................................................... 6 Prticas ................................................................................ 6 Atividade complementar ................................................. 1 Culminncia ...................................................................... 1
OBJETIVOS GERAIS
TEMPO PARA APLICAO DAS AULAS Tericas: at uma hora e trinta minutos. Prticas: at trinta minutos.
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FUNDAMENTAO ESPRITA
PRTICA
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
CULMINNCIA DO MDULO
A Prece Esclarecer a respeito da importncia e dos benefcios da prece. Explicar sobre a maneira correta de orar, segundo o Espiritismo. Realizar exerccios sobre prece nas reunies, favorecendo a participao de todos.
Resumo e Apresentao A Gnese, de Allan Kardec, captulos: X e XIV. O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, segunda parte, captulos: I a V e VII. Os alunos devero elaborar e apresentar resumo do contedo doutrinrio selecionado, em dia, hora e local pr-estabelecidos. A organizao e a elaborao deste trabalho devem seguir as instrues dadas nas Consideraes Gerais.
Conduta Esprita A formao do mdium segundo os parmetros ditados pelo Esprito de Verdade: amai-vos e instru-vos.
1. Esprito, matria e fluidos. 2. Perisprito e princpio vital. 3. O passe esprita. 4. A prece: importncia, benefcios e a maneira correta de orar. 5. A faculdade medinica: conceito e classificao da mediunidade. 6. Fenmenos de emancipao da alma.
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PROGRAMA I
MDULO I
Esprito, matria e uidos
Explicar, luz da Doutrina Esprita, Esprito, matria e
Objetivos especcos
fluidos.
Reconhecer a importncia desses conhecimentos para a
prtica medinica.
SUBSDIOS
Segundo O Livro dos Espritos, h dois elementos gerais no Universo: Esprito e matria e, acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, Esprito e matria constituem o princpio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermedirio entre o Esprito e a matria propriamente dita, por demais grosseira para que o Esprito [desencarnado] possa exercer ao sobre ela. 10 1. ESPRITO Segundo a Doutrina Esprita, o Esprito o princpio inteligente do Universo, que tem como atributo essencial a inteligncia. 8, 9 Os Espritos so a individualizao do princpio inteligente, assim como os corpos so a individualizao do princpio material. So desconhecidos, porm, o modo e a poca em que essa formao se operou, mas a criao dos Espritos constante. 11, 12 Muitas pessoas pensam que os Espritos so seres vagos e indefinidos. No entanto, o Espiritismo nos explica que so seres humanos que vivem no plano espiritual, tendo como ns um veculo de manifestao, fludico e invisvel no estado normal, denominado perisprito. 17 Este veculo serve de molde para a elaborao do corpo fsico. A existncia dos Espritos no tem fim, pois, a partir do momento em que fomos criados, viveremos eternamente. 13 Todo Esprito tem uma forma definida, com colorao e brilho especficos, conforme o seu grau evolutivo. 15 A matria no oferece obstculos ao Esprito, que passa atravs de tudo: ar, gua, terra, fogo etc. 17 Os Espritos no esto todos num mesmo plano evolutivo, pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeio que tenham alcanado. 16 oportuno recordar que o Esprito, antes de atingir o estado de humanizao, com pensamento contnuo, individualidade dotada de razo, transitou
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Formao do protoplasma
Fazendo uma breve anlise do processo evolutivo do ser humano, podemos identificar aquisies evolutivas que marcam a passagem do princpio inteligente nos reinos da natureza, nos planos fsico e espiritual. Os quadros, inseridos a seguir, nos fornecem melhor entendimento do assunto:
pelos reinos da natureza onde, sob a forma de princpio espiritual (ou mnada), desenvolveu o aprendizado, lento e necessrio, para cumprir a sua destinao. A evoluo, nos dois planos da vida, ocorreu ao longo dos milnios, permitindo que o princpio inteligente pudesse transitar, livremente, nos reinos da natureza e se transformar em individualidade espiritual, dotada de razo. Acredita-se que o princpio inteligente, sob ao dos Espritos Anglicos, originou os elementos precursores da vida no Planeta. Surgem, ento, as primeiras molculas que produziram aglomerados microscpicos, estveis e capazes de autoduplicar. A partir da organiza-se a vida mineral sob o impulso do princpio espiritual, determinando os traos futuros da vida orgnica, uma vez que, nos cristais, as molculas esto orientadas por uma ordenao geomtrica indicadora dos primeiros vestgios de reproduo, necessrios formao dos microrganismos celulares, dos vegetais e dos animais. As reaes proporcionadas pelo princpio inteligente nas molculas primitivas resultaram na formao do protoplasma, estrutura essencial manifestao da vitalidade nos seres vivos. 18 O protoplasma, constitudo basicamente de protenas, sendo de natureza geleificada, favorece o surgimento dos vrus, considerados o campo primacial da existncia. Os vrus, formados de uma capa de protena e de um cdigo gentico elementar, fornecem as bases para a organizao unicelular de outros microrganismos. Surgem, ento, as bactrias e as algas verde-azuladas, consideradas os primeiros microrganismos, formadas de clulas primitivas (procariotas), que, num passo evolutivo seguinte, deram condies para o surgimento de seres possuidores de organizao celular mais evoluda (seres eucariotas), uni e pluricelulares, tais como os microrganismos protozorios e fungos, as algas pluricelulares, os vegetais, os animais, inclusive o homem, de acordo com o esquema abaixo.
* As informaes constantes na coluna central deste quadro foram retiradas das obras citadas na bibliografia deste roteiro.
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2. MATRIA O Esprito para atuar, para agir, precisa de matria, mesmo que seja sob 2. MATRIA O Esprito para atuar, para agir, precisa de matria, mesmo que seja sob a forma de energia. Matria o lao que prende o Esprito; o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ao. Desse ponto de vista, pode-se dizer que a matria o agente, o intermedirio com o auxlio do qual e sobre o qual atua o Esprito. 7 Este conceito precisa ser devidamente entendido, porque a concepo que temos de matria est fortemente relacionada com aquilo que os nossos sentidos corporais captam. No entanto, os Espritos desencarnados, a despeito de no possurem corpo fsico, esto rodeados por matria e atuam sobre ela. Trata-se de uma matria cujas molculas vibram em outra dimenso. Mesmo no mundo fsico observamos que h grande dessemelhana, sob os aspectos da solidez, da compressibilidade, do peso e das mltiplas propriedades dos corpos, entre os gases atmosfricos e um filete de ouro, entre a molcula aquosa da nuvem e a do mineral que forma a carcaa ssea do globo! Que diversidade entre o tecido qumico das variadas plantas que adornam o reino vegetal e o dos representantes no menos numerosos da animalidade na Terra! Entretanto, podemos estabelecer como princpio absoluto que todas as substncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que paream, quer do ponto de vista da constituio ntima, quer pelo prisma de suas aes recprocas, so, de fato, apenas modos diversos sob que a matria se apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direo das foras inumerveis que a governam. 1 A Doutrina Esprita nos esclarece que toda criao tem origem no fluido csmico, que podemos entender como sendo o plasma divino, hausto do Criador ou fora nervosa do Todo-Sbio. 20 A partir das modificaes ocorridas no fluido csmico que surgem os corpos, substncias e outras matrias existentes, tendo como origem uma matria primitiva, tambm chamada de ter, cosmos, matria csmica ou matria csmica primitiva. 2, 3 Nessa substncia original, ao influxo do prprio Senhor Supremo, operam as Inteligncias Divinas a Ele agregadas, em processo de comunho indescritvel [...], extraindo desse hlito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em servio de Co-criao em plano maior, de conformidade com os desgnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criao
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Excelsa. Essas Inteligncias Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitaes csmicas, de mltiplas expresses, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou slidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milnios e milnios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Esprito Criado pode formar ou co-criar, mas s Deus o Criador de Toda a Eternidade. 19 Em anlogo alicerce, as Inteligncias humanas que ombreiam conosco utilizam o mesmo fluido csmico, em permanente circulao no Universo, para a Co-criao em plano menor, assimilando os corpsculos da matria com a energia espiritual que lhes prpria, formando assim o veculo fisiopsicossomtico em que se exprimem ou cunhando as civilizaes que abrangem no mundo a Humanidade Encarnada e a Humanidade Desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam tambm os lugares entenebrecidos pela purgao infernal, gerados pelas mentes desequilibradas ou criminosas nos crculos inferiores e abismais, e que valem por aglutinaes de durao breve, no microcosmo em que estagiam, sob o mesmo princpio de comando mental com que as Inteligncias Maiores modelam as edificaes macrocsmicas, que desafiam a passagem dos milnios. 20
3. FLUIDOS H um fluido etreo que enche o espao e penetra os corpos. Esse fluido o ter ou matria csmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. So-lhe inerentes as foras que presidiram s metamorfoses da matria, as leis imutveis e necessrias que regem o mundo. Essas mltiplas foras, indefinidamente variadas segundo as combinaes da matria, localizadas segundo as massas, diversificadas em seus modos de ao, segundo as circunstncias e os meios, so conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coeso, afinidade, atrao, magnetismo, eletricidade. 3 Essas foras produzem, em conseqncia, movimentos vibratrios e ondulantes, denominados energia, que se expressa sob forma radiante, luminosa, calorfica, sonora ou eletromagntica. Assim como s h uma substncia simples, primitiva, geradora de todos os corpos, mas diversificada em suas combinaes, tambm todas essas foras dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e que, pelos desgnios eternos, foi soberanamente imposta criao, para lhe imprimir harmonia e estabilidade. 4 O fluido universal, embora de certo ponto de vista seja lcito classific-lo como elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matria, razo no haveria para que tambm o Esprito
no o fosse. Est colocado entre o Esprito e a matria; fluido, como a matria matria, e suscetvel, pelas suas inumerveis combinaes com esta e sob a ao do Esprito, de produzir a infinita variedade das coisas [...] 10 O fluido csmico universal, como princpio elementar do Universo, assume dois estados distintos: a) o de eterizao ou imponderabilidade [que no se pode pesar], considerando o primitivo estado normal; 5 b) o de materializao ou ponderabilidade [que tem peso], que , de certa maneira, consecutivo quele. O ponto intermdio o da transformao do fluido em matria tangvel. Mas, ainda a, no h transio brusca porquanto podem considerarse os nossos fluidos imponderveis como termo mdio entre os dois estados. 5 Cada um desses dois estados d lugar, naturalmente, a fenmenos especiais: ao segundo [fluidos ponderveis] pertencem os do mundo visvel [fsico] e ao primeiro [fluidos imponderveis], os do mundo invisvel [espiritual]. Uns, os chamados fenmenos materiais, so da alada da Cincia, propriamente dita, os outros, qualificados de fenmenos espirituais ou psquicos, porque se ligam de modo especial existncia dos Espritos, cabem nas atribuies do Espiritismo. Como, porm, a vida espiritual e a vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenmenos das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de encarnao, o homem somente pode perceber os fenmenos psquicos que se prendem vida corprea; os do domnio espiritual escapam aos sentidos materiais e s podem ser percebidos no estado de Esprito. 5 Finalmente, importante assinalar que, no estado de eterizao [imponderabilidade], o fluido csmico no uniforme; sem deixar de ser etreo, sofre modificaes to variadas em gnero e mais numerosas talvez do que no estado de matria tangvel. Essas modificaes constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princpio, so dotados de propriedades especiais e do lugar aos fenmenos peculiares ao mundo invisvel. 6 Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos tm para os Espritos, que tambm so fludicos, uma aparncia to material, quanto a dos objetos tangveis para os encarnados e so, para eles, o que so para ns as substncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus materiais, ainda que por processos diferentes. 6 Concluindo, destacamos que o conhecimento da origem e da natureza do Esprito, do papel do perisprito, bem como das leis que regem a matria e os fluidos, de fundamental importncia para a prtica medinica. que o mdium, melhor entendendo os mecanismos da mediunidade, os fenmenos anmicos, as
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GLOSSRIO Algas Seres celulares (procariotas e eucariotas), que vivem no fundo ou na superfcie das guas doces e salgadas. Organismos microscpicos (microrganismos), unicelulares, sem clorofila, possuidores de clulas sem organelas diferenciadas, da serem chamadas procariotas. Esto relacionadas a doenas e sade humanas, bem como produo de alimentos e despoluio da natureza. Classe de protenas insolveis na gua, mas solveis em concentraes fracas (diludas) de sal de cozinha (cloreto de sdio). Possuem substncias albuminides podem ter ao protetora (imune) no organismo. Os anticorpos so imunoglobulinas. Agrupamento de tomos, eletricamente neutros, formando menor quantidade possvel de compostos (slidos e lquidos) ou de elementos gasosos, em condies normais. parte diminuta de uma substncia, maior que o tomo. A mnada, princpio espiritual ou princpio inteligente, originou o Esprito. Ordem de mamferos, que compreende o homem e os animais que se lhe assemelham (macacos). Compostos nitrogenados, no cristalizveis, semelhantes entre si e com elevado peso molecular. Formam os constituintes dos tecidos e lquidos orgnicos, constando de: carbono, oxignio, nitrognio e, s vezes, enxofre, fsforo e iodo. Suas unidades bsicas so os aminocidos. Diz-se do lquido viscoso contido no interior das clulas vegetais e animais. Primeira substncia qumica, formada a partir de elementos qumicos dispersos na natureza, nos primrdios da vida. (Protoplasma, do grego protos = primeiro, plasma = formao).
Bactrias
Globulinas (globinas)
Molculas
Mnada
Primatas
Protenas
Protoplasma ou bioplasma
Reproduo assexuada
Tipo de reproduo elementar, sem formao de gametas. A reproduo por fragmentao de partes do organismo (cissiparidade) assexuada. Alguns organismos monocelulares tm reproduo assexuada como, por exemplo, as bactrias e os protozorios.
Reproduo sexuada
Forma em que a perpetuao das espcies se d pela atuao conjunta dos gametas masculino e feminino. Na espcie humana, o espermatozide a clula masculina e o vulo, o gameta feminino. A reproduo sexuada comea nos microorganismos (protozorios e alguns fungos).
Vrus
Os menores microrganismos, visveis apenas por meio de microscpios eletrnicos. Grande parte dos vrus possui uma capa protica que protege o seu material gentico. Os vrus esto relacionados produo de doenas no homem, nos animais e nas plantas.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. VI, A Matria. item 3, p. 107. 2. ______. Item 7, p. 109. 3. ______. As Leis e as Foras, item 10, p. 111. 4. ______. p. 111-112. 5. ______. Cap. XIV (Os Fluidos), item 2, p. 273-274. 6. ______. Item 3, p. 274-275. 7. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Dos Elementos Gerais do Universo. Questo. 22, p. 58. 8. ______. Questo 23, p. 59. 9. ______. Questo 24, p. 59. 10. ______. Questo 27, p. 59-60. 11. ______. Questo 78, p. 81. 12. ______. Questo 79, p. 81. 13. ______. Questo 83, p. 82. 14. ______. Questo 88, p. 83. 15. ______. Questo 91, p. 84. 16. ______. Questo 96, p. 86. 17. ______. O Que o Espiritismo. 50. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. II (Noes elementares de Espiritismo - Observaes preliminares), item 8 (Dos Espritos), p. 154. 18. DELANNE, Gabriel. A fora vital. A Evoluo Anmica. Trad. de Manuel Quinto. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. Segunda parte (Os Fatos), cap. IV (O Espiritismo Transcendental), item: Na Inglaterra, p. 185-186. 19. XAVIER, Francisco Cndido & VIEIRA, Waldo. Evoluo em Dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 225. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, cap. I (Fluido Csmico), item: Co-Criao em plano maior, p. 19-20. 20. ______. Item: Co-criao em plano menor.
PROGRAMA I
MDULO I
Perisprito e princpio vital
Relacionar as principais caractersticas, propriedades e
Objetivos especcos
funes do perisprito.
Explicar a importncia do perisprito nas comunicaes
medinicas.
SUBSDIOS O estudo do perisprito representa um dos temas mais importantes para a compreenso dos fenmenos medinicos. A seguinte subdiviso facilita o entendimento do assunto.
1. CARACTERSTICAS GERAIS DO PERISPRITO O perisprito e o corpo fsico originam-se no fluido csmico universal O perisprito, ou corpo fludico dos Espritos (encarnados ou desencarnados), um dos mais importantes produtos do fluido csmico; uma condensao desse fluido em torno de um foco de inteligncia ou alma [...]. O corpo carnal tem seu princpio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matria tangvel. 7 No perisprito, a transformao molecular opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etreas. O corpo perispirtico e o corpo carnal tm pois origem no mesmo elemento primitivo; ambos so matria, ainda que em dois estados diferentes. 7 O perisprito o envoltrio fludico do Esprito, sendo de natureza semimaterial Para que o Esprito possa atuar no mundo espiritual, na categoria de desencarnado, ou no mundo fsico, como encarnado, -lhe indispensvel revestir-se de um envoltrio intermedirio, de natureza fludica. 5 [...] semimaterial esse envoltrio; isto , pertence matria pela sua origem e espiritualidade pela sua natureza etrea. Como toda matria, ele extrado do fluido csmico universal que, nessa circunstncia, sofre modificao especial. Esse envoltrio, denominado perisprito, faz de um ser abstrato, o Esprito, um ser concreto, definido, apreensvel pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matria tangvel. 5 Como se processa a ligao do perisprito ao corpo fsico do encarnado Quando o Esprito tem de encarnar num corpo humano em vias de formao,
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um lao fludico, que mais no do que uma expanso do seu perisprito, o liga ao grmen [ou zigoto] que o atrai por uma fora irresistvel, desde o momento da concepo. medida que o grmen [ou zigoto, em linguagem atual] se desenvolve, o lao se encurta. Sob a influncia do princpio vito-material do grmen, o perisprito, que possui certas propriedades da matria, se une, molcula a molcula, ao corpo em formao, donde o poder dizer-se que o Esprito, por intermdio do seu perisprito, se enraza, de certa maneira, nesse grmen, como uma planta na terra. Quando o grmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa a unio, nasce ento o ser para a vida exterior. 6 No processo de renascimento, oportuno recordar que o tero representa um vaso anmico de elevado poder magntico ou um molde vivo destinado fundio e refundio das formas, ao sopro criador da Bondade Divina, que, em toda parte, nos oferece recursos ao desenvolvimento para a Sabedoria e para o Amor. Esse vaso atrai a alma sequiosa de renascimento e que lhe afim, reproduzindo-lhe o corpo denso, no tempo e no espao, como a terra engole a semente para doar-lhe nova germinao, consoante os princpios que encerra. 15 Como ocorre o desligamento do perisprito, na desencarnao Por ocasio da morte, o perisprito se desprende mais ou menos lentamente do corpo.11 Por um efeito contrrio, a unio do perisprito e da matria carnal, que se efetuara sob a influncia do princpio vital do grmen, cessa, desde que esse princpio deixa de atuar, em conseqncia da desorganizao do corpo [...]. Ento, o perisprito se desprende, molcula a molcula, conforme se unira, e ao Esprito restituda a liberdade. Assim, no a partida do Esprito que causa a morte do corpo; esta que determina a partida do Esprito. 6 A natureza do perisprito Do meio onde se encontra que o Esprito extrai o seu perisprito, isto , esse envoltrio ele o forma dos fluidos ambientais. Resulta da que os elementos constitutivos do perisprito naturalmente variam conforme os mundos. 8 A natureza do envoltrio fludico est sempre em relao com o grau de adiantamento moral do Esprito. Os Espritos inferiores no podem mudar de envoltrio a seu belprezer, pelo que no podem passar, vontade, de um mundo para outro. [...] Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perisprito to grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razo por que continuam a crer-se vivos [encarnados]. [...] Os Espritos superiores, ao contrrio, podem vir aos mundos inferiores, e, at, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formao do envoltrio fludico ou carnal apropriado ao meio onde se encontram. Conforme seja mais ou menos depurado o Esprito, o seu perisprito se formar das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele
encarna [...]. Resulta disso este fato capital: a constituio ntima do perisprito no idntica em todos os Espritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espao que a circunda. O mesmo j no se d com o corpo carnal, que [...] se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Esprito. [...] Tambm resulta que: o envoltrio perispirtico de um Esprito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnao, embora ele encarne no mesmo meio [...]. 10 Os elementos formadores do perisprito participam ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magntico e, at certo ponto, da matria inerte. Poder-se-ia dizer que a quintessncia da matria. o princpio da vida orgnica, porm no o da vida intelectual, que reside no Esprito. , alm disso, o agente das sensaes exteriores. No corpo, os rgos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensaes. Destrudo o corpo, elas se tornam gerais. 11 Durante a vida, o corpo recebe impresses exteriores e as transmite ao Esprito por intermdio do perisprito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por j no haver nele Esprito, nem perisprito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensao, porm, como j no lhe chega por um conduto limitado, ela se torna geral. 12 Assim, o perisprito desempenha importante papel em todos os fenmenos psicolgicos e, at certo ponto, nos fenmenos fisiolgicos e patolgicos. 14 O perisprito e o fluido vital H, na matria orgnica, um princpio especial, inapreensvel e que ainda no pode ser definido: o princpio vital. Ativo no ser vivente, esse princpio se acha extinto no ser morto. 1 Ser o princpio vital alguma coisa particular, que tenha existncia prpria? Ou, integrado no sistema da unidade do elemento gerador, apenas ser um estado especial, uma das modificaes do fluido csmico, pela qual este se torne o princpio da vida, como se torna luz, fogo, calor, eletricidade? 2 A atividade do princpio vital alimentada durante a vida pela ao do funcionamento dos rgos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotao de uma roda. Cessada aquela ao, por motivo da morte, o princpio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar. Mas, o efeito produzido por esse princpio sobre o estado molecular do corpo subsiste, mesmo depois dele extinto, como a carbonizao da madeira subsiste extino do calor. 3 Tomamos para termo de comparao o calor que se desenvolve pelo movimento de uma roda, por ser um efeito vulgar, que todo mundo conhece, e mais fcil de compreender-se. Mais exato, no entanto, houvramos sido, dizendo que, na combinao dos elementos para formarem os corpos orgnicos, desenvolvese eletricidade. Os corpos orgnicos seriam, ento, verdadeiras pilhas eltricas, que
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funcionam enquanto os elementos dessas pilhas se acham em condies de produzir eletricidade: a vida; que deixam de funcionar, quando tais condies desaparecem: a morte. Segundo essa maneira de ver, o princpio vital no seria mais do que uma espcie particular de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se desprende pela ao dos rgos e cuja produo cessa, quando da morte, por se extinguir tal ao. 4 No plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo [vital] e multiforme, estuante e inestancvel a nascer-lhe da prpria alma, de vez que podemos defini-lo, at certo ponto, por subproduto do fluido csmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante respirao, pelo qual a criatura assimila a fora emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-a, sob a prpria responsabilidade, para influenciar na Criao, a partir de si mesma. Esse fluido o seu prprio pensamento contnuo, gerando potenciais energticos com que no havia sonhado. 16
2. PROPRIEDADES E FUNES DO PERISPRITO 17 As principais propriedades do perisprito podem ser resumidas nas seguintes: Plasticidade refere-se s alteraes morfolgicas que ocorrem em funo dos contnuos comandos mentais do Esprito. Em decorrncia desta propriedade, o perisprito capaz de expandir e exteriorizar-se nos fenmenos de desdobramento e doaes fludicas.
Penetrabilidade trata-se da capacidade de atravessar barreiras fsicas, se presentes as necessrias condies mentais. Visibilidade o perisprito normalmente invisvel nos Espritos encarnados; os desencarnados menos evoludos percebem apenas o perisprito dos seus pares e dos Espritos que lhe so inferiores. A visibilidade , porm, comum, nos Espritos Superiores. Sensibilidade a propriedade de perceber sensaes, sentimentos e emoes. Estas percepes no so captadas por meio de rgos especficos, mas por todo o corpo perispiritual. Bicorporeidade ou desdobramento representa a propriedade em que o Esprito faz-se em dois, isto , o corpo fsico visto em um local (geralmente dormindo em um leito) e o perisprito visualizado em outro local. Unicidade significa dizer que cada pessoa traz no prprio perisprito
Densidade a propriedade que trata das medidas de peso (ponderabilidade) e de luminosidade (freqncia vibratria mental), ambas relacionadas evoluo do Esprito.
a soma das suas conquistas evolutivas. No h, portanto, dois perispritos iguais. Mutabilidade a propriedade que permite mudanas no perisprito em decorrncia do processo evolutivo. A mutabilidade ocorre no que se refere substncia, forma e estrutura perispirituais. As funes do perisprito podem ser sintetizadas em quatro: individualizadora, instrumental, organizadora e sustentadora. 1) A funo individualizadora permite que o perisprito seja o elemento de ligao entre o Esprito e o corpo fsico. 2) A funo instrumental permite a interao do Esprito com os mundos espiritual e fsico. 3) A funo organizadora diz respeito ao papel de molde que o perisprito exerce, determinando as linhas morfolgicas e hereditrias do corpo fsico. Esta funo garante a manifestao da lei de causa e efeito. 4) A funo sustentadora, sob o impulso da mente espiritual, permite que o perisprito transfira, paulatinamente, a energia vital para o corpo fsico, sustentando-o desde a formao at o seu completo desenvolvimento. Por meio desta funo, o corpo fsico tem garantida a vitalidade que o sustentar durante o tempo previsto para a reencarnao.
3. O PERISPRITO E AS COMUNICAES MEDINICAS O perisprito no se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fludica ele expansvel, irradia para o exterior e forma em torno do corpo, uma espcie de atmosfera que o pensamento e a fora de vontade podem dilatar mais ou menos. Da se segue que pessoas h que, sem estarem em contato corporal, podem achar-se em contato pelos seus perispritos e permutar a seu mau grado impresses e, algumas vezes, pensamentos, por meio da intuio. 11 De maneira semelhante, os Espritos se comunicam com os encarnados, atravs da mediunidade. O mdium e o Esprito comunicante entram em contato, um com o outro, pelos respectivos perispritos e trocam impresses e sentimentos. O perisprito tambm tem papel fundamental nas aparies vaporosas ou tangveis. 12 Nas comunicaes medinicas corriqueiras, o Esprito sofredor ou necessitado pode encontrar-se em patamar, moral e intelectual, inferior ao do mdium que lhe transmite a mensagem. Nessa situao, entre o mdium e o Esprito comunicante estabelece-se uma ligao de ordem fludica, em que o mdium, semelhana de um enfermeiro, permite que o Esprito retrate e transmita aos circunstantes suas dores, seus sentimentos, suas dificuldades, seu grau de entendimento moral-intelectual. Essa ligao do Esprito com o mdium e a manifestao consecutiva do seu estado via perispritos s so possveis com a aquiescncia do mdium, que atende solicitao (consciente ou no) do Esprito comunicante.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. X, item 16, p. 197. 2. ______. Item 17, p. 198. 3. ______. Item 18, p. 198-199. 4. ______. Item 19, p. 199. 5. ______. Cap. XI, item 17, p. 213-214. 6. ______. Item 18, p. 214-215. 7. ______. Cap. XIV, item 7, p. 277. 8. ______. Cap. XIV, item 8, p. 277-278. 9. ______. Item 9, p. 275-278. 10. ______. Item 10, p. 279. 11. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questo 257, p. 166. 12. ______. p. 167. 13. ______. Obras Pstumas. Traduo de Guillon Ribeiro. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte (Manifestaes dos Espritos - carter e consequncias religiosas das manifestaes dos Espritos), cap. I (O perisprito como princpio das manifestaes), item 11, p. 45. 14. ______. Item 12, p. 45. 15. XAVIER, Francisco Cndido. Entre a Terra e o Cu. Pelo Esprito Andr Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 28(Retorno), p. 229. 16. XAVIER, Francisco Cndido & VIEIRA, Waldo. Evoluo em Dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, cap. XIII (Alma e fluidos), item: Fluido vivo, p. 95-96. 17. ZIMMERMANN, Zalmino. Propriedades e Funes do Perisprito. 1. ed. Campinas [SP]: CEAK, 2000. Cap. II (Propriedades do Perisprito), cap. III (Funes do Perisprito), p. 27 a 72.
PROGRAMA I
MDULO I
O passe esprita
Conceituar passe esprita. Prestar esclarecimento sobre os mecanismos, os tipos e os
Objetivos especcos
SUBSDIOS
Como j foi visto, o fluido universal o elemento primitivo do corpo carnal e do perisprito, os quais so simples transformao dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perisprito, pode fornecer princpios reparadores ao corpo; o Esprito, encarnado ou desencarnado, o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da subsistncia do seu envoltrio fludico. 1 Essas explicaes de Kardec so necessrias para que se possa melhor compreender o que o passe, qual o seu mecanismo, a maneira correta de aplic-lo e os benefcios por ele proporcionados. 1. CONCEITOS DE PASSE ESPRITA
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uma emanao controlada da fora mental que, sob a alavanca da vontade e da ao da prece, atrai a Fora Divina em nosso benefcio. 19 [...] a ao ou esforo de transmitir, para um outro indivduo, energias magnticas, prprias ou de um Esprito, a fim de socorrer-lhe a carncia fsica e/ou mental, que decorre da falta dessa energia. 7 O passe sempre, segundo a viso esprita, um procedimento fludicomagntico, que tem como principal objetivo auxiliar a restaurao do equilbrio orgnico do paciente. 13 Assim como a transfuso de sangue representa uma renovao das foras fsicas, o passe uma transfuso de energias psquicas [...] a transmisso de uma fora psquica e espiritual, dispensando qualquer contato fsico na sua aplicao. 6
O fluido vital se transmite de um indivduo a outro. Aquele que o tiver em maior poro pode d-lo a um que o tenha de menos e, em certos casos, prolongar a vida prestes a extinguir-se. 4 A energia transmitida pelo passe atua no perisprito do paciente e deste sobre o corpo fsico. O perisprito recebe a energia atravs de pontos determinados, que Andr Luiz chama de centros de fora e certas escolas espiritualistas chamam de chacras. 8 O nosso perisprito possui sete centros de fora, que se conjugam nas ramificaes dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para o nosso uso, um veculo de clulas eltricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagntico, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. 20 Os centros vitais esto localizados, tambm, no duplo etrico, corpo fludico que se apresenta como uma duplicata energtica do indivduo, interpenetrando o seu corpo fsico ao mesmo tempo em que parece dele emergir. O duplo etrico emite, continuamente, uma emanao energtica que se apresenta em forma de raias ou estrias que partem de toda a sua superfcie. 10 Os principais centros de fora so os seguintes: coronrio, cerebral, larngeo, cardaco, esplnico, gstrico e gensico, de acordo com a sua localizao, prximos aos rgos do corpo fsico. 9 Sabe-se que papel capital desempenha a vontade em todos os fenmenos do magnetismo [...]. A vontade atributo essencial do Esprito, isto , do ser pensante. Com o auxlio dessa alavanca, ele atua sobre a matria elementar e, por uma ao consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades ntimas vm assim a ficar transformadas. 5 assim que a gua fluidificada ou magnetizada, assim que ocorrem as curas, conhecidas no meio esprita. [...] quanto mais forte for a nossa vontade e quanto mais positiva for a nossa confiana, tanto mais eficientes sero os efeitos da magnetizao. Afirmamos, por igual, que quanto mais nos elevarmos espiritualmente, tanto maior ser o poder de nossa irradiao. 14 O perisprito do necessitado recebe fluidos do mdium de passe, os quais so transferidos ao seu corpo fsico, uma vez que a transfuso fludica se opera de perisprito a perisprito. O fluido magntico, que se nos escapa continuamente, forma em torno do nosso corpo uma atmosfera. No sendo impulsionado pela nossa vontade, no age sensivelmente sobre os indivduos que nos cercam; desde, porm, que nossa vontade o impulsione e o dirija, ele se move com toda a fora que lhe imprimimos. 15 Outro fator importante no passe, alm da vontade, a ao da prece. A prece atrair a assistncia dos bons Espritos, criando um clima de elevao e de
harmonia, favorvel cura. A prece um recurso de que todos podemos lanar mo, principalmente o passista, e que, quando corretamente executada, funciona como verdadeiro banho de limpeza fludica. 11 A prece tem um outro papel importantssimo, que o de higienizao do ambiente fludico em que se encontra aquele que ora. No momento em que o passista passa a receber fluidos de qualidade superior, passa tambm condio de repulsor dos fluidos inferiores do ambiente. 12
3. TIPOS DE PASSE OU DE AO MAGNTICA3 A ao magntica pode produzir-se de muitas maneiras: 1. pelo prprio fluido do magnetizador; o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ao se acha adstrita fora e, sobretudo, qualidade do fluido; 2. pelo fluido dos Espritos, atuando diretamente sem intermedirio sobre um encarnado, seja para o curar ou calmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonamblico espontneo, seja para exercer sobre o indivduo uma influncia fsica ou moral qualquer. o magnetismo espiritual, cuja qualidade est na razo direta das qualidades do Esprito; 3. pelos fluidos que os Espritos derramam sobre o magnetizador [no caso, mdium passista], que serve de veculo para esse derramamento. o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstncias, o concurso dos Espritos amide espontneo, porm, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador. 3
4. OS EFEITOS DO PASSE Nem todo os homens so sensveis ao magntica, e, entre os que o so, pode haver maior ou menor receptividade, o que depende de diversas condies, umas que dizem respeito ao magnetizador e outras ao prprio magnetizado, alm de circunstncias ocasionais oriundas de diversos fatores. Comumente, o magnetismo no exerce nenhuma ao sobre as pessoas que gozam de uma sade perfeita. 16 Os fatores que interferem nos efeitos do passe podem ser resumidos em: impedimento provacional (a pessoa tem que passar por aquela provao); condies fsicas do passista (velhice, uso de certos medicamentos, doenas em geral, vcios etc); falta de cooperao do paciente (falta de f ou rejeio ao fludica.)
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O grande efeito ou benefcio do passe , naturalmente, a cura, fsica ou psquica. A cura se opera mediante a substituio de uma molcula mals por uma molcula s. O poder curativo estar, pois, na razo direita da pureza da substncia inoculada; mas depende tambm da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emisso fludica provocar e tanto maior fora de penetrao dar ao fluido [...]. Os fluidos que emanam de uma fonte impura so quais substncias medicamentosas alteradas. 2 As pessoas doentes do corpo ou da alma - presas a obsesses ou influncias espirituais - devem buscar o lenitivo do passe para os seus males.
5. O PASSE NAS REUNIES MEDINICAS O passe utilizado nas reunies medinicas quando necessrio. uma forma de doar fluidos salutares ao Esprito sofredor comunicante, auxiliando-o na recuperao ou no equilbrio do seu estado mental e emocional. Tem o poder de tambm auxiliar o mdium durante a comunicao medinica, de forma que os fluidos deletrios sejam dissipados e no atinjam diretamente o equilbrio somtico do medianeiro. Naturalmente, no uma conduta obrigatria, uma vez que o mdium harmonizado com o plano espiritual superior encontra os recursos necessrios para no se deixar influenciar pelas aes, emoes ou sentimentos do sofredor, que lhe utiliza as faculdades psquicas para manifestar-se. O passe necessrio no trabalho da desobsesso. 17 Jesus impunha as mos sobre os enfermos e sofredores, inclusive os endemoniados (obsidiados), curando-os dos seus males. Os apstolos adotavam tambm essa prtica. 18 Nas reunies medinicas, a aplicao do passe deve ser observada regularmente, de vez que o servio de desobsesso pede energias de todos os presentes e os instrutores espirituais esto prontos a repor os dispndios de fora havidos, atravs dos instrumentos de auxlio magntico que se dispem a servi-los, sem rudos desnecessrios, de modo a no quebrarem a paz e a respeitabilidade do recinto. 18 Os mdiuns passistas, no entanto, aplicaro o passe, quando se fizer necessrio, a pedido do dirigente da reunio.
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. XIV, item 31, p. 294-295. 2. ______. p. 295. 3. ______. Item 33, p. 295-296. 4. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questo 70, p.77. 5. ______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, 2 Parte. Cap. VIII, item 131, p. 172. 6. FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA. Espiritismo de A a Z. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, p. 377 (Passe). 7. GENTILE, Salvador. O Passe Magntico. So Paulo: IDE, 1994, p. 47 (O passe. Seus fundamentos). 8.______. p. 62. 9.______. p. 67. 10. GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Esprita. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 84-86 (Duplo Etrico). 11.______. p. 109 (A Prece). 12. ______. p. 111. 13.______. p.113 (O que o passe). 14. MICHAELUS. Magnetismo Espiritual. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, Cap. V, p. 37. 15.______. Cap. VI, item 1, p. 46. 16.______. Cap. VIII, p. 58. 17. NOBRE, Marlene RS. O Obsesso e suas Mscaras. So Paulo: Editora Jornalstica F, 1997. Cap. 17 (Teraputica e profilaxia), p. 142. 18. XAVIER, Francisco Cndido; VIEIRA, Waldo. Desobsesso. Pelo Esprito Andr Luiz. 25 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 52 (Passes), p. 183. 19. ______. Evoluo em Dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 22 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda parte, cap. XV (Passe magntico), p. 201. 20. XAVIER, Francisco Cndido. Entre a Terra e o Cu. Pelo Esprito Andr Luiz. 22 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 20 (Conflitos da alma), p. 163-164.
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PROGRAMA I
MDULO I
A prece: importncia, benefcios e a maneira correta de orar
Conceituar prece.
Objetivos especcos
Identificar os benefcios produzidos pela prece. Explicar, luz do Espiritismo, a maneira correta de orar,
SUBSDIOS
1. O QUE PRECE A prece um ato de adorao. Orar a Deus pensar nEle; aproximar-se dEle; pr-se em comunicao com Ele. A trs coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir e agradecer. 7 Pode-se dizer, tambm, que a prece uma invocao, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicao com o ser a quem se dirige. 2 2. IMPORTNCIA DA PRECE
3. A MANEIRA CORRETA DE ORAR, SEGUNDO O ENTENDIMENTO ESPRITA A verdadeira prece no deve ser recitada, mas sentida. No deve ser cmodo processo de movimentao de lbios, emoldurado, muita vez, por belas palavras, mas uma expresso de sentimento vivo, real, a fim de que realizemos legtima comunho com a Espiritualidade Maior. 16 A prece outra coisa no seno uma conversa que entretemos com Deus, Nosso Pai; com Jesus, Nosso Mestre e Senhor; com nossos amigos espirituais. dilogo
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Pela prece, obtm, o homem o concurso dos bons Espritos, que acorrem a sustent-lo em suas boas resolues e a inspirar-lhes idias ss. Ele adquire, desse modo, a fora moral necessria a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se dele se afastou. Por esse meio, pode tambm desviar de si os males que atrairia pelas suas prprias faltas. 3 Est no pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte, e a qualquer hora, a ss ou em comum. 4
silencioso, humilde, contrito, revestido de uno e fervor, em que o filho, pequenino e imperfeito, fala com o Pai, Poderoso e Bom, Perfeio das Perfeies. Quando o esprita ora, sabe, por antecipao, que sua prece no opera modificaes na Lei, que imutvel; altera-nos, contudo, o mundo ntimo, que se retempera, valorosamente, de modo a enfrentarmos com galhardia as provas, que se atenuam ao influxo da comunho com o Mundo Espiritual Superior. 15 Jesus definiu, claramente, a maneira correta de orar, que pode ser entendida como as qualidades que a prece deve ter. Ele nos recomenda que, quando orarmos, no nos devemos pr em evidncia, mas orar em secreto. Que no pela multiplicidade das palavras que seremos atendidos, mas pela sinceridade delas. Recomenda-nos, tambm, perdoar qualquer coisa que tenhamos contra o nosso prximo, antes de orar, visto que a prece agradvel a Deus parte de um corao purificado pelo sentimento de caridade. Esclarece, por fim, que a prece deve ser revestida de humildade, procurando cada um ver os seus prprios erros e no os do prximo. 1 Quando Jesus nos recomenda orar secretamente (entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai ao vosso Pai em secreto, nas palavras de Mateus), no est estabelecendo um posicionamento ou postura especial, fsica ou mstica, para entrar em comunho com Deus. Afinal, no podemos esquecer que existe uma multido de pessoas no planeta que no possui nem mesmo um modesto quarto para se recolher. O que Jesus pretende que busquemos o recolhimento para, a ss, dialogarmos com Deus. 17 No insulamento, a orao flui com maior maturidade, sem interferncias, sem preocupaes com frmulas e formas, favorecendo a comunho legtima com a Espiritualidade [...] Nesses instantes, orienta Jesus, no nos preocupemos em falar muito, como se as respostas estivessem condicionadas prolixidade, ou se fssemos hbeis advogados empenhados em convencer o Cu a ajudar-nos. 17 O essencial no orar muito, mas orar bem. 8 As preces muito longas, alm de cansativas, podem revelar uma forma de ostentao, que sempre contrria humildade. Outra qualidade da prece ser inteligvel. Quem ora sem compreender o que diz, habitua-se a valorizar mais as palavras do que os pensamentos; [...] para ele as palavras que so eficazes, mesmo que o corao em nada tome parte. 9 A esse respeito o apstolo Paulo nos fala com lucidez: se eu, pois, ignorar a significao da voz, serei estrangeiro para aquele que fala e ele estrangeiro para mim [...]. 10 A prece inteligvel fala ao nosso Esprito. Para isto no basta que seja dita em lngua compreensvel pelo que ora; h preces em lngua vulgar que no dizem muito mais ao pensamento do que se o fossem em lngua estranha, e que, por isso mesmo, no vo ao corao; as raras idias que encerram so, s vezes, abafadas pela superabun-
dncia de palavras e pelo misticismo da linguagem. 10 A principal qualidade da prece ser clara, simples e concisa, sem fraseologia intil, nem luxo de eptetos, que no passam de vestimentas, de lantejoulas; cada palavra deve ter o seu alcance, despertar um pensamento, mover uma fibra; numa palavra, deve fazer refletir; s com esta condio a prece pode atingir o seu objetivo, do contrrio no passa de rudo. 10 A prece deve ser tambm espontnea, nascida do corao: A prece sempre agradvel a Deus, quando ditada pelo corao, pois, para Ele, a inteno tudo. Assim, prefervel lhe a prece do ntimo prece lida, por muito bela que seja, se for lida mais com os lbios do que com o corao. Agrada-lhe a prece, quando dita com f, com fervor e sinceridade. 6 4. TIPOS DE PRECE O mais perfeito modelo de conciso, no caso da prece, , sem contradita, a Orao Dominical [Pai Nosso], verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade; sob a mais reduzida forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o prximo. 10 O Pai Nosso deve ser visto no apenas como uma prece, mas tambm como um smbolo, que deve ser colocado em destaque acima de qualquer outra prece, seja porque procede do prprio Jesus (Mateus, 6:9-13), seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem. 5 O Pai Nosso encerra um pedido das coisas necessrias vida e o princpio da caridade. Quem o diga, em inteno de algum, pede para este o que pediria para si. 5 Todas as preces podem ser definidas como sendo um apelo de nossa alma em ligao instantaneamente feita com o Mundo Espiritual, segundo os princpios de afinidade estabelecidos no intercmbio mental. 14 Sendo a prece um apelo, evidentemente somos levados a, de acordo com as instrues dos Benfeitores Espirituais, classific-las de vrios modos. Em primeiro lugar, temos a prece vertical, isto , aquela que, expressando aspiraes realmente elevadas, se projetam na direo do Mais Alto, sendo, em face dos mencionados princpios de afinidade recolhidos pelos Missionrios das Esferas Superiores. Em segundo lugar, teremos a prece horizontal, traduzindo anseios vulgares [...]. Encontrar ressonncia entre aqueles Espritos ainda ligados aos problemas terrestres. 14 Por fim, temos a descendente. A essa no daremos a denominao de prece, substituindo-a por invocao [...] Na invocao o apelo receber a resposta de entidades de baixo tom vibratrio. So os petitrios inadequados, expressando desespero, rancor, propsitos de vingana, ambies etc. A prece vertical, horizontal ou descendente, em decorrncia do potencial mental
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de cada pessoa que ora, ou dos sentimentos que ela expressa. 14 A prece, qualquer que ela seja, ao provocando a reao que lhe corresponde. Conforme a sua natureza, paira na regio em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram realizao prxima na prpria esfera em que surgem. Impulsos de expresso algo mais nobre so amparados pelas almas que se enobreceram. Ideais e peties de significao profunda na imortalidade remontam s alturas. 21 Cada prece, tanto quanto cada emisso de fora, se caracteriza por determinado potencial de freqncia e todos estamos cercados por Inteligncias capazes de sintonizar com o nosso apelo, maneira de estaes receptoras. 21
5. A IMPORTNCIA DA PRECE NUMA REUNIO MEDINICA a) Preparao para a reunio medinica Pela prece, o homem atrai o concurso dos bons Espritos, que vm sustentlo nas boas resolues e inspirar-lhe bons pensamentos. Assim, adquire ele a fora necessria para vencer as dificuldades e entrar no bom caminho, se deste se houver afastado. 3 Portanto, no dia da reunio medinica, pelo menos durante alguns minutos, horas antes dos trabalhos, seja qual for a posio que ocupe no conjunto, dedique-se o companheiro de servio prece e meditao em seu prprio lar. Ligue as tomadas do pensamento para o Alto. Retire-se, em esprito, das vulgaridades do terra-a-terra, e ore, buscando a inspirao da Vida Maior. Reflita que, em breve tempo, estar em contato, embora ligeiro, com os irmos domiciliados no Mundo Espiritual [...] e antecipe o cultivo da simpatia e do respeito, da compaixo produtiva e da bondade operosa para com todos aqueles que perderam o corpo fsico sem a desejada maturao espiritual. 18 b) A prece durante a reunio medinica O Espiritismo aconselha o hbito da prece antes e aps as suas reunies: Se o Espiritismo proclama a sua utilidade, no por esprito de sistema, mas porque a observao permitiu constatar a sua eficcia e o modo de ao. 11 Alm da ao puramente moral, o Espiritismo nos mostra na prece um efeito de certo modo material, resultante da transmisso fludica. Em certas molstias, sua eficcia constatada pela experincia, conforme demonstra a teoria. 12 Sobrevindo o momento exato em que a reunio ter comeo, o orientador
diminuir o teor da iluminao e tomar a palavra, formulando a prece inicial. Cogitar, porm, de ser preciso, no se alongando alm de dois minutos. [...] A prece, nessas circunstncias, pede o mnimo de tempo, de vez que h entidades em agoniada espera de socorro, feio do doente desesperado, reclamando medicao substancial. 19 A orao final, proferida pelo dirigente da reunio [medinica], obedecer conciso e simplicidade. 20 A prece tem o poder de acalmar o Esprito comunicante desajustado, fornecendo-lhe fluidos salutares para a sua harmonizao ntima. O mdium que busca refgio na prece cria um ambiente, em torno de si, favorvel ao amparo espiritual, livrando-o da ao nociva de certos Espritos inescrupulosos. A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre associada orao, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do mundo. 22 Como a orao a expresso mais alta e mais pura do pensamento traa uma via fludica, que permite s Entidades do Espao descerem at ns e comunicar-se; nos grupos constitui um meio favorvel produo de fenmenos de ordem elevada, ao mesmo tempo que os preserva contra os maus Espritos. 13 c) A prece e o vampirismo espiritual (*) A orao o mais eficiente antdoto do vampirismo. A prece no movimento mecnico de lbios, nem disco de fcil repetio no aparelho da mente. vibrao, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as prprias foras, realiza trabalhos de inexprimvel significao. Semelhante estado psquico descortina foras ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro dessa realizao, o Esprito, em qualquer forma, pode emitir raios de espantoso poder. 23 Constantemente [...] cada um de ns recebe trilhes de raios de vria ordem e emitimos foras que nos so peculiares e que vo atuar no plano da vida, por vezes em regies muitssimo afastadas de ns. Nesse crculo de permuta incessante, os raios divinos, expedidos pela orao santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperao eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovao da alma e iluminao da conscincia. Toda prece elevada manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a orao, com o devido equilbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade. 24
__________________ * Vampirismo espiritual: forma de obsesso em que a entidade desencarnada se alimenta dos fluidos vitais do encarnado, desvitalizando-o.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XXVII, item 4, p. 370. 2. ______. Item 9, p. 373. 3. ______. Item 11, p. 373. 4. ______. Item 15, p. 377. 5. ______. Cap. XXVIII, item 2, p. 387. 6. ______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, questo 658, p. 319. 7. ______. Questo 659, p. 319. 8. ______. Questo 660, p. 319. 9. ______. Revista Esprita. Jornal de Estudos Psicolgicos. Ano 1864. Traduo de Evandro Noleto Bezerra; poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Stimo Volume, agosto de 1864, n 8. Item: Suplemento do captulo das Preces da Imitao do Evangelho, p. 314. 10. ______. p. 315. 11. ______. Ano 1866. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Nono Volume, janeiro de 1866, n 1. Item: Consideraes sobre a prece no Espiritismo, p. 19. 12. ______. p. 20. 13. DENIS, Lon. Espritos e Mdiuns. Traduo de Jos Jorge. Rio de Janeiro, Centro Esprita Lon Denis, 1987, p. 55 (Espritos e mdiuns). 14. PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XXXIII (Definindo prece), p. 174-175. 15. ______. O Pensamento de Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. 25 (Eficcia da prece), p. 160. 16. ______. p. 161. 17. SIMONETTI, Richard. A Voz do Monte. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Item: Ante a orao, p. 118-119. 18. XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Desobsesso. Pelo Esprito Andr Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 4 (Preparo Para a Reunio: Prece e Meditao), p. 33. 19. ______. Cap. 29 (Prece Inicial), p. 117. 20. ______. Cap. 56 (Prece Final), p. 197. 21. ______. Entre a Terra e o Cu. Pelo Esprito Andr Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. I (Em Torno da Prece), p. 10. 22. ______. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XXV (Orao), item: mediunidade e prece, p. 180. 23. _______. Missionrios da Luz. Pelo Esprito Andr Luiz. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 6 (A Orao), p. 83. 24. _______. p. 84.
PROGRAMA I
MDULO I
A faculdade medinica: conceito e classicao da mediunidade
Conceituar mediunidade sob a tica esprita. Citar a classificao dos fenmenos medinicos, constantes
Objetivos especcos
da Codificao Esprita.
Fazer breve comentrio sobre essa classificao.
SUBSDIOS
1. CONCEITO ESPRITA DE MEDIUNIDADE O esclarecido Esprito Emmanuel conceitua mediunidade de maneira simples e admirvel, ao compar-la a uma cachoeira: A cachoeira um espetculo de beleza, guardando imensos potenciais de energia. Revela a glria da natureza. Destaca-se pela imponncia e impressiona pelo rudo. Entretanto, para que se faa alicerce de benefcios mais amplos, indispensvel que a engenharia comparea, disciplinando-lhe a fora. ento que aparece a usina generosa, sustentando a indstria, estendendo o trabalho, inspirando a cultura e garantindo o progresso. Assim tambm a mediunidade. Como a queda dgua, pode nascer em qualquer parte. No patrimnio exclusivo de um grupo, nem privilgio de algum. Desponta aqui e ali, adiante e acol, guardando consigo revelaes convincentes e possibilidades assombrosas. Contudo, para que se converta em manancial de auxlio perene, imprescindvel que a Doutrina Esprita lhe clareie as manifestaes e lhe governe os impulsos. S ento se erige em fonte contnua de ensinamento e socorro, consolao e bno. 15 fundamental que tenhamos uma viso muito clara a respeito dos mdiuns e dos fenmenos medinicos, visto que, se uma faculdade medinica comum a um determinado nmero de mdiuns, a forma ou nvel de captao da mensagem medinica pode variar de intermedirio para intermedirio. Isso muito fcil de se entender porque no estamos todos no mesmo patamar evolutivo, uma vez que a bagagem das experincias reencarnatrias diferente entre as pessoas. H ainda o problema de sintonia entre mdium e Esprito comunicante. Os graus de percepo psquica tambm no so iguais. H por fim, o esforo individual, varivel entre as criaturas, de se aperfeioar, moral e intelectualmente. Compreende-se, portanto,
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que a mediunidade no apenas um patrimnio evolutivo do Esprito, esteja ele encarnado ou no; representa uma fora, em si neutra, apta a elevar ou rebaixar a criatura, de acordo com a direo que se lhe d. No existisse a mediunidade e inumerveis problemas seriam insolucionveis, permitindo que mais graves conjunturas conspirassem contra a criatura humana. Sem ouvir-se, nem sentir-se a realidade espiritual de que os implementos medinicos se fazem instrumento, certamente grassariam mais terrveis dramas e tormentosas situaes injustificveis. 12 A mediunidade no sinal de santificao, nem representa caracterstica divinatria. Constitui, apenas, um meio de entrar em contato com as almas que viveram na Terra, sendo os mdiuns, por isso mesmo, mais responsveis do que as demais pessoas, por possurem a prova da sobrevivncia que chega a todos por seu intermdio. O respeito e a dedicao que imponham ao trabalho o que ir credencilos, naturalmente, estima e admirao do prximo, como sucede com qualquer pessoa na mais obscura ou relevante atividade a que se dedique [...]. A mediunidade, [...] aplicada para o servio do bem, pode converter-se em instrumento de luz para o seu portador, tanto quanto para todos aqueles que a buscam. 13 A mediunidade que promove e eleva a criatura humana a proposta bsica do Espiritismo, uma vez que, se por um lado a Doutrina esclarece e educa o mdium, o Evangelho de Jesus, vivenciado, lhe faculta a reforma moral necessria para ascender aos planos elevados da vida. Assim, tendo a mediunidade com o Cristo objetivo de abrir as portas das percepes gloriosas do Infinito, permitindo se erga a Humanidade para os pncaros do progresso, estaremos com o seu exerccio salutar, impulsionando a nossa e a evoluo geral, to sonhada pelas criaturas. 16 A mediunidade, em si mesma, no boa nem m, antes apresenta-se em carter de neutralidade, ensejando ao homem utiliz-la conforme lhe aprouver, desse uso derivando os resultados que acompanharo o medianeiro at o momento final da sua etapa evolutiva no corpo. 14 A mediunidade , antes de tudo, uma oportunidade de servir, bno de Deus, que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graas ao intercmbio [medinico] podemos ter aqui [no plano fsico], no apenas a certeza da sobrevivncia da vida aps a morte, mas tambm o equilbrio para resgatarmos com proficincia os dbitos adquiridos em encarnaes anteriores. 10 Finalmente, oportuno recordar que no h uma mediunidade mais importante que a outra. Todas so teis e necessrias. Nem h mdium mais forte, mais poderoso que outro. Segundo o apstolo Paulo de Tarso, os dons medinicos provm de uma mesma fonte e de um mesmo Senhor. 11
2. CLASSIFICAO DE MEDIUNIDADE SEGUNDO KARDEC Allan Kardec classifica os fenmenos medinicos em dois grandes grupos:
os de efeitos fsicos; os de efeitos intelectuais.
