No Olho Do Furacão
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Sobre este e-book
O cruzeiro de aniversário que Serena fez para comemorar os seus 28 anos não estava saindo conforme o planejado. Todos os seus amigos, com a exceção de um, cancelaram e quando a que veio com ela fica doente, ela é forçada a passar o aniversário sozinha. Por ser introvertida, a probabilidade de se esforçar para conhecer alguém é praticamente inexistente. É então que ela faz um desejo para uma estrela cadente que cruzava o Triângulo das Bermudas. É a coisa mais louca acontece…
Christophe Jones nunca pediu para ser pirata, mas quando foi obrigado a se juntar à tripulação, ele foi subindo de posição em um esforço para poder escapar. Só que era mais fácil planejar a fuga do que fugir. Quando finalmente tem a oportunidade de se afastar e voltar para sua antiga vida, ele se agarra a ela, ou é o que tenta fazer, pois um redemoinho o puxa para debaixo das ondas… só que ele não se afoga. Christophe vai parar trezentos anos no futuro, e se vê cativado por uma bela mulher.
Será que Serena poderá abrir o coração para o belo estranho que conta uma historinha que não faz sentido nenhum? Será que Christophe voltará para o seu tempo ou ficará preso ali? A pergunta pesa nos pensamentos do pirata enquanto ele sofre por Serena, cujo desejo de amor o convocou atrás dos séculos. Será que eles estão mesmo destinados a ficar juntos?
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No Olho Do Furacão - Rebekah Lewis
No Olho do Furacão
Rebekah Lewis
Translated by
Wélida Cristina De Souza
Contents
Dedicatória
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Livros de Rebekah Lewis
Untitled
Capítulo Um
Untitled
Prologue
Sobre a autora
Este é um trabalho de ficção. Quaisquer referências a pessoas reais, filmes, programas de televisão, organizações e localizações foram usadas para dar autenticidade à história e estão sendo usadas de forma fictícia. Todos os nomes, personagens, negócios, eventos e incidentes ou são produtos da imaginação do autor ou foram usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, ou eventos reais é mera coincidência.
Original editado por Sandra Sookoo
Capa por Victoria Miller
Copyright © 2016 by Rebekah Lewis
Todos os direitos reservados.
Este livro, ou qualquer parte dele, não poderá ser reproduzido ou utilizado de qualquer forma sem a autorização por escrito do autor, exceto em breves citações em avaliações do livro.
Original impresso nos Estados Unidos da América.
www.Rebekah-Lewis.com
Vellum flower icon Created with Vellum
Dedicatória
Para todos os que amam contos de fadas, piratas e finais felizes, esse livro é para você.
Capítulo Um
18 de junho de 1715
Uma mão sacudia na água escura e agitada, segurando-se com força no bote. Se não fosse pela luz da lua, Christophe o teria perdido antes de uma segunda mão se juntar à primeira e uma cabeça cabeluda de olhos arregalados aparecer sobre a borda. Os membros pertenciam ao pirata magricela que tentou eviscerá-lo enquanto tentava de fugir do navio que ia a pique.
O rangido da madeira acompanhado pelos estalos e estilhaços precederam a pancada quando o mastro caiu na água. O murmúrio dos gritos ecoava pelo horizonte negro do mar infinito. Ninguém para ouvir os homens morrendo, exceto o segundo veleiro que se distanciava da destruição que causou. A pólvora permeava o ar salgado com sua espessa fumaça negra, fazendo os olhos de Christophe queimarem mesmo ele tendo conseguido direcionar o bote para longe do naufrágio.
O homem na água lutava para se impulsionar para o bote, fazendo-o balançar perigosamente. Ele era feio, desnutrido e lhe faltavam vários dentes. A água do mar tinha escondido os traços de suor e falta de banho, mas ainda havia um pouco de bolor no casaco dele que ficara mais evidente por causa da umidade. Ou ele ou o pirata cabeludo teriam um encontro com as profundezas geladas, e Christophe não tinha planos de comparecer a essa reunião em particular. Não quando a liberdade finalmente tinha dado sinais. Esse homem, que Deus proteja a sua alma, não atrapalharia a sua fuga.
