Divã ocidento-oriental
De J. W. Goethe
()
Sobre este e-book
Quando a primeira tradução integral deste conjunto chega a Goethe, ele é arrebatado por sua leitura e tomado de uma necessidade de responder produtivamente à "poderosa aparição" de Hafez, a quem Goethe passou a considerar um "gêmeo". O alemão, então com 64 anos, decide renovar-se como criador e empreender sua viagem literária rumo ao Oriente. Por meio de leituras, pesquisas e traduções, o poeta se transplanta ao antigo mundo das Mil e uma noites, às civilizações dos livros sagrados e suas tradições poéticas. O Divã ocidento-oriental é o relato dessa imersão.
Esta tradução é a primeira vez em que a íntegra da poesia (aqui em versão bilíngue) e da prosa que compõem o Divã ocidento-oriental aparecem conjuntamente em português. O trabalho foi objeto de doutorado do tradutor e pesquisador Daniel Martineschen. O tradutor também assina um posfácio que conta mais sobre a escrita do Divã por Goethe, a história das traduções da obra, e a história da presente tradução.
Relacionado a Divã ocidento-oriental
Ebooks relacionados
HIPÉRION - Hölderlin Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO vento da noite Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCarteiro imaterial Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEsaú e Jacó Nota: 0 de 5 estrelas0 notasÉdipo em colono de Sófocles Nota: 3 de 5 estrelas3/5Os Cadernos de Malte Laurids Brigge Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs elixires do diabo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO caminho para a liberdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDe minha vida: poesia e verdade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPapéis Avulsos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Diário do ano da peste Nota: 2 de 5 estrelas2/5Dez contos escolhidos de Eça de Queirós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEpifanias Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pastichos e miscelanea Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs Bacantes de Eurípides Nota: 4 de 5 estrelas4/5ÇATURANGA - Tagore Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Nota: 5 de 5 estrelas5/5O falecido Mattia Pascal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasViagem à Itália Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO cigano e outras histórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Fauno de Mármore - Hawthorne Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMusa praguejadora: A vida de Gregório de Matos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOdes - Bilíngue (Latim-Português) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUniões Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPensamentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMiserere Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContra Sainte-Beuve Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeshugá Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões do gato Murr Nota: 2 de 5 estrelas2/5O erro de narciso Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Pra Você Que Sente Demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poemas Terapêuticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEmily Dickinson: Poemas de Amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Acreditar em mim é a minha única possibilidade de existir Nota: 5 de 5 estrelas5/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu não quero mais falar sobre você Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTodas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alguma poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5O amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Me Chamaram de Louca Nota: 0 de 5 estrelas0 notasJamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5pequenas palavras Grandes Sentimentos Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Ansiedade Me Tirou De Mim E Eu Me Quero De Volta Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMelhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeus Amores, Minhas Dores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOutras coisas que guardei pra mim Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Categorias relacionadas
Avaliações de Divã ocidento-oriental
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Divã ocidento-oriental - J. W. Goethe
DIVÃ OCIDENTO·ORIENTAL
JOHANN WOLFGANG VON GOETHE
DIVÃ OCIDENTO-ORIENTAL
TRADUÇÃO E POSFÁCIO
DANIEL MARTINESCHEN
Título original: West-östlicher Divan
© Editora Estação Liberdade, 2020, para esta tradução
PREPARAÇÃO Editora Estação Liberdade
REVISÃO Huendel Viana
SUPERVISÃO EDITORIAL Letícia Howes
PROJETO GRÁFICO E COMPOSIÇÃO Mika Matsuzake
IMAGEM DA CAPA Sultão Muhammad (c. 1531-33): Alegoria da embriaguez do mundo e do além
, folha do Diwan de Hafez Propriedade conjunta do Metropolitan Museum of Art e da Galeria Arthur M Sackler, Universidade de Harvard; doação do sr. e da sra. Stuart Cary Welch Jr., 1988.
DIREÇÃO EDITORIAL Angel Bojadsen
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G546d
Goethe, Johann Wolfgang Von, 1749-1832
Divã ocidento-oriental / West-östlicher divan / Johann Wolfgang Von Goethe ; tradução e posfácio Daniel Martineschen. - 1 ed. - São Paulo : Estação Liberdade, 2020 448 p. ; 23 cm.
