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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Novo mandato no OL

A administração do Oeiras Local está a preparar um diploma que se prevê polémico - o da avaliação dos comentadores anónimos (ACA). Como é normal nestes processos, os comentadores não terão qualquer palavra a dizer. Alguns dos itens já previstos para atingir o muito bom são

  • Colocação de mais de 20 comentários anónimos por dia em blogs;
  • Colocação de 3 ofensas a colaboradores/autores dos posts;
  • Comentar, em 50% dos casos, as putativas orientações político-partidárias dos colaboradores.
  • Colocar, pelo menos uma vez por mês, comentários difamatórios ao blog noutros blogs.
Estão a ser estudados mais parâmetros, prevendo-se a conclusão deste dossiê para o mês de Dezembro.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pelo Voluntariado na Política

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As grandes iniciativas são de aplaudir. E as grandes iniciativas majestaticamente altruístas são de incentivar, depois de aplaudidas. Sua Excelência o Secretário de Estado da Educação, de seu nome Valter de Lemos, com o seu projecto de despacho para recrutar professores reformados para trabalho voluntário nas escolas, inspirou-nos. Professores que tenham abandonado o ensino por via duma reforma antecipada poderão tranquilizar a sua consciência face à fuga prematura, mesmo que a perda material não seja reposta. Para se sentirem mesmo re-integrados, até terão igualmente direito a avaliação no final do ano lectivo.

Como medida genial que é, cuja superior grandeza apenas não foi suficientemente sublinhada face ao carácter humilde do seu criador, entendemos que a bem da Nação não pode ficar limitada a esta área profissional. O voluntariado é nobre; é desinteressado; e é barato! É em consequência desta observação que vêm os signatários desta petição solicitar que esta Assembleia estenda este brilhantismo aos gestores públicos e ministros, sem esquecer todos os cargos de nomeação pública. Dêem, por favor, hipótese de redenção a todos quantos pretendam desempenhar os seus cargos sem a maçada de uma remuneração mensal.

Pelo País, pela abnegação mas sobretudo pelo nosso bolso, que esta Assembleia institua o regime de voluntariado entre a classe política. Sem esquecer a avaliação anual, naturalmente.


(Com a devida vénia ao blog FLISCORNO e agradecimentos pela cedência do artigo.)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Jorge Pedreira equipara os professores a ratos numa reunião de professores socialistas!

Jorge Pedreira equipara os professores a ratos numa reunião de professores socialistas! Explicando porque não pode ceder o ministério às exigências dos professores: *«Quando se dá uma bolacha a um rato ele a seguir quer um copo de leite!»*
Um relato na primeira pessoa. António Galrinho

