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A beleza e a Glória do Espírito Santo
A beleza e a Glória do Espírito Santo
A beleza e a Glória do Espírito Santo
E-book527 páginas14 horas

A beleza e a Glória do Espírito Santo

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Sobre este e-book

Este livro se originou de duas conferências fundamentadas na herança reformada. Em março de 2011, o Greenville Presbyterian Theological Seminary realizou uma conferência sobre "A pessoa e a obra do Espírito Santo". Em agosto desse mesmo ano, o Puritan Reformed Theological Seminary realizou sua conferência sobre "A beleza e a glória do Espírito Santo". Este livro é o resultado das duas escolas, já unidas pela confissão de fé em comum e pelos fortes laços de amizade, que decidiram publicar as mensagens das conferências combinadas sob um único título.

A Beleza e a Glória do Espírito Santo exalta e se deleita com a terceira pessoa da Trindade. Através de uma variedade de estudos categorizados de acordo com seu foco bíblico, doutrinário, histórico ou pastoral, este livro coloca diante dos leitores o inestimável ministério do bendito Espírito Santo.

"Uma rica compilação de estudos reunida em um volume! A doutrina do Espírito Santo está diante de nós, em toda a sua grandeza, a partir das perspectivas bíblicas, doutrinárias, históricas e pastorais, dando-nos uma festa teológica atraente e completa. Nestes dias em que o ministério do Espírito na igreja é identificado com fenômenos extraordinários ou experiências emocionais, este livro nos orienta para uma compreensão bíblica do Espírito como aquele que exalta a Palavra Encarnada através da Palavra escrita e aplica a redenção àqueles por quem Cristo morreu. Aproveite o banquete." (Iain D. Campbell)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de set. de 2022
ISBN9786559891375
A beleza e a Glória do Espírito Santo

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    A beleza e a Glória do Espírito Santo - Joel R. Beeke

    O Espírito satisfaz nossos desejos mais profundos com os rios da glória redentora de Cristo. A beleza e a glória do Espírito Santo. A sua obra é essencial para a salvação daqueles escolhidos pelo Pai e comprados pelo Filho pelo seu precioso sangue. Organizado por Joel R. Beeke e Joseph A. Pipa. Com David Murray, Geoffrey Thomas, George W. Knight III, Ian Hamilton, Jerry Bilkes, John Carrick, John P. Thackway, Joseph Morecraft III, Malcolm H. Watts, Michael Barrett, Morton H. Smith, Ryan McGraw, William Shishko, William VanDooderwaard. Cultura Cristã.O Espírito satisfaz nossos desejos mais profundos com os rios da glória redentora de Cristo. A beleza e a glória do Espírito Santo. A sua obra é essencial para a salvação daqueles escolhidos pelo Pai e comprados pelo Filho pelo seu precioso sangue. Organizado por Joel R. Beeke e Joseph A. Pipa. Com David Murray, Geoffrey Thomas, George W. Knight III, Ian Hamilton, Jerry Bilkes, John Carrick, John P. Thackway, Joseph Morecraft III, Malcolm H. Watts, Michael Barrett, Morton H. Smith, Ryan McGraw, William Shishko, William VanDooderwaard. Cultura Cristã.

    A Beleza e Glória do Espírito Santo, de Joel R. Beeke (org.) © 2017 Editora Cultura Cristã. © 2012 by Puritan Reformed Theological Seminary com o título The beauty and Glory of the Holy Spirit. Publicado originalmente por Reformation Heritage Books. Traduzido e impresso com permissão. Todos os direitos são reservados.

    1ª edição 2017

    B414b

    Beeke, Joel R.

    A beleza e glória do Espírito Santo / Joel Beeke, Joseph A. Pipa; traduzido por Daniele Damiani. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2017.

    Recurso eletrônico (ePub)

    ISBN 978-65-5989-137-5

    Tradução The beauty and Glory of the Holy Spirit

    1. Vida Cristã 2. Teologia 3. Trindade I. Título

    CDU 27-584

    A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus símbolos de fé, que apresentam o modo Reformado e Presbiteriano de compreender a Escritura. São esses símbolos a Confissão de Fé de Westminster e seus catecismos, o Maior e o Breve. Como Editora oficial de uma denominação confessional, cuidamos para que as obras publicadas espelhem sempre essa posição. Existe a possibilidade, porém, de autores, às vezes, mencionarem ou mesmo defenderem aspectos que refletem a sua própria opinião, sem que o fato de sua publicação por esta Editora represente endosso integral, pela denominação e pela Editora, de todos os pontos de vista apresentados. A posição da denominação sobre pontos específicos porventura em debate poderá ser encontrada nos mencionados símbolos de fé.

    ABDR. Associação brasileira de Direitos Reprográficos. Respeite o direito autoral.Editora Cultura Cristã

    Rua Miguel Teles Júnior, 394 – CEP 01540-040 – São Paulo – SP

    Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099 / Whatsapp (11) 97133-5653

    www.editoraculturacrista.com.br – [email protected]

    Superintendente: Clodoaldo Waldemar Furlan

    Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

    Meus sinceros agradecimentos ao

    Rev. Mark Kelderman

    Fiel pregador e pastor; meu filho espiritual de 30 anos, aluno de teologia por quatro anos e colega de ministério há 13 anos e, agora, desejo muito colaborar com você no Puritan Reformed Theological Seminary enquanto atua como Reitor dos alunos e Diretor de formação espiritual (2Tm 2.2).

