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Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II
Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II
Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II
E-book184 páginas1 hora

Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II

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IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de nov. de 2013
Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II

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    Obras poéticas de Nicoláo Tolentino de Almeida, Tom. II - Nicolau Tolentino de Almeida

    The Project Gutenberg EBook of Obras poéticas, by Nicolau Tolentino

    This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.net

    Title: Obras poéticas

    Author: Nicolau Tolentino

    Release Date: July 29, 2005 [EBook #16385]

    Language: Portuguese

    *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK OBRAS POÉTICAS ***

    Produced by Biblioteca Nacional Digital (http://bnd.bn.pt), Rita Farinha and the Online Distributed Proofreading Team at http://www.pgdp.net

    OBRAS POETICAS

    DE

    NICOLÁO TOLENTINO DE ALMEIDA.

    TOM. II.

    LISBOA.

    NA REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA.

    ANNO M.DCCCI.

    Com licença da Meza do Desembargo do Paço.

    QUINTILHAS

    Offerecidas ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Conde de S. Lourenço.

    Ante vós, Claro Senhor,

    Que pondes os sãos cuidados

    De bons estudos no amor,

    E que d'homens applicados

    Sois o exemplo, e o protector;

    Levanto sem pejo a voz;

    Que essa alma nunca despreza

    O pouco que encontra em nós;

    Não produz a Natureza

    Muitos homens como vós;

    Pois vi outr'ora amparado

    O discreto, e doce Brito,

    Triste moço, em flor cortado,

    Que hia alevantando o esprito,

    De vossas luzes guiado;

    Pois na vida lhe adoçastes

    De seu fado a má ventura,

    E não vos envergonhastes,

    Quando a fria sepultura

    Com as lagrimas lhe honrastes;

    Se os seus Versos sonorozos

    Inda repetis com mágoa;

    E pensamentos saudozos

    Vos trazem aos olhos agua,

    Que os deixa, Senhor, formozos;

    Hoje, outro triste vos faça

    Nascer iguaes sentimentos;

    Com os vossos pés se abraça;

    Não tem os mesmos talentos;

    Mas tem a mesma desgraça;

    Nascido em baixa pobreza,

    Quiz buscar huma Colu'na,

    Foi sempre baldada a empreza,

    Achou ingrata a fortuna,

    Inda mais, que a natureza.

    Em vão paternal ternura

    Com vivo zêlo me assiste;

    Foi trabalho sem ventura;

    Crescia no Filho triste,

    Com a idade, a desventura;

    Das boas Artes no estudo

    Bom Pai empenhar-me quiz;

    Traçava o velho sizudo

    Que fosse hum Filho feliz

    Dos outros Filhos o escudo;

    Forão seus intentos vãos;

    Zombou desgraça importuna

    Destes pensamentos sãos;

    Para vencer a fortuna

    Não ha lagrimas, nem mãos;

    Cortado então de agonias,

    Só esperei ter ventura,

    Quando envolto em cinzas frias

    Escondesse a sepultura

    Meu nome, e meus tristes dias;

    E em quanto o vento forceja,

    E no mar, que em flor rebenta,

    Meu fraco lenho veleja,

    Demando, em tanta tormenta,

    Por porto a Casa de Angeja;

    Surgi em lugar seguro,

    Onde achei mil acolhidos;

    Clareou o dia escuro;

    E meus molhados vestidos

    Pelas paredes penduro;

    De meu fado a força dura

    Foi hum pouco enfraquecendo;

    E ainda que em sombra escura,

    Vem-me ao longe apparecendo

    O bom rosto da Ventura;

    Vossos Sobrinhos me dão

    (Porque de meus males sabem)

    Principios de protecção;

    Mandai-lhe que em mim acabem

    Esta obra da sua mão.

    Mandai, que apressem o passo,

    Que inda longe a méta vejo,

    Pois nas supplicas que faço,

    Não se vence com dezejo,

    Vence-se á forca de braço;

    Mandai, pois tendes direito,

    Que o turvo mar arrostando,

    A' corrente ponhão peito;

    Fallai, Senhor, que em fallando,

    O vosso mandado he feito.