2.1 Mediunidade de efeitos fsicos D-se o nome de manifestaes fsicas s que se traduzem por efeitos sensveis, tais como rudos, movimentos e deslocao de corpos slidos. Umas so espontneas, isto , independentes da vontade de quem quer que seja; outras podem ser provocadas [...]. O efeito mais simples, e um dos primeiros que foram observados, consiste no movimento circular impresso a uma mesa. Esse efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas sendo a mesa o mvel com que, pela sua comodidade, mais se tem procedido a tais experincias, a designao de mesas girantes prevaleceu, para indicar esta espcie de fenmenos. 1 Um outro fenmeno, de ocorrncia comum poca de Kardec, era o das pancadas e dos rudos. Tais rudos noises em ingls eram, s vezes, muito fracos, outras vezes muito fortes, se fazendo ouvir na superfcie e no interior dos mveis, nas paredes e no forro das habitaes. 2 Chama-se tiptologia a manifestao esprita por meio de pancadas 3: Tiptologia, por meio de bsculo, consiste no movimento da mesa, que se levanta de um s lado e cai batendo um dos ps. Basta para isso que o mdium lhe ponha a mo na borda. 3 A tiptologia alfabtica consiste em serem as letras do alfabeto indicadas por pancadas. Podem obter-se, ento, palavras, frases e at discursos interiores. 5 Sematologia a linguagem atravs de sinais. Tendo convencionado, por exemplo, que uma pancada significar sim, e duas pancadas no, ou vice-versa, o experimentador dirigir ao Esprito as perguntas que quiser. 4 A tiptologia e a sematologia so formas lentas e fastidiosas de se obter a comunicao esprita. Praticamente esto em desuso. Uma variante dessas formas de comunicao, a chamada sesso do copo, comumente utilizada por pessoas distanciadas do conhecimento esprita. Existe, na mediunidade de efeitos fsicos, outras manifestaes que se caracterizam pela utilizao de fluidos ectoplsmicos: a) Voz direta (ou pneumatofonia) so gritos de toda espcie e sons voclicos que imitam a voz humana. 7
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b) Escrita direta (ou pneumatografia) a escrita produzida diretamente pelo Esprito, sem intermedirio algum. Difere da psicografia, por ser esta a transmisso do pensamento do Esprito, mediante a escrita feita pela mo do mdium. 6 Na poca de Kardec, obtinha-se a escrita direta em pedras de ardsia, ou, tambm, em folhas de papel mantidas guardadas no interior de uma gaveta. c) Materializao de Espritos, transporte e levitao de pessoas e objetos so fenmenos que predominaram aps a desencarnao de Kardec (1869). Com as pesquisas cientficas espritas, de Willian Crookes, foi possvel sistematizar, pela primeira vez, esses fenmenos (1870-73), com a materializao do Esprito Katie King (ou Anne Morgan), pela mediunidade de Florence Cook. (veja: Fatos Espritas, de Willian Crookes, Editora FEB.)
2.2 Mediunidade de efeitos intelectuais prpria dos mdiuns que so mais aptos a receber e a transmitir comunicaes inteligentes. 8 Na mediunidade de efeitos intelectuais vamos encontrar uma variedade enorme de mdiuns, sendo, os seguintes, os tipos predominantes 9: a) Mdiuns audientes que ouvem Espritos. b) Mdiuns falantes ou psicofnicos. c) Videntes vem Espritos em estado de viglia. d) Mdiuns inspirados recebem idias dos Espritos (geralmente so bons oradores ou expositores). e) Mdiuns de pressentimentos ou prescientes so pessoas que, em dadas circunstncias, tm uma intuio vaga de coisas vulgares que ocorrero no futuro. 9 f) Mdiuns profticos variedade dos mdiuns inspirados, ou de pressentimentos. Recebem, permitindo-o Deus, com mais preciso do que os mdiuns de pressentimentos, a revelao de futuras coisas de interesse geral e so incumbidos de d-las a conhecer aos homens, para instruo destes. 9 g) Mdiuns sonamblicos os que, libertos do corpo fsico, transmitem orientaes de Espritos. h) Mdiuns pintores ou desenhistas. i) Mdiuns msicos (executam um instrumento ou escrevem composies musicais).
j) Mdiuns psicgrafos os que escrevem sob a influncia dos Espritos. Segundo Kardec, a diviso da mediunidade em de efeitos fsicos e de efeitos intelectuais no absoluta, visto que, ao analisarmos os diferentes fenmenos, veremos que, em todos, h um efeito fsico e um efeito inteligente. Difcil , muitas vezes, determinar o limite entre os dois, mas isso nenhuma consequncia apresenta. 8 Em razo do exposto, compreende [...], pouco a pouco, que o tmulo a porta aberta renovao, como o bero acesso experincia, e observa que o seu estgio no Planeta uma viagem com destino s estaes de Progresso Maior. E, na grande romagem, todos somos instrumentos das foras com as quais estamos em sintonia. Todos somos mdiuns, dentro do campo mental que nos prprio, associando-nos s energias edificantes, se o nosso pensamento flui na direo da vida superior, ou s foras perturbadoras e deprimentes, se ainda nos escravizamos s sombras da vida primitivista ou torturada. 17
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REFERNCIAS 1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, 2 Parte. Cap. II. item 60, p. 82-83. 2. ______. Item 64, p. 85. 3. ______. Cap. XI, item 139, p. 185-186. 4. ______. Item 140, p. 186. 5. ______. Item 141, p. 187-188. 6. ______. Cap. XII, item 146, p. 192-193. 7. ______. Item 150, p. 196-197. 8. ______. Cap. XVI, item 187, p. 230. 9. ______. Item 190, p. 233-235. 10. FRANCO, Divaldo Pereira e TEIXEIRA, Jos Raul. Diretrizes de Segurana. 7. ed. Niteri: RJ: FRTER, 1999. Pergunta 1, p. 15 (Mediunidade). 11. ______. Pergunta 2, p. 15. 12. ______. Luz Viva. Pelos Espritos Joanna de ngelis e Marco Prisco. Salvador: Alvorada, 1985, p. 30 (Ponte medinica). 13. ______. Mdiuns e Mediunidades. Pelo Esprito Vianna de Carvalho. 2. ed. Niteri: Arte e Cultura, 1991, p. 9 (Mdiuns e mediunidade). 14. ______. p. 39. 15. PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 7 (Palavra do autor - por Emmanuel). 16. TEIXEIRA, Jos Raul. Correnteza de Luz. Pelo Esprito Camilo. Niteri: FRTER, 1991, p. 37-38 (Mediunidade e Evoluo). 17. XAVIER, Francisco Cndido. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Andr Luiz. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 9 (Raios, ondas, mdiuns e mentes - palavras introdutrias de Emmanuel).
PROGRAMA I
MDULO I
Fenmenos de emancipao da alma
Objetivos especcos
SUBSDIOS
A Doutrina Esprita nos esclarece a respeito da existncia de dois tipos de fenmenos psquicos, patrimnio do ser humano: os anmicos (de anima, alma) produzidos pelo prprio Esprito encarnado, e os medinicos (de mdium, meio) decorrentes da interveno de Espritos desencarnados que utilizam um veculo ou instrumento humano (mdium) para se manifestar. 21 Em O Livro dos Espritos, Kardec denomina os fenmenos anmicos de fenmenos de emancipao da alma, porque, nessa condio o Esprito se revela mais livre, ou independente, do jugo do corpo fsico. Nos fenmenos anmicos, o Esprito encarnado desprende-se momentanea-mente do seu corpo fsico e entra em comunicao com outros Espritos, desencarnados ou encarnados. Durante esse desprendimento que pode ser mais ou menos duradouro o Esprito encarnado desprendido ou desdobrado tem conscincia das ocorrncias desenvolvidas tanto no plano fsico quanto no plano espiritual podendo participar ativamente delas. 18 Os fenmenos anmicos podem ser facilmente confundidos com os de natureza medinica, por trazerem em si as impresses do medianeiro que os veicula. oportuno lembrar que, em todo e qualquer fenmeno medinico a presena do fator anmico inevitvel, pelo fato de o comunicante espiritual valer-se dos elementos biolgicos, psicolgicos e culturais do mdium, para elaborar e exteriorizar a sua mensagem [...]. Espera-se que a interferncia anmica no ultrapasse as linhas do admissvel, digamos, do suportvel [...]. 23 No estudo dos fenmenos psquicos importante saber distinguir fenmeno anmico de mistificao medinica. A mistificao medinica intencional. Significa dizer que no h um Esprito comunicante, o pseudo-mdium simula, conscientemente, uma comunicao medinica. Essa condio representa um dos
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mais srios entraves encontrados na prtica medinica, capaz de preocupar e mesmo perturbar a muitos seareiros. 23 Pode haver, no entanto, um Esprito comunicante, mas, devido a inexperincia ou despreparo do mdium, este pode interferir na comunicao com suas idias, mais do que desejvel. A preponderncia do fenmeno anmico est bem caracterizado em duas situaes especficas: a) No incio da prtica medinica, quando os canais medinicos esto sendo desobstrudos pelos Espritos. Nessa situao, o mdium principiante encontra barreiras fsicas paulatinamente superveis ao longo do tempo. b) Nas desarmonias psquico-emocionais geradas por erros ou crimes que a pessoa cometeu no passado, em outras existncias. A pessoa imobiliza grande coeficiente de foras do seu mundo emotivo, em torno de uma experincia infeliz, a ponto de gerar cristalizao mental no superada pelo choque biolgico do renascimento, em novo corpo fsico. 24 Fixando-se nessas lembranas, passa a comportar-se qual se estivesse ainda no passado, que teima em ressuscitar, agindo como se fosse um esprito que se estivesse comunicando, 26 num estado que simula o sonambulismo. 25 Devemos, portanto, diferenciar fenmeno anmico propriamente dito, que a manifestao de uma faculdade psquica natural e que faz parte das conquistas evolutivas do ser humano, de mistificao do fenmeno medinico, de forma intencional, ou da evidenciao de um desequilbrio psquico originado em aes cometidas no passado, pela pessoa em questo. Os fenmenos anmicos autnticos, verdadeiros, entendidos como reveladores de uma atividade extracorprea so variveis. Estudaremos, a seguir, os mais conhecidos. 1. O SONHO O sonho a lembrana do que o Esprito viu durante o sono. [...] 3 A liberdade do Esprito julgada pelos sonhos. O Esprito jamais est inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laos que o prendem ao corpo e, no precisando este ento da sua presena, ele se lana pelo espao e entra em relao mais direta com os outros Espritos. 1 Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Esprito mais faculdades do que no estado de viglia. Lembra-se do passado e algumas vezes prev o futuro. Adquire maior potencialidade e pode pr-se em comunicao com os demais Espritos, quer deste mundo, quer do outro. 1 Estando entorpecido o corpo, o Esprito trata de quebrar seus grilhes e de
investigar no passado ou no futuro. 2 O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre. 2 Os Espritos adiantados, quando dormem, vo para junto dos que lhes so iguais ou superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes deparam concludas, quando volvem, morrendo na Terra, ao mundo espiritual. O sonho deles traduz-se por lembranas agradveis e felizes. 2 Os Espritos mais imperfeitos vo, enquanto dormem, ou a mundos inferiores Terra, onde os chamam velhas afeies, ou em busca de gozos qui mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. 2 Os seus sonhos so pesados, confusos, atormentados, muitos deles sob a forma de pesadelos. 2. SONAMBULISMO O sonambulismo um estado de independncia do Esprito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem ento percepes de que no dispe no sonho, que um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espirito est na posse plena de si mesmo [...]. Quando se produzem os fatos do sonambulismo, que o Esprito, preocupado com uma coisa ou outra, se aplica a uma ao qualquer, para cuja prtica necessita de utilizar-se do corpo. Serve-se ento deste, como se serve de uma mesa ou de outro objeto material no fenmeno das manifestaes fsicas, ou mesmo como se utiliza da mo do mdium nas comunicaes escritas. 9 Os fenmenos de sonambulismo natural se produzem espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas, em certas pessoas dotadas de especial organizao, podem ser provocadas artificialmente, pela ao do agente magntico [hipnose]. O estado que se designa pelo nome de sonambulismo magntico apenas difere do sonambulismo natural em que um provocado, enquanto o outro espontneo. 10 importante no confundir sonambulismo, natural ou provocado, com mediunidade sonamblica. No primeiro caso ocorre um fenmeno anmico de emancipao da alma, o Esprito encarnado obra por si mesmo. No segundo caso, os mdiuns em estado de sonambulismo, so assistidos por Espritos. 17 3. TELEPATIA A telepatia ou transmisso do pensamento um faculdade anmica que ocorre entre as pessoas, independentemente de estarem dormindo ou acordadas.
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O Esprito comunica-se telepaticamente porque ele no se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia para todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espritos, mesmo em estado de viglia, sem bem que mais dificilmente. 4 A telepatia, linguagem inarticulada do pensamento, uma forma de comunicao que d causa a que duas pessoas se vejam e compreendem sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espritos. 5 4. LETARGIA E CATALEPSIA A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princpio, que a perda temporria da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiolgica ainda inexplicada. Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspenso das foras vitais geral e d ao corpo todas as aparncias da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligncia se manifeste livremente, o que a torna inconfundvel com a morte. A letargia sempre natural; a catalepsia por vezes magntica. 8 Algum que estiver sob um estado letrgico, ou mesmo catalptico, no consegue ver ou ouvir pelos rgos fsicos. O Esprito tem conscincia de si, mas no pode comunicar-se. 6 Na letargia, o corpo no est morto, porquanto h funes que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crislida, porm no aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Esprito se lhe acha ligado [...]. Desde que o homem aparentemente morto, volve vida, que no era completa a morte. 7 A letargia (*), segundo a Medicina uma sonolncia patolgica ou estupor; torpor mental. A letargia pode manifestar-se tambm no estado de coma profundo, situao em que a pessoa no reage a qualquer estmulo (luminoso, verbal, de dor, de calor etc). Nota-se que at alguns movimentos involuntrios foram comprometidos. A catalepsia (*) entendida como uma doena cerebral intermitente, caracterizada pela suspenso mais ou menos completa da sensibilidade externa e dos movimentos voluntrios, e principalmente, por uma extrema rigidez dos msculos. 5. XTASE O xtase o estado em que a independncia da alma, com relao ao corpo,
se manifesta de modo mais sensvel e se torna, de certa forma, palpvel. No sonho e no sonambulismo, o Esprito anda em giro pelos mundos terrestres. No xtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos Espritos etreos, com os quais entra em comunicao, sem que, todavia, lhe seja lcito ultrapassar certos limites, porque, se os transpusesse totalmente, se partiriam os laos que o prendem ao corpo. Cerca-o ento resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na Terra se desconhecem, indefinvel bem-estar o invade [...]. No estado de xtase, o aniquilamento do corpo quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgnica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio [...]. 11 6. BICORPOREIDADE Na bicorporeidade, o Esprito afasta-se do corpo, tornando-se visvel e tangvel. Enquanto isso, o corpo permanece adormecido, vivendo a vida orgnica. 13 Isolado do corpo, o Esprito de um vivo [encarnado] pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as aparncias da realidade. Demais [...] pode adquirir momentnea tangibilidade. Este fenmeno, conhecido pelo nome de bicorporeidade, foi que deu azo s histrias de homens duplos, isto , de indivduos cuja apario simultnea em dois lugares diferentes se chegou a comprovar. 14 Antnio de Pdua, padre portugus canonizado pela igreja catlica, e Eurpedes Barsanulfo, esprita mineiro de Sacramento, so dois grandes exemplos de Espritos que, quando encarnados, possuam, em grau de elevado desenvolvimento, esse tipo de fenmeno anmico. 7. DUPLA VISTA OU SEGUNDA VISTA [...] a faculdade graas qual quem a possui v, ouve, e sente alm dos limites dos sentidos humanos. Percebe o que existe at onde estende a alma a sua ao. V, por assim dizer, atravs da vista ordinria e como por uma espcie de miragem. No momento em que o fenmeno da segunda vista se produz, o estado fsico do indivduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta alguma coisa de vago. Ele olha sem ver. Toda a sua fisionomia reflete uma como exaltao. Nota-se que os rgos visuais se conservam alheios ao fenmeno, pelo fato de a viso persistir malgrado ocluso dos olhos. 12 8. TRANSFIGURAO O fenmeno da transfigurao consiste na mudana do aspecto de um corpo vivo. A transfigurao, em casos, pode originar-se de uma simples contrao muscular, capaz de dar fisionomia expresso muito diferente da habitual, ao ponto de tornar
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quase irreconhecvel a pessoa. 16 A mais bela transfigurao de que temos notcia foi, sem dvida, a de Jesus, no Tabor, ocorrida em presena dos apstolos Pedro, Tiago e Joo. (Mateus, 17:1-9) Segundo o texto evanglico, no momento da transfigurao, o rosto de Jesus resplandeceu como o sol, suas vestes se tornaram brancas como a neve. (Mateus 17: 1-9) 20 Concluindo, os fenmenos anmicos so to importantes quanto os medinicos, uma vez que ambos fazem parte da estrutura psquica da espcie humana. Se certo afirmar que todo fenmeno medinico tem o seu componente anmico, igualmente correto dizer que os fenmenos anmicos so secundados por ao medinica. difcil, para no dizer impossvel, estabelecer limites onde comea um e onde termina o outro. Devemos estar atentos para no dificultar ou, at mesmo inviabilizar a prtica medinica, temerosos das mistificaes ou do contedo anmico das mensagens medinicas. O mdium bem-intencionado aprende, com estudo e perseverana, a interferir menos nas comunicaes que veicula. A tese animista respeitvel. Partiu de investigadores conscienciosos e sinceros, e nasceu para coibir os provveis abusos da imaginao; entretanto, vem sendo usada cruelmente pela maioria dos nossos colaboradores encarnados, que fazem dela um rgo inquisitorial, quando deveriam aproveit-la como elemento educativo, na ao fraterna. Milhares de companheiros fogem trabalho, amedrontados, recuam ante os percalos as iniciao medinica, porque o animismo se converteu em Crbero. Afirmaes srias e edificantes, tornadas em opressivo sistema, impedem a passagem dos candidatos ao servio pela gradao natural do aprendizado e da aplicao. Reclama-se deles preciso absoluta, olvidando-se lies elementares da natureza. Recolhidos ao castelo terico, inmeros amigos nossos, em se reunindo para o elevado servio de intercmbio com a nossa esfera, no aceitam comumente os servidores, que ho de crescer e a aperfeioar-se com o tempo e com o esforo. 26 Os fenmenos medinicos em suas mltiplas apresentaes, no incio dos grupos humanos, mostraram sua origem, praticamente, como resultado de ampliaes anmicas. Os pensamentos, os sonhos, as lucubraes em face dos acontecimentos externos foram propiciando verdadeiras expanses de conscincia, como que procurando sintonizar com o mundo espiritual. [...] Com a evoluo da humanidade, os fenmenos medinicos se foram alargando e tornando-se mais consistentes; isto , os fenmenos medinicos, bastante misturados com as fontes anmicas do mais sensveis, se foram tornando mais independentes e cada vez mais apurados [...]. Assim, o mdium, com o tempo, saber perfeitamente avaliar, em suas mais ntimas sensaes, as oscilaes entre os fenmenos anmicos e os medinicos [...]. 20
GLOSSRIO Crbero Guarda severo, intratvel (expresso familiar); Cerberus: co de trs cabeas que, segundo a mitologia latina, guardava a porta do inferno. Estado de conscincia ou de sensibilidade parcial, acompanhada por pronunciada diminuio dos movimentos espontneos. Mutismo sem perda da percepo sensorial. Neurose resultante da represso de conflitos emocionais da conscincia. Caracteriza-se por um comportamento imaturo, dependente, impulsivo e que visa a chamar a ateno ou a provocar piedade, ou estima, impelido por uma nsia extrema de afeto. Patolgico. Diz respeito s doenas ou ao que anormal, insalubre. Anestesia local ou parcial com dormncia; deficincia da sensao.
Estupor
Histeria
Mrbido
Torpor
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questo 401, p. 221. 2. ______. Questo 402, p. 222. 3. ______. Questo 402, p. 223. 4. ______. Questo 420, p. 229. 5. ______. Questo 421, p. 230. 6. ______. Questo 422, p. 230. 7. ______. Questo 423, p. 230. 8. ______. Questo 424, p. 231. 9. ______. Questo 425, p. 231. 10. ______. Questo 455, p. 239. 11. ______. p. 243. 12. ______. p. 244. 13. ______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, 2 Parte, cap. 7. Itens 114 a 118, p. 152-156. 14. ______. Item 119, p. 156-157. 15. ______. Item 122, p. 159-160. 16. ______. Item 123, p. 160-161. 17. ______. Cap. XVI, item 190, p. 234.. 18. ______. Cap. XIX, item 223, perguntas 1 a 5, p. 268-270. 19. PERALVA, Martins. Mediunidade e Evoluo. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000,. Cap. 13 (Escolhos da mediunidade), item: Animismo, p. 55-56. 20. SANTOS, Jorge Andra. Lastro Espiritual nos Fatos Cientficos. Petrpolis, [RJ]: Espiritualista F. V. Lorenz, p. 125 (Foras anmicas e medinicas). 21. SCHUTEL, Carbar. Mdiuns e Mediunidade. 8. ed. Mato, SP: O Clarim, p. 103 (Fenmenos anmicos e espritas). 22. TEIXEIRA, Jos Raul. Correnteza de Luz. Pelo Esprito Camilo. Niteri, RJ: FRTER, 1991, p. 99 (Mediunidade e animismo). 23. ______. p. 100. 24. XAVIER, Francisco Cndido. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 22, (Emerso no passado), p. 246-247. 25. ______. p. 247. 26. ______. No Mundo Maior. Pelo Esprito Andr Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap.(Mediunidade), p. 150 .
PROGRAMA I
PRTICA - Mdulo I
O exerccio da prece visa a conduzir o participante a incorporar em sua formao doutrinria o hbito salutar de orar, no apenas nas reunies espritas, mas em todos os momentos da sua vida. Para que ele aprenda a orar, segundo a orientao do Espiritismo, o exerccio pode ser assim conduzido: 1) Na primeira aula deste Mdulo, devem ser dadas explicaes gerais sobre a prece e sobre a maneira correta de orar. 2) Em todas as reunies deste programa, a partir desta primeira aula, os integrantes da reunio tero a oportunidade de exercitar a maneira correta de orar. 3) importante a participao de todos nos exerccios, a fim de que aprendam a vencer as inibies naturais e se habituem a orar em pblico.
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ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 1 Prtica: Conduta Esprita
PRECE: IMPORTNCIA, BENEFCIOS E MANEIRA CORRETA DE ORAR Rever, se necessrio, o roteiro 4 deste Mdulo. SUGESTES DE EXERCCIOS 1. A prece do publicano e do fariseu (Lucas, 18: 9-14). A maneira correta de orar Tambm disse esta parbola a alguns que punham confiana em si mesmos, como sendo justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo para orar, um era fariseu, publicano o outro. O fariseu, conservando-se de p, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graas por no ser como os outros homens, que so ladres, injustos e adlteros, nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dzimo de tudo o que possuo. O publicano, ao contrrio, conservando-se afastado, no ousara, sequer, erguer os olhos ao cu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador. Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro no; porquanto, aquele que se eleva ser rebaixado e aquele que se humilha ser elevado. Roteiro:
Entregar aos participantes cpias da passagem evanglica para leitura. Propor troca de idias, em plenria, analisando a postura orgulhosa e vaidosa do fariseu e a posio humilde e reverente do publicano, perante Deus. Correlacionar a mensagem do texto evanglico com a maneira correta de orar, segundo o Espiritismo.
2. A prece de Francisco de Assis. Importncia da prece e a maneira correta de orar. Senhor! Fazei-me um instrumento de vossa paz.
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Onde houver dio que eu leve o amor; Onde houver ofensas que eu leve o perdo; Onde houver discrdia que eu leve a unio; Onde houver dvidas que eu leve a f. Onde houver erros que eu leve a verdade; Onde houver desespero que eu leve a esperana Onde houver tristeza que eu leve a alegria; Onde houver trevas que eu leve a luz. Oh Mestre! Fazei com que eu procure mais Consolar que ser consolado, Compreender que ser compreendido, Amar que ser amado. Pois dando, que se recebe, perdoando, que se perdoado, E morrendo que se vive para a Vida Eterna... Roteiro:
Projetar a prece de Francisco de Assis, lendo-a em voz alta. Promover a troca de idias, em plenria, sobre os sentimentos que esta prece proporciona. Identificar a importncia da prece e a maneira correta de orar, segundo o Espiritismo. Convidar a turma a cantar a prece.
3. A prece de Ismlia (Andr Luiz / Francisco C. Xavier: Os Mensageiros, cap. 24). Conceito e benefcios da prece, maneira correta de orar. Senhor! Comeou Ismlia, comovidamente dignai-nos assistir os nossos humildes tutelados, enviando-nos a luz de vossas bnos santificantes. Aqui estamos, prontos para executar vossa vontade, sinceramente dispostos a secundar vossos altos desgnios. Conosco, Pai, renem-se os irmos que ainda dormem, anestesiados pela negao espiritual a que se entregaram no mundo. Despertai-os do sono doloroso e
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Roteiro: Dividir a turma em pequenos grupos. Entregar aos participantes cpias do texto para leitura e troca de idias. Pedir aos participantes que faam a seguinte tarefa: a) um grupo retira do texto o conceito de prece, segundo o Espiritismo; b) outro grupo identifica o pedido e o louvor existentes na prece; c) um terceiro grupo analisa os sentimentos e a postura de Ismlia no momento da orao; d) um quarto grupo indica os possveis benefcios produzidos pela prece.
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infeliz. Acordai-os para a responsabilidade, para a noo dos deveres justos!... Magnnimo Rei apiedai-vos de vossos sditos sofredores. Criador compassivo, levantai as vossas criaturas cadas: Pai justo, desculpai vossos filhos desventurados! Permiti caia o orvalho do vosso amor infinito sobre o nosso modesto Posto de Socorro!... Seja feita a vossa vontade acima da nossa, mas se possvel, Senhor, deixai que os nossos doentes recebem um raio vivificante do sol da vossa bondade!... Temos, ao nosso lado, Senhor, infortunadas mes que no souberam descobrir o sentido sublime da f, resvalando, imprudentemente, nos despenhadeiros da indiferena criminosa; pais que no conseguiram ultrapassar a materialidade do curso da existncia humana, incapazes de ver a formosa misso que lhes confiastes; cnjuges desventurados pela incompreenso de vossas leis augustas e generosas; jovens que se entregaram, de corpo e alma, aos alvitres da iluso!... Muitos deles atolaram-se no pantanal do crime, agravando dbitos dolorosos! Agora dormem, Pai, espera de vossos desgnios santos. Sabemos, contudo, Senhor, que este sono no traduz repouso do pensamento... Quase todos os nossos asilados so vtimas de terrveis pesadelos, por terem olvidado, no mundo material, os vossos mandamentos de amor e sabedoria. Sob a imobilidade aparente, movimenta-se-lhes o Esprito, entre aflies angustiosas que, por vezes, no podemos sondar. So eles, Pai, vossos filhos transviados e nossos companheiros de luta, necessitados de vossa mo paternal para o caminho! Quase todos se desviaram da senda reta, pelas sugestes da ignorncia que, como aranha gigantesca dos crculos carnais, tece os fios da misria, enredando destinos e coraes! Deprecando vossa misericrdia para eles, rogamos, igualmente para ns, a verdadeira noo de fraternidade universal! Ensinai-nos a transpor as fronteiras de separao para que vejamos em cada infeliz o irmo necessitado do nosso entendimento! Ajudai-nos a compreenso, a fim de que venhamos a perder todo impulso de acusao nas estradas da vida! Ensinai-nos a amar como Jesus nos amou! Tambm ns, Senhor, que aqui vos rogamos, fomos leprosos espirituais, cegos de entendimento, paralticos da vontade, filhos prdigos do vosso amor!... Tambm ns j dormimos, em tempos idos, nos Postos de Socorro da vossa misericrdia!... Somos simples devedores, ansiosos de resgatar dbitos! Sabemos que vossa bondade nunca falha e esperamos confiantes a bno de vida e luz!...
Ouvir os relatos dos representantes dos grupos, em plenria, esclarecendo possveis dvidas. 4. Pai Nosso a prece ensinada por Jesus (Mateus, 6:9-13). Conceito de prece, maneira correta de orar, elementos de uma prece. Pai Nosso que ests nos cus, santificado seja o teu Nome! Venha o teu Reino! Faa-se a tua Vontade, assim na Terra como no Cu. O po nosso de cada dia d-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dvidas como ns perdoamos aos nossos devedores. No nos deixes entregues tentao e livra-nos do mal. Roteiro: Dividir a turma em seis grupos ou duplas. Entregar-lhes cpias do Pai Nosso e exemplares de O Evangelho segundo o Espiritismo. Esclarecer que cada dupla deve ler e, em seguida, resumir uma parte da anlise que Kardec fez desta prece (veja, no Evangelho segundo o Espiritismo, o item 2, do captulo XXVIII, partes I a VI, p. 388 a 393). Em seguida, pedir aos grupos que indiquem um relator para apresentao do resumo, em plenria. Identificar o significado de prece, a maneira correta de orar e os elementos constituintes de uma prece (louvar, pedir e agradecer) segundo os ensinamentos de Jesus, luz do entendimento esprita.
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PROGRAMA I
Resumo Informativo
Objetivos especcos Realizar resumo informativo das obras espritas selecionadas. Fazer sua apresentao em dia, hora e local prestabelecidos.
O resumo informativo das obras espritas, abaixo relacionadas, deve seguir as Consideraes Gerais para a realizao das atividades complementares.
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PROGRAMA I
CULMINNCIA - Mdulo I
Conduta Esprita: A formao do mdium segundo os parmetros ditados pelo Esprito de Verdade: amai-vos e instruvos. Objetivo especco Estabelecer correlao entre os assuntos terico-prticos, estudados neste Mdulo, e a necessidade de se praticar a lei de amor como norma de conduta esprita.
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ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 1 Culminncia do Mdulo: Conduta Esprita Textos para estudo individual ou em grupo
Roteiro: A formao do mdium segundo os parmetros ditados pelo Esprito de Verdade: amai-vos e instru-vos
TEXTO NO 1 ADVENTO DO ESPRITO DE VERDADE Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrdulos que acima deles reina a imutvel verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinarem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: Vinde a mim, todos vs que sofreis. Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas speras sendas da impiedade. Meu Pai no quer aniquilar a raa humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto , mortos segundo a carne, porquanto no existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faa ouvir no mais a voz dos profetas e dos apstolos, mas a dos que j no vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que a morte a ressurreio, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescero e se desenvolvero como o cedro. Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligncias, no afasteis o facho que a clemncia divina vos coloca nas mos para vos clarear o caminho e reconduzirvos, filhos perdidos, ao regao de vosso Pai. Sinto-me por demais tornado de compaixo pelas vossas misrias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mo socorredora aos infelizes transviados que, vendo o cu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos so reveladas; no mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades. Espritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instru-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; so de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do alm-tmulo, que julgveis o nada, vozes vos clamam: Irmos! nada parece. Jesus-Cristo o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade. O Esprito de Verdade. (Paris, 1860.)
_______________ *KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. VI, item 5, p. 129-30.)
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EXERCCIO
D o sentido das palavras verdade, orai, crede, amai-vos e instru-vos, constantes do texto.
TEXTO NO 2 DIRIO DE UM MDIUM (*) Quando, por solicitao de amigos, penetramos o quarto de Alfredo Lcio, para acudi-lo no processo de desencarnao, o dirio que o tempo amarelecera estava aberto e podamos ler, em trechos curtos, a histria de sua experincia. 22 de outubro Nesta noite inesquecvel de 22 de outubro de 1923, fao minha profisso de f. Acompanhei reunio ntima no Centro Esprita Vicente de Paulo, na rua Tavares Guerra, 74, aqui no Rio, e pude ouvir a palavra de minha me que eu supunha morta. Ela mesma. Falava-me pelo mdium, como se estivssemos em nossa casa do Mier. Chorei muito. Estou transformado. Sou agora esprita. Peo a Deus me abenoe os votos solenes de trabalhar pela grande causa. 23 de outubro Tentei a mediunidade escrevente e consegui. Maravilhoso! A idia me escorria da cabea com a mesma rapidez com que a frase escrita me saa da mo. Recebi confortadora mensagem assinada por D. Amlia Kartley Antunes Maciel, a Baronesa de Trs Serros, que foi companheira de infncia de minha me. Aconselhou-me a aperfeioar a mediunidade, a fim de cooperar na evangelizao do povo. Sim, sim, obedecerei... 24 de outubro Procurei o confrade Sr. Augusto Ramos, da Diretoria do Vicente de Paulo, na Ponta do Caju, e falei-lhe de meus planos. Encorajou-me. Foi para mim valioso entendimento espiritual. Quero servir, servir. 25 de outubro Congreguei vrios irmos no Centro, em animada conversao sobre os desastres morais. A imprensa est repleta de casos tristes. Suicdios, homicdios. Comentamos o imperativo da mediunidade apostlica. muito sofrimento nascido da ignorncia! Deus de Bondade Infinita, darei minha vida pelo esclarecimento dos meus
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irmos em Humanidade!... 26 de outubro Avistei-me hoje com o Sr. Leopoldo Cirne e sua estimada esposa, na residncia deles prprios. Foram amigos de D. Amlia. Oramos. A baronesa comunicouse, exortando-me ao cumprimento do dever. Convidou-me a estudos srios. O Sr. Cirne falou-me, bondoso, quanto necessidade do discernimento. 27 de outubro Continuo a trabalhar ativamente na psicografia. 10 de novembro O presidente de nossa casa esprita ponderou comigo que importante no acelerar o desenvolvimento medinico. Entretanto, no concordei. A ignorncia e a dor esperam por mensagens do Alto. Nas ltimas seis noites, recebi pginas e pginas do Esprito que se deu a conhecer como sendo Filon, de Atenas, desencarnado na Grcia Antiga. Disse-me que tenho grande misso a cumprir. 2 de dezembro tanta gente a falar-me sobre estudo, que deixei de frequentar o Centro... Preciso trabalhar, trabalhar. Filon est escrevendo quatro horas diariamente, por meu intermdio. Est preparando dois livros, atravs de minhas faculdades. Sim, ele tem razo. O mundo espera, ansioso, a evidncia do Plano Espiritual. 1 de janeiro Entrei no Ano Novo psicografando. 29 de janeiro Apresentei ao Sr. Leopoldo Cirne os frutos de meu trabalho. Dois livros assinados pelo Esprito Filon. Um romance e um manual de meditaes evanglicas. O Sr. Cirne pediu-me procur-lo na semana prxima.
6 de fevereiro Procurei o Dr. Guillon Ribeiro, da Federao Esprita Brasileira, que me recebeu corts, em sua prpria casa. Entreguei-lhe os meus originais medinicos, rogando opinio. 20 de fevereiro Voltei ao Dr. Guillon Ribeiro. Devolveu-me as mensagens, referindo-se, paternal, ao perigo das mistificaes e necessidade de critrio, na apresentao de qualquer assunto esprita. Declarou que tenho promissora mediunidade, embora ainda muito verde, e asseverou que devo preparar-me frente do futuro. Um rapaz, que se achava junto dele, falou em obsesso. Informou que um mdium pode ser atacado, sem perceber, pela influncia de Espritos inferiores, assim como planta suscetvel de ser assaltada por pragas silenciosas. Compreendi claramente que o moo me considerava obsidiado. Uma
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5 de fevereiro Grande decepo! O Sr. Leopoldo Cirne falou-me francamente. Admite que eu esteja sendo ludibriado. Reconhece as minhas qualidades medinicas, mas pede que eu estude, afirmando que os livros de Filon so fracos. Acha que cedo para eu pensar em publicao de livros, que devo amadurecer em conhecimento e experincia para colaborar seriamente com os bons Espritos. Despedi-me, desapontado...
ofensa! Sa revoltado. Comeo a desiludir-me. 4 de abril Estou desolado. Ouvi hoje o Sr. Igncio Bittencourt, pela quarta vez numa semana. J tenho quatro novos livros do Esprito Filon, mas o Sr. Bittencourt, que os leu, est do contra. Recomendou-me estudo. Deu-me conselhos. Parece que o homenzinho quer entrar em minha vida. Falou-me em reforma ntima, como se eu fosse um criminoso em regenerao. 6 de abril Conversei com D. Retlia, mdium experiente, em casa de D. Francisca de Souza, depois de reunio familiar. Parece que ela me viu na conta de uma pessoa irresponsvel, pois ofereceu-me longa lista de instrues, explicando que preciso reajustar-me. E falou tambm na necessidade de estudo... 8 de abril No aguento. Qualquer esprita que me encontra, ao invs de ajudarme, s me fala em estudo e discernimento, em discernimento e estudo... Serei alguma criana? Arre com tanta ponderao!... Se mediunidade servio em que devamos atender as exigncias de todo mundo, no nasci para ser cachorro de ningum! Todos os espritas se julgam com direito de me advertir e reprovar! Sou um homem sensvel... No posso mais!... Via-se que o livro de notas fora abandonado por muitos anos. Entretanto, logo em seguida aos apontamento mencionados, estava escrito em tinta fresca: 6 de setembro de 1959 amado Jesus, quero abraar agora a luz da mediunidade de que desertei, h mais de trinta anos! Quero cumprir a minha tarefa, Senhor! Perdoa-me o tempo perdido. D-me algum tempo mais! Preciso de mais tempo, Mestre! Socorre-me! Levanta-me as foras! Prometo servir verdade durante o resto de minha vida! Mas o veculo orgnico de Alfredo Lcio no conseguira esperar pela concesso, pois, finda a nossa rpida leitura, mal tivemos tempo para ajud-lo a sair do corpo, cujos olhos congestos se fecharam pesadamente para o sono da morte.
________________________ (*) XAVIER, Francisco Cndido. Contos Desta e Doutra Vida. Pelo Esprito Irmo X. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, p. 85-89.
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EXERCCIO Aps a leitura do texto, observe o quadro abaixo antes de responder aos exerccios que se seguem. Resumo do Dirio do mdium Alfredo Lcio
Contedo da mensagem fornecida ao mdium
Sobre a sobrevivncia do Esprito.
Origem da mensagem
Me do mdium*.
Data
22.10.1923 23.10.1923 24.10.1923 26.10.1923 26.10.1923 10.11.1923 16.11.1923
Sobre estmulo e conselho para aper- Amlia Hartley A. Maciel,* amiga da me do mdium. feioar a mediunidade. Encorajamento. Augusto Ramos, diretor do Centro Esprita Vicente de Paulo.
Exortao ao cumprimento do dever e Amlia Hartley Maciel. convite a estudos srios. Leopoldo Cirne. Necessidade de discernimento. No acelerar o desenvolvimento da me- Presidente do Centro Esprita Vicente diunidade. de Paulo. O mdium teria grande misso a cum- Filon, de Atenas*. prir. Necessidade de estudo. Muitas pessoas.
Alerta sobre mistificaes; existnica de Guillon Ribeiro (presidente da FEB na mediunidade promissora. poca). Acompanhante encarnado de Guillon Perigo das obsesses. Ribeiro. Recomendao de estudo e contra- Igncio Bittencourt (diretor da FEB). indicao de publicar as mensagens de Filon. Necessidade de reajuste espiritual. Mdium D. Retlia.
06.04.1924
Concluso: Desencarnao do mdium Alfredo Lcio, em setembro de 1959, 36 anos aps a ecloso da faculdade medinica, sem que tenha se dedicado prtica esprita da mediunidade.
* Esprito desencarnado
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Reconhecimento da existnica de me- Leopoldo Cirne (ex-presidente da diunidade em Alfredo, mas os livros FEB). assinados por Filon eram fracos. Recomendao de estudo.
RESPONDA 1. O que voc poderia dizer a respeito da conduta do mdium Alfredo Lcio, tendo em vista os ensinamentos espritas que voc est recebendo no Curso?
2. Por que as mensagens atribudas a Filon no foram aceitas como verdadeiras por diversos espritas daquela poca?
3. Como interpretar as palavras do Esprito, que se denominava Filon, a respeito da grande misso que o mdium teria que cumprir?
4. Muitas pessoas recomendam estudo ao mdium. Relacione dois argumentos que destaquem a importncia do estudo para a prtica medinica.
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OBJETIVOS GERAIS Conscientizar-se da importncia da irradiao mental, e da prtica da caridade e do perdo, no exerccio da mediunidade, sob a tica esprita.
PROGRAMA I
MDULO DE ESTUDO N 2
* Fundamentao Esprita: A Prtica Medinica * Prtica: Irradiao mental * Atividade complementar: resumo de O Que o Espiritismo. (captulo I) e de O Livro dos Mdiuns. Captulos XIX, XX e XXI. * Culminncia do mdulo: A prtica da caridade e do perdo como norma de conduta esprita.
OBJETIVOS GERAIS
Conscientizar-se da importncia da irradiao mental, e da prtica da caridade e do perdo, no exerccio da mediunidade, sob a tica esprita.
TEMPO PARA APLICAO DAS AULAS Tericas: at uma hora e trinta minutos. Prticas: at trinta minutos.
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FUNDAMENTAO ESPRITA
PRTICA
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
CULMINNCIA DO MDULO
A Prece Esclarecer a respeito da importncia e dos benefcios da irradiao mental. Exercitar a irradiao mental em todas as reunies, favorecendo a participao gradual dos componentes do grupo.
Resumo e apresentao O que o Espiritismo, de Allan Kardec, edio FEB, captulo I. O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, edio FEB, Segunda Parte. Captulos: XIX, XX, XXI. Os alunos devero elaborar e apresentar resumo do contedo doutrinrio selecionado, em dia, hora e local preestabelecidos. A organizao e a elaborao deste trabalho devem seguir as instrues dadas nas Consideraes Gerais.
1. Ecloso da mediunidade. 2. O papel da mente e do perisprito nas comunicaes medinicas. 3. Transes psquicos. 4. Concentrao medinica. 5. A influncia moral do mdium e do meio ambiente nas comunicaes medinicas. 6. Educao e desenvolvimento do mdium.
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PROGRAMA I
MDULO II
Ecloso da mediunidade
Identificar os sintomas que caracterizam a mediunidade
Objetivos especcos
iniciante.
Explicar qual deve ser a conduta esprita perante algum com
mediunidade aflorada.
SUBSDIOS
A mediunidade, sendo uma faculdade natural, eclode ou surge na poca apropriada, definida no planejamento reencarnatrio do indivduo. Natural, aparece espontaneamente, mediante constrio segura, na qual os desencarnados de tal ou qual estgio evolutivo convocam necessria observncia de suas leis, conduzindo o instrumento medinico a precioso labor por cujos servios adquire vasto patrimnio de equilbrio e iluminao, resgatando, simultaneamente, os compromissos negativos a que se encontra enleado desde vidas anteriores. Outras vezes surge como impositivo provacional mediante o qual possvel mais ampla libertao do prprio mdium, que, em dilatando o exerccio da nobilitao a que se dedica, granjeia considerao e ttulos de benemerncia que lhe conferem paz. Sem dvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentvel fator de perturbao, tendo em vista o nvel espiritual e moral daquele que se encontra investido de tal recurso. 2 A ecloso medinica pode, ento, ocorrer sob duas formas:
espontnea no causa maiores desconfortos, quer fsicos quer emocionais, ao mdium iniciante; provacional o mdium apresenta descompassos emocionais, que atingem a sua organizao fsica. Podem ocorrer perturbaes espirituais.
Esta ltima a forma mais comum do surgimento da mediunidade no estado evolutivo em que ainda nos encontramos. O presente estudo se deter mais nesse aspecto. O surgimento da faculdade medinica no depende de lugar, idade, condio social ou sexo. Pode surgir na infncia, adolescncia ou juventude, na idade madura ou na velhice. Pode revelar-se no Centro Esprita, em casa, em templos de quaisquer denominaes religiosas, no materialista. 4 Os sinais ou sintomas que anunciam a
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mediunidade variam ao infinito. Reaes emocionais inslitas. Sensao de enfermidade, s aparente. Calafrios e mal-estar. Irritaes estranhas. 4 Quando do aparecimento da mediunidade, surgem distrbios vrios, sejam na rea orgnica, atravs de desequilbrios e doenas, ou mediante inquietaes emocionais e psiquitricas, por debilidade da sua [do mdium] constituio fisiopsicolgica. No a mediunidade que gera o distrbio no organismo, mas a ao fludica dos Espritos que favorece a distonia ou no, de acordo com a qualidade de que esta se reveste. Por outro lado, quando a ao espiritual salutar, uma aura de paz e de bem-estar envolve o medianeiro, auxiliando-o na preservao das foras que o nutrem e sustentam durante a existncia fsica. 3 O momento da ecloso da faculdade medinica no Esprito encarnado de fundamental importncia, uma vez que essa faculdade poder proporcionar benefcios ao prprio encarnado e ao prximo, se bem orientada e amparada fraternalmente. Deve-se considerar, no entanto, que nem sempre a pessoa convenientemente assistida logo que desabrocham suas faculdades medinicas; seja por ignorncia a respeito do assunto, o que mais comum, seja por desinteresse ou desateno dos familiares ou dos amigos. Em outras ocasies, os mdiuns iniciantes, por se revelarem [...] fascinados pelo entusiasmo excessivo, diante do impacto das revelaes espirituais que os visitam de jato, solicitam o entendimento e o apoio dos irmos experimentados, para que no se percam, atravs de engodos brilhantes. 5 Assim, em questo de mediunidade, importante conhecer bem o assunto para poder auxiliar, efetivamente, aquele que busca amparo na casa Esprita.No esqueamos que a [...] maioria dos estudantes do Espiritismo situam na mediunidade a pedra basilar de todas as edificaes doutrinrias, mas cometem o erro de considerar por mdiuns to-somente os trabalhadores da f renovadora, com tantas tarefas especiais, ou os doentes psquicos que, por vezes, servem admiravelmente tarefa das manifestaes fenomnicas. 7 Auxiliar a educao e o desenvolvimento do mdium no tarefa fcil. Exige do dirigente esprita devotamento nesse gnero de tarefa, assim como disposio para orientar com bondade e pacincia, sobretudo se o mdium iniciante apresenta mediunidade provacional. importante compreender que, no incio da prtica medinica, os mdiuns topam com o escolho [...] de terem de haver-se com Espritos inferiores e devem dar-se por felizes quando so apenas Espritos levianos. Toda ateno precisam pr em que tais Espritos no assumam predomnio, porquanto, em acontecendo isso, nem sempre lhes ser fcil desembaraar-se deles. ponto esse de tal modo capital, sobretudo em comeo, que, no sendo tomadas as precaues necessrias, podem perder-se os frutos das mais belas faculdades. 1
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A pessoa, cuja faculdade medinica eclodiu e que se disps a iniciar o seu exerccio, deve ter conscincia da importncia e da significao dessa tarefa. Por isso mesmo, os amigos desencarnados, sempre que responsveis e conscientes dos prprios deveres diante das Leis Divinas, estaro entre os homens exortando-os bondade e ao servio, ao estudo e ao discernimento, porquanto a fora medinica, em verdade, no ajuda e nem edifica quando esteja distante da caridade e ausente da educao. 6 necessrio, contudo, reconhecer que, na esfera da mediunidade, cada servidor se reveste de caractersticas prprias. O contedo sofrer sempre a influenciao da forma e da condio do recipiente. Essa a lei do intercmbio. [...] Mediunidade, pois, para o servio de revelao divina reclama estudo constante e devotamento ao bem para o indispensvel enriquecimento de cincia e virtude. A ignorncia poder produzir indiscutveis e belos fenmenos, mas s a noo de responsabilidade, a consagrao sistemtica ao progresso de todos, a bondade e o conhecimento conseguem materializar na Terra os monumentos definitivos da felicidade humana. 8
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XVII, item 211, p. 254. 2. FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espritas. Pelo Esprito Joanna de ngelis. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Cap. 18 (Mediunidade), p. 138. 3. ______. Mdiuns e Mediunidade. Pelo Esprito Vianna de Carvalho. 2. ed. Niteri, [RJ]: Arte e Cultura, 1991, p. 38 (Ser Mdium). 4. PERALVA, Martins. Mediunidade e Evoluo. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000,. Cap. 3 (Ecloso medinica), p. 19. 5. XAVIER, Francisco Cndido, e VIEIRA, Waldo. Estude e Viva. Pelos Espritos Emmanuel e Andr Luiz. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 37 (Mdiuns iniciantes), p. 210. 6. ______. Seara dos Mdiuns. Pelo Esprito Emmanuel. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Captulo: Fora medinica, p. 56. 7. ______. Roteiro. Pelo Esprito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982, cap. 27 (Mediunidade), p. 115. 8. ______. p. 116-117.
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PROGRAMA I
MDULO II
O papel da mente e do perisprito nas comunicaes medinicas
Identificar o papel da mente e do perisprito nas comunicaes
Objetivo especco
medinicas.
SUBSDIOS
1. O PAPEL DA MENTE Sabemos que se acha a mente na base de todas as manifestaes medinicas, quaisquer que sejam os caractersticos em que se expressem. [...] Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direo dos outros as imagens que criamos. E, como no podemos fugir ao imperativo da atrao, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a beleza e a claridade no espelho de nossa vida ntima. 19 Se o homem pudesse contemplar com os prprios olhos as correntes de pensamento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de comunho, segundo os princpios da afinidade. A associao mora em todas as coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existncia de todos os seres. 20 No plano da Vida Maior, vemos os sis carregando os mundos na imensidade, em virtude da interao eletromagntica das foras universais. Assim tambm na vida comum, a alma entra em ressonncia com as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham. que sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizando-nos com as emoes e idias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da nossa faixa de simpatia. 21 Pensando, conversando ou trabalhando, a fora de nossas idias, palavras e atos alcana, de momento, um potencial tantas vezes maior quantas sejam as pessoas encarnadas ou no que concordem conosco [...]. 22 dessa forma que podem ocorrer as comunicaes medinicas. importante entender que percepo e sintonia ocorrem por intermdio das correntes ondulatrias do pensamento. Na verdade, a Terra, com tudo o que contm, est mergulhada num imenso mar de ondas. Ondas luminosas, sonoras, calorficas, mentais. Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras. Liguemos o aquecedor e espelharemos ondas calorficas. Acendamos a lmpada e exteriorizaremos ondas luminosas. Faamos funcionar o receptor radiofnico
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e encontraremos ondas eltricas. 18 Em suma, todo movimento, toda agitao se realizam pela emisso de ondas, atravs dos inmeros e diversos corpos da natureza. 16 As ondas so avaliadas segundo o comprimento em que se expressam, dependendo esse comprimento do emissor em que se verifica a agitao [agitao, aqui entendida como o foco propagador da onda, que produz a vibrao]. Fina vara tangendo guas de um lago provocar ondas pequenas, ao passo que a tora de madeira, arrojada ao lenol lquido, traar ondas maiores. Um contrabaixo lan-las- muito longas. Um flautim desferi-las- muito curtas. As ondas ou oscilaes eletromagnticas so sempre da mesma substncia, diferenciando-se, porm, na pauta do seu comprimento ou distncia [...]. 17 As ondas eletromagnticas, existentes no nosso mundo, so classificadas em longas, mdias, curtas e ultra-curtas. Onda uma oscilao ou vibrao que se propaga no espao ou num meio material, dentro de uma frequncia de tempo (nmero de vibraes por segundo). As ondas longas tm comprimento maior que um quilmetro e menor que dez quilmetros, com freqncia entre trs e trinta quilohertz (1 quilohertz = 1000 hertz). As ondas mdias apresentam comprimento entre cem metros e um quilmetro, e a freqncia fica entre trezentos quilohertz e trs megahertz. As ondas curtas tm comprimento situado entre um e dez metros, e a freqncia est situada na regio de 300 a 30 megahertz. As ondas ultracurtas no so percebidas pelo sistema auditivo humano, pois o comprimento fica abaixo de um metro e a freqncia oscila em torno de duzentos hertz (1 hertz = 1 oscilao ou vibrao por segundo).