Tradução de: West-östlicher divan
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-86068-13-9
1. Poesia alemã 2. Poesia alemã - História e crítica. I. Martineschen, Daniel. II. Título
Vanessa Mafra Xavier Salgado - Bibliotecária - CRB-7/6644
09/12/2019 12/12/2019
Todos os direitos reservados à Editora Estação Liberdade. Nenhuma parte da obra pode ser reproduzida, adaptada, multiplicada ou divulgada de nenhuma forma (em particular por meios de reprografia ou processos digitais) sem autorização expressa da editora, e em virtude da legislação em vigor.
Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Decreto no 6.583, de 29 de setembro de 2008.
EDITORA ESTAÇÃO LIBERDADE LTDA.
Rua Dona Elisa, 116 – Barra Funda – 01155-030
São Paulo – SP – Tel : (11) 3660 3180
www.estacaoliberdade.com.br
SUMÁRIO
LIVRO DO CANTOR
Hégira
Porta-sortes
Livre-senso
Talismãs
Quatro graças
Confissão
Elementos
Criado e animado
Cisão
Aparição
Amável
Passado no presente
Poesia e forma
Atrevimento
Curto e grosso
Toda-vida
Anelo abençoado
LIVRO DE HAFEZ
Apelido
Acusação
Fátua
O alemão agradece
Fátua
Ilimitado
Imitação
Claro enigma
Aceno
LIVRO DO AMOR
Modelos
Livro de leitura
Avisado
Imerso
Pensativo
Mau consolo
Satisfeito
Saudação
Entrega
Inevitável
Secreto
Secretíssimo
LIVRO DAS CONTEMPLAÇÕES
Cinco coisas
Cinco outras
Ao Xá Shuja e seus iguais
A mais alta graça
Ferdusi
Jalal al-Din Rumi
Zuleica
LIVRO DO MAU HUMOR
Paz de espírito do viandante
LIVRO DOS PROVÉRBIOS
LIVRO DE TIMUR
O Inverno e Timur
A Zuleica
LIVRO DE ZULEICA
Convite
Hatem
Zuleica
Zuleica
Hatem
Ginkgo biloba
Zuleica
Imagem sublime
Ressonância
Zuleica
Reencontro
Noite de lua cheia
Criptografia
Reflexão
Zuleica
LIVRO DA TAVERNA
Ao garçom
Ao escanção
O escanção fala
Escanção
Escanção
Escanção
Poeta
Noite de verão
LIVRO DAS PARÁBOLAS
É bom
LIVRO DO PARSE
Legado da antiga crença persa
LIVRO DO PARAÍSO
Homens autorizados
Mulheres escolhidas
Animais favorecidos
Superior e supremo
Os sete adormecidos
Boa noite!
NOTAS E ENSAIOS PARA MELHOR COMPREENSÃO DO DIVÃ OCIDENTO-ORIENTAL
Introdução
Hebreus
Árabes
Transição
Antigos persas
O Regimento
História
Maomé
Califas
Comentário para prosseguimento
Mahmud de Gázni
Reis poetas
Tradições
Ferdusi (morto em 1030)
Anvari (morto em 1152)
Nezami (morto em 1180)
Jalal al-Din Rumi (morto em 1262)
Saadi (morto em 1291 com 102 anos)
Hafez (morto em 1389)
Jami (morto em 1494, aos 82 anos de idade)
Visão geral
Considerações gerais
Considerações mais gerais
Novas, novíssimas
Dúvidas
Despotismo
Objeção
Adendo
Compensação
Inserção
Elementos fundamentais da poesia oriental
Transição de tropos para símiles
Alerta
Comparação
Preservação
Gêneros poéticos
Formas naturais da poesia
Adendo
Bibliomancia
Troca de flores e signos
Cifra
Divã futuro
Do Antigo Testamento
Israel no deserto
Outros auxílios
Peregrinações e cruzadas
Marco Polo
Jehan de Mandeville
Pietro della Valle
Perdão
Olearius
Tavernier e Chardin
Novos e mais novos viajantes
Professores: antecessores e contemporâneos
Von Diez
Von Hammer
Traduções
Fecho final!
Revisão
POSFÁCIO
Introdução
História do Divã
Estrutura do Divã
Traduções do Divã
O Divã no Brasil
Sobre esta tradução
Leituras aprofundadas e referências
OBRAS DE GOETHE
MOGANNI NAMEH
Zwanzig Jahre ließ ich gehn
Und genoß, was mir beschieden;
Eine Reihe völlig schön
Wie die Zeit der Barmekiden.
LIVRO DO CANTOR
Vinte anos fiz fluir
De uma vida bem vivida;
Maravilhas a fruir
Como o tempo Barmecida.
