O que mais atraiu a minha atenção para o artigo, foi evidentemente o título “A morte faz-nos tão bem”. Talvez seja um cabeçalho algo estranho em Portugal, e para portugueses, mas estará de acordo com o pensamento do escritor.
Este autor afasta-se claramente das teorias de Freud, e curiosamente volta muito atrás, bebendo de algum modo um pouco do Epicurismo. Enquanto Freud justificava muitas psicopatologias como resultado da repressão sexual dos indivíduos, Epicuro dizia que o homem para ser feliz necessitava de três coisas: Liberdade, Amizade e Tempo para meditar.
Recordo que o Epicurismo na opinião da Igreja foi considerado uma heresia, pois considerando todas as coisas materiais, negava a existência da alma e da vida após a morte. Não será exactamente assim, já que Epicuro recomendava gozar os bens materiais e espirituais com ponderação e medida, de forma a se perceber o que neles há de melhor.
Talvez poucos associem esta filosofia ou corrente de pensamento (epicurismo) ao que é “sugerido implicitamente” por alguns psiquiatras a doentes terminais, mas é muito comum tentar-se uma abordagem deste tipo, aconselhando a olhar a morte de frente de modo a recentrar a vida num plano mais rico.
Uma das frases destacadas no texto da revista, e atribuída a Irvin Yalom, é bastante sugestiva, ”Olhar de frente a nossa própria morte é transformador e dissipa o medo. Embora a morte física nos destrua, a ideia de morte salva-nos.”