quinta-feira, 24 de julho de 2014

Cidade do Cairo, Egito

A nossa viagem para o Egito aconteceu num período de tensão política, pois a Irmandade Muçulmana tinha sido recentemente declarada “Grupo Terrorista” e eles ficaram mais irados ainda. Muitos conflitos vinham acontecendo quase que diariamente, resultando em muitos mortos. Estávamos hospedados ao sul da Península do Sinai, numa cidade chamada Sharm el Sheikh, um reduto turístico e geograficamente distante da área de tensão.

Mas como ir para o Egito e não conhecer a cidade do Cairo e as Pirâmides?

A Cidade do Cairo é a atual capital do Egito, mas antes outras cidades como Menfis, Tebas, Alexandria, Al Fustat  tiveram este título.

De Sharm el Sheikh até a Cidade do Cairo, capital do Egito, são mais de 500 km e nossa ideia inicial seria fazer esse trajeto por terra, numa excursão de um dia, que partia de noite e regressava na outra noite. Mas acompanhando os acontecimentos, ficamos apreensivos. Enviei um e-mail para a Embaixada Brasileira do Cairo, para saber se era seguro fazermos esta viagem e obtive a resposta de que “por terra” não era muito recomendado naquele momento, mas por avião não estava havendo problemas relacionados com turistas.

Lembrei daquele incidente em 2012, quando um ônibus com vários turistas foi atacado por beduínos e duas brasileiras foram levadas reféns. O Itamaraty teve que intervir e graças a Deus tudo acabou bem, mas fico imaginando o susto deles. O objetivo dos beduínos neste tipo de ação é usar os turistas como moeda de troca com outros prisioneiros.

A agência que estava organizando nossos passeios também recomendou que fôssemos de avião e então decidimos dessa forma.

Saímos do Hotel em Sharm el Sheikh por volta das 05:00 da manhã do dia 28/01/2014 e nosso voo da Egyptair partiu às 06:45.


Todo o trajeto foi voando sobre as montanhas do deserto do Sinai e após cerca de uma hora chegamos.






No aeroporto, uma guia já nos aguardava. Uma jovem senhora muito simpática, que falava um espanhol bem fácil de entender. De início já notamos que era uma pessoa muito culta e com um conhecimento vastíssimo.

Fomos para a Van e começamos a ouvir as explicações. Iniciaríamos nosso passeio  pelo importante Museu Egípcio do Cairo e durante todo o trajeto, deu pra ver muita coisa. 


Passamos por vários bairros egípcios e constatamos a infinidade de mesquitas que tem naquela cidade, que segundo nossa guia, passa de 5000, somente no Cairo e imediações. 

Passamos em frente a um cemitério que é enorme e por causa de problemas de habitação, passou a ser invadido e habitado pelos vivos. É a maior necrópole do mundo e mais de 500.000 pessoas vivem nesse cemitério, mais gente do que muitas cidades do Brasil. As pessoas moram nos mausoléus feitos para colocar os mortos, dividindo assim espaço com os defuntos. Quando morre algum familiar do dono do mausoléu, ele precisa "pedir licença" para os moradores invasores para assim fazer o sepultamento.

Já a região central da Cidade do Cairo, é bem antiga  e os prédios velhos e mal conservados. Até parece um pouco com a região central de São Paulo, naquelas ruas próximas à Praça da Sé, mas lá ainda é um pouco pior. O que é bem parecido com São  Paulo é o trânsito. Terrível como o daqui.

Ao chegarmos próximo ao Museu Egípcio do Cairo, já sentimos o clima de tensão. A área estava repleta de tanques de guerra, com dezenas de soldados armados com fuzis a postos.

No Museu Egípcio não é permitido entrar com câmeras fotográficas ou filmadoras, pois é proibido qualquer tipo de foto ou filmagem. Recebemos aparelhos de rádios e fones de ouvido para ouvirmos as explicações valiosíssimas da nossa guia.

E quanto aprendemos naquele passeio!! Ficamos deslumbrados ao conhecer a riquíssima cultura egípcia, que tem mais de 6000 anos de história.

