A Folia Carnavalesca de 1913 e o Rancho Ameno Resedá
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Sobre este e-book
A partir de um número limitado de desenhos, o autor estabelece uma metodologia de pesquisa singular ao mapear, acordar e reinscrever uma trajetória do processo de criação em um período (a década de 1910) recheada de interdições, de inovações e ultrapassada no eixo temporal.
Samuel Abrantes Figurinista; Performer e Professor na Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ
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A Folia Carnavalesca de 1913 e o Rancho Ameno Resedá - Madson Oliveira
Madson Oliveira
A Folia Carnavalesca de 1913
e o rancho Ameno Resedá
1ª Edição, 2022
Coordenação editorial
Denise Corrêa
Daverson Guimarães
Redesign de ilustrações da capa
Rodrigo Marques
Projeto gráfico, capa e diagramação
Fernanda Oliveira
Produção gráfica
Denise Corrêa
Maristela Carneiro
Revisão ortográfica
Algo Mais Soluções
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
M183
Madson Luis Gomes de Oliveira
A folia carnavalesca de 1913 e o rancho Ameno Resedá / Madson Luis Gomes de Oliveira; Rodrigo Marques (Ilustrador). – Rio de Janeiro: Rio Books, 2022.
ISBN 978-65-87913-72-8
1. Trajes. 2. Indumentária. I. Oliveira, Madson Luis Gomes de. II. Marques, Rodrigo (Ilustrador). III. Título.
CDD 792.026
Índice para catálogo sistemático
I. Trajes
Rio Books
Av. Jarbas de Carvalho, 1733 - 101 Recreio dos Bandeirantes
Tel. (21) 99312-7220 CEP 22.795-445
Rio de Janeiro – RJ
www.riobooks.com.br
Todos os direitos desta edição são reservados a:
Editora Grupo Rio Books.
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocopias e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do editor. Os artigos e as imagens reproduzidas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores.
Sumário
Apresentação
Introdução
1 | Carnaval Carioca
2 | Tipos de desfiles carnavalescos
Grandes Sociedades
Pequenas Sociedades (ranchos, blocos e cordões)
3 | O rancho Ameno Resedá e o desfile de 1913
Caderno de Aquarelas: 1913
4 | Amaro (do) Amaral (vida e obra)
Criações para o teatro e o carnaval
Teatro
Figurinos teatrais
Carnaval
Estandartes
Figurinos carnavalescos
Conclusão
Referências Bibliográficas
Posfácio
Sobre o Autor
Caderno de Aquarelas: 1912-1916
Apresentação
Muitas vezes, o pesquisador procura por seu objeto de investigação que o deixará, de algum modo, mergulhado por meses num determinado assunto. No entanto, nem sempre é assim que acontece, como no caso desse livro, no qual a pesquisa se apresentou de uma maneira muito curiosa e nos envolveu até chegarmos ao resultado que aqui apresentamos.
O ponto de partida para a pesquisa chegou até nós por meio de uma reportagem de jornal divulgando a Exposição Deuses da Folia
, gentilmente fornecida pela profa. Ecila Cirne. Essa exposição ficou em cartaz entre 02 de fevereiro e 31 de março de 2013, no Museu do Ingá, em Niterói e mostrava fotos, desenhos e documentos de carnavais passados, dentre eles, as aquarelas originais do caricaturista Amaro Amaral e alguns jornais sobre o rancho Ameno Resedá¹.
Na reportagem acima citada, havia a reprodução do desenho de um figurino e esse croqui nos empolgou pela beleza da figura e nos chamou atenção para lermos a notícia. Ficamos interessados em conhecer todo o material relatado na matéria jornalística. Por meio de um ofício, solicitamos ao Museu do Ingá uma cópia digital dos desenhos, uma vez que aquela instituição é a detentora das aquarelas expostas. Elas são do acervo do museu e foram restauradas pela equipe do Laboratório de Conservação (Lacon) da Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura
, conforme divulgado site do Museu do Ingá.
