segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz Ano Inteiro





Eu  desejo a você um ano novo cheio de surpresas, coisas boas pelas quais  nunca tenha passado e pense: Meu Deus,o que eu faço agora? Mais ainda, um ano novo em que você aprenda  somente para aquele momento. E que  a sua experiência  deixe de ser um recurso ou uma desculpa para adiar projetos, achando que não vale a pena.
Eu  desejo a você um susto bom para  que lembre de pedir socorro e deixe de ser auto-suficiente porque algumas forças nos deixam isolados do resto do mundo. 
Desejo também muita gente ao seu redor pedindo para você falar poesia ou fazer companhia.
O quê mais, além de um  ano surpreendente e cheio de sensibilidade? Ah, muita saúde para o seu coração, vai que ele se apaixone ! 
Bem,aí já é outro presente que nem estava nos planos.


 Neusa Doretto

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Verões


























Isso
da alegria passa

sem
deixar
pegada
alguma

E o grande amor
da vida
é a pele exposta ao sol:

Doura
embeleza
descasca
e cai




Neusa Doretto

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dona


















A abandonada
Um dia abandona
E do nada
Vira dona
De si

Nega os medos
 (e se entrega aos dedos
escorrendo
líquida
E certa
por
ela
aberta)



Neusa Doretto

domingo, 2 de dezembro de 2012

Nosso






















Preciso ser comida pelos seus olhos.
Digerida pelo seu coração. Preciso alimentar o tronco. Matar a fome em qualquer lugar de seu.
Onde eu caiba, encaixe e você goste. Pode ser pela poesia. Ou pela conversa. Até por uma boa lembrança. Contando que você goste.
E lembre muitas vezes. Mas tantas vezes que fique confusa, nem sabendo o que sou em você.

Neusa Doretto



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Assim



Agora você volta
me alicia
Escolta
um amor
se delicia
Que moleza,meu bem
Relaxe e
dê mole também !




Neusa Doretto

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

efeito






















Eu poderia ser rude
desfiar lesões e mágoas
afogamentos sem tábuas
de salvação
Eu poderia listar os enganos
sob os panos quentes
que esfriaram a paixão
Mas não
Fiquei imune
endurecida
como essas plantas de chão


Neusa Doretto

sábado, 3 de novembro de 2012

Eu, você e o gato




Sinto muito,mas cansei. É um " não aguentar todo dia de pensar que você existe em algum lugar do mundo " e ainda não veio pra mim. Fica dando volta por aí, de coração em coração,de abraço em abraço; enquanto que eu, aqui, escassa e pequena, cresço na conta da solidão.
Sinto muito, mas cansei, nem eu pago a minha conta. Agora sou cheque sem fundo e levarei à falência qualquer ilusão. Sinto tanto ficar por aqui, no plano da realidade,com meus pés entre os pés da cadeira e já não ter o sonho.
Meu Deus, me salva dessa mesmice, me estufa de alegria ,  me solta na mão de uma criança ou no miado de um gato; desse que mora pelos telhados, preso a nada, com mais seis vidas no bucho ainda.Que não dou conta  dessa.Sem pulo nenhum.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

(sutil)


















O amor tem passado paralelo
suave e indolor
Um amigo solidário
nem frisson, nem torpor
Assim como quem nada fosse
nem
tivesse sido
pele que  arrepia ou abranda
ele  vai junto
como um  coração que senta e anda
sem tocar no  assunto...

Neusa Doretto

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dona


A abandonada 

Um dia abandona 
E do nada 
Vira dona 
De si 
 
Nega os medos 
(e se entrega aos dedos 
escorrendo 
líquida 
E certa 
por 
ela 
aberta)

sábado, 29 de setembro de 2012

Lírica



Ah,Mariazinha, venha se enfiar no cobertor comigo e me dizer asneiras no ouvido. Venha me contar da sua volta na praça e do sermão da igreja. Venha, Mariazinha,falar da vida nos meus braços. Serei leito para o seu rio e o riso nascerá solto e divertido. Venha,Mariazinha,venha sem reservas e sem vergonha dos pés. Os meus são quentes e você vai gostar. Venha rir debaixo da coberta e chupar balas de hortelã. Eu comprei o jornal de domingo e lerei a poesia do caderno ilustrado. Depois levantaremos e faremos ovos fritos. Ah,Mariazinha, venha viver o mais puro do cotidiano e me beijar com a boca de alho. Tomaremos café e comeremos pipoca durante um filme inocente. Qualquer um, qualquer fita que fale de amor, de coletivo e da vida à toa. Ah,Mariazinha,simplifique a vida e venha juntar moedinhas comigo. Vou amarrar flores na charrete  para levar você. Levar você. Levar você.  


