Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros
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Sobre este e-book
[Eneida Maria de Souza]
"Obra imprescindível para estudantes, professores e pesquisadores da literatura de Minas Gerais e do Brasil. Com informações biobibliográficas essenciais, atualiza o leitor sobre escritores mineiros do passado e do presente. Na estante, deve ficar bem à mão!"
[Reinaldo Martiniano Marques]
"Graças à iniciativa e à competência da professora-pesquisadora Constância Lima Duarte, temos aqui a obra que faltava na estante de todos os interessados na literatura produzida por escritores nascidos em Minas Gerais. Mais do que um guia de rápida e fácil consulta, este Dicionário é excelente fonte de informações na medida certa e confiáveis sobre nossos autores e suas respectivas obras."
[Leticia Malard]
"Um dicionário como este, feito pela professora Constância Lima Duarte, surge como ferramenta necessária e imprescindível para nós que estudamos a literatura mineira."
[Sergio Peixoto]
"Um importante aliado para os que quiserem saber sobre a trajetória de escritores que, ao longo dos séculos, vêm fazendo literatura em Minas."
[Carlos Herculano Lopes]
Leia mais títulos de Constância Lima Duarte
Imprensa feminina e feminista no Brasil. Volume 1: Século XIX Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pensamento Feminista Brasileiro: Formação e contexto Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sonho que sou alguém cá neste mundo: Antologia de escritoras portuguesas do século XV ao XIX Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
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Dicionário biobibliográfico de escritores mineiros - Constância Lima Duarte
CONSTÂNCIA LIMA DUARTE
(Organizadora)
Dicionário biobibliográfico de
ESCRITORES MINEIROS
RELAÇÃO DE ESCRITORES
Abgar Renault
Abílio Barreto
Achilles Vivacqua (Roberto Theodoro)
Adão Ventura
Adélia Prado
Adilson Duarte da Costa
Adilson Vilaça
Adriano Menezes
Affonso Arinos de Melo E Franco
Affonso Ávila
Affonso Romano de Sant’Anna
Afonso Arinos de Melo Franco
Afonso Celso
Agripa de Vasconcelos
Aires da Mata Machado Filho
Alaíde Lisboa
Alan Viggiano
Alberto Deodato
Alciene Ribeiro Leite
Alcione Araújo
Alécio Cunha
Alexandre Marino
Alexina de Magalhães Pinto
Alfredo Marques Vianna de Góes
Alphonsus de Guimaraens
Alphonsus de Guimaraens Filho
Altino Caixeta
Altivo Sette
Alvarenga Peixoto
Álvaro Andrade Garcia
Álvaro de Azevedo Viana
Amasilde Rehwagen
Amelina Chaves
Ana Cecília Carvalho
Ana Cruz
Ana Elisa Gregori
Ana Elisa Ribeiro
Ana Maria Gonçalves
Anatole Ramos
Anderson Braga Horta
Anderson de Araújo Horta
André Carvalho
André Sant’Anna
Andityas Soares de Moura
Anelito de Oliveira
Angela Lago
Ângela Leite de Souza
Ângelo Machado
Aníbal Machado
Antenor Pimenta
Antônio Augusto de Mello Cançado
Antônio Barreto
Antônio Carlos Ferreira de Brito (Cacaso)
Antônio César Drummond Amorim
Antônio Olinto
Antônio Torres
Aparecida Simões
Archangelus de Guimarães
Arduíno Bolívar
Aricy Curvello
Aroldo Pereira
Arthur França
Ascânio Lopes
Ataliba Lago
Augusta Jandyra Meyer de Azevedo (Jandyra Meyer)
Augusto Barbosa Coura Neto
Augusto de Lima
Aureliano Lessa
Austen Amaro
Autran Dourado
Avelino Fóscolo
Bárbara Heliodora
Bartolomeu Campos de Queirós
Basílio da Gama (Termindo Sipílio)
Beatriz Brandão
Beatriz de Almeida Magalhães
Belmiro Braga
Benedito Lopes
Benedito Valadare
Benito Barreto
Bento Ernesto Júnior
Bernardo Guimarães
Branca Adjuto Botelho
Branca Maria de Paula
Bruna Longobucco
Bruno Brum
Bueno de Rivera
Campos de Carvalho
Carlos Ávila
Carlos Carmello Vasconcellos Motta
Carlos de Brito e Mello
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Herculano Lopes
Carlos Nascimento
Carlos Prates
Carolina Maria de Jesus
Célia Lamounier de Araújo
Célio César Paduani
Celina Ferreira
Cidinha da Silva
Cláudio Manuel da Costa
Cláudio Martins
Cleonice Rainho
Conceição Evaristo
Conceição Parreiras Abritta
Consuelo de Castro
Cosette de Alencar
Cristina Agostinho
Cristina Bastos
Cyro dos Anjos
Dagmar Braga
Danilo Gomes
Dantas Motta
Darcy Ribeiro
Dilermando Rocha
Djalma Andrade (Guilherme Tel – Félix Arruda)
Dom Lucas Moreira Neves
Dom Marcos Barbosa
Dom Silvério Gomes Pimenta
Donizete Galvão
Duílio Gomes
Edimilson de Almeida Pereira
Edmundo de Novaes Gomes
Edmundo Pereira Lins
Edson Gonçalves Pereira
Eduardo Frieiro
Eliane Accioly Fonseca
Elias José
Elizabeth Fleury
Elizabeth Rennó
Elizete Lisboa
Eloésio Paulo
Elza Beatriz
Emílio Moura
Enrique de Resende
Ésio Macedo Ribeiro
Eugênio Rubião
Eustáquio José Rodrigues (Luís Cláudio Lawa – Eustáquio Lawa)
Fábio Lucas
Fabrício Marques
Felício dos Santos
Fernando Fiorese
Fernando Gabeira
Fernando Morais
Fernando Sabino
Ferreira Leste
Flávio Boaventura
Francisca Senhorinha da Mota Diniz
Francisco Barbosa Malachias (Tito)
Francisco Inácio Peixoto
Francisco Lins
Francisco Péret
Frei Betto (Carlos Alberto Libânio Christo)
Fritz Teixeira de Salles
Fúlvia Carvalhais de Freitas
Geraldo Ananias dos Santos (Barão)
Geraldo Carneiro
Geraldo França de Lima
Gerson Murilo
Gilberto de Alencar
Gilberto Mansur
Godofredo Rangel
Gonzaga de Carvalho
Guilhermino César
Guiomar de Grammont
Helena Armond
Helena Morley (Alice Dayrell Caldeira Brant)
Heli Menegale (Ricardo Martins)
Henfil (Henrique de Souza Filho)
Henriqueta Lisboa
Henry Corrêa de Araújo
