Hora do espanto - O Soldado fantasma
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Hora do espanto - O Soldado fantasma - Edgar J. Hyde
Epílogo
Capítulo 1
O Campo de Batalha
– Depressa, crianças, vamos – gritou a senhora Martin tentando manter todos os alunos juntos. – Venham cá vocês dois, não queremos perdê-los – ela acrescentou, chamando Alan e Isabel, que tinham ficado ainda mais atrás.
Eles estavam contemplando um pequeno monte de pedras. A senhora Martin tinha dito que aquilo era um moledro. No meio dele havia um pedaço de pedra liso e plano com a palavra MacLeod
esculpida.
As duas crianças ainda imaginavam as cenas de 200 anos antes, quando quase todo o clã MacLeod tinha sido morto na Batalha de Culloden. A senhora Martin tinha acabado de contar algumas histórias a respeito da batalha.
Quando Alan olhou em volta, pôde ver os muitos moledros que foram erguidos no campo onde a batalha havia ocorrido, em homenagem a todos os outros clãs que lutaram ali. Alan olhou para o lado mais extenso do campo. A distância ele podia notar a grande bandeira branca que marcava o ponto onde o exército inglês dos Casacas Vermelhas tinha se alinhado na manhã da batalha. Ele fechou os olhos e tentou compor a cena. Imaginou que estava no meio dos clãs dos escoceses, vestindo seu kilt, o saiote que os escoceses usam, coberto de lama porque havia dormido ao relento na noite anterior. Ele tinha sua espada escocesa em uma das mãos, e sua adaga na outra. Imaginou os ruídos e os odores do campo de batalha e tentou sentir o que um jovem soldado escocês teria experimentado naquela manhã. A senhora Martin tinha descrito isso como uma mistura de medo e excitação.
Alan teria adorado estar ali naquela manhã do mês de abril. Ele tinha sido criado ouvindo a história e as lendas de Culloden, e a luta ancestral entre escoceses e ingleses. Desde quando sua família tinha se mudado para uma pequena aldeia bem perto do local da batalha, ele fora cativado pelas histórias de bravura, galanteria, mistério e romance que seguiam de mãos dadas com a própria história escocesa. Mesmo sabendo que a Batalha de Culloden tinha sido um desastre para o exército escocês e seu líder, Bonnie Prince Charlie, Alan teria feito de tudo para se alinhar com os clãs reunidos naquele dia para enfrentar o exército inglês. Ele ainda sonhava que, de alguma maneira, teria feito a diferença, teria realizado alguma incrível façanha de bravura que mudaria o resultado da batalha e teria obtido uma famosa e histórica vitória para os escoceses. Teria ficado orgulhosamente ao lado de seu rei, o íntegro rei de seu país, com sua espada escocesa erguida.
Ele abriu os olhos novamente e contemplou a bandeira a distância. Foi ali que o duque de Cumberland se instalou para ordenar o avanço do exército inglês. Foi ali que ele permaneceu quando mandou seu exército passar a espada em cada homem escocês, mesmo os feridos e os desenganados. Ele não ganhou o apelido de o açougueiro
sem merecer.
– Vamos, Alan. É melhor a gente correr! – Isabel gritou, tentando tirar o irmão do seu estado de devaneio.
– Veja, os outros já foram embora. Vamos, depressa – ela acrescentou.
Alan olhou para a irmã e sorriu.
– Não se preocupe, Isa, eles não saem sem nós – Alan replicou, afastando-se do campo de batalha e pegando o caminho que levava de volta ao Centro dos Visitantes.
Alan e Isabel eram gêmeos, tinham 14 anos de idade, e estavam na mesma classe. Embora fossem muito parecidos fisicamente, eles eram muito diferentes.
Alan era muito emotivo e cheio de energia, e estava sempre em movimento. Era também um sonhador, e gostava de se imaginar participando de aventuras de todo tipo. Isabel, por outro lado, era mais comportada e controlada. Sua inteligência era completada pelo bom senso, uma coisa que fazia falta ao irmão. Ela compartilhava com o irmão o amor pela história da Escócia, mas possuía uma visão mais equilibrada do passado de seu país, reconhecendo tanto a tragédia quanto a glória. Conhecia bem todas as histórias da gloriosa derrota que o irmão parecia esquecer tão facilmente. Ambos gostavam de visitar o campo de batalha. Ficava muito perto da aldeia e a escola quase sempre fazia excursões até lá, não só para falar da famosa batalha ocorrida, mas também para ensinar sobre o modo de vida de seus antepassados.
– Então, por qual clã você lutou hoje, Alan? – Isabel perguntou, só para brincar com o irmão e sua mania de sonhar acordado. Ela sabia o que ele tinha imaginado. Acontecia sempre o mesmo com ele.
– Será que isso importa, Isa? Ainda vamos vencer! – Alan replicou, fingindo investir sua espada escocesa imaginária contra ela.
– Vencer? Como seria possível? Você teria que correr mais de 1 quilômetro, e quando o açougueiro
o pegasse, viraria picadinho, picadinho de escocês! – Isabel zombou, afastando o braço esticado do irmão.
– Ele me pegar? Nunca me pegaria! Os Casacas Vermelhas obesos jamais alcançariam este guerreiro veloz! – Alan afirmou, parando a caminhada