Neusa Doretto

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sentimentos

Outro dia
Abriu a janela:

A novidade
era uma água quente
lavando por dentro
o centro
da alma
da  mulher salva
da rotina

Neusa Doretto

sábado, 25 de agosto de 2012

ingrata



In-(grata)

Ela agradece o  amor que  dou todos os dias mas que ela não pode  dar.
Eu sei que ela  agradece quase diariamente, o carinho, a amizade e o poema despudorado que eu escrevo tão naturalmente e quase sem paixão.
Comove-se com as palavras e com o sexo. 
Como se eu fosse praga ou prece. Ela se farta, vai, mas agradece.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Laudo


O amor nada ensina e nada aprende; o amor é um esfomeado. 


Sobrevivemos porque ele não come ossos : nos prefere em carne viva.



Neusa Doretto

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A delicada valentia para viver



Tão vasto é o destino
E incerta a esquina
Qual vida trôpega, euforia e dor .

Sentirei. Isso importa. Um forte amor.
Despudorado quando nada mais resta.
A mesma sorte que  salva
se perde no meio da festa.



Neusa Doretto

terça-feira, 31 de julho de 2012

Perecível

Eu não guardo poesia

A poesia é dura
A poesia não se molha
A poesia não estraga

Não precisa ser guardada


Eu preciso
Eu estrago

quarta-feira, 25 de julho de 2012

( ética )



Não me iludo
contudo
nem contigo
nem com nada:
A seda pura
não se esgarça pelo manuseio
mas pelo meio
como é  cuidada 


Neusa Doretto

domingo, 22 de julho de 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Aos 50


Depois de ouvir quase as mesmas coisas dos grandes amores da sua vida,você conclui que amou muito e foi muito amada. E que todas foram maravilhosas. E que você também foi maravilhosa. E que o sentimento tem começo, meio e fim. E que a vida tem começo, meio e fim. Então, se você está no meio, reverta o quadro! Tudo que você quis dos 20 aos 40,foi amar,ser amada,morar junto. Brincou bastante de casinha. Agora basta. Chega de misturar casa e comida. Aos 50, é muito boa a vida e você nem presta atenção mais nesses detalhes.Amor e cabana é o tipo da coisa indecente. O que você quer agora é um romance,conforto e sexo ardente.



Neusa Doretto

terça-feira, 10 de julho de 2012

Legenda

Tem cara e tem pinta
de ser outro amor na minha vida
Na corrida
No passeio
Macio dos seus seios

quarta-feira, 4 de julho de 2012

fome

 hábito de amar e o costume do carinho
Cuide da minha rotina.
Das listas que faço.
Dos afazeres do amor.
Cuide da minha despensa: me consuma que eu supro
O amor não pode estragar; o que comer depois?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Bicho-da-seda


 O Amor é injusto. Sempre foi. E ninguém escapa dele. Mesmo que você não queira amar, acaba amando,odiando; 
essa paixão que é a vida líquida;essa que nos hidrata até,então.
Porque você acaba gostando do não ideal, do nao-sonho. Bobagem que você é racional. Quando dá fome, você é 
bicho como qualquer animal. (Quer coisa mais bonita?)
Só precisa de coragem pra ir lá e abocanhar,pronto, experimentar. Gostar e comer tudo. 
Depois. Bem, esse depois fica por conta do seu lado imbecil: o racional .

domingo, 10 de junho de 2012

bonitinho



 ( venha conhecer o meu amor.
Eu nado de encantos por você. Eles alagam meus olhos quando a vejo.
E uma camada de sons descompassados vibra logo abaixo do pescoço até meus pés; modesto gesto da paixão que me deixa plantada na sua presença.
O meu amor tem silêncio incluso e é surpresa de bala na boca.  
Quero que usufrua do que sinto,usando tudo,sem que nada fique no estoque.
Somente  pernas e estrelas_)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

