Resumo: O presente artigo teve como objetivo analisar a série Cidade Invisível do serviço de Stre... more Resumo: O presente artigo teve como objetivo analisar a série Cidade Invisível do serviço de Streaming Netflix a partir da noção de catarse aristotélica e outros elementos da filosofia, semiótica e linguagem. A série estreou em fevereiro de 2021 e trouxe vários elementos que são parte conhecida da cultura e do folclore brasileiros, inclusive com leves críticas às questões socioambientais. Utilizando o método de pesquisa qualitativa com teor bibliográfico, as análises em torno das noções de fantasia, imaginário e folclore brasileiro foram abordadas neste trabalho a partir de questões filosóficas como ética, cultura e também símbolos místicos e religiosos que estão ao entorno do imaginário do telespectador. Como conclusão, pensamos que a série explora positivamente as raízes da cultura brasileira, da identidade cultural do povo e em um mesmo movimento se torna uma excelente opção de entretenimento.
Neste trabalho, discutiremos a visão de Platão sobre a dialética, sua relação com os pensadores p... more Neste trabalho, discutiremos a visão de Platão sobre a dialética, sua relação com os pensadores pré-socráticos Heráclito e Parmênides, e os desafios filosóficos que ele enfrentou. Platão viveu em um período de mudanças na Grécia clássica, onde tradições filosóficas antigas não mais atendiam às novas formas de pensar e viver. Heráclito enfatizou a importância da mudança e do combate como fundamentais para a existência, enquanto Parmênides buscava a verdade por meio de argumentos racionais não contraditórios. Essas perspectivas colocaram Platão diante de questões complexas, que ele explorou em sua própria filosofia.
Aprenda xadrez com os filósofos: o despedaçamento do ser como possibilidade Learn chess from phil... more Aprenda xadrez com os filósofos: o despedaçamento do ser como possibilidade Learn chess from philosophers: the shattering of being as a possibility EDGARD VINÍCIUS CACHO ZANETTE 1 Quando terminei o doutorado em filosofia tive a inocente impressão de ganhar uma carta de alforria. Mas como? A academia é o templo da retomada infinita, indelével, continuada, do saber magistralmente acumulado. Um professor é, antes de tudo, um grande repetidor. Retomamos as obras que nos antecederam, lemos os melhores comentários, linha a linha. Passamos anos, décadas, fazendo análise estrutural de filosofias estrangeiras que imploramos ser nossas. Muitas vezes ficamos por um semestre estudando não mais que um parágrafo da Crítica da Razão Pura de Kant, ou coisas desse feitio. É elegante ser professor de Filosofia, ainda que seja uma profissão esquisita. O professor filósofo é um poço de sabedoria. Entre tantas expectativas e frustrações, logo percebi que o patrulhamento acadêmico continuaria e, talvez, seria pior. Ter o título de doutor nos coloca em uma posição defensiva, frágil. As pessoas esperam que saibamos tudo e que sejamos moralmente corretos, modelos de virtude e trabalho. Certas bobagens, erros, insights, ensaios, tentativas, seriam observados mais criticamente pelos moralistas. De outra parte, aprendi na Unioeste que a academia é o território do método, do edifício do saber, mas também é um espaço de transgressão. As discussões no bar em frente à faculdade, os encontros fortuitos com amigos e professores, os Simpósios e as Semanas Acadêmicas, as festas do DCE e do CAFIL etc, são momentos chave que colocam em xeque a pureza acadêmica e transgredem o currículo. Neste sentido, quando o professor Claudinei Aparecido de Freitas me convidou para contribuir neste volume primoroso, e, mais, que eu poderia escrever sobre o que quisesse, fiquei entusiasmado. Primeiramente pensei na zona de conforto: vou escrever algo interessante sobre Descartes. Na sequência, o desejo de escrever a partir do que aprendi com professores queridos, tais como César Augusto
Seguindo o princípio cartesiano de dividir as dificuldades e iniciar do simples ao complexo, no l... more Seguindo o princípio cartesiano de dividir as dificuldades e iniciar do simples ao complexo, no livro Aprenda xadrez com os filósofos, tratamos de algumas considerações sobre o ato de filosofar relacionando-o com as noções mais simples e básicas do xadrez. Começar do simples e progredir para as questões mais difíceis é o caminho básico em todo processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, este livro pode ser lido por aqueles que já jogam bem, pois certamente observarão ideias interessantes ligadas ao xadrez, assim como é um livro para o iniciante que aprenderá de um modo especial.
