22 novembro 2011

Mais um!...

Mais um!
Mais um ano findou e outro logo se iniciou, no movimento perpétuo da vida, comparável às marés e às luas que, indiferentes a tudo em redor, mantêm inalteradas as suas rotinas seculares.
Um ano que trouxe de tudo um pouco, desde a maior das felicidades até ao mais profundo desespero...e, lentamente, o recomeço...a subida, a princípio demasiado penosa, dos degraus da escada da existência.
Dizem que o que não nos mata nos torna mais fortes... Mais fortes,... talvez, mas também mais intolerantes, mais exigentes, mais duros. Quase nos rouba a inocência do sorriso infantil que ainda guardávamos cá dentro e aquela esperança inabalável que tudo, um dia, será como deve ser.
Hoje a data teve [tem] o seu significado quase completo, tal como todas as datas sempre deveriam ter para serem dignas de serem comemoradas. Estive [estou] rodeada de quem realmente importa, família e amigos chegados que, de uma forma ou de outra, fizeram questão de estar presentes. Estou novamente de "Pé"...[ou quase].
Já quis ser muitas coisas, oásis, raio de sol, farol, ... mas durante este ano descobri que o oásis não elimina o deserto, que não há raio de sol que aqueça quando o frio interior nos invade e que a luz do farol só é vista quando para ela se quer olhar. Portanto decidi que, agora, sou e serei apenas EU, inteira, completa, com vitórias, derrotas, defeitos e qualidades, apenas Eu, Profundamente.

17 outubro 2011

Sim, Esta Eu Quero Ser!!!

Já consigo...


Já consigo não chorar! Pelo menos isso... O que é uma melhoria considerável se pensar em ocasiões anteriores...
Já consigo fingir dureza e alguma indiferença, já consigo "ser social". Sim, já consigo!
Mas será que a vida está destinada a ser assim? Será que apenas deve ser um constante evitar as lágrimas e ir tentando acordar todos os dias de manhã... como se isso fosse um feito notável?! Será que a vida deverá ser assim, apenas um "ser social" e esconder o que vai na alma, no fundo, no peito?! Será que a vida deve ser assim, apenas um interminável contar de horas entre o acordar e o adormecer?!...
Onde está o sol??? ...E as gargalhadas sonoras que me saiam de dentro e se soltavam, fortes, livres, vivas?!
Onde estão os olhos, vivos, alegres que olhavam o mundo e lhe davam outras cores?!
Onde está a vontade?! Sim, a vontade, a força, o crer... Tudo o que dava vontade de mexer assim que o sol raiava ou a chuva caía...que importava isso ...se o resto existia?!
Onde estou eu, pergunto-me, onde estou eu?...

04 outubro 2011

Estou a voltar!...



Pleno Outubro e a praia convida-nos como não o fez durante quase todo o verão.
O mar, límpido e sereno, solta-nos a alma e chama-nos a espraiarmo-nos pelos nossos sonhos, de coração aberto e espírito disposto à descoberta.
Este infinito azul mar-e-céu toca-me sempre fundo e relembra-me que estou viva, que tenho de Estar Viva! É um dever inerente ao simples facto de Existir!
E, apesar das desilusões profundas, do desacreditar magoado, da tristeza cortante, dos medos que se vão enraizando...eu quero continuar a Crer, quero continuar a sorrir, quero ser capaz de Viver!
Finalmente iniciei o meu processo de reinício e me volto a sentir EU!

01 outubro 2011

Laranja-Sol


Uma tarde que se iniciou ansiosa dos primeiros passos, facilmente quebrados por entre palavras e o tinir dos cubos gelados nos copos altos. Porque será que guardamos em nós tantos receios?! ...
Timidamente roçam-se as peles, as mãos... os corpos. Mesmo sem música, dança-se com harmonia na descoberta de outros passos e outros volteios quando nos permitimos descobrir que, afinal, não estamos sós. Em inocentes brincadeiras, deixamo-nos viver nas gotas suadas dos anos e dos cansaços.
As últimas cores quentes ainda iluminam esta planície de serenidade, quando o céu espelha este laranja-sol outonal. Horas pacíficas, aconchegantes... onde me quero perder para me reencontrar, em palavras e actos, em alma e gente, em sentir e ser.
Passeios, pela paisagem e por nós próprios, levam a descobertas de vizinhanças ocultas que tendem à aproximação. Recordações, infâncias, momentos gravados fundo que, perenes, se retêm no baú das memórias doces e queridas e vão contribuindo para a construção de um novo presente. Um Presente-presente, oferta a que nos damos direito pelo simples facto de estarmos vivos.
Descobrem-se as barreiras que construímos, pintadas de timidez e da falsa segurança que encobre todos os medos. O livro vai-se deixando abrir e vamos lendo, letra a letra, novas páginas da vida...
Cai por fim a noite e com ela a intimidade de espaços menos iluminados que conduzem a uma maior quebra de distâncias  e pedem que simplesmente nos abandonemos a nós, esquecendo os temores e os fantasmas... E no final um "Até Breve!" que se anuncia desejado... 