Nos últimos dias recebi SMSs de diversos colegas alertando para a presença do Jorge Pedreira, secretário de estado da educação, numa palestra a realizar em Setúbal, no dia 16 de Novembro às 17h. A palestra era subordinada ao tema "Política de Educação",
(...)
Na plateia reconheci de imediato o Humberto Daniel, ex-presidente da junta de freguesia de S. Sebastião, e o Paulo Pedroso, deputado do PS.
A palestra foi um misto de operação de charme e de apalpar o pulso aos militantes sobre o assunto em causa.
O secretário de estado falou durante 50m, ininterruptamente e sem recurso a qualquer tópico escrito. Trazia, natural e obviamente, a lição mais do que sabida. Disse essencialmente disparates, mentiras e até ofendeu os professores. Aquelas coisas que estamos fartos de ouvir: os professores trabalham poucas horas, nunca foram avaliados, não querem ser avaliados, os sindicatos assinaram e agora não cumprem com o que assinaram, os professores eram uns privilegiados porque progrediam automaticamente nas carreiras, o excessivo abandono escolar, a falta de hierarquias, o premiar do mérito, etc., etc., etc.
Depois houve inscrições para expor opiniões. 27 pessoas se inscreveram, entre as quais eu, que falei mais ou menos a meio. Pensei que a generalidade dos militantes aproveitasse a ocasião para tecer elogios às virtudes do ECD e do seu modelo de avaliação, mas não foi isso que aconteceu. Começou por falar o militante Chocolate Contradanças (é esse o seu nome) que foi professor e se disse desgostoso por ver o estado de desmotivação em que a sua mulher está, ela ainda professora, e referiu que o PS iria perder a maioria absoluta devido a esta ME; foi aplaudido. O Humberto Daniel teve uma intervenção bombástica ao começar por dizer que "por muito menos o Correia e Campos foi para a rua"; foi aplaudido. Outros militantes se seguiram. O Paulo Pedroso teceu críticas ferozes, também preocupado com os resultados eleitorais. Disse "a Escola está agora pior" e, referindo-se a uma passagem do discurso do secretário de estado em que este dizia que os últimos dez anos foram uma barafunda (não me lembro se a palavra foi esta ou outra idêntica) nas escolas, Pedroso lembrou que "o PS esteve 7 desses 10 anos no governo"; foi muito aplaudido. Seguiram-se outras intervenções, de professores, alguns membros de conselhos executivos, ex-professores e militantes do PS, cada uma apontando aspectos diferentes das fraquezas deste modelo de avaliação, raramente se apontando virtudes.
Chegou a minha vez e quis partir mais alguma loiça, pois estava revoltado sobretudo com uma frase dita pelo secretário de estado e que não havia sido ainda comentada por ninguém. No final do seu discurso ele havia dito, referindo-se às negociações com os sindicatos, que não estava na disposição
de ceder nem de renegociar. Coroou o seu raciocínio com o provérbio chinês *"Quando se dá uma bolacha a um rato, a seguir ele quer um copo de leite." Assim, sem tirar nem pôr!*

Depois de me apresentar, esclareci que sabia o que era uma metáfora mas que não podia ficar indiferente à contextualização dada àquele provérbio, onde os professores eram comparados aos ratos, e salientei:
- Um professor pode até aceitar uma bolacha e pode até beber um copo de leite, mas também sabe desmontar uma ratoeira; Tensão na sala, com muitos olhos em cima de mim, de pé, com o microfone na mão. Mas não fraquejei e achei que devia ser ainda mais contundente. Depois de referir as fraquezas deste modelo, a má-fé e as reais intenções que estão por trás dele disse:
- Isto é uma palhaçada!
Continuei dizendo que o ME está sempre a passar à opinião pública que os professores trabalham poucas horas e que têm muito tempo de férias. Lembrei que:
- Em relação às horas, não sei como chegam a essa conclusão, pois eu nunca trabalho menos de 40h por semana, e é frequente trabalhar bem mais. Quanto às férias e às paragens, como nos podem atirar isso à cara se nos limitamos a cumprir o calendário estipulado pelo ministério? Até parece que os professores andam a roubar alguma coisa a alguém.
Sabia que estava a pisar terrenos argilosos, mas arrisquei de novo:
- Isto é uma palhaçada!
Às tantas o Vítor Ramalho interveio e disse que não podia admitir esta linguagem, que se tratava de um encontro de militantes do PS onde as pessoas se respeitavam. Eu, que vejo na generalidade dos políticos pessoas que são tudo menos sérias, estive-me nas tintas para os seus pruridos. Perguntei-lhe se os não-militantes não podiam intervir. Ele disse que sim. Perguntei-lhe se me deixava continuar e concluir a minha opinião. Disse de novo que sim, e eu continuei. Para concluir lembrei-me de uma série de ataques que o secretário de estado fez aos professores e às suas formações. A esses ataques respondi:
- Todos os professores têm formação média, superior ou equiparada, alguns têm mestrado, outros têm doutoramento. Fizeram profissionalização dentro dos moldes estipulados superiormente. Fazem acções de formação e actualização com regularidade. Como nos podem atirar também isso à cara? *Lembro que mais de 90% dos professores têm habilitações académicas superiores às do primeiro-ministro*.
- Aí é que foram elas! Não se podia falar mal do ai-jesus de todos eles, ali. Pateadas da mesa e de muitos dos presentes na plateia.
Ainda perguntei, por duas vezes:
- Estou a dizer alguma mentira? Ninguém me disse que não. Sentei-me; ninguém bateu palmas. Ouvi atentamente as intervenções seguintes. Um psicólogo referiu que a ministra tem, à partida, qualquer coisa contra os professores, e que isso é notório nas suas intervenções. O último a falar foi um colega que referiu conhecer como funcionam as coisas noutros países da Europa, onde esteve várias vezes em trabalho, e de não saber de nenhum onde os professores sejam divididos em duas carreiras. Questionava ele a que país, afinal, tinha ido o ME inspirar-se.
Para terminar, foi dada a palavra ao secretário de estado, que voltou a falar das virtudes deste modelo de avaliação e da importância de o levar à prática. Foi um discurso circular, onde muito pouco se reflectiram as preocupações colocadas pela plateia.
Foi assim a minha aventura de quatro horas numa palestra promovida pelo partido que suporta o governo que está a destruir o ensino público no nosso país.
António Galrinho
Publicado por JoaoTill