A prece, sentida e verdadeira, um exemplo de emisso mental de alta freqncia. A idia fixa ou monoidesmo desencadeia emanaes mentais de baixa freqncia, caractersticas das ondas longas. Ao pensar, o ser humano emite ondas mentais que lhe caracterizam o grau evolutivo: ondas mais longas, de pequeno alcance, por certo resultantes das preocupaes ou atividades corriqueiras; ondas mdias, direcionadas para interesses menos imediatistas; ondas curtas, de freqncia elevada, voltadas para assuntos espirituais nobres, e ondas super-ultra-curtas, em que se exprimem as legies anglicas. 17, 18 Vamos relacionar o que acabamos de considerar com a prtica medinica. 1) A mente do Esprito emite ondas mentais [idias], que podero ser captadas pelo crebro do mdium e transmitidas aos componentes da reunio medinica,
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Dessa forma, quanto maior for a freqncia das nossas ondas mentais, menores sero o seu comprimento e, conseqentemente, maiores as probabilidades de o nosso pensamento atingir as regies superiores da vida.
sob a forma de palavras grafadas ou verbalizadas, ou, ainda, de imagens de vidncia. Nota-se que o crebro do mdium tem ao bivalente: capta e transmite ondas mentais de si prprio e de outros Espritos. 2) Captado o pensamento do Esprito comunicante, pelo mdium, inicia-se a comunicao medinica propriamente dita, devida sintonia, fludica e mental, estabelecida entre ambos. O processo dessa comunicao pode sofrer interferncias das ondas mentais dos integrantes encarnados do grupo medinico; do prprio mdium; dos trabalhadores da equipe espiritual, e do Esprito comunicante. 3) Se os pensamentos dos trabalhadores encarnados so harmnicos, isto , se a equipe se mantm ligada comunicao do Esprito, ajudando mentalmente o mdium, o dialogador e o prprio Esprito comunicante, o trabalho de atendimento ao Esprito sofredor flui com tranqilidade. Se, no entanto, o pensamento da equipe dos encarnados e o dos mdiuns vagueiam dispersivamente, de forma indisciplinada, a desarmonia se estabelece, tornando-se impossvel a manifestao medinica dos Espritos, ou, se esta ocorre, ser distorcida, incoerente ou confusa. Assim, todos os componentes do grupo medinico devem vigiar suas emisses mentais, durante o trabalho de intercmbio espiritual, para que ocorram as comunicaes previstas pelos orientadores espirituais.
Como sabemos, os Espritos encarnados e desencarnados tm um corpo fludico, a que se d o nome de perisprito. Sua substncia haurida do fluido universal ou csmico, que o forma e alimenta 11. O perisprito serve de intermedirio ao Esprito e ao corpo. o rgo de transmisso de todas as sensaes. Relativamente s que vm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impresso; o perisprito a transmite e o Esprito, que o ser sensvel e inteligente, a recebe. Quando o ato de iniciativa do Esprito, pode dizer-se que o Esprito quer, o perisprito transmite e o corpo executa. 12 Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perisprito desempenha importante papel em todos os fenmenos psicolgicos e, at certo ponto, nos fenmenos fisiolgicos e patolgicos. 13 Por meio do perisprito que os Espritos atuam sobre a matria inerte e produzem os diversos fenmenos medinicos. [...] No h, pois, motivo de espanto quando, com essa alavanca, os Espritos produzem certos efeitos fsicos, tais como pancadas e rudos de toda espcie, levantamento, transporte ou lanamento de
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2. O PAPEL DO PERISPRITO
objetos [...]. 14 Atuando sobre a matria, podem os Espritos manifestar-se de muitas maneiras diferentes: por efeitos fsicos, quais os rudos e a movimentao de objetos; pela transmisso do pensamento, pela viso, pela audio, pela palavra, pelo tato, pela escrita, pelo desenho, pela msica etc. Numa palavra, por todos os meios que sirvam a p-los em comunicao com os homens. 15 Citaremos, a seguir, a ao do perisprito nas comunicaes medinicas. 2.1 O papel do perisprito nas manifestaes fsicas Um Esprito produz movimento de um corpo slido combinando uma parte do fluido [csmico] universal com o fluido, prprio quele efeito, que o mdium emite. 1 O Esprito So Lus esclarece: Quando, sob as vossas mos, uma mesa se move, o Esprito haure no fluido universal o que necessrio para lhe dar uma vida factcia. Assim preparada a mesa, o Esprito a atrai e move sob a influncia do fluido que de si mesmo desprende, por efeito da sua vontade. 2 [...] O fluido prprio do mdium [fluido vital] se combina com o fluido universal que o Esprito acumula. necessria a unio desses dois fluidos, isto , do fluido animalizado (do mdium) e do fluido universal para dar vida mesa, mas, nota bem que essa vida apenas momentnea , que se extingue com a ao e, s vezes, antes que esta termine, logo que a quantidade de fluido deixe de ser bastante para a animar. 5
2.2 O papel do perisprito nas manifestaes visuais A explicao de como um Esprito se torna visvel [...] reside nas propriedades do perisprito, que pode sofrer diversas modificaes, ao sabor do Esprito. 7 No estado material em que nos encontramos, isto , de reencarnao, s podemos ver um Esprito, ou este s pode tornar-se visvel nossa viso medinica
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Os Espritos que provocam as manifestaes fsicas [...] so sempre Espritos inferiores, que ainda se no desprenderam inteiramente de toda a influncia material. 3 J foi explicado que a densidade do perisprito, se assim se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos. Parece que tambm varia, em um mesmo mundo, de indivduo para indivduo. Nos Espritos moralmente adiantados, mais sutil e se aproxima dos Espritos elevados; nos Espritos inferiores, ao contrrio, aproxima-se da matria [...] Esta grosseria do perisprito, dando-lhe mais afinidade com a matria, torna os Espritos inferiores mais aptos s manifestaes fsicas [...]. 4
por meio dos nossos respectivos perispritos. 8 Os Espritos da Codificao nos esclarecem que o perisprito o invlucro intermedirio, por meio do qual o Esprito desencarnado atua sobre os nossos sentidos. Sob esse envoltrio que aparecem, s vezes, com uma forma humana, ou com outra qualquer, seja nos sonhos, seja no estado de viglia, assim em plena luz, como na obscuridade. 8 Nos fenmenos visuais no ocorre uma condensao dos fluidos perispirituais, como acontece nos fenmenos fsicos, de modo geral. A combinao dos fluidos do mdium com os do Esprito apresenta uma disposio especial sem analogia para ns encarnados necessria percepo medinica. 9 Todas as pessoas podem ver Espritos durante o sono; no estado de viglia depende, porm, da organizao fsica que lhes permite maior ou menor expanso perispiritual e combinao com o perisprito do desencarnado. 10 2.3 O papel do perisprito nas manifestaes de efeitos intelectuais Nesta categoria, o perisprito ocupa papel de intermedirio das idias e do processo de elaborao mental existente entre o Esprito comunicante e o mdium. A ligao maior, entre as duas entidades, no plano mental. A expresso das idias, o teor da mensagem, contudo, so manifestados via perisprito. O perisprito do mdium transmite aos circunstantes de uma reunio medinica o pensamento do Esprito comunicante, os seus sentimentos o seu estado emocional, de alegria ou de tristeza, de dor ou de paz, de desarmonia ou de desequilbrio.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Segunda Parte. Cap. IV, item 74, pergunta 8, p. 93. 2.______. Pergunta 9, p.93. 3.______. Pergunta 11, p.94. 4.______. Pergunta 12.(Nota), p.94. 5.______. Pergunta 14 p.95. 6.______. Cap. V, item 96, p. 119. 7.______. Cap. VI, Item 100, pergunta. 21, p. 136. 8.______. Pergunta 22, p. 136. 9.______. Pergunta. 23, p. 136-137. 10.______. Pergunta. 26, p. 137. 11.______. Obras Pstumas. Traduo de Guillon Ribeiro. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira Parte, cap. II (O perisprito como princpio das manifestaes), item 9, p. 44-45. 12.______. Item 10, p. 45. 13.______. Item 12, p. 45. 14.______. Item 13, p. 46. 15. ______. Item 14, p. 46. 16. XAVIER, Francisco Cndido, e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 1 (Ondas e percepes), p. 24. 17.______. Item: Tipos e definies, p. 24. 18.______. p. 23. 19.______. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 1 (Estudando a mediunidade), p. 17-18. 20.______. Pensamento e Vida. Pelo Esprito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 8 (Associao), p. 39. 21.______. p. 40 22.______. p. 42.
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PROGRAMA I
MDULO II
Transes Psquicos
Objetivos especcos
SUBSDIOS
1. DEFINIO DE TRANSE A palavra transe genericamente entendida como qualquer alterao no estado de conscincia. Etimologicamente, no entanto, significa momento crtico, crise, lance (dic. Contemporneo da Lngua Portuguesa, Caldas Aulete.) um estado especial, entre a viglia e o sono, que de alguma sorte abre as portas da subconscincia [...]. 5 O estado de transe no significa a supresso, mas a interiorizao da conscincia. Mesmo nos estgios mais profundos, algo no se extingue e permanece vigilante, maneira de sistema secundrio, mas ainda ativo. 7
O transe pode ser superficial ou profundo. So dois estados ou graus extremos, devendo haver uma gradao entre um e outro. O transe parcial est situado entre o transe superficial e o profundo. No transe superficial, no h amnsia lacunar, o paciente se recorda de tudo e pode, inclusive, pr em dvida o ter permanecido em transe. 8 O transe profundo ou sonambulismo caracterizado pela extrema sugestibilidade e amnsia lacunar. 8 Como no transe profundo a pessoa fica, em geral, inconsciente, alguns estudiosos julgam que ela entra em sono magntico ou hipntico 4. Nessas condies, o corpo fludico exterioriza-se, desprende-se do corpo carnal, e a alma fica livre, ou emancipada. Naturalmente, no ocorre a separao absoluta, o que causaria a morte. No entanto, um lao invisvel continua a prender a alma ao seu invlucro terrestre. Semelhante ao fio telefnico que assegura a transmisso entre dois pontos, esse lao fludico permite alma transmitir suas impresses pelos rgos do corpo adormecido. 13 Outros estudiosos, porm, entendem que o transe no um estado de sono, independente de ser superficial ou profundo, natural ou sob ao
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2. GRAUS DO TRANSE
magntica. A dificuldade em associar o transe ao sono o fato de a conscincia no estar preservada neste ltimo 6. No transe, h preservao da conscincia. Mesmo no transe provocado por hipnose, no h como confundi-lo com o sono, sobretudo se o hipnotizador ordenar ao hipnotizado que haja normalmente, como se estivesse acordado. 7 Acrescentamos que estudos eletroencefalofrficos assinalam diferenas entre a atividade eltrica do crebro na hipnose (transe) e no sono 7, mostrando, portanto, que so fenmenos distintos, apesar de semelhantes.
3. DURAO DO TRANSE (...) pode ser fugaz e imperceptvel para os circunstantes um sbito mergulho no inconsciente ou prolongado, com visveis alteraes do estado psquico. 8
4. MECANISMOS DO TRANSE O mecanismo bsico do transe consiste, possivelmente, numa onda inibitria que varre a superfcie cerebral. 9 O transe pode colocar o indivduo em contato mais ntimo consigo mesmo, com a sua personalidade integral subconsciente. 9 No muito fcil compreender o mecanismo bsico do transe. Sabe-se, por exemplo, que sob qualquer forma e grau em que se manifeste, h sempre um contedo anmico da pessoa que est sob a sua ao. o que ocorre quando o transe de origem medinica. Mesmo quando o mdium entra em transe profundo, no se recordando depois do contedo da mensagem esprita que ele transmitiu, percebese que o Esprito comunicante retira dos arquivos mentais do seu intermedirio encarnado os elementos necessrios para produzir a comunicao. A dificuldade est em entender de que forma o Esprito tem acesso aos arquivos da memria. Como tudo ocorre em nvel mental, seja do Esprito comunicante, seja do mdium, apenas hipteses podem ser lanadas sobre a ocorrncia do fenmeno. Esse acesso que os Espritos fazem ao inconsciente do mdium, naturalmente com permisso deste, claramente observado nas comunicaes medinicas em lnguas estrangeiras, lnguas em que, muitas vezes, o mdium no sabe se expressar, na atual encarnao.
5. TIPOS DE TRANSE Para fins do nosso estudo, vamos classific-lo em trs tipos: a) transe patolgico; b) transe espontneo;
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c) transe provocado. d) transe qumico. No transe patolgico, o fator mrbido atua como desencadeante. Traumatismos, particularmente crnio-enceflicos, estado de coma, delrio febril, perodo pr-agnico so algumas condies [situaes] em que, suprimidas ou modificadas as relaes normais com o mundo exterior, surge eventualmente o transe [...]. 10 O caso mais elementar ocorre no chamado estado crepuscular dos epilpticos e histricos. O indivduo tem a crise convulsiva e depois fica longo tempo como que abobado ou desligado, falando coisas sem nexo, sem noo de espao e tempo. 15 Os transes espontneos ocorrem em pessoas naturalmente predispostas: mdiuns e sonmbulos. 16 As principais formas do transe provocado so: o hipntico, o medinico, o anmico e o qumico. a) O transe hipntico uma variante do processo do sono. um sono experimental, provocado, conduzido, que caminha e se aprofunda dentro dos mesmos processos do sono normal [...]. 17 A inibio ou bloqueio da atividade cerebral, no hipnotismo, leva a pessoa a dormir. No hipnotismo, usando-se, por exemplo, estmulos luminosos repetidos, os quais cansam a zona cerebral da viso 17, produz-se uma rea de inibio da atividade consciente da pessoa que est sendo hipnotizada e, ento, ela entra em transe. 17 Isto tudo dentro da relatividade que existe em todos os fatos da Natureza, porque embora a tcnica do sono seja a mais corrente, existe o hipnotismo vgil, em que o sujet obedece s sugestes, plenamente acordado o hipnotizador no pronuncia a palavra sono, ou equivalente, ao lev-lo hipnose. 11 Na hipnose, o hipnotizador usa da sugesto magntica, com auxlio de objetos (pndulo, diapaso, focos luminosos etc.). O paciente chamado de sujet (sujeito, indivduo, ser.) A sugesto consiste, afinal, em inocular na subconscincia de outrem uma representao, um sentimento, um impulso, que lhe escapa ao crivo racional e se cumpre automaticamente, desde que no se colida com seus princpios morais. Se o indivduo sugestiona a si prprio, trata-se de auto-sugesto; se outro lhe sugere algo, dir-se- hetero-sugesto. 12 O fenmeno hipntico conhecido desde a Antigidade. O Egito faranico, atravs dos seus sacerdotes, que pesquisavam os mais variados fenmenos psquicos com os recursos de que dispunham, dedicou diversos templos ao sono, nos quais se realizavam as experincias hipnolgicas de expressivos resultados. Os taumaturgos caldeus praticavam-no com finalidades teraputicas [...]. Deve-se, porm, a Frederico Antnio Mesmer o grande impulso que o trouxe aos tempos modernos. Todavia, merece considerado que Paracelso, autor do conceito e teoria do fluido, anteriormente j se interessara por experincias magnticas, que seriam posteriormente desdobradas por Mesmer. Considerava Mesmer o fluido como sendo o meio de uma influncia
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mtua entre os corpos celestes, a Terra e os astros, afirmando que esse fluido se encontra em toda parte e enche todos os espaos vazios, possuindo a propriedade de receber, propagar e comunicar todas as impresses do movimento. 14 O cirurgio ingls James Braid foi quem introduziu a palavra hipnotismo, em substituio a magnetismo. b) O transe medinico, provocado por um Esprito, oferece gradaes, ora relacionadas ao gnero da mediunidade (na sonamblica e na materializao, por exemplo, o transe mais profundo), ora em decorrncia da ao espiritual, isto , h Espritos cuja manifestao induz a transes mais profundos ou, ao contrrio, mais superficiais. Na categoria de mdiuns escreventes, por exemplo, h os mdiuns mecnicos. O que caracteriza esse fenmeno que o mdium no tem a menor conscincia do que escreve. 1 Os mdiuns intuitivos tm conscincia do que escreve, embora no exprima o seu prprio pensamento. 2 E existe, tambm, o mdium semimecnico que participa de ambos os gneros. Sente que sua mo uma impulso dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem conscincia do que escreve, medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. 3 c) O transe anmico, ou sonamblico, provocado pela prpria pessoa ao se desligar parcialmente do corpo fsico. Este tipo de transe favorece a manifestao dos fenmenos de emancipao da alma, tais como: bicorporeidade, dupla vista, xtase, catalepsia, letargia, sonambulismo, transfigurao etc. d) O transe qumico o produzido pela ao de substncias qumicas. Desde a Antigidade recorreu-se ao uso de certas drogas, durante os rituais religiosos. No Brasil, o lcool usado, associado ao transe, em alguns cultos africanistas, cultos esses que fazem parte do continuum medinico. Os mexicanos usavam o cactus sagrado, o mescal. Os indianos consumiam o soma, bebida inebriante. [...] 18 H, ainda, o transe provocado por narcticos, psicotrpicos, excitantes, que levam a pessoa a estados de transe, conforme a dosagem e o tipo de substncia utilizada.
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GLOSSRIO Aideico (ou Anidesmo) Amnsia lacunar Incapacidade de associar idias, em virtude de perturbaes da memria e da ateno.
Lacunas limitadas da memria. Estas limitaes podem referir-se a fatos, situaes ou acontecimentos vividos, ou a um lapso de tempo (a pessoa perderia a noo de tempo, hora ou perodos especficos). Perda da memria para eventos temporrios. (*) Diz respeito a uma marca, sinal ou defeito existente no indivduo desde o seu nascimento. Pode ser herdado, ou no, dos pais ou ascendentes. importante assinalar que o mdium traz disposio orgnica congnita para o exerccio medinico. Ou consciente, representa o psiquismo de superfcie com as costumeiras aes intelectivas do nosso dia-a-dia (Jorge Andra Viso Esprita das Distonias Mentais). Parte moral e autocrtica de si mesmo, onde existem os padres de conduta e juzos de realizaes e valor.
Congnito
Conscincia
Excitantes
Substncia, medicamentos que tm ao estimulante, isto , que agem no organismo produzindo exacerbao das funes vitais. Por exemplo: taquicardia (aumento do ritmo cardaco). Agente que estimula a atividade de um rgo. (*)
(*) Dicionrio Mdico BLAKISTON. Organizao Andr Editora Ltda. So Paulo, SP.
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Estado crepuscular
Refere-se a um estreitamento transitrio da conscincia, seguido ou no de alucinaes. A pessoa pode praticar atos no habituais, incompreensveis, agressivos ou no; pode perambular ao lu, sem se dar conta. um estado que pode ser breve ou durar dias, mas seguido de amnsia. comum nos epilpticos e histricos. O estado crepuscular pode tambm ser entendido como o de semi-inconscincia, que precede o sono. (*)
Hereditrio
Diz respeito herana de caracteres que os filhos ou os descendentes herdam de seus pais ou ascendentes. A herana gentica pode ou no se manifestar congenitamente. H uma certa tendncia hereditria para a manifestao da faculdade medinica. Psicgrafos, por exemplo, so comuns numa mesma famlia. Ou subconsciente, a parte da mente, ou da personalidade, fora do campo imediato da conscincia. Em psiquiatria, corresponde conduta ou s experincias no governadas pelo ego consciente. a zona da mente espiritual onde se encontram os arquivos e as potencialidades totais do ser. (Jorge Andra - Viso Esprita nas Distonias Mentais).
Inconsciente
Mrbido
Que causa doena; relativo doena. O fator mrbido a causa ou o agente da doena. Mrbido pode ser entendido tambm como fator patolgico, anormal ou insalubre.
Metagnomo
Narcticos
Substncias que provocam a narcose; que fazem dormir. Qualquer droga que entorpece os sentidos induz ao sono, reduz a sensibilidade, combate a dor e pode levar dependncia.
Psicotrpicos
Substncias medicamentosas que agem sobre o psiquismo, produzindo efeito calmante ou estimulante.
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Meta: alm, acima; gnome: conhecimento, inteligncia. Dizse de pessoas que possuem a capacidade de apossar-se de conhecimento fora do alcance da sua inteligncia. So os mdiuns ou indivduos paranormais, que captam as idias dos Espritos, em nvel acima do seu conhecimento consciente.
Taumaturgos
Diz-se de pessoas que fazem milagres, ou fatos considerados excepcionais, maravilhosos, fora do comum, sobrenaturais. Os mdiuns e os magnetizadores (hipnotizadores) j foram chamados de taumaturgos.
Vgil / viglia
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. Mdiuns Mecnicos. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004 Segunda Parte. Cap. XV, item 179, p.222. 2. ______. Item 180, p. 222-223. 3. ______. Item 181, p. 223-224. 4. AKSAKOF, Alexandre. Um Caso de Desmaterializao. Traduo de Joo Loureno de Souza. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994. Cap. V (Histria das Aparies de Katie King), item: Primeiras aparies de Katie King, p. 112. 5. CERVIO, Jayme. Alm do Inconsciente. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 17 (O Transe). 6. ______. p. 19. 7. ______. p. 20. 8. ______. p. 21. 9. ______. p. 22-23. 10. ______. p. 23. 11. ______. p. 24. 12. ______. p. 25. 13. DENIS, Lon. No Invisvel. Traduo de Leopoldo Cirne. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda parte (O Espiritismo Experimental: os fatos), cap. XIX (Transes e incorporaes). p. 249. 14. FRANCO, Divaldo Pereira. Nos Bastidores da Obsesso. Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 4 (Estudando o hipnotismo), p. 89. 15. LEX, Ary. Do Sistema Nervoso Mediunidade. So Paulo: FEESP, 1993, p. 77-78 (Formas de transe). 16. ______. p. 78. 17. ______. p. 79. 18. ______. p. 81.
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PROGRAMA I
MDULO II
Concentrao medinica
Objetivos especcos
SUBSDIOS
1. CONCENTRAO MEDINICA Concentrar significa reunir num centro. Fazer convergir ou tornar mais denso, mais ativo qualquer ato. Pode ainda dizer respeito a reunir as foras num ponto determinado, aplicar a ateno em algum assunto: meditar profundamente. Concentrao seria o mesmo que unio de foras. Em termos de concentrao medinica, podemos afirmar que constitui meio eficaz para se abrirem as portas que facultam o trnsito dos desencarnados, no incessante intercmbio que documenta a sobrevivncia e expressa a validade das aquisies morais intransferveis. 6 Nesse sentido, consideremos a concentrao mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor de fcil manejo que, acionado, oferece passagem energia comunicante, sem mais cuidados... A concentrao , por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e no uma situao passageira junto ao Cristo. 7 A concentrao medinica a base das comunicaes espritas. Quando a concentrao deficiente, no h boa produo medinica e, em determinadas situaes, possvel mesmo que no ocorra manifestao de Espritos. Muitos estudiosos do Espiritismo se preocupam com o problema da concentrao, em trabalhos de natureza espiritual. No so poucos os que estabelecem padro ao aspecto exterior da pessoa concentrada, os que exigem determinada atitude corporal e os que esperam resultados rpidos nas atividades dessa ordem. Entretanto, quem diz concentrar, forosamente se refere ao ato de congregar alguma coisa. [...] Boa concentrao exige vida reta. 14
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2. MECANISMOS DA CONCENTRAO MEDINICA Como qualquer outra atividade, a concentrao se desenvolve pelo exerccio. Assim, o mdium principiante deve armar-se de pacincia e de perseverana, at que consiga pratic-la adequadamente. Para tanto, o mdium deve aprender a utilizar duas ferramentas importantes: o pensamento e a vontade. 2.1 O pensamento O Pensamento fora criativa, a exteriorizar-se, da criatura que o gera, por intermdio de ondas sutis, em circuitos de ao e reao no tempo, sendo to mensurvel como o fotnio que, arrojado pelo fulcro luminescente que o produz, percorre o espao com velocidade determinada, sustentando o hausto fulgurante da Criao. A mente humana um espelho de luz, emitindo raios e assimilando-os [...]. 19 [...] a energia coagulante de nossas aspiraes e desejos. 21 O pensamento um atributo do Esprito. uma reflexo, ou um processo mental, criado ou refletido de outrem. Abrange o que sentimos e o que compreendemos. o resultado de uma operao mental, seja como fruto de um exame, ou de uma reflexo, na meditao ou na imaginao, a respeito de alguma coisa fsica ou metafsica. 8 Assim, quando a pessoa pensa, ela emite uma espcie de matria sutil radiante, muito viva e com grande poder de plasticidade. Entretanto, ele [o pensamento] ainda matria a matria mental, em que as leis de formao das cargas magnticas ou dos sistemas atmicos prevalecem noutro sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos [...]. 23 O pensamento, ou fluxo energtico do campo espiritual de cada criatura, graduado nos mais diversos tipos de oscilao, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legies anglicas, atravs de processos ainda inacessveis nossa observao, passando pelas oscilaes curtas, mdias e longas em que se exterioriza a mente humana, at as ondas fragmentrias dos animais, cuja vida psquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontnuos. 22 , pois, pelo pensamento que nos comunicamos com os Espritos. , igualmente, atravs do pensamento que eles captam as nossas idias, os nossos desejos e nos respondem. O intercmbio medinico est sempre fundamentado em entendimento mental. 12 Assim, a mediao entre dois planos diferentes, sem elevao de nvel moral estagnao na inutilidade. [...] Indubitavelmente, divinas mensagens descero do Cu Terra. Entretanto, para isso, imperioso construir canalizao adequada. Jesus espera pela formao de mensageiros humanos capazes de projetar no mundo as maravilhas do seu Reino. Para atingir esse aprimoramento
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ideal imprescindvel que o detentor de faculdades psquicas no se detenha no simples intercmbio. Ser-lhe- indispensvel a consagrao de suas foras s mais altas formas de vida, buscando na educao de si mesmo e no servio desinteressado a favor do prximo o material de pavimentao de sua prpria senda. 11 medida que o ser humano evolui, aprende a controlar suas emisses mentais. Esse controle administrado pela vontade. 2.2 A vontade Em todos os domnios do Universo vibra, pois, a influncia recproca. Tudo se desloca e renova sob os princpios de interdependncia e repercusso. O reflexo esboa a emotividade. A emotividade plasma a idia. A idia determina a atitude e a palavra que comandam as aes. 15 Assim, a [...] vontade a gerncia esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ao mental [...]. Para considerar-lhe a importncia, basta lembrar que ela o leme de todos os tipos de fora incorporados ao nosso conhecimento. 16 O crebro o dnamo que produz e energia mental, segundo a capacidade de reflexo que lhe prpria; no entanto, na Vontade temos o controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os problemas do destino. 17 Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos sculos de reparao e sofrimento, a inteligncia pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a imaginao pode gerar perigosos monstros na sombra, e a Memria, no obstante fiel sua funo de registradora, conforme a destinao que a Natureza lhe assinala, pode cair em deplorvel relaxamento. S a vontade suficientemente forte para sustentar a harmonia do esprito. 17 Em verdade, ela no consegue impedir a reflexo mental, quando se trate da conexo entre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei inderrogvel, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que administra, de modo a mant-los coesos na corrente do bem. 18 Numa reunio medinica, faz-se necessrio desenvolver o controle da emisso mental dos seus participantes, por meio da ao disciplinadora da vontade. Caso contrrio, a reunio perde as caractersticas que lhes so prprias de funcionar como um todo harmnico, em que as pessoas vibram em unssono, em torno de um mesmo propsito. A concentrao medinica s possvel quando o mdium aprende a controlar suas emanaes mentais e a administrar as suas emoes, a partir do momento em que entra em sintonia com entidades espiri-
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tuais. Quando ocorre a concentrao medinica, automaticamente se forma uma corrente mental, entre o mdium e o Esprito comunicante, denominada corrente medinica. atravs da corrente mental que ouvimos os pensamentos dos Espritos. por ela que eles se aproximam e fazem as ligaes necessrias para que ocorra o intercmbio medinico. No homem a corrente mental assume feio mais elevada e complexa. No crebro humano [...], ela no se exprime to-s maneira de impulso necessrio sustentao dos circuitos orgnicos, com base na nutrio e reproduo. pensamento contnuo, fluxo energtico incessante, revestido de poder criador inimaginvel. 25 Estabelecida a corrente mental, ei-la, [...] que se espraia sobre o cosmo celular em que se manifesta, mantendo a fbrica admirvel das unidades orgnicas [...]. 25 A corrente mental, segundo anotamos, vitaliza, particularmente, todos os centros da alma e, conseqentemente, todos os ncleos endcrinos e junturas plexiformes da usina fsica, em cuja urdidura dispe o Esprito de recursos para os servios da emisso e recepo, ou exteriorizao dos prprios pensamentos e assimilao dos pensamentos alheios. 26 Instalada a corrente mental, o resultado ser a gerao de um circuito medinico, que fornece campo propcio transmisso da mensagem do Esprito comunicante. Com a formao e manuteno do circuito medinico, o mdium registra o pensamento e os sentimentos do Esprito comunicante, dandolhe a oportunidade de ser ouvido ou visto pelos encarnados. Aplica-se o conceito de circuito medinico extenso do campo de integrao magntica em que circula uma corrente mental, sempre que se mantenha a sintonia psquica entre os seus extremos ou, mais propriamente, o emissor e o receptor. 28 O emissor , na reunio medinica, o Esprito comunicante, sendo o mdium o receptor da comunicao esprita. [...] O circuito medinico, dessa maneira, expressa uma vontade-apelo e uma vontade-resposta, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concordncia do mdium, fenmeno esse exatamente aplicvel tanto esfera dos Espritos desencarnados quanto dos Espritos encarnados, porquanto exprime conjugao natural ou provocada nos domnios da inteligncia, totalizando os servios de associao, assimilao, transformao e transmisso da energia mental. Para a realizao dessas atividades, o emissor e o receptor guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do crebro, em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontneos do Esprito, como sejam, ideao, seleo, autocrtica e expresso. 24 A Doutrina Esprita nos esclarece que no basta a ocorrncia de reunies medinicas, nem Espritos que se comuniquem com os encarnados. fundamental que os trabalhos medinicos sejam pautados em clima
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de equilbrio, sobretudo quando o comunicante no revela a harmonia desejada. A seriedade e a produtividade de uma reunio esto relacionadas com uma srie de fatores, que podem ou no favorecer o intercmbio medinico.
3. CONDIES PROPCIAS PARA A OBTENO DE CONCENTRAO MEDINICA 3.1 Cada componente do grupo precisa controlar ou disciplinar sua emisso mental. O Esprito, chegando a um meio que lhe seja completamente simptico, a se sentir mais vontade [...]. Se os pensamentos forem divergentes, resultar da um choque de idias desagradveis ao Esprito e, por conseguinte, prejudicial comunicao. O mesmo acontece com um homem que tenha de falar perante uma assemblia: se sente que todos os pensamentos lhe so simpticos e benvolos, a impresso que recebe reage sobre as suas prprias idias e lhe d mais vivacidade. A unanimidade desse concurso exerce sobre ele uma espcie de ao magntica que lhe decuplica os recursos, ao passo que a indiferena, ou a hostilidade o perturbam e paralisam. 1 3.2 O mdium precisa estar consciente do papel que desempenha na reunio. Mediao entre dois planos diferentes, sem elevao de nvel moral, estagnao na inutilidade. [...] Para atingir esse aprimoramento ideal imprescindvel que o detentor de faculdades psquicas no se detenha no simples intercmbio. Ser-lhe- indispensvel a consagrao de suas foras s mais altas formas de vida, buscando na educao de si mesmo e no servio desinteressado a favor do prximo o material de pavimentao de sua prpria senda. [...] No basta ver, ouvir ou incorporar Espritos desencarnados, para que algum seja conduzido respeitabilidade. 11 Devemos ter conscincia de que ser [...] mdium ser ajudante do Mundo Espiritual. E ser ajudante em determinado trabalho ser algum que auxilia espontaneamente [...]. Se no podemos entender isso, observemos o avio, por mais simples que seja. Tudo amparo inteligente e ao maquinal do comboio areo. Torres de observao esclarecem-lhe a rota e vigorosos motores garantem-lhe a marcha. Mas tudo pode falhar, se falharem o entendimento e a disciplina no aviador que est dentro dele. 21
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3.3 A reunio deve ser a mais homognea possvel O poder de associao dos pensamentos dos participantes da reunio produzir uma corrente mental e um circuito medinico, propcios manifestao dos Espritos. Desde que o Espirito de certo modo atingido pelo pensamento, como ns somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a mesma inteno, tero necessariamente mais fora do que uma s; mas, a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso que vibrem em unssono; que se confundam, por assim dizer, em um s, o que no pode dar-se sem a concentrao. 1 Toda reunio esprita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possvel. Est entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados srios e verdadeiramente teis. 2 Sendo o recolhimento e a comunho dos pensamentos as condies essenciais a toda reunio sria, fcil de compreender-se que o nmero excessivo dos assistentes constitui uma das causas mais contrrias homogeneidade. 3 Se os pensamentos divergentes dos circunstantes so uma causa de perturbao e insucesso, por um efeito contrrio, os pensamentos dirigidos para um objetivo comum, sobretudo quando elevado, produzem vibraes harmnicas que difundem no ambiente uma impresso de calma, de serenidade, que penetra o mdium e facilita a ao dos Espritos. 4 Devemos, pois, entender que uma [...] reunio medinica um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades so a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe mais fora ter, quanto mais homogneo for. 1 Os mais secretos pensamentos se revelam e interferem nas experincias medinicas. 5 Quando, s vezes, os membros de um grupo esto agitados por intensas preocupaes, pode a linguagem do mdium ressentir-se desse fato. O mesmo se dar com a ao dos Espritos sobre o mdium e reciprocamente. 5 A concentrao exige, pois, a harmonia do pensamento de todos os integrantes da reunio, porque achandose [...] a mente na base de todas as manifestaes medinicas, quaisquer que sejam as caractersticas em que se expressem, imprescindvel enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais [...]. Procederam acertadamente aqueles que compararam nosso mundo mental a um espelho. Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direo dos outros as imagens que criamos. [9] 3.4 A equipe deve colaborar com os dirigentes espirituais em qualquer situao Uma reunio medinica ser produtiva, se ocorrer concentrao medi-
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nica. A instabilidade do pensamento gera desarmonia na corrente vibratria. E esta desarmonia afeta o mdium, propriamente dito, o qual, em determinados momentos, parece que perde o fio das idias. Os colaboradores desencarnados geralmente procuram restabelecer o ritmo, o que nem sempre possvel, sobretudo quando os encarnados permanecem inquietos, deixando a mente vagar, criando imagens mentais alheias ao trabalho, preocupados com os afazeres domsticos ou impacientes com o desenrolar das atividades, na reunio. 13 No exerccio medinico, aceitemos o ato de servir por lio das mais altas do mundo. E lembremo-nos de que assim como a vida possui trabalhadores para todos os misteres, h mdiuns, na obra do bem, para a execuo de tarefas de todos os feitios. Nenhum existe maior que o outro. Nenhum est livre do erro. Todos, no entanto, guardam consigo a bendita possibilidade de auxiliar. Esse tem a palavra que educa, aquele a mo que alivia e aquele outro a pena que consola. Esse traz a orao que eleva, aquele transporta a mensagem que reanima e aquele outro mostra a fora de restaurar. 20 A cooperao espontnea o supremo ingrediente da ordem [...]. Cooperar significa obedincia construtiva aos impositivos da frente e socorro implcito s privaes da retaguarda. Quem ajuda ajudado, encontrando, em silncio, a mais segura frmula de ajuste aos processos de evoluo. 19
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Ncleos ou rgos endcrinos so centros produtores de secreo interna. Os hormnios so produzidos pelas glndulas endcrinas O mesmo que quantum de energia luminosa. (Quantum: unidade elementar da energia luminosa.) Sustentculo. Tudo o que serve para amparar alguma coisa.
Fotnio
Fulcro
Hausto
Junturas Plexiformes
Plexos
Sistema peridico
Ou tbua (tabela) peridica dos elementos qumicos. Diz-se da classificao de tomos de mesmo nmero atmico (carga nuclear) formadores de substncias simples ou compostas. A tabela peridica formada de 103 elementos qumicos, sendo o Hidrognio o primeiro da tabela e o Laurncio o ltimo. Desse total de 103 elementos, 92 so considerados de ocorrncia natural no Planeta.
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Rede formada por muitos filetes nervosos, musculares e vasculares, caracterizando, respectivamente: plexos nervosos, plexos musculares e plexos vasculares. , pois, o encadeamento de nervos, ou fibras musculares ou vasos (sangneos e linfticos).
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Segunda Parte. Cap. XXIX, item 331, p. 427 - 428. 2.______. p. 428. 3.______. Item 332, p. 428. 4. DENIS, Lon. No Invisvel. Traduo de Leopoldo Cirne. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte (O Espiritismo Experimental: as leis), cap. IX (Condies de experimentao), p.99. 5.______. p. 100. 6. FRANCO, Divaldo Pereira. Repositrio de Sabedoria. Pelo Esprito Joanna de ngelis. Salvador, BA: Alvorada, 1980, p. 99 (Concentrao). 7.______. Sementeira da Fraternidade. Por diversos Espritos. 3 ed. Salvador [BA]: Alvorada, 1979, p. 123, cap.25 (Mediunidade e Viciao). 8. SOUZA, Juvanir Borges. Tempo de Renovao. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Cap. 17 (Foras Espirituais ), p. 140. 9. XAVIER, Francisco Cndido. Encontro Marcado. Pelo Esprito Emmanuel. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. Cap.41 (Pensamento e Conduta), p. 127. 10.______. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 1 (Estudando a mediunidade), p. 17. 11. ______. Cap. 13 (Pensamento e mediunidade), p. 141-142. 12.______. Falando Terra. Por diversos Espritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Captulo: Sade, p. 147. 13.______. Os Mensageiros. Pelo Esprito Andr Luiz. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 47 (No trabalho ativo), p. 289. 14.______. p. 290. 15.______. Pensamento e Vida. Pelo Esprito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 1 (O espelho da alma), p. 12. 16.______. Cap. 2 (vontade), p. 16. 17.______. p. 17. 18.______. p. 17-18. 19.______. Cap. 3 (Cooperao), p. 21-22. 20.______. Seara dos Mdiuns. Pelo Esprito Emmanuel. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Captulo: Em Servio Medinico, p. 46. 21. ______. Captulo: Ser mdium, p. 138. 22. ______. Vozes do Grande Alm. Por diversos Espritos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 39 (Suicdio e Obsesso - mensagem do Esprito Hilda), p. 164.
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23. ______.e VIEIRA, Waldo. Crepsculos Mentais. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. 4 (matria mental) item: Pensamento das criaturas, p.48. 24.______. Cap. VI (Circuito eltrico e circuito medinico), item: conceito de circuito medinico), p. 56 - 60. 25.______. Cap. X (Fluxo mental), item: Corrente mental humana, p. 88. 26.______.p. 89.
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PROGRAMA I
MDULO II
A inuncia moral do mdium e do meio ambiente nas comunicaes medinicas
Esclarecer como a moralidade do mdium e o ambiente
Objetivos especcos
medinica.
SUBSDIOS
1. INFLUNCIA MORAL DOS MDIUNS NAS COMUNICAES DOS ESPRITOS O desenvolvimento da faculdade medinica no guarda relao com a moralidade do mdium. A faculdade, em si, [...] independe do moral. O mesmo, porm, no se d com seu uso, que poder ser bom, ou mau, conforme as qualidades do mdium. 1 Expliquemos. A mediunidade um dom que Deus nos concedeu como auxlio ao nosso progresso espiritual. Se h pessoas indignas que a possuem, que disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. 2 Os mdiuns que fazem mau uso das suas faculdades respondero por isto. Sero punidos duplamente, porque tm um meio a mais de se esclarecerem e o no aproveitam. Aquele que v claro e tropea mais censurvel do que o cego que cai no fosso. 2 Apesar de determinado mdium no possuir, ainda, moral elevada, no significa que ele esteja impedido de transmitir mensagem de um Esprito Superior. Isto pode acontecer em, pelo menos, trs situaes: a primeira, pela inexistncia de um medianeiro que oferea melhores condies para a transmisso da mensagem; a segunda, porque o Esprito comunicante pode ter a inteno de levar o mdium a refletir sobre sua conduta moral e empenhar-se na corrigenda; e a terceira, pela necessidade do grupo no qual o mdium atua. No entanto, causam estranheza, no poucas vezes, as comunicaes medinicas procedentes dos Espritos nobres atravs de pessoas insensatas ou portadoras de conduta irregular. [...] Todavia, com objetivos elevados, as entidades superiores, por falta s vezes de mdiuns que sintonizem
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com os seus relevantes propsitos, utilizam-se daqueles que encontram, com dupla finalidade: adverti-los atravs de orientaes seguras e auxiliar as pessoas confiantes ou necessitadas que lhes buscam o socorro. No se melhorando tais mdiuns, mais agravam o seu estado espiritual, pois que no se podem justificar posteriormente [...], sob a primria alegao de que ignoravam a gravidade dos deveres de que se encontravam investidos. Ademais, a mediunidade neutra em si mesma, qual telefone que pode ser utilizado por pessoas boas ou ms, de conduta elevada como reprochvel, ricas ou necessitadas [...]. 12 Malbaratar o precioso talento da mediunidade, deixando-a enxovalhar-se sob o uso com finalidades pueris e frvolas, indignas e vulgares, acarreta penosas aflies que impem renascimentos dolorosos [...]. 13 Outrossim, a incorreta utilizao dos recursos medinicos entorpece os centros de registro [canais medinicos ou centros de fora] e termina, quase sempre, por desarmonizar o psiquismo e a emoo, levando a patologias muito complexas. Mdiuns ciumentos, imorais, simonacos(*), exibicionistas, mentirosos e portadores de outras imperfeies morais pululam em toda parte, descuidados e levianos, acreditando-se ignorados pelas leis soberanas e supondo-se detentores de foras prprias, podendoas utilizar a bel-prazer sem qualquer responsabilidade nem conseqncia moral. Mesmo estes, vez que outra, so visitados pelos mentores espirituais compadecidos, que deles se acercam para os auxiliar, intentando despert-los para os deveres e os compromissos que lhes dizem respeito. 13 Se o mdium, do ponto de vista da execuo, no passa de um instrumento, exerce, todavia, influncia muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Esprito desencarnado se identifica com o Esprito do mdium, esta identificao no se pode verificar, seno havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim lcito dizer-se, afinidade. Ora, os bons tm afinidade com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades morais do mdium exercem influncia capital sobre a natureza dos Espritos que por ele se comunicam. Se o mdium vicioso, em torno dele se vm grupar os Espritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espritos evocados. As qualidades que, de preferncia, atraem os bons Espritos so: A bondade a benevolncia, a simplicidade do corao, o amor ao prximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam so: o orgulho, o egosmo, a inveja, o cime, o dio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixes que escravizam o homem matria. 3 Todas as imperfeies morais so outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espritos. A que, porm, eles exploram com mais habilidade o orgulho,
______________________ (*) SIMONACO: quem faz trfico de coisas santas.
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H ainda os mdiuns que se ligam a Espritos cnicos, cujas comunicaes so de natureza obscena. 5
2. INFLUNCIA DO MEIO AMBIENTE NAS COMUNICAES DOS ESPRITOS Os mdiuns que no possuem uma boa base de cultura doutrinria esprita, que trazem algumas imperfeies morais e no se esforam em combat-las, apresentam uma certa instabilidade nas comunicaes que recebem dos Espritos. So mdiuns que, por no se conscientizarem ainda da gravidade de que o
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porque a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos mdiuns dotados das mais belas faculdades e que, se no fora essa imperfeio, teriam podido tornar-se instrumentos notveis e muito teis, ao passo que, presas de Espritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amarssimas decepes. O orgulho, nos mdiuns, traduz-se por sinais inequvocos, a cujo respeito tanto mais necessrio se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeio, no tocante veracidade de suas comunicaes. Comea por uma confiana cega nessas mesmas comunicaes e na infalibilidade do Esprito que lhas d. Da um certo desdm por tudo o que no venha deles: que julgam ter o privilgio da verdade. O prestgio dos grandes nomes, com que se adornam os Espritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor prprio sofreria, se houvessem de confessar que so ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escut-los, nenhum apreo lhes do s opinies, porquanto duvidar do Esprito que os assiste fora quase uma profanao. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples observao crtica e vo s vezes ao ponto de tomar dio s prprias pessoas que lhes tm prestado servio. [...] Devemos tambm convir em que, muitas vezes, o orgulho despertado no mdium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, procurado e gabado e entra a julgar-se indispensvel. Logo toma ares de importncia e desdm, quando presta a algum o seu concurso. 4 Os mdiuns levianos e pouco srios atraem, pois, Espritos da mesma natureza; por isso que suas comunicaes se mostram cheias de banalidades, frivolidades, idias truncadas e, no raro, muito heterodoxas, espiriticamente falando. Certamente, podem eles dizer, e s vezes dizem, coisas aproveitveis [...]. Espritos hipcritas insinuam, com habilidade e preconcebida perfdia, fatos de pura invencionice, asseres mentirosas, a fim de iludir a boa-f dos que lhes dispensam ateno. 5
exerccio medinico se reveste, permanecem, levianos quo insensatos, vinculados s mentes ociosas e vulgares da erraticidade inferior, de onde igualmente procedem... Podem ser, s vezes, instrumentos de comunicaes srias, aproveitveis; no entanto, em razo da condio vibratria que se lhes decorre da conduta, mais facilmente se deixam influenciar pelos Espritos portadores de iguais condies evolutivas, com os quais convivem em acentuado comrcio psquico. Desse modo, constituem a grande mole de mdiuns frvolos e instveis. Esto sempre em conflito a respeito da legitimidade das comunicaes de que se vem objeto, ou, em caso contrrio, tombando em terrvel fascinao [...]. 14 O meio ambiente em que se acha o mdium pode exercer influncia - boa ou m - na comunicao medinica, sendo este um fato perfeitamente normal: Todos os espritos que cercam o mdium o auxiliam, para o bem ou para o mal. 6 Os Espritos superiores no vo s reunies onde sabem que a presena deles intil. 7 Nos meios pouco instrudos, mas onde h sinceridade, onde os mdiuns se esforam para renovar-se moralmente, eles vo de muito boamente. Podem afastarse das reunies onde predominam pessoas instrudas, mas que so orgulhosas, irnicas ou egostas. 8 Por outro lado, os Espritos inferiores (imperfeitos) no so impedidos de comparecer a reunies srias. Ao contrrio, os bons Espritos os encaminham a tais locais para que possam ser favorecidos pelos ensinamentos a ministrados. 9 A reunio caracterizada pela presena de pessoas levianas, inconseqentes, ocupadas com seus prprios prazeres, ambiente favorvel, propcio manifestao de Espritos do mesmo padro vibratrio. 10 possvel que nessa assemblia ftil comparea um Esprito superior, mas este vir para pronunciar [...] palavras ponderosas, como um bom pastor que acode ao chamamento de suas ovelhas desgarradas. Porm, desde que no se veja compreendido, nem ouvido, retira-se, como em seu lugar o faria qualquer de ns, ficando os outros com o campo livre. 11 O mdium que envida esforos com vistas ao seu aprimoramento moral, alm de tornar-se instrumento preferido dos Espritos superiores, aprende a auxiliar, com equilbrio, os sofredores que buscam amparo e consolo, dentro e fora da Casa Esprita. Nas tarefas de atendimento a Espritos sofredores por meio da psicofonia que a faculdade mais utilizada para essa finalidade , mesmo que o mdium se encontre numa situao moral-intelectual melhor do que a do Esprito comunicante, ir assenhorear-se da situao, agindo como se fora bondoso enfermeiro, que coloca os seus servios disposio de um doente caprichoso, desarmonizado.
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REFERNCIAS 1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 68. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Cap. XX, item 226, pergunta n 1, p. 283. 2.______. Pergunta 2, p. 284. 3.______. Item 227, p. 287-288. 4.______. Item 228, p. 288-289. 5.______. Item 230, p. 291. 6.______. Cap. XXI. Item 231, p. 294. 7.______. Pergunta 3, p. 294. 8.______. p. 294-295. 9.______. Pergunta 4, p. 294-295. 10.______. Item 232, p. 295-296. 11.______. p. 296. 12. FRANCO, Divaldo Pereira. Mdiuns e Mediunidades. Pelo Esprito Vianna de Carvalho. 2. ed. Niteri [RJ]: Arte e Cultura, 1991, p.85. 13. .______. p. 86. 14. .______. p. 89.
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PROGRAMA I
MDULO II
Educao e desenvolvimento do mdium
Objetivo especco
SUBSDIOS
1. EDUCAO OU DESENVOLVIMENTO DO MDIUM [...] medida que o mdium se torna mais hbil e aprimorado, melhores requisitos so colocados para a realizao do ministrio abraado. 17 Neste sentido, as orientaes fornecidas pelo Espiritismo, o esforo e a dedicao so fatores preponderantes. O local mais adequado para a prtica medinica o Centro Esprita, que funciona como escola de formao espiritual e moral. O Centro Esprita um ncleo de estudo, de fraternidade, de orao e de trabalho, com base no Evangelho de Jesus, luz da Doutrina Esprita. 14 Para o seu desenvolvimento o mdium conta com o auxlio de benfeitores espirituais, sob a orientao de seu Esprito Protetor. O Esprito protetor, anjo da guarda, ou bom gnio o que tem por misso acompanhar o homem na vida e ajud-lo a progredir. sempre de natureza superior, com relao ao protegido. 6 A sua atuao, junto ao protegido, sempre discreta, regulada de maneira a no tolher o livrearbtrio do encarnado. O Esprito protetor pode delegar a tarefa de proteo a outros Espritos, caso seja necessrio. Esses Espritos podem ser familiares do mdium, com o qual tm laos mais ou menos durveis, do qual se aproximam com o fim de lhe serem teis, dentro dos limites do poder que possuem, na maioria das vezes bem restrito. S atuam por ordem ou permisso dos protetores espirituais. 5 O protetor pode permitir, tambm, auxlio de Espritos simpticos. Estes se sentem atrados pelo mdium, por afeies particulares, por uma certa semelhana de gostos e de sentimentos. Normalmente, a durao de suas relaes circunstancial. 6 No plano fsico, cabe aos instrutores de cursos de mediunidade e aos dirigentes de grupos medinicos a tarefa de orientar os mdiuns. A equipe de encarnados, que atua nas tarefas de formao e educao do mdium, deve permanecer muito atenta natureza do trabalho, para dele obter bons frutos. A
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formao de bons mdiuns espritas conta no apenas com os esforos do candidato tarefa, mas exige segura orientao doutrinria e exemplos de moralidade crist, dos orientadores dos Centros Espritas. Fora disto como querer malhar em ferro frio: no podemos prestar orientaes ou esclarecimentos, se no estamos adequadamente orientados ou se nos mantemos distanciados do estudo. No devemos exigir manifestaes de pacincia, tolerncia ou respeito, se ainda no sabemos exemplificar tais virtudes. A educao, ou desenvolvimento do mdium, um trabalho para toda a vida. Comea antes da reencarnao, continua nela, prossegue no alm-tmulo. Considerando, porm, o trabalho educativo nos limites de uma encarnao, podemos definir algumas diretrizes bsicas. a) Necessidade de amparo espiritual, se a ecloso medinica se revela problemtica Ante a presena de problemas psquicos, emocionais ou fsicos, necessrio que o candidato ao mediunismo (*) receba assistncia espiritual, sua disposio na Casa Esprita. preciso que primeiro ocorra uma certa harmonizao espiritual, antes de se entregar ao exerccio medinico. o momento do atendimento espiritual: dilogo fraterno, recebimento do passe e da gua fluidificada; da participao em atividades de assistncia e promoo social e da frequncia s reunies pblicas evanglicodoutrinrias. O atendimento espiritual mediante dilogo fraterno ser de grande valia. A realizao do culto do Evangelho no Lar, bem como a aquisio do hbito de orar complementaro o trabalho de atendimento espiritual, reequilibrando o mdium e colocando-o em condies adequadas para o desenvolvimento medinico. O mdium, na fase de educao medinica, deve compreender que natural o surgimento de um clima psicolgico inconstante, de altos e baixos, isto porque a mediunidade, propiciando a interferncia dos desencarnados na vida humana, a princpio gera estados peculiares na rea da emotividade como nos estados fisiolgicos. Porque mais facilmente se registram as presenas de seres negativos ou perniciosos, a irradiao das suas energias produz esses estados anmalos, desagradveis, que podem ser confundidos com problemas patolgicos outros. 15
b) Necessidade de estudo O mdium tem obrigao de estudar muito, observar intensamente e tra(*) Mediunismo refere-se ao exerccio medinico.
