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Química Aquática

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Caroline Perez

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Química Aquática

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Oxidação-redução na Química Aquática;
• Interações entre as fases na Química Aquática;
• Bioquímica Microbiana Aquática;
• Poluição da Água;
• Indicadores de Qualidade da Água;

Fonte: iStock/Getty Images


• Índice de Qualidade das Águas (IQA);
• Tratamento de Águas e Esgotos.

Objetivos
• Desenvolver os conceitos de química aquática relacionados à avaliação da qualidade da
água, ao tratamento de água e de esgoto, ao controle da poluição e à análise de água.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Química Aquática

Contextualização
A água é um componente essencial para todas as formas de vida. No nosso planeta,
ela é abundante, porém uma pequena parte da água disponível é doce. Dessa pequena
parte, muito já foi perdido pelo homem devido à poluição e ao desperdício.

Hoje, temos tecnologia e conhecimento suficientes para desenvolver processos que


reaproveitem e tratem a água. Porém, mesmo assim, muitas vezes nossos corpos hídricos
acabam contaminados por diferentes agentes, provenientes de fertilizantes, pesticidas,
hormônios, rejeitos industriais, etc. Os motivos que levam a essas contaminações vão de
negligência à economia (não de átomos ou energia, como vimos na unidade passada,
mas sim de recursos financeiros).

Nesse sentido, torna-se evidente que a sociedade necessita cada vez mais de profis-
sionais da área ambiental capacitados para resolver problemas relacionados à poluição
hídrica, que conheçam o comportamento das espécies químicas nesse meio.

Como vimos anteriormente, as propriedades físico-químicas da água fazem com que


ela seja uma substância muito importante para os processos biológicos, de forma geral.
Agora, voltando-nos à química, vamos conhecer as principais reações e interações que
acontecem nesse meio.

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Oxidação-redução na Química Aquática
Sem dúvida, o agente oxidante mais importante em águas naturais é o oxigênio (O2)
dissolvido. Para que possamos entender como o oxigênio se comporta em meio aquoso,
precisamos revisar os conceitos de número de oxidação (NOX), oxidação e redução.

De forma resumida, podemos dizer que o NOX representa a “carga” de um


elemento. Por exemplo, se temos Fe²+, o NOX do ferro nesse caso é 2+. Se o Fe²+,
em determinado momento, vai para Fe³+, dizemos que o ferro oxidou, pois o seu NOX
aumentou de 2+ para 3+. Por outro lado, se o Fe²+ for para Fe (a ausência de número
no canto superior significa NOX = 0), dizemos que o ferro reduziu, uma vez que o seu
NOX diminui de 2+ para 0. Quando um elemento oxida, ele é considerado o agente
redutor (ao oxidar, ele provoca a redução de um outro elemento). Da mesma forma,
quando um elemento reduz, dizemos que ele é um agente oxidante.

Para revisar os conceitos de número de oxidação (NOX), oxidação e redução, assista ao vídeo
“NOX, Reações de Oxirredução e Introdução ao Balanceamento das Equações Químicas
t

[Química Geral]” https://youtu.be/CHFwnaBHt04

Nas águas naturais, as reações de oxirredução do oxigênio acontecem o tempo todo e


dependem do pH do meio. A semi-reação que ocorre em solução ácida é (BAIRD, 2002):

O2 + 4H + + 4e − → 2H2 O

Nesse caso, o oxigênio está com NOX = 0 nos reagentes e vai para NOX = 2- nos
produtos. O hidrogênio da água tem NOX = 1+, como temos dois hidrogênios na água,
temos NOX = 2+. Para que a molécula seja neutra, ou seja, tenha NOX total igual a
zero, o NOX do oxigênio deve valer 2-.

Já o que ocorre em solução alcalina é (BAIRD, 2002):

O2 + 2H2 O + 4e − → 4OH −

Também se observa em meio alcalino que a alteração do NOX do oxigênio vai de 0


para 2-, ou seja, novamente temos uma redução. Dessa forma, o oxigênio é considerado
um forte agente oxidante, porque, independente do pH do meio, ele é reduzido,
provocando assim, a oxidação de outra substância.