Humberto Werneck
Hyeda Campos
Iacyr de Freitas
Ildeu Brandão
Iris Amâncio
Ivan Ângelo
Ivan Cupertino Dutra
Jacyntho Lins Brandão
Jaime Prado Gouvêa
Janete Clair
Jeferson de Andrade
Joanyr de Oliveira
João Alphonsus de Guimaraens
João Batista Melo
João Carlos Taveira
João Dornas Filho
João Felício dos Santos
João Guimarães Rosa
João Lúcio Brandão
Joaquim Branco
Joaquim Felício dos Santos
Joaquim José Correia de Almeida (Padre Correia de Almeida)
Joaquim Mendes de Oliveira
Jorge Fernando dos Santos
José Afrânio Moreira Duarte
José Américo de Miranda
José Antônio de Souza
José Bento Teixeira de Salles
José Bernardino Corrêa (Zezé do Sêo Fino)
José Carlos Aragão
José Carlos Lisboa
José Eduardo Gonçalves
José Elói Ottoni
José Guimarães Alves
José Issa Filho
José Lindolfo Fagundes
José Maria Cançado
José Maria Teixeira de Azevedo Junior (Azevedo Junior)
José Renato de Pimentel e Medeiros
José Roberto MelLo
José Vieira Couto de Magalhães
Julinda Alvim
Júlio Castañon Guimarães
Júlio Emílio Braz
Júlio Ribeiro
Jussara Santos
Kiko Ferreira
Lacyr Schettino
Laís Corrêa de Araújo
Laura Medioli
Leda Maria Martins
Leo Cunha
Leônidas Lorentz
Letícia Malard
Libério Neves
Lina Tâmega Peixoto Del Peloso
Lindolfo Paoliello
Lino de Albergaria
Lívia Paulini
Lourdes Gonçalves (Florence Bernard)
Luci Guimarães Watanabe
Lúcia Castello Branco
Lúcia Machado de Almeida
Lúcia Miguel Pereira
Luciano Sheik
Lúcio Cardoso
Luis Alberto Brandão Santos
Luís Giffoni
Luiz Carlos Abritta
Luiz Fernando Emediato
Luiz Puntel
Luiz Ruffato
Luiz Vilela
Magda Lúcia Rodrigues
Malluh Praxedes
Manoel Lobato
Manoel Hygino dos Santos
Marcelo Dolabela
Marcelo Ramos L. Oliveira
Marcelo Xavier
Márcia Carrano
Márcio Almeida
Márcio Sampaio
Marco Lacerda
Marco Túlio Costa
Marcos Bagno
Marcus Vinícius de Faria
Marcus Vinícius de Freitas
Maria Amorim Ferrara
Maria Bernadete Alvernaz Alvim
Maria Clara Machado
Maria Clotilde Batista Vieira
Maria da Graça Rios
Maria de Lourdes Abreu de Oliveira
Maria do Carmo Brandão (Madu Brandão)
Maria Esther Maciel
Maria Eugênia Celso
Maria Eugênia Montenegro
Maria Helena Cardoso
Maria José de Queiroz
Maria Julieta Drummond
Maria Lacerda de Moura
Maria Lysia Corrêa de Araújo
Maria Sabina
Marilda de Menezes Ladeira
Marilene Godinho
Mário Franzen de Lima
Mário Gonçalves de Matos
Mário Palmério
Mário Prata
Marta Gonçalves
Mary Apocalipse
Maura Lopes Cançado
Maxs Portes
Miêtta Santiago (Magnólia Matilde)
Moacir Andrade (José Clemente, Patrício Sobrinho e Gato Felix)
Mônica de Camargo Coutinho
Murilo Badaró
Murilo Mendes
Murilo Rubião
Napoleão Valadares
Natércia Silva
Nelly Lages Jardim
Nelson Coelho de Senna
Nelson Cruz
Nelson de Faria
Neusa Sorrenti
Octavio Dias Leite
Olavo Drummond
Olavo Romano
Olegário Alfredo
Olyntho da Silveira
Oneyda Alvarenga
Orlando Bastos
Oscar da Gama
Oscar Dias Correa
Osmar Pereira Oliva
Osvaldo Roscoe
Oswaldo Abritta
Oswaldo André de Mello
Oswaldo França Júnior
Otávio Ramos
Otto Lara Resende
Paulinho Assunção
Paulinho Pedra Azul
Paulo Amador
Paulo Mendes Campos
Paulo Pinheiro Chagas
Pedro Nava
Pedro Rogério Couto Moreira
Petrônio Bax
Plínio Motta
Presciliana Duarte de Almeida
Rachel Jardim
Renato Sampaio
Ricardo Aleixo
Rita Espeschit
Roberto Drummond
Roberto Duarte Gomides
Rodrigo Leste
Rodrigo Melo Franco de Andrade
Rogério Andrade Barbosa
Romério Rômulo
Ronald Claver
Ronaldo Cagiano
Ronaldo Werneck
Rosário Fusco
Rubem Alves
Rubem Fonseca
Rui Mourão
Ruth Silviano Brandão
Ruy Castro
Santa Rita Durão
Santiago Dias
Santuza Abras
Sebastião Bemfica Milagre
Sebastião Nunes
Sérgio Fantini
Severiano de Rezende
Silva Alvarenga
Silviano Santiago
Sonia Junqueira
Sônia Lins
Sônia Queiroz
Stela Maris Rezende
Tadeu Martins
Tânia Diniz
Tarcísio Alves Júnior
Téo Azevedo
Terezinha Alvarenga
Terezinha Pereira
Therezinha Casassanta
Tomás Antônio Gonzaga
Valdimir Diniz
Vera Brant
Vera Casa Nova
Vicente Guimarães (Vovô Felício)
Vilma Guimarães Rosa
Vivaldi Moreira
Vivina de Assis Viana
Waldemar Euzébio Pereira
Waldemar Versiani dos Anjos
Wander Piroli
Whisner Fraga
Wilmar Silva
Wilson Alvarenga Borges
Wilson de Lima Bastos
Wilson Pereira
Yeda Prates Bernis
Ymah Théres (Imaculada Teresinha Miranda Ribeiro)
Zilah Corrêa Araújo (Bárbara de Araújo)
Ziraldo
Zita Machado
Zuenir Ventura
Nos bastidores da pesquisa
A ideia deste livro é antiga. Sempre que pensava em literatura produzida em Minas Gerais, ou em escritores mineiros, sentia falta de uma obra de referência que reunisse nomes e informações acerca das obras e que estivesse sempre ao alcance para tirar as dúvidas. Para completar, sempre gostei de dicionários, enciclopédias, catálogos e glossários, não importa que nome tenham, e sou grata por tudo que facilitam aos pesquisadores. Afinal, qualquer que seja a tarefa, ela se torna infinitamente mais fácil e rápida quando existem obras que nos fornecem generosamente as respostas que buscamos e nos poupam tempo e pesquisas desnecessárias.
Que estudioso da literatura brasileira nunca recorreu aos preciosos dicionários biobibliográficos de Sacramento Blake, Victor Brinches e Raimundo de Menezes; ou, se o foco eram as escritoras, às obras de Adalzira Bittencourt e Nelly Novaes Coelho? Entre as enciclopédias, existem várias que aí estão auxiliando o ensino e a aprendizagem da literatura pátria, com destaque para a Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Coutinho e Galante de Souza.
