Manual Escola dos Deuses: As falas do Dreamer
De Elio D'Anna
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Sobre este e-book
"Observe-se... Descubra quem você é!..."
"O mundo é como a goma de mascar, assume a forma dos seus dentes"
"O passado é pó: assopre-o e disperse-o"
"Sonhe a liberdade... a liberdade de todas as limitações. Você é o único obstáculo a tudo que possa desejar. Sonhe... Sonhe... Sonhe sem descanso! O sonho é a coisa mais real que pode existir."
E você encontra as respostas para:
- Qual é a diferença entre desejar e sonhar?
- Onde está o paraíso?
- De onde vem o que é visível?
A Escola é o pulo quântico da multidão à integridade, do conflito à harmonia, da escravidão à liberdade. Encontrar a Escola significa ligar-se ao sonho por um cabo de aço. Significa poder penetrar a zona mais alta da responsabilidade. Somente poucos dentre poucos podem suportar esse encontro. Não se preocupe... a Escola encontrará você. Uma escola de transformação.
Sonhei uma Revolução Individual capaz de mudar completamente os paradigmas mentais da velha humanidade e libertá-la para sempre dos conflitos, da dúvida, do medo, da dor. Sonhei uma Escola que eduque uma nova geração de líderes e capacite-os a harmonizar os aparentes antagonismos de sempre: Economia e Ética, Ação e Contemplação, Poder Financeiro e Amor. A Escola dos Deuses... onde, antes de poder governar os outros, é necessário governar a si mesmo.
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Manual Escola dos Deuses - Elio D'Anna
1
O encontro com o Dreamer
Observe-se. Descubra quem você é!
O seu estado é desastroso! Posso sentir isso pelo modo como entrou, por seus passos e, sobretudo, pelo mau cheiro das suas emoções. Você é uma multidão, uma turba de pensamentos. Aonde vai nesse estado? Com que dificuldade você deve conseguir viver essa sua existência de subalterno!
Como você se permite dizer ‘Eu’?
No meu mundo, dizer ‘Eu’ é uma blasfêmia.
‘Eu’ é a divisão que você carrega dentro de si... ‘eu’ é a sua multidão de mentiras... Cada vez que você declara um desses seus ‘pequenos eus’, você está mentindo. Pode dizer ‘Eu’ somente quem conhece a si mesmo, é dono da própria vida... quem possui uma vontade. Não pronuncie nunca mais ‘eu’, ou então aqui você não poderá mais voltar!
Observe-se... Descubra quem você é!
Ser uma multidão significa ficar preso a um sistema irreal, inescapável, um sistema autocriado de falsas crenças e mentiras. A falta de unidade deixa o ser humano na prisão da ignorância, do medo e da autodestruição, e causa doença, degradação, violência, crueldade e guerras no mundo externo.
O mundo é como você o sonha… é um espelho. Fora você encontra o seu mundo, o mundo que você construiu, que você sonhou. Fora você encontra você! Vá ver quem você é. Descobrirá que os outros são a imagem refletida da mentira que você carrega, da penhora moral, da sua ignorância... Mude!... E o mundo mudará.
Você cria um mundo doente e depois tem medo da sua própria criatura, da violência que você mesmo gerou. Acredita que o mundo seja objetivo... mas o mundo é como você o sonha. Vá pelo mundo e aceite... Encontre os pobres, os violentos, os leprosos que você carrega. Aceite-os... Não os evite, não os acuse... Renda-se ao seu mundo. Vá e aceite conscientemente aquilo que você criou, um mundo rígido, ignorante... sem vida.
O poder de um homem encontra-se em possuir a si mesmo e, ao mesmo tempo, em render-se a si mesmo.
Na minha presença... papel e caneta!
Não se esqueça disso!
Desta vez terá de escrever.
Papel e caneta serão a sua única salvação.
Escrever Minhas palavras é o único modo de você não esquecer...
Escreva! Somente assim poderá reunir os pedaços dispersos da sua existência.