Hegire
Nord und West und Süd zersplittern,
Throne bersten, Reiche zittern,
Flüchte du, im reinen Osten
Patriarchenluft zu kosten,
Unter Lieben, Trinken, Singen
Soll dich Chisers Quell verjüngen.
Dort, im Reinen und im Rechten,
Will ich menschlichen Geschlechten
In des Ursprungs Tiefe dringen,
Wo sie noch von Gott empfingen
Himmelslehr’ in Erdesprachen
Und sich nicht den Kopf zerbrachen.
Wo sie Väter hoch verehrten,
Jeden fremden Dienst verwehrten;
Will mich freun der Jugendschranke:
Glaube weit, eng der Gedanke,
Wie das Wort so wichtig dort war,
Weil es ein gesprochen Wort war.
Will mich unter Hirten mischen,
An Oasen mich erfrischen,
Wenn mit Karawanen wandle,
Schal, Kaffee und Moschus handle;
Jeden Pfad will ich betreten
Von der Wüste zu den Städten.
Bösen Felsweg auf und nieder
Trösten, Hafis, deine Lieder,
Wenn der Führer mit Entzücken
Von des Maultiers hohem Rücken
Singt, die Sterne zu erwecken
Und die Räuber zu erschrecken.
Will in Bädern und in Schenken,
Heil’ger Hafis, dein gedenken,
Wenn den Schleier Liebchen lüftet,
Schüttelnd Ambralocken düftet.
Ja, des Dichters Liebeflüstern
Mache selbst die Huris lüstern.
Wolltet ihr ihm dies beneiden
Oder etwa gar verleiden,
Wisset nur, daß Dichterworte
Um des Paradieses Pforte
Immer leise klopfend schweben,
Sich erbittend ew’ges Leben.
Hégira
Norte e oeste e sul se espalham,
tronos racham, reinos falham,
Vai-te à terra oriental,
sorve o ar patriarcal;
Pois no amar, beber, cantar
Vai Chadir te remoçar.
Onde tudo é justo e puro
gerações, com muito apuro,
buscarei na funda origem,
de onde ouviam — sem vertigem —
na sua língua o tom de Deus,
sem partir os crânios seus.
Onde os pais ainda honravam,
e maus cultos rejeitavam;
vou gozar do desatino,
com fé ampla e pouco tino,
já que o forte era a palavra,
pois falada era a palavra.
Aos pastores vou mesclar-me,
num oásis saciar-me,
trago em caravana e a pé
xale, almíscar e café;
Quero andar pelas picadas
do deserto até as muradas.
Nos rochedos, pela trilha,
com sua mula vai o guia;
às estrelas canta alto —
medo assoma os maus de assalto.
Ó Hafez! sem teus poemas
esta terra tem problemas.
Pelas termas e tavernas
tuas honras canto eternas:
meu benzinho sopra o véu,
cachos de âmbar solta ao léu.
Sim, o poeta, sussurrando,
deixa as huris se corando.
Saibam todos que o invejam
ou que seu caminho pejam
que os poemas sempre pedem
baixinho à porta do Éden
uma dádiva singela:
uma vida eterna e bela.
Segenspfänder
Talisman in Karneol,
Gläub’gen bringt er Glück und Wohl;
Steht er gar auf Onyx Grunde,
Küß ihn mit geweihtem Munde!
Alles Übel treibt er fort,
Schützet dich und schützt den Ort:
Wenn das eingegrabne Wort
Allahs Namen rein verkündet,
Dich zu Lieb’ und Tat entzündet.
Und besonders werden Frauen
Sich am Talisman erbauen.
Amulette sind dergleichen
Auf Papier geschriebne Zeichen;
Doch man ist nicht im Gedränge
Wie auf edlen Steines Enge,
Und vergönnt ist frommen Seelen,
Längre Verse hier zu wählen.
Männer hängen die Papiere
Gläubig um, als Skapuliere.
Die Inschrift aber hat nichts hinter sich,
Sie ist sie selbst und muß dir alles sagen,
Was hinterdrein mit redlichem Behagen
Du gerne sagst: Ich sag’ es! Ich!
Doch Abraxas bring ich selten!
Hier soll meist das Fratzenhafte,
Das ein düstrer Wahnsinn schaffte,
Für das Allerhöchste gelten.
Sag ich euch absurde Dinge,
Denkt, daß ich Abraxas bringe.
