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domingo, 12 de novembro de 2023

A estrada de tijolinhos amarelos

 [Reflexão] A estrada de tijolinhos amarelos



Recentemente vi uma resenha sobre o clássico filme de Hollywood, O Mágico de Oz.

Eu vi o filme enquanto criança. O que comento a seguir é fruto da minha memória e experiência.

Um filme longo, uma história com cenas "assustadoras" para uma criança, como
- o furacão/tornado do início,
- a bruxa verde e feia e malvada,
- a casa caindo sobre a bruxa boazinha (que dó),
- a perseguição dos macacos voadores.

Mas havia sobretudo muito encanto:
- a transição do pretro-e-branco para o colorido, para contar a história da fantasia seduzindo mais do que a realidade sem cor,
- a solidariedade e o companherismo entre Dorothy e os três companheiros de viagem/aventura,
- a busca pela esperança representada pela cidade Esmeralda e o poder charlatão do "mágico" de Oz,
- a reveladora identificação dos personagens serem a personificação dos tios e pessoas com quem se relacionava na vida real
- e concluir que aqueles personagens deixados para trás na verdade estavam e continuarão presentes em sua vida,

E, por fim, a lição que toda criança deve aprender com o filme:
- que é só uma estória, mas que os sonhos nos inspiram e servem para alguma coisa, que aprendemos com eles, até mesmo que tudo o que precisamos para realizar nossos desejos está conosco o tempo todo, só não enxergamos isso antes!




domingo, 14 de novembro de 2021

Xadrez, entre a realidade e a ficção


[Séries TV] O Gambito da Rainha


Esta série da Netflix, O Gambito da Rainha (The Queen's Gambit), merece ser imensamente premiada!

Para quem gosta de fotografia, os enquadramentos, as perspectivas, o jogo de cores e luzes, as centralizações e as fugas, o detalhe e o abstrato, tudo meticulasamente fantástico!

Para quem gosta de xadrez, é bastante interessante, os enxadristas youtubers estão indo às alturas, de elogios à série e às partidas reais tomadas como inspiração nesta ficção.

Mas não é preciso entender xadrez para acompanhar os 7 episódios de quase 1h cada.

Pois o jogo é pano de fundo (ou seria tabuleiro?) para uma história de superação, sobretudo da mulher, numa época muito bem reconstituída em cenário e ambiente da década de 60 e da Guerra Fria. Não é sobre política, não é sobre guerra.

As personagens (eu diria, peças?) desenvolvem o lado psicológico e humanos das pessoas envolvidas. Grande filme (de quase 8 horas rsrs), no sentido de magnifico visual, interpretação e condução do enredo, e sobretudo da filmagem, na minha opinião! Aplaudo a direção, atrizes e atores, câmeras e figurino.

Neste sentido entra agora para minha lista de recomendação, seguido de perto por "A vida Secreta de Walter Mitty" e "O Fabuloso Mundo de Amélie Poulain".

Quem assistir, depois me conta o que achou.





Bônus:


Tenho por mim que o livro/filme/série O Gambito da Rainha foi muito inspirado numa Campeã de verdade, real, que venceu KASPAROV depois de ter perdido para ele antes.
Ela se chama Judit Polgar. Veja sua apresentação no TED:
https://www.youtube.com/watch?v=z-ttu7dyBCU

Na verdade, não foi uma campeã mundial de xadrez, mas as 3 irmãs POLGAR foram extraordinárias!
Elas são de um tempo posterior à publicação do livro. Entretanto as coincidências que podemos achar são quase premonitórias.
https://www.youtube.com/watch?v=CZiSxfCmOZY



[ Publicado originalmente no Facebook em 14/11/2020 ]

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Pérolas em Telugu


Eu me sinto abençoado por ter tido o melhor pai que alguém poderia querer ter.

Ele preferiu nos ensinar através de gotas de sabedoria do que sendo um pai severo e rigoroso.

Aquelas pitadas de sabedoria aprendidas na terna infância se tornaram muito providenciais várias vezes durante as adversidades na minha vida.

Ajudaram-me a ver a LUZ mesmo durante um longo e escuro túnel.

Quando eu experimentei isso com a minha filha, a comunicação com ela foi muito mais facilitada pelo uso dessas gotas de sabedorias do que horas de sermão. Ela dizia instantaneamente: "Oh, uau! Eu entendi, papai. Desse jeito mais rápido, você se expressou tudo o que eu quero entender. Eu quer saber mais disto..." hahahaha

As pessoas que falam Telugu são sortudas por terem centenas dessas pérolas de sabedoria: Saamethalau, Sookthulu, Vemana Sathakam, Sumathi Sathakam, Neethi Sathakam, etc, em sua própria língua.

Eis as favoritas do meu pai:

1)  A sua raiva é seu inimigo, sua paciência é a sua proteção (Thana kopame thana sathruvu, thana saanthame thanaku raksha)

2)  Leva 2 minutos para ser chamado de "má pessoa", mas pode levar uma vida inteira para ser chamado de "bom ser humano" (Cheddavaadu anipinchukovadaaniki rendu nimishaalu chaaladhu, Manchivaadu anipinchukovaalante jeevitham moththam kooda sari padadhu).

3)  Faça o seu melhor, deixe o resto [por conta de Deus]

4)  Você pode ajudar alguém a subir árvore tanto quanto você pode empurrar sua bunda... a partir daí, é por conta dele/a (subir, ficar onde quer, ou cair)

5)  Viva uma vida humilde. Você é rico se tiver trabalho que paga pela comida, roupas e abrigo.

6)  Um pote meio cheio chacoalha de forma absurda, um pote cheio não (Nindu kunda thonakadhu)

7)  Uma pessoa instruída fica enriquecida com humildade (Vidhya vinaya sampanne)

8)  Não tente destruir os outros, você será destruído (Cherapakuraaa... chedEvu...)

9)  A cauda de cão não pode ser endireitada (Kukka Thoka vankara)

10) Traços que vêm desde o nascimento, só se vão com a morte (Puttukatho vachchina budhdhulu, kaalisthe gaani povu)

11) [Lembre-se sempre que] as pedras são jogadas em árvore frutífera, não numa árvore inútil (Kaase chettuke raallu padathaayi)

12) Por que colocar um pé na sujeira [merda]? Para em seguida lavar as pernas? (Adusu thokkanEla? Kaalu KaduganEla?)

13) Um analfabeto/inculto se maravilha com tudo e qualquer coisa (Chadhuvuraani vaadu vintha pasuvu)

14) Uma colher de leite de vaca sagrada é melhor do que litro inteiro de leite de jumenta (Ganga govu paalu garitedainanu chaalu, kadavadainaNemi kharamu paalu)

15) É o bronze que faz mais barulho, não o ouro (Kancu mroginattu, kanakambu mrogunaa?)

Etc...



(by Ballu Chegu)


 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Uma mudança de cada vez



Um diálogo ficcional interessante.


Angier:
- "Eu preciso de algo impossível."
 

Tesla:
- "O senhor conhece a frase 'o homem pode ir além dos seu limites'?
É mentira! 'O homem TEME ir além dos seus limites'.
A sociedade só tolera UMA mudança de cada vez.
Na primeira vez que eu tentei mudar o mundo, fui considerado visionário.
Na segunda vez, pediram educadamente para que eu me retirasse.
E aqui estou, desfrutando da minha aposentadoria.
Nada é impossível, Sr. Angier.
Mas o que o senhor quer é simplesmente caro.

[ . . . ]
Esqueça, deixa pra lá...
Eu sei reconhecer uma obsessão.
Nada de bom sairá disso."
 

Angier: 
- "E saiu algo de bom de suas obsessões?"
 

Tesla:
- "Bem, de início sim. Mas eu tentei muito até conseguir.
Sou escravo delas. E um dia, elas vão acabar me destruindo."



Extraído do filme "O Grande Truque" (título original "The Prestige")
Dirigido por Christopher Nolan em 2006, conta com atores do calibre de
Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine, Scharlett Johansson.
No papel de Nikolas Tesla atuou o mítico David Bowie.


(originalmente postado no Facebook, em 26 de dezembro de 2014)










quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar...