Um executivo é um empregado, um subalterno que se esforça em acreditar naquilo que faz; impõe uma crença... é o sacerdote de um culto que, por mais medíocre que seja, dá a ele uma competência, a sensação de ter uma direção. Mas você não tem nem mesmo isso! Pensamentos, sensações e desejos, sem a presença da vontade, são fragmentos insensatos dentro do ser, e você é um fragmento à deriva no Universo...
Nas tribos indígenas da América havia uma casta dos últimos representantes: homens que não eram nem xamãs nem guerreiros, não caçavam, não competiam nem pela própria posição nem pelas mulheres. A eles eram destinados os trabalhos mais pesados e fatigantes. Eram aqueles que retrocediam diante das provas de coragem, de incorruptibilidade. Em qualquer tribo, primitiva ou moderna, você seria colocado ali, naquele ponto da escala.
Eu sei, você gostaria de sair do Sonho. Mas eu sou a realidade. A sua vida, o mundo que você acredita poder escolher e decidir são irreais... são um horrível pesadelo. Casar-se, ter filhos, fazer carreira, ter uma casa, ser estimado e reconhecido pelos outros... e mais tudo aquilo em que você sempre acreditou são fetiches sem sentido que você idolatrou e colocou à frente de tudo.
Somente o Sonho é real. O Sonho é a coisa mais real que existe. Aprenda a se movimentar no mundo do real. Aqui os hábitos e as convicções, os velhos códigos, não têm valor... Aquilo que você chama realidade é só aparência, algo completamente distorcido, e no velho não existe nada que você possa aproveitar... Você deverá aprender um novo modo de pensar, de respirar, de agir e de amar.
Você tem vivido uma existência sem finalidade... dolorosa. Escondido atrás de um emprego, atrás da proteção ilusória de um salário, você está perpetuando a pobreza, o sofrimento do mundo. A vida é muito preciosa para depender e é muito rica para perder!
É hora de mudar!
É tempo de abandonar a sua visão conflituosa de mundo. É tempo de morrer para tudo aquilo que não tem vida. É tempo de um renascimento. É tempo de um novo êxodo, de uma nova liberdade. É a maior aventura que um homem pode imaginar: a reconquista da própria integridade.
Visibilia ex Invisibilibus
O trabalho é escravidão
Eu sou o Dreamer.
Eu sou o Sonhador, e você, o sonhado.
Você chegou a Mim por um instante de sinceridade.
Eu sou a liberdade! Depois de ter Me encontrado, você não poderá mais viver uma existência tão insignificante.
Depender é sempre uma escolha pessoal, ainda que involuntária. Nada nem ninguém pode obrigá-lo a depender; somente você pode fazê-lo. Depender não é efeito de um contrato, não é ligado a um cargo, nem nasce do fato de se pertencer a uma determinada classe social... Depender é a consequência da perda da própria dignidade. É o resultado de um esmagamento do Ser. Essa condição interior, essa degradação, assume no mundo a forma de um emprego, assume o aspecto de uma posição de subordinação. Depender é o efeito de uma mente tornada escrava por apreensões imaginárias, pelo próprio medo... A dependência é o efeito visível da capitulação do ‘sonho’. A dependência é uma doença do Ser!... Nasce da sua própria incompletude. Depender significa deixar de acreditar em si mesmo. Depender significa deixar de sonhar.
Como milhões de homens, você sempre viveu escondido nos cantos das organizações sem vida, você negociou a sua liberdade por um punhado de ilusórias certezas. É tempo de sair do seu sono hipnótico, da sua visão infernal da existência!
O mundo está parado porque existem seres humanos dependentes, seres humanos extremamente assustados. A humanidade, assim como é, não pode, não consegue conceber uma sociedade livre da dependência.
Não tema! Enquanto houver homens como você, o mundo da dependência existirá sempre e continuará a ser densamente habitado.
Você!... não poderá mais fazer parte dele... Porque você encontrou a Mim!
A dependência é a negação do sonho. A dependência é a máscara que os homens vestem para esconder a ausência de liberdade, a renúncia à vida. Um dia, uma sociedade que sonha não trabalhará mais. Uma humanidade que ama será suficientemente rica para sonhar, e infinitamente rica porque sonha.