Ein Siegelring ist schwer zu zeichnen,
Den höchsten Sinn im engsten Raum;
Doch weißt du hier ein Echtes anzueignen,
Gegraben steht das Wort, du denkst es kaum.
Porta-sortes
Talismã em cornalina
traz ao crente sorte à sina;
quando em ônix lavrado,
dá-lhe um beijo consagrado!
Ele afasta todo mal,
cobre a ti e ao teu local:
se, encravada como tal,
a palavra amar a Alá,
e ao amor te incitar.
E as mulheres, sobretudo,
tiram dele seu estudo.
Amuletos são tais quais;
mas são de papel: sinais,
sem limite de tamanho —
que na pedra é tacanho —,
e as almas pias colhem
versos longos quantos podem.
Tais papéis-penduricalhos
São pro crente escapulários.
Mas nada atrás da inscrição se escondeu,
pois se sustenta por si e diz tudo,
ao que tu, em afã honesto e puro,
diz com gosto: Eu digo! Eu!
Só que o abraxas eu evito!
Aqui cria o grotesco
a loucura pelo avesso,
e se sagra no infinito.
Se eu falar muita besteira,
trago abraxas na algibeira.
Já um sinete é complicado:
em pouco espaço muito é dito.
Se tu entendes bem o que é honrado,
após gravado, mal pensas no escrito.
Freisinn
Laßt mich nur auf meinem Sattel gelten!
Bleibt in euren Hütten, euren Zelten!
Und ich reite froh in alle Ferne,
Über meiner Mütze nur die Sterne.
—
Er hat euch die Gestirne gesetzt
Als Leiter zu Land und See,
Damit ihr euch daran ergetzt,
Stets blickend in die Höh.
Livre-senso
Me deixe estar sobre a minha sela!
Fiquem nas suas tendas, suas celas!
E eu vou trotar ao longe, ao léu,
apenas estrelas sobre o chapéu.
—
Ele pôs constelações,
como guia em terra e mares,
para que, em exultações,
vocês ergam seus olhares.
Talismane
Gottes ist der Orient!
Gottes ist der Okzident!
Nord- und südliches Gelände
Ruht im Frieden seiner Hände.
—
Er, der einzige Gerechte,
Will für jedermann das Rechte.
Sei, von seinen hundert Namen,
Dieser hochgelobet! Amen.
—
Mich verwirren will das Irren;
Doch du weißt mich zu entwirren.
Wenn ich handle, wenn ich dichte,
Gieb du meinem Weg die Richte.
—
Ob ich Ird’sches denk und sinne,
Das gereicht zu höherem Gewinne.
Mit dem Staube nicht der Geist zerstoben,
Dringet, in sich selbst gedrängt, nach oben.
—
Im Atemholen sind zweierlei Gnaden:
Die Luft einziehen, sich ihrer entladen;
Jenes bedrängt, dieses erfrischt;
So wunderbar ist das Leben gemischt.
Du danke Gott, wenn er dich preßt,
Und dank’ ihm, wenn er dich wieder entläßt.
Talismãs
É de Deus o Oriente,
é de Deus o Ocidente!
Norte ou sul, todo torrão
jaz na paz da Sua mão.
—
Ele, o único que é Justo,
quer a todos só o justo.
De seus nomes, muitos, cem,
que louvemos este! Amém.
—
O errado me confunde,
mas só tu me desconfundes.
Quando ajo ou poeto,
tu me dás caminho reto.
—
Quando penso no mundano,
realizo um alto plano.
A mente não dispersa pelo pó
se ergue à escuta por si só.
—
Existem duas graças no respirar:
sorver o ar, dele se liberar.
Um refresca, o outro oprime:
a vida é assim, mista e sublime.
Graça a Deus, se ele te aperta;
dá graça a Ele se te liberta.
Vier Gnaden
Daß Araber an ihrem Teil
Die Weite froh durchziehen,
Hat Allah zu gemeinem Heil
Der Gnaden vier verliehen.
Den Turban erst, der besser schmückt
Als alle Kaiserkronen;
Ein Zelt, das man vom Orte rückt,
Um überall zu wohnen;
Ein Schwert, das tüchtiger beschützt
Als Fels und hohe Mauern;
Ein Liedchen, das gefällt und nützt,
Worauf die Mädchen lauern.
Und Blumen sing’ ich ungestört
Von ihrem Schal herunter,
Sie weiß recht wohl, was ihr gehört,
Und bleibt mir hold und munter.
