Já há umas semanas que não escrevo um Há Vidinha em Samuel… E porquê que isso acontece??? Por duas simples razões: tenho andado mais ou menos ocupado a fazer de conta que estudo; não tenho nada de especial para dizer ao Mundo (como quem diz, às três pessoas que me lêem diariamente… Obrigado pai, mãe e dona Clotilde!!!)
- E qual é o tema deste Há Vidinha em Samuel???
Ainda bem que perguntam… O tema deste texto será o esmiúce de certas e determinadas situações que acontecem no cinema (filmes e séries) que praticamente denunciam ao visuamentalizador (eu sei que esta palavra não existe, mas…) como esta cena vai acabar… Ou isto ou pequenos pormenores que, como hei-de explicar… São ESTÚPIDOS!!!
Passo a explicar, eu que já vi montes, paletes, magotes de filmes e séries, e juro pelo amor do nosso Senhor da Ave Maria que nunca vi uma cena que acontece-se num carro e o condutor não mexesse o volante e/ou não estivesse constantemente a olhar para o pendura… Meus amigos, das duas uma, ou nas estradas onde eles gravam estas cenas não existem rectas, ou as ruas estão cheias de buracos… (querem ver que eles gravam estas cenas em ruas de Portugal???) Relativamente às distracções com o pendura, está bem que geralmente é uma actriz jeitosa que ali vai mas, pelo amor do mesmo Senhor que referi acima, tenham cuidado… Eu sei que tenho a carta há pouco tempo mas, estar virado para o colega do lado durante uns dez segundos, é capaz de não ser uma coisa muito realista, não???
Outra coisa que reparo constantemente, é o facto de todos os actores homens (de seus vinte anos para cima) usarem relógio… Para saber em que medida isto é demonstrador da realidade, quando saio à rua tenho tendência (não são as tendências que vocês estão a pensar…) a reparar em quem usa relógio ou não… Conclusão: a larga maioria dos homens acima dos quarenta/cinquenta anos, realmente usa a dita pulseira com mostrador de horas… Os jovens do sexo masculino com menos dessa idade só o usam se tiverem de chegar a horas a casa… Não vá a mamã se irritar e pumba com a vassoura…
Não sei se vocês também reparam mas, sempre que uma personagem está num edifício (escritório, hotel, o que seja…) situado numa grande cidade mundial, da janela dá sempre para ver o monumento/símbolo dessa mesma cidade… Isto é, toda e qualquer personagem que vai para um apartamento em Paris (por exemplo), consegue ver da sua janela a Torre Eiffel… De Londres o Big Ben… De Nova Iorque a Estátua da Liberdade… De Portalegre… (deixa cá pensar…) Um rebanho de ovelhas!?! (sim, eu sei que dizer rebanho de ovelhas é mais ou menos redundante… É como dizer uma multidão de pessoas ou um enxame de abelhas… Enfim, apetece-me ser pleonástico… E esta hein???)
Também hão-de reparar que em todos os enredos há uma família abastada e, uma vez mais, essa família é sempre a má… Nunca vi uma família rica onde a maioria dos elementos fosse efectivamente (palavra de polícia) boa… Digo a maioria pois, em todas as famílias endinheiradas, há sempre um elemento que faz papel de ovelha negra… Isto é, é a única personagem boazinha no meio daqueles ranhosos todos… Hmm, metaforicamente falando, é uma ovelha negra no meio de um rebanho de ovelhas ranhosas… (Pleonástico de novo…)
Outra coisa que me salta sempre à vista é o facto de num enredo nunca haver duas personagens com o mesmo nome… Será isto real??? Não!!! Pelo menos eu ando na escola há catorze anos e a minha turma sempre teve nomes repetidos: Anas aos magotes, Tiagos (principalmente quando estudava no norte) às toneladas, Ineses (deve ser assim que se escreve) às catrefadas…
Também reparo noutra coisa: o tempo que faz durante as cenas… Porquê que será que as cenas que compõem os filmes de terror se passam sempre de noite??? Serão gravadas na Suécia naqueles meses em que ao meio dia ainda é noite cerrada??? E porque será que sempre que alguém morre tragicamente, assassinado, através de suicídio, está sempre uma noite de temporal??? A única vez que isso me fez sentido foi num dos episódios da série “Sete Palmos de Terra”… E porquê??? Simplesmente porque a personagem morreu com relâmpago… Ah, e sempre que está a chover, se um rapaz e uma rapariga desatam a correr por entre uma data de gotas de água oriundas de sabe lá Deus onde, de certeza que vão acabar no marmelanço… Ou isso, ou ele armando-se em cavalheiro, dará o seu casaco/jornal para a sua amiga colocar sobre a cabeça… Hmm, para além de bonito, o amor é também muito previsível…
Ah, e sempre que haja uma cena onde dois jovens de sexos opostos discutem frente a frente, eles acabaram uma vez mais por irem juntos à apanha do marmelo… Há lá coisa mais bonita!!!
