Quando aqui registei a falta de credibilidade do Ministério da Cultura, nas palavras do próprio, dissertei sobre o papel de Pinto Ribeiro à frente da pasta, e apesar de ter recebido umas quantas críticas de pessoas ligadas ao sector, acertei em cheio.
Na altura, e note-se que estávamos a meio de Novembro, estava ainda em discussão pública um diploma sobre a possível alienação, ou pelo menos concessão de direitos a privados sobre edifícios públicos, mesmo os classificados. Claro que para as redacções passou uma versão mais soft, e falava-se de edifícios abandonados e em ruínas.
O Guardião, nessa altura logo, falou dos casos de Tomar, Alcobaça e Mafra, entre outros, e veja-se que um mês depois, e sem a lei ainda estar em vigor, já se fala do hotel de charme no Mosteiro de Alcobaça. Podem perguntar-me se sou a favor ou contra, mas nem isso é relevante.
Que eu saiba, o senhor ministro da Cultura, ainda não é conhecedor de nenhum plano para se fazer um hotel de charme no Mosteiro de Alcobaça. Seria estranho porque a lei não está sequer em vigor, depois penso que irá abrir um concurso público internacional, com regras claras, que prevejam a manutenção do usufruto do monumento pelos portugueses, e respeitem a arquitectura que a UNESCO já distinguiu.
Ou então, como eu, já viu por aí uns esboços interessantes, o de Tomar então é um delírio, que uns quantos se têm entretido a fazer, e que originaram certamente esta notícia da SIC, onde não é citada nenhuma fonte oficial. O charme não virá evidentemente da venda a pataco do Património Nacional, e é por isso que estranho o silêncio do senhor ministro.