A substância mais habitualmente oxidada pelo oxigênio dissolvido na água é a matéria


orgânica de origem biológica (plantas mortas e restos de animais, por exemplo). Essa
oxidação tem como produto CO2 e água (BAIRD, 2002).

Além da matéria orgânica, o oxigênio também é capaz de oxidar a amônia (NH3) e o


íon amônio (NH4+) dissolvidos na água. Essas substâncias encontram-se na água como
resultado de atividade biológica, para formar íon nitrato (NO3-). (BAIRD, 2002)

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UNIDADE
Química Aquática

A matéria orgânica é oxidada pelo oxigênio por meio da ação de microrganismos aeróbicos.
Se um corpo d’água apresentar grandes quantidades de matéria orgânica, como acontece
com os efluentes domésticos, uma grande quantidade de oxigênio será necessária para
que os microrganismos realizem a oxidação dessa matéria orgânica. Essa informação será
muito importante quando falarmos do tratamento e do controle da qualidade da água.

Interações entre as fases na Química Aquática


A maior parte dos fenômenos químicos e bioquímicos significativos no ambiente
aquático envolve as interações entre espécies presentes na água com aquelas que estão
em outras fases, ou seja, sólidos e gases (MANAHAN, 2016). Veremos algumas dessas
interações a seguir:
· Fotossíntese e degradação da matéria orgânica:

A produção de biomassa sólida pela fotossíntese de algas envolve a troca de sólidos


dissolvidos e gases (CO2 e O2) entre a água e a célula. Trocas semelhantes ocorrem
também quando os microrganismos degradam a matéria orgânica, que se encontra
muitas vezes na forma de partículas pequenas na água. Como vimos anteriormente,
esses microrganismos utilizando o oxigênio para degradar matéria orgânica, gerando
CO2 e água.

Além disso, também pela reação de fotossíntese, quando o meio está alcalino, ocorre
a formação de carbonato de cálcio (CaCO3) (MANAHAN, 2016).

Quando falamos em poluição, os sedimentos carbonáceos de matéria orgânica


têm grande destaque, uma vez que eles apresentam uma boa afinidade com poluentes
aquáticos orgânicos pouco solúveis (MANAHAN, 2016).
· Transporte de elementos-traço e de íons por coloides na água:

O ferro e diversos elementos-traço são transportados na forma de compostos químicos


coloidais ou são sorvidos por partículas sólidas. Os coloides são capazes de transportar
diversos elementos e substâncias, entre eles, contaminantes orgânicos e inorgânicos
(MANAHAN, 2016).

Coloides são dispersões de partículas grandes (com diâmetro entre 1 mm e 1 μm) em um


solvente (ATKINS e JONES, 2006)

Na água, esses coloides são compostos por substâncias orgânicas (substâncias


húmicas, por exemplo), materiais inorgânicos (principalmente argilas) e poluentes
(MANAHAN, 2016).

As argilas são capazes de transportar diversos íons por meio da substituição iônica,
em que os íons Si4+ e Al3+ são substituídos por íons de tamanho semelhante, porém
com carga menor, como o K+, o Na+ e o NH4+. Esse tipo de material transporta

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resíduos biológicos, compostos orgânicos, gases e outras espécies de poluentes no meio
aquático. Entretanto, também são eficientes na imobilização de compostos químicos
dissolvidos em água, o que lhes confere propriedades purificadoras (MANAHAN, 2016).
·· Troca de solutos nos sedimentos de fundo:

Um sedimento de fundo é muito diferente de um solo encharcado. Solos normais


estão em constante exposição ao oxigênio, enquanto o sedimento de fundo encontra-
se em ambiente com concentrações muito baixas de oxigênio, ou seja, em condições
redutoras. Além disso, os sedimentos de fundo estão em constante lixiviação e apresentam
concentrações de matéria orgânica maiores que o solo (MANAHAN, 2016).

