PhD Dissertation by José Knust
Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da ... more Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da conquista romana (séculos V a III a.C.).
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da ... more Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da conquista romana (séculos V a III a.C.).
Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da conquista romana (séculos V a III a.C.).
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Masters Dissertation by José Knust
Esta pesquisa analisa a racionalidade das prescrições sobre os trabalhadores escravos no De Agri ... more Esta pesquisa analisa a racionalidade das prescrições sobre os trabalhadores escravos no De Agri Cultura de Catão e no De Re Rustica de Varrão. A hipótese inicial de trabalho é que Catão e Varrão ilustram um processo de racionalização das atividades produtivas e do controle social da mão-de-obra nos campos italianos dentro de um quadro ideológico tipicamente escravista e patriarcal, fazendo frente às transformações e contradições fundamentais do sistema econômico-social que se desenvolvia na Itália tardo-republicana. Contudo, identificamos que o conceito neoclássico de racionalidade, amplamente utilizado como premissa dos estudos sobre a economia antiga, se baseia em premissas equivocadas e não serve como bom referencial de análise. A partir disso, propomos uma nova abordagem ao problema, a partir do conceito de Racionalidade Ideológica. Este conceito nos leva a ressaltar a importância da análise das relações sociais que marcam a Villa, forma de apropriação do solo e de exploração do trabalho que estes autores tinham em mente ao compor seus tratados, para o estudo da Racionalidade. Para tal, em um primeiro momento, analisamos como os tipos de atividades produtivas realizadas nas Villae e as formas de circulação de seus produtos estão ligadas ao problema da extração de excedentes dos produtores diretos. Já em um segundo momento, identificamos as formas de relações sociais de produção e a centralidade da escravidão para a forma de inserção social das Villae nas comunidades rurais. Tendo por referências essas problemas das relações sociais que marcam a Villa, analisamos as prescrições de Catão e Varrão sobre a mão-de-obra escrava, identificando a Racionalidade Ideológica que fundamenta suas preocupações básicas.
Palavras-Chave: Roma Antiga, Economia Antiga, Escravidão Antiga, Racionalidade, Ideologia, Catão, Varrão.
This study examines the rationality of the prescriptions on slave workers in Cato’s De Agri Cultura and Varro’s De Re Rustica. The initial hypothesis is that Cato and Varro illustrates a rationalization process of productive activities and manpower’s social control in the Italian countryside within a typically slavery and patriarchal ideological framework – in line with the changes and the fundamental contradictions of the socio-economic system that developed in late-Republican Italy. However, we identify that the neoclassical concept of rationality, widely used as a premise in studies on the ancient economy, relies on questionable assumptions and it isn`t a useful concept for this study. We propose a new approach to the problem, the concept of Ideological Rationality. This concept will lead us to emphasize the importance of the social relations that mark the Villa (form of land appropriation and work exploitation that these authors had in their mind when composing these treatises) for the study of the Rationality. At first, we analyze how the types of productive activities carried out in Villae and the forms of production circulation are linked with the problem of surplus extraction from direct producers. In a second step, we identify the forms of social relations of production and the centrality of slavery to the form of social insertion of Villae in rural communities. In face with these problems of social relations that mark the Villa, we analyze the prescription of Cato and Varro on slave labor, identifying the Ideological Rationality that underlies their basic concerns.
Key-Words: Ancient Rome, Ancient Economy, Ancient Slavery, Rationality, Ideology, Cato, Varro.
Books by José Knust
Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Fl... more Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Flamarion Cardoso.
Papers by José Knust
Sociedades Precapitalistas, 2021
Agrarian Laws in early Roman Republic (486-442 BC):
Conflicts on land and power in the making of ... more Agrarian Laws in early Roman Republic (486-442 BC):
Conflicts on land and power in the making of Roman Republic.
Ancient texts list several proposals for agrarian laws throughout Roman Republic history. The gracchan crisis and the Conflict of Orders between Patricians and Plebeians are the frames used by these texts to explain those proposals. Thus, the information about the pre-gracchan agrarian laws is heavily polluted by the writers' assumptions about the gracchan episode. Tackling this methodological issue, this article presents a reinterpretation of the oldest agrarian law proposals that we know (from 486 to 442 BC). Those laws are explained in the context of the agrarian change in Mediterranean agriculture and the political power of the peasantry in the emergence of Mediterranean city-states.
Key words: Agrarian Laws; Spurius Cassius; Early Roman Republic.
Resumo: Os textos antigos mencionam uma série de propostas de leis agrárias ao longo da história da República romana. Estes textos enquadram estas propostas a partir dos temas ensejados pela crise dos irmãos Graco e pelo enredo do Conflito das Ordens, entre Patrícios e Plebeus. As informações sobre os projetos de lei agrária anteriores aos Graco presentes nos textos antigos são, portanto, em muito contaminadas pelo que seus autores pensavam do episódio gracano. Tendo esse problema metodológico em mente, este artigo apresenta uma reinterpretação sobre o mais antigo ciclo de propostas de leis agrárias que temos notícia, entre 486 e 442 a.C.. A partir do estudo dessas leis, se analisará a questão agrária da época, relacionando-a com as transformações do sistema agrário que a agricultura mediterrânica vivia naquele tempo e com as transformações na posição política do campesinato no contexto da emergência das cidades-estado mediterrânicas.
Palavras-chave: Leis Agrárias; Espúrio Cássio; Início da República Romana.