E nos filmes de acção, sempre que há uma cena de pancadaria onde os maus estão em clara vantagem numérica, estes atacam sempre um de cada vez… Não seria mais fácil, como uma vez disse o Herman José, andarem todos á molhada??? Não sei, digo eu… Eu sei que não ando há muitos anos à porrada mas, meus amigos, isto é pura lógica…
Hmm, soluções para toda esta previsibilidade cinematográfica??? Fácil, impedir os realizadores, argumentistas, encenadores e afins de verem filmes que não os deles próprios… Claro que estou a exagerar mas, acho que cada vez mais a padronização dos ensinamentos afunila a liberdade do criador… Isto é, a originalidade, a criatividade necessária para que se consiga criar no espectador uma certa expectativa… Até porque é daí que este termo surge… O visuamentalizador, como parvamente eu lhe gosto de chamar, não tem que perceber a história do filme a meio deste… Tem sim, a meu ver, de conseguir apreender a mensagem implícita no encadeamento das cenas e acções aquando do surgimento da ficha técnica… Isso sim, é um bom filme… Aqueles que nos fazem pensar, nem que seja por um simples minuto…
Querem outro argumento a favor desta minha teoria??? Pois bem, tomem como exemplo a indústria musical… Cada vez mais surgem bandas com talento… Com originalidade em criar algo nunca antes pensado, ou pelo menos conseguido… Não falo dos cérebros atrofiados que se escondem atrás de uma carinha laroca ainda mais pintada que um quadro do Van Gogh… Para ouvir “música” destes, mais vale fazer o que este pintor fez: cortar as orelhas… A boa música não se faz só à frente de milhões de pessoas… Milhares vá… Faz-se muita em garagens… Daí o desprendimento de tudo o que já foi feito… Não há uma necessidade em se colar ao que já foi conseguido… Há que se arriscar num género diferente… Querem dois exemplos??? Pois tomem lá: Radiohead e Buraka Som Sistema… Não importa se gostam ou não… Nem eu próprio estou a dizer se gosto dos esquizofrénicos ingleses ou dos morenaços portugueses… Simplesmente quero dizer que apenas conseguiram o que conseguiram devido a uma simples razão… Não imitam, nem tentam imitar ninguém… Acreditam no que fazem… Pois, como disse uma vez um dos guitarrista dos Vicious Five: “Se não tocas na melhor banda do mundo, desiste da música…” Penso que é mesmo assim que as coisas devem ser vistas… Primeiro gostarmos do que fazemos, só depois deixarmos os outros gostarem…
É mais ou menos isso que eu tento com este blogue… Fazer o que gosto de fazer… Escrever, aparvalhar, criticar… E quem são vocês para dizerem que não gostam??? São meus leitores eu sei, mas muito antes de vocês gostarem do que faço (ou não), já eu amava tudo isto… Eu não me importo de ter 70 e tal mil visitas… Não me importo de apenas ter uma… Importo-me sim é que eu goste do que se faz aqui… Se vocês gostam ou não, é-me secundário… Mas se realmente gostarem, como me parecem gostar, tudo muito melhor… Só fazem com que eu tenha ainda mais gosto nisto…
Ai, isto está a parecer um diário de uma adolescente que gosta do rabo do professor de História… Hmm, sendo assim, deixo o ponto final neste texto, cá está ele: .