Recebemos um CD com cópias digitalizadas das 57 aquarelas e ficamos impressionados com o valor estético do trabalho. Potencialmente, percebemos a possibilidade desse material ser investigado, numa pesquisa formal de Pós-Doutorado em Artes Visuais, que foi aprovada e desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, da Escola de Belas Artes-PPGAV-EBA/UFRJ. Assim, iniciamos a investigação sobre o material sob a supervisão da profa. Dra. Maria Cristina Volpi Nacif. Nessa pesquisa inédita sobre o material cedido pelo Museu do Ingá nos deparamos com fatos desconhecidos e identificamos situações que podem se desdobrar em outras tantas pesquisas, pois no decorrer do tempo, foram sendo trazidos à claridade fatos e personagens até então desconhecidos por nós.
Assim, esperamos divulgar o trabalho do artista visual Amaro Amaral, ao mesmo tempo em que esclarecemos sobre a arte precursora das apresentações carnavalescas no Rio de Janeiro, no início do século XX, que se tornaram o modelo para os atuais desfiles das escolas de samba.
Boa leitura e bom proveito!
Madson Oliveira e Maria Cristina Volpi
1 Rancho carnavalesco que desfilou pelas ruas do Rio de Janeiro a partir de 1908 e manteve atividades sociais até 1941 (EFEGÊ, 1965).
Introdução
Podemos começar esta abordagem sobre a produção de aquarelas históricas datadas de 1912, 1913 e 1916 como campo privilegiado das Artes Visuais. Por meio de representações de estandartes, figurinos e adereços carnavalescos demonstramos como parte da sociedade brasileira revela sua expressividade através das formas vestimentares utilizadas tanto pela sociedade comum, quanto por demais expressões e linguagens artísticas que levem para seus figurinos toda a representatividade de suas intenções, como no caso dos desfiles dos ranchos (antigamente) e das escolas de samba (atualmente).
É importante levar em consideração que o termo indumentária
, mesmo pouco divulgado, refere-se ao estudo de roupas e acessórios de épocas passadas e/ou localidades distantes dos grandes centros e festividades populares. Ademais, deve ser entendido como o estudo da história de costumes vestimentares, usos e utilização das roupas, de acordo com as respectivas especificidades. Neste mesmo sentido, podemos usar o termo figurino
para referirmo-nos à indumentária, quando destinado às artes cênicas, como teatro, televisão, cinema e ao carnaval carioca. No carnaval, o termo mais comum para se referir às roupas que vestem os brincantes durante os desfiles é o de fantasias
. No entanto, optamos por usar o termo figurino carnavalesco
, pois esse tipo de vestuário tem em seu projeto, ainda no nascedouro, pesquisa histórica, estudo de simbologias, de formas, materiais e paleta de cores bem demarcada. Assim, entendemos que em figurinos carnavalescos
temos menos ambiguidade para nos referir ao tipo de produção visual e nomear os trajes que vestem os brincantes nos desfiles carnavalescos.
No Rio de Janeiro, podemos contar com muitos espaços cênicos, como: teatros, centros culturais e casas de shows. Algumas emissoras de televisão também podem ser elencadas para a produção de figurinos, em linguagens diferenciadas como: telenovelas, comerciais de publicidade, telejornais e seriados. A linguagem cinematográfica é também contemplada em produções locais que utilizam os préstimos das artes cênicas. Finalmente, o carnaval revela ao mundo os desfiles das escolas de samba, utilizando-se de um saber local
como identidade cultural de parte da população brasileira.
A partir dessa contextualização, consideramos os figurinos carnavalescos como campo de produção de bens simbólicos, no qual há a transposição de silhuetas, cores, formas e texturas de épocas e culturas diversas para os desfiles das escolas de samba que prescinde de uma pesquisa (histórica, de região ou com outra característica marcante no projeto plástico-visual), em que os detalhes são incorporados ao produto final.
Por isso, a arte presente nas aquarelas de Amaro Amaral está intimamente ligada à transformação e à reapropriação, termos comuns à sintaxe visual no caso dos figurinos, sejam eles cênicos ou carnavalescos. Assim, este estudo implica retrabalhar os códigos de épocas, localidades e culturas distintas, além dos símbolos da indumentária com o único intuito de traduzir ao público o que representa cada figurino carnavalesco em seu universo constituinte.