Revista de História Comparada, 2019
A devil of difference: The concept of Labor in Greco-Roman Antiquity and its difference to the ca... more A devil of difference: The concept of Labor in Greco-Roman Antiquity and its difference to the capitalist world
Jean-Pierre Vernant stated that there was no unified, abstract notion of Labor among the ancient Greeks. He intended to show the difference between Ancient and Capitalist economies. I will approach this problem including the Roman world in my analysis and establishing a contraposition between the Greco-Roman world and the Capitalist society. I intend to develop Vernant’s idea, pointing that the existence or not of Abstract Labor relies on the social organization of work. To do so, I will discuss Yan Thomas's ideas about how Slave labor would have been conducive to the development of an abstract notion of Work among the jurists of Roman Law. Identifying the particularities of slave labor, I want to show that Thomas's statement is wrong, although it has elements that provide interesting considerations about the uniqueness of the slave phenomenon.
Resumo: Como parte dos esforços para marcar a diferença entre a Economia Antiga e a Economia Capitalista, Jean-Pierre Vernant tentou demonstrar que não existia entre os gregos antigos uma noção unificada e abstrata de Trabalho. Incluindo o mundo romano nesta análise e tendo como método a contraposição comparativa com o mundo capitalista, pretendo complexificar (sem, contudo, negar em sua essência) a ideia de Vernant, mostrando que a existência ou não do Trabalho Abstrato depende da organização social do trabalho. Para tanto, é importante discutir as ideias de Yan Thomas sobre como o Trabalho Escravo teria sido propício ao desenvolvimento de uma noção abstrata de Trabalho entre os juristas do Direito Romano. Identificando as particularidades do trabalho escravo, pretendo mostrar que a afirmação de Thomas está equivocada, ainda que tenha elementos que propiciam considerações interessantes sobre a singularidade do fenômeno escravista.
Palavras-chave: Trabalho Abstrato; Economia Antiga; Escravidão Antiga.
Esboços. Histórias em contextos globais, 2018
RESUMO
A história da República romana normalmente é dividida entre fenômenos internos, como lutas... more RESUMO
A história da República romana normalmente é dividida entre fenômenos internos, como lutas sociais e transformações institucionais, e externos, como guerras e conquistas. A crítica ao internalismo metodológico desenvolvido pela história global tem trazido uma importante discussão sobre as definições de internalidade e externalidade e sobre as conexões históricas entre processos que antes eram tomados como internos ou externos. Ao longo do século IV a.C. acontecem importantes transformações tanto no que tradicionalmente se toma como “história interna” romana (a emancipação da plebe) quanto no que seria sua “história externa” (a reorganização e a consolidação da dominação romana sobre a Itália central). O intuito deste artigo, tendo por ponto de partida o estudo de caso da atuação política da família dos Pláucios, é mostrar que podemos entender as transformações da época como partes de um mesmo processo histórico: a rearticulação dos grupos sociais da Itália central. Assim, emancipação da plebe e expansão romana não são meros processos históricos coevos e paralelos, mas facetas de um mesmo processo histórico, maior e de escopo geográfico mais amplo.
PALAVRAS-CHAVE: República Romana. Expansão romana. Internalismo metodológico.
ABSTRACT
The history of the Roman Republic is often divided between internal events such as social struggles and institutional transformations and external events such as wars and conquests. The critique of methodical internalism developed by Global History has sparked an important discussion on the definitions of internality and externality and on the historical connections between processes that were formerly taken as internal or external. Throughout the fourth century BCE, important changes took place both in what is traditionally taken as Roman "internal history" (the emancipation of the plebs) and in what is taken as “external history” (the reorganization and consolidation of Roman domination over central Italy). The objective of this article, whose starting point is the political action of the Plautii family, is to argue that we can understand the transformations of that time as pieces of the same historical process: the rearticulation of social groups in central Italy. Therefore, the emancipation of the plebs and the Roman expansion are not mere contemporaneous and parallel historical processes, but facets of the same historical process, which is larger and has an ampler geographical scope.
Mare Nostrum (São Paulo), 2018
RESUMO: Economias pré-capitalistas não possuem amplos e livres mercados de trabalho livre. A real... more RESUMO: Economias pré-capitalistas não possuem amplos e livres mercados de trabalho livre. A realidade econômica da Roma Antiga não era uma exceção. Em seu mundo rural, sobretudo, o peso das economias camponesa e escravista diminuía ainda mais o espaço para o livre mercado de trabalho livre. Contudo, os textos antigos mostram inúmeros exemplos de trabalho assalariado. Identificar como se organizava esse trabalho rural assalariado e explicar sua dinâmica dentro de uma realidade pré-capitalista são os objetivos deste artigo. Tendo como fonte primária central o tratado Da Agricultura de Catão, mas buscando informações em outras fontes antigas de diferentes regiões do Mediterrâneo, apresentarei um quadro básico de situações e formas em que o trabalho assalariado aparece no campo. Por fim, identificarei nas relações sociais diversas estabelecidas com a vizinhança o elemento estruturante dessas relações mercantis de trabalho assalariado.
ABSTRACT: Pre-capitalist economies do not have wide free markets of free labour. The Ancient Rome was no exception to this. In its rural world, above all, the importance of peasant and slave economies diminished, even more, the space for the free market of free labour. However, ancient texts show numerous examples of wage labour. The aims of this article are: to identify how rural wage labour was organized; and to explain its dynamics within a pre-capitalist economy. Cato's treatise on agriculture is my most important source, but I will seek information in other ancient sources from different regions of the Mediterranean. Therefore, I will present a basic framework of rural wage labour. Finally, I will identify the social relations established with the neighbourhood as the structuring element of these relations of wage labour.