Mas, quando nos detemos na produção literária de um Estado, ou de municípios, as publicações se tornam escassas, limitadas, e não dão conta de um conjunto mais amplo de autores. No caso da literatura mineira, nem há dicionários. Predominam antologias que privilegiam a poesia e os poetas, limitam-se a um determinado período literário e fornecem dados biobibliográficos superficiais. Cito duas, à guisa de exemplo: a Antologia da poesia mineira, de Diva Ruas Santos (1992), e A poesia mineira no século XX, de Assis Brasil (1998).
Foi por isso, que, no primeiro semestre de 2006, decidi aproveitar uma disciplina optativa que oferecia aos alunos de graduação do curso de Letras da UFMG, acerca da literatura mineira, para realizar o levantamento geral de escritores e suas obras e escrever pequenos textos sobre eles. A proposta teve a adesão imediata e entusiástica dos estudantes, e uma rica aventura acadêmica, pelos meandros ainda desconhecidos da pesquisa, teve então início.
Primeiro, examinamos a estrutura e o teor de algumas obras de referência para esclarecer as diferenças entre dicionário, antologia e glossário. Depois, observamos a redação de verbetes e definimos qual a melhor forma de organizar informações biobibliográficas. Refletimos sobre a dispersão do conhecimento em fontes diversas – como livros, catálogos, acervos e a internet em geral – e sobre a ética que deve permear todo trabalho intelectual. Só então passamos à discussão dos critérios que norteariam a pesquisa, debatendo cada item e recorrendo à votação aberta, sempre que necessário, para definir se tal critério seria ou não estabelecido.
Ficou decidido, por exemplo, que entrariam no dicionário apenas escritores nascidos em Minas Gerais que tivessem mais de um livro publicado – aí compreendendo romance, conto, novela, poesia, teatro, crônica ou literatura infantil. Também foi estabelecido que deveríamos reunir um número expressivo de escritores, independentemente de serem ou não canônicos, para ampliar o conceito de texto literário e contribuir na divulgação de nomes que lutam para se tornarem conhecidos para além de suas cidades e regiões. No debate que realizamos acerca de clássico
e canônico
, verificamos que tais conceitos têm pouco espaço no mundo de hoje, quando a disponibilidade de informação é cada vez mais diversificada, e por isso tendem a desaparecer. E decidimos que o verbete deveria apresentar uma síntese da vida e da formação do autor e, sempre que possível, um comentário ou uma apreciação crítica de sua obra.
O levantamento dos nomes – dos mais antigos aos contemporâneos – cerca de 450, foi realizado através da investigação sistemática em dicionários, antologias, enciclopédias, sites e histórias da literatura. Após recolher algumas centenas de nomes, demos início à fase da distribuição dos verbetes. Em muitos casos, a definição foi fácil: bastava o aluno manifestar interesse e justificar a preferência – como o fato de ser parente, amigo da família, conterrâneo, ou ter lido livros do autor – para ficar encarregado do seu verbete. Quando vários queriam pesquisar os mesmos – o que ocorreu com Henriqueta Lisboa, Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Fernando Sabino e Roberto Drummond, entre outros –, foi dada a opção do trabalho em grupo ou do sorteio, que ocorreu em várias situações, com total aquiescência do resultado.
À medida que a pesquisa avançava e os textos ficavam prontos, eles eram apresentados para a turma, que dava sugestões de conteúdo, questionava informações e até sugeria outra organização para o verbete. A Biblioteca da Faculdade de Letras da UFMG (FALE), o Acervo de Escritores Mineiros, a Biblioteca Pública do Estado, o Arquivo Público Mineiro e a Academia Mineira de Letras foram alguns dos locais visitados insistentemente pelos jovens pesquisadores na busca pelos dados necessários para a formulação dos textos. Em muitos casos, os próprios autores foram os informantes, dando generosos depoimentos acerca de sua obra ou de sua biografia. Em outros, os prefácios, as apresentações e as orelhas cumpriram o papel de fonte confiável. Conforme o nome indica, este dicionário biobibliográfico tem a intenção de apresentar a seus leitores uma síntese biográfica dos autores e a relação dos respectivos livros.
Quando o semestre terminou, com algumas centenas de verbetes nas mãos, eu me dei conta de que era necessário fazer não apenas uma acurada revisão, como também a atualização e a uniformização do material. Ainda que os verbetes conservem traços de quem os escreveu, em muitos casos foi preciso alterar a sequência de parágrafos para reunir títulos publicados ou a relação de prêmios recebidos, por exemplo. E, à medida que os meses passavam – e novos compromissos acadêmicos demandavam minha atenção –, fui me dando conta de como aquela era uma obra provisória, pois necessitava ser continuamente atualizada com dados que a todo instante surgiam.
Mais tarde, quando já buscava concretizar a publicação do trabalho, surgiram questionamentos sobre a ausência de um e outro nome. E a decisão anterior de apenas relacionar os nascidos em Minas começou a se revelar frágil. Afinal – ponderavam –, nomes como Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Alberto Deodato, por exemplo, não podem ficar fora de uma obra que pretenda dar conta da literatura produzida em Minas Gerais. Outro levantamento foi então realizado, e escritores que nasceram em outras regiões, mas que vivem e publicam no Estado, foram acrescentados à antiga relação...
Felizmente, para dar conta de tarefa tão extensa, contei com o auxílio competente de três bolsistas de Iniciação Científica em diferentes momentos. Foram eles: Ana Caroline Barreto (Fapemig), Bruno da Costa e Silva (Fapemig) e Juliana Cristina de Carvalho (CNPq), sendo que esta última permaneceu até o final do trabalho. E afirmo, com absoluta sinceridade, que, sem essa ajuda, teria sido muitíssimo difícil dar conta da tarefa.
Seguindo a tendência atual – e que nos parece mais sensata –, optamos pela entrada dos verbetes por ordem alfabética do primeiro nome ou da forma como os escritores e escritoras assinaram seus trabalhos.
Para terminar, lembro Wilson Martins, que disse, certa feita, que os dicionários sofrem de inevitável velhice precoce
, pois começam a se desatualizar no momento mesmo em que ficam prontos. E é a pura verdade. Felizmente, como o ideal é que os dicionários – principalmente os de literatura – sejam sempre revistos e ampliados, problemas de omissão (e o surgimento) de nomes, bem como de dados bibliográficos, poderão ser corrigidos futuramente.
Enfim, aqui está o resultado de um trabalho de grupo, feito com todo amor e dedicação às letras mineiras.
Na fase final da pesquisa, recebi a providencial ajuda de Augusto Coutinho, Eduardo de Assis Duarte, Leonardo Magalhães Gomes, Beatriz de Almeida Magalhães e Carlos Herculano Lopes. A todos e todas, meu agradecimento sincero.