    –JRB

    Com agradecimentos ao

    doutor George W. Knight

    Presidente do Conselho diretor do Greenville Presbyterian Theological Seminary e professor adjunto de Novo Testamento; amigo, conselheiro e colega; promotor de um calvinismo afável e defensor da verdade; verdadeiro exemplo de um homem cristão.

    –JAP

    Sumário

    Prefácio

    Estudos bíblicos

    O Pentecostes do Antigo Testamento

    David Murray

    A dádiva do Espírito pelo Pai

    Geoffrey Thomas

    De que modo o Espírito Santo é outro consolador

    John P. Thackway

    O ministério do Espírito em glorificar a Cristo

    Malcolm H. Watts

    Precursores do Pentecostes

    Gerald Bilkes

    O derramamento do Espírito: predito, alcançado, disponível

    Michael Barrett

    A cessação dos dons espirituais extraordinários

    George W. Knight III

    A provisão do Espírito de Jesus Cristo

    John P. Thackway

    Estudos doutrinários

    A pessoa do Espírito Santo

    Morton H. Smith

    O amor do Espírito Santo

    Geoffrey Thomas

    Regeneração e santificação

    Ian Hamilton

    A obra seladora e de testemunho do Espírito Santo

    William Shishko

    O testemunho ordinário e o extraordinário do Espírito Santo

    Malcolm H. Watts

    Estudos teológicos históricos

    O Espírito Santo na igreja primitiva

    William VanDoodewaard

    Richard Sibbes sobre o acolhimento do Espírito Santo

    Joel R. Beeke

    O Espírito Santo segundo os Padrões de Westminster

    Joseph Morecraft III

    John Owen sobre o Espírito Santo em relação à Trindade, à humanidade de Cristo e ao cristão

    Ryan M. McGraw

    O Espírito Santo e o reavivamento

    John Carrick

    O Espírito Santo e o poder singular da pregação

    Joseph A. Pipa

    Apêndice

    A versão King James da Bíblia: sua tradição, seu texto e sua tradução

    Michael Barrett

    Colaboradores

    Prefácio

    Nós precisamos do Espírito Santo. É impossível superestimar a importância do Espírito de Deus para a vida dos cristãos. De acordo com as palavras de Jesus, o Espírito é a água viva que satisfaz nossos desejos mais profundos com os rios da glória redentora de Cristo (Jo 4.10-14; 7.37-39). Jonathan Edwards (1703-1758) disse: A essência das bênçãos que Cristo procurou obter, pela qual fez a obra da redenção e sofreu, foi o Espírito Santo.1 Cristo morreu para retirar a maldição e nos conceder o Espírito (Gl 3.13-14).

    Se analisada biblicamente, essa ênfase no Espírito não compromete a glória de Cristo. O Espírito é quem glorifica a Cristo (Jo 16.14). Assim como sua pessoa não pode ser separada do Pai e do Filho na santa Trindade, do mesmo modo a sua obra é essencial para a salvação daqueles escolhidos pelo Pai e comprados pelo Filho pelo seu precioso sangue.

    Há muito tempo, os cristãos de tradição reformada e presbiteriana adoram a pessoa e celebram a obra do Espírito Santo. Benjamin Warfield disse que João Calvino (1509-1564) poderia ser corretamente chamado de o teólogo do Espírito Santo.2 A herança reformada e puritana pulsa juntamente com o ministério do Espírito do Deus vivo.

    Este livro se originou de duas conferências fundamentadas nessa herança. Em março de 2011, o Greenville Presbyterian Theological Seminary realizou uma conferência sobre A pessoa e a obra do Espírito Santo. Em agosto desse mesmo ano, o Puritan Reformed Theological Seminary realizou sua conferência sobre A beleza e a glória do Espírito Santo. Este livro é o resultado das duas escolas, já unidas pela confissão de fé em comum e pelos fortes laços de amizade, que decidiram publicar as mensagens das conferências combinadas sob um único título.

    Na primeira parte do livro, você encontrará inúmeros estudos bíblicos. No sermão de abertura da conferência, David Murray explora como a dedicação do templo por Salomão foi um reavivamento ocorrido no Antigo Testamento e realizado pelo Espírito (1Rs 8). Geoffrey Thomas convoca os cristãos a buscarem a promessa do Espírito Santo proveniente de um Pai amoroso e generoso (Lc 11). John Thackway oferece um consolo amável por meio das palavras de Cristo a respeito de o Espírito ser o outro Consolador (Jo 14). Malcom Watts nos convoca a buscar com ousadia o conhecimento do Senhor por meio do ministério do Espírito na glorificação de Cristo (Jo 16). Gerald Bilkes traça a predição do Pentecostes em personagens do Antigo Testamento, como Moisés (Nm 11) e Elias (2Rs 2).

    A seguir, o livro se aprofunda na revelação do Novo Testamento concernente ao Espírito. Michael Barrett explora o significado do derramamento do Espírito no Pentecostes pelo Cristo ascendido (Jl 2; At 2). George Knight, com base em passagens do Novo Testamento, argumenta que todos os cristãos são batizados com o Espírito, mas os dons extraordinários, como apostolado, profecia, línguas e cura, cessaram. John Thackway eleva nossos olhos para Cristo para atender às necessidades dos santos em sofrimento por meio da provisão do Espírito de Jesus Cristo (Fp 1.19).