O Universo é totalmente abundante, é uma cornucópia transbordante de tudo o que o coração de um ser humano pode desejar... Em um Universo assim é impossível temer a privação. Somente homens como você, burlados pelo medo e pela dúvida, podem ser pobres e perpetuar a dependência e a miséria no mundo.
Pobreza significa não ver os próprios limites... Ser pobre significa ter cedido os próprios direitos de artífice em troca de um trabalho que não ama, que não foi escolhido por você. Você! é o mais pobre dentre os pobres, porque, além do mais, não sabe quem você é... Você esqueceu! A ninguém mais dei tanta oportunidade. Esta é a última vez.
Abra os olhos sobre sua condição e saberá quanto o ser humano se distanciou de sua realeza. Aparentemente, estamos aqui no mesmo cômodo; porém, separam-nos éons infinitos de tempo.
Agora, acorde! Faça a sua revolução... Insurja-se contra si próprio!
Sonhe a liberdade... A liberdade de todas as limitações. Você é o único obstáculo a tudo o que possa desejar. Sonhe... Sonhe... Sonhe sem descanso! O sonho é a coisa mais real que pode existir.
Uma espécie em extinção
Ninguém pode jamais prevalecer sobre os outros!
A ideia de prevalecer sobre os outros é uma ilusão... um preconceito da velha humanidade conflituosa, predatória... perdedora. Você é o símbolo dessa espécie em extinção, uma espécie que está dando lugar a um Ser mais evoluído. Aquilo que você sente com aspecto de morte é a asfixia de uma humanidade que está trocando a pele, de uma espécie à beira do abismo, obrigada a abandonar as suas superstições, os seus truques que já não funcionam mais.
Os seres humanos, desde os primeiros anos, são educados para viver na zona mais desolada do Ser... Colocados diante de uma ideia grandiosa, ou de qualquer coisa que exorbite os limites da visão que têm, rejeitam-na e tentam diminuí-la a fim de ajustá-la ao minúsculo continente das próprias consciências.
É hora de você enfrentar a viagem.
Diante do teste da vida, até agora você não encontrou nada melhor do que se abarrotar de trabalho ou procurar refúgio no sexo, no sono ou em qualquer leito de hospital.
Curvar-se sob o peso de situações desagradáveis, de desgraças, e encará-las com tanta seriedade significa reforçar a funesta descrição do mundo, perpetuar os seus eventos. Se um homem muda de atitude em relação àquilo que lhe acontece, no decorrer do tempo isso modificará a própria natureza dos eventos que encontra.
Nosso ser cria a nossa vida
Sou uma mulher doente de câncer que o amaldiçoa pelo seu abandono, por sua incapacidade de suportar uma morte anunciada...
Esta é a ‘sua’ morte, a morte de tudo aquilo que você foi, a morte do ranço que você carrega... Não fuja... Enfrente-a de uma vez por todas! Um homem para ‘renascer’ deve primeiro ‘morrer’. Morrer significa reverter completamente a própria visão. Significa desaparecer de um mundo grosseiro, governado pelo sofrimento, para então reaparecer em um nível de ordem superior.
A morte da sua mulher é a materialização, a representação dramática do canto de dor que você sempre carregou dentro de si. Estados e eventos são duas faces de uma única realidade.
O despertar
Visibilia ex Invisibilibus:
Tudo o que vemos e tocamos, tudo que é visível nasce do invisível.
Mudar o passado
A primeira regra para enfrentar o deserto é viajar com menos carga. Despojar-se de um Ser exige um enorme trabalho. Exige abandono de tudo o que os pais, os educadores, os mestres de infortúnios e os profetas das desgraças lhe impuseram. Deles aprendemos a ter a mentalidade de vítimas, a entrar na aflição, na pobreza e na doença...
Deles aprendemos os milhares modos de morrer. Dos primórdios da civilização, mediante um ‘contágio entre gerações’, milhões de homens, submetidos a um sono hipnótico, aprenderam a acreditar cegamente na carência e no limite.
