Contos De Um Passado Distante
De Adrian Akar
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Contos De Um Passado Distante - Adrian Akar
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 1
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 2
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
A Última Fronteira – Contos de um Passado distante...
Este sexto livro da Saga é uma coletânea de pequenos Contos que descreve eventos da vida de
Patrícia Allison, a Princesa Guerreira
, antes e depois de sua ida com seu amado, para o
Império Torgaydesin. Curtas histórias sobre seu cotidiano que, em sua maior parte, não são
narradas nos livros principais que compõe o conjunto da Saga A Última Fronteira
.
Prólogo...
Meu nome é Atalanta
, significa A Grande Mãe
para o povo a quem dei origem junto com
meu amado, há tantas eras que hoje me é difícil recordar...
Não somos humanos, embora deles tenhamos nos originado e a eles nos assemelhemos
fisicamente e de várias maneiras. Somos mais que humanos, sua evolução a um plano superior
em todos os sentidos e, ao longo de milhões de anos, temos povoado galáxias em paz. Somos
um povo longevo e não muito prolífico. Vivemos uma vida simples e natural, mais voltada para
o desenvolvimento do espírito. Não temos tecnologia, pois não precisamos mais dela.
Podemos nos comunicar através do pensamento por distâncias ilimitadas, assim como nos
movermos através do espaço quando desejamos, sem barreiras físicas ou limites de tempo...
Já respondi por muitos nomes em minha vida. Não sei se um dia morrerei como já morri e
renasci tantas vezes. Meu povo me considera uma Deusa
, uma Imortal
, mas eu sei
perfeitamente quais foram minhas origens num pequeno mundo distante de uma galáxia
pertencente a um singelo Universo deste Multiverso sem fim, uma galáxia que não existe mais,
assim como não existem mais os humanos de quem, um dia, evoluímos.
Hoje aqui estou, sentada nesta pequena praia isolada de um mundo selvagem. A aldeia onde
vivo e onde meu amado aguarda a minha volta não fica sequer neste planetinha inexplorado,
mas eu quis vir aqui atraída pelo encanto de sua beleza primitiva, para refletir e recordar,
recordar um tempo em que respondi pelo nome de Patrícia, a Princesa e depois Imperatriz
Guerreira, pelo nome de Izabella, a Peregrina, em cujo corpo me fundi com minha filha
Harmina, a Grã Sacerdotisa, e com minha neta Yellanta, a Abençoada, e, desta forma, vaguei
por mil mundos por milhares de anos até reencontrar o homem a quem sempre amei e, com
ele, evoluir para esta forma transfigurada de corpo que momentaneamente minha alma e
minha mente habitam.
Durante milênios transferi meus pensamentos e vivências em livros e outros meios de
armazenamento de memória, repassando minha experiência para as gerações futuras. Agora,
simplesmente gravo as imagens e recordações que povoam minha mente para o registro
Akástico, deixando-as à disposição de todos os seres dotados de inteligência e evoluídos o
bastante para acessá-las...
O que conto aqui são trechos de lembranças, de fatos que vivi quando ainda humana, nascida
num planeta chamado Terra, numa galáxia que já não existe mais e que os humanos batizaram
como Via Láctea. Mas essa é minha história. A história de uma jovem chamada Patrícia Peary
McCoist Allison que se tornaria a Senhora da Guerra do Império Torgaydesin, sua salvadora e
destruidora, Halli
, sua Deusa
Imortal!...
----------XXX---------- 20/04/2018
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 3
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
Notas do Autor:
A Saga A Última Fronteira
foi idealizada como uma especulação sobre nosso distante
passado e sobre nosso ignoto futuro como espécie sapiente.
Nossa História Oficial
nos remete, quando muito, a 5 mil anos AC (ou AEC). Estudos
especulativos, ainda que apoiados em bases científicas, nos levam a datas como 8 ou 9 mil
anos AC. A partir daí, caímos no domínio do Mítico, das Lendas povoadas por povos,
civilizações e continentes perdidos como Atlântida, Mu ou Z, mas a verdade é que sabemos
muito pouco sobre um tempo
que alguns estudiosos costumam chamar de Proto-História,
algo situado entre 100 mil e 15 mil anos AC. Um período de tempo mais do que suficiente para
a evolução e destruição de pelo menos 5 civilizações tecnológicas iguais à nossa atual, não nos
esquecendo de que nossa atual capacidade cerebral já se encontrava presente em homens
considerados Sapiens há, pelo menos, 300 mil anos!...