No período pré-dinástico ( 3200 a.C.) , existiam 2 reinos: Alto Egito, ao sul e Baixo Egito, ao norte e foi no período dinástico que esses dois reinos foram unificamos e a monarquia centralizada em Faraó, sendo Menés o primeiro.

No período do antigo Império (3200 a 2300 a.C.), a capital do Egito era Menfis e foi neste período que foram construídas as grande pirâmides de Gizé, que falarei em outra postagem.

Vários impérios já dominaram o Egito, sendo os mais importantes os Persas em 343 a.C., os Romanos em 30 a.C. e os árabes, que após a  morte do profeta Maomé no ano 632, iniciaram uma rápida expansão e no final do ano 641  todo o Egito estava em suas mãos. Foi após esse período que o Egito se converte ao Islã e adotaram a língua árabe como oficial.

O Império Otomano dominou o Egito entre os anos 1517 a 1798 e ao fim deste período, o país estava fraco e a França e a Inglaterra já estavam de olho na região. Foi em 1798 que Napoleão Bonaparte invadiu o país, para abalar o comércio inglês na região, mas pouco tempo depois foram expulsos pelos otomanos e também pelos ingleses.

Em 1805, Mehenet Ali, um soldado albanês toma o poder e declara-se “senhor” do Egito. O país estava cada vez mais fraco e dependente da Europa e em 1874, para pagar dívidas, concedeu à Grã-Bretanha todas as ações do Canal de Suez, construído em parceria com os franceses entre os anos de 1860 – 1870, para possibilitar a ligação do Mar Mediterrâneo ao Golfo de Suez e Mar Vermelho, permitindo uma via navegável até o Oceano Índico, que antes disso, para navegar da Europa à Asia era necessário contornar a África através do Cabo da Boa Esperança.

Durante todo o século XX, o país passou por altos e baixos. No anos de 1990, movimentos fundamentalistas islâmicos se organizaram e o país foi palco de ações terroristas. Em 1991, se alinhou com o ocidente na guerra do Golfo contra o Iraque.

No dia 25/01/2011 foi o ápice da grande manifestação para a derrubada de Hosni Mubarak, que foi pressionado a renunciar no dia 11 de fevereiro do mesmo ano, após 30 anos no poder.

Morsi foi eleito democraticamente no dia 30/06/2012, com 51,73 % dos votos, mas tornou-se impopular após ações contra o exército. Morsi, primeiro governante da Irmandade Muçulmana, foi um grande fracasso político segundo analistas. No dia 03/06/2013 foi deposto pelo exército e um mês depois colocaram em seu lugar Adli Mansour, presidente interino.

Em janeiro de 2014, foi esse o cenário que encontramos no Egito. Dezenas de atentados e centenas ou até milhares de pessoas mortas devido ações terroristas. A Irmandade Muçulmana estava “irada” com a perda do poder e segundo analistas, o país estava  muito próximo de uma guerra civil.

Enquanto estivemos no Egito, conversamos com várias pessoas, como garçons, guias, comerciantes, etc , perguntando se eles preferiam Mubarak ou Morsi e a resposta unânime foi a favor dos militares, o ditador Mubarak.

Passamos pelas máquinas de raio X e entramos no  Museu Egípcio do Cairo, que conta com 100 salas de exposição, distribuídas em dois pisos. É a maior coleção de arte faraônica do mundo, incluindo a coleção funerária de Tutankhamon, papiros, manuscritos, embarcações de madeira que transportavam os mortos, sarcófagos,  esculturas, etc

O ponto alto, sem dúvida, foi ver a coleção de Tutankhamon, que são seus tesouros artísticos encontrados em seus túmulos no Vale dos Reis. A máscara que cobriu seu rosto quando da sua morte é de ouro maciço. Havia também coleções de jóias, artefatos, roupas, objetos diversos.

Imagina só um rei levar para um túmulo tanta riqueza... Era praxe naquela época, só que todas as sepulturas de todos os outros reis / Faraós foram saqueadas ao longo dos séculos e a única encontrada intacta foi a de Tutankhamon e ainda bem, pois hoje temos a chance de “comprovar” uma coisa tão surreal como essa, de levar para o túmulo tantos tesouros.