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Qual "pesadelo burocrático"?

Opinião





Um responsável do SINDEP revelou ao DN, ilustrando o modelo de avaliação da ministra Lurdes Rodrigues, o caso concreto de uma professora com 9 turmas e 193 alunos que vai ter que introduzir manualmente no computador 17 377 registos e fazer 1456 fotocópias, além de participar em algo como 91 reuniões. Contas feitas, a 1 minuto por registo, e visto que a professora é um Usain Bolt informático, e não dorme nem come, nem se coça, nem se assoa, inteiramente entregue à avaliação, são 290 horas, isto é, 12 dias (noites incluídas).
Já 1456 fotocópias a 1 minuto cada (tirar o papel do monte, pô-lo na bandeja da fotocopiadora topo de gama da escola, esperar que saia fotocopiado e colocá-lo noutro monte), levam-lhe mais um 1 dia (noite incluída). E 91 reuniões, também de 1 minuto, mais 91 escassos minutos. Ao todo, a professora fará a coisa em pouco mais de 13 dias (noites incluídas). Qual "pesadelo burocrático" qual quê! No fim ainda lhe sobrarão, se alguém a conseguir trazer do cemitério ou do manicómio, 152 dias para dar aulas, aprovar os 193 alunos e contribuir para as estatísticas da ministra.

sábado, 26 de abril de 2008

Como vamos passar a avaliar os nossos alunos



É o que o ME está a pedir...

UMA EXCELENTE FORMA PARA LUTAR
CONTRA O ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE!

Estabeleceremos cotas em cada turma:
Em 20 alunos, só daremos 10% de nota máxima,
tal como a ministra faz connosco.
Portanto, se houver mais do que 2 alunos que mereçam 5, paciência!
Ficam com 5 os dois melhores.
Mas se um deles faltou mais de 3 dias por doença, terá que ter paciência.
Fica com 4 e sobe o seguinte a aluno-titular.
Os outros cotam-se, proporcionalmente, por aí abaixo.
10% de nível 5 e 20% de nível 4.
O resto vai corrido a 3.
Se uma turma for muito boa e tiver 10 alunos que merecessem 4 e 5,
outra vez paciência.
«Nem todos podem chegar a generais», não é?
Dois ficam com 5, quatro com 4 e os restantes terão 3.
Mesmo que, também esses merecessem 5.
Faltaram?
Quem os mandou adoecer a eles ou aos pais?
Quem mandou o carro avariar e chegar tarde uma vez?
Quem mandou o irmão mais novo apanhar sarampo?
É cotas, é cotas!
Não são os Pais que aprenderam com a ministra que
«nem todos podem chegar a general»?
Pois então? Os seus filhos também não!