Revista Cantareira, 2016
Desde o século XIX a caracterização da economia antiga vem suscitando grandes debates entre econo... more Desde o século XIX a caracterização da economia antiga vem suscitando grandes debates entre economistas e historiadores. Após um período de hegemonia de abordagens avessas ao uso do aparato da teoria econômica neoclássica, inaugurado pela obra de Moses Finley, nas últimas duas décadas tem crescido a influência de modelos econômicos sobre a história econômica da Antiguidade. Neste artigo, pretendo identificar distintas maneiras como essa influência tem sido sentida nos debates sobre a “racionalidade econômica dos antigos”, avaliando-as criticamente. Por fim, pretendo analisar as bases epistemológicas da utilização do conceito neoclássico de racionalidade, incluindo suas versões mais desenvolvidas, concluindo que elas não
são um bom caminho para a produção da História Econômica da Antiguidade.
The ancient economy has been a subject of debate between economists and historians since the nineteenth century. The influence of neoclassical economics’ models on the economic history of antiquity has increased in the last two decades, after a period inaugurated by Moses Finley’s works criticizing the use of the Neoclassical Economics’ tools in ancient history. In this article, I intend to identify and evaluate critically different approaches within this new wave of studies, especially those concerned with the debate on ‘ancients’ economic rationality’. In the final section, I intend to criticize the epistemological foundations of the neoclassical concept of rationality, pointing its inappropriateness as
a method to economic history of antiquity.
Aletheia: Estudos sobre Antiguidade e Medievo, 2017
Os tratados de Catão, Varrão e Columela têm sido utilizados há mais de um século como fontes hist... more Os tratados de Catão, Varrão e Columela têm sido utilizados há mais de um século como fontes históricas privilegiadas para o estudo da economia rural romana. Nas últimas décadas, contudo, este uso indiscriminado dos tratados como se fossem descrições ou prescrições da realidade rural italiana antiga tem sido severamente criticado. Diversos autores têm mostrado que estes tratados se inserem em uma tradição literária específica, e que os elementos discursivos do texto precisam ser entendidos dentro de questões literárias, culturais e ideológicas. Frente a esta crítica, deve-se colocar uma questão fundamental: estes tratados devem ser encarados apenas como fontes para o estudo de determinados quadros culturais e ideológicos da sociedade romana antiga ou é possível criar novas abordagens que, levando em consideração as questões levantadas pela crítica, sejam capazes de ainda utilizar tais textos como fontes para o estudo da história social e econômica do mundo rural romano? O presente artigo pretende apresentar uma proposta de abordagem neste sentido, a partir de análises dos textos de Catão e Varrão, mostrando que a identificação destes elementos discursivos não só não nos impede de fazer análises econômicas e sociais, como permitem melhores análises deste tipo.
Historians have used the treatises of Cato, Varro and Columella as core historical sources in the study of Roman rural economy in the last 150 years. In the last decades, however, some scholars have criticized this use of these texts as descriptions (or at least prescriptions) of the ancient Italian rural world. Several authors have shown that these treatises fit into specific literacies tradition. So, discursive elements of each text need to be understood within literary, cultural and ideological frames. Faced with this criticism, we must ask a fundamental question: should we consider these treatises only as sources for the study of certain cultural and ideological frameworks of ancient Roman society or can we create new approaches that considering the issues raised by recent criticism would allow us to use such texts as sources for the study of the Roman social and economic history? This article aims to analyse the texts of Cato and Varro, showing that the identification of these discursive elements enhances us to produce better social and economic analyses.
Este artigo pretende fazer uma discussão crítica sobre a relação entre determinadas posturas hist... more Este artigo pretende fazer uma discussão crítica sobre a relação entre determinadas posturas historiográficas presentes no estudo sobre a História Econômica da Roma Antiga e o contexto histórico no qual elas foram produzidas. Toda História é feita de maneira retrospectiva e, desta maneira, o contexto histórico do presente exerça uma força inevitável sobre as construções do passado que realizamos. Algumas das construções historiográficas sobre a História Econômica Romana tem um caráter extremamente apologético ao presente capitalista do qual elas partem, e é a crítica a essas posturas que este artigo desenvolve. Por fim, alguns apontamentos metodológicos são feitos para sugerir caminhos para uma História Econômica que, sem negar o caráter retrospectivo da História, não caia na mera apologia do presente.
This article aims a critical discussion of the relationship between certain views in the historiography on the Ancient Rome Economy and the historical context in which they were produced. All History is written retrospectively and the historical context has an inevitable force over our constructions of the past. Some of the historiographical constructions on Roman economic history are extremely apologetic to their capitalist present, and it is the criticism of these positions that this article develops. Finally, some methodological notes are meant to suggest ways for economic history that, without denying the retrospective nature of history, do not fall into the mere apology of the present.
O presente artigo visa discutir a problemática central do individualismo metodológico: as causas ... more O presente artigo visa discutir a problemática central do individualismo metodológico: as causas ou determinações do comportamento humano. Pretende-se demonstrar que os desenvolvimentos teóricos nesta tradição específica, exemplificados nos trabalhos de Max Weber e Fredrik Barth, chegam a um problema insuperável: como explicar os sistemas de valores sobre os quais se baseiam as escolhas humanas. A partir disto, indicaremos como o caminho do materialismo histórico, através do conceito de ideologia, pode superar o problema de maneira mais eficiente.
