Catequese, Liturgia e Mistagogia
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Catequese, Liturgia e Mistagogia - Humberto Robson de Carvalho
Sumário
CAPA
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTOS
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
1. CATEQUESE E LITURGIA AO LONGO DA HISTÓRIA
1.1 A tradição judaica
1.2 A Igreja nos primeiros séculos
1.3 O catecumenato primitivo
1.3.1 O pré-catecumenato
1.3.2 O catecumenato
1.3.3 A purificação e a iluminação
1.3.4 Mistagogia
1.4 A progressiva separação entre catequese e liturgia
2. MISTÉRIO PASCAL: ANÚNCIO E CELEBRAÇÃO
2.1 Catequese: anunciar e ecoar a mensagem
2.2 Liturgia: celebração do mistério pascal
2.3 Mistério pascal: elemento unificante da catequese e da liturgia
2.4 O ano litúrgico: um itinerário catequético
3.CATEQUESE E LITURGIA: DOIS RIOS DA ÚNICA FONTE PASCAL
3.1 Retorno às fontes do cristianismo: desafios e perspectivas
3.2 O resgate do catecumenato
3.3 O Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA)
4. MISTAGOGIA: CAMINHADA MÍSTICA E APROFUNDAMENTO DA FÉ
4.1 A mistagogia como uma resposta aos nossos dias
4.1.1 Primeiro passo: sentido cotidiano
4.1.2 Segundo passo: memorial bíblico
4.1.3 Terceiro passo: sentido litúrgico
4.1.4 Quarto passo: compromisso cristão
4.2 As salas mistagógicas
4.3 Mudança de paradigmas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLEÇÃO
FICHA CATALOGRÁFICA
NOTAS
Landmarks
Chapter
Title Page
Introduction
Chapter
Chapter
Chapter
Chapter
Bibliography
Copyright Page
Cover
Table of Contents
AGRADECIMENTOS
Aos nossos pais,
nossos primeiros catequistas,
a todos os catequistas
e aos nossos amigos colaboradores:
Pe. Jair Marques de Araujo, sdb,
José Vinícius Bonfante,
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb,
Marlene Maria Silva,
Pe. Paulo Cesar Gil,
Pe. Thiago Faccini Paro
e Thales Martins dos Santos.
In memoriam:
D. Joaquim Justino Carreira,
D. Joel Ivo Catapan
D. Paulo Evaristo Arns
Pe. Gaetano Tarquizio Bonomi
APRESENTAÇÃO
O Senhor Jesus Cristo nos revela o sentido salvífico de sua missão redentora ao nos dizer no Evangelho segundo João: Tanto Deus amou o mundo que lhe deu seu filho único para que não pereça quem nele crer, mas tenha a vida eterna
(Jo 3,16). Após realizar seu ministério salvador entre nós, o Senhor confiou à sua Igreja, assistida pelo dom do Espírito Santo, o anúncio da salvação pelo testemunho, pela palavra e pelo serviço da caridade.
O coração do anúncio salvífico do Senhor é o seu mistério pascal, sua morte e ressurreição, garantia de vida e santidade para todos os que com ele se encontram nos caminhos da vida e se decidem a caminhar acompanhados por ele, o Senhor dos vivos e dos mortos, aquele que tem as chaves da vida e renova todas as coisas. Os que escutaram sua voz, os que partilharam com ele as esperanças, os que nele renasceram para uma vida nova não se detiveram sob o peso de suas trevas, de seus medos, nem mesmo diante da experiência amarga de terem se escandalizado da cruz do Senhor e o terem abandonado na hora suprema da morte vergonhosa entre ladrões.
O caminho estreito da cruz revelou-se caminho de verdade e de vida na experiência da ressurreição, quando o Senhor ressuscitado sentou-se à mesa com os seus; quando se reconciliou com eles, ao lhes dizer: A paz esteja convosco!
; quando os confirmou em seu amor, ao lhes dizer: Recebei o Espírito Santo
; e ao enviá-los, dizendo: Como o Pai me enviou, assim também eu os envio
. Iluminados pelo Espírito e fortalecidos no encontro com o Senhor glorioso, os discípulos romperam as portas do medo e saíram para comunicar a Boa-nova da redenção oferecida por aquele que se despojou de sua glória, desceu até o pó de nossa humanidade, compadeceu-se das trevas de nossos pecados, caminhou no deserto de nossas experiências sem sentido, encontrou-se conosco sob o calor de nosso cansaço e de nossa sede e nos ofereceu a água que sacia para sempre.