    A segunda parte do livro lança luz sobre a doutrina do Espírito Santo. Morton Smith caminha por inúmeras passagens bíblicas com o objetivo de mostrar que o Espírito é, de fato, uma pessoa, não apenas um poder. Geoffrey Thomas nos dá um acalentador vislumbre do amor zeloso do Espírito pelas almas daqueles nos quais ele habita. Ian Hamilton nos ajuda a apreciar as preciosas obras de regeneração e santificação feitas pelo Espírito Santo. William Shishko analisa o significado da selagem objetiva do Espírito para os cristãos em processo de regeneração. E Malcom Watts nos leva a meditar a respeito do testemunho do Espírito para assegurar os cristãos de sua salvação, às vezes com uma paz tranquila e permanente e, às vezes, com um poder extraordinário. O foco de Watts está na consciência em desenvolvimento e subjetiva do cristão de estar sendo selado pelo Espírito.

    A terceira seção do livro explora os personagens e os movimentos históricos. William VanDoodwaard revela evidências da obra do Espírito Santo presentes na igreja primitiva na preservação, proclamação e aplicação poderosas das Escrituras. Joel Beeke explora os textos de Richard Sibbes (1577-1635) em busca de preciosidades a respeito de tornar o nosso coração um lar hospitaleiro para o convidado divino: recebendo o Espírito. Joseph Morecraft analisa a doutrina multifacetada do Espírito segundo a Confissão e os Catecismos de Westminster. Ryan McGraw apresenta de modo comovente os ensinamentos de John Owen (1616-1683) a respeito do Espírito em relação à Trindade, à humanidade de Cristo e à nossa vida hoje. John Carrick desperta nossa esperança para tempos de refrigério (At 3.20) com um estudo histórico das épocas do reavivamento.

    Por último, o livro conclui com um estudo realizado por Joseph Pipa a respeito da unção do Espírito Santo para a pregação eficaz. No apêndice, o leitor encontrará também um cativante ensaio escrito por Michael Barrett a respeito da versão King James da Bíblia – um tributo ao seu quadringentésimo aniversário. Conquanto nós, como editores, não concordemos necessariamente com todas as nuances exegéticas de cada artigo e, na realidade, haja algumas pequenas diferenças doutrinárias entre alguns dos autores, todas as posições expressadas neste livro fazem parte da tradição da ortodoxia reformada.

    Há uma riqueza sobre este tema do Espírito Santo que desafia nossas tentativas de sondar sua complexidade. Nem toda a eternidade esgotaria nossa meditação, pois o Espírito é a plenitude de Deus para nós em Cristo. Edwards disse:

    O Espírito Santo, em sua habitação, suas influências e seus frutos, é o resultado de toda graça, santidade, consolo e alegria ou, em outras palavras, de todo bem espiritual comprado por Cristo para os homens deste mundo: além disso, é também o resultado de toda perfeição, glória e alegria eternas compradas por Cristo para eles no outro mundo.3

    Somos agradecidos aos funcionários do PRTS e GPTS pela organização dessas conferências. Se você não conseguiu participar das conferências das nossas escolas no passado, depois de compreender a riqueza do alimento espiritual presente neste livro, esperamos que pense em se unir a nós em conferências futuras em Greenville, na Carolina do Sul, e em Grand Rapids, em Michigan.4

    Agradecemos de coração a todos os colaboradores pelo trabalho diligente nas suas excelentes palestras. Agradecemos a Gary den Hollander e Irene VandenBerg pela revisão meticulosa, a Linda den Hollander pela sua hábil diagramação e a Amy Zevenbergen pela atraente capa. Obrigado também a Lois Haley por transcrever diversas palestras.

    Somos gratos também às nossas respectivas queridas esposas, cartas vivas de Cristo escritas com a tinta do Espírito nas quais, dia após dia, vemos a imagem do Deus Trino projetada bem diante dos nossos olhos.

    – Joel R. Beeke e Joseph A. Pipa

    Notas

    1 Jonathan Edwards, An humble attempt to promote explicit agreement and visible union of God’s people in extraordinary prayer, em The works of Jonathan Edwards, Volume 5, Apocalyptic writings, org. Stephen J. Stein (New Haven: Yale University Press, 1977), 341.

    2 Benjamin B. Warfield, Calvin and Augustine, org. Samuel G. Craig (Filadélfia: Presbyterian and Reformed, 1956), 487.

    3 Edwards, Humble attempt, em Works, 5:341.

    4 Para mais informações, consulte www.gpts.edu e www.puritanseminary.org

    ESTUDOS BÍBLICOS

    CAPÍTULO 1

    O Pentecostes do Antigo Testamento

    David Murray

    O reavivamento é uma obra soberana, poderosa, concentrada e rara do Espírito Santo que renova e multiplica o povo de Deus. Os reavivamentos ocorriam de maneira regular nos tempos bíblicos e, em especial, talvez na época do Antigo Testamento. Horatius Bonar identificou 14 acontecimentos no Antigo Testamento que poderiam ser descritos como reavivamentos. Outros estudiosos identificam entre oito e dez. No entanto, qualquer que seja o número deles, Wilbur Smith observou algumas características em comum. Na grande maioria, cada um deles teve um pano de fundo relacionado à corrupção moral e depressão nacional; eles tiveram início no coração de um servo especial de Deus, o qual se tornava a força energética por trás deles; deram início a uma nova e poderosa proclamação da Palavra de Deus; viram o retorno à adoração ao Pai; incluíram a destruição dos ídolos; criaram uma compreensão profunda do pecado e suas consequências, bem como um desejo de se afastar dele e de todas as suas origens; retomaram as ofertas dos sacrifícios de sangue e sua representação profética da expiação do Messias; viram a restauração de grande contentamento e alegria; e foram seguidos por um período de produtividade nacional e prosperidade.1 Podemos sintetizar essas características como conhecimento espiritual elevado, sentimento espiritual aprofundado e obediência espiritual mais extensa, sendo todas elas geradas pelo Espírito Santo.