Publicado por JOÃO Tilly

[recebido por e-mail]

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Jorge Pedreira diz o que já sabíamos

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recebido por email em 11-04-2008 sob o título em epígrafe:

Jorge Pedreira admitiu hoje o óbvio: a Avaliação do Desempenho não tem por objectivo cimeiro aumentar a qualidade da oferta educativa das escolas e, muito menos, promover o desenvolvimento profissional dos docentes. Nas palavras do Secretário de Estado (que é Jorge mas que de educação nada percebe) apenas visa contribuir para a redução do défice público. - Eureka! O enigma da má-fé ministerial fica finalmente revelado.

No fórum da 'TSF' da manhã de hoje, Pedreira (o tal que é Jorge e por acaso é Secretário de Estado), justificou os motivos pelos quais o ME discorda da proposta de António Vitorino em adiar a avaliação e testar-se o modelo preconizado pelo ME em escolas piloto durante um ou dois anos.

Pedreira (o Jorge, que até é secretário da ministra Lurdes), confessou o politicamente inconfessavel: 'Terá de haver avaliação para que os professores possam progredir na carreira e assim possam vir beneficiar de acréscimos salariais' (sic).

Ou seja, aquilo que hoje se discute no mundo ocidental (democrático e desenvolvido, como rotula mas desconhece a primeira ministra), gira em torno da dicotomia de se saber se a avaliação do desempenho docente serve propósitos de requalificação educativa (se para isso drectamente contribui) ou se visa simplesmente constituir-se em mais um instrumento de redução do défice público.

Nesta matéria, Pedreira (o tal que é Jorge e ao mesmo tempo teima em ser secretário da ministra que também parece oriunda de uma pedreira), foi claro: Importa conter a despesa do Estado com a massa salarial dos docentes; o resto (a qualidade das escolas e do desempenho dos professores) é tanga(!).

Percebe-se, assim, porque motivo este modelo de avaliação plagia aquele que singra na Roménia, no Chile ou na Colômbia. Países aos quais a OCDE, o FMI o New Public Management americano impôs a desqualificação da escola pública em nome da contenção da despesa pública; Percebe-se, assim, porque razão a ministra Maria de Lurdes (que tem um secretário que é Jorge e, como ela, também é pedreira) invoque a Finlândia para revelar dados estatísticos de sucesso escolar e a ignore em matéria de avalição do desempenho docente. Percebo a ministra pedreira: não se pode referenciar aquilo que não existe. A Finlândia, com efeito, não tem em vigor qualquer sistema ou modelo formal e oficial de avaliação do desempenho dos professores!

Agradeço à pedreira intelectual que graça no governo de Sócrates (que por acaso não é Jorge nem pedreiro - até é engenheiro), finalmente nos ter brindado com tão eloquente esclarecimento. Cito-os:

A avaliação dos Docentes é mais um adicional instrumento legislativo para combater o défice público
(!).

Obrigado, Srs. Pedreiras, pela clarificação do óbvio.
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sexta-feira, 11 de abril de 2008

Avaliação II

. recebido por e-mail.

imagem - CLIQUE PARA AMPLIAR
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terça-feira, 8 de abril de 2008

quarta-feira, 5 de março de 2008

MILU

. Parece que para a Milu preparar aulas é uma m... perda de tempo...
Desconheço o autor, que não vinha identificado:

Falei hoje com um colega socialista que esteve na reunião com o 1ºM e MLR e estava indignado porque quando alguém perguntou onde os professores avaliadores iriam arranjar horas para avaliar, assistir às aulas e todo o lado burocrático do processo, a ministra respondeu - que não havia qualquer problema porque os professores avaliadores eram professores titulares, portanto com muita experiência, e já não perdem tempo a preparar as suas aulas...

