O romance do universo
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O romance do universo - Mabel Penteado
Prefácio
Escrevo o prefácio deste livro num dos lugares mais inspiradores que visitei nos últimos anos: rodeado por uma paisagem exuberante – uma combinação perfeita da simplicidade da vida no campo, no alto das montanhas da região conhecida como Pedras Brancas, na Serra Catarinense, em Lages, SC – vejo a perfeita união simbiótica entre a grandiosidade do universo com as coisas mais singelas da natureza que acariciam a nossa alma.
Aqui onde aprecio a bela natureza, contemplo o que os japoneses chamam de musubi, a união simbiótica entre os seres para criação de um novo valor para a vida. Antigamente, no Japão, musubi significava amor no seu sentido mais puro e profundo. Não é o amor como a paixão entre um homem e uma mulher. É mais do que isto. É como o amor que uma mãe sente pelo seu filho. É também a relação que existe entre a abelha e flor, quando a abelha, ao recolher o néctar da flor, contribui para a o processo de polinização que resultará na geração das frutas.
Da mesma forma, tempos depois, ocorre o musubi quando a árvore oferece as frutas maduras aos pássaros que, ao se alimentarem delas, encarregam-se de levar as sementes para serem reproduzidas e, assim, contribuir para o desenvolvimento da biodiversidade.
É exatamente isso que o leitor irá sentir ao ler esta primeira obra da Mabel Penteado. O romance do universo que levará você a viajar do macrocosmo para o microcosmo, passando pelas reflexões sobre a nossa vida, que levará a uma compreensão maior de que este pequeno eu faz parte de uma grande Vida, numa união simbiótica.
Mabel, uma profissional que atuou com competência no mundo corporativo por muitos anos, nunca escondeu sua inquietação com os paradigmas e os modelos de vida que norteiam o cotidiano das pessoas na sua vida pessoal e profissional, nos presenteia com sua primeira obra. Com grande sensibilidade, ela conseguiu captar os anseios que orbitam a mente das pessoas e mergulhar nas profundezas da alma e trazer de dentro para fora um entendimento melhor da vida individual como manifestação de uma vida maior.
Aqui o leitor experimentará uma leitura agradável, que prenderá sua atenção e ainda encontrará muitos ensinamentos alicerçados nas coisas que realmente importam. Em cada capítulo, o leitor irá fazer uma jornada onde descobrirá os verdadeiros tesouros que devemos levar na nossa bagagem por esta passagem na Terra.
O romance do universo traduz e responde boa parte dos questionamentos sobre a busca incessante do sucesso, nesta vida corrida que todos nós levamos. A sociedade atual impele as pessoas a perseguirem sonhos que nem sempre levam à verdadeira felicidade. De repente, descobrem que, apesar dos ganhos materiais e financeiros, restou um enorme vazio na sua alma. Algumas irão perceber tardiamente, outras talvez chegarão ao final da vida sem sequer terem descoberto o verdadeiro significado da vida. Mas, você, que tem o privilégio de conhecer esta obra, poderá estar entre aqueles que experimentarão uma vida com mais significado.
Não tenho dúvidas que este livro ajudará o despertar e a expansão da consciência acerca da grandiosidade do seu ser como parte do universo, e sobretudo, que tudo faz parte de uma só vida. Boa viagem!
Ops! Boa leitura!
Milton Yuki
Introdução
Quando pensei em escrever sobre os conceitos de vida que acredito, pensei nos meus netos. O fato é que quando as pessoas morrem, com o tempo, as lembranças vão se desvanecendo, e acabamos tendo pouca ideia de quem foram nossos antepassados. Senti que gostaria que meus descendentes soubessem o que sua avó, bisavó ou tataravó pensava sobre a vida, existir de alguma forma para eles.
Comecei a listar os conceitos em que acredito, escrevi numa linguagem séria e pragmática e, ao fim de tudo, a obra ficou mais parecida com um manual técnico do que com um livro destinado aos meus queridos netos.
