Esta pesquisa busca analisar a passagem do planejamento urbano de concepção moderna para o cotemporâneo, na cidade de Goiânia, a partir do estudo de dois bairros, os Setores Bueno e Bela Vista, localizados na região sul da cidade. Estes...
moreEsta pesquisa busca analisar a passagem do planejamento urbano de concepção moderna para o cotemporâneo, na cidade de Goiânia, a partir do estudo de dois bairros, os Setores Bueno e Bela Vista, localizados na região sul da cidade. Estes dois setores têm suas origens vinculadas ao projeto moderno da criação da cidade de Goiânia, que passou a ser a capital estadual de Goiás, na década de 1930, representando regionalmente as transformações políticas e econômicas nacionais no território goiano. O projeto inicial de Goiânia é feito na década de 1930, pelo arquiteto e urbanista Attílio Corrêa Lima e pelo engenheiro Armando Augusto de Godoy, este último inspirado nas cidades-jardins inglesas e americanas, com marcantes características modernas, que vão ter reflexos nos projetos do Setor Bueno e do Setor Bela Vista: o primeiro feito em 1951 por Werner Sonnemberg, engenheiro agrônomo que teve contato com Armando de Godoy, e o segundo feito pelo governo estadual para a urbanização de ocupação irregular às margens do Córrego Botafogo feito pelo topógrafo alemão Edwald Janssen. Dos outros três planos urbanos elaborados para Goiânia, no século XX, dois apresentavam características modernistas: o do arquiteto Luis Saia (1960) e o do arquiteto Jorge Wilheim (1970). O terceiro plano, o PDIG de 1992, já incorporava princípios resultantes da transformações ocorridas na década de 1980, no Brasil, devido ao período de redemocratização brasileira, quando novas demandas socioeconômicas contribuíram com a elaboração da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Cidade, em 2001, cujos princípios voltavam-se para o planejamento urbano focado no cumprimento da função social da propriedade a partir de instrumentos jurídico-urbanísticos. Em Goiânia, o PDIG de 1992, inspirado no planejamento estratégico, representou um novo momento do planejamento urbano, incorporando alguns instrumentos instituídos pela Constituição Federal de 1988. O solo criado veio ser utilizado após o Zoneamento de 1994, consolidando a transformação dos Setores Bueno e Bela Vista, que tinham começado a se verticalizar no fim da década de 1980, devido às pressões do setor imobiliário e às melhorias na infraestrutura dos bairros, promovidas pela prefeitura, no fim da década de 1970. Em 2007, foi feito mais um plano diretor para a cidade, incorporando à política urbana os instrumentos do Estatuto da Cidade e baseando-se no planejamento estratégico. Além dos instrumentos, novas questões foram evidenciadas no plano como as questões ambientais e as de âmbito sócio-cultural, porém com a permanência da utilização da potencialização do coeficiente de aproveitamento solo para algumas áreas, entre elas os bairros estudados. Dessa forma, a pesquisa buscou demonstrar como se deu a passagem do planejamento urbano moderno para o contemporâneo na cidade de Goiânia e suas implicações para os Setores Bueno e Bela Vista, considerando-se os dois últimos planos urbanos elaborados para a cidade.