Além do pirata encharcado, uma barbatana triangular rompeu a superfície, a carne cinzenta e molhada brilhou no prata pálido que ondulava através das ondas. O tubarão cortou a água como uma lâmina letal, circulando silenciosamente o barco como se percebesse que o jantar esperava por ele. Ou não… já que o pirata que se puxava sobre a borda do bote não conseguiria entrar.
— Desculpa, camarada. — Christophe se encolheu com o estalo seco da própria voz. A fumaça não lhe fez nenhum favor. Na verdade, estava feliz demais por estar deixando a pirataria, e esse maldito estilo de vida, para trás quando remou com o bote para longe. Finalmente entrava no próximo capítulo da sua vida. O problema era que o pirata agarrado ao barco como uma craca indesejada com certeza tiraria a sua vida assim que ele fosse a bordo. Era melhor descartar completamente aquela opção.
Christophe puxou os remos para dentro do bote e então desembainhou a espada. Supôs que poderia se limitar a atirar no homem, mas preferiu preservar o máximo de munição possível. Então ele abaixou a lâmina da espada, como se fosse um cutelo, em direção ao local onde o pirata se agarrava ao barco, mas errou carne e osso e bateu na madeira nua. Com um grito agudo, o pirata se soltou e agitou os braços abertos enquanto caía nas profundezas azuis, chapinhando enquanto tentava se manter à tona. Uma segunda barbatana se juntou à primeira, rodeando o barco pelo lado oposto, e então se afundaram. O homem tossiu, gritou e desapareceu.
Christophe embainhou a espada enquanto vasculhava a superfície da água, mas o pirata não ressurgiu e o primeiro tubarão continuou a circulá-lo, esperando. Desarrolhando a garrafa de rum que tinha pegado durante a fuga, Christophe a ergueu em saudação ao bucaneiro e tomou um bom gole.
— Espere o quanto quiser, tubarão. Você não vai ter um gostinho de mim. — Ele tampou a garrafa e a enfiou na mochila que tinha feito às pressas, então colocou os remos de volta no suporte das laterais do barco, preparando-se para a partida.
Chegaria às Bermudas ao meio-dia, isso se não saísse do curso, e já que só teria rum como alimento até lá, precisava se apressar e ficar acordado até conseguir chegar à terra. De outra forma, teria sua pistola ou se jogaria aos tubarões, mas nenhuma dessas opções tinham o mesmo apelo que a liberdade.
Christophe fechou os olhos, inclinou a cabeça para trás e suspirou. Liberdade. Ansiava por ela há tanto tempo, mas nunca tivera oportunidade para persegui-la sem que houvesse represálias. Sempre tinha havido olhos sobre ele. Sussurros e moedas trocando de mãos por informação quando o navio aportava. Se capturado, a punição pela tentativa de fuga seria severa. Trabalhou muito duro para subir as posições e poder ter essa oportunidade e não iria perdê-la agora. O dinheiro que tinha lhe garantiria uma refeição ou duas e ele poderia trabalhar para conseguir uma passagem de volta para as colônias.
Iria para casa.
O esperado alívio com aquela perspectiva não foi tão forte quanto deveria ter sido. Queria muito ir para casa. Temia, no entanto, que não fosse ser aceito de braços abertos. Tornar-se um pirata, mesmo não tendo sido por escolha própria, tinha posto um preço em sua cabeça. Os crimes cometidos durante o tempo que fez parte da tripulação eram o suficiente para levá-lo à forca. Não importava o fato de ele ter sido forçado à prática, porque as leis sobre a pirataria não eram misericordiosas. Sua volta para casa traria uma mancha para a família, caso a verdade fosse revelada. Sua vida estava tão à deriva quanto ele naquele momento, remando sem destino, exceto pelo propósito de encontrar algo para comer e um lugar para dormir. Perdido. Desamparado. Sozinho.