Para trás, estende-se a Pré-História com os Cro-magnons, os Neandertais, os homens de Java,
Pequim, hábilis, Gigantropos e o que mais a especulação científica nos permite conjecturar
com base em provas
frágeis, recuando de 3 a 6 milhões de anos no tempo. Muito tempo,
mas um nada diante dos 4,5 bilhões de anos de existência de nosso Sistema Solar, que dirá
frente aos 14 ou 15 bilhões de anos deste Universo como o conhecemos, talvez apenas um de
miríades, filhos de um Multiverso cuja idade talvez se prolongue por toda a eternidade...
É com base nestes ignotos períodos, perdidos nas brumas dos tempos, que tomam forma
teorias como a dos Deuses Astronautas, Civilizações Reptilianas evoluídas a partir de
Dinossauros, ETs e muito mais, em sua maior parte, sem a menor base científica que as
sustente.
Embora minha própria formação seja extremamente científica, sou um apaixonado por
Cosmologia, uma ciência altamente especulativa, desde adolescente, obcecado pelo "como e
por que" o Universo surgiu e evoluiu até sua forma atual. Além disso, sempre nutri um grande
interesse pela história, notadamente pela História Militar Contemporânea , pela pré-história e
pelo estudo das religiões comparadas, analisadas sob a ótica de um ceticismo respeitoso, uma
vez que sou um Agnóstico-Teísta consciente. Como costumo afirmar, Deus, (O DEUS!) para
mim é um fato por uma simples questão de Lógica, não de Fé.
Este conjunto aparentemente eclético de interesses que pode ser resumido num único foco;
"qual a razão da existência da humanidade e qual o seu objetivo dentro da obra universal
(ou da totalidade da obra de Deus (O DEUS!)" , o que, associado a uma facilidade realmente
grande que sempre tive para expor minhas idéias em Estudos e Trabalhos de natureza
científica e especulativa, foi o que me levou a escrever ficção. Meus primeiros ensaios nesse
campo são da década de 1970 e meu primeiro livro publicado de meados da década de 1980.
Seguiu-se um hiato de mais de 20 anos em que me limitei a coletar dados e informações para,
após minha aposentadoria em 2011, investir toda a minha energia em minhas pesquisas sobre
história militar e em escrever ficção como puro diletantismo, por puro lazer!
Quando jovem, fui para o desespero de minha pobre mãe, um aventureiro... Cacei, mergulhei,
escalei montanhas, disputei rallys 4x4 em areia e lama, em resumo, fui uma peste!
RSRSRSRSRS!
Aprendi os rudimentos do Kendô e de seu código de conduta, o Bushidô assim como a usar
uma arma de fogo mal completei 8 anos! Deixei a casa de meus pais no interior aos 15 anos
para completar meus estudos, sonhando em voltar um dia para as praias paradisíacas de
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 4
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
minha infância e adolescência, mas só consegui fazê-lo durante os curtos períodos de férias
escolares e, mais tarde, profissionais.
Sou um apaixonado pelos grandes espaços abertos, cada vez mais raros neste sufocante
mundo civilizado
!... Somente quem viveu esta amplidão de horizontes selvagens, que podem
ser percorridos ao longo de dias sem que se aviste uma única alma humana, sabe do que estou
falando. Estou falando de longas praias virgens, da amplidão do cerrado, do pampa, do
pantanal, das serras recortadas por rios e cachoeiras de águas límpidas, das lagunas e ilhas
selvagens, dos lençóis em sua plenitude de vida após as grandes chuvas, das savanas, arma em
punho, mochila nas costas, embornal no ombro, caçando e pescando seu próprio sustento,
dormindo sob o manto do céu coalhado de estrelas! Eu tive a felicidade de viver isso!
Sou, igualmente, apaixonado pelos assim denominados locais misteriosos
, pelas ruínas
desertas de antigas ocupações humanas como Tiahuanaco, Machu Pichu, Puma Puncu,
Stonehenge, Mohenjo Daro, Harappa e outros tantos locais que ainda estão por ser
descobertos e que respiram nossa proto-história!...
A Última Fronteira
é um pouco disso tudo. Uma tórrida história de amor, romântico que sou
e sempre fui, que se desenrola juntamente com a evolução de nossa raça cuja verdadeira
história vai sendo, pouco a pouco, descoberta por sua linda e corajosa protagonista, partindo
de um passado ignoto que respiga de textos antigos como os Vedas Indus, a Epopéia de
Gilgamesh, as tradições Tibetanas e Indígenas e a própria Bíblia Hebraica, até a evolução final
do ser humano, 10 mil anos depois de iniciada a narrativa, transmutado em algo mais que
humano, um novo passo da humanidade rumo ao projeto final da entidade onipresente e
onisciente à qual, na falta de nome melhor, denominamos DEUS
(ou Deusa
, quem sabe?).