Constância Lima Duarte
Professora de Literatura Brasileira da UFMG
COLABORADORES
Adélia do Rosário Ramos de Santana
Aline França
Aline Siqueira
Ana Caroline Barreto Neves
Ana Paula Gonçalves Santos
Ana Valéria Bertola
Aurylia Rotolo
Bruno César Souza de Oliveira
Bruno da Costa e Silva
Carlos Lima
Carolina Antonaci Gama
Cássio Oliveira Lignani
Cíntia Tavares
Cláudia Ribeiro Fonseca
Cleber Araújo Cabral
Cristiane Orzil Costa
Cristina Soares de Souza
Cristine Scarpelli de Lacerda
Daniel Glauber de Andrade
Daniel Rameh de Paula
Daniela de Melo Gonçalves
Deborah Brant Pimenta
Dennys Bacelete de Souza
Diogo Tadeu Silveira
Elberson Justino de Medeiros
Elo da Cunha Soares
Fernanda Fernandes Ribeiro da Silva
Fernanda Gabriela de Souza
Fernanda Soares da Costa
Flávia Gomes Xavier
Geraldo Márcio da Conceição
Gildásio P. dos Santos
Graciele Regiane do Carmo
Gustavo Tanus Cesário de Souza
Isadora Almeida Rodrigues
Janete Dias Ribeiro
Jéssica E. Bernstein
João Henrique Malta
Juliana Cristina de Carvalho
Juliana Maria Gonçalves da Silva
Juliana Silva Araújo
Juliana Xavier de Castro
Kelber Pontes Maia
Kelton Cristiano Chagas Rocha
Leda Maria Siqueira
Lia Regina de Jesus Silva Bolina
Luciana Massai do Carmo
Luíza Santana Chaves
Marcelo Rodrigo de Souza
Marcelo Souza Batista
Maria Aparecida Ferreira de Oliveira
Maria José de Abreu Pereira
Maria Tereza Achtschin
Maria Zilda S. Freitas
Michele Ferreira da Silva
Milton Pereira Júnior
Nathalia de Aguiar F. Campos.
Odilon Coeli
Patrízya Caroline Batista Martins
Priscila M. de B. Borges
Priscilla Iacomini Felipe
Rafael Teixeira de Paula Lima
Raquel Tanus Cesário de Souza
Rogério Robert Rodrigues
Rosemara de Mont’Alverne Neto
Sabrina Tamiette Bedeschi
Saulo Sales de Souza
Sumaya Mattar Oliveira Lima
Tainá Nunes Ferreira
Valéria Rennó R. Oliveira
Victor Hugo Barbosa Ramalho
Zélia Maria de N. Neves Vaz
ABGAR RENAULT (1901-1995)
Abgar de Castro Araújo Renault, escritor, poeta, tradutor e professor, nasceu em Barbacena, no dia 15 de abril de 1901, e faleceu no Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1995, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras. Seus pais eram Leon Renault, conhecido professor, e Maria José de Castro Renault. Em 1911, ingressou no Colégio Arnaldo, onde estudou latim, francês, inglês e alemão. Foi casado com Ignês Caldeira Brant Renault.
Em 1924, formou-se advogado pela Faculdade de Direito de Belo Horizonte. Mas já havia iniciado a carreira de professor de português e inglês, a que se dedicou por quase toda a vida. Abgar Renault acreditava que, somente investindo na educação, era possível enfrentar os problemas do mundo moderno. E foi para defender suas ideias que ocupou inúmeros cargos públicos, como o de diretor do Departamento Nacional de Educação, de vice-presidente do Conselho Federal de Educação, de secretário estadual da Educação e Saúde Pública de Minas Gerais, além de presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa e membro das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Em inúmeras ocasiões, representou o Brasil em congressos, comissões e conferências internacionais.
Foi professor de Literatura Inglesa, de 1950 a 1967, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais; exímio tradutor de poetas ingleses, norte-americanos, franceses, espanhóis e alemães; e profundo conhecedor da obra de Shakespeare. Contemporâneo de Carlos Drummond, Emílio Moura, Murilo Mendes e Cyro dos Anjos, participou ativamente do movimento modernista de Minas Gerais. Na poesia, conciliou as novas propostas com métodos e ritmos do verso tradicional, realizando ainda uma interessante mistura de pessimismo, ironia e bom humor. Segundo Mário Garcia de Paiva, o pessimismo – fonte de inspiração para sua poesia – manifestava-se também em sua conversação e em sua prosa.
Ao traduzir os poetas de que mais gostava, Abgar Renault tinha o cuidado de estudar atentamente o espírito da obra, suas sutilezas e mistérios da sua forma, pois considerava o trabalho de tradução verdadeira criação literária
e uma espécie de arte. Um conjunto valioso formado por seus manuscritos, livros, fotografias, objetos pessoais e documentos em geral encontra-se depositado no Acervo de Escritores Mineiros, da Universidade Federal de Minas Gerais, à disposição de leitores e pesquisadores. O professor e poeta, entre inúmeros prêmios e homenagens, pertenceu à Academia Brasileira de Letras e recebeu o título de Professor Emérito da Faculdade de Letras, como reconhecimento pelos trabalhos intelectuais e acadêmicos prestados ao longo da vida.
Publicações: Sonetos antigos (poesia, 1968); A lápide sob a lua (poesia, 1968); Sofotulafai (poesia, 1971); A outra face da lua (poesia, 1983) e Obra poética (poesia, 1990). Traduções: Poemas ingleses de guerra (1942, de vários poetas); A lua crescente (1942), Colheita de frutos (1945), Pássaros perdidos (1947, de Rabindranath Tagore); e ainda O boi e jumento do presépio (1955), de Jules Superielle. Posteriormente, esses livros foram reunidos em Poesia tradução e versão, de 1994, mas ainda permaneceram inéditas numerosas outras traduções.
Fontes:
ANDRADE, Carlos Drummond de. Pessimismo de Abgar Renault. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, n. 99, p. 13, jul. 1968; FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque. BRITTO, Jader de Medeiros (Org.) Dicionário de educadores no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ / MEC-Inep, 1999; LEAL, César. Palavra na poesia de Abgar Renault. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 14, n. 773, p. 4-5, jul. 1981; LINS, Álvaro. Poesia inglesa e a guerra. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v.3, n. 99, p. 8, jul. 1968; OLIVEIRA, Solange Ribeiro de. Pastiche barroco: a poesia de Abgar Renault. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, n. 83, p. 3-7, maio 2002; PAIVA, Garcia de. Outra face da lua. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 19, n. 922, p. 2, jun. 1984; PAIVA, Garcia de. O caminho espera. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, n. 99, p. 1, 1968; RENAULT, Abgar. Dois depoimentos de Abgar Renault. Suplemento Literário Minas Gerais. Belo Horizonte, v. 3, n. 99, p. 16, jul. 1968.
ABÍLIO BARRETO (1883-1959)
Escritor, poeta, jornalista e conhecido homem público, Abílio Velho Barreto nasceu em Diamantina (MG), em 22 de outubro de 1883. Aos 15 anos, foi trabalhar na Imprensa Oficial da recém-fundada Belo Horizonte, primeiro como tipógrafo e revisor, depois como redator interino do jornal Minas Gerais. Em 1924, foi promovido a Primeiro Oficial do Arquivo Público Mineiro, cargo em que se aposentou dez anos depois. Em 1941, foi convidado pelo prefeito Juscelino Kubitschek para organizar o Museu Histórico de Belo Horizonte, inaugurado em 1943. Sediado na antiga Fazenda do Leitão, nos arredores do antigo Arraial do Curral Del Rei, esse museu nascia com o propósito de preservar a história da capital mineira. Em 1968, o museu ganhou nova denominação em homenagem ao primeiro diretor, tornando-se conhecido como Museu Histórico Abílio Barreto. Em 17 de julho de 1959, Abílio Barreto faleceu.
