O ano passado fui um daqueles "gajos" que andaram a bater às portas das pessoas para preencher os dados para os Censos...
Por motivos de confidencialidade (das pessoas) não gosto, nem quero falar muito disso... Mas existem coisas que não passam ao lado, e que nos ensinam.
Sempre gostei de conversar, com pessoas mais velhas especialmente. Lembro-me de quando tinha 6, 7, 8 anos (por ai) ficar horas a ouvir a minha mãe, tia ou avó a conversar com outras pessoas... Coisas que não tinham grande interesse, mas eu gostava de ouvir.
Para mim era bom, porque gostava mesmo, pareciam histórias dos livros... para elas era óptimo porque não andava a correr de um lado para o outro, não "desaparecia", etc...enfim, um descanso!
Quando fiz os Censos aconteceu-me mais que uma vez (e tive gosto) em que "velhinhas" me abriam a porta... Primeiro, e tendo em conta todo o "alarido" que "umas pessoas iam andar de casa em casa a "vigiar" o que tinham e quantos eram", diziam-me logo: "Pode entrar... Eu não tenho nada! Quer ver aqui dentro?! O meu marido já morreu à muitos anos!"
1º- Parecia que era um fiscal com direito a revistar tudo o que queria.
2º- Isto era muito mau, porque qualquer pessoa com más intenções conseguia fácil acesso à casa das pessoas, estando muitas delas sozinhas.
Para tranquilizar as pessoas (e porque depois tinha que ser eu a voltar à casa das pessoas para recolher os papéis) eu identificava-me. Não com o meu nome, porque existiam muitas vezes 50 anos de diferença entre nós... Mas: "Sabe quem sou? Sou filho da D.I., neto da C.R."
Isto dava-me "acesso" a 20/30m de historias sobre coisas que se tinham passado à 50 ou 60 anos atrás.
E eu adorava isso. Principalmente porque eram memórias de pessoas que já nem estavam vivas e que outra forma nunca iria saber.
E era ver um jovem "20 e tal" a conversar com uma pessoa de "80 e tal"...
Gostei... repetia nem que fosse por isso!! Mas com mais tempo!