O salvador de almas
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Sobre este e-book
Jack, um ser sombrio e sinistro cujo rosto aterrorizante estava deformado por uma velha cicatriz, esperava sob uma chuva torrencial. Sua mente perturbada por lembranças dolorosas de sua infância violenta o atormentava. Ele ficou imóvel perto de uma cabine telefônica na avenida Hamel, em Quebec. Um raio rasgou o céu, lembrando-o de sua missão, uma promessa de muito tempo atrás que ele agora queria manter. Sabia que o caminho para a redenção estaria repleto de armadilhas, mas nada poderia detê-lo. Ele tinha que fazer isso, não apenas para si mesmo, mas para encontrar uma paz interior. Para salvar essas pessoas que venderam suas almas ao diabo, ele se tornaria o salvador de almas. Ele entrou na cabine telefônica e digitou o número do cafetão. Ele precisava de uma garota, uma garota muito jovem.
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O salvador de almas - Sylvain Gilbert
Sylvain Gilbert
O salvador de almas
© Spiritus Tremens
Este livro é um trabalho de ficção; qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é mera coincidência.
––––––––
Revisão e correção : Geneviève Bossé
Capa, fotografia e diagramação : Sylvain Gilbert
Foto do autor : Vincent Audy
––––––––
Todos os direitos de tradução, adaptação e reprodução reservados. Toda reprodução de qualquer trecho deste livro por qualquer processo, e em particular por fotocópia ou microfilme, é estritamente proibida sem a autorização por escrito do autor, Sylvain Gilbert
––––––––
© Sylvain Gilbert, 2018
© Spiritus Tremens, 2018
––––––––
Depósito legal – Biblioteca e Arquivos Nacionais de Quebec e Biblioteca e Arquivos do Canadá, 2018.
ISBN : 978-2-9817759-0-0
Para minha mãe e meu irmão Stéphane que amam romances policiais.
Uma noite de setembro...
Sábado de madrugada, 1h02
Nesta noite fria de setembro, a chuva caia forte na cidade adormecida, tornando o clima ainda mais sombrio do que realmente era. Um homem com um olhar desconfiado andava lentamente pelo estacionamento de um motel decadente na avenida Hamel, em Quebec. Ele inevitavelmente se dirigia a uma cabine telefônica localizada à beira da rua deserta. Passando por baixo de um poste, ele virou a cabeça, mostrando seu rosto sombrio marcado por uma cicatriz na bochecha direita.
Usava jeans e um casaco impermeável preto cujo capuz cobria completamente sua cabeça. Sob suas longas sobrancelhas franzidas, escondiam-se olhos escuros intimidantes podendo fulminar você com um único olhar. Um sorriso de escárnio se formou em seus lábios magros e uma covinha apareceu em sua bochecha. A iluminação nebulosa de sua cicatriz havia desenhado um sorriso perverso no rosto deste homem sinistro.
Ele empurrou a porta de vidro da cabine sempre de cabeça baixa. Pegou o fone e inseriu uma moeda. Então, segurando o aparelho sobre o ombro, enfiou a mão mais fundo nos bolsos e tirou um pedaço de papel com um número rabiscado nele. Ele tremia. Sua mão tremia e não era a chuva que fazia seu sangue gelar, era o que estava prestes a fazer.
Respirou fundo, hesitou e desligou. O som das moedas caindo do telefone se misturou com o som da chuva batendo na cabine envidraçada. Ele colocou as duas mãos em cada lado do telefone e, apoiando-se no vidro de trás, inclinou a cabeça enquanto respirava cada vez mais ruidosamente. OK, OK, tudo vai ficar bem. Você só tem que ligar e o resto vai ficar bem. Tudo ficará bem...
Pegou de volta as moedas, as reinseriu no aparelho da cabine telefônica e digitou o número escrito no pedaço de papel. Sua respiração era curta e sua testa franzida. Ele deve ter repetido essa cena dezenas de vezes, mas o nervosismo persistia. A chamada soou uma vez para avisá-lo de que ainda havia tempo, que ainda podia desistir. Balançou a cabeça, querendo afastar todas essas ideias contraditórias que martelavam sua mente como as notas estridentes escapando de um violino atormentado pelo arco de um sem talento. Sua decisão estava tomada, nada poderia dissuadi-lo, ele não podia recuar. Outro toque, outro tormento. Ele realmente queria chegar a isso? Não havia outras saídas? Certamente não! No terceiro toque, uma voz monótona e profunda com um forte sotaque estrangeiro foi ouvida :
Métivier, pois não...
