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História dos pesos e medidas
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E-book249 páginas2 horas

História dos pesos e medidas

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Sobre este e-book

Quanto esforço humano foi necessário para que tivéssemos atualmente um Sistema de Medidas simples e coerente? Para responder a essa questão, Irineu da Silva aborda a evolução da Metrologia, desde a Antiguidade até os nossos dias, valorizando o seu conteúdo social e realçando as relações do homem com os pesos e medidas através dos tempos. Com uma linguagem simples e concisa, que atende tanto especialistas quanto leigos, o livro é uma referência histórica importante, já que envolve muita pesquisa bibliográfica e muito gosto pela História das Civilizações.
IdiomaPortuguês
EditoraEdUFSCar
Data de lançamento26 de jul. de 2023
ISBN9788576006008
História dos pesos e medidas

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    História dos pesos e medidas - Irineu da Silva

    História dos Pesos

    e Medidas

    2ª edição ampliada

    logo_ufscar_colorido

    EdUFSCar – Editora da Universidade Federal de São Carlos

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

    Editora da Universidade Federal de São Carlos

    Via Washington Luís, km 235

    13565-905 - São Carlos, SP, Brasil

    Telefax (16) 3351-8137

    www.edufscar.com.br

    [email protected]

    Twitter: @EdUFSCar

    Facebook: /editora.edufscar

    Instagram: @edufscar

    folha_de_rosto

    © 2004, Irineu da Silva

    Capa

    Gustavo Duarte

    Preparação e revisão de texto

    Marcelo Dias Saes Peres

    Conferência de provas

    Aline Cristina Dias Galvão Neves

    Ângela Cristina de Oliveira

    Editoração eletrônica

    Vitor Massola Gonzales Lopes

    Patricia dos Santos da Silva

    Editoração eletrônica (eBook)

    Marcela Rauter de Oliveira

    Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar

    Silva, Irineu da.

    S586h.2           História dos pesos e medidas / Irineu da Silva. -- 2. ed -- Documento eletrônico. -- São Carlos: EdUFSCar, 2023.

    ePub: 27,5 MB.

    ISBN: 978-85-7600-600-8

    1. Pesos e Medidas. I. Título.

    CDD – 620.0044 (20a)

    CDU – 620.1

    Bibliotecário responsável: Ronildo Santos Prado – CRB/8 7325

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral.

    A Pedro Henrique

    e

    Ana Júlia

    Sumário

    PREFÁCIO

    INTRODUÇÃO

    CAPÍTULO I - AS MEDIDAS E O HOMEM

    A INFLUÊNCIA DOS PESOS E MEDIDAS NA VIDA HUMANA

    OS PESOS E MEDIDAS COMO FORÇA POLÍTICA

    CAPÍTULO II - SISTEMAS PRÉ-MÉTRICOS DE MEDIDAS

    OS PRIMEIROS SISTEMAS DE MEDIDAS E SUA EVOLUÇÃO

    O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS

    OS PRIMÓRDIOS DOS PADRÕES DAS UNIDADES DE MEDIDA

    TENTATIVAS DE UNIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE MEDIDAS

    CAPÍTULO III - O SISTEMA MÉTRICO DE MEDIDAS

    O SISTEMA MÉTRICO

    A CRIAÇÃO DO SISTEMA MÉTRICO

    ESTABELECIMENTO DAS PRIMEIRAS UNIDADES-PADRÃO 87

    CAPÍTULO IV - SISTEMAS PÓS-MÉTRICOS DE MEDIDAS

    PRINCIPAIS SISTEMAS DE MEDIDAS

    SISTEMA CGS

    SISTEMA MTS

    SISTEMA MKS

    SISTEMA MKfS

    SISTEMA MKSA

    SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDAS (SI)

    CAPÍTULO V - MEDINDO A TERRA

    OS INSTRUMENTOS PARA AS MEDIÇÕES TOPOGRÁFICAS

    A FIGURA DA TERRA

    CAPÍTULO VI - PESOS E MEDIDAS NO BRASIL E EM PORTUGAL

    UM POUCO DA HISTÓRIA DOS PESOS E MEDIDAS NO BRASIL

    UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DOS PESOS E MEDIDAS EM PORTUGAL

    ANEXOS

    Anexo A

    Anexo B

    Anexo C

    Anexo D

    Anexo E

    Anexo F

    Anexo G

    Anexo H

    Referências Bibliográficas

    CADERNO DE FIGURAS

    PREFÁCIO

    Há anos, compartilhei com o autor uma sala de professores da Escola de Engenharia de São Carlos. Em uma dessas ocasiões em que o trabalho nos leva a trocar ideias sobre assuntos correlatos, argumentei com ele sobre a literatura de ficção ter, a meu ver, um papel importante na educação das pessoas e sobre o consumo de ficção estar crescendo, com a disponibilidade do cinema e da televisão. Ele me confessou, então, que não se sentia atraído por obras literárias que não tivessem forte apoio na História. Argumentava que a história dos problemas e das soluções encontradas exercia nele um fascínio extraordinário.