Além de importantes obras acerca da história de Belo Horizonte, como Belo Horizonte: memória histórica e descritiva (1928); História Média (1936), Urbo Belo Horizonte (1947) e Resumo Histórico de Belo Horizonte (1950), Abílio Barreto era conhecido como poeta e ficcionista, tendo publicado os seguintes títulos: A última serenata (poesia, 1931); Cromos (poesia, 1945), A noiva do tropeiro (romance de costumes mineiros, 1946); A avó (teatro, s/d), entre outros.
Fontes:
Publicações do autor; http://www.guiaentradafranca.com.br.
ACHILLES VIVACQUA (Roberto Theodoro) (1900-1942)
Achilles Vivacqua nasceu em Muniz Freire, no Espírito Santo, em 4 de janeiro de 1900, e faleceu em 2 de dezembro de 1942. Filho de Antônio Vivacqua, italiano de Castelluxo Superior, da Baixa Itália, e de Etelvina Vieira de Souza Monteiro Vivacqua, brasileira. Ainda jovem, em 1920, contraiu tuberculose e, por recomendação médica, veio se tratar em Belo Horizonte, acompanhado de sua irmã Maria. Um tempo depois, a família transferiu-se definitivamente para Belo Horizonte. A produção literária de Achilles Vivacqua vai se desenvolver entre o Sanatório Hugo Werneck e a casa de sua família.
Em 1934, o poeta ingressou na Escola Livre de Direito de Belo Horizonte, mas logo se transferiu para a Academia de Direito de São Paulo, onde se diplomou em 1937. Com o pseudônimo de Roberto Theodoro, entrou para o mundo literário, tendo participado ativamente do movimento modernista mineiro. Ao lado de Carlos Drummond, Edmundo Lys, T. de Miranda Santos, Ascânio Lopes, Emílio Moura, Martins de Oliveira, Guilhermino César, Camillo Soares, Henrique de Resende, Francisco Inácio Peixoto, Martins Mendes, Oswaldo Abritta e Rosário Fusco, fez parte do grupo da revista Verde, de Cataguases, colaborando desde seu primeiro número, em 1927.
Em 13 de maio de 1928, Achilles Vivacqua, com Guilhermino César e João Dornas Filho, lançou outro periódico, intitulado Leite Crioulo, filiado ao movimento antropofágico paulista, que pretendia contribuir para a reforma do pensamento e da estética em Minas Gerais. O título – Leite Crioulo – remetia à contribuição do elemento africano na nossa formação e queria combater o ‘lado escuro’ do nosso temperamento, o crioulismo brasileiro caracterizado pela ‘preguiça secular’ do povo brasileiro.
Achilles dedicou-se à poesia, ao conto, à novela, e ainda escreveu ensaios políticos e críticas, que publicou em diferentes revistas e jornais do País e do estrangeiro. Entre as muitas revistas que colaborou, estavam Cidade Vergel, Semana Ilustrada, A Semana de Pará de Minas (1926), Novela Mineira, Belo Horizonte (1934-1935), e Montanheza, de Minas Gerais; Fon-Fon (1924-1935), Careta, O Malho, Vida Doméstica, Ideia Ilustrada, Nação Brasileira (1941), Ilustração Brasileira, Ilustração Moderna (1925), Phenix, Para Todos, A Esphera, Beira Mar, e Revista de Artes e Letras, do Rio de Janeiro; Revista de Antropofagia, Vanitas (1935), de São Paulo; e Vida Capichaba (1924-1929), Revista Chanaan, do Espírito Santo. E entre os jornais: Diário de Minas, Folha de Minas, Correio Mineiro, Estado de Minas, de Minas Gerais; O Momento, Correio do Sul (1929-1939); Diário da Manhã, do Espírito Santo; Diário de São Paulo, Manhã, Folha do Povo, Folha Feminina, Época, União dos Moços, de São Paulo; e A Tarde, da Bahia. Também divulgou seus trabalhos literários nos jornais Renovación, e El Heraldo do Góes, de Montevidéu, em 1929.
Publicou apenas um livro de poesias, em 1928, intitulado Serenidade. Chegou a preparar outro – Bambu imperial –, que se perdeu, conforme declaração da irmã do poeta, Eunice Vivacqua. O restante de sua obra, incluindo inúmeros contos e poemas, permanece inédito nos periódicos em que foi divulgado. Em 2007, o Acervo de Escritores Mineiros da UFMG recebeu da família de Achilles Vivaqua parte de seu espólio literário, como livros autografados, manuscritos, recortes de jornais, fotografias e cartas enviadas por Blaise Cendrars, Ribeiro Couto, Marques Rabelo, Ascenso Ferreira, Gustavo Barroso, Alcântara Machado, entre outros escritores, seus amigos e contemporâneos.
Fontes:
Acervo de Escritores Mineiros da UFMG, localizado no Campus – Pampulha, 3º andar da Biblioteca Central.
ADÃO VENTURA (1946-2004)
Adão Ventura Ferreira nasceu em 1946, em Santo Antônio do Itambé, antigo Distrito do Serro (MG). Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1973, foi convidado para lecionar Literatura Brasileira na Universidade New Mexico e participar do Congresso de Escritores Internacionais, promovido pela Universidade de Iowa, nos EUA. Foi roteirista e ator dos filmes Chapadas do Norte e Dançantes, este último um documentário sobre a Festa do Rosário nas cidades do Serro e de Milho Verde. Na década de 90, dirigiu a Fundação Palmares, órgão federal responsável pela promoção cultural da população negra brasileira.
Contemporâneo de Murilo Rubião e Affonso Ávila, o poeta colaborou na criação do Suplemento Literário Minas Gerais, onde publicou inúmeros poemas. Parte de sua obra está traduzida para o inglês, o alemão e o húngaro, e sua produção tem gerado especial interesse por parte da crítica literária. Silviano Santiago, no ensaio Vale quanto pesa
, faz elogios ao livro A cor da pele e ao autor, considerando-o um importante poeta da literatura negra nacional, ao lado de Oswaldo de Camargo. Ítalo Moriconi incluiu o poema Negro forro
na antologia Os cem melhores poemas do século.
A produção poética de Adão Ventura está impregnada de questões relacionadas aos afrodescendentes, como o preconceito e o racismo, e retrata a consciência de um eu poético que se aceita e se quer negro. O poeta recebeu o Prêmio Cidade de Belo Horizonte, em 1972, e o Prêmio da Revista Literária da UFMG e da Fundação Cultural do Distrito Federal, em 1991. Faleceu prematuramente aos 58 anos, em 2004, deixando alguns inéditos. Parte de seu espólio intelectual foi doado ao Acervo de Escritores Mineiros da UFMG.
Publicações: Abrir-se de um abutre ou mesmo depois de deduzir dele o azul (1970); As musculaturas do arco do triunfo (1976); Jequitinhonha (1980); A cor da pele (1980); Pó-de-mico de macaco de circo (1985); Textura afro (1992) e Litanias de cão (2002). Em 2006 foi publicado o volume Costura de nuvem, edição póstuma, pela Editora Dubolsinho.