Os egípcios tinham uma forma peculiar de acreditar na morte, que para eles era o início de uma grande viagem para o próximo mundo e as sepulturas deveriam armazenar diversos itens que poderiam precisar nessa vida após a morte. Os corpos eram embalsamados com técnicas bastante avançadas e até hoje, muitas múmias resistem a ação do tempo e estão a disposição para nos contar histórias. Essa forma de pensar dos egípcios era bem diferente dos israelitas, pois em Eclesiastes 9:5 Salomão já dizia "...os mortos não sabem de coisa nenhuma.."e eu também creio desta forma.

Nem preciso dizer que o passeio foi incrível e os meninos também adoraram. Ficaram super atentos às explicações da guia, e aproveitaram bem aquele momento.

Durante nossa visita ao Museu, nossa guia recebeu um telefonema em seu celular e sentimos certa apreensão enquanto conversava ao telefone em árabe. Claro que não entendemos nada, pois somente no fim do dia ficaríamos sabendo que aconteceu um atentado  numa localidade próximo às pirâmides, que seria nosso outro destino naquele dia. O general  Mohammed Said, diretor do escritório técnico do Ministério do Interior foi morto com armas automáticas numa importante avenida.  

Ao sair do Museu, avistamos um prédio incendiado bem ao lado... Ficamos sabendo que ali era a sede do partido do ditador Mubarak, que deixou o poder na Revolução de 2011.Fico imaginando o risco que correu o Museu, com um prédio em chamas bem do seu lado!! Acho que isso explica porque uma segurança tão forte naquela área.

Após o almoço, fomos visitar uma fábrica de papiros,  que produz-se a partir de uma planta chamada “papyrus” e os antigos usavam para escrever.


Tivemos a oportunidade de ver a fabricação artesanal desse tipo de papel a partir da planta e é muito interessante, pois desde 2500 a.C. que os egípcios desenvolveram essa técnica. Usa-se a parte interna, branca e esponjosa, do caule da planta, cortado em finas tiras que são posteriormente molhadas, sobrepostas e cruzadas, para depois serem prensadas. A folha obtida é martelada, alisada e colada ao lado de outras folhas para formar uma longa fita que é depois enrolada e então se torna um papel muito forte e resistente... 


Atualmente, a finalidade dos papiros é para decoração e eu inclusive comprei alguns, que vou colocar num quadro e guardar com muito carinho. Neste da foto ao lado, os nomes da minha família estão em escrita hieroglífica. O Vitor fez questão de incluir o nome da Lana, nossa cachorra, pois claro que ela também é da família.





Ao fim da tarde, visitamos também uma fábrica de perfumes. Os egípcios reclamam para si a origem do perfume, que teria acontecido por volta de 2000 a.C. e os primeiros clientes foram os Faraós e os membros importantes da corte. Perfume geralmente é a mistura de óleos essenciais aromáticos, álcool e água, mas os perfumes egípcios não levam álcool na sua composição. Pelo menos é o que eles dizem e para comprovar, alguns vendedores usam um isqueiro para demonstrar que não “inflama” em contato com o fogo.

Tanto no Cairo como em Sharm el Sheikh há muitas lojas de perfumes e os preços são bem em conta. Eles ficam em grandes potes de vidro e são vendidos a “granel” e você escolhe o tamanho do vidro. Eu comprei alguns e diferente dos perfumes tradicionais, os perfumes egípcios são bem concentrados, resultando num liquido viscoso e meio oleoso. As fragrâncias são as mais variadas, tendo também imitações de fragrâncias famosas como "Five Secrets" da Chanel, "Omar el Sherif" da Armani, "Angel" de Thierry Mugler, entre outros. Mas duas das mais tradicionais e genuinamente egípcias são as “papyrus flower” e “lotus flower”, que comprei para sentir os "cheiros" do Egito antigo.

Nosso dia pelo Cairo também incluiu um passeio de barco pelo Rio Nilo e claro, a visita às Pirâmides, que relatarei nas próximas postagens.