    Mas o que é a História? Costuma-se compará-la a um tecido cuja urdidura teria a função de ligar todos os fatos por um fio condutor do tempo e do espaço. Embora essa imagem seja idealmente cativante, parece estar longe da realidade. O conjunto global de todos os registros, ou da posição relativa de todos os átomos do universo, como imaginou Leibniz, permanece inatingível. Talvez uma analogia mais realista seja a de um conjunto de fiapos emaranhados, esparsamente separados, do qual o estudioso separa um chumaço para exame. Se ele for feliz, conseguirá ligar algumas pontas a outros fios e dar um aspecto de retalho tecido ao emaranhado do qual partiu. Em suma, o estudioso da história produz e divulga conhecimento; colige, organiza e critica informações sobre o passado; também produz análise e síntese do assunto que trata. Ao pôr a lume os resultados do que faz, o autor também trabalha com o objetivo de cativar, ou mesmo, deleitar o leitor, segundo sua concepção de interesse intelectual; porque a leitura não deve ser imposta, mas o leitor deve ser conquistado.

    Assim é o presente volume: conquista-nos com o despojamento dos objetivos, a simplicidade do tratamento, a importância do tema, a pesquisa de campo empreendida e o sóbrio entusiasmo que emana da narração. É para ser saboreado com prazer. Boa leitura!

    Professor Manoel Alba Sória

    Departamento de Transportes da EESC-USP

    INTRODUÇÃO

    A ideia de escrever este livro surgiu no início de 1987, durante um curso de Teoria dos Erros que eu acompanhava, na época, na Ecole Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça. O professor que ministrava o curso era um apaixonado por tudo o que se relacionava às medidas e, sobretudo, pelo conteúdo social que a ação de medir possui. Entusiasmado e eloquente, ele se esforçava para incutir nos alunos o respeito pelas medidas e tentava mostrar o quão nobre é a tarefa de representar o mundo por meio de comprimentos, pesos e volumes. Não basta conhecer os instrumentos e as técnicas de medição para realizar uma boa medida – dizia ele, é necessário, ainda, levar em conta a sua finalidade. Uma boa medida nem sempre é a mais precisa, mas sim a menos precisa que satisfaça a finalidade da medição. E, assim, seguindo esses princípios, ele conseguia fazer-nos compreender mais facilmente suas teorias e, principalmente, como aplicá-las e como julgar os resultados obtidos, sempre de acordo com a finalidade da medição. Finalidade, eis aí o axioma da Metrologia. Mas, afinal, qual é a finalidade da Metrologia? A faculdade de pesar, de medir e de contar permite ao espírito humano livrar-se das ­aparências sensoriais, já conceituava Sócrates (470-399 a.C.) quatro séculos antes de Cristo. Sem dúvidas essa é a finalidade geral da Metrologia. Mais especificamente, entretanto, as medições possuem uma finalidade mais explícita: seu conteúdo social. Por intermédio das medições, compartilhamos nosso sentimento de equidade, organizamos a distribuição dos bens sociais e padronizamos a produção de nossos bens materiais.

    Não sei, infelizmente, quais foram os efeitos que a estratégia daquele professor causou em meus colegas de curso; em mim, entretanto, ressaltou o sentimento de que realmente ele tinha razão: é necessário que os usuários e os estudiosos dos pesos e medidas tenham por premissa seu cunho social. Não me pareceu, contudo, adequado, ou mais adequado, valer-se de uma teoria matemática para alcançar essa finalidade. O sentimento e o respeito pela ação devem precedê-la. Assim, o primeiro passo a ser dado deve ser para ressaltar o significado das medidas e seu conteúdo social. A teoria será o instrumento para aperfeiçoar a ação.

    O curso foi longo, outros cursos sucederam-no, o trabalho profissional monopolizou meu tempo, mas a semente havia germinado. Em cada palestra, em cada curso ministrado a meu turno, em cada contato profissional, lá estava a preocupação com o cunho social da Metrologia. Foi acreditando nesse valor social que decidi me lançar nessa empreitada, com o objetivo de produzir um material que ressalte a importância da Metrologia e, ao mesmo tempo, forneça subsídios para que os profissionais da área compreendam um pouco sua evolução. Ao contrário de meu professor, preferi adotar o princípio de valorizar a ação, ressaltando seu conteúdo social, e decidi, para isso, seguir o caminho de contar a História dos Pesos e Medidas para alcançar meu objetivo. Afinal, o que há de mais simples, agradável e convincente do que a História? Além desse pressuposto, considerei outro fator bastante importante para produzir este livro: a necessidade de contar a História das Ciências, a qual é difícil de ser contada. Os historiadores nem sempre têm os conhecimentos suficientes para entender a razão dos experimentos e a importância dos resultados para interpretá-los e contar sua história. Cabe, portanto, também aos pesquisadores e profissionais envolvidos a tarefa de ajudá-los a contar essa parte da História da humanidade. A História das Ciências precisa ser contada; e isso tem sido feito, porém não em proporções desejáveis. Contando a História dos Pesos e Medidas, pretendo ajudar a diminuir um pouco esse vazio. Porém, mais do que isso, pretendo mostrar ao leitor a quantidade de trabalho humano e persistência necessária para que tenhamos atualmente um sistema de medidas simples e coerente. Hoje, em razão da eficiência dos equipamentos de medição, medir tornou-se uma ação tão simples que praticamente se tornou invisível. Acredita-se na tecnologia e, muitas vezes, opera-se a medição como se tratasse de uma operação puramente mecânica. O valor social acaba em segundo plano.

