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Teologia Sistemática
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E-book487 páginas6 horas

Teologia Sistemática

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Sobre este e-book

As Escrituras Não se pode fazer teologia senão com base nas Escrituras Sagradas. Essa é a posição da Igreja cristã a partir da Reforma Protestante. Lutero defendia a tese de Sola Escritura (a Bíblia é a única regra de fé e conduta para o cristão). Ao longo da história, a Igreja Católica Romana criou dogmas (crenças tidas como certas e absolutas), abandonando gradualmente a utilização das Escrituras Sagradas; isso a distanciou das verdades fundamentais ensinadas pelos apóstolos de Jesus. Qualquer assunto de ordem doutrinária que não leva em consideração a declaração bíblica deve ser tachado como herético, pois parte de fonte humana e ninguém tem autoridade para isso. As Escrituras (e somente elas) têm autoridade para fornecer as informações necessárias sobre os temas da doutrina cristã. A Razão Deus nos fez seres racionais, e esse é um dos aspectos que nos torna semelhantes a Ele (Gn 1.26). Então, é natural que o homem absorva o conhecimento das questões doutrinárias por meio da razão. Apesar disso, muitos buscam, na fé, algo que os faça sentir, mas não se mostram interessados em compreender. É verdade que a fé inclui também as emoções, mas não se estriba nelas. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas” (Jr 17.9). Por outro lado, somos exortados a usar a razão para darmos explicação da nossa fé: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15). A mente humana está sempre ávida por compreender o sagrado e nunca está satisfeita com o que sabe, sempre quer mais. Essa sede por compreender é saudável à medida que coloca o homem no caminho do aprendizado; porém, torna-se perigosa quando entra pelo caminho da especulação. Por exemplo, o homem pode ter conhecimento dos atributos de Deus, mas não pode compreender Sua mente. Não temos capacidade para entender a relação entre a onisciência divina (pela qual Ele sabe sobre tragédias futuras) e a Sua bondade (por intermédio da qual poderia evitar tais tragédias). Um assunto não tira o lugar do outro. Deus não pode ser comparado ao homem que ou é uma coisa ou é outra – ou pode uma coisa ou pode somente outra. “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8,9). Desse modo, cabe ressaltar que a razão deve trabalhar no sentido de elaborar a doutrina a partir da revelação (as Escrituras Sagradas) em conjunto com a revelação natural, a tradição e a experiência, a fim de organizá-la, distinguindo cada assunto por sua ordem e importância. Há diferença entre conhecer e compreender. Conhecemos muitos fatos relativos a Deus. Concebemos o divino como algo grande, ilimitado, inigualável, acima de tudo e de todos, e fazemos isso por generalidade, ou seja, entendendo que, para ser Deus, Ele tem de ser alguém assim; mas, quando começamos a perscrutá-lo, a mente se sente desafiada a compreender como se dá esse processo, algo semelhante ao que acontece quando observamos a vida e assistimos à reprodução e ao crescimento dos seres e dos vegetais. Contudo, compete um grande desafio à razão: julgar a credibilidade de uma revelação. A razão julga e decide o que é possível e o que é impossível. Assim tem sido em relação às ciências; a razão exige comprovações. Um fato é científico depois de mostrar comprovações por meio de experimentos considerados suficientes. Do mesmo modo, a razão faz exigências quanto aos fatos relacionados à fé: o que pode ou não ser crido: “Somos, consequentemente, não só autorizados, mas obrigados a declarar anátema umapóstolo ou anjo celestial que porventura nos conclame a receber, como revelação de Deus, algo
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de nov. de 2020
Teologia Sistemática

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    Teologia Sistemática - Marcus Vinicius Barbosa Pereira

    Teologia Sistemática

    Ensino da Palavra de Deus

    Marcus Vinicius Barbosa Pereira

    [ 2 ]

    Título original: TEOLOGIA SISTEMÁTICA Copyright © 2019 by Marcus Vinicius Barbosa Pereira Diagramação Marcus V.B.P

    Capa Marcus V.B.P

    Correção Marcus V.B.P

    ___________________________________________________

    P493s Marcus Vinicius Barbosa Pereira

    TEOLOGIA SISTEMÁTICA Ensino da Palavra de Deus.

    Marcus Vinicius B Pereira.

    1.ed – Bahia, BA. Esta obra é uma produção independente.

    Copyright © [2021] by Marcus Vinicius Barbosa Pereira 250 p. : 21 x 14,8 cm.

    Todos os direitos desta edição reservados á o autor da obra.