Os sedimentos e as partículas suspensas são repositórios importantes de quantidades


traço de alguns metais, como cromo, cádmio, cobre etc. O padrão de ocorrência de
metais-traço na matéria em suspensão em águas pouco poluídas tende a apresentar uma
correlação com o padrão de minerais de que se originam os sólidos suspensos. Porém,
em água poluídas, as descargas industriais se somam ao teor de metais dos corpos
hídricos (MANAHAN, 2016).

A troca de fósforo com os sedimentos de fundo, que também ocorre pela suspensão
do material devido à corrente de água, também é muito importante. A troca com sedi-
mentos desempenha um papel importante na disponibilização desse elemento para algas
e, portanto, contribui para a proliferação desses organismos (MANAHAN, 2016). Em
águas poluídas por fertilizantes, que são ricos em fosfatos, a proliferação de algas entra
em desequilíbrio, passando a ser excessiva. A esse efeito, damos o nome de eutrofização.

A Figura 1 sumariza essas interações entre fases que ocorrem nos ambientes aquáticos.

Figura 1 – Esquema dos processos químicos que ocorrem na água


e envolvem as interações entre a água e outras fases.
Fonte: MANAHAN, 2016.

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UNIDADE
Química Aquática

Bioquímica Microbiana Aquática


Você pode imaginar que existe uma infinidade de microrganismos nos corpos d’água,
não é mesmo? A água é um meio muito favorável à vida, por isso temos nesse ambiente
bactérias, fungos, protozoários, algas etc. Vale ressaltar também a presença de microrga-
nismos patogênicos que, para a água destinada ao consumo, devem ser eliminados du-
rante processo de purificação (MANAHAN, 2016), como veremos ainda nesta unidade.

Para os nossos estudos de química da água, falaremos apenas daqueles organismos


que degradam a matéria orgânica e, para isso, faremos uma divisão em dois grupos:
microrganismos aeróbicos e microrganismos anaeróbicos.

Na água temos microrganismos:


• Aeróbicos: degradam a matéria orgânica na presença de oxigênio, gerando CO2 e água.
Vivem nas regiões superficiais da água, onde o oxigênio está disponível em solução.
• Anaeróbicos: degradam a matéria orgânica na ausência de oxigênio, gerando gás
metano (CH4) e água. São encontrados nas regiões mais profundas das águas, onde o
oxigênio é escasso.

Agora que já sabemos como as espécies químicas e os microrganismos se comportam


na água, podemos falar sobre a poluição, os tratamentos e o controle de qualidade
da água.

Poluição da Água
Podemos dizer que a poluição das águas é caracterizada pela presença, lançamento
ou liberação de qualquer forma de matéria ou energia em quantidade, concentração
ou característica em desacordo com a legislação ou que tornem as águas impróprias,
nocivas ou ofensivas ao ser humano, à fauna e à flora (NOWACKI e RANGEL, 2014).

Uma forma de classificar a poluição é de acordo com a sua distribuição espacial.


Nesse caso, temos dois tipos e poluição: a pontual e a difusa.

De acordo com Nowacki e Rangel (2014):


• Poluição pontual: ocorre de maneira localizada e concentrada, por exemplo, efluentes
domésticos que são lançados diretamente em um rio. É fácil de ser identificada e seu
controle é mais eficiente.
• Poluição difusa: não apresenta um ponto de lançamento específico, sendo mais
difícil de ser identificada e controlada. Um exemplo de poluição difusa são os sólidos
arrastados pelo escoamento superficial, que formam depósitos no fundo dos rios e
lagos, pois é difícil de localizar de onde os sólidos são provenientes.

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A poluição, pontual ou difusa, afeta as características físicas, químicas e biológicas
da água, alterando a cor, a turbidez, o pH e etc. Esses parâmetros, entre outros, são
considerados parâmetros de qualidade da água, que é o assunto que trataremos a seguir.

Indicadores de Qualidade da Água


Como vimos até aqui, diversas substâncias podem chegar até os mananciais. Essas
substâncias são oriundas principalmente dos efluentes domésticos e industriais e dos es-
coamentos superficiais urbanos e agrícolas. Cada uma dessas fontes tem características
próprias. Por exemplo, nos efluentes domésticos predominam os contaminantes orgâni-
cos biodegradáveis (matéria orgânica), os nutrientes e as bactérias (ROCHA et al., 2009).

