Para estes números (nº6 e 7) dos trabalhos de 2018 a revista Convocarte abordou a questão lúdica ... more Para estes números (nº6 e 7) dos trabalhos de 2018 a revista Convocarte abordou a questão lúdica Inspirada na noção de Homo Ludens de Huizinga, propomos uma Ars Ludens, assumindo-a enquanto dimensão humana que atravessa as culturas e as produções artísticas. Apesar de nos interessar trabalhar ambas as dimensões em conjunto, defendemos que lúdico e jogo, apesar da proximidade, não são a mesma coisa. O jogo é o instrumento através do qual se manifesta a dimensão lúdica. Mas o jogo pode ter outros efeitos negativos, mais nocivos que não se ajustam à ludicidade, ou até ser seu antónimo. Se o jogo pode também ser vício e derrota, a ludicidade liberta-se enquanto efeito de prazer e de diversão. O jogo é o plano de regras e de objetivos, enquanto palco alternativo às normas da nossa realidade, no interior do qual a ludicidade se experimenta. Diríamos que o lúdico é o lado bom e prazenteiro do efeito do acto de jogar. Mas o lúdico não é exclusivo do jogo. O brinquedo é outro dos seus instru...
Uma vez definidos os conteúdos e as estratégias que fixam uma pedagogia do desenho, o sucesso do ... more Uma vez definidos os conteúdos e as estratégias que fixam uma pedagogia do desenho, o sucesso do empreendimento passa por criar, no aluno, uma disponibilidade para a experimentação; a dimensão lúdica dos exercícios de desenho e sua relação com a ideia de jogo constitui um factor a considerar nesta equação
Considerámos pois interessante, dada a natureza eo contexto de uma Aula Aberta que admite um pú... more Considerámos pois interessante, dada a natureza eo contexto de uma Aula Aberta que admite um público heterogéneo, constituído por qualquer e todos os docentes e qualquer e todos os alunos , falar de um dos materiais que sustentam a própria prática pedagógica e que é ...
O vidro é um material absolutamente singular. As suas qualidades físicas, químicas -e mesmo alquí... more O vidro é um material absolutamente singular. As suas qualidades físicas, químicas -e mesmo alquímicas -fazem dele um caso excecional na história da cultura material. Ele atravessa distintas épocas e culturas, testemunhando nessa continuidade uma invulgar resiliência às alterações técnicas e às mudanças de paradigma. O vidro convoca uma grande multiplicidade de pontos de vista sobre o fazer: o saber prático do artesão, o conhecimento tecnológico do engenheiro, a perspetiva integradora do designer ou a perceção subjetiva do artista. Mas, nesse processo de trabalho e reinvenção do vidro (e sobre o vidro), será que todos eles vêm realmente o mesmo? Qual a representação -ou representações -que dele fazem e qual o acesso que cada um deles tem ao vidro? Esta comunicação pretendeu explorar o lugar que neste processo ocupa a questão da intencionalidade (na configuração desse acesso), bem como o papel do desenho na fixação dessas representações -tal como são concebidas e desenvolvidas no interior das áreas profissionais que dependem diretamente dos materiais e, em particular, o caso do vidro.
A aprendizagem do desenho, seja qual for o seu contexto ou o objectivo a que se destina, consiste... more A aprendizagem do desenho, seja qual for o seu contexto ou o objectivo a que se destina, consiste numa prática. Esta prática implica a invenção de dispositivos para implementar a experimentação do exercício do desenho. Por isso se chamam, a esses dispositivos em contexto pedagógico, "exercícios de desenho". Eles constituem as ferramentas fundacionais dessa prática, incidindo sobre o pensamento das representações e percorrendo um espectro muito vasto que é, a cada época histórica e em cada percurso autoral, extremamente plástico e sujeito a uma permanente rede nição -particularmente no caso do desenho das artes plásticas.
O desenho tem uma vocação didáctica ou, mais exactamente, uma potência didáctica. Esta possui já ... more O desenho tem uma vocação didáctica ou, mais exactamente, uma potência didáctica. Esta possui já uma longa história, particularmente na sua relação com as diversas práticas pro ssionais que lidam com a invenção e a produção da forma. Isto porque o desenho proporciona recursos únicos para a aprendizagem de certos saberes, certas experiências: o desenho permite abstrair, do objecto concreto, aqueles dados que se pretendem conceptualizar. Considerámos pois interessante, dada a natureza e o contexto de uma Aula Aberta -que admite um público heterogéneo, constituído por qualquer e todos os docentes e qualquer e todos os alunos -, falar de um dos materiais que sustentam a própria prática pedagógica e que é geralmente ignorado, tratado como um dado adquirido ou considerado demasiado banal para justi car um segundo olhar. Trata-se daquele momento em que é lançado o repto de uma proposta pedagógica. Neste caso, o exercício de desenho, particularmente a sua natureza e funções no contexto de uma formação em Design. Para as áreas pro ssionais em questão (aquelas denominadas genericamente por Design), o entendimento e a experiência do desenho con gura-se como fundamental. No entanto, este processo (como tantos outros) não pode decorrer sem um envolvimento que implica experimentação, risco e duração. Já no m do séc. XVIII, a enciclopédia de DIDEROT et D'ALEMBERT (na sua de nição de Dessin/Dessein) alertava para os perigos das academias e suas fórmulas e remetia para a responsabilidade da experiência pessoal o rigor dos meios e os critérios a utilizar: "Pour parvenir à bien dessiner, il faut avoir de la justesse dans les organes qu'on y employe, & les former par l'habitude, c'est-à-dire en dessinant très fréquemment."