Quando mostrei este primeiro ensaio para meu marido Milton, ele fez o maior favor da minha vida, simplesmente deu uma sugestão perfeita: se eu queria que meus netos lessem, eu deveria criar uma história com vida e personagens. Recomecei o livro, desta vez construindo a narrativa em forma de um romance.
Assim nasceu O romance do universo, um livro que conta tudo o que aprendi na vida, tudo o que realmente me fez ser alguém melhor. Aprendizados simples, mas altamente impactantes e que transformam a vida das pessoas.
Aproveite a leitura. Que esse livro traga muitas coisas boas na sua vida.
Mabel Penteado
Capítulo 1
Frederico estava em seu quarto. Eram quase dez horas da noite. Depois de um dia todo de trabalho e estudos ele estava realmente cansado.
Fred, como era chamado por todos desde criança, estava no auge dos seus trinta e cinco anos. Trabalhava em uma empresa de tecnologia como gerente de sistemas já há sete anos. Além do trabalho, fazia também um curso de pós-graduação em Negócios e lhe sobrava muito pouco tempo para descansar.
Era um rapaz bonito, alto e com um corpo bem definido. Seus cabelos castanhos e pele morena contrastavam com os olhos verdes. Tinha o nariz aquilino e sobrancelhas grossas. Era cobiçado pelas garotas, bonito, inteligente e com uma carreira promissora. Morava em um apartamento em Higienópolis, bairro de classe média-alta da cidade de São Paulo. Queria ter mais tempo para se divertir. Acabara um relacionamento de cinco anos com uma garota e estava passando por uma fase difícil da sua vida, se sentia sugado pelas obrigações e sem tempo para mais nada.
Gostava de ler um pouco antes de dormir. Deitava-se na cama e pegava um dos livros que se acumulavam no criado-mudo. Entrava na história dos seus romances e conseguia sair de seu mundo, relaxando um pouco.
Nessa noite de março de dois mil e doze, Fred apagou a luz do quarto, próximo das dez e meia da noite e ligou o abajur para se concentrar no romance que estava lendo.
Como de costume, depois da quinta página, o sono chegou de vez. Apagou o abajur e ajeitou a cabeça no travesseiro. Estava quase pegando no sono quando, de repente, reparou em uma luz verde-clara no canto superior do quarto. Piscou e esfregou os olhos, pensando que fosse um truque da sua visão causado pelo cansaço, mas a luz não sumiu. Saltou da cama na hora e ascendeu a luz do quarto para checar se tinha algum equipamento eletrônico ligado ou se um vagalume entrara no quarto sem querer.
Não tinha nada. Olhou bem de pertinho e checou que não tinha mesmo nada, nem equipamento eletrônico, nem vagalume, nem nada.
– Bem – pensou ele. – Estou tão cansado que agora ando vendo coisas.
Apagou a luz e deitou-se novamente.
Quando Fred era criança, costumava ver pequenas luzes em seu quarto. Às vezes, fazia até seus pais dormirem com ele, com medo das luzinhas. Com o tempo isso passou e se perdeu em sua memória.
Tentando tirar a impressão da cabeça, Fred ligou novamente o pequeno abajur e voltou ao livro para que o sono retornasse. Ficou olhando o canto do quarto de soslaio para verificar se a luz verde não estava mesmo lá. Não estava.
Após três páginas, o sono chegou de novo. Apagou o abajur e fechou os olhos.
Estava novamente começando a pegar no sono quando escutou uma voz suave, uma voz feminina e amável:
– Fred, querido. Não se assuste, preciso falar com você – disse a voz suave.
Fred achou estar sonhando. Encontrava-se relaxado e já num estado dormente. Virou-se para o outro lado e se ajeitou para engatar no sono de vez.
– Fred – repetiu a voz doce. – Podemos conversar um pouco?
Fred deu um salto e sentou-se na cama. Dessa vez, o coração batia acelerado.
Acendeu o abajur e olhou à sua volta. A luzinha não estava lá, não tinha ninguém no quarto além dele.