    É verdade que nos reavivamentos relatados no Antigo Testamento poucos mencionam o Espírito Santo. No entanto, sabemos não que não existe algo como um reavivamento espiritual sem o Espírito Santo. E, embora as pessoas envolvidas neles não tivessem uma pneumatologia (teologia do Espírito Santo) tão desenvolvida como a que temos hoje, por certo elas sabiam que o que estava acontecendo era resultado de um poder espiritual exterior e superior.

    Vamos estudar um desses reavivamentos do Antigo Testamento, aquele que tem sido chamado de o maior reavivamento do Antigo Testamento, ou o Pentecostes do Antigo Testamento: o reavivamento que ocorreu sob o governo do rei Salomão quando o templo foi dedicado.

    O ponto principal que quero enfatizar à medida que analisarmos esse acontecimento é o fato de o reavivamento espiritual estar fundamentado numa oração coletiva. Vemos isso também no Pentecostes do Novo Testamento; foi quando os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar – certamente uma descrição de oração coletiva – que o Espírito Santo desceu sobre eles (At 2.1-4). E observamos esse acontecimento no Pentecostes do Antigo Testamento em 1Reis 8 (como também no relato paralelo em 2Cr 6–7).

    SALOMÃO É PREPARADO PELO ESPÍRITO (v. 1-11)

    Salomão foi preparado por Deus

    Devemos observar como Salomão preparou-se para esse reavivamento, mas também devemos reconhecer que o próprio Salomão foi preparado por Deus. Quando Horatius Bonar pesquisou a história do reavivamento na Bíblia e na história da igreja, ele descobriu que de modo geral Deus usa determinado tipo de homens para essa importante obra.2

    Eram homens de grande seriedade no ministério. Sentiam a imensurável responsabilidade como despenseiros dos mistérios de Deus e pastores designados pelo Supremo Pastor de reunir as almas e zelar por elas. Eles viviam, trabalhavam e pregavam como homens de cujos lábios dependia a imortalidade de milhares de pessoas. Tudo o que faziam e falavam levava o selo da sinceridade e eles proclamavam a todas as pessoas com quem tinham contato que as questões a respeito das quais haviam sido enviados a falar diziam respeito à eternidade, não admitindo indiferença e adiamento de um dia sequer.

    Esses homens também eram otimistas quanto ao sucesso: Como guerreiros, eles colocavam seu coração na vitória e lutavam com a antecipação confiante do triunfo, sob a orientação desse tipo de Capitão como o chefe deles.

    Eram homens de fé: tinham confiança no Deus que os havia salvado, no Salvador que os havia comissionado, no Espírito Santo que os havia capacitado e na Palavra que proclamavam.

    Eram homens de grande dedicação ao ministério:

    A vida de cada um deles é a história de uma labuta incessante e incansável do corpo e da alma: tempo, força, substância, saúde e tudo o que eram e possuíam eles ofereciam liberalmente para o Senhor, não retendo nem invejando coisa alguma, mas rendendo tudo, com alegria e gratidão, a ele, que os havia amado e lavado dos pecados com o seu próprio sangue. [...] Trabalhavam para a eternidade, e como homens que sabiam que o tempo era curto e o dia da recompensa estava próximo.

    Esses homens eram pacientes:

    Não se sentiam desencorajados, embora tivessem de labutar por longo tempo sem ver todos os frutos que desejavam. [...] Foram feitas tentativas com o intuito de forçar um reavivamento por parte de homens impacientes com o progresso paulatino do trabalho em suas mãos e raramente elas acabavam de outra maneira senão em um fracasso desastroso, ou, na melhor das hipóteses, num entusiasmo momentâneo que queimava e esterilizava o solo do qual uma labuta um pouco mais paciente teria obtido uma colheita abundante.

    Eram homens de ousadia e determinação: Os adversários podiam combatê-los e fazer-lhes oposição, os amigos tímidos podiam hesitar, porém eles seguiam em frente, não se amedrontando de maneira alguma com as dificuldades e a oposição.

    Eram homens de oração:

    É verdade que eles trabalhavam muito, faziam muitas visitas, estudavam muito, mas também oravam muito. Na oração, eles de destacavam. Passavam muito tempo a sós com Deus, realimentando a própria alma com o manancial da vida que, por meio deles, poderia fluir rios de água viva para o seu povo. [...] Se passássemos mais sábados em comunhão com o Pai, em intercessão solene em favor das pessoas, em humilhação pelo pecado e em súplica pelo derramamento do Espírito — nosso dia de descanso seria muito mais abençoado, nossos sermões muito mais bem-sucedidos, nossas faces resplandeceriam como aconteceu com a face de Moisés, um temor e uma reverência mais solenes se fariam presentes nas nossas reuniões e haveria um menor número de reclamações relacionadas ao trabalho em vão, ou quanto a ter despendido força para nada. O que talvez se perdesse na composição elaborada, ou na precisão crítica do estilo ou argumento, seria muito mais do que compensado pela porção dobrada do Espírito que então receberíamos.

