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O Rapto De Cora E A Misantropia Perene
O Rapto De Cora E A Misantropia Perene
O Rapto De Cora E A Misantropia Perene
E-book259 páginas2 horas

O Rapto De Cora E A Misantropia Perene

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Sobre este e-book

A escolha do nome O Rapto de Cora torna a obra muito sugestiva, uma vez que se refere ao mito grego de maneira alegórica, já que Ernesto, viu sua juventude e inexperiência raptada por um amor que nunca aconteceu, mantendo-o em um inverno pessoal, por mais de 30 anos; onde agora, outra coisa lhe foi roubada: A liberdade. - Ernesto encontra-se em uma distopia futurista, onde a essência humana foi aniquilada por um autoritarismo global, tendo como único refúgio, seu próprio inconsciente e seu passado. - Misantropia Perene, refere-se ao tédio, angústia e ódio profundo (aparentemente congelado) a respeito do que a realidade se tornou (quase como um castigo de Prometeu). Acima de tudo, a obra trás uma discussão e debate sobre a Angústia, que remonta o Banquete de Platão, só que com autores modernos como: Mark Twain, Kafka, Oscar Wilde e Machado de Assis. Prepare-se para uma grande viagem interna onde o único personagem de toda obra é um homem cansado e carregado de traumas passados, que busca a libertação de sua alma e do livre pensar em um tempo em que ambas as coisas, são tidas como crime.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jun. de 2022
O Rapto De Cora E A Misantropia Perene

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    O Rapto De Cora E A Misantropia Perene - Kaka Abelha

    O rapto de Cora e a Misantropia Perene

    Kaka Abelha

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    O rapto de Cora e a Misantropia Perene

    Kaka Abelha

    [ 3 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Sumário

    Apresentação ............................................................................. 5

    Introdução ............................................................................... 12

    Ponte de recordações ............................................................... 34

    Da Eudaimonia e outras coisas ............................................... 58

    Per aspera ad astra .................................................................. 69

    Koyaanisqatsi .......................................................................... 137

    [ 4 ]

    Apresentação

    Esse texto que o leitor consumirá à partir das próximas páginas, é um manifesto a algo que por insistência ou por fenômeno do fim dos dias tem sido intensificado; muito se fala sobre o perigo da perda da propriedade privada, mas se engana quem pensa que ela se dá apenas em bens materiais como carros, casas ou empresas. Ela é nossa própria alma, e é por isso que precisamos tomar conta dela, (como recomenda Provérbios 4:23); Winston em 1984, perdeu sua propriedade privada para O Grande Irmão no fim da trama, olhando para aquele vasto bigode, amando-o. Temos simplesmente negligenciado os fatos, sim, temos permanecido na caverna, vendo as imagens do lado de fora e temos agido como se tais imagens fossem inéditas e incompreensíveis.

    Temos inclusive, feito aquilo que Jonathan Swift já havia observado – E não há guerras tão furiosas e sangrentas, nem tão duradouras, quanto as que são ocasionadas por Diferenças de Opinião, especialmente quando se trata de coisas sem importância. – ou seja, por falta de autoconhecimento e por falta de uma interpretação daquilo que é real, temos nos perdido dentro e fora de nós em questões frívolas e insípidas.

    O eu foi estereotipado e coletivizado, transformando a essência humana em uma tendência sócio-histórica, aniquilando toda e qualquer expressão de individualidade, em um materialismo duro. Quando me coloquei a escrever a obra O rapto de cora e a Misantropia Perene eu me lembrei das palavras de Leo Strauss – "O simples fato de podermos levantar a questão do valor do ideal da nossa sociedade mostra que há algo no homem que não está

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    inteiramente escravizado pela sociedade". – não podemos permitir que nossa identidade seja coletiva (como também criticou Bauman), não podemos permitir que nos esqueçamos do universo que há dentro de nós. O nosso tempo é regido por um contrato social de farsas, onde, para pertencer a algo ou algum grupo, é preciso viver como versões editadas de nós mesmos, um absoluto ideal; um império de opinião mais curtida. Sem isso, não se tem discursos previstos e sem discursos previstos, não se produz identificações. Até onde vale a pena sacrificar a identidade pela maioria?

