terça-feira, 27 de setembro de 2011

Do entregar-se...

*...por não caber mais em si*

"A gente se entrega nas menores coisas".
Os olhos entregam - eu disse isso a você uma vez.
Não importa que a boca emudeça as palavras, que os pensamentos fiquem embaralhados, que as vontades se confundam com a razão....os olhos sempre entregam. Só nos resta entender de rendição, aprendi contigo.
Aprendi que não importa o quanto eu me faça forte, os joelhos sempre amolecem quando você está por perto. E eu vou ter que saber lidar com isso daqui pra frente.
Aprendi que as horas podem brincar de voar, só pra me deixar esse gosto de "queromaisdagente". Desde que você chegou, me chamo saudade.
Aprendi que, se eu me distraio cinco minutos, meu pensamento vai te buscar onde quer que você esteja. E te guarda comigo, que é teu lugar.
E se bem queres saber - não, eu ainda não aprendi a resistir ao teu sorriso. E dizer não aos teus desejos. 
Os teus efeitos ainda me causam consequência, e eu ando procurando uma forma de cura pra esse vício que é me envolver contigo. Inútil. 
Já te quero, tu sabes. Já te sou, tu reconheces. Já te amo - fica sabendo.


Ps.: Pra ele que pintou de vermelho, minha vida cinza.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

*Carta pra Deus*


*Pra falar do beija-flor*

Há muito tempo eu não paro pra rezar.
Não usarei a correria do dia-a-dia pra justificar minha ausência. Tu me sondas e reconheceria, no mesmo instante, meu exagero e descaso.
Também não contarei as vezes em que chamei o Teu nome nos momentos de angústia. Não foram poucas e eu bem sei que todas essas vezes traziam consigo um pedido, raramente um agradecimento.
Mas hoje, não por acaso, eu precisei parar cinco minutos dessa minha soberba e conversar Contigo. Porque, mesmo distante, ainda trago a fé em algo maior e aceito que, quando não caibo mais em mim, é na Tua mão que devo entregar-me. Me escuta, então.
Tu deves ter Teus motivos para podar as flores. Tu deves saber de cada nascer e pôr-do-sol e quem sou eu para questionar-Te as decisões. Se me desespero é porque sou fraca e ser humana me dá esse direito. Não evolui o suficiente, em espírito, pra entender de perder. Pra entender o porquê da flor no asfalto. Pra entender o beijo na pele fria, antes dona do abraço quente. Pra entender as mãos que, sem vida, não correspondiam ao meu aperto. Pra entender o porquê de tanto sono quando todos nós só esperávamos ver um último olhar castanho. Pra entender o porquê da boca fielmente cerrada se todos ansiávamos por um último sorriso - aquele sorriso!
Pede a ela que não se zangue pelo meu desassossego. Se bem a conheço, a essa altura, já me olha daí com aqueles olhinhos marotos pronta pra um "Ow, sua besta!" Diz a ela que, mesmo sem querer, mesmo sem concordar que era forte o suficiente pra passar por aquilo, eu atendi o chamado. Porque eu sei que ela me queria ali naquele momento pra, de alguma forma, não estar sozinha. Fiz o que tinha de ser feito.
Diz que não ando sorrindo ultimamente porque a desesperança transbordou esses dias mas que, se tudo der certo e ela me cuidar naquelas horas em que os maus pensamentos me machucam, hei de ficar bem. De me apoiar em cima dos joelhos, ainda bambos pelo susto, e tentar seguir em frente.
Diz a ela que sinto saudades e, se choro baixinho no travesseiro, é porque ainda tinha muito a ser dito em silêncio. Nunca fiquei constrangida. É que era mesmo verdadeiro.
Hoje eu precisei falar-Te. Mais do que todos os dias.
Cuida dela pra mim e, se não for pedir muito, cuida também de nós que ficamos. Ainda todo mundo perdido.



Ps.: Camila, meu beija-flor, procuro uma forma de seguir em frente. Quando e como conseguirei, não sei. Perdoa o egoísmo, mas ainda não consegui te deixar ir. Tu moras em mim.
Ps².: Sabe aquele pôr-do-sol? Você tinha razão sobre ele. É todo seu.