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balhar em todos os instantes pela sua prpria iluminao. Somente desse modo poder habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os Espritos sinceros e devotados ao bem e verdade. 19 O estudo proporcionar conhecimento ao mdium, orientando-o a respeito da natureza dos Espritos que utilizaro sua faculdade medinica, e elucidando-o quanto s bases dessas relaes. Uma multido de Espritos nos cerca, sempre vidos de se comunicarem com os homens. Essa multido sobretudo composta de almas pouco adiantadas, de Espritos levianos, algumas vezes maus, que a densidade de seus prprios fluidos conserva presos Terra. As inteligncias elevadas, animadas de nobres aspiraes, revestidas de fluidos sutis, no permanecem escravizadas nossa atmosfera depois da separao carnal: remontam mais alto, a regies que o seu grau de adiantamento lhes indica. Da baixam muitas vezes certo para velar pelos seres que lhes so caros; imiscuem-se conosco, mas unicamente para um fim til e em casos importantes [...]. 12 O escolho com que topa a maioria dos mdiuns principiantes o de terem de haver-se com Espritos inferiores e devem dar-se por felizes quando so apenas Espritos levianos. Toda ateno precisam pr em que tais Espritos no assumam predomnio, porquanto, em acontecendo isso, nem sempre lhes ser fcil desembaraar-se deles. ponto este de tal modo capital, sobretudo em comeo, que, no sendo tomadas as precaues necessrias, podem perder-se os frutos das mais belas faculdades. 8 c) Necessidade de auto-conhecimento e de moralizao O empenho do mdium em se moralizar, na verdade, deve fazer parte do processo global de sua auto-educao. Isto porque, desenvolvida no homem a razo, ao ponto de lhe tornar possvel julgar e discernir, chega ele ao perodo em que, pelo desenvolvimento do seu livre-arbtrio [...], assumindo a responsabilidade de seus atos, lhe cumpre tomar sobre si a tarefa da prpria educao. 9 A criatura humana deve procurar conhecer-se a si mesma, para saber como orientar a sua auto-educao. [...] Cumpre-lhe, ao mesmo tempo, conhecer as qualidades que deve procurar desenvolver em si e os hbitos viciosos e os obstculos que a poderiam embaraar no desempenho da sua tarefa, hbitos e vcios que lhe importa destruir sem contemplaes. 10 Para uma auto-educao esmerada, preciso permanente exame de conscincia, a fim de conhecer-se sempre, a todo momento, o estado da prpria alma. Deste modo, resolvido a aperfeioar-se, o indivduo no perde ocasio de estimular o desenvolvimento das virtudes nascentes em si e de afogar os vcios e maus hbitos que o prejudicaram. 11
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tarefa plenamente realizvel por meio do poder da vontade e da perseverana, auxiliada pela prtica equilibrada e bem orientada da mediunidade. d) Importncia do trabalho contnuo no bem Nada verdadeiramente importante se adquire sem trabalho. Uma lenta e laboriosa iniciao se impe aos que buscam os bens superiores. Como todas as coisas, a formao e o exerccio da mediunidade encontram dificuldades bastantes vezes assinaladas; convm insistirmos nisso, a fim de prevenir os mdiuns contra as falsas interpretaes, contra as causas de erros e de desnimo. 12 Na educao do mdium no existem regras fixas nem programas simples para uma orientao de resultados rpidos. 16 Assim, [...] imprescindvel enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais, os nicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para ns, das Esferas Mais Altas, atravs dos gnios as sabedoria e do amor que supervisionam nossas experincias. 20 O aprendiz da mediunidade deve render culto ao dever; trabalhar espontaneamente; no acreditar-se superior ou inferior a ningum; no esperar recompensas no mundo; no centralizar as tarefas em sua pessoa; no se deixar conduzir pelas dvidas; estudar sempre; evitar a irritao; desculpar incessantemente; no temer perseguidores quando nas tarefas de caridade e de amor em benefcio do prximo. 18 Faculdades medianmicas e cooperao do mundo espiritual surgem por toda parte. Onde h pensamento, h correntes mentais e onde h correntes mentais existe associao. E toda associao interdependncia e influenciao recproca. Da conclumos quanto necessidade de vida nobre, a fim de atrairmos pensamentos que nos enobrea. Trabalho digno, bondade, compreenso fraterna, servio aos semelhantes, respeito Natureza e orao constituem os meios mais puros de assimilar os princpios superiores da vida, porque damos e recebemos, em esprito, no plano das idias, segundo leis universais que no conseguiremos iludir. 22 O mdium vigilante, mesmo quando no incio de suas tarefas, procura estar atento s artimanhas e aos assaltos dos nossos irmos retardatrios que habitam o plano espiritual. Eles no tm escrpulos de se aproveitarem das nossas imperfeies para nos ludibriar. Deve estar ciente de que o inspirador invisvel, ainda preso a imperfeies, conhecendo-lhe os lados vulnerveis, lisonjeia-lhe o amor prprio e as opinies, superexcita-lhe a vaidade, cumulando-o de elogios e prometendo-lhe maravilhas. Pouco a pouco, desviando-o de qualquer influncia benfica, de todo o exame esclarecido, leva-o a se insular em seus trabalhos. o comeo de uma obsesso, de um domnio exclusivista, que pode conduzir o
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mdium a sofrimentos maiores. Esses perigos foram, desde os primrdios do Espiritismo, assinalados por Allan Kardec; mas todos os dias, estamos ainda vendo mdiuns deixarem-se levar pelas sugestes de Espritos embusteiros e serem vtimas de mistificaes que os tornam ridculos e vm a recair sobre a causa que eles julgam servir. 13 e) Necessidade de aprender a relacionar-se com o mundo espiritual Ningum realmente esprita altura desse nome, to-s porque haja conseguido a cura de uma escabiose renitente, com o amparo de entidades amigas, e se decida, por isso, a aceitar a interveno do Alm-Tmulo na sua existncia; e ningum mdium, na elevada conceituao do termo, somente porque se faa rgo de comunicao entre criaturas visveis e invisveis. Para conquistar a posio de trabalho a que nos destinamos, de conformidade com os princpios superiores que nos enaltecem o roteiro, necessrio concretizar-lhes a essncia em nossa estrada, por intermdio do testemunho de nossa converso ao amor santificante. [...] Mediao entre dois planos diferentes, sem elevao de nvel moral, estagnao na inutilidade. O pensamento to significativo na mediunidade, quanto o leito importante para o rio. Ponde as guas puras sobre um leito de lama ptrida e no tereis seno a escura corrente da viciao. Indubitavelmente, divinas mensagens descero do Cu Terra. Entretanto, para isso, imperioso construir canalizao adequada. 21 Portanto, precisamos compreender [...] que os nossos pensamentos so foras, imagens, coisas e criaes visveis e tangveis no campo espiritual. Atramos companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idias, aspiraes e apelos. Energia viva, o pensamento desloca, em torno de ns, foras sutis, construindo paisagens ou formas e criando centros magnticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuao ou recebemos a atuao dos outros [...]. Comunicar-nos-emos com as entidades e ncleos de pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia. 23 f) A mediunidade no deve ser profissionalizada O mdium deve compreender que [...] a mediunidade coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. 4 A mediunidade sria no pode ser e no o ser nunca uma profisso, no s porque se desacredita moralmente, identificada para logo com a dos ledores da boa-sorte, como tambm porque um obstculo a isso se ope. que se trata de uma faculdade essencialmente mvel, fugidia e mutvel, com cuja perenidade, pois, ningum pode contar. Constituiria, portanto, para o explorador, uma fonte absolutamente, incerta de receitas, de natu-
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reza a poder faltar-lhe no momento exato em que mais necessria lhe fosse. Coisa diversa o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho e que, por essa razo mesma, representa uma propriedade da qual naturalmente lcito , ao seu possuidor, tirar partido. A mediunidade, porm, no uma arte, nem um talento, pelo que no pode torna-se uma profisso. Ela no existe sem o concurso dos Espritos; faltando estes, j no h mediunidade. Pode subsistir a aptido, mas o seu exerccio se anula. [...] Explorar algum a mediunidade , conseguintemente, dispor de uma coisa da qual no realmente dono. 3 g) Mdiuns investidos de mandato medinico A mediunidade deve sempre ser entendida como um dos instrumentos que Deus nos concede para o nosso aperfeioamento espiritual. No entanto, a prtica medinica pode ocorrer sob a forma de uma prova ou resgate de atos cometidos em existncias passadas (mediunidade provacional), ou como misso. Pela mediunidade provacional, o mdium aprende a se harmonizar com o bem, desenvolve virtudes morais, no contato com o sofrimento dos Espritos que o utilizam nas suas manifestaes. Fato diverso ocorre na mediunidade missionria. Nessa situao, o mdium j est harmonizado com o bem. Revela-se um missionrio, um instrumento de renovao social no seio de uma sociedade. O mdium missionrio mesmo que no se d conta da misso de que foi investido sempre um Esprito esclarecido, superior, cujos exemplo se assemelham aos de um pastor que conduz suas ovelhas. Isto no significa, porm, que no tenha provas ou mesmo expiaes a vencer, uma vez que ainda no um Esprito puro. As misses dos Espritos tm sempre por objetivo o bem. [...] So [eles], incumbidos de auxiliar o progresso da humanidade, dos povos ou dos indivduos, dentro de um crculo de idias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais e de velar pela execuo de determinadas coisas. Alguns desempenham misses mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como sejam assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituram guias e protetores, dirigi-los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos [...]. O Esprito se adianta conforme a maneira por que desempenha a sua tarefa. 7 Allan Kardec, em O Livro dos Mdiuns, segunda parte, captulo XXXII Vocabulrio Esprita denomina mediumato a misso providencial dos mdiuns. importante destacar que essa misso representa, de ordinrio, uma renovao social, capaz de impulsionar o progresso, em uma determinada rea do saber humano. Fato diverso ocorre com algumas pessoas, inclusive mdiuns, que, apesar de promoverem uma certa movimentao de idias, no so portadores de misso
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superior. importante, tambm, relembrar os caracteres do verdadeiro missionrio, segundo palavras de Kardec: Em todas as coisas, o mestre h de sempre saber mais do que o discpulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, so precisos homens superiores em inteligncia e em moralidade. Por isso, para essas misses so sempre escolhidos Espritos j adiantados, que fizeram suas provas noutras existncias, visto que, se no fossem superiores ao meio em que tm de atuar, nula lhes resultaria a ao. 1 Isto posto, (...) O verdadeiro missionrio de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influncia moralizadora de suas obras, a misso de que se diz portador. 1 Outra considerao: Os verdadeiros missonrios de Deus ignoram-se a si mesmo, em sua maior parte; desempenham a misso a que foram chamados pela fora do gnio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desgnio premeditado. Numa palavra: Os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, so adivinhados, ao passo que os falsos profetas se do, eles prprios, como enviados de Deus. O primeiro humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de s, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre
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REFERNCIAS
1.KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XXI. Item 9, p. 323. 2.______. p. 324. 3.______. Cap. XXVI, item 9, p. 366-367. 4.______. Item 10, p. 367. 5.______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Questo 508, p. 262. 6.______. Questo 514, p. 263-264. 7.______. Questo 569, p. 284 - 285. 8.______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, segunda parte. Cap. XVII, item 211, p. 254. 9. AGUAROD, Angel. Auto-educao. Grandes e Pequenos Problemas. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, Cap. X (ltimos problemas), p. 217, item I (Auto-educao). 10.______. p. 218-219. 11.______. p. 219-220. 12. DENIS, Lon. No Invisvel. Traduo de Leopoldo Cirne. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte (O Espiritismo Experimental: as leis), cap. VI (Educao e funo dos mdiuns), p. 60. 13. ______. p. 61. 14. FEDERAO ESPRITA BRASILEIRA/CFN. Orientao ao Centro Esprita. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 19 (Os Centros Espritas). 15. FRANCO, Divaldo Pereira. Mdiuns e Mediunidades. Pelo Esprito Vianna de Carvalho. 2. ed. Niteri [RJ]: Arte e Cultura, 1991, p. 61 (Educao das foras medinicas). 16.______. p. 62. 17.______. p. 63. 18. XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. O Esprito da Verdade. Diversos Espritos. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 22-23 (Declogo para mdiuns). 19. XAVIER, Francisco Cndido. O Consolador. Pelo Esprito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questo 392, p. 217-218. 20.______. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 1 (Estudando a mediunidade), p. 17. 21. ______. Cap. 15 (Foras viciadas), p. 140-141. 22.______. p. 167-168. 23.______. Roteiro. Pelo Esprito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 28 (Sintonia), p. 120.
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PROGRAMA I
PRTICA - Mdulo II
O exerccio de irradiao mental, tambm denominado mentalizao ou irradiao distncia, visa: a) estimular o estudante da mediunidade a fazer expanses do pensamento - fundamentadas nos princpios da ideoplastia, ensinados por Allan Kardec -, por meio da ao da vontade. b) destacar a importncia dessas expanses mentais, para benefcio prprio, e para a manuteno da harmonia da reunio medinica.
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ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 2 Prtica: Irradiao Mental
SUGESTES DE EXERCCIOS DE IRRADIAO MENTAL A finalidade do exerccio de irradiao mental desenvolver a expanso do pensamento e dos fluidos, produzindo ideoplastias (ou imagens mentais), base das irradiaes mentais, sob o controle da vontade. importante considerar o seguinte: a) se necessrio, associar uma prece s irradiaes mentais; b) pode-se colocar uma msica suave, tocada em surdina, durante a irradiao. No se trata, porm, de uma exigncia, evitando-se, a propsito, a dependncia de s se fazer irradiaes mentais com msica; c) evitar qualquer tipo de prticas divorciadas da orientao esprita (posies corporais, respirao intencionalmente ritmada ou ofegante, uso de incenso etc.); d) as irradiaes no devem ser prolongadas: cinco minutos, no mximo; e) no realizar, em hiptese alguma, desdobramento da personalidade, ou entrar em transe medinico, uma vez que a finalidade do exerccio desenvolver a expanso mental e fludica, em apoio harmonizao ntima; f) as irradiaes, como a prece, podem ser feitas no lar, fora da Casa Esprita. 1. APRENDENDO A FAZER IRRADIAES MENTAIS 1 ROTEIRO:
Os participantes acompanham, mentalmente, as irradiaes que o monitor prope em benefcio da paz mundial, por exemplo. Evitando qualquer tipo de disperso visual, os participantes devem manter os olhos fechados, criando e irradiando as prprias imagens mentais. Ao final, o monitor ouve as impresses dos participantes, esclarecendo possveis dvidas.
2. APRENDENDO A FAZER IRRADIAES MENTAIS 2 ROTEIRO:
Os participantes indicam um tema para a irradiao mental: paz mundial, regies com conflitos blicos, um doente etc. O monitor inicia a irradiao, fazendo-a por brevssimo tempo. Em sequncia, quatro ou cinco participantes (previamente selecionados), colaboram na
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realizao do exerccio. Ao final, o monitor ouve as impresses dos participantes, esclarecendo possveis dvidas. 3. IRRADIAES APS OBSERVAO ATENTA DE UMA FIGURA ROTEIRO: Os participantes observam atentamente uma figura projetada pelo monitor, por exemplo, uma paisagem. Em seguida, fecham os olhos, fazendo irradiaes silenciosas, tendo como base a figura anteriormente observada. Concludo o exerccio, os participantes relatam os sentimentos e os pensamentos projetados, suscitados pela figura. 4. IDENTIFICANDO IDEOPLASTIAS EM COMPOSIES MUSICAIS ROTEIRO: O monitor conta aos participantes a seguinte histria, que estaria relacionada composio Sonata ao luar, de Beethoven: Beethoven teria composto esta sonata em homenagem a uma pessoa, cega desde a juventude. Conta-se que, durante uma viagem, o compositor e demais companheiros, foram surpreendidos por uma tempestade que causou estrago no eixo de uma das rodas da carruagem que os transportava. Sem condies de prosseguir, buscaram abrigo numa residncia situada prxima ao local do acidente. A dona da casa, uma senhora cega, os acolheu com alimento e hospedagem. Beethoven, em especial, mostrou-se sensibilizado com a cegueira da gentil e distinta anfitri, talvez porque ele mesmo possusse severa deficincia auditiva. Sabendo que a grande tristeza daquela senhora no era a cegueira, propriamente dita, mas a incapacidade de no poder apreciar uma noite de luar, como fazia nos saudosos anos da infncia, Beethoven, ento, comps a belssima pea musical, em homenagem a ela. No entanto, h quem diga que Beethoven comps essa potica melodia inspirando-se no luar sobre o lago Lucerna, na Sua. Na verdade, trata-se de uma composio impregnada de ideoplastias positivas, que tm o poder de nos transportar para um recanto de paz e beleza. Aps o relato da histria, os participantes escutam a msica Sonata ao luar, e, com os olhos fechados, procuram captar imagens e sentimentos que a bela composio musical transmite. O monitor ouve os relatos dos participantes sobre as ideoplastias captadas da msica.
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PROGRAMA I
Resumo Informativo
Objetivos especcos Realizar resumo informativo das obras espritas selecionadas. Fazer apresentao do resumo realizado em dia, hora e local pr-estabelecidos.
O resumo informativo das obras espritas, abaixo relacionadas, deve seguir as Consideraes Gerais para a realizao das atividades complementares.
RESUMO INFORMATIVO DE: O que o Espiritismo, de Allan Kardec. Edio FEB. Captulo II: Noes elementares de Espiritismo. O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, Edio FEB. Segunda Parte Captulo XIX: Do papel dos mdiuns nas comunicaes espritas. Captulo XX: Da influncia moral do mdium. Captulo XXI: Da influncia do meio.
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PROGRAMA I
CULMINNCIA - Mdulo II
Conduta Esprita: A prtica da caridade e do perdo como normas de conduta esprita Objetivo especco Associar a prtica da caridade e do perdo ao exerccio da mediunidade.
Sugestes ao instrutor para aplicao do Roteiro de Conduta Esprita a) Entregar aos alunos os textos, em anexo, para leitura individual ou em grupo. b) Pedir-lhes, a seguir, que realizem os exerccios propostos. c) Fazer a correo dos exerccios. d) Realizar uma sntese de todos os assuntos estudados no Mdulo, destacando a importncia desses conhecimentos para a formao do mdium esprita.
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ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 2 Culminncia do Mdulo: Conduta Esprita Textos para estudo individual ou em grupo
Roteiro: A prtica da caridade e do perdo como normas de conduta esprita
TEXTO N 1
COMO TRATAR MDIUNS (*) Voc pergunta a mim, Esprito desencarnado, qual a maneira adequada de tratar os mdiuns. Alega que muitos passaram por seu clima individual, sem que pudesse compreend-los. Comeam a tarefa, entusisticos, e, lestos, abandonam a sementeira. Alguns sustentam o servio por algum tempo; outros, contudo, no vo alm de alguns meses. Muitos se afastam, discretos, recuando deliberadamente, ao passo que outros tantos resvalam, e monte abaixo, atrados por fantasias tentadoras. Afirmando seu amor Doutrina que nos irmana agora, voc indaga com franqueza: como tratar essa gente, para que o Espiritismo no sofra hiatos nas demonstraes da sobrevivncia? No tenho pretenses a ensasta de boas maneiras. Malcriado quanto tenho sido, falece-me recurso para escrever cdigos de civilidade, mesmo no outro mundo. Creio, todavia, que o mdium deve receber tratamento anlogo ao que proporcionamos a qualquer ser humano normal. Trata-se de personalidade encarnada, com obrigaes de render culto dirio refeio, ao banho e ao sono comum. Deve atender vida em famlia, trabalhar e repousar, respeitar e ser respeitado. No guardar o talento medinico, maneira de enxada de luxo que a ferrugem carcome sempre, mas evitar a movimentao intempestiva de suas faculdades, tanto quanto o ferreiro preserva a bigorna. Cooperar, com satisfao, no esclarecimento dos problemas da vida, junto aos estudiosos sinceros; todavia, no entregar seus recursos psquicos curiosidade mals dos investigadores sem conscincia, detentores de leviandade incurvel, a pretexto de colaborar com os cientistas do clube danante, que vazam comentrios acadmicos, entre um sorriso de mulher bela e uma dose de aguardente rotulada de usque. Esta uma definio sinttica que me cumpre fornecer, de passagem; entretanto, j que voc se refere ao amor que assegura consagrar ao Espiritismo
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edificante, conviria sondar a prpria conscincia. Realmente, so inmeros os companheiros que se precipitam da tarefa medinica ao resvaladouro do desencanto e do sofrimento, como andorinhas de vo alto, atiradas, semimortas, do firmamento ao bojo escuro do abismo. Vemos, no entanto, que se os pssaros, algumas vezes, descem ao crculo tenebroso, sob o fascnio de perigosa iluso, na maioria dos casos caem mutilados sob golpes de caadores inconscientes. Doloroso dizer; contudo, quase todos os mdiuns so anulados pelos prprios amigos, sem maior considerao... O plano superior traa o programa de trabalho, benfico e renovador. O funcionrio da instrumentalidade concorda com os seus itens e dispe-se a execut-lo, mas, escancarada a porta do servio, a chusma de ociosos adensa-selhe em torno. Esqueamos a fileira compacta dos investigadores e curiosos que transformam em cobaia o primeiro psquico que lhe cai sob as unhas. As reclamaes insaciveis dos prprios irmos de ideal so mais venenosas. Identificando-as, somos forados a reconhecer que os espiritas modernos tm muito que aprender acerca do equilbrio prprio, antes que o primeiro mdium com tarefa definida possa cumprir integralmente sua misso. O intermedirio entre os dois planos move-se com extrema dificuldade para entregar s criaturas terrestre a mensagem de que portador. Se os adversrios gratuitos recebem-no a pedradas de ironia, os afeioados principiam por erigir-lhe pedestal envolto em grossas nuvens de incenso pernicioso. O servidor inicia o ministrio, quase sempre s tontas, embriagado pelo aroma ardiloso do elogio desregrado. Dentro em pouco tempo, no sabe como situar-se. Os adeptos e simpatizantes da causa se incumbem de convert-lo em permanente motivo de espetculo. Quando o exibicionismo no se prende tentao de convencer os vizinhos, fundamenta-se em supostas razes de caridade. Intensifica-se a luta entre a esfera superior, que deseja beneficiar o caminho coletivo com a projeo de nova luz sobre a noite dos homens, e a arena terrestre, onde os homens cuidam de manter, com desespero, os seus interesses imediatos na carne. O responsvel direto, pela ao medinica, raramente segue marcha regular. Se permanece no servio do ganha-po digno, os companheiros se encarregam de perturb-lo, chamando-o insistentemente para fora do reduto respeitvel em que procura ganhar a vida com nobreza e honestidade. Se mostra alguma instabilidade na realizao, improvisamse tribunais acusadores, ao redor dele; mas se revela perseverana no bem, surge, com mais mpeto, o assdio de elementos arrasadores, ansiosos por derrub-lo. Se permanece no posto, obrigado a respirar solido quase absoluta, de vez que as
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exigncias do servio se multiplicam, por parte dos companheiros de f, enquanto seus domsticos e afins, em regra geral, dele se afastam, cautelosamente, por no haverem nascido com a vocao de renncia. Passa a viver, compulsoriamente, as existncias alheias, inibido de caminhar na prpria rota. compelido a ingerir, com o almoo, fluidos de desesperao e inquietude de pessoas revoltadas e intemperantes que o buscam, ostentando o ttulo de sofredores. Debalde namora o banheiro com saudade de gua salutar na pele suarenta, porque os legtimos e falsos necessitados da prpria confraria lhe a absorvem as horas, reclamando ateno individual. Trabalha no setor cotidiano de ao sob preocupaes e expectativas infindveis da guerra nervosa. quando consegue a estao de pouso noturno, alcana o leito de corpo esfalfado e a resistncia em frangalhos. Se o vanguardeiro no retrocede, fustigado pelos demnios da imprudncia e da insensatez e se no se faz presa de entidades maliciosas que o conduzem ao palco da triste figura, cabe-lhe o destino da vlvula gasta prematuramente. Liga-se o aparelho radiofnico, entretanto, a mensagem chega rouquenha ou no pode enunciar-se. A mquina delicada estala e chia inutilmente. A eletricidade e a revelao sonora continuam existindo, mas o aparelho complicou-se, no pela lei do uso e, sim, pelos golpes do abuso. Compreende, acaso, o que estou comentando? A fora espiritual e a contribuio renovadora dos missionrios da sabedoria vibraro junto de vocs, todavia, como se exprimirem convenientemente se os interessados perseguem os aparelhos registradores e os inutilizam, atravs da exausto e do vampirismo, portadores de enfermidade e da morte? Como somos forados a reconhecer, meu caro, to difcil encontrar mdiuns aptos a lidarem com os espiritistas do primeiro sculo de codificao kardeciana, como raro encontrar espiritistas que saibam lidar com eles...
EXERCCIOS 1. Explique, em breves palavras, o significado da seguinte frase, constante do 11 pargrafo do texto lido: O intermedirio entre os dois planos move-se com extrema dificuldade para entregar s criaturas terrestres a mensagem de que portador. 2. Relacione trs maneiras adequadas de tratar os mdiuns, segundo o entendimento do texto lido. 3. Justifique a sua resposta.
_________________________ (*) XAVIER, Francisco Cndido. Luz Acima. Pelo Esprito Irmo X. 9 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 13, p. 63-66.
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ANEXO 2
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 2 Culminncia do Mdulo: Conduta Esprita Textos para estudo individual ou em grupo
TEXTO NO 2 NO PERDOAR (*) Bezerra de Menezes, j devotado Doutrina Esprita, almoava, certa feita, em casa de Quintino Bocaiva, o grande republicano, e o assunto era o Espiritismo, pelo qual o distinto jornalista passara a interessar-se. Em meio da conversa, aproxima-se um servial e comunica ao dono da casa: Doutor, o rapaz do acidente est a com um policial. Quintino, que fora surpreendido no gabinete de trabalho com um tiro de raspo, que, por pouco, no lhe atingiu a cabea, estava indignado com o servidor que inadvertidamente fizera o disparo. Manda-o entrar ordenou o poltico. Doutor roga o moo preso, em lgrimas , perdoe o meu erro! Sou pai de dois filhos... Compadea-se! no tinha qualquer m inteno... Se o senhor me processar, que ser de mim? Sua desculpa me livrar! Prometo no mais brincar com armas de fogo! Mudarei de bairro, no incomodarei o senhor... O notvel poltico, cioso da prpria tranqilidade, respondeu: De modo algum. Mesmo que o seu ato tenha sido de mera imprudncia, no ficar sem punio. Percebendo que Bezerra se sentia mal, vendo-o assim encolerizado, considerou, guisa de resposta indireta: Bezerra, eu no perdo, definitivamente no perdo... Chamado nominalmente questo, o amigo exclamou desapontado: Ah! Voc no perdoa! Sentindo-se intimamente desaprovado, Quintino falou, irritado: No perdo erro. E voc acha que estou fora do meu direito? O Dr. Bezerra cruzou os braos com humildade e respondeu: Meu amigo, voc tem plenamente o direito de no perdoar, contanto que voc no erre...
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A observao penetrou Quintino como um raio. O grande poltico tomou um leno, enxugou o suor que lhe caa em bagas, tornou cor natural, e, aps refletir alguns momentos, disse ao policial: Solte o homem, o caso est liquidado. E para o moo que mostrava profundo agradecimento: Volte ao servio hoje mesmo, e ajude na copa. Em seguida, lanou inteligente olhar para Bezerra, e continuou a conversao no ponto em que haviam ficado.
Exerccio Correlacione a lio que o Senador Quintino Bocaiva recebeu de Bezerra de Menezes com a conduta do mdium esprita.
_____________ (*) XAVIER, Francisco Cndido. Almas em Desfile. Pelo Esprito Hilrio Silva. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, segunda parte. Cap. 16, p. 163-165.
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ANEXO 3
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo de Estudo no 2 Culminncia do Mdulo: Conduta Esprita Textos para estudo individual ou em grupo
Roteiro: A prtica da caridade e do perdo como normas de conduta esprita
TEXTO NO 3 A Caridade, segundo o apstolo Paulo (*) Ainda que eu falasse lnguas, as dos homens e as dos anjos, se eu no tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um cmbalo(**) que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistrios e de toda a cincia, ainda que tivesse toda a f, a ponto de transportar os montes, se no tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribusse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo s chamas, se no tivesse a caridade, isso nada me adiantaria. A caridade paciente, a caridade prestativa, no invejosa, no se ostenta, no se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, no procura o seu prprio interesse, no se irrita, no guarda rancor. No se alegra com a injustia, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo cr, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passar. Quanto s profecias, desaparecero. Quanto s lnguas, cessaro. Quanto cincia, tambm desaparecer. Pois o nosso conhecimento limitado, e limitada a nossa profecia. Mas quando vier a perfeio, o que limitado desaparecer. Quando eu era criana, falava como criana, pensava como criana, raciocinava como criana. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era prprio da criana. Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido. Agora, portanto, permanecem f, esperana, caridade, estas trs coisas. A maior delas, porm, a caridade.
________________ (*) PAULO I Corntios, 13: 1-7 e 13. (**) Cmbalo: Antigo instrumento musical, formado de duas meias esferas de metal sonoro, que se faziam bater contra a outra (lembram os modernos pratos das orquestras).
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EXERCCIOS Nas questes 1 e 2 assinale a nica alternativa correta: 1. A caridade, segundo o apstolo Paulo, , sobretudo, sinnimo de: a. ( ) beneficncia b. ( ) f c. ( ) amor d. ( ) religiosidade 2. Segundo o texto, a caridade pode ser praticada a.( ) apenas pelos que tm f b.( ) por toda gente, sem exceo c.( ) pelos virtuosos, exclusivamente d.( ) pelos ricos e poderosos 3. Marque FALSO (F) ou VERDADEIRO (V): A frase: Ainda quando eu falasse lnguas, as dos homens e as dos anjos, se eu no tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um cmbalo que tine (...) nos esclarece que: a.( ) a prtica da caridade nos permite entender a linguagem de pessoas de nacionalidades diferentes; b.( ) a prtica da caridade nos possibilita o desenvolvimento da mediunidade de xenoglossia; c.( ) sem a prtica da caridade, mesmo para quem possua grande facilidade no relacionamento pessoal e desenvolvida capacidade de comunicao, o progresso espiritual lento; d.( ) a prtica da caridade tem por finalidade o aperfeioamento dos espritas. 4. Faa uma associao entre os ensinamentos recebidos neste Mdulo, que trata da prtica medinica, e os ensinamentos constantes dos textos n 1 e n 2. A seguir, responda : Qual a importncia da prtica da caridade e do perdo no desenvolvimento da mediunidade?
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OBJETIVO GERAL Esclarecer-se a respeito das causas das ms influncias provocadas por Espritos, orientando-se quanto ao modo de evit-las. Reconhecer a importncia do exerccio gratuito e devotado da mediunidade, para o progresso espiritual.
PROGRAMA I
MDULO DE ESTUDO N 3
* Fundamentao esprita: Mediunidade. Obsesso. Desobsesso. * Prtica: Harmonizao psquica * Atividade complementar: resumo de O Livro dos Mdiuns (captulos VI, XIV, XXIII), O Evangelho Segundo o Espiritismo (captulos XI, XII e XXVI) e A Gnese (captulo XIV, itens 45 a 49). * Culminncia do mdulo: o exerccio gratuito e devotado da mediunidade como instrumento de progresso espiritual.
OBJETIVOS GERAIS
Esclarecer-se a respeito das causas das ms influncias provocadas por Espritos, orientando-se quanto ao modo de evit-las. Reconhecer a importncia do exerccio gratuito e devotado da mediunidade, para o progresso espiritual.
Tericas ............................................................................... 6 Prticas ................................................................................ 6 Atividade complementar ................................................. 1 Culminncia do mdulo .................................................. 1
TEMPO PARA APLICAO DAS AULAS Tericas: at uma hora e trinta minutos. Prticas: at trinta minutos.
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FUNDAMENTAO ESPRITA
PRTICA
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
CULMINNCIA DO MDULO
Harmonizao Psiquica
Resumo e apresentao
Conduta Esprita O exerccio gratuito e devotado da mediunidade como instrumento de progresso espiritual. Os alunos devero ler os textos sugeridos e fazer os exerccios propostos.
1. As manifestaes medinicas de efeitos fsicos. 2. As manifestaes medinicas de efeitos intelectuais. 3. As manifestaes medinicas de efeitos visuais. 4. Obsesso: o obsessor, o obsidiado, o processo obsessivo. 5. Obsesso: tipos e graus. Mediunidade e loucura. 6. Desobsesso.
Explicar a importncia da O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec, edio FEB, captulos harmonizao nas reuVI, XIV e XXIII. O Evangelho nies, bem como os meios segundo o Espiritismo, de Allan de alcan-la. Exercitar a harmonizao psquica em todas as reunies, favorecendo a participao gradual dos com- Os alunos devero elaborar e ponentes do grupo. apresentar resumo do contedo Prosseguir com os exerccios de prece e de irradiao A organizao e a elaborao mental.
doutrinrio selecionado, em dia, hora e local preestabelecidos. Kardec, edio FEB, captulos XI, XII e XXVI. A Gnese, de Allan Kardec, edio FEB, captulo XIV, itens 45 a 49.
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PROGRAMA I
MDULO III
As manifestaes medinicas de efeitos fsicos
Objetivos especcos
Citar os principais tipos de mediunidade de efeitos fsicos. Explicar sucintamente cada um deles.
SUBSDIOS
D-se o nome de manifestaes fsicas s que se traduzem por efeitos sensveis, tais como rudos, movimentos e deslocao de corpos slidos. Umas so espontneas, isto , independentes da vontade de quem quer que seja; outras podem ser provocadas. O efeito mais simples, e um dos primeiros que foram observados, consiste no movimento circular impresso a uma mesa. Este efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas sendo a mesa o mvel com que, pelas sua comodidade, mais se tem procedido a tais experincias, a designao de mesas girantes prevaleceu, para indicar esta espcie de fenmenos. 1 A variedade de manifestaes medinicas de efeitos fsicos grande, indo desde as simples manifestaes de rudos e pancadas at as materializaes de Espritos, algumas das quais de grande beleza, por apresentarem efeitos luminosos. Vamos, a seguir, analisar as principais manifestaes de efeitos fsicos. 1. RUDOS, BARULHOS, PANCADAS E SINAIS Como as pancadas e os rudos so as manifestaes de efeitos fsicos mais simples, devemos nos conduzir com prudncia para no sermos enganados. [...] que se deve temer a iluso, porquanto uma infinidade de causas naturais pode produzi-los: o vento que sibila ou que agita um objeto, um corpo que se move por si mesmo sem que ningum perceba, um efeito acstico, um animal escondido, um inseto etc., at mesmo a malcia dos brincalhes de mau gosto. Alis, os rudos espritas [medinicos] apresentam um carter especial, revelando intensidade e timbre muito variado, que os tornam facilmente reconhecveis e no permitem sejam confundidos com os estalidos da maneira, com as crepitaes do fogo, ou com o tique-taque montono do relgio. So pancadas secas, ora surdas, fracas e leves, ora claras, distintas, s vezes retumbantes, que mudam de lugar e se repetem sem
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nenhuma regularidade mecnica. De todos os meios de verificao, o mais eficaz, o que no pode deixar dvida quanto origem do fenmeno, a obedincia deste vontade de quem o observa. Se as pancadas se fizerem ouvir num lugar determinado, se responderem, pelo seu nmero, ou pela sua intensidade, ao pensamento, no se lhes pode deixar de reconhecer uma causa inteligente. 2 A manifestao medinica produzida por meio de pancadas, chama-se tiptologia. Quando os Espritos utilizam sinais para se comunicarem, denomina-se sematologia. Ambas so formas primitivas de comunicao medinica, em que se estabelece um nmero de sinais para as letras do alfabeto ou para as palavras, permitindo, assim, a manifestao morosa e cansativa dos Espritos. As manifestaes de natureza acima indicada ocupam um lugar respeitvel na origem das crenas anmicas dos povos primitivos. [...] uma das principais causas que deram origem religio fetichista entre os selvagens, [...]. 19 2. DO ARREMESSO DE OBJETOS AO POLTERGEIST As manifestaes espontneas nem sempre se limitam a rudos e pancadas. Degeneram, por vezes, em verdadeiro estardalhao e em perturbaes. Mveis e objetos diversos so derribados, projetis de toda sorte so atirados de fora para dentro, portas e janelas so abertas e fechadas por mos invisveis, ladrilhos so quebrados, o que no se pode levar conta da iluso. Muitas vezes o derribamento se d, de fato; doutras, porm, s se d na aparncia. Ouvem-se vozerios em aposentos contguos, barulho de loua que cai e se quebra com estrondo, cepos que rolam pelo assoalho. Acorrem as pessoas da casa e encontram tudo calmo e em ordem. Mal saem, recomea o tumulto. 3 Tais fatos assumem, no raro, o carter de verdadeiras perseguies. Conhecemos seis irms que moravam juntas e que, durante muitos anos, todas as manhs encontravam suas roupas espalhadas, rasgadas e cortadas em pedaos, por mais que tomassem a precauo de guard-las chave. 4 Esses fatos so comumente denominados de Poltergeist, palavra de origem alem e composta por dois vocbulos: poltern fazer barulho; geist Esprito. Assim, poltergeist significa: Esprito brincalho, desordeiro, barulhento etc. Esta denominao popular e nascida da imediata observao dos fenmenos [...] 17 O poltergeist surge em uma casa ou local onde existe, supe-se, uma pessoa capaz de fornecer uma dada energia [fluidos ectoplsmicos] que propicia o movimento de objetos, produo de rudos, combustes paranormais espontneas (parapirogenia), fenmenos de apport, etc. pessoa que propicia o funcionamento do poltergeist d-se o nome de epicentro. 15 Fato curioso que, nos fenmenos de poltergeist, cerca de 35% das ocorrncias mostram a queda de pedras, isto , pedras so ativadas contra as paredes, janelas
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e vitrs, ora quebrando telhas, ora causando danos, estilhaando vidros, atingindo pessoas etc. 18 Ernesto Bozzano, grande estudioso esprita do passado, nos informa que os fenmenos de poltergeist eram conhecidos pelos indgenas de diversas partes do mundo, como fenmeno de infestao. A palavra infestao diz respeito a lugares onde existem Espritos que provocam batidas, quedas de objetos, estrondos fantasmagricos e, como no poderia deixar de ser, as infalveis pedradas. 20 3. LUGARES ASSOMBRADOS E AS ASSOMBRAES As manifestaes espontneas, que em todos os tempos se ho produzido, e a persistncia de alguns Espritos em darem mostras ostensivas de sua presena em certas localidades, constituem a fonte de origem da crena na existncia de lugares mal-assombrados. 7 Na verdade, os Espritos ainda muito presos a pessoas ou a coisas materiais permanecem em determinados locais por tempo varivel, produzindo fenmenos de efeitos fsicos, que causam medo. Nem sempre tais Espritos so maus. Muitos deles, os [...] que frequentam certos lugares, produzindo neles desordens, antes querem divertir-se custa da credulidade e da poltronaria (*) dos homens, do que lhes fazer mal. 8 A melhor maneira de afastar tais Espritos e de dissuadi-los de provocar os dissabores que provocam consiste em atrair os bons. Praticando o bem, tendo pacincia, orando por eles, aos poucos as assombraes deixaro de existir. 9 O exorcismo e as prticas semelhantes nenhum efeito produzem. 10 Uma das caractersticas mais tpicas da assombrao a manifestao de fantasmas visveis e at fotografveis. [...] O fantasma [Esprito] geralmente parece inconsciente e executa certos atos automticos, como se fosse um sonmbulo. Normalmente irradia frio e d a impresso de estar rodeado por vapor de gua condensado em forma de nevoeiro. Estas aparies na maioria das vezes so muito frias. [...] Quando o Esprito pode contar com suficiente dose de ectoplasma, capaz de emitir sons vocais, gemer, chorar, falar e at comunicar-se [...]. 16 4. FENMENOS DE TRANSPORTE DE OBJETOS Estes fenmenos so tambm denominados de apporto, que corresponde a um objeto que vem de fora para dentro de um recinto, e de asporti, quando o objeto sai do recinto para fora. No fenmeno de transporte, o Esprito para desintegrar o objeto satura-o com fluido vital do mdium, com os prprios flui__________ (*) Poltronaria: covardia, medo.
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dos e com outros existentes no plano espiritual. A seguir, os elementos atmicos que constituem o objeto so reintegrados e, ento, o objeto materializado num ambiente hermeticamente fechado. 21 No fenmeno de transporte, os Espritos que o provocam no so to moralmente atrasados quanto aqueles que produzem poltergeist. H sempre, no transporte de objetos, uma [...] inteno benvola do Esprito que o produz, pela natureza dos objetos, quase sempre graciosos, de que ele se serve e pela maneira suave, delicada mesmo por que so trazidos. [...] So quase sempre flores, no raro frutos, confeitos, jias, etc. 5 Os fenmenos de [...] transporte so muito raros, porque muito difceis de se realizar so as condies em que se produzem. 6 Quando o Esprito encontra um mdium que lhe possa fornecer os fluidos necessrios, os fenmenos quase sempre se realizam, na intimidade, ss com o referido medianeiro. Isto porque as energias requeridas so to especiais que praticamente inviabilizam sua execuo em pblico, em cujo meio se encontram elementos energicamente refratrios, que paralisam os esforos do Esprito e, com mais forte razo, a ao do mdium. 6 (*) 5. ESCRITA DIRETA E VOZ DIRETA D-se o nome de mdiuns pneumatgrafos, aos que [...] tm aptido para obter a escrita direta, o que no possvel a todos os mdiuns escreventes. Esta faculdade, at agora, se mostra muito rara. 14 Conforme seja maior ou menor o grau de desenvolvimento da faculdade medinica, o mdium obtm desde simples traos, sinais, letras, palavras, at frases completas ou pginas inteiras de escrita. importante diferenciar pneumatografia de psicografia, pois esta ltima de ocorrncia bem mais comum. A pneumatografia a escrita produzida diretamente pelo Esprito, sem intermedirio algum; difere da psicografia , por ser esta a transmisso do pensamento do Esprito, mediante a escrita feita com a mo do mdium 11 A escrita direta tambm denominada psicografia indireta, quando o Esprito transmite suas idias por meio de objetos materiais, distncia do mdium, tais como: cestas, pranchetas etc. Em qualquer situao (escrita direta ou indireta) o mdium funciona como doador de fluidos ectoplsmicos, para que o Esprito possa registrar a sua mensagem. A pneumatofonia ou voz direta outro fenmeno medinico extraordi___________ (*) Este assunto pode ser tambm estudado no livro Fenmeno de Transporte, de Ernesto Bozzano.
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nrio. Dado que podem produzir rudos e pancadas, os Espritos podem igualmente fazer se ouam gritos de toda espcie e sons vocais que imitam a voz humana, assim ao nosso lado, como nos ares. 12 Os sons espritas, ou pneumatofnicos, se produzem de duas maneiras distintas: s vezes, uma voz interior que repercute no nosso foro ntimo, nada tendo, porm, de material as palavras, conquanto sejam claramente perceptveis; outras vezes, so exteriores e nitidamente articuladas, como se proviessem de uma pessoa que nos estivesse ao lado. De um modo, ou de outro, o fenmeno da pneumatofonia quase sempre espontneo e s muito raramente pode ser provocado. 13 s vezes, os Espritos utilizam algum instrumento ou outro veculo mais apropriado para que a voz direta se produza com mais preciso. o que nos esclarece Arthur Conan Doyle, no seu livro Histria do Espiritismo, quando descreve o fenmeno da voz direta transmitida atravs de uma trombeta materializada pelo Esprito John King, na fazenda do americano Jonathan Koons, em Ohio, USA. 22 Andr Luiz tambm descreve o fenmeno, este, porm, ocorrido no plano Espiritual, quando o Esprito Matilde faz vibrar sua voz cristalina em meio a uma assemblia de Espritos, situados em plena regio inferior, utilizando uma garganta improvisada. 26 Os fenmenos da Voz Direta diferem da mera clarividncia e da fala em transe, por isso que os sons no parecem vir do mdium, mas de fora, s vezes de uma distncia de alguns metros [...] e, outras vezes, se fazendo ouvir em duas ou trs vozes simultneas. 23 H indcios de que a materializao de trombetas, cordas vocais ou coisas parecidas se d quando existe a necessidade de aumentar o tom da voz, ou torn-la mais ntida. 23 6. MATERIALIZAO DE ESPRITOS A materializao um fenmeno de efeito fsico em que os Espritos tornam-se visveis aos circunstantes de uma reunio, independente de eles possurem mediunidade de vidncia. Para se tornarem visveis e tangveis, os Espritos utilizam fluidos especficos, sobretudo o denominado ectoplasma, que liberado pelo mdium. As materializaes podem ser de objetos, como nos fenmenos de transporte, e de Espritos. Entre estas ltimas ocorrem as que causam medo, denominadas assombraes. Outras, estudadas pelos pesquisadores espritas do passado e do presente, so mais comuns porque, em geral, o Esprito materializado apresenta as caractersticas do corpo fsico que tinha quando encarnado. H, ainda, as materializaes luminosas, muito belas, produzidas por Espritos mais
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evoludos. Para a materializao de Espritos ou de objetos, os Espritos especialistas lanam mo de trs tipos de fluidos, em trabalho que revela domnio de tcnica especializada: Fluidos A representam as foras superiores e sutis do plano espiritual. Fluidos B ou ectoplasma, propriamente dito, so recursos do mdium e das pessoas que o assistem. O ectoplasma uma [...] substncia fludica que, em determinadas circunstncias, emana do corpo de certos mdiuns, pelos orifcios naturais, como as narinas e a boca, [...] 24 Ectoplasma (do grego ekts fora, exterior; e plasma dar forma); tem recebido denominaes diversas, variando de autor para autor: teleplasma (SchrenckNotzing), substncia da vitalidade (Robert Crookall), psicoplasma, ter vitalizado (F. Melton), fluido perispirtico (Allan Kardec)... 24 Andr Luiz, na obra Nos Domnios da Mediunidade, descreve o ectoplasma como sendo uma [...] pasta flexvel, maneira de gelia viscosa e semilquida, [saindo] atravs de todos os poros e, com mais abundncia, pelos orifcios naturais, particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos, com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do trax e das extremidades. 27 Ainda segundo Andr Luiz, esta substncia de cor leitosa-prateada caracterizada por um cheiro especialssimo, difcil de ser descrito, que escorre em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo do mdium, onde apresenta o aspecto de grande massa protoplsmica, viva e tremulante. 27, 28 O ectoplasma assume aspectos extremamente variados, desde uma forma to rarefeita que o mantm invisvel [...] at o estado slido e organizado em estruturas complexas, tais como os Espritos materializados (agneres ectoplsmicos). Entre estes dois extremos ele pode passar por estados diversos: gasoso, plasmtico, floculoso, amorfo, leitoso, filamentoso, lquido etc. O ectoplasma serve no s para dar consistncia ao perisprito, ou partes deste, mas tambm para, embora em forma vapososa, torn-lo visvel. Com ele so tecidas as vestes das entidades espirituais materializadas, apresentando diversas modalidades, como as da l, do algodo, da seda, de vus pesados ou transparentes etc. 25 Fluidos C constituem energias tomadas natureza terrestre (vegetais, gua, minerais etc.) 29
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importante saber definir os termos empregados, para entendimento do assunto: materializao: refere-se ectoplasmia com tangibilidade ou solidificao de formas; ectoplasmia: termo genrico, voltado para as manifestaes de efeitos fsicos ou, ainda, quando as formas perispirituais tornam-se visveis, porm, intangveis. 21 Recomendamos as seguintes obras para maiores estudos sobre este interessante assunto, to pouco comum nos dias atuais: Fatos Espritas William Crookes, ed. FEB; O Trabalho dos Mortos Nogueira de Faria, ed. FEB; Materializaes de Espritos Paul Gibier e Ernesto Bozzano, ed. Eco.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, segunda parte. Cap. II, item 60, p. 82. 2. ______. Cap. V, item 83, p. 106. 3. ______. Item 87, p. 108. 4. ______. Item 89, p. 109-110. 5. ______. Item 96, p. 119. 6. ______. Item 98, p. 123. 7. ______. Cap. IX, item 132, p. 174. 8. ______. Item 132, pergunta 12, p. 178. 9. ______. Pergunta 13, p. 178-179. 10. _____. Pergunta 14, p.179. 11. ______. Cap. XII, item 146, p. 192. 12. ______. Item 150, p. 196. 13. ______. Item 151, p. 197. 14. ______. Cap. XIV, item 177, p. 219. 15. ANDRADE, Hernani Guimares. Esprito, Perisprito e Alma. So Paulo: Pensamento, 1984. Cap. VIII (Ectoplasma e ectoplamia), item: O Poltergeist, p. 190. 16. ______. p. 192-193. 17. ______. A Transcomunicao Atravs dos Tempos. So Paulo: Editora Jornalstica FE, 1997. Cap. V (O Poltergeist na pr-histria), p. 25. 18. ______. p. 26. 19. BOZZANO, Ernesto. Povos Primitivos e Manifestaes Supranormais. Traduo de Eponina Mele Pereira da Silva. So Paulo: Editora Jornalstica FE, 1997. Cap. I (Pancadas e Quedas. Movimentos de Objetos a Distncia - telecinesia, levitao humana), p. 1. 20. ______. Cap. IV (Fenmenos de infestao), p. 169. 21. ______. Cap. V (Apporto e Asporti), p. 90. 22. DOYLE, Arthur Conan. Histria do Espiritismo. Trad. de Jlio de Abreu Filho. So Paulo: Pensamento, 1960, p. 381 (Vozes medinicas e moldagens). 23.______. p. 417 (Grandes mdiuns modernos). 24. NUFEL, Jos. Do ABC ao Infinito. Espiritismo Experimental. Vol.2. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Cap. X (Ectoplasmia e materializao). p. 81. 25. ______. p. 83. 26. XAVIER, Francisco Cndido. Libertao. Pelo Esprito Andr Luiz. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 20 (Reencontro), p. 321. 27. ______. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XXVIII (Efeitos fsicos), p. 298. 28. ______. p. 298, 302 e 303. 29. ______. p. 302-303.
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PROGRAMA I
MDULO III
As manifestaes medinicas de efeitos intelectuais Citar as principais formas de mediunidade de efeitos intelectuais. Explic-las sucintamente, destacando sua importncia nas reunies medinicas. SUBSDIOS
Objetivos especcos
Para uma manifestao ser inteligente, indispensvel no que seja eloquente, espirituosa, ou sbia; basta que prove ser um ato livre e voluntrio, exprimindo uma inteno, ou respondendo a um pensamento.1 A manifestao medinica de efeitos intelectuais produz efeitos ou repercusses em nvel mental, isto , o Esprito comunicante conduz o mdium a uma certa elaborao mental-intelectual, ao transmitir a mensagem aos circunstantes. Nessa situao, o mdium um intrprete das idias e dos sentimentos do Esprito comunicante. Vamos, a seguir, estudar algumas manifestaes de efeitos intelectuais, reservando uma anlise mais profunda dos seus diversos tipos para o Programa II deste Curso. 1. PSICOGRAFIA De todos os meios de comunicao, a escrita manual o mais simples, mais cmodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforos, porquanto permite se estabeleam, com os Espritos, relaes to continuadas e regulares, como as que existem entre ns. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto por ele que os Espritos revelam melhor sua natureza e o grau de seu aperfeioamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais ntimos pensamentos e nos facultam julg-los e apreciar-lhes o valor. Para o mdium, a faculdade de escrever , alm disso, a mais suscetvel de desenvolver-se pelo exerccio. 2 Os mdiuns psicgrafos esto classificados em trs grupos bsicos, de acordo com o grau de transe medinico e segundo a forma como a mensagem do Esprito comunicante captada. Temos, portanto, os mdiuns mecnicos, os intuitivos e os semimecnicos.