Politeia: História e Sociedade, Jan 1, 2011
Book Reviews by José Knust
AEDOS, Jan 1, 2010
A tradução pela Edusp de Uma História Rompida, livro do renomado acadêmico italiano Aldo Schiavon... more A tradução pela Edusp de Uma História Rompida, livro do renomado acadêmico italiano Aldo Schiavone, deve ser comemorada por todos aqueles interessados no desenvolvimento dos estudos do mundo antigo em nosso país. Schiavone é um dos mais importantes membros do renomado grupo de historiadores da antiguidade e arqueólogos ligados, entre 1974 e 1980, ao Seminário de Estudos Clássicos do Instituto Gramsci, na Itália.
Talks by José Knust
Os dados produzidos por projetos de levantamento de superfície realizados na Itália central nas ú... more Os dados produzidos por projetos de levantamento de superfície realizados na Itália central nas últimas décadas têm sido amplamente utilizados para o estudo do campesinato romano. Tal uso desses dados é tributário do esquema de classificação utilizado para interpretar esses vestígios arqueológicos, fundamentado sobretudo nas categorias “Villa” e “Small Farm”. Ambas são determinadas por um debate pré-estabelecido sobre a crise do campesinato e ascensão da “villa escravista” e por imagens pré-concebidas sobre o que é uma “propriedade escravista” e uma “propriedade camponesa”. Neste texto, pretendo levantar algumas questões sobre o que considero serem as premissas básicas que fundamentam a imagem de uma “propriedade camponesa” subjacente à este modelo interpretativo. Acredito que essa imagem está fundamentalmente ligada a uma visão tradicional e superada de campesinato (visto como um grupo social atrasado, isolado, voltado para a mera produção de sua autossubsistência) e que pode ser questionada tanto em termos teórico-conceituais quanto a partir de algumas recentes escavações de sítios arqueológicos provavelmente ligados ao campesinato itálico.
Roman peasant studies have widely used data produced by central Italian field survey’s projects in last decades. This procedure is tributary of the classification scheme used to interpret these archaeological remains, mainly based in the categories ‘Villa’ and ‘Small Farm’. Both are determined by a pre-established debate on the crises of Roman peasantry and rise of ‘slave-run villa’, as well preconceived images of what is a ‘slave-run estate’ and a "peasant farm". In this paper, I want to raise some questions about what I consider the basic assumptions driving the image of a ‘peasant farm’, which underlies this interpretation scheme. I believe this image is fundamentally linked to a traditional and out-of-date idea on what is a peasant – which had been seen as a backward social group, isolated, and solely concerned on the production of its subsistence. We can criticize it theoretically, from categories’ perspective, as well empirically, from the perspective of some recent excavations of archaeological sites probably linked to the Italic peasantry.
Este trabalho pretende refletir sobre as relações entre a expansão da escravidão nos campos itali... more Este trabalho pretende refletir sobre as relações entre a expansão da escravidão nos campos italianos durante a conquista romana e as formas de exploração do campesinato pela elite romana. Durante muito tempo predominou na historiografia a idéia de que a sociedade camponesa dos primórdios da República teria tornado-se uma sociedade escravista entre os séculos II e I a.C.. Contudo, há algumas décadas, alguns pesquisadores tem ressaltado a importância do campesinato para a sociedade e a economia rurais da Itália romana, afirmando que mesmo durante o período de auge da escravidão rural esta sociedade continuaria sendo essencialmente camponesa. Criou-se, assim, um cenário historiográfico no qual alguns historiadores buscam sustentar a importância da escravidão para a produção agrícola subestimando a importância do campesinato para a economia (e da exploração deste para a sustentação das classes dominantes), enquanto outros buscam diminuir o peso dos escravos para a realidade rural para destacar a importância do campesinato livre. Pretendemos indicar alguns caminhos para a análise da economia e da sociedade rural italiana que não busquem destacar um de seus elementos fundamentais, o campesinato e a escravidão, em detrimento do outro. Pelo contrário, discutiremos como o processo de expansão da escravidão pelo mundo rural romano se relacionou com as lutas de classes entre aristocratas romanos e os camponeses italianos, e como a formação de uma nova forma de apropriação do solo, a uilla, esteve intimamente ligada com a expansão da escravidão e com o desenvolvimento de novas formas de exploração do campesinato. Marx, na seção dos Grundrisse intitulada Formações Econômicas Pré-Capitalistas, delimita algumas formas básicas de sociedades comunitárias, nas quais o pressuposto da apropriação do produtor das condições naturais do trabalho é a sua existência como membro de uma comunidade (MARX, 1975: 77-78). Destas formas identificadas por Marx, vamos nos concentrar na "antiga clássica", justamente por ser a * Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense; Membro do GT sobre sociedades Pré-Capitalistas do NIEP-Marx (UFF), o Niep-PréK; e bolsista do CNPq.
Teaching Documents by José Knust
Plano de curso para a matéria de Metodologia Científica oferecida para o curso de Engenharia de C... more Plano de curso para a matéria de Metodologia Científica oferecida para o curso de Engenharia de Controle e Automação no IFF-Macaé no 2o semestre letivo de 2016.
Uploads
PhD Dissertation by José Knust
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da conquista romana (séculos V a III a.C.).
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Masters Dissertation by José Knust
Palavras-Chave: Roma Antiga, Economia Antiga, Escravidão Antiga, Racionalidade, Ideologia, Catão, Varrão.