"Ninguém é tão bom que seja de todo santo,
nem aquele capanga do capeta é tão mau.
Não podemos julgar as pessoas,
seja em vida, nem depois da morte.
Pois não podemos considerar
só um pedaço de sua existência...
Senão, qual?
Pelos últimos dias, redimidos ou despirocados?
Ou por aqueles dos anos dourados ou tresloucados?"


(Mesdre)




"Tudo que julgo, também tenho em mim.
Como saber se algo é bom ou ruim, se não conheço?"


(Fau Teixeira)


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Trabalha, escravo!

O texto a seguir não fui eu quem escreveu, mas me vejo descrito ali.




Trabalho escravo


Faz já um bom tempo que me pergunto se a escravidão um dia foi debelada como a paralisia infantil, o sarampo e outras doenças que acabaram com a vida de muitos brasileiros.

Penso isso nem tanto por conta dos escravos bolivianos das oficinas de costura da capital paulista, ou pelos “bóias-frias” das fazendas, mas muito mais pelos escravos engravatados que circulam pela Av. Paulista e outras avenidas importantes das capitais, que tem projetos a serem entregues com prazos estabelecidos por chefias que negociaram com clientes apressados. Prazos nem sempre condizentes com a realidade, querendo dizer que possivelmente vão ter que estar disponíveis 24h, virar finais de semanas no cliente, não estar em festa de aniversário de filho, passar em brancas nuvens datas importantes para a família e para ele próprio, perder prazos de pagamentos porque a cabeça estava totalmente voltada ao projeto (também esqueceu de colocar as contas em débito automático no banco), não ter direito a horas extras, mas ser cobrado a cumprir a meta, trocar as horas extras por banco de horas, mas só conseguir usufruí-las perto das férias, ser obrigado a “vender” parte das férias para não ficar fora muito tempo porque já está usando o banco de horas e o cliente não pode ficar tanto tempo com o funcionário ausente, não conseguir tirar férias decentes porque o dinheiro já está todo comprometido por conta dos juros que deixou rolar dos pagamentos que deixou de fazer, ficar as ferias inteiras preocupado se quando voltar ainda vai ter o emprego porque, por menos que ganhe é o seu ganha pão e com ele é que paga as dívidas. Qualquer atraso é considerado, mesmo que naquele dia o metrô tenha entrado em greve e tivesse que pegar ônibus supermegalotados, como se já não pegasse esse meio de transporte degradante quase todo dia, trabalhar “em casa” quer dizer, basicamente, estar disponível 24h, mesmo. Planos de saúde são pagos para serem usados, de preferência, nas férias para quando voltar esteja em excelente saúde. Família, nessa altura do campeonato, ou ama, ou odeia. Se ama, compreende e dá apoio incondicional, do contrário, a família passa a ser o cliente/empresa, até o próximo projeto, porque a família “original” já não existe.

Se isso também não é escravidão, então chega bem perto, o que acaba sendo a mesma coisa.

E, se é assim, as empresas estão prestes a receber um golpe duro da Norma Regulamentadora 31, a menos, claro, que isso não seja considerado trabalho escravo, já que o funcionário tem carteira assinada e residência (mesmo que durma na empresa). Está ali de livre e espontânea vontade...

Provavelmente, os únicos profissionais que estão livres dessas agruras escravagistas são os senhores políticos. Dá o que pensar... Porque, afinal, quem não sente na pele a dor da escravidão são os senhores dos escravos. Até mesmo quem não é senhor de escravos dá um duro danado para não cair na escravidão, o que o torna escravo de si mesmo, trabalhando de sol a sol.

Dá o que pensar..."



Por Mirian Bueno Martin



Bônus:

Dois artigos a respeito, publicados no jornal A Folha de S.Paulo em 04/Junho/2012 (abaixo reproduzidos):

Senzala debaixo do tapete
http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/06/carlos-bezerra-jr-senzala-debaixo-do.html


O guarda da esquina
http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/06/homero-pereira-o-guarda-da-esquina.html



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Senzala debaixo do tapete
( por Carlos Bezerra JR )

A escravidão segue mais viva e lucrativa em nosso país do que o mais ambicioso senhor de engenho poderia imaginar, no campo ou no centro de SP


"Dormíamos no chão e, às vezes, de luz acesa, para afastar os insetos. O banho era frio, e a roupa era lavada em baldes, sem sabão. Café e leite cheiravam a querosene e gasolina. Crises intestinais eram comuns entre os trabalhadores. Havia ameaças de morte."

Há uma violência latente sustentando obras públicas, empreiteiras importantes, grandes grifes e gigantes do agronegócio. A declaração acima é prova dessa exploração.

O relato foi construído com depoimentos de homens escravizados em empreendimento do programa federal Minha Casa, Minha Vida, em São José do Rio Pardo (SP). O caso, infelizmente, não é isolado. Por trás da propaganda do "novo" Brasil, há milhões de escravos.

A aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do trabalho escravo, na Câmara Federal, permitindo confisco de terras de escravagistas, é uma vitória. Relatórios do Ministério do Trabalho e Emprego, dos quais a descrição acima foi retirada, comprovam, porém, que esse crime não está apenas na zona rural, mas também nas metrópoles.

Só no Estado de São Paulo, foram centenas de casos no último ano. E, pasme, isso acontece graças à omissão de alguns parlamentares.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa convocou a marca de roupas Zara e a Racional Engenharia para dar explicações. A primeira, sobre exploração de bolivianos; a outra, sobre condições humilhantes de trabalho. Elas são acusadas de crimes em rincões do país? Não. Em oficinas de costura no centro de São Paulo e em obra no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na avenida Paulista.

Se o trabalho escravo visa ao lucro, para combatê-lo é preciso gerar prejuízo a quem o pratica.

Por isso, apresentei um projeto que cassa o registro de ICMS da empresa que usar dessa exploração em sua cadeia produtiva e impede os seus sócios de exercerem atividade comercial por dez anos. Assim como não toleramos mais políticos "fichas sujas", não aceitamos mais ver só lindos anúncios publicitários. Queremos transparência, de fornecedores a modos de produção.

No Senado, a aprovação da PEC pode esbarrar outra vez nos ruralistas, que querem rever o conceito desse crime, ainda que relatório da ONU para Formas Contemporâneas de Escravidão confirme o artigo 149 do Código Penal: trabalho escravo é "trabalho forçado, jornada exaustiva, (...) condições degradantes e restrição (...) da locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto".

Em São Paulo, propus uma CPI. Mas, mesmo com dez assinaturas além do exigido, os trabalhos não começaram. O regimento, arcaico como o Brasil Colônia, só permite cinco comissões simultâneas, número já atingido. A falta de vontade política é exasperante. Inevitável questionar quais os interesses de quem adia o combate ao trabalho escravo.

No meio da omissão, vítimas se multiplicam. A mais nova denúncia remete de novo ao Minha Casa, Minha Vida, agora em Fernandópolis (SP). Um homem morreu devido à carga de trabalho desumana.

Se nada for feito, acontecerão mais mortes, porque há trabalho escravo no megaempreendimento imobiliário, na roupa que vestimos e até no inofensivo chocolate que comemos. São 27 milhões de escravos no mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Se é verdade que troncos, correntes e pelourinhos viraram história Brasil afora, também é fato que a exploração a que remetem segue mais viva e lucrativa em nosso país do que o mais ambicioso senhor de engenho nunca imaginara.

Não há nada de inocente no atraso de tantas votações importantes. Sinceramente, quem tem medo do combate ao trabalho escravo na certa também lucra com essa violência.


CARLOS BEZERRA JR., 44, médico, é deputado estadual, líder do PSDB na Assembleia Legislativa de SP e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos
Folha de S.Paulo, 04/06/2012


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O guarda da esquina
( por Homero Pereira )

Uma definição arbitrária de trabalho escravo fará fiscais punirem prazerosamente quem e quando quiserem, até com expropriação de terras


Para escrever este artigo, busquei inspiração num fato histórico de triste lembrança: o famigerado AI-5, imposto à nação por Costa e Silva.

