abismo
cheguei à conclusão de que este espaço me faz bem e de que a escrita solitária me faz melhor ainda, porque embora não sobreviva dela, é dela que me alimento para dias como este, em que me sinto um peixe morrendo pelas guelras. e arrancar da asfixia algo que valha a pena é exercício árduo de respiração.
foi assim, o sonho, dia desses:
eu caminhava sozinha. à frente o caminho se bifurcava. esse ou aquele? ou o que ficou para trás? retornar sempre se assemelhou à batida insistente de uma tecla aleijada. de maneira que segui em frente, sem eleger caminhos, deixando-me levar por um fio de crença: adiante, talvez, a luz. segure mais essa, mariza, adiante o que há é precipício. segurei e foi na beira. as mãos doloridas. os pés dançando no ar. segure mais, mariza, o fosso é profundo. agora, a escolha é outra. acima ou abaixo? o voo, a falta de ar. o passado é uma teta estéril. o presente é este. a dádiva graciosa de poder soltar as mãos. e o futuro é um segredo que, talvez, eu não queira desvendar.
mariza lourenço
[imagem de ©moshitrip]
6 comentários:
um sonho, sonho
8:42 AMbj
Mais interessante que seu sonho, eu achei, foi estar lendo nas primeiras frases suas o que eu estava pensando.
2:21 PMbárbaro! erre.
4:35 PMPor mais que se tente, a análise do exercício da escrita ficará sempre incompleto...
11:56 AMBj
Oi, Mariza: aparecendo por aqui pra olhar suas novidades. Trabalhando muito, hein? Dê o ar de sua graça... Sinto saudades de tempos idos e não vindos...
11:35 AMUm beijão e seja muito feliz!
Bené Chaves
Adorei o poema e o blog!
5:40 PMseja bem-vindo, bem-vinda.
será um prazer ler e responder seu comentário, no entanto, optei por não aceitar comentários anônimos, ofensivos ou que, de alguma maneira, possam constranger aqueles que gentilmente se dispõem a me visitar.
grata,
mariza lourenço