This study examines the rationality of the prescriptions on slave workers in Cato’s De Agri Cultura and Varro’s De Re Rustica. The initial hypothesis is that Cato and Varro illustrates a rationalization process of productive activities and manpower’s social control in the Italian countryside within a typically slavery and patriarchal ideological framework – in line with the changes and the fundamental contradictions of the socio-economic system that developed in late-Republican Italy. However, we identify that the neoclassical concept of rationality, widely used as a premise in studies on the ancient economy, relies on questionable assumptions and it isn`t a useful concept for this study. We propose a new approach to the problem, the concept of Ideological Rationality. This concept will lead us to emphasize the importance of the social relations that mark the Villa (form of land appropriation and work exploitation that these authors had in their mind when composing these treatises) for the study of the Rationality. At first, we analyze how the types of productive activities carried out in Villae and the forms of production circulation are linked with the problem of surplus extraction from direct producers. In a second step, we identify the forms of social relations of production and the centrality of slavery to the form of social insertion of Villae in rural communities. In face with these problems of social relations that mark the Villa, we analyze the prescription of Cato and Varro on slave labor, identifying the Ideological Rationality that underlies their basic concerns.
Key-Words: Ancient Rome, Ancient Economy, Ancient Slavery, Rationality, Ideology, Cato, Varro.
Books by José Knust
Papers by José Knust
Conflicts on land and power in the making of Roman Republic.
Ancient texts list several proposals for agrarian laws throughout Roman Republic history. The gracchan crisis and the Conflict of Orders between Patricians and Plebeians are the frames used by these texts to explain those proposals. Thus, the information about the pre-gracchan agrarian laws is heavily polluted by the writers' assumptions about the gracchan episode. Tackling this methodological issue, this article presents a reinterpretation of the oldest agrarian law proposals that we know (from 486 to 442 BC). Those laws are explained in the context of the agrarian change in Mediterranean agriculture and the political power of the peasantry in the emergence of Mediterranean city-states.
Key words: Agrarian Laws; Spurius Cassius; Early Roman Republic.
Resumo: Os textos antigos mencionam uma série de propostas de leis agrárias ao longo da história da República romana. Estes textos enquadram estas propostas a partir dos temas ensejados pela crise dos irmãos Graco e pelo enredo do Conflito das Ordens, entre Patrícios e Plebeus. As informações sobre os projetos de lei agrária anteriores aos Graco presentes nos textos antigos são, portanto, em muito contaminadas pelo que seus autores pensavam do episódio gracano. Tendo esse problema metodológico em mente, este artigo apresenta uma reinterpretação sobre o mais antigo ciclo de propostas de leis agrárias que temos notícia, entre 486 e 442 a.C.. A partir do estudo dessas leis, se analisará a questão agrária da época, relacionando-a com as transformações do sistema agrário que a agricultura mediterrânica vivia naquele tempo e com as transformações na posição política do campesinato no contexto da emergência das cidades-estado mediterrânicas.
Palavras-chave: Leis Agrárias; Espúrio Cássio; Início da República Romana.
Jean-Pierre Vernant stated that there was no unified, abstract notion of Labor among the ancient Greeks. He intended to show the difference between Ancient and Capitalist economies. I will approach this problem including the Roman world in my analysis and establishing a contraposition between the Greco-Roman world and the Capitalist society. I intend to develop Vernant’s idea, pointing that the existence or not of Abstract Labor relies on the social organization of work. To do so, I will discuss Yan Thomas's ideas about how Slave labor would have been conducive to the development of an abstract notion of Work among the jurists of Roman Law. Identifying the particularities of slave labor, I want to show that Thomas's statement is wrong, although it has elements that provide interesting considerations about the uniqueness of the slave phenomenon.
Resumo: Como parte dos esforços para marcar a diferença entre a Economia Antiga e a Economia Capitalista, Jean-Pierre Vernant tentou demonstrar que não existia entre os gregos antigos uma noção unificada e abstrata de Trabalho. Incluindo o mundo romano nesta análise e tendo como método a contraposição comparativa com o mundo capitalista, pretendo complexificar (sem, contudo, negar em sua essência) a ideia de Vernant, mostrando que a existência ou não do Trabalho Abstrato depende da organização social do trabalho. Para tanto, é importante discutir as ideias de Yan Thomas sobre como o Trabalho Escravo teria sido propício ao desenvolvimento de uma noção abstrata de Trabalho entre os juristas do Direito Romano. Identificando as particularidades do trabalho escravo, pretendo mostrar que a afirmação de Thomas está equivocada, ainda que tenha elementos que propiciam considerações interessantes sobre a singularidade do fenômeno escravista.
Palavras-chave: Trabalho Abstrato; Economia Antiga; Escravidão Antiga.
A história da República romana normalmente é dividida entre fenômenos internos, como lutas sociais e transformações institucionais, e externos, como guerras e conquistas. A crítica ao internalismo metodológico desenvolvido pela história global tem trazido uma importante discussão sobre as definições de internalidade e externalidade e sobre as conexões históricas entre processos que antes eram tomados como internos ou externos. Ao longo do século IV a.C. acontecem importantes transformações tanto no que tradicionalmente se toma como “história interna” romana (a emancipação da plebe) quanto no que seria sua “história externa” (a reorganização e a consolidação da dominação romana sobre a Itália central). O intuito deste artigo, tendo por ponto de partida o estudo de caso da atuação política da família dos Pláucios, é mostrar que podemos entender as transformações da época como partes de um mesmo processo histórico: a rearticulação dos grupos sociais da Itália central. Assim, emancipação da plebe e expansão romana não são meros processos históricos coevos e paralelos, mas facetas de um mesmo processo histórico, maior e de escopo geográfico mais amplo.