Und Blum’ und Früchte weiß ich euch
Gar zierlich aufzutischen,
Wollt ihr Moralien zugleich,
So geb’ ich von den frischen.
Quatro graças
Aos árabes, de sua parte,
pra singrar a amplitude,
Alá por bem comum reparte
quatro graças em virtude.
Primeiro o turbante: graça tal
nem mesmo os reis têm tanto.
A tenda se ergue do local
pra morar em qualquer canto.
A espada, muito mais valente
que pedras e amurada.
A canção, que à moça atente
dá saber e lhe agrada.
E canto flores sem pudor
das que caem do xale dela;
ela bem sabe o seu valor,
tão doce e assim tão bela.
E flor e fruta sei servir
a vocês, mui graciosas;
se morais querem ouvir,
dou-lhes logo das viçosas.
Geständniss
Was ist schwer zu verbergen? Das Feuer!
Denn bei Tage verrät’s der Rauch,
Bei Nacht die Flamme, das Ungeheuer.
Ferner ist schwer zu verbergen auch
Die Liebe; noch so stille gehegt,
Sie doch gar leicht aus den Augen schlägt.
Am schwersten zu bergen ist ein Gedicht;
Man stellt es untern Scheffel nicht.
Hat es der Dichter frisch gesungen,
So ist er ganz davon durchdrungen.
Hat er es zierlich nett geschrieben,
Will er, die ganze Welt soll’s lieben.
Er liest es jedem froh und laut,
Ob es uns quält, ob es erbaut.
Confissão
O que é ruim de esconder? O fogo!
Se ao dia a fumaça o trai
à noite a chama o monstro, o ogro.
Difícil de esconder ainda mais,
O amor: guardado em cura calma,
pula ágil pra fora da alma.
O pior mesmo é esconder um poema:
pois cobri-lo dá o maior problema.
Se o poeta o recém-cantou,
de poesia se encharcou;
se o poeta o escreveu com classe,
quer que todo o mundo o abrace.
A todos lê, alegre e forte.
Azar de nós — ou será sorte?
Elemente
Aus wie vielen Elementen
Soll ein echtes Lied sich nähren,
Daß es Laien gern empfinden,
Meister es mit Freuden hören?
Liebe sei vor allen Dingen
Unser Thema, wenn wir singen;
Kann sie gar das Lied durchdringen,
Wird’s um desto besser klingen.
Dann muß Klang der Gläser tönen
Und Rubin des Weins erglänzen:
Denn für Liebende, für Trinker
Winkt man mit den schönsten Kränzen.
Waffenklang wird auch gefodert,
Daß auch die Trommete schmettre;
Daß, wenn Glück zu Flammen lodert,
Sich im Sieg der Held vergöttre.
Dann zuletzt ist unerläßlich,
Daß der Dichter manches hasse;
Was unleidlich ist und häßlich,
Nicht wie Schönes leben lasse.
Weiß der Sänger, dieser Viere
Urgewalt’gen Stoff zu mischen,
Hafis gleich wird er die Völker
Ewig freuen und erfrischen.
Elementos
E de quantos elementos
deve o canto se nutrir,
para aos leigos sentimentos
e aos mestres divertir?
Sobretudo seja o amor
tema de todo cantor.
Tem o canto um esplendor,
e vai soar muito melhor.
Que as taças alto soem,
brilhe o rubro vinho nelas:
aos amantes e aos ébrios
só se ofertem láureas belas.
Soem armas! Já é hora.
Que o trompete toe alto!
Quando a sorte chama: agora!
seja o herói um deus no alto.
E por fim é indispensável
que o poeta odeie tudo
que há de feio e insuportável
e o expulse deste mundo.
Dome bem nosso cantor
tal quarteto tão potente,
vai cantar como Hafez,
despertando a toda a gente.
Erschaffen und beleben
Hans Adam war ein Erdenkloß,
Den Gott zum Menschen machte,
Doch bracht er aus der Mutter Schoß
Noch vieles Ungeschlachte.
Die Elohim zur Nas’ hinein
Den besten Geist ihm bliesen,
Nun schien er schon was mehr zu sein,
Denn er fing an zu niesen.
Doch mit Gebein und Glied und Kopf
Blieb er ein halber Klumpen,
Bis endlich Noah für den Tropf
Das Wahre fand, den Humpen.
Der Klumpe fühlt sogleich den Schwung,
Sobald er sich benetzet,
So wie der Teig durch Säuerung
Sich in Bewegung setzet.