Hmm...
Quem é?
É...hmm..é Jack
Eu não conheço nenhum Jack!
O homem suspeito sentiu que seu interlocutor ia desligar, então ele rapidamente respondeu em um só fôlego :
Eu sei, foi Wilton quem me disse para ligar para você.
Um silêncio. Um longo silêncio. Um silêncio muito longo que não prenunciava nada de bom para este Jack que pisava no chão como um cavalo impaciente empinando diante da inércia de seu cavaleiro. Seus dedos percorriam o telefone incontrolavelmente. Ele raspou uma sujeira, incapaz de ficar calmo e imóvel. O tempo parou por um breve momento de eternidade. Ele não respirava mais e sussurrou para si mesmo : Por favor, por favor, não desligue...
Wilton, você falou? E o que o Wilton te disse?
Ele me disse que você poderia me arrumar uma garota por uma hora ou duas. Uma jovem... Muito jovem.
Um outro silêncio. Ele ouviu seu interlocutor colocar a mão no fone e falar com outra pessoa. Jack grudou o ouvido no fone e tentou em vão entender o que ele dizia. Só ouviu um murmúrio incompreensível. Então uma rajada de vento atingiu a cabine com uma violência inesperada. Um aviso final, ele ainda poderia recuar. Jack se assustou, grandes gotas de suor escorriam em sua testa.
É para esta noite?
Hmm... Sim... É possível?
Novamente a mão tapando o fone, palavras inaudíveis.
Uma loira de quinze anos... Mas com bastante experiência... Ela fará o que você quiser.
Perfeito!
Nessa idade é muito caro, você sabe...
Quanto é por uma hora?
É...é quinhentos!
O.K., fechado.
Em dinheiro?
Sim, sim, eu tenho comigo!
E onde você quer que ela seja entregue?
Jack deu o nome do motel, o número do quarto e o endereço.
Estaremos lá em uma hora.
Qual é o nome dela?
A ligação foi encerrada. O homem com a cicatriz permaneceu imóvel por um momento, com o telefone na mão. Ele olhou para fora. O tempo ainda estava parado. A chuva continuava a cair com a mesma intensidade, a rua estava deserta e o motel parecia abandonado. Muito bem. Está feito... eu consegui e agora não posso mais voltar atrás.
Uma imagem atroz atinge sua mente e o domina completamente, como se um raio acabasse de atingi-lo. Ele foi projetado contra a parede da cabine, completamente confuso. Fechou os olhos e cerrou os dentes para espantar o que acabara de ver, mas não foi suficiente. Outras imagens assustadoras invadiram sua mente. O rosto de uma jovem, chorando amargamente, seus longos cabelos desgrenhados caindo sobre o rosto. Estava totalmente assustada, perturbada, aterrorizada. Ela recebia um tapa furioso na cara, estava machucada, amarrada, abusada.
Jack caiu de joelhos no chão, a cabeça entre as pernas, as mãos na nuca e todo o seu corpo tremia. Perdoe-me... Perdoe-me,
ele sussurrou em um soluço agonizante.
Um barulho estridente o assustou. O telefone, que balançava no fio, começou a produzir um som estridente. O homem limpou o nariz com o antebraço, pegou o telefone, se levantou e o colocou na base. Ele inspirou profundamente, seus ombros se levantaram. Fechou os olhos por um momento e tomou uma grande respiração. Saiu da cabine em perfeito controle de si mesmo. Ficou tão calmo e ameaçador como quando entrara momentos antes.
Sábado de madrugada, 4h26
A sargento detetive France Bellefeuille tentava pôr ordem na desordem de sua escrivaninha, uma desordem que refletia perfeitamente o estado de confusão que também reinava em sua cabeça, como uma confusão titânica que a levaria irremediavelmente à demência. Ela mexeu em pedaços de papéis que tinham o nome de um homem, um endereço, um número de telefone e os empilhou em cima de outros pedaços de papéis que tinham fotos de criminosos sexuais, pedófilos, maníacos, depravados e todos os tipos de desajustados.