    A conduta desses homens era irrepreensível:

    A caminhada diária deles revelava o melhor testemunho e a melhor ilustração da verdade que eles pregavam. Eram sempre ministros de Cristo em todos os lugares onde se encontravam ou eram vistos. Nenhuma frivolidade, leviandade, hilaridade, convivência ou companheirismo com pessoas ou coisas do mundo neutralizava a pregação pública deles ou comprometia a obra que buscavam realizar.

    Todas essas características são obra do Espírito de Deus. Muitas delas podem ser encontradas em Salomão. Quando Deus começa a moldar e formar homens como esses, então podemos ter esperança de que ele esteja preparando homens para uma grande obra na sua igreja, e talvez até mesmo para que venham a ser instrumentos de reavivamento.

    Salomão preparou-se para Deus

    Não só vemos Deus preparando Salomão com essas características moldadas pelo Espírito, mas também vemos Salomão preparando-se para ele. Levou quatro anos para preparar os materiais do templo e outros sete para construí-lo. Uma vez edificado, Salomão esperou 11 meses para a dedicação, de modo que ela coincidisse com a Festa dos Tabernáculos, uma celebração que relembrava os israelitas da peregrinação deles pelo deserto.

    1. A arca vai para o templo (v. 1-9)

    A arca da aliança havia conduzido o povo pelo deserto e ela estava estreitamente associada ao tabernáculo, o lugar onde Deus encontrava-se com seu povo e habitava entre eles. Nesse momento, ela estava fazendo a sua última viagem para ser colocada no templo no monte Moriá, o que significava que então Deus estava transferindo sua presença especial para aquele lugar.

    Embora esse relato nos lembre da transferência que Davi fez da arca para Jerusalém (2Sm 6.12-19), trata-se de algo de uma escala muito maior. A arca não estava sendo levada para uma tenda, mas para um templo grandioso, e os sacrifícios foram inumeráveis.

    2. Deus vai para o templo (v. 10-11)

    Quando a arca adentrou o templo, Deus também o fez. Os sacerdotes que a haviam carregado saíram, e a nuvem gloriosa da presença de Deus entrou e encheu o lugar, impossibilitando os sacerdotes de realizar o seu trabalho.

    Algo muito semelhante ocorreu durante a organização inicial do tabernáculo (Êx 40.34-35). Em ambas as ocasiões, a nuvem gloriosa entrou, encheu-o e o dominou, indicando a aceitação e aprovação de Deus do que havia sido feito. Ele não estava apenas ao lado ou acima, mas dentro do templo.

    SALOMÃO PREGA PELO ESPÍRITO (v. 12-21)

    O sermão de Salomão relembrou o povo da promessa de Deus quanto ao templo e quanto ao propósito que tinha para ele.

    1. A promessa de Deus do templo (v. 12-19)

    Salomão recordou a fidelidade de Deus para com a nação e relembrou o povo de que o Senhor havia cumprido com a sua boca o que havia dito (v. 15). Deus havia provado que suas palavras eram perfeitamente confiáveis.

    Salomão pôde dizer: Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo de Israel, segundo tudo o que prometera; nem uma só palavra falhou de todas as suas boas promessas, feitas por intermédio de Moisés, seu servo (1Rs 8.56).

    Isso tudo é semelhante ao Pentecostes do Novo Testamento, quando os apóstolos também celebraram a promessa de Deus cumprida por meio dos seus profetas quanto ao templo do seu Filho (At 2.16s).

    2. O propósito de Deus para o templo (v. 20-21)

    O templo tinha um propósito duplo, o primeiro era honrar o nome de Deus (v. 20). Era uma casa para o nome do Yahweh (v. 17,20), uma ideia importante na oração que se seguiu. Isso significava que seria um lugar onde o caráter de Deus seria revelado. O segundo era abrigar a arca de Deus (v. 21). Ela era o símbolo especial da presença do Senhor, o trono sobre o qual ele escolheu sentar-se. O templo foi o lugar onde o Pai revelou o seu caráter e nele habitou.

    SALOMÃO ORA PELO ESPÍRITO (v. 22-53)

    Lembre-se de que: a ênfase deste capítulo é: o reavivamento espiritual fundamentado na oração coletiva. Portanto, quero fazer uma pausa aqui e ressaltar cinco importantes características da oração de Salomão.

    Primeira: foi uma oração coletiva. Uma das marcas do reavivamento espiritual no decorrer de toda a história da igreja tem sido a reunião do povo de Deus para orar e um desejo em comum de que ele opere no meio deles.

    Segunda: foi uma oração abrangente. Com frequência, a Bíblia usa o número sete para expressar a perfeição. Nesse caso, temos sete súplicas que abrangem todos os aspectos da vida nacional, da guerra à fome às disputas interpessoais. Essas sete súplicas são exemplos de todas as situações possíveis que requerem oração. Trata-se de outra marca de um verdadeiro reavivamento espiritual; as orações passam a ser menos egoístas e restritas, tornando-se mais abrangentes e interessadas em todos os aspectos da vida.

    Terceira: foi uma oração de arrependimento. Salomão colocou-se perante o Senhor humildemente como teu servo (v. 28), e não como o rei. Havia um espírito de profunda humildade e simplicidade. Ele falou oito vezes sobre pecado (uma vez ele o descreveu como a chaga do seu coração, v. 38) e outras cinco vezes, suplicou por perdão. Nos versículos 46-50, ele apresenta o arrependimento como sendo a base do perdão esperado e da restauração da bênção depois da desobediência e dos erros do povo.

