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quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Je suis desolé!

Estive por estes dias no Museu das Janelas Verdes. Há por lá algumas novidades dignas de atenção e um ou outro pormenor delicioso, como o do livro de honra que se encontra à disposição dos visitantes no renovado átrio do Anexo. As opiniões expressas dividem-se quanto baste, mas não pude deixar de reparar em dois comentários de gente francesa que se queixa da falta de informação na sua língua natal (embora, em relação a cada uma das obras, esteja sempre disponível uma versão em inglês). Tem piada que do mesmo me queixo eu, de cada vez que entro em museus gauleses, mas por não encontrar nada escrito na língua de Camões (excepto, mais recentemente, um guia das colecções do Louvre). No entanto, há 210 milhões de almas que, à face da terra, falam português de seu natural, ao passo que os francófonos não chegam a atingir os 80 milhões. E os sociólogos garantem-nos que o princípio da reciprocidade está na base das boas relações sociais…

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Prosa em "mal estado"

Já agora, chamo a vossa atenção para uma publicação do Museu de Évora (ou seja, para todos os efeitos, do Ministério da Cultura), em que se verteu a seguinte pérola:

“A pintura A Negação de São Pedro encontrava-se em mal estado [sic] de conservação, estando por isso, há muitas décadas, relegada para às [sic] reservas.”

Está visto. Restauraram o quadro, mas a prosa permanece em muito mal estado, como se pode comprovar pela imagem supra. Deve ser restaurada lá para às calendas.

Esta, honra lhe seja, nem a nossa Maga. Em Évor’Acontece.

sábado, 18 de agosto de 2007

A carne assada

O caso actual da Casa do Bispo – e calhou ser o Sporting, mas poderia ser o Benfica, ou o Porto – faz lembrar estranhamente o caso já antigo da Fortaleza de Santiago. A recuperação de ambos os monumentos fica seriamente condicionada por obstáculos impostos por terceiros.

Há uma diferença, porém.

No caso da Fortaleza, Augusto lidou muito mal com um problema difícil, abandonando a firmeza dos princípios, cedendo em aspectos essenciais, ficando com muito pouco para si. Dentro de dois anos, mais palco, menos assadouro, a Fortaleza estará na mesma, por recuperar, sem Museu do Mar instalado (Augusto prometeu-o em 2006 para 2009, no máximo).

No caso da Casa do Bispo, Augusto foi bem mais longe e criou, ele mesmo, o problema. Consentiu na constituição do obstáculo e deixou que o assunto se arrastasse um ano, até o apresentar como facto consumado à vereação. Claro que os sportinguistas defenderam então os seus interesses, fosse pelo investimento avultado que já haviam feito sem qualquer título jurídico num imóvel alheio, que, por acaso, é propriedade do município!, fosse por tudo aquilo que lhes havia sido já prometido e que tomaram por certo. Por via das dúvidas, e para memória futura, resolveram entretanto deixar recados na imprensa local.
Quem detém a Fortaleza deve ter, agora, ficado radiante com o exemplo dado com o dossiê da Rua do Forno. Poderão simplesmente perguntar: porquê tanta pressa com a Fortaleza? Olhem que a despesa é grande! Vocês nem do que é vosso, mais pequeno e mais barato, querem tratar!?

Diferenças à parte, falta acrescentar que, em ambos os casos, há outras semelhanças notáveis. Não me refiro apenas ao improviso constante de um política sem rumo, de uma política gaiteira feita de espectáculo e de vazio. Refiro-me também ao cheiro da carne assada.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

E as sentinas, Augusto?

O Núcleo do Sporting de Sesimbra, agora promovido a Casa, vem dizer, no último “Jornal de Sesimbra”, que a Câmara Municipal não tem capacidade para efectuar a limpeza ou a reabilitação do logradouro da Casa do Bispo, espaço que, por deliberação camarária, está presentemente a utilizar. Mais dizem os sportinguistas que querem recuperar o investimento de dez mil euros que já ali fizeram.

Esta última afirmação dos adeptos leoninos pressupõe, naturalmente, a exploração comercial daquele espaço. Ora, ao que julgo saber, o Núcleo do Sporting ainda não é uma firma comercial. Aliás, segundo creio, o Núcleo funciona em instalações cedidas, para o efeito, pelo comerciante detentor do estabelecimento que confina com o logradouro da Casa do Bispo. Daí que eu seja levado a perguntar: a quem é que a Câmara cedeu realmente aquele espaço? Que pensarão os outros comerciantes disto? E a nova esplanada, irá pagar taxas?