Porque o homem está irremediavelmente hipnotizado. Atrás de cada infortúnio encontra-se o mal dos males: a crença irremovível na inevitabilidade da morte. O primeiro passo em direção à liberdade, o mais difícil, é compreender que esse medo governa tiranicamente toda a sua vida.
Seu passado é um castigo de Deus! É preciso resgatá-lo, redimi-lo... é preciso mudá-lo.
No seu passado existem ainda muitas lacunas... contas não saldadas, débitos interiores jamais pagos, senso de culpa, vitimismo e, sobretudo, cantos escuros em que predominam ferrugem e pó. Seu Ser é um negócio mal administrado, sem critério de preço. Aquilo que tem valor é vendido abaixo do custo, e as bugigangas, a preços altos. Continuar nessas condições significa falir...
Existe um lugar onde pensamentos, sensações, emoções, ações e eventos são registrados para sempre e, mesmo depois de anos, podemos reencontrá-los como objetos sem uso, guardados no sótão, aparentemente inativos, inermes. Na realidade, eles continuam a agir e a condicionar toda a nossa existência. É para lá que você deve retornar! Exigirá uma longa preparação. Serão necessários tantos anos quantos foram aqueles de inábil gestão.
Perdoar-se dentro
Para conquistar aquela especial condição de liberdade do ser, de conhecimento, de poder... são necessários anos de trabalho sobre si mesmo... É preciso ‘perdoar-se dentro’. Perdoar-se dentro não é o exame de consciência de um santo obtuso, mas o verdadeiro fazer de um homem de ação, o resultado de um longo processo de atenção... de auto-observação.
Significa entrar nas sinuosidades, nas partes mais íntimas da própria existência, bem lá onde está ainda lacerada...
Significa lavar e curar as feridas ainda abertas... liquidar todas as contas não pagas...
Perdoar-se dentro tem o poder de transformar o passado com toda a sua carga.
Tudo é aqui, agora! Passado e futuro estão agindo juntos neste instante na vida de cada ser humano. O futuro, como o passado, está sob os seus olhos, mas você não pode ainda vê-lo. Para homens como você é impossível perdoar-se dentro!
Para entrar no próprio passado e curá-lo, é preciso uma longa preparação. Somente um trabalho de Escola pode tornar isso possível, ‘perdoar-se dentro’ é um retorno a si mesmo, é a verdadeira razão pela qual nascemos. Os seres humanos não deveriam jamais interromper esse processo de cura.
Auto-observação é autocorreção
Auto-observação é autocorreção... Um ser humano pode curar qualquer coisa do seu passado se tiver a capacidade de ‘observar a si mesmo’. Auto-observação é olhar de cima a própria vida!
É como submeter eventos, circunstâncias e relações do passado a um raio de luz.
Auto-observação é autocorreção.
Auto-observação é cura, uma consequência natural do distanciamento que se cria entre o observador e o observado. A auto-observação permite a um ser ver tudo que o mantém grudado à esteira rolante do mundo: pensamentos obsoletos, sentimentos de culpa, preconceitos, emoções negativas, previsões de desgraças... É uma operação de distanciamento, de desipnotizar, de despertar...
A menor suspensão da ação hipnótica do mundo esfacelaria tudo em que sempre se acreditou, tiraria a sustentação do aparente equilíbrio e das certezas ilusórias reunidas no curso de uma vida. Por isso, a maior parte dos seres humanos nunca poderá aplicar a auto-observação. Distanciar-se da descrição do mundo, ainda que por um átimo, é uma ação que vai além dos limites comuns.
Coloque em ação o observador que existe em você!
A auto-observação é a morte daquela multidão de pensamentos e emoções negativas que sempre governaram sua vida...
Se você se observar internamente, o que é certo começará a acontecer e o que não é começará a se dissolver.
Ninguém pode conseguir isso sozinho. Encontrar-se consigo mesmo, com a sua mentira, aventurar-se nos labirintos do ser sem uma preparação impecável iria matá-lo num instante.
Veja... é lua cheia. Um ser humano