    ___________________________________________________

    Índice para Catalogo Estomático:

    ISBN: 9781718013940

    1, Estudo da Bíblia CDD 220.7

    2, Cristianismo/ Teologia Cristã. CDD 230

    [email protected]

    [ 3 ]

    SUMÁRIO

    PANORAMA BÍBLICO n 1 ............................................... 8

    A IMPORTÂNCIA DO ANTIGO TESTAMENTO n 2... 129

    DICIPULADO n 3 ............................................................ 333

    A DOUTRINA DO BATISMO n 4 ................................. 378

    DOUTRINA DE DEUS n 5 ............................................. 419

    [ 4 ]

    [ 5 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Espaço para dedicatória.

    [ 7 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    PANORAMA BÍBLICO 1

    Ao lermos a Bíblia nos deparamos com milhares de termos e expressões de época que torna o texto por vezes indecifrável, isto se deve ao fato de que a Bíblia foi escrita há dezenas de séculos, em uma sociedade de hábitos peculiares, ou seja, próprios da época e dos costumes desse tempo. Entre o homem moderno e os escritos bíblicos existem diversos abismos: culturais, geográficos, sociais, tecnológicos, religiosos, econômicos, etc. Ignorar que o conhecimento dos contextos dos tempos bíblicos (a este contexto chamamos de Panorama) é uma necessidade e faz com que muitas pessoas obtenham a pior interpretação possível de suas leituras bíblicas.

    Mesmo vivendo na mesma época é bem provável que pessoas de diferentes regiões do mundo não se entendam mesmo falando a mesma língua, pois as expressões que usam são diferentes; neste caso existem bem menos abismos entre estas duas pessoas do que entre um escritor bíblico e nós.

    Um missionário quando vai a campo já sabe antecipadamente que sofrerá um choque cultural e terá um tempo de adaptação na nova cultura em que vive, terá de compreendê-la para fazer com que aquelas pessoas compreendam o evangelho. Imagine você conversando com um cidadão inglês, você diz a ele que vai tomar o ônibus, então ele responde como pode? Em um ônibus caber muito líquido, ele entendeu que você iria beber (tomar) um ônibus; então ele lhe pergunta

    [ 8 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    você quer dizer que vai ter um ônibus e você responde

    não eu não vou comprar um. A confusão aconteceu porque o brasileiro diz que vai tomar um ônibus já o americano diz I wil have a bus, ou seja, eu vou ter um ônibus.

    Aqui está o porquê desta Disciplina, ela lhe dará conhecimento sobre os contextos sociais, econômicos, culturais, tecnológicos, religiosos, etc. que você necessitará ter para compreender muitas coisas ao ler a Bíblia. Se às vezes é difícil conversar com um vizinho que veio de outra região do mesmo país por que você não conhece a sua sociedade, imagine então que para compreender muitas coisas escritas há dezenas de séculos é realmente necessário um estudo das sociedades dos tempos bíblicos. Para se realizar este estudo é necessário ter a mente aberta para poder compreender a mente de outras pessoas que viveram na antiguidade, muita pesquisa, assim como também é necessário saber de antemão que nunca se obterá um sucesso absoluto neste tipo de pesquisa.

    Esta disciplina, de certo modo lhe introduzirá em meio a tais sociedades, após cumprir esta disciplina você poderá ler a Bíblia quase como uma pessoa da época, e isto é de suma importância, pois você deve primeiramente compreender o que o texto bíblico dizia ao homem na época, para depois poder compreender o que ele diz para o homem contemporâneo. Como exemplo, veja um estudo sobre a sétima igreja de Apocalipse que é Laodiceia e para que as pessoas compreendam o conteúdo desta sétima carta tivemos que fazer um estudo dos contextos da região na época para que todos possam, dessa

    [ 9 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    maneira, compreender ao lerem o que João escreveu.

    Confira a importância disto, o estudo vai abaixo em cor azul:

    LAODICEIA Texto (Ap 3.14-22) : Trinitarian Bible Society

    em português. 14 E ao anjo da igreja que está em Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! 16 Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. 17 Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; 18 Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e para ungires os teus olhos com colírio, para que vejas. 19 Eu repreendo e castigo a todos quanto amo; sê, pois, zeloso, e arrepende-te. 20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, eu entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. 21 Ao que vencer eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

    A cidade:

    Laodiceia era uma cidade rica da Ásia menor (atual Turquia), fundada por Antioco II em aproximadamente 250 a.C., era situada ao lado sul de uma das grandes

    [ 10 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    estradas comerciais da Ásia menor, localizava-se nela o encontro de três grandes estradas comerciais, por isto tinha sua prosperidade garantida. Era também um importante centro bancário, foi ali que Cícero viajando para assumir o governo da província da Cicília em 51 a.