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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mar Vermelho: passeio de barco e mergulho

Foi outro passeio maravilhoso. A van nos pegou no hotel em Sharm el Sheikh pela manhã, após o desjejum e nos levou para o porto, que fica a uns 10-15 minutos de distância. Antes do embarque no barco, pudemos alugar máscaras e equipamento de snorkeling. Para os profissionais, havia a opção de mergulho com cilindros de oxigênio, mas não era o nosso caso.

Vários barcos estavam atracados no cais. O nosso era lindo. Na realidade era um belo Hiate. Havia poucas pessoas no barco e o nosso grupo era a maioria.



O destino do nosso passeio era o “Ras Muhammad National Park”, a cerca de 1 hora de navegação.

Nosso grupo ficou na proa do barco, ou seja, na parte da frente da embarcação e ficamos lá conversando, rindo e sentindo a brisa deliciosa do vento, diante de um cenário encantador, que são as límpidas águas do mar vermelho, margeados pelo deserto e montanhas. Foram momentos incríveis!!

Chegando às águas do parque Ras Mohammad, os corajosos puderam mergulhar e admirar os corais e peixes coloridos. Meus filhos Vitor e Davi, juntamente com outros do nosso grupo tiveram essa experiência extraordinária! Eu preferi ficar olhando, mas super feliz e realizada de vê-los curtindo aquela aventura. 


Nesse primeiro ponto de mergulho, a profundidade era de 30 metros, mas segundo quem mergulhou, era possível ver nitidamente o fundo do mar. 


Tenho uma máquina fotográfica à prova d´água e foi possível tirar algumas fotos. O barco ficou parado cerca de 1 hora neste ponto.


Vitor mergulhando

Muito lindo o fundo do mar Vermelho

Vitor, Davi e Samantha admirando as belezas do mar vermelho


Nos segundo e terceiros pontos de mergulho, a profundidade era de 15 metros e de novo, o Davi e o Vitor mergulharam e em alguns momentos, sem o colete salva vidas... Meu coração de mãe ficou na mão, porque uma coisa é nadar numa piscina e outra num mar com aquela profundidade!

Almoçarmos no barco e mais uma vez uma comida deliciosa. Muito boa mesmo! Dentre os itens do cardápio, tinha filé de peixe, mas também opções para vegetarianos e comi muito bem.

Retornamos por volta das 16:00 horas, muito felizes e satisfeitos com o delicioso passeio que tivemos.

Fizemos um segundo passeio de barco pelo mar vermelho no nosso último dia em Sharm el Sheikh, num barco com fundo de vidro que zarpava da praia próximo ao nosso Hotel.

Durou cerca de 1 hora e pudemos mais uma vez admirar e se maravilhar com as belezas do fundo do mar. Corais coloridos e os mais variados peixes nas águas límpidas e cristalinas desse tão belo mar.

Não fazíamos ideia de que a cidade de Sharm el Sheikh tinha tanta coisa interessante e que é um lugar acessível, pois os preços de hospedagem e passeios são super baratos se comparados aos de outros lugares. Ficou um gostinho de “quero mais” e quem sabe retornaremos um dia?


Não poderia faltar essa foto clássica, né?



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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Subindo o Monte Sinai

Um outro momento marcante da nossa viagem foi a subida ao Monte Sinai, também conhecido como Monte Horebe ou “Jebel Musa”, que significa “Monte de Moisés” em árabe.

Foi no Monte Sinai que Deus falou com Moisés na sarça ardente, para que libertasse o povo de Israel do cativeiro no Egito. Foi também neste monte que Moisés presenciou a glória de Deus ao lhe entregar as tabulas de pedra com os Dez mandamentos, que foram escritas pelo próprio Deus. Foi também ali, próximo à base do monte, que o povo cansado com a demora de Moisés no cume, pediu a Arão que fizesse um bezerro de ouro.

Impossível descrever a emoção de estar neste lugar. Vem à mente muita coisa e por alguns momentos, parece que estamos sentindo aquilo que o povo de Israel vivenciou ali.