Indubitavelmente....Pessoa

Na Faina...


















E quando, no fim, se olham as redes e covos vazios.... perguntam-se:
- Para quê tanta labuta?....

29 setembro 2011

Pensamentos...de Outro Outono

[Apenas e só...mais uma hora.
...somada a tantas outras.
Esta vida é feita de 90% de espera e 10% de Ser.]

[Nesta permanente inquietação, encharco-me de ansiedade.

[Consegue haver mais intimidade no meio da multidão do que na quietude de quatro paredes.]

[Sem intimidade, perdi o meu lugar de actriz.
Agora sento-me na plateia, vendo e ouvindo...
E só à hora marcada...]

[Se percebêssemos, no início, a inutilidade da nossa vida, pediríamos para adormecer logo no começo e só acordarmos para assistir ao desfecho final.]

[Por norma acredito no que (te) ouço.
Mas quantas vezes os actos me fazem duvidar...]

[Toda a soberba segurança que em tempos já exibi se foi.
Ficou este desiquilíbrio que dificilmente me permite dar três passos seguidos em cima da corda bamba que sinto debaixo dos pés.]

[Agora só. Em forma e em número.
Passeio a minha carcaça por este espaço vazio.
Que resta?...]

[Quantas vezes somos nós que secamos a fonte que repetidamente nos matou a sede!
Que ingratidão!...]

27 setembro 2011

Uma difusa faixa de um feio tom terroso atrapalha a limpidez da linha onde céu e mar se juntam mostrando-nos que nada tem um limite definido e tudo se pode prolongar para além do espaço e do tempo.
A ausência de contornos e o tom pardacento assemelham-na ao meu próprio horizonte onde a ausência de uma luminosidade clara transmite uma presença sem rumo.
Ao mar me entrego e nele me esvazio, pedindo-lhe que arraste nas ondas as mágoas, as angústias... pedindo-lhe que deixe mais leve o meu coração...

21 setembro 2011

Temporariamente Indisponível...



"Temporariamente Indisponível...",
será que sou eu que já não sei português ou há pessoas que insistem em não querer perceber português?!
Será que esta frase é diícil de entender?!...especialmente quando seguida de "por tempo indeterminado"...?
Para qualquer pessoa, digo eu, estas duas expressões, especialmente quando juntas, significam, no mínimo, uma longa e fastidiosa espera, face ao que só há duas opções, esperar calmamente ou simplesmente procurar o que se pretende noutro sítio qualquer.
Mas parece que não é assim. Parece que para algumas pessoas estas palavras querem simplesmente dizer que todos os dias e a toda a hora se tem que perguntar "demora muito?", "já está disponível?"...ou qualquer outra coisa assim.
Acho que vou colocar uma tabuleta de "Fechado para balanço"!
Ou, melhor ainda, "Falência - encerramento definitivo" (não fraudulenta, claro). Aliás, com algumas secções do stock em ruptura completa e outras quase a lá chegar, seria a aitude mais acertada a tomar...
Para além disto, digam-me, se souberem: consegue-se dar oportunidades ao que não existe? ... especialmente no que diz respeito a sentimentos?!...
Pois, a mim também me parece que não. Não se trata de uma demonstração de capacidades de trabalho ou da segunda época de exames em que se tem outra oportunidade para mostrar o que sabemos.
Sentimentos, ou nascem...ou não nascem. Se nascem, aí sim podemos cultivá-los, alimentá-los, ajudá-los a crescer... ou simplesmente ignorá-los, colocá-los de lado e tentar que morram.
Mas quando não nascem, ...nada a fazer, simplesmente não se podem "obrigar a nascer"...
Enfim, questões que vão surgindo num dia a dia simples e monótono de qualquer um...

17 setembro 2011

Deve Ser Karma...


Se há dias em que sinto o peso do mundo em cima dos meus ombros, este é um deles.
Perseguem-me imagens, palavras, instantes...onde quer que eu vá, faça o que fizer.
Invadem-me as noites que transformam em pesadelos de saudade, vestem-me os dias de tecidos de amargura, desconfiança, incredulidade.
Deve ser karma... Dizem que há vidas em que se pagam os erros de outras vidas. Eu devo estar a pagá-los todos de uma só vez.
Ou talvez não, talvez sejam apenas os males desta vida a cobrar juros, bem altos por sinal, e a levarem-me à penúria de sentir.
Se, por um lado, me apetece fechar os olhos de dentro e deixar-me ir na futilidade do tempo, por outro, a força da consciência acrescenta toneladas à culpa que, sem saber de onde vem, quase me atira ao chão...

05 setembro 2011

Puzzle da Vida





A vida parece um carrossel gigante,
montanha russa onde um carro descarrilou
partindo-se em mil pedaços
quando no chão se estatelou.