Franziu a testa quando notou o nome de um homem em uma das folhas. Jacques Pouliot. Fechou os olhos e começou a vasculhar os meandros congestionados de sua mente em busca deste homem. Salons d’Edgar? Possível. O assassinato da rua Canardière? Viável. O pedófilo de Saint-Vallier? Certamente não!
Seu celular tocou.
Bellefeuille!
France, é o Dulac. Temos um assassinato em um motel na avenida Hamel.
Ok, mas por que você está me ligando? Precisa de ajuda?
Sim, acho que gira em torno da prostituição juvenil e eu...
Onde?
Ele lhe deu o nome do motel.
Estou chegando!
Bellefeuille desligou e bebeu o resto do seu café frio em um gole, o que lhe deu um arrepio desagradável. Ela cerrou os dentes. Olhou para o seu relógio. Deus do céu, ela pensou. Já são quatro e meia. Não vai ser esta noite que eu vou dormir.
Olhou para sua xícara de café vazia. Apesar de seu sabor desagradável, ela gostaria de tirar um pouco mais de energia dele para terminar esse dia louco que a jogou em um redemoinho absoluto. Ela deu uma rápida olhada na bagunça que dominava seu escritório. Como ela poderia se encontrar, tanto profissionalmente quanto pessoalmente? Balançou a cabeça e decidiu que a arrumação podia esperar. Vestiu a sua capa de chuva cinza, que estava apoiada no encosto da cadeira, e deu uma última olhada no nome Pouliot bem como no seu número de telefone. Pouliot...
Ela caminhou rapidamente, seu cabelo curto, ondulado e preto caindo valsando sobre seus ombros musculosos a cada passo. Apesar de seus trinta e poucos anos, seu cabelo já estava grisalho sem preocupá-la muito, um sinal de estresse incessante e um trabalho impiedoso. O escritório estava deserto, ou quase, apenas Gendron ainda estava trabalhando e ele se virou quando ela passou. Tanto homens quanto mulheres eram inconscientemente atraídos pela beleza sombria da France Bellefeuille. Ela tinha um metro e cinquenta e poucos centímetros de altura e pesava pouco mais de cinquenta e quatro quilos. Era uma mulher saudável, apesar de seus hábitos de vida. Praticava ioga regularmente e corria ou nadava quando tinha tempo. Aquelas pernas pareciam troncos de árvore e ela podia levantar várias vezes seu peso. Seus colegas amigavelmente a apelidaram pelas costas de pernuda
. Ela sempre se vestia com sobriedade, ocultando deliberadamente as curvas de seu corpo, deixando os homens indefesos a imaginá-la nua. Ousada e determinada, nunca recusava um desafio.
Quando ia beber com os colegas, nunca se deixava intimidar, manipular ou dar em cima. Ela rapidamente colocava qualquer um que quisesse chegar muito perto dela em seu lugar. Ninguém poderia afirmar, com certeza, sua orientação sexual. Lendária amante de gin tônica, não bebia qualquer coisa. Difícil, como em tudo em sua vida, ela só provava gins aromatizados e do Quebec e tônicas pouco adoçadas. Se o bar oferecia gin Saint-Laurent e tônica Feever-Tree, ela ficava nas nuvens.
Ela saiu da delegacia, entrou no carro, abriu o porta-luvas e tirou um boné vermelho desbotado nas cores do Buccaneers de Tampa Bay que colocou na cabeça, empurrando-o bem fundo. Ela não gostava de ser olhada nos olhos, não deixando transparecer sua fragilidade. Ligou o carro e saiu em disparada da delegacia, um hábito que amava sem saber por quê. Ela se dirigia para a avenida Hamel, no bairro de Sainte-Foy.
Um homicídio num motel, ligado à prostituição juvenil. Isto não é comum! O que aconteceu? Ela acelerou. Os pneus cantaram quando virou na Hamel. Pouliot? Quem era ele? Um assassinato! Uma jovem provavelmente. Isso a enojava o tempo todo. Ela esperava, apenas uma vez, ser capaz de colocar as mãos em um desses maníacos... Ele passaria uns maus bocados! Ela bateu o punho no volante.