À distância, A Serpente do Mar, o galeão que tinha atacado, recuava com apenas as velas de velocidade distinguíveis na noite enfumaçada. E, à sua esquerda, bolhas, destroços flutuando, alguns ainda em chamas, e corpos marcavam a localização do Calypso. Assim que a água entrou com maior rapidez, a embarcação afundou. Uma bala de canhão no lugar certo tinha selado a desgraça da escuna. Enquanto a tripulação do navio atacante fazia reféns, o Barba Magricela tinha sido o único pirata a notar a sua retirada. O pirata tinha estado tão determinado a impedi-lo de pegar um dos botes do Serpente do Mar que nadou atrás dele em vez de alertar os outros.
E ele fez um bom trabalho, mesmo com o agito do mar e a ingestão de água salgada. Oh, e então o maldito acabou virando isca de tubarão. A experiência não deve ter sido muito agradável.
— Antes você do que eu — murmurou. Até faria um cumprimento com o chapéu, mas o perdeu durante a fuga. Antes o chapéu do que a vida.
Bem quando tinha acreditado que a tripulação com a qual viajava era formada pelos homens mais estúpidos que já conheceu, o Serpente do Mar chegou com menos bom senso do que o resto deles. A única razão pela qual sobreviveram era que eles tinham mais armas e mais homens. Sem muito intelecto em qualquer um dos lados, os músculos ganharam rapidamente.
Não passou pela cabeça de nenhum deles que um dos tripulantes do Calypso fosse a bordo do Serpente do Mar em vez de lutar para mantê-los fora do navio e que, então, fugiria no bote dos rivais. Ele riu, sentindo a dor por remar percorrer o corpo cansado. Precisava de descanso, mas não agora. Tinha que chegar ao fim do curso perigoso ao que tinha se jogado.
Pouco mais de um ano atrás, ele tinha sido raptado pelos marinheiros depois de desmaiar na taverna por causa de uma bebedeira. Christophe acordou no mar com um monte de piratas sanguinários que tinham baixa moral e nenhum respeito pelas mulheres. Pensar naquilo levou um sorriso ao seu rosto. Dependendo da quantidade de rum que tomasse, ele mesmo poderia ser um pouco canalha. Enquanto o ano se passava, e a fuga parecia menos provável, conseguiu, de alguma forma, ganhar a confiança da tripulação e do capitão, o suficiente para que acabasse sendo elevado a contramestre do Calypso. Provavelmente porque ele era um dos poucos que tinha o mínimo de bom senso para fazer o maldito trabalho. Ele era letrado, e o dono anterior do posto morreu de disenteria. Uma forma horrorosa de ser morrer.
Quando o Calypso começou a afundar, Christophe hesitou por um mero segundo antes de partir para a ação. Agora, quem restou da sua antiga tripulação ou estava morto ou tinha sido levado prisioneiro junto com o Serpente do Mar. Ninguém procuraria por ele. Já tinha passado muito tempo para que alguém descobrisse a sua identidade e pedisse um resgate. E tudo ficaria bem mais uma vez. Finalmente.
Resignando-se a ficar vivo, e longe dos dentes dos tubarões, ele só desejou chegar à terra, o que tinha começado como um plano tão decente quanto a maioria dos planos decentes começava. Ele parou de remar para descansar os braços, mas o cabelo da nuca se arrepiou e ele olhou em volta. O primeiro sinal para voltar a remar para o outro lado deveria ter sido o brilho abaixo da superfície.
A coisa o rodeava, um brilho azul-esverdeado debaixo da água, espalhando-se cerca de quinze metros em todas as direções. Christophe parou para admirá-lo e tentava, ao mesmo tempo, desvendar a causa. A água escura se agitava ao redor do brilho. Nenhuma luz que já tinha visto, seja de lamparina ou de fogo, já criou um brilho assim. Um homem supersticioso presumiria que aquilo era algum trabalho de bruxaria ou magia negra, mas ele não acreditava em mágica. Ele ria de tais disparates — isso se não estivesse olhando para uma luz que parecia vir de outro mundo e que estava brilhando bem no meio do oceano.
