Papers by Márcia C . Kondratiuk
outra travessia
Definido pelo próprio autor como uma “novelinha fantástica” e “ninharia”, o conto Sonho (1877) fo... more Definido pelo próprio autor como uma “novelinha fantástica” e “ninharia”, o conto Sonho (1877) foi escrito em Paris, quando Turguêniev já havia se instalado em definitivo no exterior e se tornado o escritor russo mais lido e conhecido fora dos limites do seu país, além de divulgador e tradutor da literatura russa. Assim como a narrativa em si, a história da sua publicação une cronotopos distintos.
Diacrítica
A partir das traduções das crônicas de Arkadi Aviértchenko (“A Tragédia do Escritor Russo”, 1920)... more A partir das traduções das crônicas de Arkadi Aviértchenko (“A Tragédia do Escritor Russo”, 1920) e de Teffi (“Que Faire”, 1920e“A Cidadezinha”, 1927) que acompanham o artigo, pretende-se analisar algumas questões que marcaram a primeira onda da emigração russa como isolamento; a ideia da recriação da Rússia no exterior e a perda gradativa das memórias e referências culturais e linguísticas. O gênero crônica parece especialmente propício a essa análise, uma vez que, por transitar entre ficção literária, registro histórico e jornalismo, permite capturar as impressões imediatas da primeira onda da emigração russa que se deu após a Revolução de 1917 e a Guerra Civil subsequente. Tomadas sob a ótica das epopeias mitológicas, as crônicas de Aviértchenko e Teffi revelam também o exílio naquele momento, para os russos, como uma espécie de viagem para o mundo além-fronteiras, em que tudo é virado às avessas. Em última perspectiva, essas narrativas remetem a uma tragédia humana universal, qu...
Abusões
Teffi - pseudónimo literário da escritora, poeta e tradutora Nadiéjda Lokhvítskaia (1872-1952) – ... more Teffi - pseudónimo literário da escritora, poeta e tradutora Nadiéjda Lokhvítskaia (1872-1952) – tornou-se famosa como autora de poemas, folhetins e crônicas de humor que publicava na revista Satirikon e em outros periódicos russos. Em 1918, após o fechamento do jornal Rússkoie slovo [Palavra russa], Teffi viajou para Kyiv e Odessa inicialmente para dar palestras sobre literatura, mas em seguida foi para a Turquia e instalou-se em definitivo em Paris. O conto A silvana integra a coletânea A bruxa [Viédma, 1936], considerado pela autora seu melhor livro. Esta coletânea, enquanto parte da literatura russa da emigração, revela um olhar retrospectivo e nostálgico de Teffi sobre sua infância. Nos contos, o mágico, fantástico e inexplicável é atribuído às personagens comuns: assim, a criada se transforma em bruxa ou em sereia, o bebê em vampiro, o jardineiro em feiticeiro e assim por diante. É como se cada uma dessas personagens levasse uma vida dupla: a de pessoa comum, triste e ordiná...
A partir das traduções das crônicas de Arkadi Aviértchenko ("A Tragédia do Escritor Russo", 1920)... more A partir das traduções das crônicas de Arkadi Aviértchenko ("A Tragédia do Escritor Russo", 1920) e de Teffi ("Que Faire", 1920 e "A Cidadezinha", 1927) que acompanham o artigo, pretende-se analisar algumas questões que marcaram a primeira onda da emigração russa como isolamento; a ideia da recriação da Rússia no exterior e a perda gradativa das memórias e referências culturais e linguísticas. O gênero crônica parece especialmente propício a essa análise, uma vez que, por transitar entre ficção literária, registro histórico e jornalismo, permite capturar as impressões imediatas da primeira onda da emigração russa que se deu após a Revolução de 1917 e a Guerra Civil subsequente. Tomadas sob a ótica das epopeias mitológicas, as crônicas de Aviértchenko e Teffi revelam também o exílio naquele momento, para os russos, como uma espécie de viagem para o mundo além-fronteiras, em que tudo é virado às avessas. Em última perspectiva, essas narrativas remetem a uma tragédia humana universal, que é o encontro com o 'outro', com o estranho. No entanto, no plano ficcional, a angústia e a insegurança relacionadas ao exílio são ressignificadas por meio da ironia e da subversão grotesca, inclusive no nível linguístico, em que ocorrem combinações das mais inusitadas entre o idioma russo e francês.
História de um sino, Dec 22, 2014
Arkadi Timofiéevitch Aviértchenko (1818-1925) é um dos mais importantes escritores-humoristas da ... more Arkadi Timofiéevitch Aviértchenko (1818-1925) é um dos mais importantes escritores-humoristas da Rússia, chamado por muitos contemporâneos de Mark Twain russo e também de herdeiro de Anton Tchekhov. No entanto, sua herança bibliográfica é tão rica e interessante que não deixa dúvidas sobre seu caráter original. Em 1903, Aviértchenko começa a atuar como redator da maior revista humorística russa, "Satirikon", e a partir de 1910 passa a publicar obras de sua própria autoria, sempre de pequena extensão (principalmente contos e esboços cômicos). Em 1917 nota-se uma mudança brusca em sua obra, que adquiriu notas mais trágicas. Provavelmente deveu-se a uma decepção com as reviravoltas políticas na Rússia, que resultou na emigração do autor em 1920. Depois de perambular por diversos países, Aviértchenko se instalou finalmente em Praga, onde faleceu em 1925.
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RUS (São Paulo), 2014
Tradução: Marcia Chagas Kondratiuk e Ekaterina Vólkova Américo.
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