Pedaços que voam ao vento e se perdem dispersos
como peças de um puzzle onde não se fazem versos.

Depois oferece-nos pedaços de volta
retalhos que não sabemos encaixar
neste puzzle imenso onde nem sempre temos lugar,
neste interminável jogo que nos faz jogar.

De repente eleva-nos nos ares
numa dança de graça e beleza para nos reconquistar.

Quere-nos de volta na brincadeira
não importa de que maneira
Empurra-nos para o meio do turbilhão
...quando apenas queremos ficar fora da multidão.

Também se compadece, às vezes,
e nos traz dias de sol com raios de luar...
onde espraiamos os nossos sentidos sem medo de caminhar
onde temos paz e nos apetece aconchegar...


30 agosto 2011

Texturas de Verão

Amena tarde ainda soalheira neste rescaldo de um Verão que parece nos ir deixar...
As horas correram nos passos das palavras docemente molhadas e logo chegou a hora do sol se querer esconder. Junto ao mar a brisa levantava pequenos salpicos de espuma que impedia o espelho entre mar e céu, mas os reflexos difusos e encantadores lá estavam para melhorar ainda mais as texturas que envolviam quem por ali passeava.
Os passos ficavam brevemente marcados no areal para logo desaparecerem levados pelo mar e a vista estendia-se até ao horizonte, nestas horas quentes e pacíficas.
E as horas estenderam-se já depois do sol se por... regadas por conversas calmas e copos fresquinhos, enquanto se aconchegava o estômago com petiscos apetecidos, numa perfeita descontracção.
Ambiente aconchegante... ou, talvez, pessoas aconchegantes... que aquecem a alma e afugentam os fantasmas que se escondem atrás da porta...

26 agosto 2011

Quem Sabe...


É vulgar dizer-se que, quando a vida nos fecha uma porta, logo abre uma janela...
É possível que sim, não sei. Mas sei que, quando se leva com uma porta na cara e se acreditava profundamente que ela jamais se fecharia, a dor é demasiado funda e perde-se a crença na raça humana.
Quem sabe um dia... a vida consegue tratar essa ferida, cicatrizá-la, devolver-nos a confiança que nos coloca de novo de pé e nos permite continuar esta viagem misteriosa da qual jamais sabemos o fim...
...
     ... 
          ...
                ...
Talvez um dia, sim...talvez. Mas é demorada a chegada ao pleno de nós próprios, à confiança nos nossos olhos e nos nossos sentidos e, principalmente, à confiança no que sentimos.
A pele rejeita qualquer outra pele, outro cheiro parece-nos invasivo, um simples toque se sente como uma intrusão. Talvez seja assim a "travessia do deserto" de que por vezes se fala... quase se morre de fome e, mesmo sedentos, achamos que o lago em frente não passa de uma miragem. Será real ou não passará de uma ilusão?... Será que não é a mente a enganar-nos?... Ou estaremos certos e realmente não há lago algum, tudo não passa de paisagem desenhada à medida apenas para nos enganar?...
Na mente apenas existe uma realidade, uma confusão imensa e uma insegurança tal que nos apetece apenas enfiarmo-nos na concha e ficar assim, escondidos do mundo para que ninguém se aperceba que existimos...

23 agosto 2011

Desabafo



Ouçam ...de coração aberto, deixando cair as barreiras que nos escondem e as grades que nos prendem...
Meditem... Permitam que estas palavras cheguem ao mais íntimo e profundo, a tudo que guardamos a sete chaves para que ninguém veja ou sinta...
Escutem, simplesmente... e admitam o quanto esta mensagem diz respeito a todos nós e quanto dela está presente em cada instante da nossa tão célere vida...

02 agosto 2011

Até Sempre...

Meus amigos
Chega sempre a hora de se encarar a realidade de frente e de, mesmo que ela não seja a nossa, a aceitar e tentar prosseguir.
Ao fim de mais de cinco anos, chegou a hora de dizer "Até Sempre!".
Não há maior verdade do que aquela que nos é dita pelo coração e não existe forma mais sincera de viver do que fazê-lo Profundamente.
Fiquem bem e façam o favor de SER FELIZES, mesmo que haja quem vos diga que isso não passa de sonhos de adolescente.

03 fevereiro 2011

Telepatia




Telepatia, propriedade dos amantes que, mesmo ao longe, sentem no mais íntimo de si todas as dores... os sorrisos, os pensamentos, os toques ao de leve na alma numa carícia profunda...
Todo o universo de sentir, as dúvidas, os lamentos, o silêncio, o riso e o choro... as vontades adiadas, os quereres que se sustêm...
Telepatia
quando profundamente os dois se vivem indissoluvelmente ligados e a vida apenas é Vida num constante Sentirem-se.

10 janeiro 2011

Eu Sei, Mas Não Devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

( Marina Colasanti)