28.6.06

[...Taliatu...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF220625-01-01-10.mp3
{...e se estreita a matéria através de gestos que por vezes são apenas produto da gesticulação mental. Há gestos que só existem na mente. Há porém gestos que nunca passam a barreira da realidade das coisas. Nunca passam à acção!... O Mundo está repleto desses gestos. Estar parado e olhar a matéria que se encontra perante os nossos olhos é activar o eixo dos sentidos. Porque será que se procura a alma das coisas? Porque será que há tanto desencontro na sua procura? E se pudessemos moldar os gestos das coisas? Teriamos de executar sucessivas incisões no corpo das coisas e voltar a combinar toda a matéria tallhada. Recriar, dividir, aparar, descobrir e desvendar que a alma também se talha! Se eu pudesse talhar o gesto das coisas, sei bem o que faria! Recordaria apenas, só aquilo que pretendo não apagar da memória das coisas e cortaria todas as porções desnecessárias. Apagaria ainda todas as lascas, nacos ou fatias de tudo aquilo que não possui matéria. E, através de todas estas necessárias operações cirúrgicas, estreitaria toda e qualquer matéria... que nem a alma das coisas têm!}

22.6.06

[...repausar...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF221971-01-01-03.mp3
{... para apurar certos tons, é preciso envolver determinados pigmentos até se obterem as cores pretendidas. O objectivo perfeito: a cor!... Sempre as cores. E como na vida tudo tem o seu início, aqui neste complexo processo tudo começa no simples facto de se meterem determinados pigmentos dentro dum envoltório... e incluir; enfaixar; enrolar; cercar... toda essa matéria cromática. Eis a fase do comprometimento entre a cor e o pigmento. Afinal até as cores se comprometem. Quantos anos de vida terá a cor? Elas ficam... nunca morrem. Perduram no tempo. Já a sua representatividade tem os dias contados. Se hoje são... amanhã deixam de ser. Tudo se deixa, ou se deixa tudo por vezes, muito antes da sua projecção no futuro. Também as cores passam a fase da intriga... e, também os pigmentos se confundem. Por vezes gritam os amarelos aos laranjas; os azuis aos esverdeados; os brancos aos sombreados; os pretos aos anilados; os traços aos ponteados; as formas às texturas; a geometria à escrita... e tudo grita numa imensa surdina!... É a fase final para a sua eternidade: a superfície branca. Repousar no branco todas as cores... sempre as cores.}

20.6.06

[...Videre...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF223509-01-01-01.mp3
{...há uma grande diferença entre Ver e Olhar. Há também uma grande diferença entre Ser e Sentir. Há ainda aqueles que apenas são... algo. Isto é, são apenas básicamente algo. Não vêem nem sentem... apenas são um pouco de algo. Será que ser algo também se exprimenta?!... Se eu pudesse exprimentar ser apenas algo, básicamente deixaria de percorrer o sentido da vista. Passaria a olhar e não a ver. A observar e não a notar que existe muito mais do que os nossos olhos podem ver. Se eu pudesse ver a alma das coisas, sei bem o que faria. Voltaria a percorrer o sentido da vista por todas as coisas que povoam o Universo. Se Ver não é a mesma coisa que Olhar... nem Ser o mesmo que Sentir, então o caminho que nos leva até à alma das coisas... está no vasto exercício que a nossa mente possui em detectar todas as linhas, e que por vezes apesar de serem quase invisíveis aos nossos olhos, se encontram suspensas na organização lógica do raciocínio. Talvez seja por isso que a alma das coisas é invisível. E é talvez por isso mesmo que só os demais se reconhecem através do modo como percorrem o sentido da vista. Afinal, será que há muito mais para Observar... para além do simples acto de Ver?}