Uma reflexão contemporânea sobre a realidade exige uma abertura maior para as questões que envolv... more Uma reflexão contemporânea sobre a realidade exige uma abertura maior para as questões que envolvem as conexões entre os diversos saberes. Os saberes se encontram na fronteira do que chamamos de conhecimento, podendo estes ser caracterizados como inter, multi ou transdisciplinares. O entendimento desta pluralidade propõe compreensões bem mais profundas sobre os humanos e o mundo. Esta profundidade não é encontrada nas especialidades compartimentadas das ciências, mas sim no espaço plural em que estas especialidades não conseguem penetrar, já que se trata de um campo que necessariamente perpassa a reflexão filosófica. Compreendemos que a interdisciplinaridade é uma condição filosófica, isto é, a interdisciplinaridade é uma forma de pensar filosoficamente. A filosofia representa a busca humana pela ampliação do saber, pois ao encontrar-se na fronteira, tenta, a todo momento, ultrapassá-la, ampliando o próprio conhecimento. A fronteira, o que aqui chamamos de “encruzilhada”, não é apen...
As ciências, as artes e a filosofia possuem perspectivas metodológicas e epistemológicas diferent... more As ciências, as artes e a filosofia possuem perspectivas metodológicas e epistemológicas diferentes acerca do mundo, entretanto, buscam expressar os mesmos fenômenos e objetos, dando sentido às coisas e ao próprio homem neste processo. A relação entre estas diversas perspectivas pode gerar novas concepções de mundo, mais empenhadas em compreender o todo e sua relação com as partes, e não unicamente um compartimento minúsculo e específico do universo. A interdisciplinaridade, portanto, move todo o processo de encontro de saberes, gerando novas questões e novas propostas de investigação das coisas do mundo. A filosofia pode ser pensada como um guia para esta interdisciplinaridade, haja vista a sua natureza de buscar compreender o todo, mas não deve ser considerada a única forma de abordagem dos problemas. Os conceitos filosóficos, as funções científicas e os afetos/perceptos artísticos se complementam na geração de um sentido mais amplo para os fenômenos, melhorando cada vez mais a no...
Revista Eletrônica Ambiente Gestão e Desenvolvimento, 2021
A filosofia de Jean-Paul Sartre parte de certo princípio filosófico: a consciência. Para teorizar... more A filosofia de Jean-Paul Sartre parte de certo princípio filosófico: a consciência. Para teorizar sobre o real, Sartre primeiro precisava mostrar suas novas perspectivas sobre as relações entre o ego, a consciência e o mundo. Sartre queria mostrar que tinha uma nova concepção de consciência e, para desenvolver suas teses, escreveu obras como: A Transcendência do ego, A imaginação e O imaginário. Amadurecendo seus pensamentos e discutindo a fenomenologia de Husserl e as reflexões críticas de Heidegger, Sartre escreveu seu ensaio de ontologia fenomenológica, O Ser e o Nada, buscando uma nova perspectiva sobre o ser e a existência, dando continuidade ao trabalho de outros filósofos e abrindo as portas para uma filosofia da concretude. Neste artigo propomos analisar importantes considerações sobre as origens do princípio filosófico de Sartre: a consciência pré-reflexiva, ou seja, o cogito sartreano.