    Por que isso ocorre mesmo quando se observa a coletivização em massa e não se faz nada, como apontou Edmund Burke –

    Para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada. – devemos lutar, devemos insistir. Nossas almas estão em jogo. A verdade, as virtudes, os fatos, tudo se tornou entretenimento; é como se diz, a velocidade das informações superou a nossa velocidade de compreender as coisas.

    James Joyce em Um retrato do artista quando Jovem

    dissecou a formação da identidade, fosse ela artística, política ou pessoal; partindo do princípio do rompimento das tradições, para depois, encontra-las novamente, jamais as desprezando.

    Stephen Dedalus é tão importante hoje quanto qualquer outro personagem mitológico da literatura universal, porque vivemos em um pós-tudo polarizado e histérico, onde a propaganda, o populismo e a superstição político-religiosa faria até George Orwell se assustar; ele, que chegou a escrever – "na maioria de nós ainda persiste a crença de que toda escolha, mesmo na política, é entre o bem e o mal, e

    [ 6 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    que, se algo é necessário, é também correto, creio ser hora de nos livrarmos dessa crença, que vem do berço".

    Quando paramos de olhar para dentro de nós mesmos?

    Vamos lá querido leitor, não se assuste com a estética desse livro, nem com as mudanças de narrador (como um efeito de válvula) ou com a quebra total de expectativa de algumas cenas. Tenha em mente que tudo aqui é proposital, a repetição das sentenças, o excesso de vírgulas ou ausência delas, ou mesmo a cadencia estrutural da musicalidade do texto. Não mantenha ideia fixa sobre nada e esteja certo de que no fim, sempre somos confrontados por um espelho, é ele que instiga os grifos dentro de nós ou fora a reagirem contra nossa própria covardia.

    Ouse chegar do outro lado dessa história como quem atravessa um rio (ou lago) e ouse ainda espiar dentro de si mesmo ao perceber qualquer experiência comum com Ernesto quanto ao que você pode estar fazendo hoje para mudar as coisas. Perceba o trágico (se houver) e acompanhe a trama no caminho da perplexidade; sim, pois como disse Khalil Gibran – A perplexidade é o início do conhecimento. – o que está totalmente de acordo com o que disse Aristóteles – A dúvida é o princípio da sabedoria.

    Machado de Assis teve seu Brás Cubas; Kafka seu Gregor Samsa; Mark Twain teve seu Tom Sawyer e Huckleberry; Oscar Wilde, seu Dorian Gray. Há um ponto em comum em todos eles, todos são a verdade do autor (o que gera, e mais uma vez enfatizando isso, uma experiência comum).

    Vivemos em um tempo de estereótipos de absolutamente tudo. Haveria um justo para superar esse dilúvio de vulgaridades? Haveria alguém que fosse capaz de voltar para dentro de si, restaurando a sua alma nos dias de hoje?

    [ 7 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Haveria um homem que seria fora do seu tempo (como apontou G. K. Chesterton) para restaurar o parto de Sócrates? Haveriam de ser águas tão profundas quanto as de Júlio Verne ou de Ian Mcguire, as águas do inconsciente?

    Haveria de ser uma viagem tão profunda quanto apresentou Aldous Huxley em A portas da Percepção ou que Carlos Castañeda em A Erva do Diabo?

    Apenas algo responderia perguntas como essas: uma experiência própria. O viajante ou o herói, Ernesto, o conduzirá para uma noite mais absurda que a de Alvares de Azevedo, ou em uma expedição tão conflitante quanto a de Stanislaw Lem em Solaris.

