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Crónicas de Maledicência - Confusões da Minha Cabeça


Crónicas de Maledicência - Confusões da Minha Cabeça


Este fim de semana baralhou-me um bocadinho. Eu bem sei que a idade vai deixando marcas, mas, ainda assim, gostava de acreditar que não estou a envelhecer para parvo. Há notícias que assustam porque não são notícia, há notícias que assustam porque não se percebe porque é que são notícia e há notícias que assustam por serem notícias. Confusos? Não fiquem que eu explico tudinho em três pinceladas.

Sem Cobertura!
No início do fim de semana apareceu uma notícia que se eclipsou com a mesma velocidade com que veio. Ao que parece, em agosto, ainda durante o mês de agosto, o desemprego efetivo aumentou. Não vou discutir políticas, nem atirar culpas. Há muito por aí quem faça isso e todos sabemos, mais ou menos, como é que chegamos aqui. Preocupam-me os milhares de jovens e famílias sem trabalho e espantou-me não ter havido uma cobertura séria e ampla do facto. Ficou, assim, à margem do ordenado do Ronaldo.

Com Cobertura!
Quem teve mais cobertura do que um bolo de chocolate foi o ordenado do Cristiano Ronaldo. Em primeira análise, eu acho que não tenho nada a ver com isso. Se lho pagam, isso é lá com ele e com quem lho paga. Já estranho que quem lho paga esteja tão endividado e, mesmo assim, consiga pagar, a UM só jogador, VINTE MILHÕES DE EUROS NUM ANO. Por outro lado, pergunto-me que raio de sociedade é esta em que um entertainer ganha num dia o que um médico ganha num mês, ganha num ano o que nenhum advogado, enfermeiro, professor, arquiteto, bombeiro, ganha numa vida?! Será que a pertinência social da profissão dele justifica a diferença? Mas há mais: eu bem sei que a lei não permite uma cobertura ampla das autárquicas, mas era mesmo preciso abrir jornais e despender tantos minutos, invadir-nos tão frequentemente com o ordenado de um homem só? Estes critérios editoriais deixam-me... confuso!

Claro que vai haver guerra!
O facto de ir haver, ou não, guerra, não é social, não é humano, não tem a ver com a defesa de coisíssima nenhuma nem com a proteção de quem quer que seja. Tem a ver com petróleos, gasodutos, escoamento de armas e fornecimento de munições. É, portanto, negócio. Não olhem para o sorriso de Obama! Ele não manda nada! Reparem, como não é possível atacar a Síria porque o Secretário de Estado americano estragou o negócio com aquela patacoada do "Se entregar as armas químicas todas, não haverá guerra!" e o tipo da Síria disponibilizou-se a entregar porque o Putin o aconselhou porque precisa do gasoduto, o amigo do mundo, Barack Tio Sam Obama, veio, muito sorrateiramente, dizer que ameaça muito pior do que a Síria era o Irão! Percebem? Claro que vai haver guerra! A guerra faz falta ao negócio, é boa para o negócio. O irónico é que, depois, nós, os inocentes, digladiamo-nos com questões de ideologia, cultura, valores e princípios... Mais uma confusão, vulgo, palhaçada, em que embarcamos desnecessariamente.

Ou seja, estamos entregues aos sorrisos da bicharada. Os desempregados portugueses, que existem, não interessam para nada. O CR7, que é só um, teve cobertura de milhões para outros milhões verem e o Obama anunciou ao mundo que ia anunciar ao mundo, e em breve, o anúncio de mais um fatídico inimigo a abater... E vai daí, a cotação da bolsa em Nova Iorque subiu de imediato. Em flecha!

Tenho Dito
jpv

Crónicas de Maledicência - As Cartas Estão na Moda


Crónicas de Maledicência - As Cartas Estão na Moda

Pode um homem esforçar-se o que quiser, aplicar-se e trabalhar tudo o que quiser que, a verdade, verdadinha, é que quem pode, pode, quem não pode, arreia.

Tentamos motivar os alunos para o discurso epistolográfico de primeira pessoa, escolhemos cartas interessantes como exemplo, mostramos powerpoints, fazemos discursos entusiastas e... nada... nem um piscar de olhos... Dizemos aos pais para comunicarem connosco, que, ao menos, assinem a caderneta e mandem um recadinho por lá a dizer se receberam certa informação e... nada... nem um piscar de olhos. Ninguém quer saber de cartas para nada.

Até ao momento em que dois senhores, por motivos diferentes, em países diferentes, se põem a escrever uma carta, mais ou menos esperada e, até, em certos aspetos, mais ou menos óbvia, e o que é que acontece? Telejornais e comentadores até às duas da manhã, primeiras páginas, internet atulhada de referências. E eram estas cartas especiais? Quer dizer, ser, eram. Todas o são, caso contrário, quem as escreveu não se tinha dado ao trabalho. Mas também não é como se revelassem algo que já não soubéssemos todos!

