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O que é Capitalismo
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E-book101 páginas1 hora

O que é Capitalismo

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Sobre este e-book

O capitalismo não é uma filosofia, uma ideologia, nem qualquer categoria de pensamento. É um sistema de produção baseado na propriedade privada, no livre comércio e no mecanismo de lucro. O bom funcionamento do sistema capitalista requer um Estado eficiente, com regras claras e previsíveis, que garanta a livre concorrência e impeça privilégios. O desenvolvimento do capitalismo é incompatível com o sequestro do poder público por uma elite predadora e com o protecionismo empresarial. Para combater os falsos capitalistas é necessário implantar um choque de capitalismo. Capitalismo na veia é o que as elites brasileiras mais temem. E o que o povo mais deveria querer.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de dez. de 2020
ISBN9786558704294
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    O que é Capitalismo - Leite Domingues Júnior Alcides

    1. DEFINIÇÃO DE

    CAPITALISMO

    O termo capitalismo vem das palavras capital e capitalista. Capital é o recurso acumulado para investimento produtivo e capitalista é o empresário, dono desse capital. O capitalismo não é uma filosofia econômica, nem uma filosofia social. Não é uma ideologia, nem qualquer categoria de pensamento. É apenas e tão somente um sistema de produção baseado no direito à propriedade privada dos meios de produção, na livre iniciativa empreendedora, na abertura do comércio mundial e na livre formação de preços do mercado. Reunindo essas condições é que o sociólogo alemão Max Webber, no seu livro A ética protestante e o espírito do capitalismo 1 diz que o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível, e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. E completa afirmando que é a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental.

    Dada sua definição, não podemos atribuir ao capitalismo uma intenção pré-determinada de valor moral. É fato que o sistema capitalista tenha, ao longo de sua história, gerado muita riqueza e progresso econômico e também, pelo menos por algum tempo, gerado miséria e injustiça social. Mas nenhum desses resultados partiu de um princípio intencional.

    O capitalismo, por analogia, pode ser comparado a um mecanismo que, se bem utilizado, traz grandes benefícios à sociedade. Mas se mal utilizado, pode trazer grandes prejuízos. Um automóvel potente, por exemplo, é muito útil, mas pode causar acidentes. No entanto, se o acidente for causado pela imprudência do motorista ou pelas más condições da pista, não se pode culpar o carro por isso.

    Assim como o sistema de transporte deve ser regulado por uma autoridade competente, o sistema capitalista deve ser regulado pelo Estado. Mas essa regulação não pode destruir o que ela pretende regular. Se determinarmos que todo automóvel não pode circular acima de 40 km por hora, então não haveria necessidade do desenvolvimento de um carro potente.

    Para o bom funcionamento do sistema capitalista, há a necessidade de um poder superior que garanta as condições para esse bom funcionamento. Condições estas contidas na própria definição do capitalismo, exposta no primeiro parágrafo. Em cada país, em cada época, dependendo do estágio de desenvolvimento, essas condições podem variar.

    O capitalismo tem, por natureza, um instinto predador. Schumpeter, um dos maiores economista da história, dizia que o capitalismo é um mecanismo de destruição criadora. Isto é, um sistema que gera continuamente inovações. Inovações estas que tornam obsoletas as tecnologias anteriores. Dessa forma, alguns setores vão ser beneficiados pela inovação e outros serão destruídos. A sociedade, no entanto, em geral sai ganhando, pois consegue contar com bens e serviços melhores e mais baratos.

    Como não podemos frear o trem da História, isto é, não podemos segurar os avanços tecnológicos que possibilitam melhores condições de vida a todos, e sabendo que esses avanços trazem problemas para uma parcela da população, o Estado deve desenvolver mecanismos de proteção social às vítimas do processo, mas com a condição de oferecer meios de capacitação àqueles que têm possibilidades de ser recolocados no mercado. Os recursos para isso devem vir dos ganhos que os vencedores conseguiram com a mudança ocorrida. Mas nem o auxílio deve levar à acomodação, nem os tributos devem desestimular os avanços.

    É evidente que, aquilo que foi dito até agora é muito fácil de falar, mas difícil de fazer. A realidade é complexa e, para problemas complexos, não há soluções simples. Nesses casos, as soluções simples serão tão simples como erradas. Porém, se não tivermos clareza de ideias, não conseguiremos alcançar as soluções. As soluções são complexas, mas as ideias devem ser claras. Para contribuir com esse propósito é que apresento ao leitor este pequeno livro. Espero que ele ajude a esclarecer suas dúvidas.


    1 A ética protestante e o espírito do capitalismo: Max Webber – editora Edipro

    2. ORIGENS DO

    CAPITALISMO

    O capitalismo tem suas raízes na segunda metade da Idade Média, quando o sistema feudal foi, aos poucos, sendo substituído pela nova ordem mercantilista¹.

    O sistema feudal era composto por inúmeras pequenas unidades autossustentáveis, formadas pelo senhor feudal e seus servos, como explica Paul Hugon no livro História das doutrinas econômicas: A produção é quase que exclusivamente rural, e as trocas, insignificantes e na maioria das vezes familiais, jamais ultrapassando o quadro local; é à sombra do castelo senhorial que a vida econômica transcorre. Sofrível o estado dos meios materiais de troca: as grandiosas estradas romanas, mal conservadas, tornam-se logo intransitáveis. E rudimentares também são os meios de troca: a moeda é de mau quilate e de circulação restrita².

    Devido à insegurança reinante na época, praticamente não havia trocas comerciais entre essas unidades. Com o passar do tempo, a partir do século XII, os feudos foram se abrindo e, da necessidade de comércio entre eles, começou a surgir a classe social dos comerciantes. Estes, que serviam de intermediários entre diferentes produtores e consumidores, rapidamente passaram a acumular capital e a se enriquecer. Esse processo foi sendo ampliado, até o surgimento, ainda que incipiente, de estados-nações, no início da Idade Moderna.

    Para guardar o dinheiro dos ricos comerciantes, surgiram os bancos. Estes passaram a emprestar recursos para os pequenos produtores empresariais. Desse modo, a economia começou a se expandir rapidamente. O capital acumulado pelos comerciantes serviu para financiar os estados nascentes em suas atividades internas e nas incursões externas que culminaram com a descoberta da América e do caminho para as Índias, através do contorno do Cabo da Boa Esperança, no sul da África. Países como a Espanha e Portugal passaram a acumular riquezas vindas de suas colônias de além-mar e outros, como a Holanda, vindas de suas atividades de transporte marítimo.

    Nessa época, surgiram empresas de grande porte que foram as

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