    C., sacou suas ordens de pagamento, tais bancos financiaram a reconstrução da cidade depois de um terremoto que a destruiu em 60 d. C.; nesta época, Laodiceia de tão rica que era recusou por orgulho uma verba especial votada e liberada pelo senado romano para sua reconstrução, não precisava realmente de coisa alguma. Muitas atividades e produtos faziam Laodiceia famosa, dentre elas, se destacavam a lã negra e lustrosa, produzida no vale do Lico da qual eram produzidas finas capas e tapetes; ela tinha também uma ótima escola de medicina, uma indústria de colírios, famosas águas mornas carregadas de sódio que vinham da vizinha Hierápolis eram impossíveis de beber sem causar vômito, e outras. Sob o imperador Diocleciano foi elevada a situação de capital da província da Frigia.

    Interpretação:

    14 E ao anjo da igreja que está em Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:

    FIEL - Nesta carta Jesus se autodenomina deste modo, isto serve para contrastar com a infidelidade desta igreja.

    Apesar daquela comunidade não ser fiel, Deus estava dizendo que Ele era.

    [ 11 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    15 Eu conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! 16 Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.

    MORNA - Morna é a condição da igreja que vive em harmonia

    com

    o

    mundo,

    assemelha-se

    em

    comportamento com as pessoas ímpias ao seu redor; professa o cristianismo, mas, na verdade é miserável na fé. Assim como suas águas eméticas eram recusadas como nojo até por viajantes sedentos, o Senhor recusava Laodiceia com o mesmo nojo, e usava a imagem destas águas para que pudessem entender.

    17 Como dizes: Rico eu sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que tu és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;

    GANANCIOSA E ORGULHOSA – No comentário sobre a cidade, já lemos sobre seu contexto econômico e cultural.

    Laodiceia era uma cidade mergulhada na ganância e na comodidade, imaginava que possuía riquezas espirituais e virtudes cristãs, e isto a cegava para o entendimento da doutrina cristã que é simples. Mas como poderiam ser pobres se eram ricos, cegos se tinham o melhor colírio e nus se produziam tecidos finíssimos? Todo cristão que diz: eu não preciso de coisa alguma, engana-se gravemente, pois todos somos miseráveis sem Jesus na retaguarda, precisamos Dele em todos os sentidos. Deus é nossa fonte de fé, de graça, de sabedoria, de amor. Precisamos do Seu amor, da Sua proteção, do Seu espírito, da

    [ 12 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    comunhão com os irmãos, etc. Este mesmo sentimento de autossuficiência foi o princípio da queda de satanás, e buscá-la foi o princípio da queda do homem. Tinham tudo e não tinham nada; eram miseráveis, pobres, cegos e nus.

    18 Eu te aconselho que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e para ungires os teus olhos com colírio, para que vejas.

    Laodiceia tinha em abundância cada produto citado aqui: ouro, finos tecidos e colírio, mas o que o Senhor quis dizer com de mim compres é que não se tratava dos produtos da cidade, pois estes eles já tinham, mas de ouro, roupas e colírio do Senhor. No versículo anterior o Senhor os chamava de pobres cegos e nus, e para estes, Ele dizia eu tenho ouro para vossa pobreza, colírio para vossa cegueira, e roupas para sua nudez. Estes produtos que o Senhor oferece são de graça, são comprados com a prática da fé. Os produtos de Laodiceia não traziam a verdadeira riqueza.

    19 Eu repreendo e castigo a todos quantos eu amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te.

    Misericordioso que é o Senhor repreende seus filhos para que não os perca, e este pedido de arrependimento vem após o conselho sobre como proceder corretamente. Ele diz: vou castigá-los, para que se voltem a mim e arrependam-se. Isto também denota que Deus castiga o homem com pesar. Todavia note-se que a repreensão

    [ 13 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    vem antes do castigo, se não há uma resposta do homem à repreensão divina, certamente virá o castigo.

    20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, eu entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.

    Esta frase para mim é triste, Cristo é mal quisto, mas, Ele está sempre pronto a ser aceito novamente, o pecador que se arrepende tem livre acesso à Cristo que sempre o rejeitou. O povo da rica cidade de Laodiceia sentindo-se bem materialmente e farto, não sente necessidade de Jesus e trocou-o por conforto e comodidade. Mas o Senhor está dizendo estou aqui a vossa disposição, se me procurarem terei prazer em vocês novamente, cearei convosco, talvez até esta ceia refira-se à ceia das bodas do cordeiro.