    Creio ser importante salientar, também, que, como qualquer trabalho histórico, um trabalho sobre a História dos Pesos e Medidas exige muita pesquisa bibliográfica e, certamente, muito gosto pela História das Civilizações, principalmente as europeias. A História dos Pesos e Medidas é contada em francês. Tendo sido a França o lugar de criação do Sistema Métrico Decimal e sendo ela a sede do organismo internacional que normaliza as unidades de medida atuais, nada mais lógico que nela também estejam os maiores interessados pela Metrologia. Por isso, a proximidade com a França e a riqueza das bibliotecas suíças facilitaram muito meu trabalho. Devo explicitar, porém, que esta obra é totalmente embasada nas referências bibliográficas apresentadas. Certamente, seria também útil se outros tipos de fontes, como, por exemplo, registros governamentais e relatórios arqueológicos, fossem consultados. Porém, as dificuldades para tal empreitada seriam tantas que inviabilizariam a produção deste trabalho. Mesmo assim, além das referências bibliográficas consultadas, fiz diversas visitas a museus de tecnologia e locais históricos para reforçar e confirmar algumas das afirmações expostas no livro. Durante os quinze anos que durou minha pesquisa bibliográfica, não subjuguei a menor possibilidade que tive de obter alguma informação sobre a História dos Pesos e Medidas. O leitor notará, infelizmente, que, como sempre, se trata de um relato histórico do mundo ocidental. Certamente os mundos Árabe e Oriental possuem vasto material histórico sobre esse tema, porém não encontrei praticamente nada que valesse a pena ser relatado. O conteúdo deste livro é, portanto, o resultado de minha experiência profissional e da pesquisa bibliográfica consultada. Por isso, muitos detalhes técnicos sobre determinadas medidas não foram inseridos. Ative-me muito mais ao sentido abrangente do uso dos pesos e medidas do que seus detalhes técnicos. Valorizei o objeto medido e os instrumentos de medição a despeito do valor da medida. Também tive a intenção de criar uma obra que possa ser lida tanto pelo leigo como pelo técnico. Para o leigo, desejo que seja interessante e instrutiva. Para o técnico, além das prerrogativas anteriores, desejo que seja intrigante e reflexiva.

    Estudar a História dos Pesos e Medidas não é um simples trabalho de catalogação. Para entendê-la é preciso, acima de tudo, compreender a conjuntura social de cada época. Não basta conhecer as unidades e os padrões das medidas, é preciso inseri-los no contexto social de seu tempo. Mesmo se muitas vezes as medidas pré-métricas possuíam nomes idênticos, elas correspondiam a valores diferentes de acordo com o lugar, a época e o objeto medido. A tecnologia, a produtividade, os meios de transporte, as necessidades de consumo e muitos outros fatores determinavam o tipo de medida de cada região. Assim, por exemplo, em sociedades em que se dispunha de vastas regiões férteis, o sistema de medidas agrárias era pouco desenvolvido, enquanto em sociedades cuja economia era embasada na exploração de minérios, as unidades de peso ou volume eram mais aperfeiçoadas que as unidades de medida lineares. Para os povos nômades do deserto, para os quais o conhecimento exato da distância entre dois poços de água era uma questão de sobrevivência, as medidas linea­res de grandes dimensões eram muito mais aperfeiçoadas do que para outros povos em outras condições. Essa é a faceta que torna a História dos Pesos e Medidas tão interessante. Ela nos transporta ao cotidiano das sociedades antigas, exigindo pouco esforço de abstração. Os pesos e medidas ainda nos afetam da mesma forma que afetavam qualquer outro povo da Antiguidade. Ainda usamos alguns princípios e métodos de medição criados há muitos séculos, por isso nos identificamos rapidamente com o cotidiano de outras sociedades quando nos interessamos por sua Metrologia.

    Além do contexto social, outro fator que também deve ser considerado ao se estudar a História dos Pesos e Medidas é o comportamento das civilizações pré-métricas em relação aos problemas metrológicos. Os conceitos sobre um sistema de medidas para os povos da Antiguidade, por exemplo, eram diferentes dos conceitos dos povos da Idade Média, que, por sua vez, também eram diferentes do conceito atual. As unidades de base e as unidades derivadas nem sempre possuíam uma lógica algébrica. O conceito da medida empírica foi, em muitos casos, muito mais consistente que o valor geométrico, e, como veremos ao longo deste livro, ao homem não faltou imaginação para criar unidades de medida. É inacreditável o quão fértil foi a imaginação humana para criar artifícios para medir e pesar a matéria.

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