Em 13 de dezembro de 1968, no Palácio do Planalto, a única voz discordante daquela atrocidade foi a do vice-presidente Pedro Aleixo. "Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor nem os que com o senhor governam o país; o problema é o guarda da esquina."

Infelizmente, a preocupação do político mineiro não impediu que aquele ato fosse assinado. A partir dele, todo o país passou a assistir às injustiças e aos crimes cometidos pelos guardas da esquina.

Pois é, assim como o corajoso Pedro Aleixo, nosso temor com essa Proposta de Emenda Constitucional 438, a PEC do trabalho escravo, é a sua total subjetividade e falta de clareza, deixando sua aplicação ao livre arbítrio não do guarda da esquina, mas dos fiscais ou auditores do Ministério do Trabalho.

Eles, a torto e a direito, saem país adentro com a temida Norma Regulamentadora (NR) 31, com seus 252 itens, elaborada por eles mesmos, a punir prazerosamente qualquer empregador que não observar as incongruências nela contida.

São incontáveis os absurdos da NR 31. Ela prevê, por exemplo, a expropriação do imóvel em construção.
O pretendente comprador perde tudo o que desembolsou se o fiscal entender que houve trabalho análogo ao de escravo.

Outra aberração é sobre o transporte dos trabalhadores rurais. No percurso do alojamento até as lavouras, todos os operários devem viajar sentados. Se, por qualquer razão, o fiscal encontrar um trabalhador em pé, isso é trabalho análogo ao de escravo. O proprietário é multado. A fazenda, passível de expropriação.
Esse procedimento não se verifica no transporte urbano. Seriam dois pesos e duas medidas?

A definição de trabalho escravo e degradante é tão genérica, inconsistente e arbitrária que qualquer empregador, urbano ou rural, pode ser multado ou punido ou ter sua propriedade ou indústria expropriada se assim entenderem os fiscais do trabalho. Se a NR 31 fosse cumprida à risca, todos os shoppings seriam fechados no país. Ela exige que para cada 40 empregados a unidade comercial tenha um banheiro próprio. Não se conhece uma loja sequer desses shoppings que tenha no seu interior instalação sanitária.

Esse tema é tão complexo e instigante que o próprio presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro João Oreste Dalazen, cobrou recentemente mais clareza da legislação que trata do trabalho escravo ou análogo. Segundo ele, os termos "jornada exaustiva" e "condições degradantes de trabalho" do artigo 149 do Código Penal são genéricos e dificultam a identificação dos locais onde há trabalho em "condições análogas às de escravo".

Por razões como essas, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), formada por mais de 200 deputados e senadores, decidiu questionar a PEC 438, acolhendo apelos não só do setor produtivo rural como também da indústria e do comércio.

Nenhum de nós é a favor do trabalho escravo. Nós abominamos essa deplorável situação. Aliás, ninguém em sã consciência pode ser a favor do trabalho escravo. Somos, sim, contra a insegurança jurídica e a subjetividade que tanta inquietação vem trazendo aos empregadores rurais e urbanos.
Por isso, defendemos uma legislação que defina de uma vez por todas trabalho degradante ou análogo ao trabalho escravo.


HOMERO PEREIRA, 57, é deputado federal pelo PSD-MT. É o novo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária
Folha de S.Paulo, 04/06/2012


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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Simplificando algumas definições e conceitos (2)


"ARREPENDIMENTO que é uma inútil vontade de pedir ao tempo para voltar atrás"

"ADEUS dá o tipo de tchau mais triste que existe"

"BELO é tudo que faz os olhos pensarem ser coração"

"CALENDÁRIO é onde moram os dias"

"CONTRATO é 'você isso, eu aquilo, com assinatura embaixo'"

"DEDUÇÃO é o caminho entre o 'se' e o 'então'"

"DEFEITO é cada pedacinho que falta para se chegar à perfeição"

"EFÊMERO é quando o eterno passa logo"

"FÉ é toda certeza que dispensa provas"

"GRADE serve para prender todo mundo, uns dentro, outros fora"

"GENTE é carne, osso, alma e sentimento, tudo isso ao mesmo tempo"

"HISTÓRIA é quando todas as palavras do dicionário ficam à disposição de quem quiser contar qualquer coisa que tenha acontecido ou sido inventada"

"IDADE é aquilo que você tem certeza que vai ganhar de aniversário, queira ou não queira"

"LÁ é onde a gente fica pensando se está melhor ou pior do que aqui"

"LÁGRIMA é sumo que sai pelos olhos quando se espreme o coração"

"LOUCURA é coisa que quem não tem, só pode ser completamente louco"

"PECADO é algo que os homens inventaram e então inventaram que foi Deus que inventou"

"TESTEMUNHA é quem por sorte ou por azar, não estava em outro lugar"

"ZÍPER é um fecho que precisa de um bom motivo pra ser aberto"

"GOLEIRO é alguém em quem se pode botar a culpa do gol"

"ZAGA é algo que serve para o goleiro não se sentir o único culpado"



Adriana Falcão (do livro 'Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento', Editora Planeta)




Bônus:

Entrevista com Adriana Falcão,
que fala deste texto e dá uma amostrinha:
http://www.letraseleituras.com.br/entrevistas/?a=adriana_falcao

Todo o pequeno dicionário de palavras ao vento,
transcrito no blog da Mari e com vídeo na voz de Lázaro Ramos:
http://mari-meucantinhodesonhar.blogspot.com/2010/01/palavras-ao-vento-pedro-bial.html

Você pode ler mais algumas redefinições simples e compreensíveis em:
Simplificando algumas definições e conceitos (1)
http://mesdre.blogspot.com/2012/02/simplificando-algumas-definicoes-e.html


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Simplificando algumas definições e conceitos (1)



"AMIZADE é quando você não faz questão de você, e se empresta pros outros"

"ANGÚSTIA é um nó muito apertado bem no meio do seu sossego"

"AUTORIZAÇÃO é quando a coisa é tão importante que só dizer 'eu deixo' é pouco"

"EXPLICAÇÃO é uma frase que se acha mais importante do que a palavra"

"INDECISÃO é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa"

"PREOCUPAÇÃO é uma cola que não deixa 'o que não aconteceu ainda' sair do seu pensamento"

"PRESSENTIMENTO é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista"

"SAUDADE é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue"

"SENTIMENTO é o idioma que o coração usa quando precisa mandar algum recado"

"SUCESSO é quando você faz o que sabe fazer, só que todo mundo percebe"



Adriana Falcão (no livro Mania de Explicação - Salamandra, Editora Moderna)





Bônus:

Ouça "Mania de Explicação", com a própria Adriana Falcão, em contação de história:

http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/945902-contacao-de-historia-ouca-mania-de-explicacao-com-adriana-falcao.shtml


domingo, 25 de dezembro de 2011

Mãe sabe das coisas (6)


Motivo de meu orgulho e admiração,
a professora Dona Luzia finalmente resolveu,
talvez inspirada nos seus transcritos aqui,
aderir ao blog, para registrar alguns
pensamentos, vivências e experiências.

Quem quiser consultar, ler, aderir e comentar, visite:



Feliz... idade!

http://luziafelizidade.blogspot.com



Boa sorte!
2012 certamente será melhor!




Bônus:

Mãe sabe das coisas (7)

Mãe sabe das coisas (5)

Mãe sabe das coisas (4)

Mãe sabe das coisas (3)

Mãe sabe das coisas (2)

Mãe sabe das coisas (1)


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Letras da Seratonina


"As condutas do S:
Serenidade, Silêncio, Sabedoria, Sabor, Sono, Sexo, Sorriso,
promovem Secreção da Seratonina.

As condutas do R:
Ressentimento, Raiva, Rancor, Repressão, Resistências,
facilitam a secReção do coRtizol, um hormônio coRRosivo para as células,
que acelera o envelhecimento.

As condutas S geram as atitudes A:
Ânimo, Amor, Apreço, Amizade, Aproximação.