    21 Ao que vencer eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.

    Para cada igreja há uma promessa distinta; esta promessa de certo vem ao encontro do interesse deste povo, para Laodiceia o Senhor promete que o vencedor (aquele que guardar seus preceitos) sentar-se-á no trono. Pensando na população rica de uma cidade, isto poderia vir ao encontro de cada um, mas este trono não era nos padrões humanos, e sim nos celestiais; o que está sentado nele é um soberano rico, mas humilde; poderoso, mas amoroso, reto e justo.

    [ 14 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Vemos neste breve estudo o Senhor usando os próprios elementos da cidade na época para falar com seus cidadãos, se lêssemos simplesmente sem conhecer nada disto, o que iríamos entender?

    Este tipo de conhecimento é importante também para que você comece a sentir como um homem da época, pois pesquisar sobre aspectos físicos pode ser de certo modo fácil, mas tentar entender os sentimentos de um homem da época isto sim é muito difícil, o que lhe provocaria ódio, esperança, patriotismo, choro, angústia, alegria, quais os fatos, aromas, paisagens, cerimônias que poderiam mexer com seus sentimentos e de que modo.

    Não é suficiente você entender de que consistia o ofício de pastor, mas o sentimento que ele trazia consigo por ter a profissão mais desqualificada de toda uma sociedade; como se sentia um pescador que passou a noite toda deslocando um pesado barco a remo e puxando e redes pesadas e ásperas ao chegarem em casa cansado e encontrar-se com sua família? Este tipo de estudo não nos leva somente a compreendermos melhor o texto bíblico, mas também os personagens bíblicos, tal como o próprio Jesus que era um judeu e vivia em meio a esta mesma sociedade alimentando-se e vestindo o que era comum.

    Não conhecer este tipo de estudo foi o que instituiu em muitas igrejas pesadas tradições que tornou a vida cristã em uma masmorra, a maioria das tais igrejas apoia-se nas epístolas aos Coríntios sem saber que o apóstolo Paulo estava em meio a uma sociedade completamente

    [ 15 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    mergulhada na imoralidade, onde a prostituição é uma das fontes de renda da região.

    1) Habitação

    Casas e telhados

    Nos tempos bíblicos as casas eram constituídas de somente um cômodo, e eram pequenas. Tinham aproximadamente 15 m quadrados, uma escada lateral e externa levava ao telhado que era normalmente um segundo cômodo de toda casa naquela época, todas as atividades da família eram realizadas fora da casa, portanto à moradia era usada somente para dormir e para as refeições. Por dentro o piso tinha dois níveis no mais alto dormia toda a família, todos juntos e no mais baixo poderia dormir alguns animais estimados pela família, se a família tivesse poucos animais todos dormiam dentro da casa. No telhado da casa muitas atividades eram feitas, por exemplo: reuniões de família, atividades sociais e em noites mais quentes a família toda dormia no telhado, nele era comum haver tantas atividades que em Deuteronômio 22:8 manda que se construam parapeitos nele, que geralmente eram grades de madeira.

    Como as diferenças sociais eram poucas em meio à sociedade judaica, as moradias não mudavam muito, eram quase todas iguais. A vida do povo judeu era tranquila, havia muito carinho e aconchego familiar, os pães eram assados em fornos de barro, à noite instrumentos musicais eram tocados na área de fora e as casas iluminadas pelas lamparinas de azeite. Os tais

    [ 16 ]

    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    telhados que eram planos, exigiam do construtor da casa cuidados especiais, pois era a sala de estar da família, era armado com pesadas vigas de madeira sobre as quais se colocavam varetas e depois tudo era recoberto com uma mistura de barro e palha picada. As famílias com melhores condições financeiras aplicavam ladrilhos sobre o barro para o conservarem das chuvas que os desgastavam, outros plantavam grama para os protegerem da erosão, regulamente era preciso lixá-lo para mantê-lo impermeável e apesar de todos os cuidados as goteiras eram inevitáveis, mais cedo ou mais tarde sempre apareciam. As mulheres quase sempre trabalhavam no telhado, amassando pão, tecendo, secando frutas como figo, tâmaras, catando cereais, lavando ou secando roupas, etc. Certa vez em Atos 10:9 Pedro foi orar no telhado; ele também era usado para anunciar coisas importantes em alta voz, veja em Mateus 10:27, Lucas 12:3. As construções de dois cômodos naqueles tempos eram raras, era mais comum fazerem pequenos cômodos no telhado que serviam de quartos para hóspedes ou de aposento para oração, em Mateus 6:6 Jesus disse que ao orar deveriam entrar no quarto ao invés de exibir sua religiosidade. Talvez num destes aposentos Jesus celebrou a ceia com seus discípulos (Lucas 22:12), neste caso tratava- se de um lugar espaçoso e mobiliado; também após sua ascensão os seus discípulos tivessem se reunido num lugar semelhante (Atos 1:13). Em alguns locais as casas eram ligadas umas às outras em meia parede, portanto os telhados também eram ligados formando uma grande passarela, isto na época era chamado como uma rua de telhados que por muitos eram usadas como ruas