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1.1. Mdiuns psicgrafos mecnicos Na psicografia mecnica, [...] o que caracteriza o fenmeno que o mdium no tem a menor conscincia do que escreve. 3 Nesse caso, o transe mais profundo; a mo corre gil sobre o papel, porque o Esprito a toma guiando-a. O fato de o mdium estar inconsciente, no significa que ele est impedido de interferir no contedo da mensagem, pois, como j foi dito, ocorre uma ligao mental, efetiva e anterior, entre o mdium e o Esprito comunicante. Mesmo que o mdium no saiba com detalhes o contedo da mensagem a ser transmitida, tem dela uma idia geral, e, alm do mais, sempre tem condies de captar os sentimentos e as intenes do manifestante. Os Espritos Superiores do mostra de sentimentos afetuosos, transmitindo a mensagem com calma, dignidade e benevolncia. 3 1.2. Mdiuns psicgrafos intuitivos O Esprito comunicante, [...] neste caso, no atua sobre a mo, para faz-la escrever; no a toma, no a guia. Atua sobre a alma [do mdium], com a qual se identifica. A alma [do mdium] sob esse impulso, dirige a mo e esta dirige o lpis. [...] Nessa situao, o mdium tem conscincia do que escreve, embora no exprima o seu prprio pensamento. E o que se chama mdium intuitivo. 4 O mdium mecnico age mais como uma mquina; j o intuitivo o intrprete, propriamente dito, das idias do Esprito comunicante. Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa compreend-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento no seu, apenas lhe atravessa o crebro. 4 Esta a forma de psicografia mais comum nos dias atuais e, para que o mdium capte mensagens verdadeiramente superiores, preciso que tenha condies intelectuais e morais. 1.3. Mdiuns psicgrafos semimecnicos No mdium puramente mecnico, o movimento da mo independe da vontade; no mdium intuitivo, o movimento voluntrio e facultativo. O mdium semimecnico participa de ambos esses gneros. Sente que sua mo uma impulso dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem conscincia do que escreve, medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. 5 Os mdiuns semimecnicos so to comuns quanto os intuitivos. 5 As comunicaes transmitidas pela psicografia so mais ou menos extensas,
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conforme o grau da faculdade mediadora. Alguns no obtm seno palavras; em outros, a faculdade se desenvolve pelo exerccio, escrevem frases completas e, freqentemente, dissertaes desenvolvidas sobre assuntos propostos ou tratados espontaneamente pelos Espritos, sem que se lhes tenha feito qualquer pergunta. 7 Na psicografia o mdium pode transmitir a mensagem do Esprito tambm em lngua estrangeira. Neste caso ela chamada de mediunidade poliglota ou xenografia. 6 uma mediunidade rara, que no tem utilidade prtica, sobretudo se os circunstantes desconhecem a lngua em que o Esprito se exprime. Serve, no entanto, para comprovar a sobrevivncia de um Esprito, quando isso se torna necessrio. 2. PSICOFONIA A psicofonia o modo de transmisso da mensagem do Esprito comunicante por meio da palavra verbalizada. a mediunidade de escolha, no atendimento aos Espritos sofredores. Por ela, a comunicao mais gil, favorecendo o dilogo franco e direto com os desencarnados. Os benfeitores espirituais utilizam, com muita freqncia, a mediunidade de psicofonia para fazer exortaes, promover incentivos, fornecer orientaes ou esclarecimentos para um grupo ou para algum, especificamente. Certos mdiuns recebem a influncia dos Espritos, diretamente nas cordas vocais, transmitindo, ento, pela voz, o que outros o fazem pela escrita. 8 Neste caso, a psicofonia mais inconsciente. Quando a ao dos desencarnados menos direta, temos a psicofonia semiconsciente. Quando o mdium transmite com as suas prprias palavras o pensamento do Esprito, temos a psicofonia intuitiva. A mediunidade sonamblica uma variedade especial da psicofonia. Por ela o encarnado sai do corpo fsico, tal como no sonambulismo (*), desdobrando-se, agindo e transmitindo informaes que lhes so ditadas por um Esprito desencarnado. No livro Nos Domnios da Mediunidade, o Esprito Andr Luiz exemplifica, do captulo quinto ao dcimo primeiro, aspectos da mediunidade psicofnica. Apresentamos, em seguida, alguns destaques. 2.1. Captulo quinto A perfeita assimilao das correntes mentais, pelo mdium, [...] preside
__________ (*) Sonambulismo: um fenmeno anmico, de emancipao da alma. Nessa situao, o encarnado desliga-se parcialmente do corpo fsico e passa a agir por conta prpria, distncia deste.
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habitualmente a quase todos os fatos medinicos. 9 O corpo fsico do mdium assemelha-se a um aparelho receptor radiofnico. A emisso mental do Esprito comunicante envolve o mdium [...] em profuso de raios que lhe alcanam o campo interior, primeiramente pelos poros, que so mirades de antenas sobre as quais essa emisso adquire o aspecto de impresses fracas e indecisas. Essas impresses apiam-se nos centros do corpo espiritual, que funcionam guisa de condensadores, atingem, de imediato, os cabos do sistema nervoso, [...] e reconstituindo-se, automaticamente, no crebro, [...] em cujos fulcros dinmicos se processam aes e reaes mentais, que determinam vibraes criativas, atravs do pensamento ou da palavra, considerando o encfalo como poderosa estao emissora e receptora e a boca por valioso alto-falante. 9 2.2. Captulo sexto Na psicofonia consciente equilibrada, embora senhoreando as foras do mdium, o Esprito enfermo permanece controlado por ele, mdium, a quem se imana pela corrente nervosa. Desta forma, o medianeiro informado de todas as palavras que o Esprito pretenda dizer. O comunicante apossa-se, temporariamente, do rgo vocal do mdium, apropriando-se do seu mundo sensrio, conseguindo enxergar, ouvir e raciocinar com algum equilbrio. O mdium, porm, comanda firme as rdeas da prpria vontade, agindo qual se fora enfermeiro, concordando com os caprichos do doente, no objetivo de auxili-lo, corrigindo-o quando necessrio. 10 2.3. Captulo stimo comum a utilizao de equipamentos, pelos benfeitores espirituais, durante a manifestao de Espritos, sobretudo de enfermos. O captulo nos informa a respeito de um equipamento denominado condensador ectoplsmico, cuja propriedade a de [...] concentrar em si os raios de fora projetados pelos componentes da reunio, reproduzindo as imagens que fluem do pensamento da Entidade comunicante [...] 11 2.4. Captulo oitavo Andr Luiz nos fala de Celina, sonmbula considerada perfeita: a [...] psicofonia, em seu caso, se processa sem necessidade de ligao da corrente nervosa do crebro medinico mente do hspede que o ocupa. A espontaneidade dela tamanha na cesso de seus recursos s entidades necessitadas de socorro e carinho, que no tem qualquer dificuldade para desligar-se de maneira automtica
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do campo sensrio, perdendo provisoriamente o contato com os centro motores da vida cerebral. 12 2.5. Captulo nono Neste captulo Andr Luiz nos traz informaes sobre um caso de possesso (subjugao), revelando que, nessa situao, todas [...] as clulas do crtex [cerebral] sofrem o bombardeio de emisses magnticas de natureza txica. Os centros motores esto desorganizados. Todo o cerebelo est empastado de fluidos deletrios. As vias do equilbrio aparecem completamente perturbadas. 13 2.6. Captulo dcimo O processo obsessivo, manifestado por meio de psicofonia torturada, analisado com profunda lucidez, indicando que as causas de tal sofrimento esto presas s sombras do passado. 14 2.7. Captulo dcimo primeiro Andr Luiz nos fornece elucidativas explicaes sobre o fenmeno de desdobramento. Esclarece como se processa o afastamento do corpo fsico, como o mdium atua no plano espiritual, e de que forma os benfeitores auxiliam na realizao desse gnero de atividade. 15
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Mdiuns. Traduode Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, segunda parte. Cap. III, item 66, p. 87. 2. ______. Cap. XV, item 178, p. 221 3. ______. Item 179, p. 222. 4. ______. Item 180, p. 223. 5. ______. Item 181, p. 223-224. 6. ______. Cap. XVI. Item 191, p. 235. 7. ______. Revista Esprita Jornal de Estudos psicolgicos. 1858. Traduo de Evandro Noleto Bezerra; poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Ano I, janeiro de 1858, n 1 (Introduo). item: Diferentes Modos de Comunicao, p. 32. 8. ______. p. 33. 9. ______. XAVIER, Francisco Cndido. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Assimilando correntes mentais), p. 56. 10. ______. Captulo 6 (Psicofonia Consciente), p. 61-62 11. ______. Captulo 7 (Socorro espiritual), p. 76. 12. ______. Captulo 8 (Psicofonia sonamblica), p. 85. 13. ______. Captulo 9 (Possesso), p. 92. 14. ______. Captulo 10 (Sonambulismo torturado), p. 107. 15. ______. Captulo 11 (Desdobramento em servio), p. 113-122.
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PROGRAMA I
MDULO III
As manifestaes medinicas de efeitos visuais Esclarecer o que mediunidade de vidncia e de clarividncia. Explicar como essas duas faculdades podem se manifestar.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
Vidncia a faculdade medinica de ver Espritos, estando o mdium acordado em viglia. Realmente, de [...] todas as manifestaes espritas, as mais interessantes, sem contestao possvel, so aquelas por meio das quais os Espritos se tornam visveis. 3 No entanto, os Espritos nem sempre podem manifestar-se visivelmente, mesmo em sonho, apesar do desejo que se tenha de v-los. O impedimento pode estar ligado a [...] causas independentes da vontade deles. Frequentemente, tambm uma prova, de que no consegue triunfar o mais ardente desejo. 4 sabido, porm, que, em situaes em que os laos materiais se afrouxam, em uma doena, por exemplo, mais fcil ver Espritos. 5 Clarividncia a faculdade medinica de ver com detalhes no apenas os Espritos, mas cenas do plano espiritual. A percepo, via clarividncia, mais aprofundada. A pessoa entra em transe, permanecendo, mesmo que por breve tempo, em estado sonamblico. Nesse estado, parcialmente desprendida do corpo, ela adquire uma espcie de dupla vista, isto , v o que ocorre no plano espiritual e os acontecimentos distncia, no plano fsico. No [...] caso de viso distncia, o sonamblico no v as coisas de onde est o seu corpo, como por meio de um telescpio. V-as presentes, como se se achasse no lugar onde elas existem, porque sua alma, em realidade, l est. Por isso que seu corpo fica como que aniquilado e privado de sensao, at que a alma volte a habit-lo novamente.(*) Essa separao parcial da alma e do corpo constitui um estado anormal [incomum], suscetvel de durao mais ou menos longa, porm no indefinida. Da a fadiga que o corpo experimenta aps certo tempo, mormente
__________ (*) Na verdade, a alma no abandona totalmente o corpo.
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quando aquela se entrega a um trabalho ativo [no plano espiritual]. A vista da alma ou do Esprito no circunscrita e no tem sede determinada. Eis por que os sonmbulos no lhe podem marcar rgo especial. Vem porque vem, sem saberem o motivo nem o modo, uma vez que, para eles, na condio de Espritos, a vista carece de foco prprio. Se se reportam ao corpo, esse foco lhes parece estar nos centros onde maior a atividade vital, principalmente no crebro, na regio do epigastro (*), ou no rgo que considerem o ponto de ligao mais forte entre o Esprito e o corpo. O poder da lucidez sonamblica no ilimitado. O Esprito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos seus conhecimentos e faculdades, conforme ao grau de perfeio que haja alcanado. Ainda mais restringidos os tem quando ligado matria, a cuja influncia est sujeito. o que motiva no ser universal, nem infalvel a clarividncia sonamblica. 1 Essas informaes constituem regra geral, porque existem excees que sero motivo de estudos posteriores. Kardec nos explica que [...] no estado de desprendimento em que fica colocado, o Esprito do sonmbulo entra em comunicao mais fcil com o outros Espritos encarnados, ou no encarnados, comunicao que se estabelece pelo contato dos fluidos que compem os perispritos e servem de transmisso ao pensamento, como o fio eltrico. O sonmbulo no precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra articulada. Ele os sente e adivinha. o que o torna eminentemente impressionvel e sujeito s influncias da atmosfera moral que o envolva. 2
Est entendido que a faculdade de ver Espritos, como todas as faculdades medinicas, diz respeito s propriedades do perisprito. O mdium dispe de
_________ (*) Epigstrio = regio superior do abdome.
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Fato digno de nota que o vidente e o clarividente, alm de verem Espritos e o mundo espiritual, tambm possuem, em geral, a faculdade de audincia. O Esprito Andr Luiz nos esclarece que [...] os olhos e os ouvidos materiais esto para a vidncia e para a audio como os culos esto para os olhos e o ampliador de sons para os ouvidos simples aparelhos de complementao. Toda percepo mental, [...] o mdium sempre algum dotado de possibilidades neuropsquicas especiais que lhe estendem o horizonte dos sentidos. 10 [...] Ainda mesmo no campo de impresses comuns, embora a criatura empregue os ouvidos e os olhos, ela v e ouve com o crebro, e, apesar de o crebro usar as clulas do crtex para selecionar os sons e imprimir as imagens, quem v e ouve, na realidade, a mente. 11 Assim, nos fenmenos de vidncia, quem v a alma. uma percepo alm dos sentidos humanos. 6
recursos fsicos [orgnicos] para ver Espritos porque esta disposio foi impressa pelo perisprito, que serviu de molde ao seu corpo fsico. 7 Como toda faculdade medinica, a vidncia passvel de desenvolvimento, se exercitada. Mas, segundo nos esclarecem os Espritos da Codificao, [...] ver Espritos, em geral e permanentemente, algo excepcional e no est nas condies normais do ser encarnado. 8 Um cuidado especial que se deve ter em relao faculdade de vidncia, sobretudo quando esta se manifesta inicialmente, diz respeito imaginao que, por vezes, bastante frtil. 8 importante considerar, tambm, que o mdium pode estar vendo formas ideoplsticas projetadas do mundo fsico ou do mundo espiritual. Por outro lado, se o desenvolvimento do mdium ocorre de maneira equilibrada, se o mdium principiante faz parte de um grupo srio, bem estruturado tanto do ponto de vista doutrinrio quanto do da moral, os benfeitores espirituais no permitem que o iniciante nas tarefas medinicas tenha todas as potencialidades medianmicas desabrochadas. que isso poderia conduzi-lo ao desequilbrio psquico, emocional e fsico. 9 Em sntese, podemos chegar seguinte concluso, com referncia s faculdades medinicas de vidncia e de clarividncia: 1. Todas as pessoas encarnadas podem ver Espritos por meio do sono. 2. Os mdiuns videntes vem Espritos no estado de viglia ou sob transe superficial.
4. Os mdiuns clarividentes vem os Espritos encarnados e desencarnados, o mundo espiritual e acontecimentos diversos, sob forma de segunda vista, em estado de sonambulismo ou de desprendimento parcial do corpo fsico. 5. Os Espritos Superiores, ao promover o desenvolvimento das faculdades de vidncia, de clarividncia e de audincia dos mdiuns, dosam suas percepes para no desequilibr-los.
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Questo 455, p. 240-241. 2. ______. p. 241. 3. ______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. VI, item 100, p. 130. 4. ______. Item 100. Pergunta 15, p. 134. 5. ______. Pergunta 16, p. 135. 6. ______. Pergunta 20, p. 136. 7. ______. Perguntas 21 a 23, p. 136-137. 8. ______. Pergunta 26, item a, p. 137. 9. XAVIER, Francisco Cndido. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 12, (Clarividncia e clariaudncia)p. 124-125. 10. ______. p. 126. 11. ______. p. 127.
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PROGRAMA I
MDULO III
Obsesso: o obsessor, o obsidiado, o processo obsessivo Conceituar obsesso. Explicar quem o obsessor e quem o obsidiado. Analisar como se estabelece o processo obsessivo.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
1. CONCEITO DE OBSESSO Obsesso o [...] domnio que alguns Espritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca praticada seno pelos Espritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influncia dos maus e, se no os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrrio, se agarram queles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam-se com o Esprito deste e o conduzem como se fora verdadeira criana. 2 Geralmente distrbio espiritual de longo curso, [...] com graves consequncias, em forma de distonias mentais, emocionais e desequilbrios fisiolgicos. 3 Em casos mais graves, [...] a obsesso enfermidade espiritual de erradicao demorada e difcil, pois que muito mais depende do encarnado perseguido do que do desencarnado perseguidor. 6 2. QUEM O OBSESSOR Obsessor do latim obsessore Aquele que causa a obsesso; que importuna [...] No um ser estranho a ns. Pelo contrrio. algum que privou da nossa convivncia, de nossa intimidade, por vezes com estreitos laos afetivos. 14 O Esprito perseguidor, genericamente denominado obsessor, em verdade algum colhido pela prpria aflio. Ex-transeunte do veculo somtico, experimentou injunes que o tornaram revel, fazendo que guardasse no recesso da alma as aflies acumuladas, de que no se conseguiu liberar sequer aps o decesso celular. Sem dvidas, vtima de si mesmo, da prpria incria e invigilncia, transferiu a responsabilidade do seu insucesso a outra pessoa que, por circunstncia qualquer, interferiu decerto negativamente na mecnica dos seus malogros. [...] 4 H obsessores que no possuem vnculos crmicos com o encarnado e que,
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no entanto, podem causar-lhe grandes transtornos. So Espritos moralmente inferiores, geralmente agindo [...] de preferncia nas prprias paisagens invisveis, em torno de entidades desencarnadas no devidamente moralizadas, mas tambm podendo interferir na vida dos encarnados, prejudicando-os e at os levando aos estados alucinatrios, ou mesmo ao estado de obsesso, pelo simples prazer de praticar o mal, divertindo-se. 8 2.1. Tipos de obsessores a) Obsessores que no intencionam fazer o mal H obsessores que [...] no so totalmente maus, preciso que se diga. Como ningum absolutamente mau. So, antes, doentes da alma. Possuem sementes de bondade, recursos positivos que esto abafados, adormecidos. [...] Nem todo obsessor tem conscincia do mal que est praticando. Existem aqueles que agem por amor, por zelo, pensando ajudar ou querendo apenas ficar junto do ser querido. 15 So pessoas mais desajustadas em termos afetivos. Amam egoisticamente; exigem, igualmente, exclusividade nas relaes afetivas. Outras vezes amam algum de forma deturpada, com excessivo apego. uma me ou um pai fortemente vinculados a um filho, tolhendo sua liberdade, restringindo-o ao campo da sua atuao. No querem dividi-lo com ningum. um esposo ou esposa ciumentos, que desconfiam de tudo, que mantm controle do cnjuge, fazendo-o prisioneiro nas garras de sua insegurana. Essas so as principais caractersticas do obsessor no propriamente vinculado ao mal, mas vinculado ao egosmo, ao cime e ao sentimento de posse. b) Obsessores vinculados ao mal Obsessores, sim, os h, transitoriamente, que se entregam fascinao da maldade, de que se fazem cultores, enceguecidos e alucinados pelos tormentosos desesperos a que se permitiram, detendo-se nos eitos, de demorada loucura [...] verdugo impiedoso de si mesmo pois todo o mal sempre termina por infelicitar aquele que lhe presta culto de subservincia. Tais Entidades que oportunamente so colhidas pelas sutis injunes da Lei Divina governam redutos de sombra e viciao, com sede nas Regies Tenebrosas da Erraticidade Inferior, donde se espraiam na direo de muitos antros de sofrimento e perturbao na Terra, atingindo, tambm, vezes muitas, as mentes ociosas, os Espritos calcetas, os renitentes, revoltados, [...] por cujo comrcio do incio a processos muito graves de obsesso de longo curso. [...] 5 Tais obsessores so [...] adeptos da revolta e do desespero.
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[...] So pobres desequilibrados que tentam induzir todas as situaes desarmonia em que vivem. 20 Eles se organizam em falanges cujos integrantes apresentam, no perisprito, aspectos [...] disformes, grotescos, extravagantes, e cujas configuraes e aes pareceriam fruto de pesadelos queles que no se afinam com as blandcias da Espiritualidade. Provocam-nos, seduzem-nos, aterrorizam-nos, criando mil fantasmagorias que s pobres vtimas parecero alucinaes diablicas, das mesmas se servindo, ainda, como joguetes para a realizao de caprichos, maldades e at obscenidades. Comumente, queixam-se os suicidas de tais falanges, cujo assalto lhes agrava, no plago de males para onde o suicdio os atirou, o seu insuportvel suplcio. 9 3. QUEM O OBSIDIADO Obsidiado Obsesso: Importunado, atormentado, perseguido. Indivduo que se cr atormentado, perseguido pelo Demnio [...].Obsidiados todos ns, o fomos ou ainda somos. 13 3.1.Tipos de obsidiados a) Psicopatas amorais So Espritos endividados, que contraram dbitos pesados em existncias anteriores, aps estgio mais ou menos prolongado nas regies espirituais de sombras e de dor, e que volvem reencarnao, quando se mostrem inclinados recuperao dos valores morais em si mesmos. Transportados a novo bero, comumente entre aqueles que os induziram queda, quando no se vem objeto de amorosa ternura por parte de coraes que por eles renunciam imediata felicidade nas Esferas Superiores, so resguardados no recesso do lar. Contudo, renascem no corpo carnal espiritualmente jungidos s linhas inferiores de que so advindos, assimilando-lhes, facilmente, o influxo aviltante. Reaparecem, desse modo, na arena fsica. Mas, via de regra, quando no se mostram retardados mentais, desde a infncia, so perfeitamente classificveis entre os psicopatas amorais, segundo o conceito da moral insanity [insanidade moral], vulgarizado pelos ingleses, demonstrando manifesta perversidade, na qual se revelam constantemente brutalizados e agressivos, petulantes e prfidos, indiferentes a qualquer noo da dignidade e da honra, continuamente dispostos a mergulhar na criminalidade e no vcio. 18 b) Doentes mentais Reconhecemos, com os ensinamentos da Doutrina Esprita, que todos aqueles portadores de esquizofrenias, psicopatologias variadas, dentro de um processo
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crmico, so Entidades normalmente vinculadas a graves dbitos, a dvidas de delitos sociais, e, conforme nos achamos dentro desse quadro de compromissos, essas psicopatologias de multiplicada denominao assumem intensidade maior ou menor [...]. Nos casos de epilepsias, tudo nos leva a crer que as Entidades credoras em se aproximando do devedor diretamente, ou por meio do pensamento, promovem como um acordamento da culpa, e ele mergulha, ento no chamado transe epilptico.
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Na [...] retaguarda dos desequilbrios mentais, sejam da ideao ou da afetividade, da ateno e da memria, tanto quanto por trs de enfermidades psquicas clssicas, por exemplo, as esquizofrenias e as parafrenias, as oligofrenias e a parania, as psicoses e neuroses de multifria expresso, permanecem as perturbaes da individualidade transviada do caminho que as Leis Divinas lhe assinalam evoluo moral. 17 c) Psicopatas astnicos e ablicos Aqueles Espritos relativamente corrigidos nas escolas de reabilitao da Espiritualidade desenvolvem-se, no ambiente humano, enquadrveis entre os psicopatas astnicos e ablicos, fanticos e hipertmicos, ou identificveis como representantes de vrias doenas e delrios psquicos, inclusive aberraes sexuais diversas. 18 As caractersticas predominantes destes obsidiados so as irresponsabilidade e a fraqueza perante a vida. Neles, o senso de honra ou de dever, , praticamente, inexistente. No sabem ou no conseguem tomar uma deciso, revelando uma terrvel fraqueza moral. 4. O PROCESSO OBSESSIVO O processo obsessivo no se instala de imediato: gradual, de acordo com o grau ou a intensidade da obsesso, que Kardec classifica em simples, fascinao e subjugao, objeto de estudo do prximo roteiro. No incio, o Esprito perseguidor localiza na sua vtima [...] os condicionamentos, a predisposio e as defesas desguarnecidas, disso tudo se vale o obsessor para instalar a sua onda mental na mente da pessoa visada. A interferncia se d por processo anlogo ao que acontece no rdio, quando uma emissora clandestina passa a utilizar determinada frequncia [...], prejudicando-lhe a transmisso. 11 O passo seguinte a ao persistente do obsessor para que se estabelea a sintonia mental, entre ele e o perseguido. Passa a enviar [...] os seus pensamentos, numa repetio constante, hipntica, mente da vtima, que, incauta, invigilante, assimila-os e reflete-os, deixando-se dominar pelas idias intrusas. 12 Alm da ao hipntica, h tambm o envolvimento fludico,
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que torna o perseguido debilitado, favorecendo, assim, a ao do obsessor. O Esprito perseguidor [...] atua exteriormente, com a ajuda [por intermdio] do seu perisprito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade. 1 O obsessor no d trgua ao obsidiado. Por ao prpria e de outros Espritos que so igualmente por ele dominados, mantm ao persistente junto ao objeto de sua perseguio. Durante o sono, sobretudo, age com mais intensidade. A pessoa [...] deixa-se dominar por um inimigo invisvel, durante o sono. Afina-se com o carter deste e recebe as suas ordens ou sugestes, tal como o sonmbulo s ordens do seu magnetizador. Ao despertar, reproduz, mais tarde, em aes da s ua vida prtica, as ordenaes ento recebidas, as quais podero lev-lo at mesmo ao crime e ao suicdio. Ser prudente que a orao e a vigilncia sejam observadas com assiduidade, particularmente antes do sono corpreo, a fim de proteger o mdium contra esse terrvel perigo, pois que isso favorecer uma como harmonizao de sua mente com as foras do Bem, o que evitar o desastre. 10 Em outras ocasies, os obsessores agem sobre os perseguidos [...] empolgando-lhes a imaginao com formas mentais monstruosas, operando perturbaes que podemos classificar como infeces fludicas e que determinam o colapso cerebral com arrasadora loucura. E ainda muito outros, imobilizados nas paixes egosticas desse ou daquele teor, descansam em pesado monodesmo, ao p dos encarnados, de cuja presena no se sentem capazes de afastar-se. Alguns, como os ectoparasitas temporrios, procedem semelhana dos mosquitos e dos caros, absorvendo as emanaes vitais dos encarnados que com eles se harmonizam, aqui e ali; mas outros muitos, quais endoparasitas conscientes, aps se inteirarem dos pontos vulnerveis de suas vtimas, segregam sobre elas determinados produtos, filiados ao quimismo do Esprito, e que podemos nomear como simpatinas, e aglutininas mentais, produtos esses que, subrepticiamente, lhes modificam a essncia dos prprios pensamentos. [...] 16 Nos processos obsessivos mais intensos, em que o obsidiado j no se governa, tornando-se evidentes os distrbios psquicos e fsicos, os obsessores mais distanciados do bem utilizam-se dos chamados ovides para tornar ferrenha a perseguio. Esses Espritos endurecidos implantam os ovides na estrutura perispiritual do encarnado, em pontos estratgicos (medula nervosa, centros de fora etc.) para estabelecerem maior controle. Os ovides so entidades humanas desencarnadas que perderam a forma anatmica do perisprito, caracterstica da espcie humana. O perisprito de tais criaturas sofreu uma espcie de transubstanciao, tendo adquirido uma morfologia anmala, de esferas escuras, pouco maiores que um crnio humano. Algumas dessas entidades apresentam movimentos
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prprios, agindo como se fossem grandes amebas. Outras, no entanto, mantm-se em repouso, aparentemente inertes ligadas ao hato vital das personalidades em movimento. 19 Algumas condies espirituais favorecem a ovoidizao transformao do perisprito do desencarnado em ovide , por exemplo, sentimentos de vingana, de dio ou perverso moral.
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GLOSSRIO
Aberraes sexuais Desvios, desarranjos ou anomalias que uma pessoa apresenta no campo sexual. Tara. Perverso sexual. Cavernas, grutas, covas profundas e escuras. Abismos. Recintos escuros e profundos. Que juntam, que agregam. No corpo fsico, representam um tipo de anticorpo que produz aglomerados na substncia estranha que invadiu o organismo, facilitando, assim, as defesas orgnicas. Afagos, carinhos, carcias. Transtornos graves do estado mental, geralmente de instalao brusca, caracterizados por desorientao, confuso, distoro de sensaes, temores etc. Seguimento ou srie de coisas que esto na mesma carreira, direo ou linha. A fio, sem interrupo. Transtorno cerebral, caracterizado por uma descarga neurnica (do neurnio, isto , da clula nervosa), exagerada, manifestada por episdios de disfuno motora, sensorial ou psquica, acompanhada ou no por inconscincia ou movimentos convulsivos. Grupo de transtornos psicolgicos, que comeam, amide, aps a adolescncia, caracterizados por alteraes mentais na formao de conceitos, com m interpretao da realidade, associados a perturbaes afetivas, de conduta e intelectuais. A pessoa tende a fugir da realidade.
Antros
Aglutininas
Eito
Epilepsia
Esquizofrenia
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Fantico
Pessoa que apresenta perverso e excesso de sentimento religioso. Zelo absurdamente excessivo a respeito de qualquer assunto. Algumas vezes pode caracterizar incio de doena mental. Pessoas que revelam uma sensibilidade excessiva, com humor patologicamente lbil ou com instabilidade emocional acentuada. Emotividade excessiva. (Psiquiatria) uma das principais categorias de desajustes emocionais, classificados de acordo com o sintoma predominante. A angstia o principal sintoma, embora no haja desorganizao evidente da personalidade em relao realidade exterior, mas pode haver certo comprometimento da ideao e do raciocnio. Deficincia mental. Parania. Esquizofrenia. Forma rara de psicose paranide, caracterizada pela instalao lenta de um sistema complexo, internamente lgico, de alucinaes persecutrias (isto , perseguies) ou de grandeza, baseado, amide, na falsa interpretao de um fenmeno real. O doente geralmente considerase superior e dotado de dons incomparveis mesmo divinos. Mar alto. Abismo. O indivduo que entra continuamente em conflito com a conduta aceita, com a lei e com os costumes. O indivduo moralmente irresponsvel, que perdeu a capacidade de tomar decises.
Hipertmicos
Neurose
Plagos Psicopata
Psicopata ablico
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Psicopata amoral
O indivduo moralmente irresponsvel, que age assim por desconhecer os princpios da moral. O indivduo moralmente irresponsvel e fraco (astenia = fraqueza, perda ou ausncia de fora). Ramo da cincia que estuda os processos mentais, especialmente quando manifestados por alteraes cognitivas perceptuais e intelectuais, durante a evoluo de desordens mentais. Transtorno mental caracterizado por desintegrao da personalidade, no conflito com a realidade. Personalidade: a totalidade dos traos e dos tipos habituais de conduta do indivduo, conforme impressionam os demais. Qualidades fsicas e mentais (psicolgicas) peculiares ao indivduo e com conotaes sociais. Parte citada e que no comparece em juzo. Que no faz caso de ordem, citao ou mandato legtimo. Rebelde, insurgente. Esquivo. Diz relao simpatia, ou seja, relao mtua entre seres mais ou menos distantes, por meio da qual a alterao em um exerce um efeito sobre o outro. A palavra simpatina parece ser um neologismo, criado por Andr Luiz, para evidenciar ao mental de um Esprito sobre o outro, quando em sintonia espiritual.
Psicopata astnico
Psicopatologia
Psicose
Revel
Simpatina
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. XIV, item 47, p. 306. 2. ______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, segunda parte. Cap. XXIII, Item 237, p. 306-307. 3. FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espritas. Pelo Esprito Joanna de ngelis. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, p. 143. 4. ______. Grilhes Partidos. Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. 10. ed. Salvador [BA]: Livraria Esprita Alvorada, 1985, p. 17 (O Obsessor). 5. ______. p. 19. 6. ______. Lampadrio Esprita. Pelo Esprito Joanna de ngelis. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 124 (As Obsesses). 7. FRANCO, Divaldo Pereira & TEIXEIRA, J. Raul. Diretrizes de Segurana. 3. ed. Rio de Janeiro: FRTER, 1990. Pergunta 96, p. 86 (Escolhos da Mediunidade). 8. PEREIRA, Yvonne A. Devassando o Invisvel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, Cap. V (Mistificadores - Obsessores) p. 104. 9. ______. p. 106. 10. ______. p. 179. 11. SHUBERT, Suely Caldas. Obsesso/Desobsesso. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, Cap. 13 (O Processo Obsessivo), p. 50. 12. ______. p. 51. 13. ______. Cap. 11(O Obsidiado), p. 61. 14. ______. Cap. 13 (Quem o Obsessor?), p. 67. 15. ______. p. 70. 16. XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Evoluo em Dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, primeira parte. Cap. XV (Vampirismo Espiritual), item: Infeces Fludicas, p. 145-146. 17. ______. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 24 (Obsesso), item: Perturbaes Morais, p. 186. 18. ______. Item: Reencarnao de enfermos, p. 188-189. 19. XAVIER, Francisco Cndido. Libertao. Pelo Esprito Andr Luiz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. VI (Observaes e novidades), p. 104. 20. ______. Obreiros da Vida Eterna. Pelo Esprito Andr Luiz. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. VIII (Treva e Sofrimento), p. 147.
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PROGRAMA I
MDULO III
Obsesso: tipos e graus Classificar obsesso quanto a tipos e graus. Fazer breve anlise dos tipos e dos graus da obsesso. Explicar por que a prtica medinica no produz desequilbrio mentais. SUBSDIOS
Objetivos especcos
1. TIPOS DE OBSESSO A obsesso comporta vrios tipos de expresso, em cujos limites nem sempre possvel estabelecer uma linha divisria. Analisaremos os tipos mais expressivos. a) Obsesso de encarnado para encarnado Pessoas obsidiando pessoas existem em grande nmero. Esto entre ns. Caracterizam-se pela capacidade que tm de dominar mentalmente aqueles que elegem como vtimas. Este domnio mascara-se com os nomes de cime, inveja, paixo, desejo de poder, orgulho, dio, e exercido, s vezes, de maneira to sutil que o dominado se julga extremamente amado. At mesmo protegido. 19 Essas obsesses ocorrem por conta de um amor que se torna tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade do outro. 24 , por exemplo, o marido que limita a liberdade da esposa, mantendo-a sob o jugo de sua vontade; a mulher que tiraniza o companheiro, escravizado aos seus caprichos; so os pais que se julgam no direito de governar os filhos, cerceando-lhes toda e qualquer iniciativa; so aqueles que, em nome da amizade, influenciam o outro, mudando-lhe o modo de pensar, exercendo sempre a vontade mais forte, o domnio sobre a que se apresentar mais passiva. 20 b) Obsesso de desencarnado para desencarnado So Espritos que obsidiam Espritos. Desencarnados que dominam outros desencarnados, so expresses de um mesmo drama que se desenrola tanto na Terra quanto no Plano Espiritual inferior. 21 Espritos [...] endividados e compromissados entre si mesmos, atravs de as-
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sociaes tenebrosas, de idntico padro vibratrio, se aglomeram em certas regies do Espao, obedecendo sintonia e lei de atrao, formando hordas que erram sem destino ou se fixam temporariamente em cidades, colnias, ncleos, enfim, de sombras e trevas. Tais ncleos tm dirigentes, que se proclamam juzes, julgadores, chamando a si a tarefa de distribuir justia aos Espritos igualmente culpados e tambm devotados ao mal, ou endurecidos pela revolta e pela descrena. 22 A ao obsessiva manifestada entre desencarnados est claramente explicada em, pelo menos, duas obras espritas da atualidade. Na obra Libertao psicografia de Francisco Cndido Xavier, ditada pelo Esprito Andr Luiz temos oportunidade de conhecer a histria de Gregrio, ex-sacerdote catlico que, atuando como poderoso dirigente das trevas, se autointitulava juiz e mandatrio maior de governo estabelecido numa estranha cidade nas regies inferiores do Plano Espiritual. 28 Gregrio comandava com punho de ferro uma vasta regio habitada por Espritos que apresentavam as mais variadas expresses de distanciamento do bem, sobretudo os denominados julgadores. Estes tomavam conhecimento de aes praticadas por Espritos desequilibrados, analisava-as e emitiam sentenas condenatrias, mantendo tais Espritos subjugados. 27 Em outra obra esprita, intitulada Nos Bastidores da Obsesso psicografia de Divaldo Pereira Franco e ditada pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda , h o relato de aes produzidas por outro poderoso obsessor o doutor Teofrastus , que comandava falanges de Espritos obsidiados, sob o seu domnio, contra os Espritos encarnados. A histria deste infeliz dirigente das trevas insigne mago grego, quando na Terra, residente na Frana, queimado pela Inquisio por volta do ano de 1470, em Ruo, aps perseguio impiedosa e nefanda 18 , resume-se na sua incapacidade de perdoar queles que o perseguiram, deixando-se dominar por doloroso sentimento de vingana. 18 c) Obsesso de encarnado para desencarnado Expresses de amor egosta e possessivo, por parte dos que ainda esto na carne, redundam em fixao mental daqueles que desencarnam, retendo-os s reminiscncias terrestres. Essas emisses mentais constantes, de dor, revolta, remorso e desequilbrio terminam por imantar o recm-desencarnado aos que ficaram na Terra, no lhe permitindo alcanar o equilbrio de que carece para enfrentar a nova situao. A inconformao e o desespero, pois, advindos da perda de um ente querido, podem transformar-se em obsesso que ir afligi-lo e atorment-lo.
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Idntico processo se verifica quando o sentimento que domina o encarnado o do dio, da revolta etc. 23 As brigas e os desentendimentos nas disputas de herana entre herdeiros, fatores geradores de mgoas, podem atrair o Esprito desencarnado, diretamente relacionado com o problema, afligindo-o de tal forma que no consegue se desligar dos familiares. 23, 24 A incorformao pelo retorno ao plano espiritual de um ente querido, a saudade inconsolvel ou a tristeza profunda aps os funerais so outros fatores de fixao, capazes de manter prisioneiro o desencarnado. d) Obsesso de desencarnado para encarnado Sendo a mais conhecida, caracteriza-se pelo domnio de um desencarnado sobre algum que vive no plano fsico. As causas so vrias. Citaremos algumas delas. Amores exacerbados, dios incoercveis, dominao absolutista, fanatismo injustificvel, avareza incontrolvel, morbidez ciumenta, abusos do direito como da fora, m distribuio de valores e recursos financeiros, aquisio indigna da posse transitria, paixes polticas e guerreiras, ganncia em relao aos bens perecveis, orgulho e presuno, egosmo nas suas mltiplas facetas so as fontes geratrizes desse funesto condutor de homens, que no cessa de atir-los nos resvaladouros da loucura, das enfermidades portadoras de sndromes desconhecidas e perturbantes do suicdio direto ou indireto. 11 e) Obsesso recproca Assim [...] como as almas afins e voltadas para o bem cultivam a convivncia amiga e fraterna [...] sob outro aspecto, as criaturas se procuram para locupletar-se das vibraes que permutam e nas quais se comprazem. [...] Essa caracterstica de reciprocidade transforma-se em verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver em regime de comunho de pensamentos e vibraes. Isto ocorre at mesmo entre os encarnados que se unem atravs do amor desequilibrado, mantendo um relacionamento enervante. So as paixes avassaladoras que tornam os seres totalmente cegos a quaisquer outros acontecimentos e interesses, fechando-se ambos num egosmo a dois, altamente perturbador. Esses relacionamentos, via de regra, terminam em tragdias se um dos parceiros modificar o seu comportamento em relao ao outro. 25
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f) Auto-obsesso Amide [...] se atribuem aos Espritos maldades de que eles so inocentes. Alguns estados doentios e certas aberraes que se lanam conta de uma causa oculta, derivam do Esprito do prprio indivduo [...]. O homem no raramente obsessor de si mesmo. 7 [...] incalculvel o nmero de pessoas que comparecem aos consultrios, queixando-se dos mais diversos males para os quais no existem medicamentos eficazes e que so tipicamente portadores de auto-obsesso. So cultivadores de molstias fantasmas. Vivem voltadas para si mesmos, preocupandose em excesso com a prpria sade [...], descobrindo sintomas, dramatizando as ocorrncias do dia-a-dia, sofrendo por antecipao situaes que jamais chegaro a se realizar, flagelando-se com o cime, a inveja, o egosmo, o orgulho, o despotismo e transformando-se em doentes imaginrios, vtimas de si prprios, atormentados por si mesmos. 26 2. GRAUS DA OBSESSO A obsesso apresenta caracteres diversos, que preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsesso , de certo modo, um termo genrico, pelo qual se designa esta espcie de fenmeno, cujas principais variedades so: a obsesso simples, a fascinao e a subjugao. 3 a) Obsesso simples D-se a obsesso simples quando um Esprito malfazejo se impe a um mdium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicaes que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espritos e se apresenta em lugar dos que so evocados. Ningum est obsidiado pelo simples fato de ser enganado por um Esprito mentiroso. O melhor mdium se acha exposto a isso, sobretudo, no comeo, quando ainda lhe falta experincia necessria, do mesmo modo que, entre ns homens, os mais honestos podem ser enganados por velhacos. Pode-se, pois, ser enganado, sem estar obsidiado. A obsesso consiste na tenacidade de um Esprito, do qual no consegue desembaraar-se a pessoa sobre quem ele atua. Podem incluir-se nesta categoria os casos de obsesso fsica, isto , a que consiste nas manifestaes ruidosas e obstinadas de alguns Espritos, que fazem se ouam, espontaneamente, pancadas ou outros rudos. 4 A obsesso simples parasitose comum em quase todas as criaturas, em se considerando o natural intercurso psquico vigente em todas as partes do Universo.
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Tendo-se em vista a infinita variedade das posies vibratrias em que se demoram os homens, estes sofrem, quanto influem em tais faixas, sintonizando, por processo normal, com os outros comensais a situados. 12 No momento do sono, encarnados sob o jugo de obsesso simples [...] encontram-se com os seus afins encarnados ou no , com os quais se identificam, recebendo mais ampla carga de necessidades falsas [...]. Quando despertam, trazem a mente atribulada, tarda, sob incmodo cansao fsico e psquico, encontrando dificuldade para fixar os compromissos e lies edificantes da vida. 13 Na obsesso simples, pode-se instalar idia fixa, que conduz ao intercmbio mental com outros Espritos afins. Surgem, como efeito natural, as sndromes da inquietao: as desconfianas, os estados de insegurana pessoal, as enfermidades de pequena monta, os insucessos em torno do obsidiado que soma as angstias, dando campo a incertezas, a mais ampla perturbao interior. 13 b) Fascinao A fascinao tem consequncias muito mais graves. uma iluso produzida pela ao direta do Esprito sobre o pensamento do mdium e que, de certa forma, lhe paralisa o raciocnio. [...] O mdium fascinado no acredita que o estejam enganando: o Esprito tem a arte de lhe inspirar confiana cega, que o impede de ver o embuste [...], ainda quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente [...]. Fora erro acreditar que a esse gnero de obsesso s esto sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela no se acham isentos nem os homens de mais esprito, os mais instrudos [...]. Compreende-se facilmente toda a diferena que existe entre a obsesso simples e a fascinao [...]. Na primeira, o Esprito que se agarra pessoa no passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraar-se. Na segunda, a coisa muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso que o Esprito seja destro, ardiloso e profundamente hipcrita, porquanto no pode operar a mudana e fazer-se acolhido, seno por meio da mscara que toma e de um falso aspecto de virtude [...]. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme so as pessoas que vem claro. Da consistir a sua ttica, quase sempre, em inspirar ao seu intrprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. 5 medida que o campo mental da vtima cede rea, esta assimila no apenas a induo teleptica, mas tambm as atitudes e formas de ser do seu hspede.
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c) Subjugao Subjugao uma constrio que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo. 6 No painel das obsesses, medida que se agrava o quadro da interferncia, a vontade do hospedeiro perde os contatos de comando pessoal, na razo direta em que o invasor assume a governana. A [...] subjugao pode ser fsica, psquica e, simultaneamente, fsio-psquica. A primeira, no implica na perda da lucidez intelectual, porquanto a ao d-se diretamente sobre os centros motores, obrigando o indivduo, no obstante se negue obedincia, a ceder violncia que o oprime. Neste caso, podem irromper as enfermidades orgnicas, por se criarem condies celulares prprias para a contaminao por vrus e bactrias [...] ou perturbar-se o anabolismo como o catabolismo [...]. No segundo caso, o paciente vai sendo dominado mentalmente, tombando em estado de passividade, no raro sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez [...]. Perde temporria ou definitivamente durante a sua atual reencarnao a rea da conscincia, no se podendo livremente expressar [...]. Por fim, assenhoreia-se, simultaneamente, dos centros do comando motor e domina fisicamente a vtima, que lhe fica inerte, subjugada, cometendo atrocidades em seu nome. 14 A subjugao tambm chamada de possesso, uma vez que h domnio mais severo do obsessor sobre o obsidiado. Se na obsesso o desencarnado age externamente, com o auxlio do seu perisprito, na possesso ele se substitui, por assim dizer, ao Esprito encarnado; toma-lhe o corpo para domiclio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono. [...] Agindo assim, o Esprito desencarnado constrange o encarnado a ver, a falar e a agir, ao mesmo tempo que o sobrecarrega de problemas fsicos e morais. Simula uma espcie de posse, da, a expresso possesso. Ouvindo a mensagem em carter teleptico, transmitida pela mente livre [desencarnado], comea por aceder ao apelo que lhe chega, transformando-se, por fim, em dilogos nos quais se deixa vencer pela pertincia do tenaz vingador. Justapondo-se sutilmente crebro a crebro, mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar, rgo a rgo, atravs do perisprito pelo qual se identifica com o encarnado, a cada cesso feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presena do hspede, que se transforma em parasita insidioso, [...] a simbiose esdrxula, em que o poder da fixao da vontade dominadora consegue extinguir a lucidez do dominado, que se deixa apagar. [...] 17
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3. LOUCURA E OBSESSO Todas as grandes preocupaes do Esprito podem ocasionar a loucura. [...] A loucura provm de um certo estado patolgico do crebro, instrumento do pensamento. Estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado. A loucura , pois, um efeito consecutivo, cuja causa primria uma predisposio orgnica, que torna o crebro mais ou menos acessvel a certas impresses. [...] 8 Esse fato to real que encontramos pessoas que desenvolvem grande atividade mental e nem por isso apresentam sintomas de loucura. Outras, porm, ao influxo da menor excitao nervosa, apresentam sinais de perturbao mental. Existindo uma predisposio para a loucura, toma esta o carter de preocupao principal, que ento se torna idia fixa; esta poder ser a dos Espritos, num indivduo que deles se tenha ocupado, como poder ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma cincia, da maternidade, de um sistema poltico ou social. provvel que o louco religioso se tivesse tornado um louco esprita, se o Espiritismo fosse a sua preocupao dominante. 9 muito difana a linha divisria entre a sanidade e o desequilbrio mental. Transita-se de um para outro lado com relativa facilidade, sem que haja, inicialmente, uma mudana expressiva no comportamento da criatura. Ligeira excitao, alguma ocorrncia depressiva, uma ansiedade, ou um momento de mgoa, a escassez de recursos financeiros, o impedimento social, a ausncia de um trabalho digno, entre muitos outros fatores, podem levar o homem a transferir-se para a outra faixa de sade mental, alienando-se, temporariamente, e logo podendo retornar posio regular, de sanidade. 16 No aprofundado estudo da etiopatogenia da loucura, no se pode mais descartar as incidncias da obsesso, ou o predomnio exercido pelos Espritos desencarnados sobre os homens [...]. Tendo-se em vista o estgio atual de crescimento moral da Terra e daqueles que a habitam, o intercmbio entre as mentes que se encontram na mesma faixa de interesse muito maior do que um observador menos cuidadoso e menos preparado pode imaginar. Atraindo-se pelos gostos e aspiraes, vinculando-se mediante afetos doentios, sustentando laos de desequilbrio decorrente do dio, assinalados pelas paixes inferiores, exercem constrio mental, e, s vezes, fsica naqueles que lhes concedem as respostas equivalentes, resultando variadssimas alienaes de natureza obsessiva. 15 4. MEDIUNIDADE E DESEQUILBRIOS MENTAIS A prtica medinica no produz loucura como supem algumas pessoas que desconhecem os ensinamentos espritas. [...] A mediunidade no produzir a loucura, quando esta j no exista em germen; porm, existindo este, o bom-senso
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est a dizer que se deve usar de cautelas sob todos os pontos de vista, portanto qualquer abalo pode ser prejudicial. 2 Devemos, porm, analisar que a prtica medinica pode oferecer perigos s pessoas imprudentes, que no tm preparo doutrinrio e no possuem certo equilbrio moral, necessrios neutralizao das influncias obsessivas. Da ser necessrio investir no preparo doutrinrio do trabalhador do grupo medinico, promovendo melhor seleo de participantes que devero compor a equipe da reunio. Esses perigos, entretanto, tm sido muito exagerados. Em todas as coisas h precaues a adotar. A Fsica, a Qumica e a Medicina exigem tambm prolongados estudos, e o ignorante que pretendesse manipular substncias qumicas, explosivos ou txicos, poria em risco a sade e a prpria vida. No h uma s coisa, conforme o uso que dela fizermos, que no seja boa ou m. sempre injusto salientar o lado mau das prticas espritas, sem assinalar os benefcios que delas resultam e que sobrepujam consideravelmente os abusos e as decepes. 10
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GLOSSRIO
Anabolismo o metabolismo de sntese ou construtivo, isto , transformao do material nutritivo em matria viva, complexa, que ser assimilada pelo organismo. Desintegrao de compostos (substncias complexas) pelo organismo, separando-se o que lhe til e o que ser excretado. (Psicanlise) representa um grupo de idias associadas, com forte tonalidade emocional, transferidas pela mente consciente para o inconsciente e que influenciam a personalidade. Por exemplo: no complexo de inferioridade, a pessoa tomada por temores e por sentimentos, inconscientes e reprimidos, de incapacidade ou de inadequao, fsica ou social, ou ambas. Esse estado pode levar timidez ou agressividade. Estado ampliado de uma doena. Epidemiologia: cincia que estuda a distribuio e a ocorrncia de uma doena. Extravagante, extraordinria. Causa e evoluo (desenrolar, desenvolvimento) de uma doena ou leso. Tribos nmades, selvagens, que vivem nos campos, nas florestas etc. Podem ser, tambm, bandos indisciplinados, fora da lei. Inadivel.
Catabolismo
Complexos
Epidemiolgico
Esdrxula Etiopatogenia
Hordas
Impostergvel
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Insidioso
Que surge gradualmente ou quase imperceptivelmente, como uma doena cuja instalao gradual ou de difcil avaliao quanto ao seu incio. Diz-se de infestao ou infeco por parasitas. Parasito: ser que vive sobre ou no interior de um outro ser, denominado hospedeiro, do qual obtm alimento durante toda ou parte de sua existncia. Infestao: presena de parasitas animais na superfcie do corpo (p. ex.: o piolho causa infestao). Infeco: invaso e as consequncias desta invaso de um hospedeiro por microorganismos (bactrias, fungos, vrus etc.). Associao, mais ou menos ntima, entre organismos (seres) de espcies diferentes, com beneficiamento mtuo. Anomalia consequente a uma molstia, da qual deriva direta ou indiretamente. Complicao de uma molstia.
Parasitose
Simbiose
Sequela
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REFERNCIAS
1. KARDEC,Allan. O Livro dos Mdiuns . Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda parte. Cap. XVIII, item 221, pergunta 5, p. 265. 2. ______. Cap. XXIII, item 237, p. 306-307. 3. ______. Item 238, p. 307. 4. ______. Item 239, p. 307-308. 5. ______. Item 240, p. 309. 6. ______. Obras Pstumas . 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, item 58 (Da obsesso e da possesso), p. 72. 7. ______. O Que o Espiritismo . 50. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. I, item: Loucuras, suicdio e obsesso, p. 111-112. 8. ______. p. 112. 9. DENIS, Lon. No Invisvel . Traduo de Leopoldo Cirne. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Terceira parte (Grandezas e misrias de mediunidade), cap. XXII (Prtica e perigos da mediunidade), p. 339. 10. FRANCO, Divaldo Pereira. Obsesso. Estudos Espritas . Pelo Esprito Joanna de ngelis. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, Cap. 19 (Obsesso), p. 143.
12. ______. p. 12. 13. ______. p. 15-16. 14. ______. Loucura e Obsesso . Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, p. 11. 15. ______. Nas Fronteiras da Loucura . Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982, p. 1. 16. ______. Nos Bastidores da Obsesso . Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, p. 31.(Examinando a obsesso). 17. ______. Cap. 3 (Tcnica de obsesso), p. 83-84. 18. SCHUBERT, Suely Caldas. Obsesso/Desobsesso. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (As vrias expresses de um mesmo problema), p. 34-35 (Encarnado para encarnado).
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11. ______. Nas Fronteiras da Loucura . Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982, p. 11(Anlise das obsesses).
19. ______. p. 35. 20. ______. p. 36 ( Desencarnado para desencarnado). 21. ______. p. 36-37. 22. ______. p. 37 (De encarnado para desencarnado). 23. ______. p. 38 (De desencarnado para encarnado). 24. ______. p. 39 (Obsesso recproca). 25. ______. p. 40-41 (Auto-obsesso). 26. XAVIER, Francisco Cndido. Libertao. Pelo Esprito Andr Luiz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, cap. IV (Numa cidade estranha), p. 63-78. 27. ______. Cap. VIII (Inesperada intercesso), p. 125- 127.