Outra coisa que me enche de perplexidade é a alegada falta de meios para a limpeza do logradouro. Não deve ser verdade. Afinal, o que é a Câmara de Augusto está em condições de limpar? As praias? As ruas? Os contentores? E as sentinas, Augusto?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Plantaforma de entendimento

Não sei ao certo que bicho que lhe mordeu, mas não posso deixar de louvar publicamente o esforço infrene que a Dr.ª Felícia parece começar a desenvolver no sentido de aplacar a verrinosa veia crítica da “Magra Carta”. Já aqui verberámos, eu e o Carteiro, a realização de concertos de jazz e rock no museu da Capela do Espírito Santo. Nós somos assim, gente da velha guarda, irremediáveis botas-de-elástico, não há nada a fazer.
Mas, há minutos, por pouco não me comovi até às lágrimas, ao constatar que o Trio Índigo vai actuar na Capela, já amanhã, pelas 22h00, interpretando um repertório clássico com obras de Mozart, Beethoven, Vivaldi, Bach e Rossini. Estava prestes a deitar o primeiro foguete quando igualmente verifiquei que o alinhamento do recital contempla adaptações de temas dos Queen e dos Beatles para esta formação de violino, viola e violoncelo. Está visto: a síndrome roqueira é avassaladora e não consente melhoras. Fico apenas sem perceber se a Dr.ª Felícia tenta agora estabelecer connosco uma “plantaforma” de entendimento ou se, ao invés, procura usar a táctica do cavalo de Tróia. Pela minha parte, pode tirar o dito cavalo da chuva.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

O carro à frente do porco

Em Sesimbra, as coisas já chegaram a este ponto: a inauguração do “Páteo Verde”, no logradouro da Casa do Bispo, prevista para o passado sábado, dia 14, foi adiada. A razão é simples: Augusto sabia da pretensão do núcleo sesimbrense do Sporting há cerca de um ano, mas só se lembrou de agendar a competente autorização do executivo para a sessão camarária da quarta-feira seguinte. Pelo meio, as obras de remodelação do espaço já tinham sido feitas pelo dito núcleo. Convenhamos que é um bom exemplo para qualquer munícipe que deva cumprir regras.

Haverá quem diga que alguém pôs o carro à frente dos bois. Mentira. O que foi devolvido à procedência foi um porco, destinado à comezaina. Inteirinho, mas morto.

Entretanto, a proposta originalmente apresentada por Augusto era notável: não previa prazo para a cedência e invocava, como justificação da mesma, a impossibilidade da Câmara garantir a limpeza daquele espaço. Conseguirá Augusto garantir, ao menos, a limpeza do concelho, já que a daqueles poucos metros quadrados é duvidosa?

A impotência para a barrela acabou por ser removida do texto, mas ficámos todos a saber que a Câmara não irá tocar na Casa do Bispo até ao final do presente mandato. Augusto dixit. E ficou preto no branco. Em termos práticos, sabendo-se que nada vai avançar no Castelo nem na Fortaleza, a recuperação do património sesimbrense está irremediavelmente comprometida nos próximos anos. Mas o primeiro destino turístico da península de Setúbal é já ali, ao virar da esquina, na Rua Antero do Quental. Estamos bem entregues.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O primeiro destino

A inauguração da Casa do Bispo é já no próximo sábado, dia 14 de Julho, pelas 18 horas. A exposição inaugural, patente no agora denominado “Pátio Verde”, chama-se “Seis horas a comer”, e o ingresso custa sete euros e meio. Na cafetaria do monumento, só refeições ligeiras: uma sardinhada, o inevitável porco preto e a sobremesa a rematar. Inspirados pela tomada da Bastilha, que nesse dia se celebra lá pelas Franças, aí vamos nós, rumo ao primeiro destino turístico da península… Parabéns, Augusto!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

A vassoura da Maga é preguiçosa

De duas, uma: ou esta gente é de compreensão lenta (e muito lenta), ou só vem à luta quando a refrega já serenou, assim como quem não quer a coisa, apenas para marcar presença, tentando salvar a honra do convento. Foi o que aconteceu como uma entrada que aqui deixei na segunda-feira, intitulada “Há gente para tudo”, e que só hoje mereceu o comentário anónimo, mas não incolor, que passo a transcrever:

Projecto aprovado para a Casa do Bispo? Só se foi pelo patriarcado? Na CMS nada foi aprovado e o que consta é que existe um projecto megalómano (300 mil contos) do Cristóvão Rodrigues para meter a sede do museu na Casa do Bispo (!?). Acho bem que não se avance por aí. A sede do museu não pode ficar confinada a um espaço exíguo e de difícil acesso, que dificultaria e limitaria o funcionamento de todas as valências desejáveis para uma sede de um museu.