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    comuns. Jesus certa vez disse que no dia do juízo quem estiver no telhado não deveria descer para pegar nada em casa (Mateus 24:17).

    Encanamentos

    As técnicas de encanamento são tão antigas quanto à fundação das primeiras cidades, mas, foi só na época de Jesus que estavam tomando providências para se instalar vasos sanitários. Para os romanos eram comum banheiro e água encanada em casa, em algumas das cidades mais sofisticadas já havia fossas com esgoto encanado ou valas, os canos eram de cerâmica semelhante aos nossos.

    No primeiro século as casas de pessoas mais ricas possuíam até banheiras e sistemas de aquecimento de água.

    Iluminação

    Nos tempos bíblicos além das casas hebraicas serem pequenas eram também escuras, pois, as janelas eram poucas, pequenas e localizadas no alto das paredes. Os modos que haviam de iluminar a casa eram geralmente à luz do fogão, lampiões ou lamparinas; naquela época não havia velas, portanto quando na Bíblia lê-se a palavra castiçal é um erro de tradução, o que havia aparecido com castiçal era o menorá, um candelabro de ouro que tinha pavios mergulhados em azeite de oliva. O que era chamado lâmpada naquele tempo eram tigelas de azeite com uma depressão na borda onde se colocava o pavio que geralmente era de linho ou algodão. As lâmpadas mais simples eram feitas de barro e outras mais

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    sofisticadas de bronze ou outro metal, as lâmpadas podiam ser adornadas com desenhos ou mesmo terem formatos de animais, os judeus não gostavam de lâmpadas com formatos, pois, abominava a idolatria.

    Mesmo que fosse de dia a casa deveria ter sempre algo aceso dentro, pois eram realmente escuras, e o azeite era barato, também deveria se deixar a lâmpada sempre acesa, pois, era realmente difícil obter fogo o que faziam atritando pedras.

    Certa vez Jesus contou a parábola da dracma perdida (Lucas 15:8), as pessoas da época entenderam facilmente que o fato da mulher ter pegado a candeia para procurar a moeda foi uma tarefa difícil, pois procurava em um ambiente escuro com auxílio de uma luz muito fraca, além do que uma dracma era muito dinheiro para época; e na parábola das dez virgens (Mateus 25:8) eles também entenderam muito bem o drama que é deixar uma lâmpada apagar, e agora você também pode compreender estas coisas como uma pessoa da época. A mulher que sempre fazia o papel de dona de casa tinha inúmeros deveres, dentre os quais, manter a lâmpada acesa. Se você for mulher agradeça a Deus de não ter nascido naquela época. Havia lâmpadas fixas que ficavam instaladas nas paredes internas ou externas da casa sobre os veladores que eram pequenas prateleiras, dependendo da necessidade podia-se ter uma ou muitas destas instaladas, havia também as portáteis. Disse certa vez Jesus que ao acender uma lâmpada deveríamos colocá-la no velador para que tivesse utilidade (Mateus 5:15), agora conhecemos porque disse isto.

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    As mobílias

    Como a maioria das casas eram pequenas e só possuíam um cômodo também não tinham muitas mobílias, o que só iria atrapalhar o pouco espaço. As refeições eram feitas em cima de uma pele ou esteira que se estendia no chão, as mesas e cadeiras eram coisas de pessoas ricas, nem sequer uma banqueta era utilizada entre os hebreus.

    Quando Jesus celebrou a páscoa com seus discípulos muito provavelmente utilizou-se de uma pequena mesa que ficava a poucos centímetros do chão coberto por uma esteira ou tecido, a possibilidade de ter usado mesa e cadeira vai de acordo com o nível do local em que a ceia foi celebrada, alguns dos seguidores de Jesus eram pessoas ricas, portanto, se a ceia foi celebrada na casa de alguém rico usaram realmente mesa e cadeira, o que não está de acordo com a realidade no quadro de Leonardo da Vinci foi o fato de terem usado um lado somente da mesa.