O Monte Sinai fica a aproximadamente 300 km Sharm el Sheikh, onde estávamos hospedados. Uma van nos pegou no Hotel por volta das 20:00 horas do dia 24/01/2014 e seguimos estrada afora em meio à escuridão do deserto. Passamos por várias barreiras policiais e ouvíamos nosso guia falar em árabe com os soldados e algumas vezes um deles entrava na van para conferir nossos passaportes e então podíamos seguir viagem.

Chegamos à base do monte por volta da meia noite e o frio era absurdo, imagino que menos de 0 grau. A escuridão era total e não víamos nada além do que alguns metros.

No local de desembarque, havia várias outras vans que trouxeram outros turistas, dos mais variados países do mundo e pra variar, muitos russos e europeus.

Munidos de calçados e roupas confortáveis, lanternas, água, iniciamos nossa caminhada em meio à escuridão. 


Um guia beduíno local se juntou ao nosso guia, pois é necessário saber bem o caminho e nada melhor do que quem vive lá. 




Sabíamos que a jornada não seria fácil, mas não tínhamos muita noção, pois a escuridão era total e não víamos a dimensão do caminho à nossa frente. Mas dava pra sentir que a subida era íngreme, com muito cascalho e pedras.

O Monte Sinai tem 2285 metros de altitude e a trilha para chegar ao cume tem cerca de 7 quilômetros. 


Durante todo o percurso dividimos espaço com camelos e seus donos beduínos, que ofereciam seus caros serviços para aqueles que, exaustos pelo cansaço, desistissem de seguir a pé e optassem pelos camelos, que por sinal estão muito bem acostumados a subir e descer o monte Sinai.


Três pessoas do nosso grupo, nossos amigos Joilton, Jonailton e Cristiane fizeram parte do trajeto de camelo, pois não estavam sentindo-se bem. 



O restante ficou firme, encarando como desafio subir o monte a pé.

E lá estava o Vitor, que para mim foi uma grande surpresa sua energia e disposição.  Ele tem ainda algumas dificuldades de equilíbrio e nossa grande preocupação seria ele escorregar, desequilibrar no cascalho e cair... Meu marido segurou firme na sua mão durante todo o trajeto e graças a Deus tudo correu bem. A minha mãe também demonstrou uma força enorme. Ela tem 64 anos e problemas no joelho, mas também conseguiu seguir em frente e concluir todo o trajeto.

Até hoje ouço na minha mente os beduínos dizendo “Camel is good”, “Good is Camel”. Durante todo o percurso, foi a frase que mais ouvimos. Eram dezenas de beduínos com seus camelos e o tempo todo ofereciam os seus serviços.

Paramos para descansar em alguns pontos do trajeto. Após os 7 km de caminhada, chegamos num ponto que teríamos que subir 750 degraus de pedras irregulares e escorregadias para se chegar ao cume. Daquele ponto em diante os camelos não seguiam adiante... Ufa!! Segundo a tradição, foi neste ponto que Arão e os 70 ancião ficaram aguardando enquanto Moisés subia ao cume. Dizem também que ali próximo há uma caverna que foi o “retiro de Elias”, onde o profeta ficou em comunhão com Deus, após caminhar 40 dias e 40 noites até chegar em Horebe, o Monte de Deus (I Reis 19,8)

Como já estávamos exaustos, não foi fácil subir estes 750  degraus, mas graças a Deus conseguimos e chegamos ao topo poucos minutos antes do sol despontar seus primeiros raios. 


Foi um momento incrível, pois pudemos admirar a beleza singular daquele lugar e refletir sobre a sua importância. Já passava das 06:00 horas da manhã, o que significa que levamos aproximadamente 6 horas para o percurso de subida. Geralmente o tempo é menor, mas como estávamos em 12 pessoas, fomos num ritmo mais tranqüilo e com algumas paradas para recobrar as energias.

Segundo o relato bíblico, “Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo;  a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. E o clamor da trombeta ia aumentando cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia no trovão” Êxodo 19:18 e19

Desfrutamos daqueles momentos no cume do monte Sinai com muito respeito e admiração. Muitas pessoas trazem papeizinhos com pedidos e agradecimentos e ali depositam, mas nós preferimos falar com Deus em pensamento e agradecer por aquela dádiva tão especial, de estar ali, num lugar que fora tão sagrado e singular.