Agora os factos:

- Há um projecto para o Museu Municipal de Sesimbra que, no mandato 1998-2001, foi presente à Câmara Municipal, e que não mereceu então qualquer reparo de Augusto.

- Esse projecto contemplava a recuperação da Casa do Bispo, destinando-a a sede do Museu Municipal de Sesimbra. Augusto viu e concordou.

- Os custos estimados para a recuperação daquele imóvel rondam os 150 mil contos, metade da atoarda agora lançada.

- O responsável científico pelo projecto do Museu Municipal, dito “megalómano” no que respeita à Casa do Bispo, é, ainda hoje, assessor de Augusto para a Cultura, desenvolvendo a sua actividade na área da museologia. Porque não lhe deu então logo a Maga uma valente varridela com a sua temível vassoura?

- A Casa do Bispo tem inegável interesse patrimonial e está em risco de ruína, mas a única serventia que lhe vislumbram é a de uma esplanada estival.

Em Sesimbra, a voz pública repete com insistência o que já toda a gente percebeu: Augusto está muito mal acompanhado. É um problema dele. Mas faz mal. Se não debandar para outras paragens, será ele a ir a votos, não os seus acompanhantes. E já daqui a dois anos…

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Há gente para tudo

Sobre o editorial, intitulado “Preservar e valorizar o património”, que a Dr.ª Felícia assina na última “Acontece”, já muito foi dito na “Sopa de Pelim”. Mas a vereadora revela-se musa tão inspiradora que não sei como me hei-de furtar a tecer algumas considerações nesta “Magra Carta”. E não me furto.

A Dr. Felícia opina que, durante muitos anos, se criou a ideia de que os museus eram lugares para investigadores e eruditos. Hoje, diz a senhora, ultrapassou-se tal dimensão artística e elitista, para se entrar numa dimensão de cultura viva, assente na abertura dos espaços à comunidade e na criação de novos estímulos para atrair visitantes. Logo a seguir vêm os exemplos, que são dois: o Museu de Serralves e o Museu Nacional de Arte Antiga.

Manda a verdade dizer que o Museu de Serralves fica longe; e eu, pessoalmente, estou muito distante da arte contemporânea. Mas as colecções e exposições do museu portuense, que não têm qualquer paralelo com as colecções sesimbrenses, dão azo a rambóias que a Dr.ª Felícia não desdenharia. Já o Museu de Arte Antiga deveria servir de exemplo para o que (não) se faz em Sesimbra, e é isso que torna insólita a sua invocação por parte da vereadora.

Que me lembre, não consta que alguma vez uma sala das Janelas Verdes tenha sido palco de espectáculos de jazz ou de rock, como insolitamente vem acontecendo na Capela do Espírito Santo. Em que é que isto contribui para um conhecimento efectivo das colecções? Ou o Museu é uma mera sala de espectáculos? Se são estes estímulos que a Dr.ª Felícia tem em mente, mais valia chamar-lhes choques eléctricos.

No MNAA, festas animadas só uma ou duas vezes por ano, mas confinadas ao jardim, e para angariar receitas para a casa, que ainda há gente a quem custa ganhar o dinheiro, e que depois o procura gastar com parcimónia e ponderação. No mais, a programação é atraente, porém cuidada e rigorosa. Há coisas que, por natureza, são difíceis de apreender; e não podem ser banalizadas ou vulgarizadas, sob pena de ninguém ficar a ganhar com isso. Conviria, aliás, que a Dr.ª Felícia explicasse o que entende por “cultura viva”. Ao contrapô-la à “dimensão artística e elitista”, está implicitamente a desvalorizar a essência de um museu como o da Capela, e a revelar que a sua concepção de cultura tende a resumir-se ao vazio do espectáculo e à agitação permanente.