PALAVRAS-CHAVE: República Romana. Expansão romana. Internalismo metodológico.
ABSTRACT
The history of the Roman Republic is often divided between internal events such as social struggles and institutional transformations and external events such as wars and conquests. The critique of methodical internalism developed by Global History has sparked an important discussion on the definitions of internality and externality and on the historical connections between processes that were formerly taken as internal or external. Throughout the fourth century BCE, important changes took place both in what is traditionally taken as Roman "internal history" (the emancipation of the plebs) and in what is taken as “external history” (the reorganization and consolidation of Roman domination over central Italy). The objective of this article, whose starting point is the political action of the Plautii family, is to argue that we can understand the transformations of that time as pieces of the same historical process: the rearticulation of social groups in central Italy. Therefore, the emancipation of the plebs and the Roman expansion are not mere contemporaneous and parallel historical processes, but facets of the same historical process, which is larger and has an ampler geographical scope.
ABSTRACT: Pre-capitalist economies do not have wide free markets of free labour. The Ancient Rome was no exception to this. In its rural world, above all, the importance of peasant and slave economies diminished, even more, the space for the free market of free labour. However, ancient texts show numerous examples of wage labour. The aims of this article are: to identify how rural wage labour was organized; and to explain its dynamics within a pre-capitalist economy. Cato's treatise on agriculture is my most important source, but I will seek information in other ancient sources from different regions of the Mediterranean. Therefore, I will present a basic framework of rural wage labour. Finally, I will identify the social relations established with the neighbourhood as the structuring element of these relations of wage labour.
são um bom caminho para a produção da História Econômica da Antiguidade.
The ancient economy has been a subject of debate between economists and historians since the nineteenth century. The influence of neoclassical economics’ models on the economic history of antiquity has increased in the last two decades, after a period inaugurated by Moses Finley’s works criticizing the use of the Neoclassical Economics’ tools in ancient history. In this article, I intend to identify and evaluate critically different approaches within this new wave of studies, especially those concerned with the debate on ‘ancients’ economic rationality’. In the final section, I intend to criticize the epistemological foundations of the neoclassical concept of rationality, pointing its inappropriateness as
a method to economic history of antiquity.
Historians have used the treatises of Cato, Varro and Columella as core historical sources in the study of Roman rural economy in the last 150 years. In the last decades, however, some scholars have criticized this use of these texts as descriptions (or at least prescriptions) of the ancient Italian rural world. Several authors have shown that these treatises fit into specific literacies tradition. So, discursive elements of each text need to be understood within literary, cultural and ideological frames. Faced with this criticism, we must ask a fundamental question: should we consider these treatises only as sources for the study of certain cultural and ideological frameworks of ancient Roman society or can we create new approaches that considering the issues raised by recent criticism would allow us to use such texts as sources for the study of the Roman social and economic history? This article aims to analyse the texts of Cato and Varro, showing that the identification of these discursive elements enhances us to produce better social and economic analyses.
This article aims a critical discussion of the relationship between certain views in the historiography on the Ancient Rome Economy and the historical context in which they were produced. All History is written retrospectively and the historical context has an inevitable force over our constructions of the past. Some of the historiographical constructions on Roman economic history are extremely apologetic to their capitalist present, and it is the criticism of these positions that this article develops. Finally, some methodological notes are meant to suggest ways for economic history that, without denying the retrospective nature of history, do not fall into the mere apology of the present.
Book Reviews by José Knust
Talks by José Knust
Roman peasant studies have widely used data produced by central Italian field survey’s projects in last decades. This procedure is tributary of the classification scheme used to interpret these archaeological remains, mainly based in the categories ‘Villa’ and ‘Small Farm’. Both are determined by a pre-established debate on the crises of Roman peasantry and rise of ‘slave-run villa’, as well preconceived images of what is a ‘slave-run estate’ and a "peasant farm". In this paper, I want to raise some questions about what I consider the basic assumptions driving the image of a ‘peasant farm’, which underlies this interpretation scheme. I believe this image is fundamentally linked to a traditional and out-of-date idea on what is a peasant – which had been seen as a backward social group, isolated, and solely concerned on the production of its subsistence. We can criticize it theoretically, from categories’ perspective, as well empirically, from the perspective of some recent excavations of archaeological sites probably linked to the Italic peasantry.
Teaching Documents by José Knust
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Uma história econômica e social do assentamento rural na Itália central tirrênica no contexto da conquista romana (séculos V a III a.C.).
O objetivo desta pesquisa é entender as transformações pelas quais passou o assentamento camponês na Itália central tirrênica no contexto da conquista dessa região por Roma. Diversas pesquisas arqueológicas realizadas em regiões da Itália central tirrênica têm identificado um processo de transformação do assentamento entre os séculos V e III a.C. na região. Com o passar dos séculos, um padrão de assentamento disperso, baseado em assentamentos de pequenas dimensões e isolados entre si, se torna dominante nessa região. Os primeiros dois capítulos desta tese buscam refletir sobre as duas categorias, “fazenda camponesa” e “uillae”, nas quais os sítios arqueológicos isolados no meio rural têm sido classificados. Realizo, aqui, uma primeira aproximação ao assentamento rural analisando alguns de seus tipos de estruturas fundamentais. Os dois capítulos seguintes realizam estudos regionais sobre a conquista romana e as transformações no assentamento local contemporâneas. Nestes capítulos ponho à prova a tese tradicional de que a conquista e a ação colonizadora romana (com estradas, drenagens e distribuições de terras) tenham sido os responsáveis por essas transformações no assentamento. O capítulo final pretende buscar explicações para essas transformações em um contexto histórico e geográfico mais amplo, inserindo a transformação do assentamento em um quadro mediterrânico.
