Ciao!
Um livro que conta a história do feminismo em quadrinhos
era tudo de que eu precisava – e não sabia.
Se tiverem um pouquinho de paciência em me acompanhar, vou
dizer o motivo.
Mulheres na luta: 150 anos em busca de liberdade,
igualdade e sororidade – Marta Breen e Jenny Jordahl – Seguinte
(Kvinner i
kamp 150 år med frihet likhet søsterskap – 2018 – Cappelen Damm AS)
Você sabe o que é feminismo?
Se a sua primeira imagem for negativa, peço que
reconsidere e pesquise em locais confiáveis.
Como em tudo na vida, há exageros. Basicamente, feminismo
está no subtítulo deste livro: liberdade de escolha, igualdade de condições com
os homens e respeito e empatia umas pelas outras.
É reconhecer o lema do Salgueiro: nem melhor, nem pior.
Apenas diferente.
O problema é que várias gerações de mulheres não foram
criadas com este pensamento. O foco estava em só fazer sentido se parte de um
casal. Em ser a alma da casa. Em se desdobrar em mil e uma atividades – quando
isso passou a ser permitido.
É problema? Não, desde que seja uma escolha. E para
muitas, não era.
Nos próprios romances a gente já viu o comportamento
tóxico de muitos protagonistas com as mulheres: tratam as garotas como lixo,
enchendo-as de acusações, críticas e julgamentos. Respeito passa longe. E para
minha total irritação, aparecerá um “amor I love you” faltando poucas páginas –
se não for a última – e eles serão felizes para sempre. E eu termino irritada
até a próxima leitura me salvar.
Nos mesmos romances, vimos garotas que foram menosprezadas
por serem quem são. Por não atenderem aos padrões ou não se deixarem conformar
por eles: algumas são rebeldes, outras são pioneiras, outras são visionárias. E
algumas são irritantes mesmo.
E na maioria das vezes, a gente desconhece histórias reais
de garotas que também foram assim.
Afinal de contas, o mundo não nasceu junto com cada um de
nós. Já girava antes e continuará depois. Muita água – da qual somos um mero
pingo – rolou debaixo dessa ponte. Outras mulheres queriam mais para si e para
outras: queriam o direito ao voto, o poder de decisão sobre os próprios corpos,
acesso a estudo e universidade, empregos, conciliar carreira e maternidade, ou
só ter carreira.
Para que, agora, a gente possa ou não fazer isso – e ouvir
críticas dos outros pela nossa escolha (atire a primeira pedra quem nunca
passou por um “censo” ou enfrentou uma “piadinha” feita por quem não foi
convidado a piar sobre alguma decisão da vida alheia) – outras pessoas
reclamaram, protestaram, lutaram e até morreram.
E você ouviu falar delas?
Confesso que isso foi o que me chocou no livro Mulheres
na Luta: como as mulheres não sabem estas histórias – ou a ouvem
distorcidas.
Eu sou uma criatura que lê desarvoradamente desde os 6
anos, formada e com pós-graduação em Jornalismo e que praticamente vivo de
informação e conhecia poucas histórias.
Isso me fez ter a exata noção da minha insignificância –
até para elaborar argumentos sobre o assunto.
O quanto uma história “oficial” silencia outras.
O quanto uma luta muitas vezes se esquece de outras.
O quanto precisamos levar em consideração antes de fazer
qualquer julgamento sobre temas dos quais a gente não sabe nem a ponta do
iceberg.
Não podemos deixar estas narrativas se perderem no tempo.
Não podemos desperdiçar a chance de aprender com elas e formar opiniões a
partir do quanto estas mulheres lutaram por mundo diferente. Até porque estamos
precisando melhorar bastante o nosso mundo para que as próximas gerações tenham
perspectivas ainda melhores.
Os textos de Marta Breen e as ilustrações de Jenny Jordahl
são uma forma de despertar a curiosidade e da gente aprender que ser humano dá
trabalho – e que construir relações com base no respeito à diversidade e
potencialidade de cada um seria mais que um sonho impossível.
Imagem: Literatura de Mulherzinha |
Bacci!!!
Beta
Beta
Nenhum comentário:
Postar um comentário