quarta-feira, 23 de maio de 2012

The End


Deu longas braçadas de amor
perdeu o ar
perdeu    a voz


Salvou-a um  torpor
que desfez   nós

de outra dor

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Carrinhos

Bem, eu sempre achei que carrinho de supermercado é a cara da pessoa. Você olha um e já sabe mais ou menos como vive aquela pessoa. Pelo que compra e come.  Carrinhos revelam coisas. E pessoas. Assim como o saco de lixo.  Tudo é mais palpável e visível. Sem muitos mistérios. A única incógnita é a pessoa que empurra o carrinho. Daí dá-se uma "blitz" no visual: jeans, tênis ou saia de boa moça? O semblante está leve ou tenso? Pelo ritmo do andar também sabemos o estado civil. Rapidamente?É solteira. Mulher solteira tem pressa  e sabe muito bem onde estão as cinco, seis coisas que vai comprar. E não vê a hora de pagar e ir embora, ver seu filme ou entrar na internet. A mulher casada é lenta,  compassada e pesquisa o preço, demora mais para o dinheiro render. São detalhes do cotidiano. Passe a observar, porque com certeza você está sendo observada.No mínimo,pelas mulheres casadas que morrem de inveja da sua compra despreocupada e individual. Elas adorariam estar no seu lugar. Outra coisa:  enumere os itens da sua vidinha boa e solitária e agradeça a Deus por ter um amor a cada seis meses.  Porque amar dá trabalho e gasto, além de privar você de muitas diversões. Amar também atrapalha a sua vida pessoal : "não gosto que corte o cabelo assim" " onde você estava que não ligou para mim? " ai, eu não gosto desse vinho" , " só tomo  cerveja".

 Ai,credo, lembra dessas coisinhas chatas que você engolia por amor à arte?
E você ainda reclama? 
A solidão é a oportunidade para   investir  na sua vida, porque,olhe, a fila anda.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Do amor piegas


Sinta saudade de mim e pense mesmo como eu sou legal.
Mato as suas vontades e faço vista grossa para qualquer defeito que você tenha.
Sinta saudade. 
Feche os olhos e lembre como eu segurava a sua onda e afastava todos os seus medos. Lembre-se da exclusividade que eu lhe dava. 
Cheguei a ser fiel, intensamente sua. Chore, se descabele e conte os dias para me ver. Dormir no meu abraço e tomar café. O aroma e o tabaco,cheiro de chocolate. A fumaça do romance. Encha a sua boca de água e pense na minha.Você foi pega de surpresa.Sua pele agora está arrepiada e me deseja. Sinta saudade,eu valho a pena.
Estou vendo você  se arrumando para sair comigo. Se eu não esperar? Sinta saudade, você gosta de sofrer. Parece  que fica melhor. Ou maior, o seu amor. Assim. Com saudade.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Free


Nesse mundo das coisas de meu Deus,me pergunto porque não sou a menina dos olhos seus? E quando me pego piegas quero morrer. Não gosto de desejar por desejar;isso me lembra um clássico do cinema: Viver por Viver. Sentimento inútil,devastador.
Desligo meu botão de devaneios e abraço portas e janelas práticas, entradas e saídas  à minha frente. Mas quando tudo aqui me manda pra rua,vou mesmo. Hoje me distribuo em várias: sobre as rodas, sob a chuva ou dentro de uma poesia. Hoje sou rua,pernas para quem me quer,estarei aceitando doações. Carinho,então, isso cai como luva! 



terça-feira, 8 de maio de 2012

Upa !


ela faz tipo
eu fito
é sim
acredito
ela ri
ela vem
eu estava
ela também
sem ninguém
Amém

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Outras



Hoje estou impedida de sair. Completamente impedida de sair de casa ou de sair de mim.  A vida aqui dentro está muito boa . Estou me sentindo completamente dona da criação ou de qualquer movimento ao meu redor: o  vasto mundo  apresenta   a chuva fina, sinfonia e harmonia. 

Hoje  o mundo convencional não precisa de mim e nem eu preciso  de seus serviços.A zona   de conforto está aqui. Hoje sou  dentro,sou outras:   ser claro e desejante, fortificado.  
Ordinariamente feliz, nem caminhada  faço porque a enxurrada pode me me levar. Essa eu posso evitar. A da alma,não.  

Divirto-me quando o mundo fica impedido e eu fico livre;promovo orgias e delírios, declamo Neusas e Carlos, Nerudas  e Baudelaire: " Embriagai-vos de vinho ou de virtude, contanto que  vos embriagueis ". Eu me embriago  com a mais próxima, com a mais chegada, com aquela que me basta. Eu me embriago com essas outras. Com garrafas de romantismo, com  o efeito, sem a droga. 