So, Hafis, mag dein holder Sang,
Dein heiliges Exempel,
Uns führen, bei der Gläser Klang,
Zu unsres Schöpfers Tempel.
Criado e animado
Seu Adão, bolo de lama,
Deus fez homem formoso;
do ventre da mãe derrama
seu aspecto horroroso.
Elohim no seu nariz
sopraram um bom espírito.
Já se achou muito feliz
e logo deu um espirro.
Ossos, membros, cuca ao topo:
nunca foi um bolo inteiro,
até Noé achar o copo
que pra gota é o verdadeiro.
O bolo sente o momento
tão logo se umedece,
como a massa, com fermento,
que se mexe e logo cresce.
Hafez, que teu beato canto,
teu santo exemplo,
faça-nos ver, taças em pranto,
do Criador o templo.
Zwiespalt
Wenn links an Baches Rand
Cupido flötet,
Im Felde rechter Hand
Mavors drommetet,
Da wird dorthin das Ohr
Lieblich gezogen,
Doch um des Liedes Flor
Durch Lärm betrogen.
Nun flötets immer voll
Im Kriegesthunder,
Ich werde rasend, toll,
Ist das ein Wunder.
Fort wächst der Flötenton,
Schall der Posaunen.
Ich irre, rase schon,
Ist das zu staunen!
Cisão
Se à esquerda do regato
Cupido canta à toa,
e à destra em campo vasto
Mavorte atroa,
para lá o seu ouvido
é docemente puxado,
mas por ruído o florido
da canção é perturbado.
Já soa linda a flauta
em meio a um traque.
Se me agito, peralta:
não é um milagre?
E sobe o tom da flauta,
trombeta que soa.
Erro e saio da pauta:
mas essa é boa!
Phänomen
Wenn zu der Regenwand
Phöbus sich gattet,
Gleich steht ein Bogenrand
Farbig beschattet.
Im Nebel gleichen Kreis
Seh ich gezogen,
Zwar ist der Bogen weiß,
Doch Himmelsbogen.
So sollst du, muntrer Greis,
Dich nicht betrüben,
Sind gleich die Haare weiß,
Doch wirst du lieben.
Aparição
Se ao muro de chuva
Febo está unido,
surge a sombra recurva,
em sombra colorida.
Vejo um mesmo arco
traçado no véu;
branco é mesmo o arco,
mas arco de céu.
Tu, velho querido,
não deves chorar;
teu cabelo é embranquecido,
mas tu vais amar.
Liebliches
Was doch Buntes dort verbindet
Mir den Himmel mit der Höhe?
Morgennebelung verblindet
Mir des Blickes scharfe Sehe.
Sind es Zelte des Wesires,
Die er lieben Frauen baute?
Sind es Teppiche des Festes,
Weil er sich der Liebsten traute?
Rot und weiß, gemischt, gesprenkelt,
Wüßt ich schönres nicht zu schauen;
Doch wie Hafis kommt dein Schiras
Auf des Nordens trübe Gauen?
Ja, es sind die bunten Mohne,
Die sich nachbarlich erstrecken
Und, dem Kriegesgott zum Hohne,
Felder streifweis freundlich decken.
Möge stets so der Gescheute
Nutzend Blumenzierde pflegen
Und ein Sonnenschein, wie heute,
Klären sie auf meinen Wegen!
Amável
Onde a cor que me apega
firmamento com a altura?
Bruma matutina cega
no meu olho a vista pura.
São as tendas do vizir
que ele fez a suas queridas?
São tapetes desta festa
porque se uniu à preferida?
Rubro e branco, misturados,
nada vi tão belo assim;
pode o teu Xiraz, Hafez,
vir ao norte triste, enfim?
Sim, é o colorido ópio
que se estende à vizinhança,
e, causando em Marte opróbrio,
cobre os campos com pujança.
Que o sábio ainda cultive
flores lindas de uma renda,
e, como hoje, o sol se altive
e as clareie em minha senda!
Im gegenwärtigen Vergangnes
Ros’ und Lilie morgentaulich
Blüht im Garten meiner Nähe;
Hinten an, bebuscht und traulich,
Steigt der Felsen in die Höhe;
Und mit hohem Wald umzogen
Und mit Ritterschloß gekrönet,
Lenkt sich hin des Gipfels Bogen,
Bis er sich dem Tal versöhnet.
Und da duftet’s wie vor alters,
Da wir noch von Liebe litten
Und die Saiten meines Psalters
Mit dem Morgenstrahl sich stritten;
Wo das Jagdlied aus den Büschen
Fülle runden Tons enthauchte,
Anzufeuern, zu erfrischen,
Wie’s der Busen wollt’ und brauchte.