    Normalmente as pessoas faziam suas refeições sentadas em cima das esteiras como os orientais ou deitadas de lado apoiados no cotovelo. Uma mobília que era comum era o baú onde se guardavam coisas de diversas naturezas e ficava no canto da casa, famílias mais ricas possuíam camas e armários, no Salmo 110:1 quando se lê

    colocaria os teus inimigos por escabelo dos teus pés, poucos sabem que escabelo é um pequeno baú cuja tampa é forrada para servir de assento, era também usado para se colocar os pés em cima para descansá-los.

    Os colchões eram também esteiras ou peles de animais.

    Pela manhã eram enrolados e colocados nos cantos das

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    paredes, mas também havia os estrados de madeira que na época eram coisas sofisticadas. Não havia cobertores, pois as pessoas dormiam com a mesma roupa que usava um dia todo, se estivessem um pouco mais frio colocavam uma túnica a mais. Os travesseiros eram feitos de pelo de cabra com enchimento de lã ou penas. Havia também os tapetes, que era coisa de casas mais ricas, assim como divãs. Os vasilhames eram tigelas ou jarras geralmente de barro colocadas em rentes prateleiras, onde guardava de tudo, desde substâncias medicinais, azeite, a água e outros; em casas mais ricas os vasilhames poderiam ser de materiais mais caros tais como: cobre, bronze, porcelana e até decorados.

    Os alicerces

    Geralmente o piso das casas era de cerâmica ou terra batida. Também era usado barro endurecido ou argamassa na construção do piso. Em casas mais ricas às vezes faziam-se pisos de pedra calcária que era mais fácil de limpar. O terreno onde era construída a casa era escolhido, pois, deveria ser firme (Mateus 7:24-27), naquele tempo havia ameaças de terremotos, ventos fortes e tempestades seguidas de erosões. Eram comuns as fundações profundas para fincar a construção em camadas de argila ou a rocha; as paredes e o reboco da casa duravam muito menos que os seus alicerces, portanto, quando uma casa estava muito velha era derrubada, mas, o alicerce era aproveitado para a reconstrução.

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    As portas

    Nas casas hebraicas, que eram pequenas, havia somente uma porta geralmente feita de madeira, não utilizavam dobradiças, eram presas em um caixa de pedras e se moviam facilmente, e apesar de serem pequenas e estreitas a sua soleira era sagrada e construída com muito cuidado; esta soleira era de pedra e durante a páscoa se passava sangue nela por causa da ocasião em que foram libertados do cativeiro egípcio. Nas regiões rurais, elas ficavam sempre abertas, mas na cidade aonde havia constantes perigos de furto possivelmente ela deveria permanecer fechada. Na ombreira da porta, ficava fixado o mezuzá, que era um tubo de metal ou uma caixinha que tinha um pergaminho contendo o texto de Deuteronômio 6:4-9, este trecho bíblico era chamado de Shema ou credo; o mezuzá é usado até hoje pelos judeus. O mezuzá tinha um orifício, pois quando o Shema era colocado dentro dele, era dobrado de tal modo que o termo todo-poderoso ficasse à vista através deste orifício. O

    propósito do Mezuzá era identificar a fé dos moradores daquela casa, e proteger a casa também, quando se saía ou entrava em casa era normal beijar os dedos e tocar no mezuzá. Havia fechaduras e chaves que eram imensas, as pessoas costumavam carregá-las penduradas no pescoço, também se trancava a porta com uma viga de madeira atravessada por dentro.

    As janelas

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Como a região do oriente médio é bastante quente as janelas da casa tinham o único objetivo da ventilação, e não iluminação, portanto, eram construídas no alto das paredes. A outra função da janela era de chaminé, portanto, havia sempre uma acima e na direção do fogão, eles não utilizavam vidraças embora já existissem. Apesar das casas serem escuras, nestas janelas ainda utilizavam um grade amento de madeira tipo uma persiana para controlar a entrada de luz, tais persianas eram fechadas em noites frias. Havia casas construídas sobre as muralhas da cidade, portanto suas janelas que eram altas em relação ao solo eram usadas também para fugas (2º

    Coríntios 11:33), o jovem Êutico que caiu do terceiro andar em Atos 20:9 deve ter caído de uma destas janelas.

    Paredes

    As paredes das casas hebraicas eram lisas e não podiam ter adornos, pois a lei mosaica proibia o uso de imagens.

