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Crónicas de Maledicência - Natal é Quando o Maduro Quer!


Crónicas de Maledicência - Natal é Quando o Maduro Quer! 

A Frase "Não há nada como um cântico de Natal" pode ser imaginada em muitos contextos, alguns deles até bem esquisitos por via da intimidade que podem sugerir, contudo, o que não parecia viável, nem mesmo verosímil, aconteceu: o Presidente da Venezuela proferiu esta frase num inflamado discurso à Nação referindo o poder de um cântico de Natal para superar a crise e alegrar os venezuelanos. Vai daí, sem mais delongas e pela autoridade nele investida, e deve ter sido uma grande investida, Maduro, que de verde não tem nada, relembre-se que o seu mentor é o beatificado(!) Hugo Chávez, antecipou o Natal venezuelano para novembro.

Assim, feitas as contas às consequências, desde o ano 354, ou lá o que é, nem sequer importa muito, que Cristo nasce em dezembro, data convencionada, é certo. Não deixa de ser interessante que este ano Cristo nasça em dezembro no mundo inteiro, menos na Venezuela, onde, por essa altura, já leva uma semana de amamentação ao peito de Maria.

Se Maduro pode? Claro que pode! Tanto que pode, que fez! De resto, Maduro, ainda há dias mostrou aos venezuelanos uma imagem de uma aparição de Hugo Chávez a partir do Além. E não. Mais uma vez, não estou a brincar! Maduro veio à televisão discursar aos venezuelanos e mostrou a imagem que captou da aparição de El Comandante!

Eu penso que ninguém tem nada a ver com quando é o Natal na Venezuela! Na Venezuela o Natal é quando o Maduro quer e, diga-se de passagem, é uma postura bem mais clara e assumida do que a nossa, a dos portugueses, que têm a mania de que "Natal é quando um homem quiser". Porquê um homem e não uma mulher? Qual homem? Qual a intenção? E quando é que o tal misterioso homem vai querer? Eu sempre disse que isto dos cantores de intervenção só serve é para baralhar as pessoas ou pô-las a pensar ou lá que raio é que eles fazem que estraga a democracia toda! Para mim, por mais alucinado que pareça o caso venezuelano, a verdade é que se sabe quem quer, quando quer e como quer o Natal. Também, o que é estavam à espera de um presidente que passa revista às tropas em fato de treino?!

Como MPMI também faz serviço público, desde já alertamos para o facto de só faltarem quinze dias para abrir os presentinhos, logo, toca a correr às lojas e a esvaziar essas pródigas carteiras!

Alegrem-se! Lembrem-se do que diz a voz na terra de Hugo Chávez: "Não há nada como um cântico de Natal"


Tenho dito
jpv

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Crónicas de África - Natal


Crónicas de África - Natal

Vilankulo, 22 de dezembro de 2012

Não há!
Não vale a pena estarmos com eufemismos nem rodeios, tal como se vive na Europa, aqui não há Natal.

É evidente que em cada lar cristão há Natal. Reunimos a família possível, invocamos a época com os símbolos do costume, o presépio, a árvore de Natal, o Pai Natal, as luzinhas a piscar. Mas isso é em nossas casas.

Do ponto de vista do quotidiano social, não há Natal por estas paragens e percebe-se porquê. As temperaturas são de trinta graus e mais, o ar é quente e húmido, as pessoas andam em chinelos, calções e t-shirt e metade da população portuguesa em Maputo voou para Portugal. A outra metade desandou para as praias. Não há iluminações de rua alusivas, nem Pais-Natal cintilantes, aliás, há um à porta da Socimpex, que é um armazém de bebidas na 24 de Julho. Não se ouve o ginglobel nas ruas, nem nas lojas, nem nos supermercados. Continuam a bombar os sons de Verão. Os funanás do momento. Os supermercados venderam uns enfeites e quatro tamanhos da mesma árvore natalícia, mesmo ali ao lado dos produtos para campismo, praia e lazer que saíram da prateleira e deixaram a rena triste e abandonada ao pé dos outros todos.