14.6.06

[...In-+substituível...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF223170-01-01-01.mp3
{... há saudades inigualáveis que apesar de estarem escondidas no pensamento, estão sempre prontas a despertar os sentidos. Recordar agradáveis saudades, é recordar... um pouco de nós próprios perante algo que nos foi absolutamente marcante no espaço e no tempo. Porque será que há momentos assim? Porque há determinados lugares que nos trazem uma saudade imensa, apesar de nem sabermos que existem? Também há lugares assim... na memória do pensamento. E, é exactamente porque há saudades insubstituíveis... que recordo hoje, talvez porque chove, esta saudade imensa do que foi ou, de tudo aquilo que existe ainda para recordar neste lugar. Porque será que é tão bom... recordar saudades insubstituíveis?!... Talvez seja esta, a forma com que projectamos novas saudades, novos lugares ou novas memórias em outros novos espaços... escondidos ainda do nosso olhar. Ter saudade, é uma força anímica que nos leva a continuar em frente... até outro tempo, até outro lugar... onde só um determinado momento e sem sabermos porquê, fica para todo o sempre... insubstituível!}

12.6.06

[...Fluctuare...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF223509-01-01-01.mp3
{...estar sempre no momento exacto da indecisão das coisas, é perpetuar num estado perfeito de agitação dos sentidos. Esse estado quase que perfeito (os sentidos), são sempre animados pela motivante criação do "Se". Oh! se... se tanta coisa não seria outra coisa, apenas com um simples se!... É essa inconstancia que anima todas as memórias. A vida não é mais, do que um infindável conjunto de hesitações. A perplexidade do "Se" é um instrumento de procura para a felicidade que julgamos por vezes estar ela... vacilando à nossa frente. Afinal, não é a própria felicidade, resultante do somatório dos momentos que flutuam de um lado para o outro, no mapa secreto da vida? Se eu pudesse atar esses momentos uns aos outros, sei bem o que faria...Oh! Se... tanta coisa não seria outra coisa. Mas, o mais importante de tudo isto é saber estar naquele exacto momento da indecisão... estar, vacilar, hesitar, ficar alí... deixar estar... apenas atar aquele momento à linha da vida. E, "se" o chão agitar... é porque se deve voltar a flutuar, outra vez... até ao novo momento da indecisão das coisas!... Como é bom saber flutuar através do tempo...pelo vento, pelo mar... pelos fragmentos dos segredos que nos levam sempre a esse tão desejado lugar!...}

9.6.06

[...re-+bater...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF218052-01-01-01.mp3
{... são inúmeras as sombras que se podem rebater na multiplicidade dos planos existentes no espaço. As sombras também se transformam... e quando observamos atentamente determinadas silhuetas... num isolado ponto dessa constante mudança... é, porque há a necessidade de repensar em toda a sua existência. Rebater as múltiplas sombras da nossa existência... é saber reencontrar ou descobrir o plano estratégico para nos mantermos no mundo, em torno da linha de intersecção dos dois. Tivesse o mundo mais dimensões ou planos projectáveis que seriamos então, meros espectadores da nossa própria sombra. Como tudo seria mais fácil! Projectar a nossa própria sombra num determinado lugar do espaço e no tempo... sem sairmos do mesmo local!... Se eu pudesse hoje, projectar a minha sombra no espaço... sei bem o que faria. Rebatia o futuro num determinado momento do passado, e voltaria a isolar a tua sombra na minha mão.}

6.6.06

[...À Boca Do Tempo...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF208611-01-01-12.mp3
{... por vezes há uma vontade imensa de paralisar o tempo e suspender a linearidade do espaço. Por vezes... é tempo de sentir uma enorme vontade de permanência num lugar, onde o espaço não percorre no tempo... como se fosse possível apagar a linha de tudo o que é transitório. Deixar o tempo passar e ficar simplesmente, num lugar sem marcas da nossa própria passagem. Será que o tempo é transitório? Existirá alguma coisa para ver... para além da sombra do tempo? Estar à boca do tempo, é esperar que alguma coisa aconteça. Por isso se fica alí... por vezes, à espera daquele momento. Se o tempo não espera... e é uma mera presença transitória, porque se está sempre à espera que algo aconteça? Até nessa espera, o tempo passa... por nós! Deve ser isso que estamos à espera... de que o espaço percorrido traga os nossos passos, como uma repetição reconhecível de tudo o que existiu... ou existe. Haverá mais alguma coisa para ver... para além da sombra do tempo? Não sei! Se eu pudesse parar o tempo... sei bem o que faria. Talvez... porque creio que à boca do tempo, só os relógios param.}