Nun die Wälder ewig sprossen,
So ermutigt euch mit diesen,
Was ihr sonst für euch genossen.
Läßt in andern sich genießen.
Niemand wird uns dann beschreien,
Daß wirs uns alleine gönnen;
Nun in allen Lebensreihen
Müsset ihr genießen können.
Und mit diesem Lied und Wendung
Sind wir wieder bei Hafisen,
Denn es ziemt des Tags Vollendung
Mit Genießern zu genießen.
Passado no presente
Rosa e lírio, orvalhados,
o jardim vizinho enfeitam;
escondidos, confiados
os rochedos se alteiam.
E com alta mata em volta
e um castelo lá em cima,
o arco no topo se solta,
e com o vale se combina.
Aí recende a tempos velhos,
quando amores nos doíam,
e as cordas dos saltérios
enfrentar o sol sabiam.
Sopra o hino da caçada
tons redondos do arbusto
pra aguilhada remoçada,
como quer e pede o busto.
A floresta sempre cresceu:
conformem-se com isso.
O que sempre lhes apeteceu
agrada agora com novo viço.
Ninguém vai nos reprovar
que sozinhos desfrutemos,
todos devem desfrutar
tudo aquilo que vivemos.
Com este canto e esta guinada
a Hafez retornaremos,
pois pro bem desta jornada
com cultores cultuaremos.
Lied und Gebilde
Mag der Grieche seinen Ton
Zu Gestalten drücken,
An der eignen Hände Sohn
Steigern sein Entzücken;
Aber uns ist wonnereich.
In den Euphrat greifen
Und im flüßgen Element
Hin und wider schweifen.
Löscht ich so der Seele Brand,
Lied es wird erschallen;
Schöpft des Dichters reine Hand,
Wasser wird sich ballen.
Poesia e forma
Pode o argivo com sua argila
formas espremer,
sua própria mão destila
o que eleva o seu prazer;
mas nos é auspicioso
o Eufrates adentrar,
e no líquido elemento
passear pra lá e pra cá.
Quando a chama da alma esfria,
canção que se alteia;
pura mão do poeta cria,
água se boleia.
Dreistigkeit
Worauf kommt es überall an.
Daß der Mensch gesundet?
Jeder höret gern den Schall an,
Der zum Ton sich rundet.
Alles weg! was deinen Lauf stört!
Nur kein düster Streben!
Eh er singt und eh er aufhört
Muß der Dichter leben.
Und so mag des Lebens Erzklang
Durch die Seele dröhnen!
Fühlt der Dichter sich das Herz bang,
Wird sich selbst versöhnen.
Atrevimento
Donde vem que em todo lado
O Homem a si se cura?
Todos ouçam de bom grado
O som que em tom se apura.
Manda embora o que te estrova!
Só evita o mau querer!
Seja quieto, seja em trova,
O poeta há de viver.
Que da vida o tom primário
Vibre nesta alma!
Mal sente o mau presságio,
e o peito se acalma.
Derb und tüchtig
Dichten ist ein Übermut,
Niemand schelte mich!
Habt getrost ein warmes Blut,
Froh und frei wie ich.
Sollte jeder Stunde Pein
Bitter schmecken mir,
Würd’ ich auch bescheiden sein,
Und noch mehr als ihr.
Denn Bescheidenheit ist fein,
Wenn das Mädchen blüht,
Sie will zart geworben sein
Die den Rohen flieht.
Auch ist gut Bescheidenheit,
Spricht ein weiser Mann,
Der von Zeit und Ewigkeit
Mich belehren kann.
Dichten ist ein Übermut!
Treib’ es gern allein.
Freund und Frauen, frisch von Blut,
Kommt nur auch herein!
Mönchlein ohne Kapp’ und Kutt’
Schwatz nicht auf mich ein!
Zwar du machest mich kaputt,
Nicht bescheiden! Nein.
Deiner Phrasen leeres Was
Treibet mich davon,
Abgeschliffen hab ich das
An den Sohlen schon.
Wenn des Dichters Mühle geht,
Halte sie nicht ein:
Denn wer einmal uns versteht
Wird uns auch verzeihn.
Curto e grosso
Poesia é petulância,
ninguém me reprima!
Sangue quente e confiança
leva todos para cima.