Fontes:
Publicações do autor; http://www.letras.ufmg.br (acesso em: abril de 2006).
ADÉLIA PRADO
Adélia Luzia Prado nasceu em 13 de dezembro de 1935, em Divinópolis (MG). Primeira dos oito filhos de João Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa, viveu uma infância simples no interior, onde recebeu as primeiras letras no Grupo Padre Matias Lobato. Em 1950, a morte prematura de sua mãe coincide com o surgimento dos primeiros versos, antes mesmo de ela completar 15 anos. Algum tempo depois, concluiu então o Ginásio no Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Divinópolis, e ingressou no Curso de Magistério da Escola Normal Mário Casasanta, que concluiu em 1953. Em 1972, morre o pai da autora.
No mesmo ano em que se formou em Filosofia, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis, em 1973, enviou originais de poemas para o crítico (e poeta) Affonso Romano de Sant’Anna, que os encaminhou a Carlos Drummond de Andrade. Entusiasmado, Drummond declara em sua crônica no Jornal do Brasil de 9 de outubro daquele ano: Adélia é lírica, bíblica, existencial. Faz poesia como quem faz bom tempo
, e recomenda os originais – que viriam a constituir Bagagem, livro de estreia da autora – à Editora Imago. No ano seguinte, o livro foi lançado no Rio de Janeiro, com direito a presenças ilustres como Carlos Drummond, Clarice Lispector, Nélida Piñon, Juscelino Kubitschek, Affonso Romano de Sant’Anna e Alphonsus Guimarães Filho, entre outras.
E o prestígio de Adélia Prado só fez crescer. Em 1978, é agraciada com o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, pela obra A faca no peito. De 1983 a 1988, ocupa o cargo de chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e da Cultura de Divinópolis. E, em 1987, a atriz Fernanda Montenegro estreia no Teatro Delfim, no Rio de Janeiro, o espetáculo Dona Doida, dirigido por Naum Alves de Souza, inspirado em textos de Adélia Prado. O transe poético
, afirma Adélia, é o experimento de uma realidade anterior a você. Ela te observa e te ama. Isto é sagrado. É de Deus. É seu próprio olhar pondo nas coisas uma claridade inefável. Tentar dizê-la é o labor do poeta
.
Publicações: poesia: Bagagem (1976); O coração disparado (1978); Terra de Santa Cruz (1981); O pelicano (1987); A faca no peito (1988); Oráculos de maio (1999); Poesia reunida (1991, que continha Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O pelicano e A faca no peito). Prosa: Solte os cachorros (1979); Cacos para um vitral (1980); Os componentes da banda (1984); O homem da mãe seca (1994); Os manuscritos de Felipa (1999); Filandras (2001); Quero minha mãe (2005); Prosa reunida (1999, que continha Solte os cachorros, Cacos para um vitral, Os componentes da banda, O homem da mão seca). Em parceria: A lapinha de Jesus (com Lázaro Barreto, 1969); Caminhos de solidariedade (com Lya Luft, Marcos Mendonça e outros, 2001); Ficção: feminino (com Ana Miranda e Ana Paula, 2003). Literatura infantil: Quando eu era pequena, 2006, com ilustrações de Elizabeth Teixeira. A obra de Adélia Prado tem sido objeto também de espetáculos de dança, como A imagem refletida (poema escrito para a composição homônima de Gil Jardim), levado ao palco pelo Balé do Teatro Castro Alves, com direção de Antônio Carlos Cardoso (Salvador, 1998); e de leituras dramatizadas, como O tom de Adélia Prado (poemas de Oráculos de maio, 2002); O sempre amor, com trilha de Mauro Rodrigues e acompanhamento da Orquestra de Câmara do Sesiminas (2005).
Adélia Prado integra ainda inúmeras antologias nacionais de poesia e prosa, e sua obra está sendo divulgada em outros países através de traduções para o inglês e o espanhol.
Fontes:
Publicações da autora; NOGUEIRA JR., Arnaldo. Projeto Releituras. São Paulo: 1996. Disponível em: http://www.releituras.com (acesso em: 22 de abril de 2006); http://www.wikipedia.com.br (acesso em: 22 de abril de 2006).
ADILSON DUARTE DA COSTA
Nasceu em Araújos (MG), em 7 de setembro de 1957, filho de Ângelo Duarte da Costa e de Silvéria Rosa Duarte. Rapaz, transferiu-se para Divinópolis, onde se graduou em Ciências Contábeis e em Direito. Atualmente, é inspetor de Controle Externo do Tribunal de Contas e assessor técnico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Além da publicação de romances, contos e crônicas, Adilson Duarte da Costa é autor de livros técnicos de Direito Administrativo. Sócio fundador da Sociedade dos Escritores Novos de Minas Gerais, é membro da União Brasileira de Escritores de São Paulo e do Clube dos Escritores da cidade de Piracicaba. Entre os prêmios recebidos, destacam-se o Prêmio do XIII Concurso Literário Guimarães Rosa, de Belo Horizonte, o Concurso Nacional Menotti Del Picchia, de São Paulo, e o Prêmio Casa de las Américas, de Havana, Cuba.
Publicações: Algemas de ouro (crônicas, 1977); A cabana dos inocentes (romance, 1984; 4. ed. 1993); Anjo moleque (contos e crônicas, 1990 e 1994); As luzes do sol (romance, 1973); A pupila dos olhos de Deus (crônicas, 1974); Existe um sol no horizonte (crônicas, 1974); Jovens de infinito (crônicas, 1974); Ruazinha caçula (romance, 1974); Muralhas de um derrotista (crônicas, 1975); Minha torre de Babel (crônicas, 1975); Lágrimas negras (crônicas, 1975); Soluços do vento (romance, 1976); Terra brava (romance, 1976); entre outros.
Fontes:
ADRIÃO, José Neto. Dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros contemporâneos. Teresina: Geração 70, 1998; http://www.araujosmg.hpg.ig.com.br (acesso em: 24 de março de 2006); http://www.ube.org.br (acesso em: 24 de março de 2006).
ADILSON VILAÇA
Adilson Vilaça de Freitas nasceu em 1º de agosto de 1956, em Cuparaque, no Vale do Rio Doce, mas passou a infância em Ecoporanga, no Espírito Santo. Segundo o escritor, foram as histórias contadas pela avó paterna, dona Maria Raimunda, que aguçaram seu interesse pela narrativa e pela ficção.
Em 1983, ganhou o Concurso Literário da Fundação Ceciliano Abel de Almeida com o livro de contos A possível fuga de Ana dos Arcos. Depois, publicou: Espiridião e outras criaturas (contos, 1987); Purpurina e outras desfolias (contos, 1992); Trapos (novela e contos, 1992); Albergue dos querubins (romance, 1996); A derradeira folia (contos, 1996); A mulher que falava pássaros (novela, 1996); O lugar das conchas (romance, 1997); Cotaxé (romance, 1997); Quando eu era beija-flor (contos, 1998); Memórias do primeiro tempo (contos e crônicas, 1999); Coração ilhéu (romance-folhetim, 1999); Carinhos de solidão lilás (contos, 1999); A ceia dos querubins (edição reestruturada do romance Albergue dos querubins, 2000); A trilha do Centauro (2005); Cotaxé (2007); Identidade para os gatos pardos (2007).