Como diria Fernando Pessa: "E esta, hein?"

texto recebido por e-mail

imagem: © WeHaveKaosInTheGarden.blogspot.com - CLIQUE PARA AMPLIAR
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O maior embuste no ensino desde a 1ª. República



O ministério dito da "Educação" está a resvalar para a maior fraude no ensino desde a 1ª. República. Refiro-me ao novo modelo de avaliação do desempenho dos professores. Como é que foi possível caber nas cabeças iluminadas dos nossos (des)governantes que a qualidade do ensino melhoraria se os professores fossem avaliados pelas notas que dão aos alunos? Isto é uma autêntica perversão. Os professores não rejeitam a sua avaliação, desde que ela seja ponderada, justa, exequível e fundamentada, respeitadora de critérios éticos. Os professores não querem violentar as suas consciências, sentindo-se coagidos a dar notas positivas aos alunos que as não merecerem. É que, se o não fizerem, a espada de Dâmocles cairá sobre as suas cabeças, pois verão comprometida a progressão na carreira. O Sr. Presidente da República não vê ao que poderá conduzir uma medida destas? Desta forma teremos futuramente fartura de engenheiros, por exemplo, todos com um diploma inquestionável. Resta saber com que conhecimentos!!! Entretanto, ter-se-á contribuído positivamente para as famosas e imprescindíveis estatísticas com um facilitismo tacitamente instituído. O nosso Governo não pode mostrar à Europa que os alunos têm um insucesso tão grande em Portugal. Com tanta cimeira de sucesso!!! Obviamente que só pode haver um responsável: a classe docente. Como se o atraso secular de um país se pudesse inverter numa geração! Como se a sociedade que temos não fosse a geradora das incapacidades que os nossos alunos demonstram cada vez mais nas nossas escolas. Não que sejam menos inteligentes que os dos outros países europeus. O problema radica num sistema de contravalores que a sociedade difunde como valores. Se não, vejamos: onde está o reconhecimento do mérito pelo trabalho dedicado, esforçado? O que as nossas televisões transmitem, como paradigma para a nossa juventude, é o “desenrascanço” fácil, o confronto com o professor que, nalguns casos é representado como um “totó” completamente paranóico e desajustado da realidade, servindo de chacota aos alunos. Bonito exemplo que dão à sociedade! E que nobres valores transmitem! Desta forma, que belo incentivo à falta de educação, indisciplina e ausência de civismo (ou cidadania, como agora se diz!). Não é o que demonstram tantos e tantos jovens, actualmente, nas nossas escolas? Alguém já se escandaliza com as agressões físicas e verbais de que os professores são vítimas por parte de alguns alunos, e por vezes dos próprios pais? Seria interessante mostrar ao país o que se passa dentro de muitas salas de aula, onde os alunos se divertem a humilhar os professores, numa atitude irresponsável que faria corar de vergonha os seus avós. Já não digo os pais, porque não tenho a certeza de que tivessem essa reacção. É que os professores têm vindo a ser postos de joelhos, principalmente por este governo, e passaram a ser motivo de chacota. Não sei a quem esta vulgaridade aproveitará, mas não será sem dúvida aos nossos alunos. A escola deve ser uma transmissora de valores e de regras de conduta social, mas está a tornar-se num sítio onde uma classe de angustiados tem de descobrir como há-de ensinar alguma coisa aos filhos de outros cidadãos que não parecem ter consciência do que se passa. E muito menos com uma campanha de difamação da classe docente. Como poderemos ter criatividade, amor è profissão, espírito de missão, sendo tratados desta maneira?