Eu e meu esposo Fernando no cume do Monte Sinai. Havia neve em alguns pontos ao redor...

A localização exata do Monte Sinai é incerta, mas a tradição aponta para esse Monte, que está de acordo com a narrativa bíblia.  Eu acredito que a identificação desse local, assim como também do local do nascimento de Jesus e também sua crucifixão, se deve às informações passadas oralmente dos pais aos filhos e assim, ao longo das gerações, as informações não se perderam. Como o povo de Israel poderia se esquecer de momentos tão relevantes vividos pelos seus antepassados? Se esquecer da peregrinação pelo deserto,  da passagem pelo mar vermelho e de tantas outras circunstâncias que Deus os protegeu e livrou? Por mais que muitos se desviassem e se esquecessem de passar adiante as ações miraculosas de Deus, sempre haveria alguns leais, que seguiriam a orientação “...contarás a teu filho, dizendo: É isto pelo que o Senhor me fez, quando saí do Egito. E será como sinal na tua mão e por memorial entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito” Êxodo 13:8 e 9


Ficamos cerca de 1 hora no cume do Monte Sinai, que conta com uma pequena capela da “Santíssima Trindade”, construída sobre as ruínas de  uma igrejinha bem antiga.


Após vivermos esses momentos únicos e inesquecíveis, iniciamos a descida, só que diferente da subida, já era dia e podíamos admirar toda a grandiosidade daquele lugar. 


Nosso grupo não desceu junto, pois cada um tinha um ritmo diferente e como haviam muitas pessoas fazendo o mesmo trajeto, seria difícil alguém se perder. 


Meu filho Bruno e minha irmã Midia descendo o Monte Sinai

Os meninos estavam com gás total e junto com meu marido, decidiram encurtar caminho, descendo por uma encosta mais íngreme em meio às pedras.Um guia beduíno avisou "path no good, path no good" (caminho não bom, caminho não bom). Mas eles queriam aventura e foram assim mesmo... E o Vitor era o mais empolgado pela aventura...

Minha mãe, apesar do joelho doendo, ia alguns metros na minha frente. Eu fui mais devagar e com cuidado, pois vez ou outra derrapava nas pedras e como ainda não tinha sarado de uma distensão que tive na coxa pouco antes de viajar, não quis arriscar piorar a situação.


Durante a descida, encontrei várias crianças beduínas, que ofereciam souvenires de pedras polidas do Monte Sinai.


Eu descia pensando e meditando em tudo que aconteceu ali no passado... Recolhi algumas pedrinhas do chão e trouxe comigo, para guardar como recordação daquele lugar tão especial.


Por volta das 10:00 - 10:30 da manhã cheguei à base do monte e encontrei os meninos, meu marido, minha irmã, minha mãe que chegaram um pouco antes.


Na base do Monte Sinai fica o Mosteiro de Santa Catarina, que foi construído entre os anos 527 e 565, a pedido do Imperador bizantino Justiniano I. Esse mosteiro foi erguido ao redor de uma pequena capela, esta construída anos antes a pedido de Helena, mãe do imperador Constantino que convertera-se ao cristianismo. 


E ficamos junto ao mosteiro, aguardando nossos amigos Joilton, Jonailton e Cristiane, que desceram o monte mais devagar, pois a caminhada exigiu muito esforço físico e o Joilton estava com a perna machucada, devido um incidente ocorrido ainda aqui no Brasil.

O Mosteiro leva o nome de "Santa Catarina" em homenagem a uma jovem do século IV, que veio de Alexandria e converteu-se ao cristianismo e por causa disso, foi perseguida e morta, mas antes disso, seu testemunho de fé e devoção influenciou muitos pagãos a tornarem-se cristãos.  Segundo a lenda, suas relíquias foram levadas por anjos para o mosteiro do Sinai.


Até hoje ainda  existe a planta que segundo a tradição, é a sarça ardente que Moisés viu no deserto e por meio dela falou com Deus.