Em 1999, a obra do escritor mereceu a publicação de um volume intitulado A árvore das palavras, com estudo crítico, seleção de texto e notícia biográfica assinada pelo professor Francisco Aurélio Ribeiro, da UFES. Para o ensaísta, a obra de Adilson Vilaça contém
[...] um misto de realismo documental, recriação histórica e um forte apelo ao imaginário e à fantasia, além de um labor artesanal, que torna seu discurso característico da narrativa pós-moderna ou neobarroca, revelam uma qualidade artística pouco comum nos escritores brasileiros contemporâneos. Superando a tentativa de fazer da literatura obra de ‘denúncia’ das contradições sociais, comum nos anos setenta, e buscando o compromisso com a literariedade, a principal marca do trabalho com a linguagem, Adilson Vilaça utiliza vários recursos das conquistas literárias da modernidade: o diálogo entre os textos; o embasamento do literário no discurso mítico, no filosófico e no metafísico; o inter-relacionamento Ficção/História; o enfoque centrado no processo narrativo, na figura do narrador e no diálogo narrador/narratário; o humor, a ironia, a paródia, provocando a reflexão crítica; o saber/sabor da linguagem (in: A árvore das palavras, 1999).
Entre sua produção, destaca-se ainda Cotaxé, romance histórico que tem como pano de fundo o embate pela posse da área situada na divisa dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, mais precisamente em Cotaxé, distrito de Ecoporanga, entre os anos de 1950 e 1963. Vilaça escreveu ainda o roteiro para o filme Cotaxé, de Joelzito Araújo, baseado em seu romance. O escritor reside em Vitória (ES).
Fontes:
Publicações do autor; http://www.letras.ufmg.br (acesso em: junho 2006).
ADRIANO MENEZES
Adriano Menezes nasceu em São Vicente (MG), em 1º de março de 1965, e reside em Belo Horizonte. Poeta e contista tem publicado em diferentes periódicos literários, como a revista Dimensão, do poeta Guido Bilharino, em antologias, como O achamento de Portugal (2005), e sites literários.
Seu livro mais conhecido, Os dias, reúne trinta e sete poemas escritos ao longo de 15 anos e contém madura reflexão sobre a vida cotidiana, a existência humana e o tempo. A disposição das palavras em linhas independentes confere a elas um novo ritmo e exige dos leitores uma leitura mais atenta. O poema que abre o livro – Epigráfico
– é emblemático. Nele, o escritor apresenta um corpo que vai sendo marcado, com o passar do tempo, por chagas advindas do mundo exterior e do mundo interior, assim expressas: Salvo as implicâncias/ que a realidade/ empurra e traduz/ em opacas transparências/ algo material/ conduz por superfícies/ um corpo talvez aéreo/ fabricado à saudade/ e que logo já é/ minúsculo gado/ que estoura da hora/ e segue furando o ar/ de dois mundos/ mudos através do dia
.
Outros poemas, como Estação
, A casa
, Código Morse
e Sing Manfg. Co
, contêm imagens carregadas de sentidos relacionados à memória, enquanto outros, como Segunda-feira
, Tarde
, Marquise
, Movediço
e Safári
, tratam do cotidiano, da vida presente e da passada. Segundo Armando Freitas, poeta carioca, Os dias, de Adriano Menezes:
É um livro escrito e apanhado, desentranhado, de dentro da vida de quem escreve, sem concessões e confessionalismos, mas que não abre mão desse núcleo vital. Outra coisa inusitada é o vocabulário (e a maneira de expressá-lo) pouco usual, na poesia brasileira e que, por isso mesmo, confere ao seu livro forte marca autoral (www.paralelos.org).
Publicações: Dois corpos (1999); Os dias (2004) e Via expressa (2005).
Fontes:
Publicações do autor; http://www.uaisites.adm.br (acesso em: 16 de abril de 2006); http://www.gargantadaserpente.com (acesso em: 16 de abril 2006).
AFFONSO ARINOS DE MELO E FRANCO (1868-1916)
Affonso Arinos de Melo e Franco nasceu em Paracatu (MG), em 1º de maio de 1868. Era filho de Virgílio de Melo Franco e de Ana Leopoldina de Melo Franco, e tio do também escritor Afonso Arinos, seu homônimo. Em São João del-Rei, estudou no conhecido colégio do Cônego Antônio José da Costa Machado. Depois, foi para o Rio de Janeiro estudar Humanidades, e, para São Paulo, formando-se em Direito, em 1889. Por alguns anos, residiu em Ouro Preto e deixou seu nome na cidade, como professor de História do Brasil no Liceu Mineiro e fundador da Faculdade de Direito de Minas Gerais.
Em São Paulo, a convite de Eduardo Prado, em 1897, assumiu a direção do Jornal Comércio de São Paulo, que fazia campanha pela restauração da monarquia. Nessa época, publicou diversos trabalhos na Revista Brasileira e na Revista do Brasil. Em fevereiro de 1901, foi eleito sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; e, nesse mesmo ano, candidatou-se à vaga de Eduardo Prado na Academia Brasileira de Letras.
O gosto pelas letras revelou-se desde o tempo de estudante, principalmente através dos inúmeros contos que escrevia e publicava nos periódicos literários. Considerado pioneiro das tendências regionalistas na literatura brasileira, tem, entre suas publicações, os seguintes títulos: Pelo sertão (1898); Os jagunços (1898); Notas do dia (prosa, 1900); O contratador de diamantes (1917), A unidade da pátria (1917), Lendas e tradições brasileiras (1917), O mestre de campo (1918) Histórias e paisagens (contos, 1921); Lendas e tradições brasileiras (1917, edição póstuma) e Histórias e paisagens (1921, edição póstuma). O escritor faleceu em 19 de fevereiro de 1916, em Barcelona, Espanha.
Fontes:
http://www.colegioweb.com.br; http://www.letras.ufmg.br; http://www.aprendaki.com.br; http://www.educarede.org.br.
AFFONSO ÁVILA
Nascido em 19 de janeiro de 1928, em Belo Horizonte, Affonso Ávila é nacionalmente reconhecido como poeta, crítico literário, ensaísta e especialista da estética barroca.
A carreira intelectual teve início em 1950, como jornalista literário da seção Tribuna das Letras, no Diário de Minas. No ano seguinte, fundou a revista Vocação, com Fábio Lucas, Rui Mourão, Ciro Siqueira e Laís Corrêa de Araújo – também poeta, com quem se casaria. Em 1953, publicou o primeiro livro de poesia – O açude. Sonetos da descoberta. Na época, trabalhava como auxiliar de Gabinete do governador Juscelino Kubitschek e colaborava nos periódicos Diário de Minas, Tendência e Estado de Minas. Nos anos seguintes, ao participar da campanha de JK para presidente, aproxima-se dos poetas concretistas de São Paulo e dá uma guinada em sua obra. Ao retornar a Belo Horizonte, assume a direção do jornal Folha de Minas, e a função de editor do Suplemento Dominical do Estado de Minas, e publica Carta do solo (1961) e Frases-feitas (1963). Nesse ano (1963), organizou, a convite da Reitoria da Universidade de Minas Gerais, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, que obteve enorme repercussão na mídia impressa nacional. Em 1967, tornou-se colaborador da revista Invenção, do grupo concretista. A identificação com a poesia de vanguarda o levou a retirar sua participação na I Bienal Nestlé de Literatura, em protesto aos ataques às vanguardas dos anos 1960.
