Ao que tudo o indica, e já ouvimos diversas declarações nesse sentido, o governo português pretende encenar um acordo inexistente com os parceiros sociais, para impressionar Bruxelas no próximo dia 11 de Março, no decurso de uma cimeira extraordinária da Zona Euro.
Já não é propriamente novidade para nós portugueses, muito deste faz-de-conta com que José Sócrates nos vem brindando com demasiada frequência, mas parece-me que desta vez o “truque” é demasiado forçado.
Uma nova mudança nas leis do trabalho numa altura em que o desemprego já é insuportável, em que os salários não param de se desvalorizar e em a contracção no investimento aponta claramente na direcção da recessão, não pode resolver coisa nenhuma, podendo mesmo aumentar o descontentamento popular, e fazer germinar sementes de revolta.
Nas propostas apresentadas pela ministra do Trabalho, Helena André, não consta uma simples linha na defesa dos direitos e garantias dos trabalhadores, pelo contrário, tudo o que lá consta apenas é do interesse dos empregadores. De um governo esperava-se que fosse o factor de equilíbrio entre o patronato e os sindicatos, velando pelos interesses das duas partes, mas não é isso que se vê.