Neste artigo abordaremos como a inspeção do espírito ocorre tratando a percepção da cera como um ... more Neste artigo abordaremos como a inspeção do espírito ocorre tratando a percepção da cera como um poder intelectual de conhecer, em vista da natureza do ego cogitans, na medida que a faculdade do entendimento e a faculdade da vontade operam por complementaridade. Para tanto, abordaremos a Meditação Segunda, sobretudo a segunda parte desta meditação (a partir do parágrafo doze), com complementos explicativos de outras meditações e obras do filósofo, de forma a mostrarmos que a questão da correção dos sentidos, diante do impasse epistêmico ocasional na apreensão dos dados sensíveis, remete implicitamente ao jogo operativo da teoria cartesiana das faculdades.
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, 2018
Nossa proposta neste artigo é expor a maneira como Descartes desenvolve, na Meditação Segunda, um... more Nossa proposta neste artigo é expor a maneira como Descartes desenvolve, na Meditação Segunda, uma investigação sobre o conceito “corpo” sem haver provado que haja um corpo existente. Ocorre, segundo entendemos, um movimento interessante de aproximação e oposição entre a verdade do ego cogitans como puro pensamento em relação à contínua intromissão das ideias sensíveis, as quais são fundamentais na inspeção do espírito. A estratégia investigativa proposta se pauta na abordagem da aparição do sensível (§ 10), com complementos explicativos, para então tratarmos o exame do pedaço de cera, o qual remete em questionar sobre o critério da percepção de uma coisa como coisa.
Apontamentos sobre o Ceticismo Pirrônico: Entre a crítica à Racionalidade e a Defesa da Vida Comu... more Apontamentos sobre o Ceticismo Pirrônico: Entre a crítica à Racionalidade e a Defesa da Vida Comum Edgard Vi ní ci us Cacho Zanette 1 Resumo: O presente artigo consiste em uma investigação sobre o ceticismo pirrônico em vista da crítica dos pirrônicos às filosofias que defendem ser a investigação filosófica superior à vida comum. Em um primeiro momento apresentaremos um esboço da postura pirrônica, visando mostrar que os céticos utilizam o ceticismo como cura que visa retirar dos homens a presunção em querer julgar as coisas em si mesmas. Os céticos pirrônicos desenvolvem uma crítica aos dogmáticos e aos acadêmicos porque ambos, ao filosofarem, se comprometem em proporcionar duas coisas que os mesmos não alcançam: verdades absolutas e a felicidade. Neste sentido, para os seguidores da sképsis, a filosofia deve curar os homens pelo discurso ao invés de promover o tormento e a insatisfação pelas contínuas disputas filosóficas em busca por pretensas verdades absolutas. Discutiremos sobre alguns importantes conceitos que compõem o percurso realizado pela zétesis (investigação) pirrônica, como os conceitos de Equipolência, Anomalia, Epokhé, Acatalepsia, Ataraxia e Afasia. Por fim, problematizaremos a crítica pirrônica à racionalidade a partir da defesa das aparências e da vida comum.
A dAvida metAdica possibilita a descoberta da primeira certeza da filosofia cartesiana, o cogito.... more A dAvida metAdica possibilita a descoberta da primeira certeza da filosofia cartesiana, o cogito. O cogito A descoberto e nAo inventado. Por essa caracterAstica intrAnseca ao mAtodo cartesiano, para bem compreendermos o cogito temos que passar pelo crivo da mais radical dAvida hiperbAlica. A dAvida cartesiana coloca em marcha um processo contAnuo que destrAi toda e qualquer opiniAo que contenha o mAnimo indAcio de dAvida. Em um primeiro momento, nesse processo de destruiAAo dos prejuAzos, a dAvida metAdica propAe o abandono do mundo externo ao sujeito meditador, pois os sentidos enganam e tudo o que, de alguma maneira, dependa deles para existir A considerado duvidoso, e, portanto, incerto. O rigor dessa anAlise crAtica proposta por Descartes vai, porAm, adiante, desenvolvendo outra separaAAo entre o sujeito da dAvida e tudo o que lhe A externo. Esse segundo momento A o mais dramAtico e radical ao pensamento cartesiano, pois A por meio dele que haverA as condiAAes de possibilidade