Passaram mais de 6 meses após o aparecimento do Síndrome de Guillain Barré, tem sido uma longa batalha, a saúde em Portugal vai mal de saúde!
Para conseguir o acompanhamento médico, tive que saltar barreiras, ultrapassar obstáculos contornar outros e exigir que fosse tratada!
Cheguei a mendigar consultas que me foram passadas com urgência, (Neurologia e Oftalmologia) meses depois ainda não tinha recebido uma data, pedi exames que deveriam ter sido feitos durante o internamento , foram feitos meses depois, para diagnosticar o meu estado de saúde.
A principal sequela que fiquei após a alta foi a paralisia facial do lado esquerdo, afectava a vista, não conseguia fechar, secava, com risco de cegueira, só um mês depois da alta fui informada pelo Fisiatra de que corria o risco de ficar cega da vista esquerda, passei a fechá-la com adesivo à noite e quando tomava duche, e a usar lágrimas artificiais mais vezes ao dia, a usar óculos de sol sempre que saía de casa. Fiz cerca de 50 sessões de Fisioterapia para estimular a face no lado esquerdo, pois não demonstrava qualquer sinal, só 3 meses depois comecei a recuperar o meu sorriso!
Tive alta dos tratamentos, foi marcada consulta para daqui a 3 meses.
Estou realmente melhor mas não a 100%, talvez 90%, a recuperação é um processo lento, a regeneração dos nervos da face demora bastante tempo.
Tenho ainda alguma dificuldade em comer de boca fechada, não consigo franzir a testa muito bem, não consigo prenunciar bem as palavras com a letra "P" e dar beijos rssrsrsrsrs, a zona da boca está um pouco mais lenta.
Quando tive alta dos tratamentos uma administrativa disse-me a seguinte frase:
- Nunca a D. Fátima pensou em ficar assim!
- Assim como?
- Tão boa!
E eu respondi-lhe: - É verdade, durante o internamento houve uma noite que pensei que morria!
Se não acredita-se que podia ficar assim, não tinha tido forças para passar por todos os obstáculos, não tinha ido dezenas de vezes ao hospital, não tinha acreditado nos bons profissionais, na minha fisioterapeuta, não tinha refilado com o meu Fisiatra, não estava a escrever este post, eu que até não costumo falar muito da minha vida privada.
A esperança é a última a morrer!!!
Por tudo isto este ano tem sido mais calmo... a vontade, o tempo e a inspiração foram para outras paragens, porém estão regressando lentamente.