As listras da pele do seu companheiro tubarão ficaram claramente visíveis enquanto ele o rodeava com os dentes afiados e mortais. Em volta dele, cardumes de peixes brancos se afastavam freneticamente para todas as direções. Aquele foi o segundo sinal para a retirada, mas era tarde demais.
Um enorme redemoinho se formou abaixo, lento de início. Explosões brilhantes de água turquesa giravam, ficando cada vez mais largo e profundo, até que o meio se afundou e o rugido do mar sugou o bote como uma tromba d’água em uma tempestade de luzes. Não pôde fazer mais nada além de jogar a mochila sobre o ombro e se segurar com a vida enquanto a corrente capturava o bote e a embarcação começava a girar indo para o fundo do abismo.
Havia tantas coisas que desejava para a vida. Casamento, filhos. Fazer a diferença, ainda que não soubesse de que forma. A pirataria tirou tudo dele, e ele se permitiu ter esperança, talvez esperança demais, de que poderia voltar ao caminho a que tinha se proposto antes.
Nunca voltaria.
Christophe ia morrer, sem dúvida, e se não fosse afogado, então seria pela pressão de ser engolido pelo vórtice. De qualquer forma, o rum iria com ele; um pequeno prazer ao qual se agarrar na vida após a morte.
18 de junho de 2015
Eu queria me apaixonar por um homem diferente de qualquer outro que eu já conheci.
Serena abriu os olhos enquanto o meteorito sumia. Fazer um desejo para uma estrela-cadente era meio infantil, mas o conforto do ato tinha sido mais nostálgico que qualquer coisa. Momentos mais tarde, os fogos de artifício se acenderam no céu com explosões de ouro, azul, violeta, verde e vermelho. As explosões de luzes azuis e verdes eram particularmente vívidas, refletindo na água que seguia o rastro do navio, quase como se tivessem sido disparadas por debaixo da superfície. Lindo.
Os passageiros foram só óóó
e aaa
enquanto apontavam para o efeito. Com vários outros estouros acima, o navio sacudiu e virou para a esquerda, indo em direção ao lugar ali na água que tinha emitido a luz azul-esverdeada. Serena segurou a amurada com força para se equilibrar. Na água, os reflexos dos fogos de artifício diminuíam, mas o brilho pareceu quase girar ali por um instante, como o ralo de uma banheira. Quando piscou, ele desapareceu.
Uma criança começou a chorar atrás dela, provavelmente assustada por causa do movimento brusco do navio, e o tumulto a fez voltar para a realidade.
— Por favor, permaneçam calmos — alguém disse no sistema de autofalante. — Algo bateu no navio. Provavelmente um… tubarão-baleia? — O sistema de comunicação desligou com um estalido seco. Serena engoliu o impulso de rir. Eles anunciaram mesmo que tinham batido em um tubarão, como se eles não tivessem certeza de que tinham batido mesmo? Não achava que aquele seria o tipo de coisa que anunciariam, mas quem era ela para saber?
Ao seu lado, uma mãe segurava os pequenos com força enquanto eles tentavam espiar sobre a amurada, esperando ter um vislumbre do tubarão-baleia que foi capaz de agitar um navio de cruzeiro. Não parecia plausível, mas, se era mentira, o que mais poderia ter causado o movimento?
— O navio não machucou o turbarão, machucou? — uma garotinha perguntou enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. — Coitadinho do tubarão.
Serena se afastou da amurada enquanto um homem magro com óculos bifocais olhava ao redor, a paranoia gravada em seus olhos arregalados.
— Esse navio é grande demais para sofrer o baque do golpe de um tubarão-baleia — ele deu voz aos