de o cogito ser descoberto e intuAdo, como a primeira certeza na ordem das MeditaAAes. Apesar desse contexto dramAtico em que o cogito aparece, o problema do mundo exterior nAo contribui somente para a descoberta do cogito, mas o problema do mundo externo reaparecerA e serA solucionado pelo prAprio cogito, ao ser destruAda a possibilidade da dAvida global e da falAncia da razAo. A sobre esse primeiro movimento de surgimento do problema do mundo exterior, seu desenvolvimento e sua superaAAo com a descoberta do cogito que emerge o que chamamos de sujeito ou subjetividade em Descartes. Sendo assim, investigaremos esse processo de descoberta do cogito, via dAvida metAdica, em que o ceticismo A reinventado por Descartes como o primeiro momento da busca pela verdade, de modo tal que o problema do mundo exterior emerge como a condiAAo da destruiAAo dos prejuAzos para a descoberta de ao menos uma verdade indubitAvel. ApAs a dAvida cartesiana, como o sentido e o complemento da mesma, temos o nascimento da noAAo cartesiana de sujeito ou subjetividade. Diante desta noAAo iremos investigar em que consiste o primeiro momento da descoberta do sujeito ou da subjetividade cartesiana centrada no cogito, que denominaremos de sujeito metafAsico.%%%%The methodical doubt enables the discovery of the first certainty of cartesian philosophy, the cogito. The cogito is discovered, not invented. For this intrinsic characteristic of the cartesian method, and to understand the cogito we have to pass through the most radical hyperbolic doubt. The cartesian doubt puts in motion continuous process that destroys all and any opinion that contains the slightest hint of doubt. In a first moment in this process of destruction of de losses, the methodical doubt propose abandonment of the external external world instead subject meditador, because the senses deceive, and all that, somehow, expect them to exist is considered doubtful, and therefore uncertain. The rigor of this review proposed by Descartes will, however, later, developed another separation between the subject of…
Revista Eletrônica Ambiente Gestão e Desenvolvimento, 2020
A matéria Virtude e Felicidade ministrada na Universidade Estadual de Roraima teve como objetivo ... more A matéria Virtude e Felicidade ministrada na Universidade Estadual de Roraima teve como objetivo desenvolver diálogos e reflexões filosóficas sobre virtude e felicidade a partir de pensamentos de filósofos atuais e contemporâneos. Essa pesquisa reúne duas abordagens que se complementam, a saber: análises bibliográficas sobre virtude e felicidade e uma práxis filosófica em sala de aula com a proposta da realização de um café filosófico, conforme será detalhado mais adiante. Analisando a história da filosofia e o modo como alguns pensadores filósofos, teólogos e de outras áreas de estudo refletiam, se percebe que essas análises estão diretamente ligadas aos estudos do ser, da ética, do homem social e até mesmo da psicologia. Também refletimos a respeito da pandemia causada pelo novo coronavírus e como que virtude e felicidade se relacionam com os efeitos nocivos causados pela pandemia. Esse relato de experiência está inserido no projeto de extensão Café Filosófico: Diálogos sobre Virt...
Resenha do artigo “Hobbes contre Descartes”, de Edwin Curley, publicado em “Descartes – Objecter... more Resenha do artigo “Hobbes contre Descartes”, de Edwin Curley, publicado em “Descartes – Objecter et repondre”. (Org.) J. -M. Beyssade; J. - L. Marion. 1994. - p. 149 - 162.
Neste estudo abordaremos a relacao entre as Filosofias de Descartes e Montaigne acerca de dois te... more Neste estudo abordaremos a relacao entre as Filosofias de Descartes e Montaigne acerca de dois temas fundamentais: Ceticismo e Subjetividade. Nao intencionamos contrapor as teses destes autores em vista de analises estruturais de suas obras. Achamos mais interessante, para os propositos deste estudo, investigar abertamente algumas intuicoes nossas a partir de suas teses, para, a partir dai, pensarmos como suas nocoes de ceticismo e de subjetividade se aproximam e se contrapoem.