A carta/comunicado que Snowden escreveu ao Presidente Obama é tão óbvia que o próprio nem reagiu. Então ele revela ao mundo e acusa o Presidente de andar a espiar a Europa? E o que é que isso tem de novo? Quem é que não sabia ainda? Se é por causa destas revelações que os americanos andam a ver se deitam a mão ao Snowden, então deixem-no em paz que o tipo é uma autêntica fraude, não tem mesmo nada de novo para revelar. Em todo o caso, a sua carta/comunicado teve uma virtude reveladora. Acabou de vez com a guerra fria! Ah pois é! Foi ontem que se enterrou o fantasma da guerra fria. Eu, que vivi o auge das ameaças nucleares e as tensões e as competições e as ameaças de boicotar Jogos Olímpicos, ouvi ontem, com estes dois que a terra há de comer, o Presidente da Rússia a chamar amigos ao americanos! Ele referia-se a Snowden e dizia, "Pode cá ficar se parar com estas brincadeiras e deixar de se armar em engraçadinho, caso contrário, procure outro país porque nós respeitaremos os nossos amigos americanos" Eh pá, iam-me vindo as lágrimas aos olhos...

Por falar em cartas, Vítor Gaspar, pouco dado a narrativas, homem mais dedicado aos gráficos e ao Excel, deixou-se de numerologias, mudou de software, atirou-se ao processador de texto e escreveu uma carta. Tal como a de Snowden, também ela tinha informação óbvia. Gaspar diz que se enganou. Pois, andam a dizer-lhe isso há muito tempo. Gaspar diz, por outras palavras, que não tinha o apoio do Governo. Pois, já o tínhamos visto muito sozinho, as bases dos partidos da coligação a desautorizá-lo, enfim, nada de novo. Gaspar diz a Passos Coelho que está na hora de investir. Anda tudo o que é analista, economista, politólogo e cidadão comum a dizer a mesma coisa há meses, anos, até. Então, porque é que a carta ocupou tanto tempo de antena? Básico, simples e justificadíssimo motivo: a carta de Vítor Gaspar faz emergir Maria Luís Albuquerque! O leitor não sabe quem é mas vai descobrir já na próxima declaração de IRS! É uma espécie de Vítor Gaspar, mas sem olheiras e de saias! Era o braço direito do próprio! E é isso que me intriga. Se o braço esquerdo não servia, porque serve o direito? Mas, enfim, nada de juízos precipitados. Dê-se, por agora, o benefício da dúvida, a ver se os tipos da Troika nos dão o benefício da dívida! E deixemos trabalhar a Senhora Ministra que a espera tarefa ciclópica.

Posto isto, esperemos ávidos pelas próximas cartas. É que pelo andar da carruagem, cheira-me a ter pegado moda.

Com a mais elevada estima e consideração,

Maputo, tantos do tantos

João Paulo Videira

Crónicas de Maledicência - O Efeito Snowden


Crónicas de Maledicência - O Efeito Snowden

Edward Snowden, até há pouco tempo técnico da CIA, nos EUA, onde é que havia de ser(?), acaba de garantir um fundo de pensão de reforma invejável. Se bem conheço os costumes da terra do Tio Sam, é deixar passar quinze anos sobre o sucedido e far-se-á fantástica produção cinematográfica com o George Clooney, na altura aí com setenta anos, a fazer de espião de vinte e nove e o senhor receberá a batelada da sua vida em direitos. Isto, fora o livro que vai escrever e terá a palavra verdade no título.

O caso teria pouco para contar não fossem as declarações de ontem de Barack Obama. No seu meio profissional, chegou ao conhecimento do jovem espião um programa que a NSA, Agência de Segurança Nacional, estava a desenvolver de monitorização de chamadas telefónicas e navegação pela Internet. Segundo Snowden as chamadas e a navegação das pessoas eram monitorizadas com e sem razão e também porque sim ou porque apetecia ao polícia de plantão. E, debatendo-se com problemas de consciência, o jovem espião entregou tudo a dois jornais e desatou a cavanir para a China. Boa mudança, digo eu, uma vez que é sabido que, na China, nem um sussurro se pode dar que não seja monitorizado sendo público que toda a net e todas as comunicações são vigiadas pelo Tio Shin (fui eu que inventei...)

Ora, uma fuga deste tipo é grave. Fica-se a saber que a CIA recruta agentes com consciência o que é prática pouco avisada e de profissionalismo duvidoso. Fica-se a saber que um tipo não pode fazer uma falcatruazita, contrabandear umas armas, ter umas amantes, encomendar uns axixes por sms, que aparece logo um coscuvilheiro queixinhas a quem foi dado um crachá a dizer "CIA" e denuncia estas miudezas da Humanidade. Enfim, a tradição já não é o que era. É a mania das tecnologias...

O Presidente Obama tinha de sair desta trapalhada, e o que é que ele escolheu dizer perante uma imensa lista de chamadas efetivamente escutadas e computadores cuja navegação foi efetivamente espreitada? 

"Ninguém está a ouvir os vossos telefonemas." 

Como ingrediente supremo, juntou à frase o ar mais comprometido que alguém pode ter. E pronto, julgou que arrumou o caso. Mas estes tipos acham mesmo que nos fazem de parvos e depois nos convencem que não nos fizeram de parvos?

Enfim, lá terminou o discurso dizendo que "Não podemos ter 100% de segurança tendo, ao mesmo tempo, 100% de privacidade", ou seja, por outras palavras, desdisse o que havia dito... a linguagem pode ser marota...

E é neste mundo que vivemos. De presidentes pouco seguros de si, de agências secretas pouco secretas, de espiões com 29 anos, de privacidade devassada de forma abusiva, de máscaras, de mentiras, de jogos... E é exatamente isso que me preocupa. A fragilidade dos nossos sistemas por via da fragilidade da nossa própria essência vendida a pataco no mercado do conforto.
Tenho dito!
jpv
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E ainda... o tipo que diz as verdades mas ninguém lhe liga nenhuma:

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