    Tudo por que, o que está dentro, é sempre mais evitado e temido (como segue apontando o sânscrito sagrado Bhagavad-Gita).

    A obra que você tem em mãos aponta as possibilidades do quase, o que esmaga nosso protagonista absolutamente; isso faz ponte com as palavras de Kurt Vonnegut – De todas as palavras de ratos e homens, as mais tristes são ‘Poderia ter sido’. – Kierkegaard chamou isso de desespero. Quantos de nós já não fizemos isso, passando boa parte da vida olhando para trás, preso na culpa e na frustração, para preencher o presente que se encontra vazio, com sensações? Esteja pronto para peregrinar daqui para frente caro leitor, como propôs John Bunyan no seu Peregrino ou Dom Quixote, de Miguel Cervantes.

    Perceba com o espírito o ponto alto e trágico do peso de uma lembrança e o quanto insistir refúgio nela, pode perverter as chances presentes lançando-nos em uma ilha isolada da realidade (ou em um castelo de ilusões), raptando as estações da vida, tal qual somente um sequestro é capaz de conceber. Lembremos por fim das palavras do grande

    [ 8 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    poeta Belchior

    – "... Qualquer sofrimento passa, mas o ter sofrido não". –

    boa leitura.

    [ 9 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Agradecimentos

    Aos meus alunos; obrigado por cada segundo de conversa amizade e desafio em ensinar o que é certo e bom, o que é reto e o que é virtuoso. Como filhos, vocês têm me ensinado a ser um homem melhor, mais humano e muito mais forte.

    Através de cada aula, cada explicação metafísica ou cada piada, tenho me convencido, que apesar do mundo ter se tornado mal e perverso, e observado que a escuridão tenha tomado nosso século absolutamente, vocês, são pontos de luz em minha vida.

    Entrego esse trabalho com todo meu coração e toda minha verdade em ato de agradecimento a cada um de vocês, de diferentes partes do Brasil, que me aturam, me ouvem e se permitem aprender comigo. A vocês, meus sinceros agradecimentos.

    [ 10 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Acima de tudo, não perca seu desejo de prosseguir.

    Soren Kierkegaard

    [ 11 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Introdução

    Abra-te sésamo

    O Rapto de Cora não é um livro policial sobre sequestro, mas é um livro policial e sobre sequestro na medida em que investiga e expõe de maneira crua o quanto abandonamos a ocupação do autoconhecimento como uma ferramenta para recuperar nosso encantamento com a preciosidade desta existência – e o quanto a cultura atual nos sequestrou em um cativeiro que relegou essa missão a um segundo plano de importância. Em sua viagem interior, o personagem principal Ernesto se depara com este rapto e questões nucleares do espírito humano: a raiva é um tipo de homenagem e devemos ter cuidado tanto com ela quanto com a tristeza – pois ambas apresentam o risco de tornarem-se uma espécie de vício. Estamos atentos o suficiente para isto? Nossa vida ocorre no intervalo entre o desejo de não perder o que já alcançamos e a esperança de ser o que ainda não somos, mas insistimos em tornar a maior parte de nossa história um acordo de mentiras e uma coletânea de fugas superficiais. Estamos realmente preparados para aceitar que, para haver felicidade, é preciso haver sofrimento?

    Buscamos a Verdade ou buscamos a Felicidade? Porque ambas nem sempre estão no mesmo lugar e ainda mais raramente encontram-se onde desejaríamos que estivessem.

    Se o privilégio dessa vida é o de poder tornar-mo-nos quem realmente somos, devemos estar alerta para o fato de que o que mais queremos saber será encontrado onde menos queremos procurar.

    [ 12 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Finalmente, por que com tanta frequência perdemos a esperança? Devemos acreditar que ainda há esperança em algum lugar? Se houver, seremos capazes de reencontrá-la?

    Através de quais caminhos? Abre-te, sésamo.

    Alessandro Loiola, junho de 2022.