Próximo dali vimos o local onde o povo de Israel teria adorado ao bezerro de ouro, quando Moisés demorava para descer do cume do monte. É incrível, pois é possível notar a forma de uma bezerro esculpida em meio à paisagem natural das rochas..

Depois seguimos para um pequeno hotel, aliás o único da região, onde foi servido um desjejum. Parecia um hotel fantasma, velho e decadente...


Nosso grupo foi o último a sair da região do Monte Sinai e quase perdemos o horário, pois há portões de controle com horários pré determinados e nosso guia teve que ser muito insistente para conseguir liberação após o fechamento desses portões. Graças a Deus conseguiu e pudemos seguir viagem de volta a Sharm el Sheikh e chegamos em paz e segurança.

Com toda certeza esse dia foi um dos que ficarão na minha memória para sempre... Jamais esquecerei, pelo seu significado e por tudo que aconteceu ali.



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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Safari pelo deserto do Sinai, Egito

Há diversas opções de passeios para se fazer a partir de Sharm el Sheikh e um deles é o Safari pelo deserto do Sinai...




Fizemos esse passeio no dia 23/01/2014. A van nos pegou no Hotel e depois de uns 20 quilômetros de estrada, chegamos num local onde pegamos quadriciclos para iniciar a nossa aventura. 


Como estávamos em 12 pessoas, reservamos 6 quadriciclos, e fomos em dupla.



Antes de tudo tivemos que cobrir o rosto com um lenço, por causa da areia que pode entrar na boca, olhos, nariz, ouvidos e até cabelo. . 

Seguimos por uns 30 minutos nos quadriciclos até encontrar algumas tendas de beduínos, que é um povo árabe que mora no deserto...

Os beduínos criam camelos e claro que fizemos um breve passeio nesse meio de transporte tão antigo. Foi muito legal e deu pra sentir um pouquinho dessa sensação...


O Vitor amou andar de camelo. Tem que segurar firme pra não cair...

Já era fim da tarde e foi surreal sentir-se no meio do nada. Aquele silêncio absurdo e pra todos os lados que olhávamos, somente montanhas e deserto e mais nada.

Sentamos em uns tapetes dispostos como se fosse uma sala de estar. Serviram um chá e ficamos lá, jogando conversa fora. Foi lindo contemplar o pôr-do-sol no deserto.

Já escuro, começou um show típico, com alguns nativos que dançavam uma coreografia bem esquisita.  Só homens e parecia um tipo de dança tribal. Depois foi a vez de um artista fazer apresentação com fogo e por fim um outro tipo de dança, que é um homem que fica girando sem parar, vestindo algumas saias coloridas e uma espécie de turbante na cabeça.  É muito comum esse tipo de dança lá, chamada de “Dervixes rodopiante”, que trata-se de uma dança mística. O islamismo tem um braço místico chamado Sufismo e uma das vertentes  do Sufismo é a Mevlevi. Eles buscam encontrar o "divino" em  alguns rituais, que inclui esse tipo de dança, para tentar uma comunhão direta e em êxtase com Alá (que é Deus para os islâmicos).Fiquei sabendo desses detalhes místicos só aqui no Brasil, quando fui pesquisar a respeito.

Enquanto assistíamos essas apresentações, nosso jantar estava sendo preparado pelos beduínos e não esperava que estivesse tão bom. Colocam um Buffet à nossa disposição e confesso que estava uma delícia.

Depois do jantar, foi o momento de admirarmos o céu estrelado com um telescópio. Em meio à escuridão, é bem mais nítido o brilho das estrelas. Foi outra experiência diferente!

Já passava das 20:00 horas e chegou o momento de retornarmos. Pegamos novamente os quadriciclos, agora com os faróis acesos, e iniciamos o retorno, em fila indiana... A visão que tínhamos em meio à escuridão do deserto, era apenas a do quadriciclo da frente. 

Retornamos extasiados depois dessa experiência tão diferente e marcante.

Sharm el Sheikh tem muitos encantos e vou relatar outra experiência incrível na próxima postagem.


Vitor no deserto do Sinai, Egito



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