As condutas R, pelo contrário, geram as atitudes D:
Depressão, Desânimo, Desespero, Desolação."


fonte: http://ellianefreitas.blogspot.com/2011/03/serotonina-para-que-serve.html



Bônus:


Humor infame relacionado:

http://famainfame.blogspot.com/2011/12/sera.html


Blog da Elliane Freitas:

http://ellianefreitas.blogspot.com/2011/03/serotonina-para-que-serve.html


Mais informação sobre Endorfina:

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20091003190313AAKlOMp

http://www.assessocor.com.br/noticias.aspx?O+QUE+E+ENDORFINA+E+COMO+ELA+AGE+NO+CORPO&__idNot=230

http://www.qued.com.br/site/index.php/duvidas/Endorfina-e-Serotonina-O-q-sao-quais-as-suas-funcoes-e-como-lib

http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/1292/beijo-a-melhor-terapia-contra-a-depressao


Mais informação sobre Seratonina:

http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/318/serotonina

http://www.qued.com.br/site/index.php/duvidas/O-que-e-serotonina-Para-q-serve-onde-encontrar-engorda

sábado, 26 de novembro de 2011

A dança agrega


Em referência ao post Dance com a loucura sábia de Zorba, a música cativante e famosa, que não ganhou Oscar de trilha sonora, nem tampouco é uma tradição antiga de dança grega, tem seu estilo, e inspiração nos costumes gregos.

Eis algumas outras informações e vídeos, para apreciar.


Dança Sirtaki, com três
http://www.youtube.com/watch?v=AlNtTMJAQpg


Dança Sirtaki (e outras), com muitos
http://www.youtube.com/watch?v=Ip-XQ1FJ3rE


Dança do Zorba, na rua, contagiante
http://www.youtube.com/watch?v=UhDgpXWkFHE


Sirtaki, ao estilo cinematográfico, mas bem popular
http://www.youtube.com/watch?v=pIl7VagZ-pk


Mais informações sobre Sirtaki:

Wikipedia em português
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sirtaki


Wikipedia em inglês
http://en.wikipedia.org/wiki/Sirtaki


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dance com a loucura sábia de Zorba


"Você pode ter conseguido tudo,
mas falta ainda uma coisa:
loucura!
Um homem precisa de um pouco de loucura,
senão ele nunca vai ousar se soltar e ser livre."


"You got everything,
except one thing:
madness!
A man needs a little madness,
or else he never dare escape the rope and be free."


Alex Zorba, o grego (na pele de Anthony Quinn)


Cineclube - Zorba, o grego
http://www.youtube.com/watch?v=1F6ZD_ScPAs



Zorba the Greek - Sirtaki (dance scene)
http://www.youtube.com/watch?v=pxNIXwwToJc



domingo, 6 de novembro de 2011

Puro Lixo



Sempre achei que salários deveriam ser pagos proporcionalmente ao trabalho e sua importância para a sociedade, o risco que o indivíduo corre ao exercê-la e os benefícios e produtividade que trazem para a coletividade. Assim, não justificaria uma desproporção abismal entre o salário do diretor de uma empresa e da faxineira que limpa seu banheiro! (Atenção: não quero desmerecer quem conduz o dia-a-dia de um negócio, nem desvalorizar quem estuda e se especializa numa profissão.)

Portanto, na minha modesta opinião, a função que melhor devesse ser remunerada é a de LIXEIRO! Quem não pensa assim, aceitaria ser lixeiro (que seja por um dia, apenas)? Os caras correm o dia inteiro (dia e noite!), têm que respirar o pior dos odores (dos nossos rejeitos), em condições insalubres de trabalho, e ai da cidade se eles não passam! Você, nem ninguém, sabe o que fazer * com o lixo que você naturalmente acumula dentro e fora da sua casa, escritório, empresa, etc! As conseqüências são catastróficas. Esses heróis deveriam receber mais que Presidente da República, magistrados ou qualquer outro salário oficial no país.

Por isto, recomendo a leitura do artigo de Fernando Bonassi, publicado no jornal A Folha de S.Paulo de 3a.feira 16 de outubro de 2007 no caderno Ilustrada, chamado "Com respeito a essa sujeira", que eu reproduzo abaixo. Não gostei muito de como ele encerra o texto, mas sua criatividade na abordagem de um assunto de vital importância é digna de aplauso!

Ah, incluo Professores de um modo em geral nesta lista de profissionais importantes. Claro que nem todos, pois existem muitos professores despreparados e incompetentes (muitas vezes nem é culpa deles, pobres esforçados tentando sobreviver)...

Outros fatores devem ser levados em conta, como também a revisão de todas as atividades x remuneração.

Alguns poderiam alegar: "O justo mesmo é receber pelo tamanho da responsabilidade do trabalho. Se você comparar a resposabilidade de se fazer uma cirurgia complexa no cérebro ou na coluna com a de varrer a rua... Não temos como comparar o grau de complexidade e de resposabilidade, obviamente sem deixar de dá o mérito pra ninguém."

Acontece que Justo e Certo são palavras primas mas que nem sempre andam juntas!

O médico lhe cura, mas o lixeiro evita que você se contamine com inúmeras doenças, seja levando seu lixo ou varrendo as ruas que você passa. Você não tem noção do que seria viver num mundo sem coleta ou varredores de rua! Quer uma responsabilidade maior do que esta? Alguém já parou para pensar quanto lixo você produziu durante toda a vida? Onde estaria ele se não fossem os lixeiros que o recolhe? Talvez disputando espaço com você na sua casa... Ou no lote vago mais próximo da sua casa. Já viu o pandemônio que vira a cidade quando eles páram (por greve ou questões contratuais das empresas coletoras)? Sacos de lixo na porta da casa, trazendo doenças, entupindo bueros (se chover), etc... É quase pior do que uma guerra o caos decorrente!

Ou seja, o trabalho deles, dos lixeiros, AFETA TODO MUNDO, o do cirurgião complexo afeta só quem precisa da operação... Onde fica a responsabilidade maior? É complicado...

E quanto ao estudo valer alguma coisa, concordo em parte! Acho caríssimo se formar, seria justo ter este investimento de volta. Mas há um outro risco: de fazer do estudo uma espécie de profissão. Explico: se estudar mais, vai receber mais, ainda que enquanto estuda fique improdutivo! É uma ironia a se resolver...

Mestre Buda já dizia: todos e tudo no mundo têm sua função, sua razão de existir, e é útil de alguma forma (ainda que a gente desconheça qual seja essa função). Ele certamente não disse isto com estas palavras e o comentário entre parêntesis é meu. E se por acaso ele não disse assim, deveria ter dito! (rsrs)

O que é inadimissível é congressistas e parlamentares aumentarem seus próprios salários sem pedir consentimento a nós, seus patrões.



(* = O reaproveitamento do lixo, seja reciclagem e/ou geração de energia, é tema para outro post.)




Com respeito a essa sujeira


Há quem diga "coletor de lixo"... É correto.

Pode ser "funcionário da limpeza urbana", um eufemismo.

Ou ainda, atestando mais do pavor que têm do frescor das palavras, seria o "pessoal da prefeitura"... Como se toda a prefeitura se dedicasse à limpeza. Infelizmente, não é assim.

Assim sou eu o designado para o asseio disso tudo. A primeira pessoa do coitado do singular do verbo ser!

Pois é; todos são qualquer coisa e eu sou lixeiro, com essas sete letras minúsculas que os maiúsculos acreditam poder acobertar por baixo de seus tapetes sujos de tramas...

O drama é que o próximo dia 21 de outubro é o nosso dia. O dia do lixeiro deveria ser um dia de descanso com a minha família, mas a sujeira que as suas fazem não me livram do trabalho neste dia de domingo.

Não ganharei nada mais que a miséria das horas extras do meu salário de fome, enquanto as suas nobres sobras segregadas serão arremessadas pelas latas escondidas. Estaremos pendurados em caminhões especialmente preparados para aspirar e varrer, recolhendo os seus sacos cheios daquilo tudo que teimam em se livrar.

Lamentamos informar: é impossível. Do pó mixo viemos e ao pó do lixo voltaremos.

Isso nós sabemos muito bem, ainda que os piores, ou que se querem "muito limpos", insistam que são melhores do que isso e que, por isso, irão para alguma espécie higiênica de paraíso...