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PROGRAMA I
MDULO III
Desobsesso Explicar como se realiza a desobsesso, segundo os fundamentos do Espiritismo. Relacionar os requisitos necessrios para a melhoria do trabalho de desobsesso no Centro Esprita.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
Desobsesso, em sentido amplo, o processo de regenerao da Humanidade. o ser humano desvinculando-se do passado sombrio e vencendo a si mesmo. Em sentido restrito, o tratamento das obsesses, orientado pela Doutrina Esprita. 16 Trata-se de [...] um processo de libertao, tanto para o algoz [obsessor] quanto para sua vtima [obsidiado]. 18 Deve ser entendida, ainda, como [...] remdio moral especfico, arejando os caminhos mentais em que nos cabe agir, imunizando-nos contra os perigos da alienao e estabelecendo vantagens ocultas em ns, para ns e em torno de ns, numa extenso que, por enquanto, no somos capazes de calcular. Atravs dela, desaparecem doenas-fantasmas, empeos obscuros, insucessos, alm de obtermos com o seu apoio espiritual mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciveis para agir, diante do prximo, com desapego e compreenso. 28 1. PREVENO DAS OBSESSES importante considerar que em todo processo patolgico, seja do corpo fsico ou da alma, a preveno, ou profilaxia, a base de uma vida sadia. Profilaxia o conjunto de medidas preventivas que evitam o aparecimento de doenas. No caso da obsesso sendo esta doena da alma , a profilaxia de vital importncia. 17 A preveno de qualquer mal se faz pela prtica do bem. Sendo assim, o [...] verdadeiro homem de bem o que cumpre a lei de justia, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a conscincia sobre os seus prprios atos, a si mesmo perguntar se violou essa lei, se no praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasio de ser til, se ningum tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem. Deposita f em Deus, na Sua bondade, na Sua justia e na Sua sabedoria.
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Sabe que sem a Sua permisso nada acontece e se Lhe submete vontade em todas as coisas. [...] Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepes so provas ou expiaes e as aceita sem murmurar. Possudo do sentimento de caridade e de amor ao prximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses justia. Encontra satisfao nos benefcios que espalha, nos servios que presta, no fazer ditosos os outros, nas lgrimas que enxuga, nas consolaes que prodigaliza aos aflitos. [...] O homem de bem bom, humano e benevolente para com todos, sem distino de raas, nem de crenas, porque em todos os homens v irmos seus [...]. Em todas as circunstncias, toma por guia a caridade [...]. No alimenta dio, nem rancor, nem desejo de vingana; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e s dos benefcios se lembra, por saber que perdoado lhe ser conforme houver perdoado. 2 Estuda suas prprias imperfeies e trabalha incessantemente em combat-las. Todos os esforos emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na vspera. 3 2. TRATAMENTO DAS OBSESSES Tratamento difere de preveno. Deve ser entendido como aplicao de medidas teraputicas; terapia. 5 Tratamento pressupe doao de medidas para combater uma doena em curso. A doutrina que estuda as obsesses, as suas causas preponderantes e predisponentes o Espiritismo , possui recursos excepcionais capazes de vencer essa epidemia cruel que, generalizada, invade hoje todos os seus pontos. So eles: o conhecimento das leis da reencarnao, haurido no Evangelho de Jesus Cristo, e nas revelaes espritas, a orao e a humildade, a pacincia e a resignao mediante os quais elabora pela iluminao interior a prtica da caridade em todas as expresses meios enobrecedores capazes de poupar o homem das sortidas do seu pretrito culposo, no qual se encontram as causas da sua aflio, retidas nas mos infelizes dos Espritos desavisados e perversos que pululam nas regies inferiores da Erraticidade. 15 fundamental, na anlise desse processo, compreender o papel que obsidiado e obsessor desempenham. Eis algumas caractersticas importantes, a serem observadas com relao ao obsidiado: a) Todo obsidiado um mdium em desequilbrio, por ser uma pessoa enferma. Por isto mesmo, constitui, em todas as circunstncias, um caso especial, exigindo muita ateno, prudncia e carinho. 29
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b) O obsidiado o principal responsvel pela sua cura, a despeito do auxlio recebido. O obsidiado, alm de enfermo, representante de outros enfermos, quase sempre tambm uma criatura repleta de torturantes problemas espirituais. Se lhe falta vontade firme para a auto-educao, para a disciplina de si mesma, quase certo que prolongar sua condio dolorosa alm da morte. Que acontece a um homem indiferente ao governo do prprio lar? Indubitavelmente ser assediado por mil e uma questes, no curso de cada dia, e acabar vencido, convertendo-se em joguete das circunstncias. Imagine agora que esse homem indiferente esteja cercado de inimigos que ele mesmo criou, adversrios que lhe espreitam os menores gestos, tomados de sinistros propsitos, na maioria das vezes... Se no desperta para as realidades da situao, empunhando as armas da resistncia e valendo-se do auxlio exterior que lhe prestado pelos amigos, razovel que permanea esmagado. [...] Em todos os acontecimentos dessa espcie, porm, no se pode prescindir da adeso dos interessados diretos na cura. Se o obsidiado est satisfeito na posio de desequilbrio, h que esperar o trmino de sua cegueira, a reduo da rebeldia que lhe prpria ou o afastamento da ignorncia que lhe oculta a compreenso da verdade. Ante obstculos dessa natureza, embora sejamos chamados com fervor por aqueles que amam particularmente os enfermos, nada podemos fazer, seno semear o bem para a colheita do futuro, sem qualquer expectativa de proveito imediato. 30 Em relao ao obsessor, devemos compreender que se trata de um [...] ser que pensa e age movido por uma razo que lhe parece justa. [...] O principal mister deve ser o de concentrar no enfermo desencarnado as atenes, tratando-o com bondade e respeito, mesmo que se no esteja de acordo com o que faz. Conquistar para ntima renovao o agente infeliz, porquanto toda ao m procede de quem no est bem, por mais escamoteie e disfarce os sentimentos e o prprio estado [...]. Evitar-se a discusso inoperante, forrado de humildade real, na qual transparea o interesse amoroso pelo bem-estar do outro, que terminar por envolver-se em ondas de confiana e harmonia, de que se beneficiar, mudando de atitude em relao aos propsitos mantidos at ento. 13 O enfermo espiritual geralmente se comunica nas reunies medinicas por meio da psicofonia, forma de mediunidade mais objetiva e produtiva para estabelecimento de dilogo entre os dois planos da vida. Na manifestao dos enfermos espirituais de qualquer natureza, inclusive os obsessores, alguns detalhes merecem ser destacados: O manifestante apresenta sempre [...] as deficincias e angstias de que
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portador, exigindo a conjugao de bondade e segurana, humildade e vigilncia no companheiro que lhe dirige a palavra. 20 [...] Natural venhamos a compreender no visitante dessa qualidade um doente, para quem cada frase precisa ser medicamento e blsamo. Claro que no ser possvel concordar com todas as exigncias que formule; no entanto, no justo reclamar-lhe entendimento normal de que se acha ainda talvez longe de possuir. 21 Deve ser anulado [...] qualquer intento de discusso ou desafio com entidades comunicantes, dando mesmo razo, algumas vezes, aos Espritos infelizes e obsessores, reconhecendo que nem sempre a desobsesso real consiste em desfazer o processo obsessivo, de imediato, de vez que, em casos diversos, a separao de obsidiado e obsessor deve ser praticada lentamente [...]. 22 Quando a tentativa do dilogo revelar-se inoperante, deve ser praticada [...] a hipnose construtiva [...], no nimo dos Espritos sofredores comunicantes, quer usando a sonoterapia para entreg-los direo e ao tratamento dos instrutores espirituais presentes, efetuando a projeo de quadros mentais proveitosos aos esclarecimentos, improvisando idias providenciais do ponto de vista de reeducao, quer sugerindo a produo e ministrao de medicamentos ou recursos de conteno em favor dos desencarnados que se mostrem menos acessveis enfermagem do grupo. 23 A escolha do mdium que intermediar a manifestao do enfermo espiritual deve ficar a cargo dos orientadores espirituais, uma vez que conhecem o Esprito comunicante e as possibilidades psquicas de cada mdium. Assim, os esclarecedores encarnados [...] no devem constranger os mdiuns psicofnicos a receberem os desencarnados presentes, repetindo ordens e sugestes nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade, fator essencial ao xito do intercmbio. 24 A reunio medinica de atendimento a sofredores assemelha-se psicoterapia: deve ser vista como tratamento em grupo. 25 Todo trabalho de esclarecimento com o desencarnado deve ser conduzido para a parte essencial do entendimento, que atingir o centro de interesse do Esprito preso a idias fixas, para que se lhe descongestione o campo mental. 25 Os integrantes da reunio, sobretudo os mdiuns, devero estar atentos aos problemas caractersticos dos Espritos sofredores manifestantes: os desorientados devido recm-desencarnao ; os suicidas, os homicidas, os perseguidores e vingadores implacveis; os que apresentam zoantropia, os vampirizadores etc. 26 Desobsesso no se realiza sem a luz do raciocnio, mas no atinge os fins a
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que se prope, sem as fontes profundas do sentimento. 27 3. O TRABALHO DESOBSESSIVO NOS GRUPOS MEDINICOS Toda e qualquer tarefa, especialmente a que se destina ao socorro, exige equipe hbil adredemente preparada para o ministrio a que se dedica. 6 A equipe que se dedica desobsesso e tal ministrio somente credor de f, possuidor de valor, quando realizado em equipe , que a seu turno se submete orientao das Equipes Espirituais Superiores, deve estribar-se numa srie incontroversa de itens, de cuja observncia decorrem os resultados da tarefa a desenvolver-se. 7 Estes itens so os seguintes: harmonia de conjunto, que se consegue pelo exerccio da cordialidade entre os diversos membros que se conhecem e se ajudam na esfera do cotidiano; elevao de propsitos, a cujo programa cada um se entrega, em regime de abnegao, [...] do que decorrem os resultados de natureza espiritual, moral e fsica dos encarnados e dos desencarnados em socorro; 7 conhecimento doutrinrio, que capacita os mdiuns e os doutrinadores, assistentes e participantes do grupo a uma perfeita identificao, mediante a qual se podem resolver os problemas e dificuldades que surgem, a cada instante, no exerccio das tarefas desobsessivas;
conduta moral sadia, em cujas bases estejam insculpidas as instrues evanglicas [...]; equilbrio interior dos mdiuns e doutrinadores, uma vez que, somente aqueles que se encontram com a sade equilibrada esto capacitados para o trabalho em equipe. Pessoas nervosas, versteis, susceptveis, bem se depreende, so carentes de auxlio, no se encontrando habilitadas para mais altas realizaes, quais as que exigem recolhimento, pacincia, afetividade, clima de prece, em esfera de lucidez mental. No raro, em pleno servio de socorro aos desencarnados, soam alarmes solicitando atendimento aos membros da esfera fsica, que se desequilibram facilmente, deixando-se anestesiar pelos txicos do sono fisiolgico ou pelas interferncias da hipnose espiritual inferior. 8 No recomendvel permitir a participao do enfermo encarnado nas reunies medinicas, evitando o confrontamento com seu perseguidor, o que, por certo, lhe trar maiores transtornos. No entanto, se o obsidiado comparece
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concentrao, por meio de cujo comportamento se dilatam os registros dos instrumentos medinicos, facultando a sintonia com os comunicantes [...];
subitamente reunio, sem aviso prvio, necessrio que o discernimento do conjunto funcione, ativo. Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admitidos por momentos rpidos, na fase preparatria dos servios programados, recebendo passes e orientao para que se dirijam a rgos de assistncia ou doutrinao competentes. [...] Findo o socorro, breve, retirar-se-o do recinto. 19 O obsidiado, de qualquer natureza, deve receber o auxlio magnticoespiritual do passe e da gua fluidificada. necessria a aplicao dos recursos fludicos, seja atravs do passe ou da gua fluidificada, da orao intercessria com que se vitalizem os ncleos geradores de foras. 13 Solicitar a frequncia do irmo s reunies pblicas de estudo doutrinrio para iluminao da sua conscincia. Ouvindo essas explanaes, criar um clima adequado atuao dos benfeitores espirituais, em benefcio prprio e no do seu perseguidor. Atender ao obsidiado em dia e hora previamente especificados para que, por meio do dilogo fraterno, ele seja esclarecido sobre a necessidade de educar-se luz do Evangelho. Insistir junto a ele com afabilidade, pela transformao moral criando em torno de si condies psquicas harmnicas, com o que se refar emocionalmente, estimulando-se a contribuir com a parte que lhe diz respeito. 13 Orient-lo a participar das atividades de assistncia social do Centro Esprita. Atra-lo a aes dignificantes e de beneficncia, com o que granjear simpatias e vibraes positivas, que o fortalecero, mudando o seu campo psquico. Estimular-lhe o hbito da orao e da leitura edificante, ao mesmo tempo trabalhando-lhe o carter, que se deve tornar malevel ao bem e refratrio ao vcio. As mentes viciosas encharcam-se de vibries e parasitas extravagantes, dementados pelo desdobrar dos excessos perniciosos. 14 Em todos os casos de obsesso, a prece o mais poderoso meio de que se dispe para demover de seus propsitos malficos o obsessor. 1 Para [...] assegurar a libertao da vtima, indispensvel se torna que o Esprito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desgnios; que se faa que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem [...]. Pode-
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se ento ter a grata satisfao de libertar um encarnado e de converter um Esprito imperfeito. O trabalho se torna mais fcil quando o obsidiado, compreendendo a sua situao, para ele concorre com a vontade e a prece. 1 A equipe de socorro espiritual do Centro Esprita deve avaliar se o obsidiado necessita ou no de trabalho profissional mdico ou psicolgico, concomitante ao atendimento esprita. Se a avaliao for favorvel, esta deve ser sugerida ao doente. Caso j exista atendimento mdico prvio, a equipe do Centro Esprita no deve alterar ou suprimir os medicamentos receitados, em nenhuma hiptese. Basicamente, este o trabalho desobsessivo esprita; no entanto, sabemos que as imperfeies morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstculo sua libertao. 4 4. A FAMLIA DO OBSIDIADO Vinculados aos Espritos no agrupamento familiar pelas necessidades da evoluo em reajustamentos recprocos, no problema da obsesso, os que acompanham o paciente esto fortemente ligados ao fator predisponente, caso no hajam sido os responsveis pelo insucesso do passado, agora convocados cooperao no ajustamento de contas. 9 Por isso, torna-se imprescindvel, nos processos de desobsesso, seja a famlia do paciente alertada para as responsabilidades que lhes dizem respeito, de modo a no transferir ao enfermo toda a culpa ou dele no se desejar libertar, como se a Sabedoria Celeste, ao convocar o calceta ao refazimento, estivesse laborando em erro, produzindo sofrimento naqueles que nada teriam a ver com a problemtica do que padece. Tudo muito sbio nos Cdigos Superiores da Vida. Ningum os desrespeitar impunemente. 10 A famlia e os amigos do obsidiado podero colaborar, por exemplo, da seguinte forma: cercar o enfermo com manifestaes de carinho, ateno e amor; acompanh-lo durante o atendimento esprita e, se for o caso, durante o tratamento mdico ou psicolgico; envolv-lo em vibraes harmnicas de prece; fazer o culto do Evangelho no Lar, favorecendo a participao do enfermo. O conhecimento da problemtica obsesso/desobsesso exige tempo, dedicao e estudo. Nem sempre conseguiremos resultados imediatos. Mister se faz
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confiar na Divina Providncia e insistir. 11 uma tarefa sacrificial que demanda pacincia e humildade como normativas disciplinantes. Considerando, pois, toda essa complexidade que a desobsesso envolve, devemos confiar na misericrdia de Jesus, lembrando que Ele no se imps a ningum. No pretendeu transformar ningum num s golpe. Semeou sua mensagem de amor, amando sem queixas e sem imposies de qualquer natureza, espalhando, atravs da renunciao aos gozos terrenos, as bases da felicidade e da paz. E diante dos obsidiados, amando perseguidos e perseguidores, lecionou misericrdia, libertando os obsessos dos seus obsessores, dizendo-lhes, porm, com segurana e sem qualquer retrica: No tornes a pecar, como a afirmar que a sade bem que nasce no corao e se expande estuante por toda a parte. 12 Como a desobsesso um trabalho rduo, que exige dos dirigentes e da equipe devotada a este gnero de atividade no Centro Esprita muita pacincia e amor ao prximo, bem como conhecimento doutrinrio esprita e experincia no assunto, importante que alguns requisitos sejam destacados, a fim de que a tarefa produza bons frutos: dirigentes, mdiuns e colaboradores dessa tarefa devem ser pessoas experientes tanto quanto conhecedoras e estudiosas da Doutrina Esprita; os responsveis diretos pelo trabalho da desobsesso devem conhecer o processo obsessivo e saber analis-lo com lucidez, para entenderem a trama em que obsessor e obsidiado esto envolvidos. importante que remontem s causas que geraram a obsesso; a famlia ou os amigos prximos do obsidiado devem ser envolvidos no processo de desobsesso; os responsveis por essa tarefa, aps anlise cuidadosa do caso, podem sugerir atendimento mdico-psicolgico, concomitante desobsesso.
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GLOSSRIO
Calceta Escamoteia Condenado a trabalhos forados. Que faz desaparecer; que faz levar sumio; que encobre com subterfgios. Tratamento de qualquer molstia, especialmente de desajustes emotivos e transtornos mentais, por meios psicolgicos, isto , pela comunicao verbal ou no com os pacientes, em contraste com a teraputica baseada em meios fsicos ou medicamentos.
Psicoterapia
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. A Gnese. Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. XIV, item 46, p. 305-306. 2. ______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. XVII, item 3, p. 272-273. 3. ______. p. 274. 4. ______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 73. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Segunda Parte. Cap. XXIII, item 252, p. 318. 5. DICIONRIO MDICO BLAKISTON. Diversos tradutores. 25 ed. So Paulo: Editora Andrei, 1997, p.1046. 6. FRANCO, Divaldo Pereira. Grilhes Partidos. Pelo Esprito Manoel Philomeno de Miranda. 3. ed. Salvador [BA]: Alvorada, 1981, p. 13 (A equipe de trabalho). 7. ______. p. 14. 8. ______. p. 15. 9. ______. p. 23. 10. ______. p. 24.
12. ______. p. 85-86. 13. ______. Nas Fronteiras da Loucura. Pelo Esprito Manoel P. de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982, p. 17 (Terapia desobsessiva). 14. ______. p. 18. 15. ______. Sementes de Vida Eterna. Por diversos Espritos. Salvador [BA]: Livraria Esprita Alvorada, 1978, p.189 (Mensagem de Euripedes Barsanulfo). 16. SCHUBERT, Suely Caldas. Obsesso/Desobsesso. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Terceira parte (Reunio de desobsesso), cap. 1 (A Desobsesso), p. 125. 17. ______. Quarta parte (A desobsesso natural), cap. 1 (Profilaxia das obsesses) p. 187.
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11. ______. Lampadrio Esprita. Pelo Esprito Joanna de ngelis. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, Cap. 19 (Desobsesso), p. 83.
18. ______. Testemunhos de Chico Xavier. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Item: Libertao.____ Referncia ao Voltei, p. 261. 19. XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Desobsesso. Pelo Esprito Andr Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,cap. 23 (Chegada Inesperada do doente), p. 95. 20. ______. Cap. 32 (Manifestao do enfermo espiritual - 1), p. 125. 21. ______. p. 125-126. 22. ______. Cap. 33 (Manifestao do enfermo espiritual - 2), p. 129-130. 23. ______. p. 130. 24. ______. Cap. 34 (Manifestao do enfermo espiritual - 3), p. 133. 25. ______. p. 134. 26. ______. Cap. 36 (Manifestao do enfermo espiritual - 5), p. 139. 27. ______. p. 140. 28. ______. Cap. 64 (Benefcios da desobsesso), p. 222. 29. XAVIER, Francisco Cndido. Missionrios da Luz. Pelo Esprito Andr Luiz. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 18 (Obsesso), p. 275. 30. ______. p. 379-380.
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PROGRAMA I
A harmonizao psquica permite pessoa raciocinar sobre a importncia de seu autoconhecimento, para que possa ser mais feliz ou, pelo menos, mais integrada em um mundo, como o em que estamos vivendo, sujeito a transformaes constantes e rpidas. O ser humano que se empenha em buscar a paz ntima, mesmo que viva sob o peso de grandes responsabilidades, s voltas com dificuldades dolorosas ou estressantes, aprende a encarar a vida de frente, sem medos ou angstias, que tanto tm desarmonizado as pessoas.
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TRABALHO PRTICO DE HARMONIZAO PSQUICA 1) Na primeira reunio prtica introdutria do tema, deve-se explicar o que harmonizao psquica, a que fins se prope e qual o meio de obt-la. Esclarecer que em todas as reunies, a partir desta introdutria, sero reservados alguns minutos para que o participante aprenda a buscar recursos ntimos de harmonizao psquica, o que ir favorecer sua atuao equilibrada no trabalho medinico. 2) Explicar, com nfase, que a harmonizao psquica um trabalho de toda hora, de todos os dias. Logo, os exerccios de relaxamento ou os de meditao, bem como os da prtica da prece, aqui indicados, devem estar associados aquisio de hbitos de vida sadios. 3) Destinar alguns minutos da reunio, de preferncia no incio, para fazer exerccios que favorecem a harmonizao psquica. 4) Observar se todos os alunos esto participando dos exerccios, caso contrrio, analisar em conjunto as causas e buscar solues. importante que os participantes aprendam a ver o grupo como um todo coletivo, em que cada um possa contribuir para o seu prprio equilbrio e para o equilbrio geral. 5) Os exerccios de prece e de irradiao mental devem vir aps os exerccios de harmonizao psquica.
ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I Prtica Contedo: Harmonizao Psquica
HARMONIZAO PSQUICA O termo harmonizao psquica est relacionado ao substantivo harmonia, no sentido de paz. O Espiritismo entende a harmonizao psquica como sendo a capacidade de algum obter paz ou equilbrio espiritual. Falar em paz ou equilbrio espiritual para quem vive num mundo atribulado como o nosso pode parecer utopia, uma irrealidade. De fato a vida no fcil aqui, uma vez que habitamos um mundo de expiaes e provas. Viver sob o guante da dor, mas entendendo a sua razo de ser, nos permite desenvolver esforos para atenu-la ou tom-la suportvel. Situao oposta acontece quando desconhecemos a causa do sofrimento: somos arrastados pela dor, nos entregando, desesperanados, aos seus braos, triplicando, assim o mal-estar. Neste sentido, esclarece a Doutrina Esprita que a paz de esprito possvel de ser conseguida pelo desenvolvimento do autoconhecimento e pela transformao moral. Sobre o autoconhecimento nos informa Santo Agostinho, em O Livro dos Espritos, questo 919: Um sbio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo. Conhecemos toda a sabedoria desta mxima, porm a dificuldade est precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo? Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha conscincia, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se no faltara a algum dever, se ningum tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as aes que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande fora adquiriria para se aperfeioar, porque, crede-me, Deus o assistiria. [...] O conhecimento de si mesmo , portanto, a chave do progresso individual. [...] Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso prximo e, finalmente, contra vs mesmos. As respostas vos daro, ou o descanso para a vossa conscincia, ou a indicao de um mal que precise ser curado. [...] Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas aes, inquiri como a qualificareis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, no na poder eis ter por legtima quando fordes o seu autor, pois que Deus no usa de duas medidas na aplicao de sua justia. Procurai tambm saber o que dela pensam os vossos semelhantes e no
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desprezeis a opinio dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse tm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. O autoconhecimento conduz, naturalmente, necessidade de nos transformarmos moralmente, como condio de felicidade. Assim, o primeiro passo para que a nossa reforma moral ocorra consiste em identificar os vcios ou ms tendncias que possumos e, em seguida, procurar combat-los. Reforma ou transformao moral a busca de virtudes, o que se faz combatendo vcios e paixes inferiores. O maior de todos os vcios o egosmo, esclarecem-nos os Espritos Superiores. [...] Da deriva todo mal. Estudai todos os vcios e vereis que no fundo de todos h egosmo. Por mais que Ihes deis combate, no chegareis a extirp-los, enquanto no atacardes o mal pela raiz, enquanto no lhe houverdes destrudo a causa. Tendam, pois, todos os esforos para esse efeito, porquanto a que est a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeio moral, deve expurgar o seu, corao de todo sentimento de egosmo, visto ser o egosmo incompatvel com a justia, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades. (O Livro dos Espritos, questo 913). Outro vcio, causa de grandes sofrimentos, o orgulho. Segundo mensagem de um Esprito Protetor, constante em O Evangelho segundo o Espiritismo (captulo IX, item 9), o orgulho nos induz a julgar-nos mais do que somos; a no suportarmos uma comparao que nos possa rebaixar; a considerarmo-nos, ao contrrio, to acima dos nossos irmos, quer em esprito, quer em posio social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo nos irrita e aborrece. Dessa forma, devemos elaborar um programa de melhoria moral, procurando exercitar, cotidianamente, a nossa incessante busca pela paz, por harmonizao psquica. A finalidade dos exerccios de harmonizao psquica oferecer condies para que os participantes desenvolvam a conscientizao sobre a necessidade da transformao moral, regra bsica para a conquista da paz espiritual, aprendendo a domar as paixes inferiores ou as ms inclinaes, e a aperfeioar virtudes, por meio do autoconhecimento e do conhecimento do prximo. 1. PLANO DE MELHORIA MORAL (1) ROTEIRO Os participantes, organizados em grupos, recebem cpias do texto O Anjo Consertador, colocado abaixo, para leitura e troca de idias.
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Em seguida, elabora um plano de melhoria moral, utilizando como referncia o formulrio Plano de melhoria moral, inserido aps o texto de leitura. Os representantes dos grupos apresentam, em plenria, os planos de melhoria moral. O dinamizador analisa as apresentaes, esclarecendo possveis dvidas. TEXTO: O Anjo Consertador (Irmo X/Francisco Cndido Xavier: Luz Acima, cap. 12, editora FEB). Quando o crente enfermo conseguiu encontrar, aps longas splicas, o Anjo Consertador, prosternou-se, reverente, e falou, banhado em lgrimas: Benfeitor Celeste, socorre-me, por piedade! Trago o estigma do fracasso. Sou profundamente infeliz!... Contra mim permanecem associadas todas as foras do mal. [...] Meus negcios falham, meus interesses sofrem prejuzo infindveis, minha sade perece... Vivo coberto de preocupaes e sofrimentos... Embalde busco o auxlio da prece.... Deteve-se o emissrio anglico e auscultou delicadamente o desventurado. Mirou-o, compadecido, e considerou: Meu amigo, voc tem f?
E deseja restabelecer sua paz, aplainar seu caminho? Suspiro por semelhantes realizaes. O instrutor fez pequena pausa e acrescentou: Voc sabe que o homem pea viva, dono de uma conscincia prpria, senhor de uma razo pessoal e herdeiro de Deus....
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PLANO DE MELHORIA MORAL Plano Dirio de Ao Virtudes / Na Qualidades Execuo No Conquista a do Plano Combate das Conquistar aos Vcios Qualidades
Superao de Obstculos
2. PLANO DE MELHORIA MORAL (2) ROTEIRO (trabalho em grupo ou individual) Destacar, na mensagem Siga Feliz idias consideradas fundamentais para se obter a harmonizao espiritual. Em seguida, preencher o formulrio, orientando-se pelo exemplo ali existente. Pedir aos participantes que apresentem os resultados do trabalho, esclarecendo possveis dvidas. PLANO BSICO DE HARMONIZAO PSQUICA IDIAS DO O QUE FAZER COMO SUPERAR TEXTO DIARIAMENTE OBSTCULOS Disciplinar: horrios, 1. Viver em paz. Orar; ouvir mais/falar menos; atividades, atitudes. participar de servio gratuito ao Cumprir o prometido, prximo, etc. etc.
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Siga Feliz (*) Andr Luiz Viva em paz com a sua conscincia. Sempre que voc se compare com algum, evite o orgulho e desprezo, reconhecendo que em todos os lugares existem criaturas acima e abaixo de sua posio. Consagre-se ao trabalho que abraou, realizando com ele o melhor que voc possa, no apoio ao bem comum. Trate o seu corpo na condio de primoroso instrumento, qual se deve a maior ateno no desempenho da prpria tarefa. Ainda que se veja sob graves ofensas, no guarde ressentimento, observando que somos todos os Espritos em evoluo na Terra suscetveis de errar. Cultive sinceridade com bondade para que a franqueza agressiva no lhe estrague belos momentos no mundo. Procure companhias que lhe possam doar melhoria de esprito e nobreza de sentimentos. Converse humanizando ou elevando aquilo que se fala. No exija da vida aquilo que a vida ainda no lhe deu, mas siga em frente no esforo de merecer a realizao dos seus ideais. E, trabalhando e servindo sempre, voc obter prodgios, no tempo, com a bno de Deus. ______________
(*) XAVIER, Francisco Cndido. Momentos de Ouro. Diversos Espritos. 1.ed. So Bernardo do Campo [SP]: GEEM, 1977, p. 131-134.
3. CONHECENDO OS MEUS COLEGAS DINMICA: Sinta a minha dificuldade! ROTEIRO Cada participante registra numa tira de papel um defeito ou uma dificuldade que acredita possuir. Este registro deve ser feito em letra de forma (caixa alta) com o intuito de manter em segredo a identidade de quem fez o registro. Em sequncia, dobrar a tira de papel e a coloc-la numa caixa.
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Os participantes devem retirar uma tira de papel da caixa ( importante que nenhum retire o prprio registro. Caso isto acontea, substitu-lo por outro); ler o que est escrito no papel e dramatizar, por palavras, gestos, ou ambos, a dificuldade ali registrada, procurando vivenci-la como se tivesse este defeito. Ao final, os participantes opinam sobre as atividades desenvolvidas, fazendo uma apreciao geral sobre as dificuldades dramatizadas. 4. VISO DO FUTURO DINMICA: refletindo na prpria desencarnao ROTEIRO Participantes sentados em crculo, com lpis e papel na mo. Escrevem um pseudnimo no canto superior direito da folha, como identificao (os colegas nada devem saber a respeito desta identificao). A um sinal do dinamizador, cada participante registra no papel, de forma legvel, a frase: Quando eu desencarnar.... Em seguida, completar, de forma objetiva, a frase escrita. O tempo disponvel de 60 segundos, (caso no consiga, no tem importncia). Terminado o tempo, passar, imediatamente, a folha para o colega sentado direita. Este, por sua vez, completa por escrito as idias registradas pelo colega. O tempo para esta atividade , tambm, de 60 segundos. Continuar o rodzio at que cada um receba, de volta, a prpria folha de papel. Ao final, cada participante faz a leitura da programao desencarnatria que lhe foi estabelecida, opinando a respeito. O dinamizador prope a escolha da melhor programao desencarnatria, oferecendo ao vencedor uma pgina doutrinria sobre o assunto.
5. AUTOCONHECIMENTO (I) DINMICA: Quem sou eu? ROTEIRO Participantes sentados em crculo recebem do dinamizador um carto contendo trs perguntas: Quais so as minhas razes? Que tipo de pessoa eu sou?
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Quais so as minhas expectativas de vida? Os participantes fazem a leitura das perguntas, dando as respostas, de forma objetiva, no verso do carto. Terminada essa etapa, o dinamizador recolhe, embaralha e redistribui os cartes. importante que nenhum dos participantes receba o prprio carto. Em seguida, os participantes devem ler o contedo do carto recebido, procurando descobrir quem o autor das respostas. No ocorrendo a identificao, solicitar o auxlio dos colegas e do dinamizador, ou, caso haja consenso, pedir ao dono do carto que se identifique. 6. AUTOCONHECIMENTO (II) DINMICA: Estimulando a inteligncia verbal ou lingustica ROTEIRO Pedir aos participantes que apresentem, sob a forma de prosa, a seguinte poesia de Andr Luiz, constante do livro Agenda Crist, psicografia de Francisco C. Xavier. Editora FEB, item 5.
Medicamentos Evanglicos Ajude sempre. Faa luz. Jamais desespere. Aprenda incessantemente. Pense muito. Medite mais. Fale pouco. Retifique, amando. Trabalhe feliz. Dirija, equilibrado. Obedea, contente. No se queixe. Siga adiante. Repare alm. Veja longe. Discuta serenamente.
Espalhe bnos. Lute, elevando. Seja alegre. Viva desassombrado. Demonstre coragem. Revele calma. Respeite tudo. Ore, confiante. Vigie, benevolente. Caminhe, melhorando. Sirva hoje. Espere o amanh.
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Semeie paz.
7. AUTOCONHECIMENTO (III) DINMICA: Cdigo evolutivo (estimulando a inteligncia lgico-matemtica) ROTEIRO Os participantes devem elaborar, em grupo, uma linha ascensional do ser humano, tendo como base a escala esprita existente em O Livro dos Espritos, questes 100 a 113. A dinmica fica mais interessante se cada grupo trabalhar um nvel de classificao da escala esprita (grupo um: ordem dos Espritos Imperfeitos; grupo dois: ordem dos Bons Espritos; grupo trs: ordem dos Espritos Puros). Os passos para a construo do cdigo evolutivo so os seguintes: a) seleo dos tipos evolutivos que fazem parte de um agrupamento geral; b) registro das caractersticas bsicas de cada tipo evolutivo em tiras de cartolina; c) montagem da linha ascensional dos tipos evolutivos, em quadro mural; d) apresentao do mural, em plenria, destacando as caractersticas dos tipos evolutivos. O monitor avalia o quadro-mural organizado pelos grupos. 8. AUTOCONHECIMENTO (IV) DINMICA: lbum de famlia (estimulando a inteligncia espacial) ROTEIRO Os participantes recebem vrios recortes, contendo figuras ou fotos de pessoas nas vrias etapas da vida, do nascimento velhice. O trabalho grupal prev: a) seriao das figuras de acordo com a evoluo etria; b) construo de um quadro-mural, denominado lbum de famlia, espacialmente organizado em funo das diferentes etapas da vida das pessoas identificadas nas gravuras. 9.AUTOCONHECIMENTO (V) DINMICA: Musicalizando (estimulando a inteligncia musical) ROTEIRO Os participantes so convidados a formarem um conjunto musical (banda, coral, grupo de dana, orquestra etc), de acordo com os seguintes passos: a) seleo de uma msica que servir de base para a construo do conjunto musical; b) utilizao de tampas de panela, panela, apito, colheres, caixa de fsforos, fsforos, castanholas, cornetas etc., como instrumentos musicais; c) apresentao do conjunto musical, em plenria.
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O monitor pede aos participantes para relatar as dificuldades e as facilidades na realizao da dinmica. Em seguida, avalia o trabalho (msica selecionada, ritmo ou cadncia, harmonia etc). 10. AUTOCONHECIMENTO (VI) DINMICA: Construindo um mbile (estimulando a inteligncia cinestsicocorporal). ROTEIRO Os participantes so convidados a formarem grupos para a construo de um mbile, por meio do jogo dos cabides. Na construo do mbile, necessrio obedecer a estas etapas: a) a turma deve ser organizada em 3 mini-grupos; b) o mbile deve ter 30 cabides, tendo como referncia 1 cabide-guia, de cor vermelha; c) em cada nvel do mbile deve predominar apenas uma cor de cabides; d) os cabides devem ter o mesmo tamanho para manter o equilbrio do mbile; e) no deve ocorrer troca de cabides aps a distribuio dos mesmos. O quadro seguinte mostra a distribuio dos cabides, tendo em vista a realizao adequada da dinmica:
CORES GRUPO 1 Amarela 1 cabide Azul 1 cabide Branca 3 cabides Preta 5 cabides Total 10 cabides 1 cabide-guia de cor vermelha.
O monitor pede aos participantes que relatem as dificuldades e as facilidades encontradas na realizao da dinmica. Em seguida, avalia o trabalho.
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PROGRAMA I
Resumo Informativo
Objetivos especcos Elaborar resumo informativo das obras espritas selecionadas. Fazer apresentao do resumo realizado.
O resumo informativo das obras espritas abaixo relacionadas deve seguir as Consideraes Gerais, para a realizao das atividades complementares.
RESUMO INFORMATIVO DE: O Livro dos Mdiuns, de Allan Kardec. Edio FEB. Captulo VI: Das manifestaes visuais. (Segunda parte) Captulo XIV: Dos mdiuns. (Segunda parte) Captulo XXIII: Da obsesso.(Segunda parte)
Captulo XI: Amar o prximo como a si mesmo. Captulo XII: Amai os vossos inimigos. Captulo XXVI: Dai gratuitamente o que gratuitamente recebestes. A Gnese, de Allan Kardec. Edio FEB.
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PROGRAMA I
Conduta Esprita: O exerccio gratuito e devotado da mediunidade como instrumento de progresso espiritual. Objetivos especcos Fazer estudo de caso, tendo como fundamento o referencial terico e prtico transmitido nas reunies. Estabelecer correlao entre conhecimento de mediunidade, obsesso, desobsesso e a importncia da prtica gratuita e devotada da mediunidade.
Sugestes ao instrutor para aplicao do roteiro de conduta esprita a) No incio da reunio, explicar aos alunos que a culminncia do Mdulo 3 ser feita por meio de estudo de um caso, extrado da obra Os Mensageiros, psicografia de Francisco C. Xavier, ditada pelo Esprito Andr Luiz, edio FEB. b) Apresentar, com clareza, todas as etapas para a realizao do estudo de caso (anexo 3). c) Distribuir o texto que contm o relato escrito do caso a ser estudado (anexo 1). O caso pode ser apresentado verbalmente; no entanto, exige do professor boa capacidade de narrao e redobrada ateno dos alunos. d) Pedir aos participantes que leiam, individualmente, o texto, realizando anotaes margem do mesmo, sublinhando ou destacando frases.
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e) Solicitar aos alunos que, individualmente ou reunidos em grupos, faam o exerccio proposto. O objetivo deste exerccio facilitar a resoluo do assunto, uma vez que as concluses devero ser apresentadas no espao de tempo da aula. f) Solicitar aos alunos a elaborao das concluses que o estudo do caso suscita. Obs.: As concluses ou apreciaes sobre o caso podem ser sistematizadas de forma lgica e metdica, por meio de uma ficha de estudo de caso. No anexo 4 est inserido um modelo dessa ficha, a ttulo de sugesto. g) Pedir aos alunos que apresentem, em plenria, as concluses a que chegaram, anotando-as em quadro-de-giz ou flip-chart. h) O instrutor deve apresentar, em seguida, a soluo, a apreciao ou a crtica que o caso j tenha recebido, para a devida comparao com as solues apresentadas pela classe. (Veja anexo 2 - Soluo do Caso Acelino) i) Promover ampla discusso do assunto, comparando as concluses do grupo com a soluo j dada ao caso.
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ANEXO 1
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo III Culminncia do Mdulo Textos para estudo individual ou em grupo
O DESASTRE DE ACELINO O Esprito Andr Luiz nos relata o caso de Acelino, um companheiro que ele conheceu na colnia espiritual Nosso Lar. Acelino era um Esprito proveniente de Nosso Lar, reencarnado, no incio do sculo atual, em uma das grandes cidades brasileiras, aps ter recebido valioso patrimnio instrutivo no plano espiritual, necessrio ao trabalho que ele deveria realizar no plano fsico. A preparao para os encargos que deveria assumir na experincia terrestre foi diretamente presidida por uma das ministras dessa Colnia. No seu planejamento reencarnatrio geral, estavam previstos: a) casamento com Ruth, devotada companheira, que o auxiliaria no desempenho das tarefas; b) ecloso da mediunidade, com a idade de vinte anos; c) garantia de amparo espiritual dos benfeitores, nas tarefas medinicas, para o exerccio equilibrado das faculdades de vidncia, audio e psicografia. As manifestaes medinicas de Acelino aconteceram em poca oportuna, representando motivo de sincera satisfao dos companheiros encarnados do grupo medinico a que ele estava filiado, uma vez que as atividades de intercmbio espiritual tomaram novo impulso, ao beneficiar um grande nmero de sofredores que buscavam consolo e esclarecimento no grupo. As coisas estavam caminhando dessa forma, quando Acelino passou a albergar idias de transformar o exerccio medinico numa fonte de renda financeira. Para tanto, estipulou um valor monetrio para as suas tarefas medinicas. Os argumentos que ele usou para justificar a profissionalizao da mediunidade foram: o servio medinico era um servio igual a outro qualquer; tanto era verdade, afirmava, que os sacerdotes catlicos e os pastores
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evanglicos recebiam remunerao; convenceu-se de que, se as pessoas pagam para curar os males do corpo, deveriam, com mais razo, pagar para obter benefcios espirituais; concluiu que, apesar das solues dos problemas serem, originalmente, dadas pelos Espritos, estes contavam, no entanto, com o concurso dos mdiuns, caso contrrio as orientaes no poderiam chegar at os necessitados; reconheceu, finalmente, que a deciso de cobrar pelos servios medinicos no era de todo incorreta, uma vez que amigos no s concordaram com a medida, como passaram a apoi-lo. Debalde movimentaram-se os protetores espirituais, aconselhando-o a tomar melhor caminho; chamando-o ao esclarecimento; relembrando-lhe as legtimas finalidades da mediunidade, os ensinos espritas e os evanglicos. Acelino arbitrou um preo para as consultas, com bonificaes especiais aos pobres e desvalidos da sorte e, de repente, o seu consultrio estava cheio de gente. Muitos o procuravam para resolver problemas de males fsicos e para a resoluo de negcios materiais. Tornou-se consultor habitual de grande nmero de famlias abastadas, que o procuravam para a resoluo de todos os problemas que surgiam na vida delas.
Pode-se dizer, no entanto, que, de uma maneira geral, Acelino no cometeu nenhum delito, segundo a interpretao dos seus familiares e dos membros da sociedade onde estava inserido. Era apenas algum que vivia financeiramente dos dons que Deus lhe concedeu. Os benfeitores espirituais, no sendo mais ouvidos, aps inmeras tentativas, de forma direta ou indireta, resolveram afastar-se do mdium submetido que estava s injunes do seu livre-arbtrio deixando-o ligado s entidades prfidas, vidas de poder e sensaes materiais. Essas atividades fizeram de Acelino uma ponte para localizar os seus cmplices encarnados, por meio dos quais agiam inescrupulosamente no mundo fsico.
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Transformou sua mediunidade em mera transao comercial, compartilhando de comportamentos ilegais ou criminosos, de caprichos e paixes de muitos, distanciando-se, assim, da escola da virtude, do amor fraternal, da edificao superior, das lies do Evangelho, das quais zombou muitas vezes.
Foi nessas condies que a morte do corpo fsico colheu Acelino, fazendo-o retornar ao plano espiritual, de onde sara h alguns decnios antes com o propsito de se melhorar espiritualmente, por meio da prtica medinica equilibrada.
Fonte de Consulta: XAVIER, Francisco Cndido. Os Mensageiros. Pelo Esprito Andr Luiz. 41. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 8, p. 47-51.
Exerccio Em face dos ensinamentos espritas que lhe esto sendo transmitidos, responda: 1. Os argumentos de Acelino para a profissionalizao da mediunidade esto corretos? Por qu? 2. Em funo dos fatos relatados, qual dever ser a situao de Acelino no plano espiritual, aps a sua desencarnao?
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ANEXO 2
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo III Culminncia do Mdulo Textos para estudo individual ou em grupo
SOLUO DO CASO ACELINO (*) Acelino retornou ao plano espiritual como um mdium fracassado que, apesar de toda a preparao intelectual a que fora submetido, antes da ltima reencarnao, apesar do aval recebido de dirigentes de Nosso Lar para o cumprimento da tarefa a ser realizada e, finalmente, no obstante o auxlio sistemtico, direto e indireto, que recebeu dos benfeitores espirituais, utilizou desastradamente aquilo que deveria ser usado como instrumento de melhoria espiritual. Relata-nos o Esprito Andr Luiz que, aps a desencarnao do mdium, este se viu presa dos consulentes criminosos que lhe precederam ao tmulo, envolvendo-o nas suas vibraes inferiores, a reclamar-lhe notcias de cmplices encarnados, de resultados comerciais, de solues atinentes a ligaes clandestinas. Em vo Acelino gritava, chorava, implorava, mas estava algemado a eles por sinistros elos mentais, em virtude da imprevidncia na defesa do seu patrimnio espiritual. Acelino permaneceu longos e dolorosos onze anos preso a esses Espritos, nas regies inferiores do plano espiritual, onde expiou a falta cometida, trazendo a alma amargurada e cheia de remorso. Acelino, verdade, no cometeu nenhum assassinato, nem alimentou a inteno deliberada de espalhar o mal. Foi algum que se ludibriou, movido pela ganncia e pela avidez do ganho fcil. No foi, portanto, homicida ou ladro vulgar, no manteve o propsito ntimo de ferir qualquer pessoa, nem desrespeitou os lares alheios. Mas foi algum que recebeu a tarefa de servir o prximo, auxili-lo no seu crescimento espiritual com Jesus. Pelo uso indevido do seu livre-arbtrio, transformou muitas pessoas viciadas na crena religiosa em delinquentes ocultos, mutilados da f e em aleijados do pensamento.
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Finalmente, o erro de Acelino entendido como um desastre moral, porque ele detinha o esclarecimento necessrio sua tarefa e nunca lhe faltou assistncia divina realizao do trabalho.
_______________ (*) XAVIER, Francisco Cndido. Os Mensageiros. Pelo Esprito Andr Luiz. 35. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. Cap. 8, p. 47-51.
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ANEXO 3
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo III Culminncia do Mdulo Textos para estudo individual ou em grupo
TCNICA DE ESTUDO DE CASO Conceito: A tcnica de casos consiste em propor classe, com base em matria j estudada, uma situao real que j tenha sido solucionada, criticada ou apreciada para, de novo, voltar a ser focalizada sem, no entanto, o instrutor fornecer quaisquer indcios de orientao para o andamento do trabalho. * O caso pode ser apresentado sob forma de relato escrito ou verbal, trazendo a caracterstica de um documentrio, em que o aluno fica com a iniciativa de desenvolver os passos para chegar a uma soluo (ou solues), ou fazer julgamentos. Objetivos: aplicar conhecimentos tericos em situaes reais, com base em assuntos estudados previamente; fazer reviso e culminncia de assunto estudado, visando fixao da aprendizagem; dar condies ao educando para estabelecer correlao entre um referencial terico e fatos da realidade; conduzir o aluno anlise dos pontos negativos e positivos de um acontecimento, ajudando-o a emitir juzos de valor. Desenvolvimento da tcnica: 1 fase: aberta ou exploratria o aluno l ou ouve com ateno o relato do caso; faz anotaes ou destaques que possam ajudar a sua compreenso; consulta anotaes ou fontes bibliogrficas relacionadas ao problema que o caso revele.
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2 fase: sistematizao dos dados com ou sem auxlio de uma ficha de estudo do caso, o participante organiza, de forma metdica e lgica, o contedo lido ou ouvido; a sistematizao do contedo pode ser feita de vrias maneiras; o comum, no entanto : a) fazer breve resumo do caso, sob forma de sinopse ou de esquema; b) destacar pontos favorveis e desfavorveis que o caso aponta; c) indicar possveis solues para a situao; d) fazer a concluso final. 3 fase: relatrio do estudo Apresentao e concluso final do estudo do caso em plenria, pelos alunos. Apresentao, pelo instrutor, da soluo, apreciao ou crtica que o caso em estudo j tenha recebido para a devida conferio. (*) Obs.: O instrutor apresenta a soluo em cartaz, em transparncia ou em flip-chart, num texto digitado ou datilografado etc. Essa soluo deve, no entanto, estar previamente preparada. O instrutor deve evitar improvisar ou transcrev-la na hora da aula. Discusso ampla do assunto, aps a apresentao da soluo que o caso j tenha recebido (anexo 2) e correlao entre as solues apresentadas pelo grupo e a soluo j dada ao caso. Obs.: O instrutor, durante todo o processo de estudo do caso, evita dar suas prprias opinies, j que essa tcnica visa a desenvolver atitudes e habilidades dos alunos em face de uma situao, tendo como base o referencial terico e prtico estudado.
_______________ (*) NERICE, Imdio. Metodologia de Ensino. Uma Introduo. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1981, p. 134-135.
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ANEXO 4
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo III Culminncia do Mdulo
TCNICA DE ESTUDO DE CASO Grupo: _________________________ Data:_____________________ Assunto: _________________________________________________ _________________________________________________________ 1. Resumo do Caso: ________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 2. Condies ou dados favorveis: _____________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 3. Condies ou dados desfavorveis: __________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 4. Possveis solues: _______________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________ 5. Concluso: ______________________________________________ _________________________________________________________ _________________________________________________________
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OBJETIVO GERAL Reconhecer que, por meio da transformao moral, podemos rejeitar as influncias negativas dos Espritos e atrair o amparo dos benfeitores espirituais.
PROGRAMA I
MDULO DE ESTUDO N 4
* Fundamentao esprita: A Vida no Mundo Espiritual. * Prtica: Percepo psquica * Atividade complementar: Resumo de O Cu e o Inferno, de Allan Kardec, primeira parte (captulos 1 e 2) e segunda parte (captulo 1). Voltei, de Francisco Cndido Xavier, pelo Esprito Irmo Jacob. * Culminncia do mdulo: O mdium e a sua reforma moral.
OBJETIVOS GERAIS
Reconhecer que, por meio da transformao moral, podemos rejeitar as influncias negativas dos Espritos e atrair o amparo dos benfeitores espirituais.
Tericas ............................................................................... 4 Prticas ................................................................................ 4 Atividade complementar ................................................. 1 Culminncia do Mdulo .................................................. 1
TEMPO PARA APLICAO DAS AULAS Tericas: at uma hora e trinta minutos. Prticas: at trinta minutos.
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FUNDAMENTAO ESPRITA
PRTICA
ATIVIDADE COMPLEMENTAR
CULMINNCIA DO MDULO
A Vida no Mundo Espiritual 1. A desencarnao. 2. A Vida no alm-tmulo: os Espritos errantes. 3. As regies de sofrimento no plano espiritual. 4. As comunidades espirituais devotadas ao bem.
Percepo Psquica
Resumo e apresentao
Conduta Esprita O mdium e a sua reforma moral. Os alunos devero ler os textos selecionados e fazer os exerccios propostos.
Explicar a importncia O Cu e o Inferno, de Allan Karda percepo psquica e dec, primeira parte (captulos 1 identificar os meios de e 2) e segunda parte (captulo alcan-la. 1). Voltei, de Francisco Cndido Xavier, ditado pelo Esprito Irmo Jacob. Exercitar a percepo psquica nas reunies, favorecendo a participao gra- Os alunos devero elaborar e dual dos componentes do apresentar um resumo do congrupo. tedo doutrinrio selecionado em dia, hora e local preestabelecidos. Prosseguir com os exerccios de prece, de irradiao mental e de harmonizao A organizao e a elaborao psquica. desse trabalho devem seguir as instrues dadas nas Consideraes Gerais.