Devido ao grande número de espécies aportadas, torna-se praticamente impossível a


determinação de todos os poluentes nas águas superficiais. Por esse motivo, no Estado
de São Paulo, a Cetesb selecionou parâmetros físicos, químicos e microbiológicos mais
representativos para indicar a qualidade da água. Esses parâmetros selecionados estão
listados na Tabela 1 (ROCHA et al., 2009).

Tabela 1 – Parâmetros indicadores de qualidade de água adotados pela Cetesb

Parâmetros indicadores de qualidade das águas


Temperatura da água Coloração da água
Temperatura do ar Surfactantes
pH e oxigênio dissolvido Fenol
Demanda bioquímica de oxigênio (DBO) Cloretos
Demanda química de oxigênio (DQO) Ferro total
Coliformes totais Manganês
Coliformes fecais Turbidez
Nitrato Cádmio
Nitrito Chumbo
Nitrogênio amoniacal Cobre
Nitrogênio Kjeldahl (total) Cromo total
Fosfato total Níquel
Ortofosfato solúvel Zinco
Mercúrio Resíduo não-filtrável
Resíduo total Condutividade
Fonte: ROCHA et al., 2009.

A Cetesb realiza o monitoramento da qualidade da água em vinte e duas Unidades de Ge-


renciamento de Recursos Hídricos (UGRH). Os relatórios dos monitoramentos dessas áreas
e as legislações vigentes relacionadas à água encontram-se no site : https://goo.gl/iDdJ5r

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Química Aquática

Índice de Qualidade das Águas (IQA)


Para facilitar a obtenção de informações sobre a qualidade da água, o índice de
qualidade das águas (IQA) incorpora nove parâmetros considerados relevantes para a
avaliação da qualidade das águas. Matematicamente, ele é dado pelo produto ponderado
das qualidades da água correspondentes aos parâmetros de temperatura da amostra,
pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes
fecais, fósforo total, nitrogênio total, resíduo total e turbidez (ROCHA et al., 2009).

O IQA é obtido em uma escala de 0 a 100 e é classificado para o abastecimento


público de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2 – Intervalos calculados com base nos nove parâmetros indicadores e respectivos índices
de qualidade de águas para abastecimento público.

Intervalo Qualidade
80-100 Ótima
52-79 Boa
37-51 Aceitável
20-36 Ruim
0-19 Péssima
Fonte: ROCHA et al., 2009.

Agora, vamos descrever brevemente os nove parâmetros avaliados pelo IQA.


· Temperatura da amostra:

A temperatura da água influencia diretamente nos processos físico-químicos e


biológicos da água. As variações da temperatura interferem nas propriedades da água,
como viscosidade, densidade e o teor de oxigênio dissolvido (a solubilidade dos gases nos
líquidos aumenta com a diminuição da temperatura). Além disso, a temperatura também
influencia na taxa das reações químicas e biológicas (NOWACKI e RANGEL, 2014).

A determinação desse parâmetro pode ser realizada utilizando-se um termômetro


simples de mercúrio ou um termômetro digital. As medidas devem ser realizadas no
próprio local de coleta (NOWACKI e RANGEL, 2014).
· pH:

O pH (potencial hidrogeniônico) é a medida da relação entre a concentração dos íons


H+ e a concentração dos íons OH- presentes no corpo d’água (NOWACKI e RANGEL,
2014). Ele é determinado em uma escala de 0 a 14, em que de 0 a 6 temos pH ácido,
de 8 a 14, pH básico e 7 representa o pH neutro. Normalmente, as águas apresentam
pH entre 6 e 8.

Esse parâmetro é excelente na identificação de fontes pontuais de poluição, sendo


comumente determinado em laboratório por meio de um equipamento chamado
pHmetro (NOWACKI e RANGEL, 2014).