Resumo: O presente artigo teve como objetivo analisar a série Cidade Invisível do serviço de Stre... more Resumo: O presente artigo teve como objetivo analisar a série Cidade Invisível do serviço de Streaming Netflix a partir da noção de catarse aristotélica e outros elementos da filosofia, semiótica e linguagem. A série estreou em fevereiro de 2021 e trouxe vários elementos que são parte conhecida da cultura e do folclore brasileiros, inclusive com leves críticas às questões socioambientais. Utilizando o método de pesquisa qualitativa com teor bibliográfico, as análises em torno das noções de fantasia, imaginário e folclore brasileiro foram abordadas neste trabalho a partir de questões filosóficas como ética, cultura e também símbolos místicos e religiosos que estão ao entorno do imaginário do telespectador. Como conclusão, pensamos que a série explora positivamente as raízes da cultura brasileira, da identidade cultural do povo e em um mesmo movimento se torna uma excelente opção de entretenimento.
Neste trabalho, discutiremos a visão de Platão sobre a dialética, sua relação com os pensadores p... more Neste trabalho, discutiremos a visão de Platão sobre a dialética, sua relação com os pensadores pré-socráticos Heráclito e Parmênides, e os desafios filosóficos que ele enfrentou. Platão viveu em um período de mudanças na Grécia clássica, onde tradições filosóficas antigas não mais atendiam às novas formas de pensar e viver. Heráclito enfatizou a importância da mudança e do combate como fundamentais para a existência, enquanto Parmênides buscava a verdade por meio de argumentos racionais não contraditórios. Essas perspectivas colocaram Platão diante de questões complexas, que ele explorou em sua própria filosofia.
Aprenda xadrez com os filósofos: o despedaçamento do ser como possibilidade Learn chess from phil... more Aprenda xadrez com os filósofos: o despedaçamento do ser como possibilidade Learn chess from philosophers: the shattering of being as a possibility EDGARD VINÍCIUS CACHO ZANETTE 1 Quando terminei o doutorado em filosofia tive a inocente impressão de ganhar uma carta de alforria. Mas como? A academia é o templo da retomada infinita, indelével, continuada, do saber magistralmente acumulado. Um professor é, antes de tudo, um grande repetidor. Retomamos as obras que nos antecederam, lemos os melhores comentários, linha a linha. Passamos anos, décadas, fazendo análise estrutural de filosofias estrangeiras que imploramos ser nossas. Muitas vezes ficamos por um semestre estudando não mais que um parágrafo da Crítica da Razão Pura de Kant, ou coisas desse feitio. É elegante ser professor de Filosofia, ainda que seja uma profissão esquisita. O professor filósofo é um poço de sabedoria. Entre tantas expectativas e frustrações, logo percebi que o patrulhamento acadêmico continuaria e, talvez, seria pior. Ter o título de doutor nos coloca em uma posição defensiva, frágil. As pessoas esperam que saibamos tudo e que sejamos moralmente corretos, modelos de virtude e trabalho. Certas bobagens, erros, insights, ensaios, tentativas, seriam observados mais criticamente pelos moralistas. De outra parte, aprendi na Unioeste que a academia é o território do método, do edifício do saber, mas também é um espaço de transgressão. As discussões no bar em frente à faculdade, os encontros fortuitos com amigos e professores, os Simpósios e as Semanas Acadêmicas, as festas do DCE e do CAFIL etc, são momentos chave que colocam em xeque a pureza acadêmica e transgredem o currículo. Neste sentido, quando o professor Claudinei Aparecido de Freitas me convidou para contribuir neste volume primoroso, e, mais, que eu poderia escrever sobre o que quisesse, fiquei entusiasmado. Primeiramente pensei na zona de conforto: vou escrever algo interessante sobre Descartes. Na sequência, o desejo de escrever a partir do que aprendi com professores queridos, tais como César Augusto
Seguindo o princípio cartesiano de dividir as dificuldades e iniciar do simples ao complexo, no l... more Seguindo o princípio cartesiano de dividir as dificuldades e iniciar do simples ao complexo, no livro Aprenda xadrez com os filósofos, tratamos de algumas considerações sobre o ato de filosofar relacionando-o com as noções mais simples e básicas do xadrez. Começar do simples e progredir para as questões mais difíceis é o caminho básico em todo processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido, este livro pode ser lido por aqueles que já jogam bem, pois certamente observarão ideias interessantes ligadas ao xadrez, assim como é um livro para o iniciante que aprenderá de um modo especial.