This thesis is a study of peasants’ settlement transformation in central Tyrrhenian Italy in the time of its conquest by Rome. Several field surveys have identified a transformation of this settlement between 5th and 3rd centuries BC., when a pattern of dispersed settlement, characterized by small and isolated settlements, becomes prevalent in these regions. The thesis’ firsts two chapters analyses the two categories ("small farm" and "uillae") in which archaeologists have classified the isolated rural sites. Here, I do a preliminary study of rural settlement analyzing some of its basic types of structures. The following two chapters carry out regional studies on the Roman conquest and the coeval transformations in settlement. These chapters test the traditional view that Roman conquest and colonization were the main causes of these changes in the settlement. In the final chapter, I put forward explanations for these changes in a broader historical and geographical context, inserting the central-Italian transformation of the settlement in a Mediterranean framework.
Palavras-Chave: Roma Antiga, Economia Antiga, Escravidão Antiga, Racionalidade, Ideologia, Catão, Varrão.
This study examines the rationality of the prescriptions on slave workers in Cato’s De Agri Cultura and Varro’s De Re Rustica. The initial hypothesis is that Cato and Varro illustrates a rationalization process of productive activities and manpower’s social control in the Italian countryside within a typically slavery and patriarchal ideological framework – in line with the changes and the fundamental contradictions of the socio-economic system that developed in late-Republican Italy. However, we identify that the neoclassical concept of rationality, widely used as a premise in studies on the ancient economy, relies on questionable assumptions and it isn`t a useful concept for this study. We propose a new approach to the problem, the concept of Ideological Rationality. This concept will lead us to emphasize the importance of the social relations that mark the Villa (form of land appropriation and work exploitation that these authors had in their mind when composing these treatises) for the study of the Rationality. At first, we analyze how the types of productive activities carried out in Villae and the forms of production circulation are linked with the problem of surplus extraction from direct producers. In a second step, we identify the forms of social relations of production and the centrality of slavery to the form of social insertion of Villae in rural communities. In face with these problems of social relations that mark the Villa, we analyze the prescription of Cato and Varro on slave labor, identifying the Ideological Rationality that underlies their basic concerns.
Key-Words: Ancient Rome, Ancient Economy, Ancient Slavery, Rationality, Ideology, Cato, Varro.
Conflicts on land and power in the making of Roman Republic.
Ancient texts list several proposals for agrarian laws throughout Roman Republic history. The gracchan crisis and the Conflict of Orders between Patricians and Plebeians are the frames used by these texts to explain those proposals. Thus, the information about the pre-gracchan agrarian laws is heavily polluted by the writers' assumptions about the gracchan episode. Tackling this methodological issue, this article presents a reinterpretation of the oldest agrarian law proposals that we know (from 486 to 442 BC). Those laws are explained in the context of the agrarian change in Mediterranean agriculture and the political power of the peasantry in the emergence of Mediterranean city-states.
Key words: Agrarian Laws; Spurius Cassius; Early Roman Republic.
Resumo: Os textos antigos mencionam uma série de propostas de leis agrárias ao longo da história da República romana. Estes textos enquadram estas propostas a partir dos temas ensejados pela crise dos irmãos Graco e pelo enredo do Conflito das Ordens, entre Patrícios e Plebeus. As informações sobre os projetos de lei agrária anteriores aos Graco presentes nos textos antigos são, portanto, em muito contaminadas pelo que seus autores pensavam do episódio gracano. Tendo esse problema metodológico em mente, este artigo apresenta uma reinterpretação sobre o mais antigo ciclo de propostas de leis agrárias que temos notícia, entre 486 e 442 a.C.. A partir do estudo dessas leis, se analisará a questão agrária da época, relacionando-a com as transformações do sistema agrário que a agricultura mediterrânica vivia naquele tempo e com as transformações na posição política do campesinato no contexto da emergência das cidades-estado mediterrânicas.
Palavras-chave: Leis Agrárias; Espúrio Cássio; Início da República Romana.
Jean-Pierre Vernant stated that there was no unified, abstract notion of Labor among the ancient Greeks. He intended to show the difference between Ancient and Capitalist economies. I will approach this problem including the Roman world in my analysis and establishing a contraposition between the Greco-Roman world and the Capitalist society. I intend to develop Vernant’s idea, pointing that the existence or not of Abstract Labor relies on the social organization of work. To do so, I will discuss Yan Thomas's ideas about how Slave labor would have been conducive to the development of an abstract notion of Work among the jurists of Roman Law. Identifying the particularities of slave labor, I want to show that Thomas's statement is wrong, although it has elements that provide interesting considerations about the uniqueness of the slave phenomenon.
Resumo: Como parte dos esforços para marcar a diferença entre a Economia Antiga e a Economia Capitalista, Jean-Pierre Vernant tentou demonstrar que não existia entre os gregos antigos uma noção unificada e abstrata de Trabalho. Incluindo o mundo romano nesta análise e tendo como método a contraposição comparativa com o mundo capitalista, pretendo complexificar (sem, contudo, negar em sua essência) a ideia de Vernant, mostrando que a existência ou não do Trabalho Abstrato depende da organização social do trabalho. Para tanto, é importante discutir as ideias de Yan Thomas sobre como o Trabalho Escravo teria sido propício ao desenvolvimento de uma noção abstrata de Trabalho entre os juristas do Direito Romano. Identificando as particularidades do trabalho escravo, pretendo mostrar que a afirmação de Thomas está equivocada, ainda que tenha elementos que propiciam considerações interessantes sobre a singularidade do fenômeno escravista.