Que é que Deus tem a ver com esse lixo? Nós, pelo menos, recolhemos democraticamente o de Higienópolis e o de Paraisópolis, sem essa distinção que ricos e pobres, pretos e brancos, judeus ou muçulmanos fazem entre eles.

Somos todos "hermanos", por menos que queiramos, meus caros! Malandros e otários excretam a mesma substância em seus vasos sanitários e produzem a mesma quantidade de dejetos.

Recolho aquilo que foi usado. O abjeto espremido, apertado e esvaziado para saciar os seus prazeres. Faço-lhes o bem, ainda que vocês desviem os rostos com os narizes empinados e as bocas esgarçadas de nojo quando nos vêem. Não fôssemos nós, vocês teriam de se haver mais tempo com o que há de podre em si mesmos!

O lixeiro pode observar essas nuances do progresso tão falado por meio dos equipamentos que são jogados como inúteis, quebrados ou simplesmente ultrapassados. Há algo de bom em ver as coisas velhas, abandonadas e estragadas. A gente aprende a se despreocupar da necessidade de ser jovem e abusado de alguma maneira, que é uma das manias -ou besteiras- dessa juventude seduzida por vitrines, propagandas e novelas.

Por isso nosso serviço é tão importante nessa república de bananas. Ele mantém as mentes dos eleitores crentes que são limpas as intenções dos eleitos, enquanto os mais sacanas dentre eles fazem a roda de sua fortuna girar no lixo dessa história de bacanas.

A verdadeira sujeira gira à luz do dia, quando os senadores abrem os bancos, as bolsas e as lojas, os seguranças se põem em seus carros acelerados, homens e papéis são amassados num emprego suado, fedido e repetido desde sempre.

Muitos se submetem a essa escravidão de todo dia.

Eu só me submeto ao lixo. E o lixo é como o mar, fascinante e traiçoeiro. Com ele eu me meto com prazer, mas hei de conhecer os seus riscos mais cortantes. Uso luvas e cruzo os dedos. Que é que eu posso fazer?

Quem poderá conceber o que é o bom sem conhecer o que é o mal?

Quando as pessoas me perguntam "mas por quê?" eu sou lixeiro e como eu agüento essas coisas de que falo, eu devolvo-lhes a pergunta: quero saber se têm certeza que estão fazendo um serviço mais limpo do que esse para a humanidade, além de sujarem o planeta com as imundícies de sua moralidade?

Há lixo em tudo. Em mim, em você... e você sabe muito bem do que falo. O lixo fermenta e faz nascer outras coisas também! Nem a natureza seria isso sem o seu próprio lixo. São os porcos que fazem as pérolas.

O lixeiro está entregue ao movimento das ruas, às noites de lua e aos vampiros das madrugadas. Vemos o que não queremos, mas os nossos olhos pelo menos são puros...

Dia desses, por exemplo, um cadáver todo torto apareceu lá no aterro. Estava baleado na nuca, como um condenado. Era quase um menino, não fosse um anjo morto. Primeiro rezamos pra melhorar a situação da alma, depois chamamos a polícia pra cuidar do corpo, que nem toda a sujeira perpetrada neste mundo é luxo de nossa alçada.



FERNANDO BONASSI
Com respeito a essa sujeira
Folha de S.Paulo - caderno Ilustrada
São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007




Bônus I:

Nesta semana deparei com uma excelente postagem sobre lixo, no blog do Jair Lopes, Um Blog Que Pensa.
Recomendo sua leitura!

Em função disto, resgatei esta postagem (de 17/10/2007), com algumas inclusões baseada nos comentários, do meu antigo blog, Relatos de Viagem e Reflexões, que tem uma visibilidade distorcida quando carregado por outros navegadores diferentes do Internet Explorer da Microsoft, como o FireFox da Mozilla ou o Chrome da Google e outros, razão pela qual migrei do Myblog (Mypage) para o Blogspot (Blogger).




Bônus II:

Ainda sobre remuneração, eis uma pequena transgressão em delírio:

Salários = sal a rios
http://mesdre.blogspot.com/2010/07/salarios-sal-rios.html



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Picolé de Abacate


Eu simplesmente ADORO uma "Vitamina de Abacate". A polpa natural da fruta abacate com leite frio ou gelado e um pouco de açúcar, batidos num liqüidificador ou mixer. Acrescentar umas gotinhas de limão enquanto está sendo batido (para não talhar o leite) dá um certo frescor ao sabor e impede o escurecimento da superfície da bebida exposta ao ar por muito tempo (a idéia é beber logo e tudo, assim que ficar pronta). Mas isto é opcional. Prefiro pura. O limão cai bem para disfarçar o gosto forte do leite, se estiver fervido ou de má qualidade. Também pode acrescentar uma ou meia banana ao bater a vitamina; esta combinação é boa e saudável. Ou então adicionar um pouquinho do azulado Licor Parfait-Amour, isto não torna a bebida alcoólica, mas dá um toque todo especial ao seu sabor. Fica tão bom, que em vez de beber, dá até pra mastigar, mergulhando e encharcando pedaços de pão fresco ou torradas na vitamina.

Deliciosa também é a sobremesa "Creme de Abacate". A polpa natural do abacate, batida com creme de leite ou sorvete de creme (baunilha ou vanila), açúcar e gotas de limão, dá uma consistência pastosa de se comer a colheradas. Quando vejo esta opção de sobremesa nos restaurantes, é irresistível: adeus a qualquer dieta ou regime. Se bem que em termos de cremes, gosto mesmo é de "Creme de Papaya". Mamão maduro batido com sorvete de creme, regado com gotas de Licor de Cassis. Se funciona mesmo como um digestivo, como dizem, não tenho certeza, mas serve de ótimo pretexto, principalmente depois de encher a pança numa churrascaria.

O interessante é que o abacate, preparado assim, doce, que eu gosto tanto, causa estranheza em muita gente fora do BrasiL. Noutros lugares da América e da Europa, o abacate é ingrediente para saladas salgadas ou molhos condimentados, como o famoso Guacamole. Quer chocar um colega mexicano ou andino? Fala pra ele que vai comer abacate com açúcar, e verá uma cara de nojo e asco. Algo parecido ocorre com o tomate, no sentido contrário: preferimos tomate em saladas salgadas em vez de sucos adocicados, ainda que com pimenta.

A origem do nome da fruta vem da língua dos antigos Astecas: do awacatl em nahuatl, ficou aguacate em espanhol, e abacate é português (assim como do awacatchi do tupi, que significa "fruta que cheira bem", ficou abacaxi em português). Também dos Astecas derivam as "descobertas" e os nomes de tomatl, tchocoatl e tchicletl (nossos conhecidos tomate, chocolate e chicletes, respectivamente).

Retomando o tema do abacate que eu gosto de tomar, difícil é achar "Sorvete de Abacate". Se não for caseiro ou artesanal, isto é, feitos em casa ou em alguma sorveteria autônoma por iniciativa própria, não encontramos sorvete sabor abacate facilmente. As grandes marcas mais famosas (como Kibon, Nestlé, Yopa, Lá Basque, Brunella, Holandesa, Sottozero, Häagen-Daz, entre outras) só interessam fabricar os sorvetes que vendem mais. Nas sorveterias das regiões Nordeste e Norte do Brasil, onde há uma riqueza de frutas tropicais e diversidade de sabores inimaginaveis pelo resto do país e do mundo, até fazem o de abacate: mas diante de tanta novidade exótica a provar, o sabor abacate acaba ficando em segundo (terceiro, quarto, quinto) plano...

Picolé é suco ou sorvete no palito. Sei de duas marcas no estado de São Paulo que produzem e vendem "Picolé de Abacate": Frutiquello e Rochinha.



Destas, meu "Picolé de Abacate" preferido é o da Frutiquello. Além de mais barato, tem mais pontos de venda aqui na cidade de São Paulo, parecem mais determinados a expandir sua clientela, sem perder a qualidade do produto. Têm também pontos de sorveteria por quilo como atrativo, mas lamento que não façam o "Sorvete de Abacate", só de outros sabores (tem até de jaca, outro dos que gosto muito). Ainda não me deram explicação satisfatória do "porque não"...

