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Ao deixar as redes
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E-book119 páginas1 hora

Ao deixar as redes

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Sobre este e-book

Neste livro, o autor Daniel Amaral, bth nos recorda do grande desejo de Deus acerca daqueles que Ele escolhe para tornarem-se seus amigos e servi-lo. O Senhor quer que abracemos nossa missão de vida e vocação, atendendo ao Seu chamado! Mas, para servi-Lo é preciso antes deixar as redes e seguir o seu chamado por amor, pois somente através do amor é que aprendemos a alcançar a graça, a servir e a colher os frutos da caminhada vivida ao lado de Deus.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jun. de 2021
ISBN9786588451472
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    Ao deixar as redes - Daniel Amaral

    Referências

    Dedicatória

    Dedico este livro a todos os que me transmitiram a fé e me ensinaram a discernir a minha vocação, especialmente as minhas catequistas — a irmã Soeli ( in memoriam ), consagrada da Fraternidade de São Pedro Canísio, que foi exemplo de amor ao Coração de Jesus, e a Jurema, que é minha grande intercessora e mãe e spiritual.

    Jamais teria conseguido completar este trabalho se eu não tivesse ao meu lado a minha família, a começar por minha esposa, Carla, que não me deixou desistir, e meus filhos, Marcos Aurélio, Daelton, Daelen, Bianca e Flora, bem como os filhos e filhas de Bethânia, concedidos pela minha vocação de pai na Comunidade e que me ensinaram e me ensinam a cada dia a me tornar um esposo e um pai melhor, como também um servo melhor de Deus.

    Agradeço a confiança da Comunidade Bethânia, a todos os meus irmãos de consagração de vida e aliança, que sempre foram inspiração de entrega e doação para viver minha vocação.

    E como não me lembrar de louvar a Deus pela graça de ter vivido em comunidade por sete anos com meu fundador e servo de Deus, padre Léo, que hoje se encontra na glória do Pai e que intercede por mim, por nós? Padre Léo foi pai, amigo, mestre e irmão. Foi dele que ouvi em Bethânia, enquanto fazia meu discernimento vocacional: Acolha tudo, viva tudo e depois escreva um livro para partilhar suas experiências. E foi justamente o que eu fiz nesses 20 anos vocacionando em Bethânia: acolhi, vivi, toquei, anotei e agora desejo partilhar com você. Espero que minhas experiências possam ajudá-lo a descobrir seu chamado e sua vocação para ser inteiramente de Deus.

    Rogo e consagro ao Coração de Nossa Senhora de Bethânia este livro e a sua vida.

    Boa leitura! Boa experiência!

    Introdução

    Ao deixar as redes…

    Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho.’

    Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: ‘Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens.’ Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.

    Uns poucos passos mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca, consertando as redes. E chamou-os logo. Eles deixaram na barca seu pai Zebedeu com os empregados e o seguiram.

    (Mc 1,14–20)

    A escolha do título — Ao deixar as redes — aponta a direção para a qual este livro foi escrito: a descoberta da vocação!

    Para isso, encontramos nessa passagem do Evangelho de São Marcos uma riqueza de detalhes pelos quais o Senhor quer revelar e compartilhar de seu amor para conosco.

    Além de o texto nos mostrar de forma concreta o chamado dos primeiros seguidores de Jesus, revela na interioridade de seu contexto um dos momentos mais belos da história de Deus com a humanidade, do encontro do Filho de Deus feito homem com o próprio homem. É Deus que, em seu amor infinito, vem revelar e chamar o homem a fazer parte da história salvífica e redentora da criação ao fazer novas todas as coisas (Ap 21,5). Assim, escolhe e vocaciona homens e mulheres de bom coração dispostos a caminhar com Ele e de acolher seu Evangelho.

    É exatamente o que nos indica essa passagem de Marcos 1,14–20. Era um dia qualquer de trabalho para quatro pescadores — Simão e André, João e Tiago —, um dia que mudaria a trajetória de suas vidas para sempre.

    O que poderia ser mais inusitado do que alguém passar em seu trabalho e fazer a proposta para você deixar tudo — trabalho, casa, familiares e campos — com o objetivo de segui-lo tendo em vista um projeto inimitável? Seria, no mínimo, estranho, porém foi exatamente o que aconteceu na vida daqueles homens, na praia da Galileia, numa manhã de um dia qualquer.