Um motel na avenida Hamel? Não foi a primeira vez neste ambiente. Mas por que ele a matou? A menos que ela tenha morrido por ter sido abusada demais. Essa ideia a fez enjoar. Tirou o celular do bolso interno da capa de chuva e quis ligar para Dulac. Estarei aí em dois minutos.
Jogou o telefone no banco do passageiro, onde já havia vários copos de café vazios, sobras de embalagens de barras de cereal, uma lata de bebida energética e vários jornais. No chão havia bolas de papel amassado, um par de óculos escuros, mais xícaras de café, um par de luvas e um pequeno ursinho de pelúcia.
Ela parou em um sinal vermelho. A chuva ainda caía com insistência, mas com muito menos força. Ela odiava a avenida Hamel. Era lenta, feia e sem charme, como Gendron. O caminho estava deserto, o chão encharcado pela chuva entremeada de uma tempestade que ocorrera durante a noite. Ela se lembrou dos relâmpagos e trovões. Tinha olhado a hora, três e vinte! Estava examinando o arquivo de Willy Jutra, um pedófilo reincidente que ela acabara de prender e encarcerar pela terceira vez nos últimos cinco anos. Pedófilo reincidente, ela sussurra. Isto é um pleonasmo! São todos uns canalhas!
Engatou a marcha, cantou os pneus novamente e passou o sinal vermelho. Pouliot! Esse nome continuava voltando para assombrar sua mente. E Jutra...
Velho desgraçado!
Ela estava indo ao local do assassinato de uma jovem que trabalhava na rede de prostituição juvenil. O mundo estava mudando, os costumes estavam mudando. Como chegamos lá? Evolução, onde ela estava? No passado, os seres humanos se moviam, como todos os outros animais, e se adaptavam ao ambiente. Ele evoluia diante de seu ambiente. Agora estava adaptando seu ambiente às suas necessidades, destruindo-o lentamente. A evolução... da papinha para gatos!
Outra vez um sinal vermelho. A policial diminuiu a velocidade do veículo, sem ligar o pisca-pisca, sem parar completamente, e entrou no cruzamento, queimando mais um semáforo. Jacques Pouliot... Fechou os olhos por um momento, sondou o abismo de sua mente, procurando uma resposta no turbilhão inebriante de seu cérebro. Ela se lembrou de Desbiens, seu ex-parceiro agora em aposentadoria precoce, em um escritório assinando relatórios.
Bom... France, você tem muitos negócios na cabeça. Você vai ter que largar isso algum dia ou sua cabeça vai explodir!
Ela fez uma careta, tinha uma daquelas enxaquecas, aquelas dores de cabeça que a atormentavam cada vez com mais frequência. Desbiens tinha sido um parceiro notável, como um irmão mais velho no trabalho, um verdadeiro mentor. Ele era o completo oposto dela e eles se complementavam perfeitamente. Ele era racional, lógico, cartesiano e seguia pistas maravilhosamente para solucionar crimes. Enquanto ela era totalmente criativa, espontânea, indecisa e sempre encontrava os caminhos mais estranhos. Desbiens... Jutra... Pouliot... Dulac...
Dulac! Gritou ela.
Ela notou seu colega do lado da rua lhe acenando. Estava passando direto. Pisou no freio e o carro ziguezagueou pelo asfalto molhado. Fez meia volta rapidamente e estacionou seu carro no estacionamento do motel, bem ao lado do de Dulac.
Sábado de madrugada, 3h59
Um celular vibrava há algum tempo na mesinha de cabeceira de um quarto relativamente charmoso. O braço de um homem saiu das cobertas e agarrou o aparelho. Então o resto de seu corpo nu se sentou na beirada da cama de dossel. Um clarão vindo da janela iluminou o jovem, recortando à perfeição seu corpo sublime. Seu cabelo loiro curto estava despenteado, desgrenhado no topo de sua cabeça. Ele cerra os dentes e pressiona o topo do nariz com o polegar e o indicador. Estava todo entupido.