Acho "Picolé de Abacate" da Rochinha um tanto caro e um pouco aguado, comparativamente. Menos saboroso, mas serve como alternativa quando o desejo aperta e não tem o outro por perto. Foi meu primeiro "Picolé de Abacate" encontrado na cidade de São Paulo! Teve um gosto todo especial, obviamente.

Descobri um ponto de vendas da Frutos do Cerrado ao acaso, numa galeria da Rua Augusta com Avenida Paulista, bem próximo do local onde trabalho. Quase todo dia que eu podia, ia tomar/provar um picolé de alguma fruta exótica com sabor da minha infância: sisiguela, gabiroba, cajamanga, araticum, fruta-do-conde, etc. Um dia, antes que eu chegasse no de abacate, sumiram com o ponto de lá! Mandei email questionando a atitude de espantosa retração, pouco competitiva em relação aos concorrentes que expandiam, e a resposta foi frustrante: optaram por manter apenas UMA sorveteria na cidade (de 12 milhões de pessoas!)... Nem fui! (agora no site deles, vi que abriram outras, mas também descobri que nem tem de abacate!)

Não é muito comum achar pontos de vendas destas marcas, mas já localizei alguns no caminho de casa... Agora, finalmente, quando pinta aquela vontade, já sei aonde recorrer! Pena que nem sempre tem quando vou: ou acabou (que dizer que não sou o único maluco do pedaço a tomar picolés de abacate) ou está em falta de matéria-prima (escasseia na entre-safra da fruta, que dá quase o ano todo!).

E por todo canto que eu vou, sempre que eu tenho oportunidade, quando vejo um vendedor ambulante de picolés, eu pergunto: "tem Picolé de Abacate?"... Vai que tem, né? Senão, pelo menos pode virar estatística de sabor procurado. Hehehe... Aliás, encorajo você a sempre perguntar o mesmo, endossando e engrossando a "pesquisa"... Quem sabe assim eles (isto é, todas as sorveterias) acabam entendendo que "precisam" fabricar também "Picolé de Abacate"? Seria bom demais!



Bônus:

http://www.sorvetesfrutiquello.com.br/
http://www.sorvetesrochinha.com.br/
http://www.frutosdocerrado.com.br/


terça-feira, 4 de outubro de 2011

Leitura social

(Quero compartilhar aqui uma história que ouvi e que me deixou bastante comovido)


Robson Mendonça foi morador de rua por 6 anos. Segundo ele conta, tornou-se um depois de ter sido seqüestrado e jogado na rua sem dinheiro e documentos, assim ficou e passou necessidades, fome e frio em São Paulo.

Ele não era muito instruído, mas era curioso: gostava ler notícias, revistas e alguns livros com histórias. E para isto procurava a biblioteca municipal a as públicas. Mas quando sentava à mesa para ler, as pessoas que estavam perto se levantavam e se afastavam, por causa da má impressão que ele causava por ser morador de rua, como estava vestido e cheirava, e de todos os seus pertences que era obrigado a carregar aonde fosse, em sacolas ou mochila.

Essa reação das pessoas o incomodava, mas ele entendia. Todavia, não tinha como retirar livros para levar e ler fora da biblioteca, porque a biblioteca exige comprovante de residência para fazer o cadastro, o que um morador de rua obviamente não tem.

Ele decidiu então que se saísse das ruas e melhorasse de vida, faria o que estivesse ao seu alcance para mudar essa condição e tentar dar acesso mais fácil à leitura a outros moradores de rua, situação que ele viveu e conheceu bem. Segundo ele mesmo conta, foi depois de ler A Revolução dos Bichos que ele acreditou que isso seria possível. E foi.

Deixou a condição de morador de rua há mais de 8 anos. Robson Mendonça virou Presidente do Movimento Estadual de População em Situação de Rua. Queria fazer uma biblioteca móvel, uma bicicleta com baú na garupa, com a idéia de oferecer livros pela cidade a quem quisesse ler. Nascia assim a Bicicloteca. E uma fundação/ONG, Instituto de Mobilidade Verde, ajudou-o a tornar esse sonho em algo mais concreto, doando a bicicloteca e alguns livros.


Ele então ia pelo centro, praças e cantos da cidade, oferecendo livros a quem quisesse, não só a moradores de rua, entre bêbados e drogados, mas também a funcionários públicos, de bares e restaurantes, vendedores ambulantes, camelôs, policiais, estudantes, a quem passasse e se interessasse.

A idéia era que os livros retirados circulassem depois entre outros leitores, sem expectativa da devolução. Mas muitos devolviam aqueles, para retirar outros. Dos 4 mil livros que foram distribuídos, houve retorno de mais de 3800 para serem reemprestados. Em média saíam quase 200 livros por dia...

O sucesso da iniciativa e atuação foi tamanho que ele virou foco de várias reportagens. Neste mês, ele foi convidado para participar de um programa de estudantes da TV USP, quando aconteceu um incidente lamentável.

No dia 21 de setembro ele foi entrevistado, e o pessoal do programa quis entrevistar também um pessoal da rua, ver como viviam seus leitores. Depois de entrevistarem algumas pessoas na rua, Robson precisou ir ao banheiro, e pediu para a equipe da TV para olharem a bicicloteca. Quando voltou, ela havia sumido! Roubada, furtada.

Por um breve momento, um bem sem muito valor financeiro, mas de enorme importância para um bem social, foi levado por alguém que nem deve ter consciência disto.

Um vacilo, um excesso de confiança, um descaso, um descuido, um infortúnio. Foi isto que aconteceu. Enquanto Robson foi fazer suas necessidades fisiológicas, acreditou que alguém tomaria conta da bicicloteca. A equipe, que viu naquela hora outra oportunidade de entrevistar um grupo que estava ali adiante, não acreditou que alguém fosse mexer naquela bicicloteca. E um dos entrevistados da rua, sei lá o que pensou, mas deve ter acreditado que com aquilo poderia levantar algum dinheiro...

Robson Mendonça fez cartazes com uma foto do suspeito, cedida pela reportagem, e procura pela cidade se reencontra sua bicicloteca, distribuindo cartazes, fez um apelo na rádio, se alguém vir uma bicicloteca por aí, para entrar em contato. São Paulo é enorme, e seu tempo não...

Seu desespero nem é pelo valor da bicicleta e dos quase 200 livros que foram subtraídos. E sim pelo trabalho nobre interrompido. A alegria que via nos olhos e no coração de quem ficava com um livro para ler. E drogados e bêbados que querem ler, não podem estar neste estado para fazê-lo: têm que parar de beber ou de se drogar, pelo menos enquanto lêem um livro ou outra coisa. Só essa atitude já faz valer e ter sentido o projeto da bicicloteca, além da divulgação e inclusão da cultura nos meios mais carentes da sociedade.

Que achem a bicicloteca! Que outras sejam doadas! Que outros voluntários se comprometam e dediquem a esta simples e nobre proposta! Que Robson Mendonça tenha mais sucesso e sorte no seu empreendimento, desprendimento e dedicação!




Vídeos reportagem:

Ex-morador de rua monta biblioteca móvel para a população carente
http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=ZHOJmWmWrMo


Canal da bicicloteca no YouTube (com mais videos)
http://www.youtube.com/user/bicicloteca#p/a/u/1/h4HAU2KPqdg


Sobre o roubo da bicicloteca no dia 21/Setembro/2011
http://www.youtube.com/watch?v=0u9dL-TG20w



Sites de referência:

Reportagem Folha.com
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/950367-bicicloteca-empresta-livros-para-moradores-de-rua-em-sp.shtml

Sobre o que é o projeto Bicicloteca
http://biciclotecas.wordpress.com/
http://www.biciclo.teca.nom.br/
http://institutomobilidadeverde.wordpress.com/bicicloteca/


domingo, 18 de setembro de 2011

Carro popular?


Yes, we have bananas!
Doch, wir haben Samba!
E nós temos Volkswagen.

Em alemão, "Volk" quer dizer "povo" e
"Wagen" quer dizer "carro, vagão, veículo".
Assim, o nome da marca vem de "carro do povo",
no sentido que seria para ser acessível à população...