Para estes números (nº6 e 7) dos trabalhos de 2018 a revista Convocarte abordou a questão lúdica ... more Para estes números (nº6 e 7) dos trabalhos de 2018 a revista Convocarte abordou a questão lúdica Inspirada na noção de Homo Ludens de Huizinga, propomos uma Ars Ludens, assumindo-a enquanto dimensão humana que atravessa as culturas e as produções artísticas. Apesar de nos interessar trabalhar ambas as dimensões em conjunto, defendemos que lúdico e jogo, apesar da proximidade, não são a mesma coisa. O jogo é o instrumento através do qual se manifesta a dimensão lúdica. Mas o jogo pode ter outros efeitos negativos, mais nocivos que não se ajustam à ludicidade, ou até ser seu antónimo. Se o jogo pode também ser vício e derrota, a ludicidade liberta-se enquanto efeito de prazer e de diversão. O jogo é o plano de regras e de objetivos, enquanto palco alternativo às normas da nossa realidade, no interior do qual a ludicidade se experimenta. Diríamos que o lúdico é o lado bom e prazenteiro do efeito do acto de jogar. Mas o lúdico não é exclusivo do jogo. O brinquedo é outro dos seus instru...
Uma vez definidos os conteúdos e as estratégias que fixam uma pedagogia do desenho, o sucesso do ... more Uma vez definidos os conteúdos e as estratégias que fixam uma pedagogia do desenho, o sucesso do empreendimento passa por criar, no aluno, uma disponibilidade para a experimentação; a dimensão lúdica dos exercícios de desenho e sua relação com a ideia de jogo constitui um factor a considerar nesta equação
Considerámos pois interessante, dada a natureza eo contexto de uma Aula Aberta que admite um pú... more Considerámos pois interessante, dada a natureza eo contexto de uma Aula Aberta que admite um público heterogéneo, constituído por qualquer e todos os docentes e qualquer e todos os alunos , falar de um dos materiais que sustentam a própria prática pedagógica e que é ...
O vidro é um material absolutamente singular. As suas qualidades físicas, químicas -e mesmo alquí... more O vidro é um material absolutamente singular. As suas qualidades físicas, químicas -e mesmo alquímicas -fazem dele um caso excecional na história da cultura material. Ele atravessa distintas épocas e culturas, testemunhando nessa continuidade uma invulgar resiliência às alterações técnicas e às mudanças de paradigma. O vidro convoca uma grande multiplicidade de pontos de vista sobre o fazer: o saber prático do artesão, o conhecimento tecnológico do engenheiro, a perspetiva integradora do designer ou a perceção subjetiva do artista. Mas, nesse processo de trabalho e reinvenção do vidro (e sobre o vidro), será que todos eles vêm realmente o mesmo? Qual a representação -ou representações -que dele fazem e qual o acesso que cada um deles tem ao vidro? Esta comunicação pretendeu explorar o lugar que neste processo ocupa a questão da intencionalidade (na configuração desse acesso), bem como o papel do desenho na fixação dessas representações -tal como são concebidas e desenvolvidas no interior das áreas profissionais que dependem diretamente dos materiais e, em particular, o caso do vidro.
A aprendizagem do desenho, seja qual for o seu contexto ou o objectivo a que se destina, consiste... more A aprendizagem do desenho, seja qual for o seu contexto ou o objectivo a que se destina, consiste numa prática. Esta prática implica a invenção de dispositivos para implementar a experimentação do exercício do desenho. Por isso se chamam, a esses dispositivos em contexto pedagógico, "exercícios de desenho". Eles constituem as ferramentas fundacionais dessa prática, incidindo sobre o pensamento das representações e percorrendo um espectro muito vasto que é, a cada época histórica e em cada percurso autoral, extremamente plástico e sujeito a uma permanente rede nição -particularmente no caso do desenho das artes plásticas.
O desenho tem uma vocação didáctica ou, mais exactamente, uma potência didáctica. Esta possui já ... more O desenho tem uma vocação didáctica ou, mais exactamente, uma potência didáctica. Esta possui já uma longa história, particularmente na sua relação com as diversas práticas pro ssionais que lidam com a invenção e a produção da forma. Isto porque o desenho proporciona recursos únicos para a aprendizagem de certos saberes, certas experiências: o desenho permite abstrair, do objecto concreto, aqueles dados que se pretendem conceptualizar. Considerámos pois interessante, dada a natureza e o contexto de uma Aula Aberta -que admite um público heterogéneo, constituído por qualquer e todos os docentes e qualquer e todos os alunos -, falar de um dos materiais que sustentam a própria prática pedagógica e que é geralmente ignorado, tratado como um dado adquirido ou considerado demasiado banal para justi car um segundo olhar. Trata-se daquele momento em que é lançado o repto de uma proposta pedagógica. Neste caso, o exercício de desenho, particularmente a sua natureza e funções no contexto de uma formação em Design. Para as áreas pro ssionais em questão (aquelas denominadas genericamente por Design), o entendimento e a experiência do desenho con gura-se como fundamental. No entanto, este processo (como tantos outros) não pode decorrer sem um envolvimento que implica experimentação, risco e duração. Já no m do séc. XVIII, a enciclopédia de DIDEROT et D'ALEMBERT (na sua de nição de Dessin/Dessein) alertava para os perigos das academias e suas fórmulas e remetia para a responsabilidade da experiência pessoal o rigor dos meios e os critérios a utilizar: "Pour parvenir à bien dessiner, il faut avoir de la justesse dans les organes qu'on y employe, & les former par l'habitude, c'est-à-dire en dessinant très fréquemment."
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