Affonso Ávila contribuiu também, e de maneira decisiva, com projetos relacionados ao estudo e à conservação da cultura das cidades históricas de Minas, não apenas através da edição da revista Barroco, em 1969, como também na direção da Superintendência de Pesquisa e Tombamento do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG), em 1980.
Sua produção crítica é extensa e encontra-se divulgada através de livros, jornais e revistas de todo o País. O autor afirma que, além de produzir uma arte de vanguarda com um processo de composição lastreado no barroco – segundo Antônio Sérgio Bueno, uma escrita radical, marcada pela proliferação barroca, pela modulação morfológica e pelo recurso gráfico/visual –, se engajou socialmente, preocupado com o paradoxo do ser mineiro
(reacionário/liberal):
Meu processo de poesia se concentra numa visão penetrante de pesquisa não só de linguagem quanto da história, procuro ir ao fundo da questão, desencobrir o componente mais sombrio e perverso da coisa mineira, em contrapartida ao componente mais saudável e confortador, que era realmente o lado positivo da história.
Em 15 de maio de 2008, para comemorar os 80 anos de vida, Affonso Ávila foi homenageado pelo Café Literário, que destacou a importância de sua obra poética e dos estudos sobre o barroco mineiro. Durante o evento, a mesa-redonda intitulada O que é uma vida dedicada à poesia?
contou com a participação do também escritor Rui Mourão e da professora de literatura Melânia Silva de Aguiar. Na ocasião, o poeta autografou o livro Homem ao termo: poesia reunida (1949-2005). Ao longo da vida, o poeta vem recebendo merecidamente inúmeros prêmios, como o Prêmio Jabuti de Poesia, em 1991, pelo livro O visto e o imaginado, e o Prêmio da Fundação Conrado Wessel de Arte, Ciência e Cultura de 2007.
Publicações: O açude e sonetos da descoberta (1953); Código de Minas & Poesia anterior (1953); Carta ao solo (1961); Carta sobre la usura (trad. esp. de Angel Crespo, 1962); Frases-feitas (1963); Resíduos seiscentistas em Minas (1967); Gertrude’s instante (1969); O poeta e a consciência crítica (1969); O lúdico e as projeções do Barroco (1971); Código nacional de trânsito (1972); Cantaria barroca (1975); O modernismo (1975); Discurso da difamação do poeta (1978); Vídeo-tape (ou fita/prontuário de leads apropriados de jornais mineiros) (1979); Masturbações (1980); Barrocolagens (1981); Delírios dos cinquent’anos (1984); O visto e o imaginado (1990); Infáustica (1991); Catas de Aluvião: do pensar e do ser em Minas (biografia intelectual
, 2000); A lógica do erro (2002); Cantigas do falso Alfonso el sábio. 1987-2001 (Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2006); O modernismo (2007); Homem ao termo: poesia reunida (1949-2005) (poesia, 2008), entre outros.
Fontes:
Publicações do autor; BUENO, Antônio Sérgio. Affonso Ávila. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 1993. Coleção Encontro com Escritores Mineiros, n.1. Contém a relação completa de sua obra, bem como um depoimento do autor e excertos de sua fortuna crítica); Jornal Estado de Minas, de 15 de maio de 2008; sites da internet.
AFFONSO ROMANO DE SANT’ANNA
Considerado um dos grandes intelectuais brasileiros da atualidade, Affonso Romano de Sant’Anna é poeta, cronista, ensaísta e professor universitário, autor de vasta produção literária voltada não só para o meio acadêmico, mas também para o público em geral. Sua linguagem leve e culta permite que suas crônicas e artigos em geral tenham sempre grande alcance e sejam muito apreciados.
Segundo Wilson Martins,
Affonso Romano de Sant’Anna é não só um poeta do nosso tempo, integrado nos seus problemas e perplexidade, nas incertezas sucessivas em que as certezas se resolvem, mas é também o grande poeta brasileiro que obscuramente esperávamos para a sucessão de Carlos Drummond de Andrade [...]. Na verdade, em toda a sua obra, desde Canto e palavra (1965) ele é o mais brasileiro de todos os poetas destes últimos 30 anos (in: contracapa de Os melhores poemas, 1991).
Affonso Romano nasceu em Belo Horizonte, em 27 de março de 1937, porém foi criado em Juiz de Fora, onde permaneceu durante a infância e adolescência. De origem humilde, precisou trabalhar para custear os estudos. A educação religiosa levou-o a pregar sermões, quando jovem, em favelas, prisões e hospitais do interior mineiro. Mais tarde transferiu-se para Belo Horizonte, onde cursou a Faculdade de Letras da UFMG, e trabalhou em jornais e em bancos.
Em 1956, participou do Movimento Vanguardista, que pregava a renovação poética, destacando-se por sua estética sofisticada e o engajamento político. Em 1957, tornou-se barítono do Coral Madrigal Renascentista, regido pelo maestro Isaac Karabtchevsky. No ano em que se formou em Letras – 1962 –, publicou o primeiro livro de ensaio – O desemprego da poesia –, em que reflete sobre a desvalorização do poeta na sociedade moderna. A estreia na poesia ocorreu em 1965, com o livro intitulado Canto e palavra. Essa época ficou marcada por uma vasta produção jornalística, pois escrevia ao mesmo tempo para o Estado de Minas, o Diário de Minas, Tendência e Leitura.
Em 1969, doutorou-se em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais, com a tese Carlos Drummond de Andrade, o poeta gauche, no tempo e espaço, que obteve excelente acolhida no meio acadêmico e recebeu três importantes distinções: o Prêmio Mário de Andrade, o Prêmio Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio União Brasileira de Escritores. Na década de 70, no auge do regime ditatorial, o escritor dirigiu o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ; casou-se com a escritora e jornalista Marina Colasanti, musa de muitos poemas; organizou a Expoesia, sobre a novíssima produção poética nacional; levou o filósofo Michel Foucalt, entre outras celebridades internacionais, para ministrar conferências na Pós-Graduação de Letras da PUC do Rio de Janeiro e ainda ministrou aulas de Literatura Brasileira na Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e na Universidade de Colônia, na Alemanha.
Em 1980, o escritor publicou seu livro de poemas mais aclamado pela mídia: Que país é este?. Moacyr Félix, na contracapa, afirma que o livro planta o nome do seu autor entre os mais altos da atual poesia brasileira
. Em 1981, deu aulas de Literatura Brasileira na Universidade Aix-in-Provence, na França, e, em 1984, foi convidado para substituir o cronista Carlos Drummond de Andrade no Jornal do Brasil. Suas crônicas, assim como os poemas, tratam principalmente da realidade sócio-política e cultural do País,