Palavras-chave: Trabalho Abstrato; Economia Antiga; Escravidão Antiga.
A história da República romana normalmente é dividida entre fenômenos internos, como lutas sociais e transformações institucionais, e externos, como guerras e conquistas. A crítica ao internalismo metodológico desenvolvido pela história global tem trazido uma importante discussão sobre as definições de internalidade e externalidade e sobre as conexões históricas entre processos que antes eram tomados como internos ou externos. Ao longo do século IV a.C. acontecem importantes transformações tanto no que tradicionalmente se toma como “história interna” romana (a emancipação da plebe) quanto no que seria sua “história externa” (a reorganização e a consolidação da dominação romana sobre a Itália central). O intuito deste artigo, tendo por ponto de partida o estudo de caso da atuação política da família dos Pláucios, é mostrar que podemos entender as transformações da época como partes de um mesmo processo histórico: a rearticulação dos grupos sociais da Itália central. Assim, emancipação da plebe e expansão romana não são meros processos históricos coevos e paralelos, mas facetas de um mesmo processo histórico, maior e de escopo geográfico mais amplo.
PALAVRAS-CHAVE: República Romana. Expansão romana. Internalismo metodológico.
ABSTRACT
The history of the Roman Republic is often divided between internal events such as social struggles and institutional transformations and external events such as wars and conquests. The critique of methodical internalism developed by Global History has sparked an important discussion on the definitions of internality and externality and on the historical connections between processes that were formerly taken as internal or external. Throughout the fourth century BCE, important changes took place both in what is traditionally taken as Roman "internal history" (the emancipation of the plebs) and in what is taken as “external history” (the reorganization and consolidation of Roman domination over central Italy). The objective of this article, whose starting point is the political action of the Plautii family, is to argue that we can understand the transformations of that time as pieces of the same historical process: the rearticulation of social groups in central Italy. Therefore, the emancipation of the plebs and the Roman expansion are not mere contemporaneous and parallel historical processes, but facets of the same historical process, which is larger and has an ampler geographical scope.
ABSTRACT: Pre-capitalist economies do not have wide free markets of free labour. The Ancient Rome was no exception to this. In its rural world, above all, the importance of peasant and slave economies diminished, even more, the space for the free market of free labour. However, ancient texts show numerous examples of wage labour. The aims of this article are: to identify how rural wage labour was organized; and to explain its dynamics within a pre-capitalist economy. Cato's treatise on agriculture is my most important source, but I will seek information in other ancient sources from different regions of the Mediterranean. Therefore, I will present a basic framework of rural wage labour. Finally, I will identify the social relations established with the neighbourhood as the structuring element of these relations of wage labour.
são um bom caminho para a produção da História Econômica da Antiguidade.
The ancient economy has been a subject of debate between economists and historians since the nineteenth century. The influence of neoclassical economics’ models on the economic history of antiquity has increased in the last two decades, after a period inaugurated by Moses Finley’s works criticizing the use of the Neoclassical Economics’ tools in ancient history. In this article, I intend to identify and evaluate critically different approaches within this new wave of studies, especially those concerned with the debate on ‘ancients’ economic rationality’. In the final section, I intend to criticize the epistemological foundations of the neoclassical concept of rationality, pointing its inappropriateness as
a method to economic history of antiquity.
Historians have used the treatises of Cato, Varro and Columella as core historical sources in the study of Roman rural economy in the last 150 years. In the last decades, however, some scholars have criticized this use of these texts as descriptions (or at least prescriptions) of the ancient Italian rural world. Several authors have shown that these treatises fit into specific literacies tradition. So, discursive elements of each text need to be understood within literary, cultural and ideological frames. Faced with this criticism, we must ask a fundamental question: should we consider these treatises only as sources for the study of certain cultural and ideological frameworks of ancient Roman society or can we create new approaches that considering the issues raised by recent criticism would allow us to use such texts as sources for the study of the Roman social and economic history? This article aims to analyse the texts of Cato and Varro, showing that the identification of these discursive elements enhances us to produce better social and economic analyses.
This article aims a critical discussion of the relationship between certain views in the historiography on the Ancient Rome Economy and the historical context in which they were produced. All History is written retrospectively and the historical context has an inevitable force over our constructions of the past. Some of the historiographical constructions on Roman economic history are extremely apologetic to their capitalist present, and it is the criticism of these positions that this article develops. Finally, some methodological notes are meant to suggest ways for economic history that, without denying the retrospective nature of history, do not fall into the mere apology of the present.
Roman peasant studies have widely used data produced by central Italian field survey’s projects in last decades. This procedure is tributary of the classification scheme used to interpret these archaeological remains, mainly based in the categories ‘Villa’ and ‘Small Farm’. Both are determined by a pre-established debate on the crises of Roman peasantry and rise of ‘slave-run villa’, as well preconceived images of what is a ‘slave-run estate’ and a "peasant farm". In this paper, I want to raise some questions about what I consider the basic assumptions driving the image of a ‘peasant farm’, which underlies this interpretation scheme. I believe this image is fundamentally linked to a traditional and out-of-date idea on what is a peasant – which had been seen as a backward social group, isolated, and solely concerned on the production of its subsistence. We can criticize it theoretically, from categories’ perspective, as well empirically, from the perspective of some recent excavations of archaeological sites probably linked to the Italic peasantry.