Uma reflexão contemporânea sobre a realidade exige uma abertura maior para as questões que envolv... more Uma reflexão contemporânea sobre a realidade exige uma abertura maior para as questões que envolvem as conexões entre os diversos saberes. Os saberes se encontram na fronteira do que chamamos de conhecimento, podendo estes ser caracterizados como inter, multi ou transdisciplinares. O entendimento desta pluralidade propõe compreensões bem mais profundas sobre os humanos e o mundo. Esta profundidade não é encontrada nas especialidades compartimentadas das ciências, mas sim no espaço plural em que estas especialidades não conseguem penetrar, já que se trata de um campo que necessariamente perpassa a reflexão filosófica. Compreendemos que a interdisciplinaridade é uma condição filosófica, isto é, a interdisciplinaridade é uma forma de pensar filosoficamente. A filosofia representa a busca humana pela ampliação do saber, pois ao encontrar-se na fronteira, tenta, a todo momento, ultrapassá-la, ampliando o próprio conhecimento. A fronteira, o que aqui chamamos de “encruzilhada”, não é apen...
As ciências, as artes e a filosofia possuem perspectivas metodológicas e epistemológicas diferent... more As ciências, as artes e a filosofia possuem perspectivas metodológicas e epistemológicas diferentes acerca do mundo, entretanto, buscam expressar os mesmos fenômenos e objetos, dando sentido às coisas e ao próprio homem neste processo. A relação entre estas diversas perspectivas pode gerar novas concepções de mundo, mais empenhadas em compreender o todo e sua relação com as partes, e não unicamente um compartimento minúsculo e específico do universo. A interdisciplinaridade, portanto, move todo o processo de encontro de saberes, gerando novas questões e novas propostas de investigação das coisas do mundo. A filosofia pode ser pensada como um guia para esta interdisciplinaridade, haja vista a sua natureza de buscar compreender o todo, mas não deve ser considerada a única forma de abordagem dos problemas. Os conceitos filosóficos, as funções científicas e os afetos/perceptos artísticos se complementam na geração de um sentido mais amplo para os fenômenos, melhorando cada vez mais a no...
Revista Eletrônica Ambiente Gestão e Desenvolvimento, 2021
A filosofia de Jean-Paul Sartre parte de certo princípio filosófico: a consciência. Para teorizar... more A filosofia de Jean-Paul Sartre parte de certo princípio filosófico: a consciência. Para teorizar sobre o real, Sartre primeiro precisava mostrar suas novas perspectivas sobre as relações entre o ego, a consciência e o mundo. Sartre queria mostrar que tinha uma nova concepção de consciência e, para desenvolver suas teses, escreveu obras como: A Transcendência do ego, A imaginação e O imaginário. Amadurecendo seus pensamentos e discutindo a fenomenologia de Husserl e as reflexões críticas de Heidegger, Sartre escreveu seu ensaio de ontologia fenomenológica, O Ser e o Nada, buscando uma nova perspectiva sobre o ser e a existência, dando continuidade ao trabalho de outros filósofos e abrindo as portas para uma filosofia da concretude. Neste artigo propomos analisar importantes considerações sobre as origens do princípio filosófico de Sartre: a consciência pré-reflexiva, ou seja, o cogito sartreano.