Espero, sinceramente, que este novo livro lhes dê o mesmo prazer em lê-lo que me deu ao
escrevê-lo e que as especulações que coloco sob o crivo de meus leitores possam, um dia,
abrir o caminho para a descoberta de nossa verdadeira história
! Até lá, não custa sonhar!...
Abraços e... Até nossa próxima aventura!
Adrian Akar.
----------XXX----------
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 5
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
ÍNDICE:
Capa
001 a 001
OK
Sinopse
002 a 002
OK
Prólogo
003 a 003
OK
Notas do Autor
004 a 005
OK
Índice
006 a 006
OK
I-A Visita
007 a 013
OK
II-A Entrevista
014 a 032
OK
III-Adolescente
033 a 041
OK
IV-O Primeiro Amor
042 a 047
OK
V-No MIT
048 a 051
OK
VI-As Irmãs
052 a 059
OK
VII-Expedições Arqueológicas
060 a 067
OK
VIII-A Terraformação de Vênus
068 a 074
OK
IX-A Descoberta de SIRION
075 a 080
OK
X-Kastur, berço dos Castamir
081 a 089
OK
XI-Os Saureanos
090 a 092
OK
XII-Os Orotay
093 a 096
OK
XIII-OS Anunnakis
097 a 099
OK
XIV-A história da SAF (Special Attack Force)
100 a 102
OK
XV-Na Austrália-A Reserva
103 a 117
OK
XVI-A vida em Thikchis
118 a 122
OK
XVII-Aryon-Centro do Poder
123 a 127
OK
XVIII-Duquesa Imperial
128 a 143
OK
XIX-O Pedido do Hirkull
144 a 158
OK
XX-O Juramento da Saydina
159 a 167
OK
XXI-Vivendo na Corte
168 a 172
OK
XXII-O Desafio à Guardiã
173 a 175
OK
XXIII-A Batalha do Paço Imperial
176 a 179
OK
XXIV-A morte de Karina
180 a 183
OK
XXV-A misericórdia de uma Princesa
184 a 198
OK
XXVI-Izabella – A Peregrina
199 a 204
OK
XXVII-O Despertar
205 a 232
OK
Anexos
233 a 250
OK
Referências
251 a 252
OK
Bibliografia
253 a 254
OK
Linha do Tempo
255 a 259
OK
Sobre a Princesa
260 a 261
OK
Imagens
262 a 265
OK
Contracapa
266 a 266
OK
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 6
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
01-A visita... (Se passa quando Patrícia, aos 27 anos, está há 4 meses em Thikchis)
Dorbay partira havia uma semana e, como sempre fazia quando ficava sozinha, Patrícia
dedicava-se à sua rotina diária de exercícios, mal o grande sol vermelho-alaranjado de Thikchis
surgia no horizonte.
Depois de um rápido e revigorante mergulho no lago que circundava seus aposentos pessoais
no alto do Castelo da Montanha, ela ia para o caramanchão, que Dorbay mandara construir na
forma de uma pequena casinha, munida de todos os seus apetrechos de pesquisa e suas
armas, entre elas, sua inseparável Kataná Samurai, Sairento Shi
.
Ela preferia ficar ali, naquele pequeno e aconchegante refúgio pessoal do que ocupar os vastos
aposentos do casal que, na ausência do amado, lhe pareciam tristes e opressivos...
Quietinha em seu casulo
, ela se refugiava na rotina para preencher o tempo e mitigar a
saudade. Já estava no Império há 4 meses e pouquíssimas haviam sido as vezes em que
deixara Thikchis, apenas uma, logo de início, para ser apresentada por Dorbay ao Imperador
como sua Saydina
, sua preciosa, sua escolhida...
Quando seu amado Senhor retornava de suas rondas pelos domínios imperiais, eles
costumavam passear juntos pelas aldeias que se espalhavam nos arredores do castelo ducal,
mas, embora ele não a proibisse, ela dificilmente deixava os espaçosos aposentos do alto do
castelo durante a ausência dele, ao mesmo tempo um refúgio seguro e uma prisão voluntária
sufocante para alguém que, como ela, amava os imensos espaços abertos selvagens como os
que evoluíam no entorno da impressionante fortaleza escavada na rocha sólida.
A exceção de uns poucos serviçais de confiança do Príncipe Imperial e Grão Duque de Guerra,
ninguém circulava no topo do castelo que abrigava uma guarda selecionada de mais de 2 mil
homens sob as ordens diretas do Duque de Trandiz, Altmer, braço direito do Príncipe que
velava, a uma cerimoniosa distância, pela vida e segurança da escolhida
.
Porém, este seria um dia diferente e inesperado!...
Era meio da manhã e Patrícia se encontrava absorta na análise dos resultados de um modelo
que construíra em um de seus computadores portáteis quando a presença da irmã do Príncipe
lhe foi anunciada por uma de suas atendentes...
Como a maioria dos criados diretos ela pertencia à nobreza menor. Era uma bela mulher de
aparência jovem e fresca, mas isso era algo que podia não significar muita coisa numa
sociedade onde os membros da nobreza nasciam de úteros artificiais para os quais seus fetos
eram transplantados de suas mães aos três meses de gravidez, sendo submetidos a um
tratamento de longevidade que lhes permitiria viver por 1500 a 2000 anos (de 4 a 5 mil anos
no caso dos membros da Família Imperial) com uma aparência de eterna juventude, 15 anos
para as mulheres, 20 para os homens, aparência que permaneceria inalterada até o final de
suas longas vidas quando envelheceriam rapidamente...
Patrícia fitou a aparentemente jovem mulher com delicadeza. Era uma das poucas que não
deixavam claramente exposta sua aversão por aquela estrangeira, aquela Terraran
como os
povos da Federação eram pejorativamente chamados, que enfeitiçara o coração de seu amado
Príncipe.
- Malina? O que está acontecendo?...
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 7
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
- Sua Alteza, a Princesa Imperial Yasmella, está aqui e deseja vê-la, Saydina
... – retrucou a
mulher de idade indefinida com uma entonação de respeito forçado na voz.
- A irmã de meu Senhor está aqui?! – retrucou Patrícia espantada levantando-se.
Esta era uma das atitudes da jovem Saydina
(A que é Preciosa aos olhos do Senhor) que
despertavam o espanto e a irritação de suas atendentes. Criada na liberdade de costumes da
Velha Terra
, ela não tinha pudores em demonstrar seus verdadeiros sentimentos, tais como
surpresa, irritação, devoção, numa sociedade regida por atitudes controladas e dissimuladas
como a da Nobreza do Alto Archontiá.
Patrícia pôs-se de pé, ajeitando suas vestes de ginástica, um curto short de lycra e um top
cavado. Pediu à atendente que lhe trouxesse, rapidamente, uma roupa mais adequada e
calçou as curtas sandálias de couro em estilo grego que deixavam à mostra seus delicados pés,
pequenos fetiches, objetos de adoração do amante. Penteou os negros cabelos cortados no
estilo Channel, padrão das oficiais da Federação que ela insistia em manter e que, igualmente,
contrastava com os longos cabelos das mulheres da nobreza, fitando o rostinho perfeito que a
mirava no reflexo do espelho, o narizinho levemente arrebitado e os impressionantes olhos
azuis da cor do céu emoldurados por suas sobrancelhas negras!...
A jovem saiu para o gramado florido que cercava o pequeno caramanchão no exato momento
em que a Princesa e sua acompanhante, uma poderosa amazona imperial se aproximavam.
Obedecendo ao protocolo que conhecia bem, pois antes de deixar seu planeta natal estudara
longamente os costumes e a etiqueta imperial, fez uma respeitosa saudação para as duas
mulheres que caminhavam ao seu encontro...
- Minha Princesa... – disse, curvando levemente a cabeça, diante da imponente figura de
mulher que se acercava dela. Yasmella era alta e de talhe esguio e, embora não
particularmente bonita, era uma figura imponente, um perfeito exemplo da arrogante nobreza
imperial. Era a primeira vez em que se encontravam. Patrícia sabia que ela era a irmã mais
querida de seu amado Senhor, faria de tudo para não desagradá-la. Além disso, era a
responsável pela direção da Casa das Ciências
à qual Patrícia ansiava pertencer!...
- A paz da Deusa
esteja contigo, Saydina
... – proclamou ela, entoando o mantra protocolar
de forma gentil – Sinta-se à vontade, jovem amada de meu dileto irmão. Nossos caminhos se
cruzaram e ele me falou muito sobre você e seu desejo de integrar-se à Casa das Ciências
que dirijo. Estive com nosso pai em Aryon e decidi vir conhecê-la pessoalmente...
- Minha Princesa, - principiou Patrícia tímida - é uma honra! Por favor, não repare em meus
trajes ou na recepção simples, quando fico sozinha eu me dedico ao exercício das armas e às
minhas pesquisas para matar o tempo e...
- Sinta-se à vontade, pequenina, - ela insistiu... Yasmella era bem mais alta do que Patrícia que
mal tinha 1,65 de altura e sua companheira era uma gigante musculosa de mais de 1,90
metros – esta é sua
casa... – a orgulhosa Princesa observou com um sorriso amistoso que fez
Patrícia relaxar. Ela estava ali, aparentemente para conhecê-la e não para julgá-la...
- Por favor, Princesa, milady, - acrescentou, dirigindo-se pela primeira vez para a imponente e
silenciosa figura marcial que acompanhava a princesa – querem vir para a sombra de meu
caramanchão ou preferem os aposentos...
- Esse é, como você mesma disse a pouco, - interrompeu-a a Princesa – seu cantinho
?
Gostaria de conhecê-lo se me permitir...
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 8
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
- De... Decerto, alteza... A Senhora e sua acompanhante... – Patrícia hesitou pois ainda não
haviam sido apresentadas.
- Minha companheira de compromisso, Lady Akeston, primeira filha de Lord Kanter, Duque de
Calatar. – apresentou a Princesa com um sorriso mais do que revelador da intimidade de
ambas.
Patrícia a cumprimentou com uma leve mesura e depois, por um hábito de infância, estendeu
a mão à imponente mulher que a fitou um tanto surpresa.
A Princesa riu...
- É um antigo costume Terraran
, Vallis, os Terrarans
são um povo guerreiro e é costume
apertarem a mão de armas em cumprimento como prova de suas intenções pacíficas quando
se encontram com um estranho!...
A poderosa guerreira franziu o sobrolho, mas estendeu a mão forte e calejada à jovem
Saydina
cuja mão era quase metade da sua...
- Saydina
... – e acrescentou; - Soube que é uma grande guerreira entre seu povo...
- Não necessariamente uma guerreira por opção, milady. – respondeu Patrícia com suavidade
– Entre o meu povo é um padrão que todos, homens e mulheres, recebam treinamento militar
quando atingem a faixa dos 20 anos. No meu caso e no de pessoas que possuem educação
superior, a prestação do serviço se dá após a última graduação ou pós-graduação. Eu concluí
meu PhD aos 24 anos e alistei-me como voluntária na Força Especial de Assalto, SAF na língua
franca da federação (Special Attack Force). Servi até os 27 anos quando concluí meu período
de convocação.
- Foi na época em que consta que lutou em Sirion?
- Foi... Se estou viva agradeço ao Príncipe Dorbay que me agraciou e aos 7 sobreviventes de
meu grupo com os recursos da Casa da Vida
. Não fosse isso eu hoje estaria morta ou
inválida. A Federação não possui os recursos médicos do Império, milady.
- Foi como conheceu meu irmão? – foi a vez da Princesa indagar...
- Não, minha Princesa, na verdade ele veio a saber de minha existência antes que tivéssemos
nosso primeiro contato quando ele me presenteou com esta adaga de auto-imolação que
sempre trago comigo. Foi durante as festividades em que eu e meu comando fomos
homenageados na Academia da SAF. Dias depois eu fui sua interprete na reunião com o
Conselho da Federação.
- Mas, que eu saiba, meu irmão fala fluentemente sua língua franca?...
- Sim, alteza, e com quase nenhum, sotaque, mas numa reunião Oficial como aquela é parte do
protocolo que haja tradutores simultâneos para que não se corram riscos de má interpretação.
Eu fui sua tradutora juramentada como Oficial da SAF.
- Você fala Galático perfeitamente, isso é mais do que fato...
- Meu sonho era completar meus estudos na Casa das Ciências
, minha princesa, passei mais
de 8 anos estudando seus costumes e sua linguagem. Tenho facilidade com idiomas, um traço
que herdei de minhas falecidas mãe e avó...
- Dorbay me disse que você é de linhagem Nobre entre seu povo...
Guilherme A D Pereira – Adrian Akar - EDA-049010-2\6 9
A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
- É verdade, alteza. Descendo de um tradicional Clã Escocês, mas títulos nobiliárquicos
significam muito pouco entre meu povo se não vierem acompanhados de fortuna. Meu Clã
nunca foi uma força financeira até que meu avô materno se destacou nos negócios e
enriqueceu, seguindo, depois, uma carreira política bem sucedida que o levou a 1º Ministro da
Federação. Algo, mal comparando, como um Imperador entre nós, mas com mandato
determinado. Ele foi 1º ministro da Federação por 20 anos, até que se aposentou e passou a
dedicar-se à exploração de locais históricos com minha avó. Foi um grande mentor, um grande
amigo e um grande mestre. Foi quem me ensinou as técnicas do Kendô e a filosofia de honra
do Bushidô, o Caminho do Guerreiro
. Mas... Como disse, não sou uma guerreira por
profissão. O que aprendi sobre o uso de armas foi para defesa pessoal. Nos tornamos uma
família rica e poderosa, por isso, muito visados. Ele fez o mesmo com todos os filhos, filhas e
netos. Contudo, fui a que mais me dediquei, por isso, ao fim da vida, ele me tornou guardiã de
sua Espada de Honra
!...
- Uma bela história, jovem Saydina
, observou a poderosa guerreira acompanhante da
princesa com admiração a transparecer na voz.
- Meu avô foi meu exemplo de vida, milady. Foi por causa de sua influência que me alistei na
mesma Força Especial em que ele serviu quando jovem. Queria que ele se orgulhasse de mim.
Não fazia idéia do que era a guerra... A dor, a violência, a crueldade, a miséria!... Eu só via a
aventura, o heroísmo, agora sei um pouco mais!...
- Falou como uma verdadeira Amazona, pequenina Terraran
. Será um prazer e uma honra,
um dia, trocar experiências de armas com você! – retrucou a poderosa guerreira com um
sorriso aparentemente sincero.
- É um desafio que espero poder honrar, milady, mas não creio que eu seja páreo para uma
Amazona Imperial! – respondeu Patrícia igualmente com sinceridade.
- Não seja modesta, pequenina, sei que matou mais de 20 Saureanos com essa espada em seu
último combate!
- Honestamente, milady, eu só tentava sobreviver! E, para falar a verdade, não estava
contando... Foi uma coisa terrível! Não gostaria de passar por isso novamente!
- Não creio que a Saydina
do Hirkull
tenha que, algum dia, tomar armas novamente para
defender sua vida...
- Assim espero, milady, Mas é sempre bom manter-se prevenida, - observou Patrícia com um
sorriso torto – por isso treino diariamente, nunca se sabe, milady!...
- Aquela é sua famosa espada? – indagou Vallis apontando para a Kataná exposta sobre um
suporte.
- Sairento Shi
! – respondeu Patrícia com indisfarçado orgulho.
- Sairento Shi
... – observou a Princesa com visível curiosidade – Uma espada com nome, uma
espada de tradição... O que significa?
- É japonês antigo, minha Princesa, uma língua morta de um povo guerreiro da Velha Terra
,
significa Morte Silente
, foi projetada para cortar o ar sem emitir qualquer som. É uma arma
mortal criada para um Clã de assassinos Ninjas que foi deles tomada por um grande guerreiro
Samurai há mais de 1000 anos e que vem sendo passada desde então a guardiões e guardiãs.
Eu fui a última a receber tal honra e me caberá escolher, no momento certo, minha sucessora
ou meu sucessor!...
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A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
- Impressionante! – observou a Princesa admirada – Podemos vê-la?
- Claro, minha Princesa... – retrucou Patrícia removendo a espada do pedestal e retirando-a da
capa de veludo grená recoberta de caracteres e signos nipônicos. Ela, cuidadosamente, abriu a
bainha de bambu laqueado do mortal instrumento de guerra, até expor um terço da lâmina
negra onde se destacavam caracteres escritos em prata lavrada logo após o longo punho...
- O que significa? – perguntou Vallis, a Amazona, já não conseguindo mais conter a
curiosidade, os olhos brilhantes de cobiça pela arma perfeita que tinha diante dos olhos!
Patrícia retirou toda a lâmina de sua bainha e fez um pequeno corte cerimonial em seu polegar
esquerdo, deixando que o sangue escorresse pela lâmina...
- Esta é Sairento Shi
, - pronunciou – que não pode ser empunhada sem honra nem
embainhada sem que o sangue sobre ela seja derramado! Como sua guardiã eu derramo meu
sangue em paz para que nenhum outro sangue corra sobre sua lâmina neste dia!
Depois, exibiu um dos lados da espada e traduziu:
- Viver sem temor
...
Voltou o outro lado e completou:
- Morrer com honra
!...
Ante o silêncio das duas mulheres, completou:
- Este é o juramento de seus guardiões... Passado por gerações até a mim que jurei cumpri-lo
para ter o privilégio de empunhá-la...
E ofereceu o punho da espada à Princesa que deu lugar à Amazona...
- Linda! – exclamou Vallis admirando-a, sentindo seu peso, seu equilíbrio perfeito! – Um
trabalho admirável, Saydina
! Eu conheço a história das espadas japonesas, o estudo das
armas brancas é um passatempo meu. Creio que ela tem outra lâmina se é uma espada
Ninja?...
- Sim, milady... – respondeu Patrícia tomando-lhe a arma com desenvoltura e acionando um
discreto botão que fez saltar a lâmina oculta no punho – Elas eram, normalmente, embebidas
num veneno mortal, mas esta não o é mais desde que passou a servir aos guardiões!...
Patrícia recolheu a lâmina e entregou novamente a espada a Vallis...
- Forjada em sangue? – esta indagou apreciando a lâmina negra.
- Assim reza a tradição...
- Como?... – indagou Yasmella assustada.
- Estas espadas antigas eram forjadas manualmente e para atingirem sua têmpera perfeita
eram enterradas em brasa no corpo vivo de prisioneiros de guerra, minha Senhora, -
respondeu Vallis à pergunta de sua escandalizada companheira – Correto, Saydina
?
Patrícia aquiesceu... – Era uma forma de fixar o nitrogênio e dar têmpera ao aço. Um costume
antigo e bárbaro, mas eficiente... – completou.
Yasmella deixou escapar um rápido arrepio de nojo...
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A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
- Nossa! Vocês guerreiras!... Vallis, é melhor deixar que nossa anfitriã guarde sua espada!
A poderosa Amazona devolveu a kataná a Patrícia que a recolocou na bainha e a revestiu com
sua capa de veludo, depositando-a sobre o pedestal.
- Vamos para o caramanchão? – perguntou procurando trocar o foco do assunto – Vou pedir
refrescos e alguns tira-gostos... Malina?
- Sim, Saydina
? – apressou-se a responder a atendente agora visivelmente assustada.
- Por favor, nos traga alguma coisa...
A mulher apavorada com a sangrenta história de Sairento Shi
saiu em disparada como se
houvesse recebido a mais ríspida das ordens!...
- Não reparem a bagunça, por favor, - continuou Patrícia - estava simulando alguns estudos...
Yasmella aproximou-se dos pequenos computadores em cujas telas evoluíam equações e
desenhos de wormholes...
- Você os programou?
- Sim, minha Princesa...
- Incrível! Dorbay tinha me falado sobre as técnicas que você domina, mas meu irmão não é
um homem de ciência. Em que você se baseou?
- Em meus estudos para obtenção de meu PhD, minha princesa, eu tive de estudar
profundamente modelos de simulação matemática. Era como pretendia ganhar a vida antes de
conhecer seu irmão, meu amado Senhor!...
- Guerreira, cientista e, sem sombra de dúvida, uma linda mulher! – observou Yasmella – Agora
compreendo perfeitamente o que em você despertou tanto o desejo de meu querido e
insaciável irmão, pequenina Terraran
! O que sabe sobre os Portais
que utilizamos para a
transferência entre mundos?
- Muito pouco, minha princesa, mas acredito que sejam pontes Einstein-Rosen, como
denominamos os wormholes, e que evoluam sobre uma malha de Linhas Ley.
- Conhece a teoria das linhas de força?
- Um pouco... Acredito que são a chave do funcionamento dos Portais
, estou certa, princesa?
Yasmella procurou disfarçar seu crescente embaraço...
- Precisamos conversar mais sobre isso, Saydina
. Vou pedir que Dorbay a leve à "Casa das
Ciências" da próxima vez que forem a Arion.
- Aguardarei ansiosa por esta oportunidade, minha princesa. – retrucou Patrícia visivelmente
entusiasmada.
Pouco depois as atendentes, encabeçadas por Malina, chegavam trazendo uma mesa de
petiscos e refrescos geladinhos, apressando-se em servir a Saydina
e suas Nobres
convidadas.
Seguindo o protocolo mais uma vez, Patrícia ofereceu à princesa uma bandejinha de fina prata
para que ela escolhesse ao acaso entre as iguarias e bebidas, as quais a jovem anfitriã provou
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A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
uma a uma para certificar de que não havia risco de envenenamento. Simples praxe, uma
referência a tempos antigos. A própria Patrícia já fora imunizada, inclusive, contra o mortal
veneno que embebia a lâmina de sua adaga de honra que ela costumava portar no antebraço
esquerdo, o primeiro presente de seu amado Senhor, uma arma in extremis
para auto-
imolação de mulheres guerreiras, evitando sua eventual captura e violação...
Depois, as três damas ficaram ali, entretendo-se e conversando... Patrícia pediu que fosse
trazido seu violino e tocou uma rápida seqüência de seu repertório celta para as duas damas
admiradas que permaneceram com ela até o fim da tarde.
Pouco antes de se despedirem, chegou a notícia de que Dorbay retornaria na manhã seguinte,
o rosto transfigurado de felicidade de sua Saydina
entregando seu absoluto
contentamento!...
A pequena nave da princesa imperial deixou o hangar do castelo e rumou para o Portal
do
principal espaço-porto de Thikchis e Yasmella ordenou aos pilotos que voassem ao longo da
praia até um promontório distante algumas milhas...
- É artificial... – comentou com Vallis.
- Artificial?
- Está sendo construído em segredo por ordens de Dorbay... Sobrevoem a extremidade –
ordenou aos pilotos.
A nave pairou sobre uma imensa estrutura circular em obras que crescia a olhos vistos...
- O que é isso, afinal?
- Uma réplica perfeita do castelo do avô de nossa Saydina
na Velha Terra
. Dorbay mandou
construí-lo como um presente para que ela sinta menos saudades de casa. Será uma cópia
perfeita em cada detalhe!...
- Nossa! Parece que a Terraran
conquistou, mesmo, o coração de nosso Príncipe!
- Precisamos parar de nos dirigir a ela assim... – corrigiu a princesa divertida, aconchegando-se
no colo da amante – Parece que Dorbay está disposto a assumir uma união de compromisso
com ela, até mesmo uma união pelas Shandias
!...
- Uma plebéia usando as Catenas de Juramento
?! – retrucou Vallis escandalizada.
- Não tão plebéia assim... Além disso, sei que suas origens estão sendo meticulosamente
investigadas. Uma pesquisa em documentos muito antigos está sendo efetivada na "Casa dos
Registros" por uma ordem direta do Imperador, atendendo a um pedido de meu irmão. Ela
pode ser uma descendente distante dos Castamir
!
- Do Clã Perdido
?!
- Talvez...
- Nossa! As coisas vão incendiar-se no Archontiá! – exclamou Vallis com um sorriso irônico e
divertido – E se isso for confirmado?...
- Podemos ter visitado a futura Princesa Consorte do Hirkull, minha querida... Talvez nossa
futura Imperatriz!
----------XXX---------- 23/02/2018
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A Última Fronteira – Contos de um passado distante...
02-A Entrevista : (Se passa na Terra quanto Patrícia está para completar 300 anos)
- Olá Amigos! Muito bom dia! Este é o seu Canal Sensorial 3D 121, sou Trevor Goldman,
trazendo as principais notícias deste início de manhã!...
A repórter acompanhou a fala mais do que decorada do conhecido apresentador um com meio
sorriso torto... Logo ele iria convocá-la e ela revisou mais uma vez o texto do teleprompt à sua
frente de forma rápida...
- E com vocês nossa repórter de campo Silvia Lovet! Silvia?
- Estou aqui, Trevor, bom dia!
- Bom dia, querida, como está o vôo?
- Perfeito, Trevor. Um pouquinho de turbulência quando nos aproximamos da costa, mas já
passou, um vôo perfeito até aqui.
- Pode nos dar uma visão geral?
- Claro!... Takeda, uma geral para nossos expectadores...
O câmera acionou os controles enviando imagens panorâmicas da costa selvagem que os
cercava enquanto a repórter ia descrevendo a paisagem abaixo deles...
- Estamos nos aproximando do espaço-porto da Reserva de Lord Patrick Peary McCoist no
nordeste do continente australiano. Devemos pousar dentro de 10 minutos no máximo. Dali
prosseguiremos por terra até o istmo que separa o continente da Ilha do Farol
. Lá uma
embarcação fretada nos levará a nosso destino final, a residência Oficial
dos Príncipes
Imperiais em nosso mundo!... Vejam, o espaço-porto! Que lindo! Takeda, diga ao piloto para
dar uma volta sobre o complexo antes de pousarmos!
Abaixo, estendia-se a longa pista ladeada por complexos hoteleiros de alto luxo, resorts onde
turistas de alto poder aquisitivo podiam desfrutar de praias paradisíacas totalmente isoladas
da realidade selvagem que os cercava!... Mais ao fundo, os Centros de Pesquisa com seus
alojamentos em forma de bangalôs... Pequenas naves de cruzeiro, aviões anfíbios e
helicópteros iam e vinham dos mais diversos cantos da Reserva
, alguns rigorosamente
protegidos como as preciosas praias onde as colônias de estromatólitos, primeiros sistemas
organizados de vida detectados na Terra e responsáveis pela formação de sua atmosfera de
oxigênio, ainda sobreviviam...
O helicóptero pousou numa parte isolada da pista onde veículos de traslado já esperavam a
equipe de reportagem. Deixaram o espaço-porto por um discreto portão de serviço e tomaram
uma silenciosa estrada deserta, cuidadosamente asfaltada, ladeada por casuarinas cuja
folhagem viçosa assoviava à brisa suave da manhã fresca...
- Tudo pronto? – perguntou a repórter denotando certa ansiedade ao dirigir-se ao resto da
equipe - Lembrem-se, sigam