Particularmente, eu não gosto dos carros da VW...
Mas AMEI este comercial, que está sendo veiculado na TV:



http://www.youtube.com/watch?v=7CDrB3WF_f0


É um show! É lá e cá! De passagem, golaço! Wunderbar!
Espetáculo de simetria, contraste, sincronicidade, precisão.

E o carro manobra sozinho e automático!
Certamente o preço não será nada popular!...


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Teimosias


E, tendo refletido e
concordado com Clarice Lispector,
diz o Inspetor da Clareira:


"Em resumo,
vestimos a armadura de nossas fantasias
para enfrentar a crueza da realidade.
Com isto,
temos sido o que não somos,
não tiramos partido do que repartimos,
temos feito o que nem queremos,
simplesmente porque aprendemos,
pelos outros, o que devemos ser,
e duvidamos de aprender, por nós,
o que precisamos ser simplesmente.
Alguns breves lampejos de lucidez
não são suficientes
para quebrar o paradigma,
e trazer a vida de volta
para dentro de nossas vidas...
E nessa loucura seguimos sonhando
entre uma felicidade e outra,
fazendo disto nossa existência."


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Plenitude



"O pleno só se sabe quando se atingiu.
Daí já virou passado... deixou de ser.
O presente é sempre incompleto,
e o futuro, uma eterna busca."


Mesdre


Como sugere Steve Jobs*, tem certas coisas que só é possível avaliar e entender olhando-se para trás (backwards), jamais enquanto se vive e presencia. A vida é um imenso e complexo quebra-cabeça de altos e baixos, que só faz sentido se analisar o realizado; qualquer outra coisa que esteja acontecendo pode ser simplesmente uma peça que se encaixará futuramente!


Eu conhecia o texto (abaixo), atribuído a ele* próprio, mas eu pensei que a excelente mensagem pegava carona na fama dele*. Este vídeo, em duas partes, mostra a verdade!

Você tem que assistir, ele pode mudar a tua cabeça.
Legendado.


Steve Jobs - Discurso em Stanford (completo, legendado) 14:41
http://www.youtube.com/watch?v=66f2yP7ehDs





Bônus:

Eis o discurso, na íntegra.
It does worth to read.

* This is the text of the Commencement address by Steve Jobs*, CEO of Apple Computer and of Pixar Animation Studios, delivered on June 12, 2005.

"I am honored to be with you today at your commencement from one of the finest universities in the world. I never graduated from college. Truth be told, this is the closest I've ever gotten to a college graduation. Today I want to tell you three stories from my life. That's it. No big deal. Just three stories.

The first story is about connecting the dots.
I dropped out of Reed College after the first 6 months, but then stayed around as a drop-in for another 18 months or so before I really quit. So why did I drop out?

It started before I was born. My biological mother was a young, unwed college graduate student, and she decided to put me up for adoption. She felt very strongly that I should be adopted by college graduates, so everything was all set for me to be adopted at birth by a lawyer and his wife. Except that when I popped out they decided at the last minute that they really wanted a girl. So my parents, who were on a waiting list, got a call in the middle of the night asking: "We have an unexpected baby boy; do you want him?" They said: "Of course." My biological mother later found out that my mother had never graduated from college and that my father had never graduated from high school. She refused to sign the final adoption papers. She only relented a few months later when my parents promised that I would someday go to college.

And 17 years later I did go to college. But I naively chose a college that was almost as expensive as Stanford, and all of my working-class parents' savings were being spent on my college tuition. After six months, I couldn't see the value in it. I had no idea what I wanted to do with my life and no idea how college was going to help me figure it out. And here I was spending all of the money my parents had saved their entire life. So I decided to drop out and trust that it would all work out OK. It was pretty scary at the time, but looking back it was one of the best decisions I ever made. The minute I dropped out I could stop taking the required classes that didn't interest me, and begin dropping in on the ones that looked interesting.

It wasn't all romantic. I didn't have a dorm room, so I slept on the floor in friends' rooms, I returned coke bottles for the 5¢ deposits to buy food with, and I would walk the 7 miles across town every Sunday night to get one good meal a week at the Hare Krishna temple. I loved it. And much of what I stumbled into by following my curiosity and intuition turned out to be priceless later on. Let me give you one example:

Reed College at that time offered perhaps the best calligraphy instruction in the country. Throughout the campus every poster, every label on every drawer, was beautifully hand calligraphed. Because I had dropped out and didn't have to take the normal classes, I decided to take a calligraphy class to learn how to do this. I learned about serif and san serif typefaces, about varying the amount of space between different letter combinations, about what makes great typography great. It was beautiful, historical, artistically subtle in a way that science can't capture, and I found it fascinating.

None of this had even a hope of any practical application in my life. But ten years later, when we were designing the first Macintosh computer, it all came back to me. And we designed it all into the Mac. It was the first computer with beautiful typography. If I had never dropped in on that single course in college, the Mac would have never had multiple typefaces or proportionally spaced fonts. And since Windows just copied the Mac, its likely that no personal computer would have them. If I had never dropped out, I would have never dropped in on this calligraphy class, and personal computers might not have the wonderful typography that they do. Of course it was impossible to connect the dots looking forward when I was in college. But it was very, very clear looking backwards ten years later.

Again, you can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. You have to trust in something - your gut, destiny, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life.

My second story is about love and loss.
I was lucky - I found what I loved to do early in life. Woz and I started Apple in my parents garage when I was 20. We worked hard, and in 10 years Apple had grown from just the two of us in a garage into a $2 billion company with over 4000 employees. We had just released our finest creation - the Macintosh - a year earlier, and I had just turned 30. And then I got fired. How can you get fired from a company you started? Well, as Apple grew we hired someone who I thought was very talented to run the company with me, and for the first year or so things went well. But then our visions of the future began to diverge and eventually we had a falling out. When we did, our Board of Directors sided with him. So at 30 I was out. And very publicly out. What had been the focus of my entire adult life was gone, and it was devastating.

I really didn't know what to do for a few months. I felt that I had let the previous generation of entrepreneurs down - that I had dropped the baton as it was being passed to me. I met with David Packard and Bob Noyce and tried to apologize for screwing up so badly. I was a very public failure, and I even thought about running away from the valley. But something slowly began to dawn on me - I still loved what I did. The turn of events at Apple had not changed that one bit. I had been rejected, but I was still in love. And so I decided to start over.

I didn't see it then, but it turned out that getting fired from Apple was the best thing that could have ever happened to me. The heaviness of being successful was replaced by the lightness of being a beginner again, less sure about everything. It freed me to enter one of the most creative periods of my life.

During the next five years, I started a company named NeXT, another company named Pixar, and fell in love with an amazing woman who would become my wife. Pixar went on to create the worlds first computer animated feature film, Toy Story, and is now the most successful animation studio in the world. In a remarkable turn of events, Apple bought NeXT, I retuned to Apple, and the technology we developed at NeXT is at the heart of Apple's current renaissance. And Laurene and I have a wonderful family together.

I'm pretty sure none of this would have happened if I hadn't been fired from Apple. It was awful tasting medicine, but I guess the patient needed it. Sometimes life hits you in the head with a brick. Don't lose faith. I'm convinced that the only thing that kept me going was that I loved what I did. You've got to find what you love. And that is as true for your work as it is for your lovers. Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to do what you believe is great work. And the only way to do great work is to love what you do. If you haven't found it yet, keep looking. Don't settle. As with all matters of the heart, you'll know when you find it. And, like any great relationship, it just gets better and better as the years roll on. So keep looking until you find it. Don't settle.

My third story is about death.
When I was 17, I read a quote that went something like: "If you live each day as if it was your last, someday you'll most certainly be right." It made an impression on me, and since then, for the past 33 years, I have looked in the mirror every morning and asked myself: "If today were the last day of my life, would I want to do what I am about to do today?" And whenever the answer has been "No" for too many days in a row, I know I need to change something.

Remembering that I'll be dead soon is the most important tool I've ever encountered to help me make the big choices in life. Because almost everything - all external expectations, all pride, all fear of embarrassment or failure - these things just fall away in the face of death, leaving only what is truly important. Remembering that you are going to die is the best way I know to avoid the trap of thinking you have something to lose. You are already naked. There is no reason not to follow your heart.