Neste artigo abordaremos como a inspeção do espírito ocorre tratando a percepção da cera como um ... more Neste artigo abordaremos como a inspeção do espírito ocorre tratando a percepção da cera como um poder intelectual de conhecer, em vista da natureza do ego cogitans, na medida que a faculdade do entendimento e a faculdade da vontade operam por complementaridade. Para tanto, abordaremos a Meditação Segunda, sobretudo a segunda parte desta meditação (a partir do parágrafo doze), com complementos explicativos de outras meditações e obras do filósofo, de forma a mostrarmos que a questão da correção dos sentidos, diante do impasse epistêmico ocasional na apreensão dos dados sensíveis, remete implicitamente ao jogo operativo da teoria cartesiana das faculdades.
Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, 2018
Nossa proposta neste artigo é expor a maneira como Descartes desenvolve, na Meditação Segunda, um... more Nossa proposta neste artigo é expor a maneira como Descartes desenvolve, na Meditação Segunda, uma investigação sobre o conceito “corpo” sem haver provado que haja um corpo existente. Ocorre, segundo entendemos, um movimento interessante de aproximação e oposição entre a verdade do ego cogitans como puro pensamento em relação à contínua intromissão das ideias sensíveis, as quais são fundamentais na inspeção do espírito. A estratégia investigativa proposta se pauta na abordagem da aparição do sensível (§ 10), com complementos explicativos, para então tratarmos o exame do pedaço de cera, o qual remete em questionar sobre o critério da percepção de uma coisa como coisa.
Apontamentos sobre o Ceticismo Pirrônico: Entre a crítica à Racionalidade e a Defesa da Vida Comu... more Apontamentos sobre o Ceticismo Pirrônico: Entre a crítica à Racionalidade e a Defesa da Vida Comum Edgard Vi ní ci us Cacho Zanette 1 Resumo: O presente artigo consiste em uma investigação sobre o ceticismo pirrônico em vista da crítica dos pirrônicos às filosofias que defendem ser a investigação filosófica superior à vida comum. Em um primeiro momento apresentaremos um esboço da postura pirrônica, visando mostrar que os céticos utilizam o ceticismo como cura que visa retirar dos homens a presunção em querer julgar as coisas em si mesmas. Os céticos pirrônicos desenvolvem uma crítica aos dogmáticos e aos acadêmicos porque ambos, ao filosofarem, se comprometem em proporcionar duas coisas que os mesmos não alcançam: verdades absolutas e a felicidade. Neste sentido, para os seguidores da sképsis, a filosofia deve curar os homens pelo discurso ao invés de promover o tormento e a insatisfação pelas contínuas disputas filosóficas em busca por pretensas verdades absolutas. Discutiremos sobre alguns importantes conceitos que compõem o percurso realizado pela zétesis (investigação) pirrônica, como os conceitos de Equipolência, Anomalia, Epokhé, Acatalepsia, Ataraxia e Afasia. Por fim, problematizaremos a crítica pirrônica à racionalidade a partir da defesa das aparências e da vida comum.
A dAvida metAdica possibilita a descoberta da primeira certeza da filosofia cartesiana, o cogito.... more A dAvida metAdica possibilita a descoberta da primeira certeza da filosofia cartesiana, o cogito. O cogito A descoberto e nAo inventado. Por essa caracterAstica intrAnseca ao mAtodo cartesiano, para bem compreendermos o cogito temos que passar pelo crivo da mais radical dAvida hiperbAlica. A dAvida cartesiana coloca em marcha um processo contAnuo que destrAi toda e qualquer opiniAo que contenha o mAnimo indAcio de dAvida. Em um primeiro momento, nesse processo de destruiAAo dos prejuAzos, a dAvida metAdica propAe o abandono do mundo externo ao sujeito meditador, pois os sentidos enganam e tudo o que, de alguma maneira, dependa deles para existir A considerado duvidoso, e, portanto, incerto. O rigor dessa anAlise crAtica proposta por Descartes vai, porAm, adiante, desenvolvendo outra separaAAo entre o sujeito da dAvida e tudo o que lhe A externo. Esse segundo momento A o mais dramAtico e radical ao pensamento cartesiano, pois A por meio dele que haverA as condiAAes de possibilidade de o cogito ser