    Era uma proposta ousada e ao mesmo tempo radical do tal Jesus de Nazaré, que prometia, como única segurança futura, torná-los pescadores de pessoas para o Reino de Deus. Mas, para tanto, deveriam deixar as redes de pesca de tantos anos para aprenderem a nova profissão.

    O que aquele chamado significava e implicava na vida daqueles homens ao ter de deixar as redes?

    Quais promessas e esperanças estavam contidas nas entrelinhas daquelas palavras do jovem galileu que ressoaram tão profundamente ao ponto de convencê-los a tamanha loucura? Que impactos acarretariam o contexto de suas vidas, visto que a pesca não era só um passatempo, mas significava, antes de mais nada, o sustento deles e de suas famílias?

    Além de provocar todas as formas de desconfiança de seus familiares, estavam também em jogo o conjunto de outras realidades: a perda da estabilidade profissional que haviam conquistado pelas incansáveis travessias, realizadas durante anos, naquele mar da Galileia de aproximadamente 20 km de comprimento e de 11 km de largura e a reputação precedida de reconhecimento social, que lhes rendeu um grande patrimônio: barcas, redes e a própria companhia de pesca?

    Naquele mar, naquela praia, naquela profissão, nas barcas e nas redes estava a vida daqueles homens: seu passado, presente e futuro. São Marcos (1,19) diz que estavam consertando as redes; isso quer dizer que as redes não serviam apenas como material de trabalho, mas, especialmente, tinham um valor simbólico para os donos, já que era uma das ferramentas mais importantes no ofício de suas profissões. Ademais, simbolizavam a vida de cada um daqueles quatro pescadores: a síntese do passado e o melhor investimento para o futuro.

    Para além do valor monetário nos recursos investidos na compra dos materiais para a confecção das redes de pescas, que na época incluíam fibras vegetais ou animais, lã, seda, algodão, barbantes e cascas de ostras, exigiam um processo peculiar em sua fabricação, pois o mínimo de descuido no entrelaçamento no conjunto dos fios que se cruzam na trama deixaria uma brecha por onde o peixe poderia escapar.

    Então há uma relação do pescador com a sua rede apontando a própria trajetória daquele que a confeccionava, pois, ao passar os fios nas falanges dos dedos que se entrelaçam, revela ao final uma única coisa: a própria vida do pescador. Esses homens eram especialistas na fabricação de redes de pesca, tanto que eles moravam em Betsaida, às margens do lago. A palavra Betsaida significa lugar de redes ou lugar de pescas.

    O texto vai nos dizer que eles deixaram as redes para seguir Jesus. Vocacionar é ter a coragem de deixar tudo!

    Que gesto maravilhoso e profundo tiveram aqueles quatro pescadores ao deixarem suas redes de pesca. Se as redes simbolizavam seu passado (tudo que eles economizaram para confeccioná-las) e seu futuro (os peixes que eles conseguiriam com aquelas redes), deixar as redes simbolizou também o seu presente: naquele momento eles tomaram uma decisão radical. Ao deixar as redes, quebraram também toda a possibilidade de voltar a pescar; naquele momento nasciam homens novos. Ao deixarem tudo para seguirem Jesus, acabaram transformando-se em grandes discípulos, que, tempos depois, cheios do Espírito Santo, estavam proclamando Jesus Cristo Ressuscitado (At 2,4s).

    Aquele gesto do deixar as redes significava que daquele momento em diante eles começaram uma vida nova. Eles se deixaram ser iscados e enredados por Jesus. Para pescar grandes peixes é preciso escolher a isca certa. Qual foi a isca com a qual Jesus de Nazaré havia fisgado o coração daqueles pescadores? Qual foi o momento em que Ele os capturou na rede de seu Sagrado Coração para que não hesitassem em segui-Lo?

    A palavra e o olhar do jovem galileu foram a consubstância perfeita que iscou os sonhos daqueles homens ao passar ao largo da praia.

    Se de um lado a palavra de Jesus causou-lhes incômodo ao ponto de arrancá-los da vida costumeira, concomitantemente, de outro lado se encontra o olhar amoroso de Jesus sobre aqueles homens capaz de acalentar e cativar seus corações: viu Simão e André (Mc 1,16); viu Tiago e João (Mc 1,19). Ao dizer que os viu, São Marcos quer nos mostrar que há mais do que um simples olhar de quem vê por acaso. Esse olhar com o qual Jesus os viu é único e singular. A forma com que Jesus ou viu penetrou a alma e os sentimentos mais profundos do coração daqueles homens com uma força capaz de fazer emergir o melhor que havia neles, e então descobriram que poderiam ser mais que simples

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