    Em algumas sinagogas as paredes eram decoradas com imagens que retratavam passagens da história. As paredes ou eram construídas com barro seco ou com tijolos, estes eram fabricados em buracos no chão onde era prensado barro úmido com palha seca; após, os elementos misturados eram colocados para secar em formas de madeira, aonde o sol forte do oriente médio o secava rapidamente. Os oleiros faziam tijolos mais sofisticados para palácios de moradias mais ricas e estes tijolos além de possuírem estampas eram cozidos em fornos. A qualidade do tijolo variava muito de acordo com a fórmula, e os preços variavam proporcionalmente

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    também, os melhores tijolos tinham mistura de areia, cal e até gesso, o mesmo poderiam ter outros materiais melhores tais como betume ou piche. Depois de preparadas as paredes geralmente eram caiadas. Quanto pior era o material mais trabalho dava para conservá-la, pois, poderiam sofrer desgaste até mesmo como o vento, ou poderiam sofrer rachaduras ou até mesmo aparecer orifícios por onde animais poderiam entrar (Amos 5:19).

    Geralmente os hebreus davam mais atenção aos alicerces do que ao acabamento.

    Quintais

    Os quintais eram sem dúvida a parte da casa que a família mais apreciava o tamanho dele, o que possuía, e de que modo eram decorados variavam de acordo com a condição financeira da família, mas a maioria das casas tinha quintal pequeno. Geralmente era bastante utilizado pela família, um centro de atividades. Alguns eram calçados com ladrilhos, e a maioria deles possuía um poço, quem não possuísse, tinha de buscar água no Rio mais próximo. Pessoas mais ricas tinham água encanada e cidades mais sofisticadas tais como Cesareia e Tessalônica, possuíam uma ampla rede de esgoto.

    Pouquíssimas eram as casas que possuíam hortas e jardins, em sua maioria cultivavam apenas algumas folhagens. As plantações que deveriam suprir a necessidade da cidade eram feitas do lado de fora dos muros em hortas extensas, e Getsêmani, por exemplo, onde Jesus foi traído por Judas é uma plantação de oliveiras. Até mesmo tempo as refeições eram preparadas

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    no quintal antes de serem levadas ao fogão que eram de barro. As festas das famílias eram realizadas ali também; eles faziam fogueiras, tocavam instrumentos, dançavam e cantavam alegremente.

    2) Cidades e povoados

    Nos tempos bíblicos as casas não eram isoladas uma das outras a não ser que fossem em território agrícola, mas a grande maioria delas estavam agrupadas em povoados, sempre localizados próximos a nascentes ou rios, nos dias de Jesus Cristo havia aproximadamente 240 cidades somente na Galileia. Estes povoados eram bastante pequenos, não tinham sinagogas nem tribunais, Belém e Emaús são exemplos dessas cidades, já Nazaré pelo seu tamanho nem era considerada nas listas oficiais tanto dos judeus como dos romanos. Mesmo assim, muitos preferiam viver nestas cidades pequenas, pois havia a possibilidade de terem seu jardim ou horta em seu próprio quintal além de mais privacidade, além do que, quanto maior a cidade maior era o custo de vida. As cidades grandes eram geralmente cercadas com muralhas, Jerusalém é um exemplo de uma destas, estas muralhas tinham grandes portões, e o fluxo de pessoas durante o dia era muito intenso através dos mesmos, portanto, boa parte do comércio da cidade localizava nestes portões, ali os mercadores montavam seus negócios e contratavam funcionários. Por volta do primeiro século foi criada uma lei interessante que desobrigava a esposa de seguir o marido se este resolvesse mudar de uma cidade para um povoado e vice-versa por causa da mudança drástica de hábitos que sofreria.

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Hospitalidade

    A hospitalidade era uma característica marcante do povo judeu, sempre que chegava uma visita a uma casa judaica esta deveria ser recebida com toda atenção. Os seus pés deveriam ser lavados, coisa que geralmente é feito pela esposa do anfitrião, nas casas de pessoas mais ricas os escravos faziam isso. A maioria seguia à risca este tipo de tradição enquanto uma pequena minoria era realmente indissociável, a hospitalidade já estava tão arraigada na sociedade judaica que a generosidade entre eles era franca. Não receber uma visita era considerado paganismo (Lucas 16:19-25). Jesus mesmo nos ensinou que deveríamos abrir a porta de nossa casa para os pobres e aleijados (Lucas 14:13). Tudo o que a casa poderia oferecer deveria ser compartilhado com a visita, e alguns aproveitadores exageravam por causa desta liberdade. A hospitalidade parece ser um dos alicerces da fé tanto no judaísmo quanto no cristianismo. Todo forasteiro deveria ser recebido como amigo, e lhe deveria ser dado abrigo, alimento e roupa se fossem necessários.

