A saudade é uma dor que fere nos dois mundos
Um dos princípios básicos da Doutrina Espírita é a
imortalidade da alma.A doutrina Espírita é um conjunto de leis, reveladas pelos
Espíritos Superiores, contidas nas obras de Allan Kardec, como o objetivo
fundamental de esclarecer, orientar e consolar os homens. Entretanto, mesmo com
o manancial rico e fecundo das escrituras codificadas por Kardec, quando o
assunto é morte, sofremos.
Ela, a morte,
muitas vezes vem sorrateira, devagarinho, se insinua, se inscreve, marca seu
território e somos obrigados a encará-la cada dia um pouco, a ponto de até
aceita-la. Porém, às vezes, ela vem sem aviso, se intromete, se atreve,
roubando os tesouros e nos deixando perplexos, abatidos, com uma interrogação
afásica, sem chão.
E assim a vida segue. Os que ficam... ficam assim:
devagarinho, marcados, roubados, empobrecidos. Talvez, a grande lição da vida
seja aprender a conviver com as separações: lentas, bruscas, estúpidas.
Definitivamente não sabemos! Não queremos saber e nos recusamos aceitar, quando
a dor é insuportável, entretanto, a morte é surda, é audaciosa, ela só faz o
que quer fazer. Nessa briga de foice iremos sempre perder. Talvez, a outra
grande lição da vida seja viver hoje como se não houvesse o amanhã,
pois, o amanhã definitivamente não nos pertence. Sabemos que teremos outras
oportunidades, porém, em outras experiências, permitidas por Deus.
O luto é um processo necessário, nem sempre alcançado
por todos que perdem seus afetos. A confusão emocional se instala, a ausência
do ser amado transforma-se num imenso oceano incolor, insipido e inodoro.
O grande paradoxo da morte é que a ausência se torna
presença e não sabemos lidar com tantos sentimentos confusos. A tristeza, a
raiva, a saudade, a frustação e o sentimento de impotência se agigantam.
Todavia seguir adiante é preciso. O auxílio para elaboração das fases do luto é
de fundamental importância a fim de se reconstruir, mesmo na falta.
No processo de luto, às vezes, sentimos negação e
isolamento, como se estivéssemos em um sonho ruim e em breve iremos despertar.
Sentimos raiva porque no fundo pensávamos que de alguma maneira poderíamos
evitar o desfecho, tentamos de maneira quase infantil negociar um outro final
com a divindade, com os espíritos superiores e nos sentimos frustrados pela
negativa às rogativas. Muitos estacionam na fase da depressão e se negam a
chance de novamente fazer investimento amorosos em todos os sentidos.
Entretanto, se vivenciarmos esses momentos conscientes da natureza dos fatos,
aceitando que estamos todos num processo de ir e vir, nascer, morrer, renascer
ainda e progredir, passamos aceitar que a vida é o que é, assim nos
permitiríamos viver, mesmo com a ausência. Cada um de nós elaboramos o luto com
suas peculiaridades, tempo e intensidade. Não existe um tempo fixo para
determinar a sua elaboração saudável, assim, o relevante é compreender que temos
que nos permitir viver, apesar da dor da saudade! Como diria Chico Xavier: A
saudade é uma dor que fere nos dois mundos. Sejamos fortes, sigamos adiante,
afinal, viver hoje agradecendo as oportunidades da vida é sinal de sabedoria
emocional.
Jane Maiolo - Professora, Gestora na Educação
Infantil, Psicopedagoga. Psicanalista clínica, Colaboradora da Sociedade
Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora dos textos do Evangelho.
Colaboradora da Agenda Brasil Espírita- Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha
da Região de Araçatuba/SP -Jornal de Jales–Blog do Bruno Tavares –Recife/PE -
colaboradora do site www.kardecriopreto.com.br- Revista Verdade e Luz de
Portugal, Revista Tribuna Espírita de João Pessoa, Apresentadora dos Programas
Sementes do Evangelho e Evangelho e saúde emocional da Rede Amigo Espírita. [email protected].
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