    Não vedes venal incenso

    Por astuta mão queimado;

    Fallo, Senhor, como penso;

    Eu sei quanto he respeitado

    O Erudîto São Lourenço;

    Eu sei bem o alto conceito,

    E as geraes estimações,

    Que todos de vós tem feito;

    Oiço ternas expressões,

    Filhas de amor, e respeito;

    Do bom Irmão, e Sobrinhos

    Oiço tod'ora louvar-vos;

    Oiço-lhes doces carinhos;

    De poderem agradar-vos

    Dezejão achar caminhos;

    Vosso Irmão, e pregoeiro

    Ordena, como sizudo,

    Ao Illustre Neto, e Herdeiro,

    Que das Sciencias no estudo

    Vai dar o passo primeiro,

    Se encoste a vós, sem desvio,

    Qual ao Choupo Hera silvestre;

    Que em Artes, virtude, e brio,

    Mais, do que as regras do Mestre,

    Siga os dictames do Tio;

    Com que gosto oiço, e contemplo,

    Dizer-lhe = Se ao bem te inclinas,

    Segue-o no estudo, e no Templo;

    Elle te dê as doutrinas;

    Elle te sirva de Exemplo.

    Mas sigo inutil empreza,

    Pois sabeis quaes são seus peitos,

    Mistura-se esta fineza

    Com os sagrados direitos

    Do sangue, e da natureza;

    Todo o mundo, em vosso abono,

    Põe na boca os corações,

    E delles vos chama dono;

    Oiço mil acclamações

    Desde a plebe até ao Throno;

    A geral estimação

    Nos arma de authoridade;

    Vinde pôr nesta obra a mão,

    E dai-me felicidade,

    Como me dais instrucção;

    Sabeis a fundo, e de cór,

    Tudo quanto ha bom, escrito;

    Juntai extremos, Senhor;

    Ao homem mais erudíto,

    Juntai o mais bemfeitor.

    Pois sabeis da Antiguidade

    Prozas sans, e sã poezia,

    Deveis sentir mais piedade;

    Quem tem mais filozofia,

    Vê melhor a humanidade:

    Que eu nesta fresca espessura,

    Entre estes Loiros sagrados,

    Sentado sobre a verdura,

    Cantarei Versos limados

    A quem me fez ter ventura.

    Deixarei em mil letreiros

    O vosso Nome entalhado

    Nos troncos destes Loureiros;

    Possa elle ser respeitado

    Do negro vento, e chuveiros;

    Ramos sobre elle estendendo,

    Dafne no seu peito o tome;

    E eu, doces hymnos tecendo,

    Verei ir o tronco, e o Nome

    Té ás Estrellas crescendo.

    QUINTILHAS

    Offerecidas ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Marquez do Lavradio.

    Se os Versos, que outra ora fiz

    Escutastes prompto, e attento;

    E se aos pés, que abraçar quiz,

    Achou grato acolhimento

    A minha Muza infeliz;

    Dai-me benignos ouvidos

    A outros, em dôr traçados,

    D'arte, e de enfeite despidos;

    Pela verdade dictados,

    E a vós, Senhor, dirigidos;

    Em louvores não os fundo,

    Pois sei que sempre os pizastes;

    E co'as mais acções confundo

    As do tempo, em que tomastes

    As rédeas do Novo Mundo;

    Mas se eu disser parte dellas,

    Não me julgueis lizonjeiro;

    Que vos poupo em não dizellas?

    Se vedes, que o Mundo inteiro

    As vai erguendo ás Estrellas?

    Diz que vio a Capital

    Cheia de pompa, e grandeza;

    E que a ergueis a lustre tal

    D'entre os braços da molleza,

    Que he no Clima natural.

    Que nas mãos, onde se encerra

    Alto Poder respeitozo,

    Mostraste na nova Terra

    Ao Vizinho revoltozo,

    N'uma a paz, em outra a guerra.

    Que offreceis a vida então

    Para a

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