    Algumas passagens do Novo testamento falam claramente sobre isso (Romanos 12:12; Tito 1:8; 1º Pedro 4:9), e até três epístolas inteiras do Novo Testamento são dedicadas a este assunto: Filemom, 2º e 3º João.

    O gesto de tirar o sapato ao entrar numa casa além de servir para não trazer sujeira para dentro da casa era uma preparação também para que seus pés fossem lavados.

    As barracas

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Na época dos patriarcas era comum a vida em barracas, eram acampamentos fáceis de montar e desmontar, pois eles constantemente viajavam de uma região a outra em busca de boas pastagens para os gados e ovelhas.

    Naqueles tempos até mesmo os homens que viviam nas tais tendas almejavam um dia habitar em residências fixas, morar em barracas não era algo desejável. Algumas passagens bíblicas usam as barracas com algum significado: 2º Pedro 1:13; 2º Coríntios 5:1-4. Os hebreus não tinham natureza nômade nem se habituavam a morar em barracas, mas desde o início a história deles vem sendo marcada por este tipo de habitação, antes mesmo de Abraão algumas pessoas já viviam em barracas, um personagem antediluviano Jabal foi o pai dos que habitam em tendas e possuíam gado (Gênesis 4:20), talvez ele tenha sido o primeiro nômade. As barracas ou tendas em sua maioria eram feitas com pele de animais costuradas umas às outras e estendidas sobre mourões de madeira, depois as pontas das tendas eram amarradas às placas fincadas no solo. Todos os mantimentos da barraca também eram armazenados em grandes sacos feitos com peles de animais, utensílios de cozinha, lâmpadas, almofadas, etc., e carregados em lombos de jumentos. A tenda sempre era armada em locais que pudessem oferecer sombra, água e pastagem para seus animais.

    Enquanto a vida em barracas era ruim e muito simples para alguns, para os patriarcas tal como o Abraão era bastante suntuoso, pois, ele era um homem muito rico e possuía muitos escravos e pastores, nada lhes faltava; de tudo tinham em abundância. Foi com a ida da família de

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    Jacó para o Egito que terminou a fase da vida em barraca por séculos, tal hábito só reiniciou com a peregrinação do povo hebreu pelo deserto, pois durante os 40 anos habitaram em barracas, e novamente chegou o fim, com a entrada na terra de Canaã sob a liderança de Josué. Em Jó 4.21, em algumas versões fala-se Deus arrancar a corda da tenda, você pode entender agora o que significa isto? Seria soltar toda a lona da tenda, cair tudo. Se a lona se soltasse poderia causar um incêndio por causa das lamparinas de azeite, assustar as pessoas, ou mesmo ser levada pelo vento. O apóstolo Paulo segundo o texto bíblico era fabricante de tendas, mas esta expressão na época não significava unicamente a fabricação de tendas, e sim era o modo de se designar o artesão que trabalhava com couro, portanto, Paulo além de tendas fabricava chinelos, bolsas, selas para carga ou montar, além de muitos outros utensílios. Na época de Paulo o povo habitava em casas fixas, mas a demanda por tendas era grande, pois eram usadas em festejos e ocasiões especiais, assim como hoje é divertido acampar em barracas, na época de Paulo também era diferente sair de suas casas fixas para habitar em barracas por alguns dias.

    Paulo, Áquila e Priscila viviam do ofício de fazer tendas

    (Atos 18:3). Paulo talvez não soubesse só trabalhar com couro, pois, ele era da cidade de Tarso, famosa pela produção do Cil icium, tecido feito com pelo de cabra.

    3) Família

    Durante todo o período bíblico de Gênesis a Apocalipse, a família sempre foi muito valorizada, isto foi tanto

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    [Teologia Sistemática], por [Marcus Vinicius Barbosa Pereira]

    influência da lei mosaica quanto dos ensinamentos de Jesus. O cenário mais natural para o judeu era a família constituída pelo pai, pela mãe e pelos filhos. O apóstolo Paulo ao descrever o relacionamento carinhoso que os crentes deveriam ter entre si usou a imagem da família em Gálatas 6:10. Mas estas famílias também tinham seus problemas assim como as atuais. Havia problemas de maus tratos, conflitos entre pai e filho em entre

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