A comunidade cristã é vasta, mas a mescla cultural é tão ampla e está de tal forma impregnada no quotidiano moçambicano que a celebração do nascimento do Filho do Senhor se faz mais em casa de cada um e no coração de cada um do que pela profusão de símbolos invocativos pelas ruas. De resto, em Moçambique, o dia 25 de dezembro é feriado porque é o Dia da Família e não por uma relação direta com o Natal.


Aqui, em Vilankulo, a única árvore de Natal que vi até ao momento, foi uma pequenina que está na receção do lodge.


Por exemplo, eu estou sentado numa cadeira de recosto no alpendre de uma cabana de madeira e palafita, à minha frente o sol brilha e o mar reflete mil azuis, há barcos a dançar ao sabor das ondas e pessoas a banharem-se em roupas diminutas. A música é a das ondas pequeninas e da vegetação sacudida pela brisa. Como pode acordar-se o Natal na minha mente senão por um esforço propositado e consciente?


Quando estava em Portugal, costumava dizer, como toda a gente, que o Natal é quando um homem quiser e onde ele quiser e o que interessa é o espírito... eu continuo a achar isso, mas lá que o enquadramento faz falta, disso não haja dúvidas.


Em todo o caso, nem este blogue nem o seu autor deixam de desejar a todos os amigos e leitores, independentemente da nacionalidade, condição, credo, e quaisquer outras semelhanças ou diferenças que marquem a nossa humanidade, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!

jpv

FELIZ NATAL

Aqui se interrompe a narração de "Estórias ao Acaso: Noite Fria" para desejar a todos os leitores e frequentadores de "Mails para a minha Irmã" um santo e feliz Natal na companhia de amigos e familiares. Aproveito para agradecer todas as mensagens de motivação e incentivo.

Que a Amizade perdure.


"Noite Fria" segue dentro de momentos...


João Paulo Videira

Mais luzes, menos Natal

[Dos 50 principais jornais norte-americanos, apenas cinco alinham claramente pelas posições da Administração Bush de avançar para o ataque ao Iraque, segundo uma análise conduzida pela revista Editor & Publisher (entre eles: The Wall Street Journal e The New York Post). Há ainda 11 publicações que, embora alinhando no mesmo sentido, se mostram mais cautelosas, sublinhando a importância de conseguir primeiro evidências acerca das armas de destruição maciça e uma adesão da maioria da população (ex.: Los Angeles Times, The Washington Post). O Projecto "Público na Escola" lança uma nova edição do Concurso Nacional de Jornais escolares, este ano em torno do tema "O jornal. Que futuro?". A República Popular da China decidiu bloquear o acesso ao Blogspot.com. Este site permite a criação de weblogs e, por conseguinte, a expressão individual e de grupo.

Data da primeira publicação: 31 de Janeiro de 2003]