Ao adentrarmos nessas riquezas do Senhor, que veio para dar a vida em resgate de muitos, recordamos a exortação salutar que ele nos dirige: O que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o do telhado
. Como nos ensina o evangelista João, o que tocamos do mistério da vida, isso vos anunciamos. Os apóstolos, os primeiros discípulos e a Igreja primitiva aprenderam essa profunda vinculação entre a experiência do encontro com Jesus ressuscitado e a missão de testemunhá-lo e anunciá-lo. E os primeiros cristãos que sucederam a era apostólica se perguntaram: como realizar esse anúncio? Como iniciar à fé salvadora no Senhor, que tem palavras de vida eterna aos que receberam o anúncio da sua morte e ressurreição? São as mesmas perguntas que a Igreja de hoje se faz, buscando na Igreja primitiva respostas e a inspiração para conduzir todos às fontes da água viva, que é o próprio Senhor. A resposta modelar da Igreja primitiva traduziu-se no catecumenato e na mistagogia, que conjugam catequese e liturgia para introduzir a pessoa no mistério de Cristo, com vistas a revelá-lo como aquele que tem palavras de vida eterna.
Esse caminho paradigmático continua a ecoar no coração da Igreja e a inspirar o serviço catequético da comunidade cristã de hoje na missão de iniciar quantos descobrirem no Cristo vivo rios de água viva
. A reflexão proposta pelos autores nos convida a renovar, na comunidade eclesial, o encontro com Cristo, tendo na inspiração catecumenal e mistagógica a chave que nos abre a compreensão da catequese e da liturgia como caminhos para fazer dos discípulos do Senhor aqueles adoradores que o Pai procura, capazes de adorá-lo em espírito e verdade
, no cotidiano de suas vidas, de suas experiências e da comunidade cristã, sendo a luz e o sal de que o mundo precisa para ser salvo.
Por meio dessa reflexão, os autores ajudam a Igreja, especialmente os que nela se dedicam ao ministério da catequese, a se reunir em torno da luz de Cristo, que rompe as trevas do racionalismo, da separação entre fé e vida, da ruptura entre catequese e liturgia e da superficialidade, e a mergulhar em sua luz renovadora, que faz todo homem nascer de novo, da água e do Espírito, para entrar no mistério do Reino de Deus. A leitura proporcionará a cada leitor entrar nesse movimento da Igreja que redescobre, no catecumenato, na mistagogia e na liturgia, as riquezas que o Espírito Santo lhe conferiu nos primórdios da iniciação cristã e que permanecem como válida inspiração a serviço da evangelização dos que se propõem a seguir o Cristo na comunidade cristã. Abençoada leitura a todos!
D. Jorge Pierozan
Bispo auxiliar de São Paulo
Vigário episcopal para a região Santana
INTRODUÇÃO
O evangelista-catequista Mateus, no final do seu Evangelho, apresenta o mandato de Jesus: Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem meus discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei
(Mt 28,19-20). O anúncio de Jesus Cristo realiza o projeto salvífico do Pai sob a ação do Espírito Santo. A Igreja é a presença viva e eficaz do querigma que testemunha a plenitude da salvação e da revelação na pessoa de Jesus Cristo.
Desde o início, a comunidade cristã celebra na liturgia a salvação realizada por Jesus Cristo, fazendo memória do mistério pascal de Cristo, como ele mesmo fez na última ceia e ordenou que esse gesto se perpetuasse em sua memória (Lc 22,19). A comunidade, fiel a esse mandamento, torna-o presente na celebração litúrgica com seu potencial salvífico, como afirma Paulo: Todas as vezes, pois, que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha
(1Cor 11,26). A atualização do mistério da salvação é fonte de graça para toda a comunidade.
Sendo elementos fundamentais na missão evangelizadora da Igreja, catequese e liturgia necessitam constantemente avaliar como estão sendo recebidas pelas diversas realidades, culturas e períodos históricos, de modo que tão grande tesouro, ao ser anunciado e celebrado, não seja menosprezado por falta de compreensão. Quando não há compreensão, sem dúvida a vivência do mistério é prejudicada.
Muitas vezes, a catequese perde a força do querigma e de iniciar os cristãos na vida de comunidade, ao centrar-se exclusivamente na doutrina, assumindo um tom professoral e escolar. A catequese foi se aproximando muito do modelo escolar nos últimos séculos, e a recepção dos sacramentos tornou-se, em alguns casos, a formatura da vida cristã, na qual, ao final, recebe-se um certificado que comprova o conteúdo estudado.
A mesma insatisfação é experimentada por muitos em relação à participação litúrgica, sendo avaliada como distante da linguagem cotidiana, e, por isso, os símbolos deixam de expressar o seu valor essencial. Por falta de uma compreensão espiritual da liturgia, os ritos se tornam uma somatória de elementos mágicos, sociais e aleatórios que ofuscam a celebração eucarística, fonte e ápice do encontro da comunidade que se reúne em torno do seu Senhor para celebrar a sua Páscoa.
Essa situação convida a fazer uma pausa para refletir, beber da fonte das primeiras comunidades e observar com atenção