    Salomão conhecia a Bíblia e fundamentou sua oração nas bênçãos e nas maldições da aliança de Levítico 26 e Deuteronômio 28–30. Lembre-se de que: os livros de 1 e 2Reis foram escritos para os israelitas que, na época, estavam no exílio babilônico e perguntavam: E as promessas da aliança de Deus? Ele não cumpriu a sua Palavra para nós? A oração de Salomão foi registrada aqui para lembrá-los de que Deus havia de fato cumprido sua aliança como especificada em Levítico e Deuteronômio. Ele havia lidado com eles de maneira justa. Os exilados estavam sendo conclamados a compartilhar das palavras humildes e do espírito arrependido de Salomão.

    No entanto, eles também estavam sendo encorajados pelas repetições de Salomão das condições necessárias para a restauração à terra: um coração modificado, um retorno para Deus de todo o coração e de toda a alma, e uma oração na direção da terra dos seus pais e do templo. Deus cumpriu sua Palavra da aliança (v. 24) e demonstrou o seu amor pactual (v. 23).

    Nesse caso não houve nem fatalismo hipercalvinista nem ativismo arminiano. Salomão simplesmente evitou tanto esperar quanto exigir. Havia ousadia e havia precaução. Ele reconheceu que somente Deus tem o direito soberano de decidir quais orações deve atender, mas reconheceu também que o Pai, de modo geral, age em resposta às maneiras por ele estabelecidas (2Cr 7.14). De modo algum deve ser permitido que isso degenere num mecânico Se fizermos isso, então Deus fará aquilo. Iain Murray observou como aqueles que passavam por reavivamentos eram os primeiros a dizer como houve tantas coisas que os deixaram maravilhados e conscientizados quanto ao mistério.3

    Quarta: foi uma oração cósmica. Salomão não demonstrou preocupação apenas para com os estrangeiros (v. 41-43), mas também desejou que, por fim, todos os povos da terra soubessem que Jeová é o único e verdadeiro Deus (v. 43,60). Do mesmo modo, no Pentecostes do Novo Testamento, a obra do Espírito fez com que os discípulos que olhavam para dentro de si olhassem para fora, orassem pelas nações e fossem até elas.

    Quinta: foi uma oração centrada em Cristo. Assim como o tabernáculo, o templo e toda a sua mobília, seus oficiais e rituais revelavam o Messias que viria para os israelitas. Tratava-se de uma grande representação da vinda do Cristo com diversas representações menores nela também.

    Essa é a razão por que Cristo, quando veio, ele se descreveu como o santuário/templo de Deus (ver 1Co 3.16). Assim como o templo, Cristo é aquele em quem a glória de Deus habita, aquele em quem Deus coloca o seu nome, aquele por intermédio de quem Deus ouve a oração, aquele para quem Deus nos pede que olhemos, aquele em quem encontramos perdão. Quando Salomão fez a pergunta: [...] habitaria Deus na terra? (v. 27), devemos entendê-la como uma pergunta retórica e como totalmente cumprida pelo formidável e divino sim em Cristo.

    Observe o número de sacrifícios oferecidos: 22.000 bois e 120.000 ovelhas. São sete sacrifícios por minuto. Contudo, o sangue dos touros e bodes jamais conseguiria acabar com o pecado. Então, por que oferecê-los? Para expressar a fé e a esperança num sacrifício vindouro que tomaria o castigo no lugar deles, que o mereciam.

    SALOMÃO LOUVA PELO ESPÍRITO (v. 54-61)

    A oração foi concluída com cânticos de louvor. Uma grande congregação (v. 65), que incluía pessoas de terras distantes, celebrou por duas semanas antes de retornarem para casa cheias de alegria. Realmente, um reavivamento moldado pelo Espírito. A preparação divina, a pregação inspirada, a oração centrada em Cristo e a adoração espiritual abundaram.

    CONCLUSÕES

    Embora existam dois relatos do Pentecostes do Antigo Testamento, no livro dos Reis e em Crônicas, eles foram escritos para públicos diferentes e com propósitos diferentes.

    Como vimos, os livros de 1 e 2Reis foram escritos para os filhos de Israel no exílio babilônico. A pergunta deles era: Por que isso aconteceu conosco? Eles foram escritos para responder a essa pergunta e mostrar que o exílio foi um ato justo de Deus e predito por ele. O escritor estava conclamando as pessoas a refletir sobre os grandes acontecimentos do passado a fim de levá-las ao arrependimento. Que nós também relembremos os grandes reavivamentos do passado para que eles nos humilhem, nos condenem e nos convençam da justiça da atual retirada por parte de Deus do seu Espírito revitalizante.

    O livro de Crônicas foi escrito depois do exílio com o intuito de incentivar mais israelitas a retornar para Jerusalém e reconstruir a nação. A pergunta deles era: Há alguma esperança? Portanto, no relato feito pelo escritor desse livro a respeito dos acontecimentos, ele enfatizou as glórias do passado a fim de despertar a esperança e a expectativa, em especial de uma renovação do rei davídico. Que nós possamos ler as passagens que falam do reavivamento para termos nossa esperança despertada na reconstrução da igreja e da glória futura do rei davídico.

    Acima de tudo, que tenhamos nossa esperança despertada de que, se tais coisas puderam acontecer na época do Antigo Testamento, quando a obra do Espírito Santo ainda não estava totalmente finalizada, podemos esperar muito mais nos nossos dias, quando o Espírito nos foi prometido em proporção ainda maior.

