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Manual expresso para redação de TCC na área de gestão
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Manual expresso para redação de TCC na área de gestão
E-book210 páginas3 horas

Manual expresso para redação de TCC na área de gestão

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Sobre este e-book

"MANUAL EXPRESSO PARA REDAÇÃO DE TCC NA ÁREA DE GESTÃO" tem como principal missão simplificar de maneira didática os principais passos para a escrita de um Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. Com foco na área de Gestão, os autores oferecem dicas valiosas, de maneira que os leitores consigam entender e desenvolver os elementos que constituem esse trabalho acadêmico; desde a introdução e o estudo de caso, até a organização do referencial teórico, sem preocupação ou medo da reprovação. Trata-se de um livro fundamental para estudantes que buscam desenvolver e aprimorar sua escrita acadêmica de maneira descomplicada.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de jan. de 2021
ISBN9786558402466
Manual expresso para redação de TCC na área de gestão

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    Manual expresso para redação de TCC na área de gestão - Renata Simões Guimarães e Borges

    Miura

    1. ESTRATÉGIAS DE PESQUISA

    Antes de explicar as estratégias de pesquisa, consideramos importante pontuar elementos básicos da pesquisa científica, como conhecimento, verdade, crença e justificação. Este manual não pretende aprofundar tais assuntos, mas é importante compreender que a pesquisa científica tem a ver com os fatos e a necessidade de afastar achismos da discussão acadêmica. Portanto, o objetivo deste capítulo é explicar os princípios básicos do conhecimento científico e a lógica da investigação empírica.

    1. O que é conhecimento?

    O conhecimento pode ser adquirido de várias formas, por familiaridade, competência ou por meio de proposições. O conhecimento direto ou por familiaridade pode ser caracterizado como objetivo e perceptivo. Por exemplo, quando afirmo que conheço meu amigo João, significa que eu tenho o conhecimento de que a pessoa João existe e faz parte do meu círculo de amizade. Ou quando eu tenho conhecimento (sei) que estou com dor de cabeça, mostro um tipo de conhecimento sobre a percepção do meu estado de físico. Portanto, esse tipo de conhecimento é objetivo e perceptivo.

    O tipo de conhecimento por competência é aquele que trata da capacidade de executar uma habilidade, seja de forma consciente ou inconsciente. Por exemplo, quando afirmo que sei andar de bicicleta, eu tenho uma habilidade e sou capaz de executá-la, logo tenho esse conhecimento. Eu também sei falar português, minha língua materna, e por isso, escolho as palavras e formulo frases muitas vezes de forma inconsciente. Analogamente, o inglês não é minha língua materna, mas aprendi por meio de cursos, ouvindo músicas, vendo filmes e falando com estrangeiros.

    Outro tipo de conhecimento é o proposicional ou por proposição. Eu sei que Brasília é a capital do Brasil porque me foi dito ou porque li em um livro ou jornal, por exemplo. Trata-se de um conhecimento, de uma proposição, ou seja, o que é afirmado por uma sentença que diz algo. O conhecimento proposicional nem sempre é baseado no conhecimento direto ou por familiaridade. Às vezes podemos adquirir um conhecimento sem necessariamente experienciá-lo. Por exemplo, sei que São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, mesmo sem nunca ter ido a São Paulo, porque os dados do IBGE dizem isso. Assim, mesmo sem experimentar ou ter visto presencialmente algo, quando usamos a palavra conhecimento estamos fazendo uma afirmação que assumimos como verdade.

    Considere a seguinte afirmativa: eu sei (tenho conhecimento) que o Brasil se tornou independente de Portugal em 1808, mas não foi nesta data. Essa afirmativa causa estranhamento porque carrega uma incoerência, inconsistência, e por isso não pode ser considerada um conhecimento proposicional.

    Mas o que são proposições verdadeiras?

    As afirmativas verdadeiras possuem uma característica em comum: a correspondência com os fatos. Se os fatos não são o que dizemos, nossa afirmativa é falsa. A frase a neve é branca, só é verdadeira se realmente a neve for branca. Da mesma forma, a frase o Everest é a montanha mais alta do mundo só é verdadeira se efetivamente não houver nenhuma outra montanha mais alta que o Everest.

    Assumir um conhecimento como verdade implica em acreditar. Como seres racionais, buscamos apoiar nossas afirmações sobre o conhecimento da mesma forma que apoiamos nossas crenças morais sobre nossos valores e princípios. Por exemplo, ‘sou vegetariano porque não concordo que bichos sejam mortos. Ou, então, sou vegetariano porque os rebanhos bovinos são responsáveis pelo aquecimento global. Em ambos os casos, há justificativas morais para não se comer carne. Observe-se, entretanto, que, no segundo caso, além da crença moral, a pessoa justifica sua decisão baseada nas evidências coletadas pelos cientistas de que os rebanhos causam aquecimento global.