Para além disso, o sistema de ensino que temos, remendado por tantas reformas e reformas das reformas, tornou-se numa verdadeira manta de retalhos, com lacunas a todos os níveis. Tem-se pretendido facilitar o ensino para gerar um sucesso que nunca será mais do que um embuste. O pior é que todos perdemos com isso, pois os nossos jovens saem cada vez menos preparados para enfrentar a competitividade que o mercado de trabalho exige. Este Governo (com este Ministério dito da Educação) só está a meter a cabeça na areia. Porque é óbvio que não se pode forçar o conhecimento: este tem de ser adquirido com esforço e participação. Infelizmente, a mensagem que passa não é essa: o que importa, para os nossos iluminados dirigentes da Educação, é que os alunos frequentem a escola, vão às aulas. Não importa o que lá se faz ou se não deixa fazer a quem deseja apenas cumprir a sua obrigação.

As novas medidas do Ministério, tendo como corolário este novo e maquiavélico processo de "avaliação do desempenho" dos professores, que mais não é do que uma forma encapotada de perseguição à classe docente, farão com que muitos professores, sentindo em perigo a sua carreira profissional, se vejam obrigados, repito, a dar positivas a quem as não merece. Isto, para além de escandaloso, é ridículo e imoral. Outro tanto se passa com as chamadas "NOVAS OPORTUNIDADES" — outra panaceia. Com este rótulo pomposo, pretende-se certificar "competências", sem ter em conta os conteúdos. Aos “alunos” bastará demonstrarem “competências”, mesmo que não dominem nenhum conhecimento escolar em concreto. Ao que nós chegámos! Desta maneira, passaremos de um país com elevado nível de iliteracia a um país de superdotados. E com esta visão messiânica, temos um processo que mais não é do que uma panóplia salvadora para as nossas estatísticas. Mais uma vez as estatísticas! Será que O PAÍS NÃO VÊ QUE O REI VAI NU? O nosso governo está a promover a incompetência ao estatuto de missão patriótica! E a forçar a classe docente a participar nesta mentira, sob pena de ver comprometidos alguns dos seus objectivos, os tais que passam a contribuir para a dita “progressão na carreira”! Dá vontade de dizer: “Tirem-me deste filme!”, à semelhança do que dirão muitos dos nossos jovens, a propósito do novo contexto tão sabiamente criado: “Eh pá, tás a ver a cena? Bué da louca! Fixe, meu, agora é que está a dar! Tu até nem precisas de ir às aulas. Os mangas dos setôres têm que nos dar positiva, para não terem problemas. Baril!”

Estas medidas do nosso Ministério parecem ter saído de um concurso de anedotas!
Mas, se o lúdico acaba forçosamente, mais cedo ou mais tarde, por desembocar no risível, já o mesmo se não pode dizer das ameaças veladas, encapotadas, disfarçadas deste novo iluminismo político, cavalgando um espírito de cruzada de falsos cavaleiros da Távola Redonda, que brandem cem cessar a espada “Excalibur” sobre as cabeças pensantes dos professores que ousem tornar-se rebeldes, isto é, “discordantes”. Processos inovadores? Nem por isso. Isto, afinal, não passa de um “déjà vu”. A perseguição, a admoestação, a criação de um clima de insegurança e medo já eram utilizados pelos esbirros do anterior regime. Mas esses ao menos não se diziam de esquerda!!!

José Colaço – Prof. Efectivo na Escola Secundária de Cascais

23/02/2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Carta aberta ao Sr Procurador-Geral da República



Ílhavo, 11 de Fevereiro de 2008

Senhor Procurador-Geral da República

Excelência:

Temos assistido, nos últimos tempos, a uma campanha de desmoralização, desautorização e humilhação dos professores.
Esta tentativa de “diabolização” dos professores assenta em duas mentiras:
Primeira - sendo funcionários públicos são gastadores dos impostos de todos os cidadãos (como se eles os não pagassem também);
Segunda - não fazem nada, trabalham pouco, têm muitas férias e os alunos não aprendem.

Debrucemo-nos sobre a segunda porque a primeira não merece a atenção de ninguém minimamente inteligente.