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·· Oxigênio dissolvido (OD)

O oxigênio dissolvido (OD) é de extrema importância para a respiração da maioria


dos organismos que habitam o meio aquático. Como já vimos, o oxigênio é consumido
na oxidação da matéria orgânica, quando é realizada por microrganismos aeróbicos.
Dessa forma, as medições de OD têm como objetivo avaliar as condições naturais e
detectar impactos ambientais, como a eutrofização e a poluição orgânica (NOWACKI e
RANGEL, 2014).

O método mais comum para a determinação desse parâmetro é a titulação pelo


método de Winkler (NOWACKI e RANGEL, 2014).

O método de Winkler baseia-se na capacidade que o oxigênio dissolvido tem de oxidar o


Mn2+ a Mn3+. Para entender melhor como funciona esse método, acesso ao link:
https://goo.gl/VVkXdB

·· Demanda bioquímica de oxigênio e demanda química de oxigênio:

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) corresponde à quantidade de oxigênio


consumida pelos microrganismos na oxidação biológica da matéria orgânica, sendo
expressa em mg O2/L. Os valores de DBO refletem uma indicação indireta da quantidade
de poluentes orgânicos biodegradáveis presentes na água, uma vez que quanto maior a
concentração de material orgânico, maior a quantidade de oxigênio demandada pelos
microrganismos (NOWACKI e RANGEL, 2014).

A demanda química de oxigênio (DQO) é a medida da quantidade de oxigênio


necessária para oxidar quimicamente a matérica orgânica. Diferentemente da DBO, a
DQO não diferencia matéria orgânica biodegradável de não biodegradável (NOWACKI
e RANGEL, 2014).

A DBO é uma importante ferramenta nos estudos de autodepuração dos cursos


d’água, enquanto a DQO determina o grau de poluição da água, pois determina a quan-
tidade de componentes oxidáveis, como o carbono, hidrogênio, nitrogênio, enxofre e
fósforo (NOWACKI e RANGEL, 2014).
·· Coliformes fecais:

Os coliformes fecais são utilizados como indicadores biológicos da qualidade das águas
e ajudam na investigação de fontes poluidoras de conteúdo fecal. Devido às ligações
de esgoto clandestinas, é comum encontrarmos fezes humanas nos rios urbanos, por
exemplo. Para comprovar a contaminação fecal, é feita a determinação da Escherichia
coli, membro do grupo dos coliformes fecais (NOWACKI e RANGEL, 2014).
·· Fósforo total:

Como já vimos nesta unidade, o fósforo é um elemento essencial ao crescimento dos


organismos vegetais e na manutenção dos processos fisiológicos animais (NOWACKI e
RANGEL, 2014). Vimos também que, em excesso, esse elemento é responsável pelo
fenômeno de eutrofização (proliferação excessiva de algas), que, entre outros problemas,
impede a passagem da luz solar na água, como mostrado na Figura 2.

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Química Aquática

Figura 2 – Corpo d’água com excesso de algas.


Fonte: iStock/Getty Images

A determinação desse elemento, portanto, é importante no controle ecológico


das algas e para a caracterização de efluentes industriais por tratamento biológico.
As principais fontes poluidoras de fósforo para as águas são os esgotos domésticos e
industriais, fertilizantes, detergentes e dejetos animais (NOWACKI e RANGEL, 2014).
· Nitrogênio total:

Assim como o fósforo, os compostos nitrogenados são importantes na manutenção


dos organismos vegetais e animais, sendo também responsáveis pela eutrofização nas
águas. Podemos encontrar o nitrogênio em diversas formas químicas nos meios aquáti-
cos. Essas formas químicas são oriundas de fontes naturais, como proteínas, clorofila e
outros compostos biológicos, de fontes antrópicos, como esgotos domésticos e indus-
triais, ou ainda de dejetos animais (NOWACKI e RANGEL, 2014).