    Para a ciência, no entanto, não basta acreditar, é preciso justificar. Mas como justificar? Utilizando padrões epistêmicos aceitáveis de razão e evidências. Nossas crenças podem corresponder à verdade ou não corresponder à verdade; podem ser verdadeiras ou falsas.

    Por exemplo, durante muitos anos as pessoas acreditavam que o Sol girava em torno da Terra, mas, em 1543, Copérnico conseguiu provar que na realidade era a Terra que girava em torno do Sol, alterando todo o sistema de crenças vigente à época. Alguns astrônomos anteriores a Copérnico já defendiam a teoria de que a Terra girava em torno do Sol, mas não conseguiram evidências. Ou seja, às vezes estamos com a verdade, mas não temos evidência, isto é, não possuímos a justificação¹ necessária.

    A Figura 1 ilustra as relações entre crenças, verdade e conhecimento. A parte cinza escuro representa o conhecimento não justificado, enquanto a parte branca mostra o conhecimento com justificação.

    Proposições

    Figura 1. Conhecimento, crenças e verdade

    Disponível em: http://bit.ly/3nEouhY. Acesso em: 21 dez. 2020.

    Levando em conta o que se discutiu anteriormente, o conhecimento pode ser definido como uma crença verdadeira e justificada.

    Em tempos em que o conhecimento científico tem sido objeto de muita controvérsia, essa breve introdução faz-se necessária porque o pesquisador que se debruça sobre uma questão, um fenômeno social, organizacional, institucional, etc. deve ser capaz de diferenciar opinião e conhecimento. O conhecimento científico envolve a busca pela verdade que corresponde aos fatos. Somente essa verdade interessa no caso dos trabalhos científicos. É importante, portanto, que o pesquisador tenha isso em mente durante todo o tempo em que estiver desenvolvendo a sua pesquisa.

    2. Estratégias de pesquisa

    O pesquisador pode optar por realizar uma pesquisa do tipo qualitativa, quantitativa ou de métodos mistos.

    Tabela 1. Tipos de pesquisa

    Fonte: Elaborado pelo(s) autor(es).

    A pesquisa qualitativa é utilizada para explorar e compreender os significados atribuídos pelos indivíduos aos fenômenos ou situações vivenciadas. Esse tipo de pesquisa prioriza a profundidade do entendimento, por isso, muitas vezes, os dados são coletados no próprio no próprio ambiente do indivíduo. O método indutivo³ é utilizado, ou seja, a partir da análise de diversos casos particulares, chega-se a uma conclusão sobre a verdade. Os métodos mais utilizados para a coleta de dados na pesquisa qualitativa são: estudo de caso; teoria fundamentada (grounded theory); etnografia; pesquisa fenomenológica; pesquisa narrativa; pesquisa participativa; entre outros.

    Por exemplo, uma pesquisa sobre como as Instituições de Ensino Superior (IES) têm se reorganizado para oferecer o Ensino a Distância (EaD). O aluno pode desenvolver sua pesquisa empírica em uma única instituição. O objetivo é compreender, de maneira aprofundada, como a instituição definiu e implementou as práticas de EaD. Assim, o pesquisador pode propor também estudos sobre os efeitos do EaD na vida dos estudantes, dos professores, e na qualidade da aprendizagem. Nesse caso, a pesquisa tem como foco a compreensão aprofundada do fenômeno, partindo de casos particulares para entender o todo (método indutivo).

    A pesquisa quantitativa, por sua vez, é utilizada para testar teorias e relações entre variáveis. É adequada para comparar características e medir percepções de um grande número de pessoas. Os dados são coletados e analisados utilizando-se procedimentos estatísticos. O método dedutivo é aplicado, ou seja, as conclusões particulares são obtidas a partir de premissas gerais. O survey é o método mais utilizado para a coleta de dados na pesquisa quantitativa. O pesquisador pode realizar um estudo junto a várias instituições para compreender como o EaD vem sendo utilizado. Entretanto, diferentemente da pesquisa qualitativa, na pesquisa survey, o objetivo é propor e testar relações de causa e efeito. Se eu tomar uma decisão X, qual será o resultado Y? Por exemplo, posso pesquisar qual o efeito da aula on-line (também chamada de síncrona), aquela em que estão todos conectados ao mesmo tempo, sobre a aprendizagem. Alguns estudos têm procurado entender o efeito da falta de contato físico na atenção, sugerindo que as aulas on-line demandam um esforço de atenção muito maior do que as presenciais, elevando os níveis de cansaço e estresse, o que pode afetar a aprendizagem dos alunos.

    A pesquisa de métodos mistos utiliza ambas as estratégias, qualitativa e quantitativa. Os estilos indutivo e dedutivo são empregados de forma sequencial ou concomitante. Na concomitante, os dados qualitativos e quantitativos são coletados ao mesmo tempo, enquanto que, na estratégia sequencial, um tipo de dado é coletado, a análise desses dados é realizada e, somente depois, o outro tipo de dado é coletado e analisado.

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