Se a dor de toda hora
amarga me souber,
eu seria modesto, ora,
e maior do que eu puder.
Pois o bom é ser contido
quando a moça enflora,
ela quer um bom partido:
que o bruto vá embora.
Modéstia é bom também,
diz um homem sábio,
que do tempo e do além
faz-me muito hábil.
Poesia é petulância!
Faço bem sozinho.
Amigo, amada, sangue e ânsia,
entrem, rapidinho!
Monge sem manto e capuz,
não me amoles, não!
Por ti cansado me pus,
mas modesto? Não!
Do vazio das tuas frases
fujo apressado,
já gastei as tuas crases
bem no meu solado.
Gira o poeta a sua moenda,
nunca vai parar.
Pois quem quer que nos entenda
vai nos perdoar.
Alleben
Staub ist eins der Elemente,
Das du gar geschickt bezwingest,
Hafis, wenn zu Liebchens Ehren
Du ein zierlich Liedchen singest.
Denn der Staub auf ihrer Schwelle
Ist dem Teppich vorzuziehen,
Dessen goldgewirkte Blumen
Mahmuds Günstlinge beknieen.
Treibt der Wind von ihrer Pforte
Wolken Staubs behend vorüber,
Mehr als Moschus sind die Düfte
Und als Rosenöl dir lieber.
Staub, den hab ich längst entbehret
In dem stets umhüllten Norden,
Aber in dem heißen Süden
Ist er mir genugsam worden.
Doch schon längst daß liebe Pforten
Mir auf ihren Angeln schwiegen!
Heile mich, Gewitterregen,
Laß mich daß es grunelt riechen!
Wenn jetzt alle Donner rollen
Und der ganze Himmel leuchtet,
Wird der wilde Staub des Windes
Nach dem Boden hingefeuchtet.
Und sogleich entspringt ein Leben,
Schwillt ein heilig heimlich Wirken,
Und es grunelt und es grünet
In den irdischen Bezirken.
Toda-vida
Pó é um dos elementos
que tu moves muito hábil,
ó Hafez, quando em honra do amado
lindo canto sai-te ao lábio.
Pois no umbral da casa dela
o pó afasta até o tapete,
em cujas flores tão douradas
curvam os bons de Mahamede.
Leva o vento do portão
pó em nuvens graciosas,
mais que almíscar o preferes,
inda mais que óleo de rosas.
Pó: suportei-o há muito tempo
lá no norte, sempre oculto,
mas foi só no quente sul
que cresceu pra mim seu vulto.
Mas há tempo a dobradiça
dos portões vem me embalando!
Que me salve a tempestade,
que eu cheire o verdejando!
Quando o céu se ilumina
com muito raio e trovão
o agreste pó dos ventos
é regado até o chão.
E assim surge uma vida,
poder sobe, oculto e santo,
e viceja, verdejante,
esta terra em todo canto.
Selige Sehnsucht
Sagt es niemand, nur den Weisen,
Weil die Menge gleich verhöhnet,
Das Lebend’ge will ich preisen,
Das nach Flammentod sich sehnet.
In der Liebesnächte Kühlung,
Die dich zeugte, wo du zeugtest,
Überfällt dich fremde Fühlung
Wenn die stille Kerze leuchtet.
Nicht mehr bleibest du umfangen
In der Finsternis Beschattung,
Und dich reißet neu Verlangen
Auf zu höherer Begattung.
Keine Ferne macht dich schwierig,
Kommst geflogen und gebannt,
Und zuletzt, des Lichts begierig,
Bist du Schmetterling verbrannt.
Und solang du das nicht hast,
Dieses: Stirb und werde!
Bist du nur ein trüber Gast
Auf der dunklen Erde.
—
Tut ein Schilf sich doch hervor,
Welten zu versüßen!
Möge meinem Schreibe-Rohr
Liebliches entfließen!
Anelo abençoado
Conta só a quem é sábio,
pois a plebe zomba logo:
louvarei o vivo, lábil,
que deseja o fim no fogo.
Na fresca noite de amor,
que te gerou e onde geraste,
cai-te estranho dissabor
quando, calma, a vela gaste.
Nunca mais quedas envolto
pela sombra desta treva;
há um anseio em ti, revolto,
por um coito que se enleva.
Não te impedem as distâncias,
vens voando e encantada;
pela luz tens muitas ânsias.
Mariposa: és chamuscada.
Se isto não te habita,
isto: morre e te transforma!
Não passas de visita
Na terra sem forma.
—
Como o caldo vem da