Como o nitrogênio é rapidamente oxidado na água devido à presença das bactéricas


nitrificantes, esse parâmetro constitui um importante índice da presença de dejetos
orgânicos recentes.
· Resíduos totais:

Os resíduos totais são a matéria que permanece após a evaporação de uma amostra
de água. O estudo das frações de sólidos no controle de poluição das águas e na
caracterização de esgotos sanitários determina um quadro geral das partículas em relação
ao tamanho e a sua natureza (NOWACKI e RANGEL, 2014).
· Turbidez:

A turbidez é uma característica física da água e representa o grau de interferência


da passagem de luz por meio dela. É decorrente da presença de partículas grosseiras e
coloidais em suspensão (NOWACKI e RANGEL, 2014).

A turbidez pode causar diversos impactos à vida aquática, como a diminuição da taxa
de fotossíntese, aumento da toxicidade e a diminuição da temperatura. Esse parâmetro
é frequentemente determinado por meio da utilização de um equipamento conhecido
como turbidímetro.

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Os padrões de qualidade das águas e dos efluentes seguidos aqui no Brasil são definidos
pelas resoluções do CONAMA nº. 357/2005 e 430/2011, respectivamente.
Além disso, a resolução CONAMA nº. 357/2005 também classifica os corpos d’água em três
tipos: águas doces, salobras e salinas.
Você encontra essas resoluções nos links: https://goo.gl/XsUcIh e https://goo.gl/IYoZma

Tratamento de Águas e Esgotos


Dentro do saneamento básico, existem diferentes atividades importantes para a
manutenção da qualidade de vida, sendo duas delas os tratamentos de águas e esgotos
(NOWACKI e RANGEL, 2014).

No mundo, existem diversos tipos de sistemas de tratamento de águas e esgotos.


Nesse momento, vamos explorar os elementos principais desses sistemas.

Estações de Rratamento de Água (ETA)


O link a seguir mostra as etapas numeradas do tratamento de água que é realizado
nas ETAs na maior parte do Estado de São Paulo:

Etapas do tratamento de água realizadas no Estado de São Paulo pela Sabesp.


Fonte: https://goo.gl/DRTUzl

Vamos falar agora de cada uma dessas etapas (NOWACKI e RANGEL, 2014;
SABESP, 2009):
1. Represa
2. Captação e bombeamento:

Após a captação da represa, a água é bombeada para as ETAs. Quando possível,


usa-se a captação por gravidade, de forma a deixar esse processo mais barato.
3. Pré-cloração, pré-alcalinização e coagulação:
3.1. Pré-cloração:

Essa etapa ocorre assim que a água chega à estação. A adição de cloro ajuda
na remoção da matéria orgânica.
3.2. Pré-alcalinização:

Nessa etapa, é feita a adição de cal (CaO) ou soda (NaOH) à água para que
o pH seja ajustado. Para as etapas seguintes a essa, o pH da água deve estar
levemente alcalino.

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3.1. Coagulação:

Adiciona-se à água um coagulante, como o sulfato de alumínio, cloreto férrico


ou outro.
4. Floculação:

Após a adição do coagulante, a água vai para o tanque de floculação, onde é


agitada violentamente para provocar a desestabilização elétrica das partículas de
sujeira, facilitando a sua agregação.
5. Decantação:

Após a floculação, a água vai para o tanque de decantação, onde a sujeira floculada
aglutina-se no fundo, formando um lodo. Esse lodo é removido para o sistema de
esgoto a cada duas horas.
6. Filtração:

Nesa fase, a água passa por filtros constituidos de camadas de areia fina, areia
grossa, pedrisco e pedregulho. A filtração é realizada com a finalidade de reter os
flocos de sujeira remanescentes da decantação.
7. Cloração e fluoretação:
7.1 Cloração:

Consiste na adição de cloro para destruir os microrganimos presentes na água.


7.2 Fluoretação:

Essa etapa é uma etapa adicional do tratamento. Nela, adiciona-se flour à água
com a finalidade de reduzir a incidência das cáries dentárias na população.

As etapas de 8 a 11 consistem no encaminhamento da água para o reservatório


(etapa 8), que porteriormente é distribuída (etapa 9) por meio da rede de distribuição
(etapa 10), até chegar à cidade (etapa 11).