Estava assustado, respirou fundo e ficou com medo de deitar novamente.
– O que estaria acontecendo? O que era aquela luz e aquela voz? Será que estava tendo alucinações? – pensava Fred aceleradamente.
Levantou-se da cama e foi até a cozinha pegar um copo de leite, por garantia acendeu todas as luzes do caminho. Sentou-se à mesa da cozinha para beber o leite e tentou se acalmar.
Aos poucos, foi voltando ao normal. Estava intrigado, mas lá no fundo ficara curioso para entender o que era aquilo, pois era tudo muito surreal. Ele sentia exatamente o mesmo medo que tinha quando era criança.
Pegou outro copo de leite e voltou para a cama. Titubeou em apagar a luz. Não queria ter novas alucinações, mas precisava dormir.
Fred estava assustado, mas ao mesmo tempo, curioso. Respirou fundo, várias vezes, deitou-se e apagou a luz. Deu algumas olhadas no canto do quarto para ver se estava tudo normal.
Ele ficou uns dez minutos atento ao canto do quarto, mas nada acontecia. A luzinha tinha mesmo sumido. Pegou de novo seu livro. Após algumas páginas concluiu que o sono não viria mesmo.
No fundo, estava curioso com tudo aquilo e sabia que agora ele não era mais criança, poderia entender o que isso significava. Concluiu que não conseguiria dormir se não encarasse o assunto de frente.
Decidiu dar um basta à situação de suspense, encheu-se de coragem e arriscou:
– Você está aqui? O que é você? Seja lá o que for, se quiser falar comigo, fale de uma vez.
Fred viu a luzinha voltar, no mesmo canto do quarto e sentiu um embrulho em seu estômago. O que seria aquilo? O que queria com ele? – pensou Fred aflito.
Mesmo com corpo em frenesi perguntou:
– Por que está aqui, o que quer falar comigo?
– Foi você quem me chamou. Quero lhe mostrar coisas que você quer saber, coisas escondidas dentro de você – respondeu a voz.
– Quem é você? – disparou Fred.
– Pode me chamar de Dora. Não tenha medo, estou aqui para lhe ajudar. Existem muitas coisas que você precisa saber.
– Que tipo de coisas?
– Coisas sobre a vida e o mundo. Coisas sobre o vazio que você sente, o vazio sem solução – falou Dora, suavemente.
Fred pensou um pouco. Realmente não enxergava sentido na vida que levava. Achava que estava meio deprimido, não tinha alegria em coisa alguma. Perguntava-se com frequência qual era o sentido das coisas, para onde ia e o que estava fazendo com sua vida. Não encontrava respostas, só um vazio que o angustiava. Fred perguntou intrigado:
– Como sabe o que sinto e penso?
– Não tenha medo – respondeu a voz. Sei que você está vivendo um vazio! Está cheio de responsabilidades e desafios, mas não está feliz, está vazio, certo?
Era exatamente isso! Estava sentindo um vazio que não conseguia preencher com nada. Nem com trabalho, nem com estudos, nem mesmo com namoradas. Fred continuou:
– Se você entende o que estou sentindo e sabe responder às perguntas que tenho me feito, como pode me ajudar?
Fred já estava mais tranquilo, algo dentro dele sabia que Dora queria seu bem.
– Prefere só ouvir minha voz ou quer me ver também? Posso me materializar para você? – perguntou Dora.
Fred hesitou uns instantes antes de responder.
– Bem, talvez seja mais fácil conversar com você se conseguir lhe ver.
Fred ficou estático fitando a pequena luz verde no canto do quarto. Sua respiração era curta, estava se contorcendo, numa mistura de ansiedade e medo. A luz foi aumentando gradativamente e começou a surgir um corpo sutil. Pouco a pouco, o corpo foi ficando mais visível. Era uma mulher esbelta, com longos cachos de cabelo e usando uma túnica que envolvia todo o seu corpo. Por fim podia