descoberto e intuAdo, como a primeira certeza na ordem das MeditaAAes. Apesar desse contexto dramAtico em que o cogito aparece, o problema do mundo exterior nAo contribui somente para a descoberta do cogito, mas o problema do mundo externo reaparecerA e serA solucionado pelo prAprio cogito, ao ser destruAda a possibilidade da dAvida global e da falAncia da razAo. A sobre esse primeiro movimento de surgimento do problema do mundo exterior, seu desenvolvimento e sua superaAAo com a descoberta do cogito que emerge o que chamamos de sujeito ou subjetividade em Descartes. Sendo assim, investigaremos esse processo de descoberta do cogito, via dAvida metAdica, em que o ceticismo A reinventado por Descartes como o primeiro momento da busca pela verdade, de modo tal que o problema do mundo exterior emerge como a condiAAo da destruiAAo dos prejuAzos para a descoberta de ao menos uma verdade indubitAvel. ApAs a dAvida cartesiana, como o sentido e o complemento da mesma, temos o nascimento da noAAo cartesiana de sujeito ou subjetividade. Diante desta noAAo iremos investigar em que consiste o primeiro momento da descoberta do sujeito ou da subjetividade cartesiana centrada no cogito, que denominaremos de sujeito metafAsico.%%%%The methodical doubt enables the discovery of the first certainty of cartesian philosophy, the cogito. The cogito is discovered, not invented. For this intrinsic characteristic of the cartesian method, and to understand the cogito we have to pass through the most radical hyperbolic doubt. The cartesian doubt puts in motion continuous process that destroys all and any opinion that contains the slightest hint of doubt. In a first moment in this process of destruction of de losses, the methodical doubt propose abandonment of the external external world instead subject meditador, because the senses deceive, and all that, somehow, expect them to exist is considered doubtful, and therefore uncertain. The rigor of this review proposed by Descartes will, however, later, developed another separation between the subject of…
Revista Eletrônica Ambiente Gestão e Desenvolvimento, 2020
A matéria Virtude e Felicidade ministrada na Universidade Estadual de Roraima teve como objetivo ... more A matéria Virtude e Felicidade ministrada na Universidade Estadual de Roraima teve como objetivo desenvolver diálogos e reflexões filosóficas sobre virtude e felicidade a partir de pensamentos de filósofos atuais e contemporâneos. Essa pesquisa reúne duas abordagens que se complementam, a saber: análises bibliográficas sobre virtude e felicidade e uma práxis filosófica em sala de aula com a proposta da realização de um café filosófico, conforme será detalhado mais adiante. Analisando a história da filosofia e o modo como alguns pensadores filósofos, teólogos e de outras áreas de estudo refletiam, se percebe que essas análises estão diretamente ligadas aos estudos do ser, da ética, do homem social e até mesmo da psicologia. Também refletimos a respeito da pandemia causada pelo novo coronavírus e como que virtude e felicidade se relacionam com os efeitos nocivos causados pela pandemia. Esse relato de experiência está inserido no projeto de extensão Café Filosófico: Diálogos sobre Virt...
Resenha do artigo “Hobbes contre Descartes”, de Edwin Curley, publicado em “Descartes – Objecter... more Resenha do artigo “Hobbes contre Descartes”, de Edwin Curley, publicado em “Descartes – Objecter et repondre”. (Org.) J. -M. Beyssade; J. - L. Marion. 1994. - p. 149 - 162.
Neste estudo abordaremos a relacao entre as Filosofias de Descartes e Montaigne acerca de dois te... more Neste estudo abordaremos a relacao entre as Filosofias de Descartes e Montaigne acerca de dois temas fundamentais: Ceticismo e Subjetividade. Nao intencionamos contrapor as teses destes autores em vista de analises estruturais de suas obras. Achamos mais interessante, para os propositos deste estudo, investigar abertamente algumas intuicoes nossas a partir de suas teses, para, a partir dai, pensarmos como suas nocoes de ceticismo e de subjetividade se aproximam e se contrapoem.
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