5.6.06

[...Mente Versus Rostru...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF220003-01-01-14.mp3
{... quantos rostos habitarão a nossa mente? Se tudo o que nos é desconhecido tem um rosto, quantos rostos mais... serão possíveis descobrir? Um dia, o filho de um ilustre poeta em tom de segredo, contou-me que a sua mente à noite era quase sempre assaltada por inúmeras faces... antes do sono tomar conta dele. Sempre achei esta revelação interessante!... Há quem seja também assaltado por inúmeros rostos durante o dia. É, o fenómeno do passeio público... as pessoas fixam certos rostos com quem se cruzam, e quase todos eles são ou não, parecidos com alguém. Depois, depois... é só reter essa imagem na mente, e activá-la durante a fase do sono. Que bom que seria se pudessemos activar durante o sono, as faces eleitas da nossa vida! Que se dane o desconhecido. Tudo deveria ser programável!... O desconhecido deixaria de existir, os rostos passariam a ser pintados por nós... o sono, seria então povoado sómente por estados de espírito programáveis e disponíveis em qualquer fármacia de serviço. Como seria a vida sem o desconhecido?!... Só de pensar que há tanta gente programada para nem sentir coisa nenhuma... que sou desde já assaltada pela presença de mais um semblante que irá habitar não a minha mente... mas sim, uma das minhas possíveis telas.}

3.6.06

[...Reciclar o Abstrato...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF222335-01-01-18.mp3
{... há quem diga que existem túneis no interior da terra habitáveis por seres jamais vistos. Alguém escreveu, que são grutas infindáveis... e que a terra é oca! Ora, se o Céu é o reflexo do Mar... então, o centro do Universo está no interior da Terra! O ponto fulcral do ínicio do infinito deverá estar algures, entre os polos da terra... e o resto é uma miragem. Nem sei, porque se teima em ir á Lua e a Marte. Nem sei, porque se envia tanto equipamento tecnológico para o alto dos Céus!... Será que é por isso que os Gauleses... temem que o Céu lhes tombe na cabeça?!... Será que todos os segredos estão há muito... assim tão bem guardados mesmo debaixo dos nossos pés? Deste modo... é no interior da Terra que deve estar a dita porta. O tal acesso de entrada que nos leva para outro Universo. Ás tantas... todas as naves voadoras que já cruzaram os nossos Céus, estão lá estacionadas. Safa!... Continuando a divagar desta maneira dá para questionar, na quantidade de "coisas" que devem estar no seu interior ! Abandonadas todas as teorias... hoje, quando estiver a mergulhar no Mar do Guincho, não pensarei em nada disso... concentro-me apenas, nas cores que terão os peixes... e, que dalí não os posso ver!...}

1.6.06

[...dilutu...]

http://mp3.juno.co.uk/MP3/SF217259-01-01-02.mp3
{... diminuir a intensidade de mistura dos pigmentos, é o modo perfeito para a obtenção da cor pretendida. A essa intensidade... há sempre um factor deduzível a tudo aquilo que nos rodeia. Ainda bem que tudo tem uma cor... ainda bem que se diluem cores a outras tantas cores, ausentes de casuais solutos ou dissolventes. Dissolver cores... não é desagregar a sua própria existência. É pois, uma forma de prever uma nova organização cromática a tudo aquilo que já não estava unido. Por isso, se dilui tanta coisa no tempo até se atingir, o seu estado perfeito de cor. Será que é possível diluir o futuro? Se ao pintar um quadro, se projecta o futuro... então é possível obter a sua dissolução! Se eu pudesse diluir o futuro... sei o que faria! Juntaria novamente determinadas cores que há muito habitam em outras paredes que não as minhas... e voltaria a ter as mesmas telas... que de tão minhas já foram... e se diluiram para sempre no tempo que já não me pertence. Ainda bem que tudo tem cor... ainda bem que só as cores se diluem para sempre.}