    [ 13 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Dedicatória

    Dedico essa obra a minha gentil esposa Cristela e aos meus dois filhos: Murilo e Cícero Olavo. Vocês são o adiantamento do paraíso. Obrigado por tudo.

    [ 14 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    Os olhos se abriram, e antes que a íris se expandisse (o que seria menor que uma fração de segundo) foi-se visto abismo, queda, e abismo novamente. – houve suspiro –

    O frio que fazia na estrada naquela noite taciturna me congelava dos dedos dos pés às têmporas. Era quase uma desolação, o ônibus cheio de pessoas dormindo, as estrelas cintilavam sem reservas, e a paisagem externa mantinha um frenesi de viadutos, luzes de mercúrio e árvores distantes. –

    Eu estava absolutamente cheio de pessoas, e profundamente sozinho dentro de mim. Haviam mágoas antigas que se somavam a mágoas recentes e haviam também outras coisas que são difíceis de explicar – pensou.

    – ao que novamente deu um suspiro duro. – Dizem que saudade não tem tradução, a verdade, é que para mim, saudade tem um nome de mulher.

    Como pode ser possível que, após trinta longos anos, eu ainda sinta de maneira viva, essa centelha em meu coração?

    – indagou a si mesmo em tom de sussurro – James Joyce mostrou através de Stephen Dedalus que é possível construir uma identidade a partir do rompimento com tudo.

    Com tudo? Quem me dera romper com tudo... Não.

    De maneira alguma eu poderia romper com tudo, visto que se assim eu procedesse, destruiria a mim mesmo de modo muito menos lógico e elegante que um método cartesiano (me desmontando e remontando lentamente tudo de novo descartando peças que não mais se encaixassem).

    Não. Não poderia. Mas é verdade, após formar uma família, ter filhos, um lar, reconhecimento profissional e estima alheia, depois de construir uma vida e ficar de frente com a morte pelo menos mais de uma vez, eu, nunca esqueci

    [ 15 ]

    [O Rapto de cora e a Misantropia Perene], por [Kaka Abelha]

    aquele dia – ao proclamar essas palavras finais o som do motor do ônibus soou como um apito de trem, em terceiro plano, como uma filmagem em terceira pessoa, vista do alto.

    – ele aclarou a garganta e voltou ao silêncio. O farol estava aceso como grandes olhos de gato e a úmida pista que se perdia no sereno e na névoa noturna apreciava como um destino a melancolia do homem fixo ao tempo quantitativo da vida. Homem quantitativo, mas que bela expressão

    – pensou – "pena que as pessoas não o compreenderia.

    Hoje todos são obrigados a estarem de máscaras no rosto, digo, um utensílio a mais que as máscaras usuais que todos sempre usaram para estarem dentro de jogos sociais; jogos sociais.... Haveria alguma coisa mais indecente que os frívolos jogos sociais? Bom, o presente afirma que sim; e ora vejam, não é Cronos que afirma isso, nem Kairós, é o próprio senso imediato e quantitativo que sela essa afirmativa, como quem sela uma carta com confissões secretas e depois as queima." – Sim. Haviam confissões naquelas memórias que só o tempo sabia e podia ler.

    O tempo e Deus. Mas as pessoas usavam máscaras no rosto, assim como também precisavam de permissão para fazerem o que sempre fizeram e mostrar validações digitais para locomoverem-se onde sempre foram. Pela paz, diziam.

    Pela paz... E o homem quantitativo, estava no ônibus, no ônibus de suas memórias, viajava estrada a fora de modo como quem viaja nos livros, ou como quem (como o Apóstolo Paulo) se fez livre estando preso, através da alma imortal. A catatonia que paralisava seu corpo, paralisava também seu coração, logo, seu corpo todo estava enrijecido.

    Saudade... – pensou ele – "se eu pudesse me comunicar com uma pessoa do futuro, eu

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