Dentre as diversas áreas de pesquisa no campo das Artes e do Design, a Escola de Belas Artes – EBA possui algumas linhas e grupos de pesquisa, como o Laboratório de Experimentações em Design – LED², no qual lideramos um grupo de pesquisadores, juntamente com a profa. Dra. Ana Karla Freire, que congrega pesquisas na área do Design, como campo do conhecimento. As atividades do LED são orientadas para a criação, análise e colaboração de processos experimentais em design, tendo como o foco os materiais, as técnicas, as pesquisas, os usuários e suas relações intersubjetivas tanto no campo do design quanto no campo da arte, da moda e do carnaval. Estes processos, sob a égide do design, observam aspectos técnicos, sociológicos, fenomenológicos considerando as diversas identidades culturais e tecnológicas. As atividades deste grupo se dão de forma inter e transdisciplinar na geração de conhecimento, compreendendo o campo do design em suas diversas ramificações e abrangências (Produtos e Serviços).
No cenário em que o design se encontra atualmente, existem novas perspectivas de projeto: o foco deixou de ser voltado exclusivamente para os aspectos da produção e passou a apontar para as interações entre os sujeitos e os seus artefatos (LOBACH, 2001). O design é o emissor da mensagem, o usuário (espectador) é o receptor, enquanto o artefato é o canal de comunicação. O LED, a partir de sua perspectiva teórico-metodológica e integração com Ensino / Pesquisa / Extensão, visa repercutir suas ações em diversos meios de divulgação científica, com produção bibliográfica, técnica, artística e cultural, almejando envolver outras instituições e, sobretudo, a Sociedade.
Em estudos anteriores³, pesquisamos sobre o carnaval carioca, a feitura dos desfiles de escolas de samba e, mais especificamente, sobre figurinos, alegorias e adereços e outros artefatos carnavalescos. Durante a pesquisa preliminar para esse novo projeto, tomamos contato com 57 aquarelas feitas pelo caricaturista Amaro Amaral, nos anos de 1912, 1913 e 1916, para o rancho Ameno Resedá, numa forma de apresentação e concepção até o momento desconhecida neste campo de estudo.
O desvendamento dessas aquarelas, um século após sua concepção, pode esclarecer ainda mais sobre o processo de criação de figurinos e adereços carnavalescos antigamente, além de apresentar o elaborado trabalho de um caricaturista do início do século XX – Amaro Amaral – que muito contribuiu para os desfiles daquela agremiação carnavalesca, considerada uma espécie de modelo para o que viria a se transformar, anos depois, as atuais escolas de samba.
O rancho Ameno Resedá surgiu de uma reunião de amigos, fundado em 1907, com desfiles a partir do carnaval de 1908 até o ano de 1941, numa organização artístico-musical que revolucionou na sua maneira de se apresentar. Uma de suas principais inovações foi a adoção de temas que fugiam do contexto luso-africano, até então comum à época além do esmerado cuidado com o desenvolvimento dos figurinos e estantardes, como vemos ao longo deste escrito.
As aquarelas expostas, e que conseguimos cópia, possuem várias inscrições, como: ano, tema, assinatura (ou não), anotações sobre seus significados e números (ainda sem explicação). Dos 57 figurinos desenhados por Amaro, 26 aquarelas são datadas com o ano de 1912; 27 croquis são datados com o ano de 1913; 01 aquarela está com data de 1916 e 03 outras não contêm data ou maiores informações. A fim de realizar um recorte possível de análise para o tempo que durou a pesquisa, optamos por nos dedicar às aquarelas do ano de 1913, uma vez que quando esse processo começou completavam-se 100 anos de criação delas.
As atuais escolas de samba cariocas podem atribuir aos ranchos, e mais especificamente ao Ameno Resedá, uma inovação nas apresentações das agremiações, que deixou seu legado, ainda hoje perceptível nos desfiles carnavalescos, como: comissão de frente, mestre-sala e porta-estandarte (atualmente, porta-bandeira), divisão em alas, além dos enredos temáticos.
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