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PROGRAMA I
MDULO IV
A desencarnao Explicar o fenmeno da morte luz da Doutrina Esprita. Esclarecer quais so as principais causas de temor da desencarnao. Dizer como se processa a separao do corpo e do Esprito, na desencarnao.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
1. O FENMENO DA MORTE OU DESENCARNAO A morte uma simples mudana de estado, a destruio de uma forma frgil que j no proporciona vida as condies necessrias ao seu funcionamento e sua evoluo. Para alm da campa, abre-se uma nova fase de existncia. 14 A extino da vida orgnica acarreta a separao da alma em consequncia do rompimento do lao fludico que a une ao corpo, mas essa separao nunca brusca. O fluido perispiritual s pouco a pouco se desprende de todos os rgos, de sorte que a separao s completa e absoluta quando no mais reste um tomo do perisprito ligado a uma molcula do corpo. 4 2. CAUSAS DO TEMOR DA DESENCARNAO A morte um fenmeno natural e inexorvel, no entanto, temida. O considervel nmero de pessoas que temem a morte decorre da ignorncia que elas tm da vida no alm-tmulo. proporo que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua misso terrena, aguarda-lhe o fim calma, resignada e serenamente. A certeza da vida futura d-lhe outro curso s idias, outro fito ao trabalho; antes dela nada que se no prenda ao presente; depois dela tudo pelo futuro sem desprezo do presente, porque sabe que aquele depende da boa ou m direo deste. A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relaes que tivera na Terra, de no perder um s fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligncia, perfeio, d-lhe pacincia para esperar e coragem para suportar as fadigas transitrias da vida terrestre. A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a
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caridade tm desde ento um fim e uma razo de ser, no presente como no futuro. 1 Para libertar-se do temor da morte mister poder encar-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto , ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idia to exata quanto possvel, o que denota da parte do Esprito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptido para desprender-se da matria. No Esprito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se s aparncias, o homem no distingue a vida alm do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperador. Se, ao contrrio, concentrarmos o pensamento, no no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misrias e dores. Para isso, porm, necessita o Esprito de uma fora s adquirvel na madureza. O temor da morte decorre, portanto, da noo insuficiente da vida futura, embora denote tambm a necessidade de viver e o receio da destruio total; igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivncia da alma, velado ainda pela incerteza. Esse temor decresce, proporo que a certeza aumenta, e desaparece quando esta completa. 2 A certeza da vida futura no exclui as apreenses quanto passagem desta para a outra vida. H muita gente que teme no a morte, em si, mas o momento da transio. Sofremos ou no nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razo, visto que ningum foge lei fatal dessa transio. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos faz-la, e, por dolorosa que seja a franquia, nem posio nem fortuna poderiam suaviz-la. 3 3. A SEPARAO DA ALMA E DO CORPO NA DESENCARNAO Quando encarnado, [...] o Esprito se acha preso ao corpo pelo seu envoltrio semimaterial ou perisprito. A morte a destruio do corpo somente, no a desse outro invlucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgnica. A observao demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perisprito no se completa subitamente; que, ao contrrio, se opera gradualmente e com uma lentido muito varivel conforme os indivduos. Em uns bastante rpido, podendo dizer-se que o momento da morte mais ou menos o da libertao. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento muito menos rpido, durando algumas vezes dias, semanas e at meses, o que no implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver vida [...]. , com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Esprito se haja identificado com a matria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevao dos pensamentos operam um comeo
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de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele quase instantneo. 8 A rigor, no dolorosa a separao da alma e do corpo. 7 Na morte natural, a que sobrevm pelo esgotamento dos rgos, em consequncia da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: uma lmpada que se apaga por falta de leo. 7 Assim, [...] a alma se desprende gradualmente, no se escapa como um pssaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Esprito se solta pouco a pouco dos laos que o prendiam. Estes laos se desatam, no se quebram. 8 Segundo a Doutrina Esprita, h sensaes que precedem e se sucedem morte, bem como a durao do processo de rompimento dos laos fludicos que unem a alma ao corpo fsico, variam de caso para caso, dependendo das circunstncias do trespasse e da maior ou menor elevao moral do trespassado. Via de regra, nas mortes repentinas e violentas, o desprendimento da alma tanto mais prolongado e penoso quanto mais fortes sejam aqueles liames, ou, em outras palavras, quanto mais vitalidade exista no organismo, sendo que os suicidas se mantm presos ao corpo por muito tempo, s vezes at sua decomposio completa, sentindo, horrorizados, os vermes lhes corroerem as carnes. Depois de longa enfermidade, ou quando a velhice tenha debilitado as foras orgnicas, o desprendimento, em geral, se efetua fcil e suavemente, semelhando-se a um sono muito agradvel. Para os que s cuidaram de si mesmos, os que se deixaram empolgar pelos gozos deste mundo, os que se empenharam apenas em amontoar bens materiais, os malfeitores e os criminosos, a hora de separao angustiosa e cruel; agarram-se, desesperados, vida que se lhes esvai, porque a prpria conscincia lhes grita que nada de bom podem esperar no futuro. 12 De todas as mortes a pior a morte pelo suicdio. Nesta no existe a suave quietao da morte comum nos indivduos normais. Muito pelo contrrio, as agonias se prolongam pela morte a dentro e continuam numa seqncia de horrores talvez at nova prova terrena. 15 Este assunto da separao do corpo e da alma leva-nos a dois outros, no menos importantes: o da cremao de cadveres e o da doao de rgos. Na cremao, faz-se mister exercer a piedade com os cadveres, procrastinando-se por mais horas o ato da destruio das vsceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Esprito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o tnus vital, nas primeiras horas subsequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgnicos que ainda solicitam a alma para as sensaes da existncia material. 13
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Na doao de rgos importante avaliar se no haveria a possibilidade de o doador ficar preso s vsceras. Perguntando a Chico Xavier a respeito, ele nos responde por meio das seguintes consideraes: Sempre que a pessoa cultiva desinteresse absoluto por tudo aquilo que ela cede para algum, sem perguntar ao beneficiado o que fez da ddiva recebida, sem desejar qualquer remunerao, nem mesmo aquela que a pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreenso, sem aguardar gratido alguma, isto , se a pessoa chegou a um ponto de evoluo em que a noo da posse no mais a preocupa, esta criatura est em condies de doar, porque no vai afetar o perisprito em coisa alguma. 16 Quando o doador pessoa habituada ao desprendimento da posse [...], a doao prvia de rgos que lhe pertenam, por ocasio da morte fsica, no afeta o corpo espiritual do doador. 17 4. A TRANSIO DO PLANO FSICO PARA O ESPIRITUAL A transio se inicia quando os ltimos laos que mantm o Esprito preso ao corpo se desfazem. A pessoa entra num estado de total inconscincia. O ltimo alento quase nunca doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconscincia, mas a alma sofre antes dele a desagregao da matria, nos estertores da agonia, e, depois, as angstias da perturbao. Demo-nos pressa em afirmar que esse estado no geral, porquanto a intensidade e durao do sofrimento esto na razo direta da afinidade existente entre corpo e perisprito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados sero os esforos da alma para desprender-se. H pessoas nas quais a coeso to fraca que o desprendimento se opera por si mesmo, como que naturalmente; como se um fruto maduro se desprendesse do seu caule, e o caso das mortes calmas, de pacfico despertar. 6 Na transio da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um outro fenmeno de importncia capital a perturbao. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensaes. como se dissssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca, porque h casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento [...]. A perturbao pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. proporo que se liberta, a alma encontra-se numa situao comparvel de um homem que desperta de profundo sono; as idias so confusas, vagas e incertas; a vista apenas distingue como que atravs de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe a memria e
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o conhecimento de si mesma. Bem diverso , contudo, esse despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensaes deliciosas; ttrico, aterrador e ansioso, para outros, qual horrendo pesadelo. 5 Imediatamente aps a morte do corpo fsico, comum a criatura no ter conscincia do seu estado, visto que, nesse momento, [...] tudo se apresenta confuso; -lhe preciso algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se tonta, no estado do homem que sai de profundo sono e que procura compreender a sua situao. A lucidez das idias e a memria do passado lhe voltam, medida que se destri a influncia da matria de que ela acaba de separar-se, e que se dissipa o nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos. 9 O tempo de durao e a intensidade desse estado variam de acordo com o grau de evoluo do recm-desencarnado. Para aquele cuja conscincia no pura e amou mais a vida corporal que a espiritual, esse momento cheio de ansiedade e de angstias, que vo aumentando medida que ele se reconhece, porque ento sente medo e certo terror diante do que v e sobretudo do que entrev [...]. Em sua nova situao, a alma v e ouve ainda outras coisas que escapam grosseria dos rgos corporais. Tem, ento, sensaes e percepes que nos so desconhecidas. 10 5. MECANISMOS DA DESENCARNAO Os Espritos nos relatam algumas caractersticas inerentes ao processo desencarnatrio, o que nos leva a supor que existe um certo padro no processo de desligamento do perisprito do corpo fsico. Analisemos algumas delas: a) A presena de Espritos Na desencarnao a criatura nunca est a ss. Entes queridos, que se antecederam a ela no alm-tmulo, podem ali se encontrar, aguardando ou auxiliando o processo de desligamento final. Os benfeitores espirituais, familiares ou no, e os especialistas nas operaes de desencarnao auxiliam o Esprito nessa grande transio. possvel, porm, que o desencarnado se defronte com entidades malvolas, direta ou indiretamente ligadas a ele, causando-lhe transtornos, dos mais variveis e intensos. O esforo e abnegao dos Mentores Espirituais, na desencarnao de determinadas criaturas, realmente digno de meno. Cooperadores especializados aglutinam esforos no af de desligarem, sem incidentes, o Esprito eterno do aparelho fisico terrestre. Verdadeiras operaes magnticas so efetuadas nas regies orgnicas fundamentais, ou seja, nos centros vegetativo, emocional e mental. 18 Tal como ocorre no plano fsico, onde o renascimento na carne mediado
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por profissionais da Medicina e da Enfermagem, no plano espiritual a desencarnao executada por Espritos especializados nessa tarefa. b) A desencarnao feita por especialistas desencarnados H indicaes de que o processo desencarnatrio, operado por Espritos especialistas, segue um determinado mtodo, devendo haver, natural, algumas variaes, conforme as necessidades do Esprito desencarnante, as circunstncias e, talvez, o tipo de morte (suicdio, morte natural etc.). O padro geral, poderia ser assim expresso: Rompimento dos ligamentos perispirticos, na altura do ventre (abdmen), por meio de operaes magnticas realizadas pelos Espritos especialistas; a ao magntica na regio abdominal visa atingir o centro vegetativo do corpo humano, que a sede das manifestaes fisiolgicas do encarnado. Com essa providncia, o moribundo comea a esticar os membros inferiores, sobrevindo, logo aps, o esfriamento do corpo. 19 Atuao no centro emocional, situado no trax, regio de manifestao dos desejos e dos sentimentos. A operao magntica nesse centro conduz desregularidade dos batimentos e das funes cardacas. Surgem, ento, sentimentos de aflio, de angstia, de melancolia, conforme o grau evolutivo do desencarnante. O pulso fica cada vez mais fraco. 19
A ltima ao o desatamento do principal lao fiudico-perspiritual, que mantm mais intimamente ligados o perisprito e o corpo fsico. Esse lao fica tambm no Sistema Nervoso Central, na parte posterior do crebro. 20, 24 Com o desatamento do lao fludico, o processo da desencarnao est concludo. No livro Voltei, psicografado por Francisco Cndido Xavier, ditado pelo Esprito Irmo Jacob e editado pela FEB, o autor espiritual da obra relata a sua
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O passo seguinte a operao no crebro, onde est situado o centro mental, regio muito importante, sede de recepo e transmisso dos impulsos, comandos e respostas do Esprito. O trabalho dos obreiros dedicados feito em pontos especficos, comeando na fossa romboidal, assoalho do quarto ventrculo cerebral, que uma cavidade situada na face posterior de outras estruturas nervosas, denominadas bulbo e protuberncia. 21 Essas estruturas (bulbo e protuberncia) esto localizadas na parte posterior do crebro. A atuao na fossa romboidal provoca efeitos imediatos na respirao e no sistema vasomotor, conduzindo a pessoa ao estado de coma. 20
desencarnao, revelando-nos seqencialmente todas as etapas desse processo, que perdurou por mais de trinta horas seguidas, at o desligamento final. 23, 24 A sua desencarnao teve incio com a perda da fora fsica, alteraes no sistema respiratrio, emoes descontroladas, assinaladas por sinais de aflio. 23 No aprofundamento do processo de desligamento perispiritual, conduzido por devotados benfeitores espirituais e sob a direo do venervel Bezerra de Menezes, Jacob percebe, nitidamente, o colapso do corpo fsico, em oposio harmonia reinante nos rgos do perisprito. O Esprito nos relata que, em determinado momento do seu processo desencarnatrio, teve a impresso de possuir dois coraes, que lhe batiam no peito. Um, em ritmo descompassado, na iminncia de silenciar para sempre; o outro, pulsante, vivo, equilibrado. 23 Ocorrncias similares produziam-se em outros rgos do seu organismo, revelando-lhe sempre a dualidade: desarmonia do corpo fsico versus harmonia do perisprito. 23 No momento final, aps duas horas de operaes magnticas na cabea, o ltimo lao, que o mantinha preso ao corpo fsico, se desfaz. Ele nos registra a sua percepo desse momento: [...] experimentei abalo indescritvel na parte posterior do crnio. No era pancada. Semelhava-se a um choque eltrico, de vastas propores, no ntimo da substncia cerebral. 24 Naturalmente, nem todas as pessoas, em processo desencarnatrio, podem registrar as impresses relatadas por Jacob. Tudo est relacionado ao grau evolutivo do Esprito: seu maior ou menor apego matria; seu estado de equilbrio, conforme j foi assinalado. Alguns Espritos nem percebem que esto desencarnando; outros, tendo desse processo vaga intuio, deixam-se conduzir pelo pnico, porque no querem se afastar das pessoas ou das coisas pertencentes ao mundo material. Nessa situao, o sofrimento marca registrada. 22 H, no entanto, Espritos que, mesmo tendo uma viso imprecisa da vida espiritual, so beneficiados por uma atuao precisa dos benfeitores espirituais, no momento da desencarnao. Isso acontece porque essas almas conquistaram valores morais, facilitadores da atuao dos Espritos benfeitores. H, na literatura esprita, relatos sobre pessoas que, no momento da desencarnao, auxiliam os benfeitores no trabalho de desligamento perispiritual. A esse respeito, o Esprito Andr Luiz relata-nos a desencarnao de Adelaide, no livro Obreiros da Vida Eterna, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio, FEB, captulo XIX. Adelaide colaborou na sua desencarnao, auxiliando a ao dos trabalhadores nos servios preliminares em seus centros vitais. Apenas o rompimento do ltimo lao fludico foi feito por um tcnico, o benfeitor Jernimo.
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Sabemos que Espritos muito presos matria fsica oferecem grandes dificuldades aos trabalhadores do bem. Entendemos, por fim, que nos casos de suicdio, a desencarnao pode at seguir este padro, no entanto, deve ser de forma muito violenta, brusca, revelia dos benfeitores, traduzindo-se em grande sofrimento ao suicida. De qualquer forma, preciso considerar que o suicdio no um acontecimento natural, pode at ser comum entre as criaturas imperfeitas, mas representa sempre um atentado s leis divinas. c) A viso panormica e retrospectiva da existncia corporal Outro padro, geral nos mecanismos da desencarnao diz respeito viso retrospectiva de tudo o que o Esprito pensou e fez na ltima existncia. uma viso panormica de todos os acontecimentos ocorridos nessa existncia. O Esprito, logo que toma conscincia da sua desencarnao, como que aciona algum mecanismo mental que lhe permite reviver, com detalhes, todas as fases da sua ltima experincia carnal. 11 O Esprito se v diante de tudo que sonhou, arquitetou e realizou na vida que ora se esgota. Idias insignificantes que tivera, os atos mnimos, desfilam, absolutamente precisos, revelados de roldo, como se existisse uma cmara ultrarpida instalada no seu interior, projetando na mente um filme cinematogrfico que, inopinadamente, vai se desenrolando. 24 Por meio dessa viso panormica, a criatura tem oportunidade de avaliar, julgar os prprios atos. Isso lhe permite fazer um balano geral de suas aes, arrepender-se das oportunidades perdidas de melhoria espiritual e confiar na bondade superior, que lhe propiciar novas ocasies de reparar os erros cometidos.
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GLOSSRIO
Abitico Bulbo Em que no h vida. Contrrio vida. Morto. Localizado entre o crebro e a medula espinhal, na altura da nuca. Comanda a respirao, os batimentos cardacos e a presso sangnea. Depresso em forma de losango existente no assoalho (base) do 4 ventrculo cerebral. Adiando, demorando, delongando, espaando. Tambm chamada de ponte, fica frente do crebro, e formada de fibras nervosas, que vo de um a outro hemisfrio cerebelar e ao crebro. (cerebelo: parecido com o crebro, fica na base do crnio, responsvel pela coordenao motora do corpo). Atropelo, precipitao (de roldo = precipitadamente).
Fossa romboidal
Procrastinando Protuberncia
Roldo Trespasse
Trespassado
O mesmo que transpassado. Atravessado ou passado alm. Morto. Pequena cavidade em qualquer um dos hemisfrios cerebrais. (O crebro possui 5 ventrculos). Desvios, desarranjos ou anomalias que uma pessoa apresenta no campo sexual. Tara. Perverso sexual.
Ventrculo cerebral
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Cu e o Inferno. Traduo de Manuel Justiniano Quinto. 45. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Primeira Parte, cap. II, item 3, p. 21. 2.______. Item 4, p. 21-22. 3.______. Segunda Parte, cap. I, item 1, p. 166. 4.______. Item 4, p. 167. 5.______. ltem 6, p. 168-169. 6.______. Item 7, p. 169. 7.______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Questo 154, p. 114. 8.______. Questo 155, p. 114-115. 9.______. O que o Espiritismo. 42. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. III, pergunta 145, p. 207-208. 10.______. p. 208. 11. BOZANNO, Ernesto. A Crise da Morte. Traduo de Guillon Ribeiro. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 23-37. 12. CALLIGARIS, Rodolfo. Pginas de Espiritismo Cristo. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983, p. 73. 13. CARDOSO, Gilberto Perez. Cremao de cadveres. Reformador. Ano 97, n 1.802. Rio de Janeiro: maio de 1979, p.32. 14. DENIS, Lon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Primeira Parte (O Problema do Ser), cap. X (A morte), p.129. 15. IMBASSAHY, Carlos. O Que a Morte? 2. ed. So Paulo: EDICEL, 1979, p. 22 (Sucidio). 16. NOBRE, Marlene S. Lies de Sabedoria: Chico Xavier nos 23 anos da Folha Esprita. So Paulo: Editora Jornalstica F, 1997, p. 47 (Doaes de rgos). 17. ______. p. 47-48. 18. PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. 20. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Cap. XXXIV (Desencarnao), p. 177. 19. ______. p. 178.
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20. ______. p. 178 -179. 21. XAVIER, Francisco Cndido. Nos Domnios da Mediunidade. Pelo Esprito Andr Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. Cap. 21 (Mediunidade no leito da morte), p. 233-242. 22.______. Voltei. Pelo Esprito Irmo Jacob. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Cap. 2 ( frente da morte.), p. 25-33. 23.______. p. 31. 24.______. p. 31.
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PROGRAMA I
MDULO IV
A vida no alm-tmulo: os Espritos errantes Esclarecer-se a respeito da vida e da organizao social dos Espritos no plano espiritual. Explicar o que so Espritos errantes e por que eles recebem essa denominao.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
O Esprito retorna ao mundo espiritual, aps a morte do corpo fsico. Apesar das surpresas, boas ou ms, que lhe caracterizam o regresso, este assemelhase volta do exilado sua ptria de origem, ao mundo esprita, que preexiste e sobrevive a tudo. 1 a fase de reintegrao do Esprito a uma nova forma de vida, em outro plano vibratrio. O perisprito, liberto do corpo fsico, revela com mais intensidade as suas propriedades plsticas e sutis que, sob o comando do pensamento e da vontade do Esprito, proporcionam-lhe as transformaes necessrias sua adaptao nos plano Espiritual. Por meio de produo de substncias mentais especficas, o desencarnado realiza o trabalho histogentico pelo qual desliga as clulas sutis do seu veiculo perispiritual dos remanescentes celulares do veculo fsico, arrojado queda irreversvel, agindo agora com eficincia e segurana que as longas e reiteradas recapitulaes lhe conferiram. 11 1. A VIDA ESPIRITUAL DO HOMEM PRIMITIVO Os Espritos primitivos, ao desencarnar, voltam-se para a grei donde pertenceram, buscando uma espcie de segurana, devido s saudades do lar. bem possvel que as repeties desse processo forjassem, o nascimento do culto aos antepassados, observado em determinadas civilizaes. O homem selvagem [...] desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da separao para arrostar o desconhecido, permanece, tmido, ao p dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condies vibratrias, em processos multifrios de simbiose, ansioso por retornar vida fsica que lhe surge imaginao como sendo a nica abordvel prpria mente. No dispe, nessa fase, de suprimento espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se apia. [...] O homem primitivo que desencarnou [...] no tem outro pensamento
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seno voltar voltar ao convvio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e lhe comungam os interesses. 14 Ressurgir na prpria taba e renascer na carne [...] constituem aspirao incessante do selvagem desencarnado. 13 2. A VIDA ESPIRITUAL DO HOMEM NO-PRIMITIVO Os desencarnados, no primitivos, representam uma gama de seres em diversos graus evolutivos. Quanto menos evoludo o ser, menores sero as percepes na dimenso onde se encontra. Encetando, pois, a sua iniciao no plano espiritual, de conscincia desperta e responsvel, o homem comea a penetrar na essncia da lei de causa e efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou deprimentes das prprias aes. Quando dilacerado e desditoso, grita a prpria aflio, ao longo dos largos continentes do Espao Csmico, reunindo-se a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os quadros inquietantes da imaginao em desvario, tecendo, com o plasma sutil do pensamento contnuo e atormentado, as telas infernais em que as conseqncias de suas faltas se desenvolvem, mediante as profundas e estranhas fecundaes de loucura e sofrimento que antecedem as reencarnaes reparadoras [...]. 14 2.1 A Ao do Pensamento O desencarnado, [...] em se adaptando aos continentes da esfera extrafsica, passa a manobrar com os fenmenos de mentao e reflexo, de que o pensamento a base fundamental. 15 No plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancvel, a nascer-lhe da prpria alma, de vez que podemos defini-lo, at certo ponto, por subproduto do fluido csmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante respirao, pelo qual a criatura assimila a fora emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-a, sob a prpria responsabilidade, para influenciar na Criao, a partir de si mesma. Esse fluido o seu prprio pensamento contnuo, gerando potenciais energticos com que no havia sonhado. 16 Decerto que na esfera nova de ao, a que se v arrebatado pela morte, encontra a matria conhecida no mundo, em nova escala vibratria. 17 3. A VIDA NA ESPIRITUALIDADE 3.1 A natureza no plano espiritual Na moradia de continuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitao que controlam a Terra, com os dias e as noites
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marcando a conta do tempo, embora os rigores das estaes estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme. [...] Plantas e animais domesticados pela inteligncia humana, durante milnios, podem ser a aclimatados e aprimorados, por determinados perodos de existncia, ao fim dos quais regressam aos seus ncleos de origem no solo terrestre. [...] As plantas, pela configurao celular mais simples, atendem, no plano extrafisico, reproduo limitada [...]. 18 Ao longo dessas vastssimas regies de matria sutil que circundam o corpo ciclpico do Planeta, com extensas zonas cavitrias, [...] a estender-se da superfcie continental at o leito dos oceanos, comeam as povoaes felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomeraes infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as formaes dos prprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou detestando a presena da luz. 19 3.2 As linhas morfolgicas e fisiolgicas do perisprito As linhas morfolgicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se integram, so comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evolurem, contudo, constantemente para melhor apresentao, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados. A forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com distintivos psicossomticos de homem ou de mulher, segundo a vida ntima, atravs da qual se mostra com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. 26 Supondo-se que um Esprito possua reflexo mental predominantemente masculino, mas que, por motivos crmicos, nasceu num corpo feminino, aps a sua desencarnao poder retornar quela forma anterior, ou seja, forma masculina. [...] Fcil observar, assim, que a desencarnao libera todos os Espritos de feio masculina ou feminina que estejam na reencarnao em condio inversiva atendendo a provao necessria ou a tarefa especfica, porquanto, fora do arcabouo fsico, a mente se exterioriza no veculo espiritual com admirvel preciso de controle espontneo sobre as clulas sutis que o constituem. 26 Ainda assim, releva observar que se o progresso mental no positivamente acentuado, mantm a personalidade desencarnada nos planos inferiores, por tempo indefinvel, a plstica que lhe era prpria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre processos de metamorfose, mais lentos ou mais rpidos, conforme as suas disposies ntimas. Se a alma desenleada do envoltrio fsico foi transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, gastar algum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corprea, se deseja remoar o prprio aspecto, e, na hiptese de haver partido da Terra, na juventude primeira,
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dever igualmente esperar que o tempo a auxilie, caso se proponha a obteno de traos da madureza. Cabe, entretanto, considerar que isso ocorre apenas com os Espritos, alis em maioria esmagadora, que ainda no dispem de bastante aperfeioamento moral e Intelectual, pois quanto mais elevado se lhes descortine o degrau de progresso, mais amplo se lhes revela o poder plstico sobre as clulas que lhes entretecem o instrumento de manifestao. Em alto nvel, a Inteligncia opera em minutos certas alteraes que as entidades de cultura mediana gastam, por vezes, alguns anos a efetuar. 28 O [...] corpo espiritual, com alguma proviso de substncia especfica ou simplesmente sem ela, quando j consiga valer-se apenas da difuso cutnea para refazer seus potenciais energticos, conta com os processos da assimilao e da desassimilao dos recursos que lhe so peculiares, no prescindindo do trabalho de exsudao dos resduos, pela epiderme ou pelos emunctrios normais, compreendendo-se, no entanto, que pela harmonia de nvel, nas operaes nutritivas, e pela essencializao dos elementos absorvidos, no existem para o veculo psicossomtico determinados excessos e inconvenincias dos slidos e lquidos da excreta comum. (22) Com relao alimentao dos Espritos desencarnados, sabemos que [...] desde a experincia carnal o homem se alimenta muito mais pela respirao, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complementar de fornecimento plstico e energtico, para o setor das calorias necessrias massa corprea e distribuio dos potenciais de fora nos variados departamentos orgnicos. Abandonado o envoltrio fsico na desencarnao, se o psicossoma est profundamente arraigado s sensaes terrestres, sobrevm ao Esprito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao mundo biolgico que lhe familiar, e, quando no a supera ao preo do prprio esforo, no auto-reajustamento, provoca os fenmenos da simbiose psquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles encarnados com os quais se afine, quando no promove a obsesso espetacular. Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem so conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducao do Plano Espiritual, onde encontram alimentao semelhante da Terra, porm fludica, recebendo-a em pores adequadas at que se adaptem aos sistemas de sustentao da Esfera Superior, em cujos crculos a tomada de substncia tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o enobrecimento da alma [...]. 20 interessante a questo da alimentao entre os desencarnados. No h dvidas de que eles se alimentam, mas o processo no ocorre da maneira como fazemos aqui, no plano fsico, visto que o aparelho digestivo do corpo perispiritual
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sofre modificaes e o alimento fludico. A alimentao no mundo espiritual segue o seguinte processo: [...] pela difuso cutnea, o corpo espiritual, atravs de sua extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou snteses quimioeletromagnticas, hauridas no reservatrio da Natureza e no intercmbio de raios vitalizantes e reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si. Essa alimentao psquica, por intermdio das projees magnticas trocadas entre aqueles que se amam, muito mais importante do que o nutricionista do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia orgnica e mental da personalidade. Da porque toda criatura tem necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilbrio geral. 21 Os Espritos podem se alimentar por [...] inalao de princpios vitais da atmosfera, atravs da respirao, e gua misturada a elementos solares, eltricos e magnticos. 31 A fome (ou sensao de fome) pode ser igualmente saciada pela absoro perispiritual de elementos fludicos lquidos, extrados de plantas, sob a forma de sucos de sabor agradvel. 33 Quanto a questo sexual parece que esta no desaparece totalmente. Expressa-se de forma elevada nos Espritos mais moralizados. Existem, no entanto, na espiritualidade inferior, regies de licenciosidade. So lugares extremamente afins com a poligamia embrutecente. [...] 29 Nas regies superiores, realiza-se tambm o casamento das almas, conjugados ao amor puro, verdadeira unio esponsalcia de carter santificante, gerando obras admirveis de progresso e beleza, na edificao coletiva. 29 Os Espritos encarnados relacionam-se por meio dos rgos dos sentidos (audio, paladar, olfato, tato e viso), rgos estes circunscritos ao corpo fsico. A capacidade de ver (ou de ouvir), nos desencarnados, no est localizada em um rgo especfico do perisprito. No Esprito, a faculdade de ver uma propriedade inerente sua natureza e que reside em todo o seu ser, como a luz reside em todas as partes de um corpo luminoso. uma espcie de lucidez universal que se estende a tudo, que abrange simultaneamente o espao, os tempos e as coisas, lucidez para a qual no h trevas, nem obstculos materiais. Compreende-se que deva ser assim. No homem, a viso se d pelo funcionamento de um rgo que a luz impressiona. Da se segue que, no havendo luz, o homem fica na obscuridade. No Esprito, como a faculdade de ver constitui um atributo seu, abstrao feita de qualquer agente exterior, a viso independe da luz. 6 O mesmo ocorre com a audio. O Esprito desencarnado [...] percebe mesmo sons imperceptveis [...] 7, no entanto, a audio no est localizada em um rgo especfico do perisprito. Todas as percepes constituem atributos do Esprito e lhe so inerentes ao ser. Quando o reveste um corpo material, elas s lhes chegam pelo conduto dos rgos. Deixam, porm, de estar localizadas, em se
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achando ele na condio de Esprito livre. 7 3.3 Locomoo dos Espritos Aps [...] a transfigurao ocorrida na morte, a individualidade ressurge com naturais alteraes na massa muscular e no sistema digestivo, mas sem maiores inovaes na constituio geral, munindo-se de aquisies diferentes para o novo campo de equilbrio a que se transfere, com possibilidades de conduo e movimento efetivamente no sonhados, j que o pensamento contnuo e a atrao, nessas circunstncias, no mais encontram certas resistncias peculiares ao envoltrio fsico. 25 Excetuando-se as entidades que vivem nas regies inferiores, fortemente vinculadas crosta planetria, os Espritos se locomovem atravs da volitao do corpo espiritual. Volitar tem o mesmo significado de esvoaar. locomover-se acima do solo, sem auxlio de instrumentos ou de veculos. Isso possvel porque os desencarnados, no possuindo veculo fsico, de maior peso especfico, podem elevar-se na atmosfera. Evidentemente, os Espritos mais materializados utilizam normalmente as pernas como o fazem os encarnados. Em algumas cidades da espiritualidade, os seus habitantes utilizam veculos que os transportam de um local para outro, mesmo que possam volitar. O aerbus um desses veculos. Trata-se de um carro que se desloca no ar, desce at o solo, semelhana de um helicptero, tendo capacidade para transportar um nmero maior de Espritos, de uma s vez. 32 A volitao rpida caracterstica dos Espritos evoludos. Eles podem-se locomover com incrvel velocidade e fazem-no com a rapidez do pensamento. 2 3.4 A comunicao entre os espritos desencarnados Os Espritos se entendem por meio da comunicao mental que mantm entre si, no entanto, podem utilizar a linguagem articulada dos encarnados. Incontestavelmente, a linguagem do Esprito , acima de tudo, a imagem que exterioriza de si prprio. [...] Crculos espirituais existem, em planos de grande sublimao, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grandeza moral, conseguem plasmar, com as prprias idias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silncio, seja com a despesa mnima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligncias infelizes, treinadas na
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cincia da reflexo, conseguem formar telas aflitivas em circuitos mentais fechados e obsessivos, sobre as mentes que magneticamente jugulam. 23 Os Espritos de mediana evoluo no se desvinculam, de imediato, dos ditames lingusticos que lhes caracterizavam o idioma ptrio da ltima encarnao. [...] foroso observar que a linguagem articulada, no chamado espao das naes, ainda possui fundamental importncia nas regies a que o homem comum ser transferido imediatamente aps desligar-se do corpo fsico. 24 3.5 Vestimentas dos desencarnados Comumente [...] os Espritos se apresentam vestidos de tnicas, envoltos em largos panos, ou mesmo com os trajes que usavam em vida. O envolvimento em panos parece costume geral no mundo dos Espritos. 8 O vesturio dos Espritos pouco evoludos varia enormemente. Est sempre relacionado ao gosto pessoal, s lembranas que guardam da vida corprea. Entidades espirituais so vistas envergando vestimentas, desde as mais simples s mais principescas. As cores das roupas podem ser escuras, opacas ou claras e brilhantes. Podem ser pesadas ou vaporosas; comuns, isto , simples traje que caracteriza uma vestimenta feminina ou masculina; exticas ou tpicas, lembrando regies do Planeta ou seitas religiosas. H Espritos que se apresentam usando uniformes ou vesturios especficos de certas profisses. 9 Acompanhando os trajes, podem-se ver acessrios, como jias, culos, bengalas, leques etc. Como sabido, tudo isso criao mental do Esprito. 9 Os [...] Espritos se trajam e modificam a aparncia das vestes que usam conforme lhes apraz, excluso feita de alguns inferiores e criminosos, geralmente obsessores da mais nfima espcie, cuja mente no possui vibraes altura de efetuar a admirvel operao plstica requerida. Por isso mesmo, a aparncia destes ltimos costuma ser chocante para o vidente, pela fealdade, ou simplesmente pela misria, pois se apresentam cobertos de andrajos e farrapos, como que empapados de lama, ou embuados em longos sudrios negros, com mantos ou capas que lhes envolvem os ombros e a cabea, e, no raro, mascarados por um saco negro enfiado na cabea, com duas aberturas altura dos olhos. [...] Longos chapus costumam trazer tambm, assim como botas de canos altos. [...] 10 Os Espritos Superiores, ao contrrio, apresentam-se aureolados de luminosidade safirina ou esbranquiada. Suas vestes so brilhantes e vaporosas. o caso de Matilde, citado no livro Libertao, de Andr Luiz, e de Bittencourt Sampaio, registrado no livro Voltei, do Irmo Jacob. Ambos se apresentam luminosos e resplandecentes. 30, 34, 35, 36
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4. OS ESPRITOS ERRANTES A palavra errante (em francs errant) traz os significados de: nmade, vagabundo, desvairado, alucinado. Ou seja, algum que no se mantm em lugar mais ou menos fixo porque no conquistou determinadas habilidades, ou algum conhecimento ou mesmo recursos que lhe capacitem a fixao. Em portugus, errante pode ser quem erra, isto , ignorante; e tambm diz respeito a nmade, pessoa sem destino fixo. Sabemos que, quanto mais evoludo, menos necessidade tem o Esprito de reencarnar, a ponto de essa necessidade cessar quando ele se torna esprito puro. No mais Esprito errante, visto que chegou perfeio, seu estado definitivo. 4 O intervalo entre uma encarnao e outra pode ser de algumas horas at alguns milhares de sculos. 3 Os Espritos que necessitam de melhoria intelectual e moral retornam inmeras vezes experincia reencarnatria. No espao de tempo compreendido entre uma e outra reencarnao eles no se fixam numa determinada localidade no plano espiritual, em decorrncia do aprendizado que necessitam desenvolver. Nessa situao, recebem a denominao de Espritos errantes. Ainda que se encontrem na categoria de errantes, os Espritos tm oportunidade de progredir. O estudo, o aconselhamento de Espritos que lhes so superiores, a observao, as experincias vivenciadas, entre outros, lhes facultam os meios de melhoria espiritual. 5 Assim, a expresso Esprito errante diz respeito aos Espritos que no possuem um corpo material e aguardam uma nova encarnao para se melhorarem. 4
No plano fsico, a equipe domstica atende consanguinidade em que o vnculo obrigatrio, mas, no plano extrafsico, o grupo familiar obedece afinidade em que o liame espontneo. Por isso mesmo, na esfera seguinte condio humana, temos o espao das naes, com as suas comunidades, idiomas, experin-
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Situao diversa ocorre com os Espritos evoludos que, por no possurem maiores necessidades de reencarnar, conforme o grau de perfeio que tenham alcanado, permanecem ligados a determinadas colnias na espiritualidade. Nessas regies elevadas do plano espiritual atuam como orientadores, promovendo o progresso da humanidade terrestre. As sociedades espirituais, fora do mundo fsico, [...] aglutinam-se em verdadeiras cidades e vilarejos, com estilos variados, como acontece aos burgos terrestres, caractersticos da metrpole ou do campo, edificando largos empreendimentos de educao e progresso, em favor de si mesmas e a benefcio dos outros. As regies purgativas ou simplesmente infernais so por elas amparadas, quanto possvel, organizando-se a, sob o seu patrocnio, extensa obra assistencial.
cias e inclinaes, inclusive organizaes religiosas tpicas, junto das quais funcionam missionrios de libertao mental, operando com caridade e discrio para que as idias renovadoras se expandam sem dilaceraro e sem choque. Com esses dois teros de criaturas ainda ligadas desse ou daquele modo, aos ncleos terrenos, encontramos um tero de Espritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos mritos com que se fazem segura instrumentao das Esferas Superiores. 28
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GLOSSRIO
Desenleada Desprendida, solta, desemaranhada. Livre de dificuldades ou embaraos. Abertura ou canal de um rgo destinado a evacuar excrees ou humores. Formao, organizao de tecidos, clulas e rgos. Que tem cor e luminosidade de safira (pedra preciosa azulada muito brilhante). Senilidade, velhice, idade provecta.
Emunctrio
Histognese Safirina
Senectude
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REFERNCIAS
1. KARDEC, O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Parte Segunda, questo 85, p. 83. 2.______. Questo 89, p. 84. 3.______. Da vida esprita, questo 224, p. 154. 4.______. Questo 226, p. 155. 5.______. Questo 227, p. 155-156. 6.______. Questo 247, p. 162. 7.______. Questo 249, p. 162-163. 8.______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 68. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, segunda parte. Cap. VIII, item 126, p. 164. 9.______. Itens 126 a 131, p. 164-173. 10. PEREIRA, Yvonne. A. Devassando o Invisvel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, Cap, II (Como se trajam os Espritos), p. 47. 11. XAVIER, Francisco Cndido. e VIEIRA, Waldo. Evoluo em dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999, primeira parte. Cap. XII, (Alma e desencarnao), p. 89. 12. ______. p. 90. 13.______. Item: Lei de causa e efeito, p. 94. 14.______. Cap. XIII (Alma e fluidos), Item: Fluidos em geral, p. 95. 15.______. Item: Fluido vivo, p. 95. 16.______. p. 95-96. 17.______. Item: Vida na Espiritualidade, p. 96-97. 18.______. p. 97. 19.______. Segunda Parte, Cap. I (Alimentao dos Desencarnados), p. 168-169. 20.______. p. 169. 21.______. p. 169-170. 22.______. Cap. II (Linguagem dos desencarnados), p. 171. 23.______. p. 172. 24.______. Cap. III (Corpo espiritual e volitao), p. 173.
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25.______. Cap. IV (Linhas Morfolgicas dos desencarnados), p. 176. 26.______. p. 177. 27.______. Cap. X (Disciplina afetiva), p. 189-190. 28.______. Libertao. Pelo Esprito Andr Luiz. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 20 (Reencontro), p. 325. 29.______. Nosso Lar. Pelo Esprito Andr Luiz. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 9 (Problema de alimentao), p. 64-65. 30.______. Cap.10 (No bosque das guas), p. 67. 31.______. Voltei. Pelo Esprito Irmo Jacob. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, Cap. 9 (Esclarecimentos), item: Reanimado, p. 90. 32.______. Cap. 15 (No templo), item: Momentos divinos, p. 144. 33.______. p. 145-146. 34.______. Cap. 16 (A palavra do companheiro), p. 147-148.
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PROGRAMA I
MDULO IV
As regies de sofrimento no plano espiritual Relacionar as principais caractersticas das comunidades de sofrimento, situadas no plano espiritual. Informar-se a respeito da condio espiritual dos habitantes de tais comunidades.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
1. A DESTINAO DO SER HUMANO APS A MORTE DO CORPO FSICO Vivemos, pensamos e operamos eis o que positivo. E que morremos, no menos certo. Mas, deixando a Terra, para onde vamos? Que seremos aps a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou no? Ser ou no ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou nada: Vivemos eternamente, ou tudo se aniquilar de vez? uma tese, essa, que se impe. Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar, de amar e de ser feliz. Dizei ao moribundo que ele viver ainda; que a sua hora retardada; dizei-lhe sobretudo que ser mais feliz do que porventura o tenha sido, e o seu corao rejubilar. [...] Haver algo de mais desesperador do que esse pensamento da destruio absoluta? Afeies caras, inteligncia, progresso, saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaado, tudo perdido! De nada nos serviria, portanto, qualquer esforo no sofreamento das paixes, de fadiga para nos ilustrarmos, de devotamento causa do progresso, desde que de tudo isso nada aproveitssemos, predominando o pensamento de que amanh mesmo, talvez, de nada nos serviria tudo isso. Se assim fora, a sorte do homem seria cem vezes pior que a do bruto, porque este vive inteiramente do presente, na satisfao dos seus apetites materiais, sem aspirao para o futuro. Diz-nos uma secreta intuio, porm, que isso no possvel. 1 Para as doutrinas materialistas no existe a possibilidade de vida aps a morte do corpo fsico. Mesmo para algumas escolas espiritualistas, a idia da destinao do ser humano aps a morte apresentada de forma incompleta e bastante confusa. A despeito da propagao desses conceitos, em [...] todos os tempos, o homem se preocupou com o seu futuro para l do tmulo e isso muito natural. Qualquer que seja a importncia que ligue vida presente, no pode ele furtar-se
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a considerar quanto essa vida curta e, sobretudo, precria, pois que a cada instante est sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia seguinte. 11 Na verdade, a [...] idia do nada tem qualquer coisa que repugna razo. O homem que mais despreocupado seja durante a vida, em chegando o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele e, sem o querer, espera. Crer em Deus, sem admitir a vida futura, fora um contra-senso. O sentimento de uma existncia melhor reside no foro ntimo de todos os homens e no possvel que Deus a o tenha colocado em vo. A vida futura implica a conservao da nossa individualidade, aps a morte. Com efeito, que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essncia moral houvesse de perder-se no oceano do infinito? As consequncias, para ns, seriam as mesmas que se tivssemos de nos sumir no nada. 11 Apesar de existirem escolas espiritualistas que ensinam que o ser humano no conserva a sua individualidade aps a desencarnao, a maioria admite o contrrio. A Doutrina Esprita entende este assunto da seguinte forma: desde [...] que se admita a existncia da alma e sua individualidade aps a morte, foroso tambm se admita: 1, que a sua natureza difere da do corpo, visto que, separada deste, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo; 2, que goza da conscincia de si mesma, pois que passvel de alegria, ou de sofrimento, sem o que seria um ser inerte, caso em que possu-la de nada nos valeria. Admitido isso, tem-se que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que vem a ser feito dela e para onde vai? 13 As comunicaes medinicas, usuais nas Casas Espritas, no apenas atestam a sobrevivncia dos Espritos, mas revelam seu estado de felicidade ou infelicidade, conforme a utilizao boa ou m do seu livre-arbtrio quando encarnados. Essas comunicaes nos esclarecem, igualmente, a respeito da vida no alm-tmulo. A destinao do ser humano aps a morte do corpo fsico pode ser entendida segundo os seguintes esclarecimentos espritas: a) No espao, os Espritos formam grupos ou famlias entrelaados pela afeio, pela simpatia e pela semelhana das inclinaes. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espritos se buscam uns aos outros. 2 b) As comunidades espirituais do plano extrafsico so formadas por Espritos da mesma categoria que [...] se renem por uma espcie de afinidade e formam grupos ou famlias, unidos pelos laos da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas
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faltas e pela necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham. Tal uma grande cidade onde os homens de todas as classes e de todas as condies se vem e se encontram, sem se confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia dos gostos; onde a virtude e o vcio se acotovelam, sem trocarem palavra. 8 c) Entre os Espritos h hierarquia de poder, nveis de subordinao e autoridade, tal como ocorre numa sociedade organizada. 7 O resultado das relaes entre os Espritos estabelece a existncia de [...] diferentes ordens, conforme o grau de perfeio que tenham alcanado. 3 Essas ordens revelam as qualidades que os Espritos j adquiriram e as imperfeies contra as quais tero que lutar. 4 d) A autoridade que um Esprito tem sobre o outro est fundamentada na ascendncia moral 7. Entre os Espritos Superiores essa ascendncia natural, sempre benfica, respeitando o livre-arbtrio de cada um 6. Tal j no ocorre nas relaes entre certos Espritos inferiores que usam da inteligncia ou da fora (poder) para subjugarem outros Espritos, encarnados ou no. 5, 9, 10 e) O mundo espiritual comporta vrios nveis, ou regies, caracterizados pela sombra e pela dor; pela ventura e pela alegria, conforme o patamar evolutivo dos seus habitantes. H entre os dois extremos extensa regio que apresenta subnveis ou subplanos evolutivos, revelando a gradao de progresso atingido pelos Espritos a residentes. Antes mesmo da Codificao do Espiritismo, o vidente sueco Emmanuel Swedenborg nos informava que [...] o outro mundo, para onde vamos aps a morte, consiste de vrias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de ns ir para aquela a que se adapta a nossa condio espiritual. 14 f) O Plano espiritual comporta verdadeiras cidades, de pequeno, mdio ou grande porte, genericamente denominadas colnias espirituais. Os Espritos ali se agrupam, estabelecendo regras de vida em sociedade, de acordo com a sua moralidade e com os seus conhecimentos. Espalhados pelas vastas regies espirituais existem pequenos agrupamentos humanos, geralmente ligados a uma colnia espiritual. Tais agrupamentos, semelhana das cidades espirituais, representam redutos de paz, de amor, de trabalho ou de sofrimento e criminalidade, conforme a natureza dos seus habitantes. g) Nas cidades espirituais h residncias, onde vivem juntos os membros de uma mesma famlia. H tambm templos religiosos, hospitais, escolas, bibliotecas, academias, recintos para encontros sociais etc. Vem-se parques, jardins, rios, mares, extensas reas plantadas, montanhas, plancies etc.
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A literatura esprita rica a esse respeito, revelando detalhes das comunidades espirituais e caractersticas dos seus habitantes. A srie de livros ditada pelo Esprito Andr Luiz, por meio da psicografia de Francisco Cndido Xavier, merece destaque pelas elucidaes lgicas e pela coerncia com a Codificao Esprita. Merecem destaque, igualmente, as obras de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, dentre as quais Nos Tormentos da Obsesso. Essa obra nos relata episdios cotidianos de um nosocmio fundado e dirigido por Eurpedes Barsanulfo, que atende a desencarnados em sofrimento, sobretudo espritas que faliram em seus compromissos espirituais. 2. CARACTERSTICAS DAS COMUNIDADES ESPIRITUAIS DE SOFRIMENTO E DE DOR Essas comunidades podem ser classificadas em duas grandes categorias, conforme a localizao e a gradao do sofrimento: comunidades de regies abismais e comunidades do umbral. As caractersticas gerais que ambas as categorias apresentam so as seguintes: Predomnio de paixes e aes negativas. O mal, as brigas, as desarmonias, as perturbaes generalizadas campeiam nessas localidades. Ociosidade marcante entre seus habitantes. Muitos destes dominam outros habitantes, subjugando-os ao trabalho escravo ou ao domnio da sua vontade autoritria e perturbadora (obsesso). Os habitantes se comunicam pelo uso das palavras articuladas, como se estivessem encarnados. Os obsessores e dominadores mantm controle mental sobre aqueles a quem subjugam, por meio dos recursos da hipnose e das chantagens emocionais. A volitao restrita e, quando ocorre, no h deslocamentos significativos, permanecendo a entidade prxima ao solo. O mais comum a caminhada, utilizando-se das pernas e dos ps. O trnsito est temporariamente interditado s regies mais elevadas. A natureza no oferece beleza. H predomnio de cores fortes e sombrias. Uma espcie de nvoa envolve as regies. As rvores e os animais so estranhos, feios, sem vio.
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As cidades possuem edificaes bizarras, pintadas de tons berrantes. As msicas so exticas e irritantes. O relevo rido, spero, sem verdura e sem paisagens tranquilas. H muitos vales, permeados de cavernas, grutas, abismos e pntanos. Essas comunidades exercem influncia direta nos encarnados. Apesar da desolao e do desequilbrio reinantes, tais comunidades so constantemente visitadas por benfeitores espirituais, que ali realizam misses de auxlio. Muitos desses benfeitores esto instalados em plenas regies abismais, em construes genericamente denominadas de ncleos ou postos de auxlio. Eles ali se encontram em misso sacrificial. 3. EXEMPLOS DE COMUNIDADES ESPIRITUAIS CARACTERIZADAS PELO SOFRIMENTO E PELA DOR 3.1 O Vale dos Suicidas Fonte: Essa comunidade est descrita no livro Memrias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvone A. Pereira, edio FEB. Tipos de habitantes: Suicidas. Caractersticas da localidade: h pouca luz solar, que constantemente filtrada por uma nvoa densa;
ouvem-se muitos gemidos, splicas, choros humanos. O desespero, a dor profunda, a mgoa e o remorso so sentimentos dominantes. Eis a descrio amarga e dolorosa que um ex-suicida faz do local onde habitou por algum tempo. [...] fora eu surpreendido com meu aprisionamento em regio do Mundo Invisvel cujo desolador panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demnios enfurecidos, Espritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebveis, dos sofrimentos que os martirizavam. Nessa paragem aflitiva a vista torturada do grilheta no distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse suas horas de desesperao [...]
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a vegetao sinistra, seca, contorcida; as rvores possuem pouca folhagem; muitas plantas exticas;
O solo, coberto de matrias enegrecidas e ftidas, lembrando a fuligem, era imundo, pastoso, escorregadio, repugnante! O ar pesadssimo, asfixiante, gelado, enoitado por bulces ameaadores como se eternas tempestades rugissem em torno; e, ao respirarem-no, os Espritos ali ergastulados sufocavam-se como se matrias pulverizadas, nocivas, mais do que a cinza e a cal, lhes invadissem as vias respiratrias, martirizando-os com suplcio inconcebvel ao crebro humano habituado s gloriosas claridades do Sol ddiva celeste que diariamente abenoa a Terra e s correntes vivificadoras dos ventos sadios que tonificam a organizao fsica dos seus habitantes. No havia ento ali, como no haver jamais, nem paz, nem consolo, nem esperana: tudo em seu mbito marcado pela desgraa era misria, assombro, desespero e horror [...] O vale dos leprosos, lugar repulsivo da antiga Jerusalm [...] que no orbe terrqueo evoca o ltimo grau da abjeo e do sofrimento humano, seria consolador estgio de repouso comparado ao local que tento descrever. 15 Aqui, era a dor que nada consola, a desgraa que nenhum favor ameniza, a tragdia que idia alguma tranqilizadora vem orvalhar de esperana! No h cu, no h luz, no h sol, no h perfume, no h trguas!
Quem ali temporariamente estaciona, como eu estacionei, so grandes vultos do crime! a escria do mundo espiritual falanges de suicidas que periodicamente para os seus canais afluem [...]. 16
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O que h o choro convulso e inconsolvel dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso ranger de dentes da advertncia prudente e sbia do sbio Mestre de Nazar! A blasfmia acintosa do rprobo e se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordaes penosas! A loucura inaltervel de conscincias contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que h a raiva envenenada daquele que j no pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lgrimas! O que h o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado da morte! a revolta, a praga, o insulto, o ulular de coraes que o percutir monstruoso da expiao transformou em feras! O que h a conscincia conflagrada, a alma ofendida pela imprudncia das aes cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! [...]