Mais luzes, menos Natal

Olá mana,

Passámos juntos, há poucos dias, mais uma noite de Natal. Natal de trintões com cartão de contribuinte e número de identificação bancária. Longe, muito longe já, de uma noite irmã-mais-velha que hoje recordo para nós. Tu, menina de colo, poucos meses na idade e eu criança de calções curtos e joelhos esfolados à força de tanta brincadeira, de tanta aventura... Por essas alturas o Natal eram mais as pessoas e menos as coisas, onde vivíamos não chegara ainda a televisão e o menino Jesus reflectia poucas luzes mas muitas pessoas. Cantava-se, não se punha um cd! O Natal era o Avô a encher a sala com a sua voz, comandando os festejos. Era a avó a fazer bolo rei e torta de chocolate, eram os pais, as tias, os primos mais velhos e os filhos deles, uma comunhão, uma amizade, uma conversa, uma alegria sem T.V., sem hipermercados, sem papel de embrulho igual para todos. Havia sempre um familiar, em geral o primo Armando, que avistava o Pai Natal na janela da frente e a pequenada corria aos atropelos: "Onde está? Onde está?". Entretanto, alguém completava a teia da ingenuidade e gritava dos fundos: "Estão aqui! As prendas estão aqui!" E o Pai Natal voltara a enganar-nos a todos e as prendas, poucas e maravilhosas, completavam o ciclo da dança que começara numa carta encomendada pelas tias para entregar ao senhor das barbas brancas sem ninguém saber... A concorrência, à época, ficava-se pela arte de fazer o embrulho mais perfeito, o laço mais bonito. Era um ritual que começava na escolha do papel, sempre de acordo com o presenteado, viajava pelo embrulhar distinto e dedicado de cada um dos presentes e terminava num todo: o presente ideal, matéria envolta em espírito. Lembro-me até que os mais velhos guardavam as duas coisas, o presente e o embrulho. Era como que um acto de respeito pelo desvelo com que tinham sido urdidos. Hoje, quando vejo as crianças deixarem o papel dos embrulhos caído, abandonado no chão à espera do caixote do lixo, percebo que assim seja, afinal, quem é que conhece a menina contratada por trinta dias numa superfície comercial para substituir o desvelo de quem não tem tempo para ele e que traz ao peito um cartãozinho que diz "Vanessa Martins - operadora - um sorriso para si"? Pois, o sorriso é só um e si somos tantos!

Lembro-me, mana, da individualidade que um presente representava, lembro-me de como uma prenda era especial, lembro-me, até, de o Natal ser tão mais curto no tempo e tão mais intenso no sentir. O problema é que o Natal já não começa quando devia... já não é quando um homem quiser. Agora, começa logo ali a seguir ao Verão porque os fluxos comerciais assim o exigem. Já viste a miséria de vida que não teríamos se, regressados da praia, das campanhas de Verão em que se vendem automóveis e computadores às postas, o mundo estagnasse para pensarmos uns nos outros?! Já viste a desgraça que não seriam os nossos serões se, entre Setembro e Dezembro, não se vendessem os mesmos automóveis e os mesmos computadores pelo mesmo preço mas muito mais em conta numa campanha televisiva de Natal?! Já viste que infelizes seríamos se não comprássemos todos os mesmos presentes, nos mesmos sítios, com os mesmos embrulhos, para baralharmos, partirmos e darmos de novo?!
Recordo também que no tempo em que o tempo corria mais devagar, o Natal tinha menos luzes mas quando chegava trazia uma aura de magia e mistério que nos fazia exultar e respeitar ao mesmo tempo. Na altura, havia palavras que eu percebia pouco mas ouvia muito e, quando as ouvia, sentia-as fortes nas pessoas, ecoavam pesadas: Amizade... Fraternidade... Piedade... Espírito Natalício. Hoje percebo-as bem mas ouço-as tão pouco! Aqui há dias até reparei que agora já nem é preciso praticar a Fraternidade, nem sequer é preciso sair do hipermercado para se ser fraterno! Compra-se, mana, garanto-te que se compra! Eu vi! Estava escrito com umas letras pequenininhas no fundo de uma caixa que continha um perfume de essência de espinho de ouriço-do-mar, um relógio, um corta-unhas e uma maleta de plástico para pôr tudo lá dentro: "Ao adquirir este produto contribui fraternamente para a causa dos..."
Será, mana, que, ao contrário do avô, do pai e do primo Armando, andamos a ensinar aos nossos jovens que tudo se compra? Duzentos gramas de fraternidade, trinta por cento de honestidade, meio litro de espírito natalício, "Operadora à caixa central! Ó colega troque este meio litro de espírito natalício por um que traga código de barras." Espero, mana, saber parar. Que se consuma, que se faça comércio, que se anuncie, mas que não se esqueça que comprar não é praticar, que não se esqueça que há coisas que se não vendem, que essas, sim, são as autênticas e que o Natal deve ser o reavivar delas todas. Como ensinou o avô, o pai, o primo Armando naquele Natal em que havia menos luzes.

Beijo,
Mano

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