No fundo, nada disto me surpreende. O que me espanta é que a senhora tenha vindo agora falar da necessidade de preservar e valorizar o património (que fez ela nesse domínio até hoje?). Logo agora, poucos dias passados sobre a notícia da esplanada que o Núcleo do Sporting vai instalar na Casa do Bispo, monumento já com projecto aprovado para a sua recuperação, mas cuja ruína eminente não parece preocupar a nossa doutora. Há gente para tudo.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Parabéns, Augusto!

Começaram as obras na Casa do Bispo, futura sede do Museu Municipal. Por agora, apenas vai avançar o serviço de cafetaria ao ar livre, em regime de esplanada, no logradouro situado nas traseiras daquele vetusto edifício. Por beneplácito municipal, e durante alguns anos, o serviço será assegurado pelo Núcleo Sportinguista de Sesimbra, que, por acaso, está sedeado num prédio cujas traseiras confinam com as da Casa do Bispo. Parabéns, Augusto!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Os netos de Estaline

A mais recente proeza da esmerada Dr.ª Felícia vem na última “Acontece”, acabadinha de sair – chegou hoje, sem remetente nem destinatário, à minha caixa de correio, e sem que eu a tivesse pedido – e é digna de José Estaline. Consiste a façanha em ali se ter feito uma circunstanciada resenha histórica do Museu Municipal de Sesimbra, sem que a criação do Núcleo Museológico da Capela do Espírito Santo, em Dezembro de 2004, tenha merecido qualquer atenção à luminária de serviço. Estamos mesmo a ver, numa próxima sessão de Câmara, a Dr.ª Felícia, perante o olhar de soslaio do embaraçado Augusto, a fazer o pino sobre a quadratura do círculo e a jurar a pés juntos que vai ver o que é se passou, que foi certamente um lapso, um erro, uma desatenção. Assim se justifica o injustificável. Assim se omite e escamoteia, clamorosamente, e com despudor, o mais importante investimento museológico alguma vez feito – de longe, e sob todos os pontos de vista – na nossa terra. Assim a Dr.ª Felícia, que tem mostrado profunda indiferença no que diz respeito ao processo de recuperação da Casa do Bispo, se permite dar mais um salto oportuno na história recente do concelho, passando da criação do Museu do Mar, em 1983, para o regresso do Museu Arqueológico ao Castelo, em 2006. É claro que, no final do texto, a contra-gosto, e como quem não quer a coisa, para ver se ela passa despercebida com o barulho das luzes, lá se admite que o Núcleo da Capela integra o Museu Municipal. É na última linha, a tal que talvez ninguém venha a ler. Vê-se que a coisa lhes custa, mas tem de ser, pois ignorá-la absolutamente seria o mesmo que tentar fazer crer ao pagode que o sol não nasce todos os dias. Ora, como toda a gente sabe que ele se levanta manhã após manhã, resta-nos aceitar que, quando nasce, não é para todos…

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Há quem lhe chame excursões...

O Museu Municipal de Sesimbra, fiquei agora a saber, estabeleceu uma parceria com outros museus municipais do distrito, com o propósito de realizar um ciclo de visitas por vários municípios, explorando as suas riquezas patrimoniais e culturais, e no sentido de promover o conhecimento e alicerçar um sentido comum de identidade cultural. Como ideia, a coisa não me parece mal. Mas confesso que há certos pormenores que me fazem alguma espécie, ó se fazem. Com efeito, não deixa de ser notável que o Museu de Sesimbra estabeleça uma parceria com outros museus municipais, sem que – com excepção de um – o de Santiago do Cacém –, se digne sequer visitá-los. Mal se percebe que – por exemplo – a galeria de arte antiga do Convento de Jesus/Museu de Setúbal (uma das mais notáveis do país) fique por ver. Claro que não ajuda muito invadir a capital do distrito num domingo, dia em que os museus do concelho de Setúbal estão fechados, mas aqui, de duas, uma: ou se escolhia um outro dia para a visita – o sábado – ou se fazia valer a regra da excepção – afinal de contas a parceria sempre há-de servir para alguma coisa. E não nos venham dizer que o problema é de falta de tempo. Tempo é o que não vai faltar aos visitantes: só as visitas aos longínquos e remotos concelhos da Moita e do Montijo vão durar cada uma, cerca de 13 horas!!!, entre as 7h30 e as 20h00 (ou as 20h30), no auge da Primavera. Bem sei que pôr o pessoal a ver painéis quinhentistas da escola portuguesa não dá votos a ninguém, mas escusavam de embrulhar estas visitas em papel de museu. Está-se mesmo a ver o que isto vai ser. Há até quem lhe chame excursões…