3.2 Uma cidade estranha Fonte: Esta cidade est descrita no livro Libertao, psicografia de Francisco Cndido Xavier, ditado pelo Esprito Andr Luiz, edio FEB. Tipos de habitantes: Espritos imperfeitos, vinculados ao mal. Caractersticas da localidade: A cidade que Andr Luiz chama de estranha, estava (ou est) situada em vasto domnio das sombras e pode ser assim descrita: A claridade solar jazia diferenada. Fumo cinzento cobria o cu em todas a sua extenso. A volitao fcil se fizera impossvel. A vegetao exibia aspecto sinistro e angustiado. As rvores no se vestiam de folhagem farta e os galhos, quase secos, davam a idia de braos erguidos em splicas dolorosas. Aves agoureiras, de grande tamanho, de uma espcie que poder ser situada entre os corvdeos, crocitavam em surdina, semelhando-se a pequenos monstros alados espiando presas ocultas. 17 O que mais contristava, porm, no era o quadro desolador, mais ou menos semelhante a outros [...] e, sim, os apelos cortantes que provinham dos charcos. Gemidos tipicamente humanos eram pronunciados em todos os tons. 18 Observando as caractersticas ambientais daquela cidade, Andr Luiz faz as seguintes indagaes ntimas: Aquelas rvores estranhas, de frondes ressecadas, mas vivas, seriam almas convertidas em silenciosas sentinelas de dor, qual a mulher de Lot, transformada simbolicamente em esttua de sal? E aquelas grandes corujas diferentes, cujos olhos brilhavam desagradavelmente nas sombras, seriam homens desencarnados sob tremendo castigo da forma? Quem chorava nos vales extensos da lama? Criaturas que houvessem vivido na Terra que recordvamos, ou duendes desconhecidos para ns? 19 Continuando no seu pungente relato, Andr Luiz nos informa que de [...] quando em quando, grupos hostis de entidades espirituais em desequilbrio nos defrontavam, seguindo adiante, indiferentes, incapazes de registrar-nos a presena. Falavam em voz alta, em portugus degradado, mas inteligvel, evidenciando,
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pelas gargalhadas, deplorveis condies de ignorncia. Apresentavam-se em trajes bisonhos e conduziam apetrechos de lutar e ferir. 19 A certa altura, medida que se vai aproximando da cidade, o ar parece impregnado de fluidos viscosos, provando mal-estar, asfixiante opresso e respirao ofegante. Assinala Andr Luiz: de quando em quando grupos hostis de entidades espritas em desequilbrio nos defrontavam, seguindo adiantes, indiferentes, incapazes de nos registrar a presena. Falavam em voz alta, em portugus degradado, mas inteligvel [...] 19 A cidade era dirigida pelo sacerdote Gregrio, [...] um strapa de inqualificvel impiedade, que aliciou para si prprio o pomposo ttulo de Grande Juiz, assistido por assessores polticos e religiosos, to frios e perversos quanto ele mesmo. (22) Ali se encontrava aristocracia de gnios implacveis, senhoreando milhares de mentes preguiosas, delinqentes e enfermias. 20 Andr Luiz continua nos transmitindo, com matizes fortes, os panoramas dessa cidade umbralina: Msica extica fazia-se ouvir no distante. [...] Em minutos breves, penetramos vastssima aglomerao de vielas, reunindo casario decadente e srdido [...] Rostos horrendos contemplava-nos furtivamente, a princpio, mas, medida que varvamos o terreno, ramos observados, com atitude agressiva, por transeuntes de miservel aspecto [...] Mutilados s centenas, aleijados de todos os matizes, entidades visceralmente desequilibradas, ofereciam-nos paisagens de arrepiar. 21 [...] vestiam-se de roupagens de matria francamente imunda. Lombroso e Freud encontrariam a extenso material de observao. Incontveis tipos que interessariam, de perto, criminologia e psicanlise vagueavam absortos, sem rumo. Exemplares inmeros de pigmeus, cuja natureza em si ainda no posso precisar, passavam por ns, aos magotes. Plantas exticas, desagradveis ao nosso olhar, ali proliferam, e animais em cpia abundante, embora monstruosos, se movimentavam a esmo [...]. Becos e despenhadeiros escuros se multiplicavam em derredor [...]. 22 [...] Milhares de criaturas, utilizadas nos servios mais rudes da natureza, movimentam-se nestes stios em posio infraterrestre [...]. Situam-se entre o raciocnio fragmentrio do macacide e a idia simples do homem primitivo na floresta. Afeioam-se a personalidades encarnadas ou obedecem, cegamente, aos espritos
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prepotentes que dominam em paisagens como esta. Guardam, enfim, a ingenuidade do selvagem e a fidelidade do co. 23 O orientador Gbio, dirigente do grupo em trabalho de auxlio nessa cidade, esclarece: Quase todas as almas humanas, situadas nestas furnas, sugam as energias dos encarnados e lhes vampirizam a vida, qual se fossem lampreias insaciveis no oceano de oxignio terrestre. Suspiram pelo retorno ao corpo fsico, de vez que no aperfeioaram a mente para a ascenso, e perseguem as emoes do campo carnal com o desvario dos sedentos no deserto. Quais fetos adiantados absorvendo as energias do seio materno, consomem altas reservas de fora dos seres encarnados que as acalentam, desprevenidos de conhecimento superior. Da, esse desespero com que defendem no mundo os poderes da inrcia e essa averso com que interpretam qualquer progresso espiritual ou qualquer avano do homem na montanha da santificao. No fundo, as bases econmicas de toda essa gente residem, ainda, na esfera dos homens comuns e, por isto, preservam, apaixonadamente, o sistema de furto psquico, dentro do qual se sustentam, junto s comunidades da Terra. 24 Essas palavras de Gbio merecem profunda reflexo de nossa parte, porque a morte do corpo fsico no opera milagres e cada um colhe, no Alm, aquilo que houver semeado. Devemos, porm, acreditar em dias melhores, pois [...] o bem reinar na Terra quando, entre os Espritos que a vm habitar, os bons predominarem, porque, ento, faro que a reinem o amor e a justia, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus que o homem atrair para a Terra os bons Espritos e dela afastar os maus. Estes, porm, no a deixaro, seno quando da estejam banidos o orgulho e o egosmo. 12 A Cidade Estranha est situada em uma vasta regio do plano espiritual denominada Umbral. Esta regio est citada no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cndido Xavier, ditado pelo Esprito Andr Luiz, edio FEB. Vamos apresentar, em seguida, as caractersticas gerais do Umbral e dos seus habitantes. Os habitantes das regies umbralinas podem ser classificados em dois grandes grupos, assim especificados: Espritos imperfeitos presos s paixes e s sensaes da vida material. Espritos benfeitores que vivem nos chamados postos de auxlio, realizando trabalho sacrificial de auxlio aos Espritos necessitados.
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O Umbral uma zona obscura que se inicia na crosta terrestre, uma espcie de regio purgatorial, caracterizada por grandes perturbaes decorrentes da presena de compactas legies de almas irresolutas, ignorantes e desesperadas, em graus variveis. Vamos, em seguida, acompanhar a descrio que o Esprito Andr Luiz faz desta localidade espiritual. O Umbral uma regio espiritual que [...] comea na crosta terrestre. a zona obscura de quantos no mundo no se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indeciso ou no pntano dos erros numerosos [...] Pois bem: todas as multides de desequilibrados permanecem nas regies nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais. 25 O Umbral funciona, portanto, como regio destinada a esgotamento de resduos mentais; uma espcie de zona purgatorial, onde se queima a prestaes o material deteriorado das iluses que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existncia terrena. 26 O Umbral regio de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, a, tudo que no tem finalidade para a vida superior [...]. H legies compactas de almas irresolutas e ignorantes, que no so suficientemente perversas para serem enviadas a colnias de reparao mais dolorosa, nem bastante nobres para serem conduzidas a planos de elevao. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratrias. No de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbaes. L vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espcie. Formam, igualmente, ncleos invisveis de notvel poder, pela concentrao das tendncias e desejos gerais [...] O Umbral est repleto de desesperados. 27 O Umbral possui ncleos onde h infelizes, malfeitores e vagabundos de vrias categorias. zona de verdugos e vtimas, de exploradores e explorados. 28 [...] A zona inferior a que nos referimos qual a casa onde no h po: todos gritam e ningum tem razo. O viajante distrado perde o comboio, o agricultor que no semeou no pode colher [...]: no obstante as sombras e angstias do Umbral, nunca faltou l a proteo divina. Cada Esprito l permanece o tempo que se faa necessrio. 29 Das colnias espirituais, situadas acima do Umbral, partem misses consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual 31 aos Espritos que ali se situam. O trabalho dos benfeitores espirituais nessas localidades de muita co-
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ragem e de renncia, porque os [...] missionrios do Umbral encontram fluidos pesadssimos emitidos sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas, na prtica do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores. 30 importante que pensemos mais detidamente a respeito dessas informaes transmitidas por Andr Luiz, a fim de que, sabendo aproveitar de forma equilibrada as experincias vivenciadas na vida fsica possamos desfrutar de momentos de paz no plano espiritual. O que vale perseverarmos no bem, porque dia vir em que as cidades de sofrimento, tanto no plano espiritual quanto no material, existiro apenas nos arquivos da histria do planeta, porque a Terra ser um mundo de regenerao, habitada por Espritos melhores; e ento, nesse instante, estar sendo cumprida a promessa da Cristo: bem-aventurados os mansos porque herdaro a Terra (Mateus, 5:4).
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GLOSSRIO
Abjeo Aviltamento, ltimo grau de baixeza.
Bulces
Ergastulados
Encarcerados, prisioneiros.
Grilheta
Maltas
Niilismo
Em Filosofia significa ausncia de toda crena. Doutrina poltica que justifica a destruio de qualquer organizao social, porque todas so ms. Negao de tudo. a doutrina do nada.
Pigmeus
Rprobo
Reprovado, condenado.
Strapa
Vergastar
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REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Cu e o Inferno. Traduo de Manoel Justiniano Quinto. 45. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Primeira Parte, cap. I, item 1, p. 11-12. 2.______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Traduo de Guillon Ribeiro. 116. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Cap. IV, item 18, p. 90. 3.______. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, questo 96, p. 86. 4.______. Questo 100, p. 87-89. 5.______. Questo 101, p. 89-92. 6.______. Questo 107, p. 92-93. 7.______. Questo 274, p.179. 8.______. Questo 278, p. 180. 9.______. Questo 829, p. 384. 10.______. Questes 836-837, p. 386. 11.______. Questo 959, p. 445-446. 12.______. Questo 1019, p. 475-476. 13.______. O Livro dos Mdiuns. Traduo de Guillon Ribeiro. 66. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, primeira parte. Cap. I, item 2, p. 20. 14. DOYLE, Arthur Conan. A Histria de Swedenborg. Histria do Espiritismo. Traduo de Jlio Abreu Filho. So Paulo: Pensamento, 1960, p. 38. 15. PEREIRA, Yvone A. Memrias de um Suicida. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, p. 15-16. 16.______. p. 17. 17. XAVIER, Francisco Cndido. Libertao. Pelo Esprito Andr Luiz. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 4 (Numa cidade estranha), p. 63-64. 18.______. p. 64. 19.______. p. 65. 20.______. p. 67.
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21.______. p. 70. 22.______. p. 73. 23.______. p. 74. 24.______. p. 76. 25.______. Nosso Lar. Pelo Esprito Andr Luiz. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 12 (O umbral), p. 79-80. 26.______. p. 81. 27.______. p. 81-82. 28.______. p. 82. 29.______. p. 83. 30.______. p. 84.
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PROGRAMA I
MDULO IV
As comunidades espirituais devotadas ao bem Dar as principais caractersticas das comunidades espirituais devotadas ao bem, existentes no alm-tmulo. Destacar o trabalho dos benfeitores espirituais em prol dos sofredores.
Objetivos especcos
SUBSDIOS
O Esprito So Lus, na questo 1019 de O Livro dos Espritos nos diz: [...] Predita foi a transformao da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dar, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformao se verificar por meio da encarnao de Espritos melhores, que constituiro na Terra, uma gerao nova. 1 O progresso da Humanidade tem seu princpio na aplicao da lei de justia, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro. [...] Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condies da felicidade do homem. S ela pode curar as chagas da sociedade. 2
Muitos comunicantes da Vida Espiritual tm afirmado, em diversos pases, que o plano imediato residncia dos homens jaz subdividido em vrias esferas. Assim com efeito, no s do ponto de vista do espao, mas sim sob o prisma de condies, qual ocorre no globo de matria mais densa, cujo dorso o homem pisa orgulhosamente. 20 Uma explicao se faz necessria a essa informao do Esprito Andr Luiz. Quando os Espritos nos informam que o mundo espiritual formado de esferas, a idia que primeiramente captamos a de que a espiritualidade constituda por camadas dispostas verticalmente, ou seja, da superfcie da Terra elevando-se para a Atmosfera, como se fosse um empilhamento de planos. Todavia, esclarece Andr Luiz que essas esferas realmente existem, mas no mesmo plano horizontal, ou, pelo menos, podendo ser no mesmo nvel, variando
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1. AS ESFERAS ESPIRITUAIS
apenas as condies de vida de um ncleo para o outro. Ficamos, dessa forma, com a idia de que podemos comparar as vrias esferas espirituais maneira como esto organizadas nossas cidades, num mesmo plano e no umas sobre as outras. O que vai variar o tipo de vida em cada ncleo. 3 Para justificar suas afirmativas, o autor espiritual faz uma comparao com a Terra. [...] a crosta terrestre, na maior parte dos elementos que a constituem, slida, mas conservando, aqui e ali, vastas cavidades repletas de lquido quente ou de material plstico. Guarda o orbe grande ncleo no seio, e que podemos considerar como sendo plasmado num ao de nquel natural, revestido por grossa camada de rocha basltica, medindo dois mil quilmetros, aproximadamente, de raio, no tope da qual, ali e acol, surgem finas superfcies de rocha grantica, entre as quais a face basltica est recoberta de gua. Mais ou menos nessa superfcie, reside a zona mais apropriada para indicar o limite do solo que , consequentemente, o leito do oceano. Temos, desse modo, os continentes do mundo, como ligeira pelcula, com a propriedade de flutuar, maneira de barcaas imensas, sobre o macio basltico, pelcula essa que mantm a espessura de cinqenta quilmetros em mdia. 20 Muitas so as atividades encontradas no ar, nas guas e nos continentes. Encontramos, assim, na constituio material do planeta, desde a barisfera ionosfera, mltiplos crculos de fora e atividade da Terra, na gua e no ar, tanto quanto nos continentes identificamos as esferas de civilizao e nas civilizaes, as esferas de classe, a se totalizarem numa s faixa do espao. 3
Arthur Conan Doyle entendia que, do outro lado da vida, os Espritos estariam situados em trs nveis, segundo o grau evolutivo de cada um. H os que se acham presos Terra e que trocaram os seus corpos mortais por corpos etricos, mas que so mantidos na superfcie deste mundo, ou prximos dela, pela grosseria de sua natureza ou pela intensidade de seu interesse mundano. To spera deve ser a contextura de sua forma extraterrena, que devem ser reconhecidos mesmo por aqueles que no possuem o dom especial da clarividncia. Nessa infeliz classe errante est a explicao de todos aqueles fantasmas, espectros e aparies, as casas assombradas que tm chamado a ateno da Humanidade em todas as pocas. 5 Estes Espritos nem conseguem perceber que esto desencarnados, uma vez
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O grande vidente sueco do passado, Swedenborg, nos informa que [...] o outro mundo, para onde vamos aps a morte, consiste de vrias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de ns ir para aquela a que se adapta a nossa condio espiritual. 4
que se mantm presos a pessoas, objetos e locais situados no plano fsico. Em consequncia, participam ativamente da vida cotidiana dos encarnados, produzindo distrbios e perturbaes variveis segundo os tipos e graus que os caracterizam. Essa situao, entretanto, no permanente. [...] Os (Espritos) que no fizeram um esforo ascensional, entretanto, ficaro a indefinidamente, enquanto outros que do ouvidos ao ensino dos Espritos auxiliadores, [...] aprendem a lutar para subir a zonas mais brilhantes. 5 O segundo nvel, ou esfera de vida dos desencarnados, seria representado pela que Doyle denomina de o alm normal. 7 So localidades onde o ar, as casas, o meio ambiente, as ocupaes, o cu seriam uma sublimada e etrea reproduo da Terra e da vida terrena, em condies melhores e mais elevadas. [...] No alm normal h, de fato, uma sociedade muito complexa, na qual cada um encontra o trabalho a que mais se adapta e que lhe causa maior satisfao. 7 O terceiro nvel, apesar de no estar claramente especificado pelo autor do livro, foi descrito por um Esprito, em uma reunio familiar, como um plano em que a felicidade, a beleza, a paz so caractersticas bsicas. Ningum se aborrece, porque todos so muito felizes. 8 O Esprito Andr Luiz fornece-nos detalhes preciosos nos seus relatos a respeito das comunidades espirituais e dos seus habitantes.
Essas comunidades, genericamente denominadas Postos de Auxlio, so pequenos agrupamentos de Espritos, normalmente vinculados a uma colnia situada em planos mais elevados, de onde recebem instrues, orientaes e cuidados, recebendo trabalhadores que ali estagiam em tarefas de devotamento, sacrifcio e amor ao prximo. Uma dessas colnias chama-se Nosso Lar. de mediana evoluo, visto que seus habitantes, ainda que vinculados ao bem, so portadores de imperfeies. Nosso Lar est situado no limite superior do Umbral, abaixo das regies evoludas. uma colnia de transio.
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Informa-nos que as comunidades devotadas prtica do bem no esto, necessariamente, situadas em planos ou regies mais elevadas. Muitas delas esto encravadas em regies de sombras e de dor, representando verdadeiros osis para o viajor cansado e perdido nessas paragens.
2. AS COLNIAS E OS NCLEOS ESPIRITUAIS DEVOTADOS AO BEM 2.1 Caractersticas gerais a) Organizacionais: as pessoas esto reunidas em grupos ou em famlias, ligadas entre si por simpatias mtuas ou interesses comuns; h hierarquizao de poder ou nveis de autoridade, assim estabelecidos por uma ascendncia intelecto-moral; uma sociedade heterognea em nveis de saber e de moralidade, a partir de um patamar mnimo onde as atividades, os estudos, os trabalhos as atividades esto comprometidos com o bem.
b) Dos seus habitantes: prtica do bem em qualquer atividade; labor intenso; livre trnsito s esferas inferiores e aos limites da colnia; locomoo por levitao ou motora (pernas e ps). H locomoo por meio de veculos ou mquinas; h comunicao mental, mas ainda se utiliza a palavra articulada. influncia sutil sobre os encarnados, havendo a preocupao de se respeitar o livre-arbtrio destes.
c) Do ambiente: a natureza rica e bela, contendo colorido e luminosidade prprios; h rios, lagos, oceanos, cascatas dgua, montanhas, campos, plancies; rvores, plantas, flores, arbustos retratam o equilbrio mental dos seus habitantes; as edificaes primam pelo bom gosto e utilidade; h escolas, hospitais, ministrios, centros de estudos e pesquisa, bibliotecas, bem como torres, setores de recuperao ou de reequilbrio
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(sobretudo nos postos de auxlio), templos religiosos, setores de lazer e recreao etc. os animais compartilham a companhia dos humanos, sendo por estes estimados, e participam das tarefas benemritas de, por exemplo, resgate, vigilncia etc. 2.2 Exemplos de colnias espirituais Nosso Lar Fonte: Livro Nosso Lar, ditado pelo Esprito Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB. Nas demais obras da srie Andr Luiz, h referncias diretas e indiretas a respeito das atividades desta Colnia Espiritual. Nosso Lar o exemplo de uma comunidade espiritual, situada na parte superior do Umbral e abaixo das regies superiores. , portanto, uma colnia de transio. Ali ainda existe sofrimento, mas os seus habitantes, sendo de mediana evoluo, so mais esclarecidos. Essa posio espiritual favorece a natureza, caracterizada por belezas e harmonias inexistentes nos planos inferiores. A colnia possui vastas avenidas, enfeitadas de rvores frondosas. Ar puro, atmosfera de profunda tranquilidade espiritual. No h, porm, qualquer sinal de inrcia ou de ociosidade, visto que as vias pblicas esto sempre repletas de entidades numerosas em constantes atividades, indo e vindo. 22 H tambm um bosque, em florao maravilhosa, que embalsama [...] o vento fresco de inebriante perfume. Tudo em prodgio de cores e luzes cariciosas. Entre margens bordadas de grama viosa, toda esmaltada de azulneas flores, deslizava um rio de grandes propores. A corrente rolava tranqila, mas to cristalina que parecia tonalizada em matiz celeste, em vista dos reflexos do firmamento. Estradas largas cortavam a verdura da paisagem. Plantadas a espaos regulares, rvores frondosas ofereciam sombra amiga, maneira de pousos deliciosos, na claridade do Sol confortador. Bancos de caprichosos formatos convidavam ao descanso. 26 A Colnia, que essencialmente de trabalho e realizao, divide-se administrativamente em seis Ministrios, orientados, cada qual, por dozes ministros. So os Ministrios da Regenerao, do Auxlio, da Comunicao, do Esclarecimento, da Elevao e da Unio Divina. Os quatro primeiros aproximam-se das esferas terrestres, e os dois ltimos ligam-se ao plano Superior, visto que a cidade espiri-
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tual zona de transio. Os servios mais grosseiros localizam-se no Ministrio da Regenerao, e os mais sublimes, no da Unio Divina. 22 A Colnia dirigida por um governador e por setenta e dois colaboradores diretos, ou ministros 22, aos quais esto vinculados cerca de 3.000 funcionrios.24 A alimentao algo diferente da que comumente ingerimos na Crosta. Conta-se que, em determinado momento da histria de Nosso Lar, [...] a pedido do governador, vieram duzentos instrutores de uma esfera muito elevada, a fim de espalharem novos conhecimentos, relativos cincia da respirao e da absoro de princpios vitais da atmosfera. 24 O alimento sacia a fome, ou a sensao desta, mas os seus habitantes se alimentam, basicamente, pela inalao dos princpios vitais contidos na atmosfera, por meio da respirao e da gua misturada a elementos solares, eltricos e magnticos. 26 No entanto, existe fornecimento de alimentos, semelhantes aos nossos, destinados ao grande nmero de necessitados, que esto vinculados aos ministrios da Regenerao e do Auxlio. 25 Vinculados a cada ministrio, existem os edifcios onde os trabalhadores executam os trabalhos que lhes competem e as unidades residenciais onde habitam. A vivem as pessoas que recebem auxlio ou prestam servios; h instituies e abrigos, ligados jurisdio ou rea de atuao de cada ministrio. 22
Alvorada Nova Fonte: Livro Conversando sobre a mediunidade, ditado pelo Esprito Cairbar Schutel, pela mediunidade de Abel Glaser. Esta Colnia espiritual abrange, do ponto de vista geogrfico, rea equivalente s das cidades de Santos, So Vicente, Praia Grande e Cubato, no litoral do Estado de So Paulo, em cujo ngulo de inclinao se situa, [a Colnia] no obstante a sua abrangncia tender a se expandir progressivamente, como consequncia direta
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No Ministrio do Auxlio h, por exemplo, edificaes e moradias que representam a infra-estrutura fsica para o trabalho de atendimento aos doentes; ao servio de prece; preparao das reencarnaes terrestres; organizao de turmas de socorro aos habitantes do Umbral ou aos encarnados; soluo dos processos que se prendem ao sofrimento em geral. 22
da higienizao das localidades umbralinas que lhe so vizinhas. 9 uma colnia devotada ao estudo da Doutrina Esprita, segundo a tica do Evangelho de Jesus, possuindo, para tanto, centros de estudo e de cultura. O estudo da mediunidade a merece destaque, por propiciar a preparao de mdiuns para futuros trabalhos na crosta, o acompanhamento e o auxlio a encarnados e a formao de trabalhadores que atuaro no campo da desobsesso. 10
A cidade de Castrel Fonte: Livro A Vida Alm do Vu, ditado por vrios Espritos, recebido pela escrita medinica mecnica do reverendo ingls G. Vale Owen, edio FEB, traduo de Carlos Imbassahy. Esta Colnia espiritual, cujas informaes nos chegaram com a primeira edio do livro acima citado (1920), tem como tarefa bsica o atendimento infncia. Recebe Espritos desencarnados na infncia, prepara-os para a nova realidade da vida, reintegra-os aos planos que lhes so destinados aps terem retornado forma adulta, ou prepara Espritos para reencarnao, acompanhando-os na fase infantil. Apesar de a linguagem predominante no livro no ser atual, uma obra de leitura agradvel, que muito nos esclarece. A Colnia, situada entre montanhas, possui uma cpula dourada no centro, cercada por um terrao cheio de colunas. 12 Uma longa rua corta a cidade de um extremo ao outro, formando uma alameda, onde esto localizadas as residncias dos seus dirigentes. H muitos terrenos, espaosos edifcios e construes para o atendimento criana. 12 Vivem a muitos trabalhadores do campo, dedicados horticultura, e muitos da cidade, dedicados a tarefas juntos infncia. uma localidade muito bela e iluminada; h muitas fontes de gua e predominncia de ambiente harmnico. O desejo do bem a nota reinante. 13
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O Lar da Bno Fonte: Livro Entre a Terra e o Cu, ditado pelo Esprito Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB. uma [...] importante Colnia educativa, misto de escola de mes e domiclio dos pequeninos que regressam da esfera carnal. 17 Essa Colnia, situada no espao espiritual correspondente s terras brasileiras, tem como objetivo preparar mes para a maternidade responsvel e atender s crianas que desencarnam e encarnam. Tais crianas encontram a o apoio necessrio ao seu reajustamento espiritual. Assim que, nos primeiros momentos como libertas do corpo fsico, ou enquanto lhes dure o equilbrio, so abenoadas pela assistncia superior e amiga dos benfeitores espirituais do Lar da Bno e pelo afeto inesquecvel daquelas que foram suas genitoras, as quais, ainda presas aos liames da carne, so, no entanto, levadas Colnia para auxiliar e acompanhar o reerguimento dos filhos. 18
Manso Paz Fonte: Livro Ao e reao, ditado pelo Esprito Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB. A Manso Paz uma escola de reajuste espiritual, sob a jurisdio de Nosso Lar. O Esprito Andr Luiz assim se expressa sobre ela: O estabelecimento, situado nas regies inferiores, era bem uma espcie de mosteiro So Bernardo, em zona castigada por natureza hostil, com a diferena de que a neve, quase constante em torno do clebre convento encravado nos desfiladeiros entre a Sua e a Itlia, era ali substituda pela sombra espessa, que [...] se adensava, movimentada e terrvel, ao redor da instituio, como que se tocada por ventania incessante. 16 uma instituio destinada [...] a receber Espritos infelizes ou enfermos, [mas] decididos a trabalhar pela prpria regenerao, criaturas essas que se elevam a colnias de aprimoramento na Vida Superior ou que retornam esfera dos homens para a reencarnao retificadora. 16 3. OS POSTOS DE AUXLIO Os Postos, ou Ncleos de Auxlio, esto situados nas esferas inferiores da regio espiritual. Representam um campus avanado de uma colnia espiritual.
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Segundo nos informa Conan Doyle, os Espritos esclarecidos e devotados ao bem realizam nessas localidades trabalhos missionrios, caracterizados por grandes dificuldades e perigos, semelhantes aos que rodeariam o homem que tentasse evangelizar as mais selvagens raas da Terra. 6 Os Espritos missionrios travam lutas rduas com os habitantes das regies tenebrosas, principalmente com os seus dirigentes, verdadeiros prncipes do mal que so formidveis em seus prprios reinos. [...] Essas esferas so as salas de espera hospitais para almas doentes onde a experincia punitiva intentada para trazer o sofredor sade e felicidade. 6 Os postos de auxlio representam a grande expresso de amor ao prximo. Algumas dessas organizaes so fixas; outras so mveis, deslocando-se de um local para outro, quando se faz necessrio. Alguns exemplos serviro para ilustrar, ainda que imperfeitamente, a dimenso dos trabalhos realizados pelos obreiros da vida eterna.
Posto de Socorro da colnia Campo da Paz Fonte: Livro Os Mensageiros, ditado pelo Esprito Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB. Campo da Paz, localizada em pleno Umbral, tem como misso receber Espritos enfermos, mais desequilibrados do que maus, pelo choque da morte fsica, pelo apego relativo que ainda demonstram ter a pessoas e coisas deixadas na Crosta. 20, 21 Neste Posto, os desencarnados so recebidos, tratados, reajustados e depois encaminhados a outros planos. Muitos desses Espritos chegam ao Ncleo de Auxlio completamente dementados, alheios realidade do lugar onde esto inseridos 21. Muitos permanecem em estado de profundo sono. 21
A Casa Transitria de Fabiano Fonte: Livro Obreiros da Vida Eterna, ditado pelo Esprito Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB. A Casa Transitria de Fabiano um Posto de Auxlio mvel, que se desloca quando se faz necessrio, ao longo das regies umbralinas.
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Trata-se de grande instituio piedosa, no campo de sofrimentos mais duros em que se renem almas recm-desencarnadas, nas cercanias da Crosta Terrestre, a qual [...] fora fundada por Fabiano de Cristo, devotado servo da caridade entre antigos religiosos do Rio de Janeiro, desencarnado h muitos anos. Organizada por ele, era confiada, periodicamente, a outros benfeitores de elevada condio, em tarefa de assistncia evanglica, junto aos Espritos recm-desligados do plano carnal. 28 A finalidade essencial da Casa Transitria prestar auxlio urgente e, devido a sua localizao, em plena regio trevosa, sofre [...] permanente cerco de Espritos desesperados e sofredores, condenados pela prpria conscincia revolta e dor. 29 um asilo mvel que, para garantir suas defesas magnticas, exige grande nmero de servidores e de amigos piedosos, que a permanecem, dia e noite, ao lado do sofrimento. [...] Todavia, o trabalho desta Casa dos mais dignos e edificantes. Neste edifcio de benemerncia crist, centralizam-se numerosas expedies de irmos leais ao bem, que se dirigem Crosta Planetria ou s esferas escuras, onde se debatem na dor seres angustiados e ignorantes, em trnsito prolongado nos abismos tenebrosos. 30
Colnia Correcional da Legio dos Servos de Maria Fonte: Livro Memrias de um suicida, relatado pelo Esprito Camilo Cndido Botelho, pela mediunidade de Yvone A. Pereira. A Colnia Correcional da Legio dos Servos de Maria uma obra evanglica assistencial, que atende aos suicidas. Os seus dirigentes e servidores agem em nome de Maria Santssima, sua mentora e orientadora maior. A Colnia representada por uma fortaleza, cercada por um conjunto de muralhas fortificadas, situada em [...] regio triste e desolada, envolvida em neblinas como se toda a paisagem fora recoberta pelo sudrio de continuadas nevadas, conquanto oferecendo possibilidades de viso. 14 Esta fortaleza lembra os castelos medievais, com fosso, torres e ponte movedia 15. Dentro da fortaleza h inmeros edifcios com seus respectivos departamentos de servios, que se desdobram, constituindo uma verdadeira cidade nas regies trevosas, oferecendo ao rprobo a assistncia necessria ao comeo do seu reerguimento moral. 15
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4. OS POSTOS DE TRABALHO Finalmente, importante lembrar que os trabalhadores do mundo espiritual contam com outros ncleos de auxlio ou socorro aos Espritos sofredores encarnados e desencarnados. Estes ncleos ou postos de trabalho so os Centros Espritas, localizados no plano material e que podem estar vinculados diretamente a Postos de Auxlio Espiritual, ou a uma Colnia. importante acrescentar que todos os agrupamentos orientados para o bem so postos de trabalho da Espiritualidade Superior aqui na Terra. O Esprito Cairbar Schutel nos informa que a Colnia Alvorada Nova, a qual dirige, possui na Crosta Terrestre cerca de 1060 Unidades espalhadas pelo Globo, sendo duzentas delas apenas em nosso pas 11. Muitas colnias espirituais devem possuir, igualmente, inmeras unidades na Terra. Compreendendo, assim, a importncia do Centro Esprita como educandrio das almas, lembramos que o [...] Espiritismo comeou o inaprecivel trabalho de positivar a continuao da vida alm da morte, fenmeno natural do caminho de ascenso. Esferas mltiplas de atividade espiritual interpenetram-se nos diversos setores da existncia. A morte no extingue a colaborao amiga, o amparo mtuo, a intercesso confortadora, o servio evolutivo. As dimenses vibratrias do Universo so infinitas, como infinitos so os mundos que povoam a Imensidade. Ningum morre. O aperfeioamento prossegue em toda parte.
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A vida renova, purifica e eleva os quadros mltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, Unio Suprema com a Divindade. 27
GLOSSRIO
Barisfera (Geologia) Ncleo central rgido do Planeta, formado de rochas.
Ionosfera
Regio da alta atmosfera, formada de camadas em que o ar fortemente ionizado. Ar ionizado: saturado de ons ou de tomos que perderam ou ganharam eltrons adquirindo, respectivamente, carga eltrica positiva ou negativa. O Planeta Terra possui um invlucro gasoso chamado atmosfera. Abaixo da atmosfera, situada logo acima da chamada camada gasosa respirvel, est a estratosfera (entre 11 a 70 quilmetros do nvel do mar, segundo as condies atmosfricas, a latitude e a estao). A troposfera a parte da estratosfera em contato com a vida reinante na Terra; representa uma camada de apenas 10 ou 12 quilmetros.
Rocha basltica
Rocha magmtica
(Geologia) Rocha gnea (vulcnica) originria do magma terrestre. Magma: material ou pasta gnea e fludica que est no interior da crosta terrestre.
Rocha grantica
(Geologia) Rocha granular e cristalina formada de feldspato, quartzo e mica em cristais mais ou menos volumosos e agregados.
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(Geologia) Rocha magmtica, efusiva, muito dura, ordinariamente negra ou parda e em cuja composio entram o pirognio e o feldspato. A decomposio do basalto forma solos frteis, como a chamada terra roxa da Regio Sul do Brasil. chamada pedra de toque pelos ourives porque sobre ela detectada a pureza do ouro e da prata. Pirognio: qualquer substncia que produz calor. Feldspato: mineral composto de slica, alumnio e de soda, cal ou potssio.
REFERNCIAS
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espritos. Traduo de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Parte Quarta, questo 1019, p 476. 2.______. Concluso IV, p. 480-481. 3. BEARZOTI, Paulo. Ciclo de Estudos Sobre a Obra Evoluo em Dois Mundos. 3. ed. So Paulo: Associao Mdico Esprita de So Paulo, 1997. Cap. XIII (Evoluo em dois mundos), p. 141. 4. DOYLE, Arthur Conan. A Histria de Swedenborg. Histria do Espiritismo. Traduo de Jlio Abreu Filho. So Paulo: Pensamento, 1960, p. 38. 5.______. O depois da morte visto pelos Espritos, p. 474-475. 6.______. p. 476. 7.______. p.476-477. 8.______. p. 479. 9. GLASER, Abel. Retratos de Alvorada Nova. Conversando Sobre Mediunidade. Pelo Esprito Cairbar Schutel. Mato [SP]: O Clarim, 1993, p.28. 10.______. p. 28-43. 11.______. Os postos de trabalho, p. 73. 12. OWEN, Vale G. A . cidade e os domnios de Castrel. A Vida Alm do Vu. Traduo de Carlos Imbassahy. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998. Cap. IV, p. 127. 13.______. p. 127 - 142. 14. PEREIRA, Yvone A . No Hospital Maria de Nazar. Memrias de um Suicida. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. III, p. 54. 15.______. p. 55. 16. XAVIER, Francisco Cndido. Ao e Reao. Pelo Esprito Andr Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004 Cap. 1 (Luz nas sombras), p. 14. 17.______. Entre a Terra e o Cu. Pelo Esprito Andr Luiz. 21. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. IX (No Lar da Beno), p. 71. 18.______. Cap. IX-XI, p. 71-94.
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19. XAVIER, Francisco Cndido & VIEIRA, Waldo. Evoluo em Dois Mundos. Pelo Esprito Andr Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, Cap. XIII (Alma e fluidos), item: Esferas Espirituais, p. 97. 20.______. Os Mensageiros. Pelo Esprito Andr Luiz. 40. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 21 (Espritos dementados), p. 132. 21.______. cap. 22, p. 134-138. 22.______. Nosso Lar. Pelo Esprito Andr Luiz. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap.8 (Organizao de servios), p. 55-59. 23.______. p. 56. 24.______. cap. 9 (Problema de Alimentao), p. 62. 25.______. p. 65. 26.______. cap. 10 (No Bosque das guas), p. 68. 27.______. Obreiros da Vida Eterna. Pelo Esprito Andr Luiz. 29. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005 (Rasgando vus - palavras introdutrias de Emmanuel), p. 9. 28.______. cap. IV (A Casa Transitria), p. 63. 29.______. p. 64-65. 30. ______. p. 65.
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PROGRAMA I
PRTICA - Mdulo IV
ESCLARECIMENTOS
Incentivar a participao de todos. Reservar, necessariamente, um espao de tempo para a troca de idias sobre os exerccios, em plenria.
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PERCEPO PSQUICA Percepo origina-se do [...] latim (perceptio-onis), com o significado de fazer colheita, ato de adquirir, de aprender, de conhecer; ou, do verbo latino percipere, que se traduz por tomar, apoderar-se de algo, adquirir atravs ou por meio de. A percepo, em Psicologia, refere-se ao processo cognitivo atravs do qual se conhecem objetos e situaes prximos no tempo e no espao [...]. A tarefa perceptiva sempre de natureza complexa porque pressupe a entrada de uma energia fsica pelo ou ao longo dos rgos sensoriais, a converso dessa energia ou impulso fsico, que define estmulo, em impulso nervoso, em nvel dos receptores sensoriais. O impulso nervoso chegando ao crebro pode gerar uma resposta imediata ou, conforme o grau de elaborao deste impulso, pode exigir correlaes intrincadas nas estruturas psquicas, que podem conduzir a um excitamento e/ou projeo mental, antes de ocorrer a converso da resposta [...]. O estudioso Donal Olding Hebb caracteriza a percepo como expresso de atividades mediadoras diretamente desencadeadas pelas sensaes [...]. Jerome Seymour Bruner, define-a como processo de categorizao de estmulos, isto , como processo atravs do qual os estmulos so identificados e classificados, atribuindo-lhes, assim, a dimenso abstrata, aproximando-a dos processos do pensamento 1. A Parapsicologia denomina percepo-extra-sensorial (PES) a percepo de pessoas ou de coisas, situadas fora do espao-tempo que caracteriza o plano de ao dos sentidos. O Espiritismo entende que a percepo feita pela mente, pelo Esprito, utilizando o perisprito como mediador do processo, e os rgos fsicos como executores, respectivamente. no mundo mental que se processa a gnese de todos os trabalhos da comunho Esprito a Esprito. Da procede a necessidade da renovao idealstica, de estudo, de bondade operante e de f viva, se pretendemos conservar contacto com os Espritos da Grande Luz 2. Isto porque os [...] nossos pensamentos so foras, imagens, coisas e criaes visveis e tangveis no campo espiritual. [...] Energia viva, o pensamento, desloca, em torno de ns, foras sutis, construindo paisagens ou forma e criando centros magnticos ou ondas, com as quais emitimos a nossa atuao ou recebemos a atuao dos outros. 3 Desse modo que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltrio fludico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que no perceptvel aos olhos do corpo. Contudo, vendo a inteno, pode ela pressentir a execuo do ato que lhe ser a conseqncia, mas no pode determinar o instante em que o mesmo ato ser executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se d, porque circunstncias ulteriores podero modificar os planos assentados e mudar as disposies. Ele no pode ver
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o que ainda no esteja no pensamento do outro; o que v a preocupao habitual do indivduo, seus desejos, seus projetos, seus desgnios bons ou maus. 4
_______________ 1. ENCICLOPDIA MIRADOR INTERNACIONAL - volume 16. Verbete: Percepo. Britnica do Brasil. 2. XAVIER, Francisco Cndido. Roteiro. Esprito Emmanuel. 11. ed. RIo de Janeiro: FEB, 2004, p. 119 (Sintonia). 3. p. 120. 4. KARDEC, Allan. A Gnese, Traduo de Guillon Ribeiro. 46. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, Cap. XIV, item 15, p. 283.
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ANEXO
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I Prtica Contedo: Percepo Psquica
SUGESTO DE EXERCCIO DE PERCEPO PSQUICA 1. PERCEPO DA VIDA NO ALM-TMULO ROTEIRO O monitor divide a turma em dois grupos, entregando a cada um deles diferentes textos que tratam da situao espiritual de desencarnados. Os grupos devem fazer o seguinte: a) leitura atenta do texto que recebido; b) trocar idias; c) escrever, numa folha de cartolina, as principais caractersticas da situao espiritual do personagem, citado no texto; d) apresentar, em plenria, um resumo do texto e as concluses do trabalho. O monitor ouve o relatos, promovendo um debate sobre o assunto. Observao: O livro Os Mensageiros (de Andr Luiz, psicografia de Francisco Cndido Xavier, edio FEB) traz vrios relatos sobre a situao espiritual de desencarnados. 2. DIVERSIDADE DE SERES HUMANOS ROTEIRO O dinamizador entrega ao grupo recortes de revistas e gravuras variadas, representando os seres humanos. Os participantes devem identificar, nesses recortes e gravuras, os atributos raciais e culturais das pessoas retratadas. Em seguida, promover uma discusso, em plenria, sobre a importncia da diversidade de caractersticas existentes na humanidade terrestre; a necessidade de fugir dos esteretipos; c) a importncia de se combater os preconceitos.
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3. EU PERGUNTO, VOC RESPONDE ROTEIRO O dinamizador entrega ao grupo uma folha de papel com perguntas sobre o tema emoo. Concludo o exerccio, deve haver troca de opinies entre os participantes. necessrio que o aspecto moral, conforme ensinado pelo Espiritismo, seja destacado na concluso do trabalho. Observao: O nmero de perguntas varivel, tendo em vista o tamanho do grupo ou o interesse dos participantes. Exemplo de perguntas: Como voc reage quando uma pessoa perder a calma? Qual o seu comportamento em situaes de grande tenso ou stress? Em que circunstncias voc fica fora de si? Quando, verdadeiramente, voc tem medo? O que voc faz para desenvolver a esperana (ou perseverana, felicidade, entusiasmo etc.) em voc mesmo, ou em algum? Que tipo de preocupao faz com que voc perca o sono? A quem voc consegue expressar, sem temores, os seus sentimentos? Tem dificuldade para dizer no? Justifique. Como voc reage s criticas? Voc sabe ouvir as pessoas? Justifique. 4. OS TALENTOS ROTEIRO O monitor entrega a cada participante um talento ou virtude. Explica que o exerccio ser realizado em dois momentos: no primeiro, a pessoa descreve resumidamente, numa folha de papel, o que pretende fazer com o talento recebido. No segundo momento, os participantes formam duplas para anlise das descries.
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O monitor pede, ento, s duplas que, um a uma, registrem no quadro de giz ou de pincel, o nome do talento e as anlises. Em sequncia, promove uma discusso sobre os benefcios adquiridos como a utilizao dos talentos. O monitor fecha o assunto com a leitura e comentrios da Parbola dos Talentos (Mateus 25.14-30). 5. CONSTRUINDO O BEM ROTEIRO O Monitor prope a realizao da atividade em quatro momentos: a) os participantes so divididos em quatro grupos; b) durante dez minutos, devem chegar a um consenso sobre cada um dos temas que se seguem; c) anotar numa folha de cartolina a soluo que o grupo deu para cada tema; d) apresentar as concluses do trabalho em plenria. O monitor ouve as concluses, promovendo troca de idias com a turma, de forma que, no final, seja definida, por consenso, uma nica resposta para cada tema. TEMAS Para alcanar a paz essencial...
Para unir todos em torno de um mesmo objetivo preciso... Para que a liberdade seja exercida, precisamos... 6. SOLUO PARA UMA SITUAO DIFCIL ROTEIRO O dinamizador apresenta aos participantes uma situao difcil, pedindo-lhes que indiquem uma soluo. Por exemplo: uma pessoa ficou presa num prdio (ou sala, ou banheiro), sabendo que que dentro de 30 minutos o local vai ficar vazio. O dinamizador concede um tempo para, individualmente, os participantes pensarem numa soluo. Esgotado o tempo, decidem em grupo ou em plenria a forma de resolver o problema.
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7. OUVINDO A NATUREZA (percepo auditiva) DINMICA: Os sons da Natureza. ROTEIRO: Os participantes escutam sons da natureza, reproduzidos num CD, procurando identific-los. Em seguida, so convidados pelo monitor a relatarem sentimentos, imagens ou emoes neles foram despertados durante a audio dos sons. 8. PERCEPO DE QUALIDADES/HABILIDADES DINMICA: Descobrindo qualidades. ROTEIRO: Os participantes sentam-se em semicrculo, recebem uma folha de papel e lpis para escreverem o nome e duas qualidades do colega sentado sua esquerda. O dinamizador recolhe os papis, depositando-os numa caixa ou envelope. Em seguida, divide o quadro de giz/pincel ou flip chart em duas colunas. Solicita, ento, o auxlio de dois voluntrios para a montagem de um diagrama, cujas etapas so as seguintes: a) um dos voluntrios escreve, na primeira coluna do quadro, o nome dos colegas da turma presentes; b) o outro voluntrio escreve, na segunda coluna, as qualidades/habilidades que foram registradas pelos participantes. O dinamizador analisa o diagrama em conjunto com a turma.
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PROGRAMA I
Objetivos especcos
Elaborar resumo das obras espritas selecionadas. Fazer apresentao do resumo realizado.
O resumo informativo das obras espritas abaixo relacionadas deve seguir as Consideraes Gerais, para a realizao das atividades complementares.
RESUMO INFORMATIVO DE: O Cu e o Inferno, de Allan Kardec. Edio FEB. Parte Primeira: Captulo I: O Porvir e o Nada. Captulo II: Temor da Morte. Parte Segunda: Captulo I: O Passamento.
Voltei, de Francisco Cndido Xavier, ditado pelo Esprito Irmo Jacob. Edio FEB.
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PROGRAMA I
CULMINNCIA
Conduta Esprita: O mdium e a sua reforma moral Reconhecer a importncia da melhoria moral na prtica medinica. Elaborar um plano de melhoria moral, visando a combater os vcios e desenvolver as virtudes.
Objetivo especco
Sugestes para aplicao desta culminncia a) Pedir aos alunos que leiam as instrues a eles destinadas (anexo 1). b) Solicitar a realizao dos exerccios propostos, aps a leitura das instrues. c) Permitir que o aluno decida se deseja fazer o trabalho em grupo ou individualmente; lembrar que o trabalho em equipe sempre mais enriquecedor. d) Incentivar a apresentao de um ou outro plano de ao de reforma moral, elaborado pelos alunos, respeitando-lhes a liberdade de querer ou no apresent-los. e) O instrutor deve, ao final, apresentar uma sugesto de plano de melhoria moral, tendo como subsdios os assuntos transmitidos em sala de aula e os textos constantes deste roteiro. Ateno: Esse plano deve ser preparado previamente e pode ser apresentado em cartaz, em fotocpias ou em transparncias de retroprojetor (anexo 2).
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ANEXO 1
Estudo e Prtica da Mediunidade Programa I - Mdulo IV Culminncia do Mdulo Textos para estudo individual ou em grupo
TEXTO N 1 Treino para a morte Preocupado com a sobrevivncia alm tmulo, voc pergunta, espantado, como deveria ser levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte. A indagao curiosa e realmente d que pensar. Creia, contudo, que, por enquanto, no muito fcil preparar tecnicamente um companheiro frente da peregrinao infalvel. Os turistas que procedem da sia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficincia, por lhes no faltarem os termos analgicos necessrios. Mas ns, os desencarnados, esbarramos com obstculos intransponveis. A rigor, a Religio deve orientar as realizaes do Esprito, assim como a Cincia dirige todos os assuntos pertinentes vida material. Entretanto, a Religio, at certo ponto, permanece jungida ao superficialismo do sacerdcio, sem tocar a profundez da alma. Importa considerar tambm que a sua consulta, ao invs de ser encaminhada a grandes telogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereada justamente a mim, pobre noticiaristas sem mritos para tratar de semelhantes inquirio. Pode acreditar que no obstante achar-me aqui de novo, h quase vinte anos de contato, sinto-me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da selva matogrossense para alguma de nossas Universidades, com a obrigao de filiar-se, de inopino, aos mais elevados estudos e s mais complicadas disciplinas. Em razo disso, no posso reportar-me seno ao meu prprio ponto de vista, com as deficincias do selvagem surpreendido junto coroa da Civilizao. Preliminarmente, admito deva referir-me aos nossos antigos maus hbitos. A cristalizao deles, aqui, uma praga tiranizante.
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Comece a renovao de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volpia de comer a carne dos animais. O cemitrio na barriga um tormento, depois da grande transio. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, no nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os ciaps, que se devoram uns aos outros. Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsesso. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o prprio Cu pelo usque aristocrtico ou pela nossa cachaa brasileira. Tanto quanto lhe seja possvel, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angstia dos desencarnados amantes da nicotina. No se renda tentao dos narcticos. Por mais aflitivas lhe paream as crises do estgios no corpo, aguente firme os golpes da luta. As vtimas da cocana, da morfina e dos barbitricos demoram-se largo tempo na cela escura da sede e da inrcia. E o sexo? Guarde muito cuidado na preservao do seu equilbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de amor. Se voc possui algum dinheiro ou detm alguma posse terrestre, no adie doaes, caso esteja realmente inclinado a faz-las. Grandes homens, que admirvamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negcios, aparecem, junto de ns, em muitas ocasies, maneira de crianas desesperadas por no mais conseguirem manobrar os tales de cheque. Em famlia, observe cautela com testamentos. As doenas fulminatrias chegam de assalto, e, se a sua papelada no estiver em ordem, voc padecer muitas humilhaes, atravs de tribunais e cartrios. Sobretudo, no se apegue demasiado aos laos consangneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderao, na certeza de que, um dia, voc estar ausente deles e de que por isso mesmo, agiro quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memria. No se esquea de que, no estado presente da educao terrestre, se alguns afeioados lhe registrem a presena extraterrena, depois dos funerais, na certa intim-lo-o a descer aos infernos, receando-lhe a volta inoportuna. Se voc j possui o tesouro de uma f religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraa. horrvel a responsabilidade moral de quem j conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.
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Faa o bem que puder, sem a preocupao de satisfazer a todos. Convenase de que se voc no experimenta simpatia por determinadas criaturas, h muita gente que suporta voc com muito esforo. Por essa razo, em qualquer circunstncia, conserve o seu nobre sorriso. Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O servio o melhor dissolvente de nossas mgoas. Ajude-se, atravs do leal cumprimento de seus deveres. Quanto ao mais, no se canse nem indague em excesso, porque com mais tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecer o seu carto de visita, impondo-lhe ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, no lhe posso dizer.
_______________ XAVIER, Francisco Cndido. Cartas e Crnicas. Pelo Esprito Irmo X. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 4, p. 21-24.
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TEXTO NO 2 Como no? Espritas generosos visitavam a grande colnia de alienados mentais, em tarefa de assistncia. Manh fria, muito fria. Aqui, era algum distribuindo cobertores. Adiante, senhoras entregavam agasalhos. Avelino Penedo, velho pregador dos princpios Kardequianos, muito ligado aos aperitivos, entra na pequena farmcia do instituto, retira certa quantidade de conhaque de alcatro e, esfregando os dedos, volta intimidade dos companheiros. Minha gente! diz ele a casa parece sorvete! Quem quer uma talagada? Todos os circunstantes agradecem e recusam. Percebendo-se s, diante do clice j servido, Avelino, sem graa, aproximase de um dos internados e indaga: Voc quer, meu irmo?
E estendendo a mo ossuda na direo do copo, acentuou, sorrindo, de modo estranho: Todo louco bebe.
_______________ XAVIER, Francisco Cndido e VIEIRA, Waldo. Almas em Desfila. Pelo Esprito Hilrio Silva 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1998, p.141-142.
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TEXTO NO 3 Mensagem Breve Realmente voc tem razo quando afirma que o mundo parece modificado e que precisamos imenso desassombro para viver dentro dele. Os ltimos cinqenta anos operaram gigantesca reviravolta nos costumes da Terra. A casa patriarcal que havamos herdado do sculo XIX transformou-se no apartamento a dependurar-se nos arranha-cus; a locomotiva enfumaada quase uma jia rara de museu frente do avio que elimina distncias; a gazeta provinciana foi substituda pelos jornais da grande imprensa; e os saraus caseiros desapareceram, ante a invaso do rdio, cuja programao domina o mundo. O automvel, o transatlntico, o cinema e a televiso constituem outros tantos fatores de informe rpido, alterando a mente do povo em todos os climas. E a garantia dos cidados? Em quase todos os pases, h leis de segurana para empregados e patres, homens e mulheres, jovens e crianas. H direitos de greve, litgio e descanso remunerado. Existem capites da indstria e comrcio, acumulando riquezas mgicas de um dia para outro, desde que no soneguem o imposto relativo aos monoplios que dirigem contra a harmonia econmica. Temos operrios desfrutando inexplicvel impunidade, da destruio das casas em que trabalham, com a indisciplina protegida em fundamentos legais. H jovens amparados na difuso da leviandade e da mentira, sem qualquer constrangimento por parte das foras que administram a vida pblica. No estamos fazendo pessimismo. Sabemos que o mundo permanece sob o governo mstico das rdeas divinas e no ignoramos que qualquer perturbao fenmeno passageiro, em funo de reajuste da prpria regio onde surge o desequilbrio. Com as nossas observaes, to-somente nos propomos reconhecer que a criatura humana de nossa poca est mais livre e, por isso, mais destacada em si mesma. Nos grandes perodos de transio, qual o que estamos atravessando, so-
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mos como que chamados pela Sabedoria Divina a provar nossa madureza interior, nossa capacidade de autodireo. Da resulta a desordem aparente, em que somos compelidos revelao da prpria individualidade. Na organizao coletiva, no grupo social, na equipe de trabalho ou no reduto domstico, v-se o homem de hoje obrigado a mostrar-se tal qual , classificando-se, de imediato, pela prpria conduta. As dissenses, os conflitos, as lutas e os embates de todas as procedncias oferecem a impresso de caos, provocando a gritaria dos profetas da decadncia, e, por isso mesmo, as almas que no se armaram de f e que no se sustentarem fiis s razes simples da vida sofrem pavorosos desastres psquicos, que as situam nos escuros domnios da alienao mental. Cresce a loucura em todas as direes. O hospcio a ltima fronteira dos enfermos do Esprito, de vez que se agitam eles em todos os setores de nosso tempo, maneira de conscincias que, impelidas ao auto-exame, tentam fugir de si mesmas, humilhadas e estarrecidas. Em razo disso, creia que o melhor caminho para no cair nas mos dos psiquiatras o ajustamento real de nossa personalidade aos princpios cristos que abraamos, porque o problema da alma e no da carne. No precisaremos discutir. A hora atual da Terra inegavelmente dolorosa, mas a tempestade de hoje passar, como as de ontem. Refugiemo-nos em Cristo. O Senhor a nossa fortaleza. Se tivermos bastante coragem de viver o Cristianismo em sua feio pura, na condio de solitrios carregadores de nossa cruz, poderemos encarar valorosamente a crise e dizer-lhe num sorriso confiante: vamos ver quem pode mais.
_______________ XAVIER, Francisco Cndido. Cartas e Crnicas. Pelo Esprito Irmo X. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 167-169.
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ANEXO 2
Ficha para elaborao do Plano de Melhoria Moral
PLANO DE MELHORIA MORAL Plano Dirio de Ao Execuo do Plano no combate aos vcios/imperfeies na aquisio de virtudes/ qualidades obstculos fatores favorveis
Vcios/ImVirtudes/ perfeies a Qualidades a vencer conquistar (ordem priori- (ordem prioritria) tria)
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