Estações de Tratamento de Efluentes (ETE)


Para estudarmos as etapas do tratamento de esgotos que acontecem nas ETEs, vamos
dividir o tratamento em duas fases: sólida e líquida.
· Tratamento da fase líquida:

A Figura no link a seguir mostra as etapas numeradas do tratamento do esgoto


líquido realizadas pela Sabesp:

Etapas do tratamento da fase líquida dos esgotos realizadas pela Sabesp na maior parte do
Estado de São Paulo. Disponível em: https://goo.gl/7smtBP

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Abaixo, vamos discutir cada uma dessas etapas (NOWACKI e RAN
1. Cidade:

Após a distribuição da água para as residências, ela é utilizada e se torna esgoto.


O esgoto deixa as casas e vai para as redes coletoras de esgoto.
2. Redes de esgoto:

Levam o esgoto da cidade para a ETE


3. Gradeamento:

Antes de ser efetivamente tratado, o esgoto passa por grades para que a sujeira
grossa seja retida.
4. Caixa de areia:

Nessa etapa, conhecida como desaneração, há a remoção da areia por sedimen-


tação. Como os grãos de areia apresentam dimensões e densidades maiores que
a matéria orgânica, eles sedimentam no fundo dos tanques, enquanto a matéria
orgânica segue para a próxima etapa.
5. Decantador primário:

É um processo longo que dá origem ao que chamamos de lodo primário, que é


tratado com a fase sólida do efluente. Consiste na sedimentação de sólidos maio-
res que estão em suspensão no efluente.
6. Tanques de aeração:

Nessa etapa, fornece-se ar para que os microrganismo aeróbicos degradem a


matéria orgânica.
7. Decantador segundário:

O decantador secundário tem como função a separação dos sólidos em suspensão


para permitir a saída de um efluente clarificado. O lodo formado nessa etapa tam-
bém segue para o tratamento da fase sólida.
8. Rio:

Após todas essas etapas, a fase líquida do efluente pode ser encaminhada para o rio.
·· Tratamento da fase sólida:

Na no link a seguir, temos as etapas do tratamento da fase sólida do esgoto enumeradas


(NOWACKI e RANGEL, 2014; SABESP, 2009).

Etapas do tratamento da fase sólida dos esgotos realizadas pelas Sabesp no Estado de
São Paulo. Disponível em: https://goo.gl/YHAkhx

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Química Aquática

1. Cidade
2. Entrada do lodo primário

Lodo proveniente do decantador primário do tratamento da fase líquida.


3. Entrada do lodo secundário

Lodo proveniente do decantador secundário do tratamento da fase líquida.


4. Adensadores

O lodo primário segue para os adensadores, onde ele se torna mais concentrado
por meio da separação de parte da água presente nele.
5. Flotadores

O lodo secundário é encaminhando para os flotadores, onde ocorre o processo


de flotação. Esse processo consiste na separação da água do sólido por meio da
introdução de água com microbolhas de ar.
6. Digestores

Os digestores recebem o lodo dos adensadores e dos flotadores.

Na etapa de digestão, microrganismos anaeróbicos degradam a matéria orgânica


do lodo, formando gás metano e água. Esse processo é chamado de estabilização
e é responsável por eliminar odores desagradáveis.
7. Filtros prensa

É responsável pela desidratação do lodo proveniente dos digestores. Essa é a últi-


ma etapa do tratamento.

As etapas 8 e 9 referem-se ao encaminhamento do lodo por meio de esteiras (etapa


8) para a secagem no sol (etapa 9) para que, posteriormente, esse lodo seja disposto em
aterro sanitário.

Controle de Poluição das Águas


Depois de tudo que vimos, você deve estar se perguntando como temos tantos rios
poluídos mesmo tendo tratamentos eficazes de esgoto. O problema é que nem todo
esgoto produzido é tratado. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA)
publicados no jornal O Globo em 2017, apenas 43% do esgoto gerado no Brasil é
coletado e tradado, sendo que 18% do esgoto é apenas coletado e para 27% do esgoto
não há nem coleta e nem tratamento. Dessa forma, uma parte significativa do esgoto
gerado é lançada diretamente nos corpos d’água pela própria rede coletora de esgoto
ou de forma clandestina.