A - Aposentei-me no dia 1 de Novembro do ano passado e só no dia 21 de Janeiro deste ano entrou ao serviço um novo professor para me substituir.
Isto quer dizer que as cinco turmas que eu tinha (quatro do 1º ano dos Cursos de Educação e Formação - CEF e uma do segundo ano dos mesmos cursos) estiveram mais de oito semanas sem aulas de Ciências Físico-Químicas ( quatro semanas em Novembro, duas em Dezembro e duas semanas e dois dias em Janeiro).
Isto significa que, no primeiro ano, os alunos perderam, no mínimo, 24 tempos lectivos de 45 minutos cada (três por semana) e no segundo ano perderam, no mínimo, 16 tempos lectivos de 45 minutos cada (dois por semana).
Acresce o facto de no segundo ano a parte lectiva terminar no dia 31 de Maio para os alunos entrarem em estágio no dia 1 de Junho. Como terá de ser cumprido um número fixo de horas predeterminado o novo professor terá de dar aulas na Páscoa, aos sábados e, provavelmente, também aos domingos. Afinal, os professores nem são assim tão maus já que deles até se espera que façam milagres… No fim os alunos passam na mesma e foram quase três meses de vencimento que o governo poupou.
Mas desta falta de respeito que o governo mostra pelos professores, alunos e suas famílias o povo não sabe porque não convém que saiba para não estragar a imagem de sucesso tão querida dos governantes.
Quem pede contas ao governo por mais de oito semanas de aulas perdidas e por mais de dois meses e meio para a substituição de um professor? Quem é responsável por tamanha incompetência? Em que normas, regras, procedimentos, directivas, despachos e portarias esteve retida a simples substituição de um professor? Na classificação do desempenho do governo que nota lhe seria atribuída?

B - Quando os professores começarem a exigir cumprir as 35 horas de trabalho na escola, as escolas ficarão bloqueadas.
De facto, onde está escrito no contrato de trabalho entre o governo e um professor que o seu escritório será uma extensão da escola sem que receba pagamento pelo aluguer? Onde está escrito que terá de usar o seu computador, o seu tinteiro, a sua impressora e outro material no serviço da escola?
Quando os professores começarem a exigir gabinetes para preparem aulas, corrigirem testes, computadores para planeamento de aulas e elaboração de testes e relatórios onde estará o espaço para os albergar?

C - Se a progressão dos professores na sua carreira passar a depender, também, das classificações obtidas pelos alunos, Portugal correrá o sério risco de se transformar na aberração de ser um país só de génios com um QI, no mínimo, igual ao de Einstein.
De facto, qual será o professor que correrá o risco de dizer que, dos seus alunos, cinco, três, ou mesmo um só, não conseguiram transitar de ano? Um professor, tal como qualquer outro mortal, tem uma casa para pagar e uma família para sustentar e se o governo quer que o aluno passe mesmo sem saber, assim será feito.
Cairemos, então, no poço sem fundo da maior mentira e da maior vergonha do ensino público.
Se actualmente, nos CEFs, os alunos podem fazer o que lhes apetecer porque nem as faltas disciplinares assentes em participações relatando os comportamentos impróprios dos alunos aparecem registadas nas pautas, como se nada tivesse acontecido, para que é que hão-de estar com atenção e esforçarem-se nas aulas para aprenderem e assimilarem comportamentos sociais correctos se, no final do ano, o professor irá vender a sua assinatura a troco de pão na mesa? E quem lho poderá levar a mal já que é o governo que para isso o empurra encostando-lhe a faca ao peito?

Quem quer acabar com a dignidade dos professores? Quem quer destruir o ensino público? Quem anda a brincar com os professores, os alunos e as famílias? Quem anda a hipotecar o futuro do País?
Os professores não são, de certeza.
Agradeço que mande alguém investigar.


