Respiramos mar. A nossa localização acabou por estabelecer uma ligação indelével com o Atlântico. Não será por acaso que temos dos mais elevados consumos per capita de peixe, uma média de 60 quilos, mais do que o dobro da média europeia. Mas será que comemos o peixe certo?
Fonte incomensurável de vida, o mar simboliza prazer e diversidade orgânica, espécie de jardim salgado e misterioso. Nada melhor do que observar a frescura de um peixe, o brilho do olhar, o prateado das suas escamas, as suas guelras e firmeza.
Paleta infinita de sabor, de espécies que são matéria-prima de excelência, os produtos do mar são únicos e magníficos na sua delicadeza, frescura, sapidez e aroma. A sua textura, carne densa ou suave, macia e sápida, consoante a espécie, é um convite ao prazer de comer. Na cozinha, o mar atiça a criatividade, ponto de partida para inventar receitas onde sabor, expressividade e subtileza casam de forma perfeita. Cru, a la plancha, levemente cozido, grelhado, assado, ou frito, o peixe é bom de todas as maneiras.
Então por que raio só comemos quase sempre os mesmos e da mesma maneira? Esta realidade torna-se mais aflitiva quando se sabe que cada arrastão deita borda fora cerca de 800 a mil quilos de peixe, já que a legislação não permite que cheguem a terra espécies não certificadas que, assim, não conseguem entrar em lota e fazer o circuito comercial.
Das algas aos peixes e moluscos, passando pelas plantas e mariscos, o mar é pura poesia inspiradora para os cozinheiros que os preferem, geralmente, como forma de expressarem a sua arte