    Notas

    1 Wilbur M. Smith, The glorious revival under king Hezekiah (Grand Rapids: Zondervan, 1937), vi–vii.

    2 As citações desta seção são de Horatius Bonar, o prefácio do editor a Historical collections relating to remarkable periods of the success of the Gospel, comp. John Gillies (Kelso, Great Britain: John Rutherfurd, 1845), vi–xi.

    3 Iain H. Murray, Pentecost today (Edimburgo: Banner of Truth, 1998), 5.

    CAPÍTULO 2

    A dádiva do Espírito pelo Pai

    Geoffrey Thomas

    Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?

    –Lucas 11.9-13

    Quando lemos os primeiros três Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas (os Evangelhos sinópticos), inicialmente nos conscientizamos da atmosfera da antiga aliança desses livros. Lucas, por exemplo, começa com um sacerdote real chamado Zacarias servindo no templo e queimando incenso. Então, um mensageiro da parte de Deus diz ao sacerdote que sua esposa terá um filho que será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno (Lc 1.15). Em outras palavras, desde o início da sua vida, o bebê saberá que sua vocação é ser um dos profetas do Senhor e que tem o carisma da profecia, e é para essa obra que o Espírito de Deus está nele. Logo em seguida, Zacarias também foi cheio do Espírito Santo, de modo que é capacitado a fazer uma longa profecia. A seguir, também lemos a respeito da vinda do Espírito de Deus sobre um homem chamado Simeão, levando-o a entrar no templo para que se encontrasse com José, Maria e o menino Jesus. Ele também está cheio do Espírito e também profetiza. Essa é uma representação, da antiga aliança, do Espírito ungindo homens dotados de ofícios, como profetas e reis, para tarefas particulares que Deus lhes dá para fazer.

    Então, 30 anos se passam e João Batista e Jesus começam seus ministérios públicos. O prometido está vindo, proclama João, aquele que os profetas disseram que irá derramar o Espírito Santo. Depois, Jesus sai de Nazaré e vai para o rio Jordão, e o Espírito de Deus desce sobre ele quando é batizado. O principal tema de Jesus, quando ele começa a pregar, é que o reino de Deus havia chegado. Esse é um momento crucial na história da humanidade, tempo de decisão para o povo do Antigo Testamento, quando aquela aliança, por fim, se cumpre por completo. É o tempo profetizado pelos homens cheios do Espírito da antiga dispensação com tanta expectativa, apreensão e anseio.

    Eles sabiam que estavam vivendo numa época de decisão e crise. O tempo havia finalmente chegado; a hora foi por fim cumprida. O Espírito de Deus ia ser derramado sobre toda carne, não mais sobre os judeus apenas, ou somente sobre os reis, profetas e sacerdotes para suas respectivas tarefas, mas sobre cada cristão, até mesmo servos e servas, tanto velhos quanto jovens. Os últimos dias estavam alvorecendo, os dias em que ainda vivemos, o tempo entre a primeira e a segunda vindas de Cristo. Somos aqueles sobre quem os fins dos séculos chegaram (1Co 10.11); temos provado os poderes do mundo vindouro (Hb 6.5); estamos vivendo na época do Espírito porque o Senhor veio com força e poder redentores e, quando ele for exaltado, vai batizar todas as nações com o Espírito. A morte foi vencida e a culpa pelo pecado foi eliminada.

    Então, o ministro de Cristo começa com a declaração de que o Rei já veio e o Espírito Santo está prestes a vir. O Evangelho de Lucas termina com as últimas palavras de Jesus: Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder (24.49). A seguir, no capítulo inicial de Atos, é feita a promessa sobre a vinda do Espírito com uma proximidade notável: [...] vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias (1.5).

    Portanto, os Evangelhos são livros de predição relacionados à vinda do Espírito tanto quanto as profecias do Antigo Testamento. Assim, há inúmeros ensinamentos sobre ele no momento do nascimento de Cristo, tanto nas profecias como no envolvimento de Maria com a sombra do Espírito Santo na encarnação de Jesus, mas há poucas outras referências ao Espírito de Deus nos primeiros três Evangelhos, exceto aquelas que falam do Pentecostes. Essa é a razão por que as palavras da nossa passagem são tão fascinantes. Nelas, o Espírito torna-se acessível a nós; podemos estabelecer um relacionamento com ele. Jesus diz: Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Lc 11.13).

    UMA PROMESSA PARA OS FILHOS DE DEUS

    Nessa passagem temos uma promessa maravilhosa, uma joia; na realidade, uma série de promessas verdadeiramente grandiosas fundamentadas na dedicação e afeição: Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á (Lc 11.9-10). No entanto, essas certezas não dizem respeito a todos os homens de maneira indiscriminada. Não podemos colocar as palavras de Jesus num quadro de informações do lado de fora da igreja: Pedi, e dar-se-vos-á, pois alguém que esteja passando pela rua pode entender que essa promessa é para ele: É só pedir, que vou receber? Isso me agrada. Certo, então, vou pedir para ter aquela mulher; vou pedir dinheiro para passar as férias em Las Vegas; vou pedir para ganhar na loteria neste sábado. Sou incentivado a acreditar que vou ganhar o que pedi porque Deus assim o diz: ‘Pedi, e dar-se-vos-á’. Não; isso está errado; não se trata de promessas imorais. Precisamos perceber a maneira como elas são cuidadosamente restringidas na nossa passagem: [...] quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (v. 13).