Mas daí vem o Gonzaguinha  e sussurra aos meu ouvidos: viver e não ter a vergonha de ser feliz. Mas eu que nunca tive, estou despudorada.
  


Comei!


A Careca tinha a receita
do prato predileto
depois da bruschetta
o spaghetti direto
o calor e manjericão

Pelo muro e pelo buraco
passa o  prato 
spaghetti ao pesto
apreço
para
a amiga
mãe e  irmão

A bruschetta   mata a fome
E o spaghetti
O olho come

para Mônica Kikuti

sábado, 10 de março de 2012

Noturno




Meus dedos tocam essas teclas mas queriam tocar seus poros e salivação.   
Os meus braços vão e vem nesse movimento  da escrita que age como desejo que escorre no som consecutivo do teclado ( parecido com gotas pingando) .  
Preciso ouvir alguma coisa mais forte que   me ordene como todas as mulheres foram ordenadas a amar sem reservas e sem limites. Porque eu  desaprendi.  A solidão me fez dona de uma liberdade voraz, que me engole e me deixa faminta .  
Outras vezes a mesma liberdade vem louca e feliz tocando uma musica  que eu danço para mim. Eu preciso da sua ousadia me dizendo coisas indecentes . Eu preciso estalar um chicote e sentir que é agora.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A isensata

Uma
Outra
paixão lesa
E
descabela
Pesa 
sobre
aquela mulher
que
sequer sabe o que é amor
Chorando
noites seguidas
Despedidas
que os  braços deram
Porque eram amores
intensos
soluços
em  lenços.


Neusa Doretto


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Crime Passional


Amarraram o amor numa tábua
E mataram à paulada a noite estrelada
E a felicidade morria sem dizer nada.
Depois
ainda rasgaram todo o corpo do sonho.
Foi um crime.
Um crime medonho.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Carregada

















Para-choque de caminhão
a minha poesia pega a estrada
na rabeira
inteira
de
um coração

Na mão

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Dream



Enchi a boca dágua
mastiguei o nada
prazerosamente
ao dente.
Pensei
que a ilusão era   aquilo
purê maciço


movediço
escasso


Desperdício





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Intensa























Que nada se repita
apenas o hábito da felicidade
passageira
( porque passa )
e
enquanto
passar
passe sempre
a  vida inteira 





domingo, 15 de janeiro de 2012

brega



Isso da vida:
Ida, volta e vinda
Tem chão ainda , recaídas.
Quantas coisas: casas , brasas; 
Quanto amor em tudo sempre , chororô e a dor de dente.
Te amei várias vezes num ano e seis meses, na balada profunda de uma mpb: poemas, lençóis e “ vou te ver” .

Um Longa metragem na segunda parte
quase no final feliz
Faltou um triz.




Vote em brega,compulsivamente no site da tribo:
http://www.livrodatribo.com.br/texto_votar.php
Eu agradeço,
beijos
Neusa







terça-feira, 10 de janeiro de 2012

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Poema Póstumo


Porque pequenas que somos, não temos como não chorar a sua partida.Ficamos sem você, Rau, eu e todas as mulheres  do mundo. Porque você dava conta de nos amar a todas. Eu fui amada por você, como se eu fosse a única . Havia um poder sutil,delicado e generoso que caía da gola da sua camisa de linho branco....

Neusa Maria
6 janeiro 2011, Santo Amaro, São Paulo


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O meio

















Como eu começo não sei, só sei que puxo um fio de lá de dentro e a coisa vem.
Nem sempre pensada.
 É o rítmo da caminhada.  Das pegadas que a vida faz.  
A entrada e  a saída,o começo e  o fim. O sentimento é o meio. 
A emoção é o meio.
Todos esses frissons de primeira grandeza fazem parte do meio:  afeto,lembrança e as grandes marcas da vida. 
Existem pessoas que entram pela porta principal da sua vida. Que você não esquece e nem quis esquecer porque só deram prazer e alegria .Eu tive uma pessoa assim. Única. Inesquecível.
Viver é a grande aventura. Definir o seu meio de vida é fundamental. Porque o meio é tudo. 
É o que você é depois que acorda até a hora de  dormir. O  meio , a largura da vida . O luxo emocional. 
A vitrine  da padaria onde estão expostos todos os seus sonhos. Com bastante coisas no meio. 




*imagem: xenia antunes

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

outras tantas






Outra fala
outra palavra
outra coisa
outra casa
outra vida :
Outra
primeira vez 

Uma vez ou outra





Neusa Doretto