About a year ago I was diagnosed with cancer. I had a scan at 7:30 in the morning, and it clearly showed a tumor on my pancreas. I didn't even know what a pancreas was. The doctors told me this was almost certainly a type of cancer that is incurable, and that I should expect to live no longer than three to six months. My doctor advised me to go home and get my affairs in order, which is doctor's code for prepare to die. It means to try to tell your kids everything you thought you'd have the next 10 years to tell them in just a few months. It means to make sure everything is buttoned up so that it will be as easy as possible for your family. It means to say your goodbyes.

I lived with that diagnosis all day. Later that evening I had a biopsy, where they stuck an endoscope down my throat, through my stomach and into my intestines, put a needle into my pancreas and got a few cells from the tumor. I was sedated, but my wife, who was there, told me that when they viewed the cells under a microscope the doctors started crying because it turned out to be a very rare form of pancreatic cancer that is curable with surgery. I had the surgery and I'm fine now.

This was the closest I've been to facing death, and I hope its the closest I get for a few more decades. Having lived through it, I can now say this to you with a bit more certainty than when death was a useful but purely intellectual concept:

No one wants to die. Even people who want to go to heaven don't want to die to get there. And yet death is the destination we all share. No one has ever escaped it. And that is as it should be, because Death is very likely the single best invention of Life. It is Life's change agent. It clears out the old to make way for the new. Right now the new is you, but someday not too long from now, you will gradually become the old and be cleared away. Sorry to be so dramatic, but it is quite true.

Your time is limited, so don't waste it living someone else's life. Don't be trapped by dogma - which is living with the results of other people's thinking. Don't let the noise of others' opinions drown out your own inner voice. And most important, have the courage to follow your heart and intuition. They somehow already know what you truly want to become. Everything else is secondary.

When I was young, there was an amazing publication called The Whole Earth Catalog, which was one of the bibles of my generation. It was created by a fellow named Stewart Brand not far from here in Menlo Park, and he brought it to life with his poetic touch. This was in the late 1960's, before personal computers and desktop publishing, so it was all made with typewriters, scissors, and polaroid cameras. It was sort of like Google in paperback form, 35 years before Google came along: it was idealistic, and overflowing with neat tools and great notions.

Stewart and his team put out several issues of The Whole Earth Catalog, and then when it had run its course, they put out a final issue. It was the mid-1970s, and I was your age. On the back cover of their final issue was a photograph of an early morning country road, the kind you might find yourself hitchhiking on if you were so adventurous. Beneath it were the words: "Stay Hungry. Stay Foolish." It was their farewell message as they signed off. Stay Hungry. Stay Foolish. And I have always wished that for myself. And now, as you graduate to begin anew, I wish that for you.

Stay Hungry. Stay Foolish.
Thank you all very much.
"


"Stay hungry. Stay foolish." =
"Esteja sempre ávido. Não seja totalmente lúcido."


quarta-feira, 9 de março de 2011

bendita maldição bem dita


"Qual o seu maior medo?
Pois é este que terá que enfrentar,
mais cedo ou mais tarde!"


Mesdre


Medos e Remedos. Remendos e Remédios.

Dito em alto e bom som, com letras grandes e claras: não adianta fugir dele, por mais apavorante que ele seja. Uma hora, um dia, terá que encará-lo.

Por exemplo: se você morre de medo de envelhecer, pode ser que tenha que se admitir idoso ao se enxergar do outro lado do espelho, ou diante das enfermidades, ou mediante a constatação da perda de suas capacidades.

Medos dos mais variados: de ficar pobre, miserável, egoísta, inválido, ter que usar óculos, atrofiar o pênis por desuso, ficar sozinho e sem ninguém, de ter filhos, da síndrome do ninho vazio, da depressão, de amar, do desamor, do desemprego, do apocalipse, da ira de Deus, da morte...

Um dia, por mais que não queira, por mais que tente evitar, seu Medo virá ao seu encontro para lhe perguntar: "você está pronto?"...

Parece até um trailer de um roteiro de terror...

Mas é assim que acontece, é assim que fingimos viver, é assim que nos enganamos o tempo todo, dissimulando isto dos outros e disfarçando nossos fantasmas de nós próprios... Isto não lhe parece impróprio?




Bônus:

Ensaio sobre o Medo.

Dica: quer ver um filme que trabalha o tema do medo o tempo todo, sem meter medo? Assista a "Batman Begins".
Eu sempre recomendo o filme "Batman Begins" como um excelente ensaio sobre o tema "medo", em vários aspectos, e exaustivamente.
Uma obra de psicologia e debate filosófico, disfarçada na fantasia de super-herói de histórias em quadrinhos.
Este filme é muito mais do que uma encenação de histórias em quadrinhos de super-heróis e super-vilões.


"Por que caímos, Patrãozinho?
É para aprendermos a nos levantar!"


Alfred Pennyworth (Batman Begins)


Uma pérola:

"Sábios corajosos admitem-se
medrosos e, covardes, continuam vivos,
dominando seus medos."


Mai Vega (do blog Mundos e Peles e Inspirar Poesias)


Li um post legal sobre o tema do medo, em http://mundos-e-peles.blogspot.com/2009/05/medos-preservacao-e-modernidade.html/, que me inspirou o seguinte comentário em 31/05/2009:


Sentir medo dos extremos, e das mesmas coisas que se apresentam com muitas possibilidades...

O medo da escolha, ou o medo do arrependimento? O que nos mete mais medo??

Eu temo pelo destemido, que cairá pela ausência de prudência.


"A verdadeira coragem não é sentir medo,
mas de ousar enfrentar e encarar seus próprios medos."


Mesdre, inspirado no famoso Anônimo

Por que os medos dos outros... estes não nos mete medo!

"Medo...
me dá vontade
de ficar à vontade.
sem medo = sem me dó = sem dó de mim."


Mesdre

"Ter medo...
Até os mais valorosos valentes temem!
A insegurança é uma constância.
O que os torna admiráveis é que eles não o demonstram
e a maioria acredita que eles sabem o que fazem.
Mas no fundo, somos todos iguais.
Então por que não ser como eles?
Enfrentar o medo, de frente e adiante."


Mesdre

"Não tenha medo de ter medo!
Não teima: não tema! Eis o tema."


Mesdre



Pergunta:

Quem disse: "o Medo e o Pânico são meus irmãos" ?


Resposta:

Na astronomia, os satélites que orbitam o planeta Marte receberam os nomes de Fobos e Deimos.

Na mitologia greco-romana, os deuses Ares e Afrodite (para os gregos, ou Marte e Vênus, para os romanos), tiveram como filhos os gêmeos Fobos (= Medo ou Fobia) e Deimos (= Pânico ou Terror), e também Harmonia, deusa da harmonia e da concórdia.

É interessante como se revela a sabedoria grega na retratação da psicologia comportamental humana:
a harmonia se colocando entre o pânico e o medo, todos derivados ou frutos do amor e da guerra...




Pense:

TE_MOR = MOR_TE
TEr aMOR = arTE MOR

A MaiOR diferença é o AR que se respira?

Amai com arte e sorte!


domingo, 2 de maio de 2010

RAP Guarani


Eis um exemplo de um efeito da Globalização ATEMPORAL, ou seja, uma mistura de estilos musicais, idiomas e etnias, e 500 anos de história.

Alguns integrantes do povo indígena KAIOWÁ, do município de Dourados no Estado de Mato Grosso do Sul, gravou um RAP, ritmo musical originário dos negros suburbanos dos Estados Unidos, cantando predominantemente em GUARANI, língua nativa falada por eles, mas também misturando palavras, expressões e frases em inglês e em português.

Um resultado no mínimo, interessante, sob vários aspectos cultural e político.

Para conferir, ouça a gravação e leia mais detalhes no blog COLETIVO:

O Rap como instrumento de luta dos povos indígenas


Moral da história:
Melhor R.A.P. (="Rhythm And Poetry", ritmo e poesia)
do que R.I.P. (="Rest in Peace", descansem em paz)

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