    Essas palavras são ditas para os discípulos de Jesus. Elas fazem parte do sermão sobre a oração. Seus seguidores lhe haviam pedido que os ensinassem a orar, e essas palavras dizem respeito ao que o Pai celestial fará por aqueles que são seus filhos. Se hoje você é um filho de Deus, essas promessas são para você. Se você recebeu o Filho de Deus como Messias e Salvador, tornando-se seu discípulo, foi lhe dado o poder de ser chamado filho de Deus. Ele é o seu Pai no céu, e essas promessas são para você. No entanto, se você despreza o Senhor Jesus Cristo, obedece a outro senhor e rejeita o privilégio da adoção na família de Deus, essas promessas não são para você. Elas são para os filhos do Pai celestial. Portanto, existem multidões de homens e mulheres que não podem obter consolo a partir dessas palavras. De modo algum é verdadeiro que, caso eles peçam alguma coisa, Deus é obrigado a lhes dar o que pediram.

    Então, devemos nos perguntar: Temos quaisquer direitos que sejam quanto a essas promessas? Somos filhos de Deus? Somos os discípulos de Cristo que desejam ser ensinados por ele a como orar de maneira correta? Há uma possibilidade muito real de os homens orarem ao Pai celestial e ele não os atender porque estão pedindo de modo errado; estão pedindo coisas a fim de consumi-las para satisfazer seus próprios desejos; estão pedindo enquanto guardam, com afeição, o pecado em seus próprios corações; estão pedindo perdão e misericórdia a Deus quando sequer cogitam misericórdia para aqueles que o ofenderam. Em tais situações, nos é dito que Deus não nos ouvirá; logo, não temos o direito de tomar para nós essas belas palavras – que qualquer pessoa pode citar – e acreditar que elas são uma garantia de que nossos caprichos e fantasias serão atendidos, isso porque essas são as grandes promessas para a família da fé. Quando os filhos de Deus pedem coisas que agradam ao Pai, ele as dará a eles.

    INCRÉDULOS SÃO BEM-VINDOS À BUSCA POR CRISTO

    Quero dar todo o incentivo aos homens e mulheres para que participem dos cultos de adoração e ouçam a pregação da Palavra de Deus, buscando ouvir com atenção, compreender, aprender e obedecer ao que diz o Pai. Se você estiver pedindo a Deus uma caminhada mais perto dele, uma confiança maior nele e, caso esteja batendo à porta para entrar numa comunhão mais profunda com o Senhor, continue fazendo isso. Na realidade, acredito que nesses anseios e desejos – ou seja, no verdadeiro sentido de pedir, buscar e bater – há fé salvífica e a posse da salvação em Cristo. Portanto, busque o Senhor enquanto e onde ele pode ser encontrado, sendo esse o lugar onde o povo se reúne no nome dele e ouve a sua Palavra. Ali, ele está perto.

    Contudo, não acredito que essa passagem em particular esteja dizendo para os homens e as mulheres que ainda são incrédulos que a salvação deles depende da busca incessante por Cristo. Na verdade, acho que a linguagem do Novo Testamento diz exatamente o oposto, ou seja, ela não nos mostra pessoas buscando a Cristo; de fato, ela diz de modo categórico que ninguém está buscando a Deus. O que encontramos na Bíblia é o Senhor buscando homens e mulheres. Eu a vejo dizendo: Deus está buscando você. Ele está buscando-o no testemunho dos seus amigos, na pregação do evangelho, na oferta de absolvição e perdão por intermédio de Cristo, nas orações dos seus pais e amigos, na Bíblia que lê e nos livros cristãos que ganhou, nas muitas providências que tornam este mundo cada vez menos agradável e na sua satisfação de estar na presença de outros cristãos. Em todas essas coisas, Deus está dando indícios de que está buscando você. Para alguns, temo que grande parte do que se referem como sendo a sua busca" esteja relacionada à busca por uma oferta melhor do que tiveram até agora. Estão desejando ouvir o evangelho com mais entusiasmo. Querem senti-lo mais profundamente. Desejam ouvi-lo de modo mais persuasivo, de modo que não terão de fazer aquele compromisso doloroso e solitário de se entregar a Jesus Cristo para sempre.

    O Senhor Jesus Cristo não é um objeto que você precisa procurar como se ele estivesse de algum modo perdido ou esquecido em algum lugar misterioso, como numa caverna no Himalaia que exija uma viagem ao Nepal, ou numa ilha distante nos Mares do Sul, soterrado nos muros de granito da Escócia, ou em algum outro lugar do mesmo modo inacessível e proibido. Não é verdade que o Salvador ou o Espírito Santo está tão distante de você a ponto de você precisar buscá-lo incessantemente, porque, segundo o que a Bíblia diz, ele está perto de você; está na palavra de fé que pregamos, e essa palavra está perto de ti (Rm 10.8). Seu dever, sua obrigação e o seu privilégio não deve ser balançar sua cabeça com tristeza porque encontrar Jesus Cristo é tão difícil. Não. É ele quem está buscando, e você é a pessoa a quem o Senhor busca neste momento. Cristo diz: Estou aqui; então, venha até mim agora. Ele está aqui porque está buscando você. Não está procurando a sua busca, sua busca mais intensa, mais emocionante, mais sentimental ou mais sôfrega. Está observando para ver se você o está aceitando como seu profeta, sacerdote e rei. Jesus está lhe dizendo para ir até ele, para entrar no reino de Deus pela porta, sendo ele a porta colocada diante dos seus olhos. Entre! Ele não está dizendo que você deve continuar procurando a porta. Não. Está dizendo: "Aqui está a porta, bem na sua frente. Eu sou a porta, e você deve entrar

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