Grato pela atenção



Domingos Freire Cardoso
Professor aposentado de Ciências Físico-Químicas
Rua José António Vidal, nº 25 C
3830 - 203 ÍLHAVO
Tel. 234 185 375 / 93 847 11 04
E-mail: [email protected]

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Avaliação do desempenho dos docentes



De acordo com ponto 2 do Artigo 9.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, (itens de referência para os objectivos individuais), passo a apresentar os meus objectivos e respectivas estratégias:

a) A melhoria dos resultados escolares dos alunos;
Pretendo baixar o insucesso dos meus alunos, a matemática, de 25% para 20% . No ano anterior a turma tinha 20 alunos dos quais 5 tiveram insucesso (25 %); como este ano a turma aumentou para 25 alunos, se os mesmos 5 não obtiverem sucesso terei uma percentagem de insucesso de 20%. Estou de parabéns. (P.S: Não esquecer de pedir para voltarem a aumentar a turma para o próximo ano). Estratégia II: não me aumentando a turma, e como o Ministério diz que não precisam de ter aproveitamento a matemática (podem transitar com nível 2 a duas ou três disciplinas), vou oferecer 2€ sempre que um aluno tenha positiva num teste. (P.S: se 2 € não resultar terei de pensar em 5€ e já não vou de férias para a praia ).

b) A redução do abandono escolar; Pretendo obter 4% de abandono escolar, que corresponde a 1 aluno cuja família é constituída por pais toxicodependentes; Se durante o ano lectivo a avó materna que cuida de um dos alunos, por este ter sido abandonado pelos pais, vier a falecer (já tem 80 anos) ou ficar incapacitada de cuidar dele, comprometo-me a adoptá-lo para cumprir os objectivos da minha avaliação; Quanto aos que mudarem de residência sem efectuarem transferência, encarregar-me-ei de descobrir a nova morada e contactá-los pessoalmente para que assinem os papéis da transferência (P.S: espero que nenhum dos ucranianos regressem ao seu país pois a 5€ por positiva, não vou poder ir à terra deles tratar dos papéis);

c) A prestação de apoio à aprendizagem dos alunos incluindo aqueles com dificuldades de aprendizagem; Comprometo-me a prestar apoio a todos explicando individualmente a matéria que tinham que estudar e resolvendo os exercícios que tinham para TPC, mas que não fizeram pois como me disseram 'tenho mais que fazer que ir para casa fazer TPC's'; (P.S: 90 min de aula a dividir por 25 alunos dá 3,6 min a cada um; será que aquela programação de matemática que previa 8 aulas para uma unidade contou com este tempo?)

d) A participação nas estruturas de orientação educativa e dos órgãos de gestão do agrupamento ou escola não agrupada; Como não sou titular só poderei ser director de turma, o que farei se me atribuírem o cargo (que remédio); (P.S: se não me derem o cargo de DT será que ficarei em falta? Se calhar é melhor pedir para, por favor!, por favor!, me darem o cargo);

e) A relação com a comunidade
Proponho-me a estabelecer boas relações com a comunidade, não reagindo se for insultado ou agredido por alunos ou EE.
Não sei se é com a escolar se é com a local por isso pelo sim pelo não estou a pensar organizar uma recepção, com buffet claro, a todos os alunos e EE e convidar também os elementos da Junta de Freguesia (P.S: se não me deixarem fazer a recepção na escola tenho de alugar um espaço; NOTA: se alugar o espaço à Junta até estou a contribuir para as boas relações, pois uma rendazita é sempre bem vinda para a autarquia)

Agora não posso pensar em mais itens; A minha mulher está-me a chamar para atender um aluno que tem os pais desempregados e veio cá a casa buscar umas merceariazitas, enquanto não chega o subsídio de desemprego. É que a mãe já me disse que na situação em que se encontram, não tem dinheiro para mandar o miúdo à escola, mas eu não posso aumentar a taxa de abandono...

(recebido por e-mail)