Além do problema do esgoto doméstico sem tratamento, temos os esgotos industriais


que devem passar por um tratamento diferenciado para a remoção de metais pesados,
poluentes orgânicos, detergentes e etc. Esse controle nem sempre é realizado e pode
acarretar sérios problemas para os nossos corpos d’água.

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Para que haja um controle da poluição das nossas águas, necessita-se de tratamento
de esgotos industriais e domésticos. Sem isso, nossos corpos d’água estão fadados a
receber uma enorme carga poluidora da qual são incapazes de se recuperar sozinhos.

Análise Química de Águas e de Águas Residuais


Além dos métodos de análise que vimos na seção de controle de qualidade de águas,
existe uma infinidade de métodos que utilizam diversas técnicas para a análise de águas
e de águas residuais.

A técnica que será utilizada para a análise depende do que se deseja analisar e dos
equipamentos disponíveis para a análise.

Por exemplo, se queremos realizar a análise de poluentes orgânicos, podemos utilizar


técnicas como a cromatografia e a espectrometria de massas. No caso de poluição por
metais, podemos utilizar a espectrometria de absorção atômica, por exemplo.

Descrever cada uma das técnicas que podem ser utilizadas para a análise de água
seria assunto para uma disciplina inteira. Para o nosso caso, basta termos em mente
que devemos escolher qual análise iremos realizar baseada no tipo de poluição da água
a ser analisada.

Para ampliar seus conhecimentos sobre a análise de águas, leia o Capítulo 25 do livro
Química Ambiental de Staley E. Manahan, disponível na Biblioteca Virtual Universitária.
Para acessar esse livro, percorra o seguinte caminho:
Após entrar em sua “área do aluno”, disponível em: https://goo.gl/DSwNcr, no menu à
esquerda da tela, clique em “Serviços”, depois em “Biblioteca” e, no centro da tela, clique
em “E-books – Bib. Virtual Universitária”.

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UNIDADE
Química Aquática

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Sabesp – Tratamento de Água
https://youtu.be/P2ShcHsEGts
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): O que é
https://youtu.be/_VH8RnNUpME
Me Salva! ECO06 - Ecologia – Eutrofização
https://youtu.be/KGOU9sT6hVA

Leitura
Análise de metais pesados no Sistema Aquífero Bauru em Mato Grosso do Sul
UECHI, Denise Aguena; GABAS, Sandra Garcia; LASTORIA, Giancarlo. Análise de
metais pesados no Sistema Aquífero Bauru em Mato Grosso do Sul. Eng. Sanit. Ambient.,
Rio de Janeiro , v. 22, n. 1, p. 155-167, Feb. 2017.
https://goo.gl/wLyfFQ

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Referências
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. Porto Alegra: Bookman Editora, 2006.

BAIRD, C. Química ambiental. Porto Alegre: Bookman Editora, 2002.

COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO (Sabesp).


Tratamento de água, 2009. Disponível em: < http://site.sabesp.com.br/site/interna/
Default.aspx?secaoId=47>, acesso em 09/04/2018.

COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO (Sabesp).


Tratamento de esgoto, 2009. Disponível em: <http://site.sabesp.com.br/site/interna/
Default.aspx?secaoId=49>, acesso em 09/04/2018.

MANAHAN, S. E. Química ambiental. Porto Alegre: Bookman Editora, 2016.

NOWACKI, C. C. B.; RANGEL, M. B. A. Química ambiental: conceitos, processos e


estudos dos impactos ao meio ambiente. São Paulo: Érica, 2014.

ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à química ambiental.


Porto Alegre: Bookman Editora, 2009.

VENTURA, M. No Brasil, esgoto de 45% da população não recebe qualquer tratamento.


O Globo, 26 de setembro de 2017. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/econo-
mia/no-brasil-esgoto-de-45-da-populacao-nao-recebe-qualquer-tratamento-21865590>,
acesso em 09/04/2018.

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