Dulac.
Ele mal reconheceu a sua voz , era rouca como a de um cantor de rock um pouco bebado de vodka. As três canecas de cerveja, bem como o número desconhecido de Jagër Bomb que ele havia consumido no início da noite tinham algo a ver com isso. Ele duvidava, provavelmente foi o cigarro que havia fumado mesmo não sendo fumante.
Hum, hum...
Foi um pigarro que saiu de sua garganta, vindo de um abismo insondável.
Estou chegando!
O timbre de sua voz ficou mais quente e sua intensidade aumentou.
Ele se levantou com dificuldade, a cabeça girava. Fechou os olhos, mas imediatamente os abriu novamente, apoiando-se na mesa de cabeceira. " My God " murmura ele. Então examinou cuidadosamente o lugar onde estava, para tentar recuperar os sentidos. Era a primeira vez que via este quarto. Era bastante pequeno e escassamente mobiliado. No fundo do quarto, perto do guarda-roupa, havia uma pequena cômoda de madeira com três gavetas, uma das quais não estava bem fechada. Em cima havia um espelho giratório, alguns envelopes abertos além de duas toalhinhas imaculadas. Na mesinha de cabeceira de vime, onde se apoiava um abajur, havia a embalagem aberta e vazia de uma camisinha, bem como um castiçal cuja vela acabara de ser completamente consumida.
Fechou os olhos novamente por um momento, desta vez sem vertigem, e viu novamente o corpo nu de uma jovem, iluminada por esta vela, os seios apontando para o céu, balançando para ele. Ele abriu os olhos e deu uma olhada para a cama de dossel da qual pendiam cortinas vermelhas e douradas. A garota ainda estava lá, bem embrulhada em um grosso edredom verde de penas de ganso. Apenas seus cabelos compridos e encaracolados estavam saindo das cobertas, ele tentou lembrar seu nome, mas sem sucesso. Ele era visual, sem dúvida.
As paredes eram pintadas de um amarelo muito claro, casca de ovo, nas quais pendia uma reprodução dos Girassóis de Van Gogh. Logo ao lado da porta fechada, uma lingerie transparente em um gancho deixava prenunciar noites quentes e sensuais. Numa outra parede, em frente ao armário, uma janela com as cortinas ainda abertas dava para a rua e um poste de luz clareava discretamente o quarto.
Dulac viu seu reflexo no vidro e a imagem de si mesmo o fez perceber onde estava, como havia sido sua noite e a ligação que acabara de receber. Ele balançou a cabeça e procurou suas roupas no chão. Havia apenas uma pilha de roupas. Pegou sua boxer e a colocou. Ele pegou uma tanga florida e a segurou no nariz e inalou o cheiro. A roupa intima cheirava a sexo, todo o quarto estava impregnado desse cheiro libidinal, fruto de uma noite desinibida. Sorriu, e então a colocou de volta no chão sobre o sutiã combinando. Vestiu seu jeans preto e desligou o telefone. Então colocou a camiseta branca, pegou as meias e os sapatos e deixou ali o jeans de cintura baixa e o suéter justo amarelo.
Deu uma última olhada na cama. Eu peguei seu número?
Isso não tinha nenhuma importância. Ele só queria uma foda e conseguiu. E se quisesse foder de novo, poderia, com essa garota ou outra. Qual seria a diferença? Era tão fácil para ele acabar na cama de uma garota. Seu sorrisinho torto, seus olhos maliciosos e misteriosos, seu corpo musculoso, seu ar angelical e seu distintivo de policial. Estes eram os ingredientes essenciais para uma vida sexual ativa.
Pegou a lingerie pendurada e sentiu o seu cheiro. Ele sorriu novamente. Gentilmente abriu a porta, sem fazer bariulho, e a fechou atrás dele. Encontrou-se na escuridão quase total. Levou um tempo para sua visão se ajustar ao novo ambiente. Estava em um corredor estreito, as paredes eram brancas e sem decoração. Olhou para a direita, uma porta entreaberta levava ao banheiro. Ele decidiu ir para lá. Uma tábua rangeu quando